apoio: IDF / SACA ANAD Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS 2001 VOL 5 JANEIRO / FEVEREIRO MARÇO / ABRIL MAIO / JUNHO JULHO / AGOSTO SETEMBRO / OUTUBRO 2001 VOL. 5 NOVEMBRO / DEZEMBRO www.atlanticaeditora.com.br Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº1 - 2001) EDITORIAL Plano de reorganização da Atenção ao Diabetes mellitus e Hipertensão arterial, Fadlo Fraige Filho ....... 3 MANIFESTO Insulina Humana Recombinante: O Governo decidindo contra si mesmo e contra o povo ........................ 5 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................ 7 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................ 21 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................ 25 PRODUTOS E NOVIDADES Pêssego Grego Diet (La Pastina), Docigual (Vivalev Diatt), Freestyle (Therasense), NC-stat (Neurometrix) ................................................................................................................................. 31 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ................................................................................. 33 ARTIGOS CIENTÍFICOS Características clínicas do diabetes mellitus tipo 2 no Nordeste do Brasil, Josivan G. Lima, Lucia H. C. Nóbrega, Francisco Bandeira, William J. Jeffcoate, Geisa Macedo ........... 41 Aspectos sócio-psico-somáticos de uma amostra de pacientes diabéticos tipo 2, Maria Geralda Viana Heleno ...................................................................................................................... 48 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES O tabagismo e o diabetes, Mário Albanese, Rodolfo Brumini ............................................................................................................... 55 FICHAS PRÁTICAS Insulinas humanas e animais disponíveis no Brasil..................................................................................... 63 Tabela de prognóstico de risco coronariano de Framingham ...................................................................... 64 CALENDÁRIO DE EVENTOS ............................................................................................................... 65 Formulário de assinatura de Diabetes Clínica ............................................................................................. 68 Inscrição ao 6º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes ......................................................... 62 1 2 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Coordenação: Educadora Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golbert (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldbert Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) ATLANTICA EDITORA Marketing Maurício Galvão Costa Anderson ATMC - Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP tel/fax: (11) 4411-7629 cel: (11) 9218-0570 [email protected] Apoios IDF - SACA : International Diabetes Federation South America Central America FENAD : Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD : Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP : Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 244-6471 [email protected] Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] Assinatura 6 números ao ano: R$ 60,00 www.atlanticaeditora.com.br/assinaturas tel: (21) 244-6471 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. 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Diabetes Clínica 3 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL Plano de reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador - Editor Científico de Diabetes Clínica Desde abril de 2000 estamos nos reunindo no Ministério da Saúde, em uma comissão em que participam técnicos e autoridades do Ministério da Saúde, das Sociedades Brasileiras de Diabetes, Cardiologia e Hipertensão, a FENAD e a Associação Paulista de Assistência ao Hipertenso, para elaborar o projeto do plano de reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão arterial. Vem este plano, preencher uma lacuna dentro da saúde pública (até então de um programa inexistente), para atender aos diabéticos e hipertensos, tal qual como foi concebido. Constará de três fases, sendo que a primeira será numa mega Campanha de detecção da doença, através da glicemia capilar, onde serão realizados 36 milhões de testes, em aproximadamente 6500 municípios no Brasil, para a população acima de 40 anos de idade. Lembramos que os locais serão as Unidades básicas de Saúde do SUS. Em virtude da complexidade e do custo da 2a e 3a fases, optou-se, em todo o Brasil, com exceção de São Paulo, para ser um plano apenas de atenção ao diabetes. Naquele Estado, serão feitas medições de pressão arterial juntamente com outras ações específicas de hipertensão. A 2a fase do plano, após a detecção, é o encaminhamento para o tratamento secundário nas Unidades de Saúde do SUS, bem como assegurado o acesso gratuito aos medicamentos necessários para o controle da doença. Estão sendo treinados, em todo o Brasil, através de um programa de capacitação multiprofissional, os profissionais de saúde da rede SUS que irão operacionalizar o plano. A 3a fase constará do tratamento das complicações tardias do diabetes em hospitais, por especialistas de cada setor, sempre assegurada a medicação gratuita. Considerando que o defasado estudo de prevalência do Ministério da Saúde (publicado em 1990) estimava em 7,6% da população entre 30 e 69 anos de idade como portadores de diabetes, com o agravante de 50% desconhecer sua doença, a 1o fase terá como objetivo a busca do diagnóstico precoce nesta população, que embora portadora, desconhece a doença. 4 Diabetes Clínica 01 (2001) Obviamente, espera-se que o chamamento da mídia para a realização da Campanha seja para o grupo de risco de ser portador de diabetes. A questão de um grande volume de pessoas diagnosticadas, em algumas semanas, poderá eventualmente criar uma pletora no atendimento da 2a fase, porém como definiu o Sr. Secretário de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Claúdio Duarte da Fonseca: “Que se criem as dificuldades que o Ministério em conjunto com as Secretárias estaduais e Municipais buscarão as soluções.” Uma posição corajosa e correta, contrário aos raros e infelizes médicos que no passado (ano de 1999) impediram o Ministério de entrar na 2a Campanha nacional da FENAD, sob alegação da pletora das Unidades Assistenciais, defendendo assim, o NÃO DIAGNOSTICO, quando sabemos ser o diagnóstico precoce um dos principais pontos da prevenção das complicações graves do diabetes. As Campanhas têm sido, entre inúmeras atividades, uma ação quase que exclusiva das associações e Ligas de todo o Brasil e de clubes como Lions e Rotary, na maioria das vezes com o patrocínio dos laboratórios Farmacêuticos da área. Iniciamos as Campanhas na ANAD, há 17 anos, coordenadas e em conjunto com as Secretárias de saúde do ABC paulista e ao assurmimos a presidência da Fenad em março de 1998, já em novembro do mesmo ano foi realizado sob nossa coorde- nação a 1a Campanha Nacional de Detecção, Educação e Prevenção das Complicações do Diabetes. O sucesso dessa 1a Campanha foi repetido em 1999 e 2000, onde tivemos a parceria das nossas federadas e das secretarias da saúde de aproximadamente 500 cidades no Brasil. Assim, acreditamos que a semente que plantamos, gera neste ano uma grande árvore, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, que seguramente frutificará em grandes benefícios e melhoria das condições de vida adversas dos portadores de diabetes no Brasil. A 1a fase do plano, que é a Campanha de detecção, será realizada de 6 a 30 de março próximo. Destacamos, ainda, nesta edição, o trabalho produzido no Departamento de Diabetes e Endocrinologia do Hospital Agamenon Magalhães de Recife, que é uma referência para a implantação de um programa de atendimento ao paciente portador de diabetes, enfatizando o atendimento por uma equipe multiprofissional. Tenho impulsionado o mesmo ponto de vista a cerca de 17 anos na ANAD e há 11 anos, quando idealizei o 1o Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes. O 6o Congresso será realizado em 7, 8 e 9 de julho de 2001, para o qual desde já convido todos os multiprofissionais da área a participarem, visto que pela excelência na programação e amplitude de abordagem multiprofissional continuará sendo “o mais completo evento em Diabetes.” Comunicado: fim da comercialização dos refis 1,5 ml de Humulin e Humalog (Lilly) A Lilly tem sido a líder no mercado de diabetes desde a introdução de nosso primeiro produto a base de insulina em 1922. Nossa linha de produtos tem evoluído continuamente: de insulina animal para insulina humana (Humulin) e mais recentemente a insulina Lispro (Humalog). Esses avanços tecnológicos na produção das insulinas beneficiam os pacientes, oferecendo maior eficácia e segurança no tratamento, melhorando o controle glicêmico e reduzindo as complicações. Dentro desta evolução estamos comunicando que a partir de março de 2001, não estaremos comercializando mais os refis de 1,5 ml das insulinas Humulin e Humalog. Todos os refis de Humulin e Humalog serão de 3 ml. Atualmente, os refis de 3 ml são os mais utilizados no mundo devido a sua comodidade diminuindo a freqüência da troca do refil nas canetas. Diabetes Clínica 01 (2001) 5 Manifesto Insulina Humana recombinante: O Governo decidindo contra si mesmo e contra o povo A FENAD (Federação Nacional de Associações de Diabéticos), que congrega 307 associações, Ligas e Centros de Diabetes, abrangendo cerca de 200.000 pacientes e 4.000 profissionais da área de saúde, vem, em nome dos 5 milhões de portadores de diabetes neste país manifestar sua preocupação e indignação com a Circular no 5 da SECEX – Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, publicada no Diário Oficial da União do dia 12/02/2001, que recomenda o aumento do preço da Insulina Humana Recombinante Importada sob suposta alegação de dumping. Distante de competições de ordem comercial e políticas, que eventualmente possam ter determinado essa decisão, queremos alertar para os seguintes pontos que temos certeza não foram considerados pelas autoridades da área do Governo-SECEX ao sugerir o aumento do preço do medicamento: 1) O Governo, obrigando os laboratórios a aumentar os preços em até 76,1%, contraria seus próprios interesses, do Ministério da saúde, das Secretarias Municipais de Saúde; contraria o bolso dos portadores de diabetes, que há 7 anos não têm o seu salário reajustado, e o dos idosos que recebem ume pensão ínfima do INSS, também congelada; 2) O impacto financeiro que sofrerão as contas do próprio governo federal, que adquire Insulina Humana Recombinante para mais de 70% da população diabética de todo o país; 3) O impacto financeiro que o possível aumento ocasionará aos milhares de pacientes diabéticos, consumidores, que adquirem o produto nas farmácias em todo o País, que hoje utilizam a Insulina Humana Recombinante; 4) No momento que vemos o Ministério da Saúde desenvolver um enorme esforço para manter os preços dos medicamentos em patamares acessíveis às condições do povo brasileiro, a política dos genéricos para baratear os já existentes, o acordo de não aumentar o preço dos medicamentos no ano de 2001 e às vésperas do início do Plano de reestruturação da Atenção ao Diabetes e Hipertensão organizado pelo Ministério da Saúde, com apoio desta Federação e outras entidades da área, com distribuição de medicamentos e insulinas em uma segunda fase, concluímos que esta decisão é intempestiva e lesiva aos interesses dos pacientes portadores de diabetes e do próprio Governo. A quem interessa este aumento ? Diante do exposto, queremos ressaltar nossa preocupação e reiterar que somos contrários a qualquer medida que resulte em aumento de preços de produtos essenciais à vida de milhares de pacientes em todo o País. A FENAD vem demonstrar a sua indignação e tornar público um fato que é lesivo à Nação e ao povo brasileiro. Este fato é inédito no mundo todo: Governo obrigar o aumento de uma medicação considerada essencial à vida num país pobre, que vive momentos difíceis, onde há recessão e desemprego, parece inacreditável. É mais uma vergonha nacional. 6 Diabetes Clínica 01 (2001) Entraremos contra a recomendação da Secretaria de Governo – SECEX – com ações no Ministério público, Procon e no Instituto de Defesa do Consumidor. Este fato também estará denunciado à International Diabetes Federation (IDF), com sede em Bruxelas, da qual somos Membros efetivos, para que medidas em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS) possam interferir em tal absurdo. Convidamos a todos os interessados a divulgarem este manifesto, denunciando e lutando em todas as instâncias pelos interesses desta população que, além de portadora de uma doença crônica, terá que arcar com custos maiores para a sua sobrevivência. “UNIDOS SEREMOS FORTES”. Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Presidente da FENAD Delegado Executivo IDF – SACA- Brasil Membro da Comissão do plano de reorganização da Atenção ao Diabetes e Hipertensão do Ministério da Saúde Manifestações de protesto podem ser enviadas a: Ministério do desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior Exmo. Sr. Ministro Alcides Lopes Tapias Esplanada dos Ministérios – Bloco J – 6o andar 70058-900 Brasília DF Exmo. Sr. Ministro da Saúde D.D Dr. José Serra Esplanada dos Ministérios – Bloco G – 5o andar 70058-900 Brasília DF E-mail: [email protected] Diabetes Clínica 01 (2001) 7 Informes do Diabetes no Mundo Meigs JB et al, Diabetes 2000;49:2201-7, dezembro de 2000 Transmissão parental do diabetes tipo 2 no estudo Framingham Estudo da transmissão parental de diabetes fornece informações sobre as contribuições relativas das influências maternal e paternal. Avaliamos o risco para o diabetes tipo 2 e graus mais leve de intolerância à glicose associados a diabetes parental em indivíduos do Framingham Offspring Study, no qual os participantes são caucasianos com relativamente baixo risco de diabetes, e cujos fenótipos dos pais e filhos foram avaliados por exame clínico. O diabetes parental, avaliado por 40 anos de acompanhamento bi-anual, foi definido pelo uso de tratamento hipoglicemiante ou pela observação de uma taxa de glicose plasmática > 11,1 mmol/l em qualquer consulta. A tolerância dos filhos à glicose, avaliada durante 20 anos de acompanhamento, foi definida pela taxa de glicose plasmática de jejum > 7,8 mmol/l em pelo menos duas consultas, o uso de tratamento hipoglicemiante, ou pela realização de um teste de tolerância à glicose oral 75g, na consulta a mais recente. Os 2.527 filhos nasceram em 1.303 famílias nucleares, das quais 77,6% tinham dois ou mais irmãos por família e nas quais a prevalência do diabetes era 24,6%. A idade média era 54 anos (26-82), 53% mulheres, 8,6% portadores de diabetes, 11,4% com tolerância à glicose diminuída, 76,3% não tinham pais diabéticos, 10,5% tinham diabetes maternal, 11,5% diabetes paternal, e 1,7% diabetes dos dois pais. Para os indivíduos sem diabetes parental, o odds ratio ajustado à idade (IC 95%) para diabetes tipo 2 ou tolerância anormal à glicose (glicose plasmática de jejum > 6,1 mmol/l ou tolerância à glicose 2h póscarga > 7,8 mmol/l), eram, para os indivíduos com diabetes maternal 3,4 (2,3 – 4,9) e 2,7 (2,0 – 3,7), respectivamente, para os indivíduos com diabetes paternal 3,5 (2,3 – 5,2) e 1,7 (1,2 – 2,4), respectivamente, e para os indivíduos com diabetes biparental 6,1 (2,9-13,0) e 5,2 (2,6-10,5), respectivamente. Apesar de que o diabetes paternal ou maternal apresenta o mesmo risco de diabetes tipo 2 para a descendência, os filhos com diabetes maternal apresentaram mais riscos de tolerância anormal à glicose do que os com diabetes paternal (OR 1,6, 95% CI 1,1 - 2,4). Os filhos com diabetes maternal e idade < 50 anos apresentam risco aumentado para ambos diabetes tipo 2 (9,7, 4,3 22,0) e tolerância anormal à glicose (9,0, 4,2 – 19,7). Concluímos que os ratios de risco para o diabetes tipo 2 são consistentes com um modelo de adição simples de riscos, onde o risco, quando os pais são portadores da doença, está igual à adição dos riscos quando um dos pais é diabético. Para o 8 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação diabetes maternal conferir risco a mais para intolerância a glicose leve mas não declarada, os filhos de pai diabético podem apresentar relativamente rápida uma tolerância a glicose anormal ou diminuída, ou as mães diabéticas podem transmitir o risco de uma forma leve lentamente progressiva de tolerância anormal à glicose, em suplemento ao diabetes declarado. O risco muito alto de glicose anormal entre os filhos de mães precocemente diabéticas é consistente com a hipótese que a exposição perinatal aumento o risco de diabetes. Dados ratios de risco equivalentes para diabetes tipo 2, os pais podem transmitir fatores genéticos da mesma força do que os fatores ambientais maternais. Mauvais-Jarvis F et al, Diabetes 2000;49(12):2126-34, dezembro de 2000 Um modelo para estudar a interação entre a resistência à insulina no músculo e a disfunção da célula β no desenvolvimento do diabetes tipo 2 Diabetes tipo 2 é uma doença poligênica caracterizada por defeitos da secreção e da ação da insulina. Já observamos que a resistência isolada à insulina no músculo pelo receptor tissular especifico de insulina (rato MIRKO) não é suficiente para alterar a homeostase da glicose, enquanto que os ratos com receptor de insulina específico de célula β (betaIRKO) apresentam intolerância progressiva severa à glicose, em razão da perda de produção de insulina na fase aguda estimulada pela glicose. Para estudar a interação entre a resistência à insulina no músculo e a secreção alterada de insulina, criamos um receptor tissular de insulina duplo-específico nesses tecidos. Surpreendentemente, os ratos betaIRKO-MIRKO apresentaram uma melhora mais do que uma deterioração em relação aos ratos betaIRKO. Isso é o resultado da melhora da produção da insulina na fase aguda estimulada pela glicose e da redistribuição dos substratos com uma melhora da absorção da glicose em tecido adiposo e fígado in vivo, sem diminuição significativa da absorção da glicose no músculo. A resistência à insulina no músculo aumenta a secreção da primeira fase insulínica estimulada pela glicose e provoca a derivação de substratos para os tecidos não-musculosos, melhorando assim a tolerância à glicose. Esses dados sugerem que o músculo, seja por mudanças na disponibilidade do substrato seja agindo como tecido endócrino, comunica com outros tecidos e regula a sensibilidade à insulina. Nielsen MF et al, Diabetes 2000;49(12):2135-41, dezembro de 2000 Eficácia da glicose prandial e gliconeogênese de jejum em parentes de primeiro grau resistentes à insulina de pacientes diabéticos tipo 2 A eficácia diminuída da glicose (i.e., a capacidade diminuída da glicose per se para facilitar o seu próprio metabolismo), a gliconeogênese aumentada, e a produção de glicose endogênica, são juntas, com a resistência à insulina e as anormalidades das células β, as características do diabetes tipo 2. Para estudar a fisiopatologia atrás o diabetes tipo 2, avaliamos em grupo de indivíduos saudáveis predispostos a desenvolver diabetes tipo 2 (n = 23), chamados parentes de primeiro grau de pacientes diabéticos tipo 2 (FDR), 1) a produção de glicose endogênico e a gliconeogênese de jejum medidas usando a técnica 2H2O e 2) a eficiência da glicose. O grupo FDR 10 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) era resistente à insulina comparado ao grupo controle (idade, sexo, IMC) sem histórico familiar de diabetes tipo 2 (n = 14), (clamp: 6,07 ± 0,48 vs. 8,06 ± 0,69 mg/kg peso corporal magro/min; P = 0,02). Taxas de gliconeogênese de jejum (1,28 ± 0,06 vs. 1,41 ± 0,07 mg/kg peso corporal magro/ min; FDR vs. controle, P = 0,18) não foram diferentes nos dois grupos e representaram 53 ± 2 e 60 ± 3% da produção total de glicose endogênica. A eficiência da glicose foi observada usando uma infusão combinada de somatostatina e insulina (0,17 vs. 0,14 mU/kg/min, FDR vs. controle), a última restaurando a insulina plasmática aos níveis da linha base. Uma infusão de glicose de 360 min. foi instaurada para simular o perfil da glicose prandial. Após infusão de glicose, a resposta integrada da glicose plasmática em cima da linha base (1,817 ± 94 vs. 1,789 ± 141 mmol/l per 6h), a capacidade da glicose para simular sua própria absorção (1,50 ± 0,13 vs. 1,32 ± 0,16 ml/kg peso corporal magro/min), e a capacidade da glicose per se para suprimir a produção da glicose endogênica, não foram diferentes entre o FDR e o grupo controle. Em conclusão, ao invés dos pacientes portadores de diabetes tipo 2 declarado, os indivíduos saudáveis com risco de desenvolver diabetes tipo 2 apresentam eficiência normal da glicose quando insulinemia é próxima da linha base e com níveis normais de gliconeogênese de jejum. Blaak EE et al, Diabetes 2000;49(12):2102-7, dezembro de 2000 Diminuição da oxidação dos ácidos graxos plasmáticos em pacientes diabéticos tipo 2 durante exercício de intensidade moderada Esse estudo foi desenvolvido para observar o uso dos diferentes componentes de ácidos graxos durante um período de 60 minutos de exercício de bicicleta de intensidade moderada (50% de VO2max), em 8 indivíduos homens portadores de diabetes tipo 2 (idade 52,6 ± 3,1 anos, gordura corporal 35,8 ± 1,3%) e 8 homens obesos controle (idade 45,1 ± 1,4 anos, gordura corporal 34,2 ± 1,3%), comparados por idade, composição corporal e capacidade aeróbica máxima. Para quantificar os diferentes componentes do metabolismo dos ácidos graxos, foi empregada uma infusão do isotópico [U-13C]palmitato combinada com calorimetria indireta. Em experiência separada, a medida do 13C no ar expirado foi determinado durante uma infusão de [1,213C]-acetato. Não existia diferenças nos gastos de energia ou carboidratos e oxidação total de gordura entre os grupos. A taxa de ácido graxo livre (P < 0,05) e o aumento dessa taxa induzido pelo exercício foram significativamente menores (P < 0,05), em diabéticos tipo 2 em comparação com indivíduos controle (linha base vs. exercício [40-60 min]; diabetes tipo 2, 11,9 ± 0,9 vs. 19,6 ± 2,2 micromol/kg de massa adiposa livre/min e controle 15,8 ± 1,8 vs. 28,6 ± 2,1 micromol/kg massa adiposa livre /min). A oxidação dos ácidos graxos derivados do plasma era significativamente menor em diabéticos tipo 2 nas duas condições (P < 0,05, linha base vs. exercício [40-60 min]; diabetes tipo 2, 4,2 ± 0,5 vs. 14,1 ± 1,9 micromol/kg massa adiposa livre/min e controle 6,2 ± 0,6 vs. 20,4 ± 1,9 micromol/kg massa adiposa livre/min), enquanto que a oxidação dos ácidos graxos derivados dos triglicerídeos era mais elevada (P < 0,05). A hipótese é que essas diminuições no uso dos ácidos graxos podem ter um papel na etiologia da resistência insulínica hepática e musculo-esqueletica. 12 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) Weyer C et al, Diabetes 2000;49(12):2094-101, dezembro de 2000 A concentração elevada de insulina plasmática de jejum é um fator de prognóstico de diabetes tipo 2 independente da resistência à insulina: evidência para o papel patogênico da hiperinsulinemia relativa A hiperinsulinemia de jejum é uma medição muito usada de resistência à insulina e é um fator de prognóstico do diabetes tipo 2 em várias populações. Não sabemos se a hiperinsulinemia de jejum prevê o diabetes independentemente da resistência à insulina. Em 319 índios Pima com tolerância normal à glicose, a concentração plasmática de insulina de jejum e a glicose estimulada por glicose (M) (clamp hiperinsulínico) eram em relação invertida, mas, para um M dado, foram observadas variações importantes, em indivíduos hiperinsulínicos e outros hipoinsulínicos em função de seu grau de sensibilidade à insulina. Em 262 dos 319 pacientes acompanhados durante 6,4 ± 3,9 anos, a concentração elevada de insulina plasmática de jejum era um fator de prognóstico independente significativo de diabetes, mais do que o M baixo e baixa resposta de insulina aguda (AIR). Em 161 dos 319 pacientes com acompanhamento das medições de M e AIR (5,1 ± 3,9 anos), uma concentração elevada relativa de insulina plasmática de jejum era um fator prognóstico da diminuição de AIR mas não de M antes a declaração do diabetes. A concentração ajustada de insulina plasmática de jejum era uma característica familiar e a pesquisa genética mostrou uma ligação com uma região do cromossomo 3q, que possui o gene GLUT2. Esses resultados representam a primeira evidência em seres humanos que a hiperinsulinemia de jejum tem um papel na patogênese do diabetes, independentemente da resistência à insulina. Ainda deve-se elucidar se a melhora da hipersecreção de insulina pode prevenir o diabetes. Oscar A. Paniagua et al, Hypertension. 2000;36:941, dezembro de 2000 Hipertensão transitória diminui a vasodilatação dos microvasos humanos Hipertensão é associada à diminuição da vasodilatação dependente do endotélio. Mais é desconhecido se a disfunção endotelial é a causa ou a consequência da elevação da pressão sanguínea. Para determinar se a hipertensão pode causar diretamente uma disfunção endotelial, investigamos o efeito de aumentos da pressão intra-arterial sobre a vasodilatação dependente do endotélio em microvascularização humana. Pequenas artérias (diâmetro interno 202 ± 75 µm) foram isoladas a partir de biopsias de gordura glútea em 12 indivíduos saudáveis normotensos (8 homens e 4 mulheres; idade, 46 ± 10 anos). As artérias foram perfusadas em câmaras oxigenadas a 37°C. As respostas dependentes e independentes do endotélio a acetilcolina (Ach; 10-9 para 10-4 mol/l) e sódio nitroprussiato (SNP; 10-9 to 10-4 mol/l), respectivamente, foram obtidas após ter incubado o vaso com pressão intravascular incremental de 50, 80, e 120 mm Hg para 60 minutos cada um. A resposta a Ach foi também obtida em artérias diferentes após 3 incubações consecutivas a 50 mmHg. O diâmetro interno arterial foi medido diretamente a partir de imagens digitalizadas amplificadas. Uma diminuição significativa da resposta vasodilatadora a Ach foi observada com aumentos da pressão (vasodilatação média, 40%, 52%, e 57% a 50, 80, e 120 mm Hg, respectivamente; P = 0,10). Não foram observadas diferenças nas curvas dose-resposta a Ach obtidas com a mesma pressão intravascular (vasodilatação média 48%, 46%, Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) 13 Continuação e 49%; P = 0,61). Aumentos transitórios da pressão intravascular diminui significativamente a vasodilatação dependente do endotélio em artérias humanas. Esses achados sugerem que a elevação da pressão sanguínea per se pode causar uma disfunção endotelial em seres humanos e ter implicações na fisiopatologia da disfunção endotelial na hipertensão. Torffvit O et al, J Diabetes Complications 2000;14(6):301-306, novembro de 2000 Prognóstico em pacientes diabéticos tipo 2 portadores de doença cardíaca. Estudo de 10 anos em 385 pacientes O objetivo foi estudar o desenvolvimento e a progressão da doença cardíaca em pacientes diabéticos tipo 2 e avaliar a influência dos processos de revascularização e seus sucessos. Foi realizado um estudo de observação de 385 pacientes acompanhados em ambulatório hospitalar. 156/385 pacientes apresentaram infarto do miocárdio (n = 68), angina (n = 44), insuficiência cardíaca (n = 34) ou morreram (n = 109). A taxa elevada de óbito foi observada em pacientes com infartos (73%) e insuficiência cardíaca (71%), ao invés dos pacientes com angina (25%). 30 pacientes foram submetidos à angiografia coronariana em razão da angina, dos quais 23 foram revascularizados. Quatro pacientes (17%) submetidos à cirurgia bypass ou angioplastia faleceram em comparação de 57 (67%) dos pacientes sem intervenção (p < 0,001). A ocorrência de infarto do miocárdio foi associada com idade (p < 0,0001), pressão sanguínea sistólica (p < 0,05) e diastólica (p < 0,05) média e grau de albuminúria no início (p < 0,05). Insuficiência cardíaca foi associada à idade (p < 0,0001) e níveis médios de HbA1c (p < 0,05) e angina foram associados só à idade (p < 0,05). O óbito foi associado à idade (p < 0,0001), duração do diabetes (p < 0,05), pressão sanguínea média diastólica (p < 0,05), e grau de albuminúria no início (p < 0,0001). Esse estudo mostra a elevada incidência da doença cardíaca em pacientes diabéticos tipo 2. O prognóstico melhorou em pacientes submetidos à revascularização. Um atitude mais ativa em relação à revascularização pode melhorar o prognostico dos pacientes diabéticos tipo 2 com doença cardíaca aterosclerótica. JAMA, 2001; 285: 67-72 A análise de cabelo tem pouco valor para a informação nutricional ou mineral A análise de cabelo de pacientes para determinar a taxa de elementos minerais ou o balanço nutricional não é confiável nos Estados Unidos. Os serviços de saúde da Califórnia recomendam aos médicos que utilizam a análise de cabelos de verificar o balanço nutricional de seus pacientes. Os pesquisadores examinaram os dados de seis laboratórios comerciais que efetuam 90% das análises minerais a partir de amostras de cabelo nos EUA. Uma amostra de cabelo de uma mulher saudável de 40 anos, com cabelo não tratado, foi usada. Os resultados indicam que as diferenças entre as mais altas e mais baixas concentrações de minerais ultrapassam 10 vezes para 12 minerais. Valores extremos foram reportados por 14 dos 31 minerais analisados por três ou mais laboratórios. A pesquisa mostra a não confiabilidade desse tipo de testes. A análise de cabelo já foi usada para confirmar o envenenamento humano com elementos como arsênico ou mercúrio, mas para a maioria das outras substancias não existe evidência experimental que o cabelo posse ser um marcador biológico significativo. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) Kay-Tee Khaw et al, BMJ 2001 322:15-18, janeiro de 2001 15 A concentração sanguínea de glicose é associada ao risco cardiovascular em homens não-diabéticos O aumento das concentrações de HbA1c pode ser um marcador da mortalidade cardiovascular para todos os homens e não só para com os portadores de diabetes. Os pesquisadores coletaram os dados de todas as causas de óbito como também de mortalidade cardiovascular em 4662 homens, idade entre 45 e 79 anos, que participaram na coorte Norfolk do European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC-Norfolk). Na linha base, de 1995 a 1997, HbA1c foi medida e os pacientes foram acompanhados até dezembro de 1999. Como esperado, os pacientes diabéticos apresentam uma mortalidade aumentada para todas as causas, doenças cardiovasculares e isquêmicas. Foi notado também que as concentrações de HbA1c foram constantemente relacionadas à mortalidade cardiovascular e isquêmica em toda a população. As taxas de mortalidade as mais baixas foram associadas com concentrações de HbA1c inferiores a 5%. O grupo de pesquisa notou que um aumento de 1% da HbA1c é associada com um aumento de 28% do risco de morte, independentemente de idade, pressão sanguínea, colesterol, IMC ou tabagismo. 18% da população ultrapassa o risco de mortalidade associado à concentração e HbA1c de 5% ou mais, como ocorrendo em homens com diabetes, mas 82% ocorreram em homens com concentrações de 5% a 6,9% (a maioria da população). Os pesquisadores propõem que as concentrações elevadas de HbA1c sejam um marcador de risco absoluto maior para os homens, e que o tratamento preventivo da pressão sanguínea ou do colesterol seja empregado em tais pacientes. Se a concentração de HbA1c diminuir em 0,1% na população de homens não diabéticos, a mortalidade total poderia ser diminuída em 5%, e se a concentração diminuir em 0,2%, então a mortalidade total poderia ser diminuída em 10% nessa população. Giancarlo Tonolo et al, Eur J Clin Invest 2000;30:980-987, novembro de 2000 As estatinas podem ter um efeito direito sobre a regulação da pressão sanguínea Em pacientes diabéticos tipo 2 hipertensos, o tratamento com sinvastatina diminui a pressão sanguínea e a taxa de excreção de albumina urinária (AER) independentemente da melhora do nível dos lipídios. Os pesquisadores observaram, de acordo com vários estudos anteriores, que os benefícios das estatinas, também conhecidas como inibidores da atividade da enzima HMGCoA redutase, não podem ser explicados somente pelo efeito sobre o LDLcolesterol. Uma hipótese seria que as estatinas podem restaurar a produção de oxide nítrico dependente do endotélio, agindo independentemente da diminuição do LDL-colesterol. Para controlar a hipótese, os pesquisadores mediram a pressão sanguínea e a taxa de excreção de albumina urinária durante o tratamento com sinvastatina e colestiramina em 26 pacientes portadores de diabetes tipo 2, hipertensão e microalbuminúria. Embora que ambos os remédios diminuem os níveis de colesterol, só a sinvastatina reduziu significativamente a pressão sanguínea diastólica e os AER urinários. Sinvastatina foi também associada à redução significativa do glicosaminoglicano urinário total e a diminuição do complexo protéico condroitinossulfato, tão como ao aumento significativo dos nitritos/nitratos no soro total. Os resultados sugerem que a sinvastatina ativa a produção de oxide nítrico, resultando em uma diminuição da pressão sanguínea diastólica e AER. 18 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) Dennis C. Mynarcik et al, J Acquir Immune Defic Syndr 2000;25:312-321, janeiro de 2001 O estímulo inflamatório pode contribuir à lipodistrofia do portador de HIV Os pacientes portadores de lipodistrofia associadas a HIV são severamente resistentes à insulina, mesmo quando os níveis plasmáticos são normais. Essa síndrome é associada também com taxas elevadas de tumor necrosis factor (TNF)-alfa tipo 2, sugerindo que o responsável é um processo inflamatório. Os pesquisadores avaliaram a sensibilidade à insulina e a ativação imunológica em 12 indivíduos controle saudáveis, 14 pacientes portadores de HIV sem lipodistrofias e 15 pacientes portadores de HIV com lipodistrofias. Todos os indivíduos apresentaram taxas normais de glicose de jejum e randomizada. A resistência severa à insulina, determinada como a taxa de glicose injetada para manter a normoglicemia durante a infusão de insulina, foi demonstrada nesses pacientes que apresentam uma perda patológica de gordura periférica. A resistência à insulina foi significativamente correlacionada à TNF-alfa solúvel tipo 2. A origem celular dessa citocina é até hoje desconhecida. Os indivíduos com lipodistrofias são diferentes dos indivíduos diabéticos porque os níveis do fator de crescimento insulin-like binding protein-1 de jejum são abaixo do normal. O tecido adiposo do tronco não era significativamente associado a lipodistrofia e os níveis plasmáticos de ácidos graxos livres eram normais. Os pesquisadores sugerem que as lipodistrofias do HIV aparecem como formas raras de lipodistrofias adquiridas e congênitas. Os pacientes portadores de HIV com redistribuição de gordura e níveis elevados de triglicerídeos devem ser observados para prevenir uma progressão prematura do diabetes tipo 2 e da doença arterial coronariana. Frank Hu et al, Annals of Internal Medicine, 16 de janeiro de 2001 A atividade física reduz o risco de doenças cardíacas e derrame em pessoas diabéticas Risco de doenças do coração é de duas a quatro vezes maior em pessoas diabéticas do que na população em geral, e em mulheres diabéticas o risco é de três a cinco vezes maior. É sabido que o exercício reduz o risco de doenças cardiovasculares na população em geral, mas não estava claro se era benéfico em pessoas com diabetes tipo 2 pois pode haver complicações. O quadro é mais complicado para diabéticos do que para a população em geral. No passado, médicos viam a atividade física para diabéticos com cautela, porque o exercício muda a taxa de açúcar no sangue, podendo induzir a uma hipoglicemia em diabéticos ou reduzir a quantidade de insulina que um diabético precisa. No entanto, um estudo recente sugere que, apesar dos vários problemas, atividade física moderada, como andar rápido, pode beneficiar os diabéticos. No estudo, que avaliou 5.125 enfermeiras diabéticas tipo 2 de 1980 a 1994, os pesquisadores descobriram que mulheres que praticavam exercícios reduziram substancialmente o risco de complicações cardiovasculares. As que se exercitaram de forma moderada e vigorosa por pelo menos quatro horas semanalmente reduziram o risco de terem um ataque cardíaco ou um derrame 40% mais do que as que eram sedentárias. Até andar vigorosamente provou ser tão benéfico quanto exercícios mais pesados, como fazer jogging ou correr, pois um ritmo mais intenso pode reduzir mais o risco do que andar devagar. Os benefícios de reduzir problemas cardíacos podem ser mais importantes do que possíveis perigos associados à atividade física no passado. 20 Marjolein Visser et al, Pediatrics 2001;107(1), janeiro de 2001 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2001) Detecção de uma inflamação sistêmica de baixo grau em crianças com sobrepeso As crianças com sobrepeso apresentam concentrações maiores de proteína C-reativa e número maior de células sanguíneas brancas do que as crianças com peso normal, o que é o sintoma de uma inflamação sistêmica de baixo grau, podendo prognosticar futuras doenças cardiovasculares e diabetes. Os dados foram coletados por um estudo multicêntrico a partir de 3512 crianças de 8 a 16 anos de idade. Os pesquisadores encontraram níveis elevados de proteína C-reativa (> 0,22 mg/dl) em 7,1% dos meninos e 6,1% das meninas. As crianças com sobrepeso – os com índice de massa corporal ou três dobras cutâneas em cima do 85o percentil específico do genro – tinham mais risco de apresentar níveis elevados de proteína C-reativa, comparados com as crianças de peso normal. Ainda mais os pesquisadores acharam que a taxa de células brancas é significativamente mais elevada em crianças com sobrepeso. Esses achados, que não podem ser explicados por doenças sub-clínicas ou outros fatores associados à inflamação, mostram que existe uma inflamação sistêmica de baixo grau em crianças com sobrepeso. Embora que os efeitos desta inflamação sobre a saúde das crianças sejam desconhecidos, já foi demonstrado que eles aumentam os riscos de doença cardiovascular e diabetes mellitus em adultos saudáveis. Robertsos et al, Diabetes 2001;50:4750, janeiro de 2001 Transplante das próprias ilhotas pancreáticas após pancreatectomia previne diabetes Os pesquisadores demonstram que mais pacientes submetidos à pancreatectomia por pancreatite crônica devem ser considerados para realização de transplante das próprias ilhotas pancreáticas dentro do fígado, devido ao sucesso no tratamento em longo prazo na prevenção de diabetes. O estudo acompanhou seis pacientes não diabéticos submetidos ao transplante após pancreatectomia de 99% durante um período de 13 anos (6,2 anos média). Entre 290.000 e 678.000 células ilhotas foram transplantadas em cada paciente. Foi demonstrado que o diabetes clínico com leve hiperglicemia de jejum desenvolveu-se em apenas um paciente, justamente o que recebeu menor número de células. Dois dos pacientes apresentaram HbA1c elevada, porém a dosagem declinou para dentro de níveis do controle glicêmico em diabéticos tratados. Entretanto, foi evidenciada uma deterioração aparente na resposta da insulina à presença de glicose. Parece que 500.000 ilhotas devem ser o suficiente para normalizar a tolerância a glicose. Os autores concluem que a função a longo prazo das ilhotas auto-transplantadas para prevenção de diabetes é possível em pacientes submetidos à ressecção de pâncreas devido a pancreatite crônica. Diabetes Clínica 01 (2001) 21 O Diabetes na Imprensa Governo faz campanha contra diabetes 14 de janeiro de 2001 Todos os adultos com mais de 40 anos de idade serão convocados aos postos de saúde de todo o país no dia 6 de março. Eles são o alvo da campanha que o Ministério da Saúde fará para diagnosticar por meio de exame de sangue tirado do dedo, se sofrem ou não de diabetes. O resultado sairá em 20 segundos. Estatísticas do Ministério indicam que 5 milhões de brasileiros têm diabetes. Metade das pessoas não sabem que são portadoras da doença. Entre os que têm conhecimento, 23% não fazem qualquer tipo de tratamento. O Ministério estima que em 2010 o número de diabéticos chegará a 11 milhões de pessoas. O diabetes é a sexta cause de mortes no país com o registro de cerca de 25 mil óbitos por ano. “O diabetes é um grave problema de saúde pública”, afirma o Secretário de Políticas de Saúde, Cláudio Duarte da Fonseca. Em parceria com as secretarias estaduais e municipais, o Ministério quer fazer o diagnóstico precoce da doença e ampliar o atendimento ao paciente na rede pública. “Se o exame for positivo, a pessoa deve marcar consulta no poste de saúde e se inscrever no programa de monitoramento de diabetes”, recomenda Fonseca. Descoberto um dos genes responsáveis pelo diabetes tipo 2 4 de janeiro de 2001 Cientistas da Universidade Livre de Bruxelas acreditam ter descoberto um dos genes responsáveis pelo diabetes tipo 2, que afeta cerca de 100 milhões de pessoas em todo mundo. O SHIP2, nome dado pelos cientistas ao gene, parece agir como um freio na produção de insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue. Sem o gene, os níveis de insulina no organismo podem se elevar sem controle, empurrando os níveis de açúcar no sangue para baixo. Para Stephane Schurmans a descoberta pode estimular pesquisas de drogas que façam o gene SHIP 2 funcionar adequadamente. Assim, a sensibilidade da insulina do paciente poderia ser recomposta fazendo com que seus níveis de açúcar no sangue voltassem ao normal. Além disso, a descoberta pode motivar a criação de testes para diagnosticar a doença precocemente. Normalmente, muitas pessoas só ficam conhecendo sua condição de portadoras de diabetes tipo 2 quando surgem as complicações como cegueira e insuficiência renal. Estudos culpam computadores por falta de apetite sexual e gordura 2 de janeiro de 2000 Dois estudos recentes sugerem que a sociedade moderna foi afetada de forma negativa pelo advento dos computadores. O primeiro estudo revela que homens americanos reclamam que perderam apetite sexual e, muitas vezes, preferem ficar mais tempo à frente do computador do que tendo relações 22 Continuação O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 01 (2001) sexuais. O segundo estudo constatou que crianças estão engordando por ficarem mais tempo à frente da televisão ou dos computadores jogando videogame, ao invés de saírem de casa para brincar ou praticar algum tipo de esporte. O primeiro estudo, feito pela Youth Intelligence a pedido da revista Playboy, entrevistou 750 homens e 250 mulheres em todos os estados dos EUA e revelou ainda que os homens estão gastando menos tempo em outras atividades para se divertir com os aparelhos ‘hi-tech’. Cerca de 75% disseram que estão assistindo menos à televisão e também deixando de ir tanto ao cinema, enquanto 36% dizem que passam cada vez menos tempo fora de casa. Um terço dos respondentes fazem menos esportes, enquanto 80% afirmaram que precisam levar um dos ‘gadgets’ quando viajam em férias. O segundo estudo constatou que o número oficial de crianças obesas na Grã-Bretanha dobrou e a culpa é dos jogos de computador. Pesquisadores do King’s College, em Londres, analisou crianças entre quatro e 11 anos por cerca de 20 anos e notou que o número de meninas com sobrepeso subiu 50%, enquanto o número de meninos dobrou. Entre 1984 e 1994 os pesquisadores pesaram mais de 30 mil crianças. Em 1984 apenas 5% dos meninos e 9,3% das meninas estavam com sobrepeso. Em 1994, no entanto, os números evoluíram para 9% e 13,5%, respectivamente. Pesquisas brasileiras em genética do diabetes 20 de novembro de 2000 Quem acredita que produto nacional é de menor qualidade que o importado, engana-se. Mal a equipe do Departamento de Biologia da USP anunciou ter conseguido obter linhagens de células-tronco embrionárias de camundongos, dois candidatos apareceram para usá-las: o Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, e o Instituto de Biofísica da UFRJ. No primeiro, as células estão viabilizando pesquisas para comprovar a relação de uma mutação genética com a diabetes tipo 1. No segundo, em breve, elas participarão de estudos de sangue artificial. A geneticista Letícia Guida, do Instituto Fernandes Figueira, está alterando geneticamente o gene galanina, presente tanto em camundongos como em humanos no cromossomo 11. Uma mutação neste gene, que os pesquisadores ainda não identificaram, faz com que ele atue no organismo inibindo a liberação de insulina, hormônio que regula a taxa de glicose no sangue. Embora não haja comprovação de que o gene mutante esteja relacionado com a diabetes tipo 1 - caracterizada pela não produção do hormônio -, Letícia acredita que o galanina é forte candidato a ser um dos genes causadores da doença. “Estamos na fase de alterar o gene. A partir do ano que vem vamos introduzir os genes mutantes em camundongos e observar seu comportamento. Se as cobaias se tornarem diabéticas nossa hipóteses está certa”. Esta é apenas uma parte da pesquisa. Letícia também selecionou 20 famílias com histórico de diabetes pelo menos dois casos - para analisá-las geneticamente à procura de mutações no gene galanina. Das 10 já analisadas, 1 já apresentou alterações no gene. “É cedo para afirmar qualquer coisa, mas acho que estamos no caminho certo”. Insulina: inalação substitui injeção 11 de fevereiro de 2001 Em vez de picadas, a insulina inalada pode ser usada, com ação igual a das injeções, no tratamento do diabetes. Absorvida pelos alvéolos pulmonares, ela começa a agir em 15 minutos e seu efeito perdura por até 4 horas. A idéia O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação 23 surgiu há 76 anos na Alemanha. Mas só recentemente a formulação em pó de insulina para inalação, da Inhalc Therapeutics Systems e dos laboratórios Pfizer e Aventis, mostrou eficácia. A forma inalada da insulina permitiria a introdução precoce do hormônio no tratamento de diabéticos que ainda produzem um pouco de insulina orgânica, mas em quantidade insuficiente, o que permitiria melhor controle da doença tipo 2 e reduziria as complicações. No Brasil, conduzem estudos comparando a eficácia da insulina inalada em diabéticos tipo 2 as médicas Cristiani Adão Poço, Adriana Valente e Valéria Costa Bueno, sob chefia do médico Freddy Eliaschewitz, chefe da Endocrinologia do Hospital Heliópolis, do SUS. Diabetes e pressão alta causam declínio mental 12 de janeiro de 2001 Pessoas com diabetes e pressão alta não só tem o risco de morrer mais cedo, como também começar a perder as faculdades mentais na maturidade, e é importante tratar as duas condições o quanto antes, alertaram pesquisadores. Dr. David Knopman, da Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, conduziu um estudo abrangendo mais de 10.000 pessoas com idades entre 47 e 70 anos, nos Estados Unidos. Os pesquisadores aplicaram vários testes para medir função mental, incluindo testes de memória e agilidade mental, contra o relógio. “O que vimos especificamente foi que, na realidade, não só a memória diminui em pessoas com diabetes e hipertensão, mas a velocidade delas em realizar tarefas mentalmente declinou”, disse, acrescentando que a situação se agravava em quem apresentava as duas condições. Knopman disse que as descobertas, relatadas na publicação Neurology, sustentam outros estudos que associam o declínio mental com diabetes. O hábito de fumar, assim como níveis altos de colesterol, não têm relação com o declínio mental. Mas não ficou claro, segundo Knopman, como as duas condições possam causar a perda de uma função cerebral. Calcula-se que de 14 a 15 milhões de norte-americanos têm diabetes tipo 2, que se desenvolve na maturidade e cerca de 50 milhões, a partir de 6 anos de idade, têm pressão sangüínea alta. Uma recente pesquisa mostrou que cerca de 39 por cento dos norte-americanos se consideram acima do peso, mas apenas um terço se considera sob risco de desenvolver diabetes. Na verdade, mais da metade dos norte-americanos é obesa, fator que aumenta muito o risco de diabetes. “Esses resultados são alarmantes porque mostram que os norte-americanos não fazem a ligação entre obesidade e diabetes tipo 2,” afirmou Dr. Steven Heymsfield, diretor do centro de pesquisa sobre obesidade de Nova York, no Hospital St. Lukes-Roosevelt. Hormônio de crescimento - A droga do verão 28 de janeiro de 2001 Em busca de um corpo perfeito e da eterna juventude, homens e mulheres recorrem ao GH – hormônio de crescimento – que pode causar doenças como diabetes e hipertensão. Produzido no corpo pela hipófise, o GH começou a ser usado há cerca de 35 anos, em crianças com problemas de nanismo. Na última década, sua versão sintética, também chamada de hGH, deixou os consultórios médicos, ganhou ar de novidade e conquistou adeptos entre adultos interessados em 24 Continuação O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 01 (2001) seus efeitos estéticos imediatos. Sua aplicação, acompanhada de dieta balanceada e exercícios físicos, provoca a redução da gordura do corpo e aumenta a massa muscular, além de dar uma sensação de bem-estar. Virou o anabolizante do verão nas academias de ginástica de São Paulo, apesar dos prejuízos que pode trazer à saúde. E eles não são poucos: risco de desenvolver diabetes resistente à insulina, acromegalia, inflamação e dores crônicas nas mãos e câncer do fígado, principalmente em pessoas com histórico familiar da doença. “O hGH é a nova moeda corrente do tráfico de ilusão”, critica o especialista em medicina esportiva Victor Matsudo. A maioria dos endocrinologistas procurados pela revista, tais como Fadlo Fraige Filho (Beneficiência Portuguesa) ou Geraldo Medeiros Neto (USP) são opostos ao uso indiscriminado do hormônio: “É uma total imbecilidade jovens tomarem esse hormônio. Essas pessoas estão abrindo caminho para se tornarem diabéticas”, diz Geraldo Medeiros Neto. Mesmo entre os sabidamente deficientes, o uso é considerado arriscado. Há três anos, o Hospital das Clínicas aplica o hGH em um grupo de 20 pessoas, com idade média de 60 anos, que revelam tendência à osteoporose, colesterol alto e diabetes. “Os resultados não foram uniformes. Em média, houve redução de gordura, melhora no colesterol e na sensação de bem-estar”, explica Sami Liberman. Um outro frente de estudo, com obesos, está sendo coordenado pelo endocrinologista Alfredo Halpern, no Hospital das Clínicas. Parte deles tem a chamada gordura perigosa, localizada no abdômen, que predispõe a hipertensão, infartos e derrames, além de diabetes. Halpern acredita que o medicamento pode diminuir essa gordura, mas ainda não concluiu a pesquisa. Anúncio DIATT Cor Filme 1/2 página 14cm x 21 cm Diabetes Clínica 01 (2001) 25 Avanços terapêuticos e tecnológicos Carlo Caravaggi, MD, Diabetes Care 2000;23:1746–1751, dezembro de 2000 Eficácia e segurança de formas de fibra de vidro versus calçados terapêuticos no tratamento de úlceras em pé neuropático Objetivo: Avaliar e comparar a taxa de redução da superfície de ulceras plantares neuropáticos em pacientes diabéticos tratados com formas de fibra de vidro com rigidez diferenciada ou calçados com palmilha rígida e corretivos de descarga. O objetivo secundário era avaliar os efeitos adversos e o grau de aceitação do tratamento pelo paciente. Desenho e métodos: 50 pacientes diabéticos com ulceras plantares neuropáticos foram randomizados para participar de um dos dois grupos. Dentre os 50 pacientes, 24 foram equipados com calçados especiais incluindo palmilha rígida e corretivos de descarga (grupo calçado), e 26 pacientes foram equipados com formas rígidas de fibra de vidro (grupo formas). Todos os pacientes foram avaliados semanalmente no consultório. As suas úlceras foram tratadas com as técnicas padrão. Desenhos das úlceras foram realizados no dia do início do tratamento e 30 dias depois. A presença de novas úlceras causadas pólo uso do equipamento foi notada. A aceitação do tratamento pelo paciente foi medida usando uma escala visual analógica. Resultados: No fim do tratamento, um aumento de 8,3% da superfície da úlcera foi observado em 2 pacientes do grupo calçados, enquanto que no grupo formas, nenhum paciente apresentou um aumento. A diminuição da superfície da úlcera foi estatisticamente mais rápida no grupo formas (teste de Mann-Whitney, P = 0,0004). O numero de úlceras completamente cicatrizadas no fim do período de 30 dias era 13 (50%) no grupo formas e 5 (20,8%) no grupo calçados (P = 0,03). Nos dois grupos, nenhum efeito adverso foi observado. O resultado médio ± DS de aceitação pelo paciente foi 91,15 ± 9,9 no grupo calçados e 88,33 ± 17,3 (NS) no grupo formas. Conclusões: Nosso estudo mostrou uma diferença significativa na velocidade de redução de úlceras plantares neuropáticas tratadas com forma de fibra de vidro, em comparação com calçado sob medida. O uso da fibra de vidro com rigidez variável mostrou também dois resultados importantes: eliminação dos efeitos adversos, incluídas as úlceras causadas pela forma, e alto nível de aceitação. Os dados comprovam que o uso de formas feitas de bandagens de fibra de vidro com rigidez variável é um tratamento adequado para úlceras plantares neuropáticas. 26 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2001) S. Gentile et al, Diabetes, Obesity & Metabolism 2000;2(6):355-362, dezembro de 2000 Estudo de eficácia comparativa de atorvastatina vs. sinvastatina, pravastatina, lovastatina e placebo em pacientes diabéticos tipo 2 com hipercolesterolemia Embora exista pouca informação sobre estudos de prevenção primária ou secundária com agentes anticolesterol em pacientes diabéticos, a diminuição do colesterol elevado é altamente recomendada nesse grupo. A American Diabetes Association (ADA) recomenda terapia em pacientes diabéticos se o LDL-colesterol é > 130 mg/dl, ou > 100 mg/dl em pacientes portadores de macroangiopatia, após tratamento dietético. Quando o tratamento anticolesterol é indicado, a escolha do remédio deve considerar as outras anormalidades lipidicas e a necessidade de manter o controle glicêmico ótimo. Nesse estudo, comparamos a eficácia e a segurança do inibidor da HMG-CoA redutase atorvastatina, na dose de 10mg/dia com sinvastatina, lovastatina e pravastatina nas doses de 10, 20 e 20 mg/dia, respectivamente, e placebo, em pacientes diabéticos tipo 2 com aumento moderado do LDL-C com ou sem aumento dos triglicerídeos. Todos os agentes são inibidores enzimáticos efetivos para a diminuição do LDL-C em seres humanos. A eficácia foi medida pela média das percentagens de diminuições em concentrações de LDL-C plasmático, colesterol total, triglicerídeos, HDL-C a partir da linha base até o fim do tratamento (24 semanas). Atorvastatina na dose de 10 mg/dia produz: 1) diminuição significativa do LDL-C (- 37%) em comparação com doses equivalentes de sinvastatina (- 26%), pravastatina (- 23%), lovastatina (- 21%), e placebo (- 1%); 2) aumento do HDL-C (7,4%) igual ou melhor do que os obtidos por sinvastatina (7,1%), pravastatina (3,2%), lovastatina (7,21%), e placebo (- 0,5%); 3) redução significativa do colesterol total (- 29%) maior do que o resultado obtido por sinvastatina (- 21%), pravastatina (- 16%), lovastatina (- 18%), e placebo (1%); e 4) diminuição significativamente maior dos triglicerídeos em comparação com outros remédios e placebo. Em todos os grupos de tratamento não foi observada variação significativa da concentração do fibrinogênio. Todos os inibidores de redutase estudados apresentam os mesmos níveis de tolerância. Não foram observados aumentos persistentes de aminotransferases plasmáticas ou miosite. Hundal RS et al, Diabetes 2000;49(12):2063-9, dezembro de 2000 Mecanismo da diminuição da produção de glicose pela metformina em diabetes tipo 2 Para examinar o mecanismo pelo qual a metformina abaixa a produção endogênica de glicose em pacientes diabéticos tipo 2, estudamos 7 indivíduos diabéticos tipo 2, com hiperglicemia de jejum (15,5 ± 1,3 mmol/l), antes e depois três meses de tratamento com metformina. Sete indivíduos saudáveis, e comparáveis para sexo, idade e IMC foram empregados como controle. As taxas de glicogênese hepática, estimada pela ressonância magnética nuclear 13C, foram combinadas com as estimações das contribuições à produção de glicose provenientes da gliconeogênese e da glicogenólise, medidas pela labelização da glicose sanguínea por 2H a partir de 2H2O ingerido. A taxa de produção de glicose foi duas vezes mais elevada nos pacientes diabéticos do que em controles (0,70 ± 0.,5 vs. 0,6 ± 0,03 mmol/m2/min, P < 0,0001). Metformina diminuiu essa taxa em 24% (para 0,53 ± 0,03 mmol/m2/min, P = 0,0009) e a glicose plasmática de jejum em 30% (para 10,8 ± 0,9 mmol/l, P = 0,0002). A taxa da gliconeogênese era três vezes mais elevada em indivíduos Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2001) 27 Continuação diabéticos do que em controles (0,59 ± 0,03 vs. 0,18 ± 0,03 mmol/m2/min) e a metformina diminuiu essa taxa em 36% (para 0,38 ± 0,03 mmol/m2/min, P = 0,01). O método 2H2O mostra um aumento de duas vezes das taxas de gliconeogênese em pacientes diabéticos (0,42 ± 0,04 mmol/m2/min, e uma diminuição em 33% após tratamento com metformina (0,28 ± 0,03 mmol/m2/ min, P = 0,0002). Não há ciclo do glicogênio em indivíduos controle, mas em portadores de diabetes o ciclo do glicogênio contribui para 25% da produção de glicose e explica as diferenças entre os dois métodos empregados. Em conclusão, os pacientes portadores de diabetes tipo 2 pouco controlado apresentam taxas elevadas de produção de glicose endogênica, que podem ser atribuídas às taxas elevadas de gliconeogênese. A metformina diminui a taxa de produção de glicose em esses pacientes pela redução da gliconeogênese. Herlitz J et al, J Diabetes Complications 2000;14(6):314-321, dezembro de 2000 Impacto do histórico diabético sobre a melhoria dos sintomas e da qualidade de vida durante 5 anos após desvio arterial coronariano O objetivo do estudo é observar o impacto do histórico de diabetes mellitus sobre a melhoria dos sintomas e vários aspectos da qualidade de vida (QoL) durante 5 anos após desvio arterial coronariano (CABG). Os pacientes que foram submetidos a CABG entre 1988 e 1991 na Suécia responderam a um questionário antes a cirurgia e 5 anos depois. QoL foi estimada por três índices: Physical Activity Score (PAS), Nottingham Health Profile (NHP) e Psychological General Well-Being (PGWB). 876 pacientes participaram na avaliação, dos quais 87 (10%) tinham um histórico de diabetes. Sintomas de dispnéia e dor no peito aumentaram em pacientes diabéticos e não diabéticos. Os pacientes diabéticos apresentaram escores piores do que os não diabéticos antes e 5 anos depois a CABG, mas sem diferença significativa na melhoria entre os dois grupos segundos os dados dos índices de QoL. O PAS melhora um pouco mais em não diabéticos do que em diabéticos, enquanto que a melhoria em NPH e PGWB foi similar independentemente do histórico de diabetes. Os pacientes diabéticos têm escores de QoL inferiores antes e 5 anos depois CABG. Pacientes diabéticos e não diabéticos melhoram em sintomas e QoL após a operação. Em alguns aspectos, a melhoria é menos significativa em pacientes diabéticos mas a melhoria total é similar em comparação com não-diabéticos. Carl Erik Mogensen et al, BMJ 2000;321:1440-1444, dezembro de 2000 Estudo controlado randomizado do bloqueio do sistema reninaangiotensina em pacientes portadores de hipertensão, microalbuminúria e diabetes tipo 2: o estudo candesartan e lisinopril microalbuminúria (CALM) Objetivos: Avaliar e comparar os efeitos de candesartan ou lisinopril, ou ambos, sobre a pressão sanguínea e a excreção de albumina urinária em pacientes com microalbuminúria, hipertensão e diabetes tipo 2. Desenho e métodos: Estudo duplo-cego, randomizado, com grupo paralelo, período de 4 semanas de placebo, monoterapia 12 semanas com candesartan (916 mg uma vez ao dia) ou lisinopril (20 mg uma vez ao dia), seguida de 12 semanas de monoterapia ou tratamento conjugado. Foram envolvidos 199 28 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação pacientes com idade entre 30 e 75 anos em 37 centros de 4 países. As principais medições foram pressão sanguínea e ratio albumina/creatinina urinário. Resultados: A diminuição media da pressão sanguínea diastólica em 12 semanas (IC 95%) foi 9,5 mm Hg (7,7 mm Hg para 11,2 mm Hg, P < 0,001) e 9,7 mm Hg (7,9 mm Hg para 11,5 mm Hg, P < 0,001), respectivamente, e a diminuição do ratio albumina/creatinina foi 30% (15% to 42%, P < 0,001) e 46% (35% para 56%, P < 0,001) para candesartan e lisinopril, respectivamente. Em 24 semanas, a diminuição média da pressão sanguínea diastólica com o tratamento combinado (16,3 mm Hg, 13,6 mm Hg para 18,9 mm Hg, P < 0,001) estava significativamente maior do que com candesartan (10,4 mm Hg, 7,7 mm Hg para 13,1 mm Hg, P < 0.,01) ou lisinopril (média 10,7 mm Hg, 8,0 mm Hg para 13,5 mm Hg, P < 0,001). A diminuição do ratio albumina/creatinina urinário com o tratamento conjugado (50%, 36% para 61%, P < 0,001) foi maior do que com candesartan (24%, 0% para 43%, P = 0,05) e lisinopril (39%, 20% para 54%, P < 0,001). Todos os tratamentos foram bem tolerados. Conclusão: Candesartan 16 mg uma vez ao dia é tão eficaz com lisinopril 20 mg uma vez ao dia para diminuir a pressão sanguínea e a microalbuminúria em pacientes hipertensos portadores de diabetes tipo 2. O tratamento conjugado é bem tolerado e mais eficaz para reduzir a pressão sanguínea. Michael B Kastan, Nature Cell Biology. 2000;12:893-898, dezembro de 2000 O gene da ataxia-telangiectasia é associado à função insulínica Pesquisadores descobriram que ATM, o gene da doença rara ataxia-telangiectasia (AT), tem uma função potencial importante para a sinalização da insulina nas células. Esses achados poderiam esclarecer problemas fisiológicos de pacientes portadores de AT, e poderiam também explicar como a insulina funciona. A proteína ATM é conhecida para ser envolvida nas respostas celulares à terapia por radiação. A próxima etapa, segundo os pesquisadores, será caracterizar quais são as células dependentes de ATM para as respostas à insulina e determinar o seu impacto sobre os processos fisiológicos, tais como o metabolismo da glicose, a formação dos vasos sanguíneos, o crescimento celular, o crescimento corporal e o metabolismo da célula adiposa. AT é uma doença genética rara, caracterizada por incidência elevada de cânceres, hipersensibilidade à radiação e alguns tratamentos quimioterapêuticos, e uma degeneração neurológica progressiva. Essa nova função da ATM pode ajudar os pesquisadores a explicar outros problemas dos pacientes portadores de AT, incluídas complicações metabólicas. Giancarlo Tonolo et al, Eur J Clin Invest 2000;30:980-987, novembro de 2000 As estatinas podem ter um efeito direito sobre a regulação da pressão sanguínea Em pacientes diabéticos tipo 2 hipertensos, o tratamento com sinvastatina diminui a pressão sanguínea e a taxa de excreção de albumina urinária (AER) independentemente da melhoria do nível dos lipídios. Os pesquisadores observaram, de acordo com vários estudos anteriores, que os benefícios das estatinas, também conhecidas como inibidores da atividade da enzima HMGCoA redutase, não podem ser explicados somente pelo efeito sobre o LDLcolesterol. Uma hipótese seria que as estatinas podem restaurar a produção de oxide nítrico dependente do endotélio, agindo independentemente da di- Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2001) 29 Continuação minuição do LDL-colesterol. Para controlar a hipótese, os pesquisadores mediram a pressão sanguínea e a taxa de excreção de albumina urinária durante o tratamento com sinvastatina e colestiramina em 26 pacientes portadores de diabetes tipo 2, hipertensão e microalbuminúria. Embora que ambos os remédios diminuem os níveis de colesterol, só a sinvastatina reduziu significativamente a pressão sanguínea diastólica e os AER urinários. Sinvastatina foi também associada à redução significativa do glicosaminoglicano urinário total e a diminuição do complexo protéico condroitinossulfato, tão como ao aumento significativo dos nitritos/nitratos no soro total. Os resultados sugerem que a sinvastatina ativa a produção de oxide nítrico, resultando em uma diminuição da pressão sanguínea diastólica e AER. Vandermolen DT et al, Fertil Steril 2001;75:310-315, fevereiro de 2001 Metformina e clomifeno induzem ovulação em mulheres com síndrome de ovários policísticos Em mulheres com síndrome de ovários policísticos resistentes ao tratamento com citrato de clomifeno, o acréscimo de metformina aumenta a resposta ovulatória. O estudo multicêntrico, liderado por Dr. avaliou 27 mulheres não-diabéticas com síndrome de ovário policístico e anovulatórias a despeito de curso de cinco dias de clomifeno. Doze mulheres foram aleatoriamente alocadas para receber metformina 500mg três vezes ao dia, enquanto que 15 receberam placebo. O índice de massa corporal médio foi de 37,6 kg/ m2 e de 38,4 kg/m2 nos dois grupos, respectivamente. Depois de sete semanas, as 25 pacientes anovulatórias receberam 50mg diárias de clomifeno por cinco dias. Se necessário, o clomifeno foi repetido por até seis ciclos ovulatórios, com aumento de 50mg/dia por ciclo até 150mg/dia. A ovulação ocorreu em 75% das mulheres com metformina e 27% das mulheres com placebo, enquanto os índices de gravidez foram de 55% e de 7%, respectivamente. As mulheres sob tratamento com metformina apresentaram índices de concepção compatíveis com a fecundidade de ciclos normais, o que sugere que o tratamento não apresente efeitos adversos nos eventos reprodutivos pós-ovulatórios. Os autores observam que o tratamento com metformina e clomifeno é menos caro e mais seguro do que a ovulação induzida por gonadotropinas ou fertilização in vitro. Sten Madshad et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Melhor controle glicêmico com repaglinida comparada com glipizida em diabetes tipo 2 A eficácia a longo prazo e a segurança do regulador da glicose prandial repaglinida foram comparadas com a sulfoniluréia glipizida em um estudo multicêntrico de 1 ano, duplo-cego com grupo paralelo. Pacientes diabéticos tipo 2 diabetes (n = 256; idade 40-75 anos, IMC 20-35 kg/m2, HbA1c 4,2% 12,8%), sem sintomas de complicações severas micro ou macrovasculares, foram randomizados para receber repaglinida, 1-4 mg durante as refeições, ou glipizida, 5-15 mg/dia. Mudanças da glicose plasmática de jejum e HbA1c durante os 12 meses de tratamento mostraram uma diferença significativa em favor da repaglinida. Nos grupos repaglinida e glipizida, HbA1c diminuiu de 1,5% e 0,3% respectivamente, enquanto que a glicose plasmática de jejum diminuiu de 2,4 mmol/l no grupo repaglinida e 1,0 mmol/l no grupo glipizida. 30 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação Na população do estudo, as mudanças da HbA1c após 12 meses foram significativamente melhores com repaglinida. Repaglinida mantém o controle glicêmico (ao nível HbA1c), enquanto que o controle deteriorou significativamente com glipizida. A mais, a glicose plasmática de jejum deteriorou significativamente no grupo glipizida em comparação com o grupo repaglinida. O peso corporal diminuiu (não significativamente) no grupo repaglinida. Nenhum paciente em ambos os grupos experimentou um evento hipoglicêmico significativo. Em conclusão, repaglinida é eficaz e seguro para o tratamento do diabetes tipo 2, e é superior à glipizida para o controle dos níveis de HbA1c e da glicose plasmática de jejum. A ausência de ganho de peso e a baixa incidência de eventos hipoglicêmicos com repaglinida são também fatos positivos. Yoshinori Miyazaki et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Efeito da pioglitazona sobre o metabolismo da glicose em pacientes diabéticos tipo 2 tratados com sulfoniluréias Esse estudo foi desenhado para observar os mecanismos pelos quais a pioglitazona melhora o metabolismo da glicose em pacientes portadores de diabetes tipo 2. 23 pacientes diabéticos tipo 2 (idade = 54 ± 2 anos; IMC = 29,3 ± 0,8 kg/m2), tratados com dose estável de sulfoniluréia, foram randomizados para receber placebo ( n = 11) ou pioglitazona 45 mg/dia (n = 12) durante 4 meses. Antes e após a meses, os indivíduos realizaram um teste de tolerância à glicose 75 g via oral (OGTT) e um clamp euglicêmico (taxas de infusão de insulina: 40 e 160 um/m2.min) com 3 horas de glicose e medição da calorimetria indireta. Após 4 meses de tratamento com pioglitazona, a glicose plasmática de jejum FPG (184 ± 15 para 135 ± 11 mg/dl, P < 0,01), o pico de glicose médio durante OGTT (293 ± 12 para 225 ± 14 mg/dl, P < 0,05), e HbA1c (8,9 ± 0,3 para 7,2 ± 0,5%, p < 0,01) diminuíram significativamente sem mudanças nas concentrações de C-peptídeo ou de insulina de jejum ou estimulada por glicose. FFA plasmática de jejum (0,65 ± 0,04 para 0,49 ± 0,05 mEq/l, P < 0,01) e a concentração media de FFA durante OGTT (0,48 ± 0,03 para 0,35 ± 0,03 mEq/l, P < 0,01) diminuíram significativamente após pioglitazona. Antes e após pioglitazona, a produção de glicose hepática (HGP) e a glicose plasmática de jejum (FGP) eram fortemente relacionadas (r = 0,67, p < 0,01). Durante a primeira etapa do clamp insulínico (1a HGP), a supressão do HGP era significativamente maior após pioglitazona (17,6 ± 4,2 para 12,6 ± 3,7 mg/m2.min, p < 0,05). A glicose total durante a 2a etapa do clamp (2a TGD) aumentou de 222 ± 30 to 299 ± 28 mg/m2×min (P < 0,01) após pioglitazona. Nenhuma mudança importante em glicose plasmática de jejum ou pós-OGTT/FFA/insulina/C-peptídeo, HGP ou TGD foi observada no grupo placebo. Em conclusão, a pioglitazona em pacientes diabéticos tipo 2 tratados por sulfoniluréias melhora o controle glicêmico pelo aumento da sensibilidade à insulina no fígado e no tecido periférico (músculo), apesar de um aumento do peso corporal (4,3 ± 1,4 kg, P < 0,05). Diabetes Clínica 01 (2001) 31 Produtos e novidades La Pastina: Pêssego Grego Diet Especialista da importação de produtos alimentares de qualidade, La Pastina amplia a sua linha de produtos com o lançamento de uma fruta dirigida ao consumidor portador de diabetes, o Pêssego Grego Diet. A empresa importa o tradicional pêssego grego desde o início da década de 90 e desenvolveu pouco tempo depois a versão Light da conserva, diminuindo a teor de açúcar. Agora existe uma nova opção o Pêssego Diet que, além de saudável, é indicada para portadores de diabetes. O Pêssego Diet, que contém 5,5 g de carboidratos (naturais da fruta)/100 g ao invés de 16g/100g na versão normal, passou pelos testes do Ministério da Saúde e recebeu o aval da ANAD (Associação Nacional de Assistência ao Diabético). Vivalev Diatt: Adoçante dietético culinário Docigual Docigual de Diatt é o primeiro adoçante dietético culinário líquido no Brasil, para o preparo de alimentos de forno e fogão. Os pratos criados com Docigual possuem volume e sabor iguais aos dos doces feitos com açúcar. A Vivalev Diatt está lançando este ano vários produtos dirigidos aos portadores de diabetes: o Bolottone Light (Frutas ou Maçã com canela) é produzido sem adição de açúcar e sal. Tem redução de 82% de gordura e 33% de calorias. É acrescido de nutrientes como fibras, vitaminas e sais minerais. Bolottone contêm ainda Ômega 3, ácido graxo não produzido no organismo que age reduzindo o colesterol LDL no sangue. Outro novo produto é o Pão de Mel Diatt em duas versões: com cobertura ao leite e com cobertura branca (sem adição de açúcar). Enfim a Vivalev completa a sua linha de adoçantes com Frutose Light, usado como adoçante de sucos, cafés e bebidas (redução de 38% de calorias e 38% de carboidratos), e Lev Stévia Diatt, multiadoçante para ser consumido diariamente (ciclamato, sacarina e stévia). 32 Continuação Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 01 (2001) Freestyle de Therasense: a menor amostra de sangue e resultados em 15 segundos Freestyle é o primeiro produto da empresa Therasense (Califórnia, EUA), inaugurada em 1996. É um medidor de glicose, composto de uma lanceta original, usando uma amostra de sangue do antebraço e não do dedo, o que é menos doloroso. A amostra é uma das menor do mercado, porque Freestyle precisa de somente de 0,3 microlitro de sangue. O resultado aparece na tela de freestyle em 15 segundos. 1 2 3 1 – Insere a tira, ligando automaticamente o Freestyle. 2 – Usa a lancete especial para tirar uma gota de sangue da pele do antebraço. 3 – Toca a gota de sangue com a tira até ouvir o bip do sistema. Mais informações: www.therasense.com NC-stat de Neurometrix: novo biosensor para avaliar a neuropatia no território do nervo mediano A empresa Neurometrix (Massachusetts, EUA), fundada em 1996, é especialista no desenvolvimento de tecnologias para estudar e avaliar as doenças neuro-musculares. O NC-stat, recentemente comercializado, é um sistema que integra um biosensor flexível, de fácil instalação, permitindo medir em alguns minutos a condução nervosa no nervo mediano. Essas medições são importantes para estudar o desenvolvimento de uma neuropatia, síndrome do túnel do carpo e ferimentos de estresse. O biosensor é instalado no punho do paciente e conectado ao monitor, onde os resultados aparecem em 4 minutos. O sistema mede a latência motor distal (intervalo entre o estímulo e a ação muscular nos músculos de eminência tênar) e outros parâmetros. Mais informações: www.neurometrix.com Diabetes Clínica 01 (2001) 33 Resumos de trabalhos e congressos Leopoldo Piegas, Álvaro Avezum, Klas Malmberg, Hertzel Gerstein, Joanne Brown, Feng Zhao, James Calvin, Andrzej Budaj, Matyas Keltai, Salim Yusuf, Centro coordenador brasileiro de estudos clínicos em cardiologia & OASIS Registry Coordinating Centre, São Paulo, SP e Hamilton, Canadá, LV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 Impacto do diabetes mellitus no prognóstico da angina instável e infarto do miocárdio sem supradesnivelamento de ST: resultados do registro OASIS Introdução: Pacientes com diabetes mellitus (DM) apresentam reconhecidamente morbidade e mortalidade mais elevadas do que pacientes não-DM após um infarto agudo do miocárdio (IAM). Objetivo e métodos: Os tratamentos utilizados e o prognóstico durante um seguimento de 2 anos de pacientes com e sem DM, hospitalizados com angina instável e IAM sem supradesnivelamento de ST, foram coletados prospectivamente em 6 diferentes países participantes do registro OASIS. Resultados: Foram analisados os dados de 8013 pacientes. Destes, 1718 (21%) apresentavam DM, variando a prevalência de 16% a 31% entre os países participantes. Durante a fase hospitalar, os pacientes com e sem DM apresentaram taxas similares de cinecoronarografia e ATC, sendo que uma maior proporção de pacientes com DM foram submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (11% vs. 9%; p < 0,05). Durante os dois anos de seguimento, as taxas de intervenção não diferiram, e a presença de DM foi um marcador independente de maior mortalidade após ajuste para as diferentes características basais [risco relativo (RR) 1,57; 95% IC 1,38 – 1,81; p < 0,001)] e para novo infarto (RR = 1,34; 1,14 – 1. 57; p < 0,001), novo episódio de insuficiência cardíaca (RR = 1,41; 1,24 – 1.60; p < 0,001) e acidente vascular cerebral (RR = 1,45; 1,09 – 1, 92; p < 0,01). Conclusão: SCA sem supradesnivelamento de ST são comuns em DM e sua presença é marcador prognóstico desfavorável e independente a longo prazo. Hospitalização por SCA sem supradesnivelamento de ST reflete doença crônica contínua subjacente, mais avançada e progressiva em pacientes com DM. Novas estratégias de tratamento a longo prazo são urgentemente necessárias para este grupo de alto risco. Antônio J Néri-Souza, Gilson L Godinho, Nilson B. Ramos, Rogério Santos-Jesus, Álvaro Rabelo, Fundação Bahiana de Cardiologia UCCVHUPES-UFBA, Salvador, BA, LV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 Stents em diabéticos. Diferente dos não-diabéticos ? Objetivo: Identificar diferenças entre os pacientes submetidos a implante de stents, estratificando para a variável diabetes mellitus. Fundamentos: Portadores de diabetes mellitus estão sob risco aumentado de mortalidade cardiovascular. Diabéticos tratados por angioplastia têm sucesso semelhante, porém maior número de complicações. Delineamento: Estudo de corte transversal. Material e métodos: 331 pacientes foram submetidos a implante de stents no período de 10/95 a 01/2000, sendo 78 (23,6%) diabéticos (DM) e 253 (76,4%) não diabéticos (NDM). Foram tratadas 83 lesões nos DN e 280 nos NDM. Utilizou-se o teste de Qui-quadrado ou teste exato de Fisher bi-caudal; considerando p < 0,05 estatisticamente significante. 34 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação Resultados: Lesões restenóticas Hipertensão Sexo feminino Idade 65 anos Disfunção VE mod/sev Multiarteriais Angina estável Angina instável IAM Lesões B2 + C Sucesso do procedimento Sucesso clínico Complicações maiores DM NDM p 12 (15,4%) 62 (79,3%) 38 (48,7%) 28 (55,9%) 20 (26,0%) 43 (45,1%) 31 (39,7%) 34 (43,6%) 13 (16,7%) 62 (72,9%) 76 (97,4%) 69 (88,5%) 9 (11,5%) 10 (4,0%) 154 (60,9%) 79 (31,2%) 93 (36,8%) 61 (24,4%) 107 (42,3%) 56 (22,2%) 82 (32,5%) 56 (22,2%) 198 (70,7%) 251 (99,2%) 246 (97,2%) 7 (2,8%) < 0,002 < 0,004 < 0,008 NS NS < 0,06 NS NS NS NS NS < 0,005 < 0,005 Conclusões: Lesões restenóticas, hipertensão e sexo feminino foram significativamente mais freqüentes nos DM. Além disso, DM obtiveram menor sucesso clínico e maior percentual de complicações maiores com diferença estatisticamente significante. Lise Tarnow et al, Diabetes Care 2000;23:1725–1730, dezembro de 2000 Efeito protetor do rim a longo prazo da nisoldipina e lisinopril em pacientes diabéticos tipo 1 portadores de nefropatia diabética Objetivo: Comparar os efeitos a longo prazo sobre a função renal de um antagonista do cálcio (nisoldipina) vs. inibidor de ACE (lisinopril) em pacientes diabéticos tipo 1 hipertensos com nefropatia diabética. Desenho e métodos: Estudo prospectivo de 4 anos, randomizado, controlado, duplo-cego, comparando nisoldipina (20-40 mg uma vez ao dia) com lisinopril (10-20 mg uma vez ao dia). O estudo era duplo cego o primeiro ano. O estudo incluiu 51 pacientes diabéticos hipertensos tipo 1 com nefropatia diabética. Três pacientes desistiram durante o primeiro mês. Os resultados de 48 pacientes são apresentados. Resultados: Na linha base, os dois grupos são comparáveis: taxa de filtração glomerular (GFR) era 85 ± 5 e 85 ± 6 ml · min–1 · [1,73 m]–2; a pressão sanguínea média ambulatória de 24 horas era 108 ± 3 e 105 ± 2 mmHg, e a albuminúria era 1,554 mg/24 h (95% CI 980–2,465) e 1,033 mg/24 h (760–1,406), nos grupos lisinopril e nisoldipina, respectivamente. A pressão arterial média de 24 horas durante o estudo não foi significativamente diferente entre os grupos lisinopril e nisoldipina (100 ± 2 e 103 ± 1 mmHg, respectivamente). As variações das taxas de albuminúria foram diferentes entre os grupos (P < 0,001). O início do tratamento com lisinopril resultou em diminuição da albuminúria de 52% (95% IC 14–73), e a albuminúria não mudou no grupo nisoldipina durante o estudo. A GFR diminuiu de maneira bifásica com redução inicial (0-6 meses) de 1,3 ± 0,3 ml · min–1 · mes–1 no grupo lisinopril, comparado com 0,2 ± 0,4 ml · min–1 · mes–1 no grupo nisoldipina (P < 0,01). A diminuição posterior (6-48 meses ou até o fim do tratamento) foi idêntica nos dois grupos: 0,5 ± 0,1 ml · min–1 · mes–1 (NS). Dois pacientes do grupo lisinopril e três do grupo nisoldipina começaram uma terapia para estagio de funcionamento renal terminal. Conclusões: O tratamento a longo prazo com lisinopril ou nisoldipina tem efeitos similares sobre a progressão da nefropatia diabética em pacientes hipertensos diabéticos tipo 1. 36 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) Nelia Bueno, Bárbara Fletcher, Gerald Fletcher, Salvador Serra, Pedro di marco da Cruz, Deborah Kelly, Luísa Meirelles, Elizabeth Atkinson, Leigh Ann Tabor, Iran Castro, Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul FUC, Porto Alegre, RS, LV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 Comparação entre o nível de desconhecimento dos fatores de risco coronariano e os hábitos de vida de indivíduos com história familiar de doença arterial coronariana no sudeste do Brasil e dos Estados Unidos Introdução: Existe maior prevalência de fatores de risco coronariano (FRC) em regiões economicamente menos desenvolvidas comparadas às mais desenvolvidas. A redução de mortalidade cardiovascular dos países desenvolvidos foi obtida principalmente às custas de prevenção primária. Objetivo: Comparar o nível de desconhecimento das FRC e os hábitos de vida dos filhos de indivíduos com DAC. Métodos: Os pacientes completaram questionários (Q) e listaram os filhos. Q sobre FRC e hábitos de vida foram enviados aos filhos (n = 166). O teste t de Student foi utilizado para análise das variáveis contínuas e o Quiquadrado para as variáveis categóricas. Resultados: Idade [BR (31 ± 7,89); EUA (38,61 ± 7,090) p < 0,001]; sexo masculino [BR = 41 (40,19%); EUA 36 (56,24%) p = 0,78]; Nível de desconhecimento: colesterol [BR (53,7%); EUA (31,7%) p = 0,01]; glicose [BR (51%); EUA (76,1%) p = 0,03]; PAS [BR (32,6%); EUA (20,6%) p = 0,15]; PAD [BR (31,8%); EUA (22,2%) p = 0,98]; tabagismo [BR (29,4%); EUA (7,8%) p = 0,002]; fisicamente ativos [BR (23,7%); EUA (50%) p = 0,001]; Dieta: pouco gordura [BR (30,6%); EUA (59,3%) p = 0,01]; Alterações no estilo de vida: relacionada a DAC [BR (48%); EUA (30,9%) p < 0,01]. Conclusão: Conclui-se que o nível de desconhecimento em relação ao colesterol e glicose nos filhos de indivíduos com DAC difere no sudeste do Brasil e do Estados Unidos. Não houve diferença em relação à pressão arterial. Diferem, também, os hábitos alimentares, tabagismo, sedentarismo e alterações no estilo de vida. Estas diferenças, provavelmente, refletem fatores geográficos, sociais e/ou econômicos. Michael D. Brown, Diabetes Care 2000;23:1731–1736, dezembro de 2000 Sensibilidade à insulina em mulheres menopausadas Objetivo: Os efeitos da atividade física combinada com terapia de reposição hormonal (TRH) sobre a sensibilidade à insulina em mulheres menopausadas não são bem conhecidos. O objetivo do estudo era testar as seguintes hipóteses: 1) As mulheres menopausadas bem treinadas apresentam sensibilidade à insulina maior do que as mulheres menopausadas simplesmente ativas ou sedentárias, e 2) as mulheres usando TRH são mais sensíveis à insulina do que as mulheres que não usam TRH. Também procuramos descobrir se a composição corporal ou o exercício cardiovascular eram marcadores da sensibilidade à insulina nessas mulheres. Desenho e métodos: Três grupos de mulheres classificadas em sedentárias (n = 18), fisicamente ativas (n = 19), e atletas (n = 23) efetuaram testes de tolerância à glicose endovenosa para avaliar o índice de sensibilidade à insulina (Si) e absorciometria para determinar a composição corporal. Resultados: Existe uma associação significativa entre ambos atividade física (P = 0,036) e TRH (P = 0,007) e os níveis plasmáticos de insulina de jejum. As mulheres menopausadas atléticas apresentaram os níveis de insulina plasmática os mais baixos e o Si o mais elevado. Qualquer seja o nível de atividade física, as mulheres menopausadas usando TRH (n = 29), apresentaram taxas de insulina plasmática de jejum significativamente mais baixas e um Si menor que Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação 37 mulheres não usuárias de TRH (n = 31). TRH foi significativamente associada (P = 0,025) com a tolerância à glicose endovenosa (KG); mulheres não usuárias de TRH apresentaram KG maior do que mulheres usando TRH (0,83 ± 0,08 vs. 0,60 ± 0,05% por minuto). A percentagem de gordura corporal (r = – 0,37, P = 0,004) e Vo2max (r = 0,35, P = 0,007) foram marcadores similares de SI. Conclusões: Enquanto que TRH seja associada à diminuição de Si, o treinamento físico é associado à melhora de Si. As mulheres menopausadas usando TRH podem beneficiar de níveis menores de insulina plasmática mas apresentam também uma menor Si. Suzanne E. Geerlings, Diabetes Care 2000;23:1737–1741, dezembro de 2000 Fatores de risco de infecção do trato urinário em mulheres diabéticas Objetivo: Mulheres portadoras de diabetes têm infecções do trato urinário (ITUs) mais freqüentes que as mulheres não-diabéticas. O objetivo desse estudo multicêntrico foi avaliar as características clínicas associadas ao desenvolvimento de UTI sintomática durante um período de acompanhamento de 18 meses. Desenho e métodos: Pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou 2, com idade entre 18 e 75 anos, foram incluídas no estudo. Os resultados de acompanhamento foram disponíveis para 589 das 636 mulheres incluídas no estudo. Todas as pacientes foram entrevistadas sobre histórico medical e pelo menos uma cultura de urina não-contaminada foi coletada no momento da entrada no estudo. Resultados: 115 (20%) das 589 mulheres desenvolveram uma UTI sintomática, e 96 (83%) receberam um tratamento antibiótico. 34 mulheres (14%) portadores de diabetes tipo 1 desenvolveram uma UTI. O fator de risco o mais importante para essas mulheres foi relações sexuais durante a semana antes de entrar no estudo (44% sem vs. 53% com relação sexual, risco relativo [RR] = 3,0, P = 0,01). 81 mulheres (23%) portadores de diabetes tipo 2 desenvolveram uma UTI. O fator de risco o mais importante para essas mulheres era a presença de uma bacteriúria assintomática na entrada no estudo (25% sem vs. 42% com bacteriúria, RR = 1,65, P = 0,04). Conclusões: Os fatores de risco para desenvolvimento de UTI são a presença de bacteriúria assintomática em mulheres diabéticas tipo 2 e as relações sexuais durante a semana anterior ao estudo em mulheres diabéticas tipo 1. Theodora S. Temelkova-Kurktschiev, Diabetes Care 2000;23:1830–1834, dezembro de 2000 Glicose plasmática pós-carga e picos glicêmicos são mais associados com aterosclerose do que glicose de jejum e nível de HbA1c Objetivo: Observar a relação da glicose plasmática de jejum (FGP), a glicose plasmática pós-carga (PG) (30, 60, 90, e 120 min. durante um teste de tolerância à glicose oral [OGTT], bem como a PG máxima durante o OGTT, os picos de glicose pós-carga (PGS), a glicose abaixo da curva de OGTT), e HbA1c com a espessura da intima-media (IMT) como marcador da aterosclerose. Desenho e métodos: OGTT, medição com ultra-som da IMT carotídea, fatores de risco de aterosclerose, histórico familiar de diabetes, obesidade e/ou hiperlipoproteinemia, mais sem diabetes conhecido, foram analisados em 582 indivíduos de 40-70 anos de idade e apresentando risco de diabetes tipo 2. 38 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação Resultados: Em uma análise univariável, todos os parâmetros glicêmicos analisados foram significativamente correlatos à IMT. A glicose plasmática pós-carga mostrou o odds ratio (OR) o mais elevado de 1,88 (1,34–2,63) em relação à IMT anormal. Todos as variáveis PG, exceto a glicose 30 min no OGTT, mostraram um OR significativo, enquanto que o OR para HbA1c e FPG não era significativo. Na análise regressiva, a PG de 2h foi identificada com o mais importante parâmetro da IMT de todos os parâmetros glicêmicos. A PG de 2h e a PGS, mas não a FGP, foram associados com um aumento significativo da IMT. Os parâmetros glicêmicos eram fortemente relacionados uns aos outros e com vários fatores de risco de aterosclerose. Em análise multivariáveis incluindo vários fatores de risco de aterosclerose, a PG 2h foi um determinante independente significativo de IMT. Conclusões: PG e PGS são mais associados com IMT carotídea que os níveis de FPG e HbA1c e modificam sensivelmente o risco de aterosclerose, estimado pelo nível de HbA1c só, em uma coorte com risco de diabetes e em estádio de diabetes iniciante. Yuko Uto et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Nateglinida melhora a fase precoce da secreção de insulina e a hiperglicemia pós-prandial em pacientes diabéticos tipo 2 Objetivo: Nateglinida é um novo agente hipoglicemiante de ação curta que estimula diretamente as células β do pâncreas. Para confirmar o efeito agudo e as ações farmacológicas da nateglinida, estudamos as mudanças da glicose plasmática e os níveis de insulina durante um teste de tolerância (refeição). Material e métodos: 10 pacientes portadores de diabetes tipo 2 recentemente diagnosticados e não-tratados. Após dieta e exercício durante uma semana, eles receberam 270 mg/dia de nateglinida. Os testes de tolerância foram realizados antes (linha base) e após uma administração única de nateglinida (dia 1), após 7 dias de tratamento (dia 7), e após o fim do tratamento (dia 8). Resultados: A glicose plasmática de jejum era 8,1 ± 0,3 mmol/l na linha base e 7,2 ± 0,3 mmol/l no dia 7 (P = 0,01). O nível de glicose plasmática 2h após a refeição era 12,5 ± 0,6 mmol/l n linha base, 8,0 ± 0,5 mmol/l no dia 1 (P = 0,0001), e 10,5 ± 0,8 mmol/l no dia 8 (P = 0,01 vs. linha base, P = 0,002 vs. dia 7). O nível de insulina de jejum era 32,4 ± 6,0 pmol/l e não mudou significativamente durante o estudo. O nível de insulina 30 min após a refeição era 86,4 ± 11,4 pmol/l na linha base, 237,0 ± 27,0 pmol/l no dia 1 (P = 0,00004), e 141,6 ± 21,6 pmol/l no dia 8 (P = 0,008 vs. linha base, P = 0,002 vs. dia 7). A insulina total (AUC?IRI) era 23,9 ± 4,2 x1000 pmol?min/l na linha base, 38,8 ± 4,8 pmol?min/l no dia 1 (P = 0,00003), e 36,1 ± 11,4 pmol?min/l no dia 8 (P = 0,008 vs. linha base). Conclusões: A secreção da fase precoce da insulina aumentou, mesmo após uma única tomada de nateglinida. A melhora da secreção de insulina foi efetiva reduzindo a hiperglicemia pós-prandial em portadores de diabetes tipo 2. D.G. Carey et al, 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, 17 a 21 de setembro de 2000 Rosiglitazona diminui a gordura hepática e aumenta a gordura subcutânea mas não a gordura intra-abodominal Objetivos: In vitro, rosiglitazona (RSG) causa diferenciação de pré-adipocítos extraídos do tecido subcutâneo, mas não da gordura intra-abdominal. O estudo examina o efeito da RSG sobre a distribuição de gordura em pacientes diabéticos tipo 2, usando ressonância magnética, spectroscopia e absorciometria de raios-X (DXA). Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) Continuação 39 Material e métodos: 33 pacientes (27 homens, 6 mulheres) foram randomizados para receber em duplo-cego RSG 8 mg ao dia (em duas doses diárias) ou placebo. A distribuição de gordura e os parâmetros biológicos de jejum foram medidos no início e após 16 semanas de tratamento. Resultados: A gordura hepática foi significativamente reduzida após tratamento com RSG (-30% D da média da linha base) más não com placebo. O peso corporal total e a massa adiposa aumentaram com RSG (D médio 2,1 kg; DXA D 1,4 kg), más não com placebo (0,08 kg; -0,23 kg de gordura). 95% do aumento da massa adiposa ocorreram em regiões não-abdominais. Na região abdominal, RSG aumenta a área de gordura abdominal subcutânea (SAFA) (8%D da linha base), más não na gordura intra-abdominal (IAFA) (< 2% da linha base). Essas mudanças acompanham-se de diminuições significativas da insulina de jejum (- 63,5 pmol/l), da glicose plasmática (-1,9 mmol/ l) e dos ácidos graxos livres no grupo RSG. Conclusões: RSG diminui significativamente a gordura hepática, habitualmente elevada em pacientes portadores de diabetes tipo 2. O uso de RSG é associado ao aumento da gordura subcutânea más não da visceral (hepática e intra-abdominal). Placebo (n = 14) IAFA (cm2) Linha base média 205,4 ± 67,33 D Médio da linha base (valor de p) 2,9 ± 23,57 (0,652) SAFA (cm2) Linha base média 307,4 ± 90,16 D Médio da linha base (valor de p) 4,8 ± 29,95 (0, 559) Gordura hepática (%) Linha base média 27,4 ± 15,35 D Médio da linha base (valor de p) 0,69 ± 6,81 (0,692) Carina Törn et al, Diabetes/ Metabolism Research and Reviews, 2000;16(6):442-447, dezembro de 2000 RSG (n = 10) 191,6 ± 47,72 2,8 ± 21, 54 (0,695) 304,8 ± 123, 62 25,0 ± 28,67 (0,022) 22,0 ± 17,96 -6,7 ± 9,72 (0,036) Anticorpos do ácido glutâmico descarboxilase (GADA) é o mais importante fator de prognóstico de insulinoterapia nos três próximos anos em jovens pacientes diabéticos adultos não classificados como diabéticos tipo 1 Objetivo: A diferenciação entre diabetes tipo 1 e 2 em adultos é um diagnóstico difícil. O estudo testou a hipótese que os auto-anticorpos são fatores de prognóstico para o tratamento insulínico no prazo de 3 anos em pacientes que não foram classificados inicialmente como diabéticos tipo 1. Métodos: No estudo de população, amostras de sangue foram obtidos de 764 pacientes, todos diagnosticados como portadores de diabetes durante um período de 2 anos. No momento do diagnostico, 583 (76%) foram classificados como tipo 1, 110 (14%) como tipo 2 e 71 (9,3%) não foram classificados. Resultados: Dentre os pacientes não classificados como diabéticos tipo 1, 52 (47%) de tipo 2 e 42 (59%) dos pacientes não classificados foram positivos para os anticorpos de células de ilhotas (ICA), anticorpos de ácido glutâmico descarboxilase (GADA) ou anticorpos de tirosina fosfatase (IA-2A). Esses pacientes (n = 94) apresentaram índice de massa corporal (IMC) menor (p < 0,001) e C-peptídeo menor (p < 0,001) em comparação com os pacientes negativos para auto-anticorpos (n = 87). Comparados com pacientes 40 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2001) classificados como diabéticos tipo 1 e positivos para auto-anticorpos (n = 477), eles apresentaram IMC maior (p < 0,001), C-peptídeo maior (p < 0,001) e as mesmas taxas de ICA, GADA e IA-2A. Após 3 anos, 93% dos pacientes positivos para os auto-anticorpos e não classificados inicialmente como diabéticos tipo 1 eram submetidos ao tratamento insulínico. Quando ICA, GADA, IA-2A, IMC e C-peptídeo foram usados em uma regressão logística múltipla, somente GADA foi significativo para o tratamento insulínico no intervalo de 3 anos (OR = 18,8), em pacientes tratados com dieta ou agentes hipoglicemiantes no momento do diagnostico. Conclusões: A classificação correta é difícil em pacientes diabéticos adultos. A presença de auto-anticorpos pancreáticos, especialmente GADA, é um fator de prognóstico da necessidade de tratamento insulínico nos próximos três anos a partir do diagnostico. Tracey A. Jones et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Rosiglitazona e eficaz quando adicionada a metformina em pacientes obesos, insulino-resistentes e portadores de diabetes tipo 2 Objetivo: Em pacientes obesos, resistentes à insulina e portadores de diabetes tipo 2, inadequadamente controlados com metformina (MET), a terapia combinada com um agente que diminui a resistência à insulina pode ser mais apropriado do que o uso de um agente secretagogo. O estudo avaliou a eficácia da rosiglitazona (RSG) administrada a pacientes obesos tratados com doses elevadas de metformina. Métodos: Dois estudos duplo-cego de RSG adicionada à dose quase máxima de MET (2,5 g/dia), em 550 pacientes dois quais foram avaliados glicose plasmática de jejum e IMC. Os pacientes foram classificados em peso normal, sobrepeso e obesidade de acordo com o IMC na linha base, usando os critérios da OMS (<25 kg.m-2, 25-30 kg.m-2, >30 kg.m-2, respectivamente). Resultados: Os três subgrupos apresentaram melhora significativa da glicose plasmática de jejum com RSG; O efeito foi mais importante em pacientes obesos. Os pacientes obesos apresentaram também diminuições mais importantes da resistência à insulina e da insulina de jejum com RSG (4mg [28% e 12%], 8mg [51% e 32%], respectivamente). Os efeitos adversos não foram diferentes em pacientes obesos e não-obesos. Mudanças da FPG (mM) após tratamento de 6 meses IMC <25 25-30 >30 MET + placebo N Média±DP 21 +1,2 ± 0,7 80 +0,6 ± 0,3 118 0,0 ± 0,2 MET + RSG 4 mg N Média±DP 13 -2,2 ± 0.8 44 -1,6 ± 0.4 59 -2,0 ± 0.4 MET + RSG 8 mg N Média ± DP 21 -1,8 ± 0.5 94 -2,1 ± 0.3 100 -3,6 ± 0.3 Conclusões: RSG é eficaz para melhorar o controle glicêmico, a sensibilidade à insulina e diminuir a insulina de jejum em pacientes obesos inadequadamente controlados por metformina. Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 Diabetes Clínica 41 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 ARTIGO ORIGINAL Características clínicas do Diabetes Mellitus tipo 2 no Nordeste do Brasil Josivan G. Limaa, Lucia H. C. Nóbregaa, Francisco Bandeirab, William J. Jeffcoatec, Geisa Macedod Departamento de Diabetes e Endocrinologia do Hospital Agamenon Magalhães, Recife, Brasil e Departamento de Diabetes e Endocrinologia, City Hospital, Nottingham NG5 1PB, UK. bF.A.C.E. aMédico Endocrinologista – Centro de Endocrinologia de Natal - RN. Professor de Endocrinologia – Universidade de Pernambuco, Unidade de Endocrinologia – Hospital Agamenon Magalhães, Recife - Pernambuco. cMédico Endocrinologista – Departamento de Diabetes e Endocrinologia, City Hospital, Nottingham NG5 1PB, UK. dMédico endocrinologista – Chefe da Unidade de Diabetes do Hospital Agamenon Magalhães, Recife – Pernambuco. Resumo Objetivo: Determinar o perfil do diabético tipo 2 em Recife, Nordeste do Brasil. Material e métodos: Foram estudadas características clínicas e laboratoriais de 632 pacientes com diabetes tipo 2 e encaminhados para a clínica de diabetes do Hospital Agamenon Magalhães. Resultados: A média de idade dos 632 pacientes (415 mulheres) foi de 57,1 anos. A duração da doença (mediana) foi de 5,0 anos. 136 (22,4%) pacientes eram obesos (IMC ³ 30) e 233 (38,3%) tinham IMC < 25 kg/m2. Doença vascular periférica, neuropatia e retinopatia foram encontrados em 32,9%, 47,4% e 38,0% dos pacientes e sua presença foi associada com uma maior duração da doença (p < 0,001) e idades maiores (p < 0,001 para vasculopatia e neuropatia e p < 0,05 para retinopatia). Proteinúria foi encontrada em 8,3% dos pacientes e também foi associada com maior duração da doença (p < 0,05) mas não com maior idade (p = 0,72). Amputação foi realizada em 6,3% dos pacientes. A glicemia de jejum (mediana) foi 166,0 mg/dl e a HbA1, 8,6%. Colesterol total foi > 240,0 mg/dl em 77 pacientes (23,4%) e < 200,0 mg/dl em 161 (48,9%). Triglicerídeos de jejum foram < 150,0 mg/dl em 220 (69,6%) pacientes. Conclusões: A baixa prevalência de obesidade difere da relatada em outros estudos também no Brasil. Apesar do mau controle glicêmico, houve uma baixa prevalência de hipertrigliceridemia, sugerindo a possibilidade de uma resistência à insulina seletiva. A prevalência de complicações crônicas foi similar ou maior que a apresentada em estudos de outros países, apesar da taxa de amputação ter sido maior. Como diabetes é uma doença com elevada prevalência no Brasil, as conseqüências econômicas e sociais são drásticas, sendo necessária uma reestruturação do serviço de saúde atualmente vigente. Abstract Objective: To assess the clinical profile of type 2 diabetes in Recife, Northeastern Brazil. Research design and methods: Clinical and laboratory characteristics were studied of 632 patients with type 2 diabetes referred to a specialist clinic. Results: 632 patients (415 female) with a mean age of 57.1y and median disease duration of 5.0y were studied. 136 (22.4%) were obese (BMI ³ 30) but 233 (38.3%) had BMI < 25 kg/m2. Peripheral vascular disease, neuropathy and retinopathy were found in 32.9%, 47.4% and 38.0% of the patients and their presence was associated with longer disease duration (p < 0.001) and older age (p < 0.001 for vasculopathy and neuropathy and p<0.05 for retinopathy). Proteinuria was found in 8.3% of the patients and was also associated with longer disease (p < 0.05) but not with age (p = 0.72). Amputation had been performed in 6.3%. Median fasting glycemia was 166.0 mg/dl and HbA1, 8.6%. Total cholesterol was > 240.0 mg/dl in 77 (23.4%) and < 200.0 mg/dl in 161 (48.9%) patients. Fasting triglycerides was < 150.0 mg/dl in 220 (69.6%) patients. Conclusions: The low obesity rate differs from previous reported studies from Brazil. The overall glycemic control was poor but with a low prevalence of hypertriglyceridemia, suggesting the possibility of selective insulin resistance. The prevalence of chronic complications was similar to or greater than most studies from other countries although the amputation rate was higher. As diabetes is a disease with high prevalence in Brazil, the economic and social consequences are vast and consideration needs to be given to the structuring of health care services. Endereço para correspondência: Dr Josivan Gomes de Lima, Rua Joaquim Fabricio, 233/1200 Petrópolis, 59012-340 Natal – RN, Telefone: (84) 222 6328 / 94319432 - Fax: (84) 211 6324, E-mail: [email protected] 42 Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 Introdução O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma população de aproximadamente 160 milhões e com uma elevada prevalência de diabetes, pelo menos nas comunidades urbanas. Malerbi et al. [1] mostraram em um grande estudo, multicêntrico, em nove cidades, que diabetes acomete 7,6% da população entre 30 e 69 anos. Isto contrasta com as prevalências apresentadas em países das Américas Central (3,2%) e do Sul (2,3%) [2]. Apesar de ser reconhecido como um grande problema de saúde pública no Brasil, poucas tentativas têm sido feitas para avaliar o impacto clínico do diabetes. [1, 3, 4, 5]. No entanto, é muito difícil obter uma visão compreensível do perfil da doença na população brasileira – em parte pelo grande número de áreas rurais esparsas, remotas de esquemas de estruturas de saúde e por outro lado, porque aproximadamente 50% dos casos de diabetes não são diagnosticados mesmo em populações urbanas [1, 4]. Além disso, o Sistema de Saúde pública brasileiro, apesar de gratuito, constitui-se de um serviço primariamente baseado em hospitais e dirigido a sintomas. As facilidades para a detecção de doenças crônicas como diabetes e que objetivam aumentar a sobrevida de diabéticos não são utilizadas plenamente e as medidas que visam a acessar o impacto clínico do diabetes atingirão uma população selecionada – em parte por ter mais fácil acesso a profissionais de saúde ou por ter uma prevalência maior de complicações e de sintomas já que o paciente só procura ajuda médica quando está com alguma sintomatologia. Um estudo com estas características também exclui os pacientes que desfrutam de planos de saúde privados e seguros saúde. Estudamos pacientes com diabetes que compareceram ao ambulatório de Endocrinologia no Hospital Agamenon Magalhães, um Hospital Universitário em Recife, Nordeste do Brasil. A grande maioria das pessoas nessa região são de raça mestiça, sem predominância de um grupo étnico específico (seja índio, negro ou branco). pecializadas, mas alguns não tinham encaminhamentos (auto-referidos). Alguns não tinham freqüentado o hospital previamente e, dos que já eram pacientes do Hospital, nenhum deles era acompanhado regularmente no ambulatório de Diabetes. Diabetes tipo 2 foi definido pelos seguintes critérios (National Diabetes Data Group) [6]: Capacidade de controlar a doença com dieta ou hipoglicemiantes orais, ausência de história de cetoacidose e tempo de duração da doença prévio ao início da insulinoterapia. Esses critérios clínicos têm comprovadamente uma boa correlação com as dosagens de peptídeo C basal e após estímulo [7]. História clínica e o exame físico foram colhidos. O índice de massa corpórea (IMC = peso/altura2) foi calculado a partir das medidas do peso e estatura. A pressão arterial foi verificada com o paciente sentado e hipertensão foi definida como pressão arterial sistólica > 140 e/ou diastólica > 90mmHg, ou pelo uso de terapia antihipertensiva. Macroproteinúria foi determinada na amostra da primeira urina da manhã, na ausência de infecção do trato urinário. Medida de microalbuminúria não era disponível no serviço. Doença vascular periférica foi definida pela ausência ou considerável diminuição de dois ou mais pulsos periféricos, confirmados por dois examinadores diferentes e neuropatia periférica, por diminuição da sensibilidade vibratória (diapasão 128 Hz), tátil ou dolorosa em qualquer membro ou ausência de ambos os reflexos patelares e aquileus – confirmado por dois observadores. Fundoscopia foi realizada por dois observadores através de pupilas dilatadas e a retinopatia, no olho com grau mais avançado, foi classificada de acordo com critérios convencionais nas seguintes categorias: ausente, background, pré-proliferativa e proliferativa. Quando possível, foi coletada amostra de sangue venoso após jejum de não menos que 12 horas e realizado as dosagens de glicemia, HbA1 (valores normais em não diabéticos 6-8%), colesterol total (normal < 240 mg/dl) e triglicerídeos (normal 40-150 mg/dl). Material e métodos Métodos estatísticos Este é um estudo retrospectivo de todos os pacientes com Diabetes tipo 2 acima de 18 anos encaminhados pelo Sistema de Saúde ao Serviço especializado em Diabetes do Hospital Agamenon Magalhães, Recife, entre maio de 1995 e agosto de 1997. Como poucos pacientes não foram incluídos, acreditamos que a população recrutada foi o mais consecutiva possível. A maioria era encaminhada por clínicos gerais ou outras clínicas es- Os dados são apresentados como média ± desvio padrão ou, se não paramétricos, como mediana (intervalo). Testes de Mann-Whitney-Wilcoxon, Chi-quadrado, Anova e Spearman foram aplicados quando necessários, utilizando Stat100 - Biosoft [8]. Dados de idade e HbA1 mostraram-se com distribuição normal através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 Resultados Pacientes Estudamos 632 pacientes, sendo 415 (65,7%) mulheres. A idade média do grupo total foi de 57,1 ± 12,2 anos (mediana 58,0 anos; intervalo 22,0 - 90,0); sem diferença entre a idade média de homens (58,2 ± 12,4 anos) e mulheres (56,5 ± 12,1 anos; p = 0,06, Mann-Whitney). A mediana (intervalo) da duração da doença desde o diagnóstico foi de 5,0 anos (0,1 - 40,0; Tabela 1). 375 (59,3%) tinham história familiar positiva para diabetes. A mediana do IMC para a população estudada (n = 608; 206 homens, 402 mulheres) foi 26,1 kg/m2 (intervalo 16,1 - 50,0), com as mulheres se mostrando significantemente mais pesadas (p < 0,001, Mann-Whitney). A distribuição da obesidade entre os grupos não foi nor- 43 mal (Distância Kolmogorov-Smirnov = 0,08, p < 0,05; Tabela 2, Fig. 1). 136 (22,4%) foram classificados como obesos (IMC ³ 30) sendo 14 (2,3%) com obesidade mórbida (IMC ³ 40), mas 233 (38,3%) foram classificados como normais ou mesmo com baixo peso (IMC < 25 e < 20, respectivamente). Não encontramos diferença estatística nos níveis de glicemia entre o grupo de baixo peso e o restante da amostra (227,7 ± 124,9 vs. 177,8 ± 75,9 mg/dl; p > 0,05, Mann-Whitney). Tratamento No momento do cadastramento, 131 (20,7%) estavam controlando o diabetes apenas com dieta enquanto 308 (48,7%) estavam usando hipoglicemiantes orais (glibenclamida 134, clorpropamida 123, metformina 23). 193 (30,6%) estavam em uso de insulina, com uma dose Tabela 1 – Características clínicas. Grupo total Homens Mulheres p* Pacientes n (%) Idade (anos) Média ± SD ; mediana (intervalo) 632 (100) 217 (34,3) 415 (65,7) - 57,1 ± 12,2 ; 58,0 (22,0-90,0) 58,2 ± 12,4 ; 59,0 (22,0-89,0) 56,5 ± 12,1 ; 57,0 (23,0-90,0) P = 0,06 * Teste de Mann-Whitney entre pacientes homens e mulheres. Duração da doença (anos) Mediana (intervalo) 5,0 (0,1 - 40,0) 5,0 (0,1 - 40,0) 5,0 (0,1 - 40,0) P = 0,21 Figura 1 – Distribuição do IMC. do IMC Distribuição IMC (kg/m2) Pacientes n = 608 (%) < 20,0 20,0-24,9 25,0-29,9 30,0-39,9 > 40 48 (7,9) 185 (30,4) 239 (38,3) 122 (20,1) 14 (2,3) Número de pacientes Tabela 2 – Distribuição do índice de massa corpórea. 151 160 140 120 100 80 60 40 20 0 104 88 81 59 39 38 17 9 <17,5 17.519.9 20.022.4 22.524.9 25.027.4 27.529.9 30.032.4 32.534.9 35.037.4 8 6 8 37.539.9 40.042.4 >42.5 Tabela 3 – Correlação entre triglicerídeos e glicemia, HbA1, Colesterol e IMC. Triglicerídeos (n = 316) <100mg/dl 100-149mg/dl > 150 mg/dl P Anova Pacientes (%) 123 (38,9) 97 (30,7) 96 (30,4) - 149,1 ± 58,5 136,0 (66,0 - 326,0) 173,0 ± 75,1 163,0 (75,0 - 398,0) 213,6 ± 89,2 196,0 (70,0 - 470,0) P < 0,001 8,3 ± 1,7 8,5 (4,5 - 14,7) 8,5 ± 1,7 8,3 (4,7 - 13,6) 9,0 ± 1,8 9,0 (5,0 -16,0) P < 0,05 Colesterol* (mg/dl) n = 314 186,2 ± 30,4 184,0 (119,0 - 280,0) 206,6 ± 46,5 200,0 (115,0 - 396,0) 234,3 ± 48,7 231,0 (115,0 - 439,0) P < 0,001 IMC* (kg/m2) n = 302 26,5 ± 5,2 26,1 (16,8 - 41,0) 26,6 ± 5,8 25,7 (17,7 - 49,6) 27,9 ± 5,6 27,0 (17,7 - 47,7) P = 0,17 Glicemia* (mg/dl) n = 247 HbA1* (%) n = 231 * Dados apresentados como média ± DP e mediana (intervalo) 44 Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 255) foi 8,6 (4,5 - 16,0)%. O controle glicêmico nos 379 pacientes que tinham uma ou ambas as dosagens realizadas foi julgado como Bom (Glicemia £ 140mg/dl e/ ou HbA1 £ 8,0%) em 112 pacientes (29,6%), Regular (glicemia 141-180mg/dl e/ou HbA1 8,1 - 10,0%) em 124 pacientes (32,7%), e Pobre em 143 (37,7%). Colesterol total sérico (n = 329) foi menor que 200 mg/dl em 161 média de 42,1 ± 21,3 unidades/dia. 102 estavam usando apenas uma aplicação de insulina por dia, enquanto 91 usavam duas ou mais. Controle glicêmico e lipemia A mediana da glicemia de jejum (n = 321) foi 166,0 mg/dl (intervalo 66,0 - 500,0) e a mediana da HbA1 (n = Tabela 4 - Características de pacientes com e sem complicações crônicas. Complicação Paciente(%) Idade (a)* Doença (a)* Glicemia(mg/dl)* HbA1(%)* Retinopatia 218 (38) Ausência 355 (62) 57,9 ± 10,4 57,5(30-84) 55,2 ± 12,8 8,7(4,6-11,6) P = 0,02 10,6 ± 7,7 10(0,1-40) 4,6 ± 4,9 3(0,1-23) P < 0,001 176,6 ± 75,8 164(68-500) 181,4 ± 82,2 167,5(66-500) P = 0,765 8,6 ± 1,4 8,7(4,6-11,6) 8,5 ± 2,0 8,6(4,5-16) P = 0,548 58,1 ± 11,8 59(23-81) 57,7 ± 11,9 58(23-85) P = 0,72 10,4 ± 8,1 9,5(0,1-30) 7 ± 6,6 5(0,1-35) P = 0,04 197,1 ± 85,4 203(70-326) 173,6 ± 76,4 164(68-470) P = 0,2 8,7 ± 1,4 8,7 (5,3-11,2) 8,5 ± 1,8 8,6(4,5-16) P = 0,37 62,9 ± 11 63(25-90) 54,3 ± 11,8 55(22-85) P < 0,001 9,6 ± 8,1 8(0,1-40) 6,3 ± 6,2 4(0,1-33) P < 0,001 178,9 ± 80,5 167,5(68-500) 182 ± 81,5 165,5(66-500) P = 0,83 8,6 ± 1,7 8,6 (4,6-12,8) 8,6 ± 1,8 8,6(4,5-16) P = 0,75 59,9 ± 11,5 61(30-89) 54,6 ± 12,4 55(22-90) P < 0,001 9,2 ± 7,9 8(0,1-40) 5,9 ± 6,2 4(0,1-40) P < 0,001 183,7 ± 85,2 168(66-500) 178 ± 77,4 164,5(68-470) P = 0,647 8,7 ± 1,8 8,8(4,6-16) 8,4 ± 1,7 8,4(4,5-14,7) P = 0,202 59,4 ± 11,2 60(23-83) 56,7 ± 13,7 58(22-89) P = 0,12 8,1 ± 7,3 6(0,1-40) 5,8 ± 7,1 3(0,1-30) P < 0,001 192,9 ± 83,2 183,5(75-470) 183,9 ± 97,7 162(70-500) P = 0,25 8,6 ± 1,5 8,8(4,6-12,1) 8,3 ± 2,3 8,1(4,5-16) P = 0,207 p Proteinúria Ausência p 26 (8,4) 282 (91,6) - Vasculopatia 207 (32,9) Ausência 423 (67,1) p - Neuropatia 299 (47,4) Ausência 332 (52,6) p Disfunção Erétil Ausência p 122 (56,2) 95 (43,8) - Tabela 5: Características de pacientes com retinopatia background, pré-proliferativa e proliferativa. Retinopatia Pacientes* Idade** (anos) Doença** (anos) Glicemia** (mg/dl) HbA1** (%) Background 175 (80,3) 58 ± 10,5 57(30-84) 57,9 ± 11,1 58(40-78) 57 ± 9,3 61(38-68) P = 0,92 10,4 ± 7,9 10(0,1-40) 9,8 ± 7 8,5(0,3-26) 13,2 ± 6,4 15(0,4-20) P = 0,29 177,5 ± 78,2 164(68-500) 193,3 ± 63,4 187(94-310) 157,3 ± 67,1 132(79-271) P = 0,54 8,7 ± 1,4 8,8(4,6-11,6) 8,5 ± 1,1 8,8(6-9,5) 8 ± 1,6 7,8(5,8-11,6) P = 0,39 Preprolife-rativa 24 (11) Proliferativa 19 (8,7) P (Anova) - *Dados apresentados como n (%) ** Dados apresentados como média ± DP e mediana (intervalo) Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 pacientes (48,9%), entre 200 e 240 mg/dl em 91 (27,7%) e maior que 240 mg/dl em 77 (23,4%). Triglicerídeos de jejum (n = 316) foi < 100 mg/dl em 123 pacientes (38,9%), entre 100 e 149mg/dl em 97 (30,7%) e maior que 150mg/dl em 96 (30,4%). Correlações significativas foram observadas entre a concentração de triglicerídeos e a glicemia de jejum (r = 0,32; p < 0,001), HbA1 (r = 0,12; p < 0,05) e colesterol total (r = 0,43; p < 0,001), mas não com IMC (r = 0,1; p > 0,05) (Tabela 3). Retinopatia Fundoscopia foi realizada de acordo com o protocolo em 573 pacientes (90,7%) da amostra total estudada. Destes, 218 (38,0%) tinham algum grau de retinopatia, e quando comparados com os pacientes sem retinopatia, aquele grupo era mais velho (57,9 10,4 vs. 55,2 12,8 anos; p = 0,022, Mann-Whitney) e tinha maior tempo de duração da doença (mediana 10,0 vs. 3,0 anos; p < 0,001), mas não encontramos diferença no controle glicêmico global (Tabela 4). 19 pacientes (3,3% da amostra examinada) tinham retinopatia proliferativa, e 24 pacientes apresentavam (4,2%) doença pré-proliferativa. Não havia diferença entre qualquer desses grupos e aqueles pacientes com alterações tipo background (n = 175, 30,5%) em relação a idade, duração da doença, glicemia de jejum ou HbA1 (Tabela 5). Proteinúria Proteinúria positiva foi detectada na primeira amostra de urina da manhã em 26 (8,4%) dos 308 pacientes pesquisados. A duração da doença foi maior que nos pacientes sem proteinúria (mediana 9,5 vs. 5,0 anos; p = 0,04), mas não encontramos diferença no controle glicêmico (Tabela 4). Hipertensão arterial A pressão arterial foi verificada em todos os 632 pacientes. Dos 632 pacientes, 281 (44,5%) já tinham o diagnóstico prévio de hipertensão e outros 65 pacientes (10,3%) apresentaram pressão arterial elevada no momento do exame. Dentre os pacientes com diagnóstico prévio de hipertensão, as médias das pressões arteriais sistólica e diastólica foram 147,7 24,6 mmHg e 88,0 13,8mmHg, respectivamente, e a pressão arterial foi considerada bem controlada (sistólica £ 140 mmHg e diastólica £ 90 mmHg) em 123 (43,8%). Doença vascular periférica 207 (32,9%) dos 630 pacientes examinados tinham evidências objetivas de doença vascular periférica. Destes, 36 (17,4%) eram fumantes ou tinham parado de fumar nos últimos 10 anos, quando comparados com 96 45 (22,7%; p = 0,15) dos 423 sem vasculopatia. Os pacientes com vasculopatia eram, no entanto, mais velhos (62,9 11,0 vs. 54,3 11,8 anos; p < 0,001) e tinham o diagnóstico de diabetes há mais tempo (mediana 8,0 vs. 4,0 anos; p < 0,001), mas não houve diferença no controle glicêmico (Tabela 4). Neuropatia Evidência de neuropatia distal (sensorial e/ou motora) estava presente em 299 de 631 (47,4%) pacientes cujos dados foram registrados de forma completa. Os pacientes com neuropatia eram mais idosos (59,9 11,5 vs. 54,6 12,4 anos; p < 0,001) e tinham uma duração de doença maior (mediana 8,0 vs. 4,0 anos; p < 0,001), mas tinham um similar controle glicêmico (Tabela 4). Disfunção erétil 122 dos 217 homens (56,2%) admitiram, frente a um questionário direto, apresentar alguma forma de disfunção erétil. Os homens afetados tinham maior mediana de duração de doença (6,0 vs. 3,0 anos; p < 0,001), mas não houve diferença na idade ou controle glicêmico (Tabela 4). 42 dos 122 homens com disfunção (34,4%) eram fumantes ou recentemente tinham parado de fumar (< 11 anos), comparado com 33 de 95 (34,7%) com potência normal. Amputação 40 pacientes (6,3%) da amostra total estudada apresentavam história prévia de cirurgia de amputação nos membros inferiores em qualquer nível (dedos, antepé ou joelho). Houve forte associação entre amputação e a presença de vasculopatia e neuropatia. 33 (11,0%) de 299 pacientes com neuropatia e 30 (14,5%) de 207 pacientes com doença vascular periférica tinham sofrido amputação, comparados com apenas 6 (1,8%) de 332 (p < 0,001) e 9 (2,1%) de 423 (p < 0,001), respectivamente, sem neuropatia e vasculopatia. A prevalência de amputação nos pacientes portadores de ambas, neuropatia e vasculopatia, foi de 17,2% (26 pacientes). Discussão A prevalência de diabetes no Brasil é alta, atingindo 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos de idade. Esta prevalência excede a apresentada em outros países da América do Sul incluindo Argentina [9] e Colômbia [10], e também nos brancos dos Estados Unidos [11], mas é menor que a relatada na cidade do México [12] e entre mexicanos [13] e negros [11] dos Estados Unidos. Apesar desta elevada prevalência, há poucas tentativas de documentar o perfil da doença nesta população. O atual es- 46 Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 tudo é limitado por ter sido realizado em uma população inevitavelmente selecionada e também por seus dados terem sido coletados durante o curso da clínica prática de rotina e um certo número de itens estarem faltando. No entanto, no nosso conhecimento, este artigo representa o mais abrangente estudo até agora publicado sobre o quadro clínico e apresentação do Diabetes tipo 2 no Brasil. A aparente predominância do diabetes no sexo feminino observada em estudos populacionais prévios no Brasil [1, 4] foi confirmada em nosso estudo. Apesar de não ter sido demonstrada uma diferença de idade entre os sexos, o que justificaria esta predominância, demonstramos uma tendência das mulheres apresentarem um IMC mais elevado que os homens. No entanto, a prevalência global de obesidade foi baixa e, surpreendentemente, demonstrou-se sob a forma de uma curva desviada para a esquerda (Fig. 1) apesar do acesso a aconselhamento dietético especializado ser limitado nesta população e apesar do fato da metformina não ser disponível gratuitamente e ser custeada pelos pacientes que a utilizavam. As principais opções terapêuticas disponíveis para pacientes com diabetes tipo 2 pobremente controlados com dieta são sulfoniluréias (glibenclamida, clorpropamida) e insulina. Não encontramos evidências que sugiram que o baixo IMC desta população relacionava-se com pobre controle glicêmico e não vimos razão para suspeitarmos que aqueles com baixo peso (IMC < 20) tinham diabetes tipo 1 não diagnosticado já que 30 dos 48 pacientes não estavam usando insulina apesar de uma duração de doença mediana de 4 anos. No entanto, a prevalência de obesidade foi muito maior em outros estudos, chegando a 72,6% em Foss et al [3]. A discrepância é inexplicável, porém deve se relacionar a diferenças em origens raciais nas duas populações. Também foi observada uma taxa relativamente baixa de hipertrigliceridemia surgindo a possibilidade dos pacientes diabéticos do Nordeste do Brasil exibirem uma menor resistência insulínica relacionada ou não à menor prevalência de obesidade. Devemos ainda considerar a possibilidade desta população tão heterogênea sob o ponto de vista racial manifestar a resistência insulínica de uma forma seletiva, caracterizada por hiperglicemia atingindo níveis diagnósticos de diabetes, porém com uma menor tendência a anormalidades do metabolismo lipídico. O controle glicêmico em geral foi ruim, e não diferiu de outras populações [14, 15]. Apesar disto, a prevalência de hiperlipidemia e particularmente hipertrigliceridemia foi mais baixa que as previamente relatadas por outros grupos da América do Sul [3] e também de outras regiões [12]. 38,9% dos pacientes estudados tinham triglicerídeos menor que 100 mg/dl. O fato de não ter sido possível definir uma associação entre qualidade de con- trole glicêmico e a presença ou ausência de complicações foi atribuído a reflexo das limitações de um estudo transversal. A prevalência de retinopatia foi da mesma ordem de muitos outros estudos em diabéticos tipo 2 reportados por todo o mundo [2, 16], assim como para proteinúria positiva. A prevalência desta foi, no entanto, menor que a relatada por Paisey et al no México [17]. A prevalência de neuropatia periférica foi maior que a relatada em outras populações com diabetes tipo 2 [2, 18], mas similar aos 40,8% reportados no México [17] e Estados Unidos [19]. Queixas de disfunção erétil também foram maiores que em outros estudos [20, 21], mas isto pode ser resultado do fato da população ter sido selecionada, pelo menos em parte, por ser sintomática. Hipertensão (prévia ou recentemente diagnosticada) pareceu ser mais freqüente que em muitos estudos previamente relatados [2] talvez porque o diagnóstico de novos hipertensos foi dependente de uma única e casual medição clínica da pressão arterial. O nível de controle da pressão arterial pareceu surpreendentemente bom para uma população com diagnóstico prévio de hipertensão A prevalência de doença vascular periférica foi, no entanto, similar à esperada apesar de menor, mais uma vez, que a relatada no México [22]. Por outro lado, o número de amputados de 6,3% foi muito maior que na maioria dos outros estudos previamente publicados. Prevalências neste nível têm sido relatadas apenas em Nauru (7,7%) [23], Tonga (7,0%) [2] e Holanda (5,0%) [24]. As prevalências em todas as outras séries são menores que 3,0% [2, 16, 25, 26]. Como não há a menor razão para se crer que a prevalência de doença vascular periférica seja diferente da dos outros países, esta elevada taxa de amputação deve ser resultado de outros fatores incluindo, por parte do paciente, falta de reconhecimento do risco e tendência a se apresentar a serviços médicos inapropriadamente tarde e, por parte dos profissionais, inacessibilidade, falha na prescrição de antibióticos apropriados (por qualquer motivo), falta de recursos suficientes para um adequado tratamento conservador, recursos limitados para reconstrução vascular e inabilidade de prover adequada manutenção de profilaxia para aqueles pacientes de risco. Como 20% de todas as hospitalizações para diabéticos se devem a problemas nos pés [27], e a média de duração da internação após amputação é de 20 a 42 dias [28, 29], o custo direto de cada amputação (anestesia, cirurgia e hospitalização) é da ordem de U$20.000,00 a U$25.000,00 nos Estados Unidos [29], e de U$16.000,00 na Holanda [28]. Se considerados os danos indiretos (problemas psicológicos, incapacidade, perda do emprego e/ou carreira do paciente) o custo total de uma ampu- Lima JG et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 41~47 tação torna-se incalculável. A implementação de serviços especializados em pé diabético tem mostrado reduzir a incidência de amputação relacionada ao diabetes em aproximadamente 45% [28], e deve ser considerada prioridade máxima em populações como a brasileira, que parece ser de particular risco. Desta forma, nós mostramos neste estudo que a prevalência de complicações do diabetes na população brasileira é semelhante ou maior que a relatada em populações equivalentes em outras regiões. Como o diabetes é mais comum no Brasil que em muitos outros países e afeta mais de 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos de idade, as conseqüências econômicas e sociais desta condição são vastas e medidas apropriadas precisam ser tomadas visando estruturar os Serviços de Saúde para atender satisfatoriamente toda esta população. Referências 1 – Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brasilian population aged 30 – 69 yr. Diabetes Care 1992;15:1509-1516. 2 – Amos AF, McCarty DJ, Zimmet P. The rising global burden of diabetes and its complications: Estimates and Projections to the year 2010. Diabet Med 1997;14(12), Suppl 5:S25-48. 3 – Foss MC, Paccola GMGF, Souza NV, Iazigi N. 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Diabetes care 1995;18(10):1383-1394. 48 Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 ARTIGO ORIGINAL Aspectos sócio-psico-somáticos de uma amostra de pacientes diabéticos tipo 2 Maria Geralda Viana Heleno Profa. Dra Coordenadora do Núcleo de Estudos e Atendimento Psicológico da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL Pesquisa realizada no Centro de Diabetes da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e apresentada no III Congresso Paulista de Diabetes e Metabolismo - 1998. Resumo Este trabalho teve como objetivo analisar uma amostra de pacientes com diabetes do tipo 2, para servir de subsídios que pudessem orientar o planejamento de atividades visando à manutenção ou melhora da qualidade do controle glicêmico, aprimorando o atendimento a estes pacientes. Interessava saber quais variáveis apresentavam correlação significante com o controle glicêmico para que elas fossem controladas. A amostra era composta de cinqüenta pacientes e foram coletados os seguintes dados: Idade, Sexo, Peso, Altura, Conhecimento sobre a doença, Dieta, Tempo de Diabetes, Exercício Físico, Familiares Diabéticos, Orientação, Classe Sócio-econômica e Eficácia Adaptativa. A análise dos dados mostrou que a classe sócio-econômica é uma variável a ser considerada pois apresenta correlação significante com o controle glicêmico. As variáveis que apresentaram uma forte correlação com o controle glicêmico foram, orientação, eficácia adaptativa e dieta. Os resultados mostraram que um programa eficiente para pacientes diabéticos deve visar a dieta e a promoção da melhora na eficácia adaptativa e orientação destes pacientes. Endereço para correspondência: Maria Geralda Viana Heleno, rua Gilda, 173, 09190-510 São Paulo SP, Tel: (11) 4992-1643, E-mail: [email protected] Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 Introdução A importância dos estudos sobre diabetes se deve ao fato de que ela está entre os quatro mais importantes problemas de saúde no País, em termos de pessoas afetadas. E os elevados custos para controle e tratamento das complicações, aliados aos casos de mortalidade e incapacidade decorrentes da doença justificam que o problema seja tratado como público. Além disso, o Censo Nacional de Diabetes (MS/CNPq-1989) [2], mostrou que 7,6% da população adulta urbana do Brasil é diabética; desses 46,5% desconheciam sua condição e 22,3%, embora soubessem, não faziam qualquer tipo de tratamento. Isto quer dizer que 69% dos pacientes diabéticos não tinham qualquer tipo de cuidado com sua saúde. A não aceitação da doença e conseqüentemente do tratamento justificam as pesquisas nesta área, principalmente no contexto preventivo. Considerando os dados acima, observamos a importância do atendimento ao paciente diabético, principalmente pensando a equipe como facilitadora das mudanças que o paciente precisa imprimir em sua vida. Para a eficiência do tratamento é necessário, em primeiro lugar, conhecermos os pacientes que serão atendidos. Assim, este trabalho teve como objetivo, analisar uma amostra de pacientes do Centro de Diabetes (CD) da Univer- sidade Federal de São Paulo (UNIFESP), para servir de subsídios que pudessem orientar o planejamento do trabalho, com o intuito de aprimorar o atendimento desta população. Também interessava saber quais as variáveis que apresentavam, nesta amostra, uma correlação significante com o controle glicêmico. Método Amostra A amostra, composta de cinqüenta pacientes diabéticos do tipo 2, foi atendida no primeiro semestre de 1997 no CD da UNIFESP. Os pacientes de ambos os sexos tinham idade variando entre 31 e 70 anos e pertenciam as classes sociais E, D e C. Este número foi determinado em função da população mensal do CD de aproximadamente 400 pacientes. Instrumentos 1) Ficha de avaliação Esta ficha serviu para a coleta de dados com o objetivo de traçar o perfil do paciente que frequenta o CD e para a analise de variáveis com influência sobre o controle glicêmico. Quadro I - Ficha de avaliação Nome: __________________________________________________________________________________Data: ___/___/___ Data Nascimento: ___/___/___ Idade: _____ Natural: ____________________________________________________________ Peso: ________Altura: _______ Peso Ideal: ______Sexo: _________________ Endereço: _______________________________________________________________________________________________ Tempo de Residência __________ Filiação: 49 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Estado Civil : _____________ Número de Filhos: ________________________ Setor Econômico: Renda Mensal Familiar: ____________________________________________ Habitacional: Casa Própria, Aluguel, outros: _________________ Água Encanada: ________ Esgoto: ____________ Luz: ______________ Alvenaria: _____________ Asfalto: ______________ Números de Cômodos: ________________________ Diabetes: Sabe o que é diabetes? _________________________ _______________________________________ Quantas vezes foi internado por diabetes?______________________________ Qual o tipo de dieta?__________________________________________________________________________________________ Já foi orientado? _________________Onde?____________________________ Como foi ? ________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ Faz exercícios físicos? ___________ Quantas vezes por semana?___________ 50 Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 2) Classificação sócio-econômica Foram utilizados os critérios da Associação Brasileira de Pesquisa de Mercado (ABIPEME) para a classificação da classe sócio-econômica a qual pertenciam os pacientes. Tabela 1 - Classificação de classes sócio-econômicas no Brasil* Itens e pontuação levados em conta na classificação sócio-econômica dos indivíduos no Brasil Escolaridade do Chefe da Casa Pontos Analfabeto Primeiro Grau incompleto Primeiro Grau completo / Segundo Grau incompleto Segundo Grau completo / Superior incompleto Superior completo 00 01 03 05 10 Itens de conforto Pontos Itens de conforto TV Rádio Banheiro Empregada fixa Aspirador de pó Máquina de lavar roupa Automóvel 0 1 2 3 4 5 0 0 0 0 0 0 2 1 2 6 5 2 0 4 6 ou + 4 2 4 12 5 2 6 3 6 18 5 2 8 4 8 24 5 2 10 5 10 24 5 2 12 6 12 24 5 2 8 12 16 16 16 nos quatro setores de funcionamento do indivíduo que são: 1) Afetivo-Relacional: compreende os sentimentos, atitudes e ações do indivíduo com relação a si próprio e ao semelhante; 2) Produtividade: relacionado com os sentimento e atitudes do indivíduo frente ao trabalho, estudo ou qualquer atividade produtiva considerada como principal em sua vida; 3) Sócio-Cultural: engloba sentimentos, atitudes e ações em relação ao ambiente social, normas e valores frente à cultura e tradições e 4) Orgânico: compreende o estado e funcionamento do organismo, e ainda os sentimentos, ações e cuidados do indivíduo em relação ao próprio corpo. A avaliação de cada resposta é feita a partir de três possíveis tipos de adequação. Resposta Adequada: proporciona satisfação e não provoca conflitos internos ou externos; Resposta Pouco Adequada: soluciona e proporciona satisfação, mas provoca conflitos internos ou externos, ou não provoca conflitos internos ou externos mas não traz satisfação e Resposta Pouquíssimo Adequada: soluciona mas não proporciona satisfação e ainda traz conflitos internos ou externos. Para cada setor são atribuídas de um a três pontos. As respostas adequadas terão três pontos (+++); as pouco adequadas dois pontos (++) e as pouquíssimo adequadas um ponto (+). A classificação do grau de adaptação foi obtida a partir da somatória dos pontos nos quatro setores e da presença ou não de crises. Procedimentos Classificação: Se X = soma de pontos de um particular sujeito (S), vem: se X > 35 se 21 < X < 34 se 10< X < 20 se 5 < X < 9 se 0< X < 4 S ∈ Classe A S ∈ Classe B S ∈ Classe C S ∈ Classe D S ∈ Classe E * ABIPEME - Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado 3) Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO A EDAO foi elaborada pelo Dr. Ryad Simon (1989) [5] e tem como objetivo identificar a eficácia adaptativa, através da classificação do sujeito a partir da adequação das respostas que ele apresenta para solucionar as necessidades provocadas por estímulos provenientes do mundo interno e externo. As respostas são avaliadas Os pacientes foram atendidos individualmente e foi preenchida a Ficha de Avaliação (Quadro I). Os dados coletados nesta ficha serviram para caracterizar a amostra estudada e observar possíveis variáveis com influência sobre o controle glicêmico. Foram analisados os seguintes dados: idade, sexo, peso ideal, conhecimentos sobre o diabetes, tipo de dieta, prática de exercícios físicos, ocorrência de diabetes na família e orientação sobre diabetes. Em seguida foi realizada a coleta dos dados para a análise e classificação da classe sócio-econômica a que pertenciam os pacientes (Tabela1). Finalmente foi realizada a Entrevista Clínica Preventiva conforme proposta do Prof. Dr. Ryad Simon (1989) [5], onde procurou-se abordar os quatro setores de adaptação (Afetivo-Relacional, Orgânico, Produtividade e Sócio-Cultural) para avaliação através da Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO (Quadro II). Para determinar o peso ideal consideramos a tabela de referência adaptada do Metropolitan Life Fundation (Tabela 2). Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 51 Tabela 2 - Tabela de referência - Correlação peso/altura para adultos Quadro II - Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada Homens(porte) Altura pequeno médio grande Mulheres(porte) pequeno médio grande Entrevistador: _________________________________________ 1,47 1,50 1,52 1,56 1,58 1,60 1,63 1,65 1,68 1,70 1,73 1,75 1,78 1,81 1,83 1,85 1,88 1,90 46 -50 47 - 51 47 - 52 48 - 54 49 - 55 50 - 56 52 - 58 53 - 59 54 - 60 59 - 62 57 - 63 59 - 64 60 - 66 61 - 67 63 - 68 54 - 59 54 - 61 55 - 62 57 - 64 59 - 65 59 - 67 61 - 68 62 - 70 64 - 72 65 - 74 66 - 76 68 - 77 69 - 78 70 - 80 71 - 81 Paciente :_____________________________________________ 58 - 61 59 - 62 60 - 63 61 - 64 62 - 65 63 - 66 64 - 67 64 - 68 65 - 69 66 - 71 68 - 73 69 - 74 70 - 76 72 - 78 59 -64 60 - 65 61- 66 62 - 67 63 - 68 64 - 69 66 - 71 67 - 73 68 - 74 70 - 75 71 - 77 73 - 79 74 - 81 76 - 83 63 - 68 64 - 69 64 - 71 65 - 73 66 - 74 68 - 78 69 - 79 70 - 80 72 - 82 73 - 83 74 - 85 76 - 87 78 - 89 80 - 92 49 - 55 50 - 56 51 - 57 52 - 59 54 - 60 55 - 61 56 - 63 58 - 64 59 - 65 60 - 67 62 - 68 63 - 69 64 - 71 66 - 72 67 - 73 ______________________________________________________ Nº;___________ Idade: _______ Sexo: ________________ Estado Civil: _________________________________________ Dados relevantes por setor Afetivo - Relacional Produtividade Adaptado de Metropolitan Life Foundation - Shroeder et al. Ed. 1990 Sócio - Cultural A qualidade da dieta foi determinada a partir da adaptação da tabela da Clínica Joslin (Tabela 3) Orgânico Tabela 3 - Padrões de aderência à dieta Grupo Classificação Características 1 Pobre Favorável Boa Evitam-se doces e massas, mas a dieta é variável e em geral irrestrita Estimam-se as quantidades de alimentos com a restrição de doces e alimentos ricos em açúcar, mas não há discriminação no resto da dieta Aderência cuidadosa à dieta com medida do alimento não menos que uma vez por mês e quase nunca indiscriminações dietéticas. Adaptado de Krall LP. Manual do Diabetes de Joslin, 1983, 11ª edição, p. 43 A análise da qualidade do controle glicêmico foi feita por uma médica residente do Centro de Diabetes através da coleta de dados dos prontuários dos pacientes, considerando a média das glicemias de jejum de seis meses. AR +++ 3 PR +++ 2 2 ++ 2 +++ 2 2 +++ 3 ++ 1 ++ 2 + 1 +++ 3 ++ 1 +++ 2 + 0,5 4 ++ 2 + 1 + 0,5 ++ 1 5 + 1 + 0,5 3 3 3 4 Tabela 4 - Qualidade do controle glicêmico bom regular ruim < 140 > 140 e < 200 > 200 Adequação Soma 5 { }Adaptação Eficaz { }Em Crise 4 { }Adap. Ineficaz Leve { }Em Crise 4 3 { }Adap.Ineficaz Mod { }Em Crise 3 3,5 2,5 { }Adap.Ineficaz Severa { }Em Crise 2 1,5 { }Adap.Ineficaz Grave { }Em Crise 52 Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 Resultados A Ficha de avaliação, a análise sócio-econômica e a EDAO revelaram os seguintes dados mostrados no quadro a seguir (Quadro IV). A análise dos dados, através de parâmetros estatísticos, mostrou os seguintes resultados, quando comparados à qualidade do controle sobre o diabetes (Tabela 4). Quadro IV - Aspectos socio-psico-somáticos de uma amostra de pacientes diabéticos do tipo2 do CD da UNIFESP Idade Sexo Peso Alt Peso Conh Ideal Dieta Tempo Exer Fam Diab Orie Cla Glic GrCon EDAO 69 72 47 39 41 62 70 61 61 66 68 59 59 58 66 70 62 49 68 62 47 31 64 55 65 50 68 51 57 70 68 64 56 60 51 50 53 55 70 56 63 41 57 68 51 53 52 74 55 1,65 1,58 1,54 1,6 1,67 1,74 1,61 1,53 1,56 1,72 1,68 1,58 1,73 1,52 1,54 1,65 1,65 1,45 1,74 1,4 1,5 1,59 1,59 1,54 1,73 1,56 1,59 1,67 1,49 1,63 1,46 1,48 1,45 1,7 1,67 1,56 1,45 1,74 1,75 1,49 1,59 1,5 1,64 1,52 1,6 1,54 1,58 1,5 1,66 NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO SIM NÃO SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE FAVOR FAVOR POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE POBRE BOA POBRE POBRE BOA POBRE POBRE POBRE POBRE BOA POBRE POBRE POBRE BOA POBRE POBRE BOA BOA FAVOR POBRE FAVOR BOA POBRE POBRE POBRE BOA BOA BOA POBRE POBRE FAVOR 2 5 4 0 0 8 10 3 0 1 4 7 0 3 0 8 1 0 0 3 0 11 8 9 20 1 1 3 11 1 10 13 1 10 5 0 20 0 1 1 15 1 5 2 0 2 1 0 4 NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO SIM NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO D D E D D D D D D D D E D D D E D C D D C D E D D D D C E E D D E E D D D D C D E D D E C C D E E 140 271 306 239 141 177 294 296 159 104 296 189 235 229 117 221 305 202 163 130 183 189 129 133 207 192 265 237 195 147 186 111 143 195 139 140 220 191 184 132 142 247 207 121 236 117 151 142 247 bom ruim ruim ruim reg reg ruim ruim reg bom ruim reg ruim ruim bom ruim ruim ruim reg bom reg reg bom bom ruim reg ruim ruim reg reg reg bom reg reg bom bom ruim reg reg bom reg ruim ruim bom ruim bom reg reg ruim Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 3 Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 3 Gr 3 Gr 3 Gr 5 Gr 3 Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 3 Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 5 Gr 5 Gr 5 Gr 3 Gr 5 F F F F F M F F F M M F M F F F F F F F M F F F F F M F F F F F F M F F F M M F F F M F M F M F M 78,5 70,5 65 65 72 93,5 71,8 50,3 56,8 58,1 69 78,7 84 68 62 65,1 40,1 55,1 70 60,2 50,4 76,2 67 62,5 71 60,5 67,3 97,8 65,3 63,8 71.7 55,5 54,5 85,5 70,9 51,5 69 74,3 47,3 83 65,5 69 82,3 58,3 56,1 87,3 65 64 78 Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 53 Tabela 4 - Resultados Conhecimento Família Diabética Peso Ideal Exercício Físico Sexo 2 X =0,240 0 2 X =0,320 0 2 X =2,281 0 2 X =2,973 0 2 X =3,040 0 2 X =3,841 C H não 0 rejeitada 2 X =3,841 C H não 0 rejeitada 2 X =3,841 C H não 0 rejeitada 2 X =3,841 C H não 0 rejeitada 2 X =3,841 C H não 0 rejeitada Tempo de duração Classe sócio econômica 2 X = 5,622 0 Orientação Eficácia adaptativa Dieta 2 X = 11,940 0 2 X = 15,900 0 2 X = 22,675 0 2 X = 3,841 C H rejeitada 0 2 X = 3,841 C H rejeitada 0 2 X = 3,841 C H rejeitada 0 2 X = 3,841 C H rejeitada 0 2 X = 3,706 0 2 X = 3,841 C H não 0 rejeitada A análise dos dados mostrou, nesta amostra, que conhecimento sobre a doença e familiares diabéticos são variáveis que não afetam o controle glicêmico. Peso ideal, prática de exercícios físicos, sexo do paciente e tempo de duração do diabetes, são variáveis que apesar de não terem uma forte correlação com o controle glicêmico devem ser consideradas, pois o número referente ao dado observado e o dado crítico estão bem próximos. A classe sócio-econômica é uma variável a ser considerada pois apresenta uma correlação significante com o controle glicêmico. As variáveis que apresentaram uma forte correlação com o controle glicêmico são: orientação, eficácia adaptativa e dieta. Outro dado a ser considerado refere-se ao tempo de duração do diabetes. De maneira geral o tempo de duração do diabetes parece ter pouca influência sobre a qualidade do controle. Mas, analisando os dados separadamente (Quadro III) podemos observar que a maior dificuldade para um bom controle encontra-se nos primeiros anos de diabetes, até 5 anos, e após 11 anos. Apesar do número reduzido da amostra pensamos que este dado deveria ser investigado em outras pesquisas. Quadro III - Correlação entre tempo de duração do diabetes e qualidade do controle controle tempo até 5 anos de 6 a 10 anos após 11 anos ruim regular bom 16 2 2 11 4 3 9 3 0 Discussão Os resultados mostraram que um programa eficiente para pacientes diabéticos deve voltar-se para a dieta, para a promoção da melhora na eficácia adaptativa e para a orientação destes pacientes. Faz necessário ressaltar a diferença entre conhecimento e orientação. O primeiro restringe ao fato do paciente saber (= informação), supõe-se que o paciente tendo acesso às informações e “sabendo” como deveria ser o tratamento, estaria garantindo um bom controle sobre a doença, principalmente evitando complicações agudas e crônicas. A prática e alguns estudos [1, 3. 4] não corroboram essa suposição. O fato do paciente “saber” como deve proceder para manter um bom controle nem sempre é suficiente. As informações a respeito do diabetes e do tratamento são importantes, mas o profissional da saúde deve reconhecer que esta não é uma condição para a aderência do paciente ao tratamento. Nos casos em que apesar da informação não ocorre a aderência ao tratamento deve-se considerar a possibilidade de orientação a este paciente. O modelo de orientação que citamos é diferente da oferta de informações, pois implica no vínculo estabelecido entre o paciente e o profissional de saúde. O profissional possui a técnica que é de fundamental importância para o paciente diabético, mas não se restringe a ela. Este profissional não pode ter a ingenuidade de imaginar que tudo que é ensinado é automaticamente aprendido e leva a uma transformação interna acompanhada de uma mudança da ati- 54 Heleno MGV / Diabetes Clínica 01 (2001) 48~54 tude do paciente. O orientador é capaz de passar informações importantes e ao mesmo tempo escutar seu paciente sobre a intensidade de sua dor. Ele funciona como um facilitador para as transformações do paciente. O orientador não se coloca em uma condição de saber total, mas é alguém que vai caminhar com seu paciente na tentativa de juntos descobrirem uma maneira do paciente aderir ao tratamento e melhorar, consequentemente, sua eficácia adaptativa. Conclusão Este trabalho é uma referência para a implantação de um programa de atendimento ao paciente diabético. Concluímos que o maior investimento deve ser feito junto à equipe de profissionais. Deve-se garantir a presença não só dos médicos e enfermeiros, mas da Nutrição e da Psicologia. Além disto, é de fundamental importância que esta equipe tenha um perfil do “orientador” descrito acima. Com esta equipe será possível conhecer o paciente e criar a possibilidade de um tratamento eficiente. Agradecimentos Nossos sinceros agradecimentos à Cristina Khawali pela colaboração. Referências 1- Docherty M. Glycaemic Control, Regimen Compliance and Causal Attribution in Diabetic People. 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Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 55 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES O tabagismo e o diabetes Mário Albanesea, Rodolfo Bruminib aAdvogado, jornalista e presidente da CIPA/CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, Fundador e presidente da ADESF – Associação de Defesa da Saúde do Fumante, Membro da CETAB - Comissão Estadual de Prevenção e Controle do Tabagismo da Secretaria de Estado da Saúde, bPresidente do Conselho de Educação da ADESF, Assistente técnico da Secretaria de Estado da Saúde/CVE/São Paulo. Sumário A informação verdadeira é um direito do consumidor e um alicerce da cidadania. Tratando-se de saúde esse direito ganha dimensão por envolver o interesse público. Não existe cigarro isento de riscos ou efeitos colaterais e, nesse sentido, iludir com propaganda abusiva e enganosa, é desinformar. Enfatize-se que a desinformação, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, atinge um contingente de 54,1 milhões de pobres, um pouco mais de um entre três brasileiros. O cigarro é um multitóxico com mais de 5000 substâncias químicas, reconhecido como um cancerígeno completo. O tabagismo vicia, adoece e mata 4 milhões de pessoas por ano no mundo, em um universo de mais de 1 bilhão de fumantes. Estima-se que esse número dobra nos fumantes passivos. Diante dessa realidade, não se pode mais ignorar que o tabagismo tenha implicações determinantes nos riscos gerados pelo diabetes. Endereço para correspondência: Mario Albanese, rua Haddock Lobo, 1663/171, 01414-001 São Paulo SP, Tel: (11) 3081-2159, E-mail: [email protected], homepage: www.adesf.com.br 56 Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 Introdução A Classificação Internacional de Doenças (CID), em sua 10ª Revisão, conceitua no capítulo V, o tabagismo como uma desordem mental e de comportamento, em razão da síndrome de abstinência a nicotina. Seu código é F17.2 No presente trabalho os termos cigarro e fumo referem-se a todas as formas de utilização do tabaco e maneiras de fumar. O tabagismo é um fator de risco que mata 4 milhões de pessoas a cada ano no mundo e interage para agravar mais de 50 doenças, entre elas o diabetes. O tabaco concentra 4720 substâncias tóxicas (Dube & Green, 1982) às quais somam-se, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Center for Disease Control and Prevention – CDC/USA) um número aproximado de 700 aditivos diferentes. Portanto, são mais de 5000 substâncias tóxicas responsáveis pela degradação do ar que se respira nos ambientes fechados e que, interagindo com outros poluentes ambientais, produzem a PTA Poluição Tabágica Ambiental. A queima do cigarro, da qual se origina a fumaça, tem uma parte gasosa representada primordialmente pelo monóxido de carbono, uma fase particulada identificada pelo alcatrão e seus subprodutos, além da nicotina e água. Ora, se o ar e a água são elementos vitais para a sobrevivência, seria insensato oferecer para consumo, água turva e cheia de impurezas. Beber água límpida e pura é o desejo de todos. Comparativamente, nos ambientes fechados de qualquer natureza, respira-se um ar poluído, por mais de 5000 elementos tóxicos, tudo em nome de um suposto “convívio civilizado”. Sabe-se que a indoor pollution (poluição dos ambientes internos) foi detectada em 1976, nos Estados Unidos, onde gerou a SED – Síndrome do Edifício Doente (Sick Building Syndrome), que ainda não foi suficientemente avaliada no Brasil. Na respiração, os pulmões isolam o oxigênio do ar para distribuí-lo, pela circulação arterial, por todo o corpo. É característica do sangue arterial ser vermelho, limpo e vivo, tendo como contraponto o sangue venoso, que corre nas veias e é mais escuro pelas impurezas que carrega. O sangue venoso devolve à natureza, pela expiração, o gás carbônico. Com as plantas acontece o inverso, absorvem o gás carbônico de que necessitam e eliminam oxigênio. Assim, quando uma árvore é abatida, esse processo chamado fotossíntese não se realiza e, como conseqüência, respira-se ar poluído pelo acúmulo de gás carbônico. No Brasil são abatidas 25 milhões de árvores, 50 por minuto, a cada ano. Esse desmatamento destina-se ao plantio de tabaco e para a utilização da lenha como combustível nos 96 mil fornos utilizados no processo de secagem das folhas de fumo. Além do dano ambiental irreparável a indústria tabaqueira enriquece, enquanto os pobres e indigentes morrem de fome... Diabetes e os principais elementos tóxicos do fumo A nicotina é responsável pelo vício (dependência químico-física), pela vasoconstrição, hipertensão e pela elevação da freqüência cardíaca do fumante. O impacto da nicotina na arteriosclerose é muito maior no diabético. Se para um indivíduo sadio o cigarro é altamente nocivo, para o diabético, que já possui um distúrbio metabólico que exige medicação permanente, o risco de morte é ainda maior. O que caracteriza a arteriosclerose é o acúmulo de gordura (colesterol) na parede interna das artérias. A vasculopatia e a neuropatia têm no tabagismo um inimigo de alto poder destrutivo. Releve-se que as amputações, decorrentes dos problemas circulatórios nos diabéticos, são freqüentes (pé diabético). Outro componente do fumo, em sua fase gasosa, é o monóxido de carbono, que facilita a formação da carboxihemoglobina, que favorece e acelera o depósito de gordura nas artérias, dificultando e impedindo a livre circulação do sangue. O diabético é um doente crônico com predisposição para alguns fatores de risco como a hipertensão, estresse, alterações da taxa de colesterol, obesidade, fatores genéticos e sedentarismo, aos quais soma-se ainda o tabagismo, de séria e nefasta repercussão no agravamento de sua saúde. Saliente-se ainda, que na fase particulada da queima do cigarro, origina-se o alcatrão e seus derivados cancerígenos. A extraordinária mistura química da fumaça do cigarro contém, entre seus componentes (Tabela 1) O tabaco, um cancerígeno completo Os tóxicos do cigarro produzem na cadeia metabólica a formação de produtos terminais chamados glicotoxinas que reagem, por ligação cruzada, com as proteínas, provocando efeitos mutagênicos no DNA (ácido desoxirribonucléico) que induzem ao câncer e às neoplasias em geral. As glicotoxinas, além das doenças malignas, contribuem para o envelhecimento precoce, catarata, arteriosclerose, insuficiência renal e retinopatias. De fato, sendo indutor do efeito mutagênico e promotor de multiplicação de células, o fumo é considerado um Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 Tabela 1 - Número de elementos identificados em 15 funções químicas existentes no fumo Funções químicas Amidas, imidas Ácidos carboxílicos Lactonas Ésteres Aldeídos Cetonas Álcoois Fenóis Aminas N-heterocíclicos Hidrocarbonetos Nitrilas Éteres Carboidridos Anidridos Total Número identificado 237 227 150 474 108 521 379 282 196 921 755 106 311 42 11 4720 Dube M, Green CR. Methods of collection of smoke for analitical purposes. Recent Advances in Tobacco. Science 1982;8:42. Janoff A, Carp H, Laurant P. et al. - The role of oxidative processes in emphysema. Am. Rev. Dis. 1983;127, supl. S-31. Informação farmacológica. Interaciones entre tabaco y medicamentos. Bull. Of. Sanit. Panamericana. 1983;94:398. cancerígeno completo. O alcatrão é uma substância produzida pela queima do cigarro na sua fase particulada e concentra quarenta e três substâncias comprovadamente cancerígenas, como o arsênio, níquel, benzopireno e o cádmio. Essas substâncias que provocam câncer têm, entre elas, resíduos de agrotóxicos, como o DDT, e até elementos radioativos, como é o caso do polônio 210. Por sua disseminação o cigarro, na comparação com o cachimbo, charuto e fumo mascado, é o de maior risco, não obstante sejam as demais formas igualmente agressivas à saúde. Aditivos Os fabricantes de cigarros acrescentam um número aproximado de 700 aditivos diferentes em seus produtos. Entre os aditivos incluídos na lista emitida para conhecimento público pelo CDC – Center for Disease Control and Prevention, USA, se encontram aromatizantes artificiais que aumentam ainda mais a toxicidade do produto que já contém, in natura, 4720 substâncias tóxicas. Esse expediente vem se processando há mais de 40 anos, com adição, entre outros, de mentol, cacau, melaço, canela, anis, cravo, passas, figo, cereja, folhas de chá, gengibre, rum, água, levedura, limão, maçã, caramelados e componentes químicos. Todos são irri- 57 Tabela 2 - Doenças tabaco - relacionadas e prejuízos à saúde Ref: Prof. Dr. José Rosemberg Outubro/99 1 Infarto do miocárdio 2 Angina pectoris 3 Hipertensão 4 Aterosclerose 5 Acidente vascular cerebral 6 Tromboangeite obliterante 7 Bronquite crônica 8 Enfisema pulmonar 9 Gripe 10 Pneumonia por Legionella pneumophila 11 Pneumonia por Branhamella catarrhalis 12 Pneumonite a colesterol 13 Tuberculose 14 Câncer do pulmão 15 Câncer da boca 16 Câncer da faringe 17 Câncer da laringe 18 Câncer do esôfago 19 Câncer do estômago 20 Câncer do pâncreas 21 Câncer da bexiga 22 Câncer do rim 23 Leucemia mielóide 24 Câncer do colo do útero 25 Câncer da mama 26 Doença de Crohn (Mycobacteria paratuberculosis) 27 Úlcera do estômago 28 Úlcera do duodeno 29 Osteoartrite 30 Osteoporose 31 Catarata 32 Estomatite 33 Bronquite 34 Pneumonia 35 Amigdalite 36 Otite 37 Sinusite 38 Morte súbita infantil 39 Sindactilia 40 Estrabismo 41 Lábio leporino 42 Prenhez tubária 43 Aborto 44 Descolamento precoce da placenta 45 Placenta prévia 46 Diabetes – O fumo retarda a absorção da insulina em razão da vasoconstrição periférica provocada pela ação da nicotina 47 Câncer da pleura (associado com asbesto) 48 Aneurisma da aorta 49 Aneurisma abdominal 50 Câncer da próstata 51 Câncer do intestino 52 Câncer do reto 53 Linfoma 54 Menopausa precoce 55 Derrame subaracnóide na mulher com associação de anovulatórios 56 Periodontite 58 Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 tantes dos brônquios e, muitos deles, ao serem queimados liberam substâncias cancerígenas. O sabor é um elemento que os fabricantes utilizam para qualificar e distinguir seu produto. O tabaco vai para a indústria de beneficiamento, onde as folhas são selecionadas, picadas e classificadas em mais de 120 tipos. A mistura de vários tipos de fumo é que determina o blend característico de cada marca de cigarro. Dessa forma os fabricantes têm a sua disposição mais de 1000 sabores de tabaco para escolher. Portanto, não existe fumo inofensivo, sendo o cigarro o maior multitóxico consumido livre e irresponsavelmente pelo ser humano. Novas terapias Surgem a cada dia novidades no tratamento do diabetes. A esperança se renova com os transplantes do pâncreas e das células bêta. Depois de 30 anos de estudo, pesquisadores da Universidade de Alberta no Canadá, liderados pelo médico inglês James Shapiro, anunciaram a eficácia de um tipo de transplante capaz de reverter por completo o diabetes. Com muita expectativa anuncia-se também o surgimento de aparelhos para medir glicose sem a inconveniente dor da picada. Fala-se em medicação oral mais eficiente e de insulina com maior tempo de duração e que, se confirmados, poderão melhorar a qualidade de vida do diabético e, nesse caso, insere-se também a insulina inalada, que funciona como um spray aspirado pela boca, de ação rápida e curta. Essas novidades foram apresentadas no maior congresso americano sobre o assunto: 60ª Sessão Científica da Associação Americana de Diabetes, realizada nos EUA, de 9 a 13 de junho de 2000, que prevê o lançamento desses produtos até 2003. Os avançados estudos médicos já estão proporcionando aos diabéticos a possibilidade de uma vida normal. Todavia, muitos diabéticos, ao fumar, destroem sua qualidade de vida e invalidam a eficácia das terapias médicas. Todos esses avanços da ciência renovam os anseios de cura por parte dos diabéticos e foram publicados no The New England Journal of Medicine, uma publicação científica de renome no mundo. Ação e reação - considerações Hipócrates (377 A.C.), célebre médico grego, chamado o Pai da Medicina, ensinou que é melhor prognosticar do que diagnosticar, ou seja, é melhor prevenir do que remediar. Ensinou também que a natureza cura e o médico trata, que é a atividade dos membros que revi- taliza o organismo e, finalmente, que qualquer fenômeno possui duas funções: ação e reação. A neuropatia, para o diabético, é uma afecção do sistema nervoso que atinge um em cada quatro diabéticos e torna insensíveis as extremidades do corpo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia do Pé (SBMCP), 30 mil amputações são realizadas a cada ano no Brasil. O pé diabético, por não ter sensibilidade à dor, não reage aos impactos recebidos e sofre deformações. O problema levou a American Orthopedic Foot and Ankle Society (Sociedade Americana de Ortopedia do Pé e Tornozelo), a instituir o ano 2000 como o Ano do Pé Diabético. Nesse sentido empenhou-se em campanhas de informação e prevenção, objetivando reduzir esse elevado número de amputações. As implicações para o diabético repercutem em todos os setores da vida, no convívio profissional, na frustração do tratamento, quando a doença já está em estado avançado, pelo seu custo social, no preço inacessível das próteses de reparo das amputações, pela insuficiência de doadores para transplante e, por fim, na perda de sua qualidade de vida. Além disso tudo, o diabetes é significativamente agravado pelo tabagismo. Agravos à saúde do diabético fumante No nariz, a capacidade olfativa é extraordinariamente prejudicada pelo alcatrão, um potente cancerígeno. Na laringe, além da inflamação crônica e da rouquidão, o fumo é responsável por 97% do total de casos de câncer. Nos pulmões, 90% das mortes por câncer, bem como 85% dos óbitos por bronquite e enfisema são decorrentes do tabagismo. No coração, além dos fatores hereditários, o fumo aumenta o risco de infarto e dobra a probabilidade de morte por doenças cardíacas. Na circulação, os níveis de açúcar no sangue, elevam a taxa de triglicérides e colesterol, favorecendo o entupimento das artérias. A vasoconstrição, provocada pela nicotina do cigarro, bem como o monóxido de carbono para a formação da carboxihemoglobina, são fatores agravantes da arteriosclerose. No pênis, o caminho é para a impotência, motivada pelo entupimento dos microvasos que dificultam ou impedem a ereção. No cérebro, a iminência do risco de um derrame, triplica. Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 Nos olhos, a irritação ocasionada pela fumaça do cigarro agrava a retinopatia diabética que leva à cegueira. A perda da visão é 25 vezes mais freqüente no diabético pois os vasos sanguíneos da retina, com altos níveis de açúcar, ficam alterados. Na boca, o fumante perde o paladar e, por esse motivo, exagera na utilização de condimentos para sentir o gosto pela comida. Conseqüentemente, esses ingredientes aumentam a pressão arterial, predispõem à gastrite, úlceras e outras lesões como o câncer da boca. Sigmund Freud (1856-1934), inveterado fumante de charuto, teve câncer na boca. Submeteu-se a 26 cirurgias sem sucesso. A desmistificação do charuto e do cachimbo é importante pois seus usuários têm como argumento, para justificar seu consumo, o fato de não tragar a fumaça. Alimentam assim a idéia de que não terão os mesmos problemas de quem fuma cigarros. No entanto há evidência cientifica de que o tabagismo é um potente causador de câncer na boca, com o mesmo grau de risco para os fumantes de cigarros, charutos e cachimbos. Assinale-se que o risco de câncer dos lábios é maior para os que fumam cachimbo. Os estudos revelaram também forte sinergismo do álcool com o tabagismo para o surgimento de tumores malignos nos lábios, língua, soalho, gengivas, palato e orofaringe em geral. De fato, a ação oncogênica do fumo do tabaco tem vários mecanismos. Na boca, incide diretamente sobre os tecidos, o que não ocorre com outros órgãos onde os componentes carcinogênicos chegam por via sangüínea ou linfática agindo por si ou por meio de produtos metabolizados igualmente cancerígenos. Os aborígenes da América usavam o cachimbo nos rituais religiosos e para as convenções de paz. Além do tabaco mascado (fumo de rolo) e aspirado (rapé), surgiu o charuto que difundiu-se em todos os continentes. Todavia foi nos Estados Unidos que alcançou maior prestígio. Os charutos tornaram-se cada vez mais volumosos e longos chegando a 25 centímetros. Foi propagado como símbolo de masculinidade. Assim, com o nascimento de um filho homem, o orgulhoso pai, por tradição, oferece ainda hoje, um charuto aos amigos para festejar o nascimento de um menino. A popularidade e, ao mesmo tempo o símbolo de poder do charuto, exteriorizou-se na figura americana do “Tio Sam”, de cartola e com um enorme charuto na boca. Nos dentes, o fumo altera sua coloração, inflama as gengivas e favorece a deposição de tártaro. O diabético fumante perderá os dentes por não sentir dor. Dentes quebrados e abscessos, resultam em focos de infecção. No aparelho digestivo, provoca câncer no estômago, pâncreas e esôfago, além de gastrite e úlcera. 59 No sistema reprodutor, favorece o câncer do colo do útero, a menopausa precoce e impede o desenvolvimento normal do feto. Nos homens, o fumo prejudica a potência e a fertilidade. Nos rins, o espessamento dos microvasos evolui para insuficiência renal (nefropatias). Na bexiga, aumenta três vezes o risco de câncer. Na mulher, o fumo agride diretamente os ovários reduzindo a fertilidade e seu desempenho sexual. É muito elevado o índice de malformações congênitas decorrentes do fumo, particularmente na gravidez, tais como lábio leporino, fissura palatina, dactilia e estrabismo. Realmente, no útero materno o bebê é um fumante cativo, preso e sem opção. Com todas essas injúrias à saúde do nascituro, se conseguir nascer, terá menor peso e maior risco de morrer depois do nascimento (morte súbita infantil). Fumar, durante a gravidez, irá retardar e repercutir no raciocínio da futura criança e interferir no seu desenvolvimento intelectual. A beleza da mulher fica seriamente comprometida: sua pele torna-se opaca e sem viço; os olhos, avermelhados e com olheiras acentuadas; os dentes, amarelados e as gengivas inflamadas; seu timbre de voz alterase para o grave, além do hálito fétido. Acentue-se que, na mulher diabética e grávida, as malformações estão igual e diretamente relacionadas com seu grau de hiperglicemia. Um simples exame bucal, feito por um dentista ou médico clínico, seria suficiente para o rastreamento de um câncer prevenível e curável. Entretanto, a realidade revela que um crescente número de pacientes apresenta-se com a doença em fase tão avançada que seu tratamento torna-se paliativo. As estatísticas de câncer na boca revelam que cerca de 95% dessas neoplasias malignas ocorrem pela ausência de diagnóstico precoce. Acrescente-se que significativa parcela da população é constituída por indigentes e analfabetos que não têm acesso aos indispensáveis serviços médico-odontológicos e de saneamento básico, o que agrava sobremaneira esse quadro. Sabe-se que no fumante a assimilação da vitamina C fica seriamente prejudicada, tornando-o mais suscetível às doenças. A depleção do ácido ascórbico (vitamina C) compromete o status antioxidante no diabetes. Nos ossos das mulheres, na pós-menopausa, existe maior risco de osteoporose. No tabagismo passivo, por meio do aleitamento materno, a absorção da nicotina pelo nenê durante a amamentação, está cientificamente comprovada. A intensidade depende do número de cigarros fumados e da poluição ambiental existente. As comprovações foram feitas em análises da urina dos lactentes de zero a seis 60 Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 meses. Para o diabético tabagista o estresse origina-se pela síndrome de abstinência à nicotina. Sabe-se que o fumante é compelido a fumar em intervalos de 20 a 30 minutos, em média. O fumo induz ao álcool e vice-versa. O fumo associado ao álcool faz do diabético uma vitima desamparada, pois quanto mais bebe mais fuma. A explicação é simples: ao excretar a maior parte da nicotina pela urina, o organismo do fumante exige sua imediata reposição. Forma-se assim um círculo vicioso extremamente prejudicial, principalmente para o diabético. O sincronismo desses vícios confirma a carcinogênese de tumores na boca, faringe, esôfago e bexiga. Fumo e alergia Numerosos estudos feitos para comprovar os agravos à saúde, provocados pela fumaça inalada pelas crianças, revelaram a precipitação e agravamento dos quadros alérgicos, com destaque para asma e rinite, aumento na freqüência de internações hospitalares, tudo isso evidentemente relacionado com o número de cigarros fumados e a conseqüente degradação do ar ambiental. A criança, ainda em formação, é mais suscetível ao fumo e, como decorrência, tem maior incidência de doenças nas vias respiratórias, efusão do ouvido médio e síndrome da morte súbita. Percebe-se que o tabagismo e o diabético, considerados isoladamente, têm como denominador comum, problemas circulatórios originados pela ação vasoconstritora da nicotina no fumante, pelo acúmulo de gordura, no diabético. Sendo fumante e diabético a predisposição à esclerose das artérias é maior. Ressalve-se ainda que a circulação sangüínea veicula por todo o corpo humano e é de vital importância para todos os órgãos, sem exceção. Que não se pense que o tabagismo é prerrogativa de prejuízo somente para o sistema respiratório que é, inegavelmente, o mais atingido. De fato, 90% dos cânceres de pulmão estão diretamente relacionados ao fumo. Esse quadro torna-se dramático em razão das últimas estatísticas que indicam que o brasileiro está fumando mais, notadamente as mulheres. Portanto, vergar-se aos interesses da mídia e da indústria tabaqueira e continuar admitindo a propaganda abusiva e enganosa feita a favor do fumo, é desconhecer a importância de preservar a saúde pública com informações corretas e verdadeiras. Da sobrevivência O ser humano diferencia-se dos animais por ser inteligente. Enquanto os animais se conformam com os limites de sua natureza, o homem tenta obstinadamente ultrapassar os seus. Na pré-história a média de vida do homem era de apenas 8 anos e, mesmo assim, conseguiu sobreviver e preservar a espécie. Inteligente, criou e empunhou o tacape para multiplicar o poder de seus músculos. Ardiloso, inventou armadilhas e passou a capturar e dominar os animais ferozes. Criativo, descobriu o fogo para vencer o frio e a escuridão. Investigativo, aprendeu a plantar, colher e conservar alimentos para vencer a fome, o inverno e a seca. Atualmente, já no 3º milênio, o homem, se souber preservar-se na saúde, poderá viver por mais de cem anos. Todavia, nas guerras, no trânsito, na ignorância, na ambição desmedida, no preconceito, na violência urbana, na fome e no vício, o homem é vítima do próprio homem. O valor da esperança Nada melhor do que reproduzir trechos do discurso do notável Prof. Dr. Mário Rigatto, proferido na cerimônia de inauguração da estátua de Asclépio, Deus da Medicina, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em junho de 1999: “A Medicina tem 250 mil anos de história enquanto a Ciência Médica, de tantas conquistas e avanços, tem apenas 300 anos. A Medicina, ao longo de sua história, nunca precisou da Ciência Médica para impor-se. Todos os que vestiram a roupagem de médico, tanto o pajé, quanto o sacerdote e o feiticeiro, exerceram a Medicina com parcos recursos e foram comprovadamente úteis à sociedade de seu tempo. De fato, o gesto médico, quando exercido com autoridade, mobiliza no íntimo do paciente reservas que o levam a superar o mal que o debilita. Sendo assim, os limites da ciência podem esgotar-se para o médico, mas se a vida ainda não se esgotou para o paciente, ele com certeza buscará por outros recursos para sobreviver.” Deixando exemplo e saudade o Prof. Dr. Mário Rigatto faleceu aos 17 de janeiro de 2000. Albanese M et al / Diabetes Clínica 01 (2001) 55~61 61 Referências Campos S. Medicina Biomolecular e Radicais Livres, São Paulo, 1996, Francolor, Coletâneas vol I . Cerami C, Founds H, Nicholl I, Mitsuhashi T, Giordano D, Vanpatten S, Lee A, Al-Abed Y, Vlassara H, Bucala R, Cerami A. Tobacco smoke is a source of toxic reactive glycation products, Proc Natl Acad Sci USA 1994;25:3915-20 Chaturvedi N, Jarrett J, Shipley MJ, Fuller JH. Socioeconomic gradient in morbidity and mortality in people with diabetes: cohort study findings from the Whitehall Study of Vascular Disease in Diabetes, BMJ 1998;316:100-5 Colhoun HM, Dong W, Barakat MT, Mather HM, Poulter NR. 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Endereço: ................................................................................................................................................................... Cidade:....................................................................... Estado: ................................................... CEP: .............................. Fone: (.......) ..................................... Fax:.......................................... Recibo em nome de:.................................................................................................................... Cheque Nr.............................. Banco:.....................Valor total:................................................... Data: ................................ Profissão: ......................................................................................... Assinatura: _________________________________ INSTRUÇÕES PARA INSCRIÇÃO Preencher esta ficha de inscrição e enviá-la junto com o comprovante de depósito (via fax ou carta) para: ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiróz, 198 - Vila Mariana Cep: 04011-031 - São Paulo - SP BRASIL Fone/Fax: (11) 5549-6704 / 5572-6559 IMPORTANTE: Sua inscrição só estará confirmada após o recebimento do comprovante do depósito junto com a impressão desta ficha de inscrição. TAXA DE INSCRIÇÃO até 07 de junho de 2001 Profissionais: R$ 80,00 Estudantes: R$ 50,00 Após esta data, acréscimo de R$ 20,00 OBS: Se você for Nutricionista e quiser participar das OFICINAS deverá depositar mais R$ 10,00 e informar na sua inscrição (temos 180 vagas). PRINCE TOUR - Viagens e Turismo Rua da Glória, 234 - Liberdade - CEP 01510-000 São Paulo SP Tel. (11) 3104-3111 / Fax: (11) 3106-7564 E-mail: [email protected] Com Cláudia ou Vera FORMA DE PAGAMENTO Depósito bancário - Banco Real - Agência 0985 - C/ C 37-5, em nome da Associação Nacional de Assistência ao Diabético ORGANIZAÇÃO: ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiróz, 198 - Vila Mariana Cep: 04011-031 - São Paulo - SP - BRASIL Fone/Fax: (11) 5549-6704 / 5572-6559 VAGAS LIMITADAS - Confirmar se há vaga antes de efetuar depósito AGÊNCIA DE TURISMO OFICIAL Reserva de Hotel - Passagens - Transfer Tour by night - Ônibus - Vans FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 06 Ficha Prática / Diabetes Clínica Insulinas humanas e animais disponíveis no Brasil (Ref: Recomendação da SBD Sociedade Brasileira de Diabetes, 2000) INSULINAS HUMANAS AVENTIS Ação ultra-lenta (UR) Ação rápida (R) Insuman R Ação intermediária · NPH (N) Insuman N · Lenta (L) Ação prolongada (U) Pré-misturas (N+R) 90/10 85/15 Insuman Comb 85/15 80/20 75/25 Insuman Comb 75/25 70/30 Pré-misturas (N+UR) 75/25 INSULINAS ANIMAIS Ação rápida (R) Ação intermediária · NPH (N) · Lenta (L) BIOBRÁS LILLY Humalog Humulin R Biohulin R NOVO-NORDISK Novolin R Biohulin N Biohulin L Biohulin U Humulin L Humulin N Novolin N Novolin L Novolin U Biohulin 90/10 Humulin 90/10 Novolin 90/10 Biohulin 80/20 Humulin 80/20 Novolin 80/20 Biohulin 70/30 Humulin 70/30 Novolin 70/30 Humalog Mix25 BIOBRÁS Neosulin R (suína) Monolin R (suína) Iolin R (mista) LILLY Insulina Mista Purificada R NOVO-NORDISK Actrapid (suína) Neosulin N (suína) Monolin N (suína) Iolin N (mista) Neosulin L (suína) Insulina Mista Purificada N Protaphane (suína) Monotard (suína) Perfil médio de ação das insulinas humanas e animais INSULINAS HUMANAS INÍCIO Ultra-rápida (R) Rápida (R) NPH (N) Lenta (L) Ultralenta (U) 0,25 0,5 1,0 2-4 2-4 6 - 10 0,5 1,5 2 -3 6 -10 6 - 12 10 -16 INÍCIO PICO 0,5 2,0 4-6 4-6 8 - 14 3-4 8 - 14 8 - 14 Mínimo INSULINAS ANIMAIS Rápida (R) NPH (N) Lenta (L) Ultralenta (U) PERFIL DE AÇÃO (HORAS) PICO DURAÇÃO EFETIVA DURAÇÃO MÁXIMA 3-4 3-6 10 - 16 12 -18 18 - 20 4-6 6-8 14 - 18 16 - 20 20 - 24 PERFIL DE AÇÃO (HORAS) DURAÇÃO EFETIVA 4 16 16 24 -6 - 20 - 20 - 36 DURAÇÃO MÁXIMA 6 - 10 20 - 24 20 - 24 24 - 36 Ficha Prática / Diabetes Clínica Tabela de prognóstico de risco coronariano de Framingham (Ref: Hospital de Clínicas José de San Martin, División Nutrición, Dr. Adolfo V. Zavala) Some os pontos de riscos de acordo com a tabela Fatores de Risco . O total de pontos avalia o risco absoluto de evento coronariano no próximos 10 anos FATORES DE RISCO PONTOS DE RISCO HOMENS MULHERES Idade (anos) < 34 -1 35 - 39 0 40 - 44 1 45 - 49 2 50 - 54 3 55 - 59 4 60 - 64 5 65 - 69 6 70 - 74 7 Colesterol total (mg/dl) < 160 -3 160 - 199 0 200 - 239 1 240 - 279 2 > 280 3 HDL Colesterol (mg/dl) < 35 2 35 - 44 1 45 - 49 0 50 - 59 -1 >60 -2 Pressão arterial sistólica (mmHg) < 120 0 120 - 129 0 130 - 139 1 140 - 159 2 >160 3 Glicemia (mg/dl) < 110 0 110 - 126 1 > 126 2 Tabagismo Não 0 Sim 2 -9 -4 0 3 6 7 8 9 10 -2 0 1 2 3 5 2 1 0 -3 PONTOS DE RISCO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 RISCO ABSOLUTO ATÉ 10 ANOS (%) HOMENS MULHERES 2 3 4 5 6 7 9 13 16 20 25 30 35 45 1 2 2 2 2 2 3 3 3 4 7 8 11 13 15 18 20 -3 0 1 2 3 0 2 4 0 2 Risco elevado: > 20 % Risco médio: 10-20 % Risco baixo: < 10 % Some os pontos de acordo com a tabela - Idade - Colesterol total - Colesterol HDL - Pressão arterial sistólica - Glicemia - Tabagismo Total Eventos / Diabetes Clínica 01 (2001) 65 Calendário de Eventos MARÇO DE 2001 14 a 17 de março 7th Panafrican Diabetes Study Group Congress E-mail: [email protected] 25 a 30 de março 4th Mayo Clinic Endocrine Course Hapuna Beach Prince Hotel, Mauna Keat resort Kohala Cosat, Gig Island of Hawaii Fax: (507) 284-0532 E-mail: [email protected] ABRIL DE 2001 1 a 6 de abril 10th Bone and Mineral Metabolism Society Congress 37th SEMDSA (Society for Endocrinology Metabolism and Diabetes of South Africa Congress) Holiday Inn Corwne Plaza, Sandton, South Africa Tel: +27 11 807 0794 E-mail: [email protected] 4 a 7 de abril First International Symposium on PPARs Firenze, Itália Informações: Fondazione Giovanni Lorenzini Medical Science Foundation Via A Appiani, 7 – 20121 Milano - Itália 18 a 22 de abril 36th Annual Meeting European Association For the Study of the Liver EASL 2001 Prag, Czech Republic Informações: EASL Secretariat, 17 rue de Cedrier, BP 1726 CH-1211 Geneva – Switzerland Tel: +41 22 908 0488 E-mail: [email protected] 19 a 21 de abril International Course on Diabetes and macrovascular Disease Lugano, Switzerland Informações: International Atherosclerosis Society Via A Appiani, 7 – 20121 Milano – Itália Tel: +39 02 2906 1879 E-mail: [email protected] 28 de abril a 1 de maio IXo Congresso da sociedade latino americana de tireóide Rio de Janeiro, RJ Informações: JZ Congressos Tel: (21) 286 2846 MAIO DE 2001 2 a 6 de maio 10th Annual meeting and Clinical Congress of the American Association of Clinical Endocrinology (AACE) San Antonio, Texas E-mail: [email protected] Fax: (904) 353-8185 5 a 9 de maio VIIIo International Symposium on Insulin Receptors and Insulin Action 66 Eventos / Diabetes Clínica 01 (2001) Molecular and clinical aspects of insulin Action in the New Millenium Geneva, Switzerland Informações: Symporg SA Tel: (41) 22 839 8484 Fax: (41) 22 839 8485 10 a 12 de maio VIIº Jornadas internacionales de vasculopatías, factores de riesgo y pie diabético Palais Rouge, Buenos Aires, Argentina Organização: Dr. Adolfo V. Zavala , Hospital de Clínicas José de San Martín Informações: Larrea 1403. (1117) Capital Federal, Argentina Tel/Fax: (5411) 4805-7651 E-mail: [email protected]. 25 a 27 de maio IVº COPEM - Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabolismo Maksoud Plaza Hotel - São Paulo, SP Organização: Paradigma Eventos Tel: (11) 3813-8896/3815-9003 Fax: (11) 3815-2285 E-mail: [email protected] www.sbemsp.org.br 25 a 27 de maio 36th SSSD Meeting (Scandinavian Society for the Study of Diabetes) Uppsala, Suécia Informações: SSSD 2001 Dragarbrunnsgatan 35, 753 20 Uppsala Tel +46 18 150080 e-mail: [email protected] site: http://welcome.to/sssd01 JUNHO DE 2001 20 a 23 de junho Endo 2001 83th Annual Meeting of the Endocrine Society Denver, Colorado Tel (301) 941-0241 E-mail: [email protected] 22 a 26 de junho 61th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association Philadelphia, Pennsylvania Informacões: www.diabetes.org JULHO DE 2001 6 a 10 de julho Local Organising Committee of The Pediatric Endocrinology 2001 Montreal, Quebec, Canadá. Tel: (514) 398 3770 E-mail: [email protected] Site: www.med.mcgill.ca/pedendo 7 a 9 de julho 6o Congresso brasileiro multiprofissional em diabetes 6a Exposição nacional de produtos e alimentos para o diabético Fundacão Álvares Penteado, Av Liberdade, 532 São Paulo, SP Informações: ANAD Tel: (11) 5572-6559 - www.anad.org.br AGOSTO DE 2001 16 a 19 de agosto IXo Congresso brasileiro de obesidade Hotel Bourbon, Foz de Iguaçu, PR Organização: ABESO Informações: (41) 342 7175 E-mail: [email protected] SETEMBRO DE 2001 9 a 13 de setembro 37th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2001 Glasgow, Escócia Informações: Concorde Services Ltd $b, 50, Speirs Wharf, Port Dundas Glasgow, G4 9TB UK Tel +44 141 331 0123 E-mail: [email protected] Eventos / Diabetes Clínica 01 (2001) OUTUBRO DE 2001 4 a 6 de outubro IIo Congresso Internacional de Nutrição, Alimentação e Tecnologia - CINAT Centro de Convenções São Camilo, São Paulo SP Informações: SINESP (11) 3277 8422/8291 www.sindicatonutricionistas.com.br 10 a 14 de outubro XIIIo Congresso brasileiro de diabetes Rio de Janeiro, RJ Informações: JZCongressos Tel: (21) 286-2846/537-9134 E-mail: [email protected] 21 a 24 de outubro XIVo Congresso brasileiro de nutrição parenteral e enteral VIIo Congresso latino americano de nutrição parenteral e enteral IIo Congresso brasileiro de nutrição clínica Salvador, BA Informações: Eventus System Tel: (71) 264-3477 Fax: (71) 264-0508 E-mail: [email protected] NOVEMBRO DE 2001 11 a 15 de novembro XIo Congresso ALAD – Association latinoamericana de diabetes IIIo Congresso Uruguaio de Diabetologia Punta del Este, Uruguai Informações: personas SRL, Av. 8 de octubre 2323, of. 305, Montevideo, Uruguai Tel: (5982) 408-1015/408-2951 E-mail: [email protected] 15 a 18 de novembro XIIIo Curso nacional de atualização em endocrinologia e metabologia Gramado, RS Organizacão: SBEM regional RS www.vjs.com.br Tel: (51) 330 1134 E-mail: [email protected] 67 DEZEMBRO DE 2001 1 a 3 de dezembro IIo Encontro paranaense de Endocrinologia Informações: (41) 342-1415 Ramal 213 e 214 (Fax) E-mail: [email protected] JUNHO DE 2002 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, California Informacões: www.diabetes.org SETEMBRO DE 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Budapest 5, POB 741 Hungary 1365 Tel: +36 1 269 5883 E-mail: [email protected] FEVEREIRO DE 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] AGOSTO DE 2003 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: www.idf.org Assine Diabetes Clínica Assine Diabetes Clínica por R$ 60,00 (6 edições) e mantenha-se bem informado sobre o que acontece de mais importante em sua área. 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Nome: __________________________________________________________ Profissão: _______________________________________________________ Especialidade: ____________________________________________________ Endereço: _______________________________________________________ CEP: ___________________________________________________________ Cidade: _________________________________________________________ Estado: _________________________________________________________ E-Mail __________________________________________________________ Se preferir fazer um depósito bancario, use os dados seguintes: Banco Itaú - agência 0030 - conta 45696-6 titulat: ATMC e mande o comprovante por fax com seu endereço para (21) 244-6471 qualquer informação: Jean-Louis Peytavin Tel: (21) 244-6471, E-mail: [email protected] Assinando Diabetes Clínica você ganha um CD-Rom com as edições anteriores! Atlantica Atlantica Editora Editora Av. Av. Atlantica, Atlantica, 604 604 // 1102 1102 -- Copacabana Copacabana -- Rio Rio de de Janeiro Janeiro -- RJ RJ -- 22010-010 22010-010 -Telefax: Telefax: (21) (21) 244-6471 244-6471 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº 2 - 2001) EDITORIAL Desafios e sucessos da Campanha de Diabetes do Ministério da Saúde, Fadlo Fraige Filho ................... 71 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................ 73 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................ 88 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................ 91 PRODUTOS E NOVIDADES Açúcar líquido (Lowçucar), Classic Diet (Nestlé), Bolottone Light (Vivalev Diatt), Emed (Novel) ......... 109 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ................................................................................ 111 ARTIGOS CIENTÍFICOS Diabetes mellitus neonatal transitório – Relato de caso, José Côdo Albino Dias, Willian Pedrosa de Lima ...................................................................................... 118 Perfil dos diabéticos assistidos em duas unidades básicas de saúde de Londrina – PR, Ilidia Terezinha Martelli Takahashi, Henriqueta Galvanin Guidio de Almeida, Maria Helena Dantas de Menezes Guariente, Carmen Lúcia Lázaro Garcia, Maria do Carmo Lourenço Haddad, Olga Chizue Takahashi, Iria Roberta Staut Freitas, Vânia Maria Vargas, Valéria de Araújo Elias, Denise R. Seigai ................................................................ 122 Cuidados nutricionais para pacientes diabéticos em uso de terapia nutricional enteral, Viviane Chaer Borges, Anuraha Dudha ...................................................................................................... 129 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES São Paulo: Lei estadual e projeto de lei municipal beneficiam portadores de diabetes ............................ 133 Insulina: Diminui o risco de aumento do preço.......................................................................................... 134 FICHAS PRÁTICAS Educação: Questionário de avaliação da independência da criança diabética tipo 1 .................................. 135 CALENDÁRIO DE EVENTOS ............................................................................................................... 139 6o Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes .............................................................................. 131 Inscrição ao 6º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes ......................................................... 137 Formulário de assinatura de Diabetes Clínica ............................................................................................. 138 69 70 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Coordenação: Educadora Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golbert (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldbert Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) ATLANTICA EDITORA Marketing Maurício Galvão Costa Anderson ATMC - Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP tel/fax: (11) 4411-7629 cel: (11) 9218-0570 [email protected] Apoios IDF - SACA : International Diabetes Federation South America Central America FENAD : Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD : Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP : Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 244-6471 [email protected] Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] Assinatura 6 números ao ano: R$ 60,00 www.atlanticaeditora.com.br/assinaturas tel: (21) 244-6471 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. 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Diabetes Clínica 71 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL Desafios e sucessos da Campanha de Diabetes do Ministério da Saúde Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador - Editor Científico de Diabetes Clínica A Campanha levada a cabo em todo o território brasileiro durante o mês de março faz parte do Plano de reorganização da atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial que é constituído por 4 fases. Embora a mídia e para muitos e até para profissionais tenha sido entendido apenas como uma Campanha é importantíssimo que se entenda que estas 4 fases constituem o 1º Programa Nacional do Governo Federal de Atenção ao Diabetes, planejado por uma comissão composta por membros do Ministério da Saúde, das Sociedades de Profissionais das áreas de Diabetes e Hipertensão, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Diabetes, Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial e FENAD (Federação Nacional das Associações de Diabetes). A primeira fase que foi iniciada em outubro de 2000 e foi até fevereiro deste ano, constituiu-se na capacitação dos multiprofissionais, principalmente médicos e enfermeiros para o atendimento dos portadores de Diabetes na rede pública do SUS e das Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios. Esta capacitação partiu dos especialistas em Diabetes que transmitiram para os profissionais de cada região. Estes atuaram e ainda continuaram atuando como multiplicadores de conceitos básicos para o diagnóstico e tratamento corretos e adequados do Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial associada, bem como as hiperlipemias comuns a esses pacientes. A 2ª fase, que constitui-se na Campanha de detecção, foi planejada para 36 milhões de glicemias capilares, que teoricamente seria suficiente para abranger a população acima de 40 anos. Teve como objetivo principal a detecção dos 50% de portadores de Diabetes que desconhecem a sua doença. Segundo os dados do estudo de prevalência do Ministério da Saúde, realizado em 1988 e 1989, este grupo seria de dois e meio milhões de pessoas, e se mantido o mesmo percentual de 7,6%, obtido naquele estudo, na faixa etária de 30 a 69 anos, aplicado a atual população do ano 2000, seria de aproximadamente 4 milhões de pessoas. Os dados ainda não foram totalmente compilados, no Brasil todo, porém, parciais do Estado de São Paulo apontam para um índice entre 12 e 13% de glicemias alteradas, alias índices iguais aos obtidos 72 Diabetes Clínica 02 (2001) no estudo de prevalência realizado no Município de Ribeirão Preto (SP) usando os mesmos critérios do Ministro da Saúde, que chegou ao índice de 12% no ano de 1999. Este índice de prevalência parcial obtido está indicando que conforme dados de previsão da Organização Mundial de Saúde, o Diabetes Mellitus tipo 2 deverá ter caráter epidêmico neste século 21, passando dos atuais 160 milhões de portadores no mundo para 320 milhões nos próximos 25 anos. Os pacientes diagnosticados na Campanha, bem como aqueles já conhecedores da sua doença, foram enviados para as Unidades Básicas de Saúde para o atendimento ambulatorial, onde serão acompanhados. Toda medicação prevista para o tratamento será distribuída gratuitamente, por verba própria do Ministério, através do referido plano ou ação conjunta com as Secretarias de Saúde. A 4ª fase do plano é o diagnóstico, encaminhamento e tratamento das complicações crônicas do Diabetes, que serão realizados em Hospitais terciários, devidamente equipados e feitos por especialistas nas diferentes áreas. Algumas verdades sobre a Campanha e o plano de atenção ao Diabetes 1ª) Desde 1996, pessoalmente vinha insistindo com o então Sr. Ministro da Saúde, Dr. Adib Jatene, para um Programa de Atenção ao Diabetes e trocas de insulinas animais para as humanas – pouco conseguimos. 2ª) Em 1997 levamos as mesmas solicitações, em nome da ANAD, ao Sr. Ministro Carlos Albuquerque. 3ª) No ano de 1998 o Sr. Ministro José Serra constitui comitês de assessoramento nas diferentes áreas de saúde, e o de Diabetes, do qual faço parte, e então pude na 1ª Reunião, daquele ano atualizar a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), com todos os medicamentos disponíveis no mercado privado, lembrando que até então apenas uma droga encontrava-se padronizada. Apresentei planilha de custos de Insulinas Humanas, por DNA recombinante, com custos iguais as Insulinas animais adquiridas pelo Ministro da Saúde, para distribuição em todo território nacional. Como Presidente eleito da FENAD, neste ano de 1998 planejei e coordenei a 1ª Campanha Nacional de Detecção, Educação, Orientação e Prevenção das Complicações, tendo levado esta proposta para uma ação conjunta em 1999 com o Ministério da Saúde, que foi rejeitada por um membro do Comitê que entre outras alegações colocava que “a rede de atendimento médico no país, não suportaria uma Campanha de 500 mil exames em aproximadamente 450 cidades”. A falta de visão, a parcialidade das colocações e vaidades individuais, impediu que com 2 anos de antecedência o Ministério da Saúde participasse de tão importante atividade. A verdade está aí – 36 milhões de exames realizados e não se tem noticias de nenhum tumulto, muito pelo contrário, a grande receptividade por parte da população, que com a motivação do plano e da Campanha receberam inúmeras informações sobre Diabetes e durante aproximadamente 45 dias muito se falou sobre a doença, levando orientações, alertas, (até em novelas), e conscientizando sobre o assunto. Queremos deixar registrado que as ações de educação e detecção de Diabetes, são há muito tempo, a META das Associações, Ligas, Núcleos e Centros de todo o Brasil. Aqui em São Paulo, a ANAD, em conjunto com as Secretarias de Saúde do ABC promoveu as primeiras campanhas nos anos de 1984, 1985 e 1986, nos mesmos moldes do atual plano do Ministério da Saúde, por isso queremos dar o crédito de precursores do plano e da Campanha às Associações de Diabéticos, Ligas, Núcleos de Centros de Diabetes, que há décadas vêm realizando em suas cidades e que em conjunto com a FENAD, e as Secretarias de Saúde nos anos de 1998, 1999 e 2000 realizaram as primeiras três Campanhas Nacionais. Em nome dos profissionais que trabalham em Diabetes e dos portadores, queremos deixar aqui nossa gratidão ao Ministro José Serra e sua equipe, bem como a todos os participantes da Comissão que integrou e idealizou o Plano de Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial. Diabetes Clínica 02 (2001) 73 Informes do Diabetes no Mundo Earl S. Ford et al., Prev Méd 2001;32:33-39, janeiro de 2001 Consumo de frutas e legumes está inversamente associado à incidência de diabetes Pesquisadores afirmam que o alto consumo de frutas e legumes pode reduzir o risco de diabetes, especialmente em mulheres. O estudo do Centers for Disease Control and Prevention, em Atlanta, avaliou adultos americanos de 25 a 74 anos que participaram do primeiro National Health and Nutrition Examination Survey e que foram acompanhados por 20 anos. Ao todo, 1018 indivíduos da amostra de 9.665 participantes apresentavam diabetes. A porcentagem de indivíduos que consumiam cinco ou mais frutas e legumes ao dia foi menor entre aqueles que desenvolveram diabetes do que entre os que não desenvolveram. Os autores calcularam que 19,6% dos homens diabéticos e 18,9% das mulheres diabéticas consumiam cinco ou mais porções ao dia, comparados a 25,6% dos homens não diabéticos e 30,2% das mulheres não diabéticas. A diferença foi estatisticamente significativa apenas entre mulheres. Depois do ajuste de inúmeros fatores, incluindo idade, raça e pressão sistólica, a razão de chances para os consumidores de cinco ou mais porções de frutas e legumes ao dia comparados aos não consumidores foi de 0,73 para todos os participantes, 0,54 para mulheres e 1,09 para homens. Quando a escolaridade foi incluída no modelo, a razão de chances foi de 0,79 para todos os participantes, 0,61 para mulheres e 1,14 para homens. Os autores concluem que os resultados corroboram os poucos estudos que sugerem que o consumo de frutas e legumes reduz o risco de diabetes. Acrescentam que a escolaridade pode se relacionar à incidência de diabetes por sua relação positiva com o consumo de frutas e legumes. Raida I. Harik-Khan et al, J Clin Epidemiol 2001;54:399-406 Distribuição de gordura no corpo influencia função pulmonar em homens Uma relação cintura-quadril (RCQ) elevada acarreta efeitos adversos em homens mais do que em mulheres. O estudo avaliou a associação entre a RCQ e a função pulmonar em 1094 homens e 540 mulheres que participaram do Baltimore Longitudinal Study of Aging, sendo que os pacientes tinham entre 18 e 102 anos. Foi observada uma associação inversa significativa entre RCQ 74 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação e o volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) em homens, mas não em mulheres. Além disso, valores maiores da RCQ também estavam associados com reduções maiores na capacidade vital forçada em homens. Os autores concluem que esta diferença na distribuição de gordura corporal parece afetar os mecanismos torácicos em homens ao contrário das mulheres e que esta distribuição diferente pode explicar a associação entre um baixo VEF1 e um risco coronariano elevado. Laura Baines et al, Diabetes 2001;50:843-850 Inibidor da ECA não altera a estrutura renal em pacientes diabéticos com albuminúria Pesquisadores demonstram que os efeitos da terapia com inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) em pacientes com nefropatia diabética (redução da taxa de filtração glomerular e redução da excreção de albumina) não são alcançados por amenizar anormalidades estruturais nos glomérulos. O estudo randomizou 54 pacientes para receber somente enalapril 10mg, nifedipina retard 2 vezes/dia ou placebo. Todos os pacientes apresentavam uma taxa de excreção de albumina elevada, mas eram normotensos. Aproximadamente todas as biópsias mostraram lesões glomerulares significativas no início do estudo. Foi observado que enalapril reduziu a taxa de excreção de albumina de 26% após seis meses, entretanto esta redução não foi sustentada em três anos. Nifedipina e placebo não mostraram efeitos significativos na taxa de excreção de albumina. A taxa de filtração glomerular foi reduzida de forma similar nos três grupos de tratamento, com uma média de declínio de 4ml/min/ano e em todos os grupos também não houve mudança na pressão arterial e nos níveis de hemoglobina A1c ao longo dos três anos de estudo. Os autores concluem que IECA não alterou a estrutura glomerular em três anos. Nish Chaturvedi et al, Ann Intern Med 2001;134:370-379, março de 2001 Os inibidores da ECA diminuem a progressão para a macroalbuminuria em diabetes do tipo 1 Em pacientes normotensivos portadores de diabetes do tipo 1 e de microalbuminúria, o uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) reduz significativamente a progressão para a macroalbuminúria e aumenta a possibilidade de regressão. O Diabetic Nephropathy Trialist Group, Londres, realizou uma meta-análise dos dados de 12 estudos. Os 698 pacientes observados eram diabéticos com microalbuminúria e eram tratados por inibidores da ECA ou placebo e acompanhados pelo menos durante um ano. A análise mostrou que em pacientes recebendo inibidores da ECA a progressão para a macroalbuminúria foi reduzida (odds ratio 0,38), e a regressão para a normoalbuminúria foi aumentada (odds ratio 3,07). Dentre os 646 pacientes de 10 estudos, acompanhados por 2 anos, a taxa de excreção de albumina foi reduzida em 50,5% em pacientes recebendo inibidores de ECA em comparação com grupo placebo controle. Mesmo após ajuste para a pressão sanguínea de repouso na primeira consulta de pós-randomização, a redução da taxa de excreção de albumina era significativamente em 45,1%. Em conclusão, os inibidores da ECA podem prevenir e até reverter a disfunção renal, segundo os pesquisadores. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) Brazilian International Genome Conference, Angra dos Reis, abril de 2001 75 Pesquisa do genoma da cana pode levar a açúcar que engorda menos Um trabalho desenvolvido no Brasil promete levar a variedades de cana cujo açúcar será menos calórico. O açúcar que engorda menos poderá ser um dos primeiros frutos do desdobramento do Projeto Genoma da Cana-de-Açúcar realizado por um consórcio de pesquisadores paulistas organizado pela Fapesp. Os cientistas já deram por concluída a missão de seqüenciar os genes ativos da cana. O trabalho levou à identificação de milhares de seqüências de genes - acredita-se que a cana tenha cerca de 35 mil genes, 12 mil deles até agora desconhecidos em outras plantas. Os genes que podem levar ao açúcar menos calórico estão entre eles, mais precisamente entre os 200 genes de metabolismo de carboidratos já identificados. “Descobrimos, um novo tipo de açúcar na cana. Com o uso de novas tecnologias, seria possível produzir novas variedades de cana, cujo açúcar será menos calórico”, explica o coordenador do projeto, Paulo Arruda, da Unicamp. Os genes do metabolismo de açúcares são uma amostra do potencial do projeto. Já se sabe que a cana compartilha muitos de seus genes com outros cereais, como milho, trigo e arroz. A estratégia de seqüenciamento do DNA da cana se baseou em se decodificar apenas os genes expressos, isto é, ativos da planta. O DNA lixo, parte significativa do genoma, foi deixado de lado. A estratégia deu ao país a maior coleção do mundo de seqüências de genes expressos de um vegetal. “São informações valiosas pois a imensa maioria dos genes da cana estão presentes nos cereais. E o Brasil é o segundo país do mundo na produção de grãos”, frisa Arruda. Michael Dosch et al, J Immunol 2001;166:2831-2841, fevereiro de 2001 Os pacientes portadores de diabetes de esclerose múltipla possuem auto-antígenos similares Células T auto-reativas provenientes de pacientes diabéticos e portadores de esclerose múltipla (EM) alcançam auto-antígenos em células de ilhotas e no sistema nervoso central, segundo os pesquisadores, que mostram “que o que protege geralmente os diabéticos da EM e os pacientes EM do diabetes poderia ter conseqüências terapêuticas.” Eles analisaram a auto-reatividade das células T em 38 pacientes com EM estável ou recidivante, 54 crianças portadores de diabetes recentemente diagnosticado, 105 de seus familiares no primeiro grau, e 34 indivíduos controle. Fora de identificar os epítopos de proteína de mielina básica, as células T provenientes de pacientes EM alcançaram freqüentemente os auto-antígenos associados ao diabetes auto-imune, fenômeno que ocorre raramente com as células T de indivíduos saudáveis. Similarmente, as células T de dois terços dos pacientes diabéticos e de seus familiares com risco elevado de desenvolver diabetes mostraram respostas proliferativas para pelo menos um antígeno associado à EM. Os parentes com risco baixo tinham menos desse tipo de células T auto-reativas. A auto-imunidade em diabetes e EM alcança o mesmo conjunto de autoproteínas, sem seletividade de tecido ou de doença, segundo os pesquisadores, para os quais existiria uma longa e clinicamente silenciosa fase de pré-EM, análoga à do pré-diabetes. De acordo com Michael Dosch, “existe um forte 78 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação consenso sobre o tratamento do diabetes, em um prazo razoável, por terapias dirigidas para a cura precoce do pré-diabetes. Esperamos que pode ser possível também no caso do EM, para o qual os tratamentos atuais são ineficazes.” Carla J. Greenbaum et al, Diabetes 2001;50:470-476, março de 2001 O diabetes do tipo 1 assintomático pode se manifestar somente através anormalidade do OGTT de 2 horas Pesquisadores do Diabetes Prevention Trial of Type 1 Diabetes descobriram um subgrupo anteriormente desconhecido de diabéticos do tipo 1 assintomáticos e diagnosticados somente pelo teste oral de tolerância à glicose de 2 horas (OGTT). O fato que estes pacientes apresentam glicose de jejum normal ou diminuída sugere que fatores outros do que a diminuição da resposta insulínica de primeira fase devem contribuir à tolerância a glicose pós-prandial em esses pacientes, segundo os pesquisadores. Eles rastrearam os auto-anticorpos de células de ilhotas em mais do que 65.750 parentes do primeiro e segundo grau de pacientes portadores de diabetes do tipo 1. Dentre os indivíduos positivos, 585 apresentavam auto-anticorpos contra a insulina ou baixa resposta da insulina de primeira fase, e foram testados por OGTT. O diabetes foi identificado segundo o único critério do OGTT de 2 horas em 61 indivíduos. Foi notado que pouco se sabe sobre a historia natural deste tipo de fenótipo diabético, o risco de desenvolver um diabetes sintomático ou os benefícios de uma intervenção precoce. “Muitas pessoas entram no diabetes tipo 1 através este estádio no qual a glicose sanguínea de jejum é normal e a pós-prandial anormal, mas, por enquanto, não parece relevante de identifica-los. Alguns vão desenvolver uma doença clínica, e não existe dados justificando um tratamento precoce”, segundo Carla J. Greenbaum. Os autores recomendam uma avaliação freqüente da progressão potencial da doença. Guidance on Pioglitazone for Type 2 Diabetes Mellitus, National Institute for Clinical Excellence, Londres, 9 de março de 2001 Pioglitazona reduz efetivamente os níveis da glicose sanguinea no diabetes do tipo 2 O National Institute for Clinical Excellence (NICE) confirmou que a pioglitazona é eficaz para diminuir as taxas de glicose sanguínea em pacientes portadores de diabetes o tipo 2. NICE recomenda que os pacientes que não respondem a terapia conjugada metformina e sulfoniluréia, experimentam a pioglitazona em combinação com metformina ou sulfoniluréia como alternativa ao tratamento por insulina. NICE conclui que a pioglitazona, em combinação com metformina e sulfoniluréia, pode ser uma opção menos onerosa do que a insulina para o tratamento do diabetes do tipo 2, com uma diminuição de despesas de 12 milhões de libras para o NHS (National Health Service). NICE notou também que a pioglitazona reduz os níveis de triglicérides e aumenta os níveis de HDL-colesterol. Segundo John Betteridge, professor de Endocrinologia da University College, Londres, “o tratamento do diabetes do tipo 2! deve tomar em conta todos os fatores de risco que são uma parte do síndrome altamente complexo da resistência à insulina. Vários estudos demonstraram que a pioglitazona pode não só diminuir os níveis da glicose mas também reduzir os triglicérides e aumentar o HDL colesterol, características da dislipidemia presente na maioria dos pacientes diabéticos de tipo 2.” 80 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) International Journal of Epidemiology 2001;30:111-117, março de 2001 As taxas de diabetes e hipertensão aumentam com o avanço da ocidentalização As taxas de diabetes e hipertensão, ajustadas em função da idade, estão aumentando com o avanço da ocidentalização entre as população de origem africana. Pesquisadores de vários países (Inglaterra, Camarões, Jamaica e França), realizaram estudos padronizados sobre a intolerância à glicose e a hipertensão sanguínea em quatro populações representativas da origem africana: população de zona rural dos Camarões, população urbana dos Camarões, população da Jamaica, e grupo de emigrantes dos Caribes na Inglaterra, dos quais 80% provenientes da Jamaica. O número de casos de diabetes aumentou com a ocidentalização. A taxa de diabetes ajustada em fubnção da idade era de 0,8% na população rural dos camarões. Ela aumenta para 2,4 e 8,5% nas populações urbanas dos camarões e Jamaica, respectivamente. E 16,4% dos emigrantes do Caribe na Inglaterra foram diagnosticados como portadores de diabetes. O diagnóstico de hipertensão mostrou um aumento similar, com uma taxa ajustada em função da idade de 7 e 16% respectivamente entre as populações rurais e urbanas dos Camarões, o que deve ser comparado com as taxas de 21 e 34% de hipertensos entre as populações da Jamaica e dos emigrantes na Inglaterra, respectivamente. Os fatores de riscos mostraram poucas alterações, apesar que o IMC (índice de massa corporal) mostrou um aumento similar ao da hipertensão e do diabetes. Os autores concluem que o balanço energético e as influências sócio-econômicas têm muito mais importância na origem do diabetes e da maioria das doenças crônicas do que os fatores étnicos ou genéticos. Entretanto o genótipo é menos importante do que o fenótipo. Eles sugerem que nas sociedades ocidentalizadas com prevalência relativamente baixa de diabetes e doenças crônicas, o rastreamento genético é bastante ineficaz e impreciso. O rastreamento genético nestes grupos é geralmente oneroso e pouco confiável. Entretanto, os autores acrescentam que seria possível identificar deflagradores ambientais que influenciam os genes. Julio Rosenstock et al, Diabetes Care 2001;24:631-636 Insulina de longa ação reduz risco de hipoglicemia noturna no diabetes tipo 2 A insulina glargina menos provavelmente leva à hipoglicemia noturna e associa-se menos ao ganho de peso do que a NPH. O estudo multicêntrico avalia pacientes em uso de insulina por pelo menos três meses. Para o ensaio de 28 semanas, 259 pacientes foram aleatoriamente escolhidos para o tratamento com insulina glargina ao deitar e outros 259, para tratamento com NPH ao deitar ou pela manhã e ao deitar. Os medicamentos foram individualizados com base em glicose sérica alvo de jejum de 4,4 a 7,8mmol/l. A insulina regular antes das refeições foi mantida conforme uso habitual. Os pacientes apresentaram melhoras na HbA1c e na glicose de jejum durante o estudo, sendo as diferenças não significativas. Nove pacientes sob tratamento com insulina glargina e sete com NPH foram retirados do estudo por efeitos adversos. Dor leve no sítio de injeção foi mais freqüente no grupo da insulina glargina. Redução de 25% na hipoglicemia noturna foi alcançada no grupo da insulina glargina em relação ao grupo da NPH. Um paciente do grupo da insulina glargina apresentou hipoglicemia grave, enquanto seis o 82 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação fizeram no grupo da insulina NPH. Os pacientes tratados com insulina glargina apresentaram menor ganho ponderal, qual seja, 0,4 versus 1,4 kg no grupo da NPH. Segundo os autores, a menor hipoglicemia noturna reflete o perfil sem picos de atividade da insulina glargina em relação ao pico de NPH, o que pode resultar em concentrações maiores de insulina à noite quando a NPH é administrada ao deitar. Os autores sugerem que o maior ganho ponderal se deva à ingesta calórica adicional do grupo da NPH na tentativa de compensação da hipoglicemia. Vera Bril et al, Diabetes Care 2001;24:250-256, fevereiro de 2001 Testes simples de rastreamento identificam neuropatia periférica em pacientes diabéticos Pesquisadores demonstram que três testes simples podem rapidamente identificar pacientes diabéticos quanto à neuropatia periférica. O estudo avaliou a eficácia de quatro manobras de rastreamento comparadas com testes eletrofisiológicos para o diagnóstico de neuropatia periférica em 478 pacientes diabéticos. Os quatro testes foram o exame do monofilamento SemmesWeinstein (MSW), sensibilidade dolorosa superficial, teste vibratório pelo método on-off e pelo método do tempo. Foi observado que os testes apresentaram características semelhantes, com um resultado positivo, representado como cinco respostas incorretas a 8 estímulos, e negativo se até uma resposta fosse incorreta aos 8 estímulos, além de sensibilidade e especificidade comparáveis. Os autores concluem que dos quatro testes, MSW, teste da vibração on-off e o da sensibilidade dolorosa foram considerados os mais fáceis de serem realizados e podem ser feitos ao nível ambulatorial, devendo, portanto, o médico escolher um deles e realizá-lo rotineiramente em seus pacientes diabéticos. Ann Intern Med 2001;134: 203-207, fevereiro de 2001 Insulina inalada no tratamento do diabetes do tipo 2 A absorção pulmonar da insulina melhorou o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 sem efeitos adversos pulmonares durante um período de tratamento de 3 meses. Este estudo aberto e randomizado avaliou a eficácia e a segurança do tratamento com insulina inalada em 26 pacientes portadores de diabetes do tipo 2. Os pacientes foram observados durante uma consulta de rastreamento, uma fase de 4 semanas de linha base e uma fase de 12 semanas de tratamento. Eles receberam insulina inalada antes cada refeição com uma aplicação de insulina ultralente ao deitar. Os pacientes realizaram testes de monitorização da glicose em casa e a dose de insulina era ajustada cada semana de acordo com o objetivo de alcançar um nível de glicose plasmática pré-prandial de 5,55 até 8,88 mmol/l. Os resultados mostraram que o controle glicêmico melhorou significativamente após insulina inalada em comparação com a linha base. O tratamento foi bem tolerado e os testes da função pulmonar não detectaram efeitos adversos após três meses. 84 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) New Mexico School of Medicine, Albuquerque, New Mexico, Metabolism Clinical and Experimental 2001; 50(2), fevereiro de 2001 Robert Moses et al, Diabetes Care Diabetes Care 2001; 24:11-15, janeiro de 2001 Jejum e desidratação têm efeitos diferentes sobre a patogênese da cetoacidose diabética Variações nas concentrações da glicose plasmática na cetoacidose diabética resultam provavelmente da importância do jejum pré-existente e da desidratação. Os pesquisadores observaram que a glicemia varia muito em pacientes em estado de cetoacidose: concentrações de glicose plasmática entre 10 e 50 mmol/l são comuns, mas o mecanismo desta variabilidade da glicemia fica pouco conhecido. O estudo observou os efeitos do jejum e da desidratação sobre a hiperglicemia induzida pela remoção da insulina em diabéticos do tipo 1. Para avaliar os papeis respectivos do jejum e da desidratação, foram observados 25 pacientes portadores de diabetes do tipo 1 durante 5 horas sem tratamento de insulina antes (controle) e após 32 horas de jejum (n = 10) ou desidratação de 4,1% ± 2,0% do peso corporal (n = 15). Amostras sanguínea foram efetuadas cada 30 minutos durante a remoção de insulina para determinar os níveis da linha base de hormônio contra-regulatório e as taxas de produção e de disponibilidade da glicose. O jejum resultou em concentrações de glicose plasmática mais baixas e a desidratação em concentrações mais elevadas do que nos casos controle. Assim, em comparação com os controles, a produção de glicose cai durante a fase de jejum e aumenta durante a fase de desidratação. As concentrações de glucagon e as taxas de desenvolvimento de cetose e de acidose metabólica aumentam durante ambos o jejum e a desidratação, em comparação com controles. Esses dados sugerem que o jejum e a desidratação têm efeitos diferentes sobre a glicemia durante a deficiência da insulina. A desidratação favorece a hiperglicemia e o jejum resulta em diminuição das concentrações da glicose. Esses resultados foram atribuídos às diferenças na disponibilidade do substrato e às concentrações de hormônio contra-regulatório. A repaglinida melhora o controle glicêmico sem ganho de peso significativo em diabetes do tipo 2 Um estudo multinacional mostra que o agente antidiabético oral repaglinida (Novonorm, Prandin), associado a dieta com horários variáveis, melhora o controle glicêmico sem aumento significativo do peso corporal em pacientes diabéticos do tipo 2. Os resultados são importantes porque o ganho de peso é um problema comum com vários agentes antidiabéticos com também com a insulinoterapia, e o excesso de peso aumento os riscos no caso do diabetes do tipo 2. O ganho de peso é conhecido para ser associado com terapias que aumenta a exposição total do paciente à insulina, incluídos os agentes antidiabéticos de longa ação, tais como as sulfoniluréias ou certas formas de insulina. Isso é um desafio pra o especialista porque o excesso de peso contribui para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 como também para as complicações cardiovasculares. A repaglinida pertence à classe das “glinidas” que estimulam rapidamente a secreção de insulina, o que faz que ela é especialmente preferida para o período da refeição, quando o organismo precisa de insulina. A interrupção da estimulação da secreção de insulina ocorre também muito rapidamente e o risco de hipoglicemia é menor do que com os agentes antidiabéticos de longa ação. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) 85 Continuação Em um estudo duplo-cego controlado por placebo, 408 pacientes de 61 centros em 13 países portadores de diabetes tipo 2 foram randomizados para receber repaglinida 0,5 – 1,0 mg (n- 270) ou placebo (n = 138), imediatamente antes a refeição principal. Os pacientes nunca foram tratados por agentes antidiabéticos orais e eram livres de seguir horários flexíveis de refeições durante as 16 semanas do estudo. Um total de 316 pacientes completaram o estudo. Os que tomaram repaglinida mostraram uma melhora significativa do controle glicêmico, como demonstrado pela diminuição média de 1,14% da HbA1c e a diminuição de 1,8 mmol/l da glicose plasmática de jejum (dois resultados significativos p < 0,001). Estas melhoras foram obtidas sem aumento significativo do peso corporal (ganho médio de peso: 0,35 kg, não significativo), qualquer sejam os padrões de refeições dos pacientes. Não foi observada melhora do controle glicêmico em pacientes tratados por placebo et foi observado um pequeno ganho de peso, não significativo. Como previsto, os efeitos adversos os mais freqüentes foram episódios de hipoglicemia, reportados por 17% dos pacientes tratados por repaglinida e 3% dos pacientes controle. Os outros efeitos adversos foram raros e similares nos dois grupos. Os mais comuns efeitos reportados por vários estudos, fora da hipoglicemia, são os sintomas de resfriado, dor de cabeça, diarréia, dores das articulações e das costas. Pediatric Diabetes 2000; 1: 142-149, janeiro de 2001 Agulhas mais finas não diminuem a dor da aplicação de insulina em crianças A diminuição do diâmetro das agulhas de injeção de 0,4 para 0,3 mm não diminuiu a percepção da dor durante as aplicações de insulina, segundo pesquisadores do Udevalla Hospital, da University de Linköping na Suécia e da Novo-Nordisk, Dinamarca, em dois estudos randomizados e duplo-cego. Estudo A: 60 crianças e adolescentes de 9 a 21 anos receberam injeções com 3 agulhas: Novo 27G/13 mm (N27), B-D MicroFine IV 28G/13 mm (B28) e NovoFine 28 G/12 mm (N28). Estudo B: 40 crianças e adolescentes de 8 a 20 anos receberam também injeções com 3 agulhas: NovoFine 28G/12 mm (N28), B-D MicroFine+ 29G/ 13 mm (B29) e NovoFine30G/8 mm (N30). As aplicações foram feitas com um ângulo de 45o em uma dobra de pele em lugares diferentes (abdômen e coxa). A dor foi avaliada usando uma escala visual análoga. Os resultados não mostraram diferenças significativas na percepção da dor nos dois estudos. O sangramento era menos comum com a agulha B29 (35,5%) comparada com a agulha N28 (48,1%). Nenhuma diferença foi observada entre as agulhas B29 e N30. Nenhuma diferença entre as agulhas foi observada para o vazamento de insulina, que ocorreu em todos os casos em 14% das injeções abdominais e 25% das aplicações na coxa. Segundo os pesquisadores, a diminuição do diâmetro de 0,4 para 0,3 mm não parece diminuir a sensação de dor neste grupo de idade. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2001) Tiinamaija Tuomi et al, J Clin Endocrinol Metab 2001;86:574-582, marco de 2001 87 Grupos de diabéticos tipo 1 e tipo 2 nas mesmas famílias A interação de um antígeno HLA (human leukocyte antigen) poderia explicar a ligação genética entre os diabetes tipo 1 e 2, segunda a pesquisa de Tiinamaija Tuomi et al. Eles estudaram no haplótipo HLA a expressão dos anticorpos do ácido glutâmico descarboxilase (GADab) em 695 famílias nas quais mais de um membro da família é portador de diabetes tipo 2. 14% dessas famílias eram “misturadas”, tendo membros portadores também de diabetes tipo 1 GADab e o genótipo HLA DQB1*0302/X foram encontrados com maior frequëncia em diabéticos tipo 2 de famílias misturadas do que em diabéticos tipo 2 de famílias com somente portadores de diabetes tipo 1. Os membros da famílias misturadas com haplótipos de risco de classe II demonstraram resposta insulínica diminuída à teste de glicose oral, em comparação com pacientes não portadores desse haplótipo. Os pesquisadores concluem que diabetes tipo 1 e 2 se encontram nas mesmas famílias. A susceptibilidade genética ao diabetes tipo 1 conferida pelo lócus HLA predispõe à diminuição da função da célula β em pacientes portadores de diabetes tipo 2. 88 Diabetes Clínica 02 (2001) O Diabetes na Imprensa 2,5 milhões podem descobrir diabetes 25 de março de 2001 Cerca de 2,5 milhões de brasileiros terão um motivo importante para não esquecer estas semanas de março. Ao longo deste mês, eles receberam ou estarão recebendo a notícia, ainda preliminar, de que são diabéticos. Estimase que metade desse contingente nem desconfiasse que era portador da doença. Passado o susto da má notícia, a maioria vai constatar que seria muito pior se não tivesse feito o teste e não fosse informado do resultado. Diagnosticado no início e devidamente tratado, o diabetes pode ser controlado. No caso contrário, a doença fará estragos graves quando aparecer, podendo provocar derrames, amputações, cegueira e problemas cardíacos. Reduzir os danos dessa doença silenciosa é o propósito da campanha do Ministério da Saúde iniciada o dia 6 de março. Ana Luiza Vilasboas, coordenadora da Campanha Nacional de Diabetes, diz que o SUS tem infra-estrutura para receber esse novo contingente de diabéticos, equivalente a mais de duas vezes e meia a população de Campinas, em São Paulo. Segundo ela, medicação e insumos – como fitas e aplicadores de insulina – já estão previstos no orçamento. Além das 30 mil unidades de saúde – que receberão aparelhos glicosímetros para medir a glicose no sangue – cerca de 38 milhões de pessoas já estão acompanhadas pelo programa de Saúde da Família. Ainda falta um treinamento adequado dos profissionais. Segundo ministério, 5.500 multiplicadores municipais estão sendo treinados para atualizar cerca de 40.000 profissionais da rede básica em todo o país. Na prática, a realidade não é tão animadora. “O SUS não coloca à disposição todos os tipos de insulina e muitas cidades não recebam nenhum dos tipos”, diz Lílian Fanny de Castilho, diretor-executiva da ANAD, Associação Nacional de Assistência ao Diabético. Com uma rede de pacientes em todo o Estado de São Paulo e contatos com associações de muitas regiões, a ANAD é um dos muitos “olhos” das entidades de pacientes diabéticos. Hoje em São Paulo, pela Lei 10.782.01, cujo projeto é de autoria do deputado Roberto Gouveia (PT), o SUS deve garantir medicamentos e insumos para o autocontrole – glicosímetros e fitas – e auto-aplicadores de insulina. Significa que cada paciente dependente da insulina terá direito a um aparelho medidor da glicose (custo entre R$ 100,00 e R$ 200,00) e fitas para os testes, que consomem cerca de R$ 50,00 a R$ 90,00 por mês. Um grupo a ser coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde, com participação de entidades et usuários, deverá detalhar a lei numa “norma técnica”. “Oferecer condições para que o paciente e sua família tenham autonomia no controle e tratamento do diabetes é a forma mais barata de evitar os altíssimos custos da doença,” diz Gouveia. Em 1999, O SUS gastou R$ 33 milhões com internações decorrentes de complicações com o diabetes. Os Estados Unidos estimam em US$ 130 bilhões por ano as perdas com tratamento e custos indiretos dessa doença. O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 02 (2001) 89 Associações auxiliam pacientes 25 de março de 2001 As mais de 300 associações de diabéticos em atividade no país ilustram a importância do trabalho de formiga que ONGs e voluntários vêm realizando. O diabetes é uma doença que avança sem dar sinal e, quando diagnosticada, exige cuidados cotidianos. Sem o apoio de associações e grupos de pacientes, o abandono do tratamento seria maior. No sobrado que abriga a Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD), em São Paulo, a psicologia Ada verônica lida primeiro com o medo dos pacientes, geralmente adultos que descobriram ser diabéticos necessitando de insulina. “Imaginam que são pacientes graves porque precisam de insulina”, diz a psicóloga. “Quando descobrem que todo organismo necessita de insulina, aderem ao tratamento e passam a viver melhor.” Ada descobriu que tinha diabetes do tipo 1 aos 22 anos. Desde então ela se aplica insulina duas vezes ao dia. No mesmo sobrado, a voluntária Maria de Fátima Borges, bancária aposentada, diabética há seis anos, é a primeira a receber os novos pacientes. “Eles chegam desorientados e deprimidos”, diz Maria. “Ficam mais clmos quando digo que também sou diabética.” As associações, reunidas na Federação Nacional das Associações de Diabéticos (FENAD), são pontos de encontro de pacientes que chegam pedindo informação e ajuda ou que já participam dos grupos. São também uma espécie de “mercadinho para diabético”, onde o paciente pode encontrar de alimentos a publicações. Plantas podem controlar glicose 25 de março de 2001 As novas insulinas são cada vez mais eficazes, têm menos efeitos colaterais e são mais fáceis de aplicar. Mas, para muitos pacientes, o sonho ainda está numa “cura” ou num controle que possa vir das plantas e dos alimentos. Os resultados ainda estão restritos aos ratos, “mas são animadores”, diz Jecelem Mastrodi Salgado, professora titular da Esalq-USP, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Entre as várias pesquisas sobre alimentos que coordena, pelo menos três estão relacionadas ao diabetes. Uma delas é com a Cissus cyclod, trepadeira conhecida como “insulina vegetal”. “Nas pesquisas, essa planta tem diminuído o nível de glicose no sangue”, diz Jecelem. Outro estudo vem sendo feito com a manga. Os pesquisadores destruíram as células bêta do pâncreas, que produzem insulina, deixando os ratos diabéticos. “Com o emprego da manga, notou-se um aumento da insulina nos bichinos.” A mesma professora – autora do livro “Previna Doenças, Faça do alimento o seu medicamento (Ed. Adras) – coordena um estudo com o feijão guando, que também reduziria a glicose. “O próximo passo serão trabalhos com humanos, coordenados por endocrinologistas”, diz. 90 Ophtalmology O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 02 (2001) Um terço dos diabéticos não recebe tratamento necessário para evitar a perda de visão março de 2001 Mais de um terço dos portadores de diabetes não recebe o tratamento médico necessário para evitar a perda de visão, segundo George Blankenship, presidente da American Academy of Ophtalmology O alto nível de açúcar no sangue associado ao diabetes pode danificar os vasos sanguíneos da retina, região sensível à luz no fundo do olho. A doença que resulta desta degeneração, chamada de retinopatia diabética, deixa 8 mil pessoas cegas a cada ano apenas nos Estados Unidos. Os primeiros sinais de retinopatia diabética podem ser observados em um exame em que a pupila é dilatada por colírios e a retina pode ser vista claramente Em uma pesquisa com 2.308 portadores de diabetes, uma equipe de pesquisadores verificou que 35% dos pacientes não havia sido submetido a um exame com dilatação de pupila no ano anterior. Deste grupo, um terço foi submetido a exame sem dilatação da pupila. Os portadores de diabetes do tipo 1, que pode causar perda de visão mais severa, observaram mais as orientações de tratamento, verificaram os pesquisadores. Pacientes mais velhos e os que receberam programas de educação formal sobre diabetes foram mais propensos a ser submetidos anualmente a exame ocular com dilatação de pupila. As pessoas que não seguiram as orientações tenderam a procurar um optometrista (especialista na medição da acuidade visual) para cuidar do olho em vez de procurar um oftalmologista. Diabetes Clínica 02 (2001) 91 Avanços terapêuticos e tecnológicos S Schumacher et al, Diabetologia 1999;42:A242 Farmacocinética da repaglinida em pacientes portadores de diabetes tipo 2 apresentando ou não diminuição da função renal Objetivos: Comparar a farmacocinética da repaglinida após dose única ou múltipla em pacientes diabéticos do tipo 2, apresentando ou não diminuição da função renal. Metodologia: Estudo aberto, em centro único, com grupo paralelo. Após avaliação da clearance da creatinina (Clcr), 34 pacientes (idade 45-75 anos) foram separados em três grupos, em função do grau de insuficiência renal; normal (NORM), leve/moderada (MOD) e severa (SEV). Os pacientes receberam uma dose única 2 mg nos dias 1 e 5, e 3 doses 2 mg em pré-prandial nos dias 2-4. Amostras de sangue foram coletadas durante 24 horas (dia 1) e 48 horas (dia 5) para observar os perfiles plasmáticos da repaglinida. Resultados: AUC (área embaixo da curva) diminuiu quando CLcr aumenta ambos nos dias 1 (p = 0,03) e 5 (p = 0,01). Quando os pacientes SEV foram excluídos, a correlação entre AUC e CLcr nos dias 1 (p = 0,88) e 5 (p = 0,75) desapareceu. Os valores médios de AUC após dose única (dia 1) ou múltipla (dia 5) foram similares (aproximadamente 55 ng/ml.h) para os pacientes NORM e MOD. Os valores de AUC em pacientes SEV foram aproximadamente 1,5 (dia 1) para 1,75 (dia 5) vezes mais elevados em comparação com os outros grupos, o que é estatisticamente significativo. AUC aumentou a partir dos dias 1-5 nos três grupos: para 5% no grupo NORM (NS), 21% no grupo MOD (p = 0,0002) e 27% no grupo SEV (p = 0,0001). A taxa média de eliminação e os valores de t½ foram similares para os pacientes NORM e MOD nos dias 1 e 5, enquanto que para os pacientes SEV, a taxa de eliminação foi similar no dia 1 mais menor do que nos dois outros grupos no dia 5 (p = 0,014/0,017 respectivamente). Nos dias 1-5, foram observadas poucas modificações da taxa de eliminação nos grupos NORM e MOD mas uma diminuição significativa de 0,27/h (p = 0,019) no grupo SEV, com um aumento correspondente do t½ de 1,5 h no dia 1 para 3,6 h no dia 5 nesse grupo. O perfil de segurança geral foi similar nos três grupos. Conclusões: Os grupos de função renal NORM e MOD não podiam ser distinguidos para todos os parâmetros farmacocinéticos estudados, enquanto que o grupo SEV divergiu significativamente no que se refere a AUC e taxa de eliminação. Por isso, baseando-se em considerações farmacocinéticas, os pacientes apresentando uma diminuição leve a moderada da função renal podem ser tratados com repaglinida. 94 B Ludvik et al, Department of medicine, University of Vienna, Austria; LADSEBCNR, Padova, Itália, 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, Israel, 17-21 de setembro de 2000 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Melhora da sensibilidade à insulina e da tolerância à glicose em diabéticos do tipo 2 tratados com caiapó Objetivos: Resultados primários de estudos não controlados sobre Caiapó, extrato de batatas doces brancas, demonstrou uma melhora do controle da glicose em ratos e em pacientes diabéticos do tipo 2. O objetivo desse estudo duplocego, randomizado, controlado por placebo foi de avaliar a eficácia, a tolerabilidade e o modo de ação de Caiapó em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Material e métodos: Efetuamos teste de tolerância oral (75 g) e testes freqüentes de tolerância à glicose endovenosa (FSIGT) com modelos matemáticos antes e após 6 semanas de administração oral diária de 2 g (B-baixa) ou 4 g (A-alta) de Caiapó ou placebo (P) em 18 homens diabéticos (idade = 58 ± 8 anos, IMC = 27,7 ± 2,7 kg/m2). Resultados: Todos os resultados são dados como médios ± DP. Os 6 pacientes em cada grupo foram avaliados para a idade, IMC e glicose plasmática de jejum (FPG). FPG mostrou uma diferença significativa (p < 0,05) entre os respectivos grupos na sexta semana (7,1 ± 0,3 em H, 8,7 ± 0,3 in L, 8,6 ± 0,7 mmol/l in P). Após tratamento o ratio entre glicose e insulina AUC1 durante OGTT estava significativamente menor em A em comparação com P (0,07 ± 0,07 vs. 0,11 ± 0,02 mg min/dl, p < 0,05). O índice de sensibilidade à insulina (SI) avaliado a partir do FSIGT aumentou em B em 37% (2,0 ± 1,7 vs. 2,8 ± 2,2 (104 min-1/(µU/ml), p < 0,05) e em A em 42% (1,2 ± 0,8 vs. 1,7 ± 1,0 (104 min-1/(µUml), p < 0,05). Nenhuma modificação foi observada no grupo placebo. A eficiência da glicose e a extração hepática da insulina não foram modificadas pelo tratamento com Caiapó. Nenhum efeito adverso foi observado. Conclusões: O tratamento a curto prazo com Caiapó foi bem tolerado e aumenta significativamente a sensibilidade à insulina e a tolerância à glicose em pacientes portadores de diabetes do tipo 2, proporcionalmente à dose. Esses achados necessitam estudos mais extensos sobre o caiapó para avaliar o seu potencial no tratamento do diabetes do tipo 2. E. Jungmann, T. Helling, G. Jungmann, C. Mertens, U. Snelting, St. Vincent’s Hospital Rheda-Wiedenbrück, Germany 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, Israel, 17-21 de setembro de 2000 Melhora persistente do controle metabólico em diabetes do tipo 2 controlado por tratamento intensivo de insulina usando insulina lispro Introdução e objetivos: Em pacientes diabéticos do tipo 2 do UKPDS, a prevenção da deterioração metabólica progressiva pela terapia insulínica convencional (CIT) era bem menos satisfatória do que previsto. Decidimos observar se um tratamento intensivo com insulina (IIT) utilizando insulina lispro poderia dar resultados a longo prazo, no que se refere ao controle metabólico, peso corporal e microalbuminúria. Material e métodos: Avaliamos os dados clínicos de 50 pacientes diabéticos do tipo 2 (idade: 62 ± 2 anos, duração conhecida da doença: 10 ± 2 anos, HbA1c: 9,7 ± 0,4%), acompanhados durante três anos após participação em nosso programa de tratamento e treinamento. 25 pacientes tinham CIT com duas aplicações diárias de insulina. 10 pacientes tinham IIT com insulina humana normal (NI) e 15 pacientes usavam insulina lispro. Resultados: Em todos os grupos, foi observada uma melhora persistente do controle metabólico (HbA1c: 7,4 ± 0,3%, p < 0,01 vs. antes tratamento). Com 96 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) lispro, HbA1c era 6,7 ± 0,3% vs. NI, 7,9 ± 0,5% (p < 0,05), e o ganho de peso foi em +0,8 ± 0,3 kg/m2 vs. NI, +2,0 ± 0,5 kg/m2 (p < 0,05). A pressão sanguínea média era 153/83 ± 4/3 mmHg e não foi modificada pelo tratamento insulínico. Conclusão: Em nossos pacientes diabéticos do tipo 2, uma melhora metabólica persistente e um ganho de peso mínimo foram obtidos após 3 anos de tratamento IIT utilizando insulina lispro. N. Peled, G. Moss, M. Yung, Amira Medical, Scotts Valley, CA, USA, 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, Israel, 17-21 de setembro de 2000 Avaliação da exatidão do sistema de teste da glicose sanguínea AtLast Introdução e objetivos: A performance dos glicosímetros usados em casa é uma modalidade importante no manejo do diabetes. O sistema da glicose sanguínea AtLast, da empresa Amira Medical (Scotts Valley, Califórnia), é um sistema inovador. Ele mede as concentrações da glicose em sangue capilar obtido a partir de lugares com poucas terminações nervosas, tais como o antebraço, evitando assim as picadas dolorosas do dedo. AtLast combina teste de glicose com amostras de sangue em sistema todo-em-um. O sistema é aplicado sobre o antebraço e um leve movimento de pressão faz aparecer ume pequena amostra de sangue na pele. Por ação capilar o sangue entre na área reativa do teste, onde ocorrem as reações químicas. Reportamos os resultados de um estudo desenhado para determinar a exatidão e a reprodutibilidade dos resultados de um grande número de sistemas AtLast, como também a performance de lotes de tiras. Material e métodos: O estudo avaliou a performance de 46 glicosímetros, um para cada participante. Cada indivíduo foi testado duas vezes com um de dois lotes de tiras, totalizando 4 medidas por indivíduo. Os resultados foram comparados com a glicose capilar plasmática medida com o YSI 2300 Glucose Analyzer (Yellow Springs Instruments, Ohio). Resultados: Tiras lote 1 Tiras lote 2 Amostras Slope Intercept correlação 92 91 1,03 1,02 2,59 3,97 0,968 0,966 Conclusões: O estudo mostra a excelente reprodutibilidade dos sistemas AtLast como demonstrado pela exatidão dos dados dos 46 equipamentos usados. Resultados comparáveis foram também obtidos pelos lotes de tiras de testes AtLast, indicando uma performance confiável. T.M. Wallace, D.R. Matthews, Oxford Centre for Diabetes, Endocrinology and Metabolism, The Radcliffe Infirmary, Oxford, UK, 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, Israel, 17-21 de setembro de 2000 Uso de um sensor de cetona sanguínea portável e sua aplicação clínica para separar a cetose da simples hiperglicemia Introdução: Estudamos o uso de um sensor eletroquímico de cetona (Medisense da Abbott) que produz em 30 segundos um sinal elétrico proporcional à concentração de alfa-hidroxibutirato (alfa-OHB). Usando duas tiras diferentes, o sistema permite medir alfa-hidroxibutirato e glicose a partir da mesma amostral de sangue do dedo. 98 Continuação Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Objetivos: Estudar a relação entre a glicose sanguínea e a cetona sanguínea em pacientes apresentando ou não descompensação metabólica para desenvolver recomendações clínicas sobre o uso do sensor de corpos cetônicos em casa e no hospital. Métodos: Foram recrutados 20 pacientes portadores de diabetes do tipo 1. O sangue obtido por picada do dedo para medição da glicose foi testado para alfa-OHB usando o sensor de cetona sanguínea em 14 pacientes do ambulatório e em 6 pacientes hospitalizados por cetoacidose. As concentrações de alfa-OHB foram também medidas na entrada usando um metido enzimático (Sigma diagnostics). Resultados: 862 resultados de glicose e alfa-OHB em 14 pacientes sem evidência de descompensação metabólica demonstraram que os níveis de alfaOHB não ultrapassaram 1 mmol/l, qualquer seja os níveis da glicose. O número médio de leituras alfa-OHB/glicose foi 61,6, com um período médio de acompanhamento de 30 dias. Na série de 6 pacientes com cetoacidose, as concentrações de alfa-OHB ultrapassaram 3,8 mmol/l na entrada (intervalo: 3,9 – 9,34). Os pacientes foram observados durante um período médio de 49,4 horas e o número médio de leituras de alfa-OHB foi de 21,8 por indivíduo. A meia-vida média do alfa-OHB foi de 10,9 horas. O tempo necessário para as concentrações de alfa-OHB cair para 1 mmol/f foi entre 10 e 54,5 horas. Conclusão: A medição da cetona sanguínea do paciente é um teste útil ao lado do monitoramento da glicose e apresenta a vantagem de separar a cetose da simples hiperglicemia. Os dados do estudo sugerem como recomendação clínica que nível de cetona > 1 mmol/l necessitaria consulta médica. Lawrence S. Cozma et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Efeitos da repaglinida oral sobre os perfis da glicose e insulina pós-prandial Repaglinida é o primeiro membro da nova classe de secretagogos de insulina de ação curta (família do ácido benzoico carbamoilmetil) disponíveis para o uso clínico no tratamento do diabetes tipo 2. Esse estudo foi desenhado para observar os efeitos de doses únicas variáveis pré-prandiais de repaglinida sobre os perfis da glicose e da insulina durante um teste de tolerância (refeição de 500 kcal). Estudamos 8 pacientes diabéticos do tipo 2, controlados por dieta (7 homens), idade média 56 anos (intervalo 44-66), IMC médio 29 kg/m2 (intervalo 23-34), glicose plasmática de jejum 8,6 mmol/l (intervalo 7,4-10,0) e HbA1c média 7,6% (intervalo 7,4-8,4). Todos os pacientes receberam o seguinte: placebo, repaglinida 0,5 mg, 1 mg, 2 mg e 4 mg em ordem randomizada em 5 ocasiões diferentes, durante ume semana. A droga foi administrada antes um teste de tolerância padrão (refeição) seguido por amostra de sangue para glicose e insulina cada 30 minutos durante 4 horas. Ambos insulina AUC0-60 e insulina AUC0-240 mostraram aumentos significativos dependentes da dose de repaglinida 0,5 mg até 4 mg. O aumento foi linear de 0,5 mg para 4 mg por insulina AUC0-240. A glicose AUC0-60 mostrou uma diminuição não significativa quando comparada com placebo a qualquer dosagem. A glicose AUC0-240 mostrou diminuição significativa com dosagem de 0,5 até 2 mg de repaglinida. Nenhum efeito suplementar sobre glicose AUC0-240 foi observado com repaglinida 4 mg quando comparada com 2 mg. 100 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação Dose AUC placebo 0,5mg 1mg 2mg 4mg Med 0-60 12570 19282 20670 22852 22578 p ins 0,02 0,02 0,01 0,01 Med 0-240 62647 89186 92550 98842 123780 p ins 0,01 0,01 0,01 0,01 Med 0-60 717 689 672 646 692 p gluc 0,2 0,1 0,1 0,1 Med 0-240 2571 2313 2192 2003 2163 p gluc 0,02 0,04 0,01 0,03 Conclusão: Como regulador da glicose prandial, a repaglinida inicia sua ação 1 hora após a ingestão. Aumentos significativos da insulina pancreática em relação com a dose foram observados na primeira hora. Existia uma tendência não-significativa para diminuir a glicose AUC0-60, o que poderia ser explicado pelo pequeno número de pacientes estudados e a presença de resistência à insulina. Cindy Rubin, Roberta Schneider. The Pioglitazone Study Group, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 O perfil enzimático hepático em tratamento com pioglitazona é similar ao do placebo em estudos clínicos controlados Objetivos: Pioglitazona (PIO) é uma nova tiazolidinediona aprovada para administração uma vez ao dia em tratamento único ou conjugado com sulfoniluréia, metformina ou insulina par o tratamento do diabetes do tipo 2. pesquisas e experiência clínica om outros compostas desta classe sugerem que o aumento dos enzimas hepáticos poderia ser um marcador para o risco de eventos hepáticos adversos. O objetivo deste estudo foi pesquisar a incidência de aumentos de enzimas hepáticos durante o tratamento com PIO. Métodos: Após o programa clínico americano PIO, foi feita ume revisão de todos os pacientes com elevação de ALT > 3 vezes o limite superior do normal (ULN). Durante os estudos controlados por placebo nos EUA, 4/1526 (0,26%) dos pacientes tratados por PIO e 2/793 (0,25%) dos pacientes tratados por placebo apresentaram um aumento dos valores de ALT > 3xULN. Resultados: Durante todos os estudos clínicos, 11/2561 (0,43%) dos pacientes tratados por PIO apresentaram ALT > 3xULN. Todos os pacientes com testes de acompanhamento apresentaram uma diminuição secundária de ALT. Nenhum desses aumentos foi considerado como sério. Conclusão: Durante avaliação em monoterapia ou em tratamento conjugado com outro agente antidiabético, PIO não foi diferente do placebo no que se refere aos testes da função hepática. Steven Kahn et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Diminuição da relação proinsulina/insulina e melhora da função da célula β em diabetes do tipo 2 tratado com rosiglitazona Objetivo: Uma proinsulinemia disproporcionada significativa de um relação aumentada da proinsulina (PI) / insulina imunoreativa (IRI), foi observada em diabéticos do tipo 2, e é inversamente relacionada à função da célula β, positivamente relacionada à glicemia mas não é relacionada à sensibilidade à insulina. As tiazolidinedionas não só aumentam a sensibilidade à insulina, más têm também uma ação direta sobre a função da célula β. Métodos: Para determinar se a rosiglitazona (RSG) aumenta a função da Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação 101 célula β, medimos o ratio PI/IRI em dois estudos de pacientes portadores de diabetes do tipo 2. O estudo 011 comparou RSG 2 mg/dia e 4 mg/dia a placebo durante um período de tratamento de 26 semanas, enquanto que o estudo 020 comparou essas duas doses de RSG com o tratamento adequadamente titrado com gliburide durante 52 semanas. Resultados: Como detalhado na tabela, nos dois estudos RSG foi associada com redução proporcional à dose do ratio PI/IRI a partir da linha base. A redução já é significativa com RSG 4 mg/dia. Ao contrário, a relação PI/IRI aumenta significativamente em pacientes recebendo placebo ou gliburide. No estudo 020, ambas as doses de RSH diminuíram significativamente o ratio PI/IRI, em comparação com gliburide, apesar de os seus efeitos similares sobre o controle glicêmico. Tratamento Placebo (N=158) RSG 2 mg bd (n=166) RSG 4 mg bd (n=169) Glyburide (n=157) RSG 2 mg bd (n=152) RSG 4 mg bd (n=145) Linha base média PI/IRI 0,307 0,267 0,278 0,294 0,293 0,282 Diferença média Linha base(95% IC) +0,036 (+0,017, +0,056) -0,017 (-0,033, -0,001) -0,044 (-0,063, -0,026) +0,028 (+0,005, +0,056) -0,019 (-0,039, 0,0) -0,037 (-0,056, -0,019) Diferença média Comparador (95% IC) -0,053 (-0,082, -0,023) -0,081 (-0,111, -0,051) -0,046 (0,078, -0,016) -0,062 (-0,093, -0,035) Conclusão: Pelo fato que o ratio PI/IRU seja inversamente relacionado ao grau da função da célula β, esses dados sugerem que RSG melhora a função da célula β para um período de mais de que 52 semanas, em mais do que seu efeito de melhorar a sensibilidade à insulina. Esse efeito da RSG sobre a função da célula β poderia aumentar sua capacidade a sustentar o controle glicêmico a longo prazo em diabéticos do tipo 2. Julio Rosenstock et al, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Rosiglitazona combinada com glibenclamida é eficaz e bem tolerada em pacientes diabéticos tipo 2 inadequadamente controlados com dose máxima de glibenclamida Objetivo: O potente agonista da PPARg, a rosiglitazona (RSG) melhora o controle glicêmico em pacientes diabéticos do tipo 2. RSG (2 ou 4mg/dia) + glibenclamida (GLB) resultou em diminuição significativa e proporcional à dose da HbA1c, em comparação com linha base ou com GLB em estudos clínicos. Este estudo avaliou a eficácia, segurança e tolerabilidade da dose máxima de RSG 8mg + GLB em pacientes diabéticos do tipo 2 inadequadamente controlados com dose máxima de GLB. Métodos: GLB foi administrada durante 6 a 7 semanas em estudo únicocego, controlado por placebo, com doses de metade do máximo até o máximo (20 mg). Após o período, 114 pacientes com FGP > 7,8 mmol/l e < 15 mmol/l foram randomizados para receber PBO + GLB 10 mg/d ou RSG 4 mg/d + GLB 10 mg/d por 26 semanas. Resultados: RSG + GLB resultou em diminuição significativa da HbA1c média e da FGP a partir da linha base e também quando comparada com GLB em tratamento único após 26 semanas. Doses maiores resultaram em diminuição maior da HbA1c. Maiores diminuições da HbA1c média (-1,7%) e FPG (- 4,9 mmol/l) foram observadas no subgrupo de pacientes com HbA1c 102 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação inicial > 9%. 47% dos pacientes do grupo RSG + GLB apresentaram FGP < 7,0 mmol/l e 64% dos pacientes tratados com RSG apresentaram uma redução da HbA1c > 1%. A proporção de pacientes reclamando de efeitos adversos foi similar nos dois grupos. No grupo RSG, 5,4% dos pacientes reclamaram da falta de eficácia, comparados com 20,7% no grupo GLB. Hipoglicemia foi mais freqüente no tratamento conjugado com RSG. Parâmetro/gr. de tratamento HbA1c (%) (linha base = 9,0) PBO + GLB (n = 56) RSG 8mg + GLB (n = 53) FPG (mmol/l) (linha base = 11,6) PBO + GLB (n = 56) RSG 8mg + GLB (n = 53) *P < 0,0001 Modif. a partir da linha base (média ± DP) Efeito do tratamento (média ± 95% IC) - 0,0 ± 0,13 -1,4 ± 0,15* -1,3 (-1,66, -0,9*) + 0,5 ± 0,29 - 3,5 ± 0,43* -3,9 (-4,8, -2,9)* Conclusões: RSG 8mg/dia + GLB foi bem tolerado e eficaz, responsável de uma melhora significativa do controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 2, anteriormente inadequadamente controlados por monoterapia com GLB. Archana Mahankali, Yoshinori Miyazaki, Masafumi Matsuda, Kenneth Cusi, Lawrence Mandarino, Ralph A. Defronzo, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 Efeito da pioglitazona sobre a tolerância à glicose e sensibilidade à insulina em pacientes diabéticos do tipo 2 controlados por dieta Pioglitazona é uma nova tiazolidinediona sensibilizante à insulina aprovada para o tratamento do diabetes do tipo 2. O objetivo do estudo foi entender o mecanismo responsível de seus efeitos sobre a homeostase da glicose utilizando a técnica do clamp insulínico euglicêmico. 8 pacientes diabéticos do tipo 2 controlados por dieta sem tratamento antidiabético anterior (H/M = 5/ 3; idade = 49 ± 4 anos; IMC = 28 ± 1 kg/m2; peso = 76 ± 5 kg) fizeram um teste de tolerância à glicose com 75 g de glicose via oral (OGTT) e um clamp insulínico euglicêmico em duas etapas (taxas de infusão de insulina: 40 e 160 mU/m2.min) com calorimetria glicose-3H e indireta. Esses testes foram repetidos após 4 meses de tratamento com pioglitazona (45 mg/dia via oral). Mudanças significativas foram observadas nos seguintes parâmetros metabólicos: peso (76 ± 5 para 78 ± 5 kg; p < 0,05), HbA1c (7,8 ± 0,4 para 6,6 ± 0,4%; p < 0,0001), glicose plasmática de jejum (174 ± 12 para 147 ± 15 mg/ dl; p < 0,01), Glicose plasmática média durante OGTT (283 ± 15 to 246 ± 22 mg/dl; p < 0,01), FFA plasmática de jejum (695 ± 60 to 550 ± 50 mEq/l; p < 0,05), FFA média durante OGTT (524 ± 43 to 402 ± 30 mEq/l; p < 0,05), insulina plasmática de jejum (12 ± 2 to 8 ± 1mU/ml; p < 0,05). A glicose dependente da insulina aumentou significativamente durante ambos a primeira (86 ± 8 to 120 ± 11 mg/m2.min; p = 0,01) e a segunda etapa (227 ± 21 to 303 ± 27 mg/m2.min; p < 0,01) do clamp insulínico. O aumento da glicose foi em primeiro explicado pelo aumento da glicose não-oxidativa (2a setapa: 131 ± 18 to 187 ± 23 mg/m2.min; p < 0,05). A supressão da FFA plasmática (260 ± 27 to 164 ± 16 mg/l) e a oxidação lipídica (22 ± 3 to 15 ± 3 mg/ m2.min) durante a primeira etapa foram significativamente melhoradas por Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) 103 Continuação pioglitazona (p < 0,05). A concentração de triglicérides diminuiu de 162 ± 23 to 112 ± 18 mg/dl (p < 0,01) após tratamento com pioglitazona. HGP em pacientes diabéticos não mostrou alterações significativas antes e após tratamento. Estes resultados sugerem que a melhora dos tecidos periféricos a sensibilidade à insulina tem um papel importante na melhora da tolerância à glicose após tratamento com pioglitazona em pacientes tratados por dieta. O efeito positivo da pioglitazona sobre a sensibilidade à insulina pode ser relacionada, em parte, à melhora do metabolismo lipídico. J. Gordon Still, Annual meeting of the American Society for Clinical Pharmacology and Therapeutics. 12 de março de 2001 Ume preparação de insulina disponível via oral oferece controle fisiológico da glicose 19 de março de 2001 Uma nova insulina via oral pode ser absorvida pela barreira intestinal e fornecer um controle fisiológico da glicose sanguínea diretamente no fígado em pacientes diabéticos como em indivíduos não diabéticos, segundo J. Gordon Still da Nobex Corporation (North Carolina, EUA). Esta preparação é a hexil-insulina monoconjugado 2 (HIM2) com um plietilenoglicol conjugado atachado no locus lisina B-29 da insulina, o que preserva a atividade, melhora a estabilidade da insulina contra a degradação enzimática e melhora também a solubilidade. Um estudo clínico randomizado, duplo-cego, de fase II está em andamento com 6 pacientes portadores de diabetes do tipo 1. Após medições de HIM2, os níveis sanguíneos da insulina aumentaram proporcionalmente à dose, alcançando concentrações encontrados só em indivíduos não diabéticos após uma refeição. A insulina era absorvida muita rapidamente, com pico de concentração máxima em 10 minutos, e diminuindo também rapidamente em 1 ou 2 horas, para voltar as concentrações da linha base. Os pesquisadores notaram diminuições significativas das concentrações de glicose sanguínea durante 4 horas nos pacientes que receberam HIM2 em comparação com placebo. Nenhum efeito adverso importante em relação com a administração de HIM2 foi observado. O fígado é o órgão corporal envolvido na homeostase da glicose. A insulina administrada por via subcutânea é em grande parte absorvida pelo músculo periférico e pela gordura. Segundo os pesquisadores, a re-insulinização do fígado pela via oral tem implicações a longo prazo sobre a prevenção das complicações cardiovasculares do diabetes, como por exemplo a dislipidemia. HIM2 tem o potencial de substituir os agentes hipoglicemiantes orais ou poderia ser usada em terapia conjugada para o tratamento a longo prazo do diabetes do tipo 2 e eliminar o risco de tratamento do diabetes do tipo 2 por insulina injetável. O sistema Innovo da Novo Nordisk está aprovado nos Estados Unidos A Novo Nordisk anunciou que a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou o plano de lançamento da nova geração de sistema de administração de insulina, Innovo, a ser lançado no mercado americano no segundo semestre de 2001. Innovo tem o tamanho de um telefone celular, e é não só uma caneta de injeção mas um doser. 106 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação Uma tela miniaturizada mostra a dose e o tempo usado desde a última injeção, o que pode ajudar os pacientes no manejo da terapia insulínica. As doses podem ser ajustadas de 1 UI até 70 UI. A memória e os dados de dosagens evitam o esquecimento das injeções e melhoram a complacência do paciente. Os pacientes podem também usar o sistema para administrar injeções. Innovo inclui um compartimento para uma recarga de seringa de insulina. Após cada injeção, o paciente abra o compartimento (similar ao compartimento de bateria em sistema eletrônico portátil) insere uma nova recarga. A força da próxima injeção pode também ser ajustada. George Steiner et al, Diabetes Atherosclerosis Intervention Study, Lancet 2001;357:905910, março de 2001 O uso do fenofibrato diminui a progressão da doença arterial coronariana em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 22 de março de 2001 Indicações antidiabéticos para o orlistat (Xenical) Em pacientes diabéticos do tipo 2, o uso do fenofibrato (antihiperlipidemiante) diminui a progressão angiográfica da doença arterial coronariana. Um grupo de 418 pacientes diabéticos do tipo 2, homens e mulheres, foi randomizado para receber 200 mg/dia de fenofibrato micronizado ou placebo, durante 3 anos. Todos os pacientes tinham um bom controle da glicemia com anormalidades médias das lipoproteínas e pelo menos uma lesão coronariana visível. A metade dos pacientes não apresentava histórico de doença arterial coronariana. Dentre os pacientes do grupo fenofibrato, as concentrações de colesterol total, LDL-colesterol e triglicérides foram significativamente reduzidos a partir da linha base, e as concentrações de HDL-colesterol aumentaram significativamente, em comparação com os pacientes do grupo placebo. A angiografia mostrou os pacientes do grupo fenofibrato apresentaram uma progressão significativamente menor de 42% do diâmetro da estenose em comparação com o grupo placebo. A redução média do diâmetro mínimo do lúmen foi de – 0,06 mm no grupo fenofibrato, significativamente menor do que o – 0,10 mm do grupo placebo. O estudo recomenda que as medições das lipoproteínas sejam feitas no período do diagnostico do diabetes do tipo 2 e todos os anos. A correção de pequenas anormalidades pode reduzir significativamente o risco de doença coronariana. O laboratório Hoffman-La Roche anunciou que depositou um pedido na Food and Drug Administration dos Estados Unidos para ampliar as indicações do orlistat (Xenical), indicado desde abril de 1999 para a perda de peso, mas que poderia ser também um tratamento de complemento para o diabetes do tipo 2. Como inibidor da lípase intestinal, orlistat impede a digestão e a absorbção de aproximadamente um terço da gordura alimentar. Segundo pesquisas do laboratório, estudos clínicos mostraram que orlistat, em conjugação com dieta reduzida em calorias, promove a perda de peso e ajuda em diminuir a hemoglobina glicosilada e a glicose plasmática de jejum. Os estudos mostram também que os pacientes tratados por orlistat pode reduzir, e, às vezes, 108 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação interromper o uso de medicamentos antidiabéticos. Orlistat poderia auxiliar para reduzir ou inverter o ganho de peso associado ao uso de alguns medicamentos antidiabéticos, ou ainda atrasar a administração de medicamentos antidiabéticos no início do tratamento do diabetes do tipo 2. 22 de março de 2001 Aprovação do lançamento do GlucoWatch da Cygnus pela FDA A FDA (Food and Drug Administration dos Estados Unidos) aprovou o plano de lançamento do Biographer GlucoWatch da empresa Cygnus, sistema de monitoramento não-invasivo da glicose sanguínea, desenhado para ser usado como um relógio de pulso pelos pacientes diabéticos acima de 18 anos. O sistema, que funciona extraindo fluídos da pele pelo uso de minúsculos correntes elétricos, é um das primeiras etapas em direção da tecnologia que substituirá o tradicional método da picada de dedo para monitoramento da glicose. Por enquanto, segunda a FDA, o GlucoWatch deve ser usado em conjugação com as clássicas tiras em razão do potencial de erros do sistema. Em estudos clínicos, os resultados obtidos por GlucoWatch diferem em 30% dos resultados da medida direta da glicose sanguínea, em 25% dos casos. Em mais, o GlucoWatch é menos confiável para detectar as baixas concentrações do que as altas, e não funciona se o braço do paciente transpira demais. Segundo a empresa Cygnus, apesar da taxa de erro, o GlucoWatch fornece muita mais informações medindo a glicose sanguínea em continuo e sem precisar de amostras sanguíneas. O sistema não funciona quando o paciente apresenta taxa elevada de transpiração, porque o sistema não mostra as medições até o fim da transpiração. Cygnus estabeleceu essa norma para prevenir as leituras erradas dos altos níveis de glicose, porque a glicose é também presente na suor. Os especialistas acreditam que o método clássico de picadas do dedo vai persistir muito tempo. Diabetes Clínica 02 (2001) 109 Produtos e novidades Açúcar líquido de Lowçucar: fonte de glicose para episódios de hipoglicemia Desenvolvido em parceria com a ANAD, o Açúcar líquido aromatizado de Lowçucar é uma fonte alternativa de açúcar para consumo oral, nos casos emergenciais de hipoglicemia em diabéticos ou pessoas que por qualquer razão possam momentaneamente necessitar de glicose. O açúcar líquido está apresentado em sachets com 15 g no formato de Melzinho com sabor morango, tornando fácil, prático e prazeroso o seu consumo nos casos de carência. A quantidade de 15 g por sachet oferece mais segurança no controle da dosagem ingerida de glicose, sendo possível, se necessário, a ingestão controlada de maior quantidade de açúcar líquido. Quando o açúcar líquido é ingerido, a absorção da glicose é rápida, propiciando conforto instantâneo às pessoas que necessitam consumi-la. Composição: Sacarose ................ 46% Dextrose ................ 15% Frutose .................. 15% Água ..................... 24% Informações: www.lowcucar.com.br Vivalev Diatt: dois tipos de Bolottone dietéticos Bolottone Light Vivalev Diatt (Frutas e Maçã com Canela) é a prova que sabor e saúde podem estar juntos no mesmo produto. Sem adição de açúcar e sal, o Bolottone tem redução de 82% de gordura e 33% de calorias. É acrescido de nutrientes como fibras, vitaminas e sais minerais. Contém ainda, ômega 3 (ácido graxo não produzido no organismo que age reduzindo o colesterol LDL no sangue). O Bollotone é adoçado com Docigual Diatt, novo adoçante dietético culinário. 110 Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 02 (2001) Avaliação da distribuição da pressão plantar com o sistema Emed de Novel Emed é um novo sistema eletrônico para avaliar a distribuição da pressão plantar. O sinal é produzido por 9.000 sensores de pressão e os resultados são exibidos na tela em 4 cores ou impressos. O especialista pode ler imediatamente os resultados de pressão (em Newton/cm2), de tempo (em segundos) e de localização da pressão (em coordenadas x/y), com programas simples de usar (baseados em Windows). Todos os parâmetros importantes são calculados automaticamente, agilizando o diagnóstico. O sistema Emed está usado por especialistas de ortopedia, cirurgiões, fisioterapeutas, especialistas do esporte, de neurologia, e de diabetes, para avaliar as neuropatias diabéticas e desenhar calçados para a prevenção das ulcerações. Informações: www.novel.de Nestlé Classic Diet: um gigante do chocolate ao serviço do diabético Nestlé lançou recentemente o seu primeiro chocolate dietético, o Classic Diet (sabor Leite e Aveia em embalagens de 30 ou 200 g), onde a sacarose é substituída pelo edulcorante maltitol. O maltitol, ou 4-0-a-D-glicopiranosilD-sorbitol, é um poliol dissacarídico não encontrado na natureza. Ele é produzido por hidrogenação da D-maltose obtida de hidrolisado enzimático de amido de milho ou de batata. A hidrogenação do xarope de maltose resulta no xarope de maltitol, que é purificado, desidratado e cristalizado. Os polióis se comportam como carboidratos, mas são absorvidos independentemente da insulina por absorção passiva (10-20 g/h) e sem elevação da taxa de glicose sanguínea, podendo ser consumidos por diabéticos. Somente a porção utilizada para transformação em glicose ou glicogênio, necessita de insulina. Alguns estudos, segundo Nestlé, revelam que a presença simultânea de sorbitol e glicose retarda a absorção de glicose pelo intestino. O maltitol procura uma doçura relativa de 80 a 90% em relação à sacarose, induz uma resposta glicêmica baixa e é não cariogênico. Composição nutricional do chocolate ao leite (100 g) Valor energético ................................................................ 472 Kcal Proteínas6,4 g Carboidratos Lactose Sacarose Frutose ................................. 56,2 g divididos em: 11,2 g menos de 0,1 g menos de 0,2 g Gorduras ................................................................................ 32,3 g Fibra alimentar ........................................................................ 2,3 g Ingredientes: cacau, leite em pó integral, soro de leite em pó, flocos de aveia, edulcorante maltitol, emulsifiante lecitina de soja e aromatizante. Informações: [email protected], Tel: 0800 11 24 11 Diabetes Clínica 02 (2001) 111 Resumos de trabalhos e congressos EH Serne et al., Department of Medicine, Academic Hospital Vrije Universiteit, De Boelelaan 1117, 1007 MB, Amsterdam, The Netherlands, Cardiovasc Res 200;49(1):161-168, janeiro de 2001 O recrutamento capilar é diminuído na hipertensão essencial e correlato às ações metabólicas e vasculares da insulina Objetivo: Em pacientes portadores de hipertensão essencial, defeitos em ambos atividades vasculares e metabólicas da insulina já foram observadas. A diminuição da função microvascular, anormalidade bem conhecida da hipertensão essencial, pode explicar parte desses defeitos. Neste trabalho, estudamos se a função microvascular é diminuída na hipertensão essencial e correlata à ação metabólica e vasodilatadora da insulina. Métodos: Medimos a pressão sanguínea ambulatória de 24 horas, o recrutamento capilar após oclusão arterial e a resposta do fluxo sanguíneo da pele à iontoforese da acetilcolina e nitroprussiato de sódio em 18 pacientes com hipertensão essencial não tratada e 18 indivíduos controle. A sensibilidade à insulina total do corpo e a vasodilatação da perna dependendo da insulina foram avaliadas com clamp insulínico e pletismografia. Resultados: Pacientes hipertensos, comparados com normotensos, apresentaram sensibilidade à insulina diminuída (0,8 ± 0,3 vs. 1,7 ± 0,6 mg.kg1min-1 per pmol.l-1; P < 0,001), recrutamento capilar após oclusão arterial (21,5 ± 5,8 vs. 45,9 ± 10,4%; P < 0,01), vasodilatação dependente da acetilcolina (331 ± 84 vs. 688 ± 192 %; P < 0,001), e vasodilatação dependente da insulina (mediana 29,3 vs. 47,2%; P < 0,05). Análises de correlações com ajustes para idade, sexo, IMC e relação cintura/quadril mostraram relações significativas do recrutamento capilar após oclusão arterial com pressão sanguínea (r = 0,68; P < 0,01), sensibilidade à insulina (r = +0,55; P < 0,01) e vasodilatação dependente da insulina (r = + 0,51; P < 0,05), em normotensos como em hipertensos. Conclusão: A função microvascular da pele é associada à pressão sanguínea e ações vasodilatadora e metabólica da insulina, em indivíduos normotensos como em hipertensos. Esses achados propõem uma explicação potencial do mecanismo das relações entre resistência à insulina, diminuição da vasodilatação dependente da insulina e hipertensão. 112 V Palmieri et al, Weill Medical College of Cornell University (V.P., J.N.B., J.E.L., M. -Y.S., R.B.D.), New York, NY, Circulation 2001;103(1):102-7, janeiro de 2001 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) Efeito do diabetes do tipo 2 sobre a geometria ventricular esquerda e a função sistólica em indivíduos hipertensos: estudo Hypertension Genetic Epidemiology Network (hyperGEN) Introdução: O diabetes tipo 2 é um fator de risco cardiovascular. O estudo investigou em amostra populacional se o diabetes é associado com mudanças na estrutura ventricular esquerda (VE) e na função sistólica, independentemente da obesidade e da pressão sanguínea (PS). Métodos e resultados: Dentre 1950 participantes hipertensos do estudo HyperGEN sem doença coronariana ou doença valvular significativa, 20% (n = 386) eram portadores de diabetes. Os diabéticos eram na maioria mulheres, negras, idosas e tinham um IMC e relação cintura/quadril maiores do que os não-diabéticos. Após ajustes par sexo e idade, os diabéticos apresentaram PS sistólica mais elevada, como também pressão no pulso e freqüência cardíaca; a PS diastólica foi menor e a duração da hipertensão mais longa do que em não-diabéticos. A massa VE e a espessura relativa da parede eram mais elevadas em diabéticos do que em não-diabéticos, independentemente das covariáveis. Os níveis de insulina e resistência à insulina eram mais elevados em diabéticos não tratados por insulina (n = 195) que em não diabéticos (n = 1439) (ambos P < 0,01). A resistência à insulina foi positivamente, mas levemente relacionada à massa VE e espessura relativa da parede. Conclusões: Em amostra baseada em população, relativamente saudável, de indivíduos hipertensos, o diabetes do tipo 2 é associado à massa VE maior, geometria VE mais concêntrica, e função miocárdica mais fraca, independentemente de idade, sexo, IMC e PS arterial. Na coorte Framingham, o diabetes era associado com massa VE maior em mulheres mas não em homens. A pressão sanguínea elevada, obesidade e perfil lipídico anormal, que são bastante presentes em diabetes, são associados com anormalidades cardiovasculares pré-clínicas e podem contribuir à associação do diabetes com eventos cardiovasculares. As características cardíacas dos indivíduos hipertensos diabéticos e não-diabéticos são incompletamente descritos em amostras de população. Nos comparamos as características clínicas e metabólicas, a geometria VE e a função sistólica entre participantes diabéticos e não diabéticos do estudo HyperGEN. AH Xiang et al., Department of Preventive Medicine, the Atherosclerosis Research Unit, and the Department of Medicine, University of Southern California Keck School of Medicine, Circulation 2001;103(1):78-83, janeiro de 2001 Evidência para controle genético da sensibilidade à insulina e pressão sanguínea sistólica em famílias hispânicas com probando hipertenso Introdução: O conjunto hipertensão, resistência à insulina e obesidade não é explicado até hoje. Estudamos as influências genéticas e não genéticas sobre essa associação em famílias hispânicas com hipertensão. Os resultados da pressão sanguínea e o índice de massa corporal (IMC) foram obtidos de 331 membros de 73 famílias hispânicas, nas quais existia um caso indicador (probando) de hipertensão. A sensibilidade à insulina (Si) foi medida em 287 indivíduos e conjugues ou filhos adultos. A análise de correlação estudou as ligações da síndrome dentro e entre as gerações. Foram estimadas as contribuições genéticas e não-genéticas à variabilidade da pressão sistólica sanguínea, sensibilidade à insulina e a correlação entre elas. Na descendência, exis- Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação 113 te uma correlação significativa entre os indivíduos para cada caractere, como também correlações significativas dentro e entre indivíduos para todas as combinações possíveis de caracteres. Entre as gerações, a pressão sistólica, sensibilidade à insulina e IMC em pais foram correlatos com os mesmos caracteres nos filhos; IMC em pais correlata com Si e pressão sistólica em filhos; e Si em pais correlata com pressão sistólica em filhos. A análise estimou que dentre os filhos, os efeitos genéticos não-relacionados a IMC representavam 60,8% da variação da pressão sistólica, 36,8% da variação da Si e 31,5% das correlações entre pressão sistólica e Si após ajustes para sexo e idade. Os efeitos genéticos ligados a IMC representaram 14,0% adicionais na variação da pressão sistólica, 26,8% da variação da Si e 56,3% da variação de sua correlação. Conclusões: O conjunto de hipertensão e resistência à insulina em Hispano-Americanos pode ser explicado em parte por fatores genéticos associados e independentes do IMC. José C Tarastchuk, Ronaldo da RL Bueno, Ênio E Guérios, Paulo MP Andrade, Deborah C Nercolini, Álvaro LA Pacheco, hospital Universitário Evangélico de Curitiba, PR, LVo Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 Pacientes diabéticos: o tipo do tratamento influi na re-estenose clínica após o implante de stents? Fundamento: Pacientes com doença arterial coronariana e diabetes mellitus (DM), submetidos a angioplastia com balão, têm alto índice de re-estenose, quando comparados a pacientes sem DM. O implante de stents melhora este índice nestes pacientes. No entanto, a influência da modalidade de tratamento do DM sobre re-estenose não está definida. Objetivos: Comparar a evolução clínica de pacientes diabéticos em tratamento com dieta (D), hipoglicemiantes orais (HO) e insulina (I), após implante de stents. Material e métodos: Entre dezembro de 1998 e outubro de 1999, 67 pacientes diabéticos foram submetidos a implante de stent coronariano. Após um período médio de 229,6 83,6 dias, estes pacientes foram entrevistados e avaliados quanto à presença de re-estenose clínica, julgada pela necessidade de re-intervenção e/ou isquemia demonstrável no teste ergométrico Resultados: As características clínicas e angiográficas e os índices de reestenose clínica encontrados encontram-se na tabela abaixo: Sexo masc. Idade HAS Tabagismo Dislipidemia Diâm ref. Lesão B ou C Lesão Res. Reest. clínica D (n = 14) 57,1% 61,4 ± 12,5 71,4% 14,2% 35,7% 2,8 ± 0,7 85,7% 2,42 ± 17,9 20% HO (n = 40) 67,5% 61,4 ± 7,77 77,5% 20% 37,5% 3,1 ± 1,87 80% -3,5 ± 12,05 20% I (n = 13) 69,2% 59 ± 9,3 76,9% 23% 46,1% 2,8 ± 0,66 92,3% -0,7 ± 16,67 11,1% P n/s n/s n/s n/s n/s n/s n/s n/s Conclusão: A modalidade de tratamento de DM não teve influência sobre o índice de re-estenose clínica na população estudada. 114 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) GR Franco, AL Moreno, RS Padula, AM Bertini, Io Congresso de pesquisas em Fisioterapia, São Carlos, São Paulo, 1 de maio de 2001 Tratamento fisioterapêutico do diabetes mellitus gestacional – Estudo de caso Objetivos: O objetivo deste estudo foi aplicar um programa de exercícios em uma gestante com diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG), com o intuito de observar se a atividade física em conjunto com dieta e insulinoterapia complementa a manutenção da euglicemia. Os estudos mostram que a obtenção da normoglicemia é fundamental para promover reduções nos níveis de morbidade e mortalidade do concepto. Material e métodos: Neste estudo de caso foram selecionadas duas gestantes do ambulatório do diabetes da Unifesp por meio de um protocolo de avaliação no qual gestantes portadoras de doenças associadas não foram inclusas. No estudo, a gestante que se exercitou teve o diagnóstico de DMG na 22a semana de gestação, com o início do programa de exercícios no mesmo período. A gestante controle teve o diagnóstico na 16a semana, não realizando os exercícios. Para o controle da glicemia foram colhidas duas medidas pela equipe de enfermagem do ambulatório por meio do aparelho Advantage (Roche). O primeiro valor glicêmico da gestante que se exercitou foi colhido uma hora após a refeição e o segundo, após uma hora de exercícios diversos (caminhada, exercícios em solo, relaxamento e percepção corporal). No caso da gestante controle, o valor glicêmico foi colhido duas horas após a refeição, correspondendo assim o mesmo tempo transcorrido ao da coleta dos valores glicêmicos da gestante que se exercitou. Resultados: Os resultados mostraram que a euglicemia foi mantida sem a necessidade do uso de insulina na gestante que seguiu o programa de exercícios propostos e não houve mortalidade nem morbidade do concepto. Em média os valore glicêmicos foram mantidos em 89,4 mg/dl, havendo assim uma redução de 30% em relação aos valores obtidos antes do exercício. Já a gestante controle permaneceu durante todo o acompanhamento com valores glicêmicos altos, além de ter sido necessária a administração de insulina após a 23a semana, para manter os valores glicêmicos controlados. Conclusão: Os resultados preliminares demonstram a viabilidade deste programa de exercícios na manutenção da euglicemia, porém há a necessidade de uma casuística maior. Jean-François Yale et al, Diabetes Care 24:222–227, 2001 Ensinar aos pacientes portadores de diabetes tipo 2 que incorporar açúcares no plano nutricional diário promove complacência dietética e não deteriora o perfil metabólico Objetivo: Determinar que se ensinar aos portadores de diabetes do tipo 2 a incorporar açucares ou doces na dieta diária resulta em maior consumo de calorias (gorduras ou açucares) e deteriora os perfiles glicêmicos ou lipídicos mas melhora a percepção da qualidade de vida. Desenho da pesquisa e métodos: Em estudo controlado de 8 meses, 48 portadores de diabetes do tipo 2 foram randomizados para receber dieta convencional (C) ou dieta permitindo ingerir 10% da energia total na forma de acurares adicionados ou doces (A). A quantidade média de nutrientes por indivíduo foi determinada usando a média de amostras feitas por telefone durante 4 meses. Controle metabólico e qualidade de vida foram avaliados cada 2 meses. Qualidade de vida foi medida usando o Medical Outcome Survey e o questionário Diabetes Quality of Life. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) Continuação 115 Resultados: O grupo A não consumou mais calorias (gordura ou açúcar) e, na realidade, comeu significativamente menos carboidratos (–15 vs. 10 g) e menos polissacarídeos (–7 vs. 8 g) e tinha uma tendência de comer menos calorias (–77 vs. 81 kcal) do que o grupo C. O peso ficou estável e o estudo não mostrou que o maior consumo de açúcar deteriora o perfil metabólico ou melhora a qualidade percebida da qualidade de vida. Conclusões: Dar aos indivíduos portadores de diabetes do tipo 2 a liberdade de incluir açúcar no plano nutricional diário não tinha impacto negativo sobre os hábitos dietéticos ou o controle metabólico. Os profissionais de saúde devem ser estimulados a ensinar novas recomendações sobre o açúcar, que podem resultar em um consumo mais consciente de carboidratos. Kjeld Hermansen et al, Diabetes Care 24:228–233, 2001 Efeitos de um suplemento dietético derivado do soja sobre os níveis de lípides e os marcadores de risco cardiovasculares em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 Objetivo: Foi demonstrado recentemente que o consumo de proteínas de soja aumenta os níveis de lípides no sangue em indivíduos não diabéticos. O objetivo deste estudo foi avaliar se um suplemento dietético de proteínas de soja, de isoflavonas e de fibras de cotilédone (Abalon) altera os marcadores de risco cardiovasculares, a glicose sanguínea e os níveis de insulina em pacientes portadores de diabetes do tipo 2. Desenho da pesquisa e métodos: 20 pacientes portadores de diabetes do tipo 2 participaram deste estudo transversal. Eles foram randomizados para receber um suplemento durante 6 semanas de Abalon (proteína de soja [50 g/ dia] com altos níveis de isoflavonas [mínimo 165 mg/dia] e fibra de cotilédone [20 g/dia]) ou placebo (caseína [50 g/day] e celulose [20 g/dia]), separados por um período de 3 semanas para eliminação. Resultados: Os resultados são dados em médias ± DP. A diferença média entre Abalon e placebo mostrou valores médios significativamente menores após Abalon para LDL colesterol (10 ± 15%, P < 0,05), relação LDL/HDL (12 ± 18%, P < 0,05), apolipoproteina (apo) B100 (30 ± 38%, P < 0,01), triglicérides (22 ± 10%, P < 0,05), e hemocisteína (14 ± 21%, P < 0,01). O valor do colesterol total foi menos significativo mas menor ainda (8 ± 15%, P < 0,08). Nenhuma alteração ocorreu para o HDL colesterol, relação apo B100/ apo A1, inibidor 1 do ativador do plasminogênio, fator VIIc, fator de von Willebrand, fibrinogênio, lipoproteína(a), glicose, HbA1c ou pressão sanguínea de 24 horas. Conclusões: Estes resultados mostram os benefícios de um suplemento dietético como Abalon sobre os marcadores de risco cardiovasculares em portadores de diabetes do tipo 2. Esta melhora é significativa também em indivíduos com valores de lípides perto do normal. Aristidis Veves et al, Diabetes Care 24:290–295, março de 2001 Grafskin, equivalente da pele humana, é eficaz para o manejo das ulceras diabéticas neuropáticas não-infectadas Objetivo: Este estudo prospectivo randomizado avaliou a eficácia do Grafskin, equivalente da pele viva, no tratamento de úlceras plantares crônicas de pé diabético. Desenho da pesquisa e métodos: Em 24 centros dos EUA, 208 pacientes foram randomizados para receber um tratamento de úlcera com Grafskin (112 pa- 116 Continuação Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) cientes) ou com placebo (96 pacientes, grupo placebo). Terapias complementares adequadas, com debridamento cirúrgico extensivo ou equipamento especial para o pé, foram fornecidos a ambos os grupos. Grafskin foi aplicado no início do estudo e semanalmente durante um período máximo de 4 semanas (máximo 5 aplicações) ou menos se a cura completa ocorreu antes. O objetivo era constatar a cura completa da úlcera na consulta da décima-segunda semana de seguimento. Resultados: Na consulta da 12a semana, 63 (56%) dos pacientes tratados por Grafskin apresentaram uma cura completa da úlcera, comparados com 36 (38%) no grupo controle (P = 0,0042). O tempo médio de Kaplan-Meier para obter a cicatrização da úlcera foi 65 dias com Grafskin, significativamente menor do que os 90 dias observados no grupo controle (P = 0,0026). Os odds ratio para a cura completa para a úlcera tratada por Grafskin comparados com a úlcera tratada no grupo controle foi 2,14 (95% IC 1,23–3,74). A taxa de reações adversas foi similar entre os dois grupos, na excepção de osteomielite e de amputações do membro inferior, os dois sendo menos freqüentes no grupo Grafskin. Conclusões: A aplicação de Grafskin por um período máximo de 4 semanas resulta em uma taxa de sucesso maior quando comparada aos tratamentos atualmente disponíveis e não foi associada com efeitos adversos significativos. Grafskin pode ser um complemento muito útil no tratamento das úlceras de pé diabético resistentes aos tratamentos padrões atuais. Lawrence S. Phillips et al, Diabetes Care 24:308–315, março de 2001 Rosiglitazona uma ou duas vezes ao dia melhora o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 Objetivo: Determinar a eficácia da rosiglitazona comparada com placebo para diminuir a hiperglicemia. Desenho da pesquisa e métodos: Após um período de 4 semanas de placebo, 959 pacientes foram randomizados para receber placebo ou rosiglitazona (dose total por dia 4 ou 8 mg), durante 26 semanas. A medição primordial da eficácia foi a alteração na concentração de HbA1c. Resultados: O uso de rosiglitazona resultou em reduções dependentes da dose na taxa de HbA1c de 0,8, 0,9, 1,1, and 1,5% respectivamente para os grupos 4 mg 1 vez/dia, 2 mg 2 vezes/dia, 8 mg 1 vez/dia, e 4 mg 2 vezes/dia., em comparação com placebo. Diminuições clinicamente significativas da HbA1c foram observadas em pacientes que nunca receberam tratamento antidiabético para todas as doses de rosiglitazona e em pacientes anteriormente tratados com monoterapia via oral para as doses de 8 mg 1 vez/dia e 4 mg 2 vezes/dia. Diminuições significativas da HbA1c foram também observadas com rosiglitazona 4 mg 2 vezes/dia em pacientes anteriormente tratados por terapia conjugada via oral. Aproximadamente 33% dos pacientes não tratados anteriormente do grupo rosiglitazona alcançaram HbA1c £ 7% no final do estudo. A proporção de pacientes que apresentaram pelo menos um efeito adverso foi similar entre os grupos rosiglitazona e placebo. Não foi observada nenhuma evidência de toxicidade hepática nos dois grupos. Não foram observados aumentos estatisticamente significativos do peso e do lípides séricos nos grupos tratados por rosiglitazona quando comparados com placebo. Quanto o colesterol HDL e LDL, o aumento observado parece relacionado com a dose. Conclusões: Rosiglitazona, na dose total de 4 ou 8 mg/dia melhora significativamente o controle glicêmico em pacientes diabéticos do tipo 2 e foi bem tolerado. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 02 (2001) Reine M. Chaves-Fonseca et al., 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, Mexico, 5 a 10 de novembro de 2000 117 Resultados da implantação do Staged Diabetes Management (SDM) em um sistema de saúde público da Bahia O Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (CEDEBA) é um centro público de referência para o diabetes do Estado da Bahia. CEDEBA emprega uma equipe multidisciplinar e sua meta é melhorar os cuidados do diabetes na Bahia. O Staged Diabetes Management (SDM) desenvolvido pelo International Diabetes Center, Minneapolis, EUA, é um programa científico para os cuidados primários. SDM usa algoritmos de estágios de tratamento para ajudar a tomada de decisão clínica e demonstrou melhoras no controle metabólico e complicações relacionadas ao diabetes. CEDEBA adaptou os algoritmos de SDM para os recursos disponíveis do sistema de saúde público da Bahia. O objetivo principal era avaliar o controle metabólico em pacientes examinados em consultas de rotina usando o SDM versus os pacientes que receberam cuidados usuais não SDM. Os pacientes foram observados entre junho de 1998 e julho de 1999 e eram portadores de diabetes do tipo 2. Os médicos administrando os cuidados SDM eram diferentes dos que administravam os cuidados usuais. Os pacientes SDM foram avaliados por uma equipe multidisciplinar usando uma metodologia individual ou de grupo, com o objetivo metabólico de HbA1c ao máximo 1,5% acima do limite. O grupo SDM incluiu 121 pacientes (53 homens, 68 mulheres), com idade média de 50 anos e duração média de diabetes de 6,5 anos. Hipertensão arterial era a complicação a mais freqüente (34,6%). Foram marcadas consultas individuais para 60% dos pacientes e de grupo para 40%. 70% dos pacientes voltaram para 100% das consultas agendadas e só 6,6% faltaram mais do que 50%. O grupo não SDM incluiu 101 pacientes com idade média de 43,5% e duração média de diabetes de 10,3 anos (51% homens, 49% mulheres). A incidência de complicações era comparável à do grupo SDM. No grupo SDM a HbA1c média diminuiu de 8,6% (normal 4,4-6,4%) para 7,34% em 6 meses e a glicose sanguínea de jejum média diminuiu de 183,88 mg/dl (84-409 mg/dl) para 163,73 mg/dl. No grupo não SDM a HbA1c aumentou de 8,61% para 10,96%. 68% do grupo SDM recebia uma monoterapia oral e 32% uma terapia conjugada com agentes orais e/ou insulina. 50% dos pacientes do grupo SDM alcançaram a mata de HbA1c estabelecida. Não foi notada diferença em HbA1c entre os pacientes vistos em grupo ou em consultas individuais. Concluímos que o método SDM pode ser um modelo menos oneroso para os sistemas de saúde públicos que têm objetivos de controles metabólicos. 118 Dias JCA, Lima WP / Diabetes Clínica 02 (2001) 118~121 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2001) 117~120 ARTIGO ORIGINAL Diabetes mellitus neonatal transitório – Relato de caso José Côdo Albino Dias, Willian Pedrosa de Lima Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Belo Horizonte, Centro de Atenção ao Diabético, Belo Horizonte, MG Resumo O diabetes mellitus neonatal é uma entidade rara ocorrendo em 1:500.000 nascidos vivos. Cerca de 50% desses pacientes apresentam o diabetes mellitus neonatal transitório definido como inequívoca hiperglicemia desenvolvida durante o primeiro ano de vida e freqüentemente necessitam do uso de insulina exógena para tratamento. Ocorre melhora progressiva do quadro o que torna o tratamento desnecessário dentro de um prazo normalmente inferior a um ano. É descrito o caso de uma criança do sexo masculino que apresentou diabetes mellitus com a idade de 45 dias, após ter sido submetida a hernioplastias inguinal e umbilical, necessitando de insulinoterapia. Quando apresentava a idade de um ano e 8 meses a insulinoterapia foi suspensa com o paciente apresentando, até aos dez anos de idade, valores laboratoriais do perfil glicêmico normais ou discretamente aumentados. O crescimento e desenvolvimento da criança até o momento são considerados normais. Postula-se, como causa provável (já identificada em pelo menos 25% dos casos) a dissomia uniparental com um imprinted gene no cromossomo 6. Palavras-chave: Diabetes mellitus neonatal transitório, dissomia uniparental, imprinted gene. Abstract Neonatal Diabetes Mellitus is a rare entity, occurring in 1:500,000 of living newborns. At about 50% of these patients display transitory defined as a errorless hyperglycemia developed during the first year of life and frequently need the use of exogenous insulin for the treatment. A progressive recovery of the status makes the treatment unnecessary within a period that normally is below one year. The case of a male child who displayed Diabetes after 45 days of life is described, after having been submitted to surgical correction of inguinal and umbilical hernias, with the need of insulin-therapy. When the child was one year and eight months old, the insulin-therapy was suspended with the patient displaying up to ten years old, normal or only discretely increased laboratorial values of glicemic profile. The growth and development of the child up to the moment is considered normal. It is believed that the probable cause (which has been identified in at least 25% of the cases) the uniparental disomy with an imprinted gene in the chromosome 6. Keywords: Transient neonatal diabetes mellitus, uniparental disomy, imprinted gene. Endereço para correspondência: Avenida Antônio Carlos 1694, Sala 17, Portaria A. Cachoeirinha, 31210-000, Belo Horizonte - MG. Tel/fax: (31) 3421 3987, (31) 449 7017, E-mail: [email protected] 119 Dias JCA, Lima WP / Diabetes Clínica 02 (2001) 118~121 Introdução O diabetes mellitus neonatal é definido como hiperglicemia com aparecimento no primeiro mês de vida e duração de pelo menos duas semanas requerendo insulinoterapia. O diabetes mellitus neonatal transitório (DMNT) ocorre caracteristicamente em recém-natos pequenos para a idade gestacional, apresentando-se, freqüentemente, nas primeiras seis semanas de vida com desidratação, glicosúria, hiperglicemia, acidose metabólica e cetonúria ausente ou leve. Caracteriza-se pela remissão espontânea num período variável [1]. A incidência do diabetes mellitus neonatal tem sido reportada entre 1:450.000 a 1:600.000 nascidos vivos, sendo que aproximadamente 50% serão caracterizados como DMNT [2]. Descrição do caso Criança do sexo masculino nascida em 01/03/90, parto normal a termo, pesando 2450 gramas. Aos 45 dias de vida, foi submetida a hernioplastias inguinal e umbilical. Durante o ato cirúrgico apresentou parada cardiorespiratória e diagnóstico subseqüente de pneumonia aspirativa. Após tratamento com antibióticos, recebeu alta hospitalar. Dois dias após, retornou com quadro de desidratação e hiperglicemia (glicemia inicial de 380 mg/ dl). Iniciou uso de insulina NPH humana com doses variando entre 2 a 4 unidades/dia. Manteve insulinoterapia, com doses progressivamente menores, até a idade de 1 ano e 8 meses quando foi suspensa após a verificação do bom controle glicêmico. O acompanhamento dessa criança, até a idade atual de 10 anos, mostra desenvolvimento somático normal sem déficit cognitivo e sensorial e ausência de sinais e sintomas de diabetes mellitus. Seu crescimento manteve-se sempre adequado, mantendo as medidas de peso e altura no percentil 10. Laboratorialmente o controle evidencia glicemias de jejum e glicohemoglobinas no valor normal ou muito discretamente aumentadas (Figura 1). A pesquisa de auto-anticorpos (anti-ilhota/anti IA2, anti-GAD e antiinsulina) foi realizada em seis ocasiões sendo o resultado sempre negativo (a última realizada em setembro de 1999). Mantém-se em dieta com restrição de açúcar. A história familiar de diabetes mellitus é negativa. Discussão As primeiras revisões sobre o diabetes mellitus neonatal foram publicadas na década de 30, no século passado [3, 4]. Nesses artigos os autores mencionam o primeiro caso de DMNT descrito em 1927. Interessantemente, este mesmo paciente é reportado futuramente já com 25 anos de idade e sem sintomas de diabetes mellitus [5]. A característica fundamental nessa ocasião é a associação da síndrome com quadros infecciosos. Os estudos com análise histológica do pâncreas mostraram achados variados com relação às ilhotas, com predomínios de atrofia, infiltrado celular e ausência de anormalidades em algumas das séries [3, 5, 6]. À medida que os casos foram sendo descritos mais freqüentemente, foram-se delineando características clínicas e patogenéticas que contribuíram sobremaneira para a caracterização do DMNT. Pode-se apontar, por exemplo, o tempo médio para início da remissão entre três e seis meses, a já mencionada associação com infecção (gangrena, caxumba e outros), hidrocefalia e outras anormalidades do sistema nervoso central, cetonúria discreta ou ausente, hipercortisolismo, hérnias inguinal e umbilical, disfunção placentária, baixo peso ao nascer, imaturidade das ilhotas pancreáticas, macroglossia e fatores genéticos além da correlação com baixos níveis fetais de IGF-1 [5-16]. O maior tempo em uso de insulinoterapia é de 18 meses, até o presente momento. Esses pacientes usualmente necessitavam de insulina para controle do diabetes. As insulinas regulares e NPH foram utilizadas na grande maioria dos casos. Um paciente fez uso de clorpropamida com bom controle metabólico [17]. Esse resultado não conseguiu ser reproduzido em dois outros trabalhos que também utilizaram a clorpropamida como forma de tratamento [1, 18]. O uso da insulina ultralenta também foi relatado mostrandose, nesse trabalho, com vantagens para o controle glicêmico [19]. Os estudos familiares, inicialmente, foram pouco consistentes, com a história familiar positiva para diabetes mellitus detectada numa porcentagem pequena dos casos [6, 10]. No entanto, a partir da descrição de duas meiasirmãs, ambas com diagnóstico de DMNT, a possibilidade de uma causa genética foi levantada [14]. Sucessivos relatos de pacientes com DMNT e com membros da mesma família acometidos foram surgindo, constituindo a base para os estudos genéticos posteriores. Coincidentemente, um meio-irmão paterno das duas meias-irmãs, acima relatadas, também desenvolveu DMNT [20]. Foram também observados casos em dois primos de primeiro grau e em irmãos gêmeos idênticos [1, 10, 18]. Nos anos de 1993 e 1994, Blum e Abramowicz descreveram o caso de uma criança com diabetes mellitus neonatal e acidemia metilmalônica. Tal paciente foi avaliado através da análise do DNA do locus HLA-B e HLA classe II. Demonstraram através desses estudos que a criança apresentava isodissomia paternal. Pela primeira vez especulou-se a existência de um gene no cromossomo seis envolvido na diferenciação das células bêta das ilhotas do pâncreas [21, 22]. A dissomia uniparental significa a herança de um par de cromossomos de somente 120 Dias JCA, Lima WP / Diabetes Clínica 02 (2001) 118~121 um dos pais. O termo pode ser aplicado a uma parte de um cromossomo ou mesmo a marcadores moleculares somente [23]. Temple [24] descreve duas famílias não relacionadas que independentemente sugerem a existência de um imprinted gene expresso paternalmente e mapeado em 6q22-q23. Uma família tem uma duplicação enquanto a outra, com DMNT familiar, mostra relação com um marcador nesta região sugerindo uma herança dominante. Em outro estudo, na tentativa de se conseguir dados de valor diagnóstico e prognóstico com relação ao diabetes mellitus neonatal, foram avaliadas 19 crianças não se conseguindo diferenciar o diabetes definitivo do transitório levando-se em consideração o peso e comprimento ao nascimento, valores de glicemia e peptídeo-C, marcadores de auto-imunidade, resposta ao tratamento e fatores de desencadeamento. Apesar desse achado muitos autores encontraram concordância em alguns dados e propuseram tabelas de auxílio diagnóstico [25, 26]. Estudando-se um número maior de pacientes podese assegurar, após avaliação genética, a presença da dissomia uniparental em 20 a 25% dos pacientes com DMNT [7, 27].Técnicas laboratoriais modernas de citogenética e genética molecular são altamente sensíveis e específicas. Entretanto, baixo nível de mosaicismo é freqüentemente de difícil detecção. Sua relevância fenotípica poderia ser imensa. Deve-se manter em mente que na teoria e na prática é impossível excluir mosaicismo. Uma revisão abrangente sobre a dissomia uniparental pode ser encontrada em outras fontes [23, 28]. Os casos de recorrência do diabetes mellitus após um período variável de remissão estão associados a períodos de estresse e à puberdade. Nestes pacientes, o teste de infusão de glicose com a aferição da liberação de insulina na primeira fase pode ser utilizado no seguimento predizendo, em alguns pacientes, o fim do período de remissão [11, 29, 30, 31]. Hermann [32] sugere que o diabetes neonatal transitório provavelmente tem uma herança genética heterogênea, e que um gene responsável pelo desenvolvimento do diabetes neonatal em um subgrupo de pacientes está localizado no cromossomo 6. Possivelmente, a dissomia uniparental do cromossomo 6 tem um papel crítico no desenvolvimento da doença e pode estar relacionado com a maturação da célula beta e secreção insulínica e pode também influenciar a nutrição fetal e crescimento intrauterino. Trabalhos mais recentes têm demonstrado uma associação ainda maior entre o DMNT com a dissomia uniparental do cromossomo 6 tornando-se esse uma entidade diferente do diabetes mellitus neonatal definitivo não ligado à auto-imunidade e o tipo 1 precoce. Os genes candidatos foram mapeados na região 6q24 e tiveram suas seqüências estabelecidas [33, 34]. A diferenciação entre as duas formas de diabetes mellitus neonatal é baseada inteiramente no seguimento clínico e laboratorial. Pode-se sugerir que as formas permanente e transitória dessa doença possam representar dois componentes de um espectro de insuficiência da célula beta de patogênese similar [35]. Por se apresentar como uma entidade distinta com diagnóstico e prognós- Valores de glicemia de jejum x tempo Fig. 1 400 * Insulina NPH 3 para 4 UI/dia 350 ** Insulina NPH 2 UI/dia 300 *** Suspenso insulina 250 200 150 100 50 90 ou t/9 no 0 v/ 90 ab r/9 ag 1 o O /91 ut / N 91 * ov * /9 1 ** ja * n/ 9 m 2 ai /9 de 2 z/ 92 ju l/9 ag 3 o/ 93 fe v/ 94 ab r/9 5 se t/9 5 ju l/9 6 ou t/9 6 ja n/ 9 m 7 ai /9 8 se t/9 8 se t/9 9 se t/0 0 o/ ag l/9 0 * 0 Ju Glicemia (em mg/dl) 450 Período analisado 121 Dias JCA, Lima WP / Diabetes Clínica 02 (2001) 118~121 tico diferentes dos outros tipos de diabetes habitualmente encontrados, o diabetes neonatal transitório necessita de maior grau de suspeição clínica e acompanhamento permanente após o período de remissão. O seguimento desses pacientes deve ser feito com avaliação do perfil glicêmico, principalmente durante a puberdade e períodos de maior estresse. Referências 1 - Nielsen F. Transient neonatal diabetes mellitus in a pair of twins. 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Transient but not permanent Neonatal Diabetes Mellitus is associated with paternal uniparental isodisomy of chromosome 6. Pediatrics 2000; 105 (1):49-52. 122 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2001) 00000043~49 ARTIGO ORIGINAL Perfil dos diabéticos assistidos em duas unidades básicas de saúde de Londrina - PR Diabetic’s profile from two health care units of Londrina - PR Ilidia Terezinha Martelli Takahashia, Henriqueta Galvanin Guidio de Almeidab. Maria Helena Dantas de Menezes Guarientec, Carmen Lúcia Lázaro Garciad, Maria do Carmo Lourenço Haddade, Olga Chizue Takahashif, Iria Roberta Staut Freitasg, Vânia Maria Vargash, Valéria de Araújo Eliash, Denise R. Seigaii aNutricionista responsável pelo setor de Nutrição do Ambulatório do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina, bMédica Endocrinologista, professora adjunta do Departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Londrina, cProfessora Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina e Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, dAssistente Social do Ambulatório do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina, eProfessora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina e Diretora de Enfermagem do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, fProfessora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina e Vice-Diretora do Centro de Ciências da Saúde da UEL, gEnfermeira do Ambulatório do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina, hPsicólogas do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, iResidente de Endocrinologia do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná Resumo Este trabalho foi desenvolvido em duas unidades básicas de saúde (UBS) do município de Londrina-PR, tendo como objetivo traçar o perfil dos diabéticos assistidos nestas unidades. Foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas, abordando aspectos das diferentes áreas de atuação da equipe profissional de atendimento ao diabético (social, enfermagem, médica, nutricional e psicológica). Constatou-se que a maioria dos 103 pacientes avaliados eram diabéticos do tipo 2, não complicados, encontrando-se na faixa etária dos 41 a 80 anos, com baixo grau de instrução e baixa renda. Os resultados mostraram que os pacientes apresentavam conhecimento insatisfatório sobre a doença, suas complicações e o auto-cuidado, demandando ações educativas por parte dos profissionais que atuam na assistência a nível primário. Palavras-chave: Diabetes mellitus, cuidados em diabetes, educação em diabetes, equipe multiprofissional. Endereço para correspondência: Ilidia Terezinha Martelli Takahashi, Rua Shangai, 55 – 86 050-350 Londrina PR, Tel: (43)339 0703, E-mail: [email protected] 123 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 Abstract This report was developed in two primary health care unit at Londrina‘s municipality-PR (Brazil) and it has the aim to describe the profile of the diabetic patients that were attended in these units. It was applied a questionnaire including multiple choice and short answer questions (during the period of March until December of 1995). It allowed to get information about different areas of multidisciplinary team work for diabetic care (social, nursiny, clinical, nutritional and psychological aspects). The majority of the 103 evaluated patients were diabetics of type 2, without complications, and they were between 41 to 80 years old, with low degree of instruction and low income. The results show that patients had few information about this disease, complications and self-care. It requests more educational actions of primary health care. Key words: Diabetes mellitus, diabetes care, diabetes education, multiprofissional teamwork. Introdução O diabetes mellitus é doença de prevalência significativa e crescente em todo o mundo. Segundo a World Health Organization [1], estas taxas variam bastante nas diversas regiões do mundo, diferindo desde taxas menores que 5% na Coréia até 50% entre os índios Pima dos Estados Unidos. No Brasil, o Censo Brasileiro de Diabetes realizado no final da década de 80 mostrou uma prevalência média de 7,6% na faixa etária de 30 – 60 anos [2]. Segundo Franco e Ferreira [3], a doença acomete todas as classes sócio-econômicas constituindo-se um grave problema universal de saúde do homem moderno, atingindo populações de países em todos os estágios de desenvolvimento. Algumas características de grupos específicos de pacientes diabéticos brasileiros foram pesquisadas por diversos autores. Lessa e Pousada [4] estudaram a qualidade da assistência oferecida a um grupo de diabéticos em Salvador, Bahia. Foss et al. [5], verificaram a prevalência de complicações do diabetes em pacientes tratados no Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto, São Paulo, e Malerbi e Franco [2] em diabéticos identificados durante os trabalhos do Censo Brasileiro de Diabetes. No início da década de 90 a Universidade Estadual de Londrina - UEL, apoiada pela Fundação W.K. Kellogg iniciou os trabalhos de um grande projeto interinstitucional na área da saúde, envolvendo a academia (Centro de Ciências da Saúde - CCS), os serviços de saúde (Prefeitura Municipal de Londrina - PML) e a comunidade da região sul do município. Este projeto foi denominado PROUNI–(LD). Os objetivos envolviam melhorias no modelo acadêmico, no modelo assistencial e na participação comunitária nas ações de saúde. A equipe multiprofissional de atendimento ao diabé- tico atuante no Ambulatório do Hospital Universitário da UEL desde 1984, decidiu no ano de 1995 participar do PROUNI –LD. Entre as propostas do grupo constavam o desenvolvimento de ações que incluíam o treinamento de equipes das unidades básicas de saúde na atenção ao diabético e a descrição das características biopsico-sociais dos portadores de diabetes assistidos por profissionais da região sul de Londrina-PR. Em 1997, uma parte dos resultados destas ações foi relatada por Almeida et al. [6]. O objetivo deste trabalho é apresentar o perfil dos diabéticos assistidos em duas unidades básicas de saúde (UBS) da região envolvida pelo PROUNI-LD. O resultado do presente estudo poderá contribuir para que se conheça o perfil dos diabéticos assistidos nas demais 52 Unidades Básicas de Saúde existentes no município de Londrina, e também proporcionar dados que subsidiem a comparação das características dos diabéticos de cidades do mesmo porte de Londrina em outras regiões do país. Metodologia A equipe de profissionais que atuou junto as duas Unidades Básicas de Saúde estudadas constituiu-se de: quatro enfermeiras, uma assistente social, uma psicóloga, dois médicos endocrinologistas, nove médicos residentes de clínica médica e uma nutricionista. Foram realizadas cinco visitas a UBS do Jardim Pizza e quatro à UBS do Parque das Indústrias com periodicidade mensal. Além das atividades assistenciais e didáticas desenvolvidas pela equipe multiprofissional junto a pacientes e profissionais da UBS, os diabéticos foram entrevistados individualmente por um membro da equipe visitan- 124 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 te, respondendo a um questionário padrão. Inicialmente 106 pacientes responderam o questionário sendo que destes, três foram excluídos por não terem o diagnóstico de diabetes confirmado e outros quatro pacientes por não terem respondido todo o questionário. O instrumento constava de 104 perguntas do tipo múltipla escolha e de preenchimento de lacunas, elaboradas de forma a atender as diversas áreas de interesse assim distribuídas: identificação do paciente e determinação do padrão sócio-econômico (23), auto-cuidado corporal, monitorização, aplicação de insulina (16), conhecimento sobre as patologias associadas e tratamento (34), hábitos alimentares, freqüência alimentar, fracionamento e tabus (14) e emoções do paciente frente a doença (17). Resultados e discussão A) Identificação e perfil sócio econômico Dos pacientes entrevistados, 52 eram do Jardim Pizza e 51 do Parque das Indústrias, sendo 66% do sexo feminino e 44% do sexo masculino. Este resultado reflete o que ocorre no município, onde a maioria da população de Londrina é do sexo feminino [7]. Noventa e quatro por cento (94%) dos indivíduos encontravam-se na faixa etária dos 41 a 80 anos, diferentemente do que ocorre no município onde somente 28% encontram-se nesta faixa etária. Foss et al [5] observaram em sua amostra que 77,5% dos pacientes eram do sexo feminino e idade variando entre 2 –84 anos. Malerbi e Franco [2] citam taxas semelhantes de diabetes entre homens e mulheres na faixa etária de 30 – 69 anos. Com relação a naturalidade, 27% eram procedentes do Estado de São Paulo; 24% de Minas Gerais, 10% da Bahia e somente 20% eram do Paraná. O estado civil predominante (73%) era de união conjugal estável sendo o restante viúvos e solteiros. Quanto ao grau de instrução, 40% não eram alfabetizados, 52% apresentavam escolaridade mínima, ou seja, de semi-alfabetizados a 4ª série. Somente 3% tinham o colegial completo e nenhum com o curso superior (Gráfico 1). Os Gráficos 2 e 3 demonstram a situação profissional e a renda familiar. Observa-se que 39% eram donas de casa e 34% eram aposentados ou pensionistas. A renda familiar encontrava-se na faixa de dois ou mais salários mínimos em 69% dos casos, semelhante aos resultados obtidos por Foss et al. [5]. O número de pessoas que contribuíam no orçamento familiar era em média de duas a três pessoas. Conforme o último Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 1991, 38,86% da população do muni- cípio está inserida em famílias que sobrevivem com renda de até dois salários mínimos mensais, sendo que desse contingente populacional 3,23%, não dispõe de nenhuma renda [8]. Vale ressaltar que o índice da população economicamente ativa no município é 43,21% segundo dados do Censo Demográfico IBGE de 1991 [7]. Em relação à situação habitacional dos pacientes, o Gráfico 4 demonstra que 76% possuíam casa própria. Em Londrina, 8,39% da população vivem em situação habitacional irregular, como assentamentos e favelas [7]. Um aspecto relevante estudado é que 49% referiam não usufruir rede de esgoto. Importante frisar que o sistema de esgoto sanitário na cidade contempla somente 58,3% da população [7]. . Os entrevistados referiram dificuldades relacionadas com as filas de espera para consulta e a falta de medicamentos disponíveis, mesmo assim, o posto de saúde ainda era a referência na concessão da medicação básica. Dificuldades financeiras para adquirir os medicamentos foram mencionadas por 25,3% dos diabéticos. Para 70% dos pacientes, a atividade e participação social resumia-se à vida religiosa, sendo que 75% eram católicos e 21% evangélicos. A maioria não participava de grupos ou associações ligados à comunidade e desconheciam formas associativas destinadas aos diabéticos. Gráfico 1 – Nível de escolaridade dos diabéticos entrevistados nas duas UBS. Gráfico 2 - Distribuição dos diabéticos das UBS segundo a situação profissional. 125 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 Gráfico 3 - Renda familiar em salários mínimos dos diabéticos entrevistados das UBS. Gráfico 4 - Distribuição dos diabéticos das UBS segundo a situação habitacional. B) Aspectos gerais da doença A média de duração do diabetes entre os pacientes foi de 5 anos. Foss et al. [5] encontraram duração mediana de 6 anos com uma variação de 0,1 – 43 anos. Constatou-se que a clientela era constituída, na maioria, por diabéticos do tipo 2, sendo que 14,1% destes faziam uso de insulina, 73,5% de hipoglicemiantes orais e 13,4% controlavam a doença apenas com dieta. Lessa e Pousada [5] observaram o uso de insulina em 6,3% de sua amostra e em 62,1% o uso de hipoglicemiantes orais. Malerbi e Franco [2] verificaram o uso de insulina em 7,9% e em 40,7% o de antidiabéticos orais. A população diabética descrita por Foss et al [5] teve uma taxa maior do uso de insulina (47,7%) e menor de hipoglicemiantes orais (32,6%). As diferenças verificadas devem ser consideradas, observando a diversidade da clientela, lembrando que no caso de Foss et al [5], os pacientes eram assistidos em um hospital de atendimento terciário. A alta taxa de diabéticos do tipo 1 encontrados neste estudo vai de encontro à literatura que mostra maior prevalência de diabéticos do tipo 2 [9, 3]. Dos diabéticos que utilizavam insulina, todos referiam usar material descartável, 93,7% conservavam a insulina na geladeira, 50% realizavam auto-aplicação, 81% não apresentavam lipodistrofias e 31% não aplicavam insulina regularmente, principalmente antes do jantar. Em relação aos cuidados com a boca, 35% mencionaram realizar higiene oral 2 a 3 vezes ao dia, 69% já faziam uso de prótese dentária e somente 10% dos diabéticos referiram problemas tais como gengivite, halitose e cárie dentária. Quanto aos cuidados com os pés, 50,5% referiam prestar cuidados especiais tais como: secar os espaços interdigitais, lubrificação e verificação de presença de lesões. Como os diabéticos apresentam maior propensão ao desenvolvimento de complicações arteriais e nervosas e, como o “pé diabético” é uma das complicações crônicas mais graves, a prevenção através do auto-cuidado ainda é a melhor forma de evitá-lo [11, 12]. A obesidade foi observada em 44% das mulheres e 27,6% dos homens. Esta alta prevalência de obesos entre diabéticos do tipo 2 está de acordo com outras referências [9, 13] e também com o diagnóstico de graves erros alimentares detectados no histórico alimentar deste grupo. Foss et al. [5] detectaram obesidade em 72,6% de seus pacientes. Malerbi e Franco [2] observaram que o diabetes apareceu com freqüência duas vezes maior entre os indivíduos. O inquérito relativo ao conhecimento dos pacientes quanto ao diabetes, suas complicações e patologias associadas evidenciou que: - Somente 50% dos entrevistados tinham informações corretas relativas à doença e quem mais forneceu essas informações foi o médico da Unidade Básica de Saúde. Mais da metade dos pacientes (55,6%) não sabe qual a etiologia do diabetes, e aqueles que dizem conhecer, relacionavam a doença principalmente ao excesso de ingestão de açúcar. - A maioria dos pacientes (70,6%) conhecia os sinais e sintomas da doença, sendo as queixas mais citadas poliúria, polidipsia e fraqueza. Entretanto, 68,8% dos pacientes desconheciam os sinais e sintomas de hipoglicemia. - Praticamente metade dos entrevistados (42,4%) não conheciam as complicações específicas do diabetes, e os que tinham conhecimento, mencionaram a cegueira como principal complicação. Quando questionados se eram portadores de complicações, 85,8% dos entrevistados negaram qualquer doença renal; 62,2% referiram alterações circulatórias ou neuropáticas nos membros inferiores; 67,9% relataram doença em outro órgão ou sistema, sendo as mais comuns frigidez ou impotência sexual e cardiopatias. - Dentre as doenças associadas, 75,4% referiram ser portadores de hipertensão arterial e/ou obesidade, sendo que a maioria (59,4%) utilizava antihipertensivos. A hipertensão também foi bastante freqüente (42,1%) entre os pacientes de Lessa e Pousada [4]. Foss et al. [5] encontraram hipertensão arterial sistólica em 44% dos pacientes e diastólica em 37%. 126 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 - Quanto à oftalmologia, 74,5% referiram sofrer de alterações visuais, mas nenhum mencionou retinopatia, apesar da maioria (69,8%) ter realizado consultas periódicas ao oftalmologista mais de uma vez ao ano. - Pouco mais da metade dos pacientes (52,8%) negaram infecções freqüentes do trato urinário, dos genitais e pele. Verificou-se que os pacientes tinham um nível insuficiente de informações sobre a doença e suas complicações, demandando portanto, a introdução de um programa educacional pelos profissionais das Unidades Básicas. A literatura é farta em recomendar a educação em diabetes como condição básica no tratamento da doença [3, 14]. Com relação à presença de complicações específicas, a neuropatia periférica foi a mais observada, concordando também com dados da literatura [3, 15, 5]. A caracterização da retinopatia diabética tornou-se difícil somente com os dados disponíveis, mas a presença de amaurose não foi constatada. Também verificou-se a ausência de pacientes portadores de úlceras dos membros inferiores ou pé diabético, comum em muitos diabéticos do tipo 2. No que se refere aos hábitos de vida e vícios, 79,5% dos pacientes negaram tabagismo e 93,7% etilismo. Outros pontos observados foram: - A maioria dos pacientes (76,4%) nunca necessitou de internação por descompensação do diabetes. - 75,5% não realizavam qualquer atividade física. - A maioria (76,4%) não costumava monitorizar a glicosúria em casa. - 83% dos entrevistados controlava o diabetes na UBS, onde realizavam em torno de cinco consultas médicas e quatro ou mais glicemias ao ano. - 49,1% dos pacientes procuravam as UBS quando havia descompensação da doença. Estas observações permitiram supor que o grupo de pacientes entrevistados, embora não estivessem adequadamente informados sobre sua doença e não realizassem a dieta e os exercícios físicos necessários, não apresentavam graves complicações da doença, talvez por terem um período relativamente curto de evolução da mesma. A literatura relata que além do controle glicêmico adequado, contribuem para a prevenção das complicações, o tempo de duração da doença e o combate à hipertensão arterial e ao fumo [3, 14]. É importante salientar que as clientelas brasileiras comparadas na discussão deste trabalho apresentaram algumas diferenças significativas que devem ser citadas, a saber: Foss et al [5] estudaram diabéticos assistidos em um hospital de nível terciário, não sendo portanto referên- cia para diabéticos assistidos pelas UBS. Estes pacientes tem maior chance de serem portadores de um diabetes mais grave, de tratamento mais complexo e com complicações específicas da doença. Lessa e Pousada [4] observaram que nenhum de seus pacientes era assistido em centros e postos de saúde, sendo a maioria na rede privada (31,6%). Malerbi e Franco [2] enfocaram pacientes que obedecem critérios de faixa etária pré-definida. C) Aspectos nutricionais No contexto do tratamento do paciente com diabetes a orientação nutricional é parte fundamental. Dos pacientes entrevistados, 97% referiram ter recebido orientação nutricional sendo 5% realizadas pelo profissional de nutrição e a grande maioria (65%) pelo médico. Em relação aos hábitos alimentares, observou-se que 76% dos pacientes consumiam as mesmas preparações dos familiares e os demais não o faziam devido a restrição de sódio. Entre os pacientes 34% consumiam açúcar e mel quase diariamente e a grande maioria apresentava baixa ingestão de fibras. A Nutrition [16] enfatiza que os carboidratos complexos e ricos em fibras devem ser preferidos, embora os simples poderiam ser consumidos quando bem orientados e na presença de bom controle metabólico. Os chás como de flor de pitanga, folha ou casca de caju, carambola e folha de insulina entre outros são consumidos por 55% dos pacientes. Dos entrevistados, 91% utilizavam o óleo vegetal no preparo dos alimentos. Este é um ponto positivo já que uma das medidas preventivas da aterosclerose e de doenças cardíacas, é a inclusão de uma dieta com restrição no consumo de gordura animal [17, 18]. As proteínas de alto valor biológico faziam parte do cardápio diário de 57% dos pacientes, sendo a carne bovina a mais consumida, seguida de aves e peixe. No entanto, 43% apresentavam baixo consumo desses alimentos. Somente 11,3% dos pacientes relataram ingestão de leite ou derivados suficiente para suprir as necessidades de cálcio. Os vegetais como verduras e legumes, embora em pouca quantidade, foram citados como hábito diário por 72% dos pacientes e as frutas por 39% sendo que outros 39% raramente faziam ingestão de frutas. Destes pacientes, 26% referiram cultivar suas próprias hortaliças. Outro ponto a considerar foi o fracionamento alimentar, onde 21% dos entrevistados realizavam de 4 a 5 refeições ao dia; 44% faziam 3 refeições e o restante de 1 a 2 refeições diárias. 127 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 D) Aspectos psicológicos Há na literatura um consenso de que aspectos psicológicos influenciam o controle do diabetes [19, 14, 20]. O estado psíquico influencia na quantidade e na qualidade dos cuidados necessários com a doença. Nesta pesquisa, verificou-se que dos pacientes entrevistados apenas 10% já tiveram algum tipo de atendimento psicológico, outros 90% nunca tiveram contato com o profissional psicólogo. Sobre o surgimento do diabetes associado a algum momento crítico em suas vidas, apenas 35% responderam afirmativamente, e, destes, a crise em questão relacionava-se com problemas familiares. Quanto a reação dos pacientes frente à confirmação do diagnóstico do diabetes, 55% mencionaram que aceitaram bem o fato, 25% reagiram depressivamente, 10% negaram a situação e 10% se revoltaram ao saber do diagnóstico. Quanto ao controle de açúcar e a aderência à dieta, 66% disseram seguir a orientação recebida, embora, 30% destes relataram sofrer demais com isso. Segundo a Organização Panamericana de Saúde [14] quanto mais avançada a idade, ou seja, um diagnóstico de diabetes em pacientes mais velhos, tem-se limitada a capacidade de seguir às ordens terapêuticas. Estas ordens se referem à administração de medicamentos, prática de exercício e monitorização glicêmica. Não há uma afronta direta em relação às orientações sobre o diabetes, mas no dia a dia, a aderência à estas orientações, está relacionada à dificuldade ligada à adaptação frente aos novos eventos da vida. Quanto a freqüência aos retornos médicos, 70% disseram comparecer regularmente para as consultas do tratamento do diabetes. Quanto a história de depressão anterior ao aparecimento do diabetes, 65% responderam afirmativamente. Destes 35% superaram rapidamente a crise depressiva, 35% tiveram reincidências e 30% fizeram tratamento com antidepressivos. Uma parcela significativa dos pacientes (35%) referiu crise depressivas após o diagnóstico do diabetes alegando motivos familiares, saúde, morte, desentendimento no trabalho e separação conjugal. Harris e Lustman [19] afirmam que tratamentos psicológicos podem ser usados para propiciar aderência à dieta e mais genericamente desenvolver e sustentar um estilo de vida para estes pacientes. Os autores observam que um entre quatro pacientes diabéticos sofre com problemas de depressão recorrente, ansiedade e desordens alimentares. Estas condições respondem muito bem ao tratamento psicológico e em muitos casos alivia a angústia e influencia a melhora do controle glicêmico. Em relação ao grau de satisfação com a vida atual, 65% revelaram estar satisfeitos e 35% afirmaram estar parcialmente satisfeitos. Vinte e seis por cento (26%) sentiam-se constantemente tristes. Destes, 13% evitavam demonstrar seus sentimentos para outras pessoas, 7% tendiam ao isolamento e 7% apresentavam comportamento de revolta. Quanto à participação da família no tratamento, 25% relataram que há da parte da família uma atitude controladora em relação ao diabetes, 25% dos familiares expressam uma atitude compreensiva e de apoio e 50% uma atitude considerada por eles como indiferente. Quanto à influencia do diabetes no relacionamento interpessoal, 85% sentiam-se tranqüilos, não percebendo a doença como um fator de interferência, 10% sentiam-se em desvantagem ou com raiva das demais pessoas e 5% mentiam sobre a doença para os amigos. Em relação à vida como diabético, 90% afirmaram que é possível levar uma vida normal e 10% sentiam dificuldades, mas buscavam alternativas para sentiremse bem. Conclusão A clientela diabética assistida nas duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região sul de Londrina – PR, objeto do presente estudo é composta em sua maioria por indivíduos idosos portadores de diabetes do tipo 2 e cuja situação sócio-econômica não difere da maioria da população residente nos bairros da cidade. Para o atendimento de seus problemas na área da saúde, esta clientela tem como referência a Unidade Básica e os profissionais que lá atuam. Os pacientes demonstraram conhecimentos insuficientes a respeito do diabetes, de suas complicações e de doenças a ela associada, requerendo informações mais detalhadas sobre o auto-cuidado corporal, os aspectos nutricionais, a terapêutica medicamentosa e os parâmetros de controle da doença. Estes resultados demandam minimamente algumas medidas, a saber: - Capacitação dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde para que possam assistir adequadamente os diabéticos e implementar a educação em diabetes. - Hierarquização da assistência ao diabético no município, buscando otimizá-la com a contribuição de profissionais especializados. - Fornecimento pelo sistema público de saúde de medicamentos e insumos necessários para a terapia e controle do diabetes. Algumas destas medidas foram sugeridas há uma década dentro de uma proposta específica para o município de Londrina buscando organizar e melhorar a atenção aos diabéticos [21]. 128 Takahashi ITM et al / Diabetes Clínica 02 (2001) 122~128 Atualmente, estas e outras sugestões estão sendo propostas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) na “Proposta Básica para a Assistência ao Diabético no Município” [22], destinada a motivar as autoridades municipais brasileiras à implementar serviços especializados de assistência ao diabético. Na perspectiva da vigência destas propostas, ganha importância o trabalho da equipe multiprofissional na implementação da educação em diabetes. Este processo envolve profissionais das diversas áreas de conhecimento, atuando de forma integrada, tanto em nível da Unidade Básica como nos serviços de referência ao diabético. Desta maneira poderão contribuir efetivamente para a melhoria da assistência aos pacientes, fazendo-os aliados participativos na busca de uma sobrevida longa e mais saudável. Referências 1 - World Health Organization. Study Group on Prevention of Diabetes Mellitus. Geneva. World Health Organization, 1994:1–7 (WHO Technical report. Series n. 844). 2 - Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter estudy of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban brasilian population aged 30 – 69 yr. Diabetes Care 1992;15(11):1505-16. 3 - Franco LJ, Ferreira SRG. É possível prevenir o diabetes mellitus não-insulino dependente? Terapêutica em diabetes: Boletim médico do centro BD de educação em diabetes, São Paulo 1995;2(7):1-6. 4 - Lessa I, Pousada MDC. Qualidade da assistência médica ao diabético. Arq Bras Endocrinol 1988;62(6):459-463. 5 - Foss MC, Paccola GMGF, Souza NV et al. 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Proposta básica para a assistência ao paciente diabético no município. Diabetes Clínica 2000;4(2):146-152. 129 Borges VC, Duhda A / Diabetes Clínica 02 (2001) 129~130 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2001) 00000043~49 Cuidados nutricionais para pacientes diabéticos em uso de terapia nutricional enteral Viviane Chaer Borgesa, Anuraha Dudhab aGrupo de apoio nutricional enteral e parenteral, São Paulo, Brasil, bAll Índia Institute of Medical Sciences, New Delhi, Índia Introdução (Dr. Peter Fürst) A utilização da terapia nutricional enteral em pacientes diabéticos exige cuidados específicos na tentativa de manter um controle glicêmico adequado durante a infusão da nutrição enteral [1]. Sem este controle, as complicações a curto e longo prazo podem interferir na melhora clínica destes pacientes. O uso de formulações específicas com teores aumentados de gorduras mono-insaturadas podem ser benéficas para controle metabólico dos pacientes [2]. A terapia nutricional enteral deve ser sempre que possível a primeira via de escolha por ser mais fisiológica, segura e menos onerosa quando comparada à terapia nutricional parenteral [3]. Entretanto, as alterações funcionais decorrentes deste distúrbio (metabólicas e fisiológicas), podem interferir negativamente para o sucesso da terapia enteral [4]. A nefropatia diabética pode comprometer o metabolismo dos micronutrientes e de fluidos (sódio e potássio) [5]. A gastroparesia, manifestação da neuropatia diabética, pode levar a complicação grave da terapia enteral, que é o refluxo gastro-esofágico e a aspiração deste conteúdo para o pulmão [1, 3]. A aplicação da terapia nutricional enteral em pacientes diabéticos difere de acordo com protocolos criados por diversas instituições. O artigo mostra duas realidades diferentes vivenciadas pelas nutricionistas Viviane Chaer Borges do GANEP-Brasil e Anuradha Dudha de New Delhi, Índia. São Paulo, Brasil O grupo de apoio nutricional enteral e parenteral – GANEP, atendeu de janeiro a dezembro de 1996 no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo, 2232 pacientes em regime de terapia nutricional. A terapia nutricional enteral foi instituída em 74% dos pacientes e destes 13% eram pacientes diabéticos. O diabetes do tipo 2 esteve presente em 91% dos pacientes e a maioria destes pacientes eram cirúrgicos em período do pós-operatório de cirurgia cardíaca e estavam internados na Unidade de terapia intensiva (UTI). A observação mais importante deste estudo retrospectivo foi de mortalidade significativamente maior (p < 0,05), naqueles pacientes que receberam nutrição enteral e eram diabéticos (39% de mortalidade contra 32% no grupo não diabético). As complicações metabólicas estiveram presentes em 85% dos pacientes diabéticos sendo estas; hiperglicemia, hipoglicemia, cetoacidose e dislipidemia (tendência a elevação dos triglicérides e das lipoproteínas de baixa densidade e redução dos valores das lipoproteínas de alta densidade). Pacientes diabéticos podem apresentar também complicações gastrintestinais. Os estudos mostram que a gastroparesia pode estar presente em 3040% dos pacientes, a diarréia em 20-30% e a obstipação em 20-60% [4, 6]. Em outro estudo retrospectivo, o GANEP avaliou a sobrevida e a evolução de 56 pacientes em pós-operatório complicado de cirurgia cardíaca. Os pacientes foram divididos em dois grupos, diabéti- 130 Borges VC, Duhda A / Diabetes Clínica 02 (2001) 129~130 cos e não diabéticos, e foram pareados por diagnostico, idade, sexo e duração de terapia enteral. Os resultados não mostraram diferenças significativas em relação ao déficit calórico cumulativo, saída de sonda naso-enteral, obstrução da sonda, retardo do esvaziamento gástrico, diarréia, vômitos ou obstipação entre os dois grupos. Entretanto a mortalidade foi significativamente maior nos diabéticos (46% contra 39%). Estes dois trabalhos sugerem que existe uma associação entre morbidade e mortalidade e o diabetes, que pode ser atribuída primariamente às complicações metabólicas presentes nesta população. Durante o painel, várias recomendações foram feitas para os pacientes diabéticos em terapia nutricional enteral, como dosagem de glicemia de jejum antes do início da dieta enteral, glicemia capilar de 4/4 horas. E antes de deitar, glicemia sanguínea e capilar para pacientes internados em UTI de 4 a 8vezes ao dia conforme necessidade, e uso de dietas enterais enriquecidas com ácidos graxos mono-insaturados. Embora nos EUA e na Europa a terapia enteral seja administrada de forma continuada para a maior parte dos pacientes, o GANEP mostrou que a técnica intermitente é a mais utilizada em seu meio, quer por falta de bombas infusoras para todos os pacientes ou por elevação do custo operacional. Relata também que esta realidade vem se alterando. New Delhi, Índia A qualidade dos cuidados com pacientes diabéticos em regime de terapia nutricional na Índia sofre a influência da política governamental de saúde. É reflexo de uma população extremamente grande com parcos recursos. A cada ano, 125.000 mulheres morrem por problemas durante a gravidez ou parto [7]. Embora existam diferenças sociais regionais, os recursos necessários para terapia nutricional adequada são inviáveis. Os hospitais particulares estão distribuídos pelo país, mas uma minoria dos pacientes utiliza estes serviços e quando o fazem, despendam parte de seus recursos financeiros para obtenção de serviço especializado. Nos hospitais governamentais a proporção de enfermeiras para os pacientes é de 1:10-, da mesma formam um nutricionista pode estar responsável por 600 pacientes, o que torna inviável a avaliação e monitorização destes pacientes [8]. Isto ocorre também com os pacientes diabéticos. O nutricionista consegue somente visitar pacientes nos quais haja uma solicitação médica. As dietas enterais tornam-se inacessíveis frente ao custo e as bombas infusoras ten valor alto, US$ 600,00 cada, sendo utilizadas em casos bem específicos. As formulações enterais são blenderizadas com custo de 40 a 50 centavos por dieta contra US$ 5-12 de dieta industrializada. Os frascos utilizados para a infusão das dietas enterais são os de glicose endovenosa, vazios e mesmo assim faltam em número. As práticas sanitárias são escassas e o clima desfavorável (18 a 40o C). Entretanto, a maior necessidade na Índia é a educação. Durante o questionário aplicado para nutricionistas sobre as complicações inerentes ao paciente diabético, 35% destas não tinham certeza da relação do diabetes com o risco de desenvolvimento da doença vascular coronariana. No que pese a falta de recursos para uso da terapia nutricional enteral, as nutricionistas na Índia continuam se esforçando para solucionar este problema. A educação continuada para pacientes, familiares, profissionais de saúde em países como a Índia, com a finalidade de melhorar o atendimento aos pacientes incluindo os diabéticos que necessitam de terapia nutricional, parece ser o recurso menos oneroso. Referências 1 - Campbell S, Schiller M. Considerations for enteral nutrition support of patients with diabetes. Topics Clin Nutr 1991;7:2332. 2 - Bak LB, Heard KA, Kearney GP. Tube feeding your diabetic patient safely. Am J Nurs 1996;96(12):47-49 3 - McMahon MM, Rizza RA. Nutrition support inn hospitalized patients with diabetes mellitus. Mayo Clin Proc 1996;7‘1(6):587-594 4 - Teixeira da Silva ML, Waizberg DL. Diabetes Mellitus. Nutrição enteral e parenteral na prática cl;inica 1995;52:446450. 5 - Porcari JM, Maillet OS. Care for persons with diabetes during surgery. In; Powers MA (ed) Handbook of diabetes Medical Nutrition, 2nd Ed. Aspen 1996. 6 - May R, Goyal R. Effects of diabetes Mellitus on digestive system. In: Kahn CR, Weir GC (eds) Joslin’s Diabetes Mellitus. 13th Ed Philadelphia: Lea & Febiger, 1994. 7 - Unicef. Facts for life: a communication challenge. UNICEF, WHO and UNESCO 1993;4. 8 - Goenka S, Shah P, Lobo J, Patel T, Reddy KS. Impediments to diabetes care in private medical practice in a developing country. Canadian Journal of Cardiology 1997;13(3 suppl):201B (abstract 0706). Diabetes Clínica 02 (2001) 131 6º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes 6 Exposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos Dias 7, 8 e 9 de Julho de 2001 - Fundação Alvares Penteado - FECAP - São Paulo - SP a DISTRIBUIÇÃO DOS SIMPÓSIOS POR SALA SÁBADO, 07 DE JULHO DE 2001 09:00 ÀS 10:00 Abertura Solene Conde Honório Alvares Penteado (transmissão ao vivo para todas as salas Manhã Das 10:00 às 12:00 Simpósio 1 DIABETES MELLITUS – CONCEITUAÇÃO BÁSICA Conferência de Abertura - Plano de Reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial do Ministério da Saúde: Resultados Atuais Impacto Epidemiológico e Classificação OMS ADA Sindrome Plurimetabólica e sua Importância Debates 11:30 12:00 Tarde Das 14:00 às 18:00 Simpósio 2 - Auditório Nutrição: Aspectos Básicos da Terapia Nutricional em Diabetes Mellitus Recomendações Nutricionais Atuais - Pirâmide Alimentar Terapia Nutricional na Criança e Adolescente Diabético Terapia Nutricional no Adulto Jovem e Adulto Idoso Terapia Nutricional da Gestante Diabética Terapia Nutricional com Contagem de Carboidratos Simpósio 3 - Sala 131 Avanços Terapêuticos I - Sensibilizadores da Insulina PPAR – Glitazonas, aonde estamos? Rosiglitazona Simpósio 4 - Sala 131 Avanços Terapêuticos II Pioglitazona - Uma nova opção no tratamento do Diabetes Tipo 2 Benefícios potenciais da Pioglitazona Simpósio 5 - Sala 331 Diabetes na Criança e Adolescente Etiopatologia e Classificação do Diabetes na Criança em Idade Escolar Tratamento Medicamentoso O Crescimento e Desenvolvimento na Criança com Diabetes Complicações Agudas Complicações Crônicas Simpósio 6 - Sala 332 Laboratório em Diabetes Monitorização da glicemia fora do laboratório Controle de qualidade na dosagem de glicemia fora do laboratório Diagnóstico laboratorial do paciente diabético Acompanhamento laboratorial do paciente diabético Simpósio 7 - Sala 333 Atuação da Enfermagem Programa de Prevenção e Controle do DM Consulta de Enfermagem - Programa de Atendimento Auto Monitorização - Princípios e adesão Insulinoterapia - Cuidados Especiais WorkShop: Insulinoterapia Simpósio 8 - Sala 334 Nefropatia Diabética História Natural e Avaliação Clínica da Hipertenão Arterial na Nefropatia Diabética Tratamento da Hipertensão Nefropatia Diabética É Possível Prevenir ou Reverter a Nefropatia Diabética Etiopatologia da Hipertensão Arterial no Diabetes Simpósio 9 - Sala 531 Dificuldades no Atendimento do Diabetes Tratamento Combinado - Como e quando indicar prevensão e tratamento da polineuropatia diabética Diagnósticos de Complicações e Orientações práticas Combinando Insulinoterapia e Antidiabéticos orais - Quando indicar e como DOMINGO, 08 DE JULHO DE 2001 Manhã das 08:00 às 12:00 Simpósio 10 - Auditório Atualidades em terapia nutricional O fenômeno de transição nutricional e incidência do DM T2 Caracterização do Consumo de Adoçantes e Produtos Dietéticos por Diabéticos A Contribuição do Farelo de Arroz no Controle do Diabetes Simpósio 11 - Sala 131 Avanços Terapêuticos no Controle da Hiperglicemia Pós Prandial A Importância do controle da Hiperglicemia PosPrandial Repaglinida Nateglinida Acarbose: Novas ações e novas perspectivas de uso Simpósio 12 - Sala 331 Avaliação do Pé em Risco Avaliação dos Pés no Diabetes e Definição do Pé em Risco O Atendimento do Pé em Risco no Brasil Fisioterapia no Pé em Risco Orteses para Prevenção das Ulcerações Simpósio 13 - Sala 332 Dislipidemias e Diabetes Fisiopatologia das complicações macrovasculares Considerações fisiopatológicas e Diagnóstico das Dislipidemias no paciente diabético Tratamento dietético da dislipidemia do diabético. Considerações sobre alimentos Funcionais Tratamento Medicamentoso Simpósio 14 - Sala 333 Auto-Monitorização Interpretando os Controles Glicêmicos para Melhor Qualidade de Vida Avaliação Crítica dos Testes -Glicemia - Glicosuria - Centonuria Recentes Lançamentos Workshop - Oficinas de Demonstração Simpósio 15 - Sala 334 Insuficiência Renal: Diálises Diabetes e Insuficiência Renal Crônica Diálise no Paciente diabético Preparo do Paciente com Nefropatia Diabética para o Transplante Renal Resultados de Transplante renal em Paciente Diabéticos Manejo do Paciente Diabético com Insuficiêcia Renal Crônica Simpósio 16 - Sala 531 Diabetes e a Sexualidade A Sexualidade na Mulher Diabética Gravidez e Diabetes Anticoncepção na Mulher com Diabetes Climatério e Menopausa Atividade Física na Mulher Diabética na Gravidez e Climatério Disfunção Erétil - Diagnostico e Tratamentos Atuais Tarde das 14:00 às 18:00 Simpósio 17 - Auditório Obesidade e Diabetes Mellitus (Medley) Epidemiologia,Fatores Ambientais e Genética Diabetes Mellitus tipo 2 e o Tecido Adiposo - Causa - Efeito Tratamento medicamentoso: Análise Crítica Abordagem Nutricional Simpósio 18 - Sala 131 Avanços Terapêuticos - I I I Perspectivas com a Insulina Glargina e seu perfil de ação Terapia Combinada: Quando e como Simpósio 19 - Sala 131 Lispro Mix 25 Insulina inalada Simpósio 20 - Sala 331 Tratamento do Pé Diabético Cirurgia Profilática Tratamento Ortopédico Reconstrução Vascular e Angioplastia Reabilitação 132 Diabetes Clínica 02 (2001) Simpósio 21 - Sala 332 Educação Educação em Diabetes: A grande surpresa do Século XXI Conceituação Básica Abordagem Pedagógica Aderência ao Tratamento Por que Educar ? Simpósio 28 - Sala 332 Oftalmopatias Alterações Oculares na Diabetes Retinopatia Diabética Novos Tratamento Repercursões Oculares do Tratamento Sistêmico da Diabetes Epidemiologia e Atendimento Público Simpósio 22 - Sala 333 O Diabético Hospitalizado Abordagem terapeutica da Cetoacidose Diabética em diferentes situações Controle metabólico pré - intra e pós operatório Cirurgia Bariátrica no Diabético obeso morbido Nutrição Enteral e Parenteral - Indicações e Princípios Básicos Simpósio 29 - Sala 333 Sistema de Infusão Contínua de Insulina / Hipoglicemias Casos Clínicos antes e após Bomba: Resultados Contagem de Carboidratos na terapia de Bomba de Insulina WorkShop: Demonstração Prática Hipoglicemias não diabética do adulto: Diagnóstico diferencial e tratamento Hipoglicemias em diabéticos : Manuseio Cínico Simpósio 23 - Sala 334 Transplante de Pancreas - A Cura do Diabetes Transplante de Ilhotas: Estado Atual Processos Laboratoriais do Transplante de Ilhotas O Transplante de Pancreas: As Cirurgias e Riscos Intra e Pós Operatórios Seguimento Pós Operatório tardio: Sucesso e Dificuldades Simpósio 24 - Sala 531 Doença Cardio Vascular no Diabetes Doença Coronariana: Epidemiologia e Fisiologia Doença Coronariana: Avaliação Crítica e Indicação dos Métodos Diagnósticos Angioplastias e Revascularização do Miocardio Doença Vascular Periférica: Diagnóstico Clínico e Laboratorial Doença Vascular Periférica: Tratamento Cirúrgico SEGUNDA-FEIRA, 09 DE JULHO DE 2001 Manhã Das 08:00 às 12:00 Simpósio 25 - Auditório Marketing e Comunicação em Nutrição Informação Nutricional - Novas Regras de Rotulagem Comunicação Virtual em Nutrição - Tendências em Hábitos Alimentares Alimentos Diet no Dia a Dia do Diabético - Cardápios A Piramide Alimentar do Brasil - Tabela das Porções Alimentares do Ministério da Saúde Mitos e Fatos em Alimentação (Funcionais) Influência nos Índices Glicêmicos e Lipídicos Simpósio 26 - Sala 131 Educação Nutricional em Diabetes Mellitus Conceitos e Princípios básicos da educação Nutricional em Diabetes Técnicas didáticas usadas em educação em Diabetes Vivência de oficinas de nutrição - salas 531, 532, 533 e 534 - Bloco A Simpósio 27 - Sala 331 Aspectos Psicológicos do Paciente Diabético Psicodrama “Relação Profissional com Paciente” Psicodinamicas do Paciente Diabético na Infância, Adolescencia, Adulta e 3ª idade Casos Clínicos - Atuação ANAD Simpósio 30 - Sala 334 Exercícios em Condições Especiais Efeito Agudo do exercício em Condições Especiais Exercício para o Diabético Obeso Exercício para o Diabético Hipertenso Exercício na Presença de Disfunção Neurovascular Exercício na Presença de Complicações Microvasculares Simpósio 31 - Sala 531 Abordagem Odontologica Responsabilidade do Cirurgião Dentista no Tratamento do Paciente Diabético Avaliação Médica e Odontológica do Paciente Diabético Diagnóstico e Tratamento das Principais Lesões Orais do Diabetes Melitus Avaliação Clínica do Paciente Diabético Anamnese e Exames Complementares Importantes em DM Infecção e Medicação - Focos Agudos e Crônicos Odontológicos em DM Tarde das 14:00 às 18:00 Simpósio 32 - Auditório Terapia Nutricional nas Complicações do D.M. Terapia Nutricional em Hipertensão arterial e Cardiopatias Terapia Nutricional nas Dislipidemias Terapia Nutricional na Nefropatia diabética O paciente diabético em Uso de terapia Nutricional Parenteral e Enteral O paciente diabético em atividade Física - Como Evitar e Tratar a Hipoglicemia Simpósio 33 - Sala 131 REUNIÃO FENAD Plano de Reorganização da Atenção ao DM e HA do Ministério da Saúde Campanha de Diabetes e Hipertensão - Ministério da Saúde e Parcerias - FENAD Apresentação de Resultados dos Comitês Assessores Constituídos em Reunião Anterior Simpósio 34 - Sala 331 A Psicologia Contribuindo no Controle Metabólico do Diabético Suporte psiquiatrico para pacientes Diabéticos Aspectos Sócio-Psico-Somáticos de uma amostra de Pacientes Diabéticos Tipo 2 O Diabético e seu Corpo Terapia Adaptativa da Criança Diabética Atuação do Psicólogo Hospitalar - Hospital Brigadeiro Simpósio 35 - Sala 332 Atividade Física e Diabetes Agita São Paulo - Agita Brasil Introduzindo a Atividade Física no Tratamento do DM Avalaliação e Prescrição do Exercício no DM 1 e 2 Atividade física na Gestante Programa de Exercicios : da Aula de Educação Física ao Esporte Simpósio 36 - Sala 333 Terapias Complementares O Reconhecimento de Estrutura Molecular semelhante à Insulina em Plantas O uso do GH em Diabeticos Idosos Terapeutica Biomolecular do Diabetes Tratamento Homeopático do Diabético Reabilitação Aplicada ao DM Simpósio 37 - Sala 334 Genética e Diabetes O Projeto Genoma Diabetes e o Genoma Marcadores imuno genéticos e DM Genética do Diabetes Tipo Mody Simpósio 38 - Sala 531 Complicações Odontológicas Doença Periodontal: Avaliação e Tratamento Ortopedia e Ortodontia em D.M. Cirurgia e Implantes em D.M. Urgência e Emergências do Paciente Diabético Diabetes Clínica 02 (2001) 133 Notícias das Associações São Paulo tem lei de atenção integral aos portadores de diabetes No dia 09 de março de 2001 foi sancionada a Lei no 10.782, de autoria do deputado estadual Roberto Gouveia (PT), que institui diretrizes para uma política integral à saúde da pessoa portadora de diabetes no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Fruto do trabalho e da mobilização das associações de portadores de diabetes, de técnicos da saúde e de diversos movimentos sociais, a lei inova em, pelo menos, quatro aspectos: - Garante a todos os cidadãos diabéticos os medicamentos e instrumentos de autocontrole necessários (hipoglicemiantes orais, insulina, fitas, glicosímetros, auto-aplicadores, etc), que devem ser fornecidos, gratuitamente a todos, pelo Poder Púbico, por meio do SUS; - Aponta para a autonomia do paciente frente aos serviços de saúde, transformando o usuário em sujeito do processo de controle ou cura; - Garante às entidades de usuários, técnicos e pesquisadores das universidades públicas o direito de participarem da elaboração das normas técnicas de atendimento, democratizando o saber sobre os cuidados; - Reforça as ações coletivas, enfrentando os determinantes sociais da doença, por meio da prevenção, interdisciplinaridade e ação inter-setorial (tais como exercícios físicos, alimentação e qualidade de vida). “No Estado de São Paulo, há em torno de dois milhões de portadores de diabetes. Muitos só descobrem que são diabéticos quando desenvolvem outras doenças graves, como infarto do miocárdio, derrame cerebral, cegueira, úlceras e amputações, entre outros males”, diz Roberto Gouveia. O deputado lembra que o governo gasta com as seqüelas da doença muito mais do que investiria em programas de prevenção. Cita que o dinheiro gasto em hemodiálise de um paciente poderia custear o tratamento e controle adequados para quatro diabéticos. “O tratamento tem um preço, mas a vida não. A gravidade da situação dos diabéticos fica evidente pela perda de 12,7 anos de vida produtiva para os homens e 11,3 anos para as mulheres, em média. Complicações, muitas vezes fatais, promovidas pela desassistência, têm custo incalculável, que em boa medida pode ser suprimido por ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação”, conclui Roberto Gouveia. Ao lado desta lei estadual e de um projeto de lei federal, a Câmara Municipal de São Paulo prepara uma lei específica, encaminhada pelo Vereador Carlos Neder (PT), (no 595/99 – Câmara Municipal de São Paulo). Este projeto define diretrizes para uma política de prevenção e atenção integral à 134 Notícias das Associações - Diabetes Clínica 02 (2001) saúde de pessoas portadoras de Diabetes, no âmbito do Sistema Único de Saúde no Município de São Paulo. Este projeto garante “o apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o enfrentamento e controle do diabetes e dos problemas relacionados, e seus determinantes, assim como para a formação permanente dos trabalhadores de rede de serviço de saúde” (Art. 1, parágrafo 3). Ele também garante “o direito às medicações e aos instrumentos e matérias de autoaplicação e auto-controle, visando a maior autonomia possível por parte do usuário” (Art. 1, parágrafo 5). Enfim, “a direção do SUS municipal garante o fornecimento universal de medicamentos, insumos, materiais de auto-controle e auto-aplicação de medicações, além de outros procedimentos necessários à atenção integral da pessoa portadora de diabetes” (Art. 3). Correspondência: Câmara Municipal de São Paulo, Vereador Carlos Neder, Viaduto Jacareí, 1000 / sala 1010, Bela Vista 01380-900 São Paulo SP, Tel: (11) 3111-2236/3115-1651, Fax: (11) 3111-3023, E-mail: [email protected] Diminui o risco de aumento da insulina e o Governo cria lei para isentar os fabricantes do medicamento de impostos A Novo Nordisk conseguiu liminar suspendendo as sanções antidumping de 76,1% sobre as importações de insulina determinadas na resolução da Camex (Câmara do Comercio Exterior), em 23 de fevereiro desse ano. Em sua defesa, a Novo Nordisk conseguiu demonstrar a justiça de seus pleitos ao Juiz Federal Titular da 8a vara do Distrito Federal, que acatou os vários fundamentos apresentados pela empresa. Na concessão do liminar, o Juiz entendeu que, prevalecendo a decisão da Camex, que impôs as sanções, a empresa sofreria injusta perda de mercado e milhares de diabéticos brasileiros teriam que pagar mais caro pelos medicamentos; além disso, a Novo Nordisk não poderia honrar o contrato firmado com a União (concorrência No 03/2000) para o fornecimento de insulina suína e humana ao Sistema Público de Saúde. A decisão é em sede de liminar, o que não afasta o risco de ser derrubada pelas partes interessadas, mas já é uma grande vitória contra a decisão do governo de aumentar os preços da insulina. Como se sabe, tanto a Novo Nordisk quanto a Eli Lilly, foram obrigadas a sobretaxar os seus preços do medicamento. Por enquanto, a primeira não precisará repassar os custos ao consumidor. Por outro lado, o Governo decidiu por isentar dos impostos PIS/COFINS medicamentos de uso contínuo, sendo então que os preços vão ser reduzidos proporcionalmente. Os preços das insulinas serão reduzidos em 3,65%. Essa decisão, entretanto, não tem qualquer relação com a decisão dada no processo de dumping, pois ainda há risco de sobretaxa sobre as insulinas dinamarquesas, pois a decisão favorável ainda é provisória. FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 07 Ficha Prática / Diabetes Clínica 38 PERGUNTAS PARA AVALIAR A INDEPENDÊNCIA DA CRIANÇA PORTADORA DE DIABETES DO TIPO 1 Este questionário permite ao médico, educador ou pais da criança portadora de diabetes do tipo 1, avaliar o grau de independência do jovem diabético. Quanto mais ele souber responder às perguntas, mais independente e capaz de se auto-cuidar. O gráfico mostra as médias de respostas exatas em função da idade. Na idade de 10-12 anos, uma criança bem instruida (e com mais de seis meses de diabetes) é capaz de responder a quase todas as questões, como 75% das crianças de sua idade. Em média, com 10 anos, a criança respondeira a 28 perguntas. Para avaliar os conhecimentos de uma criança, coloque no gráfico o número de respostas exatas dele em função de sua idade. Assim aparecerá claramente se ele está na média de sua idade, ou em um patamar superior ou inferior de conhecimento de sua doença em relação a maioria das crianças diabéticas da mesma idade (adaptado de Tim Wysocki, The ten keys to helping your child grow up with diabetes, American Diabetes Association, 244 páginas). É a criança capaz de: SIM NÃO o 2 Tratar a hipoglicemia comendo alguma coisa com açúcar ? ................................................................................... o 3 Saber quando uma reação hipoglicêmica pode ocorrer e prevenir sua ocorrência ? ................................................ o o o o 1 Reconhecer os sintomas da hipoglicemia e falar sobre isso com alguém? ............................................................... 4 Saber que os sintomas da hiperglicemia incluem sede muito forte, maior quantidade de urina do que o normal, náuseas, vômito e fadiga ? ............................................................................................ o 5 Saber o que fazer para baixar o nível de açúcar quando elevado ? ........................................................................ o 6 Saber quando a glicose sanguínea pode ser alta demais e o que fazer para impedir esta ocorrência ? .................... o 7 Saber porque é importante levar uma identificação de portador de diabetes ? ........................................................ o 8 Fazer um teste urinário de cetona ? ....................................................................................................................... o 9 Picar o dedo com uma lanceta e tirar uma gota de sangue para os testes de glicose sanguínea ? ............................ o 10 Fazer um teste de glicose sanguínea visualizando a tira do teste ? ........................................................................ o 11 - Fazer um teste de glicose sanguínea usando um glicosímetro ? ............................................................................. o 12 Escrever os resultados dos testes em um caderno ? .............................................................................................. o 13 Conhecer cada tipo de insulina que usa ? ........................................................................................................... o 14 Conhecer as doses de insulina que usa ? ............................................................................................................. o 15 Saber os horários diários de aplicação de insulina ? ........................................................................................... o 16 Preparar uma aplicação com um tipo só de insulina ? .......................................................................................... o 17 Preparar uma aplicação usando uma mistura de dois tipos de insulina ? .............................................................. o 18 Fazer uma auto-aplicação de insulina ? ............................................................................................................... o 19 Usar lugares diferentes para cada aplicação de insulina ? .................................................................................... o 20 Escrever os tipos de insulina utilizados e as doses no caderno ? ............................................................................ o 21 Avaliar o pico de ação de cada tipo de insulina usado ? ...................................................................................... o 22 Conhecer a duração de ação de cada tipo de insulina usado ? ............................................................................ o 23 Alterar as doses de insulina de acordo com o nível da glicose ? ............................................................................ o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o Ficha Prática / Diabetes Clínica o o 26 Reconhecer uma insulina vencida e descarta-la ? ................................................................................................. o 27 Classificar os alimentos em grupos de alimentos ? ............................................................................................... o 28 Usar um plano nutricional ? ................................................................................................................................ o 29 Usar um plano nutricional em restaurantes e lanchonetes? ................................................................................... o 30 - Ajustar a quantidade de comida de acordo com o nível da glicose sanguínea ? .................................................... o 31 Conhecer as razões para alterar a dieta prescrita ? .............................................................................................. o 32 Conhecer a importância da dieta no tratamento do diabetes ? ............................................................................. o 24 Conhecer as razões de necessidade de alterar as doses de insulina ? ................................................................... 25 Arrumar o material de aplicação de insulina adequadamente ? ............................................................................ 33 Saber que as atividades como correr, nadar, andar de bicicleta e jogar tênis são os melhores exercícios para as pessoas portadoras de diabetes ? .............................................................................................................. o o 35 Ajustar a quantidade de exercícios quando a taxa da glicose é maior ou menor do que o habitual ? ...................... o 36 Saber que o exercício deve ser evitado em caso de doença ou se há cetonas na urina ? ........................................ o 37 Enumerar duas precauções de segurança sobre o exercício para pessoas portadoras de diabetes ? ....................... o 38 Enumerar alimentos apropriados para comer antes do exercício ? ........................................................................ o 34 Planejar exercícios diários de acordo com a quantidade e o horário das refeições ? .............................................. o o o o o o o o o o o o o o o Total de respostas SIM ________ # T Wysocki et al. Psychometric Properties and Normative Data for the Diabetes Independence Survey parent version, The Diabetes Educador 22:587-91, 1996. Assine Diabetes Clínica Assine Diabetes Clínica por R$ 60,00 (6 edições) e mantenha-se bem informado sobre o que acontece de mais importante em sua área. Preencha o pedido abaixo, e envie por correio ou fax. Você receberá em seu endereço um boleto de cobrança, e, após uma semana, sua publicação. 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Atlantica, Atlantica, 604 604 // 1102 1102 -- Copacabana Copacabana -- Rio Rio de de Janeiro Janeiro -- RJ RJ -- 22010-010 22010-010 -Telefax: Telefax: (21) (21) 244-6471 244-6471 Diabetes Clínica 02 (2001) 139 Calendário de Eventos Maio de 2001 5 a 9 de maio VIIIo International Symposium on Insulin Receptors and Insulin Action Molecular and clinical aspects of insulin Action in the New Millenium Geneva, Switzerland Informações: Symporg SA Tel: (41) 22 839 8484 Fax: (41) 22 839 8485 10 a 12 de maio VIIº Jornadas internacionales de vasculopatías, factores de riesgo y pie diabético Palais Rouge, Buenos Aires, Argentina Organização: Dr. Adolfo V. Zavala , Hospital de Clínicas José de San Martín Informações: Larrea 1403. (1117) Capital Federal, Argentina Tel/Fax: (5411) 4805-7651 E-mail: [email protected]. 19 a 20 de maio Atualização em pé diabético IIIo Encontro multidisciplinar de avaliação e tratamento do pé diabético São Paulo, SP Informações: Centre de Estudos HSPM Tel: (11) 278-2211 ramal 248 Fax: (11) 270-0914 25 a 27 de maio IVº COPEM - Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabolismo Maksoud Plaza Hotel - São Paulo, SP Organização: Paradigma Eventos Tel: (11) 3813-8896/3815-9003 Fax: (11) 3815-2285 E-mail: [email protected] www.sbemsp.org.br 25 a 27 de maio 36th SSSD Meeting (Scandinavian Society for the Study of Diabetes) Uppsala, Suécia Informações: SSSD 2001 Dragarbrunnsgatan 35, 753 20 Uppsala Tel +46 18 150080 e-mail: [email protected] site: http://welcome.to/sssd01 Junho de 2001 20 a 23 de junho Endo 2001 83th Annual Meeting of the Endocrine Society Denver, Colorado Tel (301) 941-0241 E-mail: [email protected] 22 a 26 de junho 61th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association Philadelphia, Pennsylvania Informacões: www.diabetes.org Julho de 2001 6 a 10 de julho Local Organising Committee of The Pediatric Endocrinology 2001 Montreal, Quebec, Canadá. Tel: (514) 398 3770 E-mail: [email protected] Site: www.med.mcgill.ca/pedendo 7 a 9 de julho 6o Congresso brasileiro multiprofissional em diabetes 6a Exposição nacional de produtos e alimentos para o diabético Fundacão Álvares Penteado, Av Liberdade, 532 São Paulo, SP Informações: ANAD Tel: (11) 5572-6559 www.anad.org.br Agosto de 2001 16 a 19 de agosto IXo Congresso brasileiro de obesidade Hotel Bourbon, Foz de Iguaçu, PR Organização: ABESO Informações: (41) 342 7175 www.abeso.org.br Diabetes Clínica 02 (2001) 140 Setembro de 2001 9 a 13 de setembro 37th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2001 Glasgow, Escócia Informações: Concorde Services Ltd $b, 50, Speirs Wharf, Port Dundas Glasgow, G4 9TB UK Tel +44 141 331 0123 E-mail: [email protected] Outubro de 2001 4 a 6 de outubro IIo Congresso Internacional de Nutrição, Alimentação e Tecnologia - CINAT Centro de Convenções São Camilo, São Paulo SP Informações: SINESP (11) 3277 8422/8291, 278 7144 www.sindicatonutricionistas.com.br 10 a 14 de outubro XIIIo Congresso brasileiro de diabetes Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro, RJ Informações: JZCongressos Tel: (21) 286-2846/537-9134 E-mail: [email protected] 21 a 24 de outubro XIVo Congresso brasileiro de nutrição parenteral e enteral VIIo Congresso latino americano de nutrição parenteral e enteral IIo Congresso brasileiro de nutrição clínica Salvador, BA Informações: Eventus System Tel: (71) 264-3477 Fax: (71) 264-0508 E-mail: [email protected] Novembro de 2001 11 a 15 de novembro XIo Congresso ALAD – Association latinoamericana de diabetes IIIo Congresso Uruguaio de Diabetologia Punta del Este, Uruguai Informações: personas SRL, Av. 8 de octubre 2323, of. 305, Montevideo, Uruguai Tel: (5982) 408-1015/408-2951 E-mail: [email protected] 15 a 18 de novembro XIIIo Curso nacional de atualização em endocrinologia e metabologia Gramado, RS Organizacão: SBEM regional RS www.vjs.com.br Tel: (51) 330 1134 E-mail: [email protected] Dezembro de 2001 1 a 3 de dezembro IIo Encontro paranaense de Endocrinologia Informações: (41) 342-1415 Ramal 213 e 214 (Fax) E-mail: [email protected] Junho de 2002 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, California Informacões: www.diabetes.org Agosto de 2002 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity São Paulo, SP Informações: Abeso Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 Setembro de 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Budapest 5, POB 741 Hungary 1365 Tel: +36 1 269 5883 E-mail: [email protected] Fevereiro de 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] Agosto de 2003 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: www.idf.org Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº 3 - 2001) EDITORIAL O mais completo evento em Diabetes 6o Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes, Fadlo Fraige Filho ....................................... 143 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................ 144 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................ 161 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................ 168 PRODUTOS E NOVIDADES Wafer Light (Lowçucar), Body fat monitor (Omron), Obesidade infantil (Guia prático) .......................... 175 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ................................................................................ 180 ARTIGOS CIENTÍFICOS O tratamento do diabetes mellitus do tipo 2, Fadlo Fraige Filho ............................................................... 187 Autocuidado, trabalho e diabetes mellitus: uma abordagem de enfermagem, Rita Batista Santos ............ 194 Vacinação contra gripe e vacinação antipneumocócica em pacientes diabéticos, João Toniolo Neto ....................................................................................................................................... 201 FICHAS PRÁTICAS Avaliação do Pé diabético ........................................................................................................................... 203 CALENDÁRIO DE EVENTOS ............................................................................................................... 211 Programa do 6o Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes ........................................................ 205 Normas de Publicação ................................................................................................................................. 138 141 142 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golbert (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldbert Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] Marketing Maurício Galvão Costa Anderson ATMC - Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Assinatura 6 números ao ano: R$ 60,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2244-6471 I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 143 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL O mais completo evento em Diabetes 6 Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes o Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador - Editor Científico de Diabetes Clínica Mais uma edição deste Congresso pioneiro no Brasil em atualização e reciclagem de multiprofissionais em Diabetes. Além de ser do interesse de todos aqueles que militam na área da saúde, a programação cuidadosamente preparada pela presidência e pela comissão científica e coordenadores, levou a extensão do problema que pode ser apreciado nesta edição. Sua amplitude de abordagem faz jus ao seu “slogan”: “O mais completo evento em diabetes.” Serão sete anfiteatros com atividades simultâneas, durante os três dias de congresso, dando uma gama bem ampla de opções de temas, que foram escolhidos de acordo com sua importância na prática do diabetes, bem como a atualização dos mesmos. Estes temas estão dispostos de maneira didática e agrupados em simpósios que os correlacionam. Iniciamos, desde a conceituação até abordagens nas áreas multidisciplinares, outras especialidades e patologias correlatas, tais como: cardiologia, obesidade, distúrbios do metabolismo lipídico, nefrologia e transplantes, oftalmologia, etc. Destacamos também os simpósios de atualização terapêutica com abordagem clínica das novas drogas lançadas, e também do simpósio de Genética, onde será abordado o Projeto Genoma e o Diabetes. Nesta edição de Diabetes Clínica, também trazemos, quase em tempo real, resumos de trabalhos do 61st Scientific Sessions of American Diabetes Association, realizado em Filadélfia, EUA, em junho de 2001, privilegiando os pesquisadores brasileiros que lá apresentaram seus trabalhos em posters. Também passamos a partir desta edição abordar com mais freqüência as patologias associadas ao diabetes, como obesidade, dislipidemias e suas repercussões cardiovasculares; dando uma maior visão e da amplitude do diabetes em seus acometimentos universais, no organismo. Assim selecionamos diversos informes de 11th European Congress on Obesity, realizado em maio de 2001, onde se destacou o uso do orlistat e da sibutramina como auxiliares no tratamento do diabetes. Espero mais uma vez brindar os nossos leitores de mais uma rodada ampla de atualidades, de maneira prática e rápida, como propõe esta revista. 144 Diabetes Clínica 03 (2001) Informes do Diabetes no Mundo Laurence Kessler et al., 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Monitoramento contínuo da glicose em pacientes diabéticos do tipo 1 tratados por bomba de insulina vs. transplante de pâncreas ou de células de ilhotas O objetivo deste estudo foi de comparar o perfil glicêmico de pacientes diabéticos do tipo 1 tratados por bomba de insulina ou transplante de pâncreas ou de células de ilhotas, pelo meio do sistema de monitoramento contínuo de glicose (CGMS, Continuous Glucose Monitoring System, Minimed Inc). CGMS pode registrar concentrações subcutâneas de glicose (2,2 para 22 mmol) durante 72 horas (288 medições por dia). Essas medições precisaram ser validadas por 4 medições capilares da glicose sanguínea por dia (calibração). Durante 3 dias, CGMS foi conectado em 17 pacientes diabéticos do tipo 1: 6 pacientes (49,8 ± 74,4 anos, duração do diabetes 31 ± 11,3 anos) foram tratados por infusão intra-peritoneal de insulina por bomba (grupo IPH), 8 pacientes (42,2 ± 11,6 anos, duração do diabetes 27,2 ± 8,7 anos) por transplante simultâneo rim-pâncreas (grupo SPK) e 3 pacientes (43,3 ± 13,6 anos, duração do diabetes 26,6 ± 12,5 anos) por transplante de células de ilhotas após transplante de rim (grupo IAK). Todos os pacientes SPK e 1 paciente IAK eram insulino-independentes, e 2 pacientes IAK apresentavam uma função parcial do transplante e necessidades reduzidas de insulina exógena. Todos os pacientes transplantados tinham um tratamento imunosupressivo (ciclosporina, micofenolate mofetil e esteróides: 0 a 5 mg/dia). O controle glicêmico foi avaliado pela medições das concentrações médias de glicose, amplitude média das variações da glicemia (índice MAGE), durante 3 dias, e pela HbA1c. Durante 3 dias, ambas as concentrações médias da glicose e amplitude média das variações glicêmicas em pacientes transplantados por pâncreas e por células de ilhotas foram significativamente menores do que as observadas em pacientes tratados por IPH: 5,38 ± 1,12 e 6,09 ± 0,86 vs. 8,06 ± 1,03 mmol (p < 0,001) e 1,44 ± 0,42 e 1,42 ± 0,57 vs. 3,46 ± 0,71 mmol (p < 0,001), respectivamente. As concentrações médias de glicose e as variações da glicose sanguínea foram similares em pacientes tratados por transplantes de pâncreas ou de células de ilhotas. HbA1c em pacientes tratados por transplantes de pâncreas ou de células de ilhotas foi respectivamente de 5,35 ± 0,37% e 6,03 ± 1,02% e este valor aumentou significativamente para atingir 7,21 ± 0,55% em pacientes tratados por IPH (p < 0,001). O monitoramento contínuo da glicose subcutânea sugere que o transplante de células de ilhotas pode ser tão eficiente como o transplante de pâncreas e superior a bomba de insulina para restaurar um bom controle metabólico e diminuir a variabilidade da glicose sanguínea. Informes do Diabetes no Mundo / Diabetes Clínica 03 (2001) Joseph C Cappelleri et al., 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 145 Relação entre a melhora da satisfação do paciente e o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 1 e 2 tratados por insulina inalada: resultados de dois estudos controlados multicêntricos Muitos pacientes portadores de diabetes acham difícil o uso de insulina subcutânea (SC). Em mais, os estudos sobre a relação entre as alterações na satisfação do paciente e as alterações no controle glicêmico (HbA1c) são raras. Os dados de dois estudos de fase 2 com 128 pacientes (n = 72 pacientes diabéticos tipo 1 no primeiro e n = 56 pacientes diabéticos tipo 2 no segundo) foram combinados. Os pacientes foram randomizados para receber insulina inalada (INH, n = 63) ou subcutânea (n = 65) durante três meses. Os indivíduos randomizados por INH receberam insulina pré-refeição mais uma aplicação de insulina ultralente ao deitar, e os randomizados para subcutânea continuaram o tratamento instaurado antes o estudo (2/3 aplicações por dia). Um questionário de 15 itens (satisfação global, facilidade de uso, conforto social) foi utilizado para avaliar a satisfação do paciente no início e no final do estudo. Uma análise do modelo de covariância incluiu percentagem de alteração, desde o início até o fim do período de três meses, para cada item de satisfação. As dietas foram comparadas usando o estudo e as alterações no controle glicêmico (percentagem de alteração da HbA1c) como covariáveis. Um total de 111 indivíduos apresentava dados completos de todas as variáveis. Comparado com SC, INH resultou em média significativamente maior (p < 0,05) da percentagem de aumento da satisfação global do paciente (38,3% INH vs. 11,6% SC), facilidade de uso (43,4% INH vs. 13,6% SC), e conforto social (35,7% INH vs. 14% SC). Uma diminuição absoluta de 1% da HbA1c (média: -0,74%) foi associada à melhora significativa (p < 0,05) de 11,1% da satisfação global (r = -0,26), 8,7% (r = -0,19) em facilidade de uso e 14,5% (r = -0,24) em conforto social. Esses dados sugerem que INH procura uma melhor satisfação global do paciente do que a insulina SC em pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou 2. Em mais, a melhora da satisfação do paciente é associada à melhora do controle glicêmico. Satish K. Garg et al., 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Perfis da glicose plasmática em pacientes tratados com insulina glargina ou insulina NPH Observamos o controle glicêmico em indivíduos utilizando uma aplicação ao dia do novo análogo de insulina de longa ação, a insulina glargina (Lantus), vs. Indivíduos utilizando duas aplicações ao dia de insulina humana NPH. 45 pacientes portadores de diabetes do tipo 1 (C-peptídeo 0,5 mmol/l) foram randomizados para receber, uma aplicação de glargina (22 pacientes) ou 2 aplicações de insulina NPH (23 pacientes) ao dia, em adição a insulina lispro (Humalog) ou insulina humana regular (Humulin) antes a refeição. A duração do estudo foi de 28 semanas. Todos os pacientes realizaram perfis da glicose de 24h em um centro de pesquisa clínica, no início do estudo, após 8 semanas e no fim do estudo. Os níveis da glicose plasmática de jejum não foram significativamente diferentes entre os usuários da glargina e da NPH. A dose total de insulina glargina diminuiu significativamente desde o início do estudo e a consulta final, e era significativamente menor do que a dose de insulina NPH na última consulta. Em contrasto, a dosagem das insulinas de ação curta foi significativamente diferente entre os dois grupos. Não houve diferença nas insulinas de ação curta dentre de cada grupo. 146 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação Glicose plasmática de jejum (mmol/l) Glargina NPH Valor de P início 11,4 ± 1,0 10,1 ± 1,1 0,416 fim 8,1 ± 0,9 9,3 ± 0,8 0,169 Dose de insulina (U/kg/dia) início 0,6 ± 0,1 0,6 ± 0,1 0,859 fim 0,4 ± 0,1 0,6 ± 0,1 0,008 Dose de insulina de ação curta (U/kg/dia) início fim 0,3 ± 0,02 0,3 ± 0,02 0,2 ± 0,01 0,2 ± 0,01 0,007 0,002 A disponibilidade de um novo análogo de insulina pode fazer a insulinoterapia mais fácil para os portadores de diabetes necessitando de aplicações de insulina. Esses dados sugerem que a insulina glargina administrada uma vez ao dia é tão eficaz como duas aplicações ao dia de insulina NPH. Kjed Hermansen et al., 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Insulina Aspart bifásica 30 melhora o controle glicêmico pósprandial Introdução: A insulina Aspart bifásica 30 (BIAsp30) é uma nova formulação lowmix de insulina Aspart (Iasp) 30% solúvel e 70% cristalizada em protamina. O controle glicêmico pós-prandial obtido com BIAsp30 e com insulina humana bifásica padrão 70/30 (BHI 30) foi comparado em testes de refeições rigorosamente controlados. Métodos: Neste estudo randomizado, 50 pacientes portadores de diabetes do tipo 1 (35,7 ± 9,4 anos; IMC 24,0 ± 2,6 kg/m2; HbA1c 8,6 ± 1,1%) foram observados em três dias diferentes, recebendo o seguinte tratamento em ordem randomizada: BIAsp30 aplicada imediatamente antes um café da manhã padrão, BHI 30 aplicada 30 minutos antes o café da manhã (BHI 30t-30) e BHI 30 aplicada imediatamente antes o café da manhã (BHI 30t0). A dose era 0,40 U/kg para os três tratamentos. Nenhuma insulina intermediária ou de ação longa foi administrada durante as 24 horas antes o período do estudo, e os níveis da glicose sanguínea foram estabilizados entre 5 e 8 mmol/l por uma aplicação de insulina endovenosa noturna. Resultados: A área sob a curva da glicose plasmática pós-prandial de 4 horas (AUC0-4h) ajustada para o início foi diminuída em 23% com BIAsp30 quando comparada com BHI 30t0 (p < 0,0001) e em 9% quando comparada com BHI 30t-30 (p = 0,013). A concentração máxima da glicose plasmática (Cmax) foi maior com BHI 30t0 em comparação com BIAsp 30 (16,5 ± 2,8 vs. 14,0 2,4 mmol, p < 0,0001), e o prazo para a concentração máxima da glicose plasmática (tmax) foi aproximadamente mais curto de 20 minutos com BIAsp30, qualquer seja o período de aplicação da BHI 30 (p < 0,0001). Os níveis médios da glicose plasmática pré-teste foram similares entre os grupos (6,7 para 6,9 mmol). Conclusões: Em razão da entrada mais rápida da insulina no fluxo sanguíneo, o controle glicêmico pós-prandial é mais eficiente com BIAsp30 do que com BHI 30, qualquer seja o momento de aplicação da insulina BHI 30. Edwards S. Horton et al., 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Riscos/benefícios de atingir objetivos de HbA1c com nateglinida Apesar de que a recomendações usuais preconizam uma meta de HbA1c < 7%, os efeitos adversos dos agentes hipoglicemiantes orais são, às vezes, percebidos com maiores do que os benefícios em pacientes com HbA1c < 8%. Em mais, a contribuição relativa das variações da glicose pós-prandial à HbA1c é maior em esses pacientes e necessita o uso de agentes hipoglicemiantes que podem diminuir essas variações sem causar hipoglicemia pós-refeição excessiva. Avaliamos a nateglinida (NAT), novo agente hipoglicemiante deri- Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) 147 Continuação vado da D-fenilalanina, que age diretamente sobre as células β do pâncreas para potencializar rapidamente a secreção da insulina induzida pela refeição. O grau de potencialização é dependente do nível da glicose e é rapidamente reversível quando os níveis de glicose estão caindo. NAT (120 mg, n = 99), quando administrada imediatamente antes de uma das 3 refeições em pacientes nunca tratados com agentes hipoglicemiantes orais, resultou em controle glicêmico global similar ao da metformina (500 mg, n = 98), em um estudo de 24 semanas. A diminuição média ajustada da HbA1c foi –0,8% (p < 0,001), para cada grupo a partir de um nível de 8,1% (NAT) e 8,3% (metformina). A meta HbA1c 7% foi atingida em 34% dos pacientes tratados por NAT e em 41% dos pacientes tratados por metformina. Estes benefícios da NAT foram obtidos com risco mínimo de hipoglicemia; a incidência da hipoglicemia confirmada foi de 1,9%. Os benefícios foram também obtidos com mínimo ganho de peso (0,9 kg). O risco hipoglicêmico é máximo quando aproximase da glicemia normal e, por isso, fizemos uma análise dos estudos clínicos controlados por placebo nas quais a HbA1c inicial era 8%, e encontramos hipoglicemia em 3,6%, 0,9% e 26% dos casos, com NAT, metformina e gliburide (5 ou 10 mg), respectivamente. A experiência com NAT indica que o objetivo nível de HbA1c pode ser atingido em muitos pacientes com uma boa relação risco/benefício. Bruno Geloneze, José C Pareja, Enrico M Repetto, Sylva R Geloneze, Luis A Magna, Marcos A Tambascia, Campinas – SP, 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Efeitos da cirurgia bariátrica sobre o controle glicêmico e a resistência à insulina em diabetes tipo 2 Introdução: A cirurgia bariátrica foi comprovada como a técnica terapêutica a mais eficiente para a obesidade extrema. Vários estudos reportaram que a cirurgia pode melhorar o controle glicêmico. É conhecido que a cirurgia bariátrica permite a supressão ou a diminuição drástica do uso dos agentes antidiabéticos. A relação entre o controle glicêmico e a sensibilidade à insulina nesses pacientes é pouco estudada. Material e métodos: Acompanhamos 10 pacientes diabéticos do tipo 2 submetidos à cirurgia bariátrica (gastroplastia vertical com bypass Y-Roux) em um ano, observando o controle glicêmico e a sensibilidade à insulina estimada por um teste de tolerância à insulina (ITT), realizado no início, 6 e 12 meses após a cirurgia. Resultados: A diminuição massiva de 70% do excesso de peso foi obtida em um ano após a cirurgia. O índice de sensibilidade à insulina (Kitt) mostrou um aumento significativo durante o período de acompanhamento (r = 0,53, p < 0,001). Nós observamos uma correlação linear forte entre Kitt e os níveis da glicose (r = -0,50, p < 0,01) e HbA1c (r = -0,51, p < 0,01). Essa melhora metabólica foi observada apesar da interrupção do tratamento farmacológico do diabetes durante o primeiro ano de acompanhamento. IMC (kg/m2) Glicose (mmol) HbA1 (%) KITT (%/min) Início 54,1 ± 5,7 10,8 ± 4,9 7,6 ± 2,2 1,65 ± 1,02 6 meses 40,6 ± 8,7 5,7 ± 1,3 4,9 ± 0,3 3,76 ± 1,65 12 meses 35,5 ± 6,1 4,6 ± 0,5 4,6 ± 0,7 4,43 ± 2,34 Conclusões: A perda de peso é o objetivo principal para o tratamento dos pacientes obesos diabéticos do tipo 2, e a perda agressiva de peso mostrou uma melhora do controle glicêmico. Este efeito sobre o metabolismo da glicose pode ser explicado pelo aumento significativo da sensibilidade à insulina observada nesta população. 150 Magid Lunes, Sandra RG Ferreira, Suely Gimeno, Regina Moises, Laércio Franco, São Paulo – SP, 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Alfredo Halpern, São Paulo – SP, 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Fatores de prognóstico de diabetes em população de nipobrasileiros A obesidade central é associada à resistência à insulina, a qual é implicada na gênese do diabetes do tipo 2. Os níveis de insulina e proinsulina podem ser os indicadores precoces da disfunção pancreática. Em 1993, uma coorte de primeira (n = 238) e segunda gerações (n = 292) de Japoneses brasileiros (4~79 anos) foi submetida a um teste de tolerância à glicose (GTT). Foram medidas a glicose plasmática de jejum e 2 horas após administração da glicose oral os níveis de insulina e proinsulina. 18,3% dos indivíduos eram diabéticos, 16,8% apresentavam IGT e 3,2% IFG (critérios OMS 1999). O objetivo do estudo era identificar os fatores de prognóstico de diabetes em 113 nipo-brasileiros com tolerância normal à glicose, acompanhados durante um período de 7 anos. Em 2000, o GTT oral foi repetido: 60 indivíduos mantiveram o seu status de tolerância normal à glicose (grupo 1), e 53 se tornaram diabéticos (grupo 2). No início, o grupo 2 apresentava uma circunferência de cintura (88,7 ± 9,2 vs. 80,3 ± 10,7 cm, p < 0,001), e uma relação cintura/ quadril maiores do que o grupo 1, mas os grupos não apresentam diferenças no que se refere aos níveis de insulina de jejum e 2 horas pós-refeição e na relação proinsulina/insulina. Após classificação por gênero e idade, as mulheres que se tornaram diabéticas mostraram níveis mais elevados de proinsulina de jejum (> 59 anos: 20,3 ± 17,2 vs. 9,9 ± 10,0 pmol/l; > 60 anos: 23,1 ± 15,0 vs. 12,5 ± 8,4 pmol/l; p < 0,05), quando comparadas com as que permaneceram normais. A taxa de incidência do diabetes foi 20,2/1000 indivíduos-ano (IC 95% 15,5-26,5). Essas taxas aumentaram com os tertiles dos parâmetros antropométricos e hormonais, sem alcançar um nível estatisticamente significativo. O modelo de regresso de Cox incluindo a circunferência da cintura como variável dependente, ajustado por genro e idade, mostrou um hazard ratio de 1034 (IC 95% 1004-1064), o que significa que cada centímetro de cintura em mais aumenta o risco de diabetes em 3,4%. Modelos similares tomando em conta insulina e proinsulina como variáveis dependentes não sugerem que os parâmetros hormonais são fatores de prognóstico de diabetes. Nossos dados confirmam o papel da obesidade central na patogênese do diabetes em imigrantes japoneses. Apesar de que as mulheres que desenvolveram intolerância à glicose mostraram níveis de proinsulina maiores no início, nossos dados não permitem considerar isso como um fator de prognóstico da doença neste acompanhamento de 7 anos. Nossos achados podem ter implicações pela prevenção do diabetes através a prevenção da acumulação de gordura abdominal. Estudo multicêntrico latino-americano com orlistat em pacientes diabéticos do tipo 2 obesos ou com sobrepeso Um estudo de 6 meses, multicêntrico, randomizado, controlado por placebo foi realizado em 5 países latino-americanos para avaliar os efeitos do orlistat sobre a perda de peso, o perfil glicêmico e outros fatores de risco cardiovasculares em relação com a obesidade em pacientes diabéticos do tipo 2 obesos ou com sobrepeso. Os pacientes (idade 18-70 anos, IMC 27 kg/m2, portadores de diabetes tipo 2 e com HbA1c 6-11%) foram observados durante um período inicial de 2 semanas, no qual receberam um placebo e uma dieta reduzida em calorias (déficit de 600kcal/dia, 30% em gordura). Os pacientes que completaram o teste inicial foram então randomizados para receber orlistat 120 mg ou placebo três vezes ao dia e dieta para um período de 6 meses. Tratamento complementar com agente antidiabético (fora da insulina 152 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação e da acarbose) foi permitido durante o estudo. Um total de 365 pacientes foi aceito, dos quais 338 participaram do tratamento duplo-cego e foram aceitos para a análise (orlistat n = 164; placebo n = 174). Após 24 semanas, o grupo orlistat + dieta mostrou uma diminuição significativamente maior do peso do que o grupo placebo + dieta (4,7% vs. 3,0%; p = 0,0003). Quase duas vezes mais pacientes recebendo orlistat + dieta perderam 5% do peso corporal inicial, quando comparados com grupo controle (30% vs. 17%; p = 0,003). Orlistat foi associada com uma melhora significativa do controle glicêmico, comprovada por diminuições maiores da HbA1c (-0,6% vs. –0,2%; p = 0,06), da glicose plasmática de jejum (-1,00 vs – 0,01 mmol/l; p = 0,04) e da glicose pós-prandial (-1,06 vs. +0,17mmol/l; p = 0,05). Orlistat foi também associado com a melhora significativa do colesterol total (-4,2% vs. +1,19%; p = 0,0001) e colesterol LDL (-3,6% vs +4,7%; p = 0,0002). Orlistat foi bem tolerado. Os eventos gastrintestinais foram mais freqüentes no grupo orlistat do que no grupo placebo (65% vs. 37%), mas foram geralmente de intensidade leve a média, transitórios e limitados a 1 ou 2 episódios por paciente. Em conclusão, o tratamento com orlistat + dieta resultou em perda de peso clinicamente significativa e melhorou o controle glicêmico e o perfil lipídico em pacientes diabéticos do tipo 2 obesos ou com sobrepeso. Maria I Schmidt, Ethel R Spichler, Judith M Pousada, Ângela J Reichelt, Adriana C Forti, Bruce B Duncan, Porto Alegre – RS, 61st Scientific Sessions, American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Diabetes mellitus gestacional diagnosticado com teste de tolerância à glicose 75g – 2 horas e problemas adversos na gravidez EASO – European Association for the Study on Obesity, 11th European Congress on Obesity, Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 O 4th Workshop sobre o diabetes gestacional incluiu em suas recomendações para o diagnostico do diabetes gestacional (DMG), o uso do teste 75 g oral de tolerância a glicose de 2 horas (OGTT). O objetivo de nosso estudo foi de avaliar a capacidade do DMG de prognosticar vários problemas na gravidez. Foram observadas mulheres brasileiras grávidas de 20 anos e mais, em consultórios pré-natais em 6 capitais do Brasil. Essas mulheres realizaram o teste OGTT 75g entre as 24 e 28 semanas de gestação e foram acompanhadas até o parto e período do pós-parto. As que mostraram uma hiperglicemia, considerada como diabética, sem relação com a gravidez, foram eliminadas das principais análises. DMG foi definido por dois valores de pelo menos 95, 180 e 155 mg/dl para as glicemias de jejum, de 1h e 2h após carga de glicose, respectivamente. Dentre as 4977 mulheres do estudo, 2,4% (IC 95% 2,0%-2,9%) apresentavam DMG, de acordo com os critérios da ADA (American Diabetes Association). Após ajuste pelos efeitos da idade, obesidade e outros fatores de risco, DMG, segundo os critérios da ADA, prognosticou risco aumentado de pré-eclampsia (RR 2,28; IC 95% 1,22-4,16), e morte perinatal (RR 3,10; IC 95% 1,42 – 6,47). Apesar de que uma associação estatisticamente significativa com macrossomia (RR 1,78; IC 95% 1,14 – 2,79) era presente nas análises não-ajustadas, incluídas as mulheres com hiperglicemia diabética, a associação era pequena e não estatisticamente significativa (RR 1,29; IC 95% 0,73-2,18) nas análises ajustadas que excluíram essas mulheres. Em conclusão, os critérios DMG 2h, como definidos pela ADA, prognosticam os problemas adversos na gravidez. O que precisa saber sobre a obesidade 1 – A obesidade é um dos mais importantes problemas de saúde pública de nossos tempos. Ela atinge proporções epidêmicas e está começando substituir a má-nutrição e as doenças infecciosas como o fator de contribuição o mais significativo de problemas de saúde em todo o mundo. 154 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação 2 – O aumento da obesidade em um nível global resulta da combinação de suscetibilidade genética, do aumento do consumo de gorduras e da diminuição da atividade física. 3 – O maior desafio para os pacientes obesos e os profissionais da área é melhorar a capacidade de manter mais do que conseguir a perda de peso. 4 – O uso de medicamentos para a perda de peso, combinado com dieta adequada e programa de exercícios, ajuda os pacientes obesos a perder peso e manter a perda de peso pelo menos durante um ano. 5- A obesidade é diretamente relacionada a várias doenças, tais como: doença arterial coronariana, hipertensão arterial, câncer, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, osteoartrite. 6 – As pessoas com IMC (Índice de massa corporal) > 25 são consideradas como apresentando sobrepeso, e obesas se IMC > 30. Mais do que 20% dos Europeus apresentam um IMC > 30. 7 – Os quatro pilares do manejo da obesidade são: dieta, modificação do comportamento, atividade física e ajuda comunitária. 8 – A obesidade e as condições a ela relacionadas são hoje a segunda causa de morte prevenível, após o tabagismo. 9 – Os indivíduos inativos apresentam mais riscos de ganhar peso. 10 – A OMS (Organização Mundial da Saúde) está dando mais atenção ao problema pela criação da IOTF (International Obesity Task Force). O objetivo da IOTF é fazer reconhecer a obesidade como uma doença e pressionar os governos para implantar o manejo da obesidade nos cuidados primários. AN Faria, KMB Carvalho, CH Arasaki, JC Del Grande, A Beani Jr, MT Zanella, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo – SP, 11th European Congress on Obesity, European Association for the Study of Obesity (EASO), Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 Efeitos da perda de peso induzido por cirurgia gástrica sobre a pressão sanguínea e os parâmetros metabólicos Introdução: A cirurgia gástrica foi indicada para tratar pacientes obesos com IMC > 40 kg/m2, principalmente para os que apresentam sintomas associados de morbidade, tais como hipertensão, diabetes e dislipidemias, que aumentam o risco cardiovascular. Métodos: Neste estudo 15 pacientes obesos (12 mulheres, 3 homens), idade 38 ± 10 anos e IMC 50 ± 6 kg/m2, foram submetidos à cirurgia gástrica (band + by-pass) e avaliados para IMC, pressão sanguínea, taxas de glicose de jejum, triglicérides e colesterol, antes e após 6 ± 3 meses. Um relatório diário de ingestão alimentar foi utilizado para calcular o consumo total de energia após cirurgia. Resultados: A cirurgia resultou em uma diminuição do IMC de 23,6 ± 6,0% (p < 0,01). O consumo total de energia era entre 220 e 1400 kcal com uma correlação positiva no período pós-cirurgia (r = 0,79; p < 0,01), indicando um processo de adaptação. A pressão sanguínea sistólica e diastólica diminuiu de 151 ± 85 para 106 ± 64 (p < 0,01). Os níveis de glicose diminuíram de 101 ± 19 para 93 ± 7 mg/dl (p = 0,06) sem alterações no colesterol. Nenhuma correlação entre alterações em pressão sanguínea e IMC foi encontrada. Conclusão: A perda de peso posterior à cirurgia bariátrica é eficaz para diminuir a pressão sanguínea, os níveis de triglicérides e de glicose, contribuindo para diminuir o risco cardiovascular nesses pacientes. O aumento do consumo energético, provavelmente responsável da estabilização do peso após um ano, poderia comprometer os resultados da cirurgia a longo prazo, a que necessita futuras avaliações. 156 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) WF Coutinho, LC Povoa, R Meirelles, JC, Appolinário, Rio de Janeiro – RJ, 11th European Congress on Obesity, European Association for the Study of Obesity (EASO), Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 Uso de um índice para avaliar a eficácia de agentes antiobesidade na diminuição de peso Introdução: A análise categórica é muito utilizada pra avaliar a eficácia na diminuição de peso de agentes anti-obesidade, dividindo os pacientes entre respondedores e não-respondedores, de acordo com vários critérios de eficácia de perda de peso. Todavia, vários estudos mostraram que a eficiência de terapias complementares altera fortemente o resultado das avaliações. Em alguns estudos, uma percentagem elevada de pacientes do grupo placebo atinge uma perda de peso de 5 ou 10%, o que pode constituir um importante fator de confusão na avaliação da eficácia. Métodos: Desenvolvemos um índice muito simples de eficácia da diminuição de peso, dividindo a percentagem de respondedores do grupo droga pelo percentagem de respondedores do grupo placebo. Um índice de eficácia (IE) igual a 2, indica, teoricamente, que a droga poderia duplicar a probabilidade de sucesso na população definida. Resultados: Dados de vários estudos publicados foram utilizados para avaliar o índice de eficácia de alguns agentes anti-obesidade. Considerando uma perda de peso de 10% após 12 meses, achamos os seguintes EI: Orlistat (ORL) estudo 119C: EI = 1,57; ORL estudo Sjostrom: EI = 2,35; ORL estudo 161: EI = 1,82; ORL Davidson: EI= 2,2; ORL 149: EI = 1,86; ORL Lindgärde: EI = 1,32; Sibutramina (SIB) 15 mg Jones: EI = 4,86; SIB 10 mg Jones: EI = 2,79; Dexfenfluramina Guy Grand: EI = 2,05. Conclusão: O Índice de Eficácia (IE) pode ser uma ferramenta útil para avaliar a eficácia de agentes de perda de peso, atenuando as influências de terapias complementares (dieta, exercícios, terapia comportamental). Um IE baixa não indica dificuldade na perda de peso, mas, provavelmente, uma baixa taxa de resposta da população estudada a um agente anti-obesidade específico. Para a mesma droga (ORL), IE mostra uma importante variação, de 1,35 para 2,35, dependendo da população estudada, com a mesma dose e protocoles similares. AN Faria, FF Ribeiro Filho, N Kholman, SRG Ferreira, D Lerario, T Zanella, Universidade de São Paulo, São Paulo – SP, 11th European Congress on Obesity, European Association for the Study of Obesity (EASO), Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 Sibutramina diminui a intolerância à glicose em pacientes obesos hipertensos Introdução: Intolerância à glicose e diabetes são freqüentes em pacientes obesos com distribuição central de gordura, e contribui para um risco cardiovascular elevado. Neste estudo, avaliamos os efeitos da sibutramina sobre o peso corporal e o perfil da glicose plasmática. Métodos: 86 pacientes obesos hipertensos (IMC = 39,5 ± 5,5 kg/m2), com distribuição central de gordura (WHR = 0,98 ± 0,09), dos quais 74 mulheres (86%) e 12 homens (14%), foram submetidos a uma terapia randomizada duplo-cega de 6 meses, com sibutramina (S) ou placebo (P). Avaliamos a resposta a um teste de tolerância oral à glicose (OGTT) e calculamos o índice de sensibilidade à insulina (ISI), baseado em níveis de glicose e insulina no pico do OGTT. As freqüências de níveis anormais de glicose de jejum (glicose > 110 mg/dl) e glicose às 2h do OGTT (glicose120 > 140 ou 200 mg/dl) antes e após terapia, foram comparados em ambos os grupos. Resultados: A percentagem de perda de peso foi de 6,7 ± 4,7% para sibutramina e 2,4 ± 4,2% para placebo (p < 0,05) e a proporção de pacientes com perda de peso superior a 5% foi respectivamente de 63% e 23% (p < 0,05). O ISI passou de 0,52 para 0,70 no grupo sibutramina (p = 0,03) e de 0,5 para 0,66 no grupo placebo (p = 0,04). Todavia, a freqüência da intolerância à Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação 157 glicose diagnosticada por OGTT (glicose120 > 140 ou < 200 mg/dl) diminuiu no grupo sibutramina (de 40% para 19%, p = 0,025) e persistiu inalterada no grupo placebo (de 28% para 31%). Nenhumas alterações nas taxas anormais de glicose de jejum (glicose > 120 mg/dl) nem diabetes (glicose 120 > 200 mg/dl) foram observadas em ambos os grupos. Conclusão: Em pacientes hipertensos com obesidade central e prevalência elevada de intolerância à glicose, a sibutramina comparada com placebo foi associada a maior diminuição de peso e melhora do perfil da glicose plasmática, sendo uma ferramenta útil na prevenção do diabetes. June Stevens et al, 11th European Congress on Obesity, European Association for the Study of Obesity (EASO), Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 Eva Black, 11th European Congress on Obesity, European Association for the Study of Obesity (EASO), Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 IMC prognostica risco de diabetes, hipertensão e taxas de colesterol em brancos e afro-americanos O IMC (índice de massa corporal) elevado é significativamente associado a risco aumentado de diabetes, hipertensão arterial e diminuição dos níveis de HDL-colesterol em mulheres brancas e afro-americanas, de acordo com os dados do estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities). Mas o impacto do IMC é diferente em função do grupo étnico. A obesidade aumenta o risco de doenças em ambos os grupos estudados, mas o peso associado ao mesmo nível de doença varia muito, segundo os pesquisadores: para conseguir aproximadamente o mesmo risco de hipertensão do que as mulheres brancas moderadamente obesas (IMC = 30), as mulheres negras devem ser muito finas. Para apresentar o mesmo risco de diabetes, as mulheres negras devem ser 5 kg mais magras do que as mulheres brancas. No que se refere a hipertrigliceridemia, as mulheres negras muito obesas apresentam um risco inferior do que as mulheres brancas com IMC igual a 30. Esses dados foram obtidos do estudo ARIC em mulheres com idade entre 45 e 64 anos, das quais 757 desenvolveram diabetes, 1518 apresentaram pressão sanguínea elevada e 2281 baixos níveis de HDL colesterol. A incidência desses fatores foi ajustada de acordo com educação, atividade física, consumo de álcool e fumo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais do que 300 milhões de adultos são obesos no mundo, dos quais 115 milhões moram em paises desenvolvidos. A Europa e os Estados Unidos apresentam taxas de obesidade entre 15 e 25% da população, Nos paises asiáticos, tais com a China e o Japão, as taxas de obesidade são inferiores mas vão aumentando. Os paises que apresentam níveis os mais elevados de obesidade têm também as taxas as mais elevadas de doenças ligadas ao peso, tais como diabetes tipo 2, elevação das taxas de colesterol e doenças cardíacas. A OMS atribui o aumento dos níveis de obesidade às mudanças na dieta, métodos de trabalho e estilo de vida. O risco de diabetes aumenta em 250% em adultos obesos de meia idade Ser obeso na idade adulta pode aumentar o risco de desenvolver diabetes em 250%, comparativamente com as pessoas de peso estável e normal e em 30% comparativamente com os obesos de peso estável, segundo uma análise de 30 anos de dados do exercito da Dinamarca. Ganhar peso para aumentar o IMC em 5 kg/m2 pode elevar o risco de tolerância anormal à glicose em 250% em pessoas que anteriormente apresentavam um peso saudável, comparativamente a indivíduos que conservam um peso normal. A mudança do IMC com a idade é um dos mais importantes 158 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação fatores de risco de desenvolvimento de tolerância anormal à glicose, medida pelo teste de tolerância oral à glicose. Os homens que ganham peso têm também um risco 30% superior de diabetes, comparativamente aos homens inicialmente obesos mas que conservaram um peso estável durante o período do estudo. Os pesquisadores revisaram os dados de IMC de 380.000 homens de 19,9 ± 1,9 anos e selecionaram dois subgrupos, um de 192 obesos com IMC inicial de 33,1 ± 6,1 kg/m2 e um segundo de 288 indivíduos selecionados por randomização com IMC médio de 21,7 ± 2,5 kg/m2. Os dois subgrupos, agora com idade de 49,2 ± 5,7 anos, foram submetidos a testes de tolerância à glicose. O estudo demonstrou que, desde a idade da seleção até hoje, os homens do grupo controle ganharam em médio 1,9 kg/m2, com intervalo de –8 a +24,9. Foi encontrada uma tolerância anormal à glicose em 28% dos homens com peso inicial normal e em 48% dos homens inicialmente obesos. Handijev Svetoslav et al., 11th European Congress on Obesity, Viena, Áustria, 30 de maio – 2 de junho de 2001 O estresse, a imobilidade e a dieta aumentam o risco de diabetes e de doenças cardíacas em trabalhadores do transporte O trabalho de transporte, seja em caminhões, aviões ou barcos, aumenta significativamente o risco de diabetes ou doenças cardíacas, segundo os dados de um estudo efetuado em Bulgária. Esta profissão apresenta vários fatores de risco, como estresse elevado, atividade física diminuída, nutrição incorreta, imobilidade relativa, viagem de alta velocidade e fatores do meio ambiente, que contribuem para o desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares. O estudo coletou dados de 5659 empregados de transporte em Bulgária, sendo 1529 trabalhando em transporte de trem, 1434 em barcos, 1715 em aviões e 925 em caminhões. 89,6% dos indivíduos eram homens, com idade média de 39 anos, e 65% deles apresentavam um sobrepeso ou eram obesos. Comparativamente com a população geral da Bulgária, os trabalhadores do transporte apresentam uma taxa mais elevada de diabetes tipo 2, de colesterol e de pressão sanguínea. Na população do estudo, os trabalhadores com sobrepeso mostraram taxas significativamente mais elevadas destas doenças, comparativamente aos trabalhadores com IMC normal (entre 20 e 25). Roger D. Cone et al, Nature 2001;411:480-484, maio de 2001 Proposta para um modelo de ação da leptina A leptina, hormônio do adipócito experimentalmente ligado à perda de peso, parece estimular os neurônios produtores de proopiomelanocortin (POMC) anorexigênica através redes neurais localizados no núcleo arciforme. A obesidade comum é atualmente associada a taxas aumentadas de leptina, sugerindo que os indivíduos obesos são resistentes à leptina. POMC e os neurônios neuropeptídeo-Y do núcleo arciforme exprimem os receptores de leptina, apesar que eles produzem peptídeos que têm efeitos opostos sobre alimentação e metabolismo. Este estudo propõe clarificar o efeito da leptina sobre os neurônios POMC. Os pesquisadores avaliaram o mecanismo de ação da leptina usando ratos transgênicos transformados par exprimir uma proteína verde fluorescente (GFP) na regiões POMC do sistema nervoso central. Os registros eletrofisiológicos dos neurônios POMC mostraram que a leptina aumentou a freqüência dos potenciais de ação. Os dois mecanismos responsáveis incluem uma despolarização através o canal cátion não-específico e uma redução da inibição pelos neurônios neuropeptídeo-Y orexigênico/ ácido gama-aminobutirico. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) 159 Continuação Os peptídeos de melanocortina produzidos pelos neurônios POMC aparecem auto-inibir o circuito de estimulação. Segundo os pesquisadores, “parece existir dois classes de neurônios responsáveis da sensibilidade à leptina no cérebro: os que são ativados para produzir peptídeos anorexigênicos e os que são inibidos, com redução da produção de peptídeos orexigênicos.” François Ledru e al., J Am Coll Cardiol 2001;37:1543-1550, maio de 2001 As estenoses são mais prevalentes em pacientes com diabetes moderado do que em não-diabéticos Apesar de que os pacientes portadores de diabetes tipo 2 moderado apresentam um padrão de aterosclerose coronariana similar aos dos não-diabéticos, eles têm uma prevalência maior de estenoses menores. Os pesquisadores do Hospital europeu Georges Pompidou (Paris) avaliaram 466 pacientes indicados por angiografia coronariana. Nenhum deles receberam terapia insulínica, nem apresentaram enfarte ou intervenção coronariana. 93 pacientes apresentavam uma glicose plasmática de jejum > 7,0 mmol/l ou usavam um tratamento hipoglicemiante via oral. Após ajuste pelos outros fatores de risco, os pacientes diabéticos tinham aterosclerose coronariana mais difusa, com prevalência maior para estenoses leves, moderadas e severas e uma taxa de oclusão vascular duas vezes mais elevada. Em mais, estes pacientes com glicose plasmática de jejum entre 7 e 7,7 mmol/l, considerados agora como diabéticos, desenvolveram um tipo de aterosclerose similar à dos não diabéticos, com exceção de uma maior prevalência de estenoses < 50%. Este excesso de lesões vulneráveis pode explicar o aumento de mortalidade cardíaca observado neste subgrupo de pacientes e justificar a necessidade de cuidados cardiovasculares e metabólicos específicos. Os pesquisadores concluem que o controle dos fatores de risco – pressão sanguínea, diminuição do colesterol, tabagismo – e especialmente importante no caso destes pacientes, com o objetivo de estabilizar o desenvolvimento da aterosclerose e melhorar a sobrevida a longo prazo e a qualidade de vida. Beverley Balkau et al, Diabetes Care 2001;24:843-849, maio de 2001 Hiperinsulinemia prognostica o câncer fatal do fígado em homens não-diabéticos – Paris Prospective Study Objetivo: Pesquisar se a insulina é um fator de risco de óbito em função da localização do câncer. Métodos: Estudo prospectivo de coorte de 6237 trabalhadores franceses não-diabéticos com idade entre 44 e 55 anos da coorte do Paris Prospective Study. O óbito por localizações de cânceres foi estudado em relação com as concentrações de insulina durante jejum e duas horas após teste de tolerância à glicose oral de 75g. Resultados: Dos 6237 homens da coorte, 1739 morreram durante os 23,8 anos de acompanhamento, dos quais 778 (45%) de câncer. A hiperinsulinemia de jejum e de 2 horas, foi significativamente associada com o câncer fatal do fígado, com hazards ratios ajustados segundo a idade de 2,72 (95% IC 1,87–3,94) e 3,41 (2,23–5,21). Em contrasto, a hiperinsulinemia de jejum foi inversamente associada com o câncer dos lábios, da cavidade oral, da garganta e da laringe, com hazards ratios de 0,55 (0,41–0,75) e 0,63 (0,47– 0,83), respectivamente, e as concentrações de insulina 2 horas foram inversamente associadas aos cânceres de estomago e da laringe (hazards ratios 0,62 [0,43–0,90] e 0,66 [0,50–0,89], respectivamente). Essas relações ficaram estáveis após ajustes para os outros fatores de risco. As concentrações de insu- 160 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação lina ficaram negativamente associadas aos óbitos por câncer nos estudos sobre os homens ex-fumantes ou não consumidores crônicos de álcool. Conclusões: A hiperinsulinemia periférica, indicativa de concentrações muito elevadas de insulina portal, prognosticou o câncer fatal do fígado em esses homens não-diabéticos, mas foi inversamente associada aos cânceres fatais dos lábios, cavidade oral, garganta, estomago e laringe. Jonhson 1/2 pág 4 cores Diabetes Clínica 03 (2001) 161 O Diabetes na Imprensa O diabetes encurta a vida radicalmente O Globo, 8 de junho de 2001 Os diabéticos têm menor expectativa de vida e são muito mais propensos a desenvolver doenças cardíacas do que pessoas saudáveis, afirma estudo desenvolvido no Middlesbrough General Hospital, na Grã-Bretanha. Após analisar dados de 4.800 diabéticos, os pesquisadores descobriram que a redução na expectativa de vida era mais acentuada nos portadores de diabetes tipo 1, a forma mais grave da doença. Mas mesmo as pessoas diagnosticadas com o subtipo mais comum (2 ou o chamado diabetes de adulto), provavelmente morrerão oito anos antes do que seus contemporâneos. Obesidade traz mais risco à saúde do que o fumo Estado de São Paulo, 7 de junho de 2001 Adultos obesos têm maiores problemas crônicos de saúde do que os fumantes, os bebedores contumazes ou os pobres, segundo uma pesquisa divulgada hoje na Califórnia, EUA. O informe do instituto RAND afirma que os obesos têm em média o dobro dos problemas de saúde que as pessoas de peso normal. “Não esperávamos uma diferença tão grande”, disse Roland Sturm, autor principal do estudo, que apareceu na revista britânica Public Health. A pesquisa também determinou que o tabagismo é mais danoso para a mulher do que para o homem, e que as fumantes têm 40% mais problemas crônicos do que as não-fumantes. No caso dos homens, a cifra é de 30% a mais de problemas para os que fumam. O estudo sugere que as autoridades sanitárias devem intensificar a campanha contra a obesidade a níveis pelo menos similares aos da campanha contra o tabaco. Segundo a pesquisa, há mais pessoas gordas do que fumantes e bebedores A pesquisa telefônica perguntou a 9.585 adultos sobre seu peso, estatura, hábitos de tabagismo e de ingestão de álcool renda e qualidade de vida. Foi-lhes perguntado se sofriam de problemas crônicos de saúde tais como asma, câncer, diabetes e problemas cardíacos. Da amostra, 1,1% das pessoas de peso normal sofrem de doenças crônicas - cifra que aumenta em 0,2 ponto percentual para os gordos, 0,6 para os obesos e 0,9 para os muito obesos. Nova técnica para curar diabetes vai ser usada no País Estado de São Paulo, 24 de maio de 2001 A técnica experimental que conseguiu curar a diabete de 17 pacientes no Canadá está cada vez mais próxima do Brasil. Foi anunciado, em simpósio internacional, que está pronto o laboratório onde cientistas brasileiros farão o isolamento de ilhotas do pâncreas onde estão as células responsáveis pela produção de insulina. O grupo agora começa a selecionar voluntários para se submeterem aos transplantes de ilhotas de Langerhans, que devem ser feitos no início de 2002. Também acaba de ser fechado um acordo com o Hospital Albert Einstein, que dará a estrutura para a sua realização. O cientista Jonathan Lakey, da Universidade de Alberta, no Canadá, chefe da equipe que realizou o primei- 162 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 03 (2001) ro transplante desse tipo no ano passado, está no Brasil para participar do simpósio. O encontro realizado nesta quinta-feira no Einstein serviu para ajudar no aprimoramento da técnica no País. “Ainda não conseguimos o número necessário de ilhotas em cada processo de isolamento”, diz o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, chefe do grupo no País. Lakey visitou o laboratório no Instituto de Química da Universidade de São Paulo e se disse muito satisfeito com o trabalho dos brasileiros. “O procedimento não é só a cirurgia, pois é muito importante que o local de isolamento de ilhotas esteja em perfeitas condições”. O transplante consiste em transferir para o paciente, por meio de uma injeção, novas ilhotas produtoras de insulina, que são retiradas do pâncreas de um cadáver. Isso é necessário porque o organismo dos diabéticos tipo 1 destrói totalmente essas ilhotas. O procedimento exige apenas uma noite de internação, mas pode custar cerca de R$ 100 mil. Segundo Eliaschewitz, isso ocorre porque o transplante exige um rígido controle de laboratório e alta tecnologia para dosar as drogas contra rejeição. O acordo com o Einstein deve pagar até metade do valor - o resto está em negociação. O único problema é que, ao se submeter à cirurgia, o paciente precisa passar a tomar drogas imunossupressoras contra a rejeição das novas estruturas, assim como ocorre em qualquer transplante. Por causa disso, o grupo de especialistas vai selecionar com muito cuidado os voluntários. “A diabete precisa estar sendo uma ameaça imediata à vida da pessoa”, explica Eliaschewitz. “Só assim se justifica fazer o paciente deixar de tomar insulina para tomar drogas contra a rejeição, que aumentam o risco de infecções e de câncer.” Podem ser voluntários do experimento diabéticos que sofrem de crises de hipoglicemia graves e não têm os sintomas que servem de alerta para que o indivíduo procure por açúcar. Outras condições para fazer o transplante são a falta de controle da doença, mesmo recebendo várias doses de insulina, ou alterações crônicas, como a cegueira por exemplo, em virtude do diabetes. Anuncio 1/2 página Diatt - filmes anexos O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 03 (2001) 163 EUA tornam mais rígidos os parâmetros para colesterol Gazeta Mercantil, 15 de junho de 2001 O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos declarou guerra ao colesterol e anunciou ontem novos parâmetros que podem levar milhões de americanos a começar a tomar remédio para evitar risco de enfarte. O nível de colesterol total normal não foi alterado e continua de 200 miligramas por decilitro de sangue e o de colesterol alto vale para quem apresenta mais de 240 mg/dl. A novidade é que dentro daqueles 200 mg considerados normais, o ideal é que 100 mg apenas sejam de colesterol ruim (LDL). Pacientes que apresentarem taxas de LDL na faixa dos 130 a 159 mg/dl estarão no limite da normalidade; os que tiverem 160 mg terão colesterol alto e 190 mg, muito alto, exigindo intervenção médica mesmo se o colesterol total estiver dentro dos 200 mg. O índice baixo demais de LDL passa de 35mg/dl para 40 mg/dl. Os parâmetros foram divulgados por um grupo de especialistas consultados pelo instituto. Eles fizeram um apelo para que os médicos prescrevam um tratamento mais agressivo para pacientes com alto nível de colesterol no sangue, incluindo medicamentos e mudança no estilo de vida, com uma dieta mais pobre em gorduras. As doenças coronárias são a principal causa de morte nos EUA, causando cerca de 500 mil mortes por ano. Pelas novas orientações, publicadas no Journal of the American Medical Association, os médicos devem tentar identificar melhor as pessoas com risco de enfarte. Só com a redução do LDL, o risco de enfarte cai 40%. Scott Grundy, que chefiou o grupo, disse que tanto os médicos quanto os pacientes têm de assumir a responsabilidade pelos riscos. Pelos novos padrões, o número de americanos fazendo dieta para baixar o colesterol deve subir de 52 para 65 milhões e os que tomam remédio, de 13 milhões para 36 milhões. Excesso de peso já virou epidemia mundial Estado de São Paulo, 16 de maio de 2001 Os graves problemas de saúde causados pela obesidade já são um fenômeno mundial e começam a ser tratados como uma epidemia (...). “Os níveis de mortalidade estão tão altos que somos forçados a repensar nossa forma de viver”, diz o cardiologista Rogério Bicudo Ramos, do Instituto do Coração (Incor). No Brasil, onde os adultos obesos e os que estão com sobrepeso representam 40% do total, as doenças cardiovasculares já são responsáveis por 30% das mortes. “O perfil das pessoas que adoecem por esse tipo de enfermidade inclui obesidade, colesterol alto, hipertensão e diabetes”, afirma Ramos (...). A comunidade médica mundial passa a dar maior importância ao controle e à prevenção da obesidade. “Quanto maior for o controle das doenças associadas à obesidade, menores serão ao índices de doenças cardiovasculares e, conseqüentemente, menores serão as incidências de enfarte, parada cardíaca e derrame cerebral”, diz o cardiologista Sérgio Timermam, que além de integrar o Incor e a Fundação do Coração (Funcor), preside a Fundação Interamericana do Coração (...). Na avaliação do cardiologista Rogério Ramos, que integra o grupo Brasil Saudável, “o grande problema na prevenção das doenças cardíacas é a arteriosclerose”. O caminho é tentar eliminar ou controlar alguns dos fatores de risco da arteriosclerose, como o fumo e outras doenças como o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto. Atividade física é uma das ferramentas mais comprovadamente eficientes nesta tarefa: “O fluxo sanguíneo aumenta de cinco para 25 litros por minuto com exercícios”, diz o cardiologista do Incor. 166 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 03 (2001) Aumenta o número de amputados em hospitais O Globo, 21 de junho de 2001 O Rio de Janeiro tem uma legião de mutilados que aumenta a cada ano. E o problema é resultado da falta de estrutura da rede pública para atender pessoas que sofrem de diabetes. A falta de atendimento reflete-se no crescimento das amputações. Um indicativo do tamanho do problema pode ser avaliado pelos sete primeiros meses do ano passado. No período, 863 pessoas tiveram membros inferiores (dedos, pés, pernas ou coxas) amputados. Desse total, 73% (630) eram pacientes diabéticos e sofreram a cirurgia em decorrência do agravamento da doença. A grande maioria dos casos, porém, poderia ter sido evitado com um programa permanente de informação sobre o diabetes, que atendesse sobretudo a população de baixa renda. No Rio, de acordo com a Secretaria municipal de Saúde, moram 220 mil diabéticos. O programa municipal de atendimento ao diabético, porém, tem apenas 58 mil pacientes cadastrados (27% do total). Mas, mesmo assim, o número de beneficiados é menor, já que mais de 14 mil doentes abandonaram o tratamento. O deputado Paulo Pinheiro, vice-presidente da Comissão de Saúde da Alerj, estima que aproximadamente 35% dos diabéticos têm plano de saúde e não dependem da rede pública. Restam 143 mil doentes que necessitam dos postos de saúde e hospitais públicos. Como apenas 58 mil são atendidos, outros 85 mil desconhecem ter a doença: “Temos um número alarmante de pessoas que não imagina ter a doença. E, pior, o Governo não sabe quem são essas pessoas e, muito menos, onde elas estão. Esses doentes vão parar nas emergências dos grandes hospitais, onde chegam com alto risco de amputação”, alerta Pinheiro. Nem mesmo a recente campanha do Governo federal, que identificou 32 mil diabéticos alivia a preocupação de Pinheiro. Segundo ele, aumentou o número de pessoas portadoras da doença, mas isso não significa tratamento para todas elas. O problema é tão grave que virou investigação judicial. No ano passado, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, encaminhou ao Ministério Público estadual um pedido de ação penal pública contra o município por causa do crescimento do número de amputações. No documento, Darze afirma que os grandes hospitais de emergência municipais (Salgado Filho, Souza Aguiar e Miguel Couto) registraram um aumento considerável desse tipo de cirurgia. Ainda segundo Darze, há pouco mais de dez anos, o índice de amputações nessas unidades era de 10% e saltou para até 40%. Ele afirma que boa parte dos casos poderia ser evitados com cirurgias de revascularização (similar a uma ponte de safena), que evitariam o surgimento da gangrena. Uma saída seria a construção de uma unidade especializada em angiologia e cirurgia vascular. A falta de tratamento dos diabéticos afeta a qualidade dos serviços dos grandes hospitais. Cerca de 73% das cirurgias vasculares realizadas nessas unidades são amputações de portadores da doença. Além de superlotar os hospitais, os amputados têm recuperação lenta, com ocupação dos leitos de 28 dias, em média, segundo explicou Hermengarda Wanderley Pires, responsável pelo Programa de Diabetes do município. Ela reconhece as dificuldades, mas afirma que houve investimentos. Há sete anos, somente 11 mil pessoas eram atendidas. Hoje, são 58 mil. diz. E adianta que a SMS está mapeando as regiões do município, onde a incidência de amputações é maior, para combater a doença: “O problema cresceu, mas as ações também. Hoje, das 104 unidades básicas, 74 têm salas de curativos e nós distribuímos medicamentos. A maior dificuldade é de encontrar profissionais especializados em lidar com a doença.” 168 Diabetes Clínica 03 (2001) Avanços terapêuticos e tecnológicos Nigel P. Jones et al., 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, México, 5 a 10 de novembro de 2000 Eficácia a longo prazo da rosiglitazona combinada com a metformina ou em monoterapia Objetivo: Rosiglitazona (RSG) melhorou significativamente o controle glicêmico quando administrada em combinação com metformina (MET) ou em monoterapia em estudos duplo-cego, controlados, de mais de 12 meses. Esta análise avaliou o efeito da RSG sobre o controle glicêmico e os lípides plasmáticos em estudos abertos de longo prazo, com MET ou em monoterapia. Métodos: RSG 8 mg/dia foi administrada em monoterapia ou conjugada a 2,5 g/dia de MET em estudos de tratamentos de 24 meses (MET+RSG) e de 30 meses (monoterapia MET). Resultados: A terapia combinada de RSG e MET resultou em importantes diminuições na HbA1c, que permaneceram 24 meses. A monoterapia RSG também produziu diminuições significativas da HbA1c mantidas sobre 30 meses (Tabela). No grupo MET+RSG, a função da célula β aumentou de uma média de 52% no início para 75% a 24 meses (mantida no intervalo 72%85% de 6 a 24 meses). No grupo monoterapia RSG, a função estimada de célula β aumentou de 38% no início até 75% após 30 meses (intervalo: 74%95% de 9 para 30 meses). Ambos os níveis de colesterol LDL e HDL foram elevados. Todavia, os níveis de LDL não aumentaram mais após 6 meses embora que os níveis de HDL continuaram aumentar. As diminuições iniciais dos ácidos graxos livres de mais de 33,7% foram mantidas a longo prazo. Grupo de tratamento Mês Início 6 12 18 24 30 n 87 87 87 86 86 - MET + RSG HbA1c média (%) 8,7 7,8 7,6 7,6 7,7 - n 171 171 168 164 159 160 Monoterapia RSG HbA1c média (%) 8,2 7,4 7,3 7,3 7,3 7,4 Conclusão: RSG em monoterapia ou com metformina melhora o controle glicêmico e a função da célula β, sem efeitos adversos a longo prazo sobre os níveis de lípides. 170 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 03 (2001) Teresa P.C. Monsod et al, Diabetes Care 2001;24:701-704, abril de 2001 Epipen como alternativa ao glucagon no tratamento da hipoglicemia em crianças portadoras de diabetes Objetivo: O medo de uma hipoglicemia severa é o maior obstáculo ao objetivo de manter os níveis da glicose plasmática perto do normal. Apesar que a aplicação de glucagon seja eficiente para tratar essas reações, ele é difícil de usar, especialmente na escola, e é responsável de náusea severa. A epinefrina é disponível em injeções pré-misturadas (Epipen), podendo ser utilizadas por todos. Usar Epipen para tratar a hipoglicemia pode ser uma alternativa eficaz, segura e simples ao glucagon. Desenho da pesquisa e métodos: Dez crianças (idade 11,7 ± 2,4 anos) portadoras de diabetes tipo 1 foram observadas em duas situações. Após um período de uma noite de observação, a hipoglicemia foi induzida por uma bomba de insulina (1 mU·kg–1·min–1). Quando o nível da glicose chegar a 2,8 mmol/l, seja glucagon (1 mg) ou epinefrina (0,3 mg), em ordem randomizada, foram administrados por via intramuscular e as respostas foram monitorizadas. Resultados: As concentrações de insulina livre plasmática foram similares nos dois estudos. Os níveis de glicose plasmática aumentaram em 1,7 ± 0,2 mmol/l (média ± DP) em 10 minutos e em 2,6 ± 0,2 mmol/l em 15 minutos após aplicação de glucagon, e não foram significativamente aumentadas após aplicação de epinefrina (P < 0,01). Os picos de concentração de glucagon após aplicação de glucagon foram > 60 vezes maiores do que as concentrações basais. Após aplicação de epinefrina, os picos de epinefrina foram 20 vezes mais elevados do que as concentrações basais. Conclusões: Epinefrina não parece ser um substituto adequado ao glucagon para o tratamento da hipoglicemia grave. A eficiência do glucagon para reverter a hipoglicemia e seus efeitos adversos como a náusea e o vomito são ligados às concentrações plasmáticas suprafisiológicas obtidas com a dose padrão intra-muscular. 22 de maio de 2001 Lançamento de Lantus (insulina glargina) nos EUA e em 2002 no Brasil Aventis anunciou o lançamento da insulina injetável Lantus (insulina glargina) nos EUA. Aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) em abril de 2000, Lantus é um análogo da insulina, permitindo uma concentração relativamente constante sobre 24 horas, ao contrario de outros tipos de insulina, com ação mais curta, necessitando várias aplicações ao dia. O tratamento é indicado para ambos adultos e crianças portadores de diabetes do tipo 1, e adultos portadores de diabetes do tipo 2 necessitando de uma insulina de longa ação para controlar a hiperglicemia. Lantus era esperada pelo mercado em setembro de 2000, e foi finalmente lançado em maio de 2001 nos EUA, após a aprovação de uma fábrica para o mercado americano. Segundo Aventis do Brasil, Lantus está já registrado e será disponível no mercado nacional no primeiro semestre de 2002. 22 de maio de 2001 Orlistat para o tratamento do diabetes do tipo 2 A FDA (Food and Drug Administration) concordou em revisar as indicações do orlistat (Xenical), que poderia receber uma indicação para o tratamento do diabetes do tipo 2. O objetivo do laboratório Roche é lançar o Xe- 172 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação nical como terapia complementar para a melhora do controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso. De acordo com a Roche, a indicação está baseada em dados mostrando que os pacientes tratados com Xenical mais uma dieta levemente reduzida em calorias perdem mais peso que os tratados com placebo mais dieta. O grupo Xenical apresenta também uma diminuição maior da HbA1c e da glicose plasmática de jejum. A Roche especulou que alguns dos efeitos favoráveis sobre o controle glicêmico poderiam ser independentes da perda de peso. A diminuição da glicose plasmática de jejum foi observada precocemente – duas semanas após o início do tratamento – e, às vezes, antes que uma perda significativa de peso ocorresse. Os pacientes tratados com Xenical podem reduzir as doses dos outros medicamentos antidiabéticos a apresentam menos efeitos adversos gastrintestinais. Xenical foi aprovado nos EUA para o tratamento da obesidade em abril de 1999, incluído a perda de peso de o manejo do peso. Xenical é também usado para diminuir o risco de voltar de novo ao sobrepeso. William T. Cefalu et al., American Thoracic Society’s 97th International Conference, San Francisco, California, 22 de maio de 2001 A insulina em pó seco inalada é promissora para o tratamento do diabetes 7 de maio de 2001 Uma formulação de insulina para inalação parece controlar os níveis de glicose sanguínea em pacientes diabéticos sem diminuir a função pulmonar, segundo este estudo. O pó seco de insulina, desenhado para atingir profundamente os pulmões, poderia ajudar a diminuir o número de aplicações diárias de insulina, e também ser usado pelos portadores de diabetes do tipo 2, em complemento dos tratamentos via oral. O estudo incluiu 140 pacientes que participaram de um estudo sobre a eficácia e segurança da insulina inalada. Este estudo de 24 meses de duração avaliou os níveis da glicose plasmática, e concluiu que o tratamento controlou as taxas de glicose durante os dois anos. O estudo confirmou que a função pulmonar dos pacientes não foi afetada pelo tratamento. Estudos anteriores sugerem que a eficácia da insulina inalada é comparável a da insulina injetável, e é tão eficaz ou até melhor do que os agentes antidiabéticos orais. Os pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou 2 preferiram a insulina inalada, de acordo com o estudo, como já foi notada em estudos anteriores. Mas os pacientes portadores de diabetes do tipo 2 podem ter medo de começar uma terapia insulínica, apesar de que a glicose sanguínea não seja bem controlada por dois ou mais agentes antidiabéticos orais. Se a insulina inalada é uma alternativa aceitável, os pacientes poderiam iniciar o tratamento insulínico mais cedo, com efeito de controlar melhor a glicemia e diminuir as complicações do olho, do rim ou do sistema nervoso. O sistema de inalação de insulina AERx controla a dosagem com precisão Foi apresentado o novo sistema eletrônico de administração de insulina, o AERx insulin Diabetes Management System (AERx iDMS), desenvolvido por Novo Nordisk e Aradigm Corporation. Este aparelho, que tem o tamanho e aparência de uma pequena câmera vídeo, ao contrario do sistema de administração de pó seco de insulina da Pfizer, produz uma dose padrão de aerosol de insulina solúvel automaticamente administrada nos pulmões do paciente Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 03 (2001) 173 Continuação em função de sua respiração. AERx, controlado por bateria e microprocessador, guia a inalação e libera automaticamente a dose quando o fluxo inspiratório é ótimo, para realizar a melhor libertação no pulmão. Um pacote de insulina de uso único é colocado pelo paciente e a dose correta, em unidades padrão de insulina, é visualizada em uma pequena tela. Quando o fluxo respiratório é adequado, um minúsculo pistão entrega a insulina através um arranjo de 400 buracos de 1 mícron de diâmetro. Este sistema faz que o sistema produz um aerosol com partículas de 2 a 3 mícrons, o que é ideal para a deposição nos pulmões. AERx controla assim a dose, o momento de libertação da droga e o volume inalado, segundo a empresa Aradigm. Dados sobre horário e dosagem são registrados pelo sistema, o que pode ser um auxiliar de complacência. Estudos de fase III vão começar ainda este ano. Kenneth R. Pitzer et al, Diabetes Care 2001; 24:881-885, maio de 2001 Detecção da hipoglicemia com o Biographer GlucoWatch Objetivo: Hipoglicemia é uma complicação aguda comum da terapia do diabetes. O Biographer GlucoWatch fornece medições freqüentes e automáticas com alarma ajustável de nível baixo de glicose. Estudamos a performance do alarme do Biographer quando aparece uma hipoglicemia, definida como glicose sanguínea ≤ 3,9 mmol/l. Desenho da pesquisa e métodos: A análise foi baseada nas utilizações de 1091 Biographers em 4 estudos clínicos, que resultaram em 14.487 medições (Biographer e glicose sanguínea). Resultados: Os resultados mostram que quando o nível da glicose do alarme do Biographer é aumentado, aumenta o número de alertas positivos verdadeiros (o alarme toca e a glicose sanguínea é ≤ 3,9 mmol/l) e de alertas positivos falsos (alarme toca mas a glicose sanguínea é > 3,9 mmol/l). Quando analisados como uma função de níveis variáveis de hipoglicemia, os resultados mostram que as curvas características do sistema são consistentes como ferramenta muito útil de diagnóstico. Estabelecendo o nível de alerta de 1,1 para 1,7 mmol/l a cima do nível de referência otimiza a troca entre resultados positivos verdadeiros e falsos para cada usuário. Quando os mesmos dados de glicose sanguínea são analisados por sistemas atuais de monitorização (2/4 medições por dia), os resultados mostram que menos eventos hipoglicêmicos são detectados do que com o Biographer. Conclusão: Os resultados freqüentes e automáticos do Biographer permitem uma detecção mais eficiente da hipoglicemia do que os sistemas atualmente utilizados na prática médica. Diabetes Clínica 03 (2001) 175 Produtos e novidades Obesidade infantil: Guia prático para pais e profissionais de saúde O Dr. Nataniel Viuniski, pediatra (Caxias do Sul, Nova Petrópolis – RS), especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria, membro do comitê de ética da ABESO (Associação brasileira para o Estudo da Obesidade) está lançando o livro “Obesidade infantil, Guia prático”. Este livro é dirigido aos médicos (pediatras, clínicos, endocrinologistas), psicólogos, nutricionistas, profissionais da atividade física, fisioterapeutas, assistentes sociais, e todo profissional da saúde, que atue ou se interesse pelo fascinante universo que é a obesidade na infância e adolescência. “Desejamos porém, ser tão didáticos, claros e objetivos, que qualquer pai ou mãe, familiar, professor ou alguém que conviva com um jovem obeso, possa entender as várias facetas desse problema de saúde e, sem preconceito, ajudar essa pessoa a superar esse desafio”, explica o autor. Sumário: Uma Autobiografia – Retrato de uma Criança Obesa; Requisitos Para Quem Vai Tratar uma Criança Obesa; A Família do Obeso; Essa Criança é Obesa? O Diagnóstico; A Fisiopatologia – Como Funciona a Obesidade; Prevenindo a Obesidade – Trabalhando com Fatores de Risco; Vale a Pena Tratar a Obesidade Infantil? As Complicações; A Criança e o Colesterol; Os Sentimentos e a Comida; A Amamentação; A Obesidade na Adolescência; Olho Vivo com os Transtornos Alimentares; E Fumar? Será que Emagrece?; Quando Começar o Tratamento? O melhor momento; O Tratamento: Encarando o Desafio; Os Grupos de Crianças e Adolescentes Obesos. Contato: Dr. Nataniel Viuniski, Tel: (54) 281 1767, E-mail: [email protected] Biscoitos Wafer Light Lowçucar sem açúcar Em parceria com a ANAD, a Lowçucar está lançando uma novidade, “o Biscoito Wafer Light Lowçucar sem açúcar”, desenvolvido para consumidores que procuram um biscoito crocante e saboroso. O biscoito Wafer light Lowçucar é apresentado em uma embalagem prática com 140g nos sabores chocolate e morango sem açúcar, sem colesterol, sem sorbitol, manitol e lactitol, e possui redução de 20% das calorias e de 35% de gorduras. O Wafer light Lowçucar pode ser consumido por diabéticos, pessoas que querem manter a forma física e também para consumidores que procuram levar a vida mais saudável e dentro de uma alimentação equilibrada sem o consumo de açúcar. Informações: www.lowcucar.com.br 178 Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 03 (2001) Body Fat Monitor de Omron controla a gordura corporal A perda de peso é sempre saudável mas deve acompanhar-se de uma diminuição da gordura corporal. Para avaliar a percentagem de gordura, Omron está lançando um sistema bastante simples que mostra em alguns segundos a composição de gordura do corpo, em percentagem e em kg. Para usar o sistema, basta ficar em pé e pegar o monitor com as duas mães, os braços bem alongados, após ter informado o sistema de seu peso, altura, idade e genro. Uma corrente elétrica de intensidade fraca vai atravessar o corpo (os laços do monitor servem de elétrodos) e avaliar a composição tecidual do organismo, em particular a composição em gordura. O resultado aparece na tela do monitor. Se você emagreceu de 6 kg e se a percentagem de gordura aumentou de 24% para 27%, há alguma coisa errada na sua dieta. Magro Normal Sobrepeso Obeso Obeso mórbido Percentagem de gordura corporal Homem < 10% 10% - 20% 20% - 25% 25% - 30% > 30% Mulher < 2% 20% - 30% 30% - 35% 35% - 40% > 40% 180 Diabetes Clínica 03 (2001) Resumos de trabalhos e congressos J. Plank et al, 36th Annual Meeting of the EASD, Jerusalem, Israel, 17-21 de setembro de 2000 Estudo controlado da redução de peso usando a técnica do duplo estímulo em diabetes do tipo 2 Introdução e objetivos: Em vários estudos de pacientes obesos, a redução de peso é usada como o único estímulo para alcançar uma diminuição de peso. Este estudo foi realizado para testar se a técnica do duplo estímulo (primeiro estímulo: HbA1c, segundo estímulo: peso corporal) poderia melhorar o controle metabólico e manter uma perda de peso a longo prazo em pacientes diabéticos do tipo 2 com sobrepeso. Métodos: 36 pacientes diabéticos do tipo 2 com sobrepeso [média (DP)] [idade 58 (11) anos, peso 88 (15) kg] receberam um programa de educação básica sobre o diabetes do tipo 2 (nutrição, diminuição de peso, estratégias sociais e psicológicas, e outros assuntos ligados ao diabetes), uma vez por semana durante 4 semanas. Após randomização, o grupo tratado recebeu cada mês outros conselhos nutricionais e estímulos verbais adicionais referentes à redução do peso corporal ou diminuição da HbA1c, alternativamente. As aulas foram realizadas por uma nutricionista clínica, especialmente treinada em alteração do comportamento. O grupo controle foi treinado com o programa clássico sem nenhum tipo de estímulo adicional. O estudo durou um ano. Resultados: HbA1c [%] Peso [kg] Grupo tratado mês 0 mês 12 8,6 (1,63) 7,7 (1,45) 88 (16,7) 82 (13,6) Grupo controle mês 0 mês 12 8,0 (1,53) 8,3 (1,48) 88 (13,2) 86 (11,7) Valor de p 0,001 0,021 Conclusões: O estudo mostrou uma diminuição significativa de HbA1c e do peso corporal no grupo tratado, quando o peso e a HbA1c são usados alternativamente como estímulos. Este método pode aumentar significativamente a perda de peso sem uso de medicamentos anti-obesidade. Jean-Louis Chiasson et al, Diabetes Care 2001; 24:989-994, junho de 2001 O efeito sinérgico da associação de miglitol e metformina no tratamento do diabetes do tipo 2 Objetivo: Investigar a eficácia e segurança da associação de miglitol e metformina na melhora do controle glicêmico em pacientes não suficientemente controlados pela dieta. Desenho da pesquisa e métodos: Estudo multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo, na qual 324 pacientes portadores de diabetes tipo 2 foram randomizados, após um período de 8 semanas de observação, para rece- Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação 181 ber placebo, miglitol ou metformina em tratamento único, ou uma associação de miglitol e metformina durante 36 semanas. Miglitol (100 mg) foi administrado 3 vezes/dia e metformina (500 mg) três vezes/dia. O critério de eficácia principal foi a alteração de HbA1c no final do estudo. Os outros fatores incluíram as alterações da glicose e da insulina plasmática de jejum e pósprandial, os níveis dos triglicérides plasmáticos e a velocidade da resposta. Resultados: Um total de 318 pacientes foram validados para a análise. Uma diminuição de 1,78% da HbA1c em relação com o placebo foi observada com a associação de miglitol e metformina, significativamente diferente da diminuição obtida com a metformina em tratamento único (-1,25%; P = 0,002). A associação resultou também em melhor controle metabólico do que metformina em tratamento único considerando a glicose plasmática de jejum (-44.8 vs. -20.4 mg/dl; P = 0.0025), a glicose pós-prandial 2h (-59.0 vs. –18.0 mg/dl; P = 0.0001), e a taxa de resposta (70.6 vs. 45.52%; P = 0.0014). Todos os tratamentos foram bem tolerados. Conclusões: Em pacientes diabéticos do tipo 2, a associação de miglitol e metformina resulta em um melhor controle glicêmico do que a metformina em monoterapia. Juan José Gagliardino et al, Diabetes Care 2001; 24:1001-1007, junho de 2001 Um programa educacional para os portadores de diabetes do tipo 2. Estudo latino-americano de implantação (Programa de Educación de Diabéticos No Insulinodependientes en América Latina - PEDNID-LA) Objetivo: Implantar um programa educacional em 10 paises latino-americanos e avaliar seu efeito sobre os dados clínicos, laboratoriais, bioquímicos, terapêuticos bem como sobre o custo econômico do diabetes. Desenho da pesquisa e métodos: Educadores de cada pais foram treinados para implantar o modelo educacional. A população de pacientes incluiu 446 indivíduos portadores de diabetes do tipo 2; Todos os pacientes tinham idade inferior a 65 anos, não precisavam insulina, e não apresentavam complicações graves do diabetes ou doenças responsáveis de limitações, e nunca participaram em programas educacionais de diabetes. Os dados clínicos e terapêuticos e o custo do tratamento farmacológico foram coletados 6 meses antes a inclusão no programa educacional, na entrada, e 4, 8 e 12 meses após o início do programa. Resultados: Após um ano, todos os parâmetros melhoraram significativamente (P < 0,001): A glicose plasmática de jejum (média ± DP) 10,6 ± 3,5 vs. 8,7 ± 3,0 mmol/l; HbA1c 9,0 ± 2,0 vs. 7,8 ± 1,6%; peso 84,6 ± 14,7 vs. 81,2 ± 15,2 kg; pressão sanguínea sistólica 149,6 ± 33,6 vs. 142,9 ± 18,8 mmHg; colesterol total 6,1 ± 1,1 vs. 5,4 ± 1,0 mmol/l; e triglicérides 2,7 ± 1,8 vs. 2,1 ± 1,2 mmol/l. Após 12 meses, a diminuição da farmacoterapia exigida para o controle do diabetes, da hipertensão, da hiperlipidemia representava uma diminuição de 62% do custo anual do tratamento (US$ 107.939,99 vs 41.106,30). Após dedução de custo adicional do monitoramento da glicosúria (US$ 30.604,00), a diminuição anual do custo se estabeleceu em 34%. Conclusões: Os resultados benéficos deste modelo educacional, implantado em 10 paises latino-americanos, reforçam o valor da educação do paciente como parte essencial da cura do diabetes. Eles sugerem também que uma perspectiva educacional, promovendo hábitos de vida saudáveis e responsabilidade do paciente é uma estratégia eficiente, tendo o potencial de diminuir o desenvolvimento de complicações relacionadas com o diabetes bem como os custos sócio-econômicos da doença. 182 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 03 (2001) Yuichiro Nishida et al, Diabetes Care 2001; 24:1008-1013, junho de 2001 Efeito do exercício de intensidade moderada sobre a glicose em homens saudáveis Objetivo: Observar se a atividade física leve melhora a eficácia da glicose (SG), ou capacidade da hiperglicemia para colocar a glicose a disposição da insulina basal, em homens saudáveis. Desenho da pesquisa e métodos: Oito homens saudáveis (idade 18-25 anos), executaram treinamento em bicicleta ergonomêtrica na intensidade do limiar do lactato (LL) 60 minutos por dia, 5 dias por semana durante 6 semanas. Um teste de tolerância endovenosa com insulina modificada foi realizado no início, às 16h e uma semana após a ultima sessão de exercício. Resultados: Após o exercício, VO2max e VO2 a LT aumentaram respectivamente de 5 e 34% (P < 0,05). O exercício melhora SG medida 16h após a última sessão de treino, de 0,018 ± 0,002 para 0,024 ± 0,001 min-1 (P < 0,05). A SG elevada após exercício é mantida durante uma semana após o treinamento (0,023 ± 0,002 min-1, P = 0,09). A sensibilidade à insulina (SI) medida 16 h após a última sessão de treino aumentou significativamente (treino préexercício 13,9 ± 2,2; 16 h, 18,3 ± 2,4, x10-5 · min-1 · pmol/l-1, P < 0,05) e ficou elevada ainda uma semana após o fim do período de exercício (18,6 ± 2,2, x10-5 · min-1 · pmol/l-1, P < 0,05). Conclusões: O exercício a LL melhora SG em homens saudáveis sem alteração na composição corporal. Melhorar não somente SG mas também SI através do exercício moderado é considerado um método eficiente para prevenir a intolerância à glicose. Ryan J. Anderson et al, Diabetes Care 2001; 24:1069-1078, junho de 2001 Prevalência da depressão comórbida em adultos portadores de diabetes – Meta-análise Objetivo: Avaliar o odds e a prevalência da depressão clinicamente significativa em adultos portadores de diabetes do tipo 1 ou 2. A depressão está associada à hiperglicemia e ao risco aumentado de complicações diabéticas; Cura da depressão é associada à melhora do controle glicêmico. Uma estimação mais precisa da prevalência da depressão do que a disponível hoje é necessária para avaliar o impacto potencial do manejo da depressão em diabetes. Desenho da pesquisa e métodos: As referências dos bancos de dados de Medline e Psycinfo foram usadas para identificar os estudos que reportaram a prevalência da depressão no diabetes. A prevalência foi calculada como média agregada ponderada pelo número combinado de indivíduos dos estudos tomados em conta. Usamos as estatísticas χ2 e odds ratios para avaliar a freqüência e o quadro clínico da depressão como uma função do tipo de diabetes, sexo, método de avaliação da depressão e desenho do estudo. Resultados: 42 estudos foram identificados, das quais 20 incluíram um grupo de controle não diabético. Nos estudos controlados, o odds da depressão no grupo diabético era duas vezes o do grupo controle não diabético (odds ratio = 2,0, IC 95% 1,8–2,2) e não apresentava alteração em função do tipo de diabetes, sexo, método de avaliação da depressão e desenho do estudo. A prevalência da depressão comórbida era significativamente mais elevada em mulheres diabéticas (28%), do que em homens diabéticos (18%), em estudos não controlados (30%) do que em estudos controlados (21%), em amostras de clínicas (32%) do que em comunidades (20%), e quando avaliada por questionários personalizados (31%) do que em entrevistas padrões de diagnóstico (11%). Conclusões: O diabetes duplica o odds da depressão comórbida. As estimativas de prevalência são afetadas por vários fatores clínicos e metodológicos que não afetam a estabilidade dos odds ratios. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 03 (2001) M.T.C.G. Torquato, R.M. Montenegro, L.A.L. Viana, R.A.H.G. Souza, C.M. Lanna, J.C.B. Lucas, C.B. Durin, M.C. Foss, Ribeirão Preto- SP, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, México, 5 a 10 de novembro de 2000 Yoshinori Miyazaki et al, Diabetes Care 2001;24:710-719, abril de 2001 183 Prevalência do diabetes mellitus, diminuição da tolerância à glicose e fatores de risco cardiovascular em uma população urbana adulta de Ribeirão Preto, São Paulo Este estudo foi desenhado para determinar a prevalência do diabetes mellitus (DM), diminuição da tolerância à glicose e fatores de risco cardiovascular na população adulta e urbana de Ribeirão Preto. Empregamos uma amostra randomizada de 1473 indivíduos com idade entre 30 e 69 anos. Os indivíduos foram avaliados pelas concentrações da glicose capilar de jejum. Todos os indivíduos positivos (glicose > 5,6 mM), e cada sexto indivíduo negativo receberam um teste OGTT 75g e foram classificados como portador de diabetes, intolerância à glicose ou normais, de acordo com as recomendações da OMS. As taxas finais foram 12,1% e 7,7% para diabetes e intolerância à glicose, respectivamente. Homens (12,1 e 7,9%) e mulheres (12,0 e 7,3%) apresentam taxas similares de diabetes e intolerância à glicose. Níveis similares foram também observados em brancos (11,6%) e não-brancos (13,3%). A prevalência do diabetes aumentou de 3,3% no grupo 30-39 anos para 7,1% no grupo 40-49 anos, 15,2% no grupo 50-59 anos e 23,5% no grupo 60-69 anos. O histórico familiar de diabetes foi associado com um aumento duplo na prevalência da doença (16,4% vs. 8,0%), e o diabetes é mais freqüente nas classes menos educadas. O diabetes não diagnosticado representa 25% da prevalência total. Obesidade (IMC > 30) foi observada em 42,5% dos indivíduos com DM e 37,7% dos indivíduos com intolerância à glicose, em comparação com os 22,1% da amostra total. Pressão sanguínea elevada (> 140/90 mmHg) foi verificada em 55,0% dos diabéticos, 42,3% da intolerância à glicose e 32,0% da amostra total. Níveis sanguíneos elevados de colesterol total (> 200 mg/dl) foram também mais freqüentes em diabéticos (41,2%). Em conclusão, a prevalência do diabetes e da intolerância à glicose na população urbana adulta desta cidade é elevada, associada à freqüência alta de fatores de risco de doença cardiovascular. Melhora do controle glicêmico e da sensibilidade à insulina em pacientes diabéticos tipo 2 tratados por pioglitazona Objetivo: Observar os efeitos da pioglitazona sobre o metabolismo da glicose e dos lípides em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Desenho da pesquisa e métodos: 23 pacientes diabéticos (idade 30–70 anos, IMC < 36 kg/m2), tratados por dose estável de sulfoniluréias foram randomizados para receber placebo (n = 11) ou pioglitazona (45 mg/dia) (n = 12) durante 16 semanas. Antes e após 16 semanas de tratamento, todos os pacientes receberam um teste OGTT 75g. A sensibilidade à insulina hepática e periférica foi medida por um clamp euglicêmico em duas etapas (40 e 160 mU · min-1 · m–2). HbA1c foi medida cada mês durante o período do estudo. Resultados: Após 16 semanas de tratamento com pioglitazona, a glicose plasmática de jejum (184 ± 15 to 135 ± 11 mg/dl, P < 0,01), a glicose plasmática média durante OGTT (293 ± 12 to 225 ± 14 mg/dl, P < 0,01), e HbA1c (8,9 ± 0,3 to 7,2 ± 0,5%, P < 0,01) diminuíram significativamente sem alterações nas concentrações da insulina/C-peptídeo de jejum ou estimulado por glicose. Os ácidos graxos plasmáticos livres (647 ± 39 to 478 ± 49 µEq/l, P < 0,01) e os ácidos graxos plasmáticos durante OGTT (485 ± 30 to 347 ± 33 µEq/l, P < 0,01) diminuíram significativamente após o tratamento por pioglitazona. Antes e após o tratamento por pioglitazona, a produção de glicose endógena e a glicose plasmática de jejum foram fortemente correlatas (r = 184 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação 0,67, P < 0,01). A glicose endógena diminuiu significativamente durante a primeira etapa do clamp insulínico após tratamento por pioglitazona (P < 0,05), e a glicose não-oxidativa e estimulada por glicose durante a segunda etapa do clamp aumentou (P < 0,01). A alteração na glicose plasmática de jejum era ligada à alteração na glicose endógena basal, à glicose endógena durante a primeira etapa do clamp, e à glicose total durante a segunda etapa do clamp. A alteração da concentração da glicose plasmática média durante OGTT era significativamente relacionada à alteração da glicose total do corpo durante a segunda etapa do clamp. Conclusões: Estes resultados sugerem que o tratamento com pioglitazona em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 diminui os níveis da glicose plasmática de jejum e pós-prandial por aumento da sensibilidade à insulina dos tecidos hepáticos e periféricos (músculo). Silmara A.O. Leite, Paulo A. Bracarense Costa, Clovis Guse, Janislei G. Dorociaki, Rosangela Teodorovicz,, Jucelma S. Martinatto, Marines C. Silveira, Edgard A. Niclewicz, Centro de Diabetes, Hospital Nossa Senhora das Graças, Universidade Federal do Parana, Curitiba – PR, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, México, 5 a 10 de novembro de 2000 Marcos A. Tambascia, Bruno Geloneze, Sylka O. Rodovalho, Jose C. Pareja, Daniela M. Franco, Enrico M. Repetto. UNICAMP, Campinas - SP, 17th International Diabetes Federation Congress, Mexico City, México, 5 a 10 de novembro de 2000 Avaliação do impacto do Staged Diabetes Management em um sistema de saúde privado em Curitiba Este estudo foi realizado para avaliar o impacto do Staged Diabetes Management (SDM) na melhora do controle glicêmico, perfil lipídico e pressão sanguínea e para avaliar a satisfação do paciente com este método. Desde 1998, Staged Diabetes Management, guia prático desenvolvido pelo International Diabetes Center (Minneapolis, EUA), foi utilizado como modelo para o treinamento da equipe e a prática clínica no Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba. A equipe era composta de endocrinologistas, nutricionistas, enfermeiras e assistente social. Documentos foram entregues a cada membro da equipe para preencher os resultados dos 11 medições de qualidade de cuidados recomendados pela American Diabetes Association. 78 pacientes completaram um ano de acompanhamento. 27 pacientes era portadores de diabetes do tipo 1 e 51 eram portadores de diabetes do tipo 2; 13 homens e 65 mulheres, idade média 51,7 +1,1. A duração média do diabetes era 8,7 anos (1-28 anos) e IMC = 29,8 ± 5. Após um ano, HbA1c diminuiu de 8,06% ± 2,25 no início para 7,49% ± 2,0 (p = 0,045) sem alteração significativa no IMC. O perfil lipídico foi normal e não apresentou alterações. Hipotireoidismo foi diagnosticado em 14,3% dos pacientes. A microalbuminúria foi maior do que 20 mcg/min em 7 pacientes. A pressão sanguínea foi >135/85 em 72% dos pacientes no início e, após um ano, 66% dos pacientes tinham uma pressão >135/85. Os pacientes foram contatados por telefone e 80% deles declararam ser satisfeitos pelo modelo SDM. Nossos resultados são importantes para mostrar que a qualidade em cuidados para diabéticos e melhora do controle glicêmico podem ser atingidos em um sistema de saúde privado, com treinamento adequado e uso de profissionais de saúde qualificados. A disfunção da célula β é o principal fator para determinar a intolerância à glicose em pacientes resistentes à insulina A patogênese do diabetes mellitus do tipo 2 envolve ambas a resistência à insulina e a deficiência de secreção. Alguns pacientes com grau elevado de resistência à insulina, como visto na obesidade, não mostram intolerância à glicose porque têm a capacidade de secretar insulina e desenvolver uma hiperinsulinemia compensatória. Para estudar a relação da resistência à insulina e a secreção de insulina, utilizamos o método HOMA (Homeostasis Model Assessment) com 2 esco- Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 03 (2001) Continuação 185 res diferentes para resistência à insulina (HOMA-IR) e função da célula β (Homa-β). Estudamos 347 pacientes de Campinas classificados por IMC (37 normais, 69 sobrepeso, 142 obesos e 99 obesos severos) e por tolerância à glicose usando os critérios ADA 1997 (222 normais, 46 com tolerância à glicose diminuída e 79 diabetes mellitus do tipo 2). A tabela mostra nossos resultados. <25 HOMA-IR HOMA-β Normal (n) IGT (n) DM2 (n) Normal IGT DM2 25-30 IMC (kg/m2) 30-40 2,8±0,9 (17) 3,7±2,1 (43) 6,4±4,6(101) 4,7±1,5 (7) 6,2±3,6 (12) 8,5±4,0(10) 6,9±4,3 (13) 9,4±6,4 (14) 12,3 ±12,7(31) 235,5±85,5 279,3±145,6 535,7±801,6 124,1±9,8 159,1±66,3 234,0±144,5 85,8±54,1 156,2±211,3 182,5±179,7 >40 11,0±6,9 (61) 11,8±10,0 (17) 24,4±17,0 (21) 654,4±328,8 414,3±275,0 331,8±329,7 Podemos concluir que paralelamente ao aumento do peso corporal existe um aumento do HOMA-IR observado em todos as categorias de tolerância à glicose (r = 0,78). HOMA-β aumenta significativamente com o IMC. Existe uma HOMA-β diminuída e HOMA-IR elevada na categorias de intolerância à glicose, em comparação com os indivíduos normais com o mesmo IMC. A capacidade de secreção da célula β determina a ocorrência ou não do diabetes do tipo 2. Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 187 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2001) 187~193 ATUALIZAÇÃO O tratamento do diabetes mellitus do tipo 2 Fadlo Fraige Filho* *Professor Titular de Endocrinologia da Faculdade de Medicina do ABC, Doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Membro da Comissão do Plano de Reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e H.A do Ministério da Saúde, Delegado Executivo no Brasil da IDF (International Diabetes Federation) – SACA (South and Central América) I - Tratamento não medicamentoso O tratamento do DM tipo 2 pode ser não medicamentoso que compreende: 1. Dieta 2. Exercícios 3. Educação 1 - Dieta É um ponto importante no contexto do tratamento, visto que os intolerantes à glicose ou mesmo o diabetes em sua forma inicial com discretas elevações das glicemias podem ser controlados e os parâmetros glicêmicos revertidos aos valores normais, apenas com administração de uma dieta adequada. De maneira geral, considerando-se que os diabéticos tipo 2 são indivíduos obesos, a dieta deverá ser hipocalórica, com um mínimo de 1200 kcal/dia para mulheres e 1500 kcal/dia para homens, sem açúcar e congêneres, com teor reduzido de gorduras e carboidratos, rapidamente absorvidos. Porém, em cada caso a dieta deverá ser adaptada às necessidades metabólicas e nutricionais do paciente (exemplo: atletas, gestantes) e quando associada a outras doenças como hipertensão, deverá ser hipossódica, hiperuricemia, deverá ser hipouricêmica, doenças gastrintestinais, etc. A adequação da dieta aos hábitos familiares, raciais, bem como de acordo com a situação econômica do paciente, melhora a aderência à dieta e ao tratamento. A dieta deverá conter todos os nutrientes, assim, recomenda-se em torno de 50 % de carboidratos, 30% ou menos de gorduras e 10 a 20% de proteínas, do total das calorias necessárias diárias. Observa-se redução das proteínas, no máximo a 10% para pacientes com nefropatia diabética instalada. A dieta, dentro do possível, deverá ser constituída das três refeições principais, seguidas de três lanches, nos intervalos de manhã, tarde e noite e prover quantidades abundantes de vegetais e frutas, o suficiente para o suprimento de fibras, vitaminas e sais minerais. Todo o alimento que possui o equivalente em sua forma integral, deverá ser prescrito (arroz, trigo, aveia), pois sabemos, pelos novos conceitos, que o teor de carboidrato de um alimento não será aquele que irá aumentar a glicemia, mas sim a velocidade com que o organismo irá digeri-lo e absorvê-lo. Assim, um carboidrato, quando ingerido com fibras vegetais, quer na sua forma natural ou misturado com outros alimentos ricos em fibras, terá sua digestão e absorção retardadas. Estudos recentes têm demonstrado que esta absorção e os índices glicêmicos podem também variar de acordo com a forma de preparo deste alimento. Assim, arroz Endereço para correspondência: Rua Maestro Cardim, 889, 01323-001 São Paulo SP, Tel: (11)288-0054 188 Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 branco recém preparado e purê de batatas recém cozidas, elevarão muito mais a glicemia do que o arroz e batata resfriados e depois preparados. Esses novos conceitos deverão modificar as prescrições e as dietas dos diabéticos. Existem hoje recomendações da ADA (American Diabetes Association) liberando pequenas quantidades de açúcar para pacientes muito bem controlados, desde que façam parte da ingestão total de carboidratos. Em nossa opinião uma liberação perigosa, visto que é difícil o entendimento de quantidades moderadas e nos pacientes que fazem monitoração de glicemia pós-prandial, a ingestão de açúcar e/ou doces, sempre é seguida de fortes hiperglicemias. Temos observado nos últimos dois anos uma verdadeira revolução no “ataque” às hiperglicemias pós-prandiais, pois segundo trabalhos recentes, estão correlacionadas com as complicações tardias do diabetes, principalmente doenças cardiovasculares arterioscleróticas [4]. Ultimamente um verdadeiro arsenal terapêutico tem sido desenvolvido para o controle das hiperglicemias pósprandiais, porém a nosso ver a melhor arma é a correção de sua causa, que é a dieta inadequada, daí nossa posição mais clássica em não permitir o uso de açúcar e, em pequenas quantidades os carboidratos rapidamente absorvidos, usando os conceitos já descritos para diminuir o índice glicêmico. Bebidas alcoólicas: Para aqueles em que a bebida alcoólica faz parte de seu hábito alimentar, deverão saber que: Pode causar hipoglicemia quando ingerida em períodos de jejum, risco este aumentado quando se toma insulina e sulfoniluréias. Não deverá conter açúcar em sua composição. Dar preferência aos destilados, evitando as fermentadas. Não deverá ser ingerida por pacientes com hipertrigliceridemias, obesos ou em mau controle metabólico [5]. Não ingerir depois de exercício intenso. Não beber sozinho. Alimentos dietéticos: A confusão entre alimentos diet e light por parte dos pacientes e dos próprios profissionais médicos tem justificativa frente à uma legislação complexa e dúbia. O desconhecimento da legislação por parte de alguns fabricantes, aliado às dificuldades de fiscalização, gerou confusões iniciais que aos poucos têm sido resolvidas. Os alimentos dietéticos são aqueles para o sabor doce, que não tem açúcar e os light, às vezes não têm açúcar (como o caso de um refrigerante) ou podem conter açúcar até 45% do teor de um produto normal. Assim sendo, é possível, sem observar atentamente a rotulagem, que uma parcela de pacientes esteja ingerindo açúcar, quando adquire alimentos light. Outro aspecto é o teor calórico de alguns alimentos diet, que embora isentos de açúcar, têm alto teor de gordura, como os chocolates e sorvetes, ou alto teor de carboidratos como os alimentos com glúten, pão, biscoito e macarrão, cuja utilização na alimentação deve ser em quantidades vigiadas e moderadas. Adoçantes artificiais: todos os adoçantes comercializados são de inteira segurança e suas diferentes composições deverão ser testadas de acordo com o paladar do consumidor. Observe que aqueles a base de frutose, não são indicados quando se quer uma redução de peso, pois têm valor calórico igual ao da sacarose. 2 - Exercícios Benefícios: · Ajuda a manter baixos os níveis de glicemia, durante e depois do exercício. · Pode melhorar o controle glicêmico a longo prazo (verificado pela redução de hemoglobina glicosilada). · Melhora a sensibilidade à insulina por aumento direto dos transportadores de glicose – GLUT4 – podendo diminuir as quantidades de hipoglicemiantes orais ou mesmo de insulina. · Melhora o condicionamento cardiovascular. · Reduz fatores de risco cardiovasculares, por diminuição da pressão arterial e dos lípides. · Quando combinada com dieta hipocalórica, auxilia na redução de peso através da perda de gorduras, preservando a massa muscular. · Melhora o bem estar e qualidade de vida. · Favorece a sociabilidade. Precauções: · Inspecionar os pés antes e depois dos exercícios. · Usar calçado adequado para cada tipo de atividade. · Pode causar hipoglicemia quando realizado no pico da insulina, devendo portanto ser adequado à alimentação e à terapêutica medicamentosa. · Medir o nível de glicemia, antes e durante o exercício, principalmente se for intenso, já que o exercício pode baixar a glicemia entre 12 a 24 horas após sua prática. · Portar alimentação ou bebida que contenha glicose. · Exercitar-se preferencialmente com um companheiro, que saiba reconhecer uma hipoglicemia. · Não se exercitar em períodos de mau controle metabólico. · Não fazer exercícios em vigência de complicações presentes e ativas (retinopatia proliferativa, nefropatia e outras) devendo dar preferência ao simples caminhar. · Parar o exercício se algum dos seguintes sinais ocorrer: Cefaléia ou tontura. 189 Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 Dor ou desconforto torácico. Náuseas. Sensação de desmaio [6]. 3 - Educação O fato da doença ser metabólica e com pouca expressão clínica, faz com que uma boa parte dos pacientes não dêem importância e até mesmo negligenciem sua doença. É difícil convencer os pacientes de algo que não vêem ou não sentem. Consideramos o diabetes como principal doença em que a educação é importante, levando informação, orientações e alertas, aos seus portadores. Estudos comparativos de populações de pacientes não educados com aqueles que tiveram um processo educativo, mostram que estes têm grandes benefícios como: Melhor controle da doença. Menor índice de hospitalização. Menor índice de complicações tardias. Menor índice de faltas ao trabalho, licenças médicas e até aposentadoria precoce. Menor ônus financeiro pessoal e de plano de saúde ou governo. Melhor expectativa de qualidade de vida. Educar é transferir conhecimentos e através destes, convencer os pacientes a cumprirem suas dietas, exercícios e medicamentos. Sem dúvida alguma, uma consulta médica não permite a extensão de tempo para a educação. Os órgãos públicos bem como a medicina privada e os seguros de saúde, não reconhecem esta importante função - de educador - do ponto de vista funcional e econômico. Assim, quem faz educação neste país, o faz de forma filantrópica como os programas desenvolvidos na ANAD (Associação Nacional de Assistência ao Diabético) e outros centros. Educar é também conseguir a mudança de estilo de vida pois como já foi dito anteriormente, a maioria dos diabéticos, por ocasião dos diagnósticos e mesmo depois, na evolução de sua doença, tem hábitos arraigados que precisam ser corrigidos, propiciando a orientação para habilidades de: Combate ao sedentarismo com a prática regular de exercícios. Que venham auxiliar na suspensão do tabagismo. Corrigir excesso de bebidas alcoólicas inadequadas. Que venham incentivar a prática de automonitorização e auto-aplicação de insulina. Conhecimento para interagir entre as glicemias capilares e sua medicação. Cuidados com os pés, de higiene, reconhecimento das complicações que podem levar risco aos pés, e uso de calçados adequados. Como vemos o educador faz um elo de conexão entre o profissional médico e o paciente, visto que o tempo destinado a uma consulta, no sistema público e conveniado no Brasil, é muito curto para atividades educativas. II - Tratamento medicamentoso Deve ser instituído conjuntamente com a dieta e exercícios, se estes últimos não terem tido sucesso no controle glicêmico, ou quando a doença já se manifesta com altos índices glicêmicos. 1 - Antidiabéticos orais Podem ser classificados como: Secretores de insulina de ação prolongada: sulfoniluréias (Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Glicazida, Glimepirida) Secretores de insulina de ação rápida: Glinidas (Repaglinida, Nateglinida) Sensibilizadores da insulina: Metformina; Glitazonas (Rosiglitazona, Pioglitazona) Inibidores da α-Glicosidase: Acarbose; Miglitol Uma breve descrição das propriedades destes fármacos nos dará conhecimento de como e quando prescrevêlos, adaptando-os e adequando-os a cada paciente [5-7]. 1- Secretores de insulina 1.a - De ação prolongada - Sulfoniluréias (Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Glimepirida, Glicazida): estimulam a secreção de insulina ligando-se a receptor nas células beta do pâncreas. 25% dos pacientes podem se controlar com estes fármacos com monoterapia e 60 a 75% necessitarão de terapia combinada para um bom controle glicêmico. Podem aumentar o peso devido a hiperinsulinemia, o que é indesejável no controle global do portador de diabetes. O estudo UKPDS mostrou associação das Sulfoniluréias com a hipertensão arterial e não demonstrou redução significativa de retinopatias e mortalidade cardiovascular [3] mesmo em tratamento intensivo. As sulfoniluréias são os fármacos de primeira escolha quando iniciamos o tratamento do diabético tipo 2, não obeso. A clorpropamida que tem ação muito prolongada (meia vida igual a 33 horas), não é recomendada para pacientes acima de 60 anos devido a um maior risco de episódios de hipoglicemia. Considerada sua excreção renal, as sulfoniluréias são contra-indicadas em presença de insuficiência renal, ocasião em que devem ser substituídas pela insulinote- 190 Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 rapia. Outra característica é a perda de seu efeito ao longo do tempo do diabetes, caracterizando a falência terapêutica secundária, quando deverá ser indicada a insulinoterapia. 1.b - De ação rápida: Deste grupo recém lançado no Brasil, designados de glinidas, temos a repaglinida e a nateglinida. Agem no pool intracelular da insulina de secreção rápida, em receptores das células b, diferente das sulfoniluréias, promovendo pico de ação em torno de uma a duas horas, por isso mesmo indicadas no controle das hiperglicemias pós-prandiais, um novo enfoque no tratamento do diabetes, após recentes trabalhos publicados que demonstram correlação entre as glicemias pós-prandiais com enfarte do miocárdio e não as glicemias de jejum [4]. Se as complicações são dependentes das hiperglicemias estas atingem seus maiores níveis após alimentação copiosa e rica em carboidratos. Assim, as glinidas têm papel importante nesta modalidade terapêutica, principalmente quando associadas à metformina, com potencialização do efeito terapêutico. Considerando-se que são absorvidas e eliminadas rapidamente e pelo seu perfil rápido de ação, devem ser administradas imediatamente antes das refeições, conferindo um perfil terapêutico com menos ricos hipoglicêmicos, conveniente no tratamento diabéticos idosos ou portadores de alguma forma de doença neurológica, principalmente em seqüelas de acidente vascular cerebral isquêmico. Também por não terem uma ação secretagoga de insulina prolongada, podem se adequar à melhor flexibilidade de horários de refeições tão necessários nos dias de hoje, em que o tempo e horário das refeições são imprevisíveis em função de trabalho. Assim, só serão administradas se ocorrer a refeição, por isso menor risco de hipoglicemias [10]. 2 - Sensibilizadores de insulina 2.a Metformina: Constitui o medicamento de primeira escolha de pacientes diabéticos obesos, pois além de sua ação hipoglicemiante, tem efeito anoréxico produzindo perda de peso concomitante, altamente benéfica para a melhoria das condições clínicas e metabólicas destes pacientes. Seu principal mecanismo de ação é a diminuição da produção hepática de glicose que está aumentada. A metformina quando associada a fármacos secretagogos de insulina tem seu efeito hipoglicemiante potencializado. O UKPDS [8] demonstrou que a metformina foi o único medicamento que diminuiu significativamente as complicações cardiovasculares e conseqüentemente, os índices de mortalidade. É contra indicada em pacientes em insuficiência re- nal, hepática, respiratória, cardíaca ou coronariana, alcoolismo, em surto infeccioso e na idade avançada. Tem efeito colaterais tais como: Desconforto abdominal, gastrite, diarréia, que melhoram com a suspensão da droga. A acidose láctica mencionada em raros pacientes é praticamente inexistente quando se observa suas contra indicações. 2.b Glitazonas: Esta classe de fármacos, também designados de tiazolidinedionas tem dois representantes lançados recentemente no Brasil que são a rosiglitazona, e a pioglitazona que têm perfis bioquímicos semelhantes. Estes são os verdadeiros fármacos sensibilizadores de insulina, visto que seu mecanismo de ação diminui a resistência à insulina, que é o foco principal da etiologia do Diabetes Mellitus tipo 2. Além de melhorarem a interação da insulina e seus receptores periféricos, principalmente a nível de tecido muscular hepático e adiposo, têm ação sui generis através da ativação dos receptores nucleares PPARg – receptor ativado do proliferador de peroxisomas gama – que aumenta a transcrição de genes, cujo efeito é o aumento dos transportadores de membrana de glicose – GLUT4 – intracelulares, cujo efeito final será a de maior captação celular da glicose, por isso produzindo seu efeito hipoglicêmico [11]. Têm ação importante na redução da hipertrigliceridemia, muito freqüente nos diabéticos tipo 2. O efeito colateral que é o aumento discreto de peso quando usado em associações com insulinas ou sulfoniluréias nos pacientes que não cumprem programa de dieta estabelecido. Podem ocorrer também edemas discretos, fato este que deve ser levado em consideração em pacientes diabéticos hipertensos e/ou cardiopatas com tendência a retenção hídrica. Como este fármaco é de metabolização hepática é recomendável que no primeiro ano de tratamento se investiguem as enzimas hepáticas a cada dois meses conforme recomendação do FDA (Food and Drug Administration) endossada pela Agência de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde Por isso mesmo, estes medicamentos são contra-indicados em hepatopatias ativas, e a meu ver nas seqüelas de doenças hepáticas graves. Sua principal indicação em nossa experiência, é em pacientes tipo 2 que não conseguem um bom controle com os medicamentos secretores de insulina, após sua associação com metformina. Nesta situação de início de falência secundária à aqueles fármacos, introduz-se as glitazonas que poderão melhorar o controle antes do início da insulinoterapia. Aqueles pacientes que já em falência secundaria definida e em uso concomitante de insulinas poderemos, 191 Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 ao introduzir as glitazonas, reduzir as doses de insulina ou mesmo substituí-las, se usadas em pequenas doses. Esta redução ou mesmo substituição é benéfica, visto que por vezes a insulinoterapia provoca aumento de peso, o que é indesejado.10 Por se tratar da única terapêutica genética tem seu efeito maior após três a quatro semanas do inicio de seu tratamento, e também esse efeito potencializado quando do uso concomitante com a metformina. 3- Inibidores da a-glicosidase Este grupo tem dois representantes (Acarbose e Miglitol) como mecanismo de ação semelhantes: Inibem parcial e temporariamente a enzima a-glicosidase que degrada os carboidratos, transformando-os em glicose na digestão intestinal. Como inibe temporariamente esta enzima, ocupando-a como um falso carboidrato, não impede a sua absorção mas sim um retardo da mesma nos períodos pósprandiais. A liberação posterior destes carboidratos principalmente nos cólons, leva a um aumento da flatulência por fermentação destes pela flora intestinal. Este é o principal efeito colateral observado quando não se faz doses iniciais menores e com aumento lento e progressivo, maiores do que aqueles preconizados pelo fabricante. Costumo definir esta situação baseado em experiência pessoal, de que devemos preparar e adaptar o paciente com doses que se iniciam com 12,5 mg, mantidas por meses inicialmente, com aumento na mesma proporção, lento e progressivo para chegarmos após seis meses de preparo, a uma dose terapêutica efetiva. A não observância desses procedimentos leva à flatulência e desconforto abdominal, por vezes intensos, acarretando na desistência do uso da medicação. É necessário ressaltar que devemos insistir na medicação, pois esta, quando prescrita corretamente, tem minimizado os efeitos colaterais e mesmo desaparecendo, após o 6º ou 8º mês de tratamento, quando então temos uma excelente arma terapêutica no controle da hiperglicemias pós-prandiais através de um fármaco que não é absorvido pelo intestino e portanto desprovido de qualquer toxicidade. Outra vantagem deste medicamento é não provocar hiperinsulinemia e sua conseqüente hipertrigliceridemia pós-prandial. Não existem interações medicamentosas, devendo ser indicado em quase todos os pacientes com diabetes tipo 2, quando associados às outras categorias de medicamentos descritos. Como monoterapia tem indicação apenas no controle da glicemia nos pacientes com intolerância à glicose ou mesmo naqueles com glicemias discretamente alteradas, sempre associado a dieta adequada.. Obviamente está contra-indicada em pacientes que tenham alguma doença gastrointestinal. A tabela 1 resume os medicamentos antidiabéticos orais disponíveis em nosso meio. II. Insulinoterapia A insulinoterapia deve ser instituída quando ocorrer a falência secundária aos antidiabéticos orais, que usadas em doses máximas não produzem o controle glicêmico adequado, mesmo quando combinados entre si. É importante não confundir falências secundárias com descontrole glicêmico por um episódio de infecção, cirurgia ou estresse, e mesmo abusos alimentares que uma Tabela 1 – Antidiabéticos orais ANTIDIABÉTICOS ORAIS SECRETADORES DE INSULINA – SULFONILURÉIAS Apresentação Dose Duração da Nome Genérico Nome Comercial mg/comp Mínima - Máxima Ação Clorpropamida Diabinese Glibenclamida Daonil, Euglucon Glipizida Minidiab Glicazida Diamicron Glimepirida Amaryl SECRETADORES DE INSULINA – GLINIDAS Repaglinida Novorm, Prandim Nateglinida Starlix SENSIBILIZADORES DE INSULINA Metformina Glifage, glycoformin Rosiglitazona Avandia Pioglitazona Actos INIBIDORES DA a-GLICOSIDASE Acarbose (Miglitol) Glucobay (a ser lançado) 250 5 5 80 1, 2, e 4 1/2 - 2 comp 1/2 - 4 comp 1/2 - 4 comp 1/2 - 4 comp 1 mg - 8 mg > 48 horas 12 a 24 h 12 a 24hs 12 a 24hs 24 horas Possível Alteração no peso Aumento Aumento Aumento Aumento Aumento 0,5; 1 e 2 120 0,5 mg - 16 mg 1 comp - 6 comp 2 a 6 horas 2 a 4 horas Aumento Aumento 500 e 850 4e8 15 500 - 2550 mg 2 mg - 8 mg 15 mg - 45 mg 6 a12 horas semanas semanas Diminuição Aumento Aumento 50 e 100 25 mg - 300 mg < 4 horas Diminuição 192 Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 vez corrigidos obteremos o controle glicêmico restabelecido. Também a insulinoterapia deve ser utilizada quando o paciente portador de diabetes tipo 2 se apresenta em descontrole glicêmico com perda acentuada de peso em um pequeno espaço de tempo, de dias ou semanas. É também indicada para o tratamento na paciente diabética que ficou grávida ou mesmo no diabetes gestacional, que se manifestou durante a gestação, onde reiteramos a contra indicação dos antidiabéticos orais. O uso de insulina também está indicado substituindo os fármacos orais na intercorrências de infecções graves, acidente vascular cerebral, enfarte agudo do miocárdio, em que o controle glicêmico melhora o prognóstico, bem como diminui a mortalidade cardiovascular em até 30% [9]. Como insulinizar o paciente diabético tipo 2 Devemos iniciar o uso de insulina humana DNA recombinante – NPH – em doses pequenas - de início 10 unidades à noite, ao deitar. Aumentar 2 unidades a cada 2 ou 3 dias até conseguir uma diminuição da glicemia de jejum dos dias seguintes, atingindo o máximo de 20 unidades. Acima desse valor passamos a usar uma dose matinal, em jejum. Para doses maiores que 30 unidades pela manhã, se não houver controle, poderá ser desmembrado em duas doses: Matinal e noturna. Em muitos casos mantemos os antidiabéticos orais, combinados, porém diminuindo sua quantidade. Lembrar que a insulinoterapia induz a aumento de peso e por isso mesmo devemos insistir e enfatizar a importância e o rigor da dieta hipocalórica. Permite-se o uso de insulina de ação rápida em combinação com a NPH para glicemias muito elevadas por ocasião de descompensações devidas a diferentes fatores. Os pacientes diabéticos tipo 2 que forem submeter-se a cirurgias de grande porte deverão ser insulinizados e controlados como pré-operatório e mantidos em até 6 meses, como nos casos de cirurgias de revascularização de miocárdio. Sem dúvida a insulinoterapia requer conhecimentos mais profundos, bem como habilidade prática no manuseio de tal medicamento, que se usado inadequadamente pode agravar e até mesmo comprometer a vida do paciente. Por isso recomendo concurso de um endocrinologista por ocasião de situações como as acima descritas. Talvez esses motivos levem insegurança àqueles que não estão habituados a prescrever insulina, levando a um grande número de pacientes que deveriam estar recebendo insulina e mantidos em parâmetros de controle considerados ruins. O Estudo Multicêntrico do Ministério da Saúde, em um dos seus aspectos, mostra que 7,9% dos diabéticos tipo 2 recebem insulina no Brasil, enquanto sabemos que esse número deveria ser idealmente de 25%. A tabela 2 destaca os diferentes tipos de insulina e as apresentações disponíveis no mercado. Tabela 2 - Insulinas humanas e animais disponíveis no mercado brasileiro – 2000 INSULINAS HUMANAS Ação Ultra-Rápida (UR) Ação Rápida R Ação Intermediária NPH (N) Lenta(L) Ação Prolongada (U) Pré-Misturas (N+R) 90/10 85/15 80/20 75/25 70/30 Pré – Misturas (N+UR) 75/25 INSULINAS ANIMAIS Ação Rápida (R) Ação Intermediária NPH (N) Lenta (L) AVENTIS BIOBRÁS LILLY Humalog Humulin R NOVO NORDISK Insuman R Biohulin R Insuman N Biohulin N Biohulin L Biohulin U Humulin N Humulin L Novolin N Novolin L Biohulin 90/10 Humulin 90/10 Novolin 90/10 Biohulin 80/20 Humulin 80/20 Novolin 80/20 Biohulin 70/30 Humulin 70/30 Novolin 70/30 Novolin R Insuman Comb 85/15 Insuman Comb 75/25 Humalog Mix 25 Neosulin R (suína) Monolin R (suína) Iolin R (mista) Neosulin N (suína) Monolin N (suína) Iolin R (mista) Neosulin L (suína) Insulina Mista Purificada Actrapid (suína) Insulina Mista N Purificada Protaphane (suína) Monotard (suína) Fraige Fo F/ Diabetes Clínica 03 (2001) 187~193 193 III. Objetivos do tratamento Referências É muito importante que se conheçam os parâmetros bioquímicos e clínicos que se almeja e que são considerados na literatura mundial como de bom controle. Os dois grandes estudos prospectivos DCCT (Diabetes Complications Control Trial 13) publicado em 1993 para o diabetes tipo 1 e UKPDS (United Kindon Prospective Diabetes Study 3), publicado em 1998 para o diabetes tipo 2, demonstraram que o tratamento intensivo e o conseqüente controle rigoroso de glicemia diminuem drasticamente as complicações tardias degenerativas do diabetes e também a morbi-mortalidade desta doença. Portanto as metas a serem alcançadas no tratamento do diabetes são, sem dúvida, aquelas próximas à normalidade dos parâmetros bioquímicos e clínicos. 1 - The Expert Committee on the diagnosis and classification of Diabetes Mellitus .Report of the Expert Committee the diagnosis and classification of Diabetes Mellitus Diabetes Care 1997;20:1183. 2 - Alberti KGMM, Zimmet PZ, for the WHO Consultation. Definition, diagnosis and classification of Diabetes Mellitus and its complications, Part 1, diagnosis and classification of Diabetes Mellitus, provisional report of a who consultation, Diabetic Med 1998;15:539-53. 3 - UK Prospective Diabetes Study Group, Intensive blood-glucose control with sulfonylureias or insulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes: UKPDS 33, Lancet 1998;352:837-853. 4 - Fraige FF. Importância do controle da hiperglicemia pós prandial. Diabetes Clínica 2000;04(1):40-49. 5 - Consenso brasileiro sobre Diabetes. Diagnóstico e Classificação do Diabetes Mellitus e tratamento do diabetes melittus Tipo 2 – Sociedade Brasileira de Diabetes – 2000. 6 - The Diabetes ready – Reference guide for health care professionals. American Diabetes Association – 2000. 7 - De Fronzo RA. Pharmacologic therapy for type 2 Diabetes Melittus. Ann Intern Med 1999;131:281-303. 8 - UK prospective Diabetes Study Group. Effect of intensive blood-glucose control with metformin on complications in overweight patients with type 2 Diabetes: UKPDS34. Lancet 1998:352;854-865. 9 - Malmberg K. Prospective ramdomised study of intensive insulin treatment on long term survival after acute myocardial infarction in patientes with diabetes melittus. BMJ 1997;314:1512-5. 10 - Avanços Terapêuticos, Diabetes Clínicas 2001;04:26. 11 - Avanços Terapêuticos, Diabetes Clínicas 2001;04:12. 12 - Atualização – American Diabetes Association, Diabetes Clínica 2000:04(6):431-438. 13 - DCCT Research group: The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long term complications in IDDM . N England J Med 1993;329:977-86. Tabela 3 - Resumo dos valores bioquímicos Risco baixo HBA1C (% hemoglobina) Risco Risco arterial microvascular ≤ 6,5 > 6,5 > 7,5 Glicose plasmática venosa De jejum/pré-prandial(mg/dl) < 110 Pós – prandial(mg/dl) < 135 ≤ 110 ≤ 135 > 125 > 160 39-46 115-155 150-200 < 39 > 155 > 200 Pressão sangüínea (mm Hg) < 140/85 HDL – Colesterol (mg/dl) > 46 LDL – Colesterol (mg/dl) < 115 Triglicerídeos (mg/dl) < 150 O desconhecimento destes valores, a evolução assintomática do diabetes tipo 2, a “permissividade conveniente” ao paciente e a profissionais, fazem com que a maioria dos pacientes evolua e desenvolva complicações tardias que comprometerão sua qualidade de vida com graves danos à saúde. (O próximo artigo tratará do uso das agentes antihipertensivos, hipolipemiantes e da aspirina no tratamento do diabetes). 194 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 ARTIGO ORIGINAL Autocuidado, trabalho e diabetes mellitus: uma abordagem de enfermagem Rita Batista Santos* *Professora Assistente do departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro Tese de Doutorado apresentada a Coordenação de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina Resumo Trata-se de um estudo de caso qualitativo sobre a representação, opinião e atitudes de sujeitos portadores de diabetes mellitus, servidores de uma universidade pública, sobre seu autocuidado. Os objetivos traçados foram: identificar quais são os fatores das condições de trabalho que interferem no autocuidado, analisar a influência do surgimento do diabetes mellitus na vida dos sujeitos e discutir e analisar a representação, opinião e atitudes dos sujeitos sobre seu autocuidado. A coleta de dados deu-se entre os meses de julho a outubro de 1999, mediante a realização de entrevista aberta, com 7 sujeitos, sem quatro homens e três mulheres, com idade entre 44 a 65 anos, com nível funcional de apoio e médio, percebendo entre 2 a 10 salários mínimos. A organização dos dados e a revisão crítica sobre o tema subsidiaram a elaboração das categorias autocuidado, saúde no trabalho e autocuidado, trabalho e gênero, que foram interpretadas pela técnica de análise temática, conformando novas descobertas cuja compreensão contribui para a melhora da qualidade de vida e autocuidado dos sujeitos. Palavras-chave: Auto-cuidado, trabalho, diabetes mellitus, enfermagem Abstract This study is a qualitative case study on workers attitude, opinion an representation about Diabetes Mellitus (DM) self-care of a Federal University. The following objectives are proposed: identify the impact of working conditions against self-care; analyze emergence of DM in subjects’ lives; discuss and analyzing representations and subjects’ opinions about self-care, as well as their actions related to self-care. Its objective is to contribute enhancement to subjects’ lives and their self-care through nursing care. Seven subjects have been interviewed, four men and three women, aged 44 to 65, blue-collar workers, whose salaries were within two to ten minimum wages. As research techniques, simple observation and open interviews were used, complemented by a field diary – as well as information found in their medical files. Data collecting extended as far as July to October, 1999. Results were categorized as: self-care; health at work; and self-care, work and gender. This study intends to contribute to the improvement of nursing assistance as concerned with self-care for diabetic patients. Key-words: Self care, work, diabetes mellitus, nursing care Endereço para correspondência: Rita Batista Santos, Praia de Botafogo, 484/405, 22250-040 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 2293 8999, E-mail: [email protected] 195 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 Introdução A relação entre o autocuidado, o trabalho e o gênero é compreendida a partir da ótica das representações, opiniões e atitudes dos sujeitos integrantes do Laboratório de Diabetes para os servidores de uma universidade pública (LADIS), servindo como instrumento para a ação educativa da enfermeira. O termo sujeito designará tanto homens quanto mulheres, que vivenciam afetivamente a situação de autocuidado, prazer e sofrimento no trabalho, expressando a forma pela qual convive como esses mundos, aqui encarada como subjetividade, considerando as diferenças de gênero. O autocuidado é visto como uma construção mais social do que biológica, porque recebe mais interferências de fatores ligados a convivência dos sujeitos com o seu trabalho e seu meio ambiente social, que tanto modificam quanto podem ser transformados em benefício das ações de auto-cuidado desses sujeitos, que lhe confere significados [1,2]. A representação, opinião e atitudes dos sujeitos sobre o autocuidado configuram-se numa visão microssocial em que a presença do diabetes mellitus (DM) pode ser evidenciada através dos seus afetos, emoções, sentimentos e reações em relação à doença, mesmo na ausência de sinais e sintomas de descompensação aguda do DM, considerado o desafio da ação educativa da enfermeira para lidar com o auto-cuidado [3-7]. As relações entre o autocuidado e o trabalho dos sujeitos, incluem as noções de sofrimento e prazer no trabalho [8], argumentações que utilizam para justificar sua não realização, denotando o caráter qualitativo e dinâmico da carga psíquica do trabalho. Conceitos como ideologias e mecanismos defensivos, sofrimento criativo e patogênico, explicitam o conflito entre a economia psicossomática e a organização do trabalho que potencializa os efeitos patogênicos das más condições físicas, químicas e biológicas do trabalho sobre seu autocuidado [9,10]. A compreensão das relações ocultas de dominação entre os gêneros facilita o desvendar das diferenças relativas ao autocuidado entre os homens e mulheres portadores (as) de diabetes. O conceito de gênero se refere às relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos, evidenciando-se como representações existentes na nossa sociedade sobre feminilidade. Estendo esta representação a masculinidade, a informação a respeito das mulheres é necessariamente informação sobre os homens, pois o estudo de um implica no estudo de outro. A partir do conceito de gênero de Scott [11] são utilizados os elementos da noção de identidade subjetiva e a rejeição do sentido do masculino e do feminino como uma oposição binária. A educação desempenha papel de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado do sujeito. Nesse contexto o sujeito possui uma responsabilidade pelo seu próprio cuidado, necessitando de apoio estímulo e motivação, que são fatores necessários na facilitação do processo de aprendizagem e cumprimento dos objetivos da educação para a sua saúde. A relação entre o autocuidado, o trabalho e a educação residem no fato de um fator poder ajudar o outro. A educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, sendo determinada por um processo histórico-cultural, privilegiando os afetos, emoções, sentimentos e reações dos sujeitos em relação ao DM, no delineamento de seu cuidado com a saúde [12,13]. Por conseguinte o objeto de estudo é o autocuidado dos sujeitos portadores de DM atendidos no LADIS. A preocupação ou problema do estudo pauta-se com a busca do surgimento do DM na vida dos sujeitos, na influência das condições de trabalho às quais estão submetidos, que interferem no autocontrole metabólico, na história de vida antes e depois da manifestação da doença, incluindo sensações, sentimentos surgidos a partir de então, que escondem em seus hiatos novas oportunidades de revisitar cantos oclusos e negligenciados pelas ações educativas, assim como as demais práticas profissionais, baseadas no modelo de atenção à saúde vigente, que privilegia seu aspecto biológico. Com base nestas considerações surgiram as questões norteadoras despertando interesse para proporcionar algumas respostas sobre: Como se deu a surgimento do DM na vida dos sujeitos; quais as representações, opiniões e atitudes dos sujeitos portadores de DM acerca do seu autocuidado; quais as relações entre o trabalho, o autocuidado e gênero nesses sujeitos. Tentando captar a realidade a ser estudada, a investigação possui os seguintes objetivos: Identificar qual o impacto das condições de trabalho no autocuidado dos sujeitos portadores de diabetes atendidos na DVST/ UFRJ; Analisar a emergência do DM na vida desses sujeitos; Discutir e analisar a prática de autocuidado dos sujeitos portadores de diabetes mellitus atendidos na DVST/UFRJ. A finalidade do estudo é fornecer subsídios visando contribuir com a melhoria da qualidade de vida e de autocuidado dos servidores e servidoras portadores(as) de diabetes da UFRJ, mediante o cuidado de enfermagem. Metodologia O desenho metodológico é do tipo Estudo de Caso Qualitativo, submetido a uma análise interpretativa baseada no conceito da representação, opinião e atitudes frente ao DM e ao autocuidado [3-7], já que se pretende identificar fatores que influem sobre a saúde dos sujeitos portadores de DM, para garantir seu controle metabólico, bem como apreender, entender, discutir e utilizar o discurso 196 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 desses para prestar uma melhor atenção à sua saúde, promovendo o autocuidado. A promoção da saúde dos sujeitos do LADIS, realidade que apesar de ser similar a outras, é ao mesmo tempo distinta, pois possui interesse próprio, singular, no que tem de particular, único, as representações sobre o autocuidado desses sujeitos. O estudo de caso permitiu um amplo e detalhado interrogatório sobre o relato oral dos sujeitos a respeito da sua convivência com a DM e o seu trabalho, para elaborar categorias de análise elucidativas ao estudo do tema. Esse estudo de caso possuiu quatro fases: 1) A delimitação do estudo ou unidade caso; 2) A coleta de dados; 3) A análise e interpretação dos resultados; e 4) a elaboração do relatório final [14]. A Divisão de Saúde do Trabalhador, local onde são desenvolvidas as atividades do LADIS, é um subsistema da Sub-Reitoria de Pessoal e Serviços Gerais da Universidade, e se compõe de três Seções: Seções de Perícias Médicas (SEPEM), Seção de Programas Especiais (SEPE, onde se encontra o LADIS) e Seção de Saúde e Segurança no Trabalho (SEST), contendo as linhas de planejamento, desenvolvimento, pesquisa e avaliação. Em julho de 1996 o LADIS iniciou-se como um projeto de extensão sendo desenvolvido às quartas feiras de 13:00 às 16:00 horas, com o atendimento dos sujeitos pela equipe multidisciplinar, composta por médico, enfermeira, nutricionista, psicóloga e assistente social. A partir dos registros do setor de arquivo da DVST, delimitou-se a unidade caso. Tabela I - Número e percentual de atendimentos do LADIS, por tipo de consulta, Rio de Janeiro, entre os anos de 1997, 1998 e 1999. 1997 ATENDIMENTO Consulta Médica Perícia Médica Licença médica Palestra educativa Consulta de Enfermagem Junta Médica Consulta Odontológica Serviço Social TOTAL N 6 52 27 4 89 % 22,0 50,0 24,0 4,0 100 1998 N 30 20 07 05 41 103 % 30,0 20,0 7,0 5,0 38,0 100 1999 N 98 68 07 03 22 1 1 200 % 49,0 34,0 3,5 1,5 11,5 0,25 0,25 100 Segundo o relatório anual, o total de atendimentos na DVST no ano de 1999, foi de 13.003. Desta forma o percentual de atendimento do LADIS, foi 1,53%. Nota-se um aumento progressivo dos atendimentos dos sujeitos pelos profissionais da equipe e uma concomitante diminuição das licenças médicas, que se encontram estabilizadas. Dos 75 sujeitos atendidos no LADIS, 24 realizam controle do DM em unidades de saúde externas. Destes atendimentos, dez (10) foram para processos de aposentadoria. Após investigação houve um caso em que não se confirmou o diagnóstico de DM. Foram escolhidos 7 entre os 34 sujeitos atendidos no LADIS: quatro homens (Crisântemo, Lírio, Girassol e Jasmim) e três mulheres (Camélia, Gardênia e Margarida), com idade entre 44 a 66 anos, do nível médio e de apoio que recebiam entre 2 a 10 salários mínimos. Foram escolhidos casos típicos (homens e mulheres que pertencem ao nível de apoio e médio, percebem entre 2 a 10 salários mínimos e com mau controle do DM), casos marginais (uma mulher que apesar de ser do nível de apoio recebe entre 5 a 10 salários mínimos e outra que é do mesmo nível e recebe entre 2 a 5 salários mínimos) e um caso atípico, de um homem que está dentro das características dos sujeitos da pesquisa e é bem controlado em relação ao DM. Os nomes dos sujeitos são fictícios obedecendo à garantia do anonimato e do sigilo das respostas, seguindo orientação da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (1995) para pesquisa em seres humanos. Todos freqüentam a consulta de enfermagem, portanto conhecidos pela pesquisadora, que reconhece a representatividade significativa das tendências favoráveis a discussão da problemática inicial de autocuidado referida pelas enfermeiras da DVST. Designou-se o nome de flores para apresentar os sujeitos, embora flores produzam néctar, que é doce, e doce foi a restrição mais enfatizada pelos sujeitos do estudo. A coleta de dados deu-se entre os meses de julho a outubro de 1999 e utilizou-se como técnica de pesquisa para o trabalho de campo a observação simples e a entrevista aberta, usando o relato oral de vida, uma forma tópica, menos ampla e livre de solicitar ao sujeito que aborde, de modo mais especial, aspectos do autocuidado, embora dando ao mesmo total liberdade de exposição, de forma que o direcione ao tema ou tópico de interesse para o estudo, numa tentativa de revelar o ambiente inatingível dos acontecimentos que fazem parte da experiência desse grupo social. Essas técnicas visam descobrir seu ponto de vista e as suas motivações, enquanto sujeitos protagonistas dos fatos sociais, porém excluídos na visão oficial dos setores dominantes [15-17]. Os dados foram complementados por um diário de campo e pelas informações contidas no prontuário dos sujeitos cadastrados no LADIS, assim como nos documentos técnicos (Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho), econômicos (o Regime Jurídico Único dos Servidores Civis da União) e científicos (as fontes secundárias utilizadas como respaldo teórico na análise, discussão e interpretação dos dados). A interpretação dos dados mediante a Análise Temática, como uma das técnicas de Análise de Conteúdo, foi subdividida na fase de Pré-Análise, que consistiu na escolha de documentos a serem analisados, na retomada das questões norteadoras e dos objetivos iniciais do estudo, reformulando-os frente ao material coletado, le- 197 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 vantando questões sobre os problemas relativos ao trabalho e a saúde, a partir das categorias horizontais Autocuidado, Saúde no Trabalho e Autocuidado, Trabalho e Gênero, elaboradas das fontes secundárias, ou ancoragem sobre assistência de enfermagem na saúde do trabalhador de HAAG e colaboradores (1994), num esforço para detectar as relações existentes entre o sofrimento, ou o prazer, as expressões positivas ou os silêncios quanto a esta temática, e as características da organização do trabalho, ancoradas nas idéias acerca do sofrimento e prazer no trabalho de Dejours [8]. A aleatoriedade intercambiável da representatividade qualitativa dos sujeitos traduz a confiabilidade e validação do estudo na medida em que os modelos culturais internalizados revelam-se na entrevista e possuem um caráter histórico e específico das relações sociais. Os depoimentos são colocados num contexto de classe, de pertinência a uma geração, a um sexo, para caracterizar a participação do sujeito no seu tempo histórico, nos seus grupos sociais, informando uma subcultura, específica e com relações diferenciadas com a cultura dominante. A representatividade é garantida pela validade das informações coletadas, isto é, se os dados expressam autenticamente a visão do sujeito, com interferência mínima no processo de pesquisa. A noção de argumentação substitui a noção formal da lógica de demonstração dos métodos de pesquisa convencional. [9,17-19]. A generalização é denominada “naturalística”, envolvendo conhecimento formal, impressões, sensações, intuições, conhecimento tácito, das enfermeiras no âmbito profissional ou acadêmico, para formar novas idéias, novos significados, novas compreensões, reconhecendo as bases comuns, permitindo uma maior solidez e conhecimento do autocuidado dos sujeitos, apontando para uma tendência a universalização no estudo desse objeto de investigação. Desse modo proporciona uma oportunidade única de ir além das aparências superficiais do dia a dia, de analisar teoricamente os fenômenos sociais baseados no cotidiano dos sujeitos e numa aproximação críticos das categorias e formas como se configura essa experiência diária, condição sine qua non da pesquisa qualitativa. A dificuldade de generalização é superada pelo conhecimento preciso das características da população intencional dos sujeitos do estudo, com a possibilidade de expansão ou generalização das novas descobertas e proposições teóricas a respeito do seu autocuidado [9,14,17-19]. Analisando e discutindo os resultados As categorias teóricas Autocuidado, Saúde no trabalho e Autocuidado, Trabalho e Gênero foram elaboradas antes do trabalho de campo, ainda na fase exploratória da pesquisa, representando conceitos mais gerais e abstratos, a partir de uma fundamentação teórica. As subcategorias foram elaboradas a partir da coleta de dados, sendo mais específicas e concretas, visando a classificação dos dados encontrados no trabalho de campo. O conjunto de categorias foi estabelecido a partir um único princípio de classificação, a relação entre prazer, sofrimento e autocuidado no trabalho. O princípio da exaustividade permitiu a inclusão das respostas dos sujeitos numa das três grandes categorias teóricas gerais, temas elaborados na fase anterior ao trabalho de campo. A observação do princípio da exclusão mutua ou de exclusividade do conjunto de categorias, fez com que um depoimento não aparecesse em mais de duas categorias. Procurou-se designar as subcategorias com temas concretamente ligados aos itens de seguimento das orientações, bem como sinais e sintomas de descompensação aguda e crônica do DM, na categoria Autocuidado, aos itens ligados as condições de risco ocupacional no trabalho, na categoria Saúde no trabalho, e as diferenças de ações de autocuidado e de trabalho entre homens e mulheres na categoria Autocuidado, Gênero e Trabalho, obedecendo ao princípio de objetividade e fidelidade na classificação dos elementos das categorias [17,18,20]. A categoria Autocuidado destacou o não seguimento das orientações da enfermeira e demais membros da equipe de saúde, na realização de exames e cuidados domiciliares e no trabalho (higiene pessoal, dos pés, cuidados com ferimento); e do regime terapêutico (plano dietético, uso de antidiabético oral e auto-aplicação de insulina). Tabela 2 - Número e percentual de subcategorias de autocuidado no trabalho entre os sujeitos portadores de diabetes mellitus do Laboratório de Diabetes para os Servidores da UFRJ, Rio de Janeiro, 1999. Subcategorias Exames domiciliares Alimentação Medicação Complicações agudas Complicações crônicas Cuidados com os pés Exercício físico Utilização de EPI realizam/ não realizam/ presente ausente 7 3 4 4 3 5 2 5 2 3 4 4 3 7 total 7 7 7 7 7 7 7 7 Os sentimentos de impropriedade, insatisfação e esbanjamento em relação ao DM e ao autocuidado, configuraram uma subcategoria e foram representados pelos sinais de hiperglicemia (polidipsia, polifagia, insônia, cansaço físico, fraqueza muscular, tontura, problemas ginecológicos, disfunção erétil e estresse), hipoglicemia (fome súbita, desmaio, suor frio e abundante), glicosúria (poliúria, nictúria) e alimentação (os sujeitos que seguem as orientações, mas sentem-se insatisfeitos com a sugestão de cardápio no tocante a qualidade ou a quantidade dos alimentos e; os que não seguem a orientação alimentar). 198 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 A fantasia insulino-pancreática foi outra subcategoria representada por dúvidas e resistências ao uso da medicação (insulina e antidiabéticos orais). O sujeito portador de DM é um ser doente, que vive uma vida diferente, cujos sintomas inserem-se numa totalidade indivisível do seu comportamento. O silêncio dos órgãos não equivale à ausência de doenças, lesões ou perturbações funcionais que são imperceptíveis para os sujeitos, cuja vida está em risco. Cuidar-se é difícil, porque significa se poupar, diante de uma série de exigências, que geralmente não fazem sentido para as prescrições médicas [5,6,21-23]. As medidas de autocuidado adotadas pelos sujeitos foram os exames laboratoriais, o uso de chás e remédios caseiros e religião. Essas medidas denotam a influência do modelo exógeno de explicação das formas elementares da doença, em que não se percebe nenhum agente patogênico, propriamente dito, ou que não tem localização precisa como o DM, onde por não poder se assinalar a responsabilidade causal da doença, ela só pode ser apreendida como sua complicação, a conseqüência anatômica de uma disfunção fisiológica preexistente [5]. Na Saúde no Trabalho emergiu a subcategoria de identidade negada na relação entre o trabalho, o DM e o autocuidado, representadas: pela não realização do exercício físico (substituído pelo gasto energético da jornada de trabalho dentro e fora de casa); pelo desconhecimento do risco de complicações crônicas, cuidados com os pés; pela não utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI´s); não reconhecimento da existência de riscos ocupacionais no trabalho (incluindo o deslocamento casa-trabalho-casa, instalações físicas, elétricas e hidráulicas, condições de higiene no posto de trabalho para a realização do autocuidado; não associação do trabalho com doenças ocupacionais e estratégias defensivas (uso do álcool, dores em MMII, problemas visuais, ginecológicos e disfunção erétil) e conseqüente descumprimento do autocuidado. Na relação entre o prazer e o sofrimento, observa-se a ética do trabalho na construção social da doença. É dotado de conteúdo, significado, descrição e interpretação, que apontam como conseqüências práticas as intervenções no funcionamento psíquico frente à organização do trabalho, para transformá-la. Pode-se identificar traços da saúde mental e social nos sujeitos que desenvolvem comportamentos estereotipados exigidos pelo trabalho, fontes de sofrimento, cujos efeitos se manifestam por irritabilidade e fadiga, tornando suas vidas e o autocuidado deficientes [8]. A categoria Autocuidado, trabalho e gênero configurou o feminino e o masculino como formas de auto-cuidado, a hierarquia do masculino no trabalho, atributos femininos e atributos masculinos no auto-cuidado e no trabalho, exposição aos riscos ocupacionais e o gênero no auto-cuidado e no trabalho e a múltipla jornada de trabalho e o auto-cuidado entre homens e mulheres sujeitos do estudo. O conceito de gênero mostra que o feminino e o masculino são construções sociais, constituídas por relações simbólicas de poder, e desta forma abre espaço para tornar visíveis as desigualdades existentes nas experiências entre homens e mulheres, modificando o olhar sobre o mundo da saúde e do trabalho, possibilitando que novas questões sejam levantadas e que multiplicidades e diferenças sejam percebidas. O homem é sempre levado a associar a saúde à virilidade, portanto ir ao médico pode representar uma diminuição do seu papel masculino, levando-o a não valorizar a realização de exames periódicos para o controle de sua saúde e autocuidado. Houve queixa de dependência de álcool por dois sujeitos interpretados como uma representação da virilidade, além de uma ideologia defensiva da vergonha. O alcoolismo corresponde a uma fuga em direção a uma decadência mais rápida e a um destino mental e somático particularmente grave. É uma ideologia defensiva funcional, que tem o objetivo de mascarar, conter, ocultar uma ansiedade particularmente grave. A explicação da resistência ao sofrimento dos sujeitos em relação aos atributos do trabalho masculino, passa pelo sentimento de vergonha do homem ficar doente, ou não dar conta do trabalho, onde a virilidade é a representação de uma reticência de falar do DM, do autocuidado e do sofrimento no trabalho. A representação da ideologia da vergonha, uma ideologia defensiva coletiva, explica a atitude da mulher da classe popular, que não se permite ficar doente por causa dos filhos, representando uma carga de trabalho e angústia maiores, pois não se trata de evitar a doença, mas de domesticá-la, contê-la, controlá-la, viver com ela. Portanto para que uma doença seja reconhecida, é necessário exprimir sintomas muito evidentes para serem escondidos, como no caso do prurido vaginal, ou dor abdominal a atividade profissional das mulheres sujeitos do estudo [8,24]. Os homens queixaram-se de problemas músculo-esqueléticos decorrentes de sua condição de saúde e de seu trabalho, como dores e cansaço em membros inferiores, além de disfunção erétil e impotência funcional no dedo mínimo da mão esquerda. O autocuidado é uma ação deliberada do sujeito, mas que é realizada por outra pessoa, nos casos estudados, por uma figura feminina, tanto em casa quanto no trabalho. A relação entre escolaridade, nível funcional, função e remuneração é melhor para os homens que para as mulheres. Apesar de não possuírem segundo grau completo, os homens sujeitos do estudo possuem funções consideradas mais duras e perigosas (contra mestre de ofício, servente de obras, técnico de laboratório e impressor de Off set), logo possuem melhor remuneração. A mulher tem maior capacidade de adaptação a qual- 199 Santos RB / Diabetes Clínica 03 (2001) 194~200 quer situação, levando a crer que as tarefas desempenhadas são simples, naturalmente inferior, bastando ser mulher para executá-las, um mito construído sobre a natureza feminina, com as quais as mulheres se identificam para garantir a sobrevivência. Todas devem ser dóceis, minuciosas, disponíveis para desempenhar a tarefa de auxiliar de biblioteca (Margarida) e de servente de limpeza (Gardênia e Camélia) uma regra de aceitação do papel sexual assumido pelas mulheres [24]. As mulheres relataram sintomas como dor no estômago, boca seca, cansaço físico, prurido vaginal e acuidade visual diminuída. A venda de comidas caseiras, a lavagem e passagem de roupas, as faxinas, fazem parte da jornada múltipla enfrentada pelas mulheres. Os resultados demonstram que ambos, homens e mulheres, sujeitos do estudo logram um pobre controle glicêmico. As suas experiências de vida e trabalho refletem negativamente em seu cotidiano de autocuidado e estado geral de saúde, acarretando-lhes problemas físicos e psíquicos. Os modos de autocuidado dos sujeitos são determinados pela manifestação dos vários mecanismos de sexualidade, em que seu corpo, seus prazeres e seus saberes afloram, como uma possibilidade de resistência às captações do poder do exercido sobre os mesmos pelas orientações para a sua saúde e autocuidado, provenientes de uma hegemonia de saberes e práticas dominantes em relação a estes temas, sobre as quais exercem um poder, mesmo que inconsciente e negado [25]. Considerações finais O DM é uma síndrome de evolução crônica, cujo tratamento implica em mudanças importantes no estilo de vida do sujeito, atingindo seu ambiente familiar e de trabalho. Evidenciou-se a desinformação dos sujeitos sobre o DM, desconhecimento da sua verdadeira dimensão em termos de risco agudo e crônico, tornando a doença um problema de saúde em expansão no LADIS. Os fatos vivenciados e valorizados nos depoimentos identificam as percepções e sentimentos que marcam ou marcaram a experiência nas suas trajetórias de vida. O estudo aponta o DM como doença de adaptação, eqüivalando-a aos fenômenos do estresse crônico e prolongado. E conseqüentemente as doenças psicossomáticas, que contribuem para a mortalidade de grupos de sujeitos adultos e idosos, ligando sua capacidade de autocuidado à integração de sua personalidade. A implementação do LADIS se baseia no fortalecimento do relacionamento interpessoal entre os profissionais que o compõem e os sujeitos. As diretrizes dessa implementação têm sido a solidariedade, em que os profissionais são mobilizados pela compreensão dos problemas e limitações dos sujeitos e pela valorização e apoio ao potencial da reação dos sujeitos às dificuldades porventura surgidas no autocuidado. O acolhimento oferecido pelos profissionais da equipe que compõem o LADIS contribuiu para a humanização, amenizando a ansiedade e o estresse cotidiano. Isso auxiliou na tomada de decisões para o autocuidado, evitando atropelos em relação à condução de suas vidas como portadores dessa condição crônica. Encorajar busca de orientação, desejo de melhorar conhecimentos sobre os determinantes sociais da doença, auto-estima e autonomia é fundamental nesse processo de tomada de consciência sobre os direitos do sujeito à saúde. O autocuidado para os sujeitos e para os profissionais da equipe de saúde do LADIS tem um significado mais amplo e se refere a uma variedade de atividade relacionada com uma alternativa para satisfazer as necessidades individuais de saúde: uma primeira fonte de atenção à saúde dos sujeitos que aliada à formulação de políticas de saúde de baixo custo, pode levar a aumentar a motivação, a aderência, e melhorar o controle do sujeito sobre a sua saúde, doença e tratamento, principalmente no caso de doença crônica, como o DM. As estratégias de educação para o autocuidado devem privilegiar o aspecto emocional e intelectual do sujeito, tendo em vista a sua dinâmica psicossomática. Nesse sentido, a abordagem clínica psicossomática se cruza com a visão historicizada de Vigotski [12], para promover a educação para o autocuidado dos sujeitos. A técnica de formação de grupos educativos é uma opção mais adequada, entretanto a abordagem individual é essencial e deve centrar-se na relação entre a enfermeira e o sujeito para melhor interação, comunicação e compreensão do processo educativo para o autocuidado. Os sentimentos, as reações, as habilidades para elaboração do autocuidado devem ser trabalhados. A participação da equipe multiprofissional faz-se mister, abrindo um leque de possibilidades de comunicação e interação, baseado na identificação do sujeito com esse ou aquele profissional, ou tema. O processo de aprendizagem deve ser colaborativo, cooperativo e evolutivo, na medida em que os sujeitos dominam formas alternativas de autocuidado, mais capazes de modificar seu perfil de saúde. É um processo compartilhado, livre e aberto, assim como é sua avaliação. Portanto prevê a sua participação voluntária e consentida em todo o processo, acompanhando e verificando sua mudança. Referências 1. 2. Canadá. 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Quadros infecciosos, como gripes e infecções bacterianas, descompensam o quadro do diabético e aumentam o risco de complicações, significando muitas vezes risco iminente de vida [2,3]. O paciente diabético possui 3 vezes maior risco de morte em decorrência de gripe e pneumonia que um indivíduo hígido [3]. Calcula-se que anualmente 10.000 a 30.000 diabéticos morram em decorrência de complicações causadas por uma gripe ou por uma pneumonia nos EUA [3]. A gripe é uma doença freqüente que atinge 10% a 20% da população mundial por ano e cuja taxa de hospitalização por complicação cardiopulmonar chega a 13% durante o inverno [4]. Entre crianças de até 4 anos de idade portadoras de alguma patologia de base, a taxa de mortalidade associada à gripe é de 500 óbitos para cada 100.000 habitantes [5]. Para crianças de 5 a 14 anos, essa taxa é de 200 para 100.000 habitantes [5]. Em adultos, a taxa é de cerca de 600 mortes para cada 100.000 habitantes, podendo chegar a 870 para cada 100.000 quando os indivíduos possuem mais de um único fator de risco [6]. O Streptococcus pneumoniae ou pneumococo, por sua vez, é responsável por doenças invasivas (entre as quais Endereço para contato: João Toniolo Neto, Tel: (11) 3842-5144 pneumonias, meningites, otites, sinusites, bacteremia) e mortes, principalmente em crianças, adultos com doença crônica e idosos no mundo inteiro [7]. São cerca de 3.000 casos de meningite, 50.000 casos de bacteremia, 500.000 casos de pneumonia e 7 milhões de casos de otite média e sinusite causados pelo pneumococo por ano nos EUA [7]. As infecções pneumocócicas causam cerca de 40.000 óbitos por ano nos EUA, somando mais mortes do que qualquer outra doença bacteriana imunoprevenível, sendo que aproximadamente 50% destes óbitos poderiam ser evitados eficazmente pela vacinação [7]. Por isso, a vacinação contra influenza e a vacinação antipneumocócica são oficialmente recomendadas para os diabéticos, uma vez que são o método primário o mais efetivo de prevenção contra estas infecções freqüentes e potencialmente graves, constituindo-se uma importante arma de saúde pública na redução da morbidade e da mortalidade da gripe e da pneumonia [5,7,8]. A vacinação contra influenza deve ser realizada anualmente, enquanto a vacinação contra o pneumococo é feita a cada 5 anos. Em termos gerais a eficácia da vacina contra gripe varia de 70% a 90% para prevenir a infecção pelo vírus influenza, chegando a 70% para prevenir hospitalização e pneumonia associada à gripe e 80% para prevenir óbitos em decorrência da infecção [5,9]. A vacina antipneumocócica polissacarídica 23valente possui eficácia que varia de 60% a 80% para prevenir infecções causadas pelos 23 diferentes soroti- 202 Toniolo Neto J / Diabetes Clínica 03 (2001) 201~202 pos do S. pneumoniae contidos na vacina, os quais correspondem a cerca de 90% dos principais causadores de infecções invasivas no Brasil. Ambas as vacinas são muito seguras. As reações adversas são pouco freqüentes e em geral de leve intensidade, sendo dor no local da aplicação a principal delas. Uma vez que as indicações para vacinação contra influenza e contra o pneumococo são coincidentes, a administração simultânea das vacinas contra gripe e antipneumocócia é adequada e também, segundo dados brasileiros e internacionais, segura [5-7,10-12]. Para os pacientes portadores de diabetes a vacinação contra gripe é tão imunogênica quanto em indivíduos sadios e permite uma redução de 79% nas hospitalizações durante as temporadas de gripe (inverno) [13-15]. Ademais, a imunização contra influenza mostrou-se custo-efetiva em pacientes de alto risco, tanto na redução de gastos médicos quanto na melhoria da saúde, comprovando os benefícios médicos e socioeconômicos proporcionados pela vacinação [16-18]. Apesar da eficácia garantida e dos benefícios médicos e socioeconômicos assegurados para os pacientes de alto risco, essas vacinas ainda são pouco utilizadas, permitindo que a influenza, única infecção viral respiratória prevenível por vacinação, e o pneumococo ainda façam muitas vítimas [3,8,18]. Assim, conforme a recomendação do Comitê Assessor de Práticas em Imunização (ACIP) do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) e também do Ministério da Saúde Brasileiro, os pacientes diabéticos devem ser vacinados para evitar a influenza, as infecções pneumocócicas e as possíveis complicações, reduzindo o risco de óbito [3,5,7.8,19]. Além disso, estudos mostraram que a vacinação contra gripe dos profissionais da saúde que atendiam em unidades de tratamento reduziu o risco de mortalidade entre os pacientes [20]. Por isso, a vacinação contra influenza também é recomenda para as pessoas em contato de pacientes de risco, ou seja, pessoas que possam transmitir a gripe ao doente crônico, como familiares, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde [5]. Dentro de sua importante missão de salvar vidas, o médico assume também o papel de conscientizador do portador de diabetes e dos familiares de que a administração das vacinas contra influenza e antipneumocócica é imprescindível para a diminuição do risco de complicações decorrentes destas doenças e também do potencial risco de vida associado a elas. Prevenção é a melhor arma contra estas freqüentes e importantes infecções. Referências 1. Sociedade Brasileira de Diabetes. In internet: www.diabetes.org.br 2. CDC. National Diabetes Fact Sheet. 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D - Existe um histórico de ulceração do pé? _____ - O pé apresenta uma forma anormal? _____ - Existe uma deformação dos dedos? _____ - As unhas são grossas ou encravadas? _____ - Existem calos? _____ - Existe inchaço? _____ - O paciente apresenta uma elevação da temperatura da pele? _____ - Existe uma fraqueza muscular? _____ - O paciente pode examinar a planta de seus pés? _____ - O paciente usa sapatos adequados para sua categoria? _____ E _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ Indique o nível de sensação nos círculos: + - = Pode perceber o filamento de náilon 10g = Não pode perceber o filamento de náilon 10g Pé Direito Indique sobre o desenho do pé os locais onde tem: 1234567 1234567 1234567 1234567 1234567 1234567 123456 123456 123456 123456 123456 123456 Calos Pré-ulceração Ulceração Pé Esquerdo Ficha Prática / Diabetes Clínica Avaliação do pé diabético Formação da ulceração por estresse repetitivo. A largura interna do calçado dever ser igual a largura do pé. 1 Formação do calo. 2 Hemorragia subcutânea. 3 Abertura da pele. Áreas de risco para ulcerações de pé em pacientes diabéticos. 4 Infecção do pé com osteomielite. Como cortar as unhas. Pressão interdigital Diabetes Clínica 03 (2001) 205 6º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes 6 Exposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos Dias 7, 8 e 9 de Julho de 2001 - Fundação Alvares Penteado - FECAP - São Paulo - SP a DISTRIBUIÇÃO DOS SIMPÓSIOS POR SALA Sábado 07/07 - 10:00h às 12:00h Aud. Honório Alvares Penteado Simpósio Nº 1 - Diabetes Mellitus: Conceituação básica Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Conferência de abertura - Plano de reorganização da atenção ao diabetes mellitus e hipertensão arterial do Ministério da Saúde: Resultados atuais Exmo. Sr. Ministro da Saúde Dr. José Serra Impacto epidemiológico e classificação OMS ADA Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Síndrome plurimetabólica e sua importância Prof. Dr. Antônio Roberto Chacra 14:00h às 18:00h Simpósio Nº 2 - Nutrição: Aspectos básicos da terapia nutricional em diabetes mellitus Profª. Nutr. Celeste Elvira Viggiano Recomendações nutricionais atuais - Pirâmide alimentar Profª. Nutr. Celeste Elvira Viggiano Terapia nutricional na criança e adolescente diabético Nutr. Paula Cristina Augusto da Costa Terapia nutricional no adulto jovem e adulto idoso Nutr. Maria de Fátima Ramiro Portes Terapia nutricional da gestante diabética Nutr. Rosely Roque de Lima Terapia nutricional com contagem de carboidratos Nutr. Luciana Paula Camargo Bruno 14:00h às 15:30h - Sala 131 Simpósio Nº3- Avanços terapêuticos I Sensibilizadores de insulina Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho PPAR - Glitazonas, aonde estamos ? Profª. Dra. Marília de Britto Gomes Rosiglitazona: Uso clínico - Resultados Dra. Adriana Costa e Forti 16h:00 às 18h:00 - Sala 131 Simpósio Nº 04- Avanços terapêuticos II Prof. Dr. José Egídio Paulo de Oliveira Pioglitazona - Uma nova opção no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 Profª. Dra. Helena Schmid Benefícios potenciais da pioglitazona Prof. Dr. José Egídio Paulo de Oliveira 14:00h às 18h:00 - Sala 331 Simpósio Nº 5 - Diabetes na criança e adolescente Prof. Dr. Sérgio Atala Dib Etiopatologia e classificação do diabetes na criança em idade escolar Prof. Dr. Sérgio Atala Dib Diabetes Tipo 2 em crianças, alarmante aumento a nível mundial Prof. Dr. Adolfo Peres Comas Tratamento medicamentoso Dra. Mônica Gabbay O Crescimento e desenvolvimento na criança com diabetes Profª. Dra. Angela S. Castro Complicações agudas Dra. Adriana Aparecida Siviero Miachom Complicações crônicas Dr. Paulo Cesarini 14:00h às 18h:00 - Sala 332 Simpósio Nº 6 - Laboratório em diabetes Prof. Dr. Adagmar Andriolo Monitorização da glicemia fora do laboratório Prof. Dr. Rogério Rabelo Controle de qualidade na dosagem de glicemia fora do laboratório Prof. Dr. Rogério Rabelo Diagnóstico laboratorial do paciente diabético Prof. Dr. Álvaro Pulchinelli Jr. Acompanhamento laboratorial do paciente diabético Prof. Dr. Adagmar Andriolo 14:00h às 18h:00 - Sala 332 Simpósio Nº 07 - Atuação da enfermagem Enfª. Paula Maria de Pascali Honório Programa de prevenção e controle do diabetes mellitus Profª. Drª. Enfª. Mônica Antar Gamba Consulta de enfermagem - Programa de atendimento Profª. Drª. Enfª. Odete de Oliveira Auto-monitorização - Princípios e adesão Enfª Paula Maria de Pascali Honório Insulinoterapia - Cuidados especiais Enfª Marcia Camargo Oliveira WorkShop: Insulinoterapia 14:00h às 18:00h - Sala 334 Simpósio Nº 8 - Nefropatia diabética Prof. Dr. Celso Amodeo História natural e avaliação clínica da hipertensão arterial na nefropatia diabética Dr. José Luiz Santelo Tratamento da Hipertensão e Nefropatia Diabética Dr. Luiz Sérgio Fonseca Azevedo É possível prevenir ou reverter a nefropatia diabética? Profª. Drª. Sandra Roberta Gouveia Ferreira Etiopatogenia da hipertensão arterial no diabetes Prof. Dr. Celso Amodeo 14:00h às 18:00h - Sala 531 SIMPÓSIO Nº 9 - Dificuldades no ATENDIMENTO DO DIABETES Prof. Dr. João Roberto de Sá Tratamento combinado dos antidiabéticos orais: Como e quando indicar Prof. Dr. João Roberto de Sá Prevenção e tratamento da polineuropatia diabética Profª. Drª. Helena Schmid Diagnósticos de complicações e orientações práticas Dr. Fábio Nasri Combinando insulinoterapia e antidiabéticos orais - Quando indicar e como Profª. Drª. Rosa Ferreira dos Santos Domingo 08/07 - 08:00h às 12h:00 Aud. Honório Álvares Penteado Simpósio Nº 10 - Atualidades em terapia nutricional do diabetes mellitus Profª. Nutr. Celeste Elvira Viggiano O Fenômeno de transição nutricional e incidência do diabetes melito tipo 2 Profª.Nutr. Celeste Elvira Viggiano Caracterização do consumo de adoçantes e produtos dietéticos por diabéticos Profª. Adriana Garcia Peloggia de Castro A contribuição do farelo de arroz no controle do diabetes Profª. Nutr. Rita de Cássia de Carvalho 08:00h às 12h:00 - Sala 131 Simpósio Nº 11 - Avanços terapêuticos no controle da hiperglicemia pós prandial Prof. Dr. Bernardo Leo Wachenberg A Importância do controle da hiperglicemia pósprandial Prof. Dr. Bernardo Leo Wachenberg Repaglinida: Controle flexível das 3 medidas glicêmicas Prof. Dr. Roberto Tadeu Barcelos Betti Nateglinida no tratamento da hiperglicemia pós prandial Palestrante: Prof. Dr. Bernardo Leo Wachenberg Acarbose: Novas ações e novas perspectivas de uso Prof. Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz 08:00h às 12h:00 - Sala 331 Simpósio Nº 12 - Avaliação e prevenção do pé em risco Prof. Dr. Domingos Augusto Malerbi Avaliação dos pés no diabetes e definição do pé em risco Prof. Dr. Mauro Semer O Atendimento do pé em risco no Brasil Dra. Hermelinda C. Pedrosa Úlcera neuropática: Avaliação de um programa de detecção e manejo do pé em risco Profª. Drª. Helena Schmid Orteses para prevenção das ulcerações Ortopedista Técnico Peter Kuhn 08:00h às 12h:00 - Sala 332 Simpósio Nº 13 - Dislipidemias e diabetes Prof. Dr. Simão A. Lottenberg Fisiopatologia das complicações macrovasculares Profa. Dra. Marisa Passarelli Considerações fisiopatológicas e diagnóstico das dislipidemias no paciente diabético Profa. Dra. Edna Regina Nakandakare Tratamento diet. da dislipidemia do diabético. Considerações sobre alimentos funcionais Profa. Dra. Nut. Ana Maria Pita Lottenberg Tratamento medicamentoso Prof. Dr. Marcelo Bertolani Diabetes Clínica 03 (2001) 206 08:00h às 12h:00 - Sala 333 16:00h às 18h:00 - Sala 131 Simpósio Nº 14 - Auto-monitorização Profa. Dra. Enfª Odete de Oliveira Interpretando os controles glicêmicos para melhor qualidade de vida Enfª Paula Maria de Pascali Honório Avaliação crítica dos testes -Glicemia - Glicosúria - Cetonúria Psico-Pedagoga Leda Márcia Pagnozzi Recentes lançamentos Enfª Nivia Aparecida Pissaia Sanches Workshop - Oficinas de demonstração 08:00h às 12h:00 - Sala 334 Simpósio Nº 19 - Avanços terapêuticos IV: Análogos de insulina Prof. Dr. Adolpho Milech Lispro Mix 25 - Considerações terapêuticas Prof. Dr. Adolpho Milech Insulina inalada Prof. Dr. José Egídio Paulo de Oliveira 14:00h às 18h:00 - Sala 331 Simpósio Nº 15 - Insuficiência renal: Diálises Dr. Adenauer Peres Diabetes e insuficiência renal crônica Prof. Dr. Miguel Riella Diálise no paciente diabético Prof. Dr. Miguel Riella Preparo do paciente com nefropatia diabética para o transplante renal Dr. Paulo Sérgio Luconi Resultados de transplante renal em pacientes diabéticos Dr. Paulo Sérgio Luconi Manejo do paciente diabético com insuficiência renal crônica Dr. Paulo Rossas Mota 08:00h às 12h:00 - Sala 531 Simpósio Nº 16 - Diabetes e a sexualidade Prof. Dr. Mauro Sancovski A Sexualidade na mulher com diabetes Psic. Ana Rosa Sancovski Gravidez e diabetes Prof. Dr. Mauro Sancovski Anticoncepção na mulher com diabetes Dr. Marcelo Ettruri Santos Climatério e menopausa Prof. Dr. Eliano Pellini Atividade física na mulher diabética na gravidez e no climatério Profª. Denise Rodrigues Amaral Disfunção erétil - Diagnostico e tratamentos atuais Dr. Paulo Roberto Teixeira Rodrigues 14:00h às 18:00h Aud. Conde Honório Álvares Penteado Simpósio Nº 17 - Obesidade e diabetes mellitus Prof. Dr. Amélio Fernando de Godoy Matos Epidemiologia, fatores ambientais e genética Dr. Daniel Diniz Gonçalves Lerário Diabetes mellitus tipo 2 e tecido adiposo - Causa Efeito Prof. Dr. Amélio Fernando de Godoy Matos Tratamento medicamentoso: Análise crítica Prof. Dr. Márcio Corrêa Mancini Abordagem nutricional Profª. Drª. Nutr. Ana Maria Pita Lottenberg 14:00h às 16h:00 - Sala 131 Simpósio Nº 18 - Avanços terapêuticos III: Insulina glargina, o alicerce da terapia do DM 1 e 2 Prof. Dr. Marcos Tambascia Perspectivas com a Insulina Glargina e seu perfil de ação Prof. Dr. Marcos Tambascia Terapia Combinada: Quando e como Prof. Dr. José Egídio Paulo de Oliveira Simpósio Nº 20 - Tratamento do pé diabético Dr. Roberto Tadeu Barcelos Betti Cirurgia profilática Dr. Renato Mazagão Tratamento ortopédico Prof. Dr. Osni Salomão Reconstrução vascular e angioplastia Prof. Dr. David Spichler Reabilitação Profª. Drª. Marta Imamura 14:00h às 18h:00 - Sala 332 Simpósio Nº 21 - Educação Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho Conceituação básica Profª. Drª. Enf. Sonia Aurora Alves Grossi Por que educar ? Profª. Drª. Enf. Odete de Oliveira Educação em diabetes, currículo modelo para treinamento de educadores Prof. Dr. MD. Phd. Face Adolfo Peres Comas Aderência ao tratamento Profª. Drª. Maria Lúcia Zanetti Educação em diabetes: A grande surpresa do século XXI Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho 14:00h às 18h:00 - Sala 333 Simpósio Nº 22 - O Diabético hospitalizado Prof. Dr. Orsine Valente Urgências metabólicas: Cetoacidose - Hiperosmolaridade Prof. Dr. Orsine Valente Controle metabólico pré, intra e pós-operatório Dra. Ana Tereza Santo Mauro Cirurgia bariátrica no diabético obeso mórbido Prof. Dr. Marcelo Roque de Oliveira Infecções e imunizações em portadores de diabetes Prof. Dr. Vicente Amato Neto 14:00h às 18h:00 - Sala 334 Simpósio Nº 23 - Transplante de pâncreas - A cura do diabetes Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Transplante de ilhotas: Estado atual Prof. Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz Processos laboratoriais do transplante de ilhotas Dr. Carlos Alberto Mayor Aita O Transplante de pâncreas: As cirurgias e riscos intra e pós-operatórios Dr. Pedro Luis Bertevello Seguimento pós-operatório tardio: Sucesso e dificuldades Dra. Anita Leme da Rocha Saldanha 14:00h às 18h:00 - Sala 531 Simpósio Nº 24 - Doença cardiovascular no diabetes Prof. Dr. Antônio Carlos Lerário Doença coronariana: Epidemiologia e fisiologia Prof. Dr. Antônio Carlos Lerário Doença coronariana: Avaliação crítica e indicação dos métodos diagnósticos Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Oliveira Angioplastias e revascularização do miocárdio Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Oliveira Doença vascular periférica: Diagnóstico clínico e laboratorial Prof. Dr. Bonno Van Bellem Doença vascular periférica: tratamento cirúrgico Prof. Dr. Bonno Van Bellen Segunda-Feira 09/07 - 08:00h às 12:00h Aud. Honório Álvares Penteado Simpósio Nº 25 - Marketing e Comunicação em Nutrição Nutr. Marcia Terra Informação nutricional - Novas regras de rotulagem Nutr. Eliane Miyasaki Comunicação virtual em nutrição - Tendências em hábitos alimentares Nutr. Márcia Terra Alimentos Diet no dia a dia do diabético - Cardápios Nutr. Flora Spolidoro A piramide alimentar do brasil - tabela das porções alimentares do Ministério da Saúde Dra. Sônia Tucunduva Philippi Mitos e fatos em alimentação (funcionais) influência nos índices glicêmicos e lipídicos Profª. Drª. Silvia Yokoyama 08:00h às 12:00h - Sala 131 Simpósio Nº 26 - Educação nutricional em diabetes mellitus Profª. Nutr. Celeste Elvira Viggiano Conceitos e Princípios básicos da educação nutricional em diabetes Profª. Nutr. Celeste Elvira Viggiano Técnicas didáticas usadas em educação em Diabetes Nutr. Gisele Rossi Govêia Vivência de oficinas de nutrição - salas 531 a 535 - Bloco A Equipe do GEND 08:00h às 12:00h - Sala 331 Simpósio Nº 27 - Aspectos psicológicos do paciente diabético - Experiência da ANAD Profª. Drª. Psic. Maria Geralda V. Heleno Psicodrama “relação profissional com paciente” Psic. Ada Verônica da Silva Maciel e Psic. Magda Aparecida Passos Psicodinamicas do paciente diabético na infância, adolescencia, adulto e 3ª idade Psic. Ada Verônica da Silva Maciel Casos Clínicos - Atuação ANAD Psic. Magda Aparecida Passos 08:00h às 12:00h - Sala 332 Simpósio Nº 28 - Oftalmopatias Prof. Dr. Rubens Belfort Filho Alterações oculares no diabetes Dr. Paulo Henrique Morales Retinopatia diabética Profª. Dra. Juliana Moraes Ferraz Sallun Novos Tratamentos Prof. Dr. Jorge Mitre Repercussões oculares do tratamento sistêmico do diabetes Dr. João Roberto de Sá Epidemiologia e Atendimento Público Dr. Paulo Henrique Morales Diabetes Clínica 03 (2001) 08:00h às 12:00h - Sala 333 Simpósio Nº 29 - Sistema de infusão contínua de insulina / hipoglicemias Dra. Karla Mello Casos clínicos antes e após bomba: Resultados Dra. Karla Mello Contagem de carboidratos na terapia de bomba de insulina Nutr. Heloísa Ferraz Cid WorkShop: Demonstração Prática Hipoglicemia não diabética do adulto: Diagnóstico diferencial e tratamento Prof. Dr. Orsine Valente Hipoglicemia em diabéticos : Manuseio Cínico Prof. Dr. Orsine Valente 08:00h às 12:00h - Sala 334 Simpósio Nº 30 - Exercícios em condições especiais Prof. Dr. Carlos Eduardo Negrão Efeito Agudo do exercício em condições especiais Prof. Dr. Paulo Rizzo Ramires Exercício para o diabético obeso Profª. Ms. Ivani Credídio Trombeta Exercício para o diabético hipertenso Profª. Dra. Maria Urbana P. Brandão Rondon Exercício na presença de disfunção neurovascular Dra. Maria Janiere N. Nunes Alves Exercício na presença de complicações microvasculares Profª. Denise de Oliveira Alonso 08:00h às 12:00h - Sala 531 Simpósio Nº 31 - Abordagem odontologica Drª. Ana Míriam Gebara Carboni Responsabilidade do cirurgião dentista no tratamento do paciente diabético Drª. Ana Míriam Gebara Carboni Avaliação médica e odontológica do paciente diabético Dr. Luis Antônio Cherubini Carvalho Diagnóstico e tratamento das principais lesões orais do diabetes mellitus Drª. Karem Lopez Ortega Avaliação clínica do paciente diabético: Anamnese e exames complementares Importantes em Diabetes Mellitus Dr. Walmyr Ribeiro Mello Infecção e medicação - Focos agudos e crônicos odontológicos em diabetes mellitus Prof. Dr. Jayro Guimarães Júnior 14:00h às 18h:00 Aud. Honório Alvares Penteado Simpósio Nº 32 - Terapia nutricional nas complicações do DM. Prof. Nutr. Celeste Elvira Viggiano Terapia nutricional em hipertensão arterial e cardiopatias Nutr. Ana Lucia Chaloub Terapia nutricional nas dislipidemias Prof. Dra. Nutr. Ana Maria Pita Lottenberg Terapia nutricional na nefropatia diabética Profª. Nutr. Carla Maria Avesani O paciente diabético em uso de terapia nutricional parenteral e enteral Nutr. Viviane Chaer Borges O paciente diabético em atividade física: Como evitar e tratar a hipoglicemia Nutr. Lisia Khiel 14:00h às 18h:00 - Sala 131 Simpósio Nº 33 - REUNIÃO FENAD Presidente: Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho International Diabetes Federation - SACA: Objetivos e atuação Prof. Dr.Adolfo Peres Comas Principais atuações da FENAD - (IDF - Ministério da Saúde - Insulinas) Palestrante: Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Projeto de Lei nº 10782/2000: De atenção integral aos portadores de diabetes Implementação no Estado de São Paulo Dr. José da Silva Guedes Apresentação de resultados dos comitês assessores Manifestação dos presidentes de associações 14:00h às 18h:00´ - Sala 331 Simpósio Nº 34 - A Psicologia contribuindo no controle metabólico do diabético Psic. Roseli Grimaldi Psiquiatria dinâmica: um suporte para o paciente diabético Dr. Elko P. Perissinotti Aspectos sócio-psico-somáticos de uma amostra de pacientes diabéticos tipo 2 Profª. Dra. Psic. Maria Geralda V. Heleno O diabético e seu corpo Terapeuta Corporal Meireluci Costa Ribeiro Terapia adaptativa da criança diabética Psic. Maristela Bittar C. Cancellieri Atuação do psicólogo hospitalar Psic. Terezinha Marin Di Biaggi 207 14:00h às 18h:00 - Sala 332 Simpósio Nº 35 - Atividade física e diabetes Dr. Mário Maia Bracco Agita São Paulo - Agita Brasil: A importância do exercício Prof. Dr. Victor Keihan Rodrigues Matsudo Introduzindo a atividade física no tratamento do DM Prof. Cláudio Cancellieri Avaliação e prescrição do exercício no DM 1 e 2 Prof. Willian Komatsu Atividade física na gestante Profª. Denise Rodrigues Amaral Programa de exercícios : da Aula de Educação Física ao Esporte Profª. Denise Maria Martins 14:00h às 18h:00 - Sala 333 Simpósio Nº 36 - Terapias complementares Dr. Roberto Piesco O reconhecimento de estrutura molecular semelhante à insulina em plantas Prof. Dr. José Xavier Filho O uso do GH em diabéticos idosos Prof. Dr. Rogério Francisco Corrêa de Oliveira Terapêutica biomolecular do diabetes Prof. Dr. José de Felipe Jr. Tratamento homeopático do diabético Dr. Fernando Bignardi Reabilitação aplicada ao diabetes mellitus Ft.Giulliano Gardenghi 14:00h às 18:00h - Sala 334 Simpósio Nº 37 - Genética e diabetes Prof. Dr. Horácio Bernardo Rosário O Projeto Genoma Prof. Dr. Daniel Giannella Neto Diabetes e o genoma Dra. Maria Lúcia C. Corrêa Giannella Marcadores imunogenéticos e diabetes mellitus Dra. Maria Elizabeth Rossi da Silva Genética do diabetes tipo Mody Dr. André Fernandes Reis 14:00h às 18h:00 - Sala 531 Simpósio Nº 38 - Complicações odontológicas Drª. Ana Míriam Gebara Carboni Doença periodontal :Avaliação e tratamento Dra. Erica K. J. Miglionati Ortopedia e ortodontia em D.M. Dr. Luis Carlos Arias Araújo Cirurgia e implantes em D.M. Dr. João Miguel Falqueiro Urgência e emergências do paciente diabético Drª. Ana Míriam Gebara Carboni 208 Normas de publicação A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao diabetes. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997;336(4):309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Po- wer-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. 209 PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto a mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos os artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavraschave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, Telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise) - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos) - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavraschave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Referências As referências bibliográficas devem ser numeradas e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.46578. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Zavala AV, Braver D. Semiologia do Pé – Prevenção e tratamento do pé diabético. Diabetes Clínica 2000; 4:137144. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ tel: (21) 2244-6471 E-mail: [email protected] Assine Diabetes Clínica Assine Diabetes Clínica por R$ 60,00 (6 edições + 1 CD-ROM) e mantenhase bem informado sobre o que acontece de mais importante em sua área. Preencha o pedido abaixo, e envie por correio ou fax. Você receberá em seu endereço um boleto de cobrança, e, após uma semana, sua publicação. Ap Nome: __________________________________________________________ r vis oveit ta e Profissão: _______________________________________________________ sob com e ass 75, re o desc ine s 0 200 0 a p valor onto d ua reEspecialidade: ____________________________________________________ CD 1) e artir d norm e 20% al -RO ain e Endereço: _______________________________________________________ M d da g Ago (R$ rior as e aran sto d e t d es CEP: ___________________________________________________________ (3 ições a seu ano s) anteCidade: _________________________________________________________ Estado: _________________________________________________________ E-Mail __________________________________________________________ Se preferir fazer um depósito bancario, use os dados seguintes: Banco Itaú - agência 0030 - conta 45696-6 - titular: ATMC e mande o comprovante por fax com seu endereço para (21) 2244-6471 Qualquer informação: Jean-Louis Peytavin Tel: (21) 2244-6471, E-mail: [email protected] Atlantica Atlantica Editora Editora Av. Av. Atlantica, Atlantica, 604 604 // 1102 1102 -- Copacabana Copacabana -- Rio Rio de de Janeiro Janeiro -- RJ RJ -- 22010-010 22010-010 -Telefax: Telefax: (21) (21) 244-6471 244-6471 Diabetes Clínica 03 (2001) 211 Calendário de Eventos Julho de 2001 6 a 10 de julho Local Organising Committee of The Pediatric Endocrinology 2001 Montreal, Quebec, Canadá. Tel: (514) 398 3770 E-mail: [email protected] Site: www.med.mcgill.ca/pedendo 7 a 9 de julho 6o Congresso brasileiro multiprofissional em diabetes 6a Exposição nacional de produtos e alimentos para o diabético Fundacão Álvares Penteado, Av Liberdade, 532 São Paulo, SP Informações: ANAD Tel: (11) 5572-6559 www.anad.org.br Agosto de 2001 4 de agosto Jornada Bahiana de Endocrinologia do Hospital Roberto Santos Salvador, BA Informações: Associação Bahiana de medicina Tel/fax: (71) 331 9666 E-mail: [email protected] 16 a 19 de agosto IXo Congresso brasileiro de obesidade Hotel Bourbon, Foz de Iguaçu, PR Organização: ABESO Informações: (41) 342 7175 www.abeso.org.br 23 a 25 de agosto VIo Congresso Brasileiro de Nutrologia IIIo Fórun de nutrição IIa Conferência sobre obesidade Centro de convenções Rebouças, São Paulo, SP Informações: Associação brasileira de nutrição Tel: (17) 523-9732 Fax: (17) 523-3645 E-mail: [email protected] Setembro de 2001 9 a 13 de setembro 37th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2001 Glasgow, Escócia Informações: Concorde Services Ltd $b, 50, Speirs Wharf, Port Dundas Glasgow, G4 9TB UK Tel +44 141 331 0123 E-mail: [email protected] Outubro de 2001 3 a 6 de outubro Avanços no diagnóstico e terapêutica das doenças neuroendócrinas Hospital Brigadeiro, São Paulo SP Informações: Serviço de Endocrinologia Hospital Brigadeiro Tel: (11) 3846-3272/3846-3273 Sra Marilene E-mail: [email protected] 4 a 6 de outubro IIo Congresso Internacional de Nutrição, Alimentação e Tecnologia - CINAT Centro de Convenções São Camilo, São Paulo SP Informações: SINESP (11) 3277-8422/8291, 278 7144 www.sindicatonutricionistas.com.br Diabetes Club Todas as 2as quarta-feira de cada mês Auditório Vivali Editora Rua Cotoxó, 841 Sumaré – São Paulo SP Tel: (11) 3672-2033 / 3864-6852 Organização: Prof. Dr. Daniel Giannella Neto Equipe Médica de Diabetes LIM-25/HCFMUSP Av.Dr. Arnaldo, 455, sala 4305 01246-903 São Paulo SP Tel/fax: (11)3066-7467 Confirmar presença pelo e-mail: [email protected] As aulas podem ser assistidas em sua integra no endereço: www.topmedical.com.br/diabetes club/index.htm Diabetes Clínica 03 (2001) 212 7 a 10 de outubro Clinical Endocrinology Update 2001 Fairmont Hotel, Chicago, Illinois, EUA Informações: The Endocrine Society Tel: 1 (301) 941 0226 www.endo-society.org/scimeetings/ceu.cfm 10 a 14 de outubro XIIIo Congresso brasileiro de diabetes Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro, RJ Informações: JZCongressos Tel: (21) 286-2846/537-9134 E-mail: [email protected] 21 a 24 de outubro XIVo Congresso brasileiro de nutrição parenteral e enteral VIIo Congresso latino americano de nutrição parenteral e enteral IIo Congresso brasileiro de nutrição clínica Salvador, BA Informações: Eventus System Tel: (71) 264-3477 Fax: (71) 264-0508 E-mail: [email protected] 25 a 27 de outubro IIo Congresso Internacional de metabolismo ósseo e mineral Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro RJ Informações: Tempo Eventos Assessoria Tel/Fax: (21) 2235-0997 E-mail: [email protected] Novembro de 2001 11 a 15 de novembro XIo Congresso ALAD – Association latinoamericana de diabetes IIIo Congresso Uruguaio de Diabetologia Punta del Este, Uruguai Informações: personas SRL, Av. 8 de octubre 2323, of. 305, Montevideo, Uruguai Tel: (5982) 408-1015/408-2951 E-mail: [email protected] 15 a 18 de novembro XIIIo Curso nacional de atualização em endocrinologia e metabologia Gramado, RS Organizacão: SBEM regional RS www.vjs.com.br Tel: (51) 330 1134 E-mail: [email protected] Dezembro de 2001 1 a 3 de dezembro IIo Encontro paranaense de Endocrinologia Informações: (41) 342-1415 Ramal 213 e 214 (Fax) E-mail: [email protected] Março de 2002 6 a 9 de março 5th International Symposium on Clinical Advances in Osteoporosis Informações: National osteoporosis Foundation Tel: 1 (202) 223 2226 E-mail: [email protected] Maio de 2002 4 a 7 de maio 5th International Diabetes Federation Western Pacific Region Congress Pequim, China Informacões +86 10 6527-8803 Fax +86 10 6512-3754 E-mail: [email protected] Junho de 2002 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, California Informacões: www.diabetes.org Agosto de 2002 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity São Paulo, SP Informações: Abeso Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 Setembro de 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Budapest 5, POB 741 Hungary 1365 Tel: +36 1 269 5883 E-mail: [email protected] Fevereiro de 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] Agosto de 2003 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: www.idf.org Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº 4 - 2001) EDITORIAL Bem-vindo ao XIIIo Congresso Brasileiro de Diabetes no Rio de Janeiro, Marília de Brito Gomes .................................................................................................................................. 215 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................... 216 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................... 231 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................... 238 PRODUTOS E NOVIDADES One Touch Basic Plus (Lifescan), InDuo (Novo Nordisk), massa de soja Soj & Tal (Beijing Brasil) .......... 247 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ................................................................................... 252 AMERICAN DIABETES ASSOCIATION ANO 2001 Recomendações para os portadores de diabetes mellitus ............................................................................... 258 ARTIGOS CIENTÍFICOS Protegendo o endotélio vascular de pacientes diabéticos com aspirina – Parte 1, Freddy Goldberg Eliaschewitz, Ana Carla Goldberg, Christiani Adão Poço ............................................... 263 Proposta de pirâmide alimentar para o diabético, Celeste Elvira Viggiano ................................................... 278 FICHAS PRÁTICAS A resistência à insulina ................................................................................................................................... 281 CALENDÁRIO DE EVENTOS .................................................................................................................. 283 Assine a revista Diabetes Clínica e receba um CD-ROM com as edições anteriores. 213 214 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldbert Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] Marketing Maurício Galvão Costa Anderson ATMC - Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2244-6471 I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 215 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL Bem-vindo ao XIIIo Congresso Brasileiro de Diabetes no Rio de Janeiro Marília de Brito Gomes Em apoio ao XIIIo Congresso Brasileiro de Diabetes da SBD, que se realizará na cidade de Rio de Janeiro, convidamos a presidente do Congresso, Profa. Dra. Marília Gomes de Brito, para escrever o editorial deste número de Diabetes Clínica – Fadlo Fraige Filho Profa. Dra. Marília de Brito Gomes Presidente do XIIIo Congresso Brasileiro de Diabetes Profa. Adj. de Endocrinologia da UERJ, Clínica de Diabetes e Obesidade, Rio de Janeiro Antes de completarmos o primeiro ano do novo século e milênio, iremos realizar o XIIIo Congresso Brasileiro de Diabetes, o IXo Encontro de Educação e o IIo Encontro de Diabéticos e seus familiares no período de 10 a 14 de outubro de 2001. Para tal, a cidade de Rio de Janeiro se prepara com muito empenho para receber nossos colegas, demais profissionais da área de saúde e diabéticos de todo o Brasil. Ao longo deste século, muito foram as conquistas realizadas pela Medicina no tocante ao esclarecimento e tratamento do diabetes. A descoberta da insulina, ao permitir uma maior sobrevida ao paciente, permitiu o aprofundamento de estudos sobre a etiopatogenia e fisiopatologia da doença, iniciando-se uma nova era na especialidade. Se voltássemos ao passado e pudéssemos entrevistar Banting e Best, tenho certeza que, naquela época, estes dois pesquisadores imaginariam ter resolvido quase todos os problemas relacionados à doença. Entretanto, chegamos ao século XXI com muitos desafios a vencer. Um dos mais importante será deter o aumento universal da doença. Estudo da OMS, publicado em 1998, demonstrou que, de 1995 a 2005, haverá um aumento de 35% na prevalência mundial do Diabetes de tipo 2, sendo 300 milhões o total estimado de diabéticos. Devido ao maior aumento populacional nos países em desenvolvimento, estes terão o maior contingente de pessoas adultas diabéticas. Calcula-se que 75% dos diabéticos do mundo, isto é 228 milhões, viverão nestes países. Estes dados apontam para uma epidemia de doença ainda nos primeiros anos deste século, principalmente nas populações dos países em desenvolvimento. A maioria destes, por não possuírem Sistema de Saúde eficaz no que diz respeito à detecção precoce e fornecimento de todos os medicamentos e demais itens necessários para um tratamento adequado, terão na doença um problema de saúde pública de difícil solução a médio prazo. No que diz respeito ao Brasil, dados da OMS estimam um contingente de 11,603 milhões de diabéticos. Teremos, como outros desafios, diminuir a mortalidade cardiovascular, não só através do controle glicêmico eficaz, mas também da dislipidemia, da pressão arterial sistêmica e do peso corporal, da mortalidade por cetoacidose diabética que ainda atinge um grande contingente de pacientes com diabetes tipo 1 no nosso meio, do número de amputações de membros inferiores e as complicações renais, oftalmológicas e neurológicas. Para atingirmos estas metas prioritárias, é necessário aliarmos o conhecimento científico com a prática diária de nossa especialidade e também cobrarmos, do Sistema de Saúde vigente, ações mais diretas e eficazes. E é objetivando estes importantes aspectos que a Comissão Organizadora e Científica destes eventos vem trabalhando sistematicamente na elaboração de um programa que satisfaça a todos. Vamos priorizar dados da nossa população. Teremos o Consenso Brasileiro do Pé Diabético coordenado por seu grupo. Vamos incentivar a apresentação dos trabalhos em posters com visita e discussão por um membro da Comissão Científica. Lembre-se de nosso compromisso: 10 a 14 de outubro de 2001, RioCentro, Rio de Janeiro. 216 Diabetes Clínica 04 (2001) Informes do Diabetes no Mundo Linda Siminerio, diretora do Instituto de diabetes da Universidade de Pittsburgh, EUA, vice-presidente da IDF, Diabetes Voice 2001;46, março de 2001 México: A educação em diabetes em destaque Mary Sogayar, 6o Congresso Multidisciplinar em diabetes, São Paulo, 7 de julho de 2001 Isolamento de ilhotas pancreáticas humanas em São Paulo A ciência tem provado que o bom controle do diabetes é benéfico. Dois grandes estudos clínicos, o controle do diabetes e suas complicações (DCCT) nos Estados Unidos e o Estudo Prospectivo do Reino Unido (UKPDS) demonstraram a importância de manter controlada a taxa de açúcar no sangue na prevenção das complicações nos dois tipos de diabetes. Embora os estudos tenham mostrado claramente a necessidade de manter a glicose controlada, os resultados ainda são pobres nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A transferência para a prática clínica é pobre e reconhecemos que nossos métodos tradicionais não têm funcionado. Novos acessos que incluem educação ao público, aos profissionais de saúde e das pessoas portadores de diabetes precisam ser implantados. Autocontrole e colaboração são hoje as palavras-chave. Torna-se cada vez mais claro que a pessoa com diabetes assume diariamente decisões sobre seu controle e seu cuidado, sem a orientação do profissional de saúde. Temos uma mudança no paradigma entre o acesso paternalístico, e, do companheirismo e do time. Os modelos de cuidados agudos que são mais familiares não são aplicáveis para trabalhar com aqueles que têm doenças crônicas como o diabetes. Dados os conhecimentos e as mudanças nas perspectivas, não está tão longe para que os líderes de diabetes continuem a “pregar o coro”. Aqueles interessados em promover a educação em diabetes, boa nutrição e atenção às necessidades psicossociais da pessoa portadora de diabetes e de sua família, precisam obter a atenção de líderes de governo e de fontes potenciais para o apoio financeiro. Papéis importantes dos educadores de todas as disciplinas – enfermeiras, nutricionistas, físicos, estudiosos do comportamento, farmacêuticos, etc – precisam ser reconhecidos. Há cerca de 7 anos, a Coordenadora do Laboratório de Biologia Celular e Molecular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, foi contatada pelo Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz para considerar a possibilidade de isolar ilhotas pancreáticas para efeito de transplante e reversão do diabetes. Durante cerca de 3 anos (1994-97), um grande esforço foi feito no sentido de padronizar o procedimento utilizando pâncreas canino, mas, a partir de 1997, decidiu-se utilizar pâncreas humano de doadores cadavéricos. Informes do Diabetes no Mundo / Diabetes Clínica 04 (2001) 217 Continuação Uma equipe multidisciplinar, composta de médicos clínicos e cirurgiões e de pesquisadores da área básica, foi montada, sob a coordenação geral do Dr. Freddy Eliaschewitz, para organizar a captação, o processamento, a purificação e criopreservação de ilhotas pancreáticas humanas e, ainda, para contribuir para a formação de pessoal qualificado para enfrentar este desafio. Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, foi possível montar a Unidade de Ilhotas Pancreáticas Humanas, numa área de 70 m2, anexa ao laboratório de Biologia Celular e Molecular. Atualmente, a Unidade de Ilhotas está totalmente equipada e a equipe de médicos e pesquisadores, vem trabalhando de maneira extremamente coordenada para atingir seus objetivos no menor prazo possível. Além do processamento de pâncreas humanos, para obtenção de ilhotas, a equipe tem desenvolvido diversos projetos de ciência básica e, também, de natureza mais tecnológica. Assim, nossos alunos de doutorado e de pós-doutorado utilizam as ilhotas pancreáticas humanas preparadas, para: Buscar genes marcadores das atividades mitogênica/proliferativa de glicose e prolactina: Isolar marcadores tumorais de insulinoma, tumores pancreáticos que produzem insulina em excesso; Preparar e desenvolver cápsulas de materiais biocompatíveis, como, por exemplo, o alginato, para envolver as ilhotas, isolando-as das células do sistema imune (mas, infelizmente, não dos fatores protéicos que desencadeiam a rejeição do implante); Buscar novas condições e materiais que propiciem a sobrevivência e/ou multiplicação das ilhotas in vitro antes de partir para o implante. Espera-se que este enorme esforço conjunto, contando, inclusive com colaboradores estrangeiros, permita atingir nossos objetivos. Lawrence A. Lavery et al., Archives of Physical Medicine and Rehabilation 2001; 82:721-724 Estímulo elétrico melhora cicatrização de úlceras em pé diabético Pesquisadores da University of Texas Health Sciences Center, em San Antonio, mostraram que, em conjunto com medidas posturais e cuidados locais, a corrente galvânica pulsada e de alta voltagem parece aumentar a cicatrização de úlceras em pé diabético. O estudo descreve o Micro-Z, instrumento de 5,5 x 6 cm que libera a corrente elétrica em nível sub-sensorial via microcomputador para meia confeccionada em prata e nylon. O Micro-Z difere dos instrumentos tradicionais de estímulo elétrico trans-cutâneo, uma vez que oferece corrente de alta freqüência e penetra nos tecidos mais profundamente. Foram tratados 40 pacientes com úlceras não infectadas já abordadas com debridamento, gel de colágeno, medidas anti-pressão e curativos duas vezes ao dia. Os pacientes foram randomizados para receber estímulo elétrico ou placebo. Durante oito horas por noite, o aparelho era programado para oferecer repetidas doses de 50V, com 80 pulsos monofásicos por segundo por dez minutos, seguidos de dez minutos de oito pulsos por segundo e então 40 minutos de repouso. As úlceras cicatrizaram em 13 pacientes tratados com estímulos elétricos e em 7 pacientes tratados com placebo, em período de 12 semanas de observação. A diferença na área seccional das úlceras foi de 86,2% no grupo tratado e de 71,4% no grupo controle. Os autores esclarecem que o estímulo elétrico não acelera a cicatrização, mas trata proporção maior de úlceras. O tratamento já vem sendo usado por quatro anos e, segundo os autores, oferece aos pacientes o estímulo metabólico que talvez faltasse à cicatrização. Além 218 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação disso, o tratamento parece ser boa opção para os pacientes com doença vascular e impossibilidade de revascularização por doença sistêmica grave ou ausência de circulação viável no pé. Trevor Orcard et al., Diabetes Care, junho de 2001 Novos objetivos de pressão sanguínea e colesterol propostos para o diabetes de tipo 1 Por razões não completamente óbvias, os pacientes portadores de diabetes de tipo 1 apresentam duas vezes mais riscos de doença cardiovascular do que os indivíduos não portadores de diabetes, e não existem recomendações para estabelecer objetivos para estes dois importantes fatores de risco para as complicações da doença – lípides e pressão sanguínea, segundo Trevor Orchard, University of Pittsburgh. O estudo seu mostra que os pacientes portadores de diabetes de tipo 1 devem controlar com muito cuidado esses dois fatores de risco, com objetivos até mais rigorosos que os usados nos pacientes portadores de doença cardiovascular. Os pesquisadores baseiam a análise sobre os dados do Pittsburgh Epidemiology of Diabetes Complications Study (EDC), estudo prospectivo de 10 anos que observou 589 pacientes adultos portadores de diabetes tipo 1 desde a infância. Os pacientes tinham em média um histórico de diabetes de 20 anos. A equipe notou a pressão sanguínea dos pacientes, os níveis de HDL e LDL colesterol, triglicérides e as datas de falecimento, ou de desenvolvimento de doença arterial coronariana ou microvascular. Baseando-se sobre esses resultados, os pesquisadores sugerem os seguintes níveis para os homens e mulheres de 18-55 anos portadores de diabetes de tipo 1: LDL colesterol < 100mg/dl; HDL colesterol > 45 mg/dl; triglicérides < 150 mg/dl; pressão sanguínea < 120/80. As recomendações da American Diabetes Association e do National Cholesterol Education Program são geralmente utilizadas pelo diabetes de tipo 2, segundo o Dr. Orchard. A escolha de objetivos é mais complexa para os pacientes portadores de diabetes de tipo 1, porque a ocorrência de complicações microvasculares é maior e é ligada aos níveis dos lípides e da pressão sanguínea. Complicações adicionais são ligadas à relação entre a doença renal e a doença arterial coronariana nesses pacientes. Durante o período de dez anos do estudo, 67 pacientes morreram, 105 desenvolveram doença arterial coronariana, 92 apresentaram doença arterial dos membros inferiores, 52 uma nefropatia, 120 uma polineuropatia distal simétrica e 148 uma retinopatia proliferativa. Deise L. Faustman et al., Journal of Clinical Investigation 2001;108:63-72. Restauração da função da célula β em modelo de diabetes de tipo 1 Estudos sobre o diabetes auto-imune em modelo de rato mostraram que a auto-imunidade dirigida à célula β pode ser revertida e a função da ilhota pancreática restaurada, segundo a pesquisa realizada pela Dra. Denise L. Faustman, Harvard Medical School. Ratos diabéticos foram tratados com o adjuvante completa de Freund (CFA) para induzir a expressão do fator de necrose tumoral TNF-α. O objetivo era de eliminar as células T auto-reativas. Muitos pacientes diagnosticados como portadores de diabetes de tipo 1 continuem produzir auto-anticorpos durante anos, embora que o tecido já desapareceu. A hipótese é que o pâncreas do diabético está tentando se regenerar, mas com o sistema imune errado. Os pesquisadores observaram, após o apoptose das células T auto-reativas induzido pelo TNF-α, a reaparição de uma função endógena celular β nas ilhotas pancreáticas. Os pesquisadores Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) 219 Continuação aplicaram células esplênicas de doadores aos ratos para “reeducar” as células imunes aos próprios antígenos e impedir a destruição das células regeneradas de ilhotas. Esta reeducação resultou no estabelecimento de uma tolerância a longo prazo, como demonstrado pela eliminação da hiperglicemia e da insulite. Segundo os pesquisadores, estudos em pacientes portadores de diabetes de tipo 1 serão possíveis no final de 2002. Greg Arsenis et al., 83rd Annual Meeting of the Endocrine Society, Denver, Colorado, 21 e 22 de junho de 2001 Baixa dieta em proteínas animais melhora a glicose sanguínea em pacientes diabéticos de tipo 2 83rd Annual Meeting of the Endocrine Society, Denver, Colorado, 21 e 22 de junho de 2001 Exercício melhora a saúde física e mental em pacientes portadores de diabetes, câncer da mama, tal como em adultos saudáveis Os pacientes diabéticos de tipo 2 que diminuem a ingestão de proteína animal e de açúcar podem melhorar significativamente o perfil lipídico e diminuir os níveis de HbA1c. Os pesquisadores observaram 51 pacientes portadores de diabetes de tipo 2 que não foram bem tratados por doses de hipoglicemiantes orais e/ou insulina. A ingestão de proteína animal foi reduzida de 2 a 3 vezes ao dia para 1 vez cada dois dias durante 6 meses, substituindo-as por quantidades equivalentes de proteína vegetal. Os açucares foram eliminados, mas a dieta calórica ficou estável para prevenir a perda de peso. Dentre os 31 pacientes que permaneceram na dieta, o valor do HbA1c diminuiu significativamente em 30% (de uma média de 10 para 7%). O colesterol total diminuiu em 30%, as triglicérides em 60%; o LDL colesterol diminui em 35% e o HDL colesterol aumentou em 10%. Dentre os 20 pacientes que não observaram a dieta, 6 fizeram uma dieta de baixa caloria e perderam peso, e 14 escolheram trocar a carne vermelha para peixe, mas o perfil lipídico não melhorou. Três dos pacientes que fizeram a dieta prescrita diminuíram a dose de insulina em 50%, 2 pacientes interromperam a insulina, 4 pacientes pararam os hipoglicemiantes orais e 6 interromperam um ou dois remédios hipolipemiantes. Segundo o Dr. Arsenis, a proteína animal contém aminoácidos essenciais que estimulam a secreção de insulina pancreática. O aumento da insulina aumenta os níveis de adrenalina, o que pode induzir a resistência à insulina, segundo ele. O Dr Arsenis sugere que este tipo de dieta pode ajudar em prevenir a desenvolvimento do diabetes de tipo 2 Dois estudos mostraram que o exercício melhora o bem-estar psicológico e a função imune em pacientes portadoras de câncer da mama e melhora o controle da glicose sanguínea, os níveis de HDL-colesterol e a composição corporal em pacientes portadores de diabetes de tipo 2. Um terceiro estudo forneceu evidências de mudanças substanciais em metabolismo da glicose e respostas hormonais em homens saudáveis durante o exercício. No primeiro estudo, os pesquisadores mostraram que um programa controlado de exercícios aumenta os níveis de HDL colesterol e melhora o controle dos níveis de glicose sanguínea em diabéticos de tipo 2. 18 pacientes com sobrepeso moderado e diabetes de tipo 2 mal controlado foram divididos em 2 grupos. Os pacientes participaram de um programa de exercícios controlado ou não controlado 4 vezes/ semana durante meses. Segundo os resultados, os pacientes do grupo controlado mostraram uma melhora significativa da composição corporal e do perfil lipídico, quando comparado com o grupo não controlado. 222 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação Outro estudo da Universidade de Chicago mostrou que os níveis da glicose e vários hormônios essenciais para entender a resposta do corpo ao exercício variam em função do momento do dia no qual o exercício está efetuado. 40 homens saudáveis entre 20 e 30 anos foram divididos em 5 grupos – um grupo controle que não realizou exercícios e 4 grupos que efetuaram exercícios vigorosos durante uma hora, seja de manhã, à tarde, no final da tarde ou à noite. Os pesquisadores encontraram diminuições mínimas dos níveis da glicose quando o exercício ocorreu de manhã, à tarde ou no final da tarde, e acharam diminuições significativas quando o indivíduo faz exercícios à noite. Ao contrario, o hormônio de crescimento aumenta significativamente com o exercício a qualquer hora do dia. Um estudo alemão investigou os efeitos do exercício sobre o sistema imune de 49 pacientes portadores de câncer da mama. Durante o estudo, 24 mulheres fizeram exercícios 5 vezes/semana em um programa de reabilitação. Depois, elas continuaram o treinamento 3 vezes/semana durante três meses. Outro grupo de 25 mulheres foi usado como grupo controle. Amostras de sangue foram recolhidas no início do tratamento, após tratamento e seis meses após tratamento para determinar a função imune. Os pesquisadores acharam que o exercício moderado re-estabiliza as funções imunológicas reduzidas em pacientes portadoras de câncer da mama, melhora o humor e o comportamento psicológico. Os resultados mostram um benefício direto do treinamento moderado em programa de reabilitação de pacientes com câncer da mama. Bryce A Mander et al., 61st annual scientific sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 A falta de sono pode aumentar o risco de diabetes de tipo 2 Thomas P. Erlinger et al., 61st annual scientific sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 A hiperglicemia pós-prandial é comum em portadores de diabetes A falta crônica de sono pode ser responsável de problemas sérios, segundo esse estudo da Universidade de Chicago. As pessoas que não dormem o suficiente e regularmente podem ser menos sensíveis à insulina. De fato, a diminuição crônica de sono – 6,5 horas ou menos por noite – tem o mesmo efeito sobre a resistência à insulina do que a idade, segundo os pesquisadores: como a dieta ruim, o estilo de vida sedentária, o estresse crônico e idade, a falta de sono é um fator de risco. No estudo, adultos saudáveis com tempo de sono médio de 316 minutos per noite – 5,2 horas – durante 8 noites consecutivas secretaram 50% mais insulina do que os que tinham um tempo de sono de 477 minutos, seja 8 horas. Como resultado, os pequenos dormidores são 40% menos sensíveis à insulina. O estudo sugere que a privação de sono, que é comum hoje nos países desenvolvidos, pode ter um papel na atual epidemia de diabetes de tipo 2. Existe uma diminuição constante do número de horas de sono do Americano: em 1975, cada Americano dormia 7,5 horas, contra 9 horas em 1910. Hoje, o tempo de sono do adulto é de 7 horas/noite. A hiperglicemia pós-prandial é comum em adultos portadores de diabetes, mesmo quando o controle glicêmico é bom e com uso de sulfoniluréias. O estudo analisou os dados do Third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III) de adultos entre 40 e 74 anos portadores de diabetes sem uso de insulina. Todos os participantes fizeram um teste de tolerância à glicose oral. O estudo, efetuado de 1988 até 1994, incluiu 1614 pacientes com diabetes anteriormente diagnosticado. A hiperglicemia pós-prandial era presente em 74% dos casos. Presente em quase todos os casos de diabéticos adultos (99%) com 224 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação controle glicêmico insuficiente (HbA1c = 7%), a hiperglicemia pós-prandial era também comum (39%) dentre os com bom controle (HbA1c < 7,0%). Dentre os usuários de sulfoniluréias, a hiperglicemia pós-prandial era presente em 99% dos casos com controle glicêmico insuficiente e 63% dos com controle bom. Modelos similares foram encontrados em aqueles com diabetes não diagnosticado. A hiperglicemia pós-prandial, definida com um nível de glicose a 2 horas ≥ 200 mg/dl e glicose de jejum < 126 mg/dl, era presente em 9,8% dos adultos com diabetes diagnosticado. Os dados do estudo se aplicam somente em adultos que não usam insulina, e é possível que o nível elevado de glicose de 2 horas seja o resultado da supressão do tratamento hipoglicemiante oral antes a teste de glicose. O tratamento com agentes hipoglicemiantes orais poderia teoricamente resultar em uma sub-estimação da prevalência da hiperglicemia pós-prandial, especialmente em pacientes com HbA1c < 7%. Os achados indicam que a hiperglicemia pós-prandial é comum dentre as pessoas portadoras de diabetes e estudos de longo prazo são necessários para determinar se os agentes que diminuem especificamente a hiperglicemia pós-prandial são úteis para reduzir o risco de complicações cardiovasculares, em comparação com outros agentes. Copenhague, Dinamarca, 3 de abril de 2001 Estudos mostram que NovoNorm é seguro para pacientes com diabetes tipo 2 e insuficiência renal A Novo Nordisk anunciou que atualizará adequadamente o resumo das características do produto e a bula do antidiabético oral NovoNorm (repaglinida), retirando a contra-indicação às pessoas com insuficiência renal apresentada nas embalagens do medicamento. Esta foi uma decisão tomada pelo European Medicine Evaluation Agency (EMEA, a Agência de registro Européia), baseada em dois estudos recentes que mostram que NovoNorm é seguro para pacientes com graus variados de insuficiência renal. “A retirada da contra-indicação decidida pelo EMEA é importante porque muitos pacientes com diabetes tipo 2 desenvolvem algum grau de insuficiência renal, o que torna NovoNorm uma opção de tratamento importante,” afirmou Kirstine Brown Frandsen, gerente médica internacional de Novo Nordisk. Kirstine acrescentou que inúmeras drogas antidiabéticas orais, incluindo glibenclamida, metformina, gliclazida e glipizida, estão contra-indicadas ou devem ser usadas com cautela em pacientes que apresentem insuficiência renal, porque essas drogas são excretadas, pelo menos em quantidade substancial, pelo rim. Se a função renal estiver prejudicada, a eliminação destas drogas estará reduzida, aumentando a sua duração de ação e, portanto, aumentando o risco de hipoglicemia. Ao contrario, apenas 8% de uma dose de NovoNorm são excretados pelo rim, sendo o restante degradado no fígado, disse ela. O NovoNorm foi premiado durante o principal congresso médico europeu, realizado na França (MEDEC), que contou com a participação de 17 mil médicos: NovoNorm foi escolhido como vencedor na categoria Pesquisa Européia do Ano. AMK Hansen et al., 61st annual scientific sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Estudo mostra que repaglinida tem único mecanismo de ação Um novo estudo in vitro mostra que a repaglinida estimula a secreção de insulina pelo pâncreas através um mecanismo diferente do que o utilizado pela nateglinida ou tolbutamida. Este estudo sugere que nateglinida e tolbutamida agem sobre o mesmo lugar do receptor de sulfoniluréia nas células pancreáticas, mas a repaglinida age em um lugar diferente do receptor, segundo o Prof. 226 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação Dr. Mads Krosgaard Thomsen, da Novo Nordisk. O receptor da sulfoniluréia é um objetivo importante para vários agentes antidiabéticos orais utilizados para tratar o diabetes estimulando a produção de insulina. Os achados podem ser em relação com outros, que mostraram que a repaglinida aumenta a secreção de insulina, enquanto que a nateglinida in vitro não só estimula a secreção da insulina, mas também do hormônio de crescimento e do glucagon, o que pode ser indesejável. Esses novos achados sugere a noção que a repaglinida tem um único e específico efeito sobre a secreção de insulina. Repaglinida e os sulfoniluréias tais como tolbutamida são ligados a um receptor sobre as células do pâncreas chamado SUR1 (sulfoniluréia receptor 1), pelo qual eles estimulam a produção de insulina. Neste estudo, Ana Maria Hansen et al. usaram técnicas de DNA recombinante para criar uma mutação do receptor SUR1, na qual foi feita uma mudança em um único aminoácido em uma área conhecida para ser importante para a ligação com as sulfoniluréias. Foi demonstrado que a repaglinida era ainda ativa sobre o receptor modificado, enquanto que os efeitos da nateglinida e tolbutamida eram quase completamente abolidos. Se a repaglinida for ainda ativa sobre o receptor, concluímos que ela liga com SUR1 em um lugar diferente do que tolbutamida e nateglinida, disse Ana Maria Hansen. Esses dados sugerem que a repaglinida tem um mecanismo de ação diferente do que os outros agentes antidiabéticos orais, mas a significação clínica desses achados deve ser confirmada. U.S. Department of Health and Human Services, 8 de agosto de 2001 Dieta e exercício reduzem drasticamente o risco de desenvolver o diabetes de tipo 2 Pelo menos 10 milhões de Americanos com risco elevado de diabetes tipo 2 podem diminuir drasticamente os riscos de apresentar a doença com um programe de dieta e exercício, de acordo com os achados do maior estudo clínico anunciado pelo Diabetes Prevention Program (DPP) do National Institutes of Health (NIH). Segundo este estudo as pessoas com risco que exercicem-se 30 minutos por dia e perdem 7% do peso corporal diminuem o risco de diabetes em 58%, mesmo sem tratamento. Os participantes do estudo que foram tratados por metformina (sem dieta nem exercício) diminuíram o risco em 31%. Esses achados são os resultados do Diabetes Prevention Program (DPP), o maior estudo comparando dieta e exercício com metformina, que foi empregado em 3.234 indivíduos portadores de uma diminuição da tolerância à glicose. O estudo foi interrompido um ano antes o final previsto porque ele já claramente atingiu os resultados esperados. Estudos anteriores em China e Finlândia já mostraram que dieta e exercício podem adiar o desenvolvimento do diabetes de tipo 2 em pessoas com risco, mas o DPP, usado em 27 centros de diabetes, é o primeiro estudo que mostre que dieta e exercício podem efetivamente adiar o diabetes em uma população americana variada com sobrepeso e diminuição de tolerância à glicose. Sobre os 3.234 participantes do estudo, 45% eram de grupos minoritários que sofrem desproporcionalmente de diabetes de tipo 2: Afro-americanos, Hispano-americanos, moradores das ilhas do Pacífico e Índios americanos. O estudo integrou também outros grupos conhecidos pelo risco elevado de diabetes de tipo 2, incluindo indivíduos de idade superior a 60 anos, mulheres com histórico de diabetes gestacional e pessoas com parente de primeiro grau diabético de tipo 2. 228 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação “A intervenção sobre o estilo de vida funciona em homens e mulheres em todos os grupos étnicos. Funciona também em pessoas de mais de 60 anos, que apresentam uma prevalência de diabetes de 20%, reduzindo o desenvolvimento do diabetes em 71%. Metformina é também eficaz em homens e mulheres de todos os grupos étnicos, mas foi relativamente ineficaz em voluntários mais velhos e em pessoas que não apresentavam sobrepeso”, explicou Dr. David Nathan, Massachusetts General Hospital, Boston. Os participantes foram randomizados para os grupos seguintes: 1) Mudança intensa do estilo de vida com perda de pesos de 7% por dieta e exercício 15 minutos/semana; 2) Tratamento com metformina (850 mg duas vezes ao dia); 3) Grupo controle tratado com placebo; Os dois últimos grupos receberam informação sobre dieta e exercício. Os participantes tinham idade entre 25 e 85 anos, com média de 51 anos. No início do estudo, todos apresentavam tolerância à glicose diminuída, medida por teste de tolerância à glicose, e todos tinham sobrepeso, com IMC média de 34. 29% do grupo do DPP desenvolveu diabetes durante o período de acompanhamento médio de 3 anos. Ao contrário, 14% do grupo tratado com dieta e exercício e 22% do grupo metformina desenvolveram diabetes. Voluntários para dieta e exercício realizaram os objetivos do estudo, com perda média de 7% do peso no primeiro ano, estabilizada a 5% durante o período do estudo. Participantes do grupo intervenção no estilo de vida receberam treinamento em dieta, exercício (a maioria escolheu a caminhada) e informações sobre as mudanças de comportamento. Podem as intervenções prevenir o diabetes ? “Simplesmente, não sabemos quanto tempo, após o período de 3 anos, o diabetes pode ser adiado,” disse Dr. Nathan. “Gostaríamos de continuar o acompanhamento da população do DPP para descobrir até quando as intervenções são eficazes.” Os dados serão analisados para determinar se as intervenções diminuíram a doença cardiovascular e a aterosclerose, maiores causas de morte em portadores de diabetes de tipo 2. “Cada ano que uma pessoa pode viver sem diabetes significa um ano a mais sem dor, complicações e custos médicos ligados à doença. Os achados do DPP representam o melhor avanço para controlar e talvez reverter a epidemia de diabetes de tipo 2”, explicou Dr. Allen Spiegel, diretor do National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK). O custo do DPP foi de US$ 174,3 milhões. 61st annual scientific sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Nacional Institutes of Health (NIH) lança estudo para investigar os efeitos a longo prazo da perda de peso e do exercício em diabetes de tipo 2 Durante o Congresso da American Diabetes Association, foi anunciado o lançamento do primeiro estudo a longo prazo para investigar os efeitos da perda de peso em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Este estudo clínico multicêntrico, randomizado, investigará os efeitos de um programa de intervenção sobre o estilo de vida, desenhado para promover a perda de peso através da diminuição da ingestão calórica e o exercício regular em aproximadamente 5.000 voluntários. Este estudo, chamado Look AHEAD (Action for Health in Diabetes) observará como as intervenções sobre o estilo de vida alteram os acidentes cardíacos, os acidentes vasculares cerebrais e as mortes ligadas a doenças cardiovasculares em pacientes diabéticos de tipo 2 – a doença a mais afetada pelo sobrepeso e obesidade. Os participantes qualificados para o Look AHEAD serão randomizados para participar no programa Estilo de vida ou no programa de educação e suporte ao Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 04 (2001) 229 Continuação diabetes. O programa Estilo de vida é um programa intensivo de dieta e exercício desenhado para incentivar as pessoas perder ao mínimo 7 a 10% do peso inicial no primeiro ano do estudo. Os participantes devem adotar um programa regular de exercício, do tipo caminhada, com uma meta de 25 minutos/dia. Um grupo controle será constituído em um programe de educação. Os indivíduos serão acompanhados durante um período de 11,5 anos. Os pesquisadores observarão os fatores de risco cardiovasculares, o controle do diabetes, a desenvolvimento de complicações, o estado geral de saúde e a qualidade de vida. “Temos uma excelente oportunidade para conhecer melhor o papel a longo prazo da perda de peso para melhorar a saúde em indivíduos com sobrepeso e diabetes de tipo 2”, explicou Rena R Wing, presidente do Look AHEAD. “Sabemos que a perda de peso pode ajudar os portadores de diabetes a curto prazo, mas não temos dados sobre os efeitos a longo prazo”. Mais de 50% da população dos Estados Unidos apresenta um sobrepeso. A percentagem de Americanos obesos saltou de 16 para 22% nos 15 últimos anos. Para razões ainda não completamente conhecidas, o sobrepeso afeta desproporcionalmente as minorias. Jay Skyler et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Baixas doses de insulina não ajuda para a prevenção do desenvolvimento do diabetes de tipo 1 Um grande e esperado estudo sobre a prevenção do diabetes tipo 1 terminou com resultados pouco animadores: baixas doses de insulina não servem para adiar o desenvolvimento do diabetes de tipo 1, segundo o Prof. Dr Jay Skyler, que acrescentou que isso não significa que outras terapias baseadas em insulina não funcionam. A insulina em outras apresentações ou em grupos diferentes de pacientes poderia talvez mostrar efeitos diferentes. A equipe e um grupo internacional de pesquisadores rastrearam 89.000 parentes de pacientes portadores de diabetes de tipo 1. Sabe se que as ligações sanguíneas aumentam o risco de doença em 10 ou 20 vezes em comparação com a população geral. Foram isoladas 340 pessoas correspondendo aos critérios científicos do estudo, que usou testes de anticorpos para determinar que os participantes – sem tratamento – tinham um risco de 50% de apresentar a doença em um prazo de 5 anos. A metade dos participantes foi randomizada para receber uma aplicação de insulina (mais ou menos um terço da dose normal), duas vezes/dia, e, uma vez por ano, um tratamento continuo intravenoso de insulina, durante 4 dias. O outro grupo não recebeu nenhum tratamento de insulina mas foi clinicamente controlado durante o período do estudo. Depois de 5 anos, os pesquisadores acharam que 60% das pessoas do grupo insulina desenvolveram diabetes, o que é uma taxa similar a do grupo controle. Apesar dos resultados negativos, os pesquisadores explicam que eles encontraram novas informações sobre a segurança da insulina: “A insulina nas doses que usamos pode ser administrada sem risco de desenvolver diabetes de tipo 1”, disse Skyler para responder a objeção que administrar insulina a pessoas que não têm diabetes pode induzir hipoglicemia e distúrbios cognitivos. Não existe evidência de tais distúrbios. “É só um passo na boa direção”, disse Len Harrison, do Autoimmunity and Transplantation Division of the Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research at the Royal Melbourne Hospital na Australia. Ele disse que existem outras pesquisas, tais como os transplantes de células troncos ou a destruição de células T, para prevenir ou adiar o diabetes de tipo 1 em indivíduos de alto risco. Estudos começaram sobre fatores do meio-ambiente, como vírus, que poderiam disparar a doença em indivíduos com risco genético. O otimismo fica elevado para o futuro da prevenção do diabetes de tipo 1. Diabetes Clínica 04 (2001) 231 O Diabetes na Imprensa A epidemia de diabetes Istoé, 9 de julho de 2001 (...) Nos Estados Unidos, o custo do tratamento do diabetes, tanto no setor público quanto no privado, gira em torno de assombrosos US$ 98 bilhões. No Brasil, um estudo feito no Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que cuidar do diabetes é três vezes mais caro do que tratar doenças cardiovasculares e respiratórias, por exemplo. “Isso porque o tempo de permanência dos pacientes no hospital é maior, devido às complicações decorrentes da doença”, explica o endocrinologista José Egídio de Oliveira. O diabetes pode provocar sérios prejuízos ao corpo, como infarto, derrame e até cegueira. Sem falar que o mal encurta a vida do paciente em dez anos, em média. “A doença já é considerada um problema de saúde pública”, disse o médico Robert Sherwin, presidente da Associação Americana de Diabetes (ADA). Por causa das estatísticas sombrias, a ciência está empenhada em encontrar soluções. Mas de nada adianta esse esforço se a pessoa não recorrer a uma arma decisiva contra o diabetes: a mudança do estilo de vida. Isso significa adotar uma dieta saudável e a prática de exercícios. “Vários estudos mostraram que uma alimentação rica em frutas e verduras e meia hora de exercícios diariamente ajudam no controle do diabetes”, diz o endocrinologista Adolpho Milech, da UFRJ. Dessa maneira, também é possível manter baixo os níveis de colesterol, triglicérides, pressão arterial e peso, indicadores de risco para o diabetes quando estão elevados. “Isso é importante porque 70% dos diabéticos morrem de problemas cardiovasculares ligados a esses fatores”, reforça Oliveira. A medicina está tão preocupada em ajudar os diabéticos a lidar melhor com a doença que o Centro Internacional de Diabetes, em Minneapolis (EUA), criou uma dieta mais flexível. A novidade já é adotada por alguns especialistas do Brasil. Ele não precisa deixar de comer um doce ou uma bela macarronada, por exemplo. Mas deve saber a quantidade desses alimentos que pode ingerir por dia. Para cada porção ingerida, necessita tomar uma certa quantidade de insulina. A dieta deve ser orientada por um médico. “Ela não incentiva o paciente a comer doce, mas permite gerenciar o uso do açúcar e carboidratos na alimentação”, ensina a endocrinologista Silmara Leite, do Centro de Diabetes de Curitiba. Gerenciar a alimentação nem sempre é fácil. A correria do dia-a-dia muitas vezes faz com que as pessoas prefiram comer um hambúrguer em vez de uma refeição balanceada. Sem falar na falta de tempo para a atividade física. O pior é que as crianças estão seguindo o mesmo caminho. Repare como seus filhos costumam passar horas na frente da televisão, comendo exageradamente sanduíches, batata frita, tomando refrigerante e quase não praticando esportes. Esse quadro contribui para agravar a obesidade na infância. Nos Estados Unidos, já são seis milhões de crianças obesas. O que ninguém sabia é que por causa disso algumas delas já estão tendo diabete do tipo 2. A insulina inalada está sendo testada pelos laboratórios Aventis e Novo Nor- 232 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação disk. A idéia é substituir as picadas da insulina rápida. “Será uma revolução para o paciente, pois em vez de ele sentir o incômodo da picada, precisará apenas inalar a insulina”, diz a endocrinologista Reine Marie Chaves Fonseca, coordenadora do Centro de Referência para Assistência ao Diabético do Estado da Bahia. Se a pesquisa der certo, há previsões de que a insulina inalada esteja no mercado brasileiro em 2003. Alguns centros brasileiros testam a novidade. Por enquanto, todos os pacientes estão satisfeitos com ela. É o caso do aposentado gaúcho Laércio Vital, 64 anos. Apesar de ser diabético do tipo 2, Vital resolveu participar dos testes, porque demorou muito tempo para se tratar. A única coisa que fazia antes era tomar medicamentos. Recusava-se, por exemplo, a deixar os doces de lado. Suas taxas de glicemia estavam em torno de 300 miligramas por decilitro após as refeições. O normal é menos de 200 mg/dl após a alimentação e abaixo de 126 mg/dl em jejum. Ou seja, as drogas não davam mais conta do recado. Vital demorou tanto tempo para cair na real que seu pâncreas deixou de produzir insulina como deveria. “Isso pode acontecer com o diabético do tipo 2 se ele não se cuidar no início”, alerta Fadlo Fraige Filho, presidente da Federação Nacional de Associações de Diabéticos, em São Paulo. Vital está aliviado, pois teve chance de correr atrás do prejuízo. Ele faz a inalação antes das refeições e agora cuida da dieta. Há mais uma experiência que chama a atenção dos especialistas: o transplante de ilhotas de pâncreas, com células produtoras de insulina. Cientistas canadenses já realizaram o transplante em 15 pacientes. Deles, 11 estão há dois anos sem tomar insulina. No Brasil, algumas instituições pretendem adotar essa alternativa, por enquanto recomendada somente para quem está em situação muito crítica. Apenas nesses casos a intervenção compensaria, já que os medicamentos usados para evitar a rejeição das células transplantadas têm fortes efeitos colaterais, como náuseas. Por enquanto, alguns centros que estão na fila para começar os estudos são a Universidade de São Paulo, a Universidade Anuncio 1/2 página Diatt - filmes anexos O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação 233 Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tanto para controlar o tipo 2 quanto o tipo 1, é fundamental ter disciplina. “A maioria dos diabéticos não segue à risca as recomendações médicas”, garante o endocrinologista Fraige Filho. O consultor de informática Júlio Vigoroti, 44 anos, é uma dessas pessoas. Ele descobriu há 12 anos que sofre de diabete do tipo 2. Demorou muito tempo para começar o tratamento, até que teve uma crise de hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e passou mal. “Reconheci que tenho um problema sério”, lembra-se. Hoje, ele pratica basquete, se alimenta bem e toma medicamentos. Checar os níveis de glicose na circulação sanguínea deveria ser uma preocupação de todos. Para os especialistas, a falta de diagnóstico é um dos principais problemas relacionados à doença, principalmente a do tipo 2. “Como os sintomas só aparecem muito mais tarde e geralmente são vagos, como o cansaço, por exemplo, as pessoas nem desconfiam”, afirma Fraige, da Federação Nacional de Associações de Diabéticos. Por causa disso, o Ministério da Saúde lançou em março uma campanha de diagnóstico, com apoio da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM). Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou os primeiros medicamentos genéricos para combater a doença. Eles devem ser comercializados a partir de agosto. Junto com a SBEM, o Ministério criou um programa de capacitação médica para clínicosgerais. “Isso é importante porque parte dos clínicos ainda não sabe lidar com o problema e não pede exames”, afirma o endocrinologista José Egídio Oliveira. Essa medida ajuda a evitar que o paciente só descubra a doença quando o seu organismo não está funcionando direito. Se o problema for diagnosticado logo e a pessoa seguir direitinho as recomendações médicas, as chances de boa convivência com a doença serão maiores. O nadador americano Gary Hall, 25 anos, é um exemplo disso. Portador do diabete do tipo 1, ele conseguiu se destacar no esporte. “O diabetes não me atrapalha. Pelo contrário, ela me deixou mais atento à alimentação, aos exercícios e ao meu estilo de vida”, disse. Trata-se de uma vitória, mais valiosa até do que o bronze que conquistou nos Jogos de Sidney, em 2000. Iniciativa pública Centros públicos de atendimento a pacientes carentes começam a se difundir no Brasil. A primeira cidade a implantar o serviço foi Fortaleza. Em 1988, a endocrinologista Adriana Forti arregaçou as mangas e convenceu o governo a criar o Centro de Diabetes e Hipertensão. No local, os diabéticos têm a orientação de nutricionistas e oftalmologistas, entre outros profissionais. Salvador adotou o mesmo projeto em 1994. Os dois centros oferecem cursos de aprimoramento para clínicos-gerais. “Só assim conseguimos garantir a assistência a um número maior de pessoas”, diz a coordenadora do programa Reine Marie Fonseca. O próximo centro será montado até 2002, em Porto Alegre, para cuidar de crianças com a doença. “O objetivo é educar pais e filhos”, informa o médico Balduíno Tschiedel, futuro diretor da casa. Problema de gente grande Istoé, 28 de julho de 2001 Já se foi o tempo em que criança saudável era gordinha e bochechuda. O índice de obesidade na infância cresce no mundo todo, alarmando os profissionais de saúde. Para a nutricionista canadense Leslie Beck, que esteve no Brasil para participar do III Congresso Mundial de Nutrição em Pediatria, realizado em São Paulo recentemente, já se pode falar em epidemia. “No Canadá, 25% das crianças estão nessa situação. Falta informação a respeito da gravidade de ser obeso nessa fase da vida”, revela. No Brasil, não há estatísticas, mas os 234 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação especialistas garantem que o problema afeta países ricos e em desenvolvimento, ocorrendo até mesmo em regiões pobres. “Isso é o mais grave. Temos crianças obesas e ao mesmo tempo mal nutridas”, afirma o endocrinologista Luis Calliari, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Ainda não se sabe exatamente qual será o impacto do aumento da obesidade infantil no futuro. Mas já se calcula que o número de adultos com complicações cardíacas será alarmante. A incidência de outras doenças pode ser agravada. “Com a facilidade de se engordar que existe hoje, é bem provável que daqui a algum tempo muitos adolescentes façam de tudo para emagrecer, podendo sofrer de bulimia (compulsão repentina de ingerir grande quantidade de comida, seguida de indução de vômito) e anorexia (a pessoa se imagina acima do peso e deixa de se alimentar)”, explica o psiquiatra José Eduardo Neves, especialista em transtornos alimentares. Um indicador de que o mal merece atenção é que a Organização Mundial de Saúde mostrou em 2000 que, pela primeira vez na história, a população mundial de obesos é maior do que a de desnutridos. Um dos motivos disso é a má alimentação. Dentro e fora de casa. Estudo recente feito pelo Instituto Sodexho perguntou a crianças de 11 países, inclusive o Brasil, se elas comem o que querem na escola: 68,8% responderam sim. Em 1960, esse índice foi de 18,2%. Como é fácil imaginar o que os alunos gostam de comer no intervalo das aulas, o dado sugere que a dieta dos pequenos está perdendo qualidade. A inatividade é outra vilã. Devido à violência nas ruas, por exemplo, as crianças saem menos de casa, o que restringe brincadeiras como pega-pega, que serviam para exercitá-las. Mas não adianta encher a geladeira de frutas e obrigar a criança a fazer natação sem tentar descobrir a razão da engorda exagerada. Muitas vezes, a questão é complexa. “A gula excessiva pode ser causada por problemas com a família. Isso tem de ser pesquisado para que o tratamento seja adequado”, ressalta Marina Gomes, professora de psicologia da PUC de São Paulo. Ela diz ainda que não se deve diferenciar o cardápio do filho que está gordinho ou proibir alimentos. O certo é equilibrar a dieta da família. Para evitar o problema, a saída é a prevenção. A nutricionista Claudia Juzwiak, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que a criança deve aprender mais sobre nutrição. “Precisa ser um esforço conjunto da escola, dos pais e do governo.” A Unifesp, por exemplo, tem um ambulatório especializado em obesidade infantil, formado por nutricionistas, pediatras, psicólogos e professores de educação física. “Os jovens têm chance de dividir os medos e as angústias. É uma luta conjunta”, conta Tarsila Andrade, psicóloga da equipe. O DIA O Dia, 30 julho de 2001 Prefeitura vai mandar remédios pelo correio Com receita na mão e esperança de cura, os pacientes dos postos de saúde do Rio encontram, em vez de remédios, prateleiras vazias. E não há distinção: faltam desde medicamentos simples, como o xarope Salbutamol, para bronquite, até o Nifedipina, usado no controle da pressão arterial. Os mais atingidos são os inscritos no Programa de Saúde de Hipertensão e Diabetes, que fazem tratamento contínuo. “Só ganho R$ 180 de aposentadoria. Muitas vezes, fico sem tomar o remédio e passo mal. Mas não posso comprar e no posto não tem”, conta a hipertensa Josefa dos Santos Guimarães, 51 anos, que se trata no Posto de Saúde Dr. Aloísio Amâncio da Silva, em Santa Cruz. Resignado, o secretário municipal de Saúde Ronaldo Cezar Coelho admite o problema e anuncia que, até o fim do ano, hipertensos e diabéticos receberão seus remédios em casa, pelo Sedex. As embalagens vão ser diferenciadas e O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação 235 com código de barras. “Nossa rede de distribuição não é informatizada, ficamos sem controle. O mesmo remédio que sobra em um posto, falta em outro”, explicou Ronaldo. Além disso, o deputado Rodrigo Maia (PFL) deverá apresentar na Câmara Federal um projeto de Lei que torne o desvio de remédios da prefeitura crime inafiançável. Segundo presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, deputado Paulo Pinheiro (PT), o problema está na distribuição dos remédios. “A compra é feita, mas o sistema está mal administrado. Enquanto isso, as pessoas se arriscam e desistem do programa”, reclamou. Por iniciativa da comissão, há um mês o problema está sendo apurado pelo Ministério Público Estadual. Segundo dados da comissão, ano passado, dos 341.055 inscritos no Programa de Hipertensão, 95.322 abandonaram o tratamento. Já dos 36.043 participantes do Programa de Diabetes, só 20.019 conseguiram receber medicamento. Como resultado, as emergências acabam lotadas de doentes em crises agudas. “O custo para o governo se torna muito maior”, explica Paulo. Insulina em cápsulas O Estado de São Paulo, 10 de agosto de 2001 Pesquisadores israelenses terminaram, com sucesso, a primeira experiência médica com cápsulas de insulina para reduzir o nível de açúcar no sangue, o que pouparia os diabéticos de terem de aplicar injeções. Uma equipe de cientistas do Hospital Hadas Ein Karem, de Jerusalém, ministrou cápsulas de insulina a 12 voluntários não-diabéticos. O nível de açúcar no sangue dessas pessoas baixou 30 minutos depois da ingestão do medicamento via oral. A equipe concluiu o estudo preliminar sobre a influência dos comprimidos de insulina, que foram desenvolvidos em Nova Iorque. O sucesso do experimento aumenta a possibilidade de que milhões de diabéticos no mundo possam trocar as injeções de medicamento pelo método indolor. 238 Diabetes Clínica 04 (2001) Avanços terapêuticos e tecnológicos Stephen Clement et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Resultados positivos nos estudos de fase II da insulina oral A insulina via oral hexyl-insulin monoconjugate 2 (HIM2) parece ser segura e bem tolerada em pacientes adultos portadores de diabetes de tipo 1 e 2, de acordo com 3 novos estudos. HIM2, desenvolvida por Nobex Corp., é o último produto que participa à corrida para produzir um sistema de administração de insulina que não precisa de injeções subcutâneas ou intramusculares. O produto, atualmente em estudos de fase II, foi criado anexando oligômeros poliméricos em lugares selecionados da molécula de insulina e é resistente à degradação enzimática no intestino. O estudo conduzido por Stephen Clement sobre 18 pacientes portadores de diabetes de tipo 1, sugere que a administração via oral de IM2 reproduz o esquema fisiológico da insulina, agindo sobre a glicose periférica, a glicose hepática e sua utilização. Os pacientes não parecem ser expostos a níveis periféricos excessivos de insulina. Apesar do que esta insulina seja bem tolerada e aumenta a aderência ao tratamento, as formas não-injetáveis de proteínas têm sido tradicionalmente criticadas para não oferecer biodisponibilidade suficiente de insulina. O controle glicêmico pós-prandial similar ao da administração subcutâneas de 8UI de insulina foi mostrado em 18 pacientes portadores de diabetes de tipo 2 que receberam 1,0 mg/kg HIM2 antes de uma refeição padrão em um estudo randomizado dirigido por Mark Kipnes, do Diabetes and Glandular Disease Clinic, San Antonio, Texas. Mas, em um estudo sobre 15 pacientes portadores de diabetes de tipo 1 recebendo aplicações de insulina por injeções e terapia com HIM2, Paresh Dandona, State University of New York, Buffalo, observou que resposta hipoglicêmica é mais importante em pacientes tratados com doses maiores da proteína via oral. Duas outras insulinas via oral estão em fase de experimentação: Generex Biotechnology Corporation com uma formulação liquida para administração via aerosol (fase II/III) e Pfizer com um pó seco de insulina por administração via inalação, esperando a aprovação nos Estados Unidos ainda este ano. 240 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 04 (2001) Russell O Potts, 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Detecção da hiperglicemia pós-prandial usando GlucoWatch Biographer Enzo Bonora et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Rosiglitazona pode diminuir o risco cardiovascular em 30% Hiperglicemia é uma complicação aguda comum do diabetes difícil de ser detectada pelos métodos convencionais. O GlucoWatch Biographer, aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em março de 2001, permite uma leitura automática, não-invasiva e freqüente dos níveis de glicose. O estudo observou os resultados do uso em casa do Biographer em 111 pacientes diabéticos durante 5 dias. Testes de glicose sanguínea foram efetuados a cada hora, com um total de 3060 medições. Sobres os 947 períodos pós-refeições, 456 (47%) apresentaram glicose sanguínea 200 mg/dl e 238 (24) 250 mg/dl. Para avaliar a performance do Biographer, os resultados foram analisados usando uma definição da hiperglicemia com 300 mg/dl. Vários níveis de alerta foram determinados: por exemplo, com um nível de alerta a 270 mg/dl, o Biographer tem uma sensibilidade (resultado positivo verdadeiro) de 79% e uma taxa de falso positivo de 6%. Esses resultados confirmam que a hiperglicemia ocorre freqüentemente em indivíduos diabéticos e é ignorada pelos testes pré-refeições convencionais; e taxa elevada de detecção de hiperglicemia pode ser atingida com o Biographer. Utilizar o GlucoWatch Biographer combinado com os testes convencionais de sangue de dedo garante uma avaliação ótima ao paciente diabético. “A capacidade do GlucoWatch Biographer para monitorar os níveis de glicose três vezes/hora, bem com a sua capacidade de ajustar os níveis de alerta, oferece ao paciente e à equipe de saúde mais informações sobre as variações das taxas de glicose e, quando utilizado com parte de um programa de monitoramento, ajuda na tomada de decisão sobre o melhor tratamento possível”, segundo John Buse, diretor do Diabetes Care Center de Chapel Hill, North Carolina, e membro da comissão da American Diabetes Association que examinou a contribuição da hiperglicemia pós-prandial nas complicações do diabetes a longo prazo. A rosiglitazona (Avandia) da GlaxoSmithKline poderia reduzir em 30% o risco de desenvolvimento de complicações cardiovasculares segundo três novos estudos. Dois estudos de terapia combinada de 26 semanas avaliaram os efeitos de rosiglitazona associada a sulfoniluréia ou metformina comparados com terapia única sobre a resistência à insulina. Os resultados mostraram que diminuições significativas da resistência à insulina foram obtidos só com rosiglitazona combinada a sulfoniluréia ou metformina. O terceiro estudo demonstrou uma diminuição significativa da resistência à insulina com o tratamento de rosiglitazona comparado a glibenclamida. “O que é importante é que a resistência à insulina é associada aos fatores de risco cardiovasculares, e a resistência à insulina parece ser ela mesma o maior fator de risco independente da doença cardiovascular”, disse Bonora. “Baseando-se sobre esses dados e estudos anteriores, podemos antecipar que a diminuição da resistência à insulina poderia ter conseqüências benéficas para as complicações cardiovasculares, reduzindo o risco em 25 ou 30%”, disse. 242 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 04 (2001) Gary TC Ko et al., Clin Drug Invest 2001; 21: 401-408, junho de 2001 Adição de acarbose tão efetiva quanto a insulina depois da falência dos hipoglicemiantes orais A adição de acarbose ao regime convencional de hipoglicemiantes orais depois da falência do regime original é tão efetivo quanto a insulina noturna na redução da hemoglobina glicosilada (HbA1c). 30 pacientes chineses portadores de diabetes tipo 2 foram randomizados para receber insulina noturna e 27 acarbose depois do tratamento com sulfoniluréia acrescida ou não de metformina, depois da falência em reduzir a HbA1c a menos que 9,0%. A acarbose foi iniciada a 50 mg/dia por 2 semanas, e então aumentada para 100 mg. A insulina foi iniciada em 6 U noturnas e então aumentada em 2 a 4 U quatro semanas após. Aos 3 meses e 12 meses, a acarbose e a insulina foram similares em porcentagem de redução da HbA1c em relação à linha base. Na última avaliação, HbA1c < 8,5% foi alcançada em 33,3% e 46,7% dos dois grupos, respectivamente, com diferença não significativa (p = 0,419). Tanto o grupo da insulina quanto o da acarbose melhoraram significativamente a glicemia de duas horas em três meses, ainda que só em pacientes tratados com insulina os níveis tenham continuado a cair em 12 meses. Cinco pacientes tratados com acarbose interromperam o tratamento devido à flatulência, cólicas e diarréia e um devido à creatinina plasmática elevada. Nenhum episódio de hipoglicemia grave ocorreu nos grupos. Os autores concluem que a adição de acarbose ao tratamento oferece alternativa razoável, pelo menos em curto prazo, em pacientes com falência dos hipoglicemiantes orais e não aptos ao tratamento com insulina. H Cavaliere, I Floriano, G MedeirosNeto, Hospital das Clínicas, USP São Paulo, International Journal of Obesity 2001;25:1095-1099 Os efeitos gastrintestinais adversos do orlistat podem ser prevenidos pelo uso concomitante de fibras naturais (psílio mucilóide) Objetivo: Estudo aberto controlado por placebo desenhado para observar se a maioria dos eventos adversos induzidos pelo tratamento dos pacientes obesos por orlistat (inibidor da lipase gastrintestinal) pode ser prevenida ou melhorada pelo uso concomitante de fibras naturais (psílio mucilóide). Desenho: Dois grupos de mulheres obesas (IMC > 27 kg/m2) foram tratados por orlistat 3 vezes ao dia. O grupo A (n = 30) foi randomizado para receber orlistat e aproximadamente 6g de psílio mucilóide aromatizado com laranja dissolvidos em água e o grupo B (n = 30) recebeu orlistat e um placebo aromatizado (laranja). No final do estudo de 30 dias e após 2 semanas de eliminação completa, o grupo A mudou para placebo e o grupo B recebeu orlistat + psílio. Pacientes: 60 mulheres com idade > 21 anos e IMC entre 27,3 e 48 kg/m2, sem nenhum outro tratamento. Medições: A avaliação incluiu consultas semanas com o médico, preenchimento de um questionário com eventos gastrintestinais detalhados, medições mensais do peso corporal, pressão sanguínea e lípides plasmáticos. A freqüência e a importância dos eventos gastrintestinais foram avaliadas usando um sistema de escore, baseado em informações fornecidas pelas pacientes. Resultados: Ambos os grupos A e B perderam peso significativamente (p < 0,01) após 60 dias de orlistat (A = 96,8 para 94,9 kg e B = 98,7 para 96,5 kg). Os valores do IMC diminuíram em ambos os grupos. Enquanto que no grupo orlistat + psílio (grupo A), a média DP dos escores de eventos gastrintestinais foi 13,0 ± 1,8, o grupo orlistat + placebo apresento o valor de 35,9 ± 244 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação 2,7 (p < 0,01). Na situação invertida, o grupo placebo apresentou um resultado de 36,1 ± 3,6 e o grupo psílio 8,9 ± 1,5 (p < 0,01). Conclusões: O psílio hidrófilo mucilóide prescrito concomitantemente a pacientes obesos recebendo 120 mg de orlistat 3 vezes ao dia é tratamento complementar eficaz e seguro para ajudar a controlar os efeitos gastrintestinais desse inibidor da lipase pancreática. Barcelona, fevereiro de 2001 O tungstênio pode revolucionar o tratamento do diabetes Há 6 anos, o departamento de pesquisa da Bayer está desenvolvendo um projeto de pesquisa em colaboração com a Universidade de Barcelona sobre os efeitos normoglicemiantes do tungstênio sódico no diabetes mellitus. Os primeiros estudos pré-clínicos, tanto no diabetes tipo 1 como do tipo 2, mostram vantagens significativos desse composto sobre os agentes antidiabéticos orais, mostrando um mimetismo importante da ação da insulina e a capacidade de aumentar o número de células pancreáticas, características que conferem ao tungstênio propriedades hipoglicemiantes. Outra característica importante do tungstênio sódico é a ausência de hipoglicemia em animais saudáveis tratado com o produto, evitando assim um dos principais problemas do tratamento com insulina, junto com a via de aplicação: o choque hipoglicêmico. De acordo com o Dr R. Gomis, “o tratamento com tungstênio sódico normaliza os níveis de glicose no sangue e de insulina plasmática, aumenta o nível de insulina nas ilhotas e a população de células b. Esse aumento manifesta-se também depois do que o tratamento tenha recuperado a população em células b de maneiro estável”, explicou ele no simpósio sobre íons metálicos no Congresso da Associação Européia de Diabetes (EASD). William Insull et al., Francine V Van Venrooij et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Atorvastatina diminui LDL-colesterol e triglicérides em pacientes diabéticos de tipo 2 Os resultados de dois estudos sobre a atorvastatina demonstraram uma diminuição dos níveis de LDL-colesterol e triglicérides em pacientes portadores de diabetes de tipo 2. No estudo ASSET (Atorvastatin versus Simvastatin Safety and Eficcacy Trial), os dados a longo prazo mostraram que atorvastatina diminui significativamente o LDL-colesterol (p < 0,0001). O estudo mostrou também que o grupo atorvastatina tem uma maior redução dos níveis de triglicérides do que os pacientes tratados por sinvastatina. As diminuições eram maiores quando os níveis iniciais de triglicérides estavam mais elevados. O estudo ASSET incluiu 674 pacientes diabéticos de tipo 2 com dislipidemia, que foram randomizados para receber atorvastatina 10 mg ou sinvastatina 10 mg. Os resultados do estudo DALI (Diabetes Atorvastatin Lipid Intervention) mostraram que atorvastatina 10 mg ajuda pacientes com diabetes e dislipidemia para atingir os objetivos de tratamento de colesterol e triglicérides recomendados pela American Diabetes Association. O estudo mostrou que atorvastatina 80 mg pode realizar redução adicional quando necessário. Atorvastatina 10 mg e 80 mg diminuem significativamente os níveis de triglicérides em 25% e 35%, respectivamente, versus diminuição de 10% no grupo placebo. As recomendações de tratamento da American Diabetes Association para triglicérides foram atingidas em 75% dos pacientes tratados por atorvastatina. Os 197 pacientes do estudo Dali controlado por placebo foram randomizados para comparar a diminuição agressiva dos lípides com um tratamento padrão. Os pacientes diabéticos de tipo 2 receberam atorvastatina 10 mg, atorvastatina 80 mg ou placebo. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 04 (2001) 245 Continuação As recentes recomendações da ADA preconizam que os médicos tratem o colesterol elevado em pacientes diabéticos de tipo 2 de uma forma tão agressiva do que no tratamento da doença arterial coronariana. Foi demonstrado em estudos clínicos que atorvastatina produz diminuição de LDL-colesterol em 39-60% com dose de 10 mg a 80 mg em pacientes com colesterol elevado. Com a mesma dosagem, as diminuições das triglicérides foram reportadas entre 19 e 37%. Estudos sobre o efeito da atorvastatina sobre aterosclerose e morbidade cardiovascular estão em andamento. Washington, 22 de junho de 2001 FDA aprova una nova tira de teste de glicose da Abbott Abbott Laboratórios anunciou que recebeu aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos para distribuir a tira de teste de monitorização da glicose que pode fornecer resultados mais exatos, diminuindo as interferências de remédios comuns. Esta quinta geração de teste foi desenhada para identificar níveis de glicose sem interferência de mais de 60 drogas comuns e suplementos, incluindo produtos como vitamina C ou acetaminofeno. O teste usa um desenho de 3 eletrodos que ativa o processo de teste só quando a amostra de sangue colocada na tira é suficiente, o que diminui o risco de falsa leitura. Os pacientes podem também acrescentar uma segunda amostra na mesma tira, se precisar, e não usar uma nova tira. A quantidade de sangue necessária para a leitura fica pequena e o resultado é disponível em 20 segundos. Essa nova tira foi desenhada para ser utilizada nos glicosimetros Precision Xtra/Medisense e outros sistemas de Abbott ou de sua filial Medisense. Philip Raskin et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Terapia conjugada de repaglinida e sensibilizadores a insulina melhora o controle da glicose sanguínea Resultados de dois recentes estudos mostraram que a terapia combinada de repaglinida com um sensibilizador à insulina melhora o controle glicêmico melhor do que cada droga em tratamento único. A repaglinida, em terapia combinada com rosiglitazona ou pioglitazona diminui os níveis de HbA1c, indicador do controle glicêmico a longo prazo. Atualmente repaglinida é aprovada por terapia conjugada com metformina. Ambos os estudos multicêntricos usaram um desenho randomizado, aberto, com voluntários diabéticos de tipo 2 com controle glicêmico insuficiente (valores de HbA1c > 7%) com monoterapia anterior com metformina ou sulfoniluréia. No primeiro estudo, participantes receberam uma terapia combinada de repaglinida e rosiglitazona, ou cada droga em tratamento única, durante 24 semanas. A terapia combinada diminuiu os níveis de HbA1c em 1,4% o que é significativamente melhor do que os 0,22% ou os 0,53% obtidos com a monoterapia de repaglinida e de rosiglitazona, respectivamente. (p < 0,001). As diminuições médias da glicose plasmática de jejum foram também significativamente maiores com a terapia combinada em comparação com as monoterapias (p < 0,05): 91 mg/dl (5,1 mmol/l) para a terapia combinada versus 58 mg/dl (3,2 mmol/l) para repaglinida e 62 mg/dl (3,4 mmol/l) para rosiglitazona. Usando o mesmo desenho, o segundo estudo comparou a terapia combinada de repaglinida e pioglitazona ou cada uma das drogas em monoterapia. A terapia combinada atingiu diminuições significativamente maiores dos níveis de HbA1c em comparação com a repaglinida ou a pioglitazona em monoterapia: Diminuição de 1,8% versus diminuição de 0,16% e aumento de 0,24%, respectivamente (p < 0,001). Como no primeiro estudo, as diminui- 246 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação ções médias da glicose plasmática de jejum foram maiores no grupo da terapia combinada do que no grupo de monoterapia (p < 0,001): 86 mg/dl (4,8 mmol/l) para a terapia combinada versus 28 mg/dl (1,6 mmol/l) para a repaglinida e 35 mg/dl (1,9 mmol/l) para a rosiglitazona. Nos dois estudos, mais pacientes interromperam o tratamento devido à ineficácia nos grupos de monoterapia (18% para repaglinida, 20% para rosiglitazona e 50% para pioglitazona) do que nos grupos de terapia combinada (2 e 5% para repaglinida + rosiglitazona e repaglinida + pioglitazona, respectivamente). Em todos os grupos, aproximadamente 10% dos pacientes interromperam o tratamento por causa dos efeitos adversos. Irwin Goldstein et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Vardenafil mostra resultados positivos na função erétil em homens diabéticos Department of Pediatrics and Cell Biology at Duke University in Durham, North Carolina Pediatrics, abril de 2001 Metformina poderia diminuir o ganho de peso e a resistência à insulina em crianças obesas Os primeiros resultados de fase III para o vardenafil, novo tratamento da Bayer para melhorar a função erétil, mostrou melhoras estatisticamente significativas em homens portadores de diabetes, uma das populações as mais difíceis para tratar. Os homens diabéticos têm geralmente três vezes mais distúrbios da função erétil do que as outras populações por causa das complicações da doença. Neste estudo controlado por placebo com 452 participantes, 72% dos pacientes do grupo vardenafil 20 mg reportaram uma melhora significativa da função erétil em comparação com os 13% do grupo placebo. Em mais, 64% dos participantes do estudo reportaram ereções suficientes para penetração, comparado com 36% do grupo placebo. 54% conseguiram manter ereções o suficiente para o ato sexual completo, versus 23% no grupo placebo. O estudo incluiu 452 homens, de idade de 18 anos e mais, com diabetes mellitus tipo 1 e 2 e diminuição moderada a severa da função erétil desde 6 meses ou mais. Os pacientes foram randomizados em três grupos para receber vardenafil 10 mg ou 20 mg ou placebo. Os dados do grupo 10 mg mostraram também resultados positivos com uma taxa de respostas positivas de 57%, em comparação com os 13% do grupo placebo. Em razão da epidemia de obesidade, a doença antigamente chamada de diabetes do adulto não merece mais esse nome. O diabetes de tipo 2 atinge agora todas as classes de idade. Para os adolescentes portadores de diabetes de tipo 2, uma droga poderia interromper o ciclo de ganho de peso e de resistência à insulina que conduz à doença. Segundo este estudo, a metformina poderia ser um complemento da dieta e do exercício e diminuir o risco de diabetes de tipo 2 em pacientes selecionados. Metformina, que faz o corpo mais sensível à insulina, foi utilizado neste estudo no qual participaram 29 adolescentes negros e brancos de 12-19 anos. Todos os pacientes apresentavam sobrepeso, com IMC > 30. Eles receberam metformina 500 mg duas vezes/dia ou placebo durante 6 meses. O grupo metformina mostrou uma diminuição de 1,3% do IMC e o grupo placebo um aumento de 2,3%. Em mais, metformina diminuiu a glicose plasmática de jejum de 84,9 mg/dl para 75,1 mg/dl, enquanto que no grupo controle a glicose aumentou de 77,2 mg/dl para 82,3 mg/dl. A sensibilidade à insulina cresceu no grupo metformina. HbA1c não foi alterada em nenhum dos grupos. Metformina foi responsável de diarréia em 40% do pacientes tratados, sem episódios de vômito ou de cetoacidose. Diabetes Clínica 04 (2001) 247 Produtos e novidades Medição de glicose no sangue com One Touche Basic Plus de Lifescan Lifescan (Johnson & Johnson) lança um novo sistema de automonitorização da glicose, o One Touche Basic Plus. O paciente insere em primeiro a fita, pois aplica a gota de sangue no lugar definido. Após 45 segundos, o resultado aparece na tela. A visualização é simples e o sistema possui uma memória de 75 medições com data e hora, permitindo assim ao paciente de avaliar melhor o seu controle glicêmico. O One Touch Basic Plus é disponível no Brasil a partir do início de setembro 2001. ! Proteína vegetal: massa de soja Soj & Tal A Beijing Brasil (São Paulo) está lançando a massa de soja Soj & Tal, massa fresca feita com grãos selecionados de soja não transgênica. Apesar do que o Brasil seja o segundo maior produtor mundial da soja, este produto é mais consumido nos países asiáticos, na forma de tofu, shoyu ou macarrão. A Beijing Brasil imaginou uma linha de produtos para preparar uma variedade de pratos à base de soja, tais como talharim, lasanha, saladas ou macarrão. As proteínas vegetais da soja, bem como os elementos que ela contém (isoflavonas), trazem benefícios à saúde, em particular para melhorar os sintomas da osteoporose, da menopausa, do diabetes e para diminuir as taxas de colesterol no sangue. 250 Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 04 (2001) Hiperglicemia pós-prandial: fatos, riscos e tratamento com acarbose Esta monografia sobre a hiperglicemia pós-prandial e acarbose, do Prof. Dr. Goldberg Eliaschewitz, Chefe do Departamento de Endocrinologia do Hospital Heliópolis (São Paulo), editado pelo laboratório Bayer, trata de todos os aspectos da hiperglicemia pós-prandial e de sua relação com a mortalidade cardiovascular. Este relativamente novo parâmetro do controle glicêmico ocupa hoje um lugar importante na etiopatogenia das complicações diabéticas e seu tratamento é cada dia mais justificado. Neste quadro, a acarbose e seu modo de ação original, é uma medicação importante da hiperglicemia pós-prandial bem como dos distúrbios lipídicos do diabetes. InDuo: monitorização da glicose e dosagem de insulina no mesmo sistema NovoNordisk e Lifescan (Johnson & Johnson) estão anunciando o lançamento mundial de um novo sistema de monitorização, o Induo, que apresenta a característica de integrar no mesmo sistema duas atividades fundamentais da vida do paciente diabético, o controle da glicemia e a aplicação de insulina. Com InDuo, o paciente faz as medições clássicas, pode avaliar o controle glicêmico pela memória do sistema, lembrar a data e voluma da última aplicação de insulina, e, afinal, aplicar a dose necessária e suficiente. Um estudo feito pelos fabricantes mostra que o tempo necessário para memorizar e usar todas as funções de InDuo é aproximadamente de 15 minutos. InDuo não é ainda disponível no Brasil. 252 Diabetes Clínica 04 (2001) Resumos de trabalhos e congressos Paulo R Cesarini, Vânia Fernandes, Fabiola E. Garcia, Sergio A Dib, São Paulo, 61st Scientific Sessions of American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Impacto diferente da obesidade sobre a sensibilidade à insulina em adolescentes com ou sem histórico familiar de diabetes de tipo 2 Qualquer seja o método para classificar a obesidade, os estudos reportam uma prevalência elevada de obesidade e as taxas estão aumentando. Em crianças e adolescentes, obesidade aumentou em quase 50% nas duas últimas décadas. Sabe-se que obesidade é correlacionada à resistência à insulina no desenvolvimento do diabetes de tipo 2. Mas o histórico familiar poderia alterar o impacto da obesidade sobre a sensibilidade à insulina. Comparamos a sensibilidade à insulina em três grupos de adolescentes normoglicêmicos: o primeiro grupo não tinha histórico familiar (HF) de diabetes (HF-, n = 127), o segundo grupo tinha HF de diabetes de tipo 1 (HF+tipo1, n = 49), e o terceiro grupo tinha HF de diabetes de tipo 2 (HF+tipo2, n = 129). Cada um desses três grupos foi subdivido em normal (N) e obeso (O). A sensibilidade à insulina (SI) e a função da célula β foram avaliadas pelo índice HOMA (homeostasis model assessment). Os dados foram expressos como média com intervalo de confiança de 95%. A comparação entre N e O em cada grupo mostrou: - No grupo NHF- n = 108 vs OHF- n = 19, idade, glicose plasmática de jejum, insulina plasmática de jejum, SI e função celular equivalentes, mas IMC diferente, como esperado [18,1 (17,8-18,4) kg/m2 vs. 24,6 (23,4 –25,4), p < 0,0001]. - No grupo NHF+ tipo 1 n = 40 vs. OHF+ tipo 1 n = 9, idade, glicose plasmática de jejum, insulina plasmática de jejum, SI e função celular equivalentes, mas IMC também diferente [18,9 (18,0-19,1) kg/m2 vs. 24,6 (23,4 – 25,4), p < 0,0001]. O grupo OHF+ tipo 2 n = 29 era mais jovem [11,7 (11,6-12,40 anos vs. 12,6 (12,4-12,8), p = 0,004], tinha glicose plasmática de jejum equivalente [92,0 (90,2-93,4) mg/dl vs. 90,1 (88,0-93,80], mas IMC maior [23,8 (24,527,90kg/m2 vs. 18,5 (18,1-18,9), p < 0,001; insulina plasmática de jejum [20,2 (16,3-24,5) microU/ml vs. 13,7 (12,9-15,2), p < 0,0001]; função celular β [44,7 42,1-56,2% vs. 36,9 (35,1-39,6), p = 0,0015] e SI menor [255 (213-317)% vs. 380 (334-395), p = 0,00016] do que NHF+ tipo 2. O impacto da obesidade na diminuição da sensibilidade à insulina foi aumentado no grupo de adolescentes com HF+ tipo2 e não significativo nos grupos HF- ou HF+ tipo1. Nossos resultados preliminares sugerem uma interação em HF positivo de diabetes tipo 2 e obesidade sobre a resistência à insulina em adolescentes aparentemente saudáveis. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 04 (2001) Bruno Geloneze, José C Pareja, Enrico M Repetto, Luis A Magna, Marcos A Tambascia, Campinas, SP, 61st Scientific Sessions of American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 253 Perfil lipídico em pacientes portadores de diabetes de tipo 2 após cirurgia bariátrica Introdução: Obesidade e diabetes de tipo 2 são correlacionados com alterações qualitativas e quantitativas em lipoproteínas plasmáticas. VLDL e triglicérides são elevadas, e HDL-colesterol diminui. A coexistência da obesidade e do diabetes potencializa a dislipidemia, com aumento adicional do LDL-colesterol e do colesterol total. Vários estudos mostraram a melhora dessas anormalidades após perda de peso. Esses efeitos podem ser relacionados a alterações na sensibilidade à insulina. Objetivo: Observar os efeitos da perda massiva de peso induzida pela cirurgia bariátrica sobre o perfil lipídico de pacientes diabéticos obesos e suas relações com alterações da sensibilidade à insulina. Material e métodos: 10 pacientes diabéticos obesos foram submetidos à cirurgia bariátrica (gastroplastia vertical com bypass gástrico Y-Roux – técnica de Capella). O perfil lipídico foi determinado e a sensibilidade à insulina estimada por HOMA (homeostasis model assessment) no início, 6 e 12 meses após cirurgia. Resultados: Uma redução massiva de peso de 70% do excesso de peso corporal foi observada, seguida de uma diminuição significativa de todos os parâmetros lipídicos avaliados. IMC (kg/m2) Colesterol total (mmol) LDL-C (mmol) HDL-C (mmol) Triglicérides (mmol) HOMA-IR Início 54,1 ± 8,7 5,77 ± 0,93 3,83 ± 0,90 1,09 ± 0,28 4,24 ± 0,98 25,0 ± 18,7 6 meses 40,6 ± 7,6 5,38 ± 1,09 3,62 ± 0,85 1,14 ± 0,21 3,26 ± 0,77 4,2 ± 0,9 12 meses 35,5 ± 6,1 5,15 ± 0,80 3,26 ± 0,70 1,34 ± 0,28 2,82 ± 1,21 3,2 ± 1,1 O modelo de regressão linear mostrou correlações entre o índice de sensibilidade à insulina HOMA-IR e HDL-colesterol (r = -0,34, p = 0,038), e com as triglicérides (r = 0,73, p < 0,001). Não há correlações entre colesterol total e LDL-Colesterol com HOMA-IR, apesar da diminuição significativa de seus níveis. Conclusões: Apesar do que a redução de peso melhorou o perfil lipídico, só HDL-colesterol e triglicérides foram correlacionados com alterações da sensibilidade à insulina. A técnica cirúrgica conduz a perda massiva de peso com melhora do perfil lipídico dessa população diabética por vários mecanismos, incluídos a melhora da sensibilidade à insulina. Walkyria P Pimenta, Maria L Santos, Flávio F Aragon, Carlos R Padovani, 61st Scientific Sessions of American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Disfunção da célula β com sensibilidade normal à insulina em brasileiros brancos com diminuição da tolerância à glicose O diabetes mellitus de tipo 2 é o resultado da diminuição da secreção de insulina e da resistência à insulina. O qual desses fatores é a primeira anormalidade genética é ainda desconhecido. O desenvolvimento do diabetes de tipo 2 pode ser considerado como um processo evoluindo em três etapas: Tolerância normal à glicose, diminuição da tolerância à glicose, diabetes. Para determinar se a diminuição da secreção de insulina ou a resistência à insulina é correlacionada a um defeito genético, estudamos indivíduos brasileiros brancos com diminuição da tolerância à glicose, o que significa com risco elevado de desenvolver diabetes, mas sem toxicidade à glicose. Pela técnica do clamp hiperglicêmico (180 mg/dl por 180 minutos), comparamos 254 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação as primeiras e segundas fases de secreção de insulina e a sensibilidade à insulina (taxa de infusão de glicose dividida pela insulina plasmática durante a última hora) em 20 pacientes (4 mulheres, 16 homens) com tolerância à glicose diminuída e 20 voluntários com tolerância à glicose normal. A tolerância à glicose diminuída foi reduzida nas primeiras (95 ± 14 vs. 216 ± 25 microU/ml em tolerância à glicose normal, p < 0,01) e segundas fases de secreção de insulina (47 ± 6 vs. 111 ± 30 microU/ml em tolerância à glicose normal, p < 0,01). As taxas de infusão de glicose foram também menores em tolerância diminuída do que em tolerância normal (5,38 ± 0,33 vs. 8,82 ± 0,65 mg/kg.min, p < 0,001) mas a sensibilidade à insulina foi semelhante em ambos os grupos (15,0 ± 1,7 vs. 14,6 ± 2,2 mg.kg–1.min-1/microU.ml-1, em tolerância normal à glicose). Nossos resultados indicam que nesse estagio de desenvolvimento do diabetes de tipo 2, a secreção diminuída de insulina é evidente mas a sensibilidade à insulina é normal. Em conclusão, em brasileiros brancos, a disfunção da célula β e provavelmente o primário distúrbio genético necessário para o desenvolvimento do diabetes de tipo 2. Peter Kuhn, 6o Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes, 7-9 de julho de 2001, São Paulo Órteses para a prevenção das ulcerações Desmond E. Williams et al, Diabetes Care 2001; 24:811-816, maio de 2001 Efeito de uma dieta tradicional ou tipo inglesa sobre a incidência do diabetes em índios Pima Muitos pacientes diabéticos não recebem orientação em relação ao pé, e as conseqüências podem ser gravíssimas, podendo levar desde uma amputação do pé, perna ou coxa, até a morte. O pé diabético é atacado pelas deficiências da própria doença, que tira parcialmente ou totalmente a sensibilidade dele. Por isso o pé diabético é um pé de alto risco: Sem sensibilidade o diabético não sabe onde está pisando. Isto pode causar ferimentos graves: Um leve machucado inflamado levará meses para curar ou até uma amputação. Por todos estes motivos, devemos indicar a colocação de uma palmilha especial em todo pé diabético, já com falta parcial ou total de sensibilidade, com ou sem lesão. O princípio, na confecção de uma palmilha para pé diabético, é acomodar o pé de uma maneira precisa ou, seja, a palmilha não pode ser uma tábua rígida aonde o pé com sua carga normal se apóia sem respeitar nenhum ponto em relação a sua forma. O pé é achatado exercendo muita pressão em áreas de risco (metatarsos e calcanhar). O correto é um pé que pisa sobre a areia na praia: Quando olhamos para traz, vemos as impressões perfeitas dos pés e sabemos que praticamente não houve pressão excessiva em nenhuma região. O princípio é respeitar a anatomia do pé com ou sem lesão, e empregar a técnica da maneira mais correta possível. Usamos uma técnica utilizando uma matéria-prima chamada espuma expansiva de poliuretano. Este material que inicialmente está em estado líquido, quando se expande sob o pé exerce uma pressão natural sobre as partes moles e com isso permite descarregar as sobrecargas nas regiões afetadas com lesões ou mais suscetíveis a elas. A espuma expansiva de poliuretano nos dá um molde perfeito dos pés, em todos os detalhes. Utilizando a espuma expansiva agregada a uma tecnologia específica, podemos confeccionar uma palmilha perfeita para o pé diabético. Objetivo: Em estudo a curto prazo, a preferência para uma dieta tradicional é relacionada à diminuição de anormalidades metabólicas detectadas em populações submetidas à alterações rápidas de estilo de vida. Observamos os efeitos a longo prazo de um modelo dietético auto-avaliado tradicional ou Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 04 (2001) Continuação 255 não tradicional sobre o desenvolvimento de diabetes de tipo 2 em 165 índios Pima não-diabéticos. Desenho e métodos: A ingestão alimentar foi avaliada em 1988 por método quantitativo de freqüência de alimentos, e os indivíduos classificaram sua dieta como “tradicional”, “inglesa” ou “misturada”. A dieta dos Índios dá a preferência ao estilo Sonoran (deserto Sonoran na Arizona) e aos alimentos tradicionais do deserto. A dieta chamada inglesa dá a preferência a alimentos típicos das outras regiões dos Estados Unidos. Resultados: Em mulheres, a ingestão de carboidratos complexos, de fibras, de fibras insolúveis, de proteínas vegetais, e a proporção das calorias provenientes de carboidratos complexos e de proteínas vegetais foram significativamente maiores (p < 0,05) na dieta dos índios do que na dieta inglesa. A dieta misturada era intermediária entre todos os nutrientes. Em homens, a ingestão de todos esses nutrientes foi também mais elevada do que no grupo dieta inglesa, mas não significativamente. 36 indivíduos desenvolveram diabetes (8 homens e 28 mulheres) durante os 6,2 anos do acompanhamento (intervalo 0,9 – 10,9). As taxas de incidência de diabetes foram 23, 35 e 63 casos por 1000 pessoas/ano nos grupos índio, inglês e misturado, respectivamente. Após ajuste para idade, sexo, IMC, e ingestão total de energia, o risco de desenvolver diabetes foi 2,5 maior no grupo dieta inglesa (0,9-7,2 IC 95%), 1,3 maior no grupo dieta misturada (0,6-3,3) do que no grupo dieta tradicional. Conclusões: Este estudo sugere que a adoção de uma dieta tipo inglesa pode aumentar o risco de desenvolver diabetes em índios Pima, mas não fornece evidências não equívocas por ou contra essa hipótese. Julio Rosenstock et al, Diabetes Care 2001;24:631-636, abril de 2001 Comparação de tratamentos de 28 semanas com insulina glargina ou insulina NPH Objetivo: Determinar a eficácia e segurança da insulina de longa ação glargina com a insulina NPH em pacientes diabéticos anteriormente tratados com insulina em tratamento único. Desenho e métodos: 518 pacientes portadores de diabetes de tipo 2 tratados por insulina NPH com ou sem insulina regular para o controle pós-prandial foram randomizados para receber insulina glargina uma vez/dia (n = 259) ou insulina NPH uma ou duas vezes/dia (n = 259) durante 28 semanas, em um estudo aberto multicêntrico. As doses foram ajustadas para atingir a meta glicose de jejum < 6,7 mmol/l. No final do estudo, a dose diária média total de insulina nos dois grupos era 0,75 IU/kg. Resultados: Os grupos de tratamento mostraram melhoras similares da HbA1c no início até o final do estudo. A alteração média (média ± DP) da HbA1c foi semelhante no grupo insulina glargina (-0,41 ± 0,1%) e no grupo NPH (-0,59 ± 0,1%), com HbA1c média no início de aproximadamente 8,5%. Os tratamentos foram associados a diminuições correspondentes nos níveis de glicose de jejum. A hipoglicemia sintomática leve foi semelhante no grupo glargina (61,4%) e NPH (66,8%). Todavia, a hipoglicemia noturna no grupo glargina foi reduzida em 25% durante o período de tratamento após a fase de titulação da dosagem (26,5 vs. 35,5%, P = 0,0136). Os pacientes do grupo glargina experimentaram uma perda de peso menor do que os do grupo NPH (0,4 vs. 1,4 kg, P < 0,0007). Conclusões: Em pacientes portadores de diabetes de tipo 2, a insulina glargina uma vez/dia ao deitar é tanto eficaz do que a NPH 1 ou 2 vezes/dia para melhorar e manter o controle glicêmico. Em mais, a insulina glargina mostrou um risco menor de hipoglicemia noturna e menos ganho de peso quando comparada com insulina NPH. 256 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 04 (2001) Lucia C. Iochida, Gerson S. Hamada, São Paulo, 17th International Diabetes Federation Congress, México City, México, 5-10 de novembro de 2000 Estudo prospectivo do diabetes em nipo-brasileiros de São Paulo Antonio A. Ferreira Jr., Odete Oliveira, Lucia C. Iochida, USP, São Paulo, 17th International Diabetes Federation Congress, México City, México, 5-10 de novembro de 2000 O papel da consulta de enfermagem no rastreamento e prevenção do pé diabético Os estudos sobre emigrantes contribuíram para definir o papel dos fatores do meio ambiente na etiologia do diabetes mellitus, particularmente para o diabetes de tipo 2. As populações japonesas são muito interessantes para o estudo do diabetes, porque apresentam prevalências muito diferentes, dependendo do lugar onde moram, fato que pode ser explicado por fatores do meio ambiente, ou, talvez, por fatores genéticos temperados por fatores de meio ambiente. O PPAR-gama (peroxisome proliferator activated receptor gamma) é um fator de transcrição intranuclear que parece ser essencial para a função normal da insulina. Mutações no gene do PPAR-gama determina resistência à insulina severa e diabetes de tipo 2. Foi também observado que os ácidos graxos podem agir como ligandos para o PPAR-gama, diminuindo sua sinalização e conduzindo à resistência à insulina. Os nipo-brasileiros são um exemplo de população japonesa morando em um país ocidental, com prevalência elevada (> 20%) de diabetes, em comparação com a prevalência do diabetes no Japão (10%). A obesidade não é tão prevalente em japoneses do que em caucasianos, mas os nipo-brasileiros são significativamente mais pesados do que os japoneses morando no Japão. Um estudo de coorte, no qual participaram 10.000 descendentes de japoneses, morando em São Paulo, começou este ano e será prolongado durante 10 anos. Os participantes, com idade 35-69 anos, sem diabetes, serão examinados e testados para diabetes cada dois anos. No processo de seleção, os pacientes diabéticos já diagnosticados foram identificados e convidados em participar a outro coorte, acompanhado para as complicações do diabetes. Os pacientes anteriormente diagnosticados, e os controles não-diabéticos foram rastreados para os polimorfismos de PPAR-gama. Todos os participantes foram registrados e amostras de DNA e plasma foram conservadas, para outros comparações, por exemplo entre participantes obesos e não obesos. O estudo terá também braços para estudos de câncer e doenças cardiovasculares, na mesma população. O pé diabético é uma das mais severas complicações do diabetes, e é responsável da maioria das amputações não traumáticas em todos os paises do mundo. De agosto de 1998 até setembro de 1999, 276 pacientes (167 homens e 109 mulheres), idade média 43 anos, foram examinados no Centro de Diabetes da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. O objetivo principal foi identificar, dentre os pacientes diabéticos, os que apresentavam risco de complicações nos pés e propor intervenções, por educação, cuidados locais para lesões do pé, ou consultas com cirurgiões vasculares ou ortopédicos, ou especialistas do pé, para prevenir complicações e amputações. Os resultados mostram que 65% dos pacientes eram caucasianos, 77% eram portadores de diabetes de tipo 2, e 51% usavam insulina. Os problemas de pé os mais prevalentes eram: onicomicose em 50% dos casos, calos (35%), diminuição ou ausência dos pulsos arteriais (26%), varizes (26%), atrofia muscular (25%). Considerando a percepção sensitiva, encontramos perda de percepção da dor em 35% dos casos e perda da sensação térmica em 38%. Baseando-se sobre esses dados, os pacientes receberam recomendações de acordo com os seus problemas. O objetivo é continuar o programa, para detectar manifestações precoces de riscos de complicações do pé em pacientes diabéticos, e fornecer os conselhos os mais adequados e medidas preventivas para evitar a aparição de complicações mais severas. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 04 (2001) Rogerio F. Correa de Oliveira, Rejane B.C. Correa de Oliveira, Rio de Janeiro, 17th International Diabetes Federation Congress, México City, México, 5 a 10 de novembro de 2000 257 Hipoglicemias súbitas e insulina Lispro Em um grupo de 202 diabéticos de tipo 1 (81 homens), observamos, de 30 de abril de 1997 até 30 de novembro de 1998, que os 18 pacientes (grupo C) usando insulina Lispro (H) 0,4 U/kg/dia em função de 8 glicemias capilares/ dia + insulina humana R 0,6 U/kg/dia dividida a cada 6 horas não apresentavam hipoglicemia súbita; Eles participaram nesse grupo em razão de comas hipoglicêmicos. Este grupo C (7 mulheres), idade 38±10,2 anos, IMC 25,5 ± 3,4 kg/m2, 32 ± 12,3 anos de diabetes, 3 ± 2 hipoglicemias/semana – 190 durante o período, todas com sintomas. Comparado com o grupo A (n = 122) usando insulina humana N (0,5U/kg/dia) antes do café da manhã e jantar + insulina humana R em função dos resultados das glicemias feitas 4 vezes/dia (44 mulheres), 32 ± 8,4 anos, IMC 25,2 ± 3,6 kg/m2, 10 ± 7,4 anos de diabetes, 5,4 ± 4,2 hipoglicemias/semana - 456 durante o período, 15% súbitas (necessitando ajuda externa) e o grupo B (n = 62) usando N + R 0,6 U/kg/dia e H 0,4 U/kg/dia em função dos resultados de 6 glicemias/dia, (30 mulheres), 24 ± 7,9 anos, IMC 24,6 ± 3,2 kg/m2, 14,6 ± 8,4 anos de diabetes, com 4,2 ± 3 hipoglicemias/semana, 228 durante o período e 4,6% súbitas. Os testes Turkey e Qui quadrado mostraram uma associação significativa (p < 0,0001) entre os grupos usando insulina lispro e hipoglicemias com sintomas. Concluímos que insulina lispro ajudou na percepção das hipoglicemias, melhorando o controle glicêmico de acordo com os resultados de HbA1c e do teste de frutosamina feito cada três meses. No grupo A, os resultados de HbA1c = 7 ± 1,7% (4,4 – 6,4%) e frutosamina = 4,3 ± 1,2 ng/dl (1,87-2,87), no grupo B HbA1c = 6,3 ± 1,4 e frutosamina = 3,4 ± 0,9 ng/dl e no grupo C HbA1c = 5,8 ± 0,8% e frutosamina 2,7 ± 0,5 ng/dl, com diferença significativa de p < 0.0001. 258 American Diabetes Association / Diabetes Clínica 04 (2001) 258~262 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2001) 278~280 ATUALIZAÇÃO American Diabetes Association Recomendações para pacientes portadores de diabetes mellitus Apresentamos nessa sessão um resuma das principais recomendações da American Diabetes Association, ano 2001. As alterações são mínimas em comparação com o ano 2000. As principais alterações são a redução de objetivo da pressão sanguínea de 130/85 mmHg para 130/80 mmHg e a importância dada à duração do diabetes pré-puberdade no desenvolvimento de complicações microvasculares. Para uma versão mais completa dessas recomendações, consultar Diabetes Clínica volume 4, número 2, março/abril de 2000 (pg 102) ou nosso CD-ROM 1999/2000. O diabetes é uma enfermidade crônica que requer cuidado clínico contínuo e educação para a prevenção de complicações agudas e para a redução do risco de complicações a longo prazo. Pessoas com diabetes devem ser tratadas por uma equipe coordenada por um médico. Estas equipes são compostas, porém não se limitam a, médicos, enfermeiras, nutricionistas e profissionais especializados e com especial interesse pelo diabetes. Os padrões a seguir definem o cuidado clínico básico para pessoas com diabetes. Estes padrões não excluem a necessidade de uma avaliação mais ampla e o cuidado do paciente por outros especialistas. Princípios gerais A hiperglicemia persistente é a característica principal de todas as formas do diabetes. O tratamento que visa reduzir a glicose sangüínea a níveis normais ou o mais próximo deles, em todos os pacientes, faz-se necessário pelos seguintes benefícios já comprovados: 1. O perigo da descompensação aguda devido a cetoacidose diabética ou síndrome hiperglicêmica não cetótica hiperosmolar, com sua morbidade e mortalidade inerente, é acentuadamente reduzida. 2. Os sintomas de visão embaçada são aliviados, e o risco de poliúria, polidipsia, fadiga, perda de peso com polifagia, vaginite ou balanite pode diminuir. 3. Os riscos de desenvolvimento ou progressão da retinopatia diabética, nefropatia e neuropatia estão todos em grande parte reduzidos. É possível que estas complicações possam até mesmo ser prevenidas pelo manejo precoce efetivo. 4. A quase normalização da glicose sangüínea vem demonstrando estar associada a um perfil lipídico menos aterogênico. A educação para o auto-controle comporta: • Freqüência apropriada de auto-monitorização da glicose sangüínea • Terapia nutricional • Exercício regular • Esquemas fisiologicamente baseados em insulina, ou seja, injeções múltiplas diárias de análogos de insulina de rápida ação (por ex., lispro), de curta ação (por ex., regular), de ação intermediária (por ex., NPH ou lente), ou insulinas de longa ação (por ex., ultralente) ou infusão contínua subcutânea de insulina, em pacientes tipo 1 e alguns pacientes tipo 2. • Esquemas menos complexos à base de insulina ou agentes orais hipoglicemiantes em alguns pacientes tipo 2. • Instrução sobre a prevenção e tratamento da hipoglicemia e outras complicações crônicas e agudas. • Educação contínua e reforço. • Avaliação periódica dos objetivos do tratamento. Para os objetivos sejam alcançados, estes programas requerem apoio contínuo da equipe de tratamento. Objetivos específicos do tratamento Ao determinar os objetivos glicêmicos de cada paciente deve-se considerar os resultados dos estudos clínicos randomizados prospectivos, mas notavelmente o Estudo sobre o controle do Diabetes e suas Complicações (DCCT). Este estudo demonstrou de forma conclusiva que em pacientes com diabetes tipo 1 American Diabetes Association / Diabetes Clínica 04 (2001) 258~262 o risco de desenvolvimento ou progressão da retinopatia, nefropatia e neuropatia diminui de 50-75% com os esquemas de tratamento intensivo quando comparados com esquemas convencionais de tratamento. Estes benefícios foram observados com uma HbA1c média de 7,2% em grupos de pacientes tratados intensivamente em comparação com 9,0% nos grupos de pacientes tratados de forma convencional. A redução do risco destas complicações foi correlacionada continuamente com a redução na HbA1c produzida pelo tratamento intensivo. Objetivos específicos do tratamento O resultado desejado do controle glicêmico no diabetes tipo 1 é reduzir a GHb (ou qualquer outra medida equivalente de glicemia crônica) de forma a alcançar a prevenção máxima de complicações com atenção para a segurança do paciente. Para alcançar estes objetivos com tratamento intensivo, são necessários: • Auto-monitorização freqüente (pelo menos três ou quatro vezes por dia) • Terapia nutricional • Educação no autocontrole e na solução de problemas • Possível internação para iniciar o tratamento Em situações onde não existem recursos ou estes não são suficientes, recomenda-se uma consulta com uma equipe de especialistas no tratamento do diabetes. O maior e mais longo estudo de pacientes com diabetes tipo 2, o Estudo Prospectivo do Diabetes do Reino Unido (UKPDS), demonstrou de forma conclusiva que um melhor controle da glicose sangüínea nestes 259 pacientes reduz o risco de desenvolver retinopatia e nefropatia e possivelmente reduz a neuropatia. O índice de complicações microvasculares diminui em 25% em pacientes que receberam tratamento intensivo versus tratamento convencional. A análise epidemiológica dos dados do UKPDS mostrou uma relação constante entre o risco de complicações microvasculares e a glicemia, da mesma forma que para cada diminuição de um ponto percentual na HbA1c (por exemplo, 9% para 8%) houve uma redução de 35% no risco de complicações microvasculares. Estes resultados confirmam que no diabetes tipo 2, a redução da glicose sangüínea é benéfica. O UKPDS também mostrou que o controle eficiente da pressão arterial reduziu de forma significativa os acidentes vasculares cerebrais, os óbitos relacionados com o diabetes, a insuficiência cardíaca, as complicações microvasculares e a perda visual. Vários estudos, incluindo os resultados das análises epidemiológicas dos dados do UKPDS, mostraram fortes e estatisticamente significativas associações entre o controle da glicose sangüínea e o risco de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular. Ao estabelecer objetivos de tratamento para o diabetes tipo 2 (Tabela 1), as mesmas características individuais do paciente devem ser consideradas como para o diabetes tipo 1: a capacidade do paciente de entender e cumprir o esquema de tratamento, o risco do paciente para hipoglicemia severa e outros fatores do paciente que possam aumentar o risco ou diminuir o benefício. A auto-monitorização diária é especialmente importante para pacientes tratados com insulina ou sulfoniluréia no acompanhamento e prevenção da hipoglicemia assintomática. A freqüência ideal dos testes não é conhecida, mas deve ser suficiente para facilitar os níveis propostos para glicose. Tabela 1 – Controle glicêmico para pessoas com diabetes* Normal Objetivo Ação adicional sugerida Valores sangüíneos totais Média da glicose pré-prandial (mg/dl)† Média da glicose ao deitar (mg/dl) † < 100 < 110 80-120 100-140 < 80/ > 140 < 100/ > 160 Valores no plasma Média da glicose pré-prandial (mg/dl)‡ Média da glicose ao deitar (mg/dl) ‡ < 110 < 120 90-130 110-150 < 90/ > 150 < 110/ > 180 HbA1c (%) <6 <7 <8 * Os valores apresentados nesta tabela são por força generalizados para toda a população de indivíduos com diabetes. Pacientes com doenças comórbidas, adultos muito jovens e aqueles com mais idade, e outros em condições ou circunstâncias incomuns justificam diferentes esquemas de tratamento. Estes valores são para adultos que não estejam em estado de gravidez. A “ação adicional sugerida” depende das circunstâncias individuais. Tais ações podem incluir a intensificação da educação para a auto-monitorização do diabetes, uma equipe complementar para o controle do diabetes, consulta a um endocrinologista, mudança no tratamento farmacológico, início ou aumento na SMBG, ou um maior contato com o paciente. Recomenda-se um nível não-diabético de HbA1c na faixa entre 4,0-6,0% (média 5,0%, DP 0,5%) †Medição da glicose sangüínea capilar. ‡ Valores calibrados para glicose plasmática. 260 American Diabetes Association / Diabetes Clínica 04 (2001) 258~262 Consulta inicial Histórico clínico Se o diagnóstico do diabetes já foi feito, o histórico deve confirmar o diagnóstico, rever o tratamento anterior, permitir avaliação do grau atual e anterior do controle glicêmico, determinar a presença ou não de complicações crônicas do diabetes, ajudar na formulação de um plano de controle e proporcionar uma base para a continuidade do tratamento Exame físico Um exame físico deve ser realizado durante a avaliação inicial. Portadores de diabetes têm um risco maior de desenvolver complicações visuais, dos rins, pé, nervos, cardíacas e vasculares. Pacientes com diabetes tipo 1 apresentam uma freqüência aumentada de distúrbios auto-imunes, especialmente doença da tireóide. Todos os indivíduos que não estão sob um controle satisfatório do diabetes têm um aumento no risco de infecções. Crianças com controle insatisfatório do diabetes podem apresentar atraso em seu crescimento e maturidade. Portanto, certos aspectos do exame físico detalhado exigem uma atenção especial, que incluem: O médico deve estar alerta também para sinais de doenças que podem causar diabetes secundário, por exemplo, hemocromatose, doença pancreática e distúrbios endócrinos como acromegalia, feocromocitoma e síndrome de Cushing. Avaliação biológica O teste da glicose sangüínea e da cetona urinária deve estar disponível para ser realizado imediatamente no consultório conforme necessário. Além disso, cada paciente deve ser submetido a testes de laboratório que são apropriados para a avaliação da condição clínica geral do indivíduo. Plano de controle Um sistema de registro clínico completo e organizado é essencial para proporcionar um cuidado constante de pessoas com diabetes. Os registros devem sempre estar acessíveis para a equipe de tratamento e organizados de forma que eles não somente documentem o que ocorreu mas também servem como um lembrete do que deve ser feito em intervalos apropriados. O plano de controle deve ser formulado como uma aliança terapêutica individualizada entre o paciente e a família, o médico e outros membros da equipe de saúde habilitada no controle do diabetes, para alcançar o nível desejado de controle do diabetes. Deve-se ressaltar o autocontrole realizado pelo paciente. Com esta finalidade, o plano de controle deve ser planejado com a colaboração do paciente e o plano deve enfatizar o envolvimento do paciente na solução do problema tanto quanto possível. Várias estratégias e técnicas devem ser empregadas para proporcionar educação adequada e desenvolvimento de habilidades na solução de problemas nos vários aspectos do controle do diabetes. Atendimento periódico Pacientes que iniciaram tratamento com insulina ou que sofreram mudança importante em seu programa podem precisar estar em contato com sua equipe de tratamento diariamente até que se alcance o controle da glicose, o risco de hipoglicemia é baixo, e eles são competentes e se sentem confortáveis para implementar o plano de tratamento. Alguns pacientes podem necessitar de internação para iniciar ou alterar o tratamento. Os pacientes que iniciaram tratamento com MNT ou agentes orais redutores de glicose podem necessitam estar em contato semanalmente até que seja alcançado um controle razoável da glicose e eles se sintam capazes para conduzir um programa de tratamento. Devem ser programadas consultas regulares para todos os pacientes com diabetes. Os pacientes devem ir às consultas pelo menos de quinze em quinze dias até que os objetivos de tratamento sejam alcançados. Depois disso, a freqüência às consultas pode diminuir tão logo os pacientes continuem alcançando todos os objetivos de tratamento. Um contato mais freqüente pode também ser necessário se os pacientes atualmente submetidos a tratamento intensivo com insulina, não tenham alcançado os objetivos glicêmicos ou pressão arterial, ou evidenciem progressão de complicações microvasculares ou macrovasculares. Os pacientes devem ser orientados a reconhecer problemas com seu controle de glicose e para que relatem imediatamente suas preocupações à equipe de tratamento para esclarecer e fortalecer suas habilidades no autocontrole. Eles devem também ser ensinados a reconhecer imediatamente sinais e sintomas de complicações crônicas e agudas e a relata-las imediatamente. Reações hipoglicêmicas severas que requerem assistência de outra pessoa devem ser reportadas tão logo seja possível. Exames visuais complexos e de olho dilatado devem ser realizados anualmente por um oftalmologista ou optometrista que têm muito conhecimento e experiência no manejo da retinopatia diabética para todos os pacientes com 10 anos ou mais que tiveram diabetes por 3-5 anos, todos pacientes diagnosticados após 30 anos de idade, e qualquer paciente com sintomas visuais e/ou anormalidades. Todos os indivíduos com diabetes devem ser submetidos a um exame cuidadoso do pé pelo menos uma vez ao ano para identificar o alto risco de condições nos American Diabetes Association / Diabetes Clínica 04 (2001) 258~262 pés. Este exame deve incluir uma avaliação da sensação protetora, estrutura e biomecânica do pé, condição vascular, e integridade da pele. Pessoas com uma ou mais condições de alto risco do pé devem ser avaliadas com mais freqüência quanto ao desenvolvimento de fatores de risco adicionais. Pessoas com neuropatia devem ser submetidas a uma inspeção visual dos pés em cada consulta com um profissional de saúde. 261 de microalbumina. O rastreamento para microalbuminúria em indivíduos com diabetes tipo 1 deve começar na puberdade e após 5 anos da duração desta doença. Devido à dificuldade de precisar com exatidão a data do início do diabetes tipo 2, tal rastreamento deve começar no momento do diagnóstico. Considerações especiais Avaliação biológica A avaliação de rotina da GHb deve ser realizada em todos os pacientes com diabetes, primeiro para documentar o grau do controle glicêmico na avaliação inicial, depois como parte constante do atendimento. Uma vez que a GHb reflete a glicemia média dos 2-3 meses anteriores, é necessário medições a cada 3 meses para determinar se o controle metabólico do paciente permaneceu constante dentro da faixa pretendida. Assim, medições regulares da GHb permitem a detecção de desvios da faixa pretendida em determinado momento. Para cada paciente, a freqüência do teste de GHb deve depender do esquema de tratamento empregado e da consideração do médico. Na ausência de estudos bem controlados que sugerem um protocolo definitivo, a opinião dos especialistas recomenda um teste de GHb pelo menos duas vezes ao ano em pacientes que estão alcançando os objetivos do tratamento e que apresentam controles glicêmicos estáveis e com mais freqüência (avaliação trimestral) em pacientes cuja terapia tenha sido alterada ou que não estejam atingindo os objetivos glicêmicos. Tabela 3 – Categoria do risco baseado nos níveis de lipoproteína em adultos com diabetes Risco Alto Limite Baixo Colesterol Colesterol LDL HDL* ≥130 100-129 <100 <35 35-45 >45 Triglicerídeos ≥400 200-399 <200 Os dados são apresentados em mg/dl. * Para mulheres, os valores do colesterol HDL devem ser aumentados em 10 mg/dl. Deve ser realizado um perfil lipídico em crianças com idade acima de 2 anos após diagnóstico de diabetes e quando o controle da glicose tenha sido estabelecido. Os testes cujos resultados encontrem valores limítrofes ou anormais devem ser repetidos para confirmação. Se os valores caírem a níveis de risco aceitáveis, a avaliação deve ser repetida a cada 5 anos. Na ausência de microalbuminúria previamente demonstrada, é necessário um teste anual para a presença Crianças e adolescentes A maioria dos casos recentemente diagnosticados como diabetes tipo 1 ocorrem em indivíduos jovens com idade inferior a 18 anos. No diagnóstico inicial, é extremamente importante estabelecer os objetivos e iniciar o aprendizado do autocontrole do diabetes. A base educacional deve ser firme para que o indivíduo e a família possam tornar-se cada vez mais independentes no autocontrole do diabetes. Os objetivos glicêmicos podem necessitar de alguma modificação considerando o fato de que a maioria das crianças com idade inferior a 6 ou 7 anos apresentam uma forma de “inconsciência hipoglicêmica”, em que eles não têm a capacidade cognitiva de reconhecer e responder aos sintomas hipoglicêmicos. Doenças intercorrentes são mais freqüentes em crianças mais novas. Uma avaliação nutricional deve ser realizada, por um nutricionista, com as necessidades nutricionais de uma criança em crescimento e os aspectos comportamentais que possam ter um impacto na dieta do adolescente. Deve-se evitar uma manipulação nutricional agressiva quanto aos mais novos. A avaliação das necessidades quanto ao estilo de vida deve ser acompanhada por possíveis modificações do esquema diabético. Por exemplo, um adolescente que requer uma maior flexibilidade deve ser orientado para um programa de três ou quatro injeções de insulina quando necessário. Um aspecto importante que merece ênfase nesta faixa etária é o da “aderência”. Não importando qual seja o esquema clínico, ele será tão bom quanto a habilidade da família e/ou indivíduo para implementá-lo. Os profissionais de saúde que cuidam de crianças e adolescentes, portanto, devem ser capazes de avaliar os fatores comportamentais, emocionais e psicossociais que interferem na implementação e devem então trabalhar com o indivíduo e com a família para resolver os problemas que ocorrem e/ou modificar os objetivos quando estes se fizerem necessários. Foi mostrado que a incidência do diabetes de tipo 2 em crianças e adolescentes está aumentando. Apesar do que não existem dados suficientes para propor recomendações definitivas, existe um consenso sobre a prevenção, o rastreamento e o tratamento do diabetes de tipo 2 em jovens. O objetivo ideal do tratamento é a normalização dos valores da glicose sanguinea e de 262 American Diabetes Association / Diabetes Clínica 04 (2001) 258~262 HbA1c> O diagoóstico e a classificação do diabetes é crucial para determinar o tratamento adequado. Muitos pacientes podem ser controlados incialmente por terapia nutritional e exercício, mas a maioria necessitará de remédios. O controle das comordidades, tais como a hipertensão e as hiperlipidemias é também importante. Hipertensão A hipertensão contribui para o desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do diabetes. Em pacientes portadores de diabetes tipo 1, a hipertensão persistente é em geral uma manifestação da nefropatia diabética, conforme indicado pelos níveis elevados simultâneos de albumina urinária e em estágios mais avançados de uma diminuição no índice de filtração glomerular. Em pacientes portadores de diabetes tipo 2, a hipertensão é quase sempre parte de uma síndrome que inclui intolerância à glicose, resistência à insulina, obesidade, dislipidemia e doença arterial coronariana. A hipertensão sistólica isolada pode ocorrer com longa duração de qualquer tipo de diabetes e em parte devido à inelasticidade dos grandes vasos ateroscleróticos. O controle da hipertensão foi demonstrado de forma conclusiva na redução do índice de progressão da nefropatia diabética e na redução das complicações da nefropatia hipertensiva, doença cérebro-vascular e doença cardiovascular. Princípios gerais As modificações no estilo de vida devem ser inicialmente instituídas para reduzir a pressão arterial a não ser que a hipertensão se encontre em um nível intolerável. Tais modificações incluem perda de peso, exercício, redução do sal na dieta, e limite no consumo de álcool. Se as modificações no estilo de vida não alcançam os objetivos pretendidos, devem ser adicionados medicamentos gradualmente até que os objetivos da pressão arterial sejam alcançados. Vários medicamentos em pacientes com albuminúria (por ex., inibidores de ECA) parecem apresentar um benefício seletivo em pacientes com diabetes. Outros fatores de risco cardiovascular, como fumo, inatividade e níveis elevados de colesterol LDL, devem ser ao mesmo tempo controlados. Objetivos específicos do tratamento O principal objetivo do tratamento em adultos deve ser a redução da pressão arterial a um nível < 130/80 mmHg. A hipertensão em adultos tem sido tradicionalmente definida como pressão arterial sistólica ³ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica de ³ 90 mmHg. A maioria dos estudos epidemiológica sugere que o risco devido à pressão arterial elevada é uma função contínua, de forma que estes níveis de corte são arbitrários. Na população em geral, os riscos de dano ao órgão parecem ser menores quando a pressão arterial sistólica é de < 120 mmHg e a pressão arterial diastólica é de < 80 mmHg. Para pacientes com hipertensão sistólica isolada de ³ 180 mmHg, o objetivo é uma pressão arterial < 160 mmHg. Para aqueles com pressão arterial sistólica de 160-179, o objetivo é uma redução de 20 mmHg. Se estes objetivos são alcançados e bem tolerados, pode ser apropriado reduzir a pressão a 140 mmHg. Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 263 Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 REVISÃO Protegendo o endotélio vascular de pacientes diabéticos com a aspirina - Parte I Bases fisiopatológicas para o uso associado de vastatinas independentemente dos níveis de colesterol Freddy Goldberg Eliaschewitz* Anna Carla Goldberg** Christiani Adão Poço*** *Hospital **Responsável Heliópolis, Hospital Albert Einstein, Unidade de Ilhotas Pancreáticas da IQUSP pelo setor de Biologia Molecular do Lab. Imunologia, InCor-HCFMUSP, Livre Docente pelo ICB-USP ***Endocrinologista Assistente da Clínica Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz, São Paulo Resumo Pacientes diabéticos do tipo 2 têm risco triplicado de sofrer eventos cardiovasculares. Este risco aumentado precede o diagnóstico da doença e não é anulado pelo bom controle glicêmico. Esse artigo faz uma revisão dos fatores de risco cardiovascular atuantes nos pacientes diabéticos tipo 2 e analisa as justificativas fisiopatológicas para o uso da aspirina associado ao das vastatinas, independentemente dos níveis de colesterol sérico, com a finalidade de diminuir o risco cardiovascular desta população. Introdução Quando Felix Hoffmann, trabalhando no Laboratório de Friedrich Bayer, conseguiu sintetizar a aspirina, em 1897, não podia prever que cerca de um século depois – em um único ano, o de 2000 – seriam publicados 2.134 trabalhos científicos sobre sua descoberta [1]. Esse grande número de investigações é, a um só tempo, causa e conseqüência do papel central que o fenômeno inflamação – em seu sentido mais amplo – ocupa na gênese dos processos fisiopatológicos das doenças que hoje mais preocupam o homem. De fato, desde que Hipócrates usou, pela primeira vez, o extrato amargo de Salix alba, no sé- Endereço para correspondência: Freddy Goldberg Eliaschewitz, Rua Goías, 91 CEP 01244-030 São Paulo - SP - Tel.: (11) 3663-0350 culo V a.C., era o efeito antiinflamatório e analgésico da aspirina que buscava. No entanto, a descoberta do potente efeito inibidor da aspirina sobre a função das plaquetas é relativamente recente e ocorreu em uma época na qual a doença aterotrombótica, em suas diversas apresentações, é a principal causa de morte no mundo desenvolvido. Isso transformou o antigo analgésico em um dos instrumentos terapêuticos mais usados e estudados [2,3]. O uso da aspirina na prevenção de doença oclusiva vascular, em pacientes portadores de arteriopatia, está bem estabelecido. Numerosos estudos demonstram que a terapia antiplaquetária com a aspirina reduz em 1/6 o risco de morte cardiovascular e em 1/3 o de infarto do 264 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 miocárdio ou de acidente vascular cerebral naqueles pacientes que, por terem história prévia de infarto do miocárdio, de isquemia cerebral transitória ou de acidente vascular cerebral, correm sério risco (8 a 11% ao ano) de apresentar complicações tromboembólicas [4]. Entretanto, não é apenas a população que já sofreu um evento cardiovascular que apresenta grande risco de sofrer um segundo evento. Hoje, sabe-se que a população de diabéticos que nunca sofreu nenhum evento cardiovascular corre um risco equivalente ao da população não-diabética portadora de vasculopatia, ou seja, um risco aproximadamente três vezes maior que o da população geral [5]. Estima-se que em 2015 haverá 200 milhões de diabéticos no mundo. Apesar disso, o uso da aspirina em diabéticos tem sido menos estudado do que em indivíduos normais. Quase sempre os pacientes diabéticos são objeto de uma análise separada, como subpopulação de um estudo maior, sendo tratados como um grupo homogêneo, sem distinção entre diabéticos tipo 1 e tipo 2 [6,7,8]. Discutir as razões que justificam o uso da aspirina em pacientes diabéticos tipo 1 e principalmente em tipo 2, à luz dos conhecimentos recentemente adquiridos sobre os efeitos da insulina e da hiperglicemia sobre a parede arterial, e de como os benefícios de seu uso podem ser impedidos ou ampliados, por exemplo, pelo controle adequado da glicemia, pelo tratamento da hipertensão com o uso de bloqueadores de cálcio e pelo uso da aspirina associado ao das vastatinas, independentemente dos níveis de colesterol, são os objetivos deste texto. Para tanto, uma série de dados recentes a respeito da ação intracelular das vastatinas foi analisada. Nesses trabalhos, diferentes vastatinas foram utilizadas. Mas como as ações relatadas sempre dependeram da inibição da HMGCoA redutase, comum a todas, o termo genérico vastatinas foi utilizado na suposição de que o mesmo efeito seria esperado de qualquer uma delas. A mesma postura foi assumida em relação aos anti-hipertensivos e aos antidiabéticos referidos como classe farmacológica e não como espécie farmacêutica. Embora neste artigo se focalizem principalmente as disfunções endoteliais provocadas pelo diabetes, chega-se a conclusões que provavelmente também se aplicam a pacientes não-diabéticos que, em virtude de hiperlipidemia, hipertensão ou outros fatores de risco, têm aumento do estresse oxidativo nas artérias e endotélio disfuncional. Os diferentes diabéticos diferem no risco cardiovascular O diabetes tipo 1 é causado por uma deficiência absoluta de insulina como conseqüência da destruição autoimune das células β das ilhotas pancreáticas. O diabetes tipo 2 é uma entidade clínica heterogênea e multifatorial, caracterizada por um defeito na ação da insulina (resistência insulínica) e em sua secreção (disfunção da célula β). A contribuição relativa de cada uma dessas anormalidades varia tanto de um paciente para outro, como em um mesmo paciente, ao longo da doença. Fatores genéticos devem ser determinantes de importância em cada um desses mecanismos patogenéticos, embora esteja bem demonstrado que também fatores ambientais, como sedentarismo e dieta, entre outros, podem agravar a resistência à insulina. Além disso, a forte associação com a obesidade decorre da ação de moléculas originadas no tecido adiposo, capazes de inibir ações da insulina. Entre Fig. 1 - O risco cardiovascular de pacientes diabéticos tipo 2 equivale ao risco de pacientes não-diabéticos que já sofreram um evento = 2 a 5 x a população geral. Mortalidade entre diabéticos e não-diabéticos - Idade e sexo 5 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 265 Fig. 2 - A associação entre obesidade e diabetes tipo 2 se dá por efeito de peptídeos com atividade hormonal produzidos pelo tecido adiposo elas está a leptina e a recém identificada resistina. A descoberta desta última é o prelúdio de uma nova geração de ativadores dos PPARg não-TZDs que a inibam de modo específico, sem inibir também a leptina e assim provocar aumento de peso [9,10,11]. Tanto a falta de ação quanto a secreção deficiente de insulina podem ser fatores patogênicos primários em um paciente portador de diabetes tipo 2. Em todos eles, porém, a ação e a secreção de insulina estão fisiologicamente interconectadas em múltiplos níveis, na medida em que a resistência à insulina pode ser compensada, de início, pelo aumento na produção de insulina (hiperinsulinismo), de modo que o diabetes não se manifesta clinicamente até que apareça algum grau de deficiência na capacidade secretora da célula β pancreática [12]. Por outro lado, mesmo quando os níveis de hiperglicemia são ainda relativamente modestos e restritos ao período pós-prandial, podem induzir a uma disfunção secretora nas células β (glicotoxicidade), impedindo que o mecanismo de compensação seja mantido no nível necessário a fim de evitar a eclosão do diabetes [12]. A lenta evolução desse processo pode nos fazer pensar que o diabetes tipo 2 é uma condição benigna quando comparada a todas as causas de hiperglicemia crônica agrupadas no termo “diabetes”. O risco muito aumentado, apresentado pelos diabéticos tipo 2, de sofrer infarto do miocárdio e a importante diminuição em sua expectativa de vida desmentem esse mito [13,14]. Pacientes portadores de diabetes tipo 1, embora tenham maior risco de desenvolver complicações vasculares do que não-diabéticos, têm um risco menor que diabéticos tipo 2. As diferenças entre as complicações macrovasculares nos dois grupos foi recentemente revista. Com a realização de um estudo de grande porte em diabéticos tipo 1 – o DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) – multicêntrico, controlado, padronizado e prospectivo, ficou inequivocamente demonstrado que o uso intensivo de insulina, suficiente para levar a uma queda de 2% nos índices de hemoglobina glicosilada se comparada ao uso convencional da terapia insulínica, resultava em uma diminuição de 76% no risco de desenvolvimento de retinopatia, de 54% no de nefropatia e de 60% no de neuropatia [15]. Da mesma forma, no caso do diabetes tipo 2, o estudo de Kumamoto e o UKPDS demonstram claramente a importância do controle glicêmico na prevenção do desenvolvimento dessas mesmas complicações. Porém, em Fig. 3 - Efeito do controle estrito da glicemia no risco de eventos cardiovasculares em diabéticos tipo 2: infarto do miocárdio fatal ou não-fatal e morte súbita em 573 de 3.867 pacientes (15%). 266 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 pacientes diabéticos, sugere que as artérias desses pacientes são especialmente suscetíveis à lesão aterosclerótica [16,17,18,22]. A alteração funcional mais evidente na microcirculação dos pacientes com diabetes tipo 2 é uma limitação na capacidade vasodilatadora [23]. Esta poderia ser atribuída a vários dos elementos que constituem a parede vascular. Invariavelmente, porém, as células lesadas pela hiperglicemia são aquelas incapazes de diminuir o transporte de glicose quando os níveis de glicose no meio extracelular estão elevados [24]. É esse o caso das células endoteliais que, entre as muitas outras funções que desempenham, regulam localmente o tônus vascular. A insulina exerce múltiplos efeitos na parede vascular, sendo que um dos mais importantes é o efeito vasodilatador [25]. A ativação dos receptores de insulina nas células endoteliais resulta na ativação da via da PI-3 quinase (fosfatidilinositol quinase) e no aumento da produção de NO (óxido nítrico), tanto agudamente (menos de 1 minuto) quanto no decorrer de várias horas (via indução do RNA mensageiro da enzima NO sintetase). Este último efeito da insulina é inibido pela PKC (proteína quinase C) [25,26]. Esse caminho metabólico é o mesmo acionado pela insulina nas células musculares, para mediar o transporte de glicose (veja Fig. 5). Em situações nas quais há resistência à insulina, tanto em modelos experimentais como em pacientes humanos, é inibido o efeito estimulador da insulina sobre a produção endotelial de NO [27]. Isso demonstra que a parede vascular deve ser inclu- Fig. 4 - A hemoglobina glicosilada pode não ser um parâmetro preciso para retratar o risco cardiovascular do diabetes. relação ao desenvolvimento de doença macrovascular, os resultados foram menos conclusivos. Os fatores mais estreitamente associados a uma redução no número de eventos cardiovasculares foram os níveis de HDL-colesterol e o controle da pressão arterial. A redução de 16% na incidência no número de eventos cardiovasculares no grupo em que foi mais rígido o controle de glicemia, atingiu significância estatística apenas marginal (p=0,052) [16,17,18,19] (veja Fig. 3). Deve-se observar que os pacientes, durante o UKPDS, não foram monitorados quanto às excursões pós-prandiais da glicemia. Estudos recentes sugerem que esses níveis são melhores preditores do risco cardiovascular do que a glicemia de jejum e a hemoglobina glicosilada, e que esta última pode não refletir, de modo confiável, as alterações glicêmicas pós-prandiais em um grande número de pacientes [16,17,18,20,21] (veja Fig. 4). Por outro lado, o enorme impacto que os fatores clássicos de risco vascular, como lípides séricos e hipertensão, têm na determinação do risco cardiovascular dos Fig. 5 - Ação vasodilatadora da insulina. Fig. 6 - Disfunção endotelial na resistência à insulina: a deficiência de NO limita a vasodilatação e permite ativação do NF-kB. Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 Fig. 7 - Limitação da ativação do NF-kB pelo NO ída entre os órgãos-alvo de resistência à insulina [14,25,28,29,30,31,32] (veja Fig. 6). A menor produção de NO não compromete apenas a capacidade vasodilatadora do endotélio. O NO inibe a multiplicação e o crescimento das células musculares lisas dos vasos, impedindo a hiperplasia intimal e o espessamento da membrana basal. Além disso, o NO inibe a expressão de moléculas de adesão, como por exemplo, a da molécula de adesão intracelular, a da E-selectina e a da molécula de adesão de células vasculares-1 [28,29,30,31]. O NO também inibe o efeito de citocinas como TNFα e a produção de quimiocinas como a proteína atratora de monócitos-1 [33] (veja Tabela 1 e Fig.7). Todos esses efeitos decorrem da produção aumentada de IkBa, que é um fator inibidor do Fator Nuclear de Transcrição: NF-kb [34]. Outras ações relevantes do NO incluem a inibição da adesão plaquetária à parede vascular e a amplificação do efeito antiagregante plaquetário da prostaciclina [33,34]. Isso pode explicar o fato de os estados de resistência à insulina, mesmo sem intolerância à glicose, serem acom- panhados por um aumento no risco cardiovascular. Nestes, a hiperinsulinemia compensadora é suficiente para manter a homeostase da glicose, mas não para impedir a disfunção endotelial [35,36,37,38]. Quando a hiperglicemia se inicia, agrava-se o risco. Numerosos estudos demonstram uma correlação entre a hiperglicemia e o risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais, mesmo quando é restrita ao período pós-prandial [39-61]. Foram descritos quatro mecanismos para explicar a lesão vascular induzida pela hiperglicemia. Todos eles podem estar atuando tanto no diabetes tipo 1 quanto no diabetes tipo 2. A hiperglicemia causa: 1 - aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) [11,24,62]; 2 - aumento na atividade da aldose-redutase [63]; 3 - ativação da proteína C quinase (PKC) [25,63,64]; 4 - aumento na formação de produtos de glicosilação avançada (AGEs) [24,63]. O aumento na produção de ROS, por efeito direto da hiperglicemia, pode decorrer da glicosilação não-enzimática de proteínas, pois a reação de glicosilação dos aminogrupos reativos contidos nas cadeias peptídicas gera radicais livres. Como a velocidade dessa reação depende da concentração média da glicose, em condições de hiperglicemia a produção de radicais livres, gerados por esse mecanismo, aumenta cerca de 50 vezes. Um outro mecanismo pode decorrer da auto-oxidação da glicose e da glicosilação de lípides – as chamadas reações de glicoxidação. A hiperglicemia intracelular ativa a via das pentoses que utiliza a aldose-redutase. Essa enzima também utiliza como substrato os aldeídos tóxicos resultantes da glicoxidação de lípides. Os produtos resultantes (sorbitol e alcoóis inativos) são oxidados pela sorbitol desidrogenase para formar frutose. A atividade desta enzima resulta em um aumento da relação NADH/NAD, inibindo a oxidação das trioses fosfatos e aumentando a síntese de diacilglicerol, o que, por sua vez, ativa a PKC [25,63,65,66,67,68] (veja Fig. 8). Fig. 8 - Mecanismos de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) pela hiperglicemia Tabela 1. Ações do óxido nítrico • induz a vasodilatação • amplifica o efeito da prostaciclina • inibe a adesão plaquetária ao endotélio • inibe o efeito de citocinas • inibe a multiplicação de células musculares lisas • inibe NF-kB • inibe a produção de citocinas inflamatórias (via NF-kB) • inibe a produção de moléculas de adesão (via NF-kB) 267 268 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 As ROS também podem ativar a PKC tanto por via direta quanto por inibição da gliceraldeído fosfato desidrogenase e esta também provoca aumento dos níveis de diacilglicerol [25,63,65,66]. O aumento dos produtos da glicosilação avançada (AGE) é o último mecanismo descrito capaz de lesar os tecidos. Além da alteração na função das proteínas intracelulares glicosiladas, ocorrem modificações da matriz extracelular pelas AGEs, com alteração em suas propriedades, como por exemplo o aumento da permeabilidade. Por outro lado, os produtos de glicosilação avançada são reconhecidos por receptores presentes em células próximas ao endotélio como os macrófagos, que produzem ROS quando esses receptores são ativados [25,69,70,71] (veja Tabela 2). Tabela 2. Ações dos radicais livres. mulada pela insulina, e nos indivíduos diabéticos em geral, nos quais a hiperglicemia, através da ativação da PKC, promove uma atividade sustentada do NF-kB, verifica-se a tendência de transformar a parede vascular na sede de um processo inflamatório crônico em que se sucedem as alterações anatômicas que definem a aterosclerose [73] (veja Tabela 3 e Figs. 9 e 10). Por esse motivo, no caso desses pacientes, justificase a tentativa de impedir ou retardar esse processo, por um lado diminuindo farmacologicamente a atividade do NF-kB e, por outro, diminuindo a capacidade de agregação das plaquetas no endotélio disfuncional [25,33,72,73]. Como veremos a seguir, a aspirina cumpre essas duas funções. Fig. 9 - Relação entre a intolerância à glicose e a produção de NO, ROS e NF-kB e seus efeitos sobre a célula endotelial. • induzem a disfunção da célula endotelial • induzem a apoptose das células endoteliais • ativam o fator NF-kB (nas células endoteliais) • ação antiapoptótica nas células musculares lisas Desse modo, o resultado final do efeito da hiperglicemia sobre a parede vascular pode ser definido como um aumento na produção de radicais livres de oxigênio (aumento do estresse oxidativo). Uma das conseqüências mais importantes desse aumento é que as ROS provocam a ativação do Fator Nuclear de Transcrição NF-kB [71] que estimula a transcrição de vários genes envolvidos no processo inflamatório, como os que codificam para as citocinas (TNF-α e interleucina1b) e proteínas de adesão (entre outras, a E-selectina). Portanto, a ativação desses últimos capacita o endotélio a se Fig. 10 - Papel da ativação do NF-kB na manutenção do tornar uma superfície à qual podem aderir células infla- processo inflamatório. matórias e plaquetas. Outro resultado da ativação desses genes é o aumento na permeabilidade do endotélio, o que permite uma maior penetração de lipoproteínas oxidadas na parede arterial. A captura dessas lipoproteínas oxidadas pelos macrófagos gera uma produção ainda maior de ROS, que tende a prolongar ainda mais a ativação do NF-kB. Além disso, as próprias citocinas produzidas pela ativação do NF-kB podem ativá-lo, estabelecendo um círculo vicioso [72,73]. Em indivíduos normais, esse processo tende a ser limitado pelo NO que, além do efeito vasodilatador, estabiliza o IkBa, que bloqueia a ativação do NF-kB, impedindo sua migração do citoplasma para o núcleo [73]. Assim, o NO, por meio desse mecanismo, acaba também atenuando o processo inflamatório, por inibir a expressão de moléculas de adesão, a atividade de citocinas e a adesão plaquetária. Nos pacientes diabéticos tipo 2, nos quais é deficiente a produção endotelial de NO esti- Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 Tabela 3. Ativação de genes pelo NF-kB. • citocinas inflamatórias • quimiocinas • enzimas • óxido nítrico sintetase indutível • cicloxigenase-2 (indutível) • lipoxigenase • moléculas de adesão • receptores de células imunologicamente competentes O efeito da aspirina na ativação do NF-kB 269 efeito estimulador da aspirina sobre a produção de óxido nítrico, na dose de 150 mg por dia, foi demonstrado em várias células como os neutrófilos que, por seu efeito, adquirem ação antiagregante plaquetária [78] (veja Fig. 11). Argumenta-se que as doses de aspirina utilizadas para proteção cardiovascular são consideravelmente mais baixas do que as usadas com finalidade antiinflamatória. Assim, nessas doses baixas, apenas a ação antiplaquetária teria relevância. Comprovou-se, porém, no Physician Health Study – estudo no qual a aspirina foi utilizada apenas em doses cardioprotetoras – que os níveis de proteína C reativa (marcadores de atividade inflamatória) caíram paralelamente com a diminuição do risco cardiovascular [79]. Os efeitos da aspirina nas plaquetas O NF-kB é um fator ativador da transcrição de vários genes que codificam para citocinas, proteínas de adesão A aspirina tem, ainda, efeitos importantes sobre as e enzimas. Entre elas, está o gene que codifica para a plaquetas, nas quais causa um defeito funcional detectáenzima NO sintetase, que leva à produção de NO. Sua vel clinicamente pelo aumento no tempo de sangramenativação exerce papel central nas doenças inflamatórias to. Tal aumento se deve à inibição de prostaglandina G/ crônicas como a asma, a retocolite ulcerativa e a artrite H sintetase-1 (cicloxigenase) que catalisa a conversão reumatóide. O aumento da expressão do NO sintetase de ácido araquidônico em prostaglandina H2 e constitui pode ser confirmado pelo aumento na quantidade de NO o primeiro passo na síntese de prostaglandinas [8]. no ar exalado por pacientes portadores de asma, pelo A aspirina acetila o grupo OH da serina na posição aumento de NO no cólon de pacientes com colite e pelo 529 da cadeia peptídica dessa enzima, causando perda aumento de nitrito urinário em pacientes com artrite reuirreversível de sua atividade. Como conseqüência, as matóide. Na parede vascular, o NO inibe a ativação do plaquetas ficam impedidas de produzir tromboxano-A2, NF-kB, limitando seu efeito. A ativação crônica do NFkB também é considerada um dos marcos iniciais da sintetizado e liberado em resposta a diversos estímulos aterosclerose que, em essência, é um processo inflama(trombina, colágeno e ADP) e que induz a agregação tório crônico que acomete a parede vascular [72, 73, 74]. das plaquetas [8] (veja Fig. 12). A aspirina é amplamente prescrita como agente antiinflamatório, por inibir a sínte- Fig. 11 - A aspirina inibe o NF-kB antagonizando sua ativação pelos ROS e se de prostaglandinas. No entanto, o ácido potencializando sua inibição pelo NO. salicílico também exibe atividade antiinflamatória, mesmo sem possuir o grupo acetil, sendo, por esse motivo, incapaz de acetilar a cicloxigenase [75]. Esse fato levou Ghosch et al. a pesquisar outros mecanismos responsáveis pela ação antiinflamatória desses compostos. Em 1994, os autores demonstraram que tanto a aspirina quanto o ácido salicílico eram capazes de inibir a ativação do NF-kB [75]. Demonstrou-se posteriormente que, embora essa atividade não fosse compartilhada por outros antiinflamatórios não-esteróides como a indometacina, assemelhava-se à obtida com glicocorticóides [75, 76, 77]. Outro efeito que distingue a aspirina dos outros antiinflamatórios não-esteróides é provocar vasodilatação ao invés de vasoconstrição nas artérias coronárias, talvez por efeito indutor do aumento de NO. O 270 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 Fig. 12 - Ações antiplaquetárias e antitrombina da aspirina. Como as plaquetas não possuem núcleo, não podem sintetizar nova cicloxigenase. Assim, é irreversível a ação da aspirina sobre elas e esta perdura por 8 a 10 dias (vida média das plaquetas). Desse modo, a aspirina, mesmo em doses baixas, acaba inibindo seletivamente a síntese de tromboxano-2 nas plaquetas, sem contudo diminuir significativamente a produção de prostaciclina pelo endotélio [8]. Esse efeito é muito rápido e tem início mesmo antes de a droga ser detectada na circulação sistêmica, provavelmente por seu efeito ainda no sistema venoso portal. Portanto, não há correlação entre a biodisponibilidade sistêmica e o efeito antiplaquetário da aspirina. Uma única dose de 100 mg de aspirina por via oral é capaz de suprimir, de modo eficaz, a síntese de tromboxano-2 em plaquetas tanto de pacientes diabéticos quanto de indivíduos normais. Desse modo, a inibição da atividade plaquetária não é útil apenas para proteger pacientes diabéticos dos fenômenos trombóticos; também tem potencial para evitar a progressão do próprio processo ateromatoso. De fato, estudos recentes que usam a íntima média das artérias carótidas como marcador da aterosclerose, demonstram que o uso de agentes antiplaquetários pode, na realidade, atenuar esse processo [80~84] . A disfunção plaquetária no diabetes Além da disfunção endotelial, os pacientes diabéticos apresentam função hiperativa das plaquetas. Esta se deve a múltiplas causas: aumento na expressão de re- ceptores glicoprotêicos agonistas das proteínas de adesão, aumento na ligação do fibrinogênio, diminuição na fluidez da membrana celular e alterações das vias metabólicas das plaquetas [84~87]. O resultado final dessas modificações resulta em um excesso de mobilização do cálcio e no aumento na síntese e liberação do tromboxano. As plaquetas ativadas interagem com outras células, como as endoteliais e os leucócitos, bem como com o sistema de coagulação, na gênese e progressão do processo de aterosclerose. Em pacientes diabéticos, com micro ou macroangiopatia, o ritmo da renovação está aumentado e a supressão da produção de tromboxano pode não ser completa, mesmo quando a aspirina (25 a 100 mg) é dada a cada 6 horas. A fim de contornar este problema, recomenda-se o uso da formulação de aspirina de liberação lenta quando for prescrita a pacientes diabéticos [82, 83]. O efeito da aspirina na geração de trombina A administração de aspirina a controles normais durante uma semana, para o estudo da geração de trombina, avaliada pela determinação dos níveis séricos dos fragmentos da protrombina (F1 e F2) revela que a geração de trombina é atenuada. O estudo da adição “in vitro” de agentes antiplaquetários, ou de ativadores de plaquetas, revela que pelo menos em parte, este feito antitrombina da aspirina envolve mecanismos independentes do tromboxano [88]. Atribui-se esses efeitos à acetilação de receptores de membrana das plaquetas ou dos fatores de coagulação. Esse fenômeno foi igualmente observado em doses administradas de 75 a 300 mg/dia [89]. A manutenção de um ritmo menor de formação de trombina pode ser um dos mecanismos mais importantes para explicar a eficácia da aspirina nos seus usos terapêuticos e profiláticos [90] (veja Tabela 4). Tabela 4. Efeitos da aspirina. 1. inibição da cicloxigenase plaquetária (inibição da síntese de tromboxano) 2. inibição de NF-kB 3. inibição do espessamento da média - íntima das artérias 4. aumento da produção de óxido nítrico 5. diminuição da geração de trombina Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 O uso da aspirina em pacientes diabéticos Estudos clínicos de uso de aspirina em diabéticos a) Prevenção primária O Physicians Health Study é um estudo randomizado, duplo-cego, incluindo 22.071 pacientes do sexo masculino, sem evidência de doença vascular, dos quais 533 eram diabéticos. A aspirina foi utilizada na dose de 325 mg em dias alternados, procurando avaliar seu efeito na prevenção da doença coronariana. Após seguimento de 5 anos, verificou-se uma ocorrência de infarto agudo do miocárdio em 4% dos diabéticos em tratamento com a aspirina, contra 10,1% no grupo placebo [94], resultando num risco relativo de 0,39% para os pacientes tratados. Proteção semelhante foi obtida no grupo não- diabético, indicando que a aspirina foi igualmente eficiente nos dois grupos. No Nurse’s Health Study, as mulheres diabéticas também se beneficiaram com o tratamento profilático com aspirina, mostrando uma redução de 29% na incidência de infarto do miocárdio [95]. No ETDRS (Early Treatment Diabetes Retinopathy Study) a população estudada era constituída por 3.711 diabéticos tipo 1 e tipo 2, de ambos os sexos e cerca de 48% deles tinha história prévia de doença cardiovascular. Esse estudo analisa, portanto, tanto a prevenção primária quanto a secundária. Houve uma redução de 28% no risco de infarto agudo do miocárdio, no grupo alocado à aspirina, após cinco anos de seguimento [96]. O estudo HOT (Hypertension Optimal Treatment Trial) examinou o efeito de 75 mg de aspirina versus placebo em 18.790 pacientes hipertensos, que foram randomizados para atingir a PA diastólica de 90 ou 85 ou 80 mm de mercúrio. Havia 1.501 pacientes diabéticos nessa população. O uso da aspirina reduziu os eventos cardiovasculares em 15% e os de infarto do miocárdio em 36%, tanto em diabéticos quanto em não-diabéticos. Acidentes fatais, do tipo acidente vascular cerebral hemorrágico, foram semelhantes nos grupos placebo e aspirina [97]. b) Prevenção secundária Uma metanálise de 145 estudos prospectivos e controlados, utilizando terapia antiplaquetária, realizado com homens e mulheres que sofreram acidentes vasculares de diversos tipos, foi reportada pelo APT (Antiplatelet Trialist). A redução do número de eventos, obtida com o uso da aspirina em doses de 325 mg por dia, ou menos, foi de 25% tanto para homens quanto para mulheres. Os resultados obtidos em pacientes diabéticos foram semelhantes aos obtidos em pacientes não-diabéticos. A análise conclui que o uso prolongado da aspirina é protetor em categorias de alto risco, incluindo pacientes com infarto agudo do miocárdio, infarto pregresso, his- 271 tória pregressa de infarto cerebral ou ataque isquêmico transitório, além de outros eventos vasculares como angina, cirurgia vascular, angioplastia e doença vascular periférica [98]. Estima-se que cerca de um evento vascular para cada 25 pacientes teria sido evitado, se todos houvessem recebido aspirina como parte da estratégia de prevenção secundária. Quanto à doença cerebrovascular, os estudos que incluíram indivíduos com diabetes, mostraram a eficácia da aspirina na prevenção secundária dos ataques isquêmicos transitórios. No European Stroke Prevention Study [99] avaliou-se a associação da aspirina (990 mg/dia) com o dipiridamol (225 mg/dia) na prevenção secundária de AVC (acidente vascular cerebral) ou morte em diabéticos e não-diabéticos vitimados por acidente isquêmico recente. Foram incluídos 216 diabéticos. A redução de infarto cerebral isquêmico nos pacientes diabéticos foi de 32,4%. Vários outros estudos randomizados comparando a aspirina e placebo a outros antiagregantes, têm mostrado uma ação benéfica significativa da aspirina na redução da isquemia transitória, do acidente vascular cerebral e da morbidade/mortalidade cardiovascular. A aspirina reduz o risco de AVC não-fatal em 30% e o risco de morte em 15% quando comparado com placebo [100,101] (veja Tabelas 5 e 6). Tabela 5. Estudos clínicos em diabetes: porcentagem de redução de infarto do miocárdio observada. HOT Study ETDRS APT a Physician’s Health Study Nurse’s Health Study European Stroke Prevention Study 36% 28% 25% 39% 29% 32,4% AVCIb a - metanálise de 145 estudos b - acidente vascular cerebral isquêmico Tabela 6. Metanálise de 29 estudos de avaliação de fármacos antiplaquetários na prevenção secundária em pacientes de alto risco. sem diabetes % com diabetes % Eventos vasculares em pacientes (com/sem) controles tratados 3466/21197 2700/21136 16,4 12,8 502/2254 415/2248 22,3 18,5 Número de eventos vasculares prevenidos/1000 pacientes tratados p sem diabetes com diabetes 36±3 38±12 < 0,00001 < 0,002 272 Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 Efeitos adversos O maior risco do uso da aspirina é a lesão da mucosa gástrica e hemorragia gastrintestinal. Estes efeitos parecem estar relacionados com a dose utilizada e são reduzidos quando preparações entéricas nas doses de 75-325 mg/dia são empregadas. Alguns estudos mostram que a ocorrência de sangramento gastrintestinal em pacientes tratados com estas doses é 1,5 vezes maior que com placebo; com probabilidade de hemorragia de 0 a 2,1/1000 pacientes tratados. Em outros estudos prospectivos, evidenciou-se uma tendência ao aumento de hemorragia cerebral, sem entretanto, atingir significância estatística. Sabe-se que o uso da aspirina não aumenta o risco de hemorragia retiniana, portanto, a retinopatia diabética complicada não é uma contra-indicação ao seu uso. As principais contra-indicações ao uso da aspirina são: sangramento gastrintestinal recente, doença hepática ativa, alergia, coagulopatias ou uso concomitante de anticoagulantes [8,81,85, 102,103,104]. O uso regular de antiinflamatórios não-esteróides pode aumentar o risco de doença renal crônica e levar a um descontrole da pressão arterial em pacientes hipertensos. Entretanto, doses baixas de aspirina são inibidores muito fracos das prostaglandinas vasodilatadoras renais e não têm efeito significativo sobre a função renal ou sobre o controle da pressão arterial [86]. Dose Há indicações que pacientes diabéticos com angiopatia apresentam um “turnover” plaquetário aumentado. O uso da aspirina nesses pacientes, leva a uma redução de mais de 50 vezes na quantidade absoluta de tromboxano liberado. Ainda assim, o tromboxano liberado por esses pacientes após a introdução da aspirina ainda é maior do que a que ocorre em pacientes não diabéticos que utilizam aspirina na mesma dose. Devido a esse fato, tem se recomendado o uso da aspirina de liberação lenta com o objetivo de manter um nível plasmático que permita a supressão contínua da formação de tromboxano [82,83]. Devido a inativação permanente da cicloxigenase plaquetária, o efeito inibitório de pequenas doses repetidas (< 100 mg/dia), tem se mostrado cumulativo, levando a uma completa inibição da síntese plaquetária de tromboxano após 7-10 dias. Doses maiores apresentam efeito cumulativo similar, resultando em imediata inibição da síntese de tromboxano [82,83]. É assunto ainda controverso qual seria a dose ideal da aspirina a ser utilizada. Argumenta-se que, devido a esse “turnover” aumentado das plaquetas, seria necessária a utilização de doses maiores em pacientes diabéticos para suprimir a produção de tromboxano. Uma das razões é o resultado do estudo ISIS-2 que avaliou o efeito da aspirina versus placebo na mortalidade precoce (0 a 35 dias) em pacientes diabéticos que sofreram infarto agudo do miocárdio. Neste estudo não se notou efeito protetor em 645 diabéticos recebendo aspirina (160mg/dia), comparados a 642 indivíduos do grupo placebo, o que tem levado alguns autores a preconizar o uso de doses maiores (300 mg/dia) em pacientes diabéticos portadores de microangiopatia [105]. Outros estudos sugerem que baixas doses (em torno de 75mg) são tão efetivas quanto doses altas na inibição do tromboxano plaquetário, argumentando que doses menores não interfeririam com a produção de prostaciclina endotelial mas manteriam seu efeito sobre a cicloxigenase plaquetária [106,107]. Por outro lado, o estudo SAPAT (Swedish Angina Pectoris Aspirin Trial) mostra que 160 mg de aspirina são eficazes na prevenção secundária de eventos cardiovasculares em diabéticos [108]. A metanálise do Antiplatelet Trialist’s mostra uma redução dos eventos cardiovasculares de 21 ± 4% em 30 estudos usando a dose de 500-1500 mg/dia; redução de 28 ± 3% em 12 estudos usando dose de 160-325 mg/dia; e 26 ± 11% em 7 estudos usando-se a dose entre 40-150 mg/dia. Assim, não houve evidência de que doses maiores de aspirina (> 1500 mg/dia) sejam mais efetivas que doses intermediárias (75-325 mg/dia). A maior parte dos estudos utilizou doses intermediárias. Por outro lado, nos estudos em que se utilizou a aspirina em associação com outros antiplaquetários, como o dipiridamol, sulfinpirazona, ticlopidina ou suloctidil, não houve diferenças significativas em relação ao efeito protetor da aspirina usada isoladamente [98]. Por esse motivo, a ADA (American Diabetes Association) sugere o uso da aspirina em monoterapia, na dose de 81-325 mg ao dia, tanto na prevenção primária quanto secundária [86]. Considerações especiais A metanálise dos estudos de prevenção secundária permitiu o estudo de uma população de tamanho adequado para que a eficácia da aspirina fosse analisada com segurança. Assim, há evidências convincentes de que a aspirina deve ser usada em pacientes diabéticos de ambos os sexos, acima de 30 anos, já que a população estudada não continha número suficiente de pacientes abaixo dessa idade. Entre as interações medicamentosas observadas, é possível que o uso da aspirina diminua os efeitos benéficos dos inibidores da enzima conversora da angiotensina em pacientes com doença vascular instalada. Nesses indivíduos, agentes antiplaquetários alternativos podem ser considerados até que resultados mais conclusivos sejam obtidos [109]. A partir dos resultados dos estudos clínicos mencionados, são essas as recomendações da ADA para o uso da aspirina em pacientes diabéticos no ano de 2001 [86] (Tabela 7). Eliaschewitz FG et al. / Diabetes Clínica 04 (2001) 263~277 Tabela 7. Recomendações da Associação Americana de Diabetes publicadas em 2001. 1. O tratamento com aspirina deve ser empregado como estrátegia de prevenção secundária em diabéticos de ambos os sexos que apresentam evidências de doença vascular importante. Esta população inclui pacientes diabéticos, do sexo masculino e feminino, com antecedentes de infarto do miocárdio, revascularização miocárdica, acidente vascular cerebral ou isquemia transitória, doença vascular periférica, claudicação e/ ou angina. 2. Além de tratar os fatores de risco cardiovasculares primários identificados, deve-se considerar o tratamento com aspirina como estratégia de prevenção primária nos homens e mulheres de alto risco com diabetes do tipo 1 ou 2. Isso inclui pacientes com qualquer dos seguintes fatores de risco: • antecedentes familiares de doença cardiovascular • tabagismo • hipertensão obesidade (> 120% do peso ideal); IMC > 27,3 para mulheres e > 27,8 para homens • albuminúria (micro ou macro) • dislipidemias: Colesterol total > 200 mg/dl LDL - colesterol > 100 mg/dl HDL - colesterol < 45 mg/dl Triglicérides > 100 mg/dl O uso da aspirina não foi estudado em diabéticos com idade abaixo de 30 anos. 3. A aspirina de liberação entérica deve ser utilizada nas doses de 81 a 325 mg/dia. 4. Pacientes com alergia ao ácido acetilsalicílico, tendência a sangramentos, em tratamento com anticoagulantes, com hemorragia gastrintestinal recente e doença hepática clinicamente ativa não devem ser tratados com aspirina. No entanto, a proteção que a aspirina proporciona não é completa, e pacientes diabéticos continuam sofrendo eventos cardiovasculares, apesar de a utilizarem. Esse fato sugere que a ação antiplaquetária e antiinflamatória pode não ser suficiente para evitar a progressão da aterosclerose e suas complicações [98], se outros fatores estiverem presentes. Na população diabética, os principais fatores que podem diminuir o efeito protetor da aspirina são a hiperglicemia, a hipertensão e a dislipidemia. Referências 1. Medline: www. ncbi. nlm.nih.gov. “Aspirin and diabetes”. janeiro de 2001. 2. Hennekens CH, Buring JE. Aspirin in primary prevention of cardiovascular disease. Cardiol. Clin. 12: 443-50,1994. 3. Fuster V, Dyken ML, Vokonas PS, Hennekens C. Aspirin as a therapeutic agent in cardiovascular disease. Special report. Circulation 87: 659-75,1993. 4. Calvo F, Barrabés JA, Garcia-Dorado D. Deben recibir tratamiento continuado con aspirina los individuos sin evidencia de enfermedad coronaria y con factores de riesgo? Argumentos a favor. Rev. Esp. Cardiol. 49: 793-800,1996 5. Gu K, Cowie CC, Harris MI. 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Allen [1] desenvolveu em 1912 a famosa “Terapêutica da fome de Allen”, oferecendo 1000 kcal/dia e 10g de carboidratos (CHO)/dia, com o objetivo de manter os indivíduos vivos até que, supostamente, a insulina voltasse a tornar-se disponível. Deste modo, até o surgimento da insulina exógena, os diabéticos eram tratados com dietas muito baixas em CHO e em regime de semi-inanição. Mesmo após a terapia com insulina, os estudiosos ainda da primeira metade do século vinte, ainda recomendavam a dieta pobre em CHO e rica em lípides, porque poucos estudos, e ainda não conclusivos, como os de Geyelin et al. [2], Sansum et al [3] e Kempner et al. [4], demonstraram os benefícios da dieta com maior aporte de glicídios e menor de lípides. Entretanto, no decorrer de décadas, as recomendações nutricionais indicadas pela American Diabetes Association (ADA), foram sendo modificadas à luz de novos conhecimentos, particularmente aqueles revelados pelos estudos sobre índice glicêmico de alimentos. De dietas extremamente restritas em energia e CHO e muito ricas em gorduras e colesterol, passou-se a recomendar dietas ricas em CHO e fibras, suficiente em proteínas e restritas em gorduras saturadas e colesterol [5], conforme apresentado na Tabela 1. Há muito que a individualização da terapia nutricional tem sido o ponto fundamental, dentro das recomendações de todos os órgãos voltados para DM. Os resultados apresentados pelo Diabetes Complications Control Trial (DCCT) [6] indicam que as pessoas que aderiram mais que 90% do tempo ao plano alimentar individualizado, tinham em média um nível de hemoglobina glicada 0,9% menor do que aqueles que apresentaram Endereço para correspondência: Celeste Elvira Viggiano Rua Des. Lauro Souza Alves, 7 CEP 05171-480 - São Paulo - SP E-mail: [email protected] uma adesão à dieta de 45% do tempo. A terapia nutricional deve também estar focada na prevenção de complicações tardias, lembrando que a doença cardiovascular é a mais comum no diabetes do tipo 2, sendo as anormalidades das lipoproteínas a principal causa da aterosclerose. Portanto, a dieta é primordial para o controle glicêmico, e também para normalização dos níveis de lipoproteínas. O consumo excessivo de lípides contribui para obesidade, hipertensão arterial, aterosclerose e resistência à insulina, pois reduz o número de receptores para insulina em vários tecidos; diminui o transporte de glicose para o músculo e tecido adiposo; e reduz a atividade de processos que são estimulados por esse hormônio. Quando a dieta é rica em ácidos graxos monoinsaturados (MUFA), parece não ocorrer redução da sensibilidade à insulina. Um estudo que comparou a dieta rica em CHO com dieta rica em monoinsaturados em diabéticos tipo 2, por quatro semanas, observou que a dieta com MUFA reduziu de forma significativa os níveis de Tabela 1 - Recomendações nutricionais para diabéticos: 19301997, segundo ADA Nutrientes 1930 1955 1970 1990 1997 CHO total g/dia % energia lípides totais g/dia % energia saturados g/dia monoinsat.g/dia polinsat.g/dia colesterol mg/dia 70 14 176 35 225 45 290 58 280 56 153 69 99 45 82 37 60 27 67 30 87 50 9 46 37 11 35 31 13 14 26 17 18 31 18 1060 690 550 150 150 Proteínas g/dia % energia 85 17 101 20 90 18 75 15 70 14 fibras diet. g/dia 8 15 20 40 35 Valores para dieta com 2000 kcal Viggiano CS / Diabetes Clínica 04 (2001) 278~280 glicose, insulina, triglicérides e VLDL-colesterol, e aumentou também significativamente o HDL-colesterol e apo A-I [7]. Portanto, nos parece que o incentivo ao consumo de ácidos graxos insaturados, particularmente os monoinsaturados podem prevenir o processo aterosclerótico, reduzindo o risco coronariano. Anderson [8] e Zeller [9] postularam que o excesso de proteínas pode facilitar o desenvolvimento de nefropatia diabética, e que a proteína da soja reduz o índice de filtração glomerular em diabéticos, recomendando que a proteína de origem animal seja substituída por esta na dieta de diabéticos, como uma forma de prevenção da doença renal. Esses dados necessitam de maior investigação para que integrem a conduta nutricional em DM. Contudo, as melhores fontes vegetais de proteínas são as leguminosas. Esses alimentos, ricos em fibras solúveis, devem compor a dieta, já que além das fibras que reduzem a resposta glicêmica pós-prandial, apresentam baixo teor de gorduras e sódio, o que não se verifica nos alimentos protéicos de origem animal. Manter proporções equilibradas entre as duas fontes, pode resultar em dieta mais adequada à prevenção de complicações tardias. O controle do sódio dietético, é também considerado na prevenção da hipertensão arterial, da coronaropatia e da nefropatia diabéticas. Segundo ADA (2000), recomenda-se 1000mg de sódio a cada 1000 kcal da dieta, não ultrapassando 3000mg de sódio/dia, o que se traduz em restrição moderada de sódio. Portanto, já deve haver controle do consumo de sódio intrínseco, o que limita o uso de alimentos industrializados, além da restrição do cloreto de sódio. O consumo de potássio dietético deve ser incentivado já que contribui para prevenção e controle da hipertensão arterial [10]. As frutas frescas e dessecadas, e hortaliças, excelentes fontes desse eletrólito, além de vitaminas, minerais e fibras, devem integrar a dieta, sem restrição de qualidade, já que seu conteúdo de carboidratos sofre interferência a nível digestivo, não alterando a resposta glicêmica, salvo se consumidos isoladamente [11,12]. A Ingestão Dietética Recomendada (IDR) para indivíduos diabéticos, seguem as recomendações que para não diabéticos em todas as faixas etárias, quanto às vitaminas e minerais [5]. Já é sacramentado que a educação em diabetes é uma das interfaces do tratamento, sendo considerada imprescindível tanto para o paciente, quanto para a família e aqueles que o cercam. Sem dúvida, a educação nutricional é fundamental dentro deste processo, podendo inclusive ser considerada como a base da terapia. A utilização da pirâmide alimentar para a população, como forma de orientação para escolha de uma dieta nutri- 279 cionalmente adequada, é a mais freqüente escolha entre os nutricionistas e educadores em saúde de todo o mundo, sendo já reconhecida pela maior parte das pessoas. A pirâmide alimentar como instrumento pedagógico, na educação nutricional em diabetes, nos pareceu adequada e oportuna, já que a conduta nutricional nesta enfermidade preconiza basicamente uma dieta equilibrada. Foram necessárias algumas adaptações para enfatizar alguns aspectos fundamentais que se aplicam principalmente à prevenção de complicações tardias. Esperamos que possa ser útil aos colegas nutricionistas e principalmente aos pacientes, contribuindo para a dissolução de tabus alimentares até hoje disseminados em nosso meio, não só pela população, mas também pela mídia e profissionais de saúde, permitindo controle da doença e melhor qualidade de vida aos diabéticos. Compreendendo a pirâmide Cada grupo contido na pirâmide oferece um nutriente em especial. O que nos sugere que alimentos do mesmo grupo são substitutos ou equivalentes. Cereais e tubérculos: São os alimentos energéticos, as principais fontes de energia para a vida. Não devem ser restritos na dieta. Os cereais integrais são mais nutritivos do que os refinados. Cereais: arroz, milho, trigo, aveia, centeio, cevada e seus produtos (farinhas, massas, pães). Manter ao menos no café da manhã, almoço e jantar, alimentos constantes da pirâmide, nas porções prescritas para você. 280 Viggiano CS / Diabetes Clínica 04 (2001) 278~280 Tubérculos: batata, mandioca, inhame, cará e mandioquinha. Oleaginosas: Abacate, noz, amêndoas, castanhas, avelã. Hortaliças: Fontes de vitaminas, sais minerais, e fibras, que têm função reguladora do organismo. Escolha pelo menos um vegetal amarelo ou verde intenso. São as melhores fontes de vitamina A e flavonóides, que são anti-radicais livres, ou seja, favorecem a manutenção das funções vitais e previnem as complicações crônicas do diabetes. Hortaliças: Alface, escarola, repolho, acelga, agrião, espinafre, rúcula, almeirão, mostarda, couve, brócolos, couve-flor, cenoura, beterraba, abóbora, chuchu, abobrinha, berinjela, pimentão, quiabo, jiló, rabanete, salsão, erva-doce Doces, gorduras sólidas, alimentos industrializados e sal de cozinha: Consumo esporádico. O açúcar pode prejudicar o controle do diabetes, se consumido em excesso e fora do esquema alimentar. Não o utilize se não estiver prescrito em sua dieta. O excesso no consumo de gorduras sólidas na temperatura ambiente e sódio, presente no sal de cozinha e nos conservantes de alimentos industrializados, possibilitam as doenças coronarianas. Portanto, utilize o sal com moderação e evite os alimentos industrializados e as gorduras que se apresentam sólidas na temperatura ambiente, seja de origem animal ou vegetal. Doces: Balas, bolos, sorvetes, mel, garapa, doces concentradas e em calda, etc. Gorduras sólidas: Toucinho, manteiga, creme de leite, coco, margarina, banha, etc. Alimentos industrializados: Enlatados, salgadinhos tipo snacks, molhos, temperos, etc. Sal de cozinha: deve ser usado com moderação durante o preparo dos alimentos, e não adicionado depois de pronto. Evite deixar o saleiro na mesa, e tempere as saladas com temperos frescos, como limão, cebola, alho, orégano. Outra opção é o sal light que contém menor teor de sódio. Frutas: Também são boas fontes de vitaminas, sais minerais e fibras, e portanto têm função reguladora, porém fornecem uma pequena quantidade de açúcares, por isso não são equivalentes às verduras e legumes. Dentre todas as frutas do dia, consuma ao menos uma cítrica, por ser fonte de vitamina C, também anti-radicais livres. Frutas frescas: Abacaxi, laranja, maracujá, tangerina, maçã, banana, pêra, caqui, goiaba, uva, kiwi, melancia, mamão, melão, manga, pêssego, etc. Frutas dessecadas: Uva passa, ameixa seca, damasco seco, etc. Leite, queijos e iogurte: São fontes de proteínas e as melhores fontes de cálcio. Considerados como alimentos construtores, por promoverem a renovação e multiplicação das células. Procure optar pelas formas desnatadas ou as light. Carnes e ovos: Fontes de proteínas e ferro, são também alimentos construtores. Procure consumir nas formas mais magras, e dê preferência aos peixes. Carnes: Boi, aves, peixes e frutos do mar (camarão, ostra, mexilhão, siri, lula, etc). Ovos: Galinha, codorna, pata, etc. Leguminosas: Fontes de proteínas vegetais e fibras. Além de construtores, esses alimentos permitem melhorar os níveis de glicose no sangue, por conter fibras solúveis, que reduzem e retardam a absorção de glicose na digestão. São consideradas como a melhor fonte de fibras para o controle da glicemia e redução do colesterol. Leguminosas: Feijão, ervilha, lentilha, grã-de-bico, soja. Óleos, cremes vegetais e frutas oleaginosas: Tenha um consumo moderado. Inclua o óleo de oliva ou canola na alimentação diária, por conterem gordura monoinsaturada que eleva os níveis do bom colesterol (HDLcolesterol), prevenindo o infarto. Óleos: Soja, milho, canola, arroz, girassol, oliva. Cremes vegetais: Margarinas com menor teor de gordura, como as light. Álcool: O consumo de álcool traz prejuízo ao controle do diabetes, precipitando hipoglicemia ou hiperglicemia. Além disso, traz muitas calorias e favorece o aumento dos níveis de gordura no sangue. Referências 1. 2. 3. Allen FM. JAMA 1914;63:639-43. Geyelin HR et al. JAMA 1935;104:1203-8. Sansum WD, Blatherwick NR, Bourden R. JAMA 1926;86:178-81. 4. Kempner W, Peschel RL, Schlayer C. Postgrad Med 1958;24:359-71. 5. American Diabetes Association. Diabetes Care 1998;21(S1):S5-S19. 6. The DCCT Research Group N Engl J Med 1993;329:977-86. 7. Garg A, Bonanome A, Guindy SM et al. N Engl J Med 1988;319:829-3 8. Anderson JW Nutrition Management of Diabetes Mellitus. In Modern Nutrition in Health and Disease Shils ME et al. 9ª ed. Ed. Williams & Wilkins,1999. 9. Zeller K, Whittaker E, Sullivan L, et al. N Engl J Med 1991;324:78-84. 10. Frolich ED. Hipertensão. Compêndio de Cardiologia Preventiva. American Heart Association, 1999;131-142. 11. Jenkins DJA, Wolever TMS, Taylor RH et al. Glycemic index of foods: a physiological basis for carbohydrates exchange. Am J Clin Nutr 1981;34:362-66 12. Crapo PA, Reaven G, Olefsky J. Postprandial plasma-glucose and insulin responses to different complex carbohydrates. Diab 1977;26:1178-83. FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 09 Ficha Prática / Diabetes Clínica A resistência à insulina O que é a resistência à insulina ? Resistência à insulina ocorre quando o corpo não responde adequadamente à insulina produzida. Insulina é o hormônio que ajuda para regular os níveis da glicose sanguínea. A resistência à insulina é uma causa do diabetes de tipo 2. Como a resistência à insulina é diferente do diabetes de tipo 2 ? A resistência à insulina é um precursor do diabetes de tipo 2. Resistência à insulina significa que as células são resistentes à insulina produzida pelo corpo. O corpo precisa de insulina para entregar o açúcar nas células onde será convertida em energia. Quando as células não respondem corretamente à insulina, mais insulina é requerida para manter os níveis de glicose no sangue. Se o corpo não pode produzir as quantidades de insulina requeridas, os níveis de açúcares no sangue aumentam e o diabetes de tipo 2 ocorre. Posso apresentar resistência à insulina sem ter diabetes de tipo 2 ? Sim. Você pode ser resistente à insulina sem ser portador de diabetes, porque o pâncreas trabalha mais e produz insulina o suficiente para controlar o açúcar no sangue e nas células. Muita gente com resistência à insulina nunca apresentarão o diabetes. Todavia, na maioria das pessoas, o pâncreas sofre de exaustão e, rapidamente, não consegue pro- duzir a quantidade suficiente de insulina para satisfazer a demanda; a taxa da glicose aumenta e o diabetes ocorre. Como avaliar a resistência à insulina ? Não existe atualmente um teste simples para a resistência à insulina. É recomendado às pessoas com diagnóstico de diabetes de tipo 2 fazer pelo menos duas vezes ao ano um teste de hemoglobina A1c (HbA1c) para acompanhar o controle da glicose. Conhecer o nível de HbA1c permite ter uma avaliação do controle glicêmico a longo prazo. Quais são os fatores de risco para desenvolver resistência à insulina ? A obesidade é o principal fator de risco para a resistência à insulina, especialmente em pessoas que apresentam uma obesidade tipo maçã, caracterizada por abdômen proeminente e quadril normal. O histórico familiar e étnico, a inatividade e o tabagismo são também fatores de risco para a resistência à insulina. Porque a resistência à insulina é tão séria ? A resistência à insulina pode conduzir ao diabetes de tipo 2, doença associada a complicações cardiovasculares, oftalmológicas, renais e com risco de amputações dos membros. A detecção precoce e o tratamento podem ajudar para a prevenção e adiar o desenvolvimento dessas complicações. Hemoglobina glicosilada (HbA1c) A hemoglobina glicosilada é o parâmetro mais amplamente utilizado para realizar um teste de memória, isto é para os níveis glicêmicos prévios à data de coleta do sangue. Quimicamente, ocorre a condensação da glicose com o amino terminal valina de cada um das cadeias b da hemoglobina A, formando, após vários rearranjos, uma cetoamina estável, denominada HbA1c. A concentração de hemoglobina glicosilada num determinado momento depende da meia vida das hemácias, que em condições normais é de 120 dias, e da concentração da glicose no sangue. Há uma relação direta entre o risco de complicações decorrentes do diabetes e o nível de HbA1c. De uma forma geral, pode-se assumir que, em condições normais, a hemoglobina glicosilada fornece uma boa aproximação dos níveis glicêmicos das últimas 6 a 8 semanas. O intervalo de referência da HbA1c é de 3% a 6% do total de hemoglobina. Pacientes diabéticos sem um bom controle dos níveis glicêmicos podem, freqüentemente, apresentar valores de 10%, 12% ou mais, mas raramente acima de 20%. É aconselhável que o exame seja feito, sempre que possível, no mesmo laboratório e pela mesma metodologia. Diabetes Clínica 04 (2001) 283 Calendário de Eventos Setembro de 2001 9 a 13 de setembro 37th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2001 Glasgow, Escócia Informações: Concorde Services Ltd $b, 50, Speirs Wharf, Port Dundas Glasgow, G4 9TB UK Tel +44 141 331 0123 E-mail: [email protected] Outubro de 2001 3 a 6 de outubro Avanços no diagnóstico e terapêutica das doenças neuroendócrinas Hospital Brigadeiro, São Paulo SP Informações: Serviço de Endocrinologia Hospital Brigadeiro Tel: (11) 3846-3272/3846-3273 Sra Marilene E-mail: [email protected] 4 a 6 de outubro IIo Congresso Internacional de Nutrição, Alimentação e Tecnologia - CINAT Centro de Convenções São Camilo, São Paulo SP Informações: SINESP (11) 3277-8422/8291, 278 7144 www.sindicatonutricionistas.com.br 7 a 10 de outubro Clinical Endocrinology Update 2001 Fairmont Hotel, Chicago, Illinois, EUA Informações: The Endocrine Society Tel: 1 (301) 941 0226 www.endo-society.org/scimeetings/ceu.cfm 10 a 14 de outubro XIIIo Congresso brasileiro de diabetes Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro, RJ Informações: JZCongressos Tel: (21) 286-2846/537-9134 E-mail: [email protected] 21 a 24 de outubro XIVo Congresso brasileiro de nutrição parenteral e enteral VIIo Congresso latino americano de nutrição parenteral e enteral IIo Congresso brasileiro de nutrição clínica Salvador, BA Informações: Eventus System Tel: (71) 264-3477 Fax: (71) 264-0508 E-mail: [email protected] 25 a 27 de outubro IIo Congresso Internacional de metabolismo ósseo e mineral Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro RJ Informações: Tempo Eventos Assessoria Tel/Fax: (21) 2235-0997 E-mail: [email protected] Novembro de 2001 11 a 15 de novembro XIo Congresso ALAD – Association latinoamericana de diabetes IIIo Congresso Uruguaio de Diabetologia Punta del Este, Uruguai Informações: personas SRL, Av. 8 de octubre 2323, of. 305, Montevideo, Uruguai Tel: (5982) 408-1015/408-2951 E-mail: [email protected] 15 a 18 de novembro XIIIo Curso nacional de atualização em endocrinologia e metabologia Gramado, RS Organizacão: SBEM regional RS www.vjs.com.br Tel: (51) 330 1134 E-mail: [email protected] Diabetes Club Todas as 2as quarta-feira de cada mês Auditório Vivali Editora Rua Cotoxó, 841 Sumaré – São Paulo SP Tel: (11) 3672-2033 / 3864-6852 Organização: Prof. Dr. Daniel Giannella Neto Equipe Médica de Diabetes LIM-25/HCFMUSP Av.Dr. Arnaldo, 455, sala 4305 01246-903 São Paulo SP Tel/fax: (11)3066-7467 Confirmar presença pelo e-mail: [email protected] As aulas podem ser assistidas em sua integra no endereço: www.topmedical.com.br/diabetes club/index.htm Diabetes Clínica 04 (2001) 284 Dezembro de 2001 1 a 3 de dezembro IIo Encontro paranaense de Endocrinologia Informações: (41) 342-1415 Ramal 213 e 214 (Fax) E-mail: [email protected] 2 a 5 de dezembro 9th Congress of gynecological endocrinology Hong-Kong Informações: Biomedical Technologies Srl E-mail: [email protected] Janeiro de 2002 15 a 18 de janeiro 1st International Conference and World Fórum on Technology Transfer of Obesity and Nutrition Cairo, Egypt Informações: International Obesity Conference PO Box 5950 West Heliopolis, Cairo, Egypt Tel: 20 10 5678 123 E-mail: [email protected] Março de 2002 6 a 9 de março 5th International Symposium on Clinical Advances in Osteoporosis Informações: National osteoporosis Foundation Tel: 1 (202) 223 2226 E-mail: [email protected] Maio de 2002 4 a 7 de maio 5th International Diabetes Federation Western Pacific Region Congress Pequim, China Informacões +86 10 6527-8803 Fax +86 10 6512-3754 E-mail: [email protected] Junho de 2002 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, California Informacões: www.diabetes.org Agosto de 2002 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity São Paulo, SP Informações: Abeso Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 Setembro de 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Budapest 5, POB 741 Hungary 1365 Tel: +36 1 269 5883 E-mail: [email protected] Fevereiro de 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] Agosto de 2003 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: www.idf.org Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº 5 - 2001) 285~356 EDITORIAL A Sociedade Brasileira de Diabetes e o futuro, José Egídio Paulo de Oliveira ......................................... 287 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................... 289 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................... 301 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................... 305 PRODUTOS E NOVIDADES Innovo (Novo Nordisk), Optium (Abbott Medisense), Glico-Fita Plus (Lilly), SureStep Plus (Johnson & Johnson) ............................................................................................................... 316 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS .................................................................................... 319 ARTIGOS CIENTÍFICOS Perfil do paciente diabético internado no hospital universitário Presidente Dutra, São Luís, Maranhão, Natalino Salgado Filho, Bernardete Jorge Leal Salgado, Luiz Gustavo Oliveira Brito, Gustavo Augusto Coelho Ferro, Ana Leatrice Oliveira Sampaio ................................................................... 333 Protegendo o endotélio vascular de pacientes diabéticos com aspirina – Parte 2, Freddy Goldberg Eliaschewitz, Ana Carla Goldberg, Christiani Adão Poço ................................................ 339 Atividade física e diabetes mellitus, Nora Mercuri, Viviana Arrechea ........................................................... 347 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES Mercosul: Segundo Encontro Regional sobre a Lei do Diabetes ................................................................... 350 FICHAS PRÁTICAS O diabetes na Internet ..................................................................................................................................... 353 CALENDÁRIO DE EVENTOS .................................................................................................................. 355 Assine a revista Diabetes Clínica e receba um CD-ROM com as edições anteriores 285 286 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2244-6471 Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 287 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL A Sociedade Brasileira de Diabetes e o futuro José Egídio Paulo de Oliveira Convidamos o novo presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Prof. Dr. José Egídio Paulo de Oliveira, para escrever o editorial deste número de Diabetes Clínica – Fadlo Fraige Filho. Prof. Dr.José Egídio Paulo de Oliveira, Presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes – Gestão 2002-2003 A Sociedade Brasileira de Diabetes –SBD é a entidade representativa dos especialistas envolvidos na pesquisa, assistência e ensino do Diabetes Mellitus no Brasil. Há cada dois anos, durante o maior evento da Sociedade, o Congresso Brasileiro de Diabetes, é escolhida por voto direto dos associados, uma nova diretoria. Em janeiro de 2002, juntamente com os companheiros Nelson Rassi, Saulo Cavalcanti, Leão Zagury, Reine Marie Chaves Fonseca, Francisco Bandeira, Antonio Carlos Lerário, Maria Inêz Schmidt, Milton César Foss e Lenita Zajdenverg, vamos assumir a direção da SBD. Sabemos de antemão, que nossa tarefa não vai ser fácil, mas este desafio está sendo muito estimulante para todos nós. Um dos principais objetivos da SBD é melhorar a qualidade de vida do diabético em nosso meio. Para tanto, pretendemos promover atividades amplas no sentido do aperfeiçoamento da qualidade dos profissionais e serviços envolvidos na assistência, pesquisa e ensino do diabetes. Por outro lado, não vamos esquecer de fomentar em nível municipal, estadual e federal, o apoio a uma legislação adequada, que garanta o direito da pessoa ter acesso ao diagnóstico e tratamento, ao mesmo tempo em que contemple o portador de diabetes com a necessária proteção contra a discriminação profissional ou social. Há 15 anos atrás, a SBD apoiou o Ministério da Saúde no desenvolvimento e realização do Estudo de Prevalência do Diabetes Mellitus no Brasil. Os dados deste estudo revelaram a elevada prevalência do diabetes, e que metade dos diabéticos comprovados, desconheciam o diagnóstico e, portanto estavam à margem do tratamento, com alto risco para o desenvolvimento de complicações, projetando o Diabetes Mellitus como um problema de saúde pública. Estes dados ofereceram suporte para implantação do Plano Nacional de Educação e Controle do Diabetes, que promoveu a criação de Programas de Diabetes na maioria dos municípios brasileiros. Mas a prevalência do diabetes vem aumentando na Europa e Estados Unidos e provavelmente também no nosso meio, como mostrou o estudo realizado na cidade de Ribeirão Preto. Por outro lado, desconhecemos em nível nacional, o grau de controle e a freqüência de complicações entre nossos pacientes. Portanto, temos necessidade de um novo estudo brasileiro, que contemple estas necessidades e possa apresentar uma prevalência nacional atualizada. Os resultados deste grande estudo servirão num futuro próximo, para dirigir nossas ações, no sentido do fomento da melhor qualidade de vida do portador de diabetes. Por fim, pretendemos que a SBD mantenha canais permanentes de comunicação com a sociedade, com finalidade de mantê-la informada sobre o conhecimento atual e as novas pesquisas e conquistas científicas e também sobre os benefícios imediatos e em longo prazo que deles advirão em favor da população diabética brasileira. Diabetes Clínica 05 (2001) 289 Informes do Diabetes no Mundo J.B. Holland et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Uma hora de exercício por semana é suficiente: Estudo de programa de exercício de 3 e 6 meses em pacientes diabéticos Objetivo: Atividade física reduzida já foi identificada como fator de risco máximo para a doença arterial coronariana, sendo esta uma contribuição tão importante como o tabagismo e a hiperlipidemia. A intensidade exata e a freqüência da atividade necessária não são conhecidas. Neste estudo, avaliamos se um exercício sob controle de especialista uma vez por semana seria o suficiente para melhorar os fatores de risco cardíacos em pacientes diabéticos e após quanto tempo a melhora poderia ser constatada. Material e métodos: Os pacientes interessados foram selecionados em clínica de diabetes. Não tinha nenhum fator de exclusão e os lugares no estudo foram propostas aos primeiros inscritos. 20 pessoas participaram do estudo que consistia em uma serie de exercícios de 1 hora, seguido de meia-hora de educação, uma vez por semana. O primeiro programa foi de 6 meses, e os outros de 3 meses. Antes de participar no programa, os pacientes foram examinados para medição da altura, peso, cintura, HbA1c, colesterol e responderam a um questionário de qualidade de vida. Resultados: 56 pacientes (40 mulheres) participaram do programa de 3 meses. A idade média era 60 (34-73) anos, 52 eram portadores de diabetes tipo 2 e 4 de diabetes tipo 1. O programa melhorou significativamente o bemestar (22+1 vs. 27+1, p < 0,001) e cintura (42,9+0,97 vs. 41,8+0,96, p < 0,00001). O IMC mostrou uma tendência para melhorar (33,9+0,96 vs. 33,4+0,91, p = 0,10), mas o exercício não tinha efeitos sobre HbA1c (8,4+0,2 vs. 8,3+0,2, p = 0,35) ou colesterol (5,4+0,16 vs. 5,1+0,13, p = 0,18). 18 pacientes (13 mulheres) participaram do programa de 6 meses. A idade media era 62 (45-77) e 13 eram portadores de diabetes tipo 2 e 5 de diabetes tipo 1. Este exercício melhorou significativamente o bem-estar (43+3 vs. 54+3, p < 0,01), cintura (40,7+1,6 vs. 38,9+1,6, p < 0,001), IMC (31,3+1,5 vs. 30,8+1,6, p < 0,05), colesterol (5,5+0,3 vs. 5,2+0,23, p = 0,05) e HbA1c (8,9+0,3 vs. 8,4+0,3, p < 0,01). Triglicérides também mostraram uma tendência para melhorar (2,28+0,26 vs. 1,98+0,23, p = 0,13). Sexo ou tipo de diabetes não foram prognósticos da resposta ao exercício, mas os que iniciaram o programa com o menor escore de bem-estar melhoraram mais (r = 0,94, p < 0,001). Conclusões: Uma hora uma vez por semana de exercício controlado é suficiente para melhorar significativamente vários fatores de risco da doença arterial coronariana, pelo menos se o exercício é efetuado durante um período de seis meses. Se os participantes continuam o exercício após o período do programa não foi observado. 290 Informes do Diabetes no Mundo / Diabetes Clínica 05 (2001) Earl Ford et al., American Journal of Epidemiology 2001, 153: 892-897, maio de 2001 Suplementação vitamínica e prevenção do diabetes Traci L. Coleman et al., American Journal of Obstetrics and Gynecology 2001;184:1104-1107, junho de 2001 Parto vaginal após cesárea não deve ser realizado em pacientes com diabetes gestacional O estudo procurou confirmar a hipótese de uma pesquisa anterior, pela qual o uso de vitaminas diminuiria o risco de doença crônica tal como o diabetes. A equipe de Earl Ford, do National Centre for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Atlanta, Geórgia, desenhou um estudo para confirmar a relação possível do suplemento vitamínico com a incidência do diabetes em uma coorte de adultos nos EUA. O estudo incluiu 9.573 indivíduos, com idade entre 25 e 74 anos. Durante os 20 anos do estudo, 1.010 indivíduos desenvolveram diabetes. Um menor percentagem de participantes (21,4%), com diabetes, reportaram o uso de vitaminas durante o mês anterior ao início, em comparação com aqueles que nunca apresentaram a doença (33,5%). Depois de ajustar os resultados em uma análise multivariada, o risco relativo de diabetes nos consumidores foi de 0,76%. Poderia se concluir que os adultos que recebem suplementos vitamínicos têm um menor risco de desenvolver diabetes mellitus, mas, segundo as conclusões do estudo, “não fica claro se a observação é o resultado do uso de vitaminas específicas ou de outros fatores em relação com o uso de vitaminas.” Os pesquisadores demonstram que as mulheres com diabetes gestacional, submetidas a parto vaginal após cesárea prévia, têm duas vezes mais chance de ter parto cirúrgico do que as outras mulheres. O estudo comparou 156 mulheres com diabetes gestacional e 272 mulheres sem diabetes gestacional, todas com história prévia de parto cesárea e submetidas a parto vaginal. Os autores observaram que, entre as mulheres com diabetes gestacional, 35,9% foram submetidas à cesárea comparadas a 22,8% dos controles, com razão de chances de 1,9. Além disso, mulheres com diabetes gestacional que tiveram parto vaginal tinham maior propensão ao uso do fórceps e vácuo. Os autores concluem que a maioria das mulheres com diabetes gestacional e com história de cesárea devem ser submetidas a cesáreas subseqüentes, sendo as mulheres cuidadosamente selecionadas para parto vaginal após parto cesáreo. Morris J. Birnbaum, Science 2001;292:1728-1731, 1 de junho de 2001 Falta de uma proteína ligada à resistência à insulina em ratos Em ratos faltando de Akt2 (conhecida como proteína quinase B), a insulina não pode diminuir a glicose sanguínea, o que indica que Akt2 é um gene essencial para manter os níveis normais de glicose. Ratos foram geneticamente transformados para apresentar uma deficiência de Akt2, e foi observada neles uma elevação significativa das taxas da glicose, de 3 a 5 vezes o nível normal, o que indique que a hiperglicemia, neste caso, é a conseqüência de um defeito da ação da insulina. Outras observações mostraram que os ratos deficientes em Akt2 não tinham mais a capacidade de estimular o consumo de glicose pelo músculo, e a insulina não podia mais controlar o esquema de produção de glicose pelo fígado. “Pela eliminação de um gene, criamos uma síndrome com duas das principais características do diabetes do tipo 2, o defeito de consumo da glicose pelo músculo e o defeito de regulação da insulina no fígado”, disse Birnbaum. Isso não significa que o defeito do Akt2 seja responsável do diabetes; ele pode reproduzir o fenótipo, e o estudo permite investigar melhor o papel de Akt2 no diabetes tipo 2, o que nunca foi feito até agora. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 05 (2001) Patrick J. Manning et al., Arch Intern Med 2001 161 1772-1776, julho de 2001 291 Reposição hormonal reduz risco cardiovascular em mulheres diabéticas O estudo afirma que a terapia de reposição hormonal (TRH) em mulheres pós-menopausadas com diabetes de tipo 2 apresenta benefícios no perfil de lipoproteínas e em outros fatores de risco cardiovascular. O estudo reitera que mulheres pós-menopausadas portadoras de diabetes estão sob maior risco de doença cardiovascular que as não diabéticas. A TRH melhora o perfil lipídico em mulheres não diabéticas. Entretanto, os efeitos da TRH em diabéticas não foram determinados. Conduziu-se estudo em 61 mulheres pósmenopausadas randomizadas para tratamento de seis meses com TRH ou com placebo. Durante o tratamento, o colesterol total caiu em 7%. A redução média no LDL foi de 12%. Os níveis de apolipoproteína B também caíram, bem como as concentrações de lipoproteína(a), fibrinogênio e frutosamina. Os autores comentam que o estudo demonstra que a TRH em diabéticas reduz o risco cardiovascular. Entretanto, não há até o momento evidências de redução nos eventos cardiovasculares e ensaios clínicos maiores serão necessários até que a TRH seja implementada no tratamento da doença cardiovascular. 6th Joint Meeting of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society and the European Society for Paediatric Endocrinology (ESPE), Australasian Paediatric Endocrine Group, Japanese Society for Pediatric Endocrinology, Latin American Society for Paediatric Endocrinology, Montreal, Quebec, Canada, 10 de julho de 2001 Poderia a nicotinamida e a vitamina E ter efeitos sinérgicos para reduzir o uso da insulina ? A combinação da nicotinamida e da vitamina E poderia ter um efeito sinérgico para diminuir o uso diário da insulina em portadores de diabetes de tipo 1 recentemente diagnosticados. A nicotinamida é um importante complexo vitamínico do grupo B utilizado com agente intermediário em muitos remédios. Estudos anteriores mostraram que ele pode ter um efeito sobre a preservação da função da célula β. Vitamina E pode funcionar ao nível da célula β para diminuir a citotoxicidade mediada por citoquinas, mas nunca foi demonstrado que ela pode agir sobre o processo auto-imune, conduzindo à perda da função da célula β, nem que ela tem efeitos sobre o processo da insulina. Este novo estudo incluiu crianças recentemente diagnosticados (idade média 7,8 anos). 27 pacientes receberam nicotinamida (25 mg/kg/dia), e 29 receberam terapia combinada de nicotinamida e vitamina E (25 mg/kg/dia e 15 mg/kg/dia, respectivamente). Todos os pacientes receberam aplicações de insulina – 3 doses de insulina de ação curta nas refeições e uma aplicação de insulina intermediária ao deitar durante um período de 12 meses. As crianças com idade inferior a 15 anos que desenvolveram diabetes de tipo 1 experimentam geralmente uma perda mais rápida da função da célula β, e uma forma mais severa da doença, com maiores riscos de lesões micro e macrovasculares. No estudo, o uso da insulina no início foi de 0,8 IU/kg/dia no grupo de terapia combinada e de 0,89 IU/kg/dia no grupo de nicotinamida. Em ambos os grupos a dosagem da insulina diminuiu durante os três primeiros meses da terapia, para 0,5 IU/kg/dia no grupo terapia combinada, pós aumentou gradualmente. No final do estudo, ela estava ainda menor do que no início – 0,6 IU/kg no grupo terapia combinada e 0,7 no grupo nicotinamida (p = 0,01). Os C-peptídeos plasmáticos foram significativamente mais elevados no grupo terapia combinada. Não foi notada diferença significativa entre os dois grupos no que se refere à HbA1c, que diminuiu de 10-11% para 7%. “É o primeiro estudo que demonstra que a nicotinamida em jovens crianças portadores de diabetes de tipo 1, utilizada em combinação com vitamina E, pode otimizar a hemoglobina e diminuir o uso da insulina até níveis de 0,5 IU/kg/dia,” explicou o Dr. Antonino Crino. 294 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 05 (2001) Miller WC, Exercise Science Programs, The George Washington University Medical Center, Washington, DC, Sports Med 2001;31(10):717-724, setembro de 2001 Dieta e exercícios para o sobrepeso e recomendações de intervenção Guerci B et al., Diabetes & Metabolism 2001;27(4):436-447, setembro de 2001 Disfunção endotelial e diabetes de tipo 2 A dieta tradicional e os programa de exercício para obesidade não foram eficazes para diminuir a prevalência do sobrepeso na população. O sucesso doa tratamentos para o sobrepeso pode ser medido em termos de parâmetros físicos (peso corporal, percentagem de gordura corporal, IMC), médicos (pressão sanguínea, controle da glicose sanguínea, níveis de lípides sanguíneos), psicológicos (patologia alimentar, auto-estima, estado de humor), e comportamentais (freqüência de exercício, modelos alimentares, auto-cuidado). Os resultados devem ser mantidos vários anos para ser considerados efetivos. As dietas restritivas em energia são responsáveis de uma perda inicial significativa de peso, mas são infestadas pelas taxas elevadas de abandono e reincidência. As dietas com taxa de gordura reduzida não fizeram muito sucesso para o controle do peso, mas podem diminuir significativamente os níveis de lípides sanguíneos. As dietas ricas em proteínas e reduzidas em carboidratos pretendem ser mais eficazes para perda de peso, mas não existem bases científicas. Estes tipos de dietas podem também apresentar riscos de efeitos metabólicos adversos. Os programas sem dietas e os que acusam a “saúde a qualquer preço” não foram estudados cientificamente, mas os dados preliminares mostram uma perda de peso mínima com melhora significativa do estado psicológico, patologia alimentar e bem-estar. Exercício é o único fator que mostra resultados dos pontos de vista fisiológico, psicológico, médico e comportamental. Um programa de tratamento que tem potencial de sucesso é um programa que possui 4 componentes-chave: 1) Pré-avaliação, onde a informação histórica é usada para estabelecer metas e resultados; 2) Exercício, onde o exercício é encorajado para a saúde, o controle de peso e o bem-estar; 3) Plano comportamental, baseado em padrões alimentares e de atividade que podem resultar em objetivos desejados; 4) Plano de manutenção, para ajudar o indivíduo a manter os comportamentos desenvolvidos e os resultados obtidos. A doença arterial coronariana, cerebrovascular e vascular periférica são as principais causas de morbidade e mortalidade em diabetes de tipo 2. A doença macrovascular em diabetes de tipo 2 é a conseqüência da incidência aumentada dos fatores de risco cardiovasculares, tais como hipertensão, obesidade e dislipidemia. Produtos de glicação avançada, lipoproteínas de baixa densidade glicosiladas e oxidadas, relacionados à hiperglicemia foram identificados em diabetes de tipo 2 e podem aumentar a macroangiopatia. A resistência é um fator de risco independente adicional, em associação com o estresse oxidativo, dislipidemia e estados protrombico/hipofibrinolíticos. O endotélio é o maior órgão envolvido pelos fatores de risco cardiovasculares, tais como hipercolesterolemia, hipertensão, inflamação, idade, status de menopausa e tabagismo. Alterações na função endotelial podem fazer que a circulação arterial coronariana seja incapaz de responder à demanda aumentada do metabolismo miocárdica, independentemente do diâmetro arterial coronariano reduzido. Não é ainda completamente conhecido como a função endotelial é alterada em pacientes diabéticos, mas a perda da função endotelial normal poderia ser evocada na patogênese da angiopatia diabética, porque uma disfunção endotelial é envolvida na microangiopatia e macroangiopatia diabéticas. Ao final, estudos recentes indicam que a melhora do controle metabólico em pacientes diabéticos, independentemente do tratamento empregado, é associada com uma normalização e restauração da função endotelial normal. 296 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 05 (2001) H. Hyöty et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, ReinoUnido, 9 - 13 de setembro de 2001 Mais evidências da relação entre enterovírus e diabetes na infância Frank B. Hu et al., N Engl J Med 2001;345:790-797, setembro de 2001 Relação entre o risco de diabetes em mulheres e os fatores de risco comportamentais Infecção com enterovírus na infância aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 1, segundo este estudo da Universidade de Turku, Tampere and Oulu, Finlândia. Para analisar a associação, os pesquisadores estudaram crianças de famílias que aceitaram participar no Finnish Diabetes Prediction and Prevention Study. Neste estudo, todas as crianças foram rastreadas para medir o risco de desenvolver diabetes e os que apresentaram riscos maiores foram seguidos. Os pesquisadores acharam que a freqüência das infecções a enterovírus foi de 24% entre as 248 crianças que desenvolveram diabetes mas só 16% entre as 1116 crianças saudáveis (p = 0,004). Os jovens diabéticos apresentam também taxas elevadas de anticorpos contra o vírus. Foi determinado que as infecções a enterovírus são mais freqüentes nos 6 meses antes a primeira detecção de auto-anticorpos associados ao diabetes, e que 51% das crianças que desenvolvem diabetes apresentaram uma infecção durante este período versus 28% dos controles (odds ratio 3,0). O autor conclui que é difícil estabelecer uma relação causal, mas acredita que é possível: “As infecções repetidas podem ser importantes. Uma exposição talvez não é suficiente, mas pode ser diferente com três, quatro ou cinco exposições ao vírus. Acreditamos que temos razão de pesquisar a relação e talvez desenvolver uma vacina”. O maior estudo sobre os fatores de risco para diabetes en mulheres confirma os papeis importantes da dieta e dos fatores ligados ao estilo de vida no desenvolvimento e na prevenção da doença. Os pesquisadores investigaram os efeitos da dieta e do estilo de vida em 85.000 mulheres que participaram no Nurses’ Health Study. As mulheres eram com idade 30-55 anos e não diabética, no início do estudo, há 25 anos. Os pesquisadores confirmaram resultados anteriores indicando que exercício, dieta, tabagismo e álcool têm todos um papel no desenvolvimento do diabetes. Exercício regular e uso moderado do álcool diminuem o risco de diabetes em mulheres, enquanto que dieta inadequada e tabagismo aumentam o risco, mesmo apos ajuste para o IMC. Em mais, 91% dos 3300 novos casos de diabetes tipo 2 no grupo podem ser atribuídos a esses fatores de risco. Os resultados sugerem que nesta população a maioria dos casos de diabetes de tipo 2 pode ser evitada por alteração do comportamento. Os pacientes com risco elevado de diabetes, tais como os com sobrepeso ou obesidade, ou histórico familiar de diabetes, devem seguir padrões de prevenção mais importantes. O controle de peso parece ser o fator que oferece o maior benefício para a prevenção do diabetes em mulheres. A. W. Herling, Aventis Pharma, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Rosiglitazona libera a gordura das células musculares A rosiglitazona aumenta a sensibilidade à insulina por retirar as gorduras sanguíneas das células musculares que têm um papel vital na captação da glicose. Os achados preliminares do estudo mostram o mecanismo pelo qual a droga interrompe a resistência à insulina. Os achados sugerem que, ajudando a saída dos lípides das células musculares para o tecido adiposo, a rosiglitazona melhora a capacidade do tecido 298 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação muscular na absorção da glicose. Tem evidência que os níveis elevados de lípides no músculo são associados à maior resistência à insulina. Para medir o feito da rosiglitazona sobre o conteúdo do músculo em gordura, os pesquisadores trataram um grupo de ratos resistentes à insulina com rosiglitazona durante 3 semanas, que foram comparados co um grupo controle. Foi medida a sensibilidade a insulina, e, após 3 semanas, o tecido muscular foi estudado para observar os depósitos de gordura. Os resultados mostraram que a droga foi responsável de um aumento significativo da utilização da glicose pelo corpo. Os testes mostraram que o músculo dos ratos tratados por rosiglitazona era quase completamente livre de gorduras, ao contrario do grupo controle. O estudo revelou também que a infusão de glicose aumentou no grupo tratado, o que sugere que o tecido muscular absorva melhor a glicose do fluxo sanguíneo. Tem ainda de determinar se a droga age via efeito direito sobre o músculo para melhorar a sensibilidade à insulina, ou se existe outra ação sobre o tecido adiposo. R. Henry et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, ReinoUnido, 9 - 13 de setembro de 2001 Insulina inalada é segura mas pouca absorvida pelos pacientes asmáticos A. W. Herling, Aventis Pharma, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Xenical (Roche) melhora o controle da glicemia em diabéticos Pacientes com asma absorvem menos insulina do que os diabéticos não asmáticos, quando a droga for inalada. Asma pode afetar a farmacocinética da insulina. O grupo asmático apresenta uma diminuição significativa da concentração em insulina, o que pode ser explicado pela diminuição da função pulmonar. Apesar disso, o mesmo estudo mostra que a insulina inalada é segura por uso em asmáticos, e não afeta a capacidade pulmonar ou a reatividade das vias aéreas. Este estudo é o primeiro que investiga se a insulina inalada é uma alternativa possível para as pessoas sofrendo de doença pulmonar. Os pesquisadores observaram um grupo de diabéticos voluntários usando o sistema AERx, tratamento experimental da Aradigm Corporation (Califórnia) que libera um aerosol líquido de insulina nos pulmões. Os pacientes – 28 voluntários saudáveis e 16 asmáticos – receberam duas doses diferentes da droga inalada, a primeira equivalente a 6 unidades subcutâneas de insulina, a segunda equivalente a 17 unidades. Foi medida a utilização da insulina e foi efetuada uma serie de testes para avaliar a função pulmonar e os efeitos da droga nas vias respiratórias. A utilização da insulina no grupo asmático foi significativamente menor do que no grupo controle (p = 0,013). Todavia, nenhumas alterações foram constatadas em volume expiratório máximo em 1 segundo e capacidade vital máxima em pré ou pós-dose. Os pacientes diabéticos com sobrepeso tratados coma droga antiobesidade orlistat (Xenical) perdem peso, melhoram o controle da glicose e diminuem a necessidade de remedias antidiabéticos. Participaram do estudo pacientes com sobrepeso que receberam uma dieta reduzida em calorias e foram randomizados para receber Xenical (n = 189) ou placebo (n = 180). Depois de um ano, os pacientes tratados por Xenical mostraram melhora do controle glicêmico, diminuições significativas da HbA1c, da glicose de jejum e da glicose pós-prandial, permitindo uma diminuição da dose diária de medicação antidiabética usual. 300 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação A diminuição em HbA1c foi de 0,9% vs. 0,4%, em glicose de jejum foi de 1,63 versus 0,71 mmol/l, e a diminuição da glicose pós-prandial foi de 1,81 versus 0,53 mmol/l. O grupo Xenical apresentou uma diminuição maior da dose diária média de sulfoniluréias do que os pacientes tratados com placebo (-1,2% versus +0,5%). Xenical é também eficaz para diminuir o peso dos pacientes diabéticos. Depois de um ano, o grupo Xenical perdeu 5,3 kg, vs. 3,4 kg no grupo tratado com dieta. “A perda de peso é uma primeira etapa vital no tratamento das pessoas portadoras de diabetes de tipo 2, mas menos do que 10% dos diabéticos tipo 2 conseguem uma perda de peso suficiente com a dieta em tratamento único. Qualquer medicação que pode ajudar as pessoas a perder peso e diminui a necessidade de uso de agente antidiabético, é benéfico para as pessoas que precisam controlar peso de diabetes tipo 2,” segundo o Prof. Markolf Hanefeld. As autoridades estão revisando a licença do Xenical nos Estados Unidos e Canadá, para incluir o tratamento do diabetes tipo 2. Segundo o laboratório Roche, mais do que 90% dos 120-140 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 apresentam um sobrepeso. Jorn Nerup, President of the European Association for the Study of Diabetes, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 União Européia criticada para a fraqueza dos investimentos financeiros em diabetes Os Estados membros da União Européia foram muitos criticados para a falta de investimentos para a pesquisa em diabetes apesar do aumento rápida da doença na população. Segundo o Dr. Jorn Nerup, não existe ainda “um euro único” para o diabetes. Ele enfatizou também que os melhores pesquisadores são empregados por instituições americanas, que, elas, têm fundos para investir em projetos. O Dr. Nerup justificou a ataque pelo fato que a população de diabéticos aumentará de 135 milhões para 250 milhões em 2010: “O diabetes é uma bomba programada sobre os sistemas de saúde. Vai estourar na face de políticos e autoridades que não reconhecem ainda a importância da doença.” “O diabetes consume entre 9 e 15% do todos os orçamentos de saúde dos Estados da Europa e dos Estados Unidos e vai aumentar. Precisamos pesquisas em todos os aspectos do diabetes. Mas se juntamos os esforços de investimentos de todos os países da União, não chegamos em um décimo do que é disponível nos Estados Unidos. Enfrentamos a maior fuga de cérebros em pesquisa de diabetes, o que é triste porque o talento está aqui. Precisamos convencer políticos da Europa que e problema é serio demais para ser negligenciado.” Diabetes Clínica 05 (2001) 301 O Diabetes na Imprensa Exercício na dose certa Época, 8 de setembro de 2001 Fazer exercício físico é bom para a saúde, diz o senso comum. Fazer muito exercício, portanto, seria excelente. O raciocínio é equivocado. Depois de passar os últimos 30 anos apregoando o culto ao corpo, à malhação sem limite e à transpiração desenfreada, os especialistas em medicina do esporte chegaram a uma conclusão. Um mínimo de esforço feito com regularidade não prepara ninguém para ganhar a Corrida de São Silvestre, mas é suficiente para garantir uma vida mais saudável. “Nem todo mundo tem tempo, disposição ou dinheiro para freqüentar academias”, diz o médico do esporte Victor Matsudo. “Mas pequenas ações incorporadas ao cotidiano evitam problemas com o corpo.” Presidente do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), Matsudo é o principal divulgador no Brasil do chamado estilo de vida ativo. Com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), de órgãos públicos e de empresas privadas, sustenta a campanha de conscientização Agita São Paulo. “Para ter uma boa qualidade de vida, basta fazer 30 minutos diários de exercícios caseiros”, resume. Não estão mais em discussão os benefícios do esporte. O que se procura é a maneira correta de praticá-lo. Na medida certa, a atividade física reduz o risco de morte por doenças cardíacas, hipertensão e diabetes. Ajuda no controle do peso e promove o bem-estar. Em contrapartida, o excesso pode provocar problemas hormonais, rupturas, lesões, torções e inflamações de músculos, tendões e articulações. Em casos extremos, o impacto repetitivo do pé contra o solo leva a fraturas ósseas, a chamada fratura por estresse. Exames como eletrocardiograma, medição de gordura corporal, potência aeróbica e explosão muscular especificam o esporte e a carga de exercícios mais adequados ao indivíduo. Até recentemente se acreditava que a dose mínima para a atividade física gerar benefícios era uma hora diária, três vezes por semana, em ritmo forte. Em 1995, estudos conduzidos pelo médico americano Russel Pate revolucionaram esse conceito. Pate constatou que meia hora de movimentos moderados, cinco vezes por semana, é o ideal. Concluiu também que se exercitar dez minutos de manhã, dez à tarde e dez à noite, por exemplo, equivale a 30 minutos seguidos. As pesquisas, reconhecidas pela OMS, associaram a atividade física ao gasto calórico. Segundo os estudos de Pate, sedentário é quem queima menos de 500 calorias por semana. Quem gasta entre 500 e 1.500 calorias é considerado ativo. O consumo de calorias pelo organismo pode ocorrer em trabalhos da rotina diária. Assim, caminhar até a banca de jornal, dançar, cuidar do jardim, passear com o cachorro, lavar o carro substituem satisfatoriamente a ginástica na academia. Andar meia hora por dia em ritmo moderado, por exemplo, demanda 150 calorias. É suficiente para a pessoa ser considerada ativa e para garantir-lhe os benefícios da atividade física. 302 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 05 (2001) Americanos criam embriões só para pesquisa Estado de São Paulo, 12 de julho de 2001 Médicos do Instituto Jones de Medicina Reprodutiva, uma clínica particular de Norfolk, na Virgínia, produziram pela primeira vez embriões descartáveis para uso em pesquisa, com o consentimento de homens e mulheres que venderam óvulos (US$ 1.500 cada) e esperma (US$ 500). A experiência foi publicada na Fertility and Sterility, jornal da Sociedade de Medicina Reprodutiva dos Estados Unidos. Cientificamente não há novidade, mas o fato teve o efeito de uma bomba para a opinião pública americana. A administração George W. Bush vai decidir em breve se o governo federal deve ou não financiar pesquisas com tecido embrionário, as chamadas células-tronco. Bush vem sendo pressionado por vários setores - entre eles políticos católicos e grupos de diabéticos e parkinsonianos - para liberar financiamento federal para estudos com células-tronco, um dos poucos setores de pesquisa em que os EUA perdem feio para os europeus. William E. Gibbons, que chefiou o trabalho, obteve 162 óvulos, que foram fertilizados in vitro, resultando em 110 embriões. Desse total, 50 se desenvolveram por 6 dias, até se tornarem blastócitos, aglomerados com entre 100 e 300 células. A partir de 18 deles, foram extraídas células-tronco, que deram origem a três linhagens diferentes de células embrionárias. O problema para o presidente americano é desagradar os vários setores conservadores que o apoiaram nas eleições. Os chamados grupos pró-vida, que são contra o aborto legalizado e acreditam que há vida desde o momento da concepção - mesmo que ela ocorra numa placa de Petri - são radicalmente contra a liberação de verba para esse tipo de pesquisa. Ontem, ao saber da experiência da Virgínia, Douglas Johnson, porta-voz do Comitê Nacional do Direito à Vida, qualificou-a de “hedionda”. “Isso mostra que os defensores da pesquisa embrionária destrutiva não falam a verdade quando dizem ao presidente Bush que só pretendem usar os embriões que sobram nas clínicas de fertilidade”, afirmou. Mesmo defensores da liberação das pesquisas com tecido embrionário receberam mal a notícia. “Fiquei um tanto perplexo com a notícia”, admitiu John Gearhart, pesquisador da Johns Hopkins University, de Baltimore. “Você não ouve cientistas envolvidos neste tipo de pesquisa falar em produzir embriões para destruí-los, porque isso não é necessário.” Michael Soules, especialista em fertilidade da Universidade de Washington, acredita que, em certos casos, a criação de embriões para pesquisa, com consentimento de doadores de óvulos e esperma, poderá ser útil, mas critica a decisão dos médicos da Virgínia. “O momento não poderia ser pior para o anúncio dessa experiência.” “Essa pesquisa só vem mostrar a necessidade urgente de supervisão federal para esse tipo de trabalho”, afirmou Lawrence Soler, da Fundação de Pesquisa de Diabetes Juvenil, uma associação de pacientes que lidera a coalizão de organizações favoráveis às pesquisas com tecido embrionário. O grupo lançou ontem uma campanha, com anúncios em emissoras de TV e jornais, para divulgar as vantagens da pesquisa com células-tronco. Patas-de-vaca, mais beleza no inverno da cidade Estado de São Paulo, 31 de julho de 2001 Nativa da Mata Atlântica, a árvore, que dá flores brancas e roxas, também é encontrada no Oriente. As folhas são indicadas para controle da diabetes As três patas-de-vaca do quintal de uma casa de esquina na avenida Engenheiro Caetano Álvares, plantadas há pouco mais de 15 anos, mostram que o inverno também é a estação das flores. Embora essas árvores floresçam principalmente no verão, quando aumenta a umidade, elas conseguem dar várias floradas por O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 05 (2001) 303 Continuação ano. Neste inverno, por causa dos veranicos e das chuvas, essas árvores nativas da Mata Atlântica são vistas floridas em quase todos os bairros da cidade. Também chamadas de bauínias, seu nome científico é Bauhinia fortificata, dividem-se em mais de uma dezena de espécies e são da mesma família do pau-brasil (a das leguminosas-cesalpináceas). As espécies usadas na arborização da cidade têm flores brancas ou roxas. Essas árvores foram adotadas em urbanismo porque crescem rápido, constituindo algumas das espécies pioneiras da Mata Atlântica. Curiosamente, assim como o pau-brasil, a pata-de-vaca ocorre também na China e em ilhas do Oriente (sob forma de variedades que evoluíram separadamente), mostrando que os antepassados dessas árvores já existiam antes da separação dos continentes, há 100 milhões de anos. Ela sobreviveu a várias glaciações e continua hoje na linha de frente da Mata Atlântica, onde abre caminho para outras espécies de árvores e desaparece na mata densa, ocupando as fímbrias da floresta. Os portugueses que descobriram o Brasil já compravam pau-brasil do Oriente, onde a árvore se chamava sipango e era distribuída na Europa desde a Idade Média para tingir tecidos. Começa, então, a ser introduzida no Brasil uma variedade chinesa de pata-de-vaca conhecida como bauínia-de-hongkong (Bauhinia blakeana), que dá flores ainda mais espetaculares, formando grandes cachos violáceos. Aqui, a multiplicação dessa espécie chinesa é feita por alporquia. As mudas das espécies nativas são obtidas por sementes. Segundo relatos de jesuítas, os índios já usavam as folhas de pata-de-vaca branca como remédio. “Todas as patas-de-vaca nativas da Mata Atlântica são medicinais, sendo indicadas para o controle da diabetes”, explica o farmacêutico Sérgio Panizza, filho do botânico e fitoterapeuta Sylvio Panizza, professor da Universidade de São Paulo (USP). Panizza conta que as últimas pesquisas mostram que o chá de folhas de pata-de-vaca diminui a glicemia por causa de dois fatores: os taninos, que dão gosto amargo ao chá, e um sal mineral chamado cromo. “Os taninos dificultam a absorção do açúcar e o cromo estimula o fígado e o pâncreas, facilitando a metabolização do açúcar absorvido, o que diminui os índices de glicose no sangue”, diz o farmacêutico. Segundo ele, as árvores de flores brancas e folhas mais pontudas (Bahuinia forticata) possuem mais ingredientes ativos que as de flores roxas e folhas mais arredondadas. “Essa planta realmente funciona. Pessoas que tomavam comprimidos para controlar a diabetes e passarem a usar o chá de pata-de-vaca acabaram dispensando os comprimidos sob acompanhamento médico”, conta Panizza. terra Açúcar pode dar dependência? Terra.com.br, 29 de junho de 2001 Estudos em ratos mostram que o cérebro pode criar dependência a alimentos que possuam açúcares. O cérebro possui componentes semelhantes à morfina, e que podem ser liberados por alimentos doces como tortas, sorvetes e gorduras, segundo o Dr. Bart Hoebel, da Universidade de Princeton. Muitos estudos mostram a atividade do núcleo accumbens, região do córtex frontal que está ligada aos “baratos” obtidos com anfetaminas, cocaína, cafeína e outras drogas que causam dependência. Parece que a ingestão de substâncias doces faz com que este núcleo libere as substâncias morfínicas, bem como dopamina, ligada à sensação de prazer, mas também de “busca” ao prazer, através de drogas ou sexo, por exemplo. Parece que tal núcleo também regula o apetite. O estudo consistiu em dar açúcar aos ratos, parar abruptamente tal forne- 304 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação cimento e administrar drogas que bloqueassem o núcleo accumbens. O que se observou? Quando novo estoque de açúcar era fornecido, os ratos tinham verdadeira compulsão. Quando seus cérebros foram estudados, notou-se um aumento no número de receptores para dopamina (o que explica a dependência pelo açúcar). Como transferir esse modelo para humanos? O excesso de ingestão de doces aumenta o número de receptores de dopamina e, portanto, o de busca e de compulsão pelos açúcares em geral (talvez comer demais faça o cérebro liberar muitos derivados morfínicos, o que cria um círculo vicioso de dependência). Cruzeiro do Sul, 3 de setembro de 2001 Transplante é esperança para os diabéticos Apesar de recente no Brasil e das dificuldades para a doação de órgãos no País, o transplante de pâncreas tem se firmado como uma esperança aos pacientes de diabetes tipo 1. Para falar sobre as indicações e detalhes desse tipo de transplante com médicos e pacientes, a Associação de Diabetes de Sorocaba (ADS) promoveu uma palestra com profissionais. A palestra foi proferida pelo endocrinologista Fadlo Fraige Filho, do Hospital Beneficiência Portuguesa, onde já foram realizados 76 transplantes de pâncreas, média e um por semana. Um dos médicos convidados foi o hepatologista Marcelo Perosa de Miranda, que explicou que o sucesso das cirurgias é em torno de 80% a 90%. O transplante é indicado para diabéticos juvenis graves ou de difícil controle, proporcionando a cura do distúrbio e até a reversão de seqüelas na visão, rins ou nervos. Com as novas regras do Sistema Único de Saúde (SUS), o transplante de pâncreas passou a ser mais conhecido no Brasil e novos hospitais têm disponibilizado o procedimento. Diabetes Clínica 05 (2001) 305 Avanços terapêuticos e tecnológicos E Renard et al., Lapeyronie Hospital, Montpellier, France, Sansum Medical Research Inst./Cottage Hospital, Santa Barbara, CA, Medical Research Group/MiniMed Inc., Sylmar and Northridge, CA, USA, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Primeiras implantações de sensor de glicose conectado com bombas de insulina em portadores de diabetes Objetivo: As bombas de insulina implantadas têm sido empregadas em pacientes diabéticos há mais de 10 anos. A conexão da bomba com um sensor de glicose intravascular pode fornecer dados em tempo real para a regulação da insulina e é um verdadeiro modelo de célula b artificial. O objetivo deste estudo é de avaliar a segurança e a eficácia de um sistema implantado bomba/sensor. Métodos: Os sistemas de sensor de glicose a longo prazo (LTSS, Medical Research Group e MiniMed Inc., CA, EUA), constituídos de um sensor de glicose IV conectado a uma bomba de insulina intraperitoneal (P) foram implantados cirurgicamente em 10 pacientes diabéticos de tipo 1 por aproximadamente 18 meses. Os sensores foram colocados pelas veias subclávia ou jugular interna e as extremidades dos sensores na veia cava superior ou no átrio direito. Os dados do sensor foram comparados com as amostras de seis glicemias capilares diárias lidas com fotômetros HemoCue (HemoCue AB, Suécia). Resultados: As complicações cirúrgicas consistiram em colocar e manter as extremidades dos sensores no lugar adequado. Melhora do processo cirúrgico e modificação do cabo de conexão facilitaram fixação e prevenção da migração. Conclusões: Nossos dados sugerem que este modelo LTSS pode ser eficaz e seguro durante um longo período para controlar a administração de insulina M.E.J. Lean et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Pioglitazona diminui a gordura intra-abdominal Objetivo: O diabetes de tipo 2 e o síndrome metabólico são caracterizados pela resistência à insulina, obesidade e distribuição central da gordura. Todavia, o aumento da sensibilidade à insulina é responsável de lipogênese. Este trabalho estuda a hipótese que a pioglitazona poderia ter efeitos adversos sobre a gordura corporal. Material e métodos: Estudo randomizado controlado por placebo de pioglitazona 45 mg/dia durante 18 semanas em pacientes diabéticos tipo 2 tratados com dieta para manter o peso. Resultados: Em controle (n = 12), não há alterações no peso corporal (0,0, IC –1,1 para 1,0 kg), mas pacientes tratados por pioglitazona (n = 13) ganharam 2,5 (IC 0,7-4,2) kg, dos quais 2,2 (IC 0,6-3,9) kg eram gordura. Todavia, a massa de gordura intra-abdominal mostrou uma diminuição significativa de 0,12 (IC –0,19 para –0,06) kg em comparação com controles (ressonância 306 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação magnética nuclear). Não foi observados aumentos significativos na espessura da dobradura da pele do tríceps e do bíceps ou das circunferência do quadril dentre os pacientes tratados por pioglitazona, em comparação com controles, mas diferenças não significativas na cintura ou relação cintura/quadril. Estas alterações na composição corporal foram associadas com diminuições significativas em HbA1c (-1,5%) e glicose de jejum (-2,4 mmol/l) em comparação com placebo. Diminuições dos triglicérides (-1,22 mmol/l) e LDLcolesterol (-1,8 mmol/l) com pioglitazona não foram significativas. Conclusões: Apesar do que o tratamento com pioglitazona seja associado com lipogênese corporal total, a gordura intra-abdominal é diminuída, em relação com o seu papel central na síndrome metabólico e efeito da pioglitazona sobre o PPAR , principalmente no tecido adiposo subcutâneo. Futuros estudos combinaram o tratamento de pioglitazona com programa de perda de peso. S. Gregersen1 e al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Efeitos agudos do stevioside em pacientes com diabetes de tipo 2 Objetivo: Extratos da planta Stevia rebaudiana Bertoni (SrB) foram utilizados durante vários anos para o tratamento do diabetes na América do Sul, mas sem fundamento clínico. Já demonstramos anteriormente que stevioside, glicosídeo diterpeno presente na planta SrB, possui potencial insulinotropico, glucagon-estático e anti-hiperglicêmico em estudos sobre o animal. A questão agora é pesquisar se stevioside pode ter ação sobre o metabolismo da glicose em diabetes de tipo 2. Hipótese: Stevioside adicionada à refeição diminui os níveis de glicose sanguínea pós-prandial, estimula a insulina e diminui as taxas de glucagon. Material e métodos: O estudo foi realizado em 12 pacientes diabéticos (4 mulheres/8 homens) com HbA1c 7,4 ± 0,4 %. Uma refeição padrão (1725 kJ) foi suplementada com 1 g de stevioside ou 1 g de gelatina (placebo). Amostras sanguíneas foram retiradas 30 minutos antes e 240 minutes após a ingestão. Resultados: Em comparação com placebo, stevioside diminuiu a área sob a curva de resposta da glicose em 18% (p = 0,013), a área sob a curva de resposta do glucagon em 19% (p = 0,02), e a resposta do glucagon like peptídeo (GLP-1) em 31% (p = 0,044). Stevioside não alterou significativamente a área sob a curva da insulina e do polipeptídeo insulinotropico dependente da glicose (GIP). Não foram encontradas diferenças nos níveis de acides graxos livres ou de triglicérides. Conclusões: Stevioside diminui a glicose sanguínea pós-prandial e os níveis de glucagon em pacientes diabéticos tipo 2. Isso indica que stevioside apresenta benefícios para o metabolismo da glicose e pode ser útil no tratamento do diabetes de tipo 2. P. Home1 et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, ReinoUnido, 9 - 13 de setembro de 2001 Efeito antihipertensivo de farglitazar, agonista do PPARγγ, em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e de hipertensão arterial Objetivo: Farglitazar é um novo agonista do PPARγ, não-tiazolidinediona, derivado de uma raiz L-tirosina, com afinidade elevada para o receptor nuclear humano PPARγ, e pequena mas talvez atividade importante em relação com o receptor PPARα. Diminuição da glicose e dos lípides sanguíneos tem sido demonstrada em pacientes portadores de diabetes tipo 2 tratados por farglitazar. Diminuição da pressão sanguínea também foi notada em sujeitos saudáveis bem como em portadores de diabetes. Material e métodos: Um estudo duplo-cego, randomizado, com grupo paralelo em 304 pacientes diabéticos tipo 2 hipertensos foi desenhado para Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação 307 definir a relação dose-resposta para os efeitos antihipertensivos de farglitazar. Pacientes receberam placebo ou farglitazar 0.5, 1, 2, 5, ou 10 mg por dia. Resultados: Após 4 semanas, farglitazar resultou em diminuições dependentes da dose na pressão ambulatória média de 24 horas, o que foi estatisticamente significativo em comparação com placebo nas doses de 5 mg [diastólica −4 (95%-IC −5, −2) mmHg p < 0,001, sistólica −5 (−7, −2) mmHg p = 0.001] e 10 mg [diastólica −6 (−8, −5) mmHg p < 0.001, sistólica −8 (−11, −6) mmHg p < 0.001]. Farglitazar 10 mg resultou em diminuição da pressão sanguínea média em posição sentada para a diastólica [−6 (95%-IC − 9, −3) mmHg p < 0,001] e sistólica [−6 (−10, −2) mmHg p = 0,004], com diminuições menores e não-significativas para as dosagens inferiores. Farglitazar foi bem tolerado, sem aumento significativo da freqüência cardíaca. Um edema dependente da dose foi observado (> 13% com 10 mg após 4 semanas). A dosagem de 10mg não foi utilizada para os estudos de fase III. Conclusões: Concluímos que o agonista farglitazar tem propriedades antihipertensivas moderadas mas potencialmente úteis para em complemento de seus efeitos sobre a diminuição da glicose e dos lípides. Wallace TM et al., Diabet Med 200;18(8):640-645, agosto de 2001 Uso em casa e no hospital de um novo medidor de cetonas em 30 segundos Objetivos: Estabelecer o papel da medição do β-hidroxibutirato (β-OHB) para separar a hiperglicemia da cetose, usando um medidor eletroquímico dos cetonas sanguíneas. O objetivo do estudo é de avaliar a eficácia e a precisão de um medidor e desenvolver recomendações para o uso do medidor de cetonas em casa e no hospital. Material e métodos: 20 pacientes com controle glicêmico inadequado (HbA1c média 10,2%) foram selecionados de uma clínica de diabetes e 14 pacientes hospitalizados com cetoacidose diabética (DKA) foram selecionadas de um Departamento de Emergência. O sangue obtido por teste de glicose foi também usado para medições de β-OHB, usando o medidor de cetonas. As concentrações de β-OHB plasmática foram também medidas na entrada usando um método enzimático usual. Resultados: As medições de glicose e β-OHB (n = 1099) nos pacientes da clínica mostraram que, fora de doença atual, os níveis de β-OHB não ultrapassam 1 mmol/l, independentemente dos resultados da glicose. Nos 14 pacientes com cetoacidose, a concentração média de β-OHB plasmática, medida em laboratório, era de 7,4 mmol/l (intervalo 3,9-12,3 mmol/l). O tempo médio, a partir do início do tratamento, para as concentrações de β-OHB cair embaixo de 1 mmol/l foi de 8,46 h (intervalo 5-58,33 h). Conclusão: O teste das cetonas sanguíneas é um complemento útil à monitorização da glicose sanguínea para separar a cetose da simples hiperglicemia. Os dados sugerem que β-OHB ≥ 1 mmol/l necessita uma observação e níveis > 3 mmol/l necessitam uma revisão medical do tratamento. Em mais, a taxa de diminuição do β-OHB em DKA pode ser usado como um indicador da adequação do tratamento. American Journal of Cardiology 2001;88:504-508, setembro de 2001 Uma nova estatina, a rosuvastatina, diminui rapidamente o LDL-colesterol A rosuvastatina, nova estatina, é responsável por uma diminuição significativa do LDL colesterol em pacientes hipercolesterolêmicos, segundo dois estudos. 310 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação O primeiro estudo selecionou 142 pacientes com hipercolesterolemia moderada. Os pacientes receberam placebo, rosuvastatina nas doses de 1 a 40 mg ou atorvastatina 10 ou 80 mg. No segundo estudo, 64 pacientes receberam placebo ou rosuvastatina 40 ou 80 mg. Os pacientes foram tratados uma vez por dia durante 6 semanas em ambos os estudos. Rosuvastatina produziu diminuições estatisticamente significativas e dependentes da dose do LDL-colesterol, quando comparado com o placebo. As diminuições atingiram 34% com 1 mg até 65% com 80 mg. Aproximadamente 90% da diminuição ocorre durante as duas primeiras semanas de tratamento. Rosuvastatina produz também diminuições estatisticamente significativas e dependentes da dose dos níveis de colesterol total e da apo-lipoproteína B. Além disso, as concentrações de HDL-colesterol aumentaram e de triglicérides diminuíram. As alterações do HDL-colesterol e dos triglicérides foram estatisticamente significativas com doses determinadas. Todos os ratios lipídicos diminuíram nas doses usadas de rosuvastatina. Rosuvastatina é bem tolerado. Os eventos adversos foram similares no grupo placebo e nos grupos de tratamento. Nenhum paciente apresentou elevação das taxas de alanine aminotransferase ou creatine quinase. Um tratamento de 6 semanas com rosuvastatina é responsável de uma diminuição rápida e significativa do LDL-colesterol. Rosuvastatina é bem tolerado pelos pacientes com hipercolesterolemia. Saenz de Tejada et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Tadalafil, nova esperança para o tratamento da disfunção erétil em homens diabéticos Um estudo sugere que tadalafil é eficaz e seguro para o tratamento da disfunção erétil (DE) em homens diabéticos. Tadalafil é um novo inibidor seletivo da fosfodiesterase, desenvolvido para o tratamento da disfunção erétil. Já foi demonstrado que este tratamento é eficaz e seguro em homens não diabéticos. 216 homens (idade média 56 anos) com DE moderada a severa e portadores de diabetes tipo 1 ou 2, foram selecionados. Os escores do Baseline International Index of Erectile Function (IIEF) foram obtidos e um diário tipo Sexual Encounter Profile (SEP), foi preenchido durante um período de 4 semanas. Os pacientes foram randomizados para receber placebo ou tadalafil 10 ou 20 mg, durante um período de 12 semanas. Para participar do estudo, os pacientes tinham de experimentar uma DE moderada a severa, de origem psicológica, orgânica ou mista, durante um período de 3 meses ou mais. Comparado com placebo, tadalafil 10 mg e 20 mg produziu um aumento significativo (p < 0,001) da capacidade dos pacientes a realizar um ato sexual. Tadalafil foi também melhor do que o placebo para melhorar a função erétil, medida pelo escore IIEF (p < 0,001). As doses de 10 e 20 mg são ambos superiores ao placebo par melhorar a capacidade de penetração (p<0,001), capacidade de manter a ereção durante o ato e melhorar os escores de satisfação. Os resultados são independentes do tipo de diabetes, do tratamento atual, do nível inicial da glicose sanguínea ou da presença de complicações microvasculares. Ambas as doses de tadalafil foram bem toleradas e nenhum efeito adverso sério foi reportado. Os únicos efeitos reportados por mais de que 5% dos participantes foram dor de cabeça e dispepsia. Apesar do que este estudo seja pequeno, os resultados sugerem que tadalafil é eficaz e seguro para o tratamento da DE em diabéticos. Esses dados devem ser confirmados por outros estudos. 312 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 05 (2001) Natalia Roudovitch et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Repaglinida e metformina aumenta a secreção e a sensibilidade à insulina em pacientes diabéticos tipo 2 John Gerich et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Modo de ação da rosiglitazona no controle glicêmico Este estudo de 3 semanas, randomizado, controlado por placebo, foi realizado em 11 pacientes portadores de diabetes tipo 2, idade 58 anos (41-66), com IMC médio 32,2 (intervalo 23 - 45) kg/m², e duração médio de diabetes de 8,2 anos. Os pacientes eram tratados por dieta e/ou agentes antidiabéticos orais. A semana 1 foi um período de avaliação, de exame clínico e testes de laboratório. O tratamento começou na semana 2 com placebo (1 mg/3 vezes por dia) mais metformina (850 mg/3 vezes por dia) e a semana 3 com repaglinida (1 mg/3 vezes por dia) mais metformina (850 mg/3 vezes por dia). A resposta aguda da insulina à glicose e a segunda fase de secreção de insulina em condições hiperglicêmicas foram ambas aumentadas nos clamps hiperglicêmicos com repaglinida (resposta aguda da insulina [AIRglu] 1,23 ± 0,4 versus 0,73 ± 0,4 h.µU/L, p < 0,01 e área sob a curva [AUC] (25-180 min) 95,8 ± 25,7 versus 52 ± 16,5 h.µU/L, p < 0,01). O índice de sensibilidade à insulina aumentou após uma semana de terapia conjugada repaglinida + metformina, quando comparada com a semana placebo + metformina (6,67 ± 1,8 versus 4,96 ± 1,3 mg/kg.min/mU, p < 0,05). Esses resultados sugerem que repaglinida age sobre vários fatores envolvidos no metabolismo dos carboidratos, segundo os pesquisadores. A melhora significativa do índice de sensibilidade à insulina observada com repaglinida + metformina sugere que os dois agentes têm um efeito sinérgico sobre a sensibilidade à insulina neste tipo de pacientes. Esta pesquisa mostram que o efeito pós-prandial da rosiglitazona é devido à supressão do release da glicose endógena (gliconeogênese). Em mais, mostra que rosiglitazona aumenta a eficiência da captação da glicose pelos tecidos, e aumenta a secreção e a sensibilidade à insulina no fígado e tecidos periféricos. O mecanismo pelo qual a rosiglitazona e outras tiazolidinedionas melhora o controle glicêmico não é até hoje totalmente conhecido. Por exemplo, não é claro se agem pela redução da produção de glicose, especificamente, ou se elas simplesmente aumentam a sensibilidade à insulina. Este estudo, desenhado para investigar o modo de ação da rosiglitazona, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, foi realizado com pacientes diabéticos de tipo 2, homens e mulheres (idade 40-70 anos). Os pacientes receberam rosiglitazona 8mg/dia (4 mg duas vezes ao dia) ou placebo durante ume período de 12 semanas. As medições incluíram a produção de glicose, incluindo avaliação da gliconeogênese vs. glicogenólise, sensibilidade à insulina e função celular β. Resposta a rosiglitazona foi definida como diminuição da HbA1c > 0,3% e da glicose sanguinea de jejum > 10%. Quando comparado ao o grupo placebo, o grupo rosiglitazona exibiu diminuições estatisticamente significativas em HbA1c, glicose plasmática de jejum e glicose pós-prandial em 1%, 40 mg/dl and 43 mg/dl, respectivamente (p < 0,03). A gliconeogênese pósprandial, mas não de jejum, foi também significativamente diminuída (p = 0,04) no grupo rosiglitazona. A captação de glicose de jejum e pós-prandial foi também reduzida no grupo rosiglitazona, em comparação com grupo placebo, no final do período de 12 semanas. A resistência à insulina foi significativamente diminuída (p < 0,01) no grupo rosiglitazona quando comparado com o início mas não com o grupo placebo no final do período de 12 semanas. Mas a melhora na secreção 314 Continuação Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 05 (2001) de insulina foi estatisticamente significativa quando comparada com o início (p = 0,03) e com o placebo (p = 0,02). Esses resultados mostram que a rosiglitazona pode diminuir a produção de glicose nas condições pós-absorção e pós-prandial. O efeito pós-prandial da droga é devido ao aumento da supressão do release da glicose endógena (gliconeogênese). Rosiglitazona aumenta também a eficiência da captação da glicose pelos tecidos e melhora a secreção da insulina, a sensibilidade da insulina no fígado e tecidos periféricos. Satisfação do tratamento com insulina inalada em pacientes com diabetes tipo 1 Robert A. Gerber et al., Pfizer Inc., Diabetes Care 2001;24:1556-1559, setembro de 2001 Objetivo: Em pacientes com diabetes tipo 1, o controle glicêmico pode ser realizado com insulina inalada, sendo uma administração de insulina intrapulmonar pré-prandial inalada mais uma aplicação de insulina ultralenta ao deitar. Nosso objetivo foi de comparar a satisfação do paciente entre a insulina inalada e a insulina subcutânea. Material e métodos: Os pacientes portadores de diabetes tipo 1 participaram em um estudo de 12 semanas, aberto, e foram randomizados para receber insulina inalada ou insulina subcutânea. Pacientes (n = 69) completaram um questionário de satisfação de 15 itens, no início e no final do estudo (Patient Satisfaction with Insulin Therapy Questionnaire – PSIT). Os resultados incluíram percentagem media de alteração na satisfação global e dois subitens: conveniência/facilidade de uso e conforto social. Resultados: A percentagem média de melhora da satisfação global com insulina inalada (35,1%, 95% IC 18,0–52,2) foi maior do que com a insulina subcutânea (10,6%, 4,7–16,5) (P < 0,01), bem como para o item conveniência/facilidade de uso: insulina inalada 41,3% (22,9–59,6) versus insulina subcutanêa 11,2% (4,1–18,3; P < 0,01). Melhora em conforto social foi também maior com insulina inalada mais não estatisticamente significativa. A melhora da HbA1c depois de 12 semanas foi também associada à melhora da satisfação global (r = -0,27, P = 0,04). Conclusões: Insulina inalada pode oferecer a primeira alternativa prática, não-invasiva, às injeções de insulina. Para os pacientes diabéticos de tipo 1, insulina inalada mantém o controle glicêmico e propôs melhor satisfação global, conveniência e facilidade de uso do que a insulina subcutânea. 316 Diabetes Clínica 05 (2001) Produtos e novidades Innovo: aplicador de insulina com memória para auxiliar os pacientes O laboratório farmacêutico Novo Nordisk está trazendo para o Brasil uma nova geração de aplicador de insulina. Innovo é o aplicador mais completo e fácil de usar. Encontrado sob uma forme compacta e discreta, ele torna a aplicação de insulina muita mais fácil, rápida, segura e conveniente. Este novo sistema possui uma memória embutida que informa o usuário a quantidade de insulina que foi injetada na última aplicação e quando esta foi feita, reduzindo o risco do paciente se enganar quanto ao horário e à quantidade da próxima dose. As doses de Innovo podem ser reguladas em incrementos precisos de 1 unidade, chegando a 70 unidades. O aplicador é projetado exclusivamente para o uso com agulhas NovoFine de 6 a 8 mm e com cartuchos de insulina Novolin Penfill de 3 ml. O produto é ativado por bateria, que possui ume durabilidade média de 4 anos. A tendência mundial no tratamento do diabetes é o uso mais rigoroso da insulina, com bárias aplicações diárias visando imitar o que acontece com indivíduos sem diabetes. Por isso, a procura por novos aparelhos de aplicação é cada vez maior. Innovo é disponível para a compra nas principais farmácias e centros especializados em diabetes a partir de outubro de 2001. Good Foot: Palmilha em poliuretano expansivo para o tratamento do pé diabético A maior vantagem da utilização da espuma de poliuretano expansivo é a grande precisão em obter a moldagem do pé. O produto, inicialmente em estado líquido, se expande e vai moldar o pé, criando uma pressão sobre as partes moles do mesmo, isolando naturalmente os pontos que não podem sofrer sobrecarga. A espuma de poliuretano permita ainda determinar a densidade da espuma, desde uma consistência mais regida, até uma mais macia, dependendo das necessidades de cada caso. A palmilha em espuma de poliuretano deve ser usada em sapatos que permitam acomoda-la sem apertar ou machucar o pé, o ideal é a utilização de um sapato especial para pé diabético. Informação: Good Foot/Ortopedia suíça Ltda, Peter Kuhn, Tel: (11) 5575 8564. Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 05 (2001) 317 Optium de Abbott Medisense: medidor de glicose e de corpos cetônicos Após 5 anos de comercialização no Brasil do medidor de glicose Precision QID, a divisão Medisense de Abbott Laboratórios está lançando o biosensor Optium. Sua grande inovação, além do fato de as instruções em seu visor serem em português, facilitando a interpretação da glicemia para aqueles que não entendem inglês, é o fato de ser o único sensor a ter capacidade de medir tantos os níveis de glicose como os de cetonas no sangue, possibilitando assim a substituição dos testes em urina, sabidamente pouco precisos, pois não detectam o principal corpo cetônico, o β-hidroxibutirato. Este novo equipamento vai possibilitar uma sensível diminuição de ocorrência de casos clínicos de cetoacidose, pois o paciente poderá testar seus níveis de cetonas no sangue precocemente, detectando a elevação dos níveis de cetona antes da instalação da cetoacidose, podendo contatar seu médico imediatamente. Como interpretar os resultados de testes sanguíneos de cetonas: Níveis de β-hidroxibutirato Ação Menos de 0,5 Nível normal. Manutenção do metabolismo da glicose. Insulina adequada. Continuar procedimentos atuais de tratamento. 0,6 – 1,5 Elevação moderada. Metabolismo de gorduras. Provável deficiência de insulina. Considerar aumento de insulina de ação rápida. Seguir procedimentos para dias de enfermidade. Fazer acompanhamento estreito. 1,6 – 3,0 Elevação significativa. Paciente em risco de cetoacidose. Considerar aumento de insulina de ação rápida. Seguir procedimentos de dia de enfermidade. Fazer acompanhamento estreito para possível intervenção de urgência. Maior do que 3,0 Consistente em acidose metabólica. Considerar fortemente intervenção de urgência. Lilly: Tiras reagentes Glico-Fita Plus para determinação da glicose na urina Em setembro o Laboratório Lilly iniciou a comercialização da Glico-Fita Plus. Esta é uma nova versão da antiga Glico-Fita que foi descontinuada em janeiro deste ano. A principal diferença entre a Glico-Fita antiga e a nova Glico-Fita Plus é que na primeira o teste era qualitativo, isto é, apenas indicava se o paciente estava com o nível de glicose na urina acima de 180 ml/dl ou não. Com a Glico-Fita Plus, o método é semiquantitativo, ou seja, o paciente tem o resultado da análise de glicose na urina por faixas, permitindo melhor acompanhamento e ajuste. As tiras reagentes Glico-Fita Plus permitem monitorar os níveis de glicose na urina, através de leitura visual. Proporciona aos diabéticos um auxílio no controle de suas condições, fornecendo informação indireta quanto aos níveis de glicose sanguínea. A presença de glicose na urina pode ser uma indicação de que o diabetes está descontrolado. O teste com Glico-Fita Plus alertará, tanto o diabético como o médico ou o educador em diabetes, das mudanças que ocorrem em seu organismo e que necessitem de ajustes na dieta e/ ou medicação. 318 Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 05 (2001) Johnson & Johnson: Automonitorização da glicose sanguínea com SureStep Plus Johnson & Johnson está lançando a linha Lifescan para o monitoramento da glicose sanguínea, que inclui os produtos One Touch Basic Plus e SureStep Plus, ambos portáteis, de fácil manuseio, com resultados rápidos e comparáveis aos dos testes de laboratório. O One Touch Basic Plus possui 75 memórias com data e hora, limite de medição de o a 600 mg/dl e resultados em 45 segundos. O SureStep Plus apresenta resultados em aproximadamente 30 segundos, possui 150 memórias com data e hora, media de resultados de 14 e 30 dias e utiliza fitas de absorção imediata. BioEnterics: Tratamento cirúrgico da obesidade com a LapBand A solução Lap-Band é uma alternativa cirúrgica para o tratamento da obesidade, recentemente aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA. Lap-Band é um anel de silicone instalado em volta do estomago, após uma pequena cirurgia por laparoscopia, menos invasiva que os métodos clássicos. O Lap-Band pode ser ajustado (inflado ou desinflado) por meio de uma reserva acessível através da pele. O uso de Lap-Band permite uma perda substancial de peso no caso da obesidade severa, mas o paciente precisa continuar permanentemente a dieta e os exercícios. Um estudo em 299 pacientes mostrou que os pacientes perderam em média 36% do peso em excesso, após 3 anos. Microlife: Termômetros e monitores de pressão arterial digitais A Microlife apresenta ume linha de produtos úteis para o dia-a-dia da maioria dos pacientes. Os sistemas digitais de medição da febre são originais, fácil de usar e de alta precisão. O termômetro auricular, por exemplo, permite a medição em 1 segundo. Os termômetros tipo caneta, a prova d’água, dá o resultado com uma precisão de 0,1o C, bem como o termômetro em forma de chupeta. Microlife propôs também uma linha de monitores automáticos ou semi-automáticos de pressão arterial, com o prático monitor tipo relógio de pulso, que mede a pressão e a pulsação, infla, desinfla, desliga automaticamente e possui uma memória. Diabetes Clínica 05 (2001) 319 Resumos de trabalhos e congressos MA Testa et al, Harvard University, Boston, MA, USA, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Terapia intensiva e satisfação do paciente portador de diabetes de tipo 1: estudo randomizado sobre insulina inalada versus injetada Objetivo: Apesar da evidência de seus benefícios para a saúde, a terapia insulínica necessita várias aplicações por dia, o que diminui a aceitação do tratamento. Para quantificar a responsabilidade do número de aplicações em termos de satisfação do paciente e qualidade de vida, estudamos 327 pacientes portadores de diabetes de tipo 1 randomizados para receber insulina NPH 2 vezes/dia mais insulina regular pré-refeição (n = 165) ou insulina inalada pré-refeição (n = 162). Material e métodos: Os pacientes eram 535 homens, com idade 12-65 anos (idade média 29,5 ± 14,6 anos), e HbA1c média 8,0 ± 1,0%. Questionários de qualidade de vida e satisfação foram completados no início e 6, 12, 20 e 24 semanas após tratamento. Resultados: A escore de satisfação global (0 a 100) aumento significativamente mais para a insulina inalada do início até o fim do estudo (62,1 para 74,5) do que para aplicações por injeções (62,8 to 64,3), p < 0,0001. As mudanças do início até o fim do estudo para todos os itens de satisfação (0 a 100), mostraram aumentos similares da satisfação com insulina inalada comparada com aplicações tradicionais. Os resultados da insulina inalada ± DP vs. Injeções ± DP foram: carga (9,9 ± 1,3 vs. 2,3 ± 1,0); conforto (12,6 ± 1,6 vs. 1,2 ± 1,1); eficácia (13,9 ± 1,7 vs. 2,9 ± 1,5); flexibilidade (12,2 ± 1,4 vs. 1,6 ± 1,3); satisfação geral (18,3 ± 2,2 vs. 0,3 ± 1,6); dor (14,2 ± 1,5 vs. 0,8 ± 1,2); preferência (27,4 ± 2,1 vs. 1,7 ± 1,5); efeitos adversos (3,4 ± 1,2 vs. ?2,6 ± 1,2), p < 0,0001; confusão (9,7 ± 1,2 vs. 4,4 ± 1,2); interferência com a vida (9,8 ± 1,2 vs. 5,1 ± 1,2); social (1,4 ± 0,8 vs. ?0,9 ± 0,7); e satisfação específica no que se refere à insulina (9,7 ± 1,7 vs. 0,8 ± 1,1), p < 0,01 a 0,03. O escore global de qualidade de vida e os itens tais como controle comportamental e emocional, sintomas de sofrimento geral e hiperglicêmica, cognição, acuidade mental e consciência evoluíram melhor com a insulina inalada, p < 0,01 a 0,05. As diferenças no podem ser completamente explicadas pela diminuição da HbA1c [INH (0,3 ± 0,06%) vs MDI (0,1 ± 0,07%), p = 0,08]. Conclusões: A redução do número de injeções pelo uso da insulina inalada melhora a satisfação do paciente e a qualidade de vida, reduzindo a carga terapêutica e os obstáculos à aderência à terapia intensiva. 320 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) JG Eriksson et al., National Public Health Institute, Helsinki, Finland and Medical Research Council, Southampton,UK, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Crescimento na infância e diabetes de tipo 2 na idade adulta Objetivo: O baixo peso de nascimento é associado a taxas aumentadas de diabetes de tipo 2 na vida adulta. Isso é uma conseqüência das alterações fisiológicas e metabólicas persistentes que acompanham o crescimento lento in útero. Além disso, obesidade na infância e do adulto e importante fator de risco para o diabetes de tipo 2. O objetivo deste estudo foi de avaliar o crescimento durante a infância em pessoas que desenvolveram um diabetes de tipo 2. Material e métodos: Homens (n = 4630) e mulheres (n = 4130) que nasceram no Hospital Central da Universidade de Helsinski durante o período 193444, e que consultaram em serviços pediátricos da cidade participaram no estudo. Os indivíduos foram medidos aproximadamente 18 vezes (peso e altura) entre o nascimento e a idade de 12 anos. Registros detalhados sobre a saúde das crianças foram disponíveis para todos os 8760 participantes. Resultados: Foram identificados 208 homens e mulheres que desenvolveram diabetes de tipo 2. O baixo peso de nascimento e baixo índice ponderal (peso de nascimento/altura) foram associados com risco aumentado de diabetes de tipo 2. Baixo peso (p = 0,019) e IMC em 2 anos de idade (p < 0,001) também aumentam o risco. Após a idade de 7 anos, o ganho rápido em peso e IMC aumenta o risco de diabetes de tipo 2. A incidência cumulativa de diabetes de tipo 2 foi positiva e fortemente associada ao IMC na idade de 11 anos para homens e mulheres. Conclusões: Este estudo mostra que, independentemente da altura de nascimento, o baixo ganho de peso durante a infância é também associado com risco elevado da doença. Além disso, aos 7 anos de idade, o ganho rápido de peso e o IMC elevado são também associados a risco aumentado de diabetes de tipo 2. J. Wainstein et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Terapia com bomba de insulina versus injeções diárias em pacientes diabéticos obesos de tipo 2 Objetivo: Os pacientes obesos diabéticos de tipo 2 com resistência severa à insulina podem desenvolver uma hiperglicemia crônica apesar de respeitar o tratamento com dieta, exercício físico e uso de agentes hipoglicemiantes orais. A terapia com doses elevadas de insulina nesses pacientes não demonstra controle glicêmico satisfatório e é responsável de um ganho de peso, que, em retorno, agrava a resistência à insulina e os fatores de risco cardiovasculares. Este estudo mostrou que a aplicação continua de insulina por meio de uma bomba de insulina (Minimed 507R) é superior às injeções diárias múltiplas de insulina em termos de controle da glicose, ganho de peso e dosagem diário total de insulina. Material e métodos: 39 pacientes obesos diabéticos de tipo 2 (IMC > 30), não controlados (HbA1C > 8,5%), tratados com doses elevadas de insulina (insulina > 1 unidade/kg/dia) foram randomizados para receber um tratamento com bomba de insulina de 18 semanas seguido (grupo P-M) ou (grupo MP) por um tratamento de 18 semanas com injeções múltiplas, com um período de 12 semanas sem tratamento entre os dois. Resultados: Durante as 18 primeiras semanas: HbA1c diminuiu de 10,2 ± 1,22 % (média ± DP) no início para 8,06 ± 1,15 % na semana 18 no grupo MP (p = 0,001) e de 10,23 ± 1,43 para 7,65 ± 1,04 no grupo P-M (p = 0,001). As necessidades de insulina diária diminuíram de 102 ± 24 U/dia no início para 85 ± 29 na semana 18 (p = 0,004) no grupo P-M, e diminuíram de 113 ± 28 no Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação 321 início para 116 ± 30 na semana 18 no grupo M-P (não significativo). Os números absolutos de hiperglicemia capilar extrema diminuíram na grupo PM mas não significativamente. Nenhum grupo apresentou um aumento significativo de peso. Conclusões: Os pacientes obesos diabéticos tipo 2 podem melhorar significativamente o controle glicêmico sem ganho de peso por multiplicação das injeções diárias, ou por uso de uma bomba de insulina, que permite diminuir a dosagem diária de insulina. Resultados são esperados (como monitorização continua da glicose subcutânea) para avaliar melhor o benefício individual da terapia por bomba de insulina versus as injeções múltiplas diárias nesses pacientes. J. Gerich1 et al., University of Rochester, Rochester, NY; 2 SmithKline Beecham, Philadelphia, PA, USA, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Mecanismos pelos quais a rosiglitazona melhora o controle glicêmico em diabetes de tipo 2 Objetivo: Os mecanismos pelos quais as tiazolidinedionas (TZDs) melhoram o controle glicêmico não são ainda completamente conhecidos. Não é claro se as TZDs agem principalmente por diminuição da produção de glicose, melhorando a disponibilidade da glicose, ou somente por melhora da sensibilidade à insulina. Material e métodos: Estudamos vários aspectos da glicose de jejum e pósprandial e o metabolismo dos lípides em 30 indivíduos portadores de diabetes de tipo 2, antes e após randomização para um tratamento de 3 meses com placebo (PBO, n = 15) ou rosiglitazona (RSG, 2 vezes/dia, n = 15). Resultados: Em comparação com o grupo placebo, os pacientes tratados com RSG diminuíram a HbA1c, a glicose plasmática média de jejum e pósprandial em 1,0%, 40 mg/dl e 43 mg/dl respectivamente (p < 0,03). Os ácidos graxos livres de jejum e pós-prandiais também diminuíram em respondedores ao tratamento RSG (p = 0,011). A sensibilidade à insulina e a função da célula b melhoraram, em respondedores somente, em 32 ± 5% (p = 0,004) e 27 ± 8% (p = 0,026), respectivamente. A produção de glicose endogênico (técnica de duplo isótopo) diminuiu em respondedores RR (p = 0,01 e 0,023) e nenhum desses parâmetros foram alterados no grupo placebo. A gliconeogênese pós-prandial (mas não de jejum) diminuiu no grupo tratado. A entrada de glicose de jejum ou pós-prandial e a oxidação (calorimetria) não foram alteradas, mas a clearance da glicose de jejum e pós-prandial aumentou (p = 0,04 and 0,007). O HDL-colesterol de jejum e pós-prandial aumentou significativamente em respondedores (p = 0,039 e 0,014), mas nem os triglicérides nem o LDL-colesterol foram alterados. Conclusões: Em pacientes respondedores portadores de diabetes de tipo 2, a rosiglitazona melhora o controle glicêmico por aumento da sensibilidade à insulina e melhora da função celular β. A ação da rosiglitazona resulta em primeiro em redução da glicogenólise e gliconeogênese na produção de glicose, e, em parte menor, em disponibilidade mais eficiente da glicose. V. Fonseca et al., Tulane University, New Orleans, LA, EUA, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Menos hipoglicemia sintomática com insulina glargina vs. insulina NPH em pacientes diabéticos de tipo 2 Objetivo: A insulina glargina (Lantus) é uma insulina humana análoga que fornece absorção de insulina constante, sem pico, a partir do local de injeção, e que tem uma duração de ação prolongada em comparação com a insulina humana NPH. 322 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação Material e métodos: Neste estudo multicêntrico, randomizado, com grupo paralelo, a insulina glargina foi comparada com NPH em pacientes portadores de diabetes de tipo 2 anteriormente tratados com NPH uma vez/dia. Os pacientes receberam uma dose única por dia (ao deitar) de insulina glargina ou NPH, e foram autorizados a usar insulina regular pré-prandial. Um total de 100 pacientes (idade média 57,9 anos, HbA1c 8,4%, glicose plasmática de jejum 9,3 mmol/l) foram tratados durante 28 semanas. Resultados: Os pacientes tratados com insulina glargina e NPH atingiram diminuições similares para HbA1c (-0,35% vs. –0,44%, respectivamente) e para a glicose plasmática de jejum (-0,95 mmol/l vs. –1,13 mmol/l, respectivamente). A percentagem de pacientes que conseguiram o objetivo final de glicemia de jejum < 6,66 mmol/l foi também similar em pacientes tratados por glargina (29,5%) ou por NPH (22,7%; p = 0,613). Em mais, não foi observada diferença entre glargina e NPH na proporção de pacientes que atingiram HbA1c < 7% ou < 8%. A dosa diária media de insulina glargina no início até o fim do estudo (27 UI, 33 UI, respectivamente) foi similar à da NPH (26 UI, 30 UI, respectivamente). Menos pacientes reportaram pelo menos 1 episódio de hipoglicemia com insulina glargina (46,2%) do que com NPH (60,4%; p = 0,0488). Além disso, a percentagem de pacientes que reportaram uma hipoglicemia sintomática confirmada por glicose plasmática < 2,8 mmol/l foi inferior com insulina glargina (17,3%) do que com NPH (31,3%; p = 0,0017). Uma percentagem similar de pacientes tratados com insulina glargina (15,4%) reportaram sintomas de hipoglicemia noturna em comparação com NPH (27,1%; p = 0,0805). Conclusões: A insulina glargina ao deitar é tão eficaz como a NPH ao deitar para melhorar o controle glicêmico, mas menos pacientes reportaram sintomas de hipoglicemias e eventos hipoglicêmicos confirmados. M. Herz et al., Eli Lilly and Company, Indianapolis, IN, USA, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Controle glicêmico equivalente com Humalog Mix25 pré ou pósprandial em pacientes idosos diabéticos de tipo 2 Objetivo: As aplicações de insulina pós-prandial poderiam ser uma opção útil em paciente idoso que esqueceram da aplicação pré-prandial ou dos quais os hábitos alimentares são imprevisíveis. Comparamos os efeitos sobre o controle glicêmico das aplicações pré-prandial de Humalog Mix25 (Mix25; 25% insulina lispro, 75% NPL), aos das aplicações pós-prandiais de Mix25 em pacientes idosos portadores de diabetes de tipo 2 e controle inadequado com sulfoniluréias (HbA1c > 1,2 vezes o limite superior do intervalo normal). Material e métodos: Este estudo aberto, de 16 semanas, com grupos paralelos, observou pacientes randomizados (idade 60-80 anos) em dois grupos: Mix25 aplicada imediatamente antes ou 15 minutos depois o início do café da manhã e do jantar. A HbA1c média, a glicose sanguínea e o peso corporal não eram significativamente diferentes nos dois grupos no início do estudo. Resultados: No fim do estudo, a HbA1c era similar nos grupos pré-refeição e pós-refeição (8,54±0,22% [média ± DP] vs, 8,74 ± 0,26%, P = 0,557). O perfil diário da glicose sanguínea mostrou esses valores (em mmol ± DP) para as aplicações pré ou pós-refeição, respectivamente: Jejum, 8,27 ± 0,34 e 8,07 ± 0,31, P = 0,673; 2 horas após café da manhã, 9,32 ± 0,44 e 10,13 ± 0,60, P = 0,280; pré-jantar, 9,72 ± 0,52 e 9,81 ± 0,40, P = 0,897; 2 horas após jantar, 9,79 ± 0,42 e 10,45 ± 0,47, P = 0,386; glicose sanguínea diária total, 9,27 ± 0,42 e 9,61 ± 0,39, P = 0,555. As doses de insulina nos grupos prérefeição e pós-refeição foram: 0,42 ± 0,03 U/kg e 0,51 ± 0,03 U/kg, respectivamente (P = 0,033). A taxa de hipoglicemia no final do estudo (sintomas ou Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação 323 glicemia <3mmol) foi baixa (0,56 ± 0,42 episódios/30 dias vs. 0,06 ± 0,04 episódios/30 dias, P = 0,236). O peso corporal não mudou significativamente entre o início e o fim do estudo (P = 0,727). Conclusões: Concluímos que, em uma população idosa, a aplicação de Mix25 pré-refeição ou pós-refeição resultou em controle glicêmico comparável (HbA1c) com frequência baixa de hipoglicemia. A aplicação pósrefeição de Mix25 é uma opção terapêutica segura que pode ser útil para pacientes idosos portadores de diabetes de tipo 2. M. Stewart et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Efeitos combinados da rosiglitazona e da atorvastatina sobre a dislipidemia associada ao diabetes de tipo 2 Objetivo: O diabetes de tipo 2 é associado a um perfil complexo de dislipidemia. Este estudo avalia os efeitos do tratamento com rosiglitazona (RSG) e atorvastatina sobre o perfil lipídico em pacientes portadores de diabetes de tipo 2. Material e métodos: Agentes redutores de lípides foram supressos do tratamento de pacientes 4 semanas antes este estudo aberto de tratamento de 8 semanas com RSG 4 mg duas vezes ao dia. Pacientes com LDL colesterol < 160 mg/dl e triglicérides < 500 mg/dl foram randomizados para receber placebo ou atorvastatina (ATV) 10 mg ou 20 mg uma vez por dia durante 16 semanas. O perfil lipídico completo e o gradiente de densidade por ultracentrifugação foram avaliados no início e nas semanas 8 e 24. Resultados: Observamos um aumento de 8% do LDL-C durante as 8 primeiras semanas do estudo. Mais tarde, os níveis de LDL-C ficaram estáveis em pacientes tratados com RSG em tratamento único. Em comparação com RSG em tratamento único, LDL-C diminuiu em 33% e 40% em pacientes tratados com ATV 10 e 20 mg, respectivamente. Em cada grupo, as alterações em LDL-C foram confirmadas pelas alterações na apo-lipoproteína b após 24 semanas. Alterações na densidade de LDL foram maiores nos primeiras oito semanas do estudo, quando os pacientes receberam RSG em tratamento único. Após 16 semanas e adição de ATV, alterações na densidade de LDL foram similares às constatadas com RSG em tratamento único. Em comparação com RSG em tratamento único, HDL-C aumentou em 6-7% em pacientes tratados com ATV. Após 16 semanas de ATV, foram observadas alterações mínimas em níveis de HDL2 em comparação com RSG em tratamento único. A proporção de pacientes reportando efeitos adversos foi similar em ambos os grupos. Conclusões: RSG é responsável de uma alteração potencialmente favorável, antiaterogênica na heterogeneidade do LDL e HDL em pacientes diabéticos tipo 2. Em mais, as alterações causadas pela ATV em sub-frações de colesterol são mantidas quando adicionada ao tratamento com RSG. A. Nicolosi et al., Department of Epidemiology (ITBA), National Research Council, Milan, Italy, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Disfunção erétil e diabetes: estudo populacional Objetivo: Vários estudos sobre a disfunção erétil (DE) foram realizados em populações selecionadas, usando várias definições da DE. Conduzimos um estudo populacional multinacional em Brasil, Itália, Japão e Malásia para avaliar a prevalência e os parâmetros da DE em indivíduos de meios ambiente, cultura e genética diferentes. Material e métodos: Em cada país, uma amostra randomizada de aproximadamente 600 homens de 40-70 anos foram entrevistados sobre histórico medical, 326 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação hábitos de vida, comportamento sexual usando um questionário padronizado (outubro 97 – junho 98). DE foi classificada por quantas vezes o sujeito tinha a “capacidade de atingir ou manter uma ereção satisfatória para a realização de ato sexual”. Homens foram classificados como normais quando a resposta era “sempre” ou “habitualmente”, e como DE quando a resposta era “às vezes” ou “nunca”. Homens que reportaram um diagnóstico de diabetes ou tratados com medicamentes antidiabéticos foram classificados como “diabéticos”. Homens que não receberam diagnóstico e doença cardiovascular, prostática, diabética, úlcera ou depressão, e que não eram tratados com hormônios, foram classificados com “saudáveis”. O odds ratio (OR) ajustado à idade e intervalo de confiança (IC) de 95% foram calculados por associações entre DE e outros fatores. Resultados: A prevalência da DE em homens diabéticos atinge 25% na idade 40-44 anos e até 70% na idade 65-70 anos. O OR ajustado à idade para DE em pacientes diabéticos vs. homens saudáveis era 2,6 (95% IC = 1,93,6). A prevalência da DE era 16,1% em homens saudáveis, 31,7% em 104 homens com diabetes (OR = 2,4, 95% IC = 1,6-3,7), 40% em 30 homens com diabetes e doença cardíaca (OR = 3,5, 95% IC = 1,7-7,3), 46,5% em 71 homens com diabetes e hipertensão (OR = 4,5, 95% IC = 2,8-7,4), e 55,6% em 10 homens com diabetes e doença prostática (OR = 6,5, 95% IC = 2,5-16,7). O OR ajustado à idade para DE com duração do diabetes (> 10 anos vs. < 10 anos) foi 2,0 (95% IC = 1,1-3,7). Os homens diabéticos reportando tabagismo e atividade física menor do que a média apresentaram um aumento 4 vezes superior da prevalência de DE (OR = 3,9, 95% IC = 1,4-10,9). Conclusões: A prevalência da DE em homens diabéticos é significativamente maior do que em homens saudáveis da mesma idade. O aumento da idade, duração do diabetes, presença de doenças associadas, falta de atividade física e tabagismo são significativamente associados com o aumento da prevalência. L. Behrend et al., Internal Medical Department, Bispebjerg Hospital, Copenhagen, Denmark, 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Sildenafil na tratamento da disfunção erétil em população de homens portadores de diabetes tipo 1 e 2. Demanda para tratamento e resultados de estudo de 12 semanas com dosagem flexível Objetivos: A disfunção erétil (DE) aumenta em diabetes tipo 1 e 2, especialmente após os 40 anos. Sildenafil (Viagra) é um agente oral eficaz para o tratamento da DE, independentemente da etiologia, mas o seu uso e eficácia na DE do diabetes pode ser limitada por complicações tardias. O objetivo deste estudo foi descrever a demanda para tratamento, elegibilidade dos pacientes e resultados de um estudo de 12 semanas com dosagem flexível autoreportado em população ambulatória. Material e métodos: Os diários de uma população de 187 pacientes com idade de 40 anos e mais, portadores de diabetes tipo 1 e 2 e sofrendo de disfunção erétil foram avaliados por diabetologista. 118 pacientes foram convidados em participar do estudo e, no final, 55 pacientes foram rastreados para receber um tratamento de 12 semanas de sildenafil, em um estudo aberto com escolha flexível da dosagem. Eficácia foi avaliada pelo International Index of Erectile Function e um questionário de satisfação geral. Resultados: 69 pacientes (36,9%) foram excluídos após avaliação dos diários, os parâmetros de exclusão sendo em primeiro lugar a doença cardiovascular e o tratamento com nitratos. 49 (41,5%) dos 118 pacientes convidados pra o estudo declinaram o convite, pretextando a idade (44,9%) ou outras doenças (28,6%). 33 pacientes, com idade 45-75 anos (média 58,1 ± 7,2), 328 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação completaram o estudo de 12 semanas. 12 pacientes (36,4%) reportaram efeitos adversos, mas só um interrompeu o tratamento. 12 pacientes (36,4%) reportaram efeito satisfatório para cada uso do Viagra após ajuste e inicial da dosagem, 9 pacientes (27,2%) apresentaram resultados vários e os últimos 12 pacientes (36,4%) não reportaram efeito nenhum. Os escores seguintes foram significativamente melhorados durante o tratamento com sildenafil (p<0,0001): função erétil, satisfação sexual e satisfação global. Conclusões: Sildenafil melhora significativamente a função sexual em homens portadores de diabetes de tipo 1 ou 2 e a disfunção erétil, quando medida com instrumento válido, que avalia os domínios pertinentes da função sexual masculina. Como previsto em população de homens diabéticos de mais de 40 anos, um grande número de pacientes devem ser excluídos por causa de complicações e um grupo significativo não reporta efeitos do tratamento. Por isso, sildenafil não é um tratamento universal, e o aconselhamento do paciente e do parceiro, incluído o estudo de tratamentos alternativos, é ainda necessário. D. Holmes et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Hiperglicemia pós-prandial em pacientes com diabetes de tipo 2: nateglinida versus acarbose Objetivo: A resposta da glicose prandial, depende da absorção de glicose e supressão da produção de glicose endógena. Em pacientes com diabetes tipo 2, a absorção é normal mas a supressão da produção de glicose está diminuída, devido à alteração na fase inicial de secreção de insulina. A utilização clínica da acarbose, que diminui a absorção de glicose, e a nateglinida, que estimula a secreção inicial de insulina, foram comparadas em estudos de 24 semanas duplo-cego, randomizados em pacientes com diabetes tipo 2. Pacientes e métodos: Pacientes portadores de diabetes tipo 2 (179 homens e mulheres = 30 anos de idade que não passaram por tratamento de dieta e exercício pelo menos 2 meses antes do estudo) foram randomizados para receber nateglinida (120 mg antes das 3 principais refeições, n = 87) ou acarbose (50 mg 3 vezes/dia durante 4 semanas seguido por 100 mg 3x/dia, reduzida novamente se necessário, para 50 mg 3x/dia, n = 92). Os valores da HbA1c basal foram comparados nos dois grupos de tratamentos (7,75% e 7,87% para nateglinida e acarbose, respectivamente). Um total de 144 pacientes completaram as 24 semanas de tratamento ( 70 com nateglinida; 74 com acarbose). Resultados: No resultado final do estudo, a HbA1c apresentou redução similar nos dois grupos de tratamento de nateglinida e acarbose, 0,42% e 0,39%, respectivamente (p = 0,74 de diferença). Nos pacientes que completaram o estudo um nível de HbA1c < 7% foi encontrada em cerca de 60% (42/ 70) dos pacientes que recebiam nateglinida, comparado com 38% (28/74) dos pacientes que recebiam acarbose. Em termos gerais, eventos adversos foram reportados em cerca de 65% dos pacientes que recebiam acarbose, comparado com 49% dos que recebiam nateglinida. A incidência de eventos adversos gastrintestinais (principalmente flatulência e diarréia) foi maior nos pacientes tratados com acarbose do que nos grupo que recebia nateglinida (42 x 18 relatos, respectivamente). Os relatos de sintomas sugerindo hipoglicemia foram reportados por cerca de 5,7% dos pacientes com nateglinida (5/ 87) e 2,2% com acarbose (2/92). Conclusões: O controle da hiperglicemia pós-prandial como forma de diminuir os níveis de HbA1c abaixo de 7% é possível com tratamento adequado. Embora, a nateglinida e acarbose demonstrassem eficácia comparáveis, a nateglinida foi preferida pela superioridade do seu perfil de efeito adversos, que deve ser uma reflexão de seu mecanismo de ação mais fisiológico. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Jaakko Tuomilehto et al., Finnish Diabetes Prevention Study Group, New England Journal of Medicine 2001;344:1343-50 329 Prevenção do diabetes de tipo 2 após alterações no estilo de vida em indivíduos com tolerância à glicose diminuída Introdução: O diabetes de tipo 2 está crescendo, principalmente por cause da prevalência do estilo de vida sedentário e da obesidade. Se o diabetes de tipo 2 puder ser prevenido por intervenções sobres os estilos de vida dos indivíduos com risco elevado de desenvolver a doença ainda não é conhecido. Métodos: 522 indivíduos de idade média, com sobrepeso (172 homens e 350 mulheres; 55 anos; IMC 31), com tolerância à glicose diminuída, foram randomizados por um grupo de intervenção e um grupo controle. Cada indivíduo do grupo de intervenção recebeu informações individualizadas sobre a perda de peso, a ingestão de gordura, de gordura saturada e de fibras, e sobre a atividade física. Um teste de tolerância à glicose foi realizado anualmente; o diagnóstico de diabetes foi confirmado por um segundo teste. A duração média do acompanhamento foi 3,2 anos. Resultados: A perda média (±DP) de peso entre o início e o fim do primeiro ano foi 4,2 ± 5,1 kg no grupo de intervenção e 0,8 ± 3,7 kg no grupo controle; a perda no final do segundo ano foi 3,5 ± 5,5 kg no grupo de intervenção e 0,8 ± 4,4 kg no grupo controle (p < 0,001). A incidência cumulativa de diabetes depois de 4 anos foi 11% (IC 95%, 6-15%) no grupo de intervenção e 23% (IC 95%, 17-29%) no grupo controle. Durante o estudo, o risco de diabetes foi reduzido em 58% (p < 0,001) no grupo de intervenção. A diminuição da incidência do diabetes foi diretamente relacionada a alterações no estilo de vida. Conclusões: O diabetes de tipo 2 pode ser prevenido por alterações no estilo de vida de indivíduos com risco elevado de desenvolver a doença. Anuncio 1/2 página Diatt - filmes anexos 330 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) C Saloranta et al., 37th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes (EASD), Glasgow, Reino-Unido, 9 - 13 de setembro de 2001 Eficácia e segurança da nateglinida em pacientes com hiperglicemia moderada Objetivo: Pacientes diabéticos com baixa glicemia de jejum, podem apresentar excursões significativas da glicose prandial. Não são conhecidos tratamentos especificamente mais adequados, quando dieta a exercícios não funcionam, mas a nateglinida - que estimula a primeira fase de secreção de insulina através do mecanismo de ação fast-on, fast off, proporciona uma diminuição da glicemia prandial, apresentando benefício clínico. Um estudo de 24 semanas, multicêntrico, randomizado, de grupos paralelos, duplo-cego, foi conduzido de forma a avaliar a eficácia e segurança da nateglinida em pacientes com hiperglicemia moderada. Pacientes e métodos: Pacientes com glicemia de jejum (n = 675) 7,0-8,3 mmol/l foram randomizados para receber nateglinida 30 mg, 60 mg, 120 mg ou placebo, antes das três principais refeições. Os valores basais médios foram: glicemia de jejum 7,6 mmol, HbA1c 6,5% (variação 4-9,1%), índice de massa corpórea 29 kg/m2 e duração do diabetes de 3,6 anos. Resultados: Parâmetros médios de eficácia, assim como a glicose sanguínea e a resposta à insulina para refeição padrão (foi avaliada a AUC de 0-4 horas) nos pacientes selecionados (n=127), são mostrados a seguir: Nateglinida/placebo (antes das principais 30 mg 60 mg 120 mg refeições) ∆ HbA1c (%) -0,10 ± 0,05*† -0,15 ± 0,04*† -0,23 ± 0,05*† ∆ GJ 0,08 ± 0,12† 0,01 ± 0,11† -0,14 ± 0,12† ∆ GPP AUC 0-4h -1,97 ± 1,49† -3,63 ±1,43*† -3,95 ± 1,47*† (h*mM) ∆ Insulina AUC0-4h 36,95 ± 18,87† 16,97 ± 17,76† 46,78 ± 19,72*† (h*mU/L) *p < 0,05 x valor basal; † p < 0,05 x placebo placebo 0,16 ± 0,05* 0,59 ± 0,12* 3,15 ± 1,33* -12,6 ± 16,6 Hipoglicemia confirmada (sintomas com glicemia da jejum = 3,3 mmol) ocorreram em 2,4; 4,0; 5,3 e 1,2% dos pacientes com nateglinida 30, 60, 120 mg antes das principais refeições e placebo, respectivamente. A incidência geral de eventos adversos foi similar entre todos os grupos de tratamento. O peso aumentou nos grupos com nateglinida (0,5 - 0,65 kg) e placebo (0,3 kg). Não foi verificada nenhuma outra alteração clínica significante nos parâmetros de segurança. Conclusões: Esses dados sugerem que os pacientes com diagnósticos novos em diabetes, podem ser tratados de modo eficaz e seguro com agentes como a nateglinida, que possui como alvo a hiperglicemia prandial. Agnes Pascot et al, Diabetes Care 2001;24:902-908, maio de 2001 Respectivas contribuições da tolerância à glicose diminuída e da acumulação de gordura abdominal na deterioração do perfil de risco metabólico em mulheres Objetivo: Determinar se o estado de tolerância diminuída à glicose (IGT) contribui à deterioração do perfil metabólico em mulheres depois de tomada em conta da contribuição da acumulação de tecido adiposo visceral, medido por tomografia computadorizada. Desenho e métodos: Estudamos 203 mulheres com tolerância normal à glicose (NGT) e 46 mulheres com IGT, definida com glicemia entre 7,8 e 11,1 mmol/l, medida 2h horas após teste de carga em glicose via oral. Resultados: Mulheres com IGT foram caracterizadas por acumulação de tecido adiposo visceral maior e por concentrações maiores de glicose plas- 332 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 05 (2001) Continuação mática de jejum, insulina, peptídeo-C, colesterol, triglicérides, apolipoproteína B, maior relação colesterol/HDL-colesterol, diminuição do tamanho das partículas de LDL, HDL e HDL2-colesterol menor, pressão sanguínea maior (p < 0,01) do que as mulheres NGT. Quando ajustamos o tecido adiposo e a massa de gordura com o status de menopausa, as diferenças anteriormente encontradas em concentrações de LDL-colesterol, partículas de LDL, HDL e HDL2 colesterol, e também nas relações colesterol/HDL-colesterol e pressão sanguínea são eliminadas, mas as concentrações em triglicérides permanecem significativamente maiores em mulheres com IGT. Conclusões: A acumulação elevada de tecido adiposo visceral é um fator envolvido na deterioração de vários parâmetros metabólicos em mulheres com IGT, com a notável exceção das concentrações das triglicérides, que permanecem diferentes entre mulheres com IGT ou com NGT, após ajuste para a gordura visceral. M.B. Gomes, C.N. Cohen, F.M. Albanesi, M.F.R. Gonçalves. UERJ, Rio de Janeiro, 17th International Diabetes Federation Congress, México City, México, 5-10 de novembro de 2000 Alterações precoces da pressão sanguínea em pacientes diabéticos de tipo 1 normotensivos e normoalbuminúricos Objetivo: Investigar modelos de pressão sanguínea (PS) em pacientes diabéticos de tipo 1 normotensivos e normoalbuminúricos durante monitoramento ambulatório da pressão sanguínea de 24 horas. Desenho e métodos: Estudamos 28 pacientes diabéticos de tipo 1 com idade 27 ± 7,1 anos com duração de doença de 9 ± 6,6 anos e 28 indivíduos controle não-diabéticos normotensivos com idade 25 ± 6,5 anos, ajustados com o grupo diabético no que se refere a idade, sexo, cor da pele, peso, altura, IMC, pressão sanguínea e ausência de albuminúria. Pressão sistólica (sPS) e diastólica (dPS) foram registradas durante 24 horas, dia e noite. As relações noite/dia da pressão sanguínea e a percentagem de diminuição da pressão durante a noite foram determinadas. Resultados: Ambos sPS (111 ± 7,1 vs. 104 ± 9mmHg; p = 0,003) e dPS da noite (66 ± 6,1 vs. 61 ± 5,3mmHg; p = 0,001) foram maiores em pacientes diabéticos do que em não diabéticos. As relações noite/dia para sPS (0,93 ± 0,04 vs. 0,89 ± 0,05; p = 0,006) e dPS (0,86 ± 0,06 vs. 0,82 ± 0,06; p = 0,007) foram maiores em diabéticos. A perda da redução da sPS à noite era mais prevalente em diabéticos (78 vs. 39%; p = 0,007). Os pacientes que apresentavam uma redução de pressão noturna inferior em 10% para sPS e dPS no grupo diabético tinham uma carga de pressão sanguínea mais elevada durante a noite (21,4 ± 16,6 vs. 3,2 ± 3,9%; p = 0,01 e 21,9 ± 10 vs. 3,7 ± 5,5%; p < 0,001, respectivamente). Conclusões: Nossos dados mostram sPS e dPS maiores durante a noite e perda da caída noturna da PS em pacientes diabéticos de tipo 1. Outros estudos prospectivos são necessários para definir se uma carga elevada da pressão sanguínea em diabéticos sem diminuição da pressão sanguínea à noite pode representar um risco de nefropatia ou doença cardiovascular. Salgado Fo N et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 Diabetes Clínica 333 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 ARTIGO ORIGINAL Perfil do paciente diabético internado no hospital universitário Presidente Dutra, São Luís, Maranhão Natalino Salgado Filho*, Bernardete Jorge Leal Salgado**, Luiz Gustavo Oliveira Brito*** , Gustavo Augusto Coelho Ferro**** , Ana Leatrice Oliveira Sampaio**** *Professor **Professora Adjunto-Doutor de Nefrologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Diretor Geral do Hospital Universitário Presidente Dutra, Adjunta de Fisiologia da UFMA, Mestre em Endocrinologia, ***Acadêmico de Medicina da UFMA, Monitor de Fisiologia do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFMA, Bolsista do PIBIC/CNPq, ****Acadêmicos de Medicina da UFMA, Bolsistas do PIBIC/CNPq Resumo Os autores pretenderam delinear retrospectivamente os aspectos epidemiológicos e laboratoriais de 1145 pacientes diabéticos internados no Serviço de Clínica Médica do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD), onde foram revisados 842 prontuários. O tempo médio de hospitalização foi de 21,04 dias. 52,7% dos pacientes eram do sexo feminino e a idade média foi de 58,6 anos. 63,2% dos indivíduos procediam de São Luís, e 93,5% eram portadores de DM tipo 2. O tempo médio do diagnóstico foi de 8,3 anos. As complicações do DM foram as principais causas primárias de internação, com 76% destas. A pressão arterial média foi 139,8/8,1 mmHg, com 41,8% de hipertensos. A glicemia média foi 186,6 mg/dl, com 40,5% dos pacientes apresentando níveis de 200 mg/dl ou mais. A creatinina sérica foi maior que 1,4 mg/ dl em 18% dos prontuários. Procedimentos cirúrgicos foram realizados em 31,7% dos pacientes. Concluiu-se que a meta ideal seria a educação em saúde no sentido de minorar a incidência de complicações futuras. Palavras-chave: diabetes mellitus, epidemiologia, internações, hospitais universitários Abstract The authors aimed to study retrospectively epidemiological and laboratorial features of 1145 diabetic patients in the Internal Medicine Service of Presidente Dutra Universitary Hospital, where it was revised 842 medical records. The mean time of hospitalization was 21,04 days. 52,7% of the patients were female and the mean age was 58,6 years. 63,2% were from São Luís and 93,5% were DM type 2. Mean time of diagnosis was 8,3 years. DM complications were main reasons of internation, with 76% of all. Mean arterial pressure was 139,8/8,1 mmHg, with 41,8% of hipertensive patients. Mean glycemia was 186,6 mg/dl, with 40,5% of the patients presenting levels above 200mg/dl. Serum creatinine was higher than 1,4 mg/dl in 18% of the medical records. Surgical procedures were realized in 31,7% of the patients. We concluded that the best goal would be to invest in primary education pointing out to decrease future complications. Key-words: diabetes mellitus, epidemiology, hospitalizations, universitary hospitals. Endereço para correspondência: Luiz Gustavo Oliveira Brito, Rua Frei Querubim, 59, Apicum, São Luís – 65025-420 MA, E-mail: [email protected], Tel: (98) 221-2392/9603-3698 334 Salgado Fo N et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 Introdução O Diabetes Mellitus (DM) é um importante problema de saúde pública, que afeta países em todos os níveis de desenvolvimento, acometendo pessoas de todas as classes sócio-econômicas. Nas últimas décadas, sua incidência vem crescendo em decorrência de diversos fatores, tais como: maior taxa de urbanização e industrialização, gradual envelhecimento populacional, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, estresse e obesidade [1]. Assim, define-se como uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta e/ou incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizando-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. As conseqüências do DM a longo prazo incluem danos, disfunção e falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Antes do surgimento de hiperglicemia, mantida e acompanhada do quadro clínico clássico, a síndrome passa por um estágio de distúrbio de metabolismo da glicose (intolerância à glicose) [2]. Existem, a partir da classificação atual, quatro tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2, outros tipos específicos e diabetes gestacional. O DM tipo 1 resulta primariamente da destruição das células b pancreáticas e tem tendência à cetoacidose, tendo-se encontrado auto-imunidade. O tipo 2 resulta de vários níveis de resistência insulínica, sendo a maioria dos pacientes obesos e em situações especiais, como o coma hiperosmolar. A categoria outros tipos incluem os diabetes decorrentes de defeitos associados com outras doenças ou por indução de fármacos diabetogênicos. Já o DM gestacional é o DM ou intolerância da glicose pela primeira vez durante a gestação [1]. O custo econômico e social do diabetes mellitus é enorme. Nos EUA, as despesas federais per capita com saúde são duas a três vezes maiores na população diabética do que na não-diabética, representando um gasto de 15% do total para a saúde [3-7]. Geralmente os pacientes diabéticos usam os serviços de saúde em maior intensidade que a população em geral. Tal uso está relacionado tanto ao tratamento das desordens metabólicas quanto às várias formas de complicações micro e macrovasculares da doença, que resultam em internações freqüentes de custos bastante elevados [4,6,8]. Este caráter crônico exige longos períodos de atenção e supervisão médica. Um estudo multicêntrico sobre a prevalência do diabetes no Brasil (EMPDB), realizado por Malerbi & Franco [9] em nove capitais no período de 1986 a 1988 na população de 30 a 69 anos de idade, evidenciou a mesma em 7,6% para o conjunto da amostra. Acredita-se que, com o aumento da expectativa de vida da popula- ção, haja um crescimento desse quadro; em Ribeirão Preto [10] foi verificada uma prevalência de 12,1% na população urbana de 30 a 69 anos. Cunha et al. [11] realizaram um estudo no Rio de Janeiro revisando 233 prontuários de pacientes diabéticos internados num período de três meses em 1990, e verificaram que as altas dos pacientes internados no mesmo período obtiveram 7,9% do total. Tal percentual foi bem superior àquele obtido no Ministério da Saúde (DATASUS) correspondente ao mesmo período, que foi de 1,3%, mostrando uma subestimação da real prevalência das internações entre os diabéticos. No Maranhão não há estudo sobre hospitalização de pacientes diabéticos, o que provavelmente ajudará a fundamentar uma política de saúde pública voltada para a prevenção de complicações crônicas do DM. Material e métodos O estudo é transversal, baseado em revisão de prontuários de todos os pacientes diabéticos hospitalizados no Serviço de Clínica Médica do Hospital Universitário Presidente Dutra no período de 1o de janeiro de 1991 a 31 de dezembro de 1998. Foi realizada uma listagem em ordem cronológica a partir dos livros de registro de alta de todos os pacientes internados com diagnóstico de diabetes mellitus no período supracitado. Tomou-se como base o código da CID9 (Classificação Internacional de Doenças, nona edição), para os registros de 1991 a 1997 e a CID-10 para o ano de 1998, e após a procura dos prontuários, eram então submetidos a um protocolo específico, cujas variáveis investigadas foram: idade, cor, sexo, estado civil, procedência, tipo de diabetes, tempo de diagnóstico da doença, história familiar de diabetes, presença de hipertensão arterial, glicemia, glicosúria, proteinúria, cetonúria, creatinina sérica, causas precipitantes de internações e óbitos, tratamento usado antes e durante a hospitalização, tempo de internação e necessidade ou não de procedimentos cirúrgicos. Os dados foram então transferidos para o programa EPI INFO 6.02 com o objetivo de eliminar a multiplicidade de internações através do programa Validate, mantendo, nesses casos, a primeira. Das 16623 internações ocorridas, 1515 (9,3%) foram relacionadas ao diabetes mellitus. Após a eliminação das internações múltiplas, restaram 1145 pacientes, cujos prontuários foram encontrados em 842 deles. Para comparações entre médias foram usados testes de significância, sendo o alfa fixado a 0,05. Resultados A partir do livro de registro de alta, a média de internações por pacientes foi de 1,32. O tempo médio de internação foi 21,04 ±19,7 (1-175) dias. Salgado Fo N et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 Em relação à distribuição por sexo, 444 (52,7%) pacientes eram do sexo feminino e 398 (47,3%) do sexo masculino. A média de idade foi de 58,6 ± 15,4 (9-94) anos. 751 pacientes (90,2%) estavam acima de 40 anos (Gráfico 1). Em 791 prontuários havia informações sobre a cor. 34,4% (n = 290) eram brancos; 59,5% nãobrancos. Analisando–se o estado civil dos pacientes, constatou-se que 57,1% (n = 481) eram casados (Gráfico 2). Quanto à procedência, verificou-se que a maioria dos pacientes (63,2%) dos pacientes eram procedentes de São Luís (Gráfico 3). O tempo médio de diagnóstico da doença (n = 801) foi de 8,3 ± 7,3 (0-45) anos, o que concorda com a maioria dos pacientes estudados (GráGráfico 1 – Distribuição dos pacientes segundo a faixa etária, São Luís-MA, 1991-1998. Gráfico 2 – Distribuição dos pacientes conforme o estado civil, São Luís-MA, 1991-1998. Gráfico 3 – Distribuição dos pacientes conforme a procedência, São Luís-MA, 1991-1998. 335 fico 4). Com relação ao tipo de DM, encontramos 54 (6,4%) pacientes portadores de DM tipo 1, sendo a maioria (93,5%) composta por DM tipo 2. Em um paciente o diabetes foi secundário a cirurgia de pancreatectomia total (Gráfico 5). Quanto à causa primária da internação, obteve-se os resultados expressos na Tabela 1, na qual verificou-se um número maior de internações por complicações da DM (76%). Considerou-se “acidente vascular cerebral” e “coronaropatia” como complicações crônicas do DM. Com relação à história familiar de diabetes, constatou-se que 43% (n = 367) apresentavam, enquanto 16,2% não havia informação a respeito (Gráfico 6). As pressões arteriais sistólica e diastólica média foram, respectivamente, 139,8 ± 29,4 (60-320) mmHg e 81,1 ± 14,7 (30-160) mmHg. 41,8% (n = 352) dos pacientes eram hipertensos, com uma PA sistólica média de 159,1 ± 28,6 mmHg e diastólica de 89,9 ± 15,3 mmHg. Já no grupo de não-hipertensos, a média da PA sistólica foi 122,7 ± 18,4 mmHg e a diastólica 74,8 ± 10,3 mmHg. Entre tais grupos foi verificada significância estatística com relação à pressão sistólica e diastólica (p = 0,01) A análise da forma de tratamento antes da internação revelou que 46,8% (n = 394) dos pacientes utilizavam hipoglicemiantes orais e 17% (n = 143) insulina. 13,8% (n=116) não faziam qualquer tratamento.Quanto ao tratamento durante a internação, verificou-se que a grande maioria (79,8%) foi tratada com insulina. (Gráfico 7). Tabela 1 – Causas primárias de internação, São Luís-MA, 19911998. Causas Número de casos Porcentagem (%) 1. Complicações da DM 640 76 1.1 Agudas: DM descompensado 294 34,9 Cetoacidose diabética 10 1,2 Coma hiperosmolar 2 0,2 1.2 Crônicas : Pé diabético 272 32,3 Nefropatia diabética 23 2,7 Acidente vascular cerebral 20 2,5 Neuropatia diabética 13 1,7 Coronaropatia 6 0,7 2.Outras Causas 202 24 Infecções 98 11,6 Cardiopatias 20 2,4 Hipertensão Arterial 20 2,4 Distúrbios gastroenterológicos 18 2,1 Neoplasias 13 1,5 Outros distúrbios endócrinos 5 0,6 Dist. urológicos 5 0,6 Dist. reumáticos 5 0,6 Dist. neurológicos 3 0,4 Dist. pulmonares 3 0,4 Queimaduras 2 0,2 Dist. psiquiátricos 1 0,1 Trombose venosa profunda 1 0,1 Outros 8 1 Total 842 100 Fonte: Serviço de Arquivos Médicos do Hospital Universitário Presidente Dutra 336 Salgado Fo N et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 Gráfico 4 – Distribuição dos pacientes conforme o tempo de diagnóstico da doença (anos), São Luís-MA, 1991-1998. Gráfico 5 – Distribuição dos pacientes segundo o tipo de diabetes, São Luís-MA, 1991-1998. A glicemia em jejum foi encontrada em 820 prontuários, com uma média de 186,6 ± 78,9 (28-540) mg/dl. Em 40,5% (n = 341) destes, esta foi de 200 mg/dl ou mais. Somente em 25,1 % (n = 211) dos indivíduos a glicemia situavase menor ou igual a 126 mg/dl. O exame de rotina de urina (EAS) foi encontrado em 554 prontuários, sendo positivo para glicose, proteínas e corpos cetônicos em 43,5% (n = 241), 18,2% (n = 101) e 4,5% (n = 25) dos prontuários, respectivamente. A medida da creatinina sérica esteve presente em 691 prontuários, com uma média de 1,1 ± 0,9 (0,2-11,2) mg/dl. Em 18% (n = 124) desses pacientes, a creatinina apresentou valores acima de 1,4 mg/dl . Procedimentos cirúrgicos foram realizados em 31,7% (n = 267) dos pacientes. Destes, cerca de 31,1% (n = 83) foram amputações em membros inferiores. Discussão e conclusão O trabalho de pesquisa aqui apresentado surgiu da necessidade de se conhecer melhor o paciente diabético internado no HUPD. A poGráfico 6 – Distribuição dos pacientes de acordo com a história pulação estudada foi retirada apenas de um únifamiliar de diabetes, São Luís-MA, 1991-1998. co serviço, a Clínica Médica. No entanto, os dados apresentados mostram por si próprios a importância de estudar os diabéticos em nosso meio, o que é reforçado pela ausência de estudos anteriores semelhantes. O estudo multicêntrico sobre prevalência do DM, na população de 30 a 69 anos, revelou uma taxa nacional de 7,6% [7]. As altas dos pacientes diabéticos hospitalizados na Clínica Médica do HUPD corresponderam a 9,3% do total das altas de pacientes internados no mesmo período, estando acima da taxa de 7,9% encontrada por Cunha et al. [11] e abaixo da encontrada por Leichter et al. [12]. Houve um pequeno predomínio do Gráfico 7 – Distribuição dos pacientes conforme a forma de tratamento antes e durante a internação, São Luís-MA, 1991-1998. sexo feminino (52,7%), concordando com diversos trabalhos na literatura [8,9,13,14,15]. Igual ao que se tem reportado em outros estudos [5,7-9,1316,18], o tipo de diabetes que predominou no nosso estudo foi a DM tipo 2, com uma freqüência de 93,5%. A média de idade de pacientes diabéticos internados segundo Cunha et al. [11] e Scott et al. [19] foi de 58,6 e 59 anos, respectivamente, muito semelhante à média encontrada em nosso estu- Salgado Fo N et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 333~338 do, que foi de 58,6 ± 15,4 anos. 89,2% dos pacientes diabéticos internados possuíam idade acima de 40 anos, confirmando os dados encontrados por Dockhorn [20], que foi de 85,2%. A história familiar de DM em nosso estudo teve participação de 52%. Esses dados são muito semelhantes aos encontrados por Moura [21], que, estudando grupos de casos-controle, concluiu que 50% dos pacientes diabéticos possuíam antecedentes familiares da doença, contra 20% do grupo de não-diabéticos (controles). Com referência à presença de hipertensão arterial, 41,8% dos diabéticos eram hipertensos, com uma pressão sistólica média de 137,9 ± 29,4 mmHg; a média da pressão diastólica foi de 81,1 ± 14,7 mmHg. O estudo de Moura [21] demonstrou uma taxa menor (36%), com pressões sistólica e diastólica médias de 135,6 e 85 mmHg, respectivamente. Verificamos uma significância estatística entre os grupos de hipertensos e não-hipertensos quanto às pressões sistólica e diastólica, maiores no primeiro grupo, concordando com outros trabalhos [11]. Já Valdivia et al. [22] encontraram uma média de 52% de diabéticos hipertensos. Infelizmente, não foi possível no nosso estudo determinar quantos pacientes faziam controle com antihipertensivos, pois este dado estava ausente na maioria dos prontuários. Destacamos que foram considerados hipertensos apenas os pacientes cujos prontuários faziam referência à hipertensão, não levando em consideração a medida da pressão arterial. O tempo médio de internação em nossa pesquisa foi calculado em 21 dias por paciente, coincidindo com os trabalhos de Cunha et al. [11], que foi de 21,2 dias. Inúmeros estudos têm demonstrado que pacientes diabéticos internam mais vezes e por um tempo mais prolongado que os não-diabéticos [4-6,8,9,12-16,18,23-26,2830,33-35]. No que tange às causas primárias de internação, verificamos que 76% das internações tiveram como causa as complicações agudas e crônicas do diabetes mellitus. A complicação aguda mais freqüente foi a descompensação hiperglicêmica, com 34,9% das internações. Entre as complicações crônicas, a mais freqüente foi o pé diabético, com 32,3% das internações. As complicações crônicas constituíram o grupo mais importante de causas de internação em relação às outras, seja pelo número de pacientes – 334 (39,7%), seja pela importância (maior taxa de mortalidade e grande custo social). Nos trabalhos de Cunha et al.[11] e Dockhorn et al. [20], as complicações da DM como fatores precipitantes de internação apresentaram taxas consideravelmente menores às do nosso estudo, com valores de 46% e 37%, respectivamente. 337 Nossos achados em relação à freqüência de neuropatia, nefropatia e retinopatia, na internação, não devem refletir a realidade absoluta, uma vez que os pacientes não foram submetidos, sistematicamente, a exames para diagnóstico de complicações crônicas que, poderiam estar associados à doença que motivou a internação. O uso de insulina foi maior durante a internação (79,8%) do que antes da internação (19,7%). Esse resultado foi muito superior a alguns trabalhos [17], que foram de 58% e 22% durante e antes da internação, respectivamente. Ressaltamos que o aumento do uso de insulina durante a internação não nos parece refletir uma mudança no conceito da terapêutica do diabetes tipo 2, mas ser conseqüente a um clássico hábito médico no manuseio do paciente diabético hospitalizado, independente da causa que motivou a internação. Merece uma reflexão especial o número de amputações encontrado em nosso trabalho, que se mostrou elevado, com grandes custos sociais, levando a uma importante redução da qualidade de vida dos doentes e grande risco para infecções seguidas de óbito. 267 pacientes foram submetidos a procedimentos cirúrgicos e, destes, 83 (31,1%) foram amputações, totalizando 9,8% do total dos pacientes diabéticos. Pelo grande potencial de morbi-mortalidade do DM e suas complicações, pela enorme dificuldade que a população de baixa renda em nosso país tem de alcançar serviços especializados e pelos altos custos das internações, o diabético, quando hospitalizado, mereceria por parte de toda equipe de saúde maior desempenho no sentido de um programa intensivo visando mudança de comportamento do paciente em relação ao rigor do seu tratamento. Em última análise, o incentivo a programas de educação seria a meta ideal, objetivando a prevenção das complicações e, conseqüentemente, visando minorar o número, o tempo e os custos das admissões hospitalares e melhorar, sobremaneira, a qualidade de vida destes pacientes. Agradecimentos: Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) pelo auxílio financeiro à pesquisa. Referências 1. 2. 3. Gross JL et al. Diagnóstico e Classificação do Diabetes Melito e Tratamento do Diabetes Melito tipo 2. 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Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Diabetes Clínica 339 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 REVISÃO Protegendo o endotélio vascular de pacientes diabéticos com a aspirina - Parte II Bases fisiopatológicas para o uso associado de vastatinas independentemente dos níveis de colesterol Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz* Profa. Dra. Anna Carla Goldberg** Dra. Christiani Adão Poço*** *Hospital Heliópolis, Hospital Albert Einstein, Unidade de Ilhotas Pancreáticas da IQUSP **Responsável pelo setor de Biologia Molecular do Lab. Imunologia, InCor-HCFMUSP, Livre Docente pelo ICB-USP ***Endocrinologista Assistente da Clínica Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz, São Paulo (A primeira parte deste artigo, bem como a bibliografia, foram publicados, no número anterior de Diabetes Clínica, volume 5, julho/agosto de 2001, número 4, pg 263-277) A importância do controle da glicemia Os dados do UKPDS e do DCCT confirmam que a hiperglicemia tem ação lesiva na parede vascular, independentemente da causa subjacente e da faixa etária em que ocorre. A análise epidemiológica da população estudada no UKPDS mostrou uma associação contínua entre o risco de desenvolver complicações vasculares e a glicemia. Para cada 1% de redução dos níveis de hemoglobina glicosilada, houve uma redução de 25% nas mortes relacionadas ao diabetes e de 14% de redução na incidência de infarto do miocárdio fatal e não-fatal. Estes dados já são suficientes para recomendar que um controle mais rigoroso da glicemia seja imperativo, mesmo que à custa de medidas farmacológicas mais agressivas [16-22,110,111] (Fig. 13). A hiperglicemia induz um aumento importante na produção das ROS. De especial importância é o controle de picos hiperglicêmicos, capazes de ativar a PKC. Esta depende mais da intensidade do pico do que de sua duração e é mais provável que esses picos ocorram no período pós-prandial [21,22,24,25,62,63,64]. Esse período torna o endotélio especialmente vulnerável, porque nele os triglicérides também estão eleEndereço para correspondência: Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz, Rua Goiás, 91, 01244-030 São Paulo – SP, tel: (11) 3663-0350 vados. Os triglicérides transferidos para a LDL são mais suscetíveis à ação de hidrólise pela lipase, gerando LDL menores, mais densas e mais propensas à oxidação e, portanto, mais aterogênicas112. Nesse período, a hipertrigliceridemia pós-prandial ativa o Fator VII, um outro fator independente de risco cardiovascular. Esta e outras interações de lipoproteínas e fatores de coaguFigura 13 - Importância do controle glicêmico na redução do risco cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 2 (UKPDS 35) 340 Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Figura 14 - Correlação entre níveis de glicemia pós-prandial e lação tornam o período pós-prandial mais favorável à formação de trombos [13,113,114,115,116]. É exatamente nesse período que os picos pós-prandiais da glicemia tornam o endotélio ainda mais suscetível à lesão. Infelizmente, nem sempre a glicemia de jejum e a hemoglobina glicosilada espelham esses picos com fidelidade [117,118,119] (Fig. 14). O uso de insulina de ação rápida ou de secretagogos de ação curta pode controlar os picos pós-prandiais de glicemia, mas acentua o hiperinsulinismo já existente se o paciente diabético tem predominantemente resistência à insulina [111]. Ao lado dos efeitos benéficos sobre a parede arterial, a insulina tem, também, uma série de efeitos potencialmente deletérios, entre eles o de atuar como um fator de crescimento de células musculares lisas, diretamente ou potencializando outros fatores de crescimento como o fator de crescimento derivado de plaquetas [26]. As estratégias terapêuticas que corrigem a hiperglicemia pós-prandial sem aumentar o hiperinsulinismo são o uso da acarbose120 e dos TZDs. Recentemente se demonstrou que a acarbose é capaz de corrigir a disfunção endotelial121 e que os TDZs antagonizam os efeitos proliferativos da insulina sobre as células musculares lisas dos vasos, inibindo o Fator de Transcrição ETS-1 [122,123] (Fig. 15). Um outro achado recente é que os TZDs inibem a produção de resistina no adipócito. Esse peptídeo é dotado de ação hormonal capaz de antagonizar os efeitos da insulina. Não se sabe ainda se esse peptídeo é o mediador da resistência à insulina na parede arterial. Assim, ambas as medicações têm um papel a desempenhar nesta condição, conjunta ou isoladamente [9,10,111]. A importância do controle da hipertensão A hipertensão é duas vezes mais comum em diabéticos tipo 1 e tipo 2 do que na população geral. No diabetes tipo 1, a presença de nefropatia diabética pode responder por esse aumento da incidência, enquanto no diabetes tipo 2, esta está ligada à síndrome de resistência à insulina. Cerca de 36% dos pacientes diabéticos são hipertensos de acordo com os critérios diagnósticos atuais. Na população estudada pelo UKPDS, 32% dos homens e 45% das mulheres Figura 15 - A acarbose corrige a hiperglicemia pós-prandial sem provocar hiperinsulinismo eram hipertensos [16,17,18,19, (conforme ref. 120) 124,125] (Figs. 16 e 17). Até recentemente, o benefício resultante do tratamento da hipertensão em pacientes com diabetes foi deduzido por extrapolação dos dados provenientes de grandes estudos clínicos, realizados em pacientes não-diabéticos. Porém, já estão disponíveis resultados de estudos que incluíram um número significativo de pacientes diabéticos portadores de hipertensão. Os resultados demonstram, de um modo incontestável, a importância do controle da pressão arterial nos diabéticos (veja Tabela 8). No UKPDS foram incluídos 1.148 pacientes que eram diabéticos hipertensos e que foram seguidos por um tempo médio de 9 anos. 341 Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Figura 16 - Efeito do controle mais estrito da pressão arterial no risco de eventos cardiovasculares em diabéticos tipo 2 (UKPDS 35) Figura 17 - Importância do controle da pressão arterial na redução do risco cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 2 (UKPDS 36) Estes pacientes foram randomizados para tratamento com beta-bloqueadores ou inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA). Ambas medicações foram igualmente efetivas em reduzir a mortalidade em 32%, quando a pressão arterial foi reduzida para 140/85 [126]. No EUCLID, estudo que incluiu 530 pacientes, todos diabéticos tipo 1, os inibidores da ECA foram capazes de prevenir a progressão da retinopatia e da nefropatia. Isto fez com que essa classe de fármacos fosse considerada de primeira escolha para o tratamento da hipertensão em pacientes diabéticos tipo 1 com microalbuminúria126. Mas, os resultados mais expressivos em termos de redução de eventos cardiovasculares em pacientes diabéticos tipo 2, foi obtida nos estudos clínicos em que foram utilizados bloqueadores dos canais de cálcio. O SYSTEur revelou uma impressionante queda de 41 a 70% em todos os eventos cardiovasculares [127], enquanto que no estudo HOT, a queda de mortalidade e a incidência de eventos cardiovasculares atingiram 50% [97]. Este último foi também o primeiro estudo que demonstrou que o controle da hipertensão e o uso da aspirina têm efeito aditivo em reduzir o risco cardiovascular. Não se sabe ao certo se esses excelentes resultados são devidos ao efeito dilatador coronariano, ao efeito redutor da adesividade das plaquetas, ou à proteção que os bloqueadores dos canais de cálcio exercem sobre as células isquêmicas sujeitas a um aumento do influxo de cálcio [128,129]. Em 2001, a ADA modificou as metas de controle da pressão arterial em pacientes diabéticos, recomendando que, em pacientes adultos, os níveis pressóricos ideais a serem atingidos sejam iguais ou menores que 130/80 [134,135]. A importância do controle dos lípides Dados do UKPDS revelam que tanto a LDL alta quanto a HDL baixa são preditoras do desenvolvimento de doença coronariana em diabéticos (Tabela 9). Embora não tenham sido conduzidos estudos clínicos específicos em pacientes diabéticos, os numerosos Tabela 8. Estudos controlados e randomizados avaliando o tratamento da hipertensão em pacientes diabéticos n Anos de seguimento Tratamento Queda da pressão (mmHg) SHEP UKPDS 583 1148 5 9 tiazida e beta- bloqueador captopril ou atenolol 9,8/2,2 10/5 HOT 1501 4 antagonista de cálcio 29,2/24,3 492 552 2 6 antagonista de cálcio captopril x beta-bloqueador ou tiazida inibidor ECA em pacientes com risco alto inibidor ECA inibidor ECA e controle de glicemia e lipidemia 10,11/4,5 ambos 16/10 2,4/1 SYST-Eur CAPPP MICRO-HOPE 3577 4,5 EUCLID* STENO II 2 3,8 530 160 Tabela adaptada da ref. 124, * apenas diabéticos tipo 1 3/2 Benefício observado todos eventos cardiovasculares (46-66%) AVC (44%), morte (32%), eventos microvasculares (37%) eventos cardiovasculares e mortalidade total (50%) eventos cardiovasculares (41-70%) redução de IAM (34%) no grupo captopril mortalidade (24%), IAM (22%), AVC (33%), evento microvascular (16%) progressão retinopatia progressão a macroalbuminúria (27%) e retinopatia (45%) 342 Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Tabela 9. Avaliação dos fatores de risco que aumentam o intervalo de tempo até o primeiro evento de IAM, ajustados por sexo e idade, em 2.693 pacientes com diabetes tipo 2 (UKPDS 23)16 variável LDL-colesterol pressão arterial diastólica tabagismo HDL-colesterol HbA1c p 0,0022 0,0074 0,025 0,026 0,053 estudos que correlacionam o risco cardiovascular com os lípides séricos, contém um número suficiente de pacientes diabéticos para que se possa avaliar a importância do tratamento das dislipidemias nesses doentes16. Um desses trabalhos constitui a revisão técnica do manuseio da dislipidemia em adultos com diabetes. Baseada nesses estudos, a ADA recomenda que o LDL-colesterol seja mantido em níveis menores que 100 mg em todos os pacientes diabéticos, iniciando-se imediatamente a terapia farmacológica com vastatinas, se a LDL for / 100 mg% em pacientes portadores de doença vascular ou se a LDL for / 130 mg% em pacientes sem estas complicações. É recomendado que os triglicérides sejam mantidos em níveis menores que 200 mg e o HDL acima de 45 mg [136,137]. A principal razão para esta recomendação é que a LDL, principal carreadora de colesterol no sangue, se torna aterogênica como resultado da oxidação. Qualquer um dos principais componentes celulares da parede arterial pode produzir radicais livres, capazes de tornarem a LDL aterogênica. A LDL oxidada induz as células vasFigura 18 - Lesão endotelial pela LDL oxidada Tabela 10. Efeito da hipercolesterolemia na ação da aspirina: ação inibidora de 325 mg de aspirina sobre o teste de agregação plaquetária induzido por 1 mg/ ml de colágeno. Respondedores = inibição > 50% comparado com os controles (sem uso de aspirina) (conforme ref. 146) R NR p Colesterol total LDL mg/dl mg/dl 191,6±49,3 118,3±46,9 246,2±66,2 159,9±74,6 0,002 0,017 Triglicérides Razão CT/ mg/dl HDL 187,7±163,5 5,2±2,1 229,6±265,4 5,37±1,5 n.s. n.s. n=32 n=13 culares a produzir proteínas de adesão, que permitem o recrutamento e o acúmulo de monócitos circulantes. Estes, uma vez no interior da parede vascular, se diferenciam em macrófagos. Os macrófagos capturam as LDL oxidadas através de receptores tipo “scavenger” dando origem às células espumosas. Além disso, as LDL oxidadas tem efeito citotóxico nas células vasculares. A magnitude deste induz desde uma disfunção endotelial pela deficiência na produção de óxido nítrico, até a necrose das células endoteliais. Por esses motivos, a diminuição da LDL oxidada é um alvo importante de qualquer estratégia que busque a diminuição do risco vascular aterosclerótico [138-144] (Fig. 18). A eficácia da ação da aspirina depende dos níveis de colesterol Os níveis de colesterol também diminuem a eficácia da ação antiplaquetária da aspirina. A ação inibidora da aspirina sobre a geração de trombina é bloqueada na presença de hipercolesterolemia. Não se sabe exatamente por que mecanismo, mas aventa-se a hipótese de que a hiperlipidemia cause alterações nas membranas plaquetárias, tornando-as menos suscetíveis à acetilação pela aspirina [145, 146] (Tabela 10). O efeito protetor da HDL se deve à atividade da paraoxonase e está diminuída em pacientes diabéticos O efeito protetor da HDL em relação à aterosclerose, pode ser multifacetado, envolvendo diversos mecanismos. Desses, a capacidade de diminuir a LDL oxidada vêm ganhando reconhecimento crescente. Pacientes portadores de diabetes têm uma maior capacidade oxidante da parede arterial devido à grande produção de ROS provenientes da glicoxidação. Isso causa um aumento na Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 produção de lípides peroxidados, inclusive os contidos na LDL [148-151]. Somando-se a esse fator lesivo, pacientes diabéticos têm deficiência na produção de enzimas antioxidantes, que é maior naqueles com glicemia mal controlada. Entre estas, figura a paraoxonase-1 (PON-1), carreada pelas HDL [152, 153] (Fig. 19). A HDL contendo a apoA1, remove ou inibe a atividade de lípides contidos na LDL, alvos da oxidação por células da parede arterial (Ex: HPODE = ácido hidroxi-peroxi-octadecanóico e HPETE = ácido hidroxi-peroxi-eicosatetraenóico). Esta remoção é patrocinada pela ação da PON-1, uma estearase cálciodependente que confere atividade antioxidante às HDL, capacitando-as a remover lípides peroxidados das LDL154. A importância da PON-1 na proteção contra o desenvolvimento da aterosclerose foi demonstrada tanto clínica quanto experimentalmente [155,156]. Na ausência de PON-1, a HDL perde seu efeito protetor156. Em seres humanos, o gene que codifica essa enzima exibe polimorfismo e a eficiência protetora das variantes é alvo de estudos populacionais em curso [157,158]. Esse fato explica porque nos pacientes do UKPDS, os fatores isolados mais importantes que determinam o risco cardiovascular em pacientes diabéticos tipo 2 são os níveis de LDL e de HDL (nível de paraoxonase). Também justifica que se busquem alternativas para aumentar os níveis de HDL (e, portanto, de paraoxonase) em pacientes com risco aumentado de desenvolver complicações vasculares [16]. 343 Figura 19 - O efeito protetor das HDL se deve à paraoxonase Figura 20 - A ação antitrombótica das vastatinas As vastatinas aumentam a atividade da paraoxonase O recente achado que vastatinas aumentam a atividade da paraoxonase, de modo independente dos níveis de HDL, é de grande relevância clínica, e seu uso deve ser considerado em pacientes de alto risco como os diabéticos, independentemente dos níveis de colesterol [159]. De fato, diversos estudos clínicos demonstram, de modo consistente, que as vastatinas reduzem o risco de um evento coronariano em prevenção primária ou secundária em aproxi- madamente 30%, em pacientes hipercolesterolêmicos ou não. O benefício é maior quanto maior for o risco do grupo estudado. A ação antitrombótica das vastatinas Ao bloquear a síntese de colesterol, as vastatinas diminuem a disponibilidade de isoprenóides necessários à ati- 344 Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Figura 21 - Os isoprenóides participam da cascata de ativação do NF-kB Figura 22 - As vastatinas inibem a ativação do NF-kB diminuindo a disponibilidade de isoprenóides A administração de vastatinas a 93 pacientes com ou sem doença coronariana, levou a uma queda de cerca de 22% nos níveis de PAI-1 e de 12% nos do antígeno ativador do plasminogênio tecidual, após 6 meses de uso. Um estudo “ex-vivo” em um subgrupo de 40 desses pacientes, foi realizado para determinar a capacidade de formar trombos. Este revelou uma diminuição de 34% na área do coágulo, nos pacientes sem doença vascular, e de 16%, na dos pacientes coronarianos. Estes efeitos não se correlacionaram com os níveis de LDLcolesterol [163]. A formação de trombina também é inibida pelas vastatinas. O estudo do ritmo de geração de trombina identificada pela dosagem dos níveis séricos do fibrinopeptídeo A (FPA), de fragmentos de protrombina (F1 e F2) e pelo aparecimento destes elementos no sangue emergente, após uma incisão padronizada no antebraço, mostra uma expressiva diminuição após 30 dias de uso de uma vastatina [164]. Não é conhecido se o efeito inibidor das vastatinas sobre a geração de trombina é impedido pela hipercolesterolemia, devido ao efeito simultâneo destas sobre os níveis de colesterol [165]. A proteção conferida pelas vastatinas vai além da ação sobre os lípides séricos vação das vias ras e Rho. Estas são utilizadas pela trombina como conseqüência da ativação do receptor ativado por protease-1 (PAR-1), e levam à ampliação da produção da própria trombina e de PAI-1 em plaquetas e outras células. Assim, o efeito da trombina é antagonizado, induzindo um estado antitrombótico [160,161,162] (Fig. 20). Hoje se reconhece que ação protetora das vastatinas não se limita à redução do colesterol sérico, mas inclui a estabilização da placa ateromatosa pela diminuição de seu componente inflamatório, além de promover aumento na capacidade anticoagulante e vasodilatadora do endotélio [166-175] (Tabela 11). A evidência mais convincente de que as vastatinas têm também uma ação protetora que independe de sua ação sobre o colesterol sérico – e inclusive a precede – é resultado de estudos da evolução da nefropatia diabética. Sabe-se que a expansão mesangial, característica do desenvolvimento da nefropatia diabética, é fortemente dependente da indução de TGFb1, causada pelos altos níveis de glicose nas células mesangiais. Não há nenhuma evidência conclusiva de que a hiperlipidemia esteja Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 envolvida na evolução da nefropatia diabética. Apesar disso, o uso de vastatinas tem impedido o desenvolvimento dessa complicação, tanto clínica quanto experimentalmente [176,177]. As vastatinas inibem a HMG-CoA redutase, enzima que promove a conversão de hidroximetilglutaril em mevalonato. Ao fazê-lo, por um lado inibem a síntese de colesterol, e por outro, inibem a síntese de isoprenóides, que também são produzidos intracelularmente a partir do mesmo precursor [176]. Esses isoprenóides são capazes de ativar a cascata da MAPK via ras. O resultado final é a ativação de uma série de fatores de transcrição nuclear, inclusive do NF-kB. Dessa forma, a inibição da HMGCoA redutase pelas vastatinas, além de inibir a síntese do colesterol acaba também inibindo a ativação de genes essencialmente envolvidos em inflamação e em proliferação celular (Figs. 21 e 22). Tão importante quanto esse achado é a descoberta de que as vastatinas são capazes de inibir a expressão de MHCII, induzidos por interferon-d em uma grande variedade de células178. O MHC-II é essencial para a expansão e a perpetuação da resposta inflamatória. Esse achado reveste-se de tal importância que o estudo publicado no último volume da revista Nature, no século XX, propõe a utilização de vastatinas na realização de estudos de várias doenças inflamatórias crônicas, entre as quais a artrite reumatóide e a própria aterosclerose178. A mesma lógica se aplica ao uso associado das vastatinas à aspirina em pacientes com alto risco de desenvolver complicações cardiovasculares, entre eles os pacientes diabéticos [179] (Figs. 23 e 24). 345 Figura 23 - Os fatores lesivos convergem na ativação do NF-kB Figura 24 - Os fatores protetores NO, aspirina e vastatinas, convergem na inibição do NF-kB Perspectivas Com o avanço tecnológico do último século, grande parte das doenças monofatoriais foi compreendida e adequadamente tratada. Restaram as patologias complexas, porque multifatoriais, e assim deve ser também a abordagem terapêutica a elas dirigida [180,181,182]. As diversas formas de diabetes não constituem exceção a essa regra. Se no século XIX, o diabetes era uma condição fatal, no século XX suas complicações foram causas muito importantes de letalidade em todo o mundo desenvolvido. O século XXI traz a esperança de que o mecanismo das complicações crônicas do diabetes seja mais bem compreendido e que elas possam ser eficientemente evitadas. 346 Eliaschewitz FG et al / Diabetes Clínica 05 (2001) 339~346 Tabela 11. Ação das vastatinas além do seu efeito sobre os lípides séricos: diminuição do impacto da resistência à insulina, do hiperinsulinismo, do aumento da produção de ROS causado pela hiperglicemia e outros fatores agressivos ao endotélio, diminuição do efeito agressor da LDL oxidada e potencialização dos efeitos da aspirina AÇÕES ANTIINFLAMATÓRIAS • inibe a atividade do NF-kB • inibe a expressão de MHC-II induzida por interferon-d • diminui atividade dos macrófagos na placa do ateroma • estabiliza a placa de ateroma • diminui a celularidade da placa de ateroma • diminui os níveis de proteína C-reativa AÇÕES SOBRE A FUNÇÃO ENDOTELIAL • aumenta a atividade da óxido nítrico sintetase • aumenta a produção estimulada de óxido nítrico nas células endoteliais • diminui a disfunção endotelial • aumenta a capacidade vasodilatadora do endotélio AÇÕES ANTIOXIDANTES • aumenta a atividade da paraoxonase • inibe a ativação de genes envolvidos na inflamação • inibe a ativação de genes envolvidos em proliferação celular AÇÕES ANTITROMBÓTICAS • diminui a liberação de trombina • antagoniza o efeito da trombina liberada • diminui os níveis de PAI-1 • diminui os níveis do antígeno ativador do plasminogênio tecidual • diminui a formação de coágulo (área trombótica) • diminui a agregação plaquetária • melhora a fibrinólise intrínseca A visão de que a aterosclerose é uma doença degenerativa foi superada. Sabemos hoje, que os acidentes vasculares são fruto de 3 grandes processos biológicos que se perpetuam: oxidação, inflamação e trombose. A aspirina atua nas duas últimas, enquanto as vastatinas tem ação antioxidante pela ativação da paraoxonase, tem efeito antiinflamatório e tem ação antitrombótica. Não existem ainda estudos clínicos comparando sistematicamente o efeito protetor das vastatinas associados à aspirina com o uso isolado desses fármacos. Mas, a evidência acumulada a respeito do uso benéfico dessas substâncias, somado ao conhecimento recém adquirido a respeito das ações intracelulares das vastatinas, sugere fortemente, que sejam utilizadas, em conjunto, independentemente dos níveis de colesterol que o paciente apresente. O risco vascular dos pacientes diabéticos é muito grande e a segurança do uso continuado de ambas substâncias já foi suficientemente demonstrada. A tarefa de trazer este risco para valores próximos do da população normal não será nem simples, nem fácil. É necessária uma abordagem multifatorial que diminua o estresse oxidativo controlando o tabagismo [183] e outros fatores lesivos ao endotélio, como por exemplo, a N-metilarginina [184,185], produzida a partir da ingestão de dietas ricas em gorduras, o que envolve as sempre difíceis modificações de estilo de vida. Além disso, será necessária também a adoção de uma abordagem farmacológica associada que garanta o controle estrito da glicemia, da hipertensão, da tendência à trombose e da inflamação crônica das artérias. Obs.: A primeira parte deste artigo, bem como a bibliografia, foram publicados, no número anterior de Diabetes Clínica, volume 5, julho/ agosto de 2001, número 4, pg 263-277. Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 Diabetes Clínica 347 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2001) 347~349 ATUALIZAÇÃO Atividade física e diabetes mellitus Nora Mercuri*, Viviana Arrechea* *Cenexa Centro de Endocrinologia experimental y aplicada - Buenos Aires - Argentina A atividade física é um fator importante do tratamento do diabetes mellitus, e contribui para melhorar a qualidade de vida do portador de diabetes. Mais ainda, atuando preventivamente e implantando um programa de promoção da atividade física, dieta sã e equilibrada, assistência médica, educação do paciente e da equipe sanitária, pode se reduzir significativamente a incidência do diabetes do tipo 2 e das complicações associadas. Segundo um estudo de Helmrich et al., o risco de diabetes do tipo 2 aumenta à medida que aumenta o IMC (índice de massa corporal), e, ao contrario, quando aumenta a intensidade e/ou a duração da atividade física, expressa em consumo calórico semanal, esse risco diminui, especialmente em pacientes com risco elevado de diabetes. Tal como ocorre em pessoas não diabéticas, a prática regular de exercício pode produzir importantes benefícios a curto, médio e longo prazo. Esses benefícios estão enumerados na Tabela seguinte. Tabela 1 - Benefícios da atividade física a curto, médio e longo prazo Aumenta o consumo da glicose. Diminui a concentração basal e pós-prandial da insulina. Aumenta a resposta dos tecidos à insulina. Melhora os níveis da hemoglobina glicosilada. Melhora o perfil lipídico: diminui os triglicerídeos. aumenta a concentração de HDL-colesterol. diminui levemente a concentração de LDL-colesterol. Contribui a diminuir a pressão arterial. Aumenta o gasto energético: favorece a redução do peso corporal. diminui a massa total de gordura. preserva e aumenta a massa muscular. Melhora o funcionamento do sistema cardiovascular. Aumenta a força e elasticidade muscular. Promove uma sensação de bem-estar e melhora a qualidade de vida. Dentre os benefícios a curto prazo, o aumento do consumo de glicose como combustível por parte do músculo em atividade, contribui para o controle da glicemia. O efeito hipoglicemiante do exercício pode se prolongar por horas e até dias após o fim de exercício. Esta resposta metabólica normal pode ser alterada durante os estados de extrema deficiência de insulina ou excesso da mesma, o que é responsável por um risco maior de hipoglicemia e/ou hiperglicemia e ocorrência de cetoacidose. Por essa razão, a prescrição de atividade física para melhorar o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 1 (insulino-dependentes) foi motivo de discussão e controvérsias entre especialistas. O que é certo é que o uso freqüente de técnicas de auto-monitorização glicêmica e a implantação de insulinoterapia intensificada permitem ao paciente portador de diabetes do tipo 1 desenvolver estratégias e ajustes no consumo de carboidratos e doses de insulina, para poder participar de maneira mais segura em programa de atividade física. Por outro lado, a prescrição de atividade física em paciente portador de diabetes do tipo 2 não apresenta Endereço para correspondência: UNLP-CONICET Calles 60 y 120 – 4to piso Facultad de Ciências Médicas, 1900 – La Plata – Buenos Aires – Argentina, E-mail: [email protected] 348 Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 dúvidas e é hoje, junto com a per- Gráfico 1 da de peso, uma das indicações das mais apropriadas para corrigir a resistência à insulina e controlar a glicemia nesse tipo de diabetes (que representa 90% dos casos), ainda mais se está associado à obesidade. Por outro lado, no diabetes do tipo 2 cujo tratamento está baseado só em dieta, raramente o exercício gera hipo ou hiperglicemia. Os benefícios a médio e longo prazo, da prática regular de atividade física, contribuem para diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento da doença cardiocaso de obesidade, a prática diária é recomendada vascular (aumentado no paciente *No ** O tempo sugerido deve ser acrescentado de 5-10 minutos de exercícios de portador de diabetes), através das alongamento e mobilidade articular antes e após a atividade principal. seguintes alterações: melhora do O tipo de atividade indicada é de natureza aeróbica, perfil lipídico, contribuição para a normalização da presque envolve grandes grupos musculares e pode ser mansão arterial, aumento da circulação colateral, diminuição tida por um tempo prolongado. No momento da seleda freqüência cardíaca no repouso e durante o exercício. ção, é essencial respeitar os gostos e interesses dos paciNo mais, independentemente das alterações fisiológicas entes, aumentando assim a aderência ao programa. que acompanham o exercício, também ocorrem alteraApesar do que foram reportados aumentos significações comportamentais que favorecem o cuidado e o autotivos da tolerância à glicose e da ação da insulina em controle por parte do paciente, e conseqüentemente conpessoas que realizam um vigoroso programa de treinatribuem para melhorar sua qualidade de vida. mento, o exercício de intensidade menor (50% da freqüência cardíaca máxima) pode produzir benefícios imComo manejar a atividade física em pacientes portantes e melhorar a condição física dos pacientes seportadores de diabetes dentários com estado físico debilitado, quando praticado com freqüência semanal maior. Essa última recomenComo os outros elementos do tratamento, a atividadação é válida também no caso da obesidade, pela qual de física deve ser prescrita de maneira individual para será prescrita a prática diária de exercício, na medida do evitar riscos e otimizar os benefícios. O tipo, freqüênpossível. cia, intensidade e duração do exercício recomendado O risco de diabetes do tipo 2 aumenta na medida que dependerá da idade, do grau de treinamento anterior e aumenta o IMC, e, na medida que aumenta a intensidado controle metabólico, duração do diabetes, e presença de/duração da atividade física expressa em consumo de complicações específicas da doença. calórico semanal, esse risco diminui. Geralmente, o gasto Por isso, antes de iniciar a prática sistemática da atienergético deveria ser de 900 a 1500 calorias/semana, vidade física, o paciente portador de diabetes deve subpara obter benefícios metabólicos e cardiovasculares. meter-se a exame clínico geral (fundo de olho, presenÉ geralmente aceito que a duração da atividade não ça de neuropatia, osteoartrite, etc) e cardiovascular, indeve ser inferior a 20 minutos para os exercícios contícluindo na medida do possível uma prova de esforço nuos e não deve ultrapassar 60 minutos para o mesmo (ergometria). exercício. O exercício prolongado apresenta grandes O ajuste na prescrição do exercício será mais eficaz se vantagens, mas aumenta também o risco de hipogliceos esforços forem coordenados por: o paciente, a família, mia e, por isso, necessita um melhor controle. o médico e sua equipe de colaboradores. A educação em A prática do tipo de atividade física descrita com uma diabetes, que permite ao paciente combinar corretamente freqüência inferior a 2 vezes por semana não fornece dieta, dosagem de insulina e hipoglicemiantes orais com benefícios significativos ao nível metabólico e cardioo exercício, diminui notavelmente os riscos de hipoglicevascular. mia e/ou hiperglicemia pós-exercício. No Gráfico 1, foram listados exemplos de atividades A atividade física prescrita em pacientes portadores preferenciais, sem contra-indicações em pacientes adulde diabetes deveria reunir as características descritas no tos sedentários. A mudança mais importante antes de Gráfico 1. Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 iniciar um programa formal, é a aquisição de hábitos de vida fisicamente ativos (caminhar ou andar de bicicleta, subir e descer as escadas, realizar atividades domésticas e de lazer necessitando movimentos) o que, no final do dia, resulta em um gasto energético notável. Para os pacientes que apresentam contra-indicações temporárias para realizar atividades físicas aeróbicas (portadores de hipertensão arterial não controlada ou cardiomiopatia), ou com outro elemento de tratamento, deve se recomendar a prática de técnicas de relaxamento e movimentos suaves do tipo yoga. Elas têm a propriedade de desenvolver a capacidade de relaxamento psicofísico e diminuir a atividade simpático-adrenérgica, o que pode contribuir no controle metabólico e da pressão arterial, especialmente em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Toda sessão de atividade física deve começar e terminar com um período de 5 a 10 minutos de exercícios aeróbicos de baixa intensidade, alongamento e mobilidade articular para reduzir o risco de complicações cardíacas e lesões músculo-esqueléticas. Recomendações para o paciente - Escolher uma atividade física a seu gosto e impor se a prática regular da atividade física escolhida. - Evitar metas inatingíveis. Aumentar progressivamente a duração da atividade e a intensidade do esforço. - Praticar diariamente pelo menos durante 20-30 minutos, ou 3 a 4 vezes por semana durante 45-60 minutos. - Começar a sessão com exercícios de alongamento e movimentos articulares. Repetir no fim da sessão. - Se você nunca praticou atividade física programada, comece por aumentar a atividades diárias que faz habitualmente, como caminhar, subir e descer escadas, etc. - Interromper o exercício ante sinais de hipoglicemia, dor no peito ou respiração sibilante. - O sapato utilizado deve ser confortável e as meias de algodão. Examine diariamente os seus pés. - Beber uma quantidade maior de líquido sem calorias nem cafeína, como água, antes, durante e após a atividade física. - Se quiser conhecer a intensidade do esforço realizado, controle a sua freqüência cardíaca imediatamente após o fim do exercício. - Não esqueça de levar açúcar para a sessão de atividade física. - Se você caminha, corre ou anda de bicicleta, evite as interrupções durante o tempo proposto. Recomendações para a equipe de saúde - Determinar se o paciente é sedentário, ativo ou treinado. 349 - Realizar um exame clínico geral (fundo de olho, presença de neuropatia, osteoartrite) e cardiovascular incluindo uma prova de esforço (ergometria) antes de recomendar ao paciente o tipo, intensidade e duração da atividade física. - Selecionar junto com o paciente atividades que sejam de seu gosto e recomendar especialmente ao sedentário ou obeso realizar atividades em grupo ou na companhia de outras pessoas. Assim diminui o risco de deserção. - Ensinar o paciente (se não sabe) a realizar auto-monitorização glicêmica e recomendar fazê-la antes do início da sessão de atividade física, porque: a – Se glicemia > 300mg/dl ou em presença de corpos cetônicos, adiar a prática do exercício. b – Se a glicemia está dentro os limites normais, ou ante uma hipoglicemia, ingerir carboidratos extras antes do exercício (de acordo com a sua intensidade e duração). Em regra geral, consumir 10-20 gramas de carboidratos por cada 30 minutos de atividade moderada. - Para diminuir o risco de hipoglicemia se o paciente recebe insulina ou sulfoniluréias: a – Estimar a intensidade e duração da atividade física. b – No caso de uso de hipoglicemiantes orais, pode diminuir ou suspender a dose prevista antes do exercício. c – No caso de uso de insulina, fazer a aplicação mais de uma hora antes do exercício e diminuir a dose que produz o pico no momento da atividade. d – Se a atividade for superior ao normal, recomende o controle da glicemia durante a noite, porque pode ser necessário diminuir a dose de insulina ou de hipoglicemiante noturno. - Se desejar verificar o efeito do exercício sobre a glicemia, recomende ao paciente controla-la a partir de meiahora após o fim da atividade. - Ensinar o paciente a controlar sua freqüência cardíaca. Referências 1. 2. 3. 4. Nora Mercuri, Daniel Assad. La práctica de actividad física en personas con diabetes tipo 2. Diabetes tipo 2 no insulinodependiente: su diagnóstico, control y tratamiento. Sociedad Argentina de Diabetes (SAD), 69-80, 1998. American Diabetes Association: Diabetes mellitus and Exercise (position Statement). Diabetes Care, 24;(1), jan 2001. Susan P Helmrich et al. Physical activity and reduced occurrence of non-insulin-dependent diabetes mellitus. New England Journal of Medicine. 1991;325(3):147-152. The Health Professional’s Guide to Diabetes and Exercice. N Rudeman, JT Devlin (eds). American Diabetes Association. Clinical Education Series, 1995. 350 Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2001) 347~349 ATUALIZAÇÃO Atividade física e diabetes mellitus Nora Mercuri*, Viviana Arrechea* *Cenexa Centro de Endocrinologia experimental y aplicada - Buenos Aires - Argentina A atividade física é um fator importante do tratamento do diabetes mellitus, e contribui para melhorar a qualidade de vida do portador de diabetes. Mais ainda, atuando preventivamente e implantando um programa de promoção da atividade física, dieta sã e equilibrada, assistência médica, educação do paciente e da equipe sanitária, pode se reduzir significativamente a incidência do diabetes do tipo 2 e das complicações associadas. Segundo um estudo de Helmrich et al., o risco de diabetes do tipo 2 aumenta à medida que aumenta o IMC (índice de massa corporal), e, ao contrario, quando aumenta a intensidade e/ou a duração da atividade física, expressa em consumo calórico semanal, esse risco diminui, especialmente em pacientes com risco elevado de diabetes. Tal como ocorre em pessoas não diabéticas, a prática regular de exercício pode produzir importantes benefícios a curto, médio e longo prazo. Esses benefícios estão enumerados na Tabela seguinte. Tabela 1 - Benefícios da atividade física a curto, médio e longo prazo Aumenta o consumo da glicose. Diminui a concentração basal e pós-prandial da insulina. Aumenta a resposta dos tecidos à insulina. Melhora os níveis da hemoglobina glicosilada. Melhora o perfil lipídico: diminui os triglicerídeos. aumenta a concentração de HDL-colesterol. diminui levemente a concentração de LDL-colesterol. Contribui a diminuir a pressão arterial. Aumenta o gasto energético: favorece a redução do peso corporal. diminui a massa total de gordura. preserva e aumenta a massa muscular. Melhora o funcionamento do sistema cardiovascular. Aumenta a força e elasticidade muscular. Promove uma sensação de bem-estar e melhora a qualidade de vida. Dentre os benefícios a curto prazo, o aumento do consumo de glicose como combustível por parte do músculo em atividade, contribui para o controle da glicemia. O efeito hipoglicemiante do exercício pode se prolongar por horas e até dias após o fim de exercício. Esta resposta metabólica normal pode ser alterada durante os estados de extrema deficiência de insulina ou excesso da mesma, o que é responsável por um risco maior de hipoglicemia e/ou hiperglicemia e ocorrência de cetoacidose. Por essa razão, a prescrição de atividade física para melhorar o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 1 (insulino-dependentes) foi motivo de discussão e controvérsias entre especialistas. O que é certo é que o uso freqüente de técnicas de auto-monitorização glicêmica e a implantação de insulinoterapia intensificada permitem ao paciente portador de diabetes do tipo 1 desenvolver estratégias e ajustes no consumo de carboidratos e doses de insulina, para poder participar de maneira mais segura em programa de atividade física. Por outro lado, a prescrição de atividade física em paciente portador de diabetes do tipo 2 não apresenta Endereço para correspondência: UNLP-CONICET Calles 60 y 120 – 4to piso Facultad de Ciências Médicas, 1900 – La Plata – Buenos Aires – Argentina, E-mail: [email protected] Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 351 dúvidas e é hoje, junto com a per- Gráfico 1 da de peso, uma das indicações das mais apropriadas para corrigir a resistência à insulina e controlar a glicemia nesse tipo de diabetes (que representa 90% dos casos), ainda mais se está associado à obesidade. Por outro lado, no diabetes do tipo 2 cujo tratamento está baseado só em dieta, raramente o exercício gera hipo ou hiperglicemia. Os benefícios a médio e longo prazo, da prática regular de atividade física, contribuem para diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento da doença cardiocaso de obesidade, a prática diária é recomendada vascular (aumentado no paciente *No ** O tempo sugerido deve ser acrescentado de 5-10 minutos de exercícios de portador de diabetes), através das alongamento e mobilidade articular antes e após a atividade principal. seguintes alterações: melhora do O tipo de atividade indicada é de natureza aeróbica, perfil lipídico, contribuição para a normalização da presque envolve grandes grupos musculares e pode ser mansão arterial, aumento da circulação colateral, diminuição tida por um tempo prolongado. No momento da seleda freqüência cardíaca no repouso e durante o exercício. ção, é essencial respeitar os gostos e interesses dos paciNo mais, independentemente das alterações fisiológicas entes, aumentando assim a aderência ao programa. que acompanham o exercício, também ocorrem alteraApesar do que foram reportados aumentos significações comportamentais que favorecem o cuidado e o autotivos da tolerância à glicose e da ação da insulina em controle por parte do paciente, e conseqüentemente conpessoas que realizam um vigoroso programa de treinatribuem para melhorar sua qualidade de vida. mento, o exercício de intensidade menor (50% da freqüência cardíaca máxima) pode produzir benefícios imComo manejar a atividade física em pacientes portantes e melhorar a condição física dos pacientes seportadores de diabetes dentários com estado físico debilitado, quando praticado com freqüência semanal maior. Essa última recomenComo os outros elementos do tratamento, a atividadação é válida também no caso da obesidade, pela qual de física deve ser prescrita de maneira individual para será prescrita a prática diária de exercício, na medida do evitar riscos e otimizar os benefícios. O tipo, freqüênpossível. cia, intensidade e duração do exercício recomendado O risco de diabetes do tipo 2 aumenta na medida que dependerá da idade, do grau de treinamento anterior e aumenta o IMC, e, na medida que aumenta a intensidado controle metabólico, duração do diabetes, e presença de/duração da atividade física expressa em consumo de complicações específicas da doença. calórico semanal, esse risco diminui. Geralmente, o gasto Por isso, antes de iniciar a prática sistemática da atienergético deveria ser de 900 a 1500 calorias/semana, vidade física, o paciente portador de diabetes deve subpara obter benefícios metabólicos e cardiovasculares. meter-se a exame clínico geral (fundo de olho, presenÉ geralmente aceito que a duração da atividade não ça de neuropatia, osteoartrite, etc) e cardiovascular, indeve ser inferior a 20 minutos para os exercícios contícluindo na medida do possível uma prova de esforço nuos e não deve ultrapassar 60 minutos para o mesmo (ergometria). exercício. O exercício prolongado apresenta grandes O ajuste na prescrição do exercício será mais eficaz se vantagens, mas aumenta também o risco de hipogliceos esforços forem coordenados por: o paciente, a família, mia e, por isso, necessita um melhor controle. o médico e sua equipe de colaboradores. A educação em A prática do tipo de atividade física descrita com uma diabetes, que permite ao paciente combinar corretamente freqüência inferior a 2 vezes por semana não fornece dieta, dosagem de insulina e hipoglicemiantes orais com benefícios significativos ao nível metabólico e cardioo exercício, diminui notavelmente os riscos de hipoglicevascular. mia e/ou hiperglicemia pós-exercício. No Gráfico 1, foram listados exemplos de atividades A atividade física prescrita em pacientes portadores preferenciais, sem contra-indicações em pacientes adulde diabetes deveria reunir as características descritas no tos sedentários. A mudança mais importante antes de Gráfico 1. 352 Peluso CC et al./ Diabetes Clínica 05 (2001) 347~349 iniciar um programa formal, é a aquisição de hábitos de vida fisicamente ativos (caminhar ou andar de bicicleta, subir e descer as escadas, realizar atividades domésticas e de lazer necessitando movimentos) o que, no final do dia, resulta em um gasto energético notável. Para os pacientes que apresentam contra-indicações temporárias para realizar atividades físicas aeróbicas (portadores de hipertensão arterial não controlada ou cardiomiopatia), ou com outro elemento de tratamento, deve se recomendar a prática de técnicas de relaxamento e movimentos suaves do tipo yoga. Elas têm a propriedade de desenvolver a capacidade de relaxamento psicofísico e diminuir a atividade simpático-adrenérgica, o que pode contribuir no controle metabólico e da pressão arterial, especialmente em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Toda sessão de atividade física deve começar e terminar com um período de 5 a 10 minutos de exercícios aeróbicos de baixa intensidade, alongamento e mobilidade articular para reduzir o risco de complicações cardíacas e lesões músculo-esqueléticas. Recomendações para o paciente - Escolher uma atividade física a seu gosto e impor se a prática regular da atividade física escolhida. - Evitar metas inatingíveis. Aumentar progressivamente a duração da atividade e a intensidade do esforço. - Praticar diariamente pelo menos durante 20-30 minutos, ou 3 a 4 vezes por semana durante 45-60 minutos. - Começar a sessão com exercícios de alongamento e movimentos articulares. Repetir no fim da sessão. - Se você nunca praticou atividade física programada, comece por aumentar a atividades diárias que faz habitualmente, como caminhar, subir e descer escadas, etc. - Interromper o exercício ante sinais de hipoglicemia, dor no peito ou respiração sibilante. - O sapato utilizado deve ser confortável e as meias de algodão. Examine diariamente os seus pés. - Beber uma quantidade maior de líquido sem calorias nem cafeína, como água, antes, durante e após a atividade física. - Se quiser conhecer a intensidade do esforço realizado, controle a sua freqüência cardíaca imediatamente após o fim do exercício. - Não esqueça de levar açúcar para a sessão de atividade física. - Se você caminha, corre ou anda de bicicleta, evite as interrupções durante o tempo proposto. Recomendações para a equipe de saúde - Determinar se o paciente é sedentário, ativo ou treinado. - Realizar um exame clínico geral (fundo de olho, presença de neuropatia, osteoartrite) e cardiovascular incluindo uma prova de esforço (ergometria) antes de recomendar ao paciente o tipo, intensidade e duração da atividade física. - Selecionar junto com o paciente atividades que sejam de seu gosto e recomendar especialmente ao sedentário ou obeso realizar atividades em grupo ou na companhia de outras pessoas. Assim diminui o risco de deserção. - Ensinar o paciente (se não sabe) a realizar auto-monitorização glicêmica e recomendar fazê-la antes do início da sessão de atividade física, porque: a – Se glicemia > 300mg/dl ou em presença de corpos cetônicos, adiar a prática do exercício. b – Se a glicemia está dentro os limites normais, ou ante uma hipoglicemia, ingerir carboidratos extras antes do exercício (de acordo com a sua intensidade e duração). Em regra geral, consumir 10-20 gramas de carboidratos por cada 30 minutos de atividade moderada. - Para diminuir o risco de hipoglicemia se o paciente recebe insulina ou sulfoniluréias: a – Estimar a intensidade e duração da atividade física. b – No caso de uso de hipoglicemiantes orais, pode diminuir ou suspender a dose prevista antes do exercício. c – No caso de uso de insulina, fazer a aplicação mais de uma hora antes do exercício e diminuir a dose que produz o pico no momento da atividade. d – Se a atividade for superior ao normal, recomende o controle da glicemia durante a noite, porque pode ser necessário diminuir a dose de insulina ou de hipoglicemiante noturno. - Se desejar verificar o efeito do exercício sobre a glicemia, recomende ao paciente controla-la a partir de meiahora após o fim da atividade. - Ensinar o paciente a controlar sua freqüência cardíaca. Referências 1. 2. 3. 4. Nora Mercuri, Daniel Assad. La práctica de actividad física en personas con diabetes tipo 2. Diabetes tipo 2 no insulinodependiente: su diagnóstico, control y tratamiento. Sociedad Argentina de Diabetes (SAD), 69-80, 1998. American Diabetes Association: Diabetes mellitus and Exercise (position Statement). Diabetes Care, 24;(1), jan 2001. Susan P Helmrich et al. Physical activity and reduced occurrence of non-insulin-dependent diabetes mellitus. New England Journal of Medicine. 1991;325(3):147-152. The Health Professional’s Guide to Diabetes and Exercice. N Rudeman, JT Devlin (eds). American Diabetes Association. Clinical Education Series, 1995. FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 10 Ficha Prática / Diabetes Clínica O diabetes na Internet Sites de órgãos de saúde ou de entidades especialmente dirigidas ao diabetes ou com seções em relação com diabetes International Diabetes Federation www.idf.org Joslin Diabetes Center www.joslin.org IDF South and Central América (SACA) Region www.nib.unicamp.br/SACA-brasil National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK) www.niddk.nih.gov/health/diabetes/ diabetes.htm Sociedad Argentina de diabetes www.pitt.edu/~imll/diabetes/SAD.htmail Fundación Diabetes Juvenil de Chile www.geocities.com/hotsprings/bath/8549/ index.htm American Diabetes Association (EUA) www.diabetes.org American Association of Diabetes Educators www.aadenet.org Asociación latinoamericana de diabetes (ALAD) www.pitt.edu/~imll/diabetes/alad.html Center for Chronic Disease Control www.cdc.gov/diabetes Clínica diabetológica www.clinidiabet.com Pan American health Organization (PAHO) www.paho.org The society for Endocrinology www.endocrinology.com St Vincent Declaration Program www.umds.ac.uk/diabetes-euro/svd_pcdg/ meetings/ic2_Brussels/index.htm World Health organization www.who.org Jornais e revistas www.diabetesvoice.com Brasil The Endocrine Society www.endo.society.org Ministério da Saúde www.saude.gov.br/programas/diabetes/ diabete.htm European Association for the Study of Diabetes www.easd.org Sociedade Brasileira de diabetes www.diabetes.org.br Fundación Iberoamericana de Diabetes www.sgkoala.com/fidiabetes German diabetes Forum www.diabetes-forum.com Federação Nacional de Associações de diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao diabético (ANAD) www.anad.org.br Insuline-Free World Foundation www.insulin-free.org www.tiojuliao.com.br (site de informação e educação em diabetes) International Diabetes Institue www.idi.org.au Diabetes Clínica www.atlanticaeditora.com.br International Diabetes Athletes Association (IDAA) www.diabetes-exercise.org Diabetes Clínica 05 (2001) 355 Calendário de Eventos Outubro de 2001 3 a 6 de outubro Avanços no diagnóstico e terapêutica das doenças neuroendócrinas Hospital Brigadeiro, São Paulo SP Informações: Serviço de Endocrinologia Hospital Brigadeiro Tel: (11) 3846-3272/3846-3273 Sra Marilene E-mail: [email protected] 4 a 6 de outubro IIo Congresso Internacional de Nutrição, Alimentação e Tecnologia - CINAT Centro de Convenções São Camilo, São Paulo SP Informações: SINESP (11) 3277-8422/8291, 278 7144 www.sindicatonutricionistas.com.br 7 a 10 de outubro Clinical Endocrinology Update 2001 Fairmont Hotel, Chicago, Illinois, EUA Informações: The Endocrine Society Tel: 1 (301) 941 0226 www.endo-society.org/scimeetings/ceu.cfm 10 a 14 de outubro XIIIo Congresso brasileiro de diabetes Riocentro - Rio de Janeiro, RJ Informações: JZCongressos Tel: (21) 286-2846/537-9134 E-mail: [email protected] 21 a 24 de outubro XIVo Congresso brasileiro de nutrição parenteral e enteral VIIo Congresso latino americano de nutrição parenteral e enteral IIo Congresso brasileiro de nutrição clínica Salvador, BA Informações: Eventus System Tel: (71) 264-3477 Fax: (71) 264-0508 E-mail: [email protected] 25 a 27 de outubro IIo Congresso Internacional de metabolismo ósseo e mineral Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro RJ Informações: Tempo Eventos Assessoria Tel/Fax: (21) 2235-0997 E-mail: [email protected] 31 de outubro a 2 de novembro Vo Congreso Cubano de Endocrinologia (Cocen 2001) La Habana, Cuba Informações: +37 327 275 E-mail: [email protected] Novembro de 2001 11 a 15 de novembro XIo Congresso ALAD – Association latinoamericana de diabetes IIIo Congresso Uruguaio de Diabetologia Punta del Este, Uruguai Informações: personas SRL, Av. 8 de octubre 2323, of. 305, Montevideo, Uruguai Tel: (5982) 408-1015/408-2951 E-mail: [email protected] 15 a 18 de novembro XIIIo Curso nacional de atualização em endocrinologia e metabologia Gramado, RS Organizacão: SBEM regional RS www.vjs.com.br Tel: (51) 330 1134 E-mail: [email protected] Cepafidia março a junho de 2002 2º Curso de capacitação para a prescrição e acompanhamento da atividade física em diabetes Este curso tem o objetivo específico de fornecer informações e construir o conhecimento com respeito aos métodos de aplicação da Atividade Física na prevenção e tratamento do Diabetes, onde serão abordados os seguintes temas: Epidemiologia, etiologia e fisiopatologia; Complicações agudas, micro e macro-vasculares; Terapêutica medicamentosa e nutricional; Avanços terapêuticos no tratamento; Aspectos psicodinâmicos; Fisiologia do exercício; Acompanhamento de adaptação do exercício frente às complicações concomitantes; Noções de Educação terapêutica. O curso terá carga horária de 48 horas/aula, distribuídos em 4 finais de semana, um encontro por mês e dividido em 02 módulos: 1º) Diabetes, da conceituação à atualização - será aberto a todos os profissionais e estudantes da saúde interessados no tema. 2º) Prescrição e acompanhamento da atividade física em Diabetes – exclusivo para médicos e profissionais da Educação Física condicionado à audiência do primeiro módulo. Informações: ANAD (11) 5572-6559 ou diretamente com o Prof. Cláudio Cancellieri (11) 4816-2596, E-mail [email protected] ou [email protected] Diabetes Clínica 05 (2001) 356 Dezembro de 2001 1 a 3 de dezembro IIo Encontro paranaense de Endocrinologia Informações: (41) 342-1415 Ramal 213 e 214 (Fax) E-mail: [email protected] 2 a 5 de dezembro 9th Congress of gynecological endocrinology Hong-Kong Informações: Biomedical Technologies Srl E-mail: [email protected] Janeiro de 2002 15 a 18 de janeiro 1st International Conference and World Fórum on Technology Transfer of Obesity and Nutrition Cairo, Egypt Informações: International Obesity Conference PO Box 5950 West Heliopolis, Cairo, Egypt Tel: 20 10 5678 123 E-mail: [email protected] Março de 2002 6 a 9 de março 5th International Symposium on Clinical Advances in Osteoporosis Informações: National osteoporosis Foundation Tel: 1 (202) 223 2226 E-mail: [email protected] Abril de 2002 8 a 11 de abril XXIo Reunion of British Endocrine Societies Harrogate, RU Informações: +44 1454 619 347 E-mail: [email protected] Maio de 2002 4 a 7 de maio 5th International Diabetes Federation Western Pacific Region Congress Pequim, China Informacões +86 10 6527-8803 Fax +86 10 6512-3754 E-mail: [email protected] Junho de 2002 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, California Informacões: www.diabetes.org Agosto de 2002 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity São Paulo, SP Informações: Abeso Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 Setembro de 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Budapest 5, POB 741 Hungary 1365 Tel: +36 1 269 5883 E-mail: [email protected] Outubro de 2002 4 a 6 de outubro XXIV Congressof Endocrinology and metabolic diseases of Turkey Istambul, Turquia Informações: +90 312 310 5350 E-mail: [email protected] www.semt.org.tr 5 a 9 de outubro VIo International Congress on Endocrine Diseases Teheran, Irã Inofrmações: +98 21 241 6282 E-mail: [email protected] www.erc-iran.com/iced Fevereiro de 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] Junho de 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org Agosto de 2003 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: www.idf.org Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 5 nº 6 - 2001) 357~428 EDITORIAL Projeto de lei proíbe associações de medicamentos, Marcio C. Mancini .................................................. 359 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ............................................................................................... 361 O DIABETES NA IMPRENSA ................................................................................................................... 373 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ............................................................................... 377 PRODUTOS E NOVIDADES Insuman Optiset (Aventis), GlucoMen (SCIL) Nouvelle Cuisine (Claris Alimentos), Xaropes Diet e Light (Saborama), Sorvetes Light (La Basque), Vidro de adoçante (Be Diet) ............................................ 389 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS .................................................................................... 391 ARTIGOS CIENTÍFICOS Avaliação da acuidade visual de pessoas que preparam doses de insulina no domicílio, Marta Maria Coelho Damasceno, Regina Lúcia Lino Marques, Ana Geyse Gomes da Silva, Geordany Rose de Oliveira Viana, Vanessa Lopes Alves, Maria Elisabeth Ribeiro da Silva, Virgínia Lany da Silveira ................................................................................................................................ 405 A importância da educação multidisciplinar na melhora da qualidade de vida do portador de diabetes, Lílian Fanny de Castilho, Fadlo Fraige Filho, Maria Salete Barbosa Lima ................................................ 408 A magnitude das alterações cutâneas, neurológicas, vasculares de extremidades inferiores de pessoas com diagnóstico de diabetes mellitus – Campanha de detecção e educação da ANAD, Mônica Antar Gamba, Odete de Oliveira, Fadlo Fraige Filho, Cleide Martinez, Márcia Yuriko Kajita ..... 414 O farelo de arroz como alimento com propriedades funcionais, Rita de Cássia de Carvalho, Rosa Nilda Mazzill, Ney Rodriguez Junior ...................................................... 419 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES Ações de combate à obesidade no Brasil: A Declaração de Brasília ............................................................. 424 CALENDÁRIO DE EVENTOS .................................................................................................................. 427 Assine a revista Diabetes Clínica e receba um CD-ROM com as edições anteriores 357 358 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlantica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2244-6471 Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 359 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL Projeto de lei proíbe associações de medicamentos Marcio C. Mancini Tendo em vista assuntos controversos e de grande interesse para a maioria dos endocrinologistas, convidamos o novo presidente eleito da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade - ABESO, Dr. Marcio C. Mancini, para escrever o editorial deste número de Diabetes Clínica – Fadlo Fraige Filho. Dr. Marcio C. Mancini, Endocrinologista, Presidente da ABESO No último dia 4 de dezembro, fui convidado, representando a ABESO, a comparecer em reunião de audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, no sentido de prestar esclarecimentos e de consultoria técnica em relação a detalhes do Projeto de Lei No 3.466 de 2000, de autoria do Deputado Fernando Coruja. O projeto propõe a proibição da fabricação, manipulação, comercialização ou dispensação de associações de dietilpropiona, femproporex e mazindol, tanto entre si quanto com outras substâncias de ação no sistema nervoso central (inclusive benzodiazepínicos) ou com drogas de atuação sobre o sistema endócrino; proíbe ainda a prescrição simultânea de anfetaminas com benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes. A regulamentação atual, embora suficiente, baseia-se em uma portaria ministerial e em uma resolução de Conselho de Medicina (Portaria da extinta Secretaria de Vigilância Sanitária No. 87/94 e Resolução do Conselho Federal de Medicina No. 1477/97). Uma lei federal forneceria o necessário e sólido respaldo legal que pode amparar melhor ações fiscalizatórias e punitivas firmes e legais nesse campo. Não é a primeira vez que a ABESO é consultada. No ano passado, houve algumas reuniões das quais a ABESO participou convidada pelo Ministério da Saúde a pedido do Grupo de Psicotrópicos da Comissão de Produtos para a Saúde do Mercosul. Nessas reuniões, foi representada pelos colegas Amélio F. de Godoy Matos e Walmir Coutinho. A ABESO não foi a única instituição consultada, mas participou de um Grupo Técnico Assessor de Estudos sobre Medicamentos Anorexígenos ao lado da CONATEM, Conselho Federal de Farmácia, Conselho Federal de Medicina e ANVISA. A proposta nessas reuniões era a proibição de dietilpropiona, femproporex e mazindol (industrializados ou manipulados). Frente aos números expostos de comercialização de anorexígenos no Brasil (dos quais mais de 90% manipulados), além dos conhecidos abusos na prescrição, associa- 360 Editorial - Diabetes Clínica 06 (2001) Continuação ções de laxantes, diuréticos e hormônios (que apesar de proibidos continuam a ser prescritos em cápsulas separadas), surgiu a proposta de proibir a manipulação, permanecendo no mercado as substâncias industrializadas à base de dietilpropiona, femproporex e mazindol, além de aumentar a fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre médicos e farmácias. É claro que dessa maneira, os profissionais honestos não envolvidos com práticas comerciais anti-éticas seriam também penalizados, mas foi a maneira encontrada de não proibir esses fármacos no país e de termos ainda uma alternativa terapêutica de baixo custo, acessível às camadas de renda mais baixa (onde, aliás, mais cresce a prevalência de obesidade), diferentemente de outros países onde já foram proibidos. A ABESO defende a manutenção dos anoréticos acima, porém repudia o envolvimento de médicos e farmacêuticos com más práticas. Em outubro, no V Congresso Latino-Americano de Obesidade, no Panamá, reuniram-se delegados de todas as Sociedades de Obesidade da América Latina, para atualização do Consenso. O Brasil foi representado pelo Dr. Walmir Coutinho e por mim. O capítulo está sendo redigido pelo Dr. Walmir Coutinho e mantém como agentes anti-obesidade: sibutramina, orlistat, dietilpropiona, femproporex e mazindol. Cita ainda que anti-depressivos como a fluoxetina podem ser úteis em casos selecionados, muito embora não sejam primariamente agentes anti-obesidade. O Consenso em breve estará disponível no nosso site: www.abeso.org.br. Diabetes Clínica 06 (2001) 361 Informes do Diabetes no Mundo Jo Ann H. Ahern et al., 61st Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association, Philadelphia, Pennsylvania, 22-26 de junho de 2001 Wilmore JH et al., Department of Health and Kinesiology, Texas A&M University, Metabolism 2001;50(11):1255-1263, novembro de 2001 Sobre a segurança das bombas de insulina para crianças Dois novos estudos fornecem dados contraditórios sobre eficácia e segurança das bombas de insulina em crianças portadores de diabetes de tipo 1. O primeiro estudo, realizado em 102 crianças com idade inferior a 12 anos, mostrou que a bomba é mais eficaz do que as aplicações de insulina para estabilizar a glicose sanguínea e não é responsável de efeitos adversos. Os pacientes usaram os sistemas durante 20 meses, e as crianças de idade préescolar durante 17 meses. O risco de hipoglicemia severa era de 0,2 evento por ano e por paciente dentre os que usaram a bomba. Infecções locais no lugar da bomba foram pequenas e facilmente tratadas com antibióticos. Segundo Jo Ann H Ahern, qualquer criança que quer usar a bomba pode ser candidato. Ela recomenda a bomba de insulina especialmente em crianças que fazem o controle da glicose pelo menos 4 vezes/dia, que apresentam hipoglicemias à noite e são comedores meticulosos. Mas os resultados do segundo estudo sugerem que o risco de cetoacidose pode aumentar com o uso da bomba. Os pacientes podem experimentar hipoglicemia, sede extrema e outras complicações se a bomba não é usada corretamente, segundo o Dr. Nicole Celona-Jacobs e colegas do Children’s Hospital of Philadelphia. Eles observaram 34 crianças, idade média 14 anos, que receberam múltiplas aplicações diárias de insulina ou terapia por bomba de insulina, durante um ano. O grupo com bomba apresentou um número significativamente mais elevado de eventos de cetoacidose e o IMC médio aumentou. Os pesquisadores concluíram que os pacientes que não podem controlar o diabetes, qualquer seja a idade, não são candidatos à bomba. Relação das mudanças em ginastica aeróbica máxima e submáxima e alterações nos fatores de risco para doença cardiovascular e diabetes tipo 2 após programa de treinamento de endurance – Estudo HERITAGE Family O objetivo deste estudo foi de determinar a relação entre as alterações da ventilação máxima VO2 máx e os marcadores submáximos de ginástica aeróbica e as alterações nos fatores de risco para doença cardiovascular e diabetes tipo 2 após um programa de treinamento de endurance de 20 semanas. Os 502 participantes do estudo eram todos saudáveis e anteriormente homens (n = 250) e mulheres (n = 252) sedentários de várias idades (17 para 65 anos) e raça (negros n = 142; brancos n = 360), que completaram o protocolo de teste e treinamento do Heritage Family Study. Em função das medições 362 Informes do Diabetes no Mundo / Diabetes Clínica 06 (2001) Continuação iniciais, os participantes treinaram em bicicletas ergométricas 3 dias/semana por sessões de 60 exercícios iniciando com freqüência cardíaca associada com 55% da VO2 máx durante 30 minutos por sessão. Isto foi progressivamente aumentado para a freqüência cardíaca associada a 75% da VO2 máx durante 50 minutos por sessão, o que foi mantido durante as 6 últimas semanas. Foram medidos antes e depois do treinamento VO2 máx, freqüência cardíaca, força a 60% do VO2 máx, lípides e lipoprotéinas, pressão sanguínea de repouso, composição corporal e gordura abdominal por tomografia computadorizada, glicose sanguínea, insulina de repouso e no pico após teste de tolerância à glicose. Apos treinamento, foram observados aumentos significativos em VO2 máx (16%), força a 60% do VO2 máx, e diminuição significativa da freqüência cardíaca. Estas alterações em marcadores de fitness foram significativamente correlatas só com variáveis de composição corporal, lípides e lipoproteínas. Foi observada uma variação individual considerável para todas as variáveis estudadas. No final, quando os dados de fatores de risco foram analisados em função das alterações da VO2 máx, foram observadas poucas relações significativas. Concluímos que existe uma relação significativa entre as alterações em marcadores de fitness aeróbica e as alterações dos fatores de risco para doença cardiovascular e diabetes. Todavia, a amplitude dessa relação é pequena. Stalhammar J, Berne C, Svardsudd K Department of Public Health and Caring Sciences, Uppsala University, Sweden Scand J Prim Health Care 2001;19(3):163-9, setembro de 2001 As recomendações são úteis? Estudo populacional do uso das drogas anti-diabéticas durante 20 anos Objetivo: Analisar o uso de drogas anti-diabéticas em uma população definida, durante 20 anos, em função das recomendações dos guidelines. Desenho: Todos os registros dos pacientes diabéticos do hospital do município de Tierp e todas as receitas para drogas antidiabéticas do período 19751994 foram coletados nas farmácias locais. Foram coletados dados de 2125 pessoas, representando a observação de 13.190 pessoas/ano. Resultados: A prevalência anual do diabetes mellitus aumentou de 2,8% (565 pacientes) para 3,8% (734 pacientes). Quando as recomendações enfatizam a dieta, a tratamento com dieta aumentou e o tratamento farmacológico diminuiu. Quando as recomendações enfatizaram melhor o controle glicêmico, a dieta diminuiu e o tratamento com biguanidas aumentou, e quando as recomendações enfatizaram o controle glicêmico rigoroso, o tratamento com dieta diminuiu ainda mais e o uso de sulfoniluréias e insulina aumentou. As diferenças significativas de idade e sexo no uso de drogas anti-diabéticas no início do período diminuíram durante o período. Conclusões: As alterações significativas no uso das drogas anti-diabéticas durante o período coincidiram com as alterações das recomendações. As diferenças ligadas a idade e sexo foram menos significativas no fim do período de estudo. Trost S, LeWinter M Division of Cardiology, University of Vermont College of Medicine Current treatment options in cardiovascular medicine 2001, 3(6):481-492, dezembro de 2001 Cardiomiopatia diabética Diabetes mellitus é um fator de risco maior para o desenvolvimento da doença cardíaca congestiva. A cardiomiopatia diabética foi reconhecida como doença distinta e risco adicional para os pacientes diabéticos que desenvolvem uma doença cardíaca congestiva, especialmente quando apresentam hipertensão ou doença arterial coronariana epicardíaca. Em mais, a cardiomiopatia diabética favorece a congestão cardíaca, mesmo quando não existem outros fatores de risco. Como a combinação de diabetes e hipertensão é par- Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) 363 Continuação ticularmente perigosa, o controle da pressão sanguínea com objetivo 130/85 mm Hg é de importância capital. A primeira escolha de tratamento são os inibidores da enzima de conversão da angiotensina. O tratamento com duas ou três drogas é freqüentemente necessário para obter um controle adequado. O risco aumentado de doença arterial coronariana epicardíaca em pacientes diabéticos necessita um tratamento rigoroso da dislipidemia. Se o paciente apresenta cardiomiopatia com fração de ejeção diminuída, a terapia exige inibidores da enzima de conversão da angiotensina, digoxina, diuréticos, βbloqueadores e espironolactonas. Quando a disfunção cardíaca consiste em diminuição da função diastólica, o controle da freqüência cardíaca com βbloqueador ou antagonista do cálcio é particularmente importante. O controle da glicose sanguínea deve ser obtido, com meta de HbA1c < 7%. A hiperinsulinemia deve ser evitada quando possível; os agentes sensibilizadores à insulina devem ser preferidos aos agentes que melhoram a secreção de insulina. Sintomas de congestão cardíaca e de congestão descompensada devem ser tratados como em pacientes não diabéticos. O tratamento de pacientes diabéticos deve sempre incluir mudanças no estilo de vida como cessação do tabagismo, diminuição da obesidade, exercício regular e dieta saudável para o coração. Tan RS, Department of Family Practice & Community Medicine, University of TeArch Androl 2001;47(3):185-9, dezembro de 2001 Perda de memória como sintoma de andropausa Autran D et al., Hopital de l’Antiquaille, Lyon Metabolism 2001 Nov;50(11):1330-1335, novembro de 2001 Andropausa parece ser menos definida do que menopausa. Este estudo em pacientes idosos mostra como eles percebem e entendem o processo de envelhecimento. Este estudo não-intervencional foi realizado para determinar o que os homens reportam como sintomas da andropausa e confirmar se a perda de memória é um fator predominante. A hipótese é que os androgênios como a testosterona são responsáveis para o desenvolvimento da memória. Como o processo da andropausa é associado à diminuição dos níveis de testosterona, poderia também mostrar perda significativa de memória. Um questionário padronizado de 22 perguntas foi preenchido por 302 pacientes de um centro médico. Informações sobre o paciente, entendimento da andropausa e fatores de risco foram coletados. Dentre os 302 pacientes, 71% eram acima de 60 anos e 87% eram brancos. Perda de memória foi reportada em 36% dos pacientes que estimaram experimentar o processo de andropausa. A perda de memória é o terceiro sintoma mais comum após a disfunção erétil (46%) e a fraqueza geral (41%). 22% dos 302 pacientes tinham um histórico de diabetes. Dentre os pacientes que reportaram estar no processo de andropausa, são os pacientes diabéticos que reportaram mais distúrbios de memória (p = 0,03, OR = 1,9, CI = 1,1-3,4). 64% dos pacientes reportaram que o início da andropausa é entre 50 e 70 anos (a idade média sendo 50-60 anos). Este estudo demonstra a importância da testosterona para manter as funções cognitivas e reforça os estudos que preconizam a reposição em testosterona em homens no processo de andropausa e que apresentam demência concomitante. Diabetes é associado à perda de memória, em razão dos distúrbios adicionais da função cognitiva do cérebro provocados pela isquemia. Fluxo de colesterol basal e pós-prandial em indivíduos normolipidémicos: importância da distribuição da massa adiposa Excesso de tecido adiposo pode alterar o transporte reverso do colesterol regulado pela lipoproteina HDL. Alterações deste sistema pode ser um fator possível favorecendo o desenvolvimento da aterosclerose na obesidade. Para investigar se sexo e distribuição regional da massa adiposa 364 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) Continuação têm influência independente sobre o transporte reverso do colesterol, estudamos in vitro a capacidade do soro para promover o fluxo de colesterol da célula. Medições foram realizadas de jejum e em pós-prandial, status conhecido por estimular o transporte do colesterol e alterado na obesidade. 13 mulheres obesas com fenótipo andróide, relação cintura/quadril: 0,98 para 0,85 e 51 indivíduos com peso normal: 25 mulheres e 26 homens, com relação cintura/quadril 0,96 para 0,67 foram recrutados. Todos os participantes eram normo-lipoproteinémicos no estado de jejum e receberam uma dose de carga em gordura. Amostras de sangue foram coletadas antes o teste de carga em gordura e cada 2 horas depois. As medições da capacidade do soro para promover o fluxo de colesterol das células foram realizadas usando célula de hepatoma (3)H-cholesterol Fu5AH, no estado de jejum, 6 e 8 horas após a refeição rica em gordura. Triglicérides, iAUC e AUC de palmitato retinil para as mulheres obesas e os sujeitos não-obesos eram similares. O fluxo de colesterol basal diminuiu em mulheres obesas quando comparadas com mulheres com peso normal (26,75% ± 3,1% vs. 30,81% ± 4,2%, P = 0,004). Todavia, a magnitude do fluxo de colesterol promovido pelo soro inteiro aumentou em todos os grupos. Em sujeitos com relação cintura/quadril similar, nenhuma diferença de sexo foi observada na resposta dos triglicérides pós-prandiais nem na primeira etapa do transporte reverso de colesterol. Análise de regressão indica que a concentração de HDL-colesterol plasmático é o melhor prognosticador do fluxo de colesterol em estado de jejum com um leve efeito adicional independente da relação cintura/quadril. O fluxo pósprandial aparece mais bem ligado à relação cintura/quadril com um leve efeito adicional de HDL-C. Nossos resultados indicam que alterações na primeira etapa do transporte reverso do colesterol podem ocorrer em sujeitos obesos normo-lipidémicos e são associadas à distribuição abdominal da massa adiposa. A obesidade andróide em mulheres as colocam ao nível dos homens no que diz respeito a transporte reverso de colesterol. Lai SW, Ng KC, Lin HF, Chen HL. Department of Community Medicine, China Medical College Hospital, Taichung City, Taiwan, Yale J Biol Med 2001;74(4):205-10, agosto de 2001 Associação entre obesidade e hiperlipidemia em crianças Introdução: Este estudo foi realizado para mostrar a associação entre obesidade e hiperlipidemia em crianças. Métodos: Em março de 2000, observamos 2011 crianças de uma escola de primeiro grau em Taichung City, Taiwan. Para estudar a associação entre obesidade e hiperlipidemia, usamos o teste t, qui quadrado, e a regressão logística multivariante. Resultados: As crianças eram 1057 garotos (52,56%) e 954 garotas (47,44%). A idade média era 7,27 ± 0,46 anos. A proporção de sobrepeso era 11,07% em garotos e 11,64% em garotas. A proporção de obesidade era 14,19% em garotos e 12,89% em garotas. Após controle das outras variáveis, a análise regressiva mostrou que o sobrepeso era associado com um nível baixo de HDL colesterol. Obesidade era associada com hipertrigliceridemia, nível elevado e LDL colesterol, e nível baixo de HDL colesterol>. Conclusões: Nossos achados mostraram que a prevalência de sobrepeso e obesidade é elevada em crianças. Intervenções precoces para controlar e prevenir a obesidade da criança devem ser realizadas. Obesidade é associada com hiperlipidemia em crianças. Um estudo de grande porte deve ser realizado para estabelecer a relação causal entre obesidade e hiperlipidemia. 366 G. Davey Smith et al., Journal of Epidemiology and Community Health 2001;55:867-872, novembro de 2001 Brian Wilson et al., Proceedings of the National Academy of Sciences 2001;98:13838-13843, novembro de 2001 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) Estudo associa pernas curtas a diabetes e doença cardíaca Ter pernas curtas pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes ou de doença cardíaca, segundo um estudo inglês. Não é claro porque o comprimento das pernas pode ser associado a estas doenças. Uma hipótese seria que o comprimento das pernas é relacionado à nutrição na infância, que pode ter efeitos a longo prazo sobre a saúde. A equipe inglesa coletou amostras de sangue e mediu o tamanho das pernas de 2.500 homens de 45-59 anos. A saúde dos participantes foi seguida durante 15 anos através de consultas repetidas. Os homens que tinham pernas curtas apresentavam mais risco de desenvolver resistência à insulina. Esses homens mostraram também níveis menos favoráveis de gorduras no sangue, e níveis mais elevados de fibrinogênio. Todos esses fatores podem aumentar o risco de doença cardiovascular. O tamanho das pernas é o componente da altura associada à resistência à insulina e ao risco de doença arterial coronariana, segundo os pesquisadores, que podem demonstrar que a associação inversa é especifica do comprimento das pernas, o que se verifique com o comprimento do tronco. Estudos anteriores acharam associações entre o tamanho da pessoa e o risco de doença cardíaca. Estudo sugere nova hipótese para a prevenção do diabetes tipo 1 Em uma pesquisa que poderia ser um novo caminho para o desenvolvimento de uma terapia preventiva do diabetes tipo 1, um equipe de científicos mostrou que é possível prevenir o distúrbio em um grupo de ratos pela manipulação de células do sistema imunológico. As células, conhecidas como células iNKT, previnem o sistema imunológico do ataque a tecido saudável. No diabetes tipo 1, o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina do pâncreas, o que necessite o uso de insulina injetável para sobreviver. Estudos anteriores mostraram que uma diminuição do número de células iNKT pode inaugurar ou piorar o diabetes em ratos pré-diabéticos. O estudo atual explica exatamente como funcionam essas células. As células iNKT funcionam em um modo similar em ratos e em humanos, e as técnicas para aumentar a produção destas células poderiam ser a base de tratamentos preventivos para as pessoas que apresentam um risco genético de diabetes. As células iNKT impedem o sistema imunológico atacar os tecidos sãos na presença de uma molécula especifica de gordura, a a-galactosylceramide (a-GalCer). Esta e outras moléculas de gordura são transportadas por proteínas na superfície de componentes do sistema imunológico, conhecidos como as células dendriticas. Quando injetado em ratas pré-diabéticas, a molécula de gordura previne a desenvolvimento do diabetes. Quando os pesquisadores apagaram um gene que regula as proteínas nas células dendriticas, elas eram incapazes de produzir a a-galactosylceramide. Resultado: as células iNKT não eram ativadas e os ratos desenvolveram um diabetes. O impulso das células iNKT, possivelmente pela administração de a-galactosylceramide, poderia ajudar a prevenir o diabetes em pessoas que apresentam condições pré-diabéticas. “Nosso estudo sugere um novo mecanismo de ação que poderia em teoria ser utilizado para prevenir o diabetes e ajudar no processo de implantação de ilhotas transplantadas. Ele poderia prevenir o diabetes tipo 1 em indivíduos a risco e ajudar os pacientes que perderam suas ilhotas, substituindo as ilhotas destruídas pelas transplantadas”, explicou Wilson. 368 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) Richard Freeman Research Institute, Alton Ochsner Medical Institutions, New Orleans The Journal of Nutrition, 2001;131:2805S-2808S, outubro de 2001 Graydon S. Meneilly et al., Diabetes Care 24:1951-1956, novembro de 2001 Indução viral do diabetes tipo 2 e doença auto-imune do fígado Estudos transversais realizados no mundo mostraram que o vírus da hepatite C é associado ao diabetes tipo 2, mas esse tipo de doenças endócrinas ou hepáticas tem um início silencioso, o que dificulta comprovar que o paciente contratou a hepatite antes do desenvolvimento do diabetes. Pesquisas em animais ou in vitro são então necessárias para estabelecer a relação entre hepatite C e diabetes. Desenvolvemos um modelo in vitro para estudar a indução viral de uma cirrose primária biliar (CPB) baseada no fenótipo de células biliares epiteliais doentes. Os pacientes portadores de CPB produzem anticorpos antimitocondriais e exprimam proteínas reativas a esses anticorpos em seu epitélio biliar. Achamos que as células do epitélio biliar normal desenvolvem as manifestações do fenótipo de CPB especialmente quando cultivadas com linfonodos de pacientes CPB e não com células hepáticas doentes de indivíduos controle. Clonamos um retrovírus humano de uma biblioteca cDNA de epitélio biliar CPB e confirmamos que o desenvolvimento do fenótipo CPB in vitro coincida com a presença do vírus. Em estudos clínicos usando a terapia antiretroviral, observamos uma reversão da dutopenia como também melhoras na bioquímica histológica e hepática de pacientes portadores de CPB. Como os postulados de Koch não são aplicáveis às doenças crônicas, usamos o modelo de transmissão viral in vitro e estudos clínicos antimicrobiais in vivo para estabelecer a relação causal com uma infecção a retrovírus e a manifestação fenotípica da doença. Efeito de GLP-1 sobre a glicose não mediada por insulina em pacientes diabéticos idosos Uma causa importante dos níveis elevados de glicose em pacientes idosos portadores de diabetes é uma alteração na entrada de glicose não controlada por insulina (NIMGU). O peptídeo glucagon-like 1 (GLP-1) é um hormônio intestinal insulinotrópico. Foi proposto que este hormônio baixe os níveis de glicose por aumento de NIMGU. O estudo foi conduzido para determinar se GLP-1 aumenta NIMGU em pacientes idosos portadores de diabetes, grupo no qual NIMGU é geralmente diminuído. Estudos foram feitos em 10 pacientes portadores de diabetes tipo 2 (idade 75 ± 2 anos, IMC 27 ± 1 kg/m2) que participaram de experiências de clamp de glicose. Em cada estudo, octreotide foi aplicado para suprimir a produção de insulina endógena. Durante os primeiros 180 minutos, nenhuma glicose foi aplicada. De 180 para 240 minutos, a glicose aumentou par 11 mmol/l, usando o protocolo de clamp de glicose. No estudo GLP-1, GLP-1 foi aplicado de 30 para 240 minutos. Em um estudo de controle posterior, insulina foi aplicada usando o protocolo de clamp de glicose de 30 para 240 minutos para igualar os níveis de insulina ocorridos durante o estudo de aplicação de GLP-1. Durante a hiperglicemia, GLP-1 aumentou a glicose (estudo controle: 2,52 ± 0,19 mg · kg–1 · min–1; estudo GLP-1: 2,90 ± 0,17 mg · kg–1 · min–1; P < 0.0001). A liberação de glicose hepática não foi diferente entre os estudos. Concluímos que GLP-1 pode reverter parcialmente o defeito em NIMGU que ocorre em pacientes idosos portadores de diabetes. Assali AR et al., Cardiology Department, Rabin Medical Center, Beilinson Campus, Petah Tiqva, Sackler Faculty of Medicine, Tel Aviv University, Tel Aviv, Israel, J Endocrinol 2001 Nov;171(2):293-8, novembro de 2001 Resistência à insulina na obesidade: peso corporal ou balanço energético? A diminuição do peso é recomendada para o tratamento do indivíduos portadores de resistência à insulina; todavia, a importância relativa da diminuição da gordura corporal ou o balanço energético negativo obtido durante uma dieta hipoenergética na melhora da síndrome metabólica é ainda em 370 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) Continuação discussão. Estudamos o seu impacto relativo sobre a melhora das anormalidades metabólicas associadas à resistência à insulina em indivíduos obesos. 12 sujeitos obesos (6 homens e 6 mulheres, IMC 36,1 ± 4,7 kg/m2), idade 3857 anos foram investigados. Durante o primeiro período eles foram alimentados por dieta hipoenergética de 6 semanas. Durante a segunda fase, consumiram uma dieta iso-energética. Durante a terceira fase, os participantes voltaram à dieta hipoenergética. A sensibilidade à insulina foi avaliada por um teste de tolerância à glicose. Todos os participantes diminuíram de peso durante os dois períodos hipoenergéticos: 5,49 ± 0,75 e 2,32 ± 0,37%, média ± DP, P < 0,005. Um terço da perda foi obtido durante a primeira semana de cada período. Sensibilidade à insulina aumentou em 353 ± 121 e 147 ± 38% (P < 0,005), no final dos dois períodos hipoenergéticos. Dois terços dessa melhora foram observados durante a primeira semana de cada período. Durante o período de manutenção do peso com a dieta iso-energética, sensibilidade à insulina diminuiu em 43,5 ± 7,9% (P < 0,002). Os níveis plasmáticos de leptina e triglicérides seguiram o mesmo modelo, mas em um grau inferior. Podemos concluir que o balanço energético negativo é mais eficaz quando comparado com a manutenção de um peso estável para melhorar os parâmetros metabólicos da síndrome de resistência à insulina. Reuben A, Liver Service and Liver Transplant Program, Medical University of South Carolina, Charleston, SC Manutenção a longo prazo do paciente com transplante de fígado: diabetes, hiperlipidemia e obesidade Hak AE et al., Department of Epidemiology & Biostatistics, Erasmus Medical Center Rotterdam, 3000 DR Rotterdam, The Netherlands. Diabetes Care, 24, setembro de 2001 A sobrevida a longo prazo aumenta após transplantação do fígado, o que faz que as complicações cardiovasculares representam a maior causa de morbidade e mortalidade tardias. Parece razoável corrigir os fatores de risco cardiovasculares potencialmente reversíveis, como diabetes, hiperlipidemia, obesidade e hipertensão. Os resultados da transplantação do fígado são aceitáveis em pacientes diabéticos em termos de morbidade, mortalidade e prevalência de diabetes pós-transplantação, mais os resultados fracos descritos em várias séries sugerem que testes mais rigorosos de doença micro ou macrovascular devem ser empregados. A manutenção do diabetes em recebedores de fígado não é substancialmente diferente do tratamento do diabetes em pessoas não transplantadas, fora da diminuição dos esteróides. Hiperlipidemia ocorre em todas as transplantações de órgãos sólidos, com taxas de prevalência menores para os recebedores de fígado. Após transplantação de fígado, 15 a 40% dos recebedores apresentam um aumento dos níveis de colesterol plasmático e 40% apresentam hipertrigliceridemia. As modificações da dieta, a redução de peso, exercícios e uso das estatinas são as características essenciais do tratamento. Estudos retrospectivos sugerem que a sobrevida a longo prazo dos recebedores obesos após transplante do fígado não diferem dos de recebedores não-obesos. O ganho de peso pós-transplante ocorre em muitas pessoas, e aproximadamente dois terços dos transplantados apresentam um sobrepeso. O tratamento da obesidade pós-transplante não é diferente do da obesidade em pessoas não transplantadas. Marcadores de inflamação e moléculas de adesão celular em relação à resistência à insulina em idosos não-diabéticos A resistência à insulina, com prevalência elevada nos idosos, poderia ser acompanhada por um aumento da resposta da fase aguda. Até hoje, não é claro se as moléculas de adesão celular são envolvidas na síndrome da resistência à insulina. Neste estudo, investigamos a associação da resistência à 372 Continuação Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 06 (2001) insulina (medida pela insulina pós-carga) com níveis de marcadores de inflamação e moléculas de adesão celular em uma amostra randomizada de 574 homens e mulheres idosos não diabéticos, participando do Rotterdam Study. Associações foram avaliadas por análise de regressão. Em nossa população insulina foi forte e significativamente (P < 0.001) associada com os marcadores de inflamação proteína C-reativa [1,52 (0,96-2,08)], alpha-1-antichymotrypsin [1,25 (0,82-1,69)], e IL-6 [2,60 (1,69-3,52)], ajustados por idade e sexo. Associações diminuíram após ajuste adicional por obesidade, tabagismo e doença cardiovascular. Insulina foi associada com a molécula 1 de adesão intercelular solúvel [2,22 (1,29-3,16; P < 0,001)], enquanto que nenhuma associação com a molécula de adesão celular vascular solúvel foi encontrada. A força das associações da insulina com a proteína C-reativa, alpha-1antichymotrypsin, IL-6 e molécula 1 de adesão intercelular solúvel, com avaliada pelos coeficientes de regressão padronizados, foi comparável à força das associações da insulina com colesterol HDL, IMC, relação cintura/quadril. Os resultados deste estudo populacional indicam que inflamação de baixo grau, molécula 1 de adesão intercelular solúvel, molécula de adesão celular fazem parte da resistência à insulina em idosos não-diabéticos. Esses fatores podem contribuir à associação bem conhecida entre resistência à insulina e risco de doença cardiovascular e poderiam ser objetivos terapêuticos em indivíduos resistentes à insulina. Diabetes Clínica 06 (2001) 373 O Diabetes na Imprensa Cuidado com o diabetes Exame, 14 de novembro de 2001, Fadlo Fraige Filho A incidência de casos de diabetes vem crescendo nos últimos anos. A alimentação incorreta e o sedentarismo que caracteriza a evolução tecnológica colaboraram para levar milhões de pessoas à obesidade típica dos países desenvolvidos. Essas condições, aliadas ao estresse da vida moderna, são determinantes no desenvolvimento do diabetes melito, doença classificada pela Organização Mundial da Saúde como uma epidemia emergente. Sua incidência na população em geral varia de 8 a 14%. Em faixas etárias acima de 60 anos, cresce assustadoramente de para 17% a 30%. Os dados atuais mostram que cerca de 160 milhões de pessoas são portadoras de diabetes no mundo. Estimativas indicam que esse número dobrará nos próximos 25 anos. (...) A detecção do diabetes melito tipo 2 é mais difícil, pois sua evolução é lenta e silenciosa. Há casos em que a doença demora sete anos para ser descoberta. Isso faz com que 50% dos pacientes já apresentam complicações graves e irreversíveis quando a doença é diagnosticada. Muitas vezes o diagnóstico é feito nos prontos-socorros, onde o primeiro sintoma é o infarto do miocárdio ou o acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como “derrame”. Esses podem ser sintomas de arteriosclerose causada pelo diabetes, responsável por 75% dos óbitos entre os portadores da doença. Algumas vezes a doença é detectada depois de o paciente apresentar complicações renais. O diabetes é hoje a principal causa de insuficiência renal: 40 a 45% dos pacientes que fazem hemodiálise são portadores de diabetes. A atividade física é de muita importância para o consumo da glicose sanguínea pelos músculos, melhorando o controle quando feita regularmente. O exercício também produz um reforço e estimulo da microcirculação das pernas, das artérias carótidas e cerebrais, melhorando as condições cardio-circulatórias, evitando as complicações tromboembolicas nessas regiões. Quando dieta e exercício não são suficientes para o controle da glicemia, medicações orais deverão ser prescritas. A adequação do tratamento e a escolha de cada medicação, bem como a combinação deles, caberão ao medico endocrinologista. Novas drogas foram lançadas nos últimos anos, ampliando as opções e facilitando o tratamento. Elas atuam diretamente no gene que causa o diabetes, diminuindo a resistência do organismo à ação da insulina. Outras promovem uma rápida secreção de insulina após as refeições, o que ajuda a controlar o pico da glicose no sangue. Também já existem no mercado insulinas de ação ultra-rápida que imitam o perfil da ação da insulina natural do corpo humano. Até 2003 deverão ser lançadas as insulinas inaladas, que substituirão as injeções pré-alimentares. As insulinas de ação lenta e regular nas 24 horas do dia constituirão opções 374 Continuação O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 06 (2001) mais avançadas da insulinoterapia. Os transplantes combinados de rim e pâncreas também estão evoluindo e são uma esperança para os portadores de diabetes de tipo 1 em fase de insuficiência renal. Apesar do diabetes acarretar complicações severas que podem comprometer visão, rins, artérias coronárias, cerebrais e das pernas, é uma doença benigna se diagnosticada precocemente. Quando tratada adequadamente com bom controle glicêmico, todas as complicações poderão ser evitadas. Vida saudável previne diabetes tipo 2 28 de outubro de 2001 Está provado. Dieta e exercício físico previnem o diabetes tipo 2 naqueles pacientes que conseguem reduzir o peso. De acordo com estudo americano, o índice de sucesso foi de 58% entre pessoas com grandes chances de desenvolver a doença que se exercitaram, em média, 30 minutos por dia e perderam até 7% do peso. Os resultados podem ser ainda melhores se um remédio já utilizado para combater a doença, a acarbose (Glucobay), for administrado preventivamente em conjunto com ginástica e regime. Exercício, dieta e acarbose juntos foram 33% mais eficientes na prevenção do que a combinação de ginástica e regime, segundo um estudo de Montreal. “Somando resultados, podemos dizer que é possível prevenir a doença na maioria dos casos”, afirma o chefe do departamento de Endocrinologia do Hospital Heliópolis de São Paulo, Freddy Goldberg Eliaschewitz. Outro droga, a metformina (Dimefor, Gliformin e Glucophage), também utilizada no controle da doença, reduziu o risco de evolução para diabetes em 31% dos casos estudados no levantamento norte-americano. Essas pessoas receberam apenas orientação alimentar e de exercício, mas não seguiram um programa específico. “Os resultados com os remédios abram perspectivas para as pessoas que não conseguem resultados com atividade física e dieta”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, José Egídio Paulo de Oliveira. “Com certa frequência, a mudança de hábito em adultos não é fácil”, diz. As pessoas que mais correm risco de desenvolver a doença são aquelas que têm índices de glicose no sangue acima do normal, mas que ainda não podem ser consideradas como diabéticas. São os intolerantes à glicose. Elas costumam estar acima do peso e têm histórico familiar da doença. Raramente apresentam sintomas, mas algumas podem ter triglicérides (tipo de gordura que pode favorecer o entupimento de vasos) aumentados, pressão alta e taxas baixas do HDL, conhecido como colesterol “bom”. Nos Estados Unidos, 10 milhões de pessoas são intolerantes à glicose. Segundo Oliveira, estima-se que no Brasil o número seja semelhante. De acordo com dados do governo norte-americano, até 10% dos intolerantes à glicose desenvolvem diabetes a cada ano. A gordura é a principal “vilã” do diabetes tipo 2, principalmente quando está localizada na barriga. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Amélio de Godoy Matos, essa gordura é metabolizada em ácidos graxos livres, que afetam as células do pâncreas produtoras de insulina. Enquanto dieta e exercício agem diretamente sobre a gordura, os remédios, administrados em comprimidos, facilitam o trabalho das células produtoras de insulina. Outras drogas como o orlistat (Xenical), que impede a absorção de gordura, também estão sendo estudadas para prevenir o diabetes. De acordo com Matos, apesar de os resultados com remédios serem estimulantes, ainda não se sabe por quanto tempo eles podem prevenir a doença. No estudo com a acarbose ficou provado que, quando os pacientes paravam de tomar a droga, as taxas de glicose voltavam a crescer. O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 06 (2001) 375 Droga melhora produção de insulina 28 de outubro de 2001 Estudos mostraram que a acarbose, além de diminuir a absorção de carboidratos, também estimula a produção de um hormônio intestinal, o GLP-1, que multiplicaria o número de células produtoras de insulina no pâncreas. “A acarbose tem um efeito bárbaro”, afirma o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz. Uma nova insulina injetável, a glargina, que mantém sua ação durante todo o dia, chega no Brasil no próximo ano. De acordo com o endocrinologista Eliaschewitz, a vantagem sobre outras é o fato de diminuir a instabilidade do diabético. Ao entrar em contato com o sangue do paciente a glargina forma pequenos cristais, que são absorvidos lentamente. “O paciente não vive em uma montanha russa”, afirma o endocrinologista. O fim das picadas 28 de outubro de 2001 A primeira coisa que o estudante Daniel Palma Rinder, 12, fazia logo depois de pular da cama, à 6h15, era dar uma picadinha na ponta do dedo para medir a quantidade de açúcar no sangue, seguida da primeira injeção de insulina do dia na barriga. A incômoda tarefa se repetia à 13h, antes de almoçar, e às 19h, antes de jantar. Há 25 dias, a rotina de Daniel mudou, graças a um aparelho pouco maior que um cartão de credito, que ele carrega acoplado na cintura. É uma bomba eletrônica de insulina, permanentemente ligada ao corpo, programada para fazer as medições e a dosagem necessária. Daniel festeja a redução das picadas. No Brasil, ainda são poucos os pacientes que estão usando a bomba. A de Daniel sai por cerca de R$ 8.500,00 incluindo o programa de treinamento que ensina o paciente a lidar com a máquina. Os gastos mensais para a manutenção e acessórios variam de R$ 220 a R$ 260, dependendo da dose diária de insulina consumida. O endocrinologista Julio Abuchan, professor da Unifesp e médico de Daniel, diz que o novo equipamento previne as complicações a longo prazo, além de possibilitar uma vida muito mais flexível ao paciente que depende de insulina. Outra vantagem, é que o uso do equipamento libera o paciente de dietas rígidas. A alimentação passa a ser normal, em quantidade e qualidade, o que inclui a possibilidade de ingestão de açúcar. Diabetes fitness 24 de novembro de 2001 Uma pesquisa feita pelo Instituto de Biociências da UNESP – Universidade Estadual Paulista, campus Rio Claro, revela que a prática de exercícios físicos beneficia tanto os portadores de diabetes tipo 1 que atinge os jovens, quanto os do tipo 2. O estudo da bióloga Eliete Luciano comprova que a contração muscular, provocado pelo exercício, ajuda o organismo a assimilar boa parte do excesso de açúcar no sangue: “Descobrimos que esse mecanismo de captação de glicose funciona independente da ação da insulina”. Uma das respostas do organismo ao exercício físico é a imediata melhora da fadiga e o controle do peso. Eliete recomenda natação e caminhadas: “A natação envolve os grandes grupos musculares e aumenta a captação de glicose”. As caminhadas são especialmente indicadas para casos de diabetes tipo 2, onde entra o grupo de idosos e obesos. O ideal é andar entre 20 e 30 minutos por dia, começando gradualmente, com 15 minutos.. Mas a pesqui- 376 Continuação O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 06 (2001) sadora adverte: exercitar-se regularmente não significa que o diabético vai ficar livre da dieta, da restrição ao açúcar, nem da insulina. Choques no estômago 21 de novembro de 2001 Nos casos graves de obesidade, um procedimento muito utilizado hoje em dia é o da cirurgia de redução do estômago. O órgão é cortado, grampeado, amarrado ou estrangulado. Dessa forma, diminui a capacidade de a pessoa ingerir comida e, conseqüentemente, faz com que ela emagreça. Uma das novidades em testes é o IGS, sigla para Implantable Gastric Stimulation System. Trata-se de um aparelho que funciona nos moldes do marcapasso usado para regular os batimentos do coração. Implantada sob a pele, na região situada logo abaixo da cintura, a engenhoca bombardeia a parede externa do estômago com pequenas descargas elétricas. Ininterruptos, os choquinhos, por motivos ainda não bem esclarecidos, aumentam a sensação de saciedade. Uma das explicações prováveis para esse efeito é que os impulsos elétricos alteram de tal modo os movimentos do estômago que o cérebro é informado de que ele não está vazio. Idealizado pelo cirurgião italiano Valério Cigaina e fabricado pela empresa americana Transneuronix, o marcapasso gástrico está sendo testado desde 1995 em vários paises. Ainda neste ano, deve ser autorizada a experiência em obesos brasileiros. Proteína contra o diabetes 5 de dezembro de 2001 Pesquisa realizada pelo laboratório farmacêutico israelense Peptor, da cidade de Rehovot, dá esperança aos novos pacientes diabéticos tipo 1. Nesse tipo da enfermidade, o sistema imunológico da pessoa ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Os pacientes normalmente precisam injetar-se insulina com regularidade para sobreviver. O laboratório testou em 35 pacientes a proteína Diapep277, que se mostrou capaz de impedir a destruição das células produtoras de insulina. O resultado indica que o tratamento à base dessa proteína pode deter o diabetes se descoberto ainda em estágio inicial. Diabetes Clínica 06 (2001) 377 Avanços terapêuticos e tecnológicos Orban T et al., Sections on Immunology, Cellular and Molecular Physiology, and Islet Transplantation and Cellular Biology, Joslin Diabetes Center and Harvard Medical School, Boston, MA Metabolism 2001;50(11):1369-76, novembro de 2001 Preston RA et al., Department of Medicine, University of Miami School of Medicine, J Clin Pharmacol 2001;41(11):121524, novembro de 2001 Dieta com teor elevado em frutose preserva as células β e previne o diabetes em ratos diabéticos não-obesos Demonstramos que uma dieta elevada em frutose diminui a incidência do diabetes em ratos diabéticos não obesos (NOD) (31,2% vs. 57,1% com alimentação padrão; P = 0,009). Em uma segunda coorte de ratos, avaliamos os mecanismos potenciais para o efeito de proteção da dieta de frutose e se as mudanças metabólicas são uma tendência específica. 60 ratos NOD e 60 Balb/ c foram randomizados em grupos frutose e refeição padrão (30 cada um) e acompanhados durante 28 semanas. Os testes de tolerância à glicose demonstraram um aumento da tolerância à glicose no grupo com dieta de frutose (P = 0,001 em Balb/c; P = 0,04 em ratos NOD apos seis meses). A massa celular β foi preservada em ratos NOD com dieta de frutose, mas não foi alterada em ratos Balb/c. Em ratos NOD, a expressão da protéina (IRS)-2 do receptor de insulina hepático aumentou em 2 vezes (P = 0,01 para 2 vs. 6 meses) em ratos com dieta de frutose e foi 53% ± 15% mais elevada (P = 0,01) no grupo frutose vs. grupo controle na idade de 6 meses. A expressão de IRS-2 aumentou também no músculo esquelético em ratos NOD e em ambos músculo e fígado em ratos Balb/c. Nossos dados sugerem que a dieta elevada em frutose aumenta a tolerância à glicose em ratos NOD e Balb/c. A tolerância aumentada à glicose pode ser relacionada à expressão aumentada de IRS-2 e, em ratos NOD, à preservação da massa celular β. Farmacocinética e farmacodinâmica comparativas da amlodipina em pacientes hipertensos portadores ou não de diabetes tipo 2 Estudos clínicos recentes sobre a diminuição das complicações em diabetes mellitus mostraram a importância da formulação da droga e das alterações da farmacocinética e farmacodinâmica em diabetes. Especificamente, foi proposto que o status diabético seja responsável da alteração da farmacocinética de várias drogas cardiovasculares, incluindo alguns antagonistas do cálcio. Este estudo investiga os efeitos do diabetes mellitus sobre a farmacocinética e a farmacodinâmica da amlodipina em pacientes hipertensos com ou sem diabetes para determinar se o status diabético altere esses parâmetros. O estudo consistiu em uma fase de placebo de 2 semanas, uma fase de titulação de 2 semanas e uma fase de manutenção de 2 semanas. Os pacientes foram 18 pacientes hipertensos portadores de diabetes de tipo 2 e 10 pacientes hipertensos não diabéticos. As amostras sanguíneas foram recolhidas após 378 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 06 (2001) Continuação administração de amlodipina e foram determinadas AUC, Cmáx e tmáx. A resposta farmacodinâmica de 24 horas para a amlodipina foi avaliada pela pressão sanguínea e as medições telemétricas da freqüência cardíaca. Não foram observadas diferenças significativas entre amlodipina 5mg ou 10 mg para AUC (p = 0,40 para 5 mg; p = 0,59 para 10 mg), Cmáx (p = 0,41 para 5 mg; p = 0,45 para 10 mg), e tmáx (p = 0,79 para 5 mg; p = 0,67 para 10 mg), entre indivíduos hipertensos diabéticos ou não-diabéticos. Também os efeitos farmacodinâmicos da amlodipina sobre a pressão sanguínea sistólica, diastólica e a freqüência cardíaca são similares entre indivíduos diabéticos e não-diabéticos, quando avaliados pela análise de variância de vários medições. Em razão da hipótese que diabetes mellitus pode ser responsável de alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas importantes, este estudo fornece importantes dados para mostrar que o diabetes não altera a farmacocinética e a farmacodinâmica da amlodipina. Lenhard JM. Department of Metabolic Diseases, GlaxoSmithKline Inc, Receptors Channels 2001;7(4):249-58, novembro de 2001 PPAR-γγ/RXR como objetivo molecular para o diabetes Giovannucci E. Channing Laboratory, Department of Medicine, Harvard Medical School and Brigham and Women’s Hospital, Boston J Nutr 2001;131(11):3109S-20S, novembro de 2001 O diabetes tipo 2 é associado à resistência à insulina nos tecidos periféricos, tais como músculo e gordura. As novas terapias que melhoram a ação da insulina incluem ligandos que ligam e ativam os receptores nucleares do peroxisome proliferator activating receptor gamma (PPAR-γ) e o receptor retinóide X (RXR). PPAR-γ/RXR formam heterodímeros que regulam a transcrição de genes envolvidos na ação da insulina, a diferenciação do adipócito, o metabolismo lipídico e a inflamação. Os ativadores PPAR incluem prostanóidos, ácidos graxos, tiazolidinedionas e análogos da N-(2-benzoylphenyl)tyrosine. Os ligandos RXR incluem ácido retinóico e rexinóidos sintéticos. Os ligandos seletivos desses receptores melhoram as anormalidades metabólicas associadas com o diabetes tipo 2, tais como hiperglicemia, hiperlipidemia, resistência à insulina e outros fatores de risco cardiovasculares. Apesar do que os tecidos adiposos regulam vários efeitos dos ligandos PPAR-γ/RXR, outros tecidos regulam os efeitos desses receptores. A atividade do heterodímeros PPAR-γ/RXR é influenciado pelas alterações pós-translationais, o turnover do receptor, polimorfismos, variantes de junção, co-ativadores e co-repressores. Este estudo faz uma revisão dos recentes pesquisas sobre estes receptores, especialmente sobre os efeitos metabólicos, a seletividade do ligando, a estrutura e a regulação do heterodímero PPAR-γ/RXR. Insulina, fatores de crescimento insulin-like e câncer do cólon Os eixos insulina e fatores de crescimento insulin-like (IGF) são fatores importantes de proliferação e apoptose e podem influenciar a carcinogênese. Em vários modelos animais, a variação dos níveis de insulina e IGF-1 por vários meios, incluindo aplicação direta, excesso ou restrição de energia, obesidade geneticamente induzida, alteração dos níveis de ácidos graxos e açúcares na dieta, inibição da secreção normal de insulina e inibição farmacológica de IGF-1, influenciam a carcinogênese no cólon. Evidências também associam níveis elevados de insulina e IGF-1 com risco aumentado de câncer do cólon em humanos. Condições clínicas associadas com níveis elevados de insulina (diabetes mellitus de tipo 2 e hipertrigliceridemia) e IGF-1 (acromegalia) são correlacionados ao risco aumentado de câncer do cólon, e concentrações elevadas de insulina e IGF-1 circulantes são associadas com risco maior de neoplasia do cólon. Marcadores de hiperinsulinemia (inatividade física, IMC elevado, adiposidade central) e níveis elevados de IGF-1 são Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 06 (2001) 379 Continuação também associados com risco maior. Vários estudos indicam que os padrões dietéticos estimulam a resistência à insulina ou a secreção, incluindo o consumo elevado de açúcares. Várias fontes de amido, índice glicêmico elevado e consumo elevado de ácidos graxos saturados, são também associados com risco maior de câncer do cólon. Apesar do que fatores do meio ambiente e fatores genéticos têm influência sobre o câncer do cólon, a incidência dessa doença era significativamente baixa antes do período dos avanços tecnológicos caracterizado pelo estilo de vida sedentário, a obesidade e o aumento do consumo de açúcares e ácidos graxos saturados. Esforços para controlar esses padrões de vida terão o maior potencial para diminuir a incidência do câncer, bem como as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus. Elina Hyppönen et al., Lancet 2001; 358: 1500-03, novembro de 2001 Vitamina D diminui o risco de diabetes tipo 1 A suplementação dietética em vitamina D foi associada com uma diminuição do risco de diabetes de tipo 1 em um grande coorte de crianças na Finlândia. In vitro, a vitamina D age como agente imunossupressivo, reduzindo a proliferação de linfócitos e a produção de citocinas. Os modelos animais mostram que a administração de vitamina D parece prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 1. Uma coorte de 10.821 crianças nascidas em Oulu e Lapland, norte da Finlândia, foram seguidos a partir da idade de 1 ano. Dentre as 10.366 crianças inclusas na análise, 81 receberam o diagnostico de diabetes durante o estudo. Os clínicos acharam que a suplementação em vitamina D foi associada com uma diminuição do diabetes tipo 1 quando ajustada para características neonatais, antropométricas e sociais e comparada com dieta sem suplementação. Crianças que tomaram a dose recomendada de vitamina D (2000 UI/dia) apresentaram uma taxa de frequência de 0,22, em comparação com as que receberam uma dose inferior. Crianças suspeitadas de sofrer raquitismo durante o primeiro ano de vida tinham uma taxa de frequência de 3,0, em comparação com as sem suspeita. Os resultados sugerem que o desenvolvimento do diabetes tipo 1 é associado com baixo consumo de vitamina D e sintomas de raquitismo durante o primeiro ano de vida. Em razão do fato que a vitamina D age como agente imunossupressivo, e que o diabetes tipo 1 é considerado como uma doença auto-imune, esses resultados não são uma surpresa. A vitamina D poderia inibir a reação auto-imune dirigida contra as células do pâncreas. Em mais, a diminuição do sistema imunológico funcionando com um status diminuído de vitamina D na infância poderia ter efeitos a longo prazo sobre as respostas imunológicas mais tarde na vida. Esses resultados concordam com os resultados de dois outros estudos. Não se sabe se são válidos por outras populações, porque a suplementação em vitamina D é segura e eficaz só em pessoas que apresentam uma concentração biológica em vitamina D inferior ao normal. No Norte da Finlândia, há só 2 horas de sol cada dia em dezembro, e 23 horas de luz por dia em junho. Para a maior parte do ano os genes de suscetibilidade para diabetes tipo 1 poderiam explicar esse fato, especialmente na regiões do norte, onde as respostas imunes poderiam ser reduzidas por falta de vitamina D. Em razão do potencial tóxico da vitamina D, toda alteração nas recomendações para crianças deve ser feita com cuidado. Antes de qualquer mudança, os autores recomendam que as crianças recebam pelo menos a dose de vitamina D atualmente recomendada. 382 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 06 (2001) American Heart Association, Anaheim, Califórnia, 13 de novembro de 2001 Rosiglitazona (Avandia) diminui os fatores de risco de doença arterial coronariana em diabetes tipo 2 Novos dados demonstram que Avandia (maleato de rosiglitazona) diminui os níveis de marcadores de risco cardiovasculares, sugerindo um benefício cardiovascular potencial em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Estima-se que os pacientes portadores de diabetes tipo 2 têm 2 ou 3 mais riscos de apresentar uma doença cardíaca que as pessoas não-diabéticas. De acordo com este estudo, a rosiglitazona diminui significativamente o marcador protéico de inflamação protéina C-reativa (CRP) e outra proteína, matrix metalloproteinase (MMP), em pacientes portadores de diabetes tipo 2. A matrix metalloproteinase é envolvida na alteração da placa de aterosclerose. Segundo os pesquisadores, a doença cardíaca á a complicação a mais perigosa do diabetes tipo 2, responsável de 75% das mortes ligadas ao diabetes. Pesquisas anteriores já mostraram que a doença cardiovascular e o diabetes tipo 2 podem dividir uma origem comum – a resistência à insulina – e que aterosclerose e diabetes podem também dividir uma característica comum – a inflamação sub-clínica. Este estudo avaliou diretamente os efeitos de uma droga anti-diabética sensibilizante à insulina, a rosiglitazona, sobre os marcadores da inflamação arterial e a biologia da placa de aterosclerose. O estudo mostrou também que a rosiglitazona tem benefícios adicionais antiinflamatórios que poderiam ajudar para prevenir futuras complicações cardiovasculares. As proteínas C-reactivas e MMP são marcadores cardiovasculares que podem indicar o grau de inflamação arterial e o risco de ruptura de placa em pacientes diabéticos ou não-diabéticos. O aumento da inflamação arterial pode ajudar ao crescimento da placa de aterosclerose, até a aparição da doença cardiovascular. Pessoas portadoras de diabetes tipo 2 apresentam geralmente níveis elevados de CRP. Já foi demonstrado que a rosiglitazona diminui significativamente CRP e MMP, mostrando propriedades antiinflamatórias e estabilizantes de placa, que podem ter o potencial para reduzir a doença cardiovascular em diabéticos tipo 2. No estudo, 350 pacientes portadores de diabetes tipo 2 foram avaliados para determinar a eficácia da rosiglitazona sobre a glicemia, vs. placebo. Os efeitos da rosiglitazona sobre os níveis de CRP e MMP-9 foram determinados em um sub-grupo de pacientes. Os participantes receberam 4 ou 8 mg/dia de rosiglitazona. No início e após 26 semanas, concentrações de CRP e MMP-9 solúvel foram medidas. Após 26 semanas, pacientes do grupo placebo experimentaram uma pequena diminuição não-significativa no CRP (-13,9%). Ao contrário, pacientes tratados com rosiglitazona 4 mg ou 8 mg/dia mostraram uma diminuição significativa (-40,7% e -35,6%, respectivamente). Na avaliação do MMP-9, a equipe achou que o grupo placebo experimento um aumento em comparação com o início do estudo (1,9%), embora que os grupos rosiglitazona 4 mg e 8 mg experimentaram respectivamente diminuições estatisticamente significativas a partir do início do estudo (-10,3% e -21,1%, respectivamente). O efeito da rosiglitazona sobre os marcadores cardiovasculares é um achado importante. Esses dados adicionam-se às observações anteriores pelas quais a rosiglitazona pode alterar positivamente os marcadores de risco cardiovasculares incluindo PAI-1, função endotelial, composição das lipoproteínas e microalbuminúria. Esses estudos abrem novas perspectivas sobre a prevenção da doença cardiovascular, mas novos estudos a longo prazo são necessárias. 384 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 06 (2001) American Heart Association, Anaheim, Califórnia, 13 de novembro de 2001 ReoPro (Abciximab) aumenta chances de sobrevida em diabéticos portadores de angioplastia após doença coronariana Reopro (abciximab) melhora a sobrevid