FÓRUM COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOUZA, Cláudia de Fátima de – PUCPR1 [email protected] MATOS, Elizete Lúcia Moreira – PUCPR2 [email protected] Área Temática: Aprendizagem Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Este artigo é um recorte de uma pesquisa qualitativa – estudo de caso, realizada com professores e tutores em um curso de capacitação, para a utilização do ambiente Virtual Eureka da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Com a educação passando por várias mudanças e as tecnologias como meio fundamental para essa nova maneira de “ensinar e aprender”, o profissional deverá estar em constante processo de aperfeiçoamento. Com novas Gerações de educação a distância e a lei de 9.394/96 que apóiam no desenvolvimento dos cursos de educação a distância seu aumento é significativo no país, fazendo com que seja necessária a formação e aperfeiçoamento de profissionais para atuar nesta área. Encontramos por meio de um curso de capacitação, a oportunidade deste professor, realizar o seu aperfeiçoamento, através da educação a distância. A interação surge como forma de aprendizagem colaborativa no fórum de apresentação do curso, em que os participantes contribuem com suas dificuldades e expectativas em relação a cursos de educação a distância. A pesquisa teve como objetivo analisar a interação e comunicação em um fórum de discussão on-line. Este Fórum teve como tema a apresentação dos participantes, que poderiam descrever um pouco sobre suas experiências na educação a distância ou colocar sobre suas ementas. Os resultados alcançados foram de grande importância, pois a interação e colaboração dos participantes teve uma quantidade considerável de boas idéias. Concluiu-se que a motivação dos participantes é um fator decisivo para que aconteça uma boa aprendizagem através de um fórum. E que a Interação entre alunos por meio de Fórum, pode auxiliar na aprendizagem colaborativa. Palavras-chave: Interação. Fórum On-line. Educação a distância. 1 Mestranda em Educação pela PUCPR; Pedagoga no setor de educação a distância pela PUCPR, Curitiba, PR – Brasil. 2 Doutora em Engenharia de produção pela UFSC; Professora Titular da PUCPR, Curitiba, PR – Brasil. 1378 Introdução A educação sempre esteve em processo de mudanças e acréscimos. Com a modalidade “a distância” não foi diferente. Embora muitos pensem que esse modo de educar seja recente, podemos verificar que suas primeiras experiências surgiram no século XIX. Seu desenvolvimento no tempo histórico divide-se em cinco gerações. Segundo Vianney, Torres e Silva (2003, p. 115) a 1ª Geração de Educação a Distância (EAD) no Brasil, começou em 1904, por correspondência; instituições privadas ofertavam iniciação profissional em áreas técnicas, sem exigência de escolarização anterior. Em seguida temos a 2ª Geração de EAD, com seu início através do Rádio e, após, pela televisão. Esse início através do Rádio deu-se em 1923, com transmissões educativas pela Rádio Sociedade Rio de Janeiro. O momento de maior relevância da educação a distância no Brasil, foi no inicio da década de 1960, cujo objetivo foi o de promover programas de alfabetização em massa. Nas décadas de 1970 e 1980 iniciava-se a oferta de cursos supletivos a distância, no modelo de teleducação. É a partir do século XX com a Era da Informação que teremos profundas mudanças no papel da educação a distância. O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); a redução de custos para alunos e Instituições; a formação de um novo papel de professor e um grande desafio de superar aspectos tecnológicos, de gestão, de investimentos. Em 1994 tem início a expansão da Internet no ambiente universitário surgindo, então, a 3ª geração de educação a distância. A utilização da Internet como ferramenta educacional faz com que surja a migração da educação de processos impressos, rádios e televisivos para o ambiente digital, criando assim, uma educação virtual ou “virtualização” da sala de aula. Estudiosos sobre o tema citam que hoje já temos a 4ª e 5ª Gerações de EAD, mas no Brasil, não temos experiências concretas, porém há algumas pesquisas na área. Estas gerações se caracterizam pelo uso de multimídia interativa e baseiam-se em atividades educativas online, pela Internet e por sistemas com respostas automáticas. A partir da Lei nº 9.394/96, a educação a distância se fortalece no Brasil, pois se caracteriza como uma “modalidade” de educação. Desde então, a cada dia, estamos observando um aumento significativo a respeito dessa modalidade de educação. Certamente ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de qualidade, pois ainda estamos em 1379 ensaios entre acertos e erros; porém, o avanço alcançado é considerável e significativo, principalmente para os estudiosos deste tema. Nesta mesma lei de 96 o Ministério da Educação e Cultura (MEC) torna-se responsável pelo credenciamento de Instituições para oferta de cursos superiores em EAD no Brasil. Surgem portarias estabelecendo que os certificados e diplomas de cursos a distância terão validade nacional e as avaliações terão que ser 60% presenciais. As Instituições poderão oferecer até 20% do tempo previsto para a integralização do currículo de cursos já reconhecidos na modalidade a distância. Com todas estas mudanças, o profissional que está atuando na educação deverá estar em constante processo de aperfeiçoamento, para educar na contemporaneidade, pois o mundo hoje exige um profissional mais preparado. O novo educador necessita estar atento à qualidade de seus conhecimentos, para estar em condições ideais de competitividade no mercado de trabalho. Segundo Giusta (2003, p. 18): Por seu turno, prevalecem as exigências de educação permanente do trabalhador, com ênfase na formação de competências múltiplas, na solução de problemas, no trabalho em equipe de modo cooperativo e pouco hierarquizado, na flexibilidade para adaptar-se a novas funções na capacidade de aprender a aprender para gerir e processar informações e atualizar conhecimentos e tecnologias. O novo professor conhece mais sobre o contexto de seus alunos e leva para a sala de aula este mundo novo, com suas tecnologias criativas e que já faz parte muitas vezes do cotidiano do aluno. O docente precisa ter uma visão holística e global, para fazer com que seus alunos aprendam o mundo na sua totalidade. Para Behrens (2005, p. ) o docente com uma visão holística propicia ações que levem à criação. Propicia que seus alunos superem a reprodução do conhecimento, instigando uma produção de conhecimento. Este profissional deve criar aulas em outros ambientes para atrair a atenção de seus alunos; para Moore (2007, p. 17): “com o advento da tecnologia da internet, isso pode ser feito de modo assíncrono, e os alunos podem participar de grupos ‘virtuais’ sem precisarem estar fisicamente 1380 presentes em um local de recepção, conforme ocorre na áudio, ou na videoteleconferência”. Os alunos podem aprender em um novo cenário, fora daquele que está acostumado a vivenciar e passar por novas experiências. Com o apoio da Internet na Terceira Geração de Educação a Distância, são criados os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), e através destes ambientes alguns cursos de educação a distância passam a ser totalmente Online, somente com algumas avaliações presenciais que ainda são obrigatórias por lei. Segundo Maia e Mattar (2007, p. 6) Além da separação física, costuma-se também associar a EAD à separação temporal entre alunos e professores. Existem algumas atividades síncronas em EAD, ou seja, em que os professores e alunos precisam estar conectados na mesma hora, como chats, videoconferências interativas e, mais recentemente, plataformas virtuais como o Second life. Mas, na maior parte dos casos, as atividades em EAD são assíncronas, ou seja, professores e alunos estão separados no tempo. Neste contexto Maia e Mattar (2007, p. 15) abordam a distância transacional criada como conceito por Michael Moore; sobre distância transacional, entende-se aquela em que não importa a distância física ou mesmo temporal, mas sim as relações pedagógicas e psicológicas que se estabelecem na EAD. Para eles quanto maior a interação entre os participantes de um processo de ensino e aprendizagem, menor a distância transacional. O que importa na educação a distância são as relações afetivas que se constroem ao longo do curso. Esta afetividade muitas vezes vem em forma de interação entre “aluno e professor” e “aluno e aluno”. Segundo Moore (2007, p. 239) “a primeira idéia básica de Interação a distância é que a distância é um fenômeno pedagógico, e não simplesmente uma questão geográfica”. Embora seja verdadeiro que todos os alunos de educação a distância estejam afastados de seus professores em termos de espaço e/ou tempo, podem se sentir mais próximos com a interação constante. Para a aprendizagem nestes ambientes virtuais são utilizadas ferramentas como Chat, Fórum, Arquivos e Correio Interno. Em alguns ambientes surge a opção de vídeo e Plano de 1381 trabalho, como é o caso do Ambiente em que esta pesquisa foi realizada, o Eureka3 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). No Eureka, através do Plano de trabalho o professor pode descrever todas as atividades que o aluno deverá desenvolver durante a disciplina. Este plano pode conter textos colocados na ferramenta de material de apoio. O professor pode colocar um arquivo seu em pdf, ou buscar um link, como por exemplo, um vídeo do you tube e colocar o endereço deste link em material de apoio. No momento em que o aluno for estudar, basta clicar no nome do arquivo e vai direto para a página do link selecionado pelo professor. Figura 1: Plano de trabalho Fonte: PUCPR, 2009 No plano de trabalho o professor pode colocar como atividade para a realização de um Chat, em que deseja discutir as dificuldades dos alunos em determinado tema, mas sem esquecer que, em determinadas atividades, principalmente o Chat, ele deve mediar. Para isso torna-se necessário um roteiro com questões que ele poderá abordar durante a atividade. Além do Chat, uma ferramenta muito utilizada é o fórum de discussão; ele pode estar como um fórum para tirar dúvidas. Isso é bastante interessante, quando os alunos passam a colocar suas dúvidas e outros alunos passam a ver que, muitas vezes, aquele colega tem essa mesma dúvida; assim ambos podem interagir e conversar sobre a questão levantada. Segundo Moore 3 Eureka é o Ambiente Virtual da PUCPR disponível em <http://eureka.pucpr.br/entrada/index.php> 1382 (2007, p. 17) “Em muitos programas, os educadores também desejam que os alunos interajam”. Além desta interação com o professor o fórum possibilita ao aluno a interação com os próprios colegas. Em nossa pesquisa, um fórum bem interessante foi o de apresentação que pode ser utilizado ao início do curso, como forma de apresentação e interação dos alunos. Estes colocam suas histórias em poucas palavras e, após, é pedido para que conversem através do próprio fórum sobre as experiências dos outros colegas, fazendo assim, surgir a aprendizagem colaborativa através da interação. Caminhos da pesquisa: Neste artigo estamos abordando parte de uma capacitação pesquisada como dissertação de Mestrado em Educação na PUCPR. Esta capacitação pesquisada teve dois encontros presenciais, um no início do curso com a realização de login e senhas e uma breve explanação sobre o Eureka, e outro ao final do curso para que os professores tivessem a oportunidade de esclarecer as últimas dúvidas. Além destes encontros presenciais, o curso passou por dois momentos: o primeiro em que os professores participaram como alunos, por meio de apresentação de atividades, fóruns colaborativos e Chat em grupo; o segundo em que eles realizavam atividades como professores, por meio de organização do Plano de trabalho, propondo atividades como Chat, fórum, atividades presenciais. O primeiro encontro presencial foi um tanto conturbado, pois alguns professores estavam ansiosos e um tanto inseguros. Porém, no decorrer da apresentação sobre o Eureka e realização de senhas e login eles começaram a se tranquilizar. Já na primeira semana tiveram uma atividade colaborativa por meio de Fórum, em que deveriam descrever suas disciplinas e, após, comentar sobre as disciplinas dos colegas. Este momento foi um grande avanço no curso, pois os professores-alunos que normalmente estão acostumados a encontros presenciais, tiveram seu primeiro contato com os colegas virtuais e passaram a interagir mais e compreender que, da mesma maneira que eles tinham certa resistência e dificuldade em estar realizando atividades virtuais, os seus colegas também passavam pelas mesmas angústias e descobertas. Segundo Moore (2007, p. 153) A interação Aluno-aluno “corresponde a terceira forma de interação, que é a dimensão relativamente nova para os professores da educação a distância. Trata-se da interação dos alunos, da interação de 1383 um aluno com outros alunos”. A interação de aluno para aluno em ambientes virtuais e se dá quando eles interagem sem se reunir face a face, somente pelo ambiente Online. A pesquisa O Fórum que estamos detalhando neste trabalho de pesquisa foi o de apresentação e tinha como indagação as seguintes questões: 1) Neste tópico do fórum explique, com poucas palavras: “As características de uma disciplina sua”. 2) Na atividade seguinte: “Contribuição em algum item do fórum exposto por seus colegas na atividade anterior, discutindo sobre as ações realizadas por eles”. Figura 2: Plano de trabalho com atividade de Fórum de discussão Fonte: PUCPR, 2009. Contribuição dos participantes Através das conversar dos participantes realizadas neste fórum, é possível compreender a interação e colaboração. Segundo Morgado (2001, p. 127), sobre o conceito de aprendizagem colaborativa. "Um tipo de aprendizagem que resulta do fato dos indivíduos trabalharem em conjunto, com objetivos e valores comuns, colocando as competências individuais ‘a serviço’ do grupo ou da comunidade de aprendizagem". 1384 Figura 3: Fórum de discussão Fonte: PUCPR, 2009. Interação sobre o aproveitamento dos alunos na EAD O que podemos observar no fórum a seguir, é a troca de experiências entre professores e tutores, ao declararem suas dificuldades e expectativas em relação aos seus trabalhos com os alunos. Participante 036: “Em cursos semi-presenciais, tenho experiência com a Gestão Estratégica de Operações. Ela procura mostrar (e instrumentalizar) o papel que a área de produção de uma empresa desempenha quanto à sua estratégia empresarial. Um fato muito interessante é que eu já havia ministrado a mesma disciplina no formato presencial. A minha surpresa é que os trabalhos finais que têm sido desenvolvidos pelos alunos do EAD são bastante superiores aos do presencial. Acredito que isto se dê pela razão de que os alunos do presencial, além da explanação do professor, acabam recebendo as 'transparências de aula', ou seja, não lêem o material indicado pelo professor. No caso do EAD, os alunos têm que ler os materiais sugeridos, e acabam tendo um aproveitamento superior”. 1385 Participante 032: “Minha experiência com o Eureka está nos cursos presenciais, pois ainda não tive a oportunidade de trabalhar em turmas semi-presenciais. Trabalho com a disciplina de Tecnologia de Alimentos de Origem Animal no Curso de Medicina Veterinária e a ementa trata da transformação das matérias-primas de origem animal em alimentos. Trabalho bastante com o Eureka, porém mais focado no edital para avisos, correio e repositório de arquivos. Anteriormente, já trabalhei com links e fórum, porém não obtive muito sucesso com os alunos do presencial. Acredito que para que o fórum e chat tenham eficiência é necessário o comprometimento real dos alunos para com seu aprendizado. Na minha experiência, os alunos somente acessavam estas ferramentas, pois isso contava pontos na nota final e não por real interesse. Talvez, os alunos do semi-presencial tenham maior motivação para trabalhar com essas ferramentas que acho muito interessantes quando bem aproveitadas!” Participante 011: “Olá Participante 036, Também tenho observado o mesmo tipo de comportamento. Em geral os alunos assumem uma postura mais pró-ativa no desenvolvimento do módulo”. Participante 036: “De fato, tenho me surpreendido com os resultados”. Participante 033: “Muitas vezes em cursos presenciais os alunos acreditam que apenas o que o professor diz já é o suficiente e eles não praticam o que foi dito. Já nos semi-presenciais, com a disponibilização dos materiais e a exigência de atividades vinculadas a eles faz com que os alunos estudem e, em minha opinião, acabam aprendendo mais, pois praticam mais” Neste primeiro momento do fórum, podemos perceber que a relação dos participantes esteve focada na diferença da participação dos alunos na modalidade presencial, com a modalidade a distância. O P036, fala sobre suas experiências com uma mesma disciplina no presencial e a distância; ele caracteriza que os alunos da EAD, acabam tendo um melhor aproveitamento. Já o P032diz utilizar o Eureka para os alunos do presencial, pois ainda não tem trabalhado com nenhum curso a distância. Ele afirma que hoje utiliza somente as ferramentas, Edital, Correio e Arquivos, pois anteriormente tentou utilizar Links e Fóruns, 1386 mas não obteve bons resultados. Ele acha estas ferramentas bem interessantes e que talvez os alunos a distância tenham mais motivação. Os participantes 011 e 036, dizem que os alunos assumem uma postura pró-ativa com o desenvolvimento do módulo a distância. E o P033 acha que a disponibilização dos materiais na educação a distância, faz com que eles aprendam mais. O que podemos considerar em relação às questões apresentadas no Fórum, quanto ao desempenho dos alunos, é que os alunos da modalidade a distância se saíram melhores do que os alunos de cursos presenciais. Como mostra em reportagem da Folha de São Paulo de (2009): A educação a distância, no Brasil, ainda é vista com desconfiança por boa parte da sociedade. Os primeiros resultados no Enade (exame do MEC que avalia o ensino superior) dos alunos que ingressaram em cursos superiores com essa modalidade de ensino, no entanto, mostram que, na maioria das áreas, eles estão se saindo melhor do que os estudantes que fazem o mesmo curso, mas da maneira tradicional. Pela primeira vez desde a criação do Enade (2004), o Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) comparou o desempenho dos alunos dos mesmos cursos nas modalidades a distância e presencial. Em sete das 13 áreas onde essa comparação é possível, alunos da modalidade a distância se saíram melhores do que os demais. As avaliações dos alunos da modalidade a distância mostram que realmente a educação está mudando. Interação sobre a utilização das ferramentas Participante 004: “Recentemente em disciplina de curso de especialização semi-presencial propus como atividade de avaliação a realização de um projeto a ser desenvolvido em grupo pelos alunos. Ao final do projeto (realizado em duas etapas) os alunos deveriam encaminhar pelo link disponível no Plano de Trabalho os resultados alcançados. Esta estratégia gerou um pouco de transtorno, pois cada aluno da equipe teve de encaminhar o resultado do projeto. Isto dificultou bastante a correção, pois por desorganização dos alunos, houve casos em que alunos de uma mesma equipe encaminharam documentos distintos. Isto iria requerer que eu realizasse a correção do documento encaminhado por cada aluno, ao invés de realizar a correção do documento de cada equipe de alunos. Quando se tem uma turma com 40 alunos divididos em 8 grupos, corrigir 40 trabalhos é significativamente mais trabalhoso do que corrigir 8 trabalhos. Para sanar este problema, solicitei que cada grupo encaminhasse 1387 por e-mail uma única versão válida para o grupo como um todo. Seria conveniente que o sistema previsse este tipo de situação.” Participante 001: “Oi, Participante 004. Concordo com seu comentário. Às vezes os instrumentos têm confundido os alunos. Por exemplo, no módulo em que sou professora, alguns alunos reclamam sempre do fórum, porque este não favorece uma participação com mais facilidade de interação. Há uma mistura de temas e assuntos. Os seus alunos participam ativamente do fórum?” Participante 004: “Bem, na verdade eu não estimulo adequadamente os alunos a participarem do fórum. Particularmente prefiro que, se os alunos têm algum questionamento ou contribuição sobre a disciplina, que seja encaminhado um e-mail com tais informações. De acordo com minha sistemática de trabalho e minha agenda sempre cheia de pendências, não costumo ir para um fórum de bate-papo. Para mim, quando se posta alguma contribuição no fórum, esta informação não tem um destinatário específico. Posso receber o retorno de muitas pessoas, mas se não receber o retorno de ninguém não posso reclamar”. Participante 022: “Todos estes problemas também acontecem com os cursos em que faço tutoria; os alunos só participam quando o Fórum tem peso (nota), caso contrário, o Fórum só é utilizado nos primeiros módulos depois os alunos encontram outros meios para sanar as dúvidas (msn, e-mails...)”. Participante 023: “Sobre o fórum, acho que nós, professores, temos parte da responsabilidade pela pouca utilização dele. Eu, sinceramente, não gosto e não estou habituado a utilizar o fórum e, por isso, não incentivo meus alunos a fazê-lo. Prefiro a comunicação por e-mail. A verdade é que não estou convencido de que é uma ferramenta útil para melhoria do ensino”. Participante 022: “Oi participante 023a vantagem da utilização de fóruns é que em alguns casos os próprios alunos respondem as perguntas dos colegas, sendo que sempre peço esta "ajuda" a todos, pois há alunos que possuem um maior domínio de alguns assuntos, até maior que o próprio tutor”. 1388 O participante 004, diz ter dificuldades quando os alunos fazem trabalhos em grupos, pois entregam vários trabalhos. Ele conta que passou a pedir para os alunos entregarem 1 trabalho por grupo. Assim resolveu esta questão, ele acha que o sistema deveria prever estas situações. É interessante quando os participantes fazem estas declarações, pois através delas os programadores podem criar ferramentas novas no ambiente. O P004, diz que realmente os alunos não participam dos fóruns devido à “mistura” de temas. Neste contexto é necessário que o professor especifique melhor sobre a temática de cada fórum e determine como atividade. A P004 diz que, na verdade, ela não estimula seus alunos na utilização do Fórum, e que prefere as questões enviadas por e.mail. Em seguida a P022 interage dizendo que tem os mesmos problemas e que seus alunos só participam quando há atribuição de nota. Na continuação a P023 relata achar que parte deste desinteresse dos alunos é responsabilidade do professor, pois não estimula seus alunos para a utilização. E a P022 termina dizendo que ela vê vantagens no fórum, pois, através dele um aluno pode responder as questões dos outros, participando de grupos colaborativos de aprendizagem. Segundo Moore (2007, p. 94): A maioria dos instrumentos tem considerado o sistema mais valioso como sendo o fórum de discussão assíncrono por meio de textos encadeados (denominados quadros de avisos nos sistemas mais antigos). Um fórum de discussão permite que alunos e instrutores interajam enviando e lendo mensagens, ao passo que cada um possui flexibilidade em relação a quando fazê-lo. Considerações Finais Após uma longa trajetória da Educação a Distância, podemos dizer que ela se mostra presente na vida de um número sempre crescente de educadores. Este estudo nos leva a observar a crucial importância de uma formação correta desse professor, para que firme-se como um entusiasta e competente condutor dessa nova maneira de ensinar e aprender. Capacitar este profissional para utilização dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, com as suas ferramentas e mídias, torna-se um objetivo urgente. Na educação a Distância, o fórum surge como importante e essencial ferramenta de auxílio, na troca de experiências entre seus participantes e, concluindo, no aumento de seus conhecimentos. Capacitando-se o docente através da Informação, da Interação e da Comunicação, com certeza se estará viabilizando uma das facetas mais interessantes da Educação Moderna, com o seu alcance que se projeta em um leque conclusivo de oportunidades múltiplas, visando 1389 propiciar, universalizar a posse de conhecimentos, antes restritos a poucos, numa abrangência de horizontes descortinados. Pela tendência, esse poderá ser o “futuro da Educação”, uma educação sem fronteiras. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Regulamentação da EAD no Brasil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=com_content&task=view&id=61>. Acesso em: 5 maio 2008. BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a Prática pedagógica. Petrópolis, RJ : Vozes, 2005. GIUSTA, A.; FRANCO, I. (orgs.). Educação a Distância: uma articulação entre a teoria e a prática. Belo Horizonte : PUC Minas Virtual, 2003. MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da Ead: educação a distância hoje. 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