1 HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NO CONTROLE DE INVASORAS NA CULTURA DA SOJA GUZZO, Felipe1 DALA ROSA, Josimar1 BATTISTI, Alan1 ZATTI, Joelito1 CIEPLAK, Alex1 SILVA, Paulo1 DALASTRA, Thales1 MATTEI, Greice2 ALMEIDA, Mauro2 DALLAGNOL, Lilian2 MEIRELES, Ronaldo2 OLIVEIRA, Framciele2 PILAU, Janine2 TREVIZAN, Katia2 URIO, Elisandra2 WEIPPERT, Rosangela2 [email protected] RESUMO: No cenário agrícola mundial a soja desponta como a mais importante oleaginosa cultivada no planeta. As plantas daninhas são uma das principais barreiras encontradas na tentativa de aumento da produção dessa commodity agrícola. A utilização de herbicidas pré-emergentes com atividade residual, na operação de manejo da soja, tem se tornado uma prática comum para diminuir a competição inicial exercida pelas plantas daninhas. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle de plantas daninhas na cultura da soja BMX ATIVA. O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai (IDEAU), no município de Getúlio Vargas no estado do Rio Grande do Sul. O delineamento experimental foi realizado em blocos completos casualizados, com seis repetições. Os tratamentos foram três herbicidas (Boral®-sulfentrazona, Spider®-Diclosulan e Classic®Clorimurom-Etílico) e uma testemunha. Foram avaliados o espectro de plantas no local do ensaio, os efeitos residuais sobre as plantas infestantes, por meio de avaliação da quantidade de plantas remanescentes, e a produtividade da cultura, sobre isso obtive-se resultados a onde o herbicida diclosulan que teve maior controle sobre as plantas daninhas, não obteve a maior produtividade perdendo para o herbicida sulfentrazona, que foi o mais produtivos. Palavras-Chave: Herbicidas pré-emergentes, Glycine max, plantas daninhas. ABSTRACT: In world agricultural scenario soybeans emerged as the most important oilseed crop in the world. Weeds are one of the main barriers faced in trying to increase production of this agricultural commodity. The use of pre-emergence herbicides with residual activity in soybean management operation, has become a common practice to reduce the initial competition exerted by weeds. This study aims to evaluate the efficiency of preemergence herbicides in weed control in soybean BMX ACTIVE. The experiment was conducted in the experimental area of the Educational Development Institute of High Uruguay (IDEAU) in the municipality of Getúlio Vargas in the state of Rio Grande do Sul. The experiment was conducted in a randomized complete block design with six replications. Treatments were three herbicides (Boral®-sulfentrazone, Spider®-diclosulan and Classic®-Clorimurom-Ethyl) and a witness. They evaluated the spectrum of plants in the trial site, the residual effects on the weeds, by assessment of the amount of remaining plant and crop productivity, about it we obtained results where the herbicide diclosulan that had greater control over weeds, did not get the highest productivity losing to the herbicide sulfentrazone, which was the most productive. 1 2 Acadêmicos do 7º período do Curso de Agronomia da Faculdade IDEAU. E-mail: [email protected]. Docentes do Curso de Agronomia da Faculdade IDEAU 2 Keywords: pre-emergent herbicides, Glycine max, weeds. 1 INTRODUÇÃO A soja pode ser descrita como uma leguminosa da espécie Glycine max (L.), procedente de uma outra espécie silvestre (Glycine ussuriensis), originária da região Norte e Central da China. A soja cultivada é uma espécie de verão, porém, algumas espécies são perenes na natureza e foram também introduzidas em diversos países (Estados Unidos, Argentina, Paraguai, etc), onde diversas modificações foram inseridas no sentido de melhorar suas características agronômicas. Estes melhoramentos genéticos foram os principais responsáveis pela transformação da soja em uma cultura de importância mundial (SILVA et al., 2009). A soja foi a grande responsável pelo surgimento da agricultura comercial brasileira, acelerando a mecanização das lavouras, modernizou o transporte, expandiu a fronteira agrícola, colaborando para a tecnicidade e produção de outras culturas, além de patrocinar o desenvolvimento da avicultura e da suinocultura brasileira. A geração de tecnologias contribuiu para que o Brasil aumentasse sua produção de soja, passando a ocupar o segundo lugar entre os maiores produtores de soja do mundo (DALLAGNOL, 2000). O crescimento da cultura da soja no mundo e principalmente no Brasil esteve sempre associado aos avanços científicos e a disponibilização de tecnologias ao setor produtivo. A mecanização e a criação de cultivares altamente produtivas adaptadas às diversas regiões, o desenvolvimento de pacotes tecnológicos relacionados ao manejo de solos, ao manejo de adubação e calagem, manejo de pragas e doenças, além da identificação e solução para os principais fatores responsáveis por perdas no processo de colheita, são fatores promotores desse avanço, entretanto existem ainda alguns fatores limitantes da produtividade (FREITAS et al., 2011). Dentre os fatores que contribuem para esta limitação podem-se destacar a presença de plantas daninhas como sendo o principal fator de redução da produção econômica na cultura da soja. Essas plantas constituem grande problema para a cultura da soja e a necessidade de controlá-las, um imperativo. As perdas de produção em razão da infestação da área de lavoura por plantas daninhas podem ser significativas, dependendo da espécie, densidade e a distribuição da planta daninha. A invasora prejudica a cultura, porque com ela compete pela luz solar, pela água e pelos nutrientes, podendo, dependendo do nível de infestação e da 3 espécie, dificultar a operação de colheita e comprometer a qualidade do grão (FREITAS et al., 2011). Segundo Pittelkow (2009), dependendo do período de convivência, as infestações de plantas daninhas podem afetar os componentes da produção como o número de vagens por plantas e a massa dos grãos, além da produtividade. Em função disso, Voll, et al (1997) enfatiza que o controle de plantas daninhas assume um papel muito importante no manejo das lavouras de soja e na economia do produtor. Esse controle deve ser entendido como um sistema de manejo integrado, ou seja, um conjunto de práticas de manejo do solo e da cultura, que desfavoreçam o estabelecimento e a competição das plantas daninhas com a cultura, bem como propiciam o seu controle por meios preventivos mecânicos, químicos e biológicos associados às condições ambientais existentes. Para Erasmo, E.A.L. et al (2004), o sistema de plantio direto pode reduzir a densidade de plantas daninhas na área, pois a cobertura morta pode promover a liberação de compostos alelopáticos e reduzir a disponibilidade de radiação solar. Mesmo assim, segundo Gomes e Christoffoleti (2008) ainda são necessárias medidas de controle das plantas daninhas, principalmente com o uso de herbicidas. Porém, Rodrigues (1993), informa que no sistema de semeadura direta, a origem e a quantidade da cobertura morta sobre a superfície do solo podem comprometer a capacidade de um herbicida residual atingir o solo em virtude da retenção do produto pela palha, não permitindo o contato do produto com o solo. O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico, isto é, o uso de herbicidas. Suas vantagens são a economia de mão de obra e a rapidez na aplicação. Para que a aplicação dos herbicidas seja segura, eficiente e econômica, exigem-se técnicas refinadas. O reconhecimento prévio das invasoras predominantes é condição básica para a escolha adequada do produto, que resultará no controle mais eficiente das invasoras (FREITAS et al., 2011). A eficiência dos herbicidas aumenta quando aplicados em condições favoráveis. É fundamental que se conheçam as especificações do produto antes de sua utilização e que se regule corretamente o equipamento de pulverização, quando for o caso, para evitar riscos de toxicidade ao homem e à cultura. Oliveira (2015) define os herbicidas como substâncias químicas capazes de selecionar populações de plantas. Sendo que o termo seleção refere-se à capacidade que essas substâncias tem em provocar a morte de certas plantas e outras não. Com base em Oliveira (2015), pode-se dizer que o uso de herbicidas previne a interferência das plantas daninhas principalmente no início dos ciclos das culturas, período durante o qual normalmente são causadas as maiores perdas. É um aspecto importante quando na população de plantas 4 daninhas presentes encontram-se espécies de difícil controle após a emergência, ou quando as plantas daninhas são indesejáveis durante todo o ciclo da cultura, como no caso de áreas destinadas à produção de sementes. Além disto, o uso de herbicidas proporciona um controle mais efetivo nas linhas de plantio, onde muitas vezes outros métodos de controle não têm a mesma eficiência. Oliveira (2015) destaca ainda que há flexibilidade em relação à época de aplicação, principalmente em áreas de grande extensão, também é um fator importante, pois o controle das plantas daninhas pode ser feito de maneira escalonada, adequando-se ao maquinário, implementos e mão-de-obra disponível. O controle químico das plantas daninhas também apresenta rendimento operacional elevado, demandando pequena quantidade de mão-de-obra quando comparado a outros métodos de controle. Para os autores, o uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas é hoje o método mais eficiente e especialmente em grandes áreas. No entanto o controle químico dessas plantas tornou-se uma técnica eficaz, sendo feito comumente de modo extensivo incluindo áreas relativamente livres de infestação, que não necessitariam de aplicações de herbicidas. Para Vargas et al, (1999) apesar da grande facilidade e dos benefícios de se utilizar apenas herbicidas na cultura da soja cada vez mais os agricultores estão procurando alternativas de manejo para controlar plantas daninhas tolerantes ou resistentes a herbicidas entre diversas formas citadas na literatura de prevenir ou manejar a resistência de plantas daninhas, uma delas é a associação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação. O controle químico na soja ocorre de diversas maneiras, podendo ser tanto na semeadura convencional, quanto no sistema de plantio direto. Essas aplicações são normalmente realizadas após a semeadura, em pré-emergência (PRE) ou em pós-emergência (PÓS) das plantas daninhas (FREITAS et al., 2011). Os herbicidas pré-emergentes são os tipos usados para evitar o surgimento de plantas daninhas em primeiro lugar, ou, são aplicados antes da germinação das sementes das ervas ou da emergência de suas plântulas. Quando aplicado, ele age como uma barreira sufocando as sementes de erva daninha e matando-as antes de germinar. Contudo alguns herbicidas de préemergência necessitam ser incorporados ao solo, para maior eficiência, sendo por isso aplicado antes do plantio da cultura, no denominado pré-plantio incorporado. Em plantios de semeadura direta a palha pode interferir numa maior ou menor eficácia dos produtos conforme suas características físico-químicas. Segundo Correia e Resende (2001) a solubilidade em água é a principal característica, a qual confere maior ou menor 5 capacidade de um herbicida em atingir o solo no sistema de semeadura direta. Outras características, no entanto, podem exercer essa influência, como a pressão de vapor e o coeficiente de partição octanol-água (Kow). Atualmente no mercado de produtos químicos brasileiro existem variados princípios ativos com diferentes modos de ação sobre as plantas infestantes. Dentre alguns desses herbicidas de controle pré-emergente, destacam-se alguns princípios ativos como, a sulfentrazona, diclosulam e o clorimurom etílico. A família das sulfoniluréias (clorimurom) foi descoberta e desenvolvida inicialmente pela Du Pont a partir de 1975. Caracteriza-se por ser um grupo de herbicidas que tem altos níveis de atividade em baixas doses de aplicação. Oliveira (2001), ressalva que as moléculas desse grupo, em geral, são ativas tanto através de via foliar quanto via solo; existe também uma grande diversidade de interações com culturas e plantas daninhas, o que resulta em diferentes especificidades dos produtos em termos de seletividade, época de aplicação, espectro de controle e culturas nas quais podem ser utilizados. O clorimurom-etílico é registrado como um herbicida seletivo de pós-emergência. Segundo a EMBRAPA (2006), entende-se por herbicida seletivo pós-emergente aquela substância que tenha especificidade em sua ação, ou seja, não afeta de forma danosa a cultura principal e controla o mato quando aplicada uniformemente sobre o solo úmido após a brotação das plantas daninhas. Oliveira (2001) destaca que culturas sensíveis após a aplicação de Clorimurom incluem sorgo, algodão e arroz. Entre as culturas menos sensíveis incluem-se a soja e o trigo. Mesmo sendo registrado como um herbicida pós-emergente o clorimurom apresenta resultados satisfatórios em uso pré-emergente. Conforme Bianchi (2010), os produtos comerciais à base de clorimurom-etílico aplicado em pré-emergência demonstraram ser uma alternativa viável para uso junto com o glifosato na dessecação que precede a semeadura da soja. Nessa modalidade de aplicação além de complementar o glifosato no controle de plantas daninhas como buva (Conyza bonariensis/C. canadenses) e corriola (Ipomoea grandifolia), possibilita ação residual sobre espécies daninhas sensíveis sem causar prejuízo para o desenvolvimento da soja. De acordo com Rodrigues e Almeida (1998), o diclosulam (N-[2,6-diclorofenil]-5etoxi-7-fluoro (1,2,4)triazolo-[1,5c]- irimidina-2-sulfonamida) é um herbicida do grupo químico triazolo pirimidina sulfonanilidas indicado para o controle de dicotiledôneas em présemeadura incorporada ou em pré-emergência na cultura da soja. Este composto atua inibindo a enzima acetolactato sintase (ALS) a qual é essencial para a síntese dos aminoácidos valina, 6 leucina e isoleucina. Apresenta amplo espectro de controle como latifolicida, sendo que também pode promover a supressão do crescimento de algumas gramíneas, como Cenchrus echinatus, Brachiaria plantaginea, Brachiaria decumbens e Digitaria horizontalis. Além disso, um trabalho de campo conduzido por Constantin et al. (2000), comprovou que o herbicida diclosulam também apresenta boa performace no controle de ciperáceas, desde que aplicado em doses superiores a 150 g há-¹. O diclosulan é um herbicida amplamente difundido entre os agricultores, por ser um produto seletivo para a cultura da soja e controlar com eficiência, quando aplicado em préemergência, diversas espécies de plantas daninhas infestantes desta cultura. O sulfentrazone é um herbicida pertencente ao grupo químico aril triazolinonas, utilizado pra controle de gramíneas e dicotiledôneas na cultura da soja, inibindo a enzima protox. Segundo Rodrigues e Almeida (1998), quando a protox é inibida ocorre acúmulo de proto IX no cloroplasto e este extravasa (via difusão) para o citoplasma, se oxidando naturalmente formando protoporfirina IX. No citoplasma a protoporfirina IX atua como um composto fotodinâmico e interage com o oxigênio, na presença de luz, promovendo peroxidação de lipídios, causando destruição de membranas celulares, acarretando rápida dessecação foliar nas plantas que emergem. Conforme Blanco e Velini (2005) o princípio ativo Sulfentrazone é registrado no Brasil para as culturas de soja, cana-de-açúcar, café e citros. Os herbicidas pré-emergentes disponibilizados no mercado de agroquímicos para o controle de plantas invasoras é muito grande e diversificado. As informações disponíveis a respeito dos reais efeitos sobre o controle dessas plantas são escassas. Dentro desse contexto, este trabalho objetiva avaliar a eficiência de alguns produtos de ação pré-emergente (Sulfentrazona, Diclosulan e Clorimuron-Etilico), no controle de plantas daninhas na cultivar de soja BMX ATIVA. 2 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na área experimental do Campus III do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai (IDEAU), no município de Getúlio Vargas, Região do Alto Uruguai, do estado Rio Grande do Sul, definida geograficamente pelas coordenadas 27º53’41.00” latitude sul e a 52º12'26.08" longitude oeste, estando a uma altitude de 622 metros, sobre Latossolo Vermelho distrófico típico, (fonte Streck etal. Solos do RS). 7 Conduziu-se o ensaio entre novembro/2014 à março/2015. A semeadura foi realizada sob o sistema de plantio direto, com cobertura de aveia preta, sendo essa dessecada com o herbicida Glifosato trinta dias de antecedência ao plantio. O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados, com seis repetições, e quatro tratamentos totalizando 24 parcelas. Os tratamentos consistem na utilização de três herbicidas de ação pré-emergente com princípios ativos diferentes, (Boral®sulfentrazona, Spider®-Diclosulan e Classic®-Clorimurom-Etílico) e uma testemunha, (Tabela 1). Tabela 1: Lista dos tratamentos: nome comercial, princípio ativo dos herbicidas e dosagem. Tratamentos Nome comercial Tratamento 1 Boral® - FMC Princípio ativo Ingrediente Ácido Sulfentrazona 500g l-¹ Tratamento 2 Spider® - Dow Agrosciences Diclosulan 840g kg-¹ Tratamento 3 Classic® - DuPont Clorimurom-Etílico 250g kg-¹ Tratamento 4 Testemunha Sem aplicação Fonte: Os Autores (2015). As parcelas foram divididas em sete linhas no espaçamento de quarenta e cinco centímetros entre elas com comprimento de quatro metros, totalizando 12,6 m² de área total por parcela e 9 m² de área útil onde realizou-se a coleta dos dados, entre as parcelas deixou-se um corredor com espaçamento de um metro. Foi cultivada a variedade de soja BMX ATIVA, com tecnologia Roundup Ready®, de elevado potencial produtivo e grupo de maturação estimado 5.6. A área recebeu adubação química de base de 340 kg por hectare da formula 00-25-25, seguindo as recomendações do Manual de Adubação e Calagem para os estados do RS e SC, para um potencial produtivo esperado de quatro toneladas de grãos por ha. A recomendação foi estimada seguindo a interpretação da análise, de amostras coletadas de 0 à 20 centímetros de profundidade, em diferentes pontos da área destinada a implantação do experimento. Seguindo os resultados da analise não se observou necessidade de correção do pH do solo (calagem) antes da implantação do experimento, (Tabela 02). 8 Tabela 2: Diagnóstico para adubação e calagem. pH Ca Mg Al --- ---------------Cmolc/dm³----------- 6,2 3,2 3,9 A H+Al CTCpH7 Al M A V K -----%----- ------ ------%------ -mg/dm³- 3,2 45,8 8,0 108,0 M --- M 0,0 2,8 10,2 0,0 --- M MB M --- SMP MO Argila P 72,5 6,4 --- A MB= Muito Baixo B= Baixo M= Médio A= Alto MA= Muito Alto Fonte: Os Autores (2015). A semeadura e adubação de base foram realizadas com uma semeadoura com sete linhas de distribuição de sementes, equipada com sistema mecânico de distribuição e sulcador de adubo tipo guilhotina. O adubo foi depositado a uma profundidade de oito centímetros do nível do solo e as sementes com inoculante para fixação biológica de nitrogênio a três centímetros, a população de sementes lançadas ao solo foi de setenta e duas sementes por linha da parcela, totalizando aproximadamente quatrocentas mil sementes / ha. As aplicações dos herbicidas foram realizadas com pulverizador costal motorizado, operado com três bicos de jato plano tipo leque no espaçamento de cinquenta centímetros entre bicos, regulado para depositar 150 l/ha de calda, com adjuvante, conforme recomendações dos fabricantes de cada herbicida. Para determinação da eficiência de controle dos tratamentos aplicados, foi utilizada escala percentual, em que a nota zero correspondeu a nenhum efeito de controle, e a nota 100 significou morte completa das plantas daninhas (Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas, 1995), sendo realizadas avaliações aos vinte dias após semeadura e aplicação do herbicida correspondente, trinta dias após semeadura e quarenta dias após semeadura. Após a última avaliação efetuamos uma aplicação complementar com herbicida Glifosato, seguindo-se as recomendações do fabricante. Realizou-se também o manejo de controle e prevenção de pragas e doenças. Ao complemento da maturação fisiológica da soja, foram colhidas as cinco linhas centrais de cada parcela (9/m²) para verificação de produtividade da área, realizando a pesagem e determinação de umidade dos grãos colhidos na parcela, sendo que as duas linhas laterais de bordadura permaneceram no campo A colheita foi realizada de forma manual e a debulha com um batedor de cereais tratorizado. A produtividade da soja foi avaliada em kg há-¹ à 13 % de umidade. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e comparados utilizando-se o teste de tukey a 5 % de significância com o auxílio do programa Assistat. 9 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação a eficiência dos herbicidas sobre as plantas daninhas Euphorbia heterphylla, Ipomoea grandiola, nota-se que não houve diferença significativa entre os três tratamentos na primeira e última avaliação realizada, porém na avaliação aos 30 dias houve diferença significativa de controle entre o tratamento a base de clorimurom e diclosulan, o maior percentual de eficiência de controle foi verificada na avaliação realizada aos trinta dias pós-plantio e aplicação dos produtos, no tratamento a base de diclosulan. No geral das avaliações observou-se um melhor eficiência do princípio ativo diclosulan sobre essas plantas % de Controle de controle de plantas daninhas daninhas, (Figura 1). 90 a a 80 70 b 60 50 a b b c c c Média de controle 20 DAA 40 Média de controle 30 DAA 30 Média de controle 40 DAA 20 10 0 Sulfrentazona Diclosulan Clorimurom Herbicidas Figura 1: Controle de Plantas Daninhas leiteiro (Euphorbia heterphylla L) e corda de viola (Ipomoea grandiola).(%) avaliadas aos 20, 30 e 40 Dias após aplicação. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: Os Autores (2015). No que se refere às médias das avaliações sobre as plantas daninhas, observou-se uma significância do ingrediente ativo diclosulan sobre os demais ingredientes ativo (Figura 2). 10 a Media geral do % de Controle das plantas invasoras 80 70 b 60 b 50 40 30 20 10 0 0 Sulfrentazona Sulf. Diclosulan Dicl. Clorimurom Clori. Testemunha Test. Herbicidas Figura 2: Controle de Plantas Daninhas (%) sob diferentes herbicidas. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: Os Autores (2015). Com relação a produtividade de grãos, os resultados não mostram diferença significativa entre os tratamentos e a testemunha (Figura 3). A cultivar de soja implantada no experimento não apresentou nenhum sinal de fitotoxidade em nenhuma de suas fases de desenvolvimento. Produtividade Produtividade de soja em kg ha-1 6200 6111 (A) 6100 6000 5900 5800 5833 (A) 5759 (A) 5648 (A) 5700 5600 5500 5400 Testemunha Sulfamentrazona Diclosulan Tratamentos Clorimurom CV% 8,71 Figura 3: Produtividade média da soja nos diferentes tratamentos. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV%= 8,71 Fonte: Os Autores (2015). 11 A maior produtividade foi observada no tratamento onde se deu a aplicação de sulfentrazona, porém este princípio ativo não obteve bons resultados de controle das plantas daninhas avaliadas. O princípio ativo sulfentazona, sendo que este da mesma forma que o tratamento a base de clorimurom-etílico não apresentou níveis de controle satisfatórios. Na área onde se deu a instalação do ensaio, foi observado uma alta taxa de banco de sementes de daninhas, o que pode ter influenciado na menor eficiência de controle desses herbicidas. A parcela com o tratamento à base de diclosulan apresentou uma menor produtividade em relação ao tratamento de sulfentrazona, no entanto foi o que melhor observou-se resultados em relação a eficiência no controle das ervas daninhas avaliadas (Figura 3). Segundo López et al. (2003), a redução de produtividade causada pela aplicação de um herbicida nem sempre está associada à sintomas visuais de fitotoxidade aparente, que na prática é conhecido popularmente por fitotoxidade invisível ou oculta. Como também Velini et al. (1992), relata que é possível, herbicidas reduzirem a produtividade das culturas sem manifestar efeitos visualmente destacáveis, bem como herbicidas que causam injúrias acentuadas às plantas cultivadas, não afetarem o potencial produtivo destas. A utilização de herbicidas em pré-emergência é uma excelente ferramenta dentro de sistemas que visam o manejo de plantas daninhas, principalmente para diminuir o banco de sementes de daninhas e como um aliado de produtos de ação pós-emergente, reduzindo o número e tamanho das plantas daninhas no momento dessas aplicações, Porém, a escolha dos herbicidas e doses a serem utilizados deve ser feita de maneira criteriosa, a fim de evitar problemas de injúrias à cultura e ou quedas no rendimento de grãos. 4 CONCLUSÃO O herbicida diclosulan teve uma melhor eficiência no controle das plantas daninhas avaliadas, porém teve uma diminuição em relação a produtividade, mesmo não diferindo estatisticamente com os demais tratamentos e a testemunha. Sendo assim, com base nesses resultados, mais estudos são necessários para identificar a melhor opção de herbicida, com efeito, pré-emergente sem que a produtividade seja afetada. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLANCO, F. M. G. VELINI, E. D. 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