UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Curso de Administração Hospitalar – ênfase em Auditoria COMUNICAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL X QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES Campinas - SP 2009 1 ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES COMUNICAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL X QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS Trabalho monográfico realizado como exigência para obtenção do título MBA de Administração Hospitalar- Ênfase em Auditoria à Universidade Castelo Branco sob orientação da Profa Dra Rosa Maria Souza de Pastrana e Coorientadora: Profa Aparecida de Almeida. Campinas 2009 MSc. Elaine 2 FOLHA DE APROVAÇÃO ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES MONOGRAFIA REALIZADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO MBA EM AGOSTO 2009 ORIENTADORA – PROFA DRA ROSA MARIA SOUZA DE PASTRANA 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu esposo Fábio pelo apoio e aos meus filhos Laís e Henrique pela compreensão e colaboração em meus momentos de ausência. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para chegar ao final desta trajetória, ao Qualittas – Instituto de Pós-Graduação, à Universidade Castelo Branco e a todos os doutores e professores pelos conhecimentos transmitidos. Agradeço a enfermeira MSc. Elaine Aparecida de Almeida pela compreensão, colaboração e pelo exemplo de força e superação. 5 EPÍGRAFE Na comunicação pode-se escolher entre influenciar ou manipular o outro, a tecnologia é a mesma, mas as conseqüências são bem diferentes. “A escolha continua sendo sua”. Ribeiro (1993) 6 RESUMO Este estudo é de caráter descritivo, realizado com base em revisão bibliográfica e teve como objetivo buscar informações científicas que venham apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns, apresentadas pelos autores acerca do tema que possam despertar os leitores do artigo para fatores positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em enfermagem, buscando qualidade no atendimento prestado. A comunicação com habilidade é imprescindível para interações das ações de enfermagem com as equipes, buscando enfim, uma boa relação interpessoal garantindo bom resultado organizacional. As questões temáticas não se esgotam, muitos questionamentos ainda permanecem, podendo ter novos olhares e ações, porém não se pode esquecer a importância da cientificação do cuidar, fazendo com que o enfermeiro se transporte também para o ambiente cientifico, registrando oficialmente seus atos e ações. Somente assim teremos material cientifico suficiente para modificar esta e muitas outras temáticas. 7 ABSTRACT This study is from a descriptive character, accomplished with base on bibliographic review and had as goal, to track down scientific informations that have elements that identify the common flaws, introduced by the authors about a theme that may waken the article’s readers for positive and negative factors in the interpersonal relationship and nursing communication, tracking down quality of provided attendance. The communication with ability is indispensable for nursing actions interactions with the teams, tracking down anyway, a good interpersonal relationship vouching for a good organizational result. The thematic questions don’t use up, many questions still remain, may have new looks and actions, but we may not forget the importance of scientification of taking care, doing that a nurse be also transported to the scientific environment, officially recording your acts and actions. Just like this, we’ll have enough scientific material to modify this and others thematics. 8 LISTA DE ABREVIATURAS UBS = Unidade Básica de Saúde SAE= Sistematização de Assistência de Enfermagem UTI = Unidade de Terapia Intensiva ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas DCNs = Diretrizes Curriculares Nacionais APS = Assistência Primária de Saúde COREN = Conselho Regional de Enfermagem 9 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO............................................................................................10 2- JUSTIFICATIVA..........................................................................................13 3- OBJETIVOS................................................................................................14 3.1. Objetivo geral...............................................................................14 3.2. Objetivo específico......................................................................14 4- MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................15 5- DESENVOLVIMENTO................................................................................16 5.1 - Teorias administrativas sobre o conflito............................................16 5.2 – Comportamento do enfermeiro diante dos conflitos........................17 5.3 – Interdisciplinaridade............................................................................19 5.4 - Relação do enfermeiro com a interdisciplinaridade..........................23 5.5. Conflitos entre equipe multidisciplinar................................................35 5.6. A comunicação em enfermagem..........................................................39 5.7. Comunicação em equipe.......................................................................46 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................49 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................53 10 1- INTRODUÇÃO As transformações operadas na sociedade moderna, a diversificação das necessidades humanas, as mudanças de valores e de paradigmas vigentes em épocas anteriores, levaram à percepção de que esquemas administrativos tradicionais, os quais foram responsáveis pelo sucesso empresarial durante décadas, hoje em dia já não satisfazem às exigências impostas. Diante dessa constatação, pesquisam-se novos caminhos e maneiras de atender a tais exigências, principalmente no que diz respeito a gerir pessoas. Assim, ocorre nos diversos segmentos uma corrida em busca de inovações empresariais, de novas propostas administrativas, de líderes eficazes e novas soluções para os velhos problemas. Essa situação, decorrente do processo de globalização, tem levado cada vez mais à competitividade no mercado de trabalho. É justamente por esse fato que na enfermagem torna-se cada vez mais urgente a necessidade de enfrentar as mudanças, de serem criadas novas perspectivas de trabalho, com aquisição de novos conhecimentos e habilidades, a fim de que o enfermeiro apresente um melhor desempenho de suas funções, sejam elas educativas, assistenciais ou administrativas. Considerando ser uma das atribuições do enfermeiro o desempenho da função gerencial, decorre que a liderança está implícita nessa prática, e seu efetivo desenvolvimento leva a um gerenciamento eficiente e eficaz, que, no entendimento de Fávero (1996) é imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações capazes de promover a saúde ou a recuperação da mesma. Entretanto, dentre as diversas facetas do conhecimento inerente à enfermagem, ainda existe uma lacuna a ser preenchida referente ao aspecto gerencial, pois, não bastam conhecimentos sobre instrumentos administrativos e a aquisição de habilidades para o planejamento e a organização de recursos físicos, materiais e humanos, é também imprescindível o desenvolvimento de habilidades interpessoais e intergrupais que sejam colocadas em prática durante o cotidiano profissional. É pertinente mencionar Simões (1997) quando aponta o relacionamento interpessoal como um dos maiores obstáculos encontrados pelo enfermeiro no se dia-a-dia de trabalho, onde são relatadas dificuldades de aceitação, de interação 11 grupal, de comunicação e de outros conflitos interpessoais. Estabelecer uma comunicação eficaz na equipe de trabalho constitui a essência do trabalho do enfermeiro líder, pois, como asseveram Marquis e Huston (1999), a comunicação interpessoal é necessária para garantir a continuidade e a produtividade da equipe de enfermagem. Quick (1997) recomenda que para estruturar e manter uma equipe, a comunicação deve ser aberta, compartilhando informações oportunas, refletindo confiança e respeito entre os membros. No hospital a dinâmica de trabalho, aliada ao relacionamento entre os profissionais que atuam na referida unidade, deve acontecer de forma harmoniosa. Para tanto, torna-se indispensável um trabalho integrado, com profissionais capacitados e preparados, favorecendo o enfrentamento das exigências impostas pelo referido ambiente, visando segurança e bem-estar do paciente. Levando-se em conta o elevado número de procedimentos complexos que acontecem durante todo o tempo no ambiente hospitalar, o papel do enfermeiro exige, além de conhecimento científico, responsabilidade, habilidade técnica, estabilidade emocional, aliados ao conhecimento de relações humanas, favorecendo a administração de conflitos, que são freqüentes, em especial, pela diversidade de profissionais atuantes na instituição. Em unidades como o centro cirúrgico, a demanda de atividades burocráticas e administrativas é intensa na unidade, requerendo do enfermeiro tempo significativo. Ele necessita delegar estas atividades para ter tempo de cuidar integralmente do paciente que será submetido a um tratamento anestésico e/ou cirúrgico (SANTOS, 2000). O paciente cirúrgico vivencia o estresse de tal forma, que muitas vezes não consegue exteriorizar seus medos, ansiedades, preocupações e incertezas, daí a importância da atuação do enfermeiro no sentido de perceber, inclusive na comunicação não verbal do paciente, essas manifestações presentes no período que antecedem a cirurgia. A qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente, tanto no período que antecede a cirurgia quanto durante e após a realização da mesma, interfere nos resultados do procedimento realizado (MEKEER, ROTHROCK, 1997). Daí a relevância de buscar compreender a complexidade que envolve a atuação do 12 enfermeiro nessa unidade. O objetivo desta revisão é buscar informações científicas que venham apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns apresentadas pelos autores acerca do tema, que possam despertar os leitores do artigo para fatores positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em enfermagem, buscando a qualidade da assistência prestada, sendo talvez a comunicação a chave do sucesso neste ambiente. 13 2- JUSTIFICATIV A O ambiente hospitalar está cada vez mais complexo, devido à crescente atualização dos profissionais que nele atuam. Cada vez mais existe o interesse pelo aperfeiçoamento de novas técnicas, onde o objetivo principal é o atendimento com excelência aos pacientes para a melhoria da qualidade de vida A comunicação não é feita só por meio de palavras, mas também de gestos, expressões e tonalidade de voz que, nem sempre, coincidem com o que a mensagem pretende transmitir. O relacionamento interpessoal torna-se indispensável para manter um ambiente harmonioso, visando um trabalho integrado, com profissionais capacitados e preparados, favorecendo o enfrentamento das exigências impostas no dia-a-dia. 14 3- OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL O objetivo desta revisão é buscar informações cientificas que venham apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns apresentadas pelos autores acerca do tema que possam despertar os leitores do artigo para fatores positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em enfermagem. 3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO Buscar qualidade de atendimento prestado. 15 4- MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho é de caráter descritivo, restringindo-se à pesquisa de revisão bibliográfica, composta por artigos de busca on line em sites BIREME, LILACS, SCIELO, Manuais do Ministério da Saúde, que contemplavam a temática referida, com o objetivo de conhecer as diversas formas de contribuição científica disponível na literatura acerca do tema escolhido, visando direcionar os pareceres dos diferentes autores encontrados na literatura. O período definido para o levantamento de artigos foi do ano de 1996 a 2008. Para busca on line foram utilizadas como palavras chaves: Relacionamento Interpessoal, Comunicação, Enfermagem. A realização desta revisão foi norteada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. O trabalho será apresentado em forma de monografia de conclusão de curso. 16 5- DESENVOLVIMENTO Ao se revisar a literatura sobre gerenciamento de conflitos na enfermagem observa-se escassez nessa temática. Apesar dos conflitos serem motivo de preocupação para os gerentes por ocorrerem frequentemente, não há na literatura brasileira propostas para gerenciá-los. 5.1 - Teorias administrativas sobre o conflito A organização de um conflito surge de duas ou mais pessoas que trabalham conjuntamente com valores, crenças, objetivos e ou interesses diferentes (SANTOS, 2008). Desde os finais da década de 70, tem-se empenhado para organização de um conceito crucial no estudo dos comportamentos dos indivíduos em relação ao trabalho em conjunto (SANTOS, 2008). A partir da década de 80, teve um baixo empenho profissional, no que se refere a nível teórico ou empírico, quando comparado com o empenho organizacional (SANTOS,2008). Agostini (2005) em suas investigações sobre o conflito, o qual era considerado uma deficiência da organização nas primeiras décadas do século XX, como algo destrutivo, ignorado, negado ou administrado rispidamente. Somente a partir da década de 90 pesquisas sobre a função gerencial em organizações bem sucedidas revelaram um paradigma diferenciado para o administrador, onde a administração se faz através de diversas interações, opiniões pouco coerentes e informações parciais, o cotidiano do gerente exige soluções imediatas dos problemas afastando-se das premissas que compreendiam a realidade administrativa controlável e passível de ser uniformizada (AGOSTINI, 2005). Os conflitos podem ser reais ou emocionais. Conflitos reais são situações reais, objetivas, geralmente, sobre fatos que acontecem aqui e agora e podem ser resolvidos com ou sem assessoramento técnico ou mediação, não há maior emoção (FALK, 2005). Os conflitos emocionais são descritos como situações emocionais que 17 revivem assuntos não resolvidos no passado, mesmo que não se tenha consciência, muita emoção de disfarce (FALK, 2005). CONRADI, ZGODA, PAUL (2005), relacionam os conflitos ao trabalho dos enfermeiros: ausência de um líder, ausência de diálogo, não saber lidar com a diversidade de opiniões, falta de ética, o enfermeiro fomenta a geração de conflitos, jornada de trabalho excessiva, deficiência de conhecimento técnico e científico, descompromisso dos líderes com os liderados, desrespeito hierárquico e também às atitudes e comportamentos pessoais das equipes: Falta de afinidade entre os profissionais, desmotivação por baixos salários, desrespeito, disputa de poder, resistência à mudanças, falsidade, falta de companheirismo, fofocas, dificuldade de relacionamento interpessoal, falta de comprometimento profissional, incompatibilidade de objetos. 5.2 – Comportamento do enfermeiro diante dos conflitos Atualmente, a necessidade de mudanças constantes tem impulsionado novas idéias, gerando novos conhecimentos aos enfermeiros líderes à busca de novos modelos de gerenciamento no âmbito da saúde, devendo este ser um desafio para aqueles que buscam destaque no mercado de trabalho. Portanto, a dupla dimensão do processo de trabalho do enfermeiro, que contempla ações assistenciais e de gerenciamento, deve ser entendida como fonte inesgotável de aquisição de habilidades e competências (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008). No entanto, o modelo funcional das organizações, ainda muito utilizada nas organizações, que se caracteriza pelo trabalho centrado nas tarefas e sem solução para a escassez de recursos humanos não responde satisfatoriamente às necessidades de qualidade de assistência e das interrelações de equipes de enfermagem. Por outro lado, em qualquer organização que exista interação entre indivíduos há situações conflituosas, tornando de grande valia conhecimentos do gestor para elaborar a melhor maneira de resolvê-las e/ou negociá-las (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008). O conflito ou situação conflituosa é entendido como divergências de idéias e percepções dos indivíduos envolvidos. Gera instabilidade entre relações tornando-se negativo ou não, dependendo de como as pessoas lidam com ele, ou seja, se as 18 emoções determinarem como conduzir o conflito há grande probabilidade de que tome o caráter negativo e produza efeitos desastrosos nas relações (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008). Historicamente os enfermeiros têm adotado princípios clássicos administrativos, para gerenciar o seu trabalho, tendo em vista a estruturação e organização do Serviço de Enfermagem nas Instituições de Saúde, a fragmentação das atividades, a impessoalidade nas relações, a centralização do poder e a rígida hierarquia ainda são marcantes no cotidiano do trabalho e na maneira de gerenciar os conflitos, demonstrando uma conduta autoritária. Vive-se um período de mudança histórica, onde antigas respostas são inadequadas para as novas realidades (DUARTE, IGNATTI, SILVA, 2008). O discurso atual consiste em delegação de poderes, alianças, equipes, envolvimento, parcerias, negociações, e exploração da motivação humana. Isso trouxe uma nova linguagem, uma nova abordagem de liderança. Ao longo da trajetória profissional, observa-se que o enfermeiro tem desempenhado nítido papel de controlador do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem, sendo vista apenas como um profissional que determina e checa as atividades a serem executadas (DUARTE, IGNATTI, SILVA, 2008). É necessária uma nova visão administrativa da enfermagem, com a integração de novos conhecimentos e habilidades, sintonizados a uma prática administrativa mais aberta, mais flexível e participativa, fundamentada não só na razão, mas também na sensibilidade e na intuição de solucionar os possíveis conflitos de ordem administrativa que venham a ocorrer (DUARTE, IGNATTI, SILVA, 2008). O relacionamento no trabalho é um processo complexo, pois cada pessoa traz consigo ligações por laços profissionais, afetivos, amizades e afinidades, sendo condicionadas por uma série de atitudes recíprocas. Conseqüentemente, essas características possibilitam ao trabalhador conviver com maior ou menor habilidade com seus pares nos locais de trabalho (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008). Na prática profissional percebem-se mal entendidos, desconfianças, sentimentos de coerção, egoísmo, desrespeito e irritação mostrando diferenças individuais manifestas no ambiente de trabalho, em decorrência de mau relacionamento. O relacionamento mais ou menos harmonioso no trabalho exige da 19 gerência competências para resolver as diferenças, utilizando ferramentas úteis, visando o fortalecimento de fatores facilitadores levando a construção coletiva de equipe, trabalho este relevante na equipe de saúde e em especial na equipe de enfermagem (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008). 5.3 – Interdisciplinaridade Em relação à saúde, Meirelles e Erdimann (2005) afirmam que o conceito de interdisciplinaridade se reflete na necessidade de se abordar a questão da saúde/doença de forma mais complexa, dinâmica e mutável. Muitos são os problemas relacionados com a interdisciplinaridade, o enfermeiro sempre cercado de outros profissionais e vários tipos de pacientes, desde casos mais corriqueiros até os casos mais complexos, não só no seu dia-adia de cuidador, mas também no ensino. Os termos “complexidade, multi-risco e insegurança” são a melhor definição para o panorama mundial e seus problemas na atualidade. Para alguns autores, o mundo contemporâneo se defronta com vários desafios relacionados à fragmentação do pensamento, à disciplinaridade e ao multi-facetamento da realidade (VILELA e MENDES, 2003). Tais características exigem uma análise mais integrada e a consideração de todas as dimensões de qualquer acontecimento social a fim de compreendê-lo. Este tem sido o argumento mais convincente em favor da interdisciplinaridade (VILELA e MENDES, 2003). Interdisciplinaridade é advinda da tradição grega, com objetivo de formação da personalidade integral do indivíduo em programas de ensino, pois compunham conhecimentos que formavam uma unidade (GARCIA et al., 2006). No entanto, a partir do séc. XVII, Descartes inaugura o pensamento moderno ao propor o uso disciplinado da razão para conhecer a realidade e formular os princípios da decomposição da coisa a ser conhecida e da redução desta às suas partes mais simples (VILELA e MENDES, 2003). Para Vilela e Mendes (2003) esse modelo cartesiano mostrou-se eficiente para construir e tratar objetos simples e também para conciliar ciência e técnica, atendendo dessa forma, às necessidades da industrialização e abrindo caminho 20 para a fragmentação do conhecimento. Dessa maneira, o séc. XIX marcou a consolidação das especializações, as quais se tornaram a base para o desenvolvimento da Ciência e do Ensino no Ocidente, os quais se caracterizam pela disciplinaridade, na qual a estratégia principal é a fragmentação do objeto e a especialização do explorador (VILELA e MENDES, 2003). A partir do séc.XX, a interdisciplinaridade foi enfatizada em todos os campos científicos para ampliar suas noções para além da multidisciplinaridade na produção de conhecimentos (GARCIA et al., 2006). Para que isso seja possível, Carvalho (2007) relata que é necessária a adoção de uma nova conduta no processo educativo, uma nova estratégia na classificação das críticas, nos métodos empregados em que se admite o esforço conjugado de várias disciplinas em alcançar os significados de um objeto de estudo. Neste contexto Carvalho (2007) pontua que o mundo está sendo impulsionado por revoluções científicas e tecnológicas e pela emergência de uma multidão de especialistas que dominam a política e a prática profissional em qualquer área do saber. Diante de muitas informações e das crises que vivenciamos, a interdisciplinaridade tomou outro rumo, passou a ser vista de uma forma mais complexa em suas críticas sobre os métodos empregados. Desenvolveram-se diversas especializações em todas as áreas do conhecimento, acarretando mentes que perderam suas aptidões naturais para integrá-los em seus conjuntos, conduzindo ao enfraquecimento da percepção global do ser humano, levando cada um a ser responsável pela sua área de atuação (MEIRELLES, ERDMANS, 2005), (CARVALHO, 2007). Diante da realidade vivida, a interdisciplinaridade possibilita que se tenha um conhecimento claro da interdependência das concepções individuais, considera-se oportuno relatar que a verdade que se acredita não se trata de uma verdade adquirida, e sim de uma reflexão feita a respeito das questões que se colocam em nossa sociedade, com diferentes pontos de vista, alcançada através do diálogo e da polêmica. (MEIRELLES, ERDMANN, 2005). Em seu trabalho, Iribarry (2003) utiliza os termos disciplina e disciplinaridade como sendo equivalentes à ciência e à exploração científica de um grupo de conhecimentos, respectivamente, e a partir daí distingue os vários tipos de 21 disciplinaridades (multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade). O autor acima citado conceitua interdisciplinaridade analisando no contexto da atuação de uma equipe de trabalho. A interdisciplinaridade pode ser descrita como um conjunto de disciplinas interligadas e posicionadas em um nível hierárquico superior que é responsável pela coordenação dos trabalhos. Dessa forma, a interdisciplinaridade constitui um sistema de dois níveis com objetivos múltiplos (IRIBARRY, 2003). Iribarry (2003) cita como exemplo dessa situação uma equipe para atendimento ambulatorial de gestantes adolescentes de baixa renda. A equipe é formada por um médico pediatra, um médico psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, uma psicopedagoga, uma enfermeira e uma secretária. Cada área mencionada agrega ainda estudantes que realizam estágio no ambulatório. Todavia, o que prevalece é o saber médico, cabendo a coordenação e a tomada de decisão aos profissionais da área médica, que dirigem e orientam a equipe. Carvalho (2007) faz uma reflexão sobre o tema da interdisciplinaridade em seu artigo. Inicialmente, a autora chama a atenção para a crescente tendência em se compartimentar o conhecimento o que provoca o surgimento de especialistas cada vez mais restritos a uma pequena área de conhecimento. O aprofundamento dessa tendência aumenta o risco de desvinculação entre o saber e a realidade. Como resultado dessa especialização acentuada as equipes de trabalho apresentam dificuldade cada vez maior de relacionamento entre seus membros (CARVALHO, 2007). Nesse sentido, a interdisciplinaridade se apresenta como uma possível solução, no entanto o tema é tratado, principalmente, no âmbito acadêmico. Nesse sentido, a interdisciplinaridade é apontada como uma atitude, na qual se desenvolve um olhar diferenciado sobre as coisas e pessoas envolvidas em uma equipe de trabalho, e uma conduta, a partir da qual o especialista reconhece as limitações de seu próprio conhecimento e a necessidade de se relacionar com especialistas de outras áreas (CARVALHO, 2007). Carvalho (2007) contextualiza que caso contrário, corre-se o risco de que cada área do conhecimento produza especialistas alienados e descompromissados com uma visão humanística da realidade. 22 Meirelles e Erdimann (2005) fazem, inicialmente, uma discussão sobre a relação entre o conhecimento e a realidade ao longo da história, destacando a predominância da lógica dialética grega na estruturação da Ciência em disciplinas conforme a conhecemos atualmente. A partir da segunda metade do século XX relaciona-se, sobretudo, à integração global propiciada pelo desenvolvimento dos meios de transportes e de comunicação, as quais, por sua vez, levaram a uma mudança na forma de se ver e lidar com a realidade (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005). Nesse novo contexto, se faz necessário o ampliar a visão sobre a natureza e sobre o homem para além dos limites impostos pela divisão das ciências em disciplinas. Daí a importância da abordagem interdisciplinar para se lidar com os problemas atuais (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005). Gattás e Furegato (2006) fazem uma reflexão sobre o tema da interdisciplinaridade apontando as divergências e convergências entre os estudiosos do assunto. As autoras apresentam duas formas distintas de se referir à interdisciplinaridade. Os autores apresentam um grupo de estudiosos que rejeitam completamente a fragmentação do saber em disciplinas autônomas, referindo-se à interdisciplinaridade, como uma nova forma de se lidar com o conhecimento, com o propósito de formar o indivíduo na sua totalidade. Outro grupo de estudiosos não concorda com essa visão metafísica, consideram que a divisão do conhecimento em especialidades é inevitável e se referem à interdisciplinaridade como uma forma do indivíduo assimilar o conhecimento produzido pelas diversas áreas da ciência (GATTÁS e FUREGATO, 2006). Para Gattás e Furegato (2006) ambos concordam que a interdisciplinaridade representa uma atitude de compartilhamento, compreensão, e aceitação da diversidade. A enfermagem vem tentando resgatar o indivíduo como um todo desde os princípios fundamentais da sistematização da assistência de enfermagem, que veio trazer de volta o cuidado integralizado. 23 5.4 - Relação do enfermeiro com a interdisciplinaridade Almeida, Braga (2006) apontam para a vida em um momento de intensas mudanças e a necessidade de refletir sobre o papel do enfermeiro-docente, buscando aprimorar conhecimentos em pedagogia, didática e outros itens relacionados à educação, ou continuamos a ter as escolas como “bicos”, que fazemos nas horas de folga. Qual é o papel em que nos colocamos na educação? Os princípios da enfermagem estão embasados na interdisciplinaridade, com atuação para o ensino, para a assistência e para pesquisa obtendo compromisso e envolvimento de suas funções (BERARDINELLI, SANTOS 2005). Berardinelli e Santos (2005) e Carvalho (2007) concordam que o objeto de estudo na enfermagem está atualmente ancorado no humanismo, na ética, na prevenção e redução de danos e riscos com a saúde, efetuando um deslocamento em direção às ciências da vida. Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o cuidado como objeto de estudo (BERARDINELLI e SANTOS 2005). A interdisciplinaridade também é definida como um fazer/trabalhar/atuar/participar junto, em equipe, em cooperação com outros cursos e profissionais. Acontece de forma crescente no decorrer do curso, e depende principalmente, de iniciativas individuais dos docentes, destacando-se as atividades básicas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), na atenção primária, onde nenhum profissional trabalha sozinho, sendo necessário o envolvimento de todos os profissionais (GARCIA et al., 2006). Para Braga et al. (2008) o enfermeiro, no seu cotidiano, lida com os fatores de relacionamentos, de convivências, onde se faz um grande esforço para se promover a saúde e o bem estar individual. A enfermagem consegue apesar das dificuldades encontradas, ajudar a restaurar e ainda tentar favorecer o bem estar do outro, sempre procurando outro enfoque para o cuidado (BRAGA et al., 2008). Observa-se ainda que na equipe de Enfermagem, o paciente está inserido no ambiente em que a especialização e a técnica são soberanas. Por esse motivo, o trabalhador de enfermagem não consegue perceber o todo que envolve este ser, 24 mesmo que suas ações sejam tomadas a fim de promover, manter ou recuperar a saúde (BRAGA et al., 2008). Considerando o relacionamento entre os profissionais da saúde, muitas vezes ocorrem problemas, pois um determinado profissional acha que sabe tudo, é o dono da verdade, não sabe distinguir sua área desempenhando o trabalho do outro, comprometendo o desenvolvimento da interdisciplinaridade (GARCIA et al., 2006). Nesse sentido, a queixa principal é o domínio do profissional médico que é reforçada pelos outros profissionais como se suas atividades fossem complementares. (GARCIA et al., 2006). Um dos problemas com a interdisciplinaridade está relacionado ao perfil dos alunos dos cursos noturnos de enfermagem, os quais muitas vezes são trabalhadores e não conseguem participar das atividades extra-curriculares, além da falta de incentivo das instituições e o desinteresse dos docentes (GARCIA et al., 2006). Outro problema relacionados com as instituições são: a grade horária com rodízios de poucas semanas, a falta de vínculo docente com o serviço, o modelo centrado na ação médica, a dificuldade na referência, a pouca aceitação e incentivo dos professores aos novos currículos. (GARCIA et al., 2006). A construção de uma proposta interdisciplinar na área da saúde enfrenta várias dificuldades, tais como: o mito de que a ciência conduz necessariamente ao progresso, o mito de que há ciência sem poder, a forte tradição positivista e biocêntrica, a estrutura departamental das instituições de ensino e pesquisa e a operacionalização de conceitos, métodos e práticas entre as disciplinas (VILELA e MENDES, 2003). Para os enfermeiros as ações de interdependência, colaboração e articulação com os demais profissionais tornam-se parte da prática administrativa, pois a enfermagem é uma atividade concreta e produtiva, mas que em função da estrutura hospitalar assume diversas atividades além daquelas inerentes à profissão (GINDRI et al., 2005). Os enfermeiros se encontram com dificuldades de integração ou de interação nas esferas do trabalho acadêmico, destacando um conformismo diante de tudo que é endereçado de outras disciplinas, sem atender as repercussões nas pesquisas e na produção científica (CARVALHO, 2007). 25 A comunicação é um instrumento do enfermeiro, pois o mesmo acredita na potencialidade de saúde de seus pacientes, transferindo a estes suas crenças, valores e sentimentos, buscando realizar sua atividade transcendendo a técnica, com a finalidade de uma recuperação além da fisiológica, está conectado com a efetiva gestão desses recursos humanos com responsabilidade, criatividade e liderança (BRAGA et al., 2008). Os enfermeiros, por condição própria do trabalho, estão inseridos em serviços de saúde como estruturas sociais complexas, em inter-relações que são próprias da nossa cultura, ora de maior ora de menor valorização profissional (BRAGA et al., 2008). A formação do enfermeiro no Brasil, desde a década de vinte tem influência norte-americana com predomínio tecnicista e científico com forte herança em Taylor. Nas duas últimas décadas do séc. XX, o Brasil passou por grandes transformações na política e na economia ocasionando desemprego e consequentemente afetando a saúde da população (BERARDINELLI e SANTOS, 2005). As condições de vida e saúde das classes mais baixas, consequentemente as políticas neoliberais, que antes propunham ajustes fiscais, criaram barreiras para as políticas sociais nas áreas da saúde, da educação, da segurança, do saneamento e similares. Ao mesmo tempo, outros grupos progressistas passaram a exigir justamente a estas populações carentes um sistema de saúde de qualidade (BERARDINELLI e SANTOS, 2005). A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi suporte para construir a lei na Saúde e afirmação do conceito sobre a reforma sanitária serviu de base na constituição da saúde. A 9ª Conferência colocou em prática a reforma sanitária, colocou como importância os interesses da saúde e da população, e a participação da sociedade ajustando-os às realidades sociais, étnico-culturais e ao quadro epidemiológico da população (BERARDINELLI e SANTOS, 2005). Junto a essas reformas do Ministério da Saúde também foi apontada a necessidade de mudanças na formação dos profissionais da saúde, entre eles o enfermeiro e suas concepções, as práticas e uma filosofia de educação crítica e reflexiva, visto que se encontravam instituições formadoras de recursos humanos para a saúde com abordagem tradicional e fragmentada (BERARDINELLI e SANTOS, 2005). 26 As metodologias para se formar enfermeiros que se baseiam no conceito da interdisciplinaridade proporcionam reflexão, debate e aplicação cotidiana da Ética no trabalho de ensinar e fazer enfermagem (FERREIRA e RAMOS, 2006). É uma forma que ajuda o aluno a "analisar criticamente a realidade cotidiana e as normas que estão em vigor, de modo que contribua para idealizar formas mais justas e adequadas de convivência" (FERREIRA e RAMOS, 2006). As instituições formadoras de recursos humanos para a Saúde que adotaram a abordagem interdisciplinar esbarram em várias dificuldades que vão se resolvendo à medida que o exercício do diálogo e do trabalho em equipe vai ocorrendo (VILELA e MENDES, 2003). Os conflitos vividos pelos enfermeiros podem ser divididos em dois planos: os conflitos relacionados ao desenvolvimento científico e tecnológico e os conflitos persistentes que são referentes ao equilíbrio em saúde, etnia, sexo, serviços de saúde mal distribuídos, dentre outros. Por isso se tem redimensionado o ensino da ética nas graduações em enfermagem (FERREIRA e RAMOS, 2006). Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o cuidado como objeto de estudo (BERARDINELLI e SANTOS, 2005). Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) o profissional enfermeiro precisa desenvolver competências apoiadas em uma base sólida de conhecimentos associados à aquisição de habilidades que permitem identificar e acessar informações para a atenção à saúde com padrões de qualidades reconhecidos para a fundamentação de suas atitudes (PERES e CIAMPONE,2006). Destacam-se: as teorias administrativas, as ferramentas específicas da gerência, o processo de trabalho, a ética no gerenciamento, conhecimentos sobre a cultura e poder organizacional, negociação, trabalho em equipe, qualidade de vida no trabalho, saúde do trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de pessoas, dimensionamento de pessoal, gerenciamento de recursos materiais, custos, recursos físicos, sistemas de formação e processo decisório (PERES e CIAMPONE,2006). Berardinelli e Santos (2005) defendem uma maior proporção das ciências humanas e da vida nos cursos de formação profissional da área de enfermagem, além de uma maior interação destas com as ciências naturais. 27 Nesse sentido, Berardinelli e Santos (2005) utilizam o conceito de interdisciplinaridade como visão unitária ou global do ser humano e do conhecimento. Para eles a interdisciplinaridade no ensino e formação do profissional de enfermagem representa a conjugação daquelas três ciências com o objetivo de garantir o desenvolvimento dos aspectos científico, racional e sensível do profissional a fim de que este possa conciliar o cuidado humano e o cuidado técnico na sua atuação. Galindo e Goldenberg (2008) analisam as mudanças curriculares em três instituições de ensino superior de enfermagem do município de São Paulo. A metodologia usada nesse trabalho foi a análise documental e a entrevista com coordenadores de curso. Galindo e Goldenberg (2008) verificaram que, em diferentes níveis, as três instituições estão reorganizando seus cursos para se adequarem às exigências legais. Outro fator que motivou tal mudança foi a avaliação periódica do governo federal, de cujo resultado depende o credenciamento dessas instituições. As principais mudanças observadas dizem respeito à reorganização das disciplinas curriculares em áreas temáticas. As dificuldades mais freqüentemente relatadas foram a resistência dos professores, devido ao desconhecimento e despreparo, e o custo financeiro, devido à limitação das verbas ou à rigidez orçamentária. As situações envolvendo atividades práticas foram consideradas as oportunidades mais propícias ao exercício da interdisciplinaridade (GALINDO e GOLDENBERG, 2008). Para Galindo e Goldenberg (2008) e Alarcão e Rua (2005) em relação à importância do estágio na formação do profissional de enfermagem, destacam que a formação ambiente “interpessoal” requer a criação de um contexto geral em que concepções, valores e políticas interajam coerentemente (SUS) e de um contexto local caracterizado por boas relações entre as instituições (faculdades e sistema de saúde municipal). Em tal ambiente, o desenvolvimento da competência profissional é favorecido. Garcia et al., (2006) analisaram o conteúdo programático e curricular dos diversos cursos ligados à área de saúde que fazem parte do Centro de Ciências da Vida da PUC-Campinas, além de entrevistarem coordenadores, professores, funcionários e alunos destes cursos. Os autores constataram que apesar dos temas 28 interdisciplinaridade e integralidade constarem dos programas desses cursos, na prática, as ações multiprofissionais e interdisciplinares nem sempre se traduzem em estratégias de aprendizagem. É neste contexto que inserimos nosso aluno muitas vezes ainda imaturo, sem nunca ter visto sequer um animal doente, completamente dependente de nossos cuidados. Estamos preparando este individuo antes de inserí-lo no contexto do hospital? Tem nosso aluno do nível médio de enfermagem, pleno conhecimento de seus direitos e deveres quando adentra à instituição de estágio? E nós docentes conhecemos todos os limites e funções, não só como educadores, mas agora em campo de estágio, também como cuidadores? (ALMEIDA e BRAGA, 2006). Segundo os entrevistados, a ocorrência da interdisciplinaridade é observada, principalmente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) como resultado da iniciativa individual de alguns professores (GARCIA et al., 2006). As principais dificuldades para esse novo modelo são: o despreparo dos docentes, a tendência à privatização do sistema de saúde, o distanciamento dos profissionais com sua responsabilidade social e a falta de condições para que os professores possam se reunir e discutir (GARCIA et al., 2006). O artigo de Garcia et al. (2006) aponta que essas dificuldades podem ser superadas pelo desenvolvimento de práticas conjuntas entre os cursos com o apoio de todas as instituições e professores envolvidos, além da mobilização dos alunos. Ressalta-se também que a implantação de um novo modelo de assistência à saúde baseado nos princípios do SUS requer profissionais que aceitem diferentes pontos de vista como forma de valorizar e compreender esse novo modelo. Daí a necessidade de se preparar profissionais comprometidos com a integralidade e a interdisciplinaridade (GARCIA et al., 2006). Carvalho (2007) em seu contexto pontua três conceitos básicos: assistência primária de saúde (APS), interdisciplinaridade e melhores condições de trabalho e de salário com a finalidade de reforçar o ensino, a pesquisa e a prática assistencial. Naquela época, os aspectos mais significativos da situação do enfermeiro abrangiam: prática assistencial é imposta pela expropriação da saúde; papel profissional sem autonomia e submetido à visão paramédica; trabalho sob regras e princípios da rentabilidade e lucratividade nos sistemas de saúde; problemas com o pessoal da equipe de enfermagem sem reconhecimento, estabilidade ou vínculo 29 empregatício. Muito se avançou, desde então, principalmente, com relação à APS e às condições salariais e de trabalho. Contudo, em relação à interdisciplinaridade ainda persistem muitas dificuldades (CARVALHO, 2007). A divisão em várias especialidades tem gerado tanto problemas internos (não é possível existir um saber unificado de enfermagem, se a profissão congrega, simultaneamente, profissionais generalistas e outros especialistas) quanto externos (a enfermagem ainda não conseguiu um termo de equilíbrio com as demais ciências da saúde, especialmente a medicina) (CARVALHO, 2007). As conseqüências desses problemas podem ser observadas nas atuações profissionais (muitas vezes, as ações do enfermeiro são vistas como interferência em outras áreas) e acadêmica dos enfermeiros (apesar do discurso interdisciplinar contra uma visão fragmentada e compartimentada do saber, as disputas internas para ocupar fronteiras técnicas, pedagógicas e epistêmicas anulam quase por completo o discurso interdisciplinar) (CARVALHO, 2007). Para Carvalho (2007) o sucesso de uma equipe de trabalho (acadêmico ou profissional) deve ser a disposição de todos os seus membros, para contribuírem com a busca pelos resultados de interesse comum ao objetivo desejado. Deve-se ter em conta que, ao se fragmentar em demasia o ensino ou a pesquisa, será necessário optar entre duas saídas em direções opostas: ou se aprofunda na alienação em uma área específica do saber, ou se atende à interdisciplinaridade como forma de partilhar o saber e as disciplinas (CARVALHO, 2007). Uma dificuldade específica para a área da enfermagem é a vigilância constante para não comprometer os aspectos éticos, relacionados com o cuidado ao paciente na sua totalidade, devido a tendência à especialização extrema, de uma determinada área em relação às demais (CARVALHO, 2007). Destacam que não se deve confundir esse novo conhecimento interdisciplinar com a atuação interdisciplinar que é usada nas equipes de trabalho no setor de saúde. Nesse sentido, a interdisciplinaridade é um conhecimento ainda em formação e que depende da participação de vários sujeitos, tais como, os agentes políticos, sociais e os próprios pacientes, além dos profissionais da saúde propriamente ditos (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005). Sena et al. (2003) Investigaram o impacto da adoção de um enfoque 30 interdisciplinar sobre dois cursos de graduação em enfermagem. As autoras verificaram que a adoção de tal enfoque possibilitou a redução da hegemonia dos saberes e projetou-os em uma mesma dimensão epistemológica. Além disso, Sena et al. (2003) indicaram a necessidade das instituições priorizarem a parceria universidade/serviço/comunidade a fim de formarem profissionais com perfil que atenda à demanda e à necessidade de saúde da população. Outro aspecto verificado foi o caráter positivo da interdisciplinaridade sobre a aprendizagem. No entanto, as autoras advertem que a adoção de tal enfoque deve ocorrer de forma lenta, gradual e participativa. O conflito é um fato da vida em qualquer relação interpessoal e no local de trabalho é um fenômeno natural, que quando administrado construtivamente fortalece as relações (AGOSTINI, 2005) Os conflitos fazem parte do cotidiano e levam a uma situação desgastante e perturbadora, levando o líder a tentar solucioná-los através do desgaste emocional (AGOSTINI, 2005). Em todos os caminhos que tomamos nos deparamos com resoluções de conflitos e isto requer preparo adequado. Aos enfermeiros cabem entre outras, tarefas diretamente relacionadas com sua atuação junto ao cliente, bem como a liderança da equipe de Enfermagem e o gerenciamento dos recursos físicos, materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação para a prestação da assistência de enfermagem. É exigido conhecimento (que conheça o que faz), habilidades (que faça corretamente) e tenha atitudes adequadas para desempenhar seu papel objetivando resultados positivos. O enfermeiro deve ser competente naquilo que faz e garantir que os membros da sua equipe tenham competência para executarem as tarefas que lhes são destinadas (CUNHA, NETO, 2006). Diante das relações interdisciplinares notamos que os enfermeiros se deparam com conflitos, uma vez que conduzem as relações entre a equipe de enfermagem com as diversas categorias profissionais. É de competência do enfermeiro, estar apto a desenvolver ações de prevenção, proteção, reabilitação da saúde tanto individual como coletiva, assegurar a prática de forma integrada e contínua com as demais estâncias do sistema de saúde, ter análise crítica dos problemas da sociedade e procurar soluções para eles. Para que seus desempenhos tenham bons resultados, o enfermeiro se utiliza do trabalho 31 administrativo e em equipe. Subdivide-se em processos de trabalho como: assistir/cuidar, administrar/gerenciar, pesquisar/ensinar e ser responsável pela equipe, desenvolver recursos humanos qualificados e organizados, para obter condições adequadas da assistência (PERES, CIAMPONE, 2006). Prochnow (2007) pontua que o conflito como realidade e desafio no exercício da gerência do enfermeiro está associado com a assistência e que o enfermeiro não tem consciência de sua situação interinstitucional, inserindo o processo de trabalho com determinações que extrapolam suas funções predefinidas ou desejadas. A mentalidade dos enfermeiros está inserida no poder médico, na obediência e no respeito à hierarquia, na disciplina e no espírito de servir. Diante dessas armadilhas ideológicas manifesta simbologia de que quem decide é mais competente que aquele que executa. O enfermeiro permanece preso no conformismo perante as rotinas e incongruências das atividades hospitalares. A relação interpessoal no trabalho em equipe necessita de enfrentamento, diálogo, buscando uma dinâmica de flexibilidade das regras, negociações e acordos entre os agentes, e requer compartilhar decisões e responsabilidades. Na divisão técnica e social do trabalho, o enfermeiro possui gestão total com o pessoal de enfermagem e outros funcionários e o ambiente, detecta e controla o processo de trabalho (GAIVA, SCOCHI, 2004). Não se pode dizer das últimas décadas do século XX aos nossos dias, que os líderes mundiais são indiferentes aos problemas que afligem as pessoas em toda parte. Os chefes das nações empreendem esforços para ajuizar as questões mundiais em torno do interesse geral ou da maioria e equilibrar a conjuntura internacional. Assembléias mundiais foram criadas para fazer reinar a paz, o respeito ao direito, para promover a educação e a cultura, para velar pela boa repartição dos recursos alimentícios, para controlar as condições impostas aos trabalhadores (CARVALHO, 2007). E assim surgiu espaço para a contribuição disciplinar em questões complexas exigindo opiniões de diferentes experts. Embora cresça o número de especialistas de aconselhamento e assessoria aos governos e líderes mundiais, a cada dia, a humanidade sofre rupturas políticas e turbulências crescentes. As crises se refletem na vida individual e coletiva, nas políticas de trabalho, na educação em geral, e nos processos da formação profissional em todas as áreas. Desde 1960, o mundo é 32 impulsionado, avassalado, por revoluções científico-tecnológicas e por uma multidão de especialistas que dominam a política e a prática profissional em qualquer área de saber (CARVALHO, 2007). A medicina contemporânea tornou-se por excelência, o reduto privilegiado dos especialistas, cuja competência se exerce sobre um território cada vez mais reduzido. O homem doente é cortado em pedaços; um clínico se encarrega de seu coração, outro de seus pulmões, outro de seus órgãos sexuais, etc. Cada um aplica sua terapêutica própria, sem pensar nas possíveis repercussões sobre os órgãos vizinhos, nem nas reações do moral sobre o físico. Os especialistas, de formação diversificada, permanecem estranhos uns aos outros, falam linguagens diferentes, não se harmonizam se excluem, se negam reciprocamente (CARVALHO, 2007). A equipe multidisciplinar é uma realidade atual, profissionais de diferentes áreas atuam conjuntamente. Tem-se 14 profissões de nível superior reconhecidas pelo Conselho Nacional de Saúde: Biologia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Biomedicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Medicina, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, inúmeras profissões formais de nível médio que participam ativamente da atenção à saúde (PEDUZZI, 2001). Conforme Freitas, Fugolim e Fernandes (2006) a enfermagem é praticada por profissionais com diferentes tipos de formação: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Multidisciplinaridade seria o conjunto de disciplinas que simultaneamente tratam de uma dada questão, sem que os profissionais implicados estabeleçam entre si efetivas relações no campo técnico ou científico. Pluridisciplinaridade seria a justaposição de diferentes disciplinas em um processo de tratamento de uma temática unificada, desenvolvendo relações entre si. Os objetivos seriam comuns, os campos disciplinares estariam situados em um mesmo nível hierárquico, haveria uma perspectiva de complementaridade, sem ocorrer coordenação de ações ou pretensão de criar uma axiomática comum. Metadisciplinaridade seria a interação entre as disciplinas asseguradas por uma metadisciplina situada em um nível epistemológico superior (ROCHA, ALMEIDA, 2000). Interdisciplinaridade implicaria em uma axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas cujas relações seriam definidas a partir de um nível hierárquico 33 superior ocupado por uma delas. Exigiria identificação de um problema comum, e uma plataforma de trabalho conjunto. Transdicisplinaridade seria a radicalização de interdisciplinaridade com a criação de um campo teórico ou disciplinar de tipo novo e mais amplo, a transdisciplinaridade baseia-se na possibilidade de comunicação não entre campos disciplinares, mas entre agentes em cada campo, através da circulação não dos discursos, mas dos sujeitos dos discursos. Não são os campos disciplinares, entidades abstratas (conceitos, noções, modelos) que interagem entre si, mas os sujeitos que os constroem na prática científica cotidiana (ROCHA, ALMEIDA, 2000). O termo interdisciplinaridade não possui um único significado, entre as várias definições temos: Inter = troca, reciprocidade, Disciplina = ensino, instrução, ciência. Interdisciplinaridade significa um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências, ou melhor, de áreas do conhecimento, é um processo ininterrupto, uma substituição de uma concepção fragmentada para uma concepção unitária do ser humano (BERARDINELLI, SANTOS, 2005). Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o cuidado como objeto de estudo. Ante as atividades de gerenciamento, os profissionais consideram-se membros responsáveis pela estrutura do serviço, provedores da organização da seção de trabalho e responsáveis pelas relações interpessoais no grupo (BERARDINELLI, SANTOS, 2005). Os princípios da enfermagem estão embasados na interdisciplinaridade, com atuação para o ensino, a assistência e a pesquisa. Em oposição a isso se questiona a conjunção, ou seja, o conhecimento que é ligado na área de medicina, área de humanas e área de administração. Na verdade esse desvio entre o ensino e o currículo cria uma tensão das fronteiras dessas disciplinas e o objeto de estudo na enfermagem, cujas concepções de cuidado e suas vertentes, atualmente ancoradas no humanismo, na ética, na prevenção e redução de danos e riscos com a saúde, efetuam um deslocamento em direção às ciências da vida. (BERARDINELLI, SANTOS, 2005). Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) o profissional enfermeiro precisa desenvolver competências apoiadas em uma base sólida de conhecimentos associados na aquisição de habilidades que permitam identificar e 34 acessar informações para a atenção à saúde com padrões de qualidades reconhecidos para a fundamentação de suas atitudes destacando-se: as teorias administrativas, as ferramentas específicas da gerência, o processo de trabalho, a ética no gerenciamento, conhecimentos sobre a cultura e poder organizacional, negociação, trabalho em equipe, qualidade de vida no trabalho, saúde do trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de pessoas, dimensionamento de pessoal, gerenciamento de recursos materiais, custos, recursos físicos, sistemas de formação e processo decisório (PERES, CIAMPONE, 2006). Em todos os caminhos depara-se com resoluções de conflitos, os quais muitas vezes dependem de cada indivíduo refletir e consultar sobre como resolvêlos de maneira pacífica. Na realidade da área da saúde, o que se verifica é que cada profissional das demais disciplinas possuem diferentes pontos de vista, o que dificulta um direcionamento ideal para desempenhar as atividades, que sistematizem os cuidados com os pacientes. Diante dessas relações interdisciplinares, nota-se que os enfermeiros deparam-se com conflitos, uma vez que conduzem muitas relações entre a equipe com diversas categorias profissionais. Muitos são os questionamentos levantados que tem levado a investigação e aprofundamento sobre o tema, porém para desenvolver uma revisão de literatura sobre conflitos na equipe de enfermagem, são necessários alguns tópicos para nos levar à uma reflexão sensata e profunda, um deles é a comunicação. Ao escrever sobre a comunicação, Ribeiro (1993) diz que se pode escolher entre influenciar ou manipular o outro, a tecnologia é a mesma, mas as conseqüências são bem diferentes. “A escolha continua sendo sua”. Comunicar é uma palavra que vem do latim “comunicare”, com o significado de “por em comum” é um processo complexo que envolve por meio de fala, da escrita, de gestos, mímicas e diferentes tipos de sons e apresentação (PENTEADO, 1976). Nos primórdios da comunicação o homem se expressava por gestos, mímicas e sons, só muito mais tarde é que aprendeu a usar sinais gráficos para se referir aos objetos que conhecia pelos sentidos, e então o homem passou da inteligência concreta animal, limitada ao que é agora a representação simbólica e mental do mundo (BOUDITH, BUONDO, 1992). Silva (1997) refere que numa inter-relação, a fala consiste em apenas um 35 terço do que é comunicado. Esse fato nos faz pensar na importância da comunicação escrita, que além de induzir a maior responsabilidade pelos dados, pode ser revista e melhorada em diferentes momentos. Segundo Silva (2003), estudos feitos sobre a comunicação não verbal estimam que apenas 7% dos pensamentos (das intenções) são transmitidas por palavras, 38% são transmitidos por sinais paralíngüisticos (entonação de voz), velocidade com que as palavras são ditas e, 55% pelos sinais emitidos do corpo. Vários outros autores relatam barreiras mais comuns à comunicação efetiva entre as pessoas, ou seja, o uso indevido das palavras: como o medo, a pressuposição da compreensão da mensagem, a sobrecarga de informações, a falta de capacidade, de concentração ou atenção, e não saber ouvir (LIMA, 1979; LADEIRA, 1981; STEFANELLI, 1992). A comunicação adequada segundo Silva (1996) é aquela que procura atingir objetivos definidos para a solução dos problemas detectados. A comunicação é um meio de obter a ação dos outros e é definido, como processo de transmitir e entender informação. É um meio de troca de idéias, atitudes e opiniões e emoções entre as pessoas (TREWATHA, NEWPORT, 1979). 5.5. Conflitos entre equipe multidisciplinar Muitas são as dificuldades entre a equipe multidisciplinar que é mediada pelo enfermeiro no ambiente hospitalar, porém em alguns setores estes conflitos parecem ter maior freqüência em decorrência do número de procedimentos complexos e também maior tempo de convivência entre os membros da equipe. Conflitos são discordâncias internas entre duas ou mais pessoas, envolvendo posicionamentos, percepções, valores ou sentimentos (MARQUIS, HUSTON, 1999). Eles se reportam aos teóricos internacionalistas, para os quais o conflito é uma necessidade absoluta e estímulo às organizações, no sentido de gerar crescimento. Ressaltam que o conflito pode ser tanto destrutivo quanto construtivo e que depende da maneira como é conduzido. 36 O conflito é inerente à relação entre pessoas e não deve ser encarado como negativo, quando envolvem profissionais necessita ser discutido de maneira construtiva, em busca de alternativas, visando melhorar a relação de trabalho entre eles. Na atuação em centro cirúrgico, várias são as situações de conflito envolvendo cirurgiões e equipe de enfermagem. Na maioria das vezes, há necessidade de intervenção do enfermeiro, com o propósito de mediar e encontrar a melhor solução. O relacionamento interpessoal ocupou lugar de destaque entre enfermeiros de um centro cirúrgico, demonstrando aspectos de insatisfação e de desrespeito (MARQUIS, HUSTON, 1999). As dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros em setores específicos como o centro cirúrgico dizem respeito ao relacionamento com cirurgiões, anestesistas, técnicos e auxiliares de enfermagem. O enfermeiro que atua no centro cirúrgico se relaciona com profissionais heterogêneos e este pode ser um dos fatores geradores de conflitos, divergências, insatisfações, evoluindo para o estresse. Ele necessita interagir continuamente para que o trabalho possa ser realizado de forma eficiente e eficaz. O profissional da área da saúde tem como base do seu trabalho as relações humanas, sejam elas com o paciente ou com a equipe multidisciplinar (SILVA, 1996). O enfermeiro coordenador de um centro cirúrgico necessita estar atento às características individuais dos diferentes profissionais que atuam na unidade, buscando conhecer como cada um age e reage frente às situações, para melhor conduzir sua equipe, bem como sua relação com a equipe médica. A partir do momento em que ele age desta forma, terá maiores subsídios para administrar situações conflitantes que se apresentarem, reduzindo desentendimentos, discussões e, principalmente, ampliando a satisfação dos profissionais, com repercussões positivas na assistência ao paciente (CAREGNATO, 2002) As situações e as relações diárias vivenciadas pelo enfermeiro de centro cirúrgico desencadeiam, certamente, sensações de prazer e de sofrimento (KRAHL, 2001). Ao enfrentar situações conflituosas, o enfermeiro deve minimizá-las, dialogar de forma participativa. Sendo assim, provavelmente o conflito resultará em criatividade, inovação e crescimento para a unidade. Corroborando com esta reflexão, os próprios cirurgiões admitem serem desencadeadores de estresse na equipe (CAREGNATO, 2002). 37 Atrasos no início das cirurgias também se constituem dificuldades para o enfermeiro que gerencia o centro cirúrgico. Normalmente, quando ocorrem atrasos nas cirurgias, há discussões entre cirurgiões e equipe de enfermagem, situações em que o enfermeiro é solicitado a intervir, visando solucionar (KRAHL, 2001). Os conflitos entre enfermeiras e médicos não são somente de natureza técnica-profissional e subserviência ao mestre, mas também têm forte razão sócioeconômica e de status. Alguns médicos, às vezes, tem uma prática independente nos mesmos serviços onde as enfermeiras usualmente têm o status de empregada, o que aumenta a distância entre os dois grupos. Contudo, a igualdade de respeito está emergindo e deve ser cultivada, embora isto não seja realidade em muitos serviços de práticas peri-operatórias (CAREGNATO, 2002). O conflito instala-se entre médico e enfermeiro quando os médicos desvalorizam a atitude do enfermeiro, reduzindo a natureza específica da enfermagem a uma mera execução de ordens e que o enfermeiro deve dar conta. Para tanto, a comunicação é fundamental e se fortalece nas relações entre os profissionais que trocam idéias, opiniões, interagindo, emitindo e recebendo mensagens. Ela entra em todas as facetas de nossas atividades cotidianas, proporcionando a estrutura básica que permite às pessoas conviverem e trabalharem juntas (CAREGNATO, 2002). O relacionamento médico-enfermeiro é crítico na obtenção de bons resultados junto ao paciente, mas ás vezes está contaminado pelas forças do poder. Muitas vezes o processo de comunicação se torna difícil e o enfermeiro reconhece isso, se preocupa com a equipe e busca trabalhar os problemas referentes à comunicação e ao relacionamento interpessoal, admitindo as dificuldades na relação entre os profissionais que atuam na unidade e procurando estabelecer canais de entendimento. A comunicação passa a ter a função de promover o relacionamento entre as pessoas (CIANCIARULHO, 1996). Se não houver co-participação entre emissor e receptor na busca de soluções, não ocorrerá mudança de comportamento e crescimento nas relações interpessoais. É um elo entre equipes, uma alternativa para solucionar problemas, principalmente, o que está relacionado a conflito constante. Outra dificuldade diz respeito à comunicação deficiente entre a equipe do centro cirúrgico e unidades de internação. Esta comunicação entre a equipe do 38 centro cirúrgico e outras unidades interfere na dinâmica de funcionamento do centro cirúrgico. Importante destacar que a comunicação também é identificada como um instrumento de trabalho, tanto do enfermeiro quanto da equipe (CIANCIARULHO, 1996). Analisando as dificuldades apontadas referentes ao relacionamento entre os diversos profissionais que atuam no centro cirúrgico, aliadas aos posicionamentos dos autores, sabe-se que é possível melhorar as relações, desde que os profissionais identifiquem os problemas, queiram realmente mudar e percebam os prejuízos resultantes dessa relação. Importante destacar que o paciente que chega ao centro cirúrgico para ser atendido não pode ser vítima desta relação entre os profissionais que ali estão para cuidá-lo (MARQUIS, HUSTON, 1999). Na abordagem da comunicação da enfermagem com os pacientes, Oliveira et al. (2005) em estudo qualitativo realizado com pacientes internados em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com o objetivo de verificar o significado da comunicação em enfermagem apresentaram dados obtidos mediante entrevistas e analisados através das categorias da comunicação terapêutica da grade de análise dos grupos de expressão, clarificação e validação. A partir dos resultados pode-se inferir que as técnicas de comunicação são um meio de promover o relacionamento terapêutico, necessário a uma assistência de enfermagem de boa qualidade, por permitir a identificação das necessidades dos pacientes. A maior parte das questões realmente importantes e íntimas das pessoas não é verbalizada. Como reconhecer, então, essas características dos pacientes, senão pela percepção do seu modo de agir, sentir e se relacionar? (SILVA, 2002) No decorrer da vida, o desenvolvimento da comunicação adquire maior complexidade pela própria necessidade de domínio da linguagem, leitura, processo de raciocínio, análise do mundo e de si próprio, além da participação em organizações sociais. O homem encontra-se em constante interação com seu meio e, para isso, ele se utiliza da comunicação. Ela envolve uma gama de fenômenos, como elementos psicológicos e sociais que ocorrem entre as pessoas e dentro de cada uma delas, em contextos interpessoais, grupais, organizacionais e de massa. Os comunicadores, em todos esses níveis, manipulam signos e, desse modo, afetam a si mesmos e aos outros (SILVA, 2002). 39 A comunicação interpessoal ocorre no contexto da interação face a face. Entre os aspectos envolvidos nesse processo, estão as tentativas de compreender o outro comunicador e de se fazer compreendido. Nesse processo, incluem-se ainda a percepção da pessoa, a possibilidade de conflitos – que podem ser intensificados ou reduzidos pela comunicação – e de persuasão (indução a mudanças de valores e comportamentos) (SILVA, 2002). 5.6. A comunicação em enfermagem A consciência da efetividade da comunicação na enfermagem não pode ser ignorada, uma vez que nossas mensagens são interpretadas não apenas pelo falamos, mas também pelo modo como nos comportamos, portanto, é necessário a conscientização sobre a importância da linguagem corporal, principalmente no tocante à proximidade, postura e contato visual (SILVA, 2002). No que tange à comunicação em equipe, é preciso que o líder ao aproximarse dos liderados tenha o intuito de compreender as atividades de cada um, compartilhando idéias e visões, bem como criando interdependências para o desenvolvimento do trabalho através de equipes. A comunicação tem várias funções, segundo Stefanelli (1985) na enfermagem, podemos citar a investigação (busca de dados sobre o paciente); informação (envio de mensagens entre emissor e receptor ou vice-versa); persuasão (levar o receptor a mudança de comportamento sobre o qual não havia pensado antes); e entretenimento (mistura de persuasão com informação, é utilizada para diminuir a ansiedade e favorecer a introdução entre emissor e receptor). Segundo Ribeiro (1997) ofertar é outro ato básico na comunicação porque é partilhar com o outro (e com o universo) algo que é seu, ou que está sob seus cuidados, complementa ainda que fazer comunicação é comungar, partilhar, tornar comum a outros (e ao universo) idéias, sentimentos, ou outros, ou ações. Comunicar é gerar ação em comum. Frente às dificuldades e barreiras ao processo de comunicação, emergiu a subcategoria Estratégias para teoricamente da seguinte forma: melhorar a comunicação, fundamentadas 40 1. Ouvir as pessoas. Bateman e Snell (1998) sugerem algumas técnicas para esse aprendizado. A reflexão, um processo onde se tenta repetir e esclarecer o que acredita que o outro está dizendo, dando mais ênfase em escutar do que em falar. Essa reflexão faz com que as pessoas entrem no quadro de referência uma da outra, resultando numa comunicação de mão dupla. A leitura, tanto do material de trabalho quanto de outras referências, realizando um exame dos documentos e destacando pontos importantes, buscando aumentar a velocidade da leitura e as habilidades de compreensão. A observação e a interpretação de comunicações nãoverbais, na tentativa de determinar a sinceridade ou a dissimulação do emissor, ou seja, interpretar de forma precisa o que se observa. 2. Dar o feedback. Moscovici (1998) afirma que todos nós precisamos de feedback, seja ele positivo ou negativo, pois nos faz refletir sobre aquilo que estamos fazendo inadequadamente e o que fazemos com adequação, facilitando a correção das ineficiências e a manutenção dos acertos. A autora menciona alguns recursos para o processo de feedback: paráfrase (dizer, com suas próprias palavras o que o outro disse, indicando o significado que você aprendeu do que foi falado; essa habilidade envolve atenção, escuta ativa e empatia); descrição de comportamento (relatar ações e comportamentos dos outros, sem fazer julgamentos ou generalizar seus motivos; mostrar clara e especificamente, a que comportamento está reagindo), verificação da percepção (expressar sua percepção sobre o que o outro está sentindo, procurando verificar se a sua compreensão acerca do sentimento do outro é verdadeira) e descrição de sentimentos (identificar ou especificar, nomear verbalmente, os sentimentos). 3. Informar a equipe. Quick (1997) assegura que, nas equipes bemsucedidas, as informações são compartilhadas, oportunamente, sobre o que ocorre na organização, exceto o que é classificado como confidencial, considerando nociva, qualquer intenção de reter ou racionar informação que poderá ser útil aos membros da equipe. Recomenda que a comunicação seja bastante precisa, fluindo em todos os sentidos, de modo que todos compreendam tudo o que ocorre na organização. 41 4. Administrar melhor o tempo. Marquis e Huston (1999) apresentam três etapas básicas para a administração do tempo: alocar tempo para o planejamento e o estabelecimento de prioridades, completar a tarefa de mais alta prioridade sempre que possível e terminar uma tarefa antes de iniciar outra e estabelecer novas prioridades com base nas tarefas remanescentes e nas novas informações que tenham sido recebidas. Os autores comentam que, geralmente as pessoas subestimam a importância de um planejamento diário, não alocando tempo suficiente para essa atividade, ainda que seja essencial para a eficiência gerencial. O desenvolvimento e a utilização coerente dessas quatro habilidades já resolve grande parte dos problemas enfrentados pelos enfermeiros em relação à comunicação. Oliveira et al. (2005) em estudo qualitativo, com pacientes internados em um Centro de Terapia Intensiva de uma instituição pública de João Pessoa, com o objetivo de verificar o significado da comunicação em enfermagem entre as técnicas de comunicação empregadas pelos enfermeiros encontramos: usar terapeuticamente o silêncio, ouvir reflexivamente, verbalizar a aceitação, uso terapêutico do humor. A partir dos resultados pode-se inferir que as técnicas de comunicação são um meio de promover o relacionamento terapêutico, necessário a uma assistência de enfermagem de boa qualidade, por permitir a identificação das necessidades dos pacientes. A comunicação como instrumento fundamental para a interação na área de enfermagem, vem sendo estudada por vários pesquisadores com o objetivo de melhorar a relação entre o profissional e o sujeito de seu trabalho. Alguns desses estudos referem-se à comunicação como veiculo facilitador, relacionada ao resguardo da privacidade dos indivíduos, uma vez em que sua proteção está se tornando uma responsabilidade conjunta entre equipe de saúde e paciente, com independência e envolvimento, sendo promovida através de orientação e educação. (PUPULIM, SAWADA, 2002) Casagrande (1998) afirma que a comunicação caracteriza uma estrutura social, significando organização, onde através dela compartilha-se modos de vida e de comportamentos, hábitos ou costumes, que supõe a existência de certos conjuntos de normas que estruturam a associação e os conjuntos de elementos que 42 estão em relação. Para entendermos essa relação devemos recorrer à teoria da comunicação, para obtermos os parâmetros que permitirão analisá-los. Silva (2002) lembra que a comunicação é um processo complexo que envolve a transmissão, a compreensão de informação por meio da fala, da escrita, de gestos, da mímica, de diferentes tipos de sons (tom de voz, pausas) e de apresentação, e que este processo pode ocorrer de três formas: verbal, paraverbal e paralinguagem. “Um dos primeiros passos para tornar mais positiva a comunicação (interpessoal e intrapessoal) é aprender a pensar sem julgar”. Observar os fatos sem criar julgamentos e avaliações. Isso pode ajudá-lo a perceber as coisas com a mente mais aberta e a mudar sua percepção do mundo (RIBEIRO, 1993). LADERA (1981) escreve que a função estratégica da comunicação organizacional deve ser subsidiada por princípios éticos, técnicos e científicos e sua eficácia dependerá de como serão tratadas as habilidades da comunicação junto ao público interno da empresa. Na comunicação interna hospitalar a enfermagem exerce um grande papel, sendo esta responsável pelo atendimento integral do paciente nas 24 horas do dia, e tendo sob sua responsabilidade muitas tomadas de decisão e ações integradas aos outros membros da equipe, comunicando-se todo o tempo com o paciente e a equipe multidisciplinar, assim como registrando e organizando muitos dos documentos do prontuário que serão arquivados como arquivo do paciente por muitos anos, assim, a sistematização da assistência de enfermagem não pode deixar de ser citada como elemento de grande relevância na melhoria da comunicação dentro do hospital. No Brasil, histórico de enfermagem foi introduzido na prática por volta de 1965, por Wanda Horta, com alunos de enfermagem. Nessa época recebeu a denominação de anamnese de enfermagem, devido ao problema da conotação médica, foi utilizado então o termo histórico de enfermagem (CAMPEDELLI et al., 1989). Para Horta (1979) o histórico de enfermagem também é denominado por levantamento, avaliação, constituindo a primeira fase do processo de enfermagem, podendo ser descrito como um roteiro sistemático para a coleta e análise de dados significativos do ser humano, tornando possível a identificação de seus problemas 43 (CAMPEDELLI et al., 1989). Portanto, o histórico de enfermagem é o levantamento das condições do paciente através da utilização de um roteiro que deverá atender especialidades da clientela a que se destina. Ele tem a finalidade de conhecer os hábitos individuais e biopsicossociais, visando a adaptação do paciente a unidade e ao tratamento, assim como a identificação de problemas (CAMPEDELLI et al., 1989). O Histórico de Enfermagem consiste de um roteiro sistemático para o levantamento de dados que sejam significativos para a enfermagem sobre o paciente, família ou comunidade, a fim de tornar possível a identificação dos seus problemas de modo que ao analisá-lo adequadamente, possa chegar ao que o tempo gasto na aplicação do mesmo foi de 38 minutos com desvio para 10 minutos. Portanto, o tempo médio para o preenchimento do histórico gira em torno de 20 a 40 minutos (CAMPEDELLI et al., 1989). Com Florence Nigthingale a enfermagem iniciou sua caminhada para a adoção de uma prática baseada em conhecimento científico, abandonando gradativamente a postura de atividade caritativa, intuitiva e empírica. Com esse intuito, diversos conceitos, teorias e modelos específicos a enfermagem, foram e estão sendo desenvolvidos, com a finalidade de prestar uma assistência, ou seja, planejar as ações, determinar e gerenciar o cuidado, registrar tudo o que foi planejado e executado e, finalmente avaliar, permitindo assim gerar conhecimento á partir de prática, realizando o processo de enfermagem (FRIEDLANDER, 1981). Na década de 70, Wanda de Aguiar Horta, desenvolveu um modelo conceitual, no qual a própria vivência de enfermagem induziu-a a procurar desenvolver um modelo que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação específico e sua metodologia. Essa mesma autora define o processo de enfermagem, como sendo a dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas, visando à assistência ao ser humano (HORTA, 1979). No processo de enfermagem a assistência é planejada para alcançar as necessidades específicas do paciente, sendo que estão redigidas de forma que todas as pessoas envolvidas no tratado possam ter acesso ao plano de assistência. O processo de enfermagem possui um enfoque holístico, ajuda segurar que as intervenções sejam elaboradas para o indivíduo e não apenas para a doença, apressa os diagnósticos e o tratamento de saúde potenciais e vigentes, reduzindo a 44 incidência e a direção da estadia no hospital, promove a flexibilidade do pensamento independente, melhora e previne erros, omissões e repetições desnecessárias, os enfermeiros obtéem satisfação de seus resultados (PEIXOTO, 1996). É necessário, acreditarmos que o processo de enfermagem seja instrumento essencial para o profissional enfermeiro, que guia sua prática e pode favorecer autonomia profissional e concretizar a proposta de promover, manter ou restaurar o nível de saúde do paciente, como também documentar sua prática profissional, visando a qualidade da assistência prestada (PEIXOTO, 1996). Após a promulgação da lei 7.498. de 25 de junho de 1996, referente ao exercício da enfermagem, dispõe o artigo 11, como atividade exclusiva do enfermeiro a consulta de enfermagem: prescrição da assistência de enfermagem, cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida, cuidados de enfermagem de maior complexidade e que exijam conhecimentos de base científica e tornar decisões imediatas (PEIXOTO, 1996). Portanto, a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), é uma atividade privativa do enfermeiro, que através de um método e estratégia de trabalho científico realiza a identificação das situações de saúde. Subsidiando a prescrição e implementação das ações de Assistência de Enfermagem, que possam contribuir para a promoção, recuperação e reabilitação em saúde do indivíduo, família e comunidade (DANIEL, 1979). A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de enfermagem para a implementação das ações sistematizadas. A implementação da SAE, deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente devendo ser composta por (COREN, 1999; COREN, 2000): “Histórico de Enfermagem; Exame Físico; Prescrição e Assistência de Enfermagem; Evolução da Assistência de Enfermagem; Anotação de Enfermagem”. A anotação de enfermagem é um instrumento de valor ativo de grande significado na assistência e na sua continuidade, tornando-se, pois indispensável na aplicação do processo de enfermagem, pois está presente em todas as fases do processo (DANIEL, 1979). 45 A quantidade e principalmente a qualidade das anotações de enfermagem, desperta em outros profissionais da equipe multifuncional o interesse e necessidade de consultá-la. Para a equipe médica, as anotações são meios valiosos de informações, favorecem bases para direcionar a terapêutica, os cuidados a realização de novos diagnósticos (DANIEL, 1979). Normas para as anotações de enfermagem (DANIEL, 1979): - proceder toda anotação de horário e preencher a data na página da anotação do dia; - anotar informações completas, de forma objetiva, para evitar a possibilidade de dupla interpretação; não usar termos que dêem conotação de valor (bem, mal, muito,bastante, entre outros); - utilizar frases curtas e exprimir cada observação em uma frase; - anotar imediatamente após a prestação de serviço, recebimento de informação ou observação de intercorrência; - observação de intercorrência; - nunca rasurar a anotação por essa ter valor legal; em caso de engano, usar “digo”, entre vírgulas; - não usar o termo “paciente”, no inicio de cada frase já que a folha de anotação é individual; - deixar claro na anotação se a observação foi feita pela pessoa, ou se é informação transmitida pelo paciente, familiar ou outro membro da equipe de saúde; - evitar uso de abreviaturas que impeçam a compreensão do que foi anotado; - assinar imediatamente após da última frase o nome e o número de registro no COREN. Não deixar espaço entre a anotação e a assinatura; Observação. As abreviaturas podem ser eventualmente utilizadas, desde que seu uso esteja consagrado na instituição. A evolução de enfermagem consiste no relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano, enquanto estiver sob assistência do profissional. Pela evolução é possível avaliar a resposta do ser humano á assistência de enfermagem implementada (FERNANDES et al., 1981) A implementação de toda essa sistemática só terá sucesso se sua adoção for do interesse da administração da divisão de enfermagem, assim sendo, os projetos executados tendem a ter resultados favoráveis no que tange à aceitação da equipe. 46 Não basta, porém, que indivíduos em cargos de chefia de enfermagem determinem o que deve ser feito, é indispensável que a iniciativa de aprender a planejar cuidados de enfermagem parta dos líderes, além do mais, devem ser estabelecidos critérios específicos de ação, no sentido vertical e horizontal, portanto, o esclarecimento da equipe multiprofissional quando é forma de trabalho é uma estratégia que auxilia a envolver os diferentes profissionais na SAE. Um fator motivante ao se introduzir qualquer novo projeto é incentivar as pessoas que irão implementá-la a programarem conjuntamente as atividades correlatas. Qualquer mudança é melhor aceita se feita através dos que irão ter que viver por esta (DANIEL, 1979). 5.7. Comunicação em equipe A comunicação adequada é aquela que tenta diminuir conflitos mal entendidos e atingir objetivos definidos, para a solução de problemas detectados na interação com os pacientes (SILVA, 2002) A rotina do dia-a-dia do profissional inibe sua percepção. Para melhor interpretar os atos verbo-gestuais do paciente, o profissional de saúde precisa se assumir como produtor consciente de linguagem e como elemento transformador, intérprete de mensagens. Apaixonar-se pela idéia de compreender as pessoas pode eliminar o preconceito de que os pacientes nada sabem sobre as questões de saúde e doença (SILVA, 2002), parecendo este ser o grande diferencial entre os profissionais da equipe. Conhecer os mecanismos de comunicação que facilitarão o melhor desempenho de suas funções em relação ao paciente, bem como melhorar o relacionamento entre os próprios membros da equipe, cabe a cada profissional. A equipe de saúde, não tem por hábito validar a comunicação com seus colegas de trabalho. Há pessoas competentes nos procedimentos técnico científicos de sua especialidade, mas que têm dificuldade em interagir e comunicar os seus propósitos. É comum ouvirmos, no ambiente hospitalar, queixas e reclamações de funcionários, dizendo: “Não continuo com este grupo porque ele não me entende...”, “Dei toda a orientação, não sei por que não seguiu...”, “Ela não segue o que é explicado...”, “Não 47 sei mais o que fazer, ela não colabora com o tratamento...” (SILVA, 2002). O trabalho em equipe é configurado como a possibilidade de construção de um projeto assistencial comum ao conjunto de profissionais (PEDUZZI, 1998). Considerando a autonomia técnica Peduzzi (1998), que a autonomia do enfermeiro é exercida de forma regulada, na medida que o poder de decisão está na dependência de outros sujeitos presentes nas relações. O poder produz saber (...) não há relação de poder sem a Constituição Correlata de um corpo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder (FOUCALT, 1998). A integração e o apoio entre as diferentes profissões que compõem a equipe de saúde não são possíveis, quando a autonomia de médico e sua ascendência sobre os demais praticamente anulam a noção de trabalho multiprofissional integrado (CAMPOS, 1994). “A construção do trabalho em equipe requer, também a explicitação e o enfrentamento diálogo de conflitos, buscando uma dinâmica de flexibilidade das regras, negociações e acordos entre os agentes e requer compartilhar decisões e responsabilidades” (PEDUZZI, 1997). Na medida em que cada profissional executa parte das ações assistenciais, pode se estabelecer uma possibilidade de trabalho com autonomia relativa, uma vez que o modo que cada profissional organiza e controla o seu próprio trabalho ou de sua equipe não depende do diagnóstico médico (LEOPARDI, 1999). Não são raras as incorreções e/ou omissões de registros. Na maioria dos casos, nos aspectos gramaticais e ortográficos; nas relações factuais; nos termos em geral, podendo desta forma provocar o enfraquecimento das informações. Os registros bem formulados refletem não somente a qualidade do serviço prestado, mas também um elemento essencial para os casos de compensação financeira e para fins ético - legais (TANJI et al., 2004). A preocupação com o ensino de habilidades de comunicação no lidar com o paciente não é exclusiva da enfermagem, mas, no nosso meio, destaca - se o trabalho pioneiro (STEFFANELLI, 1985). A comunicação, no contexto das organizações hospitalares, é a essência do comando (RIBEIRO, 1997). 48 Cada atividade que envolve duas ou mais pessoas em um hospital, ou qualquer outra organização, envolve um elemento de comunicação. Numa organização, fatos, idéias, sentimentos e restrições devem ser passadas continuamente. Há então, fluxos de informações, que é a forma predominante de comunicação, e muitas se relacionam com políticas, processos, regulamentos e rotinas. O conteúdo de passagem de plantão deve estar relacionado com número de pacientes da unidade, e complexidade dos mesmos e tempo de permanência. Em cada unidade, a passagem de plantão deve estar adequada ás necessidades do paciente e relacionada ao tipo de atendimento prestado (PINHO, 2003). Uma boa comunicação, onde há transmissão de mensagens de forma clara e objetiva, proporciona um ambiente de trabalho produtivo e harmonioso, num clima de confiança e credibilidade (CAMPOS, 1997). Almejar melhor desempenho do enfermeiro, como líder da equipe de enfermagem, pressupõe a ocorrência de mudanças de comportamentos, de busca constante de novos conhecimentos e do desenvolvimento de habilidades essenciais para a liderança, as quais envolvem qualidades pessoais, habilidades inter pessoais e o domínio do contexto organizacional (MOTTA, 2001). Para Sanna (1983) a ocorrência entre a comunicação verbal e não verbal é muito importante e mais difícil de ser usada terapeuticamente, pois em geral não temos controle, consiste da mesma. Segundo Galvão (1990) “é através da liderança que o enfermeiro tenta conciliar os objetivos organizacionais com os objetivos do grupo da enfermagem, buscando o aprimoramento da prática profissional e principalmente o alcance de uma assistência de enfermagem adequada”. 49 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo de revisão atual, teve como objetivo buscar informações cientificas que viessem apresentar elementos de identificação de falhas de comunicação que de alguma forma possam contribuir positiva ou negativamente no relacionamento da equipe multiprofissional, refletindo no cuidado com o cliente. No trabalho de Oliveira et al. (2005), entre as técnicas de comunicação empregadas pelos enfermeiros encontramos: usar terapeuticamente o silêncio, ouvir reflexivamente, verbalizar a aceitação, uso terapêutico do humor. As técnicas utilizadas pelos autores foram descritas por Stefanelli (1993) entre outras, somando 15 técnicas de comunicação, das quais algumas não foram identificadas nos discursos dos pacientes, a saber: verbalizar interesse; usar frases incompletas; repetir as últimas palavras ditas pelo paciente; manter o paciente no mesmo assunto; permitir ao paciente que escolha o assunto; colocar em foco a idéia principal; verbalizar dúvidas; dizer não; e estimular expressão de sentimentos subjacentes. Talvez se a equipe de enfermagem buscasse utilizar algumas dessas técnicas como recurso para os vários tipos de relacionamento no seu dia a dia conseguisse apresentar uma diminuição de conflitos e consequentemente diminuição do estresse gerado pelo mesmo. A seguir se apresentam descritas algumas dessas técnicas como sugestão para os colegas que tiverem acesso a esse trabalho, que possam utilizá-las de forma benéfica, trazendo talvez novos horizontes para o relacionamento em equipe na enfermagem. As técnicas foram: OUVIR REFLEXIVAMENTE = é uma das técnicas de comunicação terapêutica das mais efetivas, do que decorre seu caráter de instrumento essencial para que o enfermeiro estabeleça o relacionamento terapêutico. Kron, Gray (1994) afirmam que ouvir é um dos principais meios através do qual obtemos informações, e quando deixamos de ouvir renunciamos a um dos objetivos da comunicação, o de ficar sabendo sobre a outra pessoa para tentar compreendê-la. Os depoimentos revelam que a equipe de enfermagem do CTI utiliza a técnica, ouvir reflexivamente, como forma de demonstrar interesse pelo paciente e 50 estimular a expressão dos seus sentimentos. Merece ser ressaltado que ouvir é um método não-verbal de comunicação, através do qual transmitimos ao paciente que ele é aceito e respeitado como ser humano, ou seja, que ele é reconhecido pelo enfermeiro como um sujeito, tendo importância e significação à relação entre eles (OLIVEIRA et al., 2005). Segundo Stefanelli (1993) para ouvir o paciente devemos estar atentos para não julgar o conteúdo do pensamento expresso. Direcionamos toda nossa atenção ao paciente, pensando reflexivamente sobre o que ele diz para podermos compreender o significado do que está sendo dito. SILVA (1996) afirma que, para ouvirmos os outros precisamos aprender a controlar nossos sentimentos e preconceitos para demonstrarmos interesse no que está sendo comunicado. VERBALIZAR ACEITAÇÃO = a aceitação é uma das necessidades humanas básicas, considerada pela enfermagem porque, para sentir-se seguro para falar, o paciente precisa sentir-se aceito (STEFANELLI, 1993). Para que esta aceitação seja genuína o enfermeiro precisa perceber o paciente como pessoa, só assim, este experimentará por meio de sentimento empático, a sensação de ser aceito. USAR TERAPEUTICAMENTE O SILÊNCIO = essa é uma das técnicas mais difíceis de serem praticadas, uma vez que seu uso requer paciência do terapeuta. Contudo, a técnica transmite a idéia de que o profissional está atento e pronto para ouvir, demonstrando respeito, bem como, podendo demonstrar, também, que o silêncio é uma forma aceitável de conforto (STEFANELLI, 1993). Smeltzer, Bare (2000) lembram que com o silêncio temos a comunicação não verbal, algumas expressões faciais e manifestações assumidas, podem transparecer impaciência. FAZER PERGUNTAS = as perguntas são partes importantes no levantamento de dados, devem ser feitas de forma apropriada, determinando exatamente o que desejamos descobrir (KRON, GRAY, 1994). DEVOLVER A PERGUNTA FEITA = ao devolver a pergunta pode-se tentar mostrar que o ponto de vista de quem pergunta é mais importante do que o seu (STEFANELLI, 1993). A devolução da pergunta ajuda o enfermeiro a manter a conversação centrada no paciente e a obter dele informações acerca da pergunta. Desse modo, ao devolver a pergunta, o enfermeiro ajuda o paciente a desenvolver um raciocínio 51 sobre o assunto e a entender melhor a necessidade que gerou a pergunta (SILVA, 1996). USAR FRASES DESCRITIVAS = ao explicar as rotinas da unidade, procedimentos de enfermagem, orientações, no desempenho da função de educadora em saúde, o enfermeiro faz uso de frases descritivas como técnica de comunicação (STEFANELLI, 1993). A comunicação eficiente deve ser simples e direta. O uso de poucas palavras resultará em menos confusão. Para obtermos clareza devemos falar lentamente e pronunciando claramente as palavras (POTTER, PERRY, 2002). Smeltzer, Bare (2000) orientam que a mudança brusca de assunto bloqueia a comunicação e revela atitudes de desinteresse. Oliveira et al. (2005) evidenciaram que os enfermeiros utilizam com maior freqüência às técnicas relacionadas ao grupo de expressão – ouvir reflexivamente; uso terapêutico do humor; verbalizar aceitação; usar terapeuticamente o silêncio; fazer perguntas; devolver a pergunta feita; usar frases descritivas; seguidas das técnicas de clarificação – solicitar que esclareça termos comuns; estimular comparação. Em ambientes de maior estresse, onde os pacientes estão em situações de risco - que permite uma rápida evolução do seu quadro clínico, tanto para a recuperação da saúde como para o aprofundamento do processo patológico - faz com que, muitas vezes, os enfermeiros não utilizem os recursos da comunicação como processo terapêutico (OLIVEIRA et al., 2005) As dificuldades do enfermeiro em harmonizar as atividades burocráticas e administrativas; manutenção de bom relacionamento interpessoal entre equipe não só de saúde, mas todas as outras envolvidas no processo e mais a qualidade da assistência integral e humanizada, são muitas, porém acredita-se que este bom relacionamento, embasado em comunicação eficiente e humanizada, é que vai levar ao sucesso. A relação interpessoal é uma constante entre pessoas e problemas entre as equipes repercutem na dinâmica de funcionamento da instituição. Nesta relação, os conflitos são freqüentes, daí a necessidade de o enfermeiro possuir habilidade e competência para administrar de forma adequada, sabendo ouvir as partes envolvidas em busca de soluções. 52 As questões temáticas não se esgotam. Muitos questionamentos ainda permanecem, podendo ter novos olhares e ações, porém não se pode esquecer a importância da cientificação do cuidar, fazendo com que o enfermeiro se transporte também para o ambiente científico, registrando oficialmente seus atos e ações. Somente assim teremos material científico suficiente para modificar esta e muitas outras temáticas. 53 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINI,R. O conflito como fenômeno organizacional: identificação e abordagem na equipe e enfermagem de um hospital público. Dissertação,Ribeirão Preto (EERP), 2005. Disponível em: <HTTP:// WWW.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-03082005115129/ acessado em 23/06/2009. ALARCÃO, I.; RUA, M. 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