UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL ANA CARLA LIMA DO NASCIMENTO A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO BEBERIBE - CEARÁ 2013 ANA CARLA LIMA DO NASCIMENTO A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Biológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientadora: Profª Ms. Maria Márcia Melo de Castro Martins BEBERIBE-CEARÁ 2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3/1070 N244t Nascimento, Ana Carla Lima do A transposição didática dos conteúdos de mitose e meiose no ensino médio / Ana Carla Lima do Nascimento. – 2013. CD-ROM. 37 f. il. ; 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”. Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Ciências Biológicas a Distância, Beberibe, 2013. Orientação: Profa. Ms. Maria Márcia Melo de Castro Martins. 1. Transposição didática. 2. Divisão celular. 3. Livro didático. 4. Ensino de Biologia. I. Título. CDD: 574.07 O ensino dos sábios é fonte de vida e afasta o homem das armadilhas da morte. Provérbios 13:14 Dedico este trabalho àqueles que acreditam que a educação é o caminho para o desenvolvimento do país. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me acompanhou durante esta caminhada; A minha filha, que é fonte de inspiração e minha fortaleza para não desistir da caminhada. Ao meu marido, pela paciência e amor; Aos meus familiares que me deram força e coragem durante este percurso; As amizades construídas durante o curso e que jamais serão perdidas com o passar do tempo; Aos alunos que participaram do projeto, por tudo o que aprendi, e continuo aprendendo até hoje; Aos professores formadores, que propiciaram e orientaram o desenvolvimento deste trabalho, e ainda pela forma como acreditam em seus alunos, sempre oportunizando a abertura de novos horizontes. À Profa. tutora à distância Lydia Dayanne Maia Pantoja, pelo incentivo, amizade virtual na plataforma e disciplinas presenciais construídos ao longo de uma caminhada; À Profa. Márcia Melo por ter acreditado neste trabalho e ter me orientado, cuidadosamente. Aos professores Flávia Roldan e Ivo Conde, pelas valiosas sugestões ao aprimoramento deste trabalho. À Profa. Coordenadora de Curso, Germana Costa Paixão, pela paciência e carinho não só por mim como também pela turma; Aos professores que lecionam Biologia nas escolas do município de Cascavel, que contribuíram com suas preciosas entrevistas para a pesquisa. RESUMO O conteúdo de Divisão Celular, mitose e meiose, é considerado por muitos professores o mais complexo para o aluno assimilar e na maioria dos livros esse conteúdo é visto no 1º ano do Ensino Médio. Também tem se apresentado como conteúdo de difícil abordagem tanto por professores iniciantes, como por docentes mais experientes. Nesse sentido o presente trabalho investiga a Transposição Didática e as metodologias de ensino utilizadas por professores relacionadas à mitose e meiose. Tem por objetivo geral identificar a percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação aos conteúdos de mitose e meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio. E os objetivos específicos são conhecer como os conteúdos de mitose e meiose são tratados nos livros de Ensino Médio; verificar a percepção do professor no tocante ao aprendizado do aluno em relação à esses conteúdos; conhecer os tipos de metodologias e linguagens utilizadas pelo docente para a abordagem desses processos; destacar as dificuldades de aprendizado do aluno em torno do conteúdo em questão. O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de natureza qualitativa e tem por método o Estudo de Caso. A coleta de dados se deu por meio de entrevista e análise de livros didáticos de Biologia. Os sujeitos são três professores de Biologia das turmas de 1º ano das escolas da rede estadual de ensino localizadas no município de Cascavel. O tratamento e a análise de informações dos referidos conteúdos nos livros didáticos utilizados por esses profissionais foram realizados traçando-se um paralelo entre o livro e as entrevistas realizadas com os docentes no intuito de saber como esses professores transmitem esse saber científico e quais são suas percepções em relação aos saberes adquiridos pelos alunos e sua reflexão quanto ao livro didático utilizado por eles nas aulas. A partir da análise das falas dos professores entrevistados e do conteúdo de divisão celular nos livros didáticos, concluiu-se que as metodologias adotadas pelos docentes associadas à forma como o assunto é apresentado no livro são fatores que concorrem para a dificuldade do aluno em compreender o conteúdo de mitose e meiose no 1º ano do Ensino Médio, pois embora os professores tenham nos relatado que há uma preparação para ministrar tal conteúdo, entendemos que a compreensão deste requer a leitura do aluno do material didático, mediado por intervenções do docente embasadas por conhecimento de como tornar os conteúdos mais acessíveis, de como tornar o saber sábio (do cientista) em saber escolar. O estudo apontou para a necessidade de os cursos de formação discutirem a transposição didática como um conhecimento importante e essencial que o professor deve deter para o exercício da docência. Palavras-chave: Transposição Didática; Divisão Celular; Livro Didático; Ensino de Biologia SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................... 10 2.1 Transposição Didática........................................................................... 10 2.2 Transposição Didática e o Ensino de Biologia no Ensino Médio..... 12 2.3 O livro didático e os conteúdos de Divisão Celular........................... 13 2.4 Metodologias dos professores em sala de aula................................. 14 3 METODOLOGIA......................................................................................... 18 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 29 REFERÊNCIAS............................................................................................. 31 APÊNDICE I.................................................................................................. 34 APÊNDICE II................................................................................................. 36 ANEXO........................................................................................................... 37 7 1 INTRODUÇÃO Atualmente há uma diversidade de metodologias de ensino de Biologia à disposição dos docentes, com o objetivo de contribuir com o aprendizado do aluno. Os procedimentos metodológicos devem estimular uma postura reflexiva e investigativa sobre os fenômenos estudados, sendo o professor o mediador entre o conteúdo apresentado no livro e sua apropriação pelo aluno. Esse processo é denominado por Chevallard (1985), como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Matemática e posteriormente passou a ser objeto de estudo em outras disciplinas para se investigar a qualidade das metodologias e da linguagem utilizada pelos docentes na abordagem dos conteúdos escolares. No ensino de Biologia, os livros didáticos constituem um recurso de fundamental importância, já que representa, em muitos casos, o único material de apoio didático disponível para os alunos. A linguagem utilizada nesses livros é de natureza técnicocientífica, de difícil compreensão para os estudantes. E o professor durante seu curso de formação inicial, geralmente, não aprende como trabalhar com essa linguagem e finda por reproduzi-la em sala, o que dificulta o reconhecimento e a aprendizagem dos conteúdos pelos alunos. O livro de Biologia é um instrumento que tem um diferencial em relação aos demais, pois aplica os métodos científicos, analisa os fenômenos propostos, testa as hipóteses formadas e também a formulação de conclusões, propiciando ao aluno uma compreensão científica, filosófica e estética de sua realidade (VASCONCELLOS, 1993). Oferece suporte no processo de formação dos indivíduos estabelecendo um elo entre o conteúdo com o cotidiano. Nesse processo deve buscar atender às propostas pedagógicas da escola, não fugindo da interdisciplinaridade, da transversalidade de temas e as adaptações do conteúdo ao meio em que o aluno vive. E foi nesse sentido que me senti motivada em pesquisar a respeito da transposição didática de conteúdos de Mitose e Meiose. Esse conteúdo é ensinado durante o 1º ano do Ensino Médio, e muitos alunos ainda não conseguem abstrair o conhecimento mais complexo e técnico no que se refere à reprodução celular, e o professor em sala de aula, na maioria das vezes, utiliza a mesma linguagem trazida nos livros didáticos, o que se torna fator complicador na aprendizagem desses alunos. De acordo com Jotta (2013) a linguagem é um meio de expressar e comunicar ideias (abstrações com significado), para isto ocorre uma representação por signo, e estes se organizam em códigos, através dos quais é possível realizar a mediação por um canal 8 entre locutor e receptor, assim ocorre à recepção-interpretação da mesma. Desta forma, a educação é construída basicamente por mecanismos de linguagens e códigos. Quando a linguagem ordinária não é suficiente para construir as ideias que são objetivadas num canal de comunicação, por razões diversas, tais como desconhecimento do vocábulo, objeto não existente na estrutura cognitiva, são necessárias estratégias diferentes de assimilação. Portanto, o processo de ensino e aprendizagem de Biologia é um processo contínuo e processual, onde muitas informações são adicionadas e complementadas pelo professor, levando em consideração que o aluno possa apreender o conteúdo de forma prazerosa, e que segundo Braga (2009), embora sejam processos contínuos, a meiose e a mitose são, para efeito de estudos, divididas em fases e subfases que costumam ser apresentadas de maneira detalhada e ricamente ilustrada nos livros. É preciso, no entanto ficar atento aos efeitos que tal formatação tem produzido sobre a aprendizagem e a compreensão desses processos. De fato, parece que para a maioria dos alunos a impressão mais duradoura a respeito da meiose, por exemplo, é a de uma sucessão de quadros com diferentes posições de cromossomos, que culmina com a formação de quatro células que possuem a metade do número de cromossomos da célula mãe. Tal visão é reforçada, inclusive, pela maneira como a meiose é, de forma resumida, definida na maioria dos livros didáticos: tipo de divisão celular em que uma célula dá origem a quatro células com a metade do número de cromossomos da célula original. Esta forma de definir a meiose, que enfatiza mais o resultado do que o processo em si, dificulta a aprendizagem significativa deste conteúdo e enfraquece o seu caráter de conhecimento subsunçor. Ela limita o estabelecimento de relações cognitivas com outros temas afins levando a uma compreensão fragmentada e pouco significativa dos tópicos envolvidos. Adiante também apresentaremos como a mitose é apresentada nos livros didáticos. Diante da situação posta, nosso questionamento gira em torno das metodologias de abordagem desses conteúdos junto aos alunos do 1º ano do ensino médio e como o livro é utilizado para transpô-los nesse processo, de forma que o aluno possa entendê-los e assimilar a linguagem presente no material didático. Essas inquietações deram origem ao objetivo geral do nosso estudo: Identificar a percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação aos conteúdos de mitose e meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio. O qual se desmembrou em objetivos específicos, a saber: Conhecer como os conteúdos de mitose e meiose são tratados nos livros de Ensino Médio; verificar a percepção do professor no tocante ao aprendizado do aluno em relação a esses conteúdos; conhecer os tipos de 9 metodologias e linguagens utilizadas pelo docente para a abordagem desses processos; destacar as dificuldades de aprendizado do aluno em torno do conteúdo em questão. No Referencial Teórico, será abordado o que é Transposição Didática e seus conceitos acerca do ensino, relacionando também o mesmo com o ensino de Biologia no Ensino Médio, levando em consideração o conteúdo de Mitose e Meiose nos livros didáticos e como eles estão sendo abordados de acordo com os PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio) e as metodologias do docente em sala de aula. Na seção de Metodologia do presente trabalho apresentamos o Estudo de Caso como método de pesquisa. Os Resultados desta foram discutidos no tocante à como os conteúdos de mitose e meiose são abordados no Ensino Médio, e por fim as Conclusões desta pesquisa. Passemos ao próximo capítulo, onde apresentamos o caminho metodológico percorrido para atender nossos objetivos. 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO A transposição didática deve ser apreciada pelos futuros professores durante a vida acadêmica, principalmente em conteúdos mais complexos da Biologia, para se conhecer como viabilizar a apropriação dos conhecimentos pelos alunos. Aqui serão abordados os referenciais teóricos para a construção da presente pesquisa. 2.1. Transposição didática Ao ministrar os conteúdos escolares, o docente precisa não somente dos saberes biológicos, mas também de metodologias no uso da linguagem para abordar os conhecimentos, de forma que favoreça o processo de aprendizagem do aluno. É o que chamamos de Transposição Didática. Esse conceito foi desenvolvido por Michel Verret em 1975, mas em 1991 Chevallard estudou mais a fundo esse conceito no ensino da Matemática, para o autor: A transposição didática é entendida como um processo, no qual, um conteúdo do saber que foi designado como saber a ensinar sofre a partir daí, um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto para ocupar um lugar entre os objetos de ensino. (CHEVALLARD, 1991, p. 39). O professor necessita saber mais, buscar e pesquisar sobre como transpor os conteúdos de divisão celular para os alunos, pois pouco adianta conhecer o conteúdo de divisão celular, se durante a aula, o docente utiliza-se da mesma linguagem técnicocientífica do livro para o aluno e de um vocabulário alheio aos aprendizes. Dessa maneira, o aprendizado se torna monótono e desmotivante para o aluno durante os exercícios, que não raro trazem questões descontextualizadas. Nessa direção, Chevallard (1991) nos informa que o conhecimento acadêmico deverá ser “adaptado” ao ambiente das salas de aula para que tenham melhor percepção do conteúdo. Isso pode sugerir a ideia de que o Saber a Ensinar e o Saber Ensinado sejam pouco diferentes daqueles presentes nos laboratórios e grupos de pesquisa universitários. Sendo assim, a transposição didática pode ser definida como um conjunto de ações que podem transformar um saber sábio (conhecimento científico) em saber ensinável, como destaca ALVES (2000, p. 21): No ambiente escolar, o ensino do saber sábio se apresenta no formato do que se denomina de conteúdo ou conhecimento científico escolar. Este conteúdo escolar não é o saber sábio original, ele não é ensinado no formato original publicado pelo cientista, como também não é uma mera simplificação deste. O conteúdo escolar é um “objeto didático” produto de um conjunto de transformações. [...]. Após ser submetido ao processo transformador da transposição didática, o “saber sábio” regido agora por 11 outro estatuto, passa a constituir o “saber a ensinar”. Nesse caso, o professor além de ter domínio dos conhecimentos específicos da área da Biologia, necessita também saber adequar a linguagem para o ambiente escolar, pois o conteúdo biológico não é pronto para ser ensinado da mesma forma que se encontra nos materiais didáticos. Deve ser transformado por meio da utilização de metodologias diferenciadas, para que o aluno possa ser contemplado no processo de ensinoaprendizagem. É necessário que o conhecimento científico escolar esteja fundamentado nos saberes produzidos pelos cientistas. O ensino de Biologia tem como princípio o estudo da vida, e o mesmo tem se mostrado mutável, pois surgem novas descobertas que modificam as teorias já estabelecidas. Assim, os materiais didáticos e as teorias propostas devem ser atualizadas, e o saber acadêmico deve ser adaptado à realidade dos estudantes no ambiente escolar. Dessa maneira, pode até surgir a ideia que o Saber a Ensinar e o Saber Ensinado sejam conceitos diferentes daqueles que estão presentes nos laboratórios de pesquisa. Nesse sentido o ensino traz embutida a ideia de simplificação do saber. Para ALVES-FILHO (2000 p.13), esta visão simplificada “é equivocada e geradora de interpretações ambíguas nas relações escolares, pois revela o desconhecimento de um processo complexo de transformação do saber”. Segundo Pietrocola (2005), é preciso deixar claro que a “simplificação” aqui tratada precisa ser diferenciada da escolha consciente de modelos simplificados, que remetem ao processo de modelagem científica. Ou seja, que a ciência é modelável e adaptável podendo ser usada linguagens simplificadas para o aprendizado de um conteúdo ou unidade proposta, e o professor é o responsável direto por essa flexibilidade na linguagem dos conteúdos para o aluno. Com isso, neste processo, abstrações, simplificações e idealizações são esquecidas, ficando o modelo condicionado às mesmas. Para Krasilchick (2008, p. 83): a modelagem científica é imprescindível para a construção da ciência e, também, para seu ensino. [...] O aspecto “modelador” do saber ensinado é, assim, ocultado do aluno e os autores dos livros didáticos não informam ao aluno-leitor sobre a necessidade da modelagem dos saberes científicos . Para Miglio e Terán (2011), historicamente, a escola, dentre suas principais funções, tem tido o papel da transmissão de conhecimentos produzidos pela humanidade. E nem sempre os livros trazem a realidade que corresponde a esse papel. Nesse sentido, os materiais deveriam ser específicos e propor trabalhos que contemplassem o dia-a-dia do 12 aluno, proporcionando-lhe uma aula prazerosa e, ao professor, planejamentos diversificados que colaborassem facilitando a mediação adequada da linguagem técnico-científica dos livros à realidade do aluno em sua comunidade. Nessa direção é que Moraes (2007 p.170) compreende que “o conhecimento se dá fundamentalmente no processo de interação, de comunicação”. Para ocorrer a transmissão ou comunicação, se faz necessário que o conhecimento seja transformado. Os conhecimentos científicos, na medida em que são elaborados, passam por processos de codificação, sendo que os processos didáticos devem considerar os códigos científicos. Contudo, tais códigos devem passar por uma decodificação ou transposição para ser apreendida pelos alunos. 2.2. Transposição Didática e o Ensino de Biologia no Ensino Médio De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, o ensino de Biologia deveria ser pautado na alfabetização científica, implicando este conceito em três dimensões: a aquisição de um vocabulário básico de conceitos científicos, a compreensão da natureza do método científico e a compreensão sobre o impacto da ciência e da tecnologia sobre os indivíduos e a sociedade (BRASIL, 2006). Assim, o ensino deverá ser desenvolvido de forma que possibilite ao aluno a apropriação do conhecimento científico, reconhecendo sua relação com o cotidiano e sabendo aplicar os conhecimentos em diferentes situações do dia-a-dia. Para que esta proposta seja concreta, se faz necessário a mediação do professor, no sentido de realizar a transposição didática dos conteúdos de forma a viabilizar esse processo. Já os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM (BRASIL, 2006) consideram que há um conjunto de conhecimentos que são necessários ao aluno para que ele compreenda a sua realidade e possa nela intervir com autonomia e competência. Esses conhecimentos constituem o núcleo comum do currículo, onde os conteúdos de Biologia devem possibilitar que os alunos compreendam a vida como manifestação de sistemas organizados e integrados, em constante interação com o ambiente físico-químico (MIGLIO; TERÁN, 2011). O professor de Biologia durante seu planejamento de aulas, rotineiramente, se depara com alguns questionamentos como, por exemplo, quais conteúdos deve priorizar, e 13 quais os objetivos de aprendizagem a serem alcançados. Neste momento, deve se centrar no processo de transposição didática onde o docente, a partir do plano de curso do livro didático, e outras fontes, seleciona o que é importante ou faz recortes, analisa e organiza o processo de ensino, buscando recursos didáticos e metodologias que viabilizem a transmissão de conhecimento e obtenham melhor compreensão dos conteúdos. De acordo com Miglio e Terán (2011), é por meio da transposição didática que a proposta curricular se concretiza, pois os objetos de conhecimento (saber científico) ao se inserirem no contexto escolar se transformam em objetos de ensino, ou seja, em conteúdo curricular, em saberes ensináveis. Evidencia-se neste contexto que, uma disciplina escolar não é o conhecimento científico, mas uma parte modificada deste, no entanto, constituem-se mais do que o todo deste, uma vez que, abarca também os procedimentos para o seu ensino. Por exemplo, a Biologia escolar, não se confunde com a Biologia Ciência, mas é uma parte dela, somada daquilo que a Biologia Ciência não possui, ou seja, fundamentos didático-pedagógicos sobre como se ensina e se aprende Biologia. 2.3. O livro didático e os conteúdos de Mitose e Meiose Quando falamos em livro didático, remetemo-nos à sua função principal, que é guiar o aluno na apreensão do mundo exterior (RICHAUDEAU, 1979). Para o professor, o livro é importante para a escolha dos conteúdos a serem estudados, na organização de planos de aula, e, em muitas escolas, já se constitui no principal referencial para o trabalho em sala de aula. Para Silva (2005), o livro didático tornou-se um dos únicos recursos utilizados pelo professor em sala de aula, como apoio para o aluno. Sobre o livro didático, o Programa Nacional do Livro do Ensino Médio (PNLEM) orienta que o conteúdo deve apresentar a compreensão do fenômeno vida como manifestação de sistemas organizados e integrados, em constante interação com o ambiente físico-químico e cultural, abordando a diversidade dos seres vivos, no nível de uma célula, de um indivíduo, e de organismos interagindo no seu meio (BRASIL, 2012). Ou seja, o conteúdo deve trazer à tona a realidade do aluno, o meio em que ele vive e a cultura que ele vivencia, sabendo também abordar a diversidade da vida e importância desse conteúdo para a vida dos alunos. No caso de nosso estudo, entendemos que o livro também deve servir de “fio condutor” para a compreensão dos fenômenos ligados a Divisão Celular, apresentando o conteúdo em torno de temas estruturadores do conhecimento biológico, tais como: origem e evolução da vida; identidade dos seres vivos e diversidade biológica; transmissão da vida, 14 ética e manipulação genética; interação entre os seres vivos e destes com o ambiente; e qualidade de vida das populações humanas (BRASIL, 2012) que estão intimamente interligados a Mitose e Meiose. Desse modo, nessa pesquisa, realizamos também a análise do livro didático de Biologia que é utilizado nas escolas públicas do município de Cascavel, pois o livro deve ajudar o aluno na apreensão do mundo, da vida. Assim, partimos do pressuposto de que este recurso didático, em conjunto com as metodologias e as diversas linguagens usadas pelo professor em ambiente escolar, deve contribuir para transposição didática dos conteúdos, ou seja, “traduzir” saberes científicos levando em consideração a realidade do aluno. 2.4. Metodologias dos professores em sala de aula e o conteúdo de divisão celular Muito se fala sobre a autonomia da Biologia, uma das disciplinas que se correlaciona com outras disciplinas, mas que possui leis próprias. Recentemente, soube-se que a história da biologia não foi escrita fielmente e novos estudos e pesquisas comprovam que algumas informações foram ocultadas ou simplesmente modificadas, contudo os documentos originais não foram destruídos e foi possível se realizar uma releitura, assim esclarecendo muitos pontos obscuros, possibilitando uma nova abordagem dos fenômenos. Com base em Krasilchik (2008), a formação biológica contribui para que cada indivíduo seja capaz de compreender e aprofundar as explicações atualizadas de processos e de conceitos biológicos, a importância da ciência e da tecnologia moderna, enfim [...] esses conhecimentos devem contribuir, também, para que o cidadão seja capaz de usar o que aprendeu ao tomar decisões de interesse individual e coletivo. De acordo com Guzella e Taschetto (2008), percebe-se, ao longo da história da biologia, que ela foi abordada das mais variadas maneiras pelos pesquisadores, cada um dando o enfoque histórico da sua época ao fenômeno ocorrido (DCNEM, 2006). Por essa razão, faz-se necessária uma mudança na forma de ver, abordar e avaliar os conteúdos de Ciências e Biologia em sala de aula, uma vez que a maioria das descobertas é fruto das necessidades humanas e não apenas uma invenção que deva ser aprendida. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, o aprendizado da Biologia visa a compreensão da natureza viva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a contraposição entre os mesmos e a compreensão de que a ciência não tem respostas definitivas para tudo. Precisa, ainda, possibilitar a compreensão de que 15 os modelos na ciência servem para explicar tanto aquilo que podemos observar diretamente, como também aquilo que só podemos inferir (BRASIL, 1998). Segundo Hazen e Trefil (2005), os seres humanos constituem uma espécie obstinada e curiosa e a ciência constitui o meio mais poderoso para a compreensão do universo físico, sendo ainda uma grande aventura do espírito humano, repleta de desafios formidáveis e de prêmios inigualáveis, de oportunidades fantásticas e de responsabilidades sem paralelo. De acordo com Andery (1988 apud DCE, 2006, p. 26), “a biologia deve ser entendida e compreendida como processo de produção do próprio desenvolvimento humano”. Desde então, percebe-se que há uma crescente necessidade de se trabalhar os conteúdos da Biologia, baseando-se em seu histórico, porém, contextualizando-os e conciliando com a interdisciplinaridade exigida e sempre aliando com os acontecimentos contemporâneos. Assim, facilitando o trabalho pedagógico e a apreensão do conteúdo pelos alunos. Nessa direção, sinaliza Guzella e Taschetto (2008, p.3) “os conteúdos de Biologia são considerados relativamente complexos e de difícil compreensão, necessitando uma abordagem contextualizada para que haja uma aprendizagem satisfatória”. Para Boneti (2006 p. 18): “os temas, os conteúdos, as relações entre conteúdo e disciplina, o sistema de avaliação, a metodologia, enfim, as aprendizagens oferecidas são, muitas vezes, incoerentes, desatualizadas, fragmentadas e seletivas”. Pensando nessa perspectiva, faz-se necessário repensarmos as metodologias e atuação do professor em sala de aula, e revermos a forma de trabalhar os conteúdos, para que isso ocorra, faz-se necessária uma mudança de postura por parte dos educadores. Alguns materiais didáticos trazem o tema divisão celular, numa abordagem ampla, com desenhos e definições claras e textos complementares abordando temas atuais e contextualizados, o que vem a facilitar o entendimento do tema pelos alunos. Assim, indagamos: como o professor procede para transpor esse conteúdo para o aluno? Essa indagação nos remete à Guzella e Taschetto (2008), quando nos dizem que é primordial que os alunos percebam a importância da reprodução celular no seu cotidiano, uma vez que a mitose é um tipo de reprodução em que a sua principal função é a de produzir células para o crescimento do indivíduo, bem como a reposição de células perdidas ao longo da sua existência. Para Lopes e Rosso (2005) a principal característica da mitose é ser um tipo de divisão celular em que uma célula dará origem a duas novas células com o mesmo número 16 de cromossomos da célula inicial. É o tipo de divisão que ocorre quando há reprodução assexuada. Além disso, é importante no crescimento do organismo e na regeneração de tecidos dos multicelulares. Segundo Junqueira e Carneiro (2000) a principal característica da meiose é a de ser um tipo de divisão celular especial, pois essa permite reduzir à metade o número de cromossomos nas células germinativas. Além disso, esse processo pode ser considerado como o responsável por uma grande fonte de variabilidade genética, devido à troca de material genético entre os cromossomos homólogos durante a prófase I (crossingover) e a segregação dos cromossomos homólogos durante a anáfase I para um dos pólos da célula, independentemente deles terem origem paterna ou materna. Portanto, é evidente a importância da meiose ao possibilitar às espécies uma grande diversidade genética durante o processo evolutivo. A mitose e a meiose constituem dois importantes processos no que se refere à reprodução das células, à evolução dos seres vivos e à reprodução e perpetuação da espécie. Portanto, a compreensão dos referidos processos é fundamental no ensino de Biologia, devido a sua grande importância tanto na esfera educacional quanto no intelecto do aluno aprendiz e, principalmente, correlacionado com outras disciplinas na área das Ciências da Natureza e suas tecnologias, pois para Krasilchik (2008) quando os estudantes aplicam o conhecimento e as habilidades adquiridas, relacionando-os com os conhecimentos de outras áreas, para resolver problemas reais. Considera-se que, para a aprendizagem efetiva de conteúdos complexos da Biologia, especialmente em relação à importância e ao desenvolvimento dos eventos responsáveis pelos processos de reprodução celular, faz-se necessário o uso de metodologias eficazes. Deste modo, é necessário criar condições em sala de aula para encetar o interesse no aluno, para que o mesmo aprenda e apreenda os conceitos que abordam a reprodução celular, sua importância e sua aplicação na vida cotidiana dos seres vivos em geral. E a Transposição Didática mostra em torno dessas metodologias do ensinar que a forma de relacionamento entre o Saber Ensinado (o que o professor é capaz de transmitir para os seus alunos, o seu conhecimento, a sua aula preparada e planejada) e o Saber Sábio (o que está contido nos livros) é um dos pontos fundamentais em toda a didática, sendo o professor o agente responsável de transmissão de conhecimento entre livro e aluno, sendo esse elo o professor também pode ser mutável em suas linguagens e seus níveis de conhecimento durante suas aulas, onde um aluno do Ensino Médio possui um vocábulo de fala e língua completamente diferente de um aluno do Ensino Superior. Que 17 segundo Pietrocola (2005), estas relações ocorrem dentro de um ambiente que configura um contexto escolar (o Sistema Didático); um pequeno universo que se encontra dentro de um ambiente externo (o Sistema de Ensino). Este último é tido como “algo” mais amplo. O Sistema de Ensino, seria, por exemplo, o sistema educacional e/ou as escolas de um país e, que acabam sempre por influenciar o Sistema Didático. Segundo Zóboli (2002), a escola precisa ensinar os estudantes a viverem, a trabalharem e a conviverem uns com os outros, objetivando introduzi-los na vida social. Se a escola e o professor cumprirem suas funções, o aluno tende a se motivar e agir por vontade própria, o que desperta o interesse e o esforço do aluno para aquilo que ele precisa aprender, deixando para trás a obrigação do saber e as decorebas. De acordo com Penteado (1979), para que o processo de aprendizagem seja eficiente, é necessário que o ensino da escola deixe de considerar apenas o conhecimento, a transmissão e a assimilação do saber. Deve almejar a formação e o desenvolvimento de hábitos e atitudes diante dos valores humanos. Dessa forma, o aluno não estará somente aprendendo sobre fatos, mas estará formando sua capacidade de resolver problemas propostos pelos fatos. Diante da importância do assunto Divisão Celular e do processo de transposição didática desse conteúdo, nos propomos a desenvolver o presente estudo e esperamos que o mesmo possa nos ajudar a compreender a importância desse processo, tendo em vista o entendimento do desenvolvimento e reprodução das várias espécies de seres vivos do planeta, inclusive da espécie humana. Disto isto, passemos ao caminho metodológico que percorremos para o desenvolvimento dessa investigação. 18 3 METODOLOGIA A abordagem da presente pesquisa é predominantemente qualitativa, onde o método de pesquisa utilizado é o Estudo de Caso, no qual utilizamos como técnica de coleta de dados a análise documental e a entrevista semi-estuturada. Nossa pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa, tendo como método o Estudo de Caso e a análise documental. Segundo Bogdan e Biklen (1982) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como seu principal instrumento, onde é feito o contato direto e prolongado com os sujeitos da pesquisa. Os autores estabeleceram cinco características básicas que configuram o estudo de caso, mas o que foi utilizado nesse trabalho foi o de dados descritivos, onde os materiais são ricos em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, e o utilizado neste as descrições de entrevistas, que são citações freqüentes usadas para subsidiar uma afirmação ou esclarecer um ponto de vista. E todos os dados são considerados importantes, pois o pesquisador deve atentar para o maior numero possível de detalhes nas situações estudadas. Sobre a entrevista, como técnica de coleta de dados, caracteriza-se como uma forma de analisar todos os detalhes e principalmente todas as emoções e críticas que o entrevistador presencia do entrevistado, e são esses pequenos detalhes que são minuciosamente observados durante a transcrição das entrevistas. Para Lüdke e André (1986, p. 33): a entrevista representa uma dos instrumentos básicos para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa que estamos desenvolvendo [...] ela desempenha um importante papel não apenas nas atividades científicas como em muitas outras atividades humanas [...] é preciso para tanto reconhecer seus limites e respeitar as suas exigências. Quanto à análise documental, Lüdke e André (1986) afirmam que pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas. Em nossa pesquisa, a análise do livro didático complementou informações obtidas nas entrevistas. Para essas autoras, os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentam afirmações e declarações do pesquisador representando uma fonte “natural” de informação. Para tornar a pesquisa possível fomos a campo adquirir os exemplares de livros didáticos de Biologia mais utilizados no Ensino Médio, nas escolas públicas do município de 19 Cascavel, com foco principal no tratamento de informações, em especial no conteúdo de Divisão Celular, onde foram analisados três livros de Biologia que foram denominados livros A, B e C. Logo após a análise dos livros didáticos fomos a campo novamente para entrevistar os professores, para verificarmos sua percepção, como docente, em relação ao aprendizado do aluno e acerca do conteúdo de Divisão Celular, uma vez que a fala desse profissional seria fundamental para responder as inquietações que motivaram a realização desse estudo. A entrevista foi a técnica de coleta mais adequada para nos aproximar das dificuldades de aprendizagem em torno desse conteúdo. Num total de oito professores convidados a participar de nossa pesquisa, três se dispuseram a colaborar com nosso estudo, constituindo-se os sujeitos de nossa investigação. Atuam em uma mesma escola no município de Cascavel, a única escola que oferta Ensino Médio. Sobre a condução das entrevistas, nos aportamos nas considerações de Bardin (1997), segundo a qual o entrevistador deve, pois, manter-se em escuta ativa e com a atenção receptiva a todas as informações prestadas, intervindo com pequenas interrogações que favoreçam a compreensão da fala do entrevistado ou o estímulo à mesma. Nossa escolha pela análise do livro didático foi instigada pela concepção de Krasilchick (2008) sobre o livro didático, segundo a qual os livros, especialmente os de Biologia, precisam: apresentar linguagem coerente para os alunos; atender a exigências quanto ao formato (boa impressão, durabilidade, facilidade no manuseio); apresentar figuras, ilustrações e imagens que ajudem o aluno a compreender o texto e relacionar a Ciência com o cotidiano do aluno. Interessou-nos, particularmente analisar a forma como os conteúdos de Mitose e Meiose são apresentados nos livros didáticos de Biologia utilizados pelos professores, sujeitos da pesquisa. 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os livros de Biologia deverão atender a proposta pedagógica da escola e as necessidades socio-culturais dos alunos. Nesse sentido, buscamos analisar e identificar a percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação ao conteúdo de Divisão Celular: Mitose e Meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio e como este estudo está contribuindo para o aprendizado dos estudantes. No entanto, a partir desse princípio, elaboramos algumas questões que utilizamos como ponto de partida para se chegar às respostas para o presente trabalho. Como os conteúdos de Divisão Celular são tratados nos livros de Ensino Médio? Qual a percepção do docente em relação ao aprendizado do aluno em relação a esse conteúdo? Quais são os tipos de metodologias e linguagens utilizadas pelos docentes em sala para ministrar esses conteúdos? E quais dificuldades de aprendizado desse aluno em torno do aprendizado no conteúdo em questão? A partir dessas indagações, elaboramos dois diferentes tipos de questionários, o primeiro direcionado para a análise do tratamento de informações do referido conteúdo no livro didático e um segundo direcionado especificamente para os professores. Os professores X e Y utilizam o livro A que é organizado em três volumes, um para cada série do ensino médio, sendo um capítulo do volume um destinado ao assunto de divisão celular mitose e meiose. O professor Z utiliza o livro B que é volume único, no qual o referido conteúdo é apresentado de forma resumida em relação ao livro A (ver Figura 01). Os livros são utilizados na mesma escola, porém em turnos diferentes, pois no turno noturno, os conteúdos são mais resumidos e a maioria dos materiais utilizados pelos professores são volumes únicos. Com relação à formação dos professores e ao tempo de docência, X e Y são graduados em Biologia e especializados em Gestão Ambiental, ambos com quatro anos de magistério. Já o professor Z é graduado em Pedagogia com Especialização no Ensino de Química e Biologia e tem maior tempo de docência na instituição, nove anos. Ao realizarmos uma análise do tratamento das informações sobre mitose e meiose nos referidos livros didáticos, pudemos perceber que tratam alguns aspectos dos conteúdos de Mitose e Meiose de diferentes formas, enquanto outros convergem, como mostramos no quadro a seguir: 21 Quadro 1: Análise do tratamento da informação nos livros relacionados aos conteúdos de Mitose e Meiose. ANÁLISE DO TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES DO LIVRO DIDÁTICO. QUESTÕES LIVRO A LIVRO B A interdisciplinaridade está presente nesse conteúdo? Sim Não A unidade faz links com outros conteúdos da Biologia? Sim Não O conteúdo do livro nesta unidade está contextualizado? Sim Não A linguagem utilizada é técnico-científica? Sim Sim Os termos técnico-científicos são esclarecidos por meio de Sim Sim caixas explicativas ou glossário no final do livro? Fonte: elaboração da autora. Figura 1: Texto sobre Telófase. Livro B em relação ao Livro A Fonte: Livro B (à esquerda) e Livro A (à direita) Os livros analisados trazem muitas informações sobre o conteúdo em questão. A linguagem rebuscada (que em muitas obras são destacadas em negrito) pode ser esclarecida a partir da leitura do glossário ao seu final, o que poderá ampliar seu vocabulário em termos de linguagem científica para conteúdos diversos no campo da Biologia. 22 Figura 2: Explicação sobre Ciclo Celular e Interfase Fonte: Livro A Conhecer as características do livro didático, faz-se necessário na medida em que, segundo Jotta (2005), constitui-se em um recurso bastante utilizado nas salas de aula, o qual se constitui, em muitas ocasiões, como referente exclusivo do saber científico, ao qual o aluno pode ter acesso em qualquer momento. Nesse sentido, deve apresentar todas as explanações que se fazem necessárias à compreensão do conteúdo. A comunicação oral entre professor e aluno durante suas aulas é importante, pois influencia no aprendizado e contribui na compreensão das ideias, ao passo que a incompreensão desse vocábulo para o aluno torna-o inviável para o aprendiz, fazendo com que o professor tenha uma postura perceptiva de falta de aprendizado desse aluno, pois segundo Krasilchik (2008), o excesso de vocábulo técnico que o professor usa em suas aulas leva muitos alunos a pensar que a Biologia é só um conjunto de nomes de plantas, animais, órgãos, tecidos e substâncias que devem ser memorizados. O professor tem o papel de desmistificar para o aluno que a Biologia não restringe a memorização é uma ciência a ser estudada em sala de aula. Na entrevista realizada com os três professores, direcionamos o seguinte questionamento: O livro influencia na sua prática? E, você complementa essa prática com algum outro recurso? Ao que nos informa o professor X: 23 O livro é de suma importância porque é fundamental a busca a pesquisa do aluno. Ele vai no livro só mesmo para tirar as dúvidas, mas acredito que nem só eu, mas nenhum professor se prende só ao livro, mas incentivo a pesquisar em outros meios. Já a Professora Y afirma: É bom a gente complementar o livro, é um apoio pedagógico, geralmente é o que os alunos tem ali, esse apoio, com as questões e tudo mas sempre peço que eles pesquisem em outras fontes. E para o Professor Z: O livro é essencial, pois para elaborar uma simples aula como mitose e meiose ele tem que ler no mínimo três ou quatro vezes para assimilar o conteúdo, pois tem livros que possuem atividades e experiências diferentes e tento associar com as atividades de sala de aula onde eles irão demonstrar se aprenderam ou não. Uma das observações feitas também está relacionada à metodologia que o docente utiliza para expor o conteúdo de mitose e meiose. Os professores Y e Z responderam que não tem dificuldades para ministrá-lo, mas o uso excessivo do método expositivo, torna essa aula rotineira, como a maioria dos professores responderam. Entendemos que aulas práticas poderiam tornar a abordagem desse conteúdo mais interessante, assim como o estímulo à leitura do livro, pois este tem sido utilizado apenas como apoio didático. Nesse sentido, entendemos que tem sido subutilizado. As metodologias utilizadas pelo professor podem ser diversas, desde que a linguagem usada por eles possa esclarecer as dúvidas do aluno. Cada professor comentou sobre sua metodologia em sala de aula. O professor X nos diz: Inicio com a parte teórica, depois eu preparo um slide e vou mostrando como isso acontece e vou mostrando as etapas e os períodos G1, síntese, G2, entender que antes da duplicação cromossômica, e entender que pra haver a divisão seja ela mitose ou meiose tem que acontecer a duplicação desse material genético e da estrutura de uma célula como um todo e com as imagens e eles começam a ter, a saber o interesse, tipo, imagine você que um dia foi uma célula invisível e hoje você possui aproximadamente cem trilhões de células. Vamos supor que você levou um corte e você conseguiu repor esse material genético explicar pra ele que as células que não foram danificadas vão repor as células que foram danificadas você mostrar pra eles que mitose que uma célula-mãe pode gerar duas célulasfilhas e essas células filhas são geneticamente iguais ao das células-mãe e a meiose vai produzir os gametas e eles começam a ter interesse a buscar mais sobre o conteúdo. A esse respeito a professora Y informa: 24 A multimídia é uma das metodologias o laboratório e questões de interpretação textual que já engloba a interdisciplinaridade que seria bem melhor pra eles. Considero importante a interação no grupo envolvendo as duas coisas: teoria e prática, Principalmente momentos dinâmicos, pois alunos gostam de novidade em sala de aula para a aula não ficar muito monótona. (Professor Z). O conjunto de metodologias e estímulos necessários à abordagem do conteúdo de mitose e meiose, o qual é considerado um dos mais complexos da Biologia e, em especial, nas turmas de 1º ano, nos instigou a direcionar as seguintes perguntas: Qual o ponto de partida para introduzir esse conteúdo aos alunos? Como proceder para que os alunos apreendam o referido conteúdo, uma vez que, via de regra, possuem pouco nível de abstração? Ao que nos responderam: quando se trabalha Meiose e Mitose com os alunos você tem que passar a importância das divisões celulares que a mitose é utilizada para repor o tecido ou células perdidas ou talvez danificadas e a meiose na importância da reprodução ou melhor na perpetuação da espécie. (Professor X). [...] primeiramente uma aula explicativa logo depois uma aula expositiva mostrando os slides relacionadas às etapas de divisão celular e também pra melhorar o conhecimento desses meninos eu traria para o laboratório de ciências onde tem as etapas que eu ia mostrar a eles e a prática [...] a prática eu acho que era bem melhor deles aprenderem. (Professora Y). [...] gosto de pegar a prática do dia a dia, as coisas que eles têm em casa que podem representar a célula e utilizo o livro nos últimos casos, ou seja, uso como apoio. (Professor Z). Nesse contexto, o livro é utilizado mais como apoio didático, embora entendamos que poderia estar mais presente no ensino dos conteúdos em questão. Vem sendo utilizado mais como fonte de pesquisas e para a realização de atividades. Talvez pelo fato de os professores serem direcionados a preparar os alunos para avaliações, como por exemplo, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o qual exige por conter questões contextualizadas. Nesse sentido, o grupo gestor da escola “obriga” o docente a pesquisar e elaborar TD’s e simulados direcionados para que o aluno esteja afinado com o estilo de prova que eles irão fazer. Nesse contexto, lembramos que o livro B, de acordo com nossa análise, os conteúdos de mitose e meiose não são apresentados de forma contextualizada, não identificamos interdisciplinaridade na apresentação dos mesmos, nem links com outros conteúdos da Biologia. 25 Figura 3 – Exercícios sobre Divisão Celular. Fonte: Livro B Para Vasconcelos (2013), o papel do livro didático é vincular o conhecimento científico à realidade, possibilitando ao estudante um novo olhar sobre o mundo da vida, na medida em que é importante instigar a curiosidade do aluno, despertando-lhe o desejo de aprender, mostrando que a Biologia é uma ciência extremamente ligada a sua vida. E a maioria dos docentes não reconhecem o verdadeiro papel do livro didático para o aluno, como foi respondido por todos eles a partir da seguinte questão: Qual o papel do livro didático relacionado ao conteúdo de mitose e meiose? Para o Professor X: auxilia o aluno na hora da dúvida o aluno busca, é um material de apoio. Para a professora Y: Ele é muito bom, é um livro bem técnico, é um livro bem completo ele traz todo o apoio pro aluno em uma linguagem bem ampla bem cientifica que esse livro traz, se eles forem em busca de palavras mais simples vai favorecer o aluno. 26 E para o professor Z: [...] o livro possui uma linguagem muito técnica e muito científica e se torna um conteúdo um pouco complicado para o aluno assimilar. Isso explica o fato de o aluno não se interessar pela essência do conteúdo em questão, por não se sentir estimulado pela leitura e interpretação do conteúdo, a partir daí entra a interdisciplinaridade com a língua portuguesa, pois esse trabalho não se convém somente ao professor de Português, mas também de disciplinas que exigem a leitura e interpretação do aluno das informações dos livros de Biologia, História e Geografia. A análise do livro também é fundamental na escolha das obras que serão utilizadas pelo professor, a maioria das escolas na região utilizam apenas duas obras como foram descritas anteriormente. Segundo o PNLEM 2012, o livro deve abranger todas as disciplinas do Ensino Médio, fato que se constitui em um aspecto importante no fortalecimento dessa etapa da Educação Básica. Para Perrenoud (2013), assim sendo sua escolha é outro aspecto bastante importante, pois ao aliá-la ao projeto pedagógico de sua escola, ao conhecimento que o professor tem de seus alunos, aos espaços e culturas das quais eles e elas participam, certamente você terá mais condições de desenvolver um ensino de Biologia mais sintonizado com a sua escola, seus sujeitos e seus tempos, abrindo um espaço de diálogo com professores e professoras, de forma a contribuir com a melhoria das condições de ensino e de aprendizagem escolar. Já quanto aos aspectos didáticos, o livro deverá ser contextualizado, interligando os conteúdos entre si e à outros assuntos, ou até mesmo estabelecendo intercâmbio com outras disciplinas. Para os professores, sujeitos de nossa pesquisa, o livro tem uma linguagem muito técnica, sendo também um livro muito bom, pois ele é bem amplo em conhecimento na unidade em questão. A percepção do aluno em relação ao conteúdo também é importante para definir estratégias de utilização do livro didático, particularmente em relação à linguagem científica proposta no livro, uma vez que para Jotta (2008), a linguagem técnico - científica para o estudante é considerada erudita, ou seja, de difícil compreensão por parte do aluno. Nesse sentido, entendemos que a essa linguagem deve ser aproximada da realidade dos alunos, contudo concordamos com Barrass (1991) quando nos diz que essa é uma tarefa difícil. O autor expõe também que não se pode libertar uma palavra empregada na ciência de toda a carga de significados a ela associados, acrescenta também que os termos técnicos podem transformar-se num obstáculo para a comunicação eficiente e que muitas vezes o autor não se dá conta de que está utilizando palavras que a maioria não entende. 27 De acordo com Garcia (2002), todos os falantes de cultura mediana dispõem de quatro tipos de vocabulário: o vocabulário da linguagem coloquial, que se usa diariamente e é relativamente pequeno; o vocabulário da modalidade escrita (técnico-científica ou literária), de emprego ocasional, constituído de palavras do primeiro tipo e de outras de ocorrências coloquiais raras; o vocabulário de leitura, composto de palavras pouco empregadas, “cujo sentido nos é familiar”; e o vocabulário de contato, que “abrange considerável número de palavras ouvidas ou lidas em situações diversas, mas cujo significado preciso nos escapa”. A literatura também nos explica muito mais do que o esperado sobre a percepção de aprendizado e linguagem. Mortimer (1998) reitera as diferenças entre a linguagem científica e a cotidiana. Na primeira, os processos transformam-se em nomes ou grupos nominais e os verbos expressam relações, e não ações, como: a rapidez de uma reação orgânica irá influenciar outra reação química. Outra desigualdade entre as duas linguagens é que os relatos de experimentos, as descrições e as definições, inseridos em textos didáticos, evidenciam neutralidade e universalidade aparentes, que não se encontram no mundo real. Por exemplo, utiliza-se, como recurso para obter esta característica, a voz passiva – analítica ou sintética –, ao invés da voz ativa, encontrada na linguagem diária. Para a realidade do aluno, o conteúdo foge do nível coloquial de linguagem e fala daquele aluno, pois em sua maioria nunca tiveram sequer nem contato com o nível de linguagem que o aluno de ensino superior tem. Para isso, o professor precisa em suas aulas adotar uma linguagem teórica mais acessível ao aluno. O nível de percepção dos professores é diferente quando comparado ao do aluno, pois o docente mantêm constantemente contato com a linguagem científica, por isso o professor tem construído duas diferentes percepções relacionadas aos conteúdos de Divisão Celular, a primeira com relação a sua percepção própria. A saber: Eu acho muito interessante. Eu me identifico bastante e eu vejo a maravilha dessas células que é a base da vida, e a gente passar essa ideia pra eles, que a célula, é a vida, que não vai existir ser vivo sem essa célula. (Professor X). É um conteúdo um pouco mais complexo relacionado aos outros conteúdos do 1º ano. As etapas da divisão celular é um pouco mais difícil pra eles compreenderem, tem que aderir bem a teoria à pratica porque ele não é um conteúdo simples como os outros conteúdos do 1º ano, mas conseguem. (Professora Y). É meio complicado falar em relação a isso porque, querendo ou não, um aluno só tira o foco da sala inteira, mas uma sala 100% atenciosa todas as aulas saem dinâmicas e os alunos assimilam o conteúdo. (Professor Z). 28 Uma segunda percepção diz respeito à postura do aluno diante desse conteúdo, os professores afirmaram existir dois tipos de alunos, os alunos que se interessam pelo conteúdo e que tem a curiosidade de aprender, que vão em busca, e o outro, que não tem muito interesse pelo conteúdo, que apenas escuta. Este, o professor dificilmente tem como identificar se aprendeu ou não a questão da reprodução, a regeneração dos tecidos, que são questões importantes a serem levadas para a vida dele. Os achados nos permitem inferir que as aulas poderiam ser mais atrativas, uma vez que a escola dispõe de materiais didáticos para esse fim, particularmente em se tratando do conteúdo de divisão celular, como os modelos representando a mitose e a meiose. Contudo, a maneira como o professor transmite esse conhecimento ao aluno, de forma excessivamente expositiva, sinaliza para a necessidade de implementação de novas metodologias de transposição didática, para que as aulas de divisão celular sejam mais atrativas e interessantes, visando a compreensão dos conteúdos de mitose e meiose pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio. Nesse processo, o livro, como recurso didático, também precisa ser revisto sob alguns aspectos, uma vez que os conteúdos analisados são tratados de forma técnica e os autores também utilizam como referência escritores de volumes de livros acadêmicos, do Ensino Superior, que em nossa concepção, estão distantes do nível do Ensino Médio. Desse modo, entendemos que o professor precisa mediar a apropriação, pelos alunos, do conhecimento apresentado no livro, desenvolvendo estratégias para amenizar as dificuldades geradas pela grande quantidade de termos técnicos, especialmente aqueles relacionados aos conteúdo de mitose e meiose. Ao mesmo tempo em que entendemos que o livro didático poderia ser um recurso melhor explorado pelo professor, junto aos alunos, uma vez que os mesmos o tem utilizado apenas como apoio didático. Nesse sentido, acreditamos que ao estimular a leitura e interpretação dos textos e questões apresentados no livro, o professor estaria colaborando para que o aluno estivesse desenvolvendo maior familiaridade com o conteúdo, tendo em vista também que o professor pode ser flexível em sua linguagem para transpô-lo didaticamente. Dito isto, passemos às considerações finais. 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise das falas dos professores entrevistados e do conteúdo de divisão celular nos livros didáticos, foi-nos possível concluir que as metodologias adotadas associado à forma como o assunto é apresentado no livro são fatores que concorrem para a dificuldade do aluno em compreender o conteúdo de mitose e meiose no 1º ano do Ensino Médio, pois embora os professores tenham nos relatado que há uma preparação para ministrar tal conteúdo, entendemos que a compreensão deste requer a leitura do aluno do material didático, mediado por intervenções do docente embasadas por conhecimento de como tornar os conteúdos mais acessíveis, de como tornar o saber sábio (do cientista) em saber escolar. Esse é um aspecto pouco discutido nos cursos de formação de professores, ou seja, como desenvolver a transposição didática dos conteúdos de biologia, especialmente os trazidos nos livros didáticos, considerando que em se tratando de muitos conteúdos, como mitose e meiose, os alunos apresentam dificuldade de abstraí-los, ação essencial para apreendê-los. Os cursos de licenciatura e habilitações para o ensino na área das Ciências Biológicas, ainda negligenciam durante as disciplinas didáticas o conhecimento sobre o processo de transposição didática que o professor precisa deter. Docentes se formam sem sequer ouvirem falar sobre esse processo, que consideramos tão importante na mediação da apropriação do conhecimento pelos alunos. Desse modo, reproduzem a linguagem técnico-científica, tal qual é apresentada nos livros didáticos. E embora considerem o livro um bom material para trabalhar os conteúdos de biologia, o utilizam apenas como apoio didático. O domínio dos conteúdos em questão, pelos professores, é algo que precisa ser revisto tanto no curso de formação quanto no decorrer da pratica profissional docente, pois são considerados muito complexos pelos professores, o que requer destes também várias leituras para o melhor entendimento desse conteúdo. Nesse sentido, a utilização de uma linguagem mais flexível poderá aproximar a linguagem técnica em sala de aula, juntamente com a utilização de outros recursos aliados ao livro didático. A leitura também é muito importante para o aprendizado do aluno, mas cabe ao professor ser um agente mediador de conhecimento, repensando sua postura didática diante dos conteúdos que irá ministrar. Um elo entre aluno e conhecimento que o professor poderá estabelecer ao utilizar uma linguagem mais prazerosa e compreensível ao estudante, tirando dúvidas, estimulando a leitura do livro e do glossário que está presente 30 em todos os volumes dos livros analisados. Já que o livro é considerado “excelente” pelos sujeitos, porque não explorá-lo mais? Precisamos refletir sobre essas questões pois os conteúdos relacionados à Divisão Celular são de extrema importância para o aluno, uma vez que estão imbricados com os diversos processos vitais, essencial para a compreensão das mutações gênicas, da reprodução humana, na velocidade de reprodução dos tecidos, das origens dos diversos tipos de câncer, da diversidade da vida. Desse modo, esperamos que o estudo que realizamos possa colaborar para suscitar uma discussão sobre essa demanda formativa nos cursos que formam os professores de Ciências e Biologia. 31 REFERÊNCIAS ALVES-FILHO, J. P. Atividades experimentais: do método à Prática Construtivista. Tese de Doutorado, UFSC, Florianópolis, 2000. ALVES, J. P. Regras da transposição didática aplicada ao laboratório didático. Caderno catarinense de ensino de física, v. 17. n. 2, ago. 2000. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das Células. 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( ) Sim ( ) Não __________________________________________________________________________ ____________________________________________________________ Quesito 02: A unidade faz links com outros conteúdos da Biologia? ( ) Sim ( ) Não __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _____________________________________________________ Quesito 03: Os termos utilizados no livro são puramente científicos? ( ) Sim ( ) Não Quesito 04: Na unidade os termos científicos são explicados em um glossário ou caixas de texto explicativas? ( ) Sim ( ) Não Quesito 05: O livro traz figuras em design tridimensional com legendas explicativas? ( ) Sim ( ) Não Quesito 06: De que forma essas legendas explicam as figuras? ( ) Explicam resumidamente como ocorre esses processos biológicos ( ) Somente nomeia a fase ou organela celular ( ) Somente o nome sem explicação dos processos que ocorrem Quesito 07: A unidade em questão traz textos midiáticos? ( ) Sim ( ) Não Quesito 08: A unidade em questão traz textos extraídos de artigos científicos? ( ) Sim ( ) Não Quesito 09: Os guias de estudo ou atividades são contextualizadas? ( ) Sim ( ) Não Quesito 10: Quais são os tipos de questões predominantes em suas atividades? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 35 Quesito 11: A unidade propõe atividades complementares e/ou pesquisas de investigação? ( ) Sim ( ) Não __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 36 APÊNDICE II - INSTRUMENTAL DE ENTREVISTA COM O DOCENTE Identificação do Docente Nome: ________________________________________________________________ Formação: _____________________________________________________________ Tempo de Docência: _____________________________________________________ Livro que utiliza: ________________________________________________________ Pergunta 01: Em relação ao conteúdo de Divisão Celular: Mitose e Meiose. Qual o seu ponto de partida para se trabalhar esse conteúdo com os seus alunos? Pergunta 02: Quais são as suas metodologias aplicadas por você em relação a esse conteúdo? Pergunta 03: Como você descreveria a sua percepção em relação ao conteúdo de Divisão Celular? Pergunta 04: E na sua opinião como descreveria a percepção do aluno no aprendizado do conteúdo de Divisão Celular? Pergunta 05: O livro influencia na sua prática? Ou você complementa essa prática com algum recurso a mais? Pergunta 06: Você tem dificuldades para ministrar suas aulas em relação a esse conteúdo? Pergunta 07: Qual o papel do livro em relação a esse conteúdo? Pergunta 08: Como você analisa o livro como o qual trabalha? Em especial ,em relação ao conteúdo Divisão Celular: Mitose e Meiose? Pergunta 09: Em sua opinião, você acha que o livro é contextualizado? 37 ANEXO - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E ENTREVISTA Eu, _________________________________________residente e domiciliado no endereço_______________________________________, AUTORIZO, a título gratuito o uso da minha imagem e voz através de gravadores e anotações para os trabalhos relacionados à pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará, intitulado A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E OS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO: O que pensam os professores da Educação Básica, a ser apresentado e/ou publicado em eventos científicos com fins exclusivamente acadêmicos ou de divulgação em páginas da internet e afins, cujos responsáveis são: Ana Carla Lima do Nascimento e Maria Márcia Melo de Castro Martins (orientadora) podendo tal trabalho vir a ser publicado ou apresentado parcial ou integralmente em palestras, eventos científicos, periódicos, livros (sem limite de tiragem), revistas acadêmicas, anais, revistas, CD-rom ou outro suporte multimídia, ou qualquer veículo de informação e pesquisa, inclusive a Internet, para todos os fins científicos e educacionais que aqui não estejam expressamente mencionados. Por esta ser a expressão da minha vontade, declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos à minha ou a qualquer outro e assino a presente autorização. Como garantia de aceso aos resultados obtidos e aos pesquisadores, e sempre que considerar necessário tirar dúvidas e acessar informações recorrerei à pesquisadora pelo endereço eletrônico: [email protected]. Sendo assim, consinto participar da pesquisa como está explicado neste documento. _____________________________________ Cascavel, __de ___________de 2013 Testemunha: Nome__________________________ Assinatura________________________