0 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FRANCISCO ASSIS COSTA JÚNIOR DIAGNÓSTICO DA LOGISTICA NUMA CONSTRUTORA EM MOSSORÓ - RN MOSSORÓ-RN 2011 1 FRANCISCO ASSIS COSTA JÚNIOR DIAGNÓSTICO DA LOGISTICA NUMA CONSTRUTORA EM MOSSORÓ - RN Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do título Bacharel em Ciência e Tecnologia. Orientador: Prof. Dra. Sc. Maria Aridenise Macena Fontenelle – UFERSA MOSSORÓ-RN 2011 2 FRANCISCO ASSIS COSTA JÚNIOR DIAGNÓSTICO DA LOGISTICA NUMA CONSTRUTORA EM MOSSORÓ – RN Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do título Bacharel em Ciência e Tecnologia. DATA DE APROVAÇÃO: __/__/__ BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. Dra. Maria Aridenise Macena Fontenelle – UFERSA Presidente _________________________________________________ Prof. Dr. Sc. Eric Amaral Ferreira – UFERSA Primeiro Membro _________________________________________________ Prof. Ms. Sc. André Duarte Lucena – UFERSA Segundo Membro 3 AGRADECIMENTO Aos meus pais, pelo apoio incondicional, conselhos e compreensão. Aos amigos presentes diariamente ou não, mas que sempre pude contar. A minha turma, pelo companheirismo e estudos ao longo tempo que estivemos juntos. A minha namorada, pela cumplicidade e apoio. A minha orientadora, pela compreensão e paciência durante todo o trabalho. 4 RESUMO A logística é de importância, na atualidade, para um melhor gerenciamento de um processo produtivo. A construção civil sofre constantemente com problemas de transporte, armazenagem, retrabalho, grande volume e resíduos, entre outros que podem ser amenizados com uma aplicação logística adequada. Com base nisso foi realizado um estudo teórico dos conceitos logísticos e diagnosticado em uma construtora em Mossoró-RN por meio de um estudo de caso envolvendo entrevista, questionário e observações diretas. Desta maneira, foi possível uma melhor compreensão da logística no meio da construção civil, assim como também a avaliação desta em uma empresa mossoroense. Palavras-chaves: Logística. Fluxo de materiais. Fluxo de informações. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Elementos básicos da logística .............................................................................. 9 Figura 2 – Relação entre as três atividades logísticas primárias para atender clientes - o “ciclo crítico”. ................................................................................................................................ 10 Figura 3 – Fluxo logístico ................................................................................................... 11 Figura 4 – SCH – Gerenciamento da cadeia de suprimento................................................... 12 Figura 5 – Interface da logística com produção e marketing ................................................. 13 Figura 6 – Logística na construção civil .............................................................................. 14 Figura 7 – Fluxo de produção na construção civil ................................................................. 15 Figura 8 – Fluxo logístico com a logística reversa ................................................................ 16 Figura 9 – Representação esquemática do processo logístico direto e reverso ....................... 17 Figura 10 – Atividades Típicas do Processo Logístico Reverso ............................................ 18 Figura 11 – Fachada do escritório da construtora analisada .................................................. 25 Figura 12 – Organograma reduzido da empresa .................................................................... 25 Figura 13 – Solicitação de compra ou contratação ................................................................ 27 Figura 14 – FVM (Ficha de Verificação de Materiais) .......................................................... 28 Figura 15 – Material estocado – Almoxarifado ..................................................................... 29 Figura 16 – Material estocado – Almoxarifado ..................................................................... 29 Figura 17 – Material estocado - Tijolo.................................................................................. 30 Figura 18 – Material estocado .............................................................................................. 31 Figura 19 – Material estocado .............................................................................................. 31 Figura 20 – Material estocado – Tinta .................................................................................. 32 Figura 21 – Material estocado – Cimento parte interna – Local forrado evitando a umidade . 33 Figura 22 – Material estocado – Cimento parte externa – Local fechado para proteção ......... 33 Figura 23 – Movimentação horizontal – Carro-de-mão ......................................................... 34 Figura 24 – Movimentação vertical – Guincho ..................................................................... 35 Figura 25 – Movimentação vertical – Jaú ............................................................................. 35 Figura 26 – Movimentação vertical – Elevador .................................................................... 36 Figura 27 – Movimentação vertical – Elevador .................................................................... 36 Figura 28 – Movimentação vertical – Andaimes ................................................................... 37 Figura 29 – Cronograma da obra .......................................................................................... 38 6 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Papel da logística reversa dentro da cadeia produtiva na construção civil sob ponto de vista da sustentabilidade .................................................................................................. 19 Quadro 2 – Ferramentas e aspectos analisados no diagnóstico da logística ........................... 21 Quadro 3 – Resumo das principais questões abordadas pelo questionário ............................. 22 7 CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 9 2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE LOGÍSTICA ........................................................ 9 2.2 LOGÍSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................................................... 13 2.3 LOGÍSTICA REVERSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................... 16 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 20 4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 24 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .......................................................................... 24 4.2 PROCESSO LOGÍSTICO .............................................................................................. 26 5 ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 39 5.1 PROCESSO DECISÓRIO.............................................................................................. 39 5.2 GERENCIAMENTO DE PEDIDO ................................................................................ 39 5.3 FLUXO FÍSICO............................................................................................................. 40 5.4 MELHORIAS PARA A LOGÍSTICA ............................................................................ 41 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 42 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 43 8 1 INTRODUÇÃO O setor da construção civil, nos últimos anos, vem tendo uma competição muito acirrada e em conjunto com as evoluções tecnológicas, essa indústria, passou a ter uma nova visão que valoriza os aspectos produtivos, o surgimento de novas técnicas para que as empresas possam ter um melhor desempenho em suas edificações. A logística é uma ferramenta operacional que vem sendo bastante difundida no mundo, onde as grandes empresas de vários setores a utilizam para otimizar e controlar melhor o fluxo produtivo, tanto de bens, matéria-prima, como de informações. Segundo Darkim apud (VIEIRA, 2002): “A logística pode ser definida como o planejamento e a operação dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica.” Ou seja, a logística tem o objetivo de gerenciar o fluxo de bens e informações fazendo com que se eleve a produção, qualidade, podendo de reduzir custos, desperdícios e prazos. Não se pode esquecer o fluxo reverso que vem a ser o fluxo de bens e informações oriundos do ponto de consumo para o ponto de obtenção. A logística reversa vem a ser a administração destes fluxos por meio de canais de distribuição reversos, em que, parte dos produtos distribuídos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou depois de extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo, readquirindo valor em mercados secundário. Para Rogers e Tibben-Lembke apud (MARCONDES e CARDOSO, 2005) Logística Reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo matérias primas, estoque em processo, produto acabado e de informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado. Esse trabalho visa, através de um estudo de caso, diagnosticar a prática da logística numa construtora em Mossoró. 9 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE LOGÍSTICA De acordo Council of logistic Managment norte-americano apud (VIEIRA, 2002): “Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.” Já a Associação Brasileira de Logística (2011) define como: “O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente”. Segundo Novaes (2004), a logística começa pela análise e o planejamento do projeto ou do processo a ser implementado. Uma vez planejado e devidamente aprovado, passa-se à fase de implementação e operação. Devido à complexidade dos problemas logísticos e à sua natureza dinâmica, todo sistema logístico precisa ser constantemente avaliado, monitorado e controlado. A figura 1 mostra os elementos básicos da logística. Figura 1 – Elementos básicos da logística Processo de planejar, operar, controlar Fluxo e Armazenagem Matéria-prima Produtos em processo Produtos acabados Informações Dinheiro ao ponto de origem de forma econômica, eficiente e efetiva Fonte: (NOVAES, 2004) ao ponto de destino Satisfazendo as necessidades e preferências dos clientes 10 Ballou (2010) conceitua logística empresarial como: “A logística empresarial trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.” Segundo o autor referido a definição anterior identifica atividades de importância primaria para atingir os objetivos logísticos de custo e nível de serviço, que são: Transporte; para algumas empresas é a atividade mais importante, pois ela absorve, em média, de um a dois terço dos custos logísticos. Essencial pois nenhuma empresa pode operar sem movimentar suas matérias-primas ou seus produtos acabados. Manutenção de estoques; para atingir um grau razoável de acessibilidade de produto, é necessário manter estoques, onde a administração deste envolve manter seus níveis tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo que provê a disponibilidade desejada pelos clientes. Processamento de pedidos; Sua importância deriva do fato de ser um elemento crítico com relação ao tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes. Ballou (2010) coloca estas três atividades logísticas em perspectiva notando-se sua importância naquilo que pode ser chamado de ciclo crítico de atividades logística, chamandoas de atividades primárias. Como mostrado na figura 2. Figura 2 – Relação entre as três atividades logísticas primárias para atender clientes - o “ciclo crítico”. CLIENTE Processamento dos pedidos dos clientes (inclui transmissão) Manutenção de estoque Fonte: (BALLOU 2010) Transporte 11 No fluxo logístico, temos inicialmente a matéria-prima que será armazenada e depois se tornará material em processo e ainda por fim será o produto acabado, isso acorre desde o fornecedor inicial, depois fabricação do produto, passando por varejistas até o cliente final. Mas o fluxo não apenas de produtos e insumos, temos também um fluxo de informações que ocorre de ambos os sentidos, tanto do ponto de origem pra o destino quanto pra o ponto de destino para a origem. Outro fluxo que acontece é o fluxo de dinheiro, no sentido contrário, ou seja, vem do consumidor final passando pelos demais até o fornecedor inicial. A figura 3 ilustra o fluxo logístico. Figura 3 – Fluxo logístico Fornecedor Manufatura Distribuidor Varejista Consumidor FLUXO DE INFORMAÇÕES FLUXO DE MATERIAIS FLUXO DE DINHEIRO Fonte: (NOVAES, 2004) Cadeia de suprimento vem a ser o longo processo necessário para converter a matériaprima, mão-de-obra e energia em produto final, desde os fornecedores, passando pelas fabricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores e chegando ao consumidor. A figura 4 demonstra o funcionamento de uma cadeia de suprimentos. 12 Figura 4 – SCH – Gerenciamento da cadeia de suprimento Fornecedores de matériaprima Fabricantes de componentes Indústria principal Atacadista e distribuidores Varejista Consumidor final Fonte: (NOVAES, 2004) Christopher (2009) define gerenciamento da cadeia de suprimentos como: “Uma rede de organizações conectadas e interdependentes, trabalhando conjuntamente, em regime de cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o fluxo de matérias-primas e informações dos fornecedores para os clientes finais.” De acordo com Ballou (2010): “Estrategicamente, a logística ocupa posição intermediária entre produção e marketing. Como é impossível dividir as funções de uma empresa sem alguma sobreposição de responsabilidade pelo menos em algumas delas, atividades de interface devem ser criadas. Estas são aquelas que devem ser gerenciadas por duas ou mais áreas. O profissional de logística deve tratar com estas áreas de limbo entre produção e marketing.” 13 Figura 5 – Interface da logística com produção e marketing A Empresa PRODUÇÃO Atividades típicas: Controle de qualidade Planejamento detalhado Manuseio interno Manutenção de equipamento Interface: Programação de produção Localização industrial Compras LOGÍSTICA Atividades típicas: Manutenção de estoque Processamento de pedidos Armazenagem Manuseio de materiais Interface produçãologística Interface: Padrões de níveis de serviço Formação de preço Embalagem Localização de depósitos MARKETING: Atividades típicas: Promoção/propaganda Pesquisa de mercado Administração força de vendas Interface marketinglogística Fonte: (BALLOU 2010) A figura 5 mostra exatamente a interface da logística com a produção e o marketing citada pelo Ballou (2010), enfatizando a responsabilidade do marketing de gerar lucros para a firma e a produção preocupa-se com a formação de produto e serviço e o controle de qualidade. 2.2 LOGÍSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Segundo Silva e Cardoso (1998b) a logística aplicada à construção civil é entendida como sendo um processo multidisciplinar aplicado a uma determinada obra que visa garantir o abastecimento, armazenagem, o processamento e a disponibilização dos recursos materiais nas frentes de trabalho, bem como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos físicos de produção. Tal processo se dá através de atividades de planejamento, organização, direção e controle, tendo como principal suporte o fluxo de informações, sendo que estas atividades podem se passar tanto antes do início da execução em si, quanto ao longo dela. E que apesar das atividades de abastecimento, transporte, formação de estoques e comunicação sempre terem existido nas empresas, a preocupação com elas no âmbito da construção civil se dá normalmente isolada e só pode, portanto, 14 trazer benefícios isolados. A figura 6 apresenta um esquema da logística na construção civil. Figura 6 – Logística na construção civil LOGÍSTICA - PROCESSO Abastecimento PLANEJAMENTO Armazenagem Processamento de ORGANIZAÇÃO produtos Disponibilização nas DIREÇÃO frentes de trabalho Dimensionamento das CONTROLE equipes Gestão dos fluxos físicos de produção FLUXO DE INFORMAÇÕES Fonte: (SILVA E CARDOSO, 1998a) Segundo Vieira (2002) o setor de construção civil no Brasil representam percentuais de 25% a 30% do custo total da obra. Para Formoso (1996) as perdas e desperdícios no processo produtivo da construção civil se manifestam de várias formas: perdas de matérias em transportes: excesso ou inadequado por superprodução: produção de quantidades além das necessárias como produzir volume de concreto maior ao que será utilizado no dia, espessura de reboco superior ao projeto, etc. utilização de materiais com características de desempenho superior ao especificado estocagem inadequada: falta de cuidados na armazenagem ou falta de locais adequados retrabalhos: ocasionados por inconformidades com as especificações ou por baixa qualidades tempo gasto com mão-de-obra para execução de retrabalhos tempos ociosos com mão-de-obra por deficiência de planejamento das equipes, etc. Na construção civil pode-se afirmar que é adotado um sistema de produção diferente, isso porque não é o produto em si que se movimenta e sim os trabalhadores e os 15 insumos que se movimentam ao redor dela e em seu interior, o produto final é fixo, a matéria-prima e insumos chegam até ele, assim a organização do trabalho é imprescindível, uma vez que a movimentação é intensa com diferentes tipos de insumos, com medidas e pesos específicos e diversificados e que, as vezes, requerem um manuseio especifico, diferenciado. A figura 7 representa o fluxo dos trabalhadores e materiais na construção de edificações. Figura 7 – Fluxo de produção na construção civil EDIFICAÇÃO Fluxos de trabalhadores e materiais Fonte: Autoria própria “Analogamente, a logística interna de uma fabrica, na construção civil é chamada de logística do canteiro de obras.” (MARCONDES, 2005). SILVA (2000) atenta sobre novos conceitos relativos à gestão da logística de canteiro, tais com os de estudos de preparação e de projeto de canteiro, onde estudos de preparação vem a ser o planejamento tradicionalmente conhecido com uma etapa a mais no processo de produção que propicia a discussão entre os diversos agente que irão atuar na construção da obra. Para Silva e Cardoso (1998a): “O processo logístico envolve uma série de atividades improdutivas no sistema de produção de edifícios, ou seja, que não agregam valor ao produto diretamente, porém a racionalização dos seus fluxos pode ter como conseqüência a redução do tempo global do prazo de execução, que é um fator importante na determinação do valor do produto. Desta maneira, a redução dos tempos de produção podem agregar valor ao produto final e também reduzir os custos de produção.” Silva e Cardoso (1998a) cita ações que podem vir a ser tomadas no sentido de racionalizar os fluxos de informações na construção: - Criação de um sistema de informação logística; 16 - Definição de um sistema de decisões; - Eliminação de ruídos nos fluxos de informação; - Aumento da velocidade de processamento e circulação das informações; - Eliminação de informações duplicadas; - Diminuição de estoques; - Maior mecanização das atividades de movimentação interna no canteiro; - Utilização de cargas e uso de pallets. Em resumo pode-se concluir que a logística na construção civil necessita de um melhor aprimoramento com uma analise com ênfase no fluxo de materiais, no processamentos de dados e na destinação de resíduos. 2.3 LOGÍSTICA REVERSA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Conforme Leite (2003): “Entendemos a logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal de imagem corporativa, entre outros.” Figura 8 – Fluxo logístico com a logística reversa Fornecedor Manufatura Distribuidor FLUXO DE INFORMAÇÕES FLUXO DE DINHEIRO FLUXO DE MATERIAIS FONTE: (NOVAES, 2004) Varejista Consumidor 17 Com tal conceito de logística reversa tem-se um novo desenho do fluxo logístico, com os materiais também retornando do consumidor para o fornecedor, conforme figura 8. Daher (2006) explica que como logística reversa é um procedimento logístico, que diz respeito ao fluxo de materiais que voltam à empresa por algum motivo. Sendo assim uma área que normalmente não envolve lucro (ao contrário, apenas custos), muitas empresas não lhe dão a mesma atenção que ao fluxo de saída normal de produtos. Mesmo a literatura técnica sobre logística só agora começa a se preocupar com o tema. Lacerda (2011) relata que o processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição. Este processo é geralmente composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte. E que existem variantes com relação ao tipo de reprocessamento dos materiais, dependendo das condições em que estes entram no sistema de logística reversa. Os materiais podem retornar ao fornecedor quando houver acordos neste sentido. Podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser recondicionados, desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser o descarte final. A figura 9 ilustra o processo logístico direto e reverso e a figura 10 as atividades típicas do referido processo. Figura 9 – Representação esquemática do processo logístico direto e reverso Materiais Novos Processo Logístico Direto Suprimento Materiais Reaproveitado s Fonte: (LACERDA, 2011) Produção Distribuição Processo Logístico Reverso 18 Figura 10 – Atividades Típicas do Processo Logístico Reverso Retornar ao fornecedor Revender Materiais Secundários Expedir Recondicionar Embalar Coletar Reciclar Descartes Processo Logístico Reverso Fonte: (LACERDA, 2011) Desse modo a logística reversa pode-se destacar como um instrumento na construção civil para dar um melhor destino aos resíduos, bens e produtos descartáveis, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, em dimensões ambientais e sociais, além de poder proporcionar um retorno financeiro com o reaproveitamento de materiais, economizando energia de trabalho e eliminando custo com os resíduos. Marcondes e Cardoso (2005) destacam importantes diretrizes para justificar a aplicação da logística reversa na construção civil: os processos da cadeia produtiva da construção civil geram resíduos industriais de diferentes características e em grande volume e massa, com expressivos impactos ambientais; as atividades de logística reversa já existentes na cadeia caracterizarem-se por meio de iniciativas isoladas, e sem um devido grau de organização necessário para serem reproduzidas e ampliadas; o desenvolvimento sustentável do ambiente construído ser condição primordial para a sustentabilidade do planeta. 19 Quadro 1 – Papel da logística reversa dentro da cadeia produtiva na construção civil sob ponto de vista da sustentabilidade Objetivos Benefícios Ambiental Mitigar impacto ambiental dos Redução do volume de deposição tanto resíduos de fabricantes; seguras quanto ilegais; Economizar recursos naturais. Atendimento/antecipação as exigências de regulamentações legais/legislação; Economia da energia na fabricação de novos produtos; Melhoria da imagem corporativa – Consciência Econômica. Econômica Formalizar negócios existentes, Facilidade no escoamento de produtos arrecadando mais imposto; “encalhados” no canal de distribuição Aumentar volume de negócios; direto; Reduzir custos por meio da Obtenção de recursos financeiros substituição de matérias-primas através da comercialização dos primárias por secundárias; resíduos industriais; Economizar energia e custos de Incentivo à criação de novos negócios disposição de resíduos. na cadeia produtiva; Redução de investimentos em fabricas. Social Gerar novos postos de trabalho. Melhoria do desempenho de negócios já existentes; Diminuição da poluição visual; Diminuição dos riscos de saúde e higiene advindos de aterros; Melhorias da imagem corporativa – Responsabilidade social. Fonte: (MARCONDES e CARDOSO, 2005) Os referidos autores apresentam um papel da logística reversa dentro da cadeia produtiva da construção civil sob o seu ponto de vista, sintetizados no quadro 1. 20 3 MATERIAL E MÉTODOS A estratégia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso que segundo Yin (1990): é uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um fenômeno atual dentro de seu contexto de vida-real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidência são usadas. Estudo teórico sobre logística e sua aplicações na construção civil e o diagnóstico realizado na construtora pesquisada embasaram o estudo de caso. O modelo do diagnóstico (Quadro 2) proposto por Silva e Cardoso (1998a) foi utilizado para coleta de dados sobre uso dos conceitos da logísticos na empresa estudada. Foram realizadas análise documental e registros fotográficos durante a aplicação do questionário. Os autores referidos sugerem que as observações sejam feitas todas no âmbito interno da empresa, ou seja, o estudo está focado na gestão do processo logístico da empresa e não leva em conta a análise do ambiente externo. O modelo genérico do diagnóstico estabelece uma observação a partir dos fluxos de materiais e estratégia logística, dos fluxos de informações e dos processos decisórios associados. 21 Quadro 2 – Ferramentas e aspectos analisados no diagnóstico da logística Aspectos observados e analisados Ferramentas / fontes - Estratégia competitiva e de produção da O papel da logística empresa; - Entrevista; dentro da estratégia - Critério de compra; - Questionário para da empresa - Relação com os fornecedores; caracterização da empresa - Ações estratégicas. Estudo de processo de tomada de decisões logísticas - Pontos chaves de tomada de decisão dentro do processo; - Entrevista; -agentes envolvidos nas diversas decisões; - Questionário - Subsídios para tomada de decisões. - Documentos utilizados para registro de informações; Estudo dos fluxos de informações - Velocidades de processamento das informações; - Existência de duplicidades de informações; - Formas de comunicação entre agentes - Entrevista; - Questionário; - Análise de documentos para troca de informações. envolvidos. - Principais equipamentos de movimentação - Entrevista; Estudo dos fluxos no canteiro; - Questionário; físicos Agentes responsáveis pela movimentação; - Observações diretas nos - Definição do arranjo físico do canteiro. canteiros. Fonte: (SILVA E CARDOSO, 1998a) 22 Quadro 3 – Resumo das principais questões abordadas pelo questionário Fluxo de informações Quem participa? Quando ocorre? Definição das características dos materiais Informações/documentos necessários? Documentos gerados? Programação de suprimentos Quem participa? Quando ocorre? Informações/documentos necessários? Quem faz o pedido? Como é feito o pedido? Compra Quem aprova? Qual o tempo de aprovação de uma compra? Programação da entrega Recebimento Zonas de estocagem e processamento Pagamento Requisição interna Quem faz? Qual antecedência e periodicidade? Como é feita? Quem recebe? Procedimentos de não conformidade? Quem é informado? Quem participa da decisão? Quando é tomada a decisão? Documentos gerados? Quem aprova o pagamento? Existem documentos de requisição interna de matérias, ferramentas e equipamentos? Quem faz o controle de estoque? Quem faz o Controle controle do uso de equipamentos e ferramentas? Existem documentos para estes controles? Reprogramação de materiais Quem participa? Quem é informado? Fluxos físicos Origem dos materiais Embalagem transporte externo e descarga Zonas de estocagem Zonas de processamento Movimentação interna Perdas e entulhos Fonte: (SILVA E CARDOSO, 1998a) De onde vem? Acondicionamento especial? Quem transporta e descarrega? Localização? Quantas vezes houve mudança nesta área? Duração de estoque? Materiais processados? Principais equipamentos. Processos de escolha. Dificuldade de mecanização. Perdas geradas. Principais razões das perdas? 23 Silva e Cardoso (1998a) indicam que o questionário é a principal ferramenta de investigação, e recomendam estruturá-lo em dois grandes blocos associados aos fluxos de informação e aos fluxos físicos, caracterizando os agentes envolvidos, as formas de registro e os veículos utilizados para a transmissão, além de permitir a identificação de alguns problemas relativos à ambos os fluxos. O quadro 3 sintetiza as principais questões abordadas no questionário. 24 4 ESTUDO DE CASO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A Empresa analisada tem atuação em Mossoró há mais de duas décadas. Depois de atuar em uma construtora pernambucana, em 02 de fevereiro de 1989, um engenheiro civil resolveu ter sua própria construtora, com a parceria do irmão, fundou a empresa em questão. Está iniciou suas atividades com a realização de obras públicas. Já na década de 90, começou o trabalho com incorporações, grandes obras públicas também estão em seu portfólio. Além de obras públicas, como a expansão da rede de saneamento básico e a construção de milhares de casas vinculadas ao programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, as edificações comerciais também constam em seu currículo, como a imponente sede da distribuidora de alimentos, em Mossoró, e agora o moderno Centro Empresarial. Uma forte marca da organização é a pontualidade, além do compromisso com a qualidade na prestação de serviços e responsabilidade social. A construtora aposta na garantia da qualidade como diferencial em seus serviços, hoje conta com a certificação no ISO 9001/2008 e ainda tem destaque no nível A do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H. Em seu portfólio a instituição tem um ginásio de esporte, um memorial, uma praça de convivência, a sede de uma grande distribuidora de alimentos e um moderno centro empresarial. Atualmente a empresa tem em andamento seis obras na cidade de Mossoró, onde destaca-se um edifício composto por 23 (Vinte e três) pavimentos e um conjunto habitacional popular com mais de 800 casas. Na figura 11 tem-se do escritório da empresa em questão. 25 Figura 11 – Fachada do escritório da construtora analisada Fonte: Autoria própria Pode-se afirmar que é uma empresa familiar, mas com uma forte tendência à profissionalização. Possui uma estrutura organizacional tradicional, apresentando uma departamentalização por funções, passagem por uma forte formalização de sua estrutura definindo as atribuições de cada função. A figura 12 ilustra o organograma simplificado da instituição estudada. Figura 12 – Organograma reduzido da empresa Presidente Suporte Técnico Financeiro Administrativo Comercial Fonte: Autoria própria RH 26 A empresa possui cerca de 20 funcionários em seu escritório e de 50 a 100 funcionários por obra, totalizando mais de 500 funcionários, além de fazer uso da mão-de-obra de subcontratadas, como as empresas de projetos (arquitetônico, hidráulico, elétrico, etc.) de instalações de gás, instalações de incêndio, manutenção de elevadores, gesso, impermeabilização, montagem de esquadrias e recolhimento de entulho. De acordo com o engenheiro chefe do suporte técnico estão sempre visando melhorar sua competitividade com aquisição de novos equipamentos, contratação de consultores e de novos profissionais, parcerias com clientes; fornecedores; projetistas outras construtoras e subempreiteiros, investimentos em informática; projeto; RH e tecnologia de produção, mudanças organizacionais e gerenciais, padronização de procedimentos administrativos e de execução e de forma moderada participam de férias e seminários. 4.2 PROCESSO LOGÍSTICO O início do empreendimento da construtora começa com os projetos (arquitetônico, hidráulico, elétrico, orçamento, entre outros). Esses documentos são elaborados por subcontratadas, que projetam de acordo com o perfil de empreendimento desejado pelos diretores da empresa. Após a aprovação dos projetos tem-se os preparativos para o início da construção, é nesse momento que se define os materiais a serem utilizados na obra. Para iniciar a execução da edificação tem-se a chegada dos primeiros materiais e de ferramentas. Estes mencionados vêem do depósito de materiais de construção em caminhões da própria empresa. As dimensões do canteiro de obra são estimadas em função do número de trabalhadores estipulado que participará diariamente da obra. Seu layout é posicionado considerando o melhor fluxo logístico. Essa escolha é realizada de forma empírica pelo engenheiro em conjunto com o mestre e o técnico. Na obra de casas habitacionais, como é um terreno muito extenso, tem-se o canteiro de obra central, e canteiros secundários menores para prestarem uma assistência mais rápida aos trabalhadores. Para a aquisição de material ou serviço da obra, o engenheiro desta deve mandar com uma certa antecedência uma solicitação de compra ou contratação, onde nesta consta o material ou serviço a ser contratado, a quantidade e o prazo para a chegada da solicitação. Esse material ou serviço já é antecipadamente definido no projeto, ou decido pelo engenheiro 27 da obra, em conjunto com o mestre de obra e o técnico. O almoxarife controla o estoque para que o material não falte ou fique em excesso na obra. A figura 13 apresenta o modelo de solicitação a contratação usado na empresa estudada. Figura 13 – Solicitação de compra ou contratação Fonte: Autoria própria Essa solicitação vem para o setor de compras que analisa o material e faz contato com os fornecedores capazes de abastecer ou realizar o serviço no tempo hábil requerido e realiza a compra. Este entrega o pedido diretamente na obra que é recebido pelo almoxarife. Ao receber o material o almoxarife confere se este está de acordo e preenche a Ficha de Verificação de Materiais – FVM. Nesta ficha, tem um controle de qualidade, onde será colocado se o material está em boas condições e está de acordo com o que foi solicitado. Caso se constate uma desconformidade, além de constar na FVM (Figura 14), o suporte técnico é avisado para tomar a devidas providências, para que o material correto chegue ao local no tempo estimado, ou com menos atrasos. 28 Figura 14 – FVM (Ficha de Verificação de Materiais) Fonte: Autoria própria As obras têm os seus locais de estocagem do material decidido pelo engenheiro da obra, mestre e técnico. Os materiais e ferramentas menores ficam todos no almoxarifado, situado no canteiro de obra. Como comentado anteriormente, na obra de construção de casas habitacionais devido a grande extensão do local temos canteiro principal e outros secundários, tendo assim por conseqüência outros almoxarifados. As figuras 15 e 16 ilustram o almoxarifado da obra estudada. 29 Figura 15 – Material estocado – Almoxarifado Fonte: Autoria própria Figura 16 – Material estocado – Almoxarifado Fonte: Autoria própria 30 Os materiais de maior volume ficam estocados na periferia do terreno ao redor do produto sendo construído (figura 17 a 20), escolhidos pelo engenheiro ou o mestre ou ainda o técnico, dentre as figuras a seguir mostra alguns produtos em pallets (figura 18 e 20). Figura 17 – Material estocado - Tijolo Fonte: Autoria própria 31 Figura 18 – Material estocado Fonte: Autoria própria Figura 19 – Material estocado Fonte: Autoria própria 32 Figura 20 – Material estocado – Tinta Fonte: Autoria própria Alguns materiais merecem uma atenção maior na estocagem como é o caso do cimento (figura 21 e 22) que é muito sensível a umidade e necessita de local arejado e protegido das intempéries, o vidro e as pedras de mármores e granitos que são de um custo maior e podem vir a quebrar. 33 Figura 21 – Material estocado – Cimento parte interna – Local forrado evitando a umidade Fonte: Autoria própria Figura 22 – Material estocado – Cimento parte externa – Local fechado para proteção Fonte: Autoria própria A movimentação interna de materiais é executada em sua maioria pelos ajudantes, o transporte horizontal é realizado em carros-de-mão (figura 23), com baldes e manualmente. Já 34 o transporte vertical e mecanizado, dispondo de elevadores, guinchos e jaus, mas em alguns locais da obra ainda temos o uso de andaimes e escadas (figuras 24 a 28). Figura 23 – Movimentação horizontal – Carro-de-mão Fonte: Autoria própria 35 Figura 24 – Movimentação vertical – Guincho Fonte: Autoria própria Figura 25 – Movimentação vertical – Jaú Fonte: Autoria própria 36 Figura 26 – Movimentação vertical – Elevador Fonte: Autoria própria Figura 27 – Movimentação vertical – Elevador Fonte: Autoria própria 37 Figura 28 – Movimentação vertical – Andaimes Fonte: Autoria própria No escritório do canteiro de obra faz uso computador que serve para ter um acompanhamento da obra. Nele é colocado os processos já executados, e que faltam executar. Tem-se também o controle dos processos realizados pelas contratadas, isso auxilia na expedição documentos que demonstram a produção da terceirizada para o devido pagamento. 38 Figura 29 – Cronograma da obra Fonte: Autoria própria No escritório encontra-se também um quadro com o cronograma da obra, conforme figura 29, que possibilita assim um fácil entendimento para o acompanhamento da obra não só para os gerenciadores, mas como também para os demais participantes da obra e os que visitam a construção. É importante também no gerenciamento de materiais, para programar melhor os pedidos, não havendo assim usa super lotação no estoque ou a falta de algo. É constante o número de reuniões acompanhamento da obra, tomada e repasse de novas decisões e manutenção de informações. Os resíduos materiais em parte são reaproveitados quando observava-se que isso é possível, mas a maioria é depositado em um determinado local e recolhido por uma empresa terceirizada. 39 5 ANALISE DE RESULTADOS 5.1 PROCESSO DECISÓRIO Na construtora em questão tem-se que as tomadas de decisão das atividades logísticas envolvem vários agentes que participam do processo de produção, como os engenheiros das obras, projetistas, mestres de obra, técnicos, almoxarifes, compradores, entre outros. Inicialmente os diretores decidem qual o empreendimento será realizado e aos poucos amadurecem a idéia. A empresa terceirizada responsável e o diretor técnico participam das decisões no projeto como: layout do empreendimento, cronograma da obra, características da maioria dos materiais. Porém, algumas definições dos insumos ocorrem durante a execução do empreendimento. Apesar de não haver uma designação formal, no canteiro de obras, as atividades logísticas em grande parte são assumidas pelo engenheiro da obra. Este é quem agenda e coordena a maioria das reuniões entre os agentes e participa das principais tomadas de decisão, quando não as toma individualmente. O mestre, o técnico e o almoxarife participam das tomadas de decisões tanto influenciando nelas quanto decidindo as de menor importância, ou ainda as tomadas rotineiras. O almoxarife, por exemplo, decide o momento de requerer os materiais mais usados, como areia, cimento, entre outros. O processo de aquisição de materiais é centralizado no escritório no setor de compras. O diretor, ciente das necessidades e do cronograma das obras, elabora um planejamento periódico de compras não tendo quase influencia no andamento da obra. 5.2 GERENCIAMENTO DE PEDIDO As primeiras informações são locadas nos projetos e ficam disponíveis tanto no escritório da empresa quanto na obra, e lá ficam até o final do empreendimento. Devido a aplicação do sistema de gestão de qualidade o gerenciamento de pedidos obteve uma grande melhoria, com o surgimento de documentos para a solicitação de materiais 40 (Figura 13), para pedidos aos fornecedores e para conferência no recebimento (Figura 14). Além de uma maior velocidade no fluxo dessas informações. No escritório da obra tem-se um telefone celular para que haja um contato direto com a sede da empresa, subcontratadas. Por meio dele chegam muitas informações necessárias como chegada de insumos, novas decisões. As reuniões realizadas também são um importante meio de repasse de informações. Em alguns momentos observou-se a duplicidade de dados, como por exemplo, a quantificação dos materiais que já existiam nos projetos e as vezes era refeita na obra pelo engenheiro, devido a uma falta de confiança nos dados. 5.3 FLUXO FÍSICO Na análise dos dados foi percebido que o projeto do canteiro não segue uma metodologia, é elaborado de forma empírica. Dos materiais estudados observou-se que alguns eram embalados em forma de pallets (Figura 18). O transporte e descarga dos materiais na obra era realizada na maioria das vezes pelo fornecedor, porém os funcionários da produção normalmente ajudam o descarrego. Essa descarga é feita manualmente ou com o auxilio de carros-de-mão. As areias e os agregados são despejados diretamente nos locais de armazenagem. As zonas de estoque são definidas de acordo com a experiência e o bom senso dos engenheiros e mestres das obras. Como regra procuram posicionar os materiais de uso mais freqüente mais próximo ao seu local de utilização. Apenas quando o material exigia é que se faz uma armazenagem apropriada. Na movimentação vertical são utilizados elevadores de obra, guinchos, escadas e andaimes. Para o transporte horizontal, são usados carros-de-mão, jericas, latas e manualmente também. 41 5.4 MELHORIAS PARA A LOGÍSTICA O primeiro e principal passo para a melhora da logística é a definição de políticas estratégicas para a sua gestão, que deve levar em conta um melhor relacionamento com os fornecedores, metas a médio e longo prazos para a melhoria da eficiência logística. A organização das atividades ficava dividida entre diversos agentes, o que diminui a possibilidade de ganhos com a intervenção da logística. A empresa poderia criar uma função administrativa para coordenar o processo logístico ou ainda formar um fórum permanente para tomada de decisões e distribuição de tarefas. A falta de um projeto de canteiro proporciona uma dificuldade de armazenamento e de fluxo de materiais, considera-se necessário a priorização da elaboração desse projeto levando em conta as diversas fases da obra. Para um melhor deslocamento interno dos materiais recomenda-se a utilização dos mapas de fluxos e a realização dos tempos de ciclos de transporte dos diversos materiais na obra. Com sistema de gestão da qualidade houve uma grande melhora no fluxo de informações, principalmente nos registro de controle de processo, mas ainda foi observado a falta de alguns deste, por exemplo, não foram detectados registros para controle de uso de equipamentos em obra. A logística reversa pode ser aplicada para dar-se um melhor destino aos resíduos podendo ter uma maior serventia e proporcionar assim uma economia, além de uma contribuição para o desenvolvimento sustentável e uma boa imagem social e ambiental para a construtora. Destaca-se também que a construtora deve sempre estudar a viabilizada da aquisição de novos sistemas e equipamentos que possibilitem uma melhora no desempenho do fluxo de informações e de materiais. 42 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o exposto no trabalho cumpre-se o objetivo de diagnosticar o uso da logística numa construtora em Mossoró e ainda propor melhorias para eficiência e a eficácia dos referidos da empresa em questão. Com o método apresentado no capitulo 3 e os conceitos e definições discutidos no capitulo 2 foi possível realizar o estudo de caso na construtora, analisando os processo logísticos, através das tomadas de decisões, do fluxo de materiais e do fluxo de informações identificando assim os principais problemas da logística nas construções da firma analisada. O estudo demonstra que é possível melhorar o sistema de produção das obras com uma aplicação dos conceitos de logística, definindo primeiramente as políticas estratégicas e procedimentos para sua gestão. É necessário uma melhor definição do papel cada agente neste processo. Este trabalho de diagnostico da logística em uma construtora em Mossoro-RN permitiu identificar a necessidade de um aprimoramento logístico na empresa, como criar uma função para coordenar a logística ou um fórum de discussão desta, necessidade de projetar o canteiro de obra, a utilização de mapas de fluxos e realização dos tempos de ciclos dos diversos transportes de materiais, a aplicação da logística reversa para um melhor destino dos resíduos, além da aquisição de novos equipamentos e com isso abrir possibilidades de novos estudos nesta área, não só para a instituição estudada, mas também para construtoras da cidade de Mossoró. 43 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LOGÍSTICA. O conceito de logística. Disponível em: <http://www.aslog.org.br/novo/a_aslog.php> Acesso em: 31 maio 2011. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial – Trasportes, Administração de Materias e Destribuição Física. São Paulo: Atlas, 2010. 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