Formação de Português 2013/2014 Oficina de formação: “Ler para compreender, interpretar, reagir e apreciar” 7ª sessão Compreensão de textos descritivos Quando se diz como é alguém ou alguma coisa, está a usar-se o texto descritivo. Compreensão de textos descritivos O que é um texto descritivo? A descrição é um tipo de texto que procura retratar, através de palavras, as características de uma pessoa, de um objeto, de um animal, de uma paisagem ou de uma situação qualquer. Um bom texto descritivo é aquele que permite que o ser descrito seja identificado pelo que ele tem de particular, de característico em relação aos outros seres da mesma espécie. O texto descritivo consiste numa perceção sensorial, representada pelos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) no intuito de relatar as impressões capturadas com base numa pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento do quotidiano. É como se fosse uma fotografia traduzida por meio de palavras, sendo que estas são “ornamentadas” de riquíssimos detalhes, de modo a propiciar a criação de uma imagem do objeto descrito na mente do leitor. Compreensão de textos descritivos A descrição pode ser retratada apoiando-se sob dois pontos de vista: o objetivo e o subjetivo. Na descrição objetiva, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as características do “objeto” de modo preciso, isentando-se de comentários pessoais ou atribuições de quaisquer termos que possibilitem a múltiplas interpretações. A descrição subjetiva perfaz-se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões, expressão de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque” de individualismo por parte de quem a descreve. Compreensão de textos descritivos Descrição de seres fantásticos Era uma vez um monstro que vivia num lago muito profundo. Este monstro era o mais jovem morador do lago. Havia sido contratado para manter o local sob um intenso clima de medo. Era jovem e tinha ainda pouca experiência profissional. No entanto, e como todos os monstros de boas famílias, tinha uma grande qualidade: o seu horrendo aspeto físico. O herói desta história era verde, tinha uma grande boca por onde cuspia fogo (apesar de um pouco desajeitado, a ponto de chegar a queimar os bigodes), e era também muito comprido, com cristas ao longo do dorso. No total, media uns bons quinze metros de comprimento. O seu nome era Acácio, o monstro Acácio. António Antunes Carvalho in O monstro Compreensão de textos descritivos Completa com os adjetivos do texto: O monstro Acácio vivia num lago __________, habitado por ___________ criaturas que assustavam quem se aproximava. O Acácio tinha um aspeto físico ____________. Era ____________, tinha uma boca ___________ por onde cuspia fogo e o corpo _____________, com cristas ao longo do dorso. Como ainda era _____________ tinha pouca experiência profissional. E também era ___________, a ponto de chegar a queimar os bigodes. Mas o Acácio estava a aprender na melhor escola de monstros e era um ________ aluno. Compreensão de textos descritivos Descrição de seres fantásticos Vou falar-lhes de um palhaço. Tinha um nariz muito grande e uns olhos que brilhavam como estrelas. E no peito um coração de oiro – os olhos brilhavam como estrelas porque ele tinha um coração de oiro. E as mãos, quando estavam fora das luvas grandes, eram grandes, isso eram, mas meigas e bonitas. O Palhaço era bom. Sonhava muito. Sonhava que no mundo todos deviam ser bons, alegres, bem dispostos. No dia seguinte pegou numas calças velhas, cor de ferrugem. Num casaco de quadrados encarnados e verdes, muito largo, que era tão grande que nele caberiam dois palhaços. E nuns sapatos muito grandes, também, amarelos como as patas de uns patos. E numas luvas enormes, muito brancas. E, por fim - e isso era tão importante! – num macio chapéu verde tenro da cor dos prados antes de as papoilas nascerem como pingos de sangue. Lindo, o nosso Palhaço! Matilde Rosa Araújo in O Palhaço Verde Compreensão de textos descritivos Descrição de pessoas (prosa) “… A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinquenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas. Compreensão de textos descritivos Descrição de pessoas (poesia) Compreensão de textos descritivos Descrição de pessoas – Retrato físico e psicológico Compreensão de textos descritivos CABELOS: Loiros, ruivos, pretos, castanhos, curtos, compridos, ondulados, lisos, encaracolados, OLHOS: castanhos, pretos, azuis, esverdeados, alegres, tristes, brilhantes, grandes, pequenos, rasgados, amendoados… LÁBIOS: finos, grossos, pequenos, grandes, vermelhos, carnudos… NARIZ: curto, comprido, achatado, arrebitado, torto, redondo… VESTUÁRIO: dizer a cor, o tamanho, as peças que se usam… CALÇADO: dizer a cor, o tamanho… dos sapatos, sandálias, ténis. botas… Compreensão de textos descritivos QUALIDADES ☺ Carinhoso Amigo Trabalhador Corajoso Simpático Sincero Divertido Generoso Responsável Alegre DEFEITOS ☻ Violento Mentiroso Egoísta Preguiçoso Conflituoso Medroso Envergonhado Nervoso Triste Irrequieto GOSTOS ☼ Ler Passear Jogar Playstation Brincar Cinema Fazer desporto Ouvir música Ir à praia Viajar Ver televisão Compreensão de textos descritivos Apresentação e idade RETRATO FÍSICO Figura / Corpo Rosto / Cabeça Vestuário PSICOLÓGICO Comportamento Qualidades Defeitos Gostos / Preferências Compreensão de textos descritivos Descrição de objetos “As grandes poltronas vazias, com flores e grinaldas em relevo. A mesa pesada e longa de jacarandá com a sua coberta de veludo escuro. Os copos passavam a sua vida fechados dentro de um grande armário de madeira escura que estava no meio do corredor. Esse armário tinha duas portas que nunca se abriam completamente e uma grande chave. Lá dentro havia sombras e brilhos. Era como o interior de uma caverna cheia de maravilhas, e segredos. Nos dias de festa, do fundo das sombras do interior do armário saíam os copos. Saíam claros, transparentes e brilhantes tilintando no tabuleiro. O dia de Natal de Sophia de Mello Breyner Andresen Compreensão de textos descritivos Que objeto é este? Este pequeno objeto encontra-se sobre uma mesa de escritório e a sua função é a de prender folhas de papel. É constituído por um único fio metálico que, dando duas voltas sobre si mesmo, assume a configuração de dois desenhos (um dentro do outro), cada um deles apresentando uma forma específica. O material metálico de que é feito confere-lhe um peso insignificante. Por ser metalizado, apresenta um brilho suave. Prendemos as folhas de papel fazendo com que se encaixem no meio deste. Compreensão de textos descritivos Descrição de Imagens Este quadro é uma obra da pintora Paula Rego. Descreve a imagem. Na introdução faz uma observação geral, no desenvolvimento menciona todos os pormenores da imagem e na conclusão podes dar a tua opinião sobre esta imagem. Compreensão de textos descritivos Observa esta imagem com atenção. Ela é uma obra do pintor Joan Miró. Para descrever uma imagem temos de observar pormenorizadamente todos os detalhes que ela apresenta. Descreve-a. Compreensão de textos descritivos Descrição de animais Compreensão de textos descritivos Descrição de animais Era um veado florido. Belo e acetinado como os outros, corpo flexível, patas finas, focinho aguçado, humedecido de ternura. Tal como os outros. Mas, nas longas e recortadas hastes que lhe ornavam a cabeça, tinha flores. Eram brancas. E tinha folhas, folhas de um verde luzidio e quase transparentes. Entre as folhas, botões donde brotariam novas flores. Era um veado florido. António Torrado in O Veado Florido Compreensão de textos descritivos Descrição de Paisagens A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, húmido e sombrio, com suas camélias e seus bancos de azulejo. A meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada. A parte de trás da casa era virada ao poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a várzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos. Sophia de Mello Breyner Andresen in O Jantar do Bispo Compreensão de textos descritivos Descrição de Paisagens Sophia de Mello Breyner Andresen in A Menina do Mar Compreensão de textos descritivos Descrição de Paisagens Cidadezinha Cidadezinha cheia de graça... Tão pequenina que até causa dó... Eu que de longe venho perdido, Com seus burricos a pastar na praça... Sem pouso fixo (a triste sina!), Sua igrejinha de uma torre só... Ah, quem me dera ter lá nascido! Nuvens que vêm, nuvens e asas, Lá toda a vida poder morar! Não param nunca, nem um só segundo... Cidadezinha... Tão pequenina E fica a torre, sobre as velhas casas, Que toda cabe num só olhar! Fica cismando como é vasto o mundo! Mário Quintana Compreensão de textos dialogais ou conversacionais As conversas do dia-a-dia, as entrevistas ou as tertúlias fazem parte dos textos conversacionais. Compreensão de textos dialogais ou conversacionais Nos textos conversacionais ou dialogais há sempre duas ou mais pessoas que trocam ideias, assumindo alternadamente o papel de locutor e de interlocutor. Compreensão de textos dialogais ou conversacionais António Torrado in Histórias à solta na minha rua Compreensão de textos dialogais ou conversacionais Só aí perguntei: - Para onde vamos? Para onde vamos? - Buscar a mãe. António Mota in Cortei as tranças Minha mãe sofria em silêncio. Numa manhã, fui encontra-la na cozinha com olheiras fundas e lágrimas a borbulhar. - O que tem mãe? - Nada. - Mas está a chorar… - Não estou a chorar. Foram as cebolas que acabei de cortar para a salada. António Mota, A casa das Bengalas Compreensão de textos dialogais ou conversacionais Gianni Rodari in Histórias ao telefone Desafios entre sessões A - Selecionar um excerto de um texto narrativo e pedir aos alunos que insiram aí uma descrição de objeto, paisagem ou personagem. B – Selecionar um excerto de um texto narrativo e pedir aos alunos que insiram aí um diálogo entre as personagens.