Organização Núcleo de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo Coordenação Geral do I ENEPES Conceição de Maria Pinheiro Barros Daniela Giareta Durante 1ª Edição Universidade Federal do Ceará – UFC Fortaleza-Ce 2014 Realização Curso de Secretariado Executivo/UFC Núcleo de Estudos e Pesquisa em Secretariado Executivo – NEPES Profa. Ma. Conceição de Maria Pinheiro Barros Profa. Ma.Daniela Giareta Durante Profa. Ma.Joelma Soares da Silva Profa. Ma.Sonia Regina Amorim Soares Acadêmico André Luiz Castro de Souza Acadêmica Décya Emanuela Lima do Nascimento Acadêmica Juliana Ladeira Santos Acadêmica Lilian Ramos Acadêmico MozartRozendo Melo Acadêmico Otávio Bessa Gonçalves Acadêmica Patrícia Elainny Lima Barros Acadêmica Tamiris da Silva Cajado Acadêmica ThaysLyanny da Cunha Garcia da Rocha Acadêmica Yasmin da Silva Marques Comissão Científica Profa. Ma. Conceição de Maria Pinheiro Barros Profa. Ma. Daniela Giareta Durante Profa. Ma. Joelma Soares da Silva Profa. Ma. Sonia Regina Amorim Soares Preparação dos Anais Profa. Ma. Conceição de Maria Pinheiro Barros Profa. Ma. Daniela Giareta Durante Acadêmica Patrícia Elainny Lima Barros Revisão dos Anais Patrícia Elainny Lima Barros Apoio Universidade Federal do Ceará Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo– FEAAC ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Todos os artigos publicados foram reproduzidos de cópias fornecidas pelos autores e o conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade de seus autores. A Comissão Organizadora não se responsabiliza por consequências decorrentes de uso de quaisquer dados, afirmações e opiniões inexatas (ou que conduzam a erros) publicados nos Anais. ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 APRESENTAÇÃO Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. (Paulo Freire) Iniciamos esta apresentação nos inspirando em uma reflexão de Paulo Freire por representar nossa satisfação em divulgar para a comunidade acadêmica secretarial o resultado de um dedicado trabalho realizado a partir do desejo de colaborarmos para a disseminação da pesquisa científica na área. O Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará (UFC) foi implantado em 1995, aprovado pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE) em 22 de fevereiro de 1995 ereconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), PORTARIA nº. 2749, de 12 de dezembro de 2001. Consideramos que a formação do secretário executivo deve estar alicerçada no desenvolvimento da reflexão crítica e do conhecimento científico. A pesquisa representa uma experiência acadêmica significativa para os discentes e para os docentes, possibilitando um modelo de processos de ensino e aprendizagem que invistam na formação científica. Emerge, assim, a necessidade de criação de espaços para divulgação dos conhecimentos desenvolvidos no curso de Secretariado Executivo, no âmbito da UFC, contribuindo para a construção da identidade da profissão, para o aprofundamento da cientificidade, bem como para a concretização dos pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. O I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo (I ENEPES) é uma ação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo (NEPES), tendo como objetivo geral incentivar a pesquisa científica e integrar docentes, discentes, profissionais e pesquisadores por meio da divulgação da produção acadêmica na área secretarial. Em sua primeira edição, realizada nos dias 20, 21 e 22 de maio de 2014, reuniu cento e sessenta e cinco (165) participantes durante os três dias do evento. A abertura foi marcada por palestras com foco na pesquisa científica e no mundo do trabalho: “Gestão e mercado de trabalho”, proferida pelo Mestre Sylvio Bryto; “Ensino Superior, Pesquisa e Formação Profissional”, ministrada pela Dra. Maria do Socorro de Sousa e “Pesquisa Científica e Secretariado” apresentada pela Mestra Eliene Gomes Vieira Nascimento. ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Foram apresentados vinte e sete (27) trabalhos na modalidade resumo expandido, avaliados pela comissão científica do evento e distribuídos nos eixos temáticos: Profissão, Gestão Secretarial, Assessoria Executiva, Pesquisa em Secretariado e Educação em Secretariado. Foram premiadas três (3) pesquisas: 1º. Lugar: “Panorama das Competências Exigidas do Profissional de Secretariado Executivo em Fortaleza e Região Metropolitana”, das autoras Denise Vasconcelos Landim e Joelma Soares da Silva; 2º. Lugar: “PósGraduação de uma Amostra de Docentes de Secretariado Executivo”, de autoria de Isabela Evangelista Costa e Joelma Soares da Silva, e 3º. lugar: “Práticas de avaliação da aprendizagem de professores de Secretariado Executivo”, das autoras Daniela Graciela Silva Brito e Conceição de Maria Pinheiro Barros. Para a composição dos Anais da primeira edição do ENEPES, foram selecionadosonze (11) resumos expandidos. Com o propósito de somar e implementar a fértil discussão em torno dos temas acerca da profissão, registramos neste documento nossa contribuição para a ampliação dos estudos, das pesquisas e da cientificidade na área secretarial. Ratificamos o compromisso de continuarmos trabalhando, agindo e refletindo sobre a nossa atuação para a consolidação do Secretariado como área de conhecimento científico. Esperamos que tenham uma ótima leitura.Até a segunda edição do ENEPES! Profa. M.a Conceição de Maria Pinheiro Barros (Coordenadora do I ENEPES) Profa. M.aDaniela Giareta Durante (Coordenadora do I ENEPES) ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 SUMÁRIO 1º PRÊMIO - PANORAMA DAS COMPETÊNCIAS EXIGIDAS DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO EM FORTALEZA E REGIÃO METROPOLITANA Denise Vasconcelos Landim Joelma Soares da Silva ..................................................................................................... 7 2º PRÊMIO - PÓS-GRADUAÇÃO DE UMA AMOSTRA DOCENTES DE SECRETARIADO EXECUTIVO Isabela Evangelista Costa Joelma Soares da Silva ................................................................................................... 15 3º PRÊMIO - PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE PROFESSORES DE SECRETARIADO EXECUTIVO .............................................. Daniela Graciela Silva Brito Conceição de Maria Pinheiro Barro ............................................................................... 22 A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA NA ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO Jucélia Ferreira da Silva Costa Karla Thayany Souza Martins Sanny de Castro Tavares ................................................................................................ 29 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ÉTICO E DO COMPORTAMENTO MORAL DO ASSESSOR EXECUTIVO NO FILME DO QUE AS MULHERES GOSTAM Clerislânia de Albuquerque Sousa Joelma Soares da Silva ................................................................................................... 38 CENÁRIO DO ENSINO DA GESTÃO SECRETARIAL EM CURSOS DE GRADUAÇÃO NA ÁREA DE SECRETARIADO EXECUTIVO NO BRASIL Solange Albino dos Santos Joelma Soares da Silva ................................................................................................... 46 CONTRIBUIÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO NAS ORGANIZAÇÕES E AS FUNÇÕES GERENCIAIS Renata Cristina de Souza da Ponte Amanda Stephanie Santos do Nascimento Alessandra Pereira da Silva Vieira Daiane Sales Paula Flaviane de Sousa Tomaz ............................................................................................... 52 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 CONTRIBUIÇÕES DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM SECRETARIADO EXECUTIVO PARA O DESEMPENHO EM ATIVIDADES DE ASSESSORIA Natanna Marinho de Sousa Daniela Giareta Durante ................................................................................................. 56 EDUCAÇÃO EM SECRETARIADO: UM ESTUDO SOBRE A MOTIVAÇÃO DO PROFISSIONAL SECRETÁRIO PARA A ATUAÇÃO DOCENTE Emanuelle Andrezza Vidal dos Santos Conceição de Maria Pinheiro Barros .............................................................................. 61 ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE DOCENTES DE SECRETARIADO EXECUTIVO Cinara Teixeira Monteiro Conceição de Maria Pinheiro Barros .............................................................................. 67 ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA: ANÁLISE DOS COMPONENTES CURRICULARES DOS CURSOS DE SECRETARIADO EXECUTIVO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO NORDESTE Anna Christina Pires Ribeiro Cinthia Rayssa Souza Tiburcio Washington Carlos Ribeiro Pereira ................................................................................ 73 ÉTICA NAS ASSESSORIAS: UM COMPARATIVO DAS NORMAS DE CONDUTA DAS ASSESSORIAS EXECUTIVA, JURÍDICA E DE COMUNICAÇÃO Edneide Serpa Lilian Ramos Mozart Rozendo Melo Joelma Soares da Silva ................................................................................................... 82 HIERARQUIA DOS VALORES PESSOAIS E DOS TIPOS MOTIVACIONAIS: UM ESTUDO COMPARATIVO André Luiz Castro de Sousa Joelma Soares da Silva ................................................................................................... 88 7 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 PANORAMA DAS COMPETÊNCIAS EXIGIDAS DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO EM FORTALEZA E REGIÃO METROPOLITANA Denise Vasconcelos Landim1 Joelma Soares da Silva2 Objetivo O objetivo geral do estudo é identificar as competências exigidas ao profissional de Secretariado Executivo para o seu ingresso no mercado de trabalho em Fortaleza e na região metropolitana. Problema de pesquisa Quais as competências exigidas ao profissional de Secretariado Executivo para o seu ingresso no mercado de trabalho? Justificativas do estudo A relevância do estudo reside principalmente na possibilidade de visualização, por parte dos secretários executivos, das exigências que o mercado de trabalho impõe para sua contratação. Acrescentando ao exposto, o foco e a metodologia adotada imputam diferencial ao trabalho, haja vista não terem sido encontradas pesquisas nacionais com tais parâmetros. Ressalte-se que os resultados poderão servir de instrumento balizador para que os profissionais em questão se adaptem ao que se espera deles. Revisão Teórica A revisão teórica inicia com uma explanação que expõe a compreensão de competências à luz, principalmente, dos teóricos: Bitencourt (2005), Dutra (2004), Fleury e Fleury (2004) e Robbins, Judge e Sobral (2010). Escolheu-se como conceito norteador de competência para a presente pesquisa, o de Fleury e Fleury (2004), que a 1 Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará. Secretária Executiva da Universidade Federal do Ceará. 2 Mestra em Administração pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 8 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 definem como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho no trabalho. Tal escolha ocorreu tendo em vista a necessidade de melhor pautear o estudo, dada a vasta gama de definições para competência que existe. A segunda parte da revisão teóricatrata das competências do profissional de Secretariado Executivo. Além do embasamento na Lei de Regulamentação da Profissão e nas Diretrizes Nacionais para o curso de Secretariado Executivo, os principais teóricos que fundamentaram o capítulo foram: Nonato Júnior (2009) e Neiva e D´Elia (2009). Metodologia O presente estudo é de natureza qualitativa.Quanto aos fins, esta pesquisa pode ser definida como descritiva.Utilizou-se como estratégia de pesquisa o estudo observacional indireto não participante. A coleta de dados da amostra selecionada ocorreu por meio da apreensão de anúncios de vagas para secretários executivos dispostos na internet em sites especializados em captação de pessoas, durante o período de 01 de abril de 2011 a 01 de abril de 2013. Durante os 24 meses de investigação, os pesquisadores acessaram os sites selecionados semanalmente e coletaram os anúncios, criando banco de dados com 401 anúncios. Após classificação por data de publicação e enumeração, os repetidos, divulgados em diferentes fontes simultaneamente, foram excluídos. Depois da abordagem observacional, os anúncios que atendiam aos critérios estabelecidos passaram por uma nova classificação e foram separados para realização da análise. Por fim, a amostra foi composta de 41 vagas que, além do critério geográfico já exposto, exigiam formação em nível superior em Secretariado Executivo e atribuições pertinentes à profissão de Secretariado Executivo. Apresentação e discussão dos resultados A coleta dos dados buscou identificar os conhecimentos, as habilidades e as atitudes no intuito de se atingir os objetivos determinados. Observou-se inicialmente que a alta incidência pelo conhecimento de assessoria executiva confirma o ditame oficial acerca de a assessoria direta a executivos ser uma das atribuições do secretário (BRASIL, 1996), reforçada pela proposta de Nonato Júnior (2009). É possível perceber que todos os conhecimentos elencados não divergem da regulamentação nem do que prevê a literatura especializa. Tais conhecimentos são consonantes com a interdisciplinaridade nata da área, que requer do secretário o 9 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 domínio ou, ao menos, o conhecimento elementar das teorias de diversas ciências, como Linguística e Arquivologia. Essa pluralidade ressalta o perfil contemporâneo já exposto e evidencia que o mercado de trabalho da cidade de Fortaleza e região metropolitana vislumbra no referido profissional potencial para o contexto organizacional. Tal constatação é salutar visto que o secretário executivo tem buscado formação especializada, e esta não tem sido despercebida pelas organizações. Quadro 1 – Conhecimentos exigidos aos profissionais de Secretariado Executivo Conhecimentos exigidos Quantidade de anúncios % Técnicas Secretariais 41 100 Assessoria Executiva 29 70 Língua inglesa 29 70 Informática 28 68 Comunicação escrita 19 46 Arquivologia 18 44 Organização de Eventos 10 24 Comunicação verbal 7 17 Língua espanhola 2 5 Fonte: Dados da pesquisa/2013. Depois de reconhecidas as habilidades exigidas ao profissional de Secretariado Executivo nos dados analisados, que para Bitencourt (2005) são as que garantem um bom desempenho aos profissionais.Estas foram sintetizadas no Quadro 2. Quadro 2 – Habilidades exigidas aos profissionais de Secretariado Executivo Habilidades exigidas Quantidade de anúncios % Controle de agenda 37 90 Atendimento 33 80 Domínio de idioma estrangeiro 31 76 Técnicas de informática 28 68 Organização de viagens 26 63 10 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Organização de reuniões 20 49 Fluência escrita 19 46 Organização de documentos e arquivos 18 44 Rotinas administrativas 15 37 Organização de eventos 10 24 Trabalho em equipe 10 24 Fluência verbal 7 17 Triagem de correspondências 7 17 Fonte: Dados da pesquisa/2013. A análise das habilidades exigidas aos profissionais de Secretariado Executivo, feita à luz do Secretariado na atualidade, que, como afirma Guimarães (2006), está se envolvendo mais nas atividades das empresas e assumindo novas responsabilidades, como induzem as Diretrizes Nacionais para os cursos de Secretariado Executivo, que almejam a formação de referencial teórico e da interpretação do pesquisador, forte característica da pesquisa qualitativa (GODOY, 1995), apresentou habilidades necessárias ao profissional que vão além das estabelecidas pela Lei de Regulamentação da profissão. Tal constatação permite uma visão mais clara sobre o novo perfil do profissional: mais completo e participante da dinâmica organizacional. Percebeu-se, por meio dos resultados obtidos, que são as habilidades intelectuais as mais requeridas ao profissional de Secretariado, segundo a definição de Robbins, Judge e Sobral (2010). Tal fato exige do profissional um maior desenvolvimento das atividades mentais (pensar, raciocinar e resolver problemas) do que das atividades físicas. Fleury e Fleury (2004) reafirmam tal constatação quando indicam que as atividades inteligentes são as que adicionam maior valor às organizações atuais. Quadro 3 - Atitudes exigidas aos profissionais de Secretariado Executivo Atitudes exigidas Quantidade de anúncios % Organização 7 17 Pro atividade 6 15 Flexibilidade 6 15 11 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Comprometimento 5 12 Desenvoltura 4 10 Liderança 4 10 Discrição 3 7 Profissionalismo 3 7 Fonte: Dados da pesquisa/2013. De fato, as atitudes exigidas ao profissional de Secretariado Executivo dispostas nos anúncios analisados traçam o perfil de um colaborador organizado, participativo e comprometido. Nas Diretrizes Nacionais(BRASIL, 2005), no Artigo 4º, consta que o perfil traçado do profissional é de alguém com “iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional”. Não obstante a dissonância cognitiva, que segundo Baldwin, Bommer e Rubin (2008) é a incompatibilidade entre o comportamento e a atitude, é necessário frisar a importância da atitude no meio organizacional, pois com pressões sociais ou mesmo verticais dentro da empresa, o secretário executivo precisa agir com profissionalismo e ética, independentemente das circunstâncias que o rodeiam e do comportamento dos demais colaboradores. É essa união entre o discurso e a ação (BITENCOURT, 2005) que faz com que o secretário conquiste a confiança dos seus gestores, de quem ele tanto necessita para o exercício competente de sua profissão. Na posição organizacional estratégica, o comportamento ético, líder e flexível do secretário tem feito com que sua presença seja cada vez mais imperativa nas empresas de hoje, as quais estão descobrindo um profissional polivalente e multifuncional que se adéqua às necessidades do mercado de trabalho atual. Na próxima seção, serão expostas as considerações finais da presente pesquisa, de acordo com os dados obtidos e analisados. Conclusões O estudo das competências exigidas ao secretário executivo sob o prisma do que requer o mercado de trabalho favorece o amadurecimento do seu perfil profissional. Espera-se um profissional capaz de se desenvolver e adequar-se às necessidades das organizações atuais que sofrem rápidas e constantes transformações, pois estão inseridas em um contexto cada vez mais globalizado e competitivo. 12 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 A questão de pesquisa suscitada no presente estudo foi respondida por meio da investigação realizada, que apresentou as competências exigidas ao profissional de Secretariado Executivo por meio do desmembramento dos componentes que constituem as competências, a saber: os conhecimentos, as habilidades e as atitudes, e por meio da análise de cada um deles, de acordo com os dados obtidos nos anúncios analisados. Portanto, o objetivo geral foi alcançado, sendo possível identificar as competências exigidas. A identificação dos conhecimentos demandou percepção subjetiva por parte dos pesquisadores, pois muitos estavam subentendidos nas habilidades. Foram identificados, portanto, os conhecimentos das técnicas secretarias, de assessoria executiva, da língua inglesa, conhecimentos de informática e de comunicação. Foi percebida também a demanda de conhecimentos de outras áreas da ciência, como arquivologia, por exemplo. Os resultados obtidos acenam uma tendência de conhecimento específico, porém não descarta o generalizado, pois perpassa conhecimentos próprios da área, como as técnicas secretariais, e quebra as fronteiras da área secretarial, a fim de adequar-se às exigências atuais de um profissional pautado no conhecimento multidisciplinar. O critério de formação em Secretariado Executivo impôs inicialmente um conhecimento específico, porém reduziu significativamente a quantidade da amostra, já que a grande maioria dos anúncios permitia formação em outras áreas, ou mesmo só a formação técnica. O conhecimento das habilidades exigidas aos profissionais de Secretariado Executivo apontou que as habilidades requeridas são, entre outras, o controle de agenda dos executivos, o atendimento ao cliente interno e externo, o domínio de idioma estrangeiro, com destaque para a língua inglesa, o domínio de técnicas de informática e a organização de viagens, reuniões e eventos. As fluências verbal e escrita, a organização de documentos e arquivos, bem como o domínio de rotinas administrativas também merecem destaque. A nomeação das atitudes exigidas ao profissional de Secretariado Executivo foi realizada por meio da apreciação dos dados da pesquisa, que apontou características como: organização, proatividade, flexibilidade, comprometimento, desenvoltura, liderança, discrição e profissionalismo. Apesar de as atitudes terem sido requeridas em menor número do que os conhecimentos e as habilidades, como já fora mencionado anteriormente, pôde-se contemplar por meio dos resultados obtidos que além do conhecimento e da técnica, espera-se do profissional a atitude, ou seja, o saber agir de 13 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 maneira condizente com o que a profissão demanda, afinal todas as atitudes descritas nos anúncios, que foram solicitadas ao profissional, coincidem com o previsto oficialmente. As competências exigidas ao profissional de Secretariado Executivo para o seu ingresso no mercado de trabalho atual, portanto, são inúmeras e delineiam um perfil multifacetado. O presente estudo teve como limitação de escopo a forma de coleta dos dados para análise, já que se limitou aos anúncios dispostos na Internet e ao fato de a amostra se restringir às ofertas de vagas para apenas uma cidade e sua região metropolitana. Nessas condições, as inferências são restritas à amostra em questão. Com o banco de dados formado pelos anúncios coletados durante o período de 24 meses, as sugestões de continuação de pesquisa do tema são vastas. Realizar o estudo comparando as ofertas de vagas entre diferentes cidades e regiões, bem como a análise das competências exigidas com o estabelecimento de outros critérios para seleção da outra amostra são algumas propostas de continuidade da pesquisa. Referências BALDWIN, Timothy T; BOMMER, William H; RUBIN, Robert S. Desenvolvimento de habilidades gerenciais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BITENCOURT, C. C. Gestão de competências e aprendizagem nas organizações. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2005. BRASIL. Lei nº 9.261, de 10 de janeiro de 1996 .Altera a redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985. Brasília, DF: Senado. Disponível em:<http://www.sisergs.com.br/leis>. Acesso em 26 dez. de 2012. ____. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os curso de graduação em Secretariado Executivo. Resolução nº 03, de 23 de junho de 2005. Disponível em: <http://www.metodista.br/secretariado/curso/diretrizes-do-curso-desecretariado>. Acesso em: 14 de julho 2013. DUTRA, J S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas; 2004. 14 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 FLEURY, A; FLEURY, M.T.L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. São Paulo: Atlas; 2004. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista administração empresas. 1995, vol 35. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rea/v35n2/a08v35n2.pdf>. Acesso em 13 de abril de 2013. GUIMARÃES, M. E. O livro azul da secretária moderna. 23. ed. São Paulo: Érikca, 2006. NEIVA, E. D; D'ELIA, M. E. As novas competências do profissional de secretariado. São Paulo. 2. ed. Ed. IOB, 2009. NONATO JÚNIOR, Raimundo. Epistemologia e teoria do conhecimento em Secretariado Executivo. Fortaleza: Expressão gráfica, 2009. ROBBINS, S. P; JUDGE, T. A; SOBRAL, Filipe. Comportamento Organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 15 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 PÓS-GRADUAÇÃO DE UMA AMOSTRA DE DOCENTES DE SECRETARIADO EXECUTIVO Isabela Evangelista Costa3 Joelma Soares da Silva4 Objetivos O objetivo geral do trabalho foi identificar as áreas de pós-graduação cursadas pelos docentes de Secretariado Executivo das Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil. Os objetivos específicos foram: i) Identificar as áreas de formação strictu sensu de uma amostra de docentes de Secretariado Executivo de Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil; ii) Conhecer a formação lato sensu de uma amostra de docentes de Secretariado Executivo de Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil. Problema de pesquisa O presente trabalho buscou responder a seguinte questão: quais as áreas de pósgraduação cursadas pelos docentes de Secretariado Executivo das Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil? Justificativas do estudo A figura docente tem fundamental importância no processo formativo em Secretariado Executivo. Assim sendo, refletir sobre a formação dos professores que integram o corpo docente dos cursos é de suma relevância. Tal formação é ampla e complexa e ocorre em várias esferas. Pode-se citar, então, formação específica da sua área de atuação docente. De tal modo, esse trabalho delimitou sua questão de pesquisa para nortear a sua investigação tomando como referência a formação strictu sensu de uma amostra de professores de cursos de Secretariado Executivo. 3 Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará. Mestra em Administração, pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 4 16 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Revisão Teórica A docência no ensino superior requer bastante dedicação e um constante aperfeiçoamento para o seu exercício. O Art. 66 da LDB declara que “A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado” (BRASIL, 1996). Contudo, verifica-se nos cursos de pós-graduação, em nível de mestrado, que a formação didática e pedagógica geralmente não está presente na integralização curricular. Nesse sentido, Gil (2011, p.21) destaca que: Os programas de mestrado têm como objetivo proporcionar a seus participantes conhecimentos e habilidades para a realização pesquisas científicas, o que constitui sem dúvida um dos mais importantes requisitos de um professor nesse nível de ensino, pois o que se espera é que ele não seja apenas um reprodutor, mas também construtor de conhecimento. Mas a inexistência de disciplinas de caráter didático pedagógico nesses programas deixa uma lacuna em sua formação. A formação didática tem bastante relevância para a docência no ensino superior. “O termo didática deriva do grego didaktiké, que tem o significado de arte de ensinar” (GIL, 2011, p.2, grifo do autor). Os conhecimentos específicos aliados à didática no processo de integralização curricular são mais valorosos para a aprendizagem dos discentes, e isso também possibilita um melhor desenvolvimento da docência. Percebe-se que “Um traço típico do educador que impressiona aos alunos é o fato dele ser um indivíduo consistente e real, que possui conhecimento sobre o assunto e acredita em sua capacidade de transmiti-lo” (FARIA; REIS, 2008, p. 173). De tal modo, é valoroso que o professor procure o aperfeiçoamento basilar ao magistério, pois “Um professor se faz ao longo do exercício da docência, mas esse processo precisa ser consciente” (DALBEN, 2010, p.175). Desse modo, o conhecimento sobre as teorias e práticas da Didática é relevante para o exercício da docência universitária. Assim sendo, os professores do ensino superior precisam em sua formação conhecê-la e aperfeiçoá-la constantemente. Esse processo não deve ser diferente para os docentes que lecionam em cursos de Secretariado Executivo. Faria e Reis (2008, p.169) afirmam que: 17 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 O campo de atuação do secretário executivo é amplo, abrangendo, dentre outros empresas de assessoria e consultoria, organizações públicas e privadas de segmentos de mercado diversos, corporações próprias ou de terceiros e, ainda, na área da docência e pesquisa em instituições de Ensino Superior. A atuação como docente requer uma formação para o magistério superior, que pode ocorrer por meio da pós-graduação e da profissionalização continuada. Nesse processo formativo, buscar conhecimentos referentes às questões didáticas tem fundamental relevância (NÓBREGA; ADELINO, 2012). O docente da graduação em Secretariado Executivo pode encontrar desafios na sua busca por formação didática, como ocorre de maneira geral, especialmente com professores universitários dos cursos tecnólogos e bacharelados, tendo em vista que, diferentemente das licenciaturas, o foco dessas graduações não é o magistério. Apesar das dificuldades de obter uma formação efetiva com foco em didática, pode-se complementá-la por meio de atividades extras que dialoguem com seus conceitos e práticas, possibilitando assim agregar mais valor à docência universitária. Metodologia A metodologia dessa pesquisa é de natureza qualitativa: “[...] a pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das relações sociais e é considerada pesquisa soft (BAUER, GASKELL, ALLUM, 2011, p.23, grifo dos autores).” Essa investigação caracterizou-se também como descritiva. “As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1999, p. 44). A forma de coleta de dados se deu por meio de observação indireta, classificando-se também como um estudo observacional. Gil (1999, p.34) afirma que “Há investigações em ciências sociais que se valem exclusivamente do método observacional. Outras utilizam-no em conjuntos com outros métodos.” Realizou-se a observação do conteúdo do currículo Lattes de docentes formados em Secretariado Executivo, disponível no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O critério de seleção da amostra foi que os docentes lecionassem em cursos presenciais de bacharelado em Secretariado Executivo de Instituições Públicas de Ensino Superior e tivessem graduação em Secretariado Executivo. A partir disso, tornou-se possível obter os dados necessários à pesquisa por meio das seguintes 18 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 etapas: 1. Consultandoa página do e-MEC, obtiveram-se os nomes das instituições públicas que ofertam o curso presencial de bacharelado em Secretariado Executivo, conforme critérios da amostra. Foram contabilizadas 20 instituições entre universidades e faculdades públicas. Contudo, duas destas aparecem listadas duas vezes. Sendo assim, o total de instituições foi 18. 2. Entrou-se em contato por e-mail com os coordenadores dos cursos, e na ausência de retorno, verificou-se o site dos 18 a fim de se obter os nomes completos dos docentes que eram graduados em Secretariado. Obteve-se retorno de 15 instituições que, ao fim, informaram os nomes de 49 docentes que atendiam ao critério citado. 3. Foi realizada a consulta dos currículos dos docentes, os quais estãodisponíveis na plataforma Lattes a fim de se observarem as informações acerca da pósgraduação. 4. Foi realizada uma análise de conteúdo das informações constantes no currículo Lattes dos docentes. De acordo com Bardin (1977, p.31), tal método pode ser compreendido como “[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações.” Os dados são apresentados a seguir. Apresentação e discussão dos resultados A amostra abordada, de 49 docentes, está buscando qualificação para o melhor desempenho da atividade docente, conforme os dados da pesquisa. A Lei nº 9.394/1996, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) declara que a preparação para o magistério superior deve preferencialmente ocorrer em programas de mestrado e doutorado para o exercício da docência (BRASIL, 1996). Nesse sentido, observou-se que 20 docentes de Secretariado Executivo têm formação strictu sensu concluída em cursos de mestrado ou doutorado. Desse total, há um pós-doutorado concluído e outro em andamento, três doutorados concluídos e 15 mestrados concluídos. 21 professores fazem cursosstrictu sensu, dos quais 16 estão cursando doutorado e cinco, mestrado. Foram identificados cursos na área da Educação e em outras áreas, entre elas Administração, Desenvolvimento, Letras e Engenharia. Gil (2011, p. 18) relata sobre o papel do professor universitário que “[...] clama-se cada vez 19 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 mais por sua qualificação profissional.” No entanto, notou-se que oito docentes não estão inseridos no contexto da formação strictu sensu, pois, desse total, sete têm especialização e um, apenas graduação. A formação lato sensu, a qual não é exigida por lei para o exercício da docência, configura-se como um processo formativo que possibilita a aquisição de conhecimentos. Perrenoud (2000) relata que é importante o docente administrar sua própria formação contínua. Convergente a essa assertiva, a formação contínua é valorosa à atuação do professor de Secretariado Executivo. No que diz respeito à formação lato sensu, foram identificados cursos na área de Educação, como Metodologia, Didática e Docência do Ensino Superior, Ensino e Aprendizagem, os quais agregam bastante valor à formação docente. Em outras áreas, entre os cursos encontrados, destacam-se: Gestão Estratégica, Gestão de Pessoas e Administração. Os programas stricto sensu não têm como foco as disciplinas de caráter didático-pedagógico na sua integralização curricular (GIL, 2011). Assim sendo, a pósgraduação lato sensu em Educação pode contribuir significativamente para a formação didática dos professores e o que foi observado é que o docente de Secretariado da IES pública está atento a essa realidade. Conclusões A formação acadêmica dos docentes de Secretariado Executivo constitui-se ainda como um grande desafio, tendo em vista que diante dos dados expostos constatouse uma variedade de áreas de pós-graduação cursadas pelos docentes investigados. Ocorre a busca por formação na área de Educação que, possivelmente, contribui para a prática docente. A questão de pesquisa que norteou esse trabalho foi: quais as áreas de pósgraduação cursadas pelos docentes de Secretariado Executivo das Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil? O questionamento foi plenamente respondido ao se identificar áreas diversas, tanto na pós-graduação stricto sensu como lato sensu. Dessa forma, o objetivo geral foi plenamente atendido por meio da identificação das áreas de formação stricto sensu, como Educação e outras áreas do conhecimento, entre elas Administração, Desenvolvimento, Letras e Engenharia. 20 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Conheceu-se a formação lato sensu de uma amostra de docentes de Secretariado Executivo de Instituições Públicas de Ensino Superior no Brasil.Essas áreas de formação são Educação e também outras áreas, entre as quais Gestão Estratégica, Gestão de Pessoas e Administração. Diante do exposto, percebe-se que a formação didática precisa ser também inclusa na formação que o docente de Secretariado Executivo adquire em busca da sua constante atualização profissional. Ressalte-se que a formação didática aliada aos conhecimentos específicos possibilita uma abordagem mais enriquecedora dos conteúdos lecionados nos cursos de Secretariado Executivo, possibilitando, assim, o melhor desenvolvimento do trabalho docente. A ausência de formação stricto sensu na área de Secretariado impõe ao docente um duplo desafio: buscar tais cursos e não desviar sua produtividade e seu foco da sua formação inicial, que é o Secretariado. Concomitantemente, o docente tem a oportunidade de aprender e vivenciar conhecimentos diferenciados e assim também contribui para sua pluralidade nata. Referências BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BAUER, Martin W.; GASKELL, George; ALLUM, Nicholas C. Qualidade, quantidade e interesse do conhecimento – Evitando confusões. In:BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Orgs.). Pesquisa qualitativa, com texto, imagem e som: um manual prático. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 17-36. BRASIL. Lei nº 9. 394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 16 set. 2013. DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Tensões entre formação e docência: buscas pelos acertos de um trabalho. In:DALBEN,Ângela Imaculada Loureiro de Freitas et al (Orgs.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente: didática, formação de professores, trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p.166-187. FARIA D.S.; REIS, A.C.G. Docência em Secretariado Executivo. Fazu em Revista. Uberaba, n.5, p.169-174, 2008. Disponível em: <http://www.fazu.br/ojs/index.php/fazuemrevista/article/view/61/55>. Acesso em: 08 set. 2013. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 21 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 .Didática do Ensino Superior. 1. ed. 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011. NÓBREGA, Vanessa Sâmela dos Santos; ADELINO, Francisca Janete da Silva. A inclusão do docente de secretariado executivo em programas de pós-graduação stricto sensu: um estudo realizado junto à plataforma Lattes do CNPq. Passo Fundo, p. 76-88, n. 8, 2012. Secretariado Executivo em Revista. Disponível em: <http://www.upf.br/seer/index.php/ser/article/view/3027/2033>. Acesso em: 09 out. 2013. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 22 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE PROFESSORES DE SECRETARIADO EXECUTIVO Daniela Graciela Silva Brito5 Conceição de Maria Pinheiro Barro6 Objetivo Conhecer as práticas avaliativas de docentes de Secretariado Executivo, considerando-se as características típicas da avaliaçãodiagnóstica, formativa e somativa. Problema de pesquisa Quais são as práticas avaliativas dos docentes de Secretariado Executivo? Justificativas do estudo O objetivo primordial da avaliação da aprendizagem é analisar o que o discente assimilou e considerar o ensinamento adquirido como base para aperfeiçoar os processos de ensino e aprendizagem, na busca da melhoria contínua de si mesmo; enquanto professor e da ampla divulgação dos conceitos enquanto processo agregador.Os resultados demonstrados por meio da citada avaliação refletem, em grande parte, os procedimentos e a metodologia adotados pelo docente.Considera-se a relevância do tema proposto, visto que os profissionais de Secretariado possuem formação inicial voltada para a atuação em empresas por meio de cursos na modalidade bacharelado e na atualidade percebe-se a crescente inserção dessa profissão na docência universitária. Dessa forma, surgem desafios a serem superados na prática docente secretarial, destacando-se a avaliação da aprendizagem. Nesse contexto, este artigo pode contribuir para as discussões acerca da temática proposta. Revisão Teórica 5 Mestranda em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Secretária Executiva da Universidade Federal do Ceará. 6 Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual do Ceará. Mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 23 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 O ato de avaliar permite a verificação do nível de aprendizagem dos discentes e determina a qualidade do processo que está sendo realizado, cujo executor é o professor. Essa avaliação fornece ferramentas para que os professores melhorem a sua atuação. Ribeiro (1999) classifica as avaliações da aprendizagem em três tipos: avaliação diagnóstica, formativa e somativa. Luckesi (2003) considera importante a verificação de conhecimentos prévios existentes. A avaliação diagnóstica é o início do processo esem ela não se pode acreditar em processo de avaliação propriamente dito, bem diferente dessa avaliação na qual considera-se como processo de desenvolvimento do ensino. A avaliação diagnóstica permite ao docente determinar o seu planejamento, a sua forma de atuar como mediador do conhecimento; permite ainda um estudo para tornar o processo mais eficaz, com o objetivo de descobrir se o discente possui o perfil adequado e desejável para que a aprendizagem seja possível. Quanto à avaliação formativa, Cerqueira (2008) considera que se trata daquela com a função controladora sendo realizada durante todo o decorrer do período letivovisando verificar se os alunos estão atingindo os objetivos propostos. Percebe-se que esse estilo de avaliação, em complemento à avaliação diagnóstica, visa à manutenção do processo como um todo. A avaliação somativa ocorre ao final do processo. Rosado e Silva (2012) afirmam que nesta avaliação é decisiva uma escolha criteriosa de objetivos relevantes, de acordo com critérios de representatividade e de importância relativa de modo a obter uma visão de síntese. Diante da possibilidade da docência como uma área de atuação para o profissional secretário, o aprimoramento das práticas avaliativas emerge como um desafio para o professor da área. Metodologia Para o alcance dos objetivos, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa e descritiva. Nesta investigação foi feito um levantamento bibliográfico que serviu de sustentação para a pesquisa como um todo, bem como para a pesquisa de campo. Quanto aos seus objetivos esta investigação classifica-se como descritiva, considerandose que, os estudos descritivos podem assim ser classificados quando utilizam “técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário [...]” (GIL, 1991, p. 46). Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário composto por perguntas subjetivas e objetivas, encaminhado via correio eletrônico, por meio de questionário online, disponibilizado na plataforma Google Drive. O universo desta 24 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 pesquisa foi composto por docentes de cursos de Secretariado Executivo, nas diversas regiões brasileiras. Participaram da investigação 20 (vinte) docentes distribuídos da seguinte forma: Universidade de Passo Fundo (2 docentes), Universidade Federal de Viçosa (2 docentes), Centro Universitário Newton Paiva (1 docente), Universidade Federal do Amapá (1 docente), PUCPR (1 docente), Universidade Estadual do Oeste do Pará (4 docentes), Universidade Estadual Oeste do Paraná (1 docente), Universidade Estadual de Londrina (1 docente), Universidade Federal da Paraíba (2 docentes), Universidade Estadual do Centro-Oeste (2 docentes), Universidade Federal da Bahia (1 docente), Universidade Paulista (1 docente) e Faculdade de Tecnologia de São Paulo (1 docente). Para a seleção dos participantes foram observados os seguintes requisitos: a) ser docente de Secretariado Executivo, b) atuar em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras e c) ser graduado em Secretariado Executivo. Os docentes participantes foram identificados, neste trabalho, por um número, o qual varia de 1 a 20, representando o total de respostas obtidas, tendo sido atribuído esse número conforme a ordem das respostas. Os dados foram interpretados numa perspectiva qualitativa, buscando-se a apreensão de significados por meio da análise hermenêutica. Apresentação e discussão dos resultados Parte I – Perfil Quanto ao sexo dos docentes entrevistados, verificou-se que 90% são do sexo feminino, mostrando assim que, tanto na carreira docente como na de Secretariado, o sexo feminino ainda predomina, embora a quantidade de profissionais do sexo masculino já tenha aumentado com o passar dos anos e com a evolução e disseminação da profissão. Com relação à idade, os docentes foram distribuídos em 4grupos, quais sejam: de 25 a 30 anos, de 31 a 35 anos, de 36 a 40 anos, e docentes com mais de 40 anos. Os dados da pesquisa mostraram que 40% dos docentes possuem mais de 40 anos, seguidos de 20% que possuem de 36 a 40 anos e a mesma porcentagem possuem os professores de 25 a 30 anos, uma minoria de 15 % possuem de 31 a 35 anos, verificamos predomina em maioria os docentes com mais de 40 anos, detentores de experiência tanto na área docente como no mercado de trabalho. 25 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Parte II –Práticas avaliativas de docentes de Secretariado Executivo A Tabela 1 apresenta os resultados da pesquisa quanto aos tipos de avaliações, quais sejam: diagnóstica, formativa e somativa. Buscou-se descrever características desses tipos de avaliações, com o intuito de visualizar o grau de conhecimento dedocentes de Secretariado Executivo com as citadas avaliações, a fim de verificar se na prática, na realidade individual de cada professor, eles reconhecem características típicas de cada avaliação. Tabela 1– Sobre a avaliação diagnóstica, formativa e somativa. Afirmações (1) (2) (3) (4) (5) Verifico os conhecimentos prévios dos alunos, no início do período letivo 0% 5% 20% 40% 35% Verifico os conhecimentos e habilidades dos alunos para saber como devo preparar novas aprendizagens 0% 5% 15% 30% 50% Durante o período letivo, avalio meus alunos sistematicamente, a fim de verificar se estes estão aprendendo 0% 0% 5% 25% 70% Faço alterações nas avaliações feitas durante o período letivo se for preciso 0% 0% 15% 40% 45% Utilizo a avaliação final para verificar a evolução do aluno 0% 5% 40% 25% 30% Utilizo os dados das avaliações feitas no decorrer do período letivo para classificar os conhecimentos dos discentes. 5% 5% 15% 45% 30% Fonte: Dados da pesquisa/2013. Legenda: (1) Nunca(2) Raramente (3) Às vezes (4) Frequentemente (5) Sempre. O primeiro item apresenta características da avaliação diagnóstica, esta deve ser feita antes de qualquer outra, pois por meio dela é possível saber os conhecimentos prévios de cada discente. 40% dos docentes afirmaram que verificam com frequência os conhecimentos prévios dos alunos, seguidos de 35% dos docentes que afirmam verificar sempre. O resultado aponta a uma interpretação positiva dos fatos, pois mesmo em minoria, 35% é uma quantidade relativamente significante, portanto, o resultado é favorável e confirma a visão de Cerqueira (2008) ao enfatizar que os docentes devem utilizar a avaliação diagnóstica, verificando, assim, os conhecimentos prévios trazidos pelos discentes para poder se constatar que habilidades e competências precisam ser desenvolvidas, para facilitar o preparo de novas aprendizagens. Apenas 5% afirmaram fazer essa verificação prévia com raridade. A percepção de Cerqueira (2008) é confirmada no item seguinte, visto que 50% dos docentes afirmaram que sempreverificam os conhecimentos e habilidades dos alunos para saber como preparar 26 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 novas aprendizagens. 15% afirmam, ainda, que só às vezes verificam esses conhecimentos e habilidades previamente, ou seja, 15% dos docentes não se preocupam tanto assim com essa avaliação diagnóstica, essa que é tão importante para a consecução das outras duas avaliações, pois por meio dessa avaliação se escolhem os melhores métodos para o desenvolvimento dos educandos, a fim de se chegar ao aprendizado pleno. Isto é confirmado por Luckesi (2008) ao considerar que a avaliação educacional não acontece isoladamente:“É condição de sua existência e articulação comum a concepção pedagógica progressista.” O terceiro item mostrou um resultado positivo, pois 70% dos docentes entrevistados afirmaram que sempre avaliam os alunos sistematicamente, a fim de saberse eles estão aprendendo. 25% dos docentes o fazem com frequência. O resultado corrobora comCerqueira (2008), ao considerar que a avaliação formativatem função de controle, e deve ser realizada durante o período letivo, a fim de verificar se os alunos estão atingindo o nível necessário de aprendizagem, os objetivos aos quais se submeteu o professor. Os professores demonstraram preocupação quanto ao aprendizado do discente, e procuram avaliar sistematicamente, segundo os dados coletados na pesquisa. O quarto item aborda, ainda, a avaliação formativa, e 45% dos docentes afirmaram que sempre fazem alterações nas avaliações, durante o período letivo, se for necessário. Esse resultado aponta para a existência de flexibilidade por parte dos docentes de Secretariado Executivo ao buscarem adequar as avaliações ao melhor método avaliativo possibilitando a compreensão do conteúdo ao educando. Landsheere (1976 apud CERQUEIRA, 2008, p. 1), pondera que “a avaliação formativa tempor único fim reconhecer onde e em que o aluno sente dificuldade e procurar informá-lo. Esta avaliação não se traduz em nota, nem muito menos em ‘scores’. Trata-se de um ‘feedback’ para o aluno e para o professor.” É portanto necessário e imperativo que os docentes nessa etapa da avaliação procurem adequar os seus métodos e visem ao aprendizado do discente como prioridade. Embora não seja sempre, 40% dos docentes afirmaram fazer alterações em suas avaliações com frequência a fim de atingir esse objetivo. O resultado é positivo nesse tipo de avaliação. Os números denotam que os docentes usam da avaliação diagnóstica menos do que utilizam a avaliação formativa, embora a avaliação diagnóstica seja importante, pois é o ponto de partida. Ao indicarflexibilidade os docentes denotam que se preocupam com o processo de aprendizagem do discente, e, embora seja 27 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 necessáriauma avaliação diagnóstica fiel para que as outras avaliações sejam bem sucedidas, nada impede que essa correção seja feita no decorrer do processo. Os dois últimos itens da Tabela 1 sintetizam as características relativas à avaliação somativa, que é a avaliação final. Enquanto os resultados foram positivos quanto à avaliação formativa, com relação à avaliação somativa 30% dos docentes afirmaram que sempre utilizam a avaliação final para verificar a evolução do aluno. 25% afirmaram utilizar a avaliação final para este fim, com frequência.Rosado e Silva (2012) consideram que essa é a tipologia mais importante, por permitir uma visualização mais ampla dos resultados obtidos no processo de ensino, o resultado da aprendizagem se mostra claro nessa etapa ao verificar a progressão dos discentes. Os dados da pesquisa revelam que a minoria dos docentes desenvolve esse tipo de avaliação para o fim a que se destina. Os docentes verificam essa evolução do aluno nas avaliações sistemáticas feitas durante a avaliação somativa e a utilizam para verificar a evolução do estudante. No último item da Tabela 1, relativo à avaliação somativa, 45% dos docentes afirmaram que frequentemente utilizam os dados das avaliações feitas no decorrer do período letivo para classificar os conhecimentos dos discentes, seguidos de 30% que afirmaram sempre fazer essa classificação. Sobre esse aspecto,Rosado e Silva (2012, p. 7) a refletem que “a avaliação somativa presta-se à classificação, mas não se esgota nela, nem se deve confundir com esta, podendo [...] existir avaliação somativa sem classificação.” Conclusões A presente pesquisa possibilitou o delineamento de alguns pensamentos reflexivos acerca das concepções das práticas de avaliação da aprendizagem dos docentes de Secretariado Executivo. Percebeu-se que os professores participantes reconhecem características típicas de cada avaliação quanto à sua finalidade.Infere-se, portanto, que as práticas avaliativas dos docentes de Secretariado Executivo, em relação aos tipos de avaliação diagnóstica, formativa e somativa têm como principal preocupação a formativa, em detrimento da diagnóstica. Embora, a avaliação diagnóstica não tenha sido considerada como importante pela maioria dos participantes, os docentesbuscam corrigir as falhas no 28 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 desenvolvimento do processo. Os professores dão ênfase à avaliação formativa, a qual é um processo contínuo que visa ao crescimento e evolução do aluno. Referências CERQUEIRA, E. Formas de Avaliação. Salvador, 2008. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1121766>. Acesso em: 21 de mar 2013. GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LUCKESI, C. C.. Avaliação da aprendizagem: estudos e proposições. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2008. RIBEIRO, L. C. Avaliação da aprendizagem. Coleção Educação hoje. 7. ed. Lisboa: Texto Editora, 1999. ROSADO, A.; SILVA, C.. Conceitos básicos sobre a avaliação das aprendizagens. 2012. Disponível em: <http://api.adm.br/evalforum/wp-content/uploads/2010/07/200_rosado-e-silva-conceitos-basicos-sobre-avaliacao-das-aprendizagens.pdf>. Acesso em: 23 de mar 2013. 29 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA NA ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO Jucélia Ferreira da Silva Costa7 Karla Thayany Souza Martins8 Sanny de Castro Tavares9 Objetivos O objetivo este estudo é compreender como o perfil resiliente pode contribuir no trabalho do Secretário Executivo, como também, discutir as relações comportamentais do secretário executivo e seus resultados positivos e negativos provenientes do grau de resiliência de cada indivíduo. Problemas de pesquisa Busca-se evidenciar: qual a influência da resiliência na atuação profissionalsecretário executivo e como o perfil resiliente pode contribuir para a realização das atividades secretariais no ambiente organizacional atual? Justificativas do estudo O tema escolhido foi definido pelo interesse em conhecer e aprofundar o assunto “Resiliência para o profissional de Secretariado Executivo”, uma vez que esse tema é pouco difundido e são poucos os estudos encontrados voltados para atuação deste profissional. Revisão Teórica Atualmente, o ambiente organizacional é marcado por constantes mudanças que afetam o cotidiano das organizações. Para Chiavenato (2004, p. 80) “o ambiente organizacional funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si 7 Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 9 Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 8 30 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 provocando mudanças e influências diretas e indiretas sobre as organizações.”. Essas mudanças e influências contribuem para o comportamento dos profissionais dentro do ambiente de trabalho. Nessa perspectiva, Limongi-França (2006, p. 3) afirma que “o comportamento organizacional representa o conjunto de ações, atitudes e expectativas humanas dentro do ambiente de trabalho.”. A Resiliência: conceitos, fatores e princípios De acordo com Sabbag (2012), “Resiliência deriva do latim resilientia, do verbo resilio (re + salio) que significa ‘saltar para trás’, recuperar-se, ‘voltar ao normal’.” A Resiliência é estudada por várias áreas do conhecimento, tais como: a Física, Psicologia, Sociologia e recentemente estudada pela Administração. É por isso que este estudo irá abordar esta competência também na rotina dos profissionais de Secretariado Executivo. Barlach (2005 apud PINHEIRO; SACHUK, 2010, p.5) aponta que “o conceito de resiliência tem sua origem na Física e na Engenharia, designando a capacidade dos materiais de retornar à sua forma original após serem submetidos à pressão ou tensão”. Sabbag (2012, p.24) conceitua a Resiliência na Física como “a propriedade de corpos elásticos, que se deformam na aplicação de força, absorvem energia e, quando cessa a força aplicada, retornam à forma original usando a energia armazenada”. Hoje o termo Resiliência é amplamente difundido na Psicologia, Ciências Sociais e mais recentemente absorvido pela Administração, o que nos leva a estranhar que historicamente o conceito de Resiliência é oriundo das ciências exatas e não das humanas. Em Psicologia, o estudo do fenômeno da Resiliência é relativamente recente, há 45 anos esse termo foi adotado pela Psicologia. A resiliência para os profissionais de Secretariado O refinamento e ajustamento às novas formas de processos gerenciais no mercado de trabalho, são preocupações constantes, assim, este contexto passa a ser um instrumento que qualifica o desempenho e o nível de qualificação do profissional que pretende se manter no mercado competitivo. Por isso, os profissionais buscam criar 31 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 formas de sobrevivência que os deixem resilientes às condições impostas pelo trabalho. (CIMBALISTA, 2007). Nesta perspectiva, Carmello (2008 apud BARRIM, 2011, p. 8) afirma que Os profissionais que tem atitudes resilientes apresentam-se com reflexão e comportamento protagonista diante dos desafios, enfrentam os problemas com intenção clara de resolvê-los, criam novas alternativas e têm disposição de melhoria diante de adversidades, buscam ajuda e apoio, necessários quando percebem que não conseguirão resolver sozinhos determinada situação e, são capazes de aliviar os sintomas de ansiedade e desespero, não se desviando do problema, mas criando disposição para conversar e comunicar sentimentos e idéias logo após os acontecimentos, evitando remorsos, mágoas e descontentamentos. A profissão de secretário executivo vem se adaptando ao novo ambiente organizacional, no qual o profissional não exerce somente atividades secretariais rotineiras, mas atua assessorando executivos desempenhando o papel de cogestor ou gestor. Dentro desse ambiente, o secretário assume diversas responsabilidades, sendo responsável pela dinâmica organizacional, pela comunicação entre departamentos, lidando com diversos perfis. Segundo Durante (2009), “o profissional de Secretariado Executivo tem uma maneira diferenciada de trabalho na qual são estabelecidas fases a serem obedecidas para que consiga atingir os objetivos organizacionais.” Para tanto, é necessário compreender o cenário profissional em que o secretário está inserido e, a partir de então, torna-se imprescindível aplicar as condições necessárias do desenvolvimento de processos que agreguem valor à organização, pois, a obtenção dos resultados organizacionaisestá relacionada com o modo com que o processo é administrado e com o contexto. O secretário executivo é um profissional que possui visão holística dentro das organizações, possuidor de competências técnicas e comportamentais essenciais para desempenhar o papel de facilitador das relações dentro das organizações. As mudanças no perfil do profissional de Secretariado Executivo ocorreram de acordo com as exigências das organizações. Dessa maneira, o mercado atual exige além das habilidades adquiridas durante a formação, competências como iniciativa, flexibilidade, liderança, capacidade de comunicar-se com todos os níveis da empresa, entre outras. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo destacam o perfil do profissional ao concluir a graduação: 32 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 O bacharel em Secretariado Executivo deve apresentar sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, ser apto para o domínio em outros ramos do saber, desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir e administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, bem como capaz para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. (BRASIL, 2005, p.2). De acordo com Durante (2009, p. 97), o profissional de Secretariado deve possuir a capacidade de compreender a dinâmica organizacional, de gerir informações, de compreender a automação dos escritórios, novas tecnologias, criando e evoluindo com as mudanças culturais econômicas, sociais e profissionais, gerenciando conflitos, promovendo e apoiando o crescimento da equipe e trabalhando com discrição e competência. Devido à complexidade e importância de suas funções, que vão desde a atuação no nível operacional até a atuação no nível estratégico, o profissional de Secretariado deve se apresentar com um perfil resiliente, já que este proporciona ao indivíduo a capacidade de superar, de forma criativa, as adversidades. Metodologia A coleta dos dados se deu por meio de pesquisa bibliográfica, que consiste na busca de informações através de materiais elaborados a partir de autores renomados na área de conhecimento do tema do trabalho. Concordando assim, com o entendimento de Marconi eLakatos (1990, p. 24) “A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhados já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema”. Foi feita a revisão bibliográfica a partir de livros, artigos, entrevistas que possibilitaram um maior conhecimento do tema estudado. Em cada categoria utilizamos a abordagem dos autores estudados, tanto para evidenciar quanto para complementar, as ideias propostas neste estudo. Utilizamos a abordagem de Chiavenato (2004), Limongi-França (2006), Luz (1995) e Robbins (2009) na categoria O ambiente organizacional e as atitudes comportamentais, que trata sobre o cenário no qual as organizações atuam e demonstra 33 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 como as mudanças que ocorrem nesse cenário afetam o comportamento dos colaboradores. Recorremos à abordagem de Sabbag (2012), Piovan (2010), Yunes (2003) e Pinheiro e Sachuk (2010) na categoria - A Resiliência: conceitos, fatores e princípios para evidenciar as características do perfil resiliente e como este perfil pode ser desenvolvido no indivíduo, evidenciando também os benefícios do perfil resiliente. Nas categorias – A resiliência e os profissionais de secretariado– contamos com as idéias de Cimbalista (2007), Fagundes (2004), Martins, Genghini, Todorov (2011) e Durante (2009) para demonstrar a relação da atuação do profissional de Secretariado com as características do perfil resiliente, e como este pode contribuir para o bom desempenho do profissional de Secretariado. Para este estudo a análise se deu por meio da leitura e exposição das ideias dos autores citados em relação ao tema. A confrontação dos conceitos possibilitou uma analise dos estudos já realizados e a conclusão positiva desta pesquisa. Resultados Ao entendermos o cenário no qual as organizações estão inseridas, percebemos que os acontecimentos deste cenário interferem no cotidiano das organizações, afetando o comportamento dos colaboradores. De acordo com o comportamento dos profissionais, a atmosfera de trabalho favorecerá, ou não, o desempenho das atividades. Ao apresentarem o perfil resiliente, os profissionais serão capazes de superar as situações, que antes os afetavam de maneira negativa, de maneira que contribuam para a sua experiência e desenvolvimento. Entendendo o sentido de resiliência, da atuação do profissional em Secretariado Executivo nas organizações e, das adversidades provocadas durante as atividades do cotidiano nesse ambiente de trabalho é que pode-se relacionar a importância da resiliência no comportamento do perfil desse profissional que através dos tempos se tornou peça essencial no contexto das empresas. Os profissionais de secretariado vêm desempenhando um importante papel na interação entre os departamentos. Atuam nas áreas de interseção de comando e têm de lidar com um universo de funções, processos, rotinas, estilos e costumes, às vezes estranhas às suas competências profissionais adquiridas em sua formação. Nesse sentido, tendo de atuar tanto com as questões do 34 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ambiente interno quanto com as do ambiente externo e ser resiliente para superar as dificuldades de readaptação, promovem rapidamente, e de modo transparente, o rito de aprendizagem e operacionalização demandado pelas situações e solicitações. (MARTINS, GENGHINI, TODOROV 2011, p. 13) Para o entendimento de Piovan (2010) a pessoa resiliente apresenta uma objetividade e uma determinação como características marcantes em sua conduta. Assim, o indivíduo resiliente não coloca em primeiro lugar o problema, mas se envolve na busca de uma solução. Isto não quer dizer que a adversidade não o deixe agitado ou que ele não sofra com a situação, porém, consegue dominar facilmente seus sentimentos mobilizando toda energia para resolvê-lo. O autor sugere que para afrontar situações difíceis é necessário primeiro transferi-las do estado emocional para o estado racional, de forma a lidar de maneira fácil com tais adversidades. De acordo com a compreensão de Sabbag (2012) a combinação entre os fatores torna-se mais relevante para a compreensão do perfil resiliente do que a especificidade de cada um. Devido as frequentes mudanças nas organizações, o secretário executivo é um profissional que apresenta elevado grau de flexibilidade e adaptabilidade, dessa maneira o desenvolvimento da resiliência permite a estes profissionais lidar com as adversidades e pressões sem perder sua identidade ou personalidade. Desse modo, entende-se a resiliência como um processo de aprendizado contínuo, portanto precisa ser praticada e desenvolvida pelos secretários executivos, na mesma proporção em que eles necessitam estar sempre atualizando seus conhecimentos, para um bom desempenho das suas funções. O perfil resiliente contribui de maneira positiva para o crescimento profissional e pessoal, visto que o modo como os indivíduos lidam com as emoções pessoais interfere na maneira como enfrentam as adversidades no meio organizacional. Ao conhecermos os fatores que formam o perfil resiliente combinados aos princípios que indicam o nível de resiliência, notamos que os indivíduos que desenvolvem a conduta resiliente são capazes de, no ambiente de trabalho, superar as adversidades cotidianas, de forma que estas contribuam para sua experiência e desenvolvimento. Observando o papel do Secretário Executivo nas organizações, percebemos que muitas das suas atribuições podem ser melhor desenvolvidas quando este profissional apresenta o perfil resiliente. 35 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Nota-se, assim, que a particularidade da resiliência é de se antecipar às situações e em criar um alinhamento estratégico no campo organizacional de maneira coerente. Nesse sentido, a pessoa deve direcionar suas ações frequentes de maneira lógica alinhada com a missão, a visão, os valores e as estratégias utilizadas na organização. Conclusões Este estudo mostrou que os profissionais de Secretariado Executivo que desenvolvem um perfil resiliente tornam-se espontâneos, flexíveis, criativos, emocionalmente equilibrados, e capazes de resistir a situações complicadas e difíceis. Assim, irão responder melhor as mudanças detectando sinais de oportunidade de crescimento profissional e até mesmo pessoal. Esta satisfação passa a ser notada por todos em seu ambiente de trabalho, podendo incentivar uma mudança de comportamento organizacional. Tornou-se evidente que as exigências de comportamento e conduta resiliente demandam nos profissionais de Secretariado a busca em melhorarem sua qualificação para se adaptarem ao novo ritmo de trabalho, na polivalência, no aumento de responsabilidades, na absorção de atividades não exercidas até então, tendo, com isso, um maior controle e melhor supervisão de suas atividades. Sendo assim, é imprescindível haver um profissional devidamente adaptado a essas exigências e que seja capaz de enfrentar as várias situações do cotidiano; em outras palavras, devem atuar de maneira resiliente. Em consequência, o profissional de Secretariado Executivo irá se tornar peça chave numa empresa ao saber conduzir processos de mudanças nessas organizações, pois será capaz de se adequar às mais diversas condições pelas quais estiver passando, trabalhando com qualidade, de forma eficaz e obedecendo aos prazos estipulados previamente,assim conseguirá cumprir a missão da organização e irá ajudar a alcançar os objetivos. Notou-se que o termo resiliência é ainda pouco explorado na área do Secretariado Executivo e, que sua investigação é bastante interessante para estudos futuros já que seu desenvolvimento pode modificar todo um clima organizacional. Este estudo apresentou a definição de resiliência em vários âmbitos do conhecimento e, apontou as atitudes que indivíduos resilientes devem ter em relação às alterações 36 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 comportamentais, conflitos e pressões, demonstrou os fatores e os princípios mais utilizados para desenvolver uma conduta resiliente. Por fim, os autores mostraram quais os benefícios de se ter um perfil resiliente e, com isso obter o sucesso profissional, pessoal e da organizacional em que estiver inserido. Com isto, a pesquisa respondeu qual a influência da Resiliência na atuação dos profissionais e como o perfil resiliente pode contribuir para a atuação secretarial. Referências BARRIM, Milene; MASSARUTTI, Neusa Maria Orthmeyer. Resiliência: como competência fundamental para promover mudanças. Anais. XVIII CONSEC 2012. Disponível em: http://www.fenassec.com.br/xviii_consec_2012/artigo_selecionado_resiliencia.pdf. Acessado em: 06 Nov. 2013. 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Tal perfil é resultante de acontecimentos históricos próprios da área que não podem ser desconexos do contexto social e econômico nos quais estavam inseridos. É perceptível que, ao longo das últimas décadas, as atribuições dos profissionais de Secretariado não apenas mudaram, mas evoluíram, muitas vezes perpassando as atribuições oficiais previstas no Art. 4º da Lei de regulamentação nº 9.261/1996 (BRASIL, 1996). Da importância do seu papel hoje, emanam além de responsabilidades, comportamento condizente com a realidade organizacional e social, obviamente um comportamento ético e comportamento moral. O cerne da relevância da ética e da moral para o secretário executivo reside na possível predição do comportamento desse profissional e da influência sobre suas 10 Especialista em Assessoria Executiva e Gestão Pública e Privada, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará. 11 Mestra em Administração, pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 39 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 decisões cotidianas. Acrescendo ao exposto, considera-se que analisá-las em uma obra fictícia é relevante, pois permite o vislumbre de possíveis situações cotidianas reais. O filme analisado, produzido no ano de 2001, permanece atual, pois apresenta cenas que remetem a possíveis comportamentos no ambiente de trabalho. Revisão Teórica A Moral e a ética são temas debatidos desde os períodos pré-socráticos até os pensadores contemporâneos. A ética funciona como um norteador para os indivíduos na sociedade, enquanto a moral está relacionada ao íntimo, ao que está intrínseco ao homem. Vasquez (1985) esclarece tais abrangências ao delimitar o foco de cada na vida do indivíduo: A diferença dos problemas práticos morais, os éticos são caracterizados pela sua generalidade. Se na vida real um individuo concreto enfrenta uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente, o problema de como agir de maneira a que sua ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa [...]. A ética poderá dizer-lhe, em geral, o que é um comportamento pautado por normas, ou que consiste o fim – o bom – visado pelo comportamento moral, do qual faz parte o procedimento do individuo concreto ou o de todos (VASQUEZ,1985, p. 7). Kant (2007) assevera que: É necessário que todo o nosso modo de vida seja subordinado às máximas morais; mas, ao mesmo tempo, é impossível que isso ocorra se a razão não se conectar à lei moral que nada mais é que uma simples ideia, uma causa eficiente que determina, segundo a nossa conduta com relação a essa lei, um resultado que corresponda exatamente, seja nesta vida, seja em outra, às nossas finalidades mais elevadas. (KANT, 2007, p. 511) Conforme exposto, observa-se que a ética e amoral são distintas, uma vez que a primeira é caracterizada como um conjunto de conhecimentos gerais e a moral está relacionada ao comportamento individual, ou seja, às decisões que o indivíduo toma cotidianamente. A ética é normalizadora, de caráter generalista, e a moral é pontual. Neste sentido o indivíduo, quer na vida pessoal ou profissional, necessitará não somente da ética mas também de suas percepções individuais para tomadas de decisões, e obviamente os secretários não se eximem desta realidade. O perfil dos profissionais de Secretariado Executivo evoluiu e vem ganhando destaque ao longo dos anos. Santos e Caimi (2009, p. 25) observam essa nova perspectiva requerida dos profissionais ao longo dos anos: 40 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Com o passar do tempo, as modificações administrativas decorrentes da globalização conduziram a que a função do secretário fosse repensada. Hoje, as organizações demandam profissionais que desempenhem um papel fundamental de assessoria no contexto organizacional, tendo a responsabilidade de participar de gerenciamento de informações, documentos e pessoas, contribuir para a melhoria das relações interpessoais, manifestando dinamismo e flexibilidade, capacidade de empreendimento e automotivação. Com essa nova visão, os assessores passaram a ganhar um destaque maior nas organizações e desempenhar funções de staff no ambiente organizacional, atuando em várias vertentes e mostrando suas inúmeras habilidades, tais como: liderança, comprometimento com a organização, consultoria, empreendedorismo, gestão, solução de problemas entre outras. Além das habilidades citadas, merece destaque o comportamento ético e moral desses profissionais, pois a maneira como eles compreendem a ética e a moral e as aplicam no âmbito organizacional faz toda a diferença, visto que diariamente os assessores passam por situações nas quais eles devem ter uma postura plausível, pautada no comportamento ético e moral, baseado no código de ética do profissional de Secretariado. O código de ética do profissional de Secretariado foi publicado no Diário Oficial da União em 7 de julho de 1989, sendo composto por 8 capítulos e 20 artigos que discorrem sobre os seguintes assuntos: princípios fundamentais, direitos, deveres fundamentais, sigilo profissional, relações entre profissionais secretários, relações com a empresa, relações com entidades da categoria, sendo finalizado por meio de uma abordagem sobre obediência, aplicação e vigência do referido código (BRASIL, 1989). Santos e Caimi (2009, p. 28) discorrem sobre a importância e a relevância do código de ética: O código de ética foi criado para oferecer orientações, estabelecer diretrizes a serem seguidas e manter um nível digno de conduta profissional. O comportamento ético é um imperativo no exercício de qualquer profissão, tanto mais no secretariado executivo, cujos profissionais convivem com os altos escalões profissionais da organização, dispondo de informações privilegiadas, o que exige sigilo e confiabilidade. Uma vez que os assessores possuem os conceitos éticos e morais bem delineados, certamente poderão e saberão colocá-los em prática nas organizações em que atuam, quando for necessário. 41 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Metodologia No que se refere ao tipo de abordagem utilizada para a realização deste estudo, pode-se destacar que o mesmo apresenta caráter qualitativo e descritivo. Hussey e Collys (2006) afirmam que pesquisa descritiva é aquela que descreve o comportamento dos fenômenos. É usada ainda para identificar e obter informações sobre as características de um determinado problema ou questão. Para a realização deste estudo, foi utilizada, como estratégia de pesquisa, a observação indireta e análise dos dados se deu por meio de análise de conteúdo. A análise de conteúdo é uma forma de converter texto em outras variáveis para realizar a análise de dados (HUSSEY; COLLYS, 2006). Como objeto de estudo da análise de conteúdo foi realizada uma análise do filme Do que as mulheres gostam, produzido em 2001, dirigido por Nancy James, no qual foram analisados fragmentos da película que servirão como base para os apontamentos sobre o comportamento ético e moral dos assessores executivos. Apresentação e discussão dos resultados Sobre o filme O filme Do que as mulheres gostam foi lançado em 2001 e trata da história de Nick Marshall. Nick é um publicitário charmoso e sedutor, considerado especialista em desenvolver propagandas voltadas para o público masculino. A empresa onde Nick trabalhava estava em busca de conquistar o público feminino, uma vez que essa era uma tendência de mercado, além de ser um público em potencial e para isso resolveu contratar a publicitária Darcy McGuire. A contratação de Darcy foi um choque para Nick, uma vez que ele achava que seu desempenho profissional ia muito bem, contudo, Nick não conhecia a alma feminina. No primeiro dia de trabalho, Darcy entrega à sua equipe de trabalho um kit com diversos itens de uso feminino para que eles possam desenvolver uma estratégia que atraísse o público feminino. Ao chegar a seu apartamento, Nick utiliza alguns dos itens do kit, no entanto, ele sofre um acidente no qual o faz ter um dom: ouvir os pensamentos das mulheres. Inicialmente, Nick tem um choque, porém, com o passar do tempo, ele usa 42 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 esse dom como uma forma de estratégia competitiva, visto que, ao poder ouvir os pensamentos das mulheres, seria muito mais fácil saber como conquistar esse público. Durante o filme, observam-se cenas onde se podem fazer observações acerca do comportamento ético e moral dos profissionais de assessoria executiva. Sobre o comportamento ético e moral das assessoras no filme Uma das assessoras de Nick, Annie, interpretada pela atriz Sarah Paulson, utiliza o telefone da empresa para efetuar ligações internacionais para seu namorado que mora em Israel. Tal atitude é utilizada como forma de retaliação, por esta acreditar ser subaproveitada dentro do âmbito organizacional. Em outra cena, também é explicitado o desapontamento dessa mesma assessora em fazer trabalhos simples, apesar de ser formada. Segundo Vasquez (1985, p. 28) tal comportamento pode ser explicado através do problema da essência do ato moral, que reporta a outro problema importantíssimo: o da responsabilidade. Vasquez(1985) faz uma abordagem nesse aspecto através do qual ressalta que o sujeito que assim se comporta é responsável pelos seus atos. Além disso, observa-se o descumprimento aos princípios elencados no Código de Ética dos profissionais de Secretariado Executivo, onde enfatizam-se as competências desses profissionais, assim como a postura que deve ser adotada no âmbito organizacional. A conduta moral da assessora Annie é um reflexo de seu descontentamento devido ao seu mau aproveitamento dentro da organização, não tratando-se, necessariamente, de um desvio de caráter. Vasquez (1985, p.186) “aponta que um ato moral por si só, isolado e esporádico, não basta para considerar um individuo como virtuoso, da mesma maneira que sua reação e isolada e esporádica não é suficiente para atribuir-lhe um determinado traço de caráter.” Em outras cenas, observam-se situações em que ocorre a falta de comportamento moral por parte das assessoras, onde se enfatiza um trecho de conversa entre Nick e o diretor da agência, Dan Wanamaker, em que a assessora deste, Jéssica, leva uma gravata e, nesse momento, tem um flerte rápido com Nick. Tal conduta por parte da assessora Jéssica configura uma infração aos preceitos descritos no código de ética do profissional de Secretariado, considerando principalmente o que diz o Art 3º “Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, tratandoa como um dos bens mais nobres, contribuindo através do exemplo de seus atos, para 43 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais” (BRASIL, 1989). É lícito destacar também que ao flertar com um superior a assessora infere também o preceito previsto no Art 5º de respeitar a profissão (BRASIL, 1989). A naturalidade da assessora em flertar com Nick demonstra uma atitude normal para ela, uma vez que em sua concepção não existe nenhum problema em ter esse tipo de comportamento. Tal naturalidade nesse tipo de comportamento pode ser explicada pelo desconhecimento do código de ética dos profissionais de secretariado executivo. Além das cenas que ocorrem ao longo do filme que já foram citadas, acontecem outras situações que podem exemplificar a falta de comportamento ético das assessoras, como a cena em que Nick achava que iria ser promovido, e, ao retornar para sua sala, depara-se com suas duas assistentes já prontas para recepcioná-lo e comemorar com bebida alcoólica no ambiente de trabalho, a sua promoção, que não ocorreu. O Código de Ética dos profissionais de Secretariado Executivo esclarece as relações que estes profissionais devem ter com as empresas, assim como a postura que deve ser adotada na organização. Na cena citada, a postura das assessoras reflete uma conduta discrepante com os conceitos abordados no código de ética, uma vez que a atitude das assessoras demonstra o interesse em serem transferidas juntamente com Nick no caso de sua possível promoção de cargo, postura que pode ser questionada se analisada à luz do código, já que segundo o Art 11 “É vedado aos profissionais: a) utilizar-se da proximidade com o superior imediato para obter favores pessoais [...]” (BRASIL, 1989). Nesse sentido o Art 9º também prevê que “É vedado aos profissionais: a) usar de amizades, posição e influências obtidas no exercício de sua função para conseguir qualquer tipo de favoritismo pessoal ou facilidades [...]”. Nesta situação específica, é preciso considerar a postura das assessoras à luz do pensamento de Vasquez (1985): “Se na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente”, já que se trata de uma mudança de estrutura física e não algo que trate das assessoras individualmente. Observa-se que os profissionais de assessoria executiva necessitam, além do conhecimento do Código de Ética - que veio a agregar muitos elementos para nortear os 44 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 profissionais no exercício de sua profissão -, de concepções claras e bem definidas dos conceitos éticos e principalmente conceitos morais. Os profissionais de assessoria não podem confundir situações erradas que podem vir a acontecer no âmbito empresarial como se fosse uma situação natural. Vasquez (1985, p.7) discorre que será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela uma norma de ação para cada situação concreta. A partir do exposto, percebe-se a necessidade e a importância dos conhecimentos morais e éticos, além do código de ética, para uma boa performance na profissão dos assessores executivos. Acredita-se que indiretamente, todos os comportamentos considerados antiéticos apresentados no filme violam o previsto no Art 9º que estabelece como dever do assessornão prejudicar deliberadamente a reputação de outro profissional da área; o dever de cumprir e fazer cumprir o código de ética, conforme Art 17; e o Art 3º da obrigação de zelar pelo prestígio da profissão (BRASIL, 1989). Conclusões O filme estudado apresenta algumas situações em que percebem-se elementos discrepantes aos ideais para os profissionais de Assessoria Executiva no tocante ao comportamento ético e moral. Tal configuração destes profissionais ocorre, para além do âmbito fictício, também na vida real, uma vez que muitos profissionais não possuem conhecimento do código de ética que rege a profissão, tornando esse detalhe um fator preocupante na dimensão do âmbito empresarial. Observa-se, na análise do filme, que as assessoras executivas além de terem o desconhecimento do código de ética, consideram ações antiéticas como normais, uma vez que essas ações estão inseridas em seus cotidianos e de certo modo, são aprovadas pelo seu gestor, nesse caso, Nick, que deveria zelar pela integridade, ética e moral de seus subordinados e do local de trabalho como um todo. No âmbito geral, o cenário apresentado na película não é surpresa na realidade organizacional, visto que algumas percepções vistas no decorrer da história podem facilmente ser encontradas nas empresas. É de extrema importância que os profissionais de assessoria tenham os conceitos morais e éticos bem delineados, para que assim, estes profissionais possam desempenhar suas funções da maneira mais eficaz possível, sem incorrer em desvios éticos ou morais. 45 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Ressalta-se que os gestores possuem a função primordial de zelo e manutenção do comportamento ético e moral, pois seu modelo de gestão será reflexo para todos os seus subordinados e para a organização de uma forma geral. Infere-se, por fim, que o vislumbre de cenas fictícias acerca da conduta de profissionais assessores pode favorecer a reflexão dos profissionais e estudantes acerca de seu próprio comportamento. Referências BRASIL. Código de Ética do Profissional de Secretariado Executivo. Diário Oficial da União,07 de Julho de 1989. _______. Lei nº 9.261, de 10 de janeiro de 1996 - .Altera a redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985. Brasília, DF: Senado. Disponível em:<http://www.sisergs.com.br/leis>. Acesso em 26 dez. de 2012. HUSSEY, Roger ; JILL Collis. Pesquisa em Administração – Um guia prático para alunos de graduação e pós graduação. Porto Alegre. Bookman, 2006. _______. Crítica da Razão Prática. São Paulo. Editora WMF Martins Fontes, 2007. SANTOS, C. V. dos; CAIMI, F. E. Secretário executivo: formação, atribuições e desafiosprofissionais. IN: DURANTE, D. G.; FÁVERO, A. A. Gestão secretarial: formação e atuaçãoprofissional. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2009. SENNETT, Richard. A Corrosão do caráter. Rio de Janeiro. Editora Record, 2008. SPINOZA, de Benedictus. Pensamentos Metafísicos. São Paulo. Abril Cultural, 1983. VÁSQUEZ, Sanches Adolfo. Ética – 8ª ed. Rio de Janeiro. 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Problema de pesquisa O problema da pesquisa deste estudo envolve: Qual o cenário do ensino de Gestão Secretarial nos cursos de graduação na área de Secretariado Executivo no Brasil? Justificativas do estudo Esta pesquisa se justifica a partir de uma inquietação particular da própria vivencia diária das identidades desenvolvidas, fazendo com que surgissem indagações a cerca do tema proposto, além do conceito de Gestão Secretarial ainda encontrar-se em descoberta. Com isso, no presente artigo ressaltou-se a importância do ensino da disciplina Gestão Secretarial para que venha contribuir para as razões práticas encontradas, não somente da forma empírica, mas trazendo para o conhecimento 12 Especialista em Assessoria Executiva e Gestão Pública e Privada, pela Universidade Federal do Ceará. Tecnóloga em Secretariado, pela Faculdade Ateneu. 13 Mestra em Administração, pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 47 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 intelectual das pesquisas realizadas, traçando caminhos para contribuir no seu conceito e consolidação cada vez mais da categoria. Revisão Teórica A Gestão Secretarial surge como uma compreensão no que diz respeito às conquistas no campo da gestão do Secretariado, que exprime todo o desenvolvimento na sua posição, no conhecimento as técnicas secretarias perpassando nas atividades que exigem uma visão de negociação, liderança, comunicação, fazendo que o Secretário Executivo assuma uma posição de tomada de decisões importantes para organização. Para Fávero e Durante (2009, p.15), O entendimento de gestão secretarial que perpassa os capítulos é de que a visão clássica de gestão, em torno do planejamento, organização, direção e controle, preconizada pela administração científica, por ser dominante nas organizações, está presente no cotidiano profissional do secretário executivo, caracterizando – o como gestor. A sua postura de compreender o trabalho de assessoria executiva, envolve o conhecimento de sua atuação como gestor dentro das organizações, fazendo com que isso direcione as suas atividades para cunho gerencial. Esse conhecimento vem sendo almejado nos cursos de graduação no Brasil através da disciplina Gestão Secretarial (NONATO JUNIOR, 2009). Nesta perspectiva o ensino do Secretariado embora não tenha ainda definido seu objeto de estudo, sua constante busca do conhecimento cientifico recebe contribuições e inspirações de outras áreas do conhecimento como já fora citado anteriormente. De acordo com Nonato Junior (2009, p.38), na “interdisciplinaridade, veremos que o conhecimento das Ciências da Assessoria recebe inspirações e heranças teóricas de diversas outras áreas do conhecimento”. Para Nascimento (2012, p.104) “a interdisciplinaridade, por sua vez, consiste na tentativa de interação entre duas ou mais disciplinas”. Com isso pode-se afirmar que o Secretariado é essencialmente interdisciplinar. Na mesma direção, pode- se verificar a busca pela qualidade nos cursos e nas instituições do ensino superior, pois o reconhecimento da universidade como formadora de opinião, desenvolve o conhecimento a sociedade dando resposta as suas necessidades sociais ofertando cursos superiores apropriados inerentes às mudanças nas 48 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 organizações no contexto de trabalho. Com isso, algumas profissões tomam outras características e nele podem-se inserir os profissionais de Secretariado Executivo, pois se transformou em uma categoria crescente com avanço maior ainda a partir das leis que regulamentam a profissão, das entidades de classe, como a Federação Nacional de Secretários (FENASSEC), a criação dos sindicatos e também com o estabelecimento das diretrizes curriculares que orientam os cursos de formação desse profissional (BÍSCOLI, 2012). Metodologia O presente estudo tem uma abordagem qualitativa, que na visão de Godoi e Balsini (2010) é muito mais complexa do que apenas não usar números. Para os autores, a pesquisa qualitativa abrange várias formas de investigação e ajuda o pesquisador compreender e explicar fenômenos sociais por meio da compreensão do comportamento de seus agentes e dos motivos que justificam suas ações (GODOI; BALSINI, 2010). Os dados qualitativos são na realidade representação dos atos e das intenções dos atores sociais. Como estratégia de pesquisa foi adotada a análise de conteúdo. A coleta dos dados se deu por meio de observação indireta. Segundo Becker (1997) existem diversas modalidades de procedimentos de observação, todas atreladas ao grau de participação do observador. Uma das possibilidades é o observador não participar em absoluto (BECKER, 1997) caracterizando a coleta de dados como observação indireta não participante. Neste estudo adotou-se a observação não participante seguindo os passos propostos por Rose (2002): escolher o referencial teórico, selecionar o objeto empírico, constituir regras para transcrição do conjunto de informações do objeto empírico, desenvolver um referencial baseado na análise teórica e na leitura preliminar e por fim, aplicar o referencial ao objeto empírico (ROSE, 2002). Para traçar um panorama do ensino de Gestão Secretarial realizou-se uma pesquisa de campo tomando por base os conteúdos de disciplinas de Gestão Secretarialministradas em cursos no nível de graduação. A seguir são apresentados os dados da pesquisa de campo. Os dados foram coletados via internet nos sites dos cursos bem como recebidos por e-mail enviados pelos coordenadores dos referidos cursos no período de 01 a 10 de junho de 2013, tendo como critério de seleção da amostra, a acessibilidade. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC) existiam à época no Brasil 117 cursos de Secretariado em funcionamento. Dentre esses, foi identificada uma 49 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 amostra de 10 cursos que ofertavam a disciplina de gestão secretarialNa amostra selecionada, quatro instituições disponibilizavam suas respectivas integralizações curriculares e os programas da disciplina de Gestão Secretarial no próprio site. Os demais cursos foram contatados via e-mail e foram recebidos três retornos positivos, portanto, os dados coletados confirmam uma amostra de 07 instituições.Assim, procedeu à análise dos dados. Apresentação e discussão dos resultados Percebe-se que há uma comprensão bastante significativa no que diz respeito a Gestão Secretarial, que são delimitadas a partir das teorias administrativas com base na gestão em seu processo nos diversos níveis de planejamento, direção, liderança, avaliação, controle, enfocando as competencias e habilidades no desempenho do campo secretarial do profissional .Os conteúdos programáticos como (gestão, liderança, comunicação, negociação, trabalho em equipe, qualidade de vida no trabalho, empreendedorismo,ética) estam alinhados com a dimensão das mudanças do perfil e da atuação do Secretário Executivo dentro de um novo e dinâmico ambiente de empreendedor. Assim,afirma a literatura abordada de Fávero e Durante no seu referencial teórico sobre o entedimento de Gestão Secretarial, como também observa-se a interdisciplinariedade do conhecimento do Secretário Executivo. Hoje desenvolve não somente atividades técnicas,mas esta apto a exercer um papel que exige uma postura gerencial, caracterizando-o como gestor.O Secretário Executivo precisa esta em constante aprendizado,pois contribui para uma qualidade, competitividade e produtividade nas organizações.Portanto, a Gestão Secretarial gera um conhecimento eficaz quanto a sua formação,sendo conduzido em um ambiente que evolui o profissional levando-o a saber gerir o seu cotidiano dentro do seu campo secretarial.Acredita-se que também dessa forma abre um conhecimento para descobertas sobre o seu conceito, pois no campo prático ja percebe-se esse contexto.É preciso que haja uma constante busca no campo teórico que levem auma melhor comprensão das identidades do Secretário Executivo. 50 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Conclusões O resultado da análise dos dados coletados através da integralização das disciplinas e os conteúdos programáticos dos cursos de graduação na área de Secretariado Executivo no Brasil revelaram que o panorama do cenário do ensino da Gestão Secretarial apresentado, vem interagindo fortemente de forma positiva e crescente com a formação acadêmica como também profissional do novo perfil do Secretário Executivo. Na integralização das disciplinas em uma visão holística ofertaram-se conhecimentos específicos no campo teórico, como Administração, Psicologia e Sociologia organizacional, gestão, Comunicação, Relações Interpessoais que antecedem a disciplina de Gestão Secretarial para ter como base antes de cursa-la, gerando após a compreensão da Gestão Secretarial tendo pré-requisito o conhecimento para disciplinas (Assessoria em gestão de pessoas, direito, comercio exterior, marketing, Consultoria Organizacional, Processo decisório, Gestão estratégica, Práticas Secretarial) correspondendo a toda essa transformação e mudanças na área. A preparação acadêmica nos conteúdos programáticos desenvolveu-se com um planejamento bastante significativo no diz respeito a compreender a Gestão Secretarial, sua abordagem através dos conteúdos em comuns dos cursos reflete a atuação do Secretário Executivo nas organizações, identificando como gestor, desenvolvendo e aprimorando competências necessárias ao gestor secretarial. É importante salientar que a amostra analisada não representa o todo no que diz respeito ao ensino da disciplina de Gestão Secretarial. Pode-se refletir que o processo de mudanças já esta acontecendo, mas vem tomando espaço aos poucos nesse contexto acadêmico. A literatura abordada nos ensina que existe um fator fundamental para Gestão Secretarial, que é o constante aprendizado, em busca de conhecimentos que revelem como base para seu conceito teórico, hoje sendo observado a partir do campo prático. Como também esta sendo um elemento importante para o crescente desempenho profissional do Secretário Executivo que poderá contribuir para a descoberta do objeto de estudo do secretariado. Para finalizar, é importante ressaltar que o presente artigo correspondeu a sua problemática e a sintonia existente do objetivo geral e seus respectivos objetivos específicos sendo atendidos. 51 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Referências BECKER, H. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1997. BÍSCOLI, Fabiana Regina Veloso. A evolução do secretariado executivo: caminhos prováveis a partir dos avanços da pesquisa científica e dos embates teóricos e conceituais na área. Pesquisa em secretariado: cenários, perspectivas e desafios. Passo Fundo, p. 37-74, 2012. FÁVERO, Altair Aberto;DURANTE, Daniela Giareta. A escrita e Reconstrução do conhecimento. In: DURANTE, Daniela Giareta; FÁVERO, Altair Aberto (org.).Gestão Secretarial: formação e atuação do profissional.Passo Fundo:Ed.UPF,2009. GODOI, Christiane Kleinubing; BALSINI, Cristina Pereira Vecchio. A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais brasileiros: uma análise bibliométrica. In: GODOI, Kleinubing Christiane; MELLO, Rodrigo Bandeira de; SILVA, Anielson Barbosa (organizadores). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas estratégias e métodos. [2.ed] – São Paulo: Saraiva, 2010. NASCIMENTO, Erivaldo Pereira. Pesquisa aplicada e interdisciplinaridade: da linguística ao secretariado. Pesquisa em secretariado: cenários, perspectivas e desafios. Passo Fundo, p. 98-118, 2012 NONATO JÚNIOR, Raimundo. Epistemologia e teoria do conhecimento em secretariado executivo. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2009. ROSE, Diana. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, M.W. GASKELL, George (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som – um manual prático. 4 ed. Petropólis: Vozes, 2002. 52 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 CONTRIBUIÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO NAS ORGANIZAÇÕES E AS FUNÇÕES GERENCIAIS Renata Cristina de Souza da Ponte 14 Amanda Stephanie Santos do Nascimento15 Alessandra Pereira da Silva Vieira 16 Daiane Sales Paula17 Flaviane de Sousa Tomaz18 Objetivo Identificar as funções gerenciais presentes na atuação dos profissionais de Secretariado Executivo inseridos no âmbito organizacional. Problema de pesquisa Investigar se o uso das funções gerenciais (Planejamento, Organização, Direção e Controle) pelo profissional de secretariado executivo contribui para o sucesso da empresa onde este trabalha. Justificativas do estudo Justifica-se este trabalho pelo fato que no decorrer dos anos contatou-se uma ampliação do nível de exigências do Secretário Executivo, lhe exigindo conhecimento das funções gerenciais de planejamento, organização, direção e controle para assim desempenhar melhor o papel de assessor e cogestor nas empresas. Revisão Teórica O ambiente corporativo expandiu sua visão em relação ao profissional de secretariado executivo ampliando o nível de exigências, lhe delegando cada vez mais atividades, como reflexo o mesmo tem conquistado um maior espaço nas empresas, exercendo além da assessoria, as funções gerenciais. Sabino e Rocha (2004, p. 94) 14 Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. 16 Acadêmica do curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 17 Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. 18 Acadêmica do curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 15 53 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 declaram que “o secretário de hoje [...] possui um domínio de habilidades de escritório, demonstra a habilidade para assumir responsabilidade sem supervisão direta, iniciativa de exercícios e julgamento e toma decisões dentro do âmbito de autoridade”. Para Fayol (1976 apud PEREIRA, 2008, p.18) “administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar”. Atualmente o profissional de Secretariado Executivo alcança o sucesso profissional quando consegue atuar de forma polivalente atuando em diversos setores da repartição, além de dominar todos os assuntos que envolvem a área de atuação da sua empresa. Para que isto aconteça é necessário que ele conheça as quatro funções gerenciais (planejamento, organização, direção e controle) e as coloque em prática nas suas atividades rotineiras no âmbito organizacional. Segundo Sobral (2008, p. 131), “o planejamento é a função da administração mais importante pelo fato de todas as outras funções administrativas se originarem dela”. Maximiano (2005) afirma que o planejamento pode ser classificado em três tipos dependendo da abrangência sobre a organização: planejamento estratégico, tático ou funcional e operacional. De acordo com Chiavenato (1999, p.268), organização significa constituir o organismo social e material da empresa. Sobral (2008) define as etapas da organização da seguinte forma: análise de objetivos, divisão do trabalho, definição das responsabilidades, definição dos níveis de autoridade e desenho da estrutura organizacional. Chiavenato (1999, p 271) diz que “dirigir significa interpretar os planos para os outros e dar as instruções sobre como executá-los em direção aos objetivos a atingir”. A direção pode classificar-se em três planos: direção ao nível global, ao nível departamental e ao nível operacional (CHIAVENATO, 1999). Maximiano (2005, p.359) expõe que o “controle é o processo de produzir e usar informações para tomar as decisões sobre a execução de atividade e sobre os objetivos”. O sucesso da empresa acontece quando as quatro funções administrativas conseguem alcançar seus objetivos juntas e, para isto tornar-se imprescindível a presença de um profissional de Secretariado Executivo para auxiliar nas diversas instâncias da organização. 54 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Metodologia Trata-se de uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo fundamentada na literatura e pesquisa de campo com o uso de um questionário aplicado aos profissionais graduados em Secretariado Executivo que atuam na área secretarial. Apresentação e discussão dos resultados Os resultados mais significativos mostraram que no âmbito do planejamento a maioria dos profissionais entrevistados frequentemente planejam as atividades relativas à área de atuação e participam do controle e avaliação do alcance dos objetivos da empresa. Chiavenato (2003, p.168) afirma que “Planejar é definir o os objetivos e escolher antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los.”. De acordo com os resultados os profissionais de secretariado executivo atuam em atividades ligadas ao planejamento. Em relação à função gerencial da organização boa parte dos entrevistados organiza a realização dos trabalhos a serem executados na sua área. Para Chiavenato (1999), a organização consiste em alocar os recursos empresarias colaboradores e instrumentos de trabalho de forma lógica e racional, a fim de obter eficácia nas atividades executadas. Avaliando os resultados obtidos verifica-se uma evolução do profissional nos procedimentos de organização das corporações. Sobre a direção 42% afirmaram supervisionar a atividade dos outros funcionários e acham que contribuem para a melhoria das condições de trabalho. Diante dos resultados obtidos, pode-se afirmar que o profissional de Secretariado Executivo contemporâneo influencia as pessoas em direção aos resultados desejados pela organização que atua o que está diretamente relacionado com a função de direção, pois como explanou Chiavenato (1999, p.270) essa função está diretamente ligada à maneira pela qual os objetivos organizacionais devem ser alcançados por meio das atividades dos colaboradores que fazem parte da empresa. Finalmente sobre o controle a metade dos que responderam o questionário asseguram que participam da avaliação de desempenho dos funcionários e fazem o controle de horários e assiduidade. Para Chiavenato (2003, p.176) “A finalidade do controle é assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se 55 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos”. Conclui-se que as organizações não exploram completamente o potencial do profissional de secretariado executivo na prática das funções gerenciais. Conclusões A pesquisa mostrou que a utilização das funções gerenciais pelo Secretário Executivo no âmbito organizacional contribui de forma significativa para o alcance dos objetivos organizacionais da empresa onde está inserido. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: Campos, 1999. ______. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. MAXIMIANO, Antônio César Amaro. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. PEREIRA, Everaldo AntonioRutana. O estudo das diferentes lógicas de planejamento e controle como uma contribuição para o gerenciamento estratégico de operações. 2008. Disponível em: <http://www.produtronica.pucpr.br/sip/conteudo/dissertacoes/pdf/EveraldoPereira.pdf> Acesso em: 30 de out. de 2011. SABINO, Rosemeri F.; ROCHA, Fabio G. Secretariado: do escriba ao webwriter. Rio de Janeiro. Brasport, 2004. SOBRAL, Felipe. Administração: Teoria e prática no contexto Brasileiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. 56 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 CONTRIBUIÇÕES DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM SECRETARIADO EXECUTIVO PARA O DESEMPENHO EM ATIVIDADES DE ASSESSORIA Natanna Marinho de Sousa19 Daniela Giareta Durante20 Objetivos O objetivo geral deste estudo é investigar a relação entre as aprendizagens adquiridas no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo (NEPES) e a capacitação para o exercício da assessoria intelectual.Como objetivos específicos estão: I) conhecer os integrantes do NEPES, bem como a participação destes no grupo; II) identificar qual a metodologia e as atividades existentes no NEPES e III) analisar de que forma as atividades desenvolvidas no programa, NEPES, relacionam-se com a assessoria intelectual. Problema de pesquisa Qual a contribuição do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo (NEPES) na formação dos discentes em relação à assessoria? Justificativas do estudo A escolha do tema surgiu da percepção das novas exigências no cenário de atuação do secretário executivo, com intuito de acompanhar o desenvolvimento da área secretarial que está cada vez mais relacionada à geração do conhecimento. Além disso,por ser uma temática inovadora e pouco explorada, por isso poderá contribuir com os estudos em Secretariado Executivo no campo das Ciências das Assessorias. A justificativa do estudo de caso ser direcionado ao NEPES se dá primeiramente por ser o espaço oportunizado pelo curso da UFC para os alunos complementarem sua formação. Também pela aluna autora já ter participado de algumas atividades do Programa e 19 Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Mestra em Desenvolvimento, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Especialista em Gestão Secretarial e em Pedagogia Empresarial, pela Universidade de Passo Fundo. Graduação em Secretariado Executivo pela Universidade de Passo Fundo. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 20 57 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 visualizar a contribuição para a formação em assessorística. Ainda, pela necessidade de conhecer melhor o grupo, seus estudos e ações desenvolvidas. Pretende-se com os resultados do estudo, promover o NEPES, no intuito de motivar a participação de demais estudantes e professores do curso de Secretariado Executivo da UFC. Revisão Teórica A área de Secretariado vem exigindo profissionais capacitados para que exerçam suas atividades, que atualmente são inúmeras, e que se subdividem em quatro subáreas: assessoria, gestão, consultoria e empreendedorismo. Todas exigem além do conhecimento técnico, pois requerem que o profissional de Secretariado congregueoutras competências, como por exemplo, competências cognitivas, analíticas, de ação, comportamentais, relacionais, etc (DURANTE, 2010). No tocante a subárea da assessoria, Nonato Júnior (2009), em sua obra Epistemologia e Teoria do Conhecimento em Secretariado Executivo: a Fundação das Ciências da Assessoria, propõe a fundação das Ciências da Assessoria, argumentando que a assessoria constitui o objeto de estudo e da prática do secretariado executivo. O autor subdivide a assessoria em quatro eixos: assessoria operacional, assessoria executiva, assessoria intelectual e assessoria aberta. Esse estudo enfoca a assessoria intelectual – Assessorística – que tem como foco “a produção de conhecimento em atividades secretariais que se dedicam ao fortalecimento intelectual e conceitual das Ciências da Assessoria, tais como: Educação, Teoria Científica e assessoria prestada a trabalhos intelectuais diversos”, tomada como parte dos estudos acadêmicos no Secretariado Executivo. Destaca-se que a assessoria intelectual também é abordada por Oliveira (2011) em sua obra Brevíssimo tratado conceitual da assessoria: para entender o secretariado. O interesse da comunidade acadêmica pelo assuntoestá aumentando uma vez o mercado está exigindo a especialização do secretário como um profissional intelectual. Assim, o profissional precisa desenvolver sua identidade pensante crítica e criativa e buscar na formação acadêmica o aporte para sua capacitação. A formação acadêmica compreende a associação do tripé: ensino, pesquisa e extensão. Fávero (2012) afirma que o conhecimento adquirido na educação superior fica empobrecido quando a instituição tenta separar o ensino da pesquisa ou da extensão. Corre-se o risco 58 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 de formar profissionais despreparados e sem o entendimento da responsabilidade social com sua profissão e com o conhecimento. Metodologia Este estudo classifica-se como exploratório e descritivo, cujo enfoque é qualitativo. Esta pesquisa também é considerada um estudo de caso, realizado no NEPES, UFC. Para a coleta de dados foi utilizado entrevista, questionário e observação. A entrevista foi direcionada à idealizadora do NEPES, que é professora do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará desde 2009, e atualmente coordenadora do programa.A entrevista foi realizada com a finalidade de obter informações a respeito do Programa, como foi o surgimento e implantação; motivo de sua criação, como também conhecer seus objetivos, integrantes, metodologia de trabalho e atividades. Para tanto, foi elaborado um roteiro com nove questões. O questionário foi aplicado aos alunos integrantes, que são bolsistas de extensão e graduação, e aos ex-participantes do NEPES, que são graduandos e graduados do curso de Secretariado Executivo da UFC totalizando nove respondentes. O instrumento foi dividido em três partes, totalizando doze questões, com a finalidade de conhecer o perfil dos respondentes, entender sobre a atuação e atividades destes no grupo, relacionando o NEPES com a assessoria intelectual. A observação do grupo NEPES ocorreu em dois momentos distintos, a primeira aconteceu em uma reunião geral do NEPES, comparecendo a maioria de seus integrantes para discussões de atividades desenvolvidas durante o ano 2013 e planejamento de algumas atividades para o final do ano e início de 2014. A segunda observação foi feita por ocasião do Secretariado em Debate, que é um dos projetos do programa. Estiveram presentes três alunos do curso, professores e bolsistas do NEPES. Todo o evento é registrado em vídeo e por fim documentado a participação dos presentes. Apresentação e discussão dos resultados A visão da docente a respeito da relação das atividades desenvolvidas no grupo, NEPES, com a assessoria intelectual, proposta por Nonato Júnior (2009), é que este capacita o aluno para tal atribuição, pois o grupo preocupa-se principalmente 59 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 trabalhar o intelecto. Para isso, os bolsistas são envolvidos em pesquisas, produções científicas, realizações de eventos, treinamentos e palestras. Outro proveito ao participar do grupo de estudos, são os cursos e treinamentos específicos oferecidos a eles, com capacidade de acentuar o aspecto intelectual do aluno e despertá-los para o conhecimento científico. Acredita-se que o NEPES é um bom preparatório e um caminho a se percorrer enquanto acadêmico, para ampliar as capacidades de cunho intelectual. Os ganhos e aprendizagens são perceptíveis tanto na área acadêmica, quanto para crescimento profissional, pois enquanto discentes aprofundam-se em um novo universo, o da pesquisa, e ainda realizam atividades típicas de gestão e assessoria. Na visão dos discentes, que integram e dos que já participaram do NEPES, a relação entre as atividades por eles desenvolvidas e a Assessorística é coerente, visto que as atividades do grupo exigem do aluno habilidades intelectuais, criatividade, visão crítica, estudo e pesquisa aprofundada no conhecimento secretarial. Dentro do grupo, os alunos se desenvolveram e adquiriram aprendizagens de naturezas humana e profissional. Encontrou-se a afirmativa de que o NEPES capacita seus discentes para o desempenho em atividades de cunho intelectual, pois ambos preocupam-se em abordagens que desenvolvam o conhecimento científico. Em resposta à problemática dessa pesquisa, afirma-se que o NEPES contribui oferecendo uma abordagem abrangente para a formação acadêmica, onde se fomentam a pesquisa e estudos científicos, produções e publicações de trabalhos científicos, realizações de eventos acadêmicos, desenvolve treinamentos, enfim, no grupo são realizadas, paralelo ao ensino, atividades de pesquisa e extensão. Dessa forma, os discentes integrantes recebem capacitação para desenvolvimento de estudos e a prática em Assessorística. Conclusões As atividades do grupo estão de acordo com a proposta de uma formação acadêmica geral, conforme abordada nesse estudo, envolvendo a tríade: ensino, pesquisa e extensão. Apesar de novo, ainda, as atividades encontradas no NEPES contribuem para o enriquecimento curricular do graduando, fomentando a pesquisa científica e os estudos na área secretarial. Além de agregar valores a respeito do conhecimento gerado pela pesquisa, no grupo são realizadas ações de extensão colaborando para a assimilação do conteúdo com a execução das atividades gerando o 60 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 conhecimento prático. Dessa forma, os discentes integrantes recebem capacitação para desenvolvimento de estudos e a prática em Assessorística. Conclui-se que o NEPES é uma grande conquista para o curso de Secretariado Executivo da UFC, onde o objetivo é contribuir para a formação do conhecimento científico de seus integrantes. Faz-se necessário que os projetos e ações do grupo sejam amplamente divulgados entre os demais estudantes do curso, de forma a incentivá-los a buscarem na pesquisa e na produção científica uma forma de agregar valor na formação. Referências DURANTE, Daniela Giareta. Tópicos especiais em técnicas de secretariado. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2010. FÁVERO, Altair Alberto. “Decifra-me ou te devoro”: pesquisa na sociedade do conhecimento. In: DURANTE, Daniela Giareta (Org.). A pesquisa em secretariado: cenários, perspectivas e desafios. Passo Fundo: UPF Editora, 2012. Cap. 2, p. 13-36. NONATO JÚNIOR, Raimundo. Epistemologia e teoria do conhecimento em secretariado executivo: a fundação das ciências da assessoria. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2009. OLIVEIRA, Saulo Alberto de. Brevíssimo tratado conceitual da assessoria: para entender o secretariado. Guarapuava: Gráfica Ideal, 2011. 61 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 EDUCAÇÃO EM SECRETARIADO: UM ESTUDO SOBRE A MOTIVAÇÃO DO PROFISSIONAL SECRETÁRIO PARA A ATUAÇÃO DOCENTE Emanuelle Andrezza Vidal dos Santos21 Conceição de Maria Pinheiro Barros22 Objetivo Conhecer os motivos que levaram os profissionais de Secretariado Executivo a atuarem na docência universitária. Problema de pesquisa Quais os motivos que levaram profissionais de Secretariado Executivo a se tornarem docentes na Educação Superior? Justificativas do estudo A preocupação com a formação de professores que atuam na EducaçãoSuperior é um tema que tem gerado várias discussões, principalmente após as mudanças que passaram a existir com a crescente queda da visão tradicional que se tinha do processo educacional. A docência no ensino da Educação Superior tem se tornado alvo de diversas pesquisas, dentro deste novo cenário educacional que é vivenciado por educadores, alunos e Instituições de Ensino Superior (IES). O tema escolhido para a realização desta pesquisa está inserido nesse campo que se encontra em um crescente processo investigativo.Diante do exposto, é relevante o desenvolvimento dessa pesquisa haja vista as diversas variáveis que ainda podem ser exploradas dentro deste tema, que tende a gerar reflexões que serão favoráveis para o crescimento e fortalecimento da docência no ensino superior. 21 Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Secretária Executiva da Universidade Federal do Cariri. 22 Doutoranda em Educação, pela Universidade Estadual do Ceará. Mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Asistente da Universidade Federal do Ceará. 62 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Revisão Teórica O docente e sua formação se tornaram alvo de vários estudos no âmbito acadêmico (ALMEIDA; PIMENTA, 2011, ANASTASIOU, 2011, VEIGA, 2012). Observa-se que é necessário para a formação de um docente do nível superior, que ele possua habilidades pedagógicas, conhecimentos específicos e motivação (GIL, 2011), fatores que são essenciais no desenvolvimento da prática de ensino pelos docentes. Dentre as áreas de atuação do secretário executivo, a docência emerge como uma possibilidade que tem se destacado. Durante o exercício da profissão o secretário desenvolve algumas habilidades que auxiliam no exercício da docência. Conforme afirmamFaria e Reis (2008, p. 169) “verifica-se que o secretário executivo está relacionado à questão educacional durante todo o período em que está exercendo sua profissão, pois, muitas vezes, mesmo sem perceber, está educando.” A inserção de profissionais secretários na docência universitária remete às reflexões acerca dos motivos que os levam a decidirem-se pela profissão de professor, visto que a sua formação inicial objetiva o preparo de bacharéis para atuarem no mundo organizacional. A decisão pela docência em Secretariado envolve diversos desafios. No entendimento de Faria e Reis (2008, p.169): Formar-se professor requer o conhecimento de algumas técnicas, e o curso Secretariado Executivo, apesar deem sua maioria, graduar profissionais para trabalhar em empresas, possui disciplinas que desenvolvem aptidões bastante demandadas na profissão docente[...] Embora o secretário executivo possua algumas aptidões para a docência, devido às peculiaridades do exercício de sua profissão, é preciso que o secretário docente, busque para compor o seu processo de formação, o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas. A busca pela formação docente surge como um dos principais desafios para a carreira acadêmica desse profissional. É nessa perspectiva que esta investigação busca contribuir para as discussões atuais acerca da educação em Secretariado. Metodologia Esta pesquisa é qualitativa e descritiva, pois segundo Godoi, Balsini(2010, p. 91) “nesse cenário não se buscam regularidades, mas a compreensão dos agentes, 63 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 daquilo que os levou singularmente a agir como agiram”. Essa empreitada só é possível se os sujeitos forem ouvidos a partir da sua lógica e exposição de razões. Para a coleta das informações utilizou-se a entrevista narrativa que, conforme a William Labov (1972 apud GODOI; MATTOS 2010, p. 407) é “um método de recuperar a experiência passada pela combinação de uma\ sequencia verbal de causas a uma sequencia de eventos, os quais (infere-se) realmente aconteceram”. Para Leite (2004, p. 45), a pesquisa descritiva é a “que se usa para descrever e explicar determinados fenômenos sócio-econômicos, político-administrativo, contábeis e psicosociológico [...]”. Assim, quando uma pesquisa busca descrever e explicar torna-se descritiva. Para a coleta das informações utilizou-se a entrevista narrativa que, conforme a William Labov (1972 apud GODOI; MATTOS 2010, p. 407) é “um método de recuperar a experiência passada pela combinação de uma sequencia verbal de causas a uma sequencia de eventos, os quais (infere-se) realmente aconteceram”. O instrumento utilizado nesta pesquisa foi o roteiro de entrevista padronizada aberta, que segundo Patton (1999 apud GODOI; MATTOS, 2010, p.304) é “[...]caracterizada pelo emprego de uma lista de perguntas ordenadas e redigidas por igual para todos os entrevistados, porém de resposta aberta.” No Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, existem 03 (três) docentes, com graduação em Secretariado Executivo. Para a realização desta pesquisa foram selecionados, 02 (dois) docentes de 03 (três) do Curso. 01 (um) dos professores da UFC não foi entrevistado por estar orientando esta investigação. Os critérios utilizados para a definição dos participantes foram: a) ser graduado em Secretariado Executivo; b) atuar na docência universitária; c) ser professor do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará.Com o intuito de manter em sigilo a identidade dos participantes, nesta pesquisa, os docentes identificados como Docente A e Docente B. Para a análise das entrevistas buscou-se interpretar o discurso da narrativa, partindo das perguntas que foram utilizadas como um direcionamento. Lakatos e Marconi (2010, p. 151) consideram que a análise é: “a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores”. Apresentação e discussão dos resultados Sobre os entrevistados Inicialmente, buscou-se identificar algumas características acerca do perfil das participantes. Observou-se que as participantes A e B são do sexo feminino e 64 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 possuem a faixa etária entre 34 e 38 anos. A Docente A atuou como secretária executiva durante dez (10) anos, e atua na docência do ensino superior há nove (9) anos. A Docente B atua na docência universitária há oito (8), e atuou como secretária executiva uma média desete (7) anos.Deve-se considerar um fator importante no processo de formação docente, que é a experiência, pois ela permite aos professores um aprendizado peculiar, sobre as práticas docentes, nota-se essa confirmação a partir do que é dito por Gil (2011, p. 15): “muitos professores, também conseguem, por meio da intuição e da experiência, obter altos níveis de capacitação pedagógica”. No discurso da docente A, afirmou-se que: “a experiência é a forma que mais ensina, hoje me sinto muito mais segura, por conta da maturidade, do feedback dos alunos e da maturidade.” Motivações para a atuação docente Buscou-se identificar de que maneira as profissionais investigadas tornaram-se professoras da Educação Superior. A Docente A informou que não teve nenhum motivo, conforme destaca-se na afirmação a seguir: “Foi por acaso, eu não tinha perspectiva de me tornar docente, eu não desejei, ser professora, eu sempre quis trabalhar na Universidade, pois eu achava bonito, mas as coisas foram acontecendo e eu fui fazendo o que aparecia, nunca havia passado pela minha cabeça a opção de me tornar professora, naquele momento a melhor oportunidade que apareceu foi esta. (DOCENTE A)” Percebe-se diante do que foi afirmado pela Docente A que a mesma não almejava tornar-se docente, mas foi se tornando docente, à medida que as oportunidades surgiam. Essa atitude está de acordo com as determinações da Lei das Diretrizes Básicas (LDB), para a formação de professores do ensino superior (BRASIL, 1996, p.23). Por outro lado, a Docente B declarou que a docência foi algo planejado; que desde que fazia a graduação em Secretariado Executivo, percebeu a carência que existia de professores universitários formados na área e isso lhe despertou para o desejo de se tornar uma docente. Diante das afirmações sobre os motivos que levaram as entrevistadas a se tornarem docentes, pode-se retomar a percepção de Veiga et al (2012), onde a formação é algo que parte de um investimento pessoal, e dessa forma o processo de formação para a docência é construído a partir das trajetórias de vida, assim posto a formação apresentará resultados que irão repercutir e em algumas vezes dar sentido as escolhas traçadas pelos docentes. 65 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Percebe-se que as motivações das docentes A e B ocorreram de formas distintas. A docente A não almejava tornar-se docente, mas foi vivenciando a docência e traçando a sua trajetória, e a docente B, desejava tornar-se docente e foi traçando sua trajetória profissional voltada diretamente, para isso. Sob esse aspecto Veiga et al (2012) considera que o processo formativo possuiu “uma repercussão na constituição própria de cada sujeito, na sua forma de ser e estar no mundo”. Cada uma das entrevistadas em determinado momento de suas vidas precisou fazer escolhas para dar continuidade ao seu processo de formação para a docência. Observa-se que é necessário para a formação de um docente do nível superior, que ele possua “habilidades pedagógicas, conhecimentos específicos e motivação” (GIL, 2011, p.15), fatores que são essenciais no desenvolvimento da prática de ensino, pelos docentes. As habilidades pedagógicas são desenvolvidas por meio da experiência prática e de cursos específicos que são realizados. A motivação demanda da vontade própria de se tornar professor. Conclusões O desenvolvimento desta investigação possibilitou o delineamento de algumas reflexões conclusivas acerca dos motivos que levam o profissional de Secretariado Executivo a seguir carreira acadêmica. A partir das narrativas das docentes investigadas percebeu-se que a motivação para a profissão docente por parte das secretárias que atuam comoprofessoras na Universidade Federal do Ceará ocorreu de maneiras distintas; de um lado, aconteceu por acaso e, de outro, de forma planejada. Dentre os principais motivos percebidos, destacam-se: o amor à profissão de Secretariado Executivo, a carência de professores específicos para a área. A opção de seguir na carreira docente devido a oportunidades que surgiram em determinados momentos da vida, a decisão de seguir no âmbito acadêmico. Esses aspectos que levaram os investigados à atuação docente denotam que a carreira acadêmica encontrase envolvida nas dimensões em duas dimensões: pessoal e profissional. Infere-se, portanto, que ao optar pela profissão de professor, o profissional precisa compreender que a motivação docente também é um aliado importante no desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem, e consequentemente, na qualidade do ensino por ele ministrado. Assim, independente doas razões que o levaram à escolha por essa carreira, existe um responsabilidade que lhe insere em contexto de muitos desafios. 66 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Referências ALMEIDA, Maria Isabel de; PIMENTA, Selma Garrido. Docência universitária: passos de um percurso formativo.In: PIMENTA, Selma Garrido; ALMEIDA, Maria Isabel de. (organizadores). Pedagogia Universitária: caminhos para a formação de professores. – São Paulo: Cortez, 2011. ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Processos formativos de docentes universitários, aspectos teóricos e práticos. In: PIMENTA, Selma Garrido; ALMEIDA, Maria Isabel de. (organizadores). 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A pesquisa qualitativa nos estudos organizacionais brasileiros: uma análise bibliométrica. In: GODOI, Kleinubing Christiane; MELLO, Rodrigo Bandeira de; SILVA, Anielson Barbosa (organizadores). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas estratégias e métodos. [2.ed] – São Paulo: Saraiva, 2010. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. –São Paulo: Atlas, 2010. LEITE, F. Tarciso. Metodologia científica: iniciação à pesquisa científica, métodos e técnicas de pesquisa e do trabalho científicos (monografias, dissertações, teses e livros). Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2004. VEIGA, Ilma Passos Alencastro; SILVA, Edileuza Fernandes da; XAVIER, Odiva Silva; FERNANDES, Rosana C. de A. Pós-graduação: espaço de formação pedagógica de docentes para a educação superior. In: ÁVILA, Cristina Maria d’; VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (orgs.). Didática e docência na educação superior: implicações para a formação de professores.Campinas, SP: Papirus, 2012. 67 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE DOCENTES DE SECRETARIADO EXECUTIVO Cinara Teixeira Monteiro23 Conceição de Maria Pinheiro Barros24 Objetivo Conhecer as principais metodologias de ensino utilizadas nas disciplinas específicas de Secretariado Executivo Problema de pesquisa Quais são as principais estratégias de ensino desenvolvidas pelos docentes de Secretariado Executivo? Justificativas do estudo A atuação do profissional secretário como professores na Educação Superior pode ser permeada por obstáculos que envolvema ausência de conhecimento sobre didática, falta de saberes pedagógicos, elaboração de plano de ensino, definição métodos avaliativos, dentre outros. Salienta-se, a relevância deste trabalho ao considerar-se que, a realização de uma pesquisa sobre as práticas de ensino dos docentes de Secretariado, pode apresentar subsídios que contribuam para a busca de soluções e formas de superação desses desafios. Os resultados obtidos emergem como conhecimentos capazes de colaborar para as discussões acerca da educação secretarial e apontar caminhos a serem trilhados no que diz respeito às estratégias de ensino e à superação das dificuldades do professorado da área. Revisão Teórica 23 Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Secretária Executiva da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará. 24 Doutoranda em Educação, pela Universidade Estadual do Ceará. Mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, pela Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Secretariado Executivo, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 68 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 A docência universitária tem sido preocupação de estudiosos da área educacional nas últimas décadas (PIMENTA; ALMEIDA, 2011, D’ÁVILA,2012).Para Adelino (2012) a atividade docente é caracterizada pelo desafio permanente dos professores em estabelecer relações interpessoais com os alunos, de modo que o processo de ensino-aprendizagem seja articulado e que os métodos utilizados cumpram os objetivos propostos. Gil (2007) destaca diferentes formas de exposição: aula expositiva, em que o professor fala mais e as perguntas feitas pelos estudantes são consideradas como inconvenientes; aula-recitação, o professor faz intervalos na fala para interrogar os alunos sobre assuntos específicos; exposição-demonstração quecombina a exposição com a demonstração; exposição provocativa, o professor faz questionamentos que favorecem a reflexão; exposição-discussão, o professor motiva os estudantes a expressarem suas opiniões. As estratégias de ensino secretarial devem ter como objetivo a formação de profissionais aptos para o enfrentamento dos desafios e das mudanças sociais e organizacionais. As práticas de ensino, portanto, possuem um papel fundamental para que haja uma verdadeira transformação no processo de formação desses profissionais. Assim sendo, o professor necessita estar atento a essas questões ao desenvolver o seu plano de ensino, definindo os objetivos e as estratégias a serem desenvolvidas no espaço de ensino, de modo que sua ação colabore para o alcance dos desafios destacados.Discursar sobre ações de práticas pedagógicas em Secretariado Executivo “[...] requer uma postura de reflexão colaborativa sobre o que somos, como trabalhamos e para que atuamos”(THERRIEN, 2012, p. 109), a fim de situar o papel do secretário docente na realidade contemporânea diante dos desafios sociais e da própria área. Metodologia Este trabalho classifica-se como pesquisa qualitativa e descritiva. Godoy (1995) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e aponta um conjunto de características essenciais capazes de identificar esse tipo de pesquisa, a saber: o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento fundamental, seu caráter descritivo, o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador e seu enfoque indutivo.Segundo Rodrigues 69 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 (2006, p.90) a pesquisa descritiva procura “observar, registrar , analisar e interpretar os fenômenos por meio de técnicas padronizadas de coletas de dados”. A técnica escolhida para esta pesquisa foi a aplicação de questionário, que é um “conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo” (SEVERINO, 2007, P.125). Participaram da pesquisa, dezessete (17) docentes de vários estados do Brasil, das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste que atenderam aos critérios e responderam a pesquisa.Na análise e interpretação dos resultados buscou-se a compreensão e interpretação à luz da teoria estudada dos pontos expostos pelos entrevistados. Apresentação e discussão dos resultados Perfil dos docentes Inicialmente, buscou-se conhecer o perfil dos docentes participantes da investigação. A pesquisa foi respondida por docentes onde 94,11% foram mulheres e 5,88% foram homens. Todos graduados em Secretariado Executivo, 29,41% com especialização, 100% com mestrado e 11,76% com doutorado.As principais áreas de formação, em nível de especialização citadas foram: gestão de pessoas, engenharia de produção, informática em educação, assessoria executiva, pedagogia empresarial e gestão secretarial. Com relação ao mestrado, as áreas de conhecimento ressaltadas foram: administração, educação e linguística. Administração e letras foram as áreas citadas dentre os que fizeram doutorado. Estratégias de ensino Aos docentes foram apresentadas as estratégias de ensino superior fundamentadas nas propostas de Gil (2007, 2011), bem como a possibilidade de marcar mais de uma opção que faça parte do seu dia a dia em sala de aula. A tabela 1 sintetiza as principais estratégias utilizadas pelos docentes de Secretariado. 70 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Tabela 1: Síntese das metodologias de ensino utilizadas pelos docentes de Secretariado Estratégias Percentual Exposição- discussão 94,11% Estudo de caso 94,11% Atividades fora da sala de aula 94,11% Exposição provocativa 82,35% Discussões em classe 70,58% Aprendizagem baseada em problemas 64,70% Aula expositiva 47,05% Fonte: Dados da pesquisa Verificou-se que as três estratégias mais utilizadas pelos respondentes são exposição-discussão, estudo de caso e atividades fora de sala de aula. Todas essas estratégias contam com fatores comuns a exemplo da interação do aluno e a possibilidade de reflexão. Esses dados corroboram com Gil (2011) ao refletir que à medida que a ênfase é colocada na aprendizagem, o papel predominante do professor deixa de ser o de ensinar e passa a ser o de ajudar o aluno a aprender. Outra estratégia que teve um percentual significativo na escolha dos docentes como uma das mais utilizadas em sala foi a exposição provocativa que de acordo com Gil (2011)depois de uma preleção inicial do professor , é seguida da discussão de alguns pontos chaves pelos alunos. As discussões em classe servem de estratégia de ensino para 70,58% dos entrevistados. Gil(2011) acredita que o professor que usa esta estratégia costuma ser considerado mais democrático pelos alunos, porém a condução dessa estratégia requer boa liderança, já que uma discussão em classe mal conduzida pode gerar um sentimento de frustação nos professores e alunos. De acordo com Parra (2002) uma das formas de promover as discussões em classe é o trabalho em equipe e declara: “A interação social, a atuação em grupo, o compartilhamento de ideias e informações vêm a ser uma réplica e um apoio ao desenvolvimento operatório do sujeito.” A aprendizagem baseada em problemas teve 64,70% dos docentes que a utilizam como estratégia em sala de aula e é um método que utiliza fatos da vida real, estimulando o pensamento crítico e a solução de problemas baseados em conceitos estudados anteriormente (LEITINHO, CARNEIRO, 2011).A aula expositiva foi citada como a menos utilizada pelos docentes 71 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 denotando que estes estão cada vez mais distantes da visão tradicionalista de ensino que tem o professor como sujeito principal do processo de ensino-aprendizagem. Percebe-se, certa consonância dos respondentes com a posição de Freire (2002) ao criticar a postura de professores que conferem maior ênfase ao ensino que faz do educador o sujeito e conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. É evidente a preocupação dos docentes de Secretariado Executivo no que se refere à utilização das estratégias de ensino em sala de aula como forma de otimizaro aprendizado dos alunos e fica claro que a sua ênfase está no processo de aprendizagem e nas necessidades dos discentes. Conclusões O desenvolvimento desta investigação proporcionou o delineamento de algumas discussões acerca das práticas pedagógicas do secretário docente. Identificou-se as principais metodologias de ensino utilizadas nas disciplinas específicas de Secretariado Executivo. As metodologias de exposição-discussão, estudo de caso e atividades fora da sala de aula foram apontadas pelos professores participantes, como as mais utilizadas pelos docentes. Estas estratégias provocam a reflexão por parte do aluno, assim como permitem o acesso à realidade da profissão de forma prática. A exposição provocativa e as discussões em classe, de acordo com o resultado, são estratégias utilizadas com certa frequência pelos docentes. A aprendizagem baseada em problemas e as aulas expositivas são as metodologias menos utilizadas pelos docentes em detrimento das demais. Infere-se que os docentes buscam utilizar as metodologias que em sua percepção contribuem de forma efetiva para o processo de aprendizado. Referências ADELINO, Francisca Janete Silva. As estratégias pedagógicas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem: concepções dos alunos de Secretariado Executivo da UFPB.Revista de Gestão e Secretariado - GeSec, São Paulo, v. 3, n. 1, p 05-29, jan./jun. 2012. Disponívelem: http://revistagesec.org.br/ojs2.3.8/index.php/secretariado/article/view/81#.UrME4fRDvEg. Acesso em:29 nov. de 2013. 72 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 D’ÁVILA, Cristina Maria. Didática: a arte de formar professores no contexto universitário. In: D’ÁVILA, Cristina Maria; VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Didática e docência na educação superior:implicações para a formação de professores. São Paulo: Papirus, 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 32.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2007. ___. Didática do ensino superior. 1 ed. – 6. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2011 GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista Administração de Empresas. 1995, vol 35. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/392_pesquisa_qualitativa_godoy.p df>. Acesso em 12nov. de 2013. LEITINHO, MeireceliCalíope; CARNEIRO, Cláudia Cristo Bravo e Sá.Aprendizagem baseada em problemas (PBL) e a formação do médico docente .In: DIAS, Ana Maria Iório; BITTENCOURT, Eugênio Patelli Leal; SANTOS, Sônia de Fátima Rodrigues; FERNANDES, BenildaBotti (Org). Docência Universitária: saberes e práticas em construção. Belém: IFPA,2011. PIMENTA, Selma Garrido; ALMEIDA, Maria Isabel de. Pedagogia universitária: caminhos para a formação docente. São Paulo: Editora Cortez, 2011. PARRA, Nélio. Caminhos do ensino. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002. RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia científica. São Paulo: Avercamp, 2006. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2007. THERRIEN, Jacques. Docência profissional: a prática de uma racionalidade pedagógica em tempos de emancipação de sujeitos. In: ÀVILA, Cristina Maria d’; VEIGA, Ilma Passos Alencastro (organizadores). Didática e docência na educação superior. São Paulo: Papirus, 2012. 73 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA: ANÁLISE DOS COMPONENTES CURRICULARES DOS CURSOS DE SECRETARIADO EXECUTIVO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO NORDESTE Anna Christina Pires Ribeiro25 Cinthia Rayssa Souza Tiburcio26 Washington Carlos Ribeiro Pereira27 Objetivos A pesquisa tem como objetivo analisar a carga horária e conteúdos da disciplina de Língua Inglesa ofertada no Curso de Secretariado Executivo nas Universidades Federais do Nordeste. Também analisar a aquisição do idioma pelos alunos do Curso de Secretariado Executivo da UFC (satisfação, dificuldades, busca por curso externo). Com o presente estudo pretende-se estimular uma reflexão crítica sobre o ensino da Língua Inglesa nos cursos de Secretariado Executivo. Problemas de pesquisa O domínio de uma língua estrangeira é essencial para o desempenho profissional do secretário executivo, visto que a Lei Nº 7.377/85, que regulamenta a profissão ressalta entre suas atribuições:“redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro”; e “versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa”. (BRASIL, 1985). De acordo com Ohmae (2006, p. 154) “o inglês sempre foi um dos idiomas mais importantes do mundo. Hoje, é o idioma da economia global Ele é aprendido por aqueles que precisam comunicar-se além das suas fronteiras e nichos culturais”. O profissional inserido no mundo globalizado tem a necessidade de preparar-se para as exigências do mercado de trabalho. Partindo dessa vertente, o trabalho visa pesquisar e analisar a formação bilíngue dos estudantes de secretariado da Região Nordeste a fim de responder as seguintes questões norteadoras: Quais os idiomas ofertados nos Cursos de Secretariado Executivo? 25 Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 27 Acadêmico do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 26 74 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Quantos semestres são ofertados do idioma? Quais os conteúdos contemplados na disciplina de Língua Inglesa? Há uma distribuição satisfatória das disciplinas para a aquisição da Língua Inglesa pelo discente? Quais as semelhanças e diferenças nas ementas levantadas? Os alunos têm necessidade de recorrer a cursos externos? Justificativas do estudo O Secretário Executivo precisa estar preparado para atender as necessidades do mercado de trabalho e uma dessas necessidades é o domínio da Língua Inglesa, pois este irá atuar na elaboração, tradução e leitura de textos e documentos oficiais na organização, além de atender clientes internos e externos através da comunicação oral. Por isso, vemos a necessidade de analisar a qualidade do ensino desse idioma nas Universidades que ofertam o curso de Secretariado Executivo. Através da comparação dos componentes curriculares desses cursos pudemos identificar divergências na composição das disciplinas e consequentemente na formação dos estudantes. O tema escolhido partiu da dificuldade de aprendizagem do idioma por um grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará e a análise dos componentes curriculares dos cursos de Secretariado Executivo das Universidades Federais do Nordeste ressaltou as semelhanças e diferenças nas ementas das disciplinas de Língua Inglesa. Revisão Teórica A Profissão de Secretariado Executivo venceu muitos desafios, ‘quebrou’ paradigmas, está superando os preconceitos e desenvolveu-se bastante nas duas últimas décadas. Segundo Durante et.al(2011, p.173) esse desenvolvimento se atribui ao aprimoramento do perfil profissional e a crescente busca pela formação específica em nível superior. A atuação do secretário no meio empresarial vem ganhando destaque ao longo dos anos. Se no passado suas funções eram limitadas a algumas técnicas secretariais, hoje o profissional vem conquistando um novo perfil, atuando em várias áreas administrativas e com novas responsabilidades. Para Barros, Braga e Silva (2011 75 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 p. 93), um profissional “equipado de conhecimentos estratégicos, tomadas de decisões” que “tornou-se peça chave dentro da empresa”. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado determinam que os cursos deverão contemplar em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, entre outros, os seguintes conteúdos: [...] II – Conteúdos Específicos: estudos das técnicas secretariais, da gestão secretarial, da administração e planejamento estratégico nas organizações públicas e privadas, de organização e métodos, de psicologia empresarial, de ética geral e profissional, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e do aprofundamento da língua nacional; [...]. (BRASIL, 2005, p. 3). Observa-se que nas Diretrizes Curriculares Nacionais é sugerido ‘domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira’ (BRASIL, 2005) e que o secretário executivo, enquanto profissional multifuncional, assessor bilíngue ou trilíngue de uma organização, precisa demonstrar habilidade para o trabalho, inclusive em negociações internacionais. Segundo Ohmae (2006), a língua inglesa vem sendo difundida pelo mundo a ponto de ser adotada em escolas e encarada como real necessidade por nativos de quaisquer outras línguas. A globalização e a necessidade de uma língua eficiente de comunicação entre nações colocaram a língua inglesa como uma espécie de língua franca da atualidade. “De modo sistemático a formação nos cursos de bacharelado em secretariado executivo tem enfatizado como línguas estrangeiras o inglês e o espanhol, línguas consideradas de prestígio no sistema maior das línguas mundiais” (MELO, 2013, p. 8). Assim, compreende-se ser necessário que os componentes curriculares dos cursos de Bacharelado em Secretariado Executivo contemplem disciplinas de Língua Inglesa buscando desenvolver em seus alunos as habilidades comunicacionais básicas de leitura, escrita e oralidade, aplicando-as ao contexto do aluno. Metodologia O presente estudo é documental, que,de acordo com Gil (2002), é muito semelhante à pesquisa bibliográfica com a diferença da natureza das fontes, mais “diversificada e dispersa”. Para Marconi e Lakatos (2003), “a característica da pesquisa 76 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 documental é que a fonte de coleta de dados está restritaa documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. A pesquisa também é descritiva por que tem como objetivo principal a descrição das características de uma determinada população com o objetivo de resolver os problemas a partir dessa descrição(GIL, 2002, p. 42). A abordagem é qualitativa [...] trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Foi definido como objeto da pesquisa as cinco Instituições de Ensino Superior Públicas da Região Nordeste que ofertam o curso de Secretariado Executivo, a saber: a) Universidade Federal da Bahia; b) Universidade Federal da Paraíba; c) Universidade Federal de Pernambuco; d) Universidade Federal de Sergipe e e) Universidade Federal do Ceará. Por meio da análise das grades curriculares e das ementas das disciplinas, consultadas nos sites das IES, buscou-se responder as seguintes questões norteadoras: a) Quais os idiomas ofertados nos Cursos de Secretariado Executivo? b) Quantos semestres e carga horária são ofertados do idioma? c) Quais os conteúdos contemplados na disciplina de Língua Inglesa? d) Quais as semelhanças e diferenças nas ementas levantadas. Para analisar a aquisição do idioma pelos alunos do Curso de Secretariado Executivo da UFC (satisfação, dificuldades, busca por curso externo) foi utilizada a técnica de questionário com perguntas abertas efechadas. Para Marconi e Lakatos (2003, p. 203) "questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a presença do entrevistador". O questionário foi aplicado aos alunos regularmente matriculados no 8º semestre do curso (formandos), em novembro de 2013, obtendo-se respostas de 31 sujeitos do total de 32. No questionário foi estruturado em nove perguntas como segue: 1. Qual era o seu nível de Inglês ao ingressar no curso? 2. Qual era o seu nível de Inglês ao ingressar no curso? 3. Você precisou recorrer a cursos de Inglês fora da Universidade? 4. Você fez algum intercâmbio durante a sua graduação em Secretariado? 77 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 5. Qual o seu grau de satisfação com as disciplinas de Inglês ministradas no curso? 6. Você utiliza a Língua Inglesa na sua vida profissional? 7. Qual a sua principal dificuldade com a Língua Inglesa? 8. Hoje o curso oferta a Língua Inglesa. Você sugere a oferta de outro idioma? 9. Registre suas sugestões para a disciplina de Língua Inglesa no curso. É importante ressaltar que a maioria das perguntas continha cinco opções de respostas, em uma escala de Likert, na qual, segundo Gil (2008, p. 143-144) são disponibilizados cinco itens graduados, pelos quais os respondentes devem manifestar sua concordância ou discordância em relação ao enunciado. Com a aplicação do questionário avaliamos o desempenho dos alunos e suas principais dificuldades na aprendizagem, bem como o grau de satisfação com as disciplinas de inglês. Também coletamos sugestões para o curso, inclusive sobre outro idioma estrangeiro, estimulando uma reflexão crítica sobre a oferta do idioma. Apresentação e discussão dos resultados Por meio deste estudo, analisamos as semelhanças e diferenças entre as ementas estudadas. Procuramos avaliar, com base nas ementas das disciplinas, se o que é ministrado nas aulas é suficiente para atender as necessidades do uso da língua exigida do profissional de Secretariado Executivo. A primeira Instituição de Ensino Superior (IES) estudada foi a Universidade Federal da Bahia (UFBA). As disciplinas ofertadas como obrigatórias são em total de três e denominadas de: língua inglesa em nível básico, intermediário e avançado. Quanto à carga horária, ao todo são ministradas 306 horas/aula, sendo 102 horas por disciplina. Nota-se que há uma vaga noção sobre a finalidade da disciplina e dos conteúdos a serem estudados, isto devido à falta de clareza das ementas, pois, ambas expressam o mesmo objetivo: domínio da comunicação oral e escrita. No entanto, essa lacuna é preenchida pelas disciplinas opcionais ofertadas, ao todo são sete, com diversidade de conteúdos e aplicações, que vão do estudo de músicas a textos acadêmicos em língua inglesa, contemplando uma carga horáriade 476 horas/aula. 78 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) não oferta a língua inglesa como disciplina obrigatória. Observando seus componentes curriculares, percebemos que apenas uma disciplina possui ementadeixando claro seusobjetivos, a saber, a produção e a compreensão oral, além das estruturas gramaticais e utilização de diálogos básicos, intensificando os aspectos fonológicos da língua. Todas as cinco disciplinas opcionais desse curso têm carga horária de 60 horas/aula cada, totalizando 300 horas/aula. Além da língua inglesa o curso oferta também duas disciplinas opcionais de língua espanhola. A integralização curricular do curso de Secretariado da Universidade Federal de Sergipe (UFS) parece ser o mais completo e elaborado, visto que, apresenta uma continuidade nos assuntos abordados a cada semestre. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de três das quatro disciplinas ofertadas como obrigatórias (Inglês para fins específicos I, II, III e IV) serem lecionadas pela mesma docente que possui experiência na área de negócios, podendo, assimdirecionar os conteúdos às necessidades exigidas do profissional. O curso oferta quatro disciplinas obrigatórias e uma opcional. Cada disciplina cumpre uma carga horária de 60 horas/ aula, totalizando 300 horas/aula. A integralização curricular do curso de secretariado executivo da UFPB apresenta seis disciplinas obrigatórias de língua inglesa, sendo quatro com carga horária de 60 horas/aula e duas com 45 horas/aula. Não foi possível fazer análise das ementas por não terem sido disponibilizadas. O ensino desta língua se inicia no primeiro período no horário diurno e no segundo período, no horário noturno. Além da língua inglesa, o curso oferta sete disciplinas obrigatórias de espanhol e duas optativas de língua francesa. A Universidade Federal do Ceará (UFC) oferta seis disciplinas de língua inglesa como obrigatórias em sua integralização curricular. Cada disciplina cumpre uma carga horária de 64 horas/aula, totalizando 384 horas/aula. O ensino da língua é iniciado no segundo semestre e fica a cargo do departamento de Línguas Estrangeiras da UFC. Como foco da aprendizagem, está o desenvolvimento das quatro habilidades básicas: oral, escrita, leitura e entendimento auditivo. A leitura das ementas, assim como as da UFBA, não nos permite avaliar se há evolução progressiva de conteúdo de um semestre para o outro, pois ambas fazem referência as mesmas habilidades a serem desenvolvidas. Constatou-se também que não são oferecidas, por este curso, disciplinas opcionais para um melhor aperfeiçoamento da língua por parte dos alunos. 79 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Se compararmos em relação à carga horária total das disciplinas ofertadas pelos cursos dessas Instituições, a UFBA disponibiliza uma carga horária total de 782 horas/aula entre disciplinas obrigatórias e opcionais, já a UFC disponibiliza o segundo maior número de horas/aula para as disciplinas de língua inglesa, com um total de 384 horas/aula, em seguida a UFPB, que disponibiliza 330 horas/aula e por último a UFPE e a UFS com um total de 300 horas/aula para as disciplinas de língua inglesa, tanto obrigatórias quanto opcionais. No entanto, não podemos avaliar a qualidade da formação em língua inglesa dos graduandos desses cursos somente através da carga horária, pois a aquisição de uma segunda língua também depende de outros fatores além do tempo de estudo, como a metodologia de ensino dos professores, o direcionamento dos conteúdos, o número de disciplinas ao longo do curso e, além disso, a própria motivação do aluno. Além disso, o curso de Secretariado Executivo da UFBA é o que oferta o maior número de disciplinas voltadas à língua inglesa, 10 disciplinas entre obrigatórias e opcionais. Assim, ao analisarmos o perfil do profissional de Secretariado em relação ao idioma citado e as habilidades que este precisa desenvolver, constante nas Diretrizes Curriculares Nacionais, domínio de, no mínimo, uma língua estrangeira (BRASIL, 2005) e compararmos com os componentes curriculares dos cursos dessas instituições, percebemos que esta não prepara efetivamente o profissional para lidar com o idioma nas organizações, visto que as disciplinas de língua inglesa precisam desenvolver em seus alunos as habilidades comunicacionais básicas de leitura, escrita e oralidade, porém, aplicando-as ao contexto do aluno. Quanto aos dados levantados por meio do questionário aplicado aos formandos do curso da UFC, a análise revelou que a maioria dos sujeitos não utiliza a língua inglesa na vida profissional, que a grande maioria está insatisfeita com a oferta do idioma pelo curso e que todos recorreram a cursos do idioma fora da universidade, índices que estão intrinsecamente relacionados, já que por se mostrarem insatisfeitos com as disciplinas do curso, buscaram adquirir o domínio do idioma em outras instituições. No entanto, a pesquisa revelou que apesar de recorrerem a outros cursos, esses estudantes não evoluíram seu nível de conhecimentos da língua ao longo da graduação. Assim, é possível afirmar que o problema não está somente nas disciplinas ofertadas, mas também em questões pessoais dos discentes, motivações, dificuldades etc. A pesquisa revelou que as principais dificuldades dos graduandos são a oralidade e o entendimento auditivo. Por fim, ao levantarmos as sugestões dos graduandos sobre 80 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 oferta de outros idiomas, constatamos que a maioria sugeriu que o curso oferte o espanhol, apesar de oficialmente constar na integralização como disciplina opcional e, de acordo com os sujeitos, não ser disponibilizada. Conclusões A análise dos componentes curriculares das IES do nordeste possibilitou identificar que a maioria das ementas das disciplinas de língua inglesa desses cursos não informam claramente quais os objetivos e os conteúdos abordados em cada disciplina, bem como se há continuidade dos conteúdos abordados nessas disciplinas ao longo da graduação. A análise dos questionários aplicados com os formandos do curso da UFC possibilitou as seguintes evidências: a) a maioria dos estudantes nunca ou raramente utilizamo idioma na vida profissional; b) a grande maioria deles está insatisfeita com as disciplinas ofertadas pelo curso; c) todos recorreram a cursos de inglês fora da universidade; d) a maioria, apesar de recorrer a cursos externos e cursar as seis disciplinas ofertadas pelo referido curso, não evoluiu seu nível de conhecimentos da língua ao longo da graduação; e) as principais dificuldades desses estudantes com o idioma estão na oralidade e no entendimento auditivo; ef) entre os idiomas sugeridos por esses discentes para serem ofertados pelo curso, o espanhol foi o mais citado. Consideramos relevante que sejam realizadas novas pesquisaspara levantar os motivos de tanta insatisfação com as disciplinas ofertadas, bem como a não evolução no nível de conhecimentos da língua ao longo da graduação. Com isso, percebemos a necessidade de aperfeiçoamento do ensino da língua inglesa nos cursos de Secretariado Executivo, através da revisão de seus respectivos componentes curriculares e de adequação para uma formação mais focada no mercado de trabalho, visto quea oferta do idioma compromete mais de 15% de sua carga horária total sem, contudo, atingir seu objetivo. Além disso, percebemos a necessidade da oferta de outros idiomas estrangeiros visto que a fluência numa língua está condicionada a questões subjetivas como motivação e afinidade com a mesma. 81 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Referências BARROS, Conceição de Maria Pinheiros; BRAGA, Maísa Cruz; SILVA, Joelma Soares Silva.As competências gerenciais na atuação do secretário executivo no nível estratégico. Revista Expectativa, Paraná, v. 10. n. 10, dez. 2011. Disponível em: <http://bit.ly/J1Q0T2> Acesso em: 07 dez. 2013. BRASIL. Lei n.7.377, de 30 de setembro de 1985. 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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed, São Paulo: Atlas, 2003. MELO, Sheila de Souza Corrêa de. O secretário executivo e a tradução no ambiente corporativo. In: Seminário multiprofissional integrado de secretariado da região nordeste, 12. 2013, Bahia. Anais... Federação nacional das secretárias e secretários, 2013. Disponível em: <http://bit.ly/1iLL3NK> Acesso em: 06 out. 2013. OHMAE, Kenichi. Plataformas para o progresso. In:DESLANDES, Suely Ferreira; NETO, Otávio Cruz; GOMES, Romeu..O novo palco da economia global: desafios e oportunidades em um mundo sem fronteiras. 1.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. cap. 5, p. 154-158. Disponível em: <http://tinyurl.com/8ba2el3>. Acesso em: 23 out. 2013. 82 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ÉTICA NAS ASSESSORIAS: UM COMPARATIVO DAS NORMAS DE CONDUTA DAS ASSESSORIAS EXECUTIVA, JURÍDICA E DE COMUNICAÇÃO Edneide Serpa28 Lilian Ramos29 Mozart Rozendo Melo30 Joelma Soares da Silva31 Objetivos Objetivo geral: Identificar semelhanças das normas de conduta contida nos códigos de ética dos profissionais de Secretariado, do Direito e da Comunicação Social. Objetivos específicos: i) Comparar os deveres contidos nos códigos de ética dos profissionais de Secretariado, Direito e Jornalismo; ii) Comparar as medidas punitivas de má conduta contidas nos códigos de ética dos profissionais de Secretariado, Direito e Jornalismo. Problemas de pesquisa O comportamento ético é exigido de todo profissional. No âmbito dos profissionais que podem realizar atividade de assessoria, percebe-se que cada segmento possui seu código de conduta, mas com aspectos semelhantes. Neste ínterim, definiu-se como questão norteadora deste estudo: Quais as semelhanças entre os deveres e as medidas punitivas entre os códigos de ética dos profissionais de Secretariado, Direito e Jornalismo? Justificativas do estudo Neves (2009), em um estudo que busca compreender a sistemática e a necessidade da criação dos códigos de ética, aponta que não basta o ser humano 28 Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. Acadêmica do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 30 Acadêmico do Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. 31 Mestra em Administração, pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 29 83 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 conhecer o que é certo e errado para a tomada de decisões, é necessário haver limites legais e penalidades para regulamentar as relações humanas. Portanto, no intuito de estudar as especificidades presentes em distintos códigos de ética, a pesquisa tem a justificativa de confrontar as práticas profissionais com o que está vigente na legislação, relacionada aos códigos de ética avaliados nesta pesquisa. Revisão Teórica Fundamentos de ética e códigos de conduta Para que a ética seja praticada pela sociedade se faz necessária a criação de códigos de ética e conduta que servem de parâmetros para determinados comportamentos. Um código de ética profissional é um conjunto de normas que tem por objetivo muito mais, orientar o profissional seja ele um médico, advogado, psicólogo, ou secretário, em decisões difíceis do que orientá-lo em como fazer, know-how. Ele procura incutir certos princípios básicos na mente do profissional para que ele possa tomar uma decisão de acordo com princípios universalmente aceitos. Portanto a ética sempre implica numa reflexão, numa escolha. O que chamamos de código de ética, até certo ponto é um código moral. Pois um bom código de ética ensina princípios que levam um profissional a refletir sobre situações concretas (HELDANI, 2008, S/P.). Os códigos de ética ou de conduta regulamentam as atividades de algumas categorias e foram criados com o objetivo de estabelecer princípios e normas de conduta que devem ser seguidas pelos profissionais no exercício de sua profissão e que possam nortear as relações internas e externas de uma organização, bem como em meio às relações sociais. Em empresas e organizações os códigos de ética são tidos como um instrumento que busca a realização de seus princípios, visão e valores.Portanto, um código ético pode ser entendido como: Um conjunto de regras de conduta, nas quais são estabelecidos critérios de orientação que permitam decidir o que é eticamente mais correto, procurando assegurar comportamentos e atitudes éticas por parte dos membros de uma empresa, podendo ter também uma abrangência de um determinado setor ou do próprio profissional (NUNES, 2004, S/P.). Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo (TRINDADE, 2002). 84 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Os códigos de ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que devem ser pautadas pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores universais, tais como os constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; sócio-culturais, que refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão. De acordo com Bock (2005), um código de ética não pode ser visto somente como um conjunto fixo de normas e livre de mudanças diante do tempo. Comportamentos éticos dos profissionais Uma das principais exigências éticas é agir com profissionalismo e competência, a fim de prestar um serviço de qualidade para a sociedade. Com base nesse pensamento, Cenci (2009) afirma que o profissional das assessorias demanda duas excelências articuladas entre si: a técnica e a ética. O título de bom profissional dado a um indivíduo começa pela aptidão e competência no seu ofício e isso demanda também um status corporativo. Uma das principais exigências éticas de toda profissão é a competência no seu exercício e esta é condição para prestar um serviço de qualidade à sociedade – o que significa contribuir para sua melhoria – e ser reconhecido como profissional (CENCI, 2009). O comportamento ético, seja profissionalmente ou nas relações sociais externas a empresa, é um ato individual, tendo por trás de cada decisão ética um conjunto de comportamentos fundamentais. Muitos desses comportamentos foram moldados há muitos séculos e continuam válidos até hoje. Eis alguns dos principais, conforme Toi e Carmo (2008): a) ser honesto em qualquer situação; b) ter coragem para assumir as decisões; c) ser tolerante e flexível; d) ser íntegro; e) ser humilde; 85 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Metodologia De acordo com Lakatos (2009), a pesquisa documental está restrita a documentos constituindo as fontes primárias, sendo esta a fonte de coleta de dados. Os Códigos de Ética estão em arquivos públicos e é um tipo de documento oficial. Este estudo faz uma análise documental dos códigos de ética do profissional de Secretariado, da Advocacia e do Jornalismo, realizando uma descrição comparativa dos três documentos. Foi adotada uma linha de pesquisa qualitativa, a fim de avaliar as normas de conduta, os deveres e as medidas punitivas contidos nos códigos de ética. Apresentação e discussão dos resultados Ao analisar os códigos de ética comparativamente verificou-se que todos possuem semelhanças que envolvem os conceitos gerais de ética para um bom convívio social e exercício profissional do indivíduo, de acordo com os comportamentos elencados por Toi e Carmo (2008). No entanto, em cada código estão presentes características específicas da profissão. Quanto aos deveres, os três Códigos de Ética trazem diversas orientações, tendo seus profissionais adequados a uma conduta correta, sendo formadores de uma boa imagem da profissão que irão ocupar. No Secretariado Executivo fica bem claro o interesse de desenvolver e consolidar a profissão, quando f, Art 5º assevera a necessidade de se buscar informações de todos os assuntos pertinentes à profissão. (BRASIL, 1989). O Código de Ética do Jornalista (BRASIL, 2007) ao elencar os deveres do profissional, por tratar diretamente com informações que se tornam públicas, deve guiar a informação como meio de compromisso com a sociedade. Por isso, os deveres estão listados baseados nesse compromisso social. O Código de Ética do Advogado, além dos conceitos gerais de ética, também lista deveres relacionados à sua profissão, seus deveres mostram um grande interesse na legitimidade e na idoneidade do profissional, para evitar assim interesses próprios (BRASIL, 1995). Ao analisar as medidas punitivas apresentadas nos Códigos de Ética, em dois artigos, 17º e 18º, do Código de Ética do Profissional do Jornalismo (BRASIL, 2007) é possível encontrar, de forma explícita e de fácil entendimento, as medidas que serão aplicadas aos profissionais que cometerem infrações aos artigos presentes no Código de Ética desta categoria. Até mesmo os jornalistas não-filiados ao sindicato de Jornalismo serão punidos, caso desrespeitem os princípios éticos deste código. No Código de Ética 86 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 do Profissional da Advocacia (BRASIL, 1995) não foram encontrados de maneira tão clara e acessível quais são as medidas punitivas, mas em dois artigos (Artigos 58º e 59º) apontam quais tipos de comportamentos no âmbito jurídico caracteriza infrações ao código de ética destes profissionais, quais casos serão isentos de punição e que condições sob as quais irão se submeter os infratores primários que não forem punidos, conforme transcrição: Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a frequentar e conclua, comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade (BRASIL, 1995, 10). Assim como no Código de Ética do Profissional do Jornalismo, as medidas de advertência e punição são encontradas com muita facilidade e clareza no Código de Ética do Profissional do Secretariado (BRASIL,1989). Nos Artigos 19º e 20º pode-se encontrar de maneira bastante simplificada, respectivamente, quais serão as medidas punitivas (ou penalidades) aplicadas aos infratores e quais são as infrações ao Código de Ética Profissional da categoria secretarial que acarretarão em punições (BRASIL, 1989). Conclusões Conclui-se que os valores éticos orientam a realidade prática, gerando decisões que refletem a especificidade de determinada categoria profissional, de forma que os comportamentos e valores desejados fossem incorporados pelos profissionais. Observou-se que cada código de ética analisado apresenta uma estrutura semelhante, mas a organização dos conteúdos é singular, ou seja, apresentando características diretamente direcionadas as suas respectivas áreas profissionais. Desse modo, as regras estão dispostas em ordens diferentes ou algumas vezes dependem de critérios peculiares a cada profissão. A questão de pesquisa foi plenamente respondida por meio do atendimento dos objetivos estipulados. Formas identificadas que em relação às normas de conduta, os três Códigos de Ética analisados neste estudo, possuem descrições similares, onde os profissionais devem prezar pela responsabilidade dos seus atos, bem como o propósito de tornar a sua profissão bem vista pela sociedade, de acordo com os conceitos gerais de 87 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 ética. No que diz respeito às medidas punitivas, estes também as declaram de acordo com a realidade de cada profissão. Acredita-se que, conhecer as semelhanças entre os códigos analisados ajuda o profissional de Secretariado a valorizar e primar pela conduta excelente e ética valorizando o exercício da profissão. Além disso, permite que se vislumbre que a conduta ética é primada não só em sua área específica, pois trata-se de algo mais amplo. Referências BOCK, Ana M. B.; CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO. Apresentação, Pag.05. Brasília, 21 de julho de 2005. Disponível em <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo_etica.pdf> CENCI, Angelo Vitório. Ética das Profissões e Ética da Profissão Docente Universitária: algumas perspectivas para a gestão democrática na educação superior. Cadernos Anpae, n. 8, 2009. BRASIL. Código de Ética do Profissional de Secretariado, 1989. Disponível em: <http://www.fenassec.com.br/b_osecretariado_codigo_etica.html>. Acesso em: 22 jun. 2013. ______. Código de Ética do Jornalista, 2007. Disponível em http://www.jornalistasrs.org.br/attachments/article/71/codigodeEticadosJornalistasBrasileiros.pdf. Acesso em: 22 jun. 2013. Código de ética e disciplina da OAB, 1995. Disponível em http://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaoOab/codigodeetica.pdf. Acesso em: 22 jun. 2013. HELDANI, Roberto. Secretariado e Assessoria (Ética profissional). Telecurso TEC. Módulo III, Programa 12. Entrevista concedida a Ismael de Araujo. 2012. Disponível em <http://globotv.globo.com/fundacao-roberto-marinho/telecurso-tec/v/secretariadomodulo-3-etica-profissional-programa-12/1258751/> NUNES, Cristina Brandão – A Ética Empresarial e os Fundos Socialmente Responsáveis. Porto, Vida Econômica, 2004 Disponível em: <http://www.eticus.com/saibamais.php?sp=3: TOI Carmen; CARMO Eliane R.A importância do comportamento ético nas organizações. 2008. Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IISeminario/trabalhos/A%20import%C3 %A2ncia%20do%20comp.%20%C3%A9tico%20nas.......pdf> TRINDADE, Rosa Lúcia Prédes. Desvendando as determinações sócio históricas do instrumental técnico operativo do Serviço Social na articulação entre demandas sociais e projetos profissionais. 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Fazer um comparativo entre a hierarquia de valores para ambos se faz necessário na medida em que irão se relacionar de forma direta no ambiente de trabalho e farão uso de uma postura profissional que refletirá, em certa medida, seus valores pessoais. Revisão Teórica Referenciando o pensamento de Kant (1958), Hessen (1980) afirma que é possível uma pessoa possuir alto valor moral sem possuir conhecimento teórico acerca dos valores. Para isso, basta o indivíduo “confiar no seu instinto valioso [...] e nas 32 Acadêmico em Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará. Mestra em Administração, pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Gestão de IES, Bacharel em Secretariado, pela Universidade Federal do Ceará. Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará. 33 89 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 normas que possui gravadas no seu coração” (HESSEN, 1980, p.23). Percebe-se, portanto, que os valores estão intrinsecamente relacionados à individualidade e à sua visão acerca de mundo e tal condição é nata do ser humano. Os valores acham-se referidos ao sujeito humano, isto é, àquilo que há de mais comum em todos os homens: a sua individualidade. Referem-se àquela mais profunda camada do ser que se acha presente em todos os indivíduos e que constitui o fundamento objetivo de serem homens (HESSEN,1980, p.49). No âmbito da Psicologia os estudos dos valores são bem mais recentes do que nas teorias da Filosofia. Segundo Porto (2005), Rokeach (1973) foi o primeiro a sistematizar a medição de valores humanos, possibilitando aplicações em diversos contextos da ação humana. Schwartz (2006) defende que os valores funcionam como um padrão de juízo que justificam as ações do indivíduo e são desenvolvidos a partir das suas experiências sociais. Os valores são estruturas cognitivas das necessidades que guiam o comportamento e as atitudes das pessoas e podem estar relacionados a focos específicos da vida de cada um (PORTO; TAMAYO, 2005). O instrumento para avaliação dos valores desenvolvido por Schwartz (1992), denominado Schwartz Value Survey (SVS), apresenta estrutura do tipo fatorial e avalia os valores de acordo com os tipos motivacionais propostos em sua teoria. Existe, portanto, uma relação dinâmica entre os valores e os tipos motivacionais propostos (TAMAYO, 2007). Metodologia A presente pesquisa é de natureza quantitativa, pois “caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta como no tratamento dos dados” (BEUREN, 2009, p.92). A pesquisa de campo foi limitada aos discentes regularmente matriculados no curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará (UFC) até o ano de 2011 e aos discentes de Administração da UECE e UFC até 2012. Amostra de cada grupo foi calculada pela fórmula de Barbela (2004). Portanto, a amostra de Secretariado foi 128 respondentes e a amostra de Administração foi de 336 participantes. O tamanho da amostra mostra-se adequando para tratamento estatístico, pois, para Hairet al. (2005), o tamanho de amostra ideal deve ser superior a 100 observações. O instrumento de pesquisa foi composto pela escala Schwartz Value Survey (SVS) de Schwartz (1992), e por dados necessários ao levantamento das características sociodemográficas dos respondentes. Os dados foram analisadoscom a utilização do programa SPSS (StatisticalPackage for the Social Sciences), em sua 90 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 versão 19.0. Toda a análise, bem como os testes de adequabilidade do instrumento e viabilidade da Análise Fatorial(AF) foi feita com base nas orientações de Hair et al. (2005), Field (2009) e Corrar, Paulo e Dias Filho (2011). A análise dos dados está divida em estatística descritiva e estatística inferencial. Apresentação e discussão dos resultados Na AF da escala SVS na amostra dos discentes de Secretariado nenhuma sentença apresentou comunalidade abaixo de 0,5 e, portanto, não foi necessário excluir nenhuma das 61 variáveis.Foram extraídos seis fatores que em conjunto explicaram 85,384% da variância total. Após a rotação, foram excluídas nove variáveis que, embora participassem em alguns dos fatores, não apresentaram carga fatorial significativa. Sendo assim, a AF final do SVS contou com 52 variáveiscom carga fatorial > 0,5 distribuídas em seis fatores conforme explicitados na Tabela 1 adiante. Em consonância com interpretação da literatura pertinente, os fatores foram nomeados, de acordo com os agrupamentos das variáveis, da seguinte forma: 1- Relações sociais; 2- Status; 3- Capacidade pessoal; 4 - Consciência social; 5- Relações interpessoais; 6- Espiritualidade. 91 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Tabela1: Análise Fatorial do Schwartz ValueSurvey (SVS) na amostra de discentes de Secretariado Sentenças Trabalho (modo digno de ganhar a vida) Sentido da vida (um propósito na vida) Limpo (ser asseado, arrumado) Harmonia interior (em paz comigo mesmo) Honesto (ser sincero, autêntico) Um mundo em paz (livre de guerras e conflitos) Segurança familiar (proteção para minha família) Saudável (gozar de boa saúde física e mental) Auto-respeito (crença em meu próprio valor) Responsável (ser fidedigno, confiável) Um mundo de beleza (esplendor da natureza e das artes) Respeitoso para com os pais e idosos (reverenciar pessoas mais velhas) Ordem social (estabilidade da sociedade) Sabedoria (compreensão madura da vida) Riquezas (posses materiais, dinheiro) Autoridade (direito de liderar ou de mandar) Audacioso (procurar a aventura, o risco) Influente (exercer impacto sobre as pessoas e eventos) Ambicioso (trabalhar arduamente, ter aspirações) Uma vida variada (cheia de desejos, novidades e mudanças) Um mundo de beleza (esplendor da natureza e das artes) Vaidade (preocupação e cuidado com minha aparência) Poder social (controle sobre os outros, domínio) Senso de pertencer (sentimento de que os outros se importam comigo) Respeito pela tradição (preservação de costumes vigentes há longo tempo) Esperto (driblar obstáculos para conseguir o que quero) Reconhecimento social (respeito, aprovação pelos outros) Auto-determinado (escolher meus próprios objetivos) Capaz (ser competente, eficaz, eficiente) Igualdade (oportunidades iguais para todos) Ciente dos meus limites (submeter-me às circunstâncias da vida) Humilde (ser modesto, não me autopromover) Independente (ser auto-suficiente e auto-confiante) Leal (ser fiel aos amigos e grupos) Liberdade (liberdade de ação e pensamento) Privacidade (o direito de ter um espaço pessoal) Bem sucedido (atingir os meus objetivos) Protetor do ambiente (preservar a natureza) Segurança nacional (proteção da minha nação contra inimigos) União com a natureza (integração com a natureza) Uma vida excitante (experiências estimulantes) Justiça social (correção da injustiça, cuidado para com os mais fracos) Moderado (evitar sentimentos e ações extremadas) Obediente (cumprir meus deveres e obrigações) Curioso (ter interesse por tudo, espírito exploratório) Criatividade (unicidade, imaginação) Inteligente (ser lógico, racional) Retribuição de favores (quitação de débitos) Prestativo (trabalhar para o bem-estar de outros) Preservador da minha imagem pública (proteger minha reputação) Uma vida espiritual (ênfase em assuntos espirituais) Devoto (apegar-me fortemente à fé religiosa) 1 ,811 ,792 ,758 ,747 ,709 ,669 ,647 ,635 ,625 ,554 ,552 2 3 4 5 6 ,540 ,505 ,501 ,753 ,753 ,724 ,701 ,682 ,622 ,614 ,612 ,578 ,577 ,570 ,550 ,522 ,692 ,686 ,668 ,618 ,580 ,578 ,559 ,552 ,542 ,501 ,711 ,665 ,622 ,594 ,559 ,546 ,617 ,580 ,557 ,555 ,544 ,522 ,508 ,622 ,613 92 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Fonte: dados da pesquisa Os resultados demonstram como o construto Valores Pessoais se apresenta na amostra colhida. Após o tratamento, os dados originados refletem como os respondentes percebem como o que é valoroso para suas vidas. Destaque-se que houve agrupamento em mesmos fatores de variáveis que refletem valores de orientação pessoal à outras que representam valores de orientação coletiva. Paralelamente, existem fatores que abrangem, exclusivamente, valores de orientação individual, bem como fatores que somente contêm valores de orientação coletiva. Na AF da escala SVS com os discentes de Administração nenhuma sentença apresentou comunalidade abaixo de 0,5 e, portanto, não foi necessário excluir nenhuma das 61 variáveis. Foram extraídos 15 fatores que em conjunto explicaram 62,456% da variância total. Após a rotação, foram excluídas 23 variáveis que, embora participassem em alguns dos fatores, não apresentaram carga fatorial significativa. Sendo assim, a AF final do SVS contou com 38 variáveis distribuídas em 15 fatores conforme explicitados na Tabela 02. Os resultados da AF demonstram como o construto Valores Pessoais se apresenta na amostra de discentes de Administração. Após o tratamento, os dados originados refletem aspectos relacionados às personalidades dos abordados. Por conseguinte, os fatores foram nomeados, de acordo com os agrupamentos, da seguinte forma: 1- Auto imagem; 2- Expectativas; 3- Qualidades pessoais; 4- Aspirações pessoais; 5- Aspirações para o mundo; 6- Preocupação socioambiental; 7- Comedimento; 8 - Relacionamentos; 9- Espiritualidade; 10- Respeito; 11- Conformidade; 12- Trabalho; 13-Tradição; 14- Saúde; 93 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 15- Influência. Tabela2: Análise Fatorial do Schwartz ValueSurvey (SVS) na amostra de discentes de Administração Sentenças Inteligente Capaz Preservador da imagem pública Bem sucedido Responsável Uma vida excitante Liberdade Uma vida variada Prazer Auto-indugência Audacioso Curioso Ambicioso Riquezas Segurança nacional Reconhecimento social Protetor do ambiente União com a natureza Justiça social Auto-disiciplina Moderado Privacidade Amizade verdadeira Segurança familiar Leal Devoto Uma vida espiritual Sentido da vida Polidez Humildade Indulgente Respeitoso com pais e idosos Harmonia interior Igualdade Trabalho Repeito pela tradição Saudável Influente Fonte: dados da pesquisa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 ,532 ,523 ,684 ,634 ,630 ,619 ,560 ,688 ,631 ,554 ,754 ,538 ,516 ,721 ,663 ,660 ,704 ,579 ,566 ,663 ,579 ,502 ,805 ,673 ,647 ,632 ,640 ,588 ,563 ,618 ,581 ,539 ,714 ,603 Destaque-se o agrupamento, nos mesmos fatores,de variáveis que refletem valores de orientação pessoal e de variáveis que representam valores de orientação coletiva. Paralelamente, existem fatores que acondicionam exclusivamente valores de orientação individual, bem como fatores que contém somente valores de orientação coletiva. 15 ,708 ,554 ,533 ,638 94 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Conclusões O estudo dos valores pessoais é meritório, pois trata-se de um construto oriundo da filosofia e abordado por diversas ciências, dentre elas, a Psicologia, vertente adotada neste estudo. Os valores fazem parte da natureza do homem influenciando sua forma de se comportar. Os secretários executivos, assim como outras classes profissionais, se depararão com situações no cotidiano profissional que precisarão recorrer aos seus valores, ou seja, a sua forma de perceber o seu entorno, para tomar decisões. Os valores aqui analisados evidenciaram que os possíveis secretários executivos e administradores têm aspirações divergentes. O que se percebeu é que, além de um número maior de fatores, a distribuição divergiu também em sua composição. Verificou-se que a amostra de discentes de Secretariado possui uma tendência para valores de ordem coletiva já que os tipos motivacionais resultantes da análise evidenciaram a presença valores de ordem coletivas em todas as formações e o fator de maior relevância para este grupo foi “Relações Sociais”, composto, em sua maioria por valores de orientação coletiva, aglomera o maior número de valores. Neste, pode ser percebida uma manifestação de interesse pelo bem-estar social do próximo. A valorização de questões coletivas incita o estudante a refletir sobre suas prioridades e desenvolver tal consciência incute nele o dever de socialização que deverá perdurar em toda sua vida. Ter senso coletivo é algo que transcende às demandas organizacionais, mas que acompanhará o indivíduo em toda sua trajetória enquanto ator social. A manifestação de orientação individual na hierarquia não pode ser desconsiderada. Acredita-se que são naturais por constituírem formas de se perceber a vida e o mundo bem como uma forma de valorização individual. No que diz respeito à hierarquia de valores dos discentes de Administração, ficou evidente a prioridade por valores de ordem individual, explicitada pelos quatro primeiros fatores: auto-imagem; expectativas; qualidades pessoais e aspirações pessoais. Obviamente, a referida amostra também demonstrou interesse por questões de ordem coletiva, mas na hierarquia de valorização destacou-se abaixo dos fatores compostos por valores de ordem individual. 95 ENEPES – I Encontro de Estudos e Pesquisas em Secretariado Executivo-2014 Tal constatação é importante sob dois aspectos: primeiro, há de se considerar que secretários e administradores poderão ter uma atuação muito próxima no exercício profissional. Tal divergência de olhar sobre o mundo poderá ser um fator determinante em suas relações cotidianas de trabalho já que valorizam aspectos diferentes do mundo. Segundo, é possível afirmar que ações de extensão ou pesquisas científicas desenvolvidas no âmbito dos cursos analisados, bem como metodologias de ensino adotadas deverão considerar as tendências dos discentes neste aspecto e os gestores e docentes dos cursos poderão desenvolver ações com maior assertividade de envolvimento dos discentes. Por fim, acredita-se que estudar, conhecer e comparar os valores pessoais dos discentes de Secretariado é oportuno, pois, embora, o comportamento do profissional de Secretariado Executivo esteja sendo explorado em produções acadêmicas, não foram encontrados trabalhos nacionais queabordem a manifestação dos valores pessoais no referido público. Ademais, o estudo possibilitou assumir uma postura de interação e, assim, não só valer-se da teoria de Schwartz, mas contribuir com a validação do construto em uma classe ainda não abordada, haja vista não terem sido encontrados estudos nacionais que abordem este tema e objetivo. Referências BARBETTA, P. A. Estatística aplicada as Ciências Sociais. 2 ed. Florianópolis: UFSC, 2004. CORRAR, L. J. PAULO, Edilson. DIAS FILHO, J. M. (Org.) Análise Multivariada para cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia. São Paulo: Atlas, 2011. FIELD, Andy. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2 Ed. Porto Alegre: ArtMed, 2009. HESSEN, Johannes. Filosofia dos Valores. 5 Ed. Coimbra: Editor Sucessor, 1980. HAIR, JR J. F.; BABIN, B.; MONEY, A.H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. KANT, Imanuel. Crítica da razão pura. 3. ed. São Paulo: Publ. Brasil, 1958. PORTO, J. B.. Mensuração de valores no Brasil. In: TAMAYO, Álvaro; PORTO, J. 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