Capítulo 6 Estados Unidos, a superpotência mundial Depois de conquistar a independência da Inglaterra em 1776, os Estados Unidos iniciaram sua expansão territorial tendo como justificativa a ideologia do Destino Manifesto, ou seja, a certeza de que o povo norte-americano fora predestinado por Deus a ocupar e colonizar as terras que se estendiam até o Pacífico. A maior parte dos primeiros habitantes dos Estados Unidos eram protestantes que viam o lucro e as riquezas como consequência de uma escolha divina e do trabalho, e não como um pecado. Essa ética protestante foi importante para justificar a expansão territorial norte americana e considerá-la natural e benéfica, e não uma agressão aos povos que já habitavam o território. Na realidade, a doutrina do Destino Manifesto justificou, no início, a conquista de terras até o limite natural imposto pelo rio Mississípi ( que compreende a área original das treze colônias inglesas e a área obtida da Inglaterra em 1783). Posteriormente, foram conquistando novos territórios, que se estendem até o oceano Pacífico. A incorporação de novos territórios fez parte do período do imperialismo interno, que teve início com a conquista da independência e continuou durante o século XIX, no período conhecido como Marcha para o Oeste. A expansão dos Estados Unidos para Oeste envolveu tanto tratados e acordos como guerras e o extermínio da população nativa. Nessa primeira fase de ocupação do território, foi preciso solucionar duas dificuldades básicas: um meio de transporte que permitisse grandes distâncias e gente para povoar e trabalhar nas novas terras. As soluções encontradas foram a construção de ferrovias transcontinentais e a imigração, principalmente européia. Dessa forma, na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos já ocupavam a parte do território que possuem hoje na América do Norte. Começou, então, a preocupação desse país em obter a hegemonia em todo o continente americano. A medida que as colônias da América Central e da América do Sul iam se tornando independentes, os Estados Unidos também se fortaleciam como potência continental. Em 1823, o presidente norte-americano James Monroe deixou claro que o país não toleraria a influência de potências européias na América em um discurso que ficou conhecido como Doutrina Monroe. A partir daí, sob qualquer pretexto, intervenções armadas na América Latina para garantir sua hegemonia no conjunto do continente americano. Dois fatos destacaram-se nessa primeira fase de expansão continental norteamericana. Um deles foi a construção do canal do Panamá, concluída em 1914, que permitiu o fluxo das mercadorias norte-americanas entre o oceano Atlântico (leste) e o Pacifico (oeste)através dessa passagem, sem que fosse preciso contornar o sul do continente. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos fincavam uma base para o controle geopolítico da América Central. O canal foi devolvido aos panamenhos em 1º de janeiro de 2000. Outro fato de destaque nessa fase foi o controle econômico de Cuba pelos norteamericanos em troca da ajuda na guerra de independência dos cubanos contra a Espanha em 1898. Estava, portanto, estabelecida a hegemonia dos Estados Unidos na porção central da América. No século XIX, após o principal conflito norte-americano, a guerra Civil Americana ou guerra de Secessão (1861-1865), em que as elites do Norte (caracterizado pelo predomínio de mão-de-obra assalariada, pequenas propriedades e uma economia voltada para o mercado interno) venceram o Sul agrário (caracterizado pelo predomínio de latifúndios, mão-de-obra escrava negra e um mercado voltado para a exportação de gêneros agrícolas), o país iniciou seu processo de industrialização. Foi essa burguesia formada por comerciantes capitalistas que criou as condições para a industrialização da região Nordeste dom país (espaço compreendido entre a costa atlântica e os Grandes Lagos). Essa área reunia na época condições para tornar os Estados Unidos a primeira nação, fora da Europa, a realizar a Revolução Industrial: *Jazidas de minério de ferro; *Jazidas de carvão; *Os Grandes Lagos, ligados pelo rio São Lourenço ao oceano Atlântico, que se tornaram importantes vias de transporte; *Um espaço integrado por ferrovias; *Mercado consumidor interno, constituído de assalariados que compravam e vendiam mercadorias, estimulando dessa forma as atividades comerciais e industriais. A expansão territorial, a ética protestante, o trabalho assalariado, a diversidade mineral, as ferrovias e a expansão industrial resultaram na formação da nação mais rica do mundo desde o fim do século XIX. Essa posição se consolidou no período da Primeira Guerra Mundial, quando os Estados Unidos passaram a ser o grande exportador para uma Europa em guerra e arrasada. A crise econômica de 1929 Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos conheceram um período de grande prosperidade econômica, pois se tornaram os principais fornecedores de matériasprimas, alimentos e armamentos para os países aliados envolvidos no conflito ao mesmo tempo que passaram a atuar no mercado que haviam sido abandonados por esses países. No fim da guerra, os Estados Unidos haviam se tornado extremamente competitivos e detentores de grandes conquistas tecnológicas e industriais. Teve início, então, uma era de rápida prosperidade, na qual o governo estava afastado da esfera econômica, a produção industrial crescia e os bancos incentivavam o consumo através do crédito fácil ao cidadão comum. O automóvel e o rádio marcaram essa época de euforia, também chamada de Big Bussiness (Grandes negócios). O cinema encarregou-se de passar ao mundo a imagem do sonho americano, com casas que ostentavam orgulhosas um rádio na sala e um carro na garagem. Toda a produção de eletrodomésticos era velozmente consumida pela população. Havia um abismo entre a riqueza dos Estados Unidos e a do resto do mundo. Ao estabelecer normas de protecionismo aos produtos nacionais, os norte-americanos fecharam as portas às exportações européias, impedindo o restabelecimento dos países destruídos pela guerra e prejudicando o funcionamento do mercado mundial. Mais tarde os efeitos dessa situação repercutiriam na economia norte-americana. Logo, suas indústrias passaram a produzir mais do que a população consumia. Refazendo lentamente suas economias, os países europeus diminuíram suas economias, os países europeus diminuíram as importações de alimentos dos Estados Unidos e não possuíam recursos para comprar os bens de consumo que inundavam o mercado do país. Nada pôde evitar a crise econômica que atingiu o auge com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Com a economia destruída, as indústrias falidas, a construção civil paralisada, doze milhões de desempregados e, mais do que tudo, com pessoas desesperadas que perderam tudo o que haviam conseguido, a economia norte-americana entrou em colapso. O notável crescimento da economia dos Estados Unidos nos anos 1920, impulsionado pelo liberalismo econômico, te vê um final infeliz com a crise de 1929 na Bolsa de Nova York. Os anos de 1930 foram de reconstrução, do New Deal e do Estado do Bem-Estar Social. Em 1939, o país foi “beneficiado” por uma nova guerra mundial, passando a dominar a economia do mundo capitalista a partir do fim desse conflito, em 1945. De 1945 até início dos anos de 1990, no período historicamente denominado guerra fria, os Estados Unidos disputaram com a então URSS a hegemonia mundial. A partir do início da década de 1990, com o fim da guerra fria, os Estados Unidos assumiram o lugar de única potência militar e econômica do mundo. Nenhum país, isoladamente, fez frente ao poderio da nação norte-americana.