UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Curso de Administração Hospitalar – ênfase em Auditoria
COMUNICAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
X
QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS
ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES
Campinas - SP
2009
1
ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES
COMUNICAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
X
QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS
Trabalho
monográfico
realizado
como exigência para obtenção do título
MBA de Administração Hospitalar- Ênfase
em
Auditoria
à
Universidade
Castelo
Branco sob orientação da Profa Dra
Rosa Maria Souza de Pastrana e Coorientadora:
Profa
Aparecida de Almeida.
Campinas
2009
MSc.
Elaine
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
ANA LÚCIA VALLIM RUA MARQUES
MONOGRAFIA REALIZADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO
MBA EM AGOSTO 2009
ORIENTADORA – PROFA DRA ROSA MARIA SOUZA DE
PASTRANA
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo Fábio pelo apoio e aos meus filhos Laís
e Henrique pela compreensão e colaboração em meus momentos de ausência.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para chegar ao final
desta trajetória, ao Qualittas – Instituto de Pós-Graduação, à Universidade Castelo
Branco e a todos os doutores e professores pelos conhecimentos transmitidos.
Agradeço a enfermeira MSc. Elaine Aparecida de Almeida pela compreensão,
colaboração e pelo exemplo de força e superação.
5
EPÍGRAFE
Na comunicação pode-se escolher entre influenciar ou manipular o outro,
a tecnologia é a mesma, mas as conseqüências são bem diferentes.
“A escolha continua sendo sua”.
Ribeiro (1993)
6
RESUMO
Este estudo é de caráter descritivo, realizado com base em revisão
bibliográfica e teve como objetivo buscar informações científicas que venham
apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns, apresentadas pelos
autores acerca do tema que possam despertar os leitores do artigo para fatores
positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em
enfermagem, buscando qualidade no atendimento prestado. A comunicação com
habilidade é imprescindível para interações das ações de enfermagem com as
equipes, buscando enfim, uma boa relação interpessoal garantindo bom resultado
organizacional. As questões temáticas não se esgotam, muitos questionamentos
ainda permanecem, podendo ter novos olhares e ações, porém não se pode
esquecer a importância da cientificação do cuidar, fazendo com que o enfermeiro se
transporte também para o ambiente cientifico, registrando oficialmente seus atos e
ações. Somente assim teremos material cientifico suficiente para modificar esta e
muitas outras temáticas.
7
ABSTRACT
This study is from a descriptive character, accomplished with base on
bibliographic review and had as goal, to track down scientific informations that have
elements that identify the common flaws, introduced by the authors about a theme
that may waken the article’s readers for positive and negative factors in the
interpersonal relationship and nursing communication, tracking down quality of
provided attendance. The communication with ability is indispensable for nursing
actions interactions with the teams, tracking down anyway, a good interpersonal
relationship vouching for a good organizational result. The thematic questions don’t
use up, many questions still remain, may have new looks and actions, but we may
not forget the importance of scientification of taking care, doing that a nurse be also
transported to the scientific environment, officially recording your acts and actions.
Just like this, we’ll have enough scientific material to modify this and others
thematics.
8
LISTA DE ABREVIATURAS
UBS = Unidade Básica de Saúde
SAE= Sistematização de Assistência de Enfermagem
UTI = Unidade de Terapia Intensiva
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas
DCNs = Diretrizes Curriculares Nacionais
APS = Assistência Primária de Saúde
COREN = Conselho Regional de Enfermagem
9
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO............................................................................................10
2- JUSTIFICATIVA..........................................................................................13
3- OBJETIVOS................................................................................................14
3.1. Objetivo geral...............................................................................14
3.2. Objetivo específico......................................................................14
4- MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................15
5- DESENVOLVIMENTO................................................................................16
5.1 - Teorias administrativas sobre o conflito............................................16
5.2 – Comportamento do enfermeiro diante dos conflitos........................17
5.3 – Interdisciplinaridade............................................................................19
5.4 - Relação do enfermeiro com a interdisciplinaridade..........................23
5.5. Conflitos entre equipe multidisciplinar................................................35
5.6. A comunicação em enfermagem..........................................................39
5.7. Comunicação em equipe.......................................................................46
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................49
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................53
10
1- INTRODUÇÃO
As transformações operadas na sociedade moderna, a diversificação das
necessidades humanas, as mudanças de valores e de paradigmas vigentes em
épocas anteriores, levaram à percepção de que esquemas administrativos
tradicionais, os quais foram responsáveis pelo sucesso empresarial durante
décadas, hoje em dia já não satisfazem às exigências impostas. Diante dessa
constatação, pesquisam-se novos caminhos e maneiras de atender a tais
exigências, principalmente no que diz respeito a gerir pessoas.
Assim, ocorre nos diversos segmentos uma corrida em busca de inovações
empresariais, de novas propostas administrativas, de líderes eficazes e novas
soluções para os velhos problemas. Essa situação, decorrente do processo de
globalização, tem levado cada vez mais à competitividade no mercado de trabalho.
É justamente por esse fato que na enfermagem torna-se cada vez mais
urgente a necessidade de enfrentar as mudanças, de serem criadas novas
perspectivas de trabalho, com aquisição de novos conhecimentos e habilidades, a
fim de que o enfermeiro apresente um melhor desempenho de suas funções, sejam
elas educativas, assistenciais ou administrativas.
Considerando ser uma das atribuições do enfermeiro o desempenho da
função gerencial, decorre que a liderança está implícita nessa prática, e seu efetivo
desenvolvimento leva a um gerenciamento eficiente e eficaz, que, no entendimento
de Fávero (1996) é imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das
organizações capazes de promover a saúde ou a recuperação da mesma.
Entretanto, dentre as diversas facetas do conhecimento inerente à
enfermagem, ainda existe uma lacuna a ser preenchida referente ao aspecto
gerencial, pois, não bastam conhecimentos sobre instrumentos administrativos e a
aquisição de habilidades para o planejamento e a organização de recursos físicos,
materiais e humanos, é também imprescindível o desenvolvimento de habilidades
interpessoais e intergrupais que sejam colocadas em prática durante o cotidiano
profissional.
É pertinente mencionar Simões (1997) quando aponta o relacionamento
interpessoal como um dos maiores obstáculos encontrados pelo enfermeiro no se
dia-a-dia de trabalho, onde são relatadas dificuldades de aceitação, de interação
11
grupal, de comunicação e de outros conflitos interpessoais.
Estabelecer uma comunicação eficaz na equipe de trabalho constitui a
essência do trabalho do enfermeiro líder, pois, como asseveram Marquis e Huston
(1999), a comunicação interpessoal é necessária para garantir a continuidade e a
produtividade da equipe de enfermagem.
Quick (1997) recomenda que para estruturar e manter uma equipe, a
comunicação deve ser aberta, compartilhando informações oportunas, refletindo
confiança e respeito entre os membros.
No hospital a dinâmica de trabalho, aliada ao relacionamento entre os
profissionais que atuam na referida unidade, deve acontecer de forma harmoniosa.
Para tanto, torna-se indispensável um trabalho integrado, com profissionais
capacitados e preparados, favorecendo o enfrentamento das exigências impostas
pelo referido ambiente, visando segurança e bem-estar do paciente.
Levando-se em conta o elevado número de procedimentos complexos que
acontecem durante todo o tempo no ambiente hospitalar, o papel do enfermeiro
exige, além de conhecimento científico, responsabilidade, habilidade técnica,
estabilidade emocional, aliados ao conhecimento de relações humanas, favorecendo
a administração de conflitos, que são freqüentes, em especial, pela diversidade de
profissionais atuantes na instituição.
Em unidades como o centro cirúrgico, a demanda de atividades burocráticas e
administrativas é intensa na unidade, requerendo do enfermeiro tempo significativo.
Ele necessita delegar estas atividades para ter tempo de cuidar integralmente do
paciente que será submetido a um tratamento anestésico e/ou cirúrgico (SANTOS,
2000).
O paciente cirúrgico vivencia o estresse de tal forma, que muitas vezes não
consegue exteriorizar seus medos, ansiedades, preocupações e incertezas, daí a
importância da atuação do enfermeiro no sentido de perceber, inclusive na
comunicação não verbal do paciente, essas manifestações presentes no período
que antecedem a cirurgia.
A qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente, tanto no
período que antecede a cirurgia quanto durante e após a realização da mesma,
interfere nos resultados do procedimento realizado (MEKEER, ROTHROCK, 1997).
Daí a relevância de buscar compreender a complexidade que envolve a atuação do
12
enfermeiro nessa unidade.
O objetivo desta revisão é buscar informações científicas que venham
apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns apresentadas pelos
autores acerca do tema, que possam despertar os leitores do artigo para fatores
positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em
enfermagem, buscando a qualidade da assistência prestada, sendo talvez a
comunicação a chave do sucesso neste ambiente.
13
2- JUSTIFICATIV A
O ambiente hospitalar está cada vez mais complexo, devido à
crescente atualização dos profissionais que nele atuam. Cada vez mais
existe o interesse pelo aperfeiçoamento de novas técnicas, onde o
objetivo principal é o atendimento com excelência aos pacientes para a
melhoria da qualidade de vida
A comunicação não é feita só por meio de palavras, mas também
de gestos, expressões e tonalidade de voz que, nem sempre, coincidem
com o que a mensagem pretende transmitir.
O
relacionamento
interpessoal
torna-se
indispensável
para
manter um ambiente harmonioso, visando um trabalho integrado, com
profissionais capacitados e preparados, favorecendo o enfrentamento
das exigências impostas no dia-a-dia.
14
3- OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo desta revisão é buscar informações cientificas que venham
apresentar elementos que identifiquem as falhas mais comuns apresentadas pelos
autores acerca do tema que possam despertar os leitores do artigo para fatores
positivos e negativos no relacionamento interpessoal e comunicação em
enfermagem.
3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO
Buscar qualidade de atendimento prestado.
15
4- MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho é de caráter descritivo, restringindo-se à pesquisa de
revisão bibliográfica, composta por artigos de busca on line em sites BIREME,
LILACS, SCIELO, Manuais do Ministério da Saúde, que contemplavam a temática
referida, com o objetivo de conhecer as diversas formas de contribuição científica
disponível na literatura acerca do tema escolhido, visando direcionar os pareceres
dos diferentes autores encontrados na literatura. O período definido para o
levantamento de artigos foi do ano de 1996 a 2008.
Para busca on line foram utilizadas como palavras chaves: Relacionamento
Interpessoal, Comunicação, Enfermagem.
A realização desta revisão foi norteada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT. O trabalho será apresentado em forma de monografia de
conclusão de curso.
16
5- DESENVOLVIMENTO
Ao se revisar a literatura sobre gerenciamento de conflitos na enfermagem
observa-se escassez nessa temática. Apesar dos conflitos serem motivo de
preocupação para os gerentes por ocorrerem frequentemente, não há na literatura
brasileira propostas para gerenciá-los.
5.1 - Teorias administrativas sobre o conflito
A organização de um conflito surge de duas ou mais pessoas que trabalham
conjuntamente com valores, crenças, objetivos e ou interesses diferentes (SANTOS,
2008).
Desde os finais da década de 70, tem-se empenhado para organização de um
conceito crucial no estudo dos comportamentos dos indivíduos em relação ao
trabalho em conjunto (SANTOS, 2008).
A partir da década de 80, teve um baixo empenho profissional, no que se
refere a nível teórico ou empírico, quando comparado com o empenho
organizacional (SANTOS,2008).
Agostini (2005) em suas investigações sobre o conflito, o qual era
considerado uma deficiência da organização nas primeiras décadas do século XX,
como algo destrutivo, ignorado, negado ou administrado rispidamente.
Somente a partir da década de 90 pesquisas sobre a função gerencial em
organizações bem sucedidas revelaram um paradigma diferenciado para o
administrador, onde a administração se faz através de diversas interações, opiniões
pouco coerentes e informações parciais, o cotidiano do gerente exige soluções
imediatas dos problemas afastando-se das premissas que compreendiam a
realidade administrativa controlável e passível de ser uniformizada (AGOSTINI,
2005).
Os conflitos podem ser reais ou emocionais. Conflitos reais são situações
reais, objetivas, geralmente, sobre fatos que acontecem aqui e agora e podem ser
resolvidos com ou sem assessoramento técnico ou mediação, não há maior emoção
(FALK, 2005).
Os conflitos emocionais são descritos como situações emocionais que
17
revivem assuntos não resolvidos no passado, mesmo que não se tenha consciência,
muita emoção de disfarce (FALK, 2005).
CONRADI, ZGODA, PAUL (2005), relacionam os conflitos ao trabalho dos
enfermeiros: ausência de um líder, ausência de diálogo, não saber lidar com a
diversidade de opiniões, falta de ética, o enfermeiro fomenta a geração de conflitos,
jornada de trabalho excessiva, deficiência de conhecimento técnico e científico,
descompromisso dos líderes com os liderados, desrespeito hierárquico e também às
atitudes e comportamentos pessoais das equipes: Falta de afinidade entre os
profissionais, desmotivação por baixos salários, desrespeito, disputa de poder,
resistência à mudanças, falsidade, falta de companheirismo, fofocas, dificuldade de
relacionamento
interpessoal,
falta
de
comprometimento
profissional,
incompatibilidade de objetos.
5.2 – Comportamento do enfermeiro diante dos conflitos
Atualmente, a necessidade de mudanças constantes tem impulsionado novas
idéias, gerando novos conhecimentos aos enfermeiros líderes à busca de novos
modelos de gerenciamento no âmbito da saúde, devendo este ser um desafio para
aqueles que buscam destaque no mercado de trabalho. Portanto, a dupla dimensão
do processo de trabalho do enfermeiro, que contempla ações assistenciais e de
gerenciamento, deve ser entendida como fonte inesgotável de aquisição de
habilidades e competências (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008).
No entanto, o modelo funcional das organizações, ainda muito utilizada nas
organizações, que se caracteriza pelo trabalho centrado nas tarefas e sem solução
para a escassez de recursos humanos não responde satisfatoriamente às
necessidades de qualidade de assistência e das interrelações de equipes de
enfermagem. Por outro lado, em qualquer organização que exista interação entre
indivíduos há situações conflituosas, tornando de grande valia conhecimentos do
gestor para elaborar a melhor maneira de resolvê-las e/ou negociá-las (CORRADI,
ZGODA, PAUL, 2008).
O conflito ou situação conflituosa é entendido como divergências de idéias e
percepções dos indivíduos envolvidos. Gera instabilidade entre relações tornando-se
negativo ou não, dependendo de como as pessoas lidam com ele, ou seja, se as
18
emoções determinarem como conduzir o conflito há grande probabilidade de que
tome o caráter negativo e produza efeitos desastrosos nas relações (CORRADI,
ZGODA, PAUL, 2008).
Historicamente
os
enfermeiros
têm
adotado
princípios
clássicos
administrativos, para gerenciar o seu trabalho, tendo em vista a estruturação e
organização do Serviço de Enfermagem nas Instituições de Saúde, a fragmentação
das atividades, a impessoalidade nas relações, a centralização do poder e a rígida
hierarquia ainda são marcantes no cotidiano do trabalho e na maneira de gerenciar
os conflitos, demonstrando uma conduta autoritária. Vive-se um período de mudança
histórica, onde antigas respostas são inadequadas para as novas realidades
(DUARTE, IGNATTI, SILVA, 2008).
O discurso atual consiste em delegação de poderes, alianças, equipes,
envolvimento, parcerias, negociações, e exploração da motivação humana. Isso
trouxe uma nova linguagem, uma nova abordagem de liderança. Ao longo da
trajetória profissional, observa-se que o enfermeiro tem desempenhado nítido papel
de controlador do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem, sendo
vista apenas como um profissional que determina e checa as atividades a serem
executadas (DUARTE, IGNATTI, SILVA, 2008).
É necessária uma nova visão administrativa da enfermagem, com a
integração de novos conhecimentos e habilidades, sintonizados a uma prática
administrativa mais aberta, mais flexível e participativa, fundamentada não só na
razão, mas também na sensibilidade e na intuição de solucionar os possíveis
conflitos de ordem administrativa que venham a ocorrer (DUARTE, IGNATTI, SILVA,
2008).
O relacionamento no trabalho é um processo complexo, pois cada pessoa
traz consigo ligações por laços profissionais, afetivos, amizades e afinidades, sendo
condicionadas por uma série de atitudes recíprocas. Conseqüentemente, essas
características possibilitam ao trabalhador conviver com maior ou menor habilidade
com seus pares nos locais de trabalho (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008).
Na
prática
profissional
percebem-se
mal
entendidos,
desconfianças,
sentimentos de coerção, egoísmo, desrespeito e irritação mostrando diferenças
individuais manifestas no ambiente de trabalho, em decorrência de mau
relacionamento. O relacionamento mais ou menos harmonioso no trabalho exige da
19
gerência competências para resolver as diferenças, utilizando ferramentas úteis,
visando o fortalecimento de fatores facilitadores levando a construção coletiva de
equipe, trabalho este relevante na equipe de saúde e em especial na equipe de
enfermagem (CORRADI, ZGODA, PAUL, 2008).
5.3 – Interdisciplinaridade
Em relação à saúde, Meirelles e Erdimann (2005) afirmam que o conceito de
interdisciplinaridade se reflete na necessidade de se abordar a questão da
saúde/doença de forma mais complexa, dinâmica e mutável.
Muitos são os problemas relacionados com a interdisciplinaridade, o
enfermeiro sempre cercado de outros profissionais e vários tipos de pacientes,
desde casos mais corriqueiros até os casos mais complexos, não só no seu dia-adia de cuidador, mas também no ensino.
Os termos “complexidade, multi-risco e insegurança” são a melhor definição
para o panorama mundial e seus problemas na atualidade. Para alguns autores, o
mundo
contemporâneo
se
defronta
com
vários
desafios
relacionados
à
fragmentação do pensamento, à disciplinaridade e ao multi-facetamento da
realidade (VILELA e MENDES, 2003).
Tais características exigem uma análise mais integrada e a consideração de
todas as dimensões de qualquer acontecimento social a fim de compreendê-lo. Este
tem sido o argumento mais convincente em favor da interdisciplinaridade (VILELA e
MENDES, 2003).
Interdisciplinaridade é advinda da tradição grega, com objetivo de formação
da personalidade integral do indivíduo em programas de ensino, pois compunham
conhecimentos que formavam uma unidade (GARCIA et al., 2006).
No entanto, a partir do séc. XVII, Descartes inaugura o pensamento moderno
ao propor o uso disciplinado da razão para conhecer a realidade e formular os
princípios da decomposição da coisa a ser conhecida e da redução desta às suas
partes mais simples (VILELA e MENDES, 2003).
Para Vilela e Mendes (2003) esse modelo cartesiano mostrou-se eficiente
para construir e tratar objetos simples e também para conciliar ciência e técnica,
atendendo dessa forma, às necessidades da industrialização e abrindo caminho
20
para a fragmentação do conhecimento.
Dessa maneira, o séc. XIX marcou a consolidação das especializações, as
quais se tornaram a base para o desenvolvimento da Ciência e do Ensino no
Ocidente, os quais se caracterizam pela disciplinaridade, na qual a estratégia
principal é a fragmentação do objeto e a especialização do explorador (VILELA e
MENDES, 2003).
A partir do séc.XX, a interdisciplinaridade foi enfatizada em todos os campos
científicos para ampliar suas noções para além da multidisciplinaridade na produção
de conhecimentos (GARCIA et al., 2006).
Para que isso seja possível, Carvalho (2007) relata que é necessária a
adoção de uma nova conduta no processo educativo, uma nova estratégia na
classificação das críticas, nos métodos empregados em que se admite o esforço
conjugado de várias disciplinas em alcançar os significados de um objeto de estudo.
Neste contexto Carvalho (2007) pontua que o mundo está sendo
impulsionado por revoluções científicas e tecnológicas e pela emergência de uma
multidão de especialistas que dominam a política e a prática profissional em
qualquer área do saber. Diante de muitas informações e das crises que
vivenciamos, a interdisciplinaridade tomou outro rumo, passou a ser vista de uma
forma mais complexa em suas críticas sobre os métodos empregados.
Desenvolveram-se
diversas
especializações
em
todas
as
áreas
do
conhecimento, acarretando mentes que perderam suas aptidões naturais para
integrá-los em seus conjuntos, conduzindo ao enfraquecimento da percepção global
do ser humano, levando cada um a ser responsável pela sua área de atuação
(MEIRELLES, ERDMANS, 2005), (CARVALHO, 2007).
Diante da realidade vivida, a interdisciplinaridade possibilita que se tenha um
conhecimento claro da interdependência das concepções individuais, considera-se
oportuno relatar que a verdade que se acredita não se trata de uma verdade
adquirida, e sim de uma reflexão feita a respeito das questões que se colocam em
nossa sociedade, com diferentes pontos de vista, alcançada através do diálogo e da
polêmica. (MEIRELLES, ERDMANN, 2005).
Em seu trabalho, Iribarry (2003) utiliza os termos disciplina e disciplinaridade
como sendo equivalentes à ciência e à exploração científica de um grupo de
conhecimentos, respectivamente, e a partir daí distingue os vários tipos de
21
disciplinaridades (multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade).
O autor acima citado conceitua interdisciplinaridade analisando no contexto
da atuação de uma equipe de trabalho. A interdisciplinaridade pode ser descrita
como um conjunto de disciplinas interligadas e posicionadas em um nível
hierárquico superior que é responsável pela coordenação dos trabalhos. Dessa
forma, a interdisciplinaridade constitui um sistema de dois níveis com objetivos
múltiplos (IRIBARRY, 2003).
Iribarry (2003) cita como exemplo dessa situação uma equipe para
atendimento ambulatorial de gestantes adolescentes de baixa renda. A equipe é
formada por um médico pediatra, um médico psiquiatra, um psicólogo, um
assistente social, uma psicopedagoga, uma enfermeira e uma secretária. Cada área
mencionada agrega ainda estudantes que realizam estágio no ambulatório. Todavia,
o que prevalece é o saber médico, cabendo a coordenação e a tomada de decisão
aos profissionais da área médica, que dirigem e orientam a equipe.
Carvalho (2007) faz uma reflexão sobre o tema da interdisciplinaridade em
seu artigo. Inicialmente, a autora chama a atenção para a crescente tendência em
se compartimentar o conhecimento o que provoca o surgimento de especialistas
cada vez mais restritos a uma pequena área de conhecimento.
O aprofundamento dessa tendência aumenta o risco de desvinculação entre
o saber e a realidade. Como resultado dessa especialização acentuada as equipes
de trabalho apresentam dificuldade cada vez maior de relacionamento entre seus
membros (CARVALHO, 2007).
Nesse sentido, a interdisciplinaridade se apresenta como uma possível
solução, no entanto o tema é tratado, principalmente, no âmbito acadêmico. Nesse
sentido, a interdisciplinaridade é apontada como uma atitude, na qual se desenvolve
um olhar diferenciado sobre as coisas e pessoas envolvidas em uma equipe de
trabalho, e uma conduta, a partir da qual o especialista reconhece as limitações de
seu próprio conhecimento e a necessidade de se relacionar com especialistas de
outras áreas (CARVALHO, 2007).
Carvalho (2007) contextualiza que caso contrário, corre-se o risco de que
cada área do conhecimento produza especialistas alienados e descompromissados
com uma visão humanística da realidade.
22
Meirelles e Erdimann (2005) fazem, inicialmente, uma discussão sobre a
relação entre o conhecimento e a realidade ao longo da história, destacando a
predominância da lógica dialética grega na estruturação da Ciência em disciplinas
conforme a conhecemos atualmente.
A partir da segunda metade do século XX relaciona-se, sobretudo, à
integração global propiciada pelo desenvolvimento dos meios de transportes e de
comunicação, as quais, por sua vez, levaram a uma mudança na forma de se ver e
lidar com a realidade (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005).
Nesse novo contexto, se faz necessário o ampliar a visão sobre a natureza e
sobre o homem para além dos limites impostos pela divisão das ciências em
disciplinas. Daí a importância da abordagem interdisciplinar para se lidar com os
problemas atuais (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005).
Gattás e Furegato (2006) fazem uma reflexão sobre o tema da
interdisciplinaridade apontando as divergências e convergências entre os estudiosos
do assunto. As autoras apresentam duas formas distintas de se referir à
interdisciplinaridade.
Os autores apresentam um grupo de estudiosos que rejeitam completamente
a
fragmentação
do
saber
em
disciplinas
autônomas,
referindo-se
à
interdisciplinaridade, como uma nova forma de se lidar com o conhecimento, com o
propósito de formar o indivíduo na sua totalidade. Outro grupo de estudiosos não
concorda com essa visão metafísica, consideram que a divisão do conhecimento em
especialidades é inevitável e se referem à interdisciplinaridade como uma forma do
indivíduo assimilar o conhecimento produzido pelas diversas áreas da ciência
(GATTÁS e FUREGATO, 2006).
Para Gattás e Furegato (2006) ambos concordam que a interdisciplinaridade
representa uma atitude de compartilhamento, compreensão, e aceitação da
diversidade.
A enfermagem vem tentando resgatar o indivíduo como um todo desde os
princípios fundamentais da sistematização da assistência de enfermagem, que veio
trazer de volta o cuidado integralizado.
23
5.4 - Relação do enfermeiro com a interdisciplinaridade
Almeida, Braga (2006) apontam para a vida em um momento de intensas
mudanças e a necessidade de refletir sobre o papel do enfermeiro-docente,
buscando aprimorar conhecimentos em pedagogia, didática e outros itens
relacionados à educação, ou continuamos a ter as escolas como “bicos”, que
fazemos nas horas de folga. Qual é o papel em que nos colocamos na educação?
Os princípios da enfermagem estão embasados na interdisciplinaridade, com
atuação para o ensino, para a assistência e para pesquisa obtendo compromisso e
envolvimento de suas funções (BERARDINELLI, SANTOS 2005).
Berardinelli e Santos (2005) e Carvalho (2007) concordam que o objeto de
estudo na enfermagem está atualmente ancorado no humanismo, na ética, na
prevenção e redução de danos e riscos com a saúde, efetuando um deslocamento
em direção às ciências da vida.
Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de
construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o
cuidado como objeto de estudo (BERARDINELLI e SANTOS 2005).
A
interdisciplinaridade
também
é
definida
como
um
fazer/trabalhar/atuar/participar junto, em equipe, em cooperação com outros cursos
e profissionais. Acontece de forma crescente no decorrer do curso, e depende
principalmente, de iniciativas individuais dos docentes, destacando-se as atividades
básicas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), na atenção primária, onde nenhum
profissional trabalha sozinho, sendo necessário o envolvimento de todos os
profissionais (GARCIA et al., 2006).
Para Braga et al. (2008) o enfermeiro, no seu cotidiano, lida com os fatores
de relacionamentos, de convivências, onde se faz um grande esforço para se
promover a saúde e o bem estar individual.
A enfermagem consegue apesar das dificuldades encontradas, ajudar a
restaurar e ainda tentar favorecer o bem estar do outro, sempre procurando outro
enfoque para o cuidado (BRAGA et al., 2008).
Observa-se ainda que na equipe de Enfermagem, o paciente está inserido no
ambiente em que a especialização e a técnica são soberanas. Por esse motivo, o
trabalhador de enfermagem não consegue perceber o todo que envolve este ser,
24
mesmo que suas ações sejam tomadas a fim de promover, manter ou recuperar a
saúde (BRAGA et al., 2008).
Considerando o relacionamento entre os profissionais da saúde, muitas vezes
ocorrem problemas, pois um determinado profissional acha que sabe tudo, é o dono
da verdade, não sabe distinguir sua área desempenhando o trabalho do outro,
comprometendo o desenvolvimento da interdisciplinaridade (GARCIA et al., 2006).
Nesse sentido, a queixa principal é o domínio do profissional médico que é
reforçada
pelos
outros
profissionais
como
se
suas
atividades
fossem
complementares. (GARCIA et al., 2006).
Um dos problemas com a interdisciplinaridade está relacionado ao perfil dos
alunos dos cursos noturnos de enfermagem, os quais muitas vezes são
trabalhadores e não conseguem participar das atividades extra-curriculares, além da
falta de incentivo das instituições e o desinteresse dos docentes (GARCIA et al.,
2006).
Outro problema relacionados com as instituições são: a grade horária com
rodízios de poucas semanas, a falta de vínculo docente com o serviço, o modelo
centrado na ação médica, a dificuldade na referência, a pouca aceitação e incentivo
dos professores aos novos currículos. (GARCIA et al., 2006).
A construção de uma proposta interdisciplinar na área da saúde enfrenta
várias dificuldades, tais como: o mito de que a ciência conduz necessariamente ao
progresso, o mito de que há ciência sem poder, a forte tradição positivista e
biocêntrica, a estrutura departamental das instituições de ensino e pesquisa e a
operacionalização de conceitos, métodos e práticas entre as disciplinas (VILELA e
MENDES, 2003).
Para os enfermeiros as ações de interdependência, colaboração e articulação
com os demais profissionais tornam-se parte da prática administrativa, pois a
enfermagem é uma atividade concreta e produtiva, mas que em função da estrutura
hospitalar assume diversas atividades além daquelas inerentes à profissão (GINDRI
et al., 2005).
Os enfermeiros se encontram com dificuldades de integração ou de interação
nas esferas do trabalho acadêmico, destacando um conformismo diante de tudo que
é endereçado de outras disciplinas, sem atender as repercussões nas pesquisas e
na produção científica (CARVALHO, 2007).
25
A comunicação é um instrumento do enfermeiro, pois o mesmo acredita na
potencialidade de saúde de seus pacientes, transferindo a estes suas crenças,
valores e sentimentos, buscando realizar sua atividade transcendendo a técnica,
com a finalidade de uma recuperação além da fisiológica, está conectado com a
efetiva gestão desses recursos humanos com responsabilidade, criatividade e
liderança (BRAGA et al., 2008).
Os enfermeiros, por condição própria do trabalho, estão inseridos em serviços
de saúde como estruturas sociais complexas, em inter-relações que são próprias da
nossa cultura, ora de maior ora de menor valorização profissional (BRAGA et al.,
2008).
A formação do enfermeiro no Brasil, desde a década de vinte tem influência
norte-americana com predomínio tecnicista e científico com forte herança em Taylor.
Nas duas últimas décadas do séc. XX, o Brasil passou por grandes transformações
na política e na economia ocasionando desemprego e consequentemente afetando
a saúde da população (BERARDINELLI e SANTOS, 2005).
As condições de vida e saúde das classes mais baixas, consequentemente
as políticas neoliberais, que antes propunham ajustes fiscais, criaram barreiras para
as políticas sociais nas áreas da saúde, da educação, da segurança, do
saneamento e similares. Ao mesmo tempo, outros grupos progressistas passaram a
exigir justamente a estas populações carentes um sistema de saúde de qualidade
(BERARDINELLI e SANTOS, 2005).
A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi suporte para construir a lei na Saúde
e afirmação do conceito sobre a reforma sanitária serviu de base na constituição da
saúde. A 9ª Conferência colocou em prática a reforma sanitária, colocou como
importância os interesses da saúde e da população, e a participação da sociedade
ajustando-os às realidades sociais, étnico-culturais e ao quadro epidemiológico da
população (BERARDINELLI e SANTOS, 2005).
Junto a essas reformas do Ministério da Saúde também foi apontada a
necessidade de mudanças na formação dos profissionais da saúde, entre eles o
enfermeiro e suas concepções, as práticas e uma filosofia de educação crítica e
reflexiva, visto que se encontravam instituições formadoras de recursos humanos
para a saúde com abordagem tradicional e fragmentada (BERARDINELLI e
SANTOS, 2005).
26
As metodologias para se formar enfermeiros que se baseiam no conceito da
interdisciplinaridade proporcionam reflexão, debate e aplicação cotidiana da Ética no
trabalho de ensinar e fazer enfermagem (FERREIRA e RAMOS, 2006).
É uma forma que ajuda o aluno a "analisar criticamente a realidade cotidiana
e as normas que estão em vigor, de modo que contribua para idealizar formas mais
justas e adequadas de convivência" (FERREIRA e RAMOS, 2006).
As instituições formadoras de recursos humanos para a Saúde que
adotaram a abordagem interdisciplinar esbarram em várias dificuldades que vão se
resolvendo à medida que o exercício do diálogo e do trabalho em equipe vai
ocorrendo (VILELA e MENDES, 2003).
Os conflitos vividos pelos enfermeiros podem ser divididos em dois planos: os
conflitos relacionados ao desenvolvimento científico e tecnológico e os conflitos
persistentes que são referentes ao equilíbrio em saúde, etnia, sexo, serviços de
saúde mal distribuídos, dentre outros. Por isso se tem redimensionado o ensino da
ética nas graduações em enfermagem (FERREIRA e RAMOS, 2006).
Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de
construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o
cuidado como objeto de estudo (BERARDINELLI e SANTOS, 2005).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) o profissional
enfermeiro precisa desenvolver competências apoiadas em uma base sólida de
conhecimentos associados à aquisição de habilidades que permitem identificar e
acessar informações
para a atenção à saúde com padrões de qualidades
reconhecidos para a fundamentação de suas atitudes (PERES e CIAMPONE,2006).
Destacam-se: as teorias administrativas, as ferramentas específicas da
gerência, o processo de trabalho, a ética no gerenciamento, conhecimentos sobre a
cultura e poder organizacional, negociação, trabalho em equipe, qualidade de vida
no trabalho, saúde do trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de pessoas,
dimensionamento de pessoal, gerenciamento de recursos materiais, custos,
recursos físicos, sistemas de formação e processo decisório (PERES e
CIAMPONE,2006).
Berardinelli e Santos (2005) defendem uma maior proporção das ciências
humanas e da vida nos cursos de formação profissional da área de enfermagem,
além de uma maior interação destas com as ciências naturais.
27
Nesse sentido, Berardinelli e Santos (2005) utilizam o conceito de
interdisciplinaridade como visão unitária ou global do ser humano e do
conhecimento. Para eles a interdisciplinaridade no ensino e formação do profissional
de enfermagem representa a conjugação daquelas três ciências com o objetivo de
garantir o desenvolvimento dos aspectos científico, racional e sensível do
profissional a fim de que este possa conciliar o cuidado humano e o cuidado técnico
na sua atuação.
Galindo e Goldenberg (2008) analisam as mudanças curriculares em três
instituições de ensino superior de enfermagem do município de São Paulo. A
metodologia usada nesse trabalho foi a análise documental e a entrevista com
coordenadores de curso.
Galindo e Goldenberg (2008) verificaram que, em diferentes níveis, as três
instituições estão reorganizando seus cursos para se adequarem às exigências
legais. Outro fator que motivou tal mudança foi a avaliação periódica do governo
federal, de cujo resultado depende o credenciamento dessas instituições.
As principais mudanças observadas dizem respeito à reorganização das
disciplinas curriculares em áreas temáticas. As dificuldades mais freqüentemente
relatadas foram a resistência dos professores, devido ao desconhecimento e
despreparo, e o custo financeiro, devido à limitação das verbas ou à rigidez
orçamentária. As situações envolvendo atividades práticas foram consideradas as
oportunidades mais propícias ao exercício da interdisciplinaridade (GALINDO e
GOLDENBERG, 2008).
Para Galindo e Goldenberg (2008) e Alarcão e Rua (2005) em relação à
importância do estágio na formação do profissional de enfermagem, destacam que a
formação ambiente “interpessoal” requer a criação de um contexto geral em que
concepções, valores e políticas interajam coerentemente (SUS) e de um contexto
local caracterizado por boas relações entre as instituições (faculdades e sistema de
saúde municipal). Em tal ambiente, o desenvolvimento da competência profissional
é favorecido.
Garcia et al., (2006) analisaram o conteúdo programático e curricular dos
diversos cursos ligados à área de saúde que fazem parte do Centro de Ciências da
Vida da PUC-Campinas, além de entrevistarem coordenadores, professores,
funcionários e alunos destes cursos. Os autores constataram que apesar dos temas
28
interdisciplinaridade e integralidade constarem dos programas desses cursos, na
prática, as ações multiprofissionais e interdisciplinares nem sempre se traduzem em
estratégias de aprendizagem.
É neste contexto que inserimos nosso aluno muitas vezes ainda imaturo, sem
nunca ter visto sequer um animal doente, completamente dependente de nossos
cuidados. Estamos preparando este individuo antes de inserí-lo no contexto do
hospital? Tem nosso aluno do nível médio de enfermagem, pleno conhecimento de
seus direitos e deveres quando adentra à instituição de estágio? E nós docentes
conhecemos todos os limites e funções, não só como educadores, mas agora em
campo de estágio, também como cuidadores? (ALMEIDA e BRAGA, 2006).
Segundo os entrevistados, a ocorrência da interdisciplinaridade é observada,
principalmente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) como resultado da iniciativa
individual de alguns professores (GARCIA et al., 2006).
As principais dificuldades para esse novo modelo são: o despreparo dos
docentes, a tendência à privatização do sistema de saúde, o distanciamento dos
profissionais com sua responsabilidade social e a falta de condições para que os
professores possam se reunir e discutir (GARCIA et al., 2006).
O artigo de Garcia et al. (2006) aponta que essas dificuldades podem ser
superadas pelo desenvolvimento de práticas conjuntas entre os cursos com o apoio
de todas as instituições e professores envolvidos, além da mobilização dos alunos.
Ressalta-se também que a implantação de um novo modelo de assistência à
saúde baseado nos princípios do SUS requer profissionais que aceitem diferentes
pontos de vista como forma de valorizar e compreender esse novo modelo. Daí a
necessidade de se preparar profissionais comprometidos com a integralidade e a
interdisciplinaridade (GARCIA et al., 2006).
Carvalho (2007) em seu contexto pontua três conceitos básicos: assistência
primária de saúde (APS), interdisciplinaridade e melhores condições de trabalho e
de salário com a finalidade de reforçar o ensino, a pesquisa e a prática assistencial.
Naquela época, os aspectos mais significativos da situação do enfermeiro
abrangiam: prática assistencial é imposta pela expropriação da saúde; papel
profissional sem autonomia e submetido à visão paramédica; trabalho sob regras e
princípios da rentabilidade e lucratividade nos sistemas de saúde; problemas com o
pessoal da equipe de enfermagem sem reconhecimento, estabilidade ou vínculo
29
empregatício. Muito se avançou, desde então, principalmente, com relação à APS e
às condições salariais e de trabalho. Contudo, em relação à interdisciplinaridade
ainda persistem muitas dificuldades (CARVALHO, 2007).
A divisão em várias especialidades tem gerado tanto problemas internos (não
é possível existir um saber unificado de enfermagem, se a profissão congrega,
simultaneamente, profissionais generalistas e outros especialistas) quanto externos
(a enfermagem ainda não conseguiu um termo de equilíbrio com as demais ciências
da saúde, especialmente a medicina) (CARVALHO, 2007).
As conseqüências desses problemas podem ser observadas nas atuações
profissionais (muitas vezes, as ações do enfermeiro são vistas como interferência
em outras áreas) e acadêmica dos enfermeiros (apesar do discurso interdisciplinar
contra uma visão fragmentada e compartimentada do saber, as disputas internas
para ocupar fronteiras técnicas, pedagógicas e epistêmicas anulam quase por
completo o discurso interdisciplinar) (CARVALHO, 2007).
Para Carvalho (2007) o sucesso de uma equipe de trabalho (acadêmico ou
profissional) deve ser a disposição de todos os seus membros, para contribuírem
com a busca pelos resultados de interesse comum ao objetivo desejado.
Deve-se ter em conta que, ao se fragmentar em demasia o ensino ou a
pesquisa, será necessário optar entre duas saídas em direções opostas: ou se
aprofunda na alienação em uma área específica do saber, ou se atende à
interdisciplinaridade como forma de partilhar o saber e as disciplinas (CARVALHO,
2007).
Uma dificuldade específica para a área da enfermagem é a vigilância
constante para não comprometer os aspectos éticos, relacionados com o cuidado
ao paciente na sua totalidade, devido a tendência à especialização extrema, de uma
determinada área em relação às demais (CARVALHO, 2007).
Destacam que não se deve confundir esse novo conhecimento interdisciplinar
com a atuação interdisciplinar que é usada nas equipes de trabalho no setor de
saúde. Nesse sentido, a interdisciplinaridade é um conhecimento ainda em
formação e que depende da participação de vários sujeitos, tais como, os agentes
políticos, sociais e os próprios pacientes, além dos profissionais da saúde
propriamente ditos (MEIRELLES e ERDIMANN, 2005).
Sena et al. (2003) Investigaram o impacto da adoção de um enfoque
30
interdisciplinar sobre dois cursos de graduação em enfermagem. As autoras
verificaram que a adoção de tal enfoque possibilitou a redução da hegemonia dos
saberes e projetou-os em uma mesma dimensão epistemológica.
Além disso, Sena et al. (2003) indicaram a necessidade das instituições
priorizarem a parceria universidade/serviço/comunidade a fim de formarem
profissionais com perfil que atenda à demanda e à necessidade de saúde da
população. Outro aspecto verificado foi o caráter positivo da interdisciplinaridade
sobre a aprendizagem. No entanto, as autoras advertem que a adoção de tal
enfoque deve ocorrer de forma lenta, gradual e participativa.
O conflito é um fato da vida em qualquer relação interpessoal e no local de
trabalho é um fenômeno natural, que quando administrado construtivamente
fortalece as relações (AGOSTINI, 2005)
Os conflitos fazem parte do cotidiano e levam a uma situação desgastante e
perturbadora, levando o líder a tentar solucioná-los através do desgaste emocional
(AGOSTINI, 2005).
Em todos os caminhos que tomamos nos deparamos com resoluções de
conflitos e isto requer preparo adequado. Aos enfermeiros cabem entre outras,
tarefas diretamente relacionadas com sua atuação junto ao cliente, bem como a
liderança da equipe de Enfermagem e o gerenciamento dos recursos físicos,
materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação para a prestação da
assistência de enfermagem. É exigido conhecimento (que conheça o que faz),
habilidades (que faça corretamente) e tenha atitudes adequadas para desempenhar
seu papel objetivando resultados positivos. O enfermeiro deve ser competente
naquilo que faz e garantir que os membros da sua equipe tenham competência para
executarem as tarefas que lhes são destinadas (CUNHA, NETO, 2006).
Diante das relações interdisciplinares notamos que os enfermeiros se
deparam com conflitos, uma vez que conduzem as relações entre a equipe de
enfermagem com as diversas categorias profissionais. É de competência do
enfermeiro, estar apto a desenvolver ações de prevenção, proteção, reabilitação da
saúde tanto individual como coletiva, assegurar a prática de forma integrada e
contínua com as demais estâncias do sistema de saúde, ter análise crítica dos
problemas da sociedade e procurar soluções para eles. Para que seus
desempenhos tenham bons resultados, o enfermeiro se utiliza do trabalho
31
administrativo e em equipe. Subdivide-se em processos de trabalho como:
assistir/cuidar, administrar/gerenciar, pesquisar/ensinar e ser responsável pela
equipe, desenvolver recursos humanos qualificados e organizados, para obter
condições adequadas da assistência (PERES, CIAMPONE, 2006).
Prochnow (2007) pontua que o conflito como realidade e desafio no
exercício da gerência do enfermeiro está associado com a assistência e que o
enfermeiro não tem consciência de sua situação interinstitucional, inserindo o
processo de trabalho com determinações que extrapolam suas funções predefinidas
ou desejadas. A mentalidade dos enfermeiros está inserida no poder médico, na
obediência e no respeito à hierarquia, na disciplina e no espírito de servir. Diante
dessas armadilhas ideológicas manifesta simbologia de que quem decide é mais
competente que aquele que executa. O enfermeiro permanece preso no
conformismo perante as rotinas e incongruências das atividades hospitalares.
A relação interpessoal no trabalho em equipe necessita de enfrentamento,
diálogo, buscando uma dinâmica de flexibilidade das regras, negociações e acordos
entre os agentes, e requer compartilhar decisões e responsabilidades. Na divisão
técnica e social do trabalho, o enfermeiro possui gestão total com o pessoal de
enfermagem e outros funcionários e o ambiente, detecta e controla o processo de
trabalho (GAIVA, SCOCHI, 2004).
Não se pode dizer das últimas décadas do século XX aos nossos dias, que os
líderes mundiais são indiferentes aos problemas que afligem as pessoas em toda
parte. Os chefes das nações empreendem esforços para ajuizar as questões
mundiais em torno do interesse geral ou da maioria e equilibrar a conjuntura
internacional. Assembléias mundiais foram criadas para fazer reinar a paz, o
respeito ao direito, para promover a educação e a cultura, para velar pela boa
repartição dos recursos alimentícios, para controlar as condições impostas aos
trabalhadores (CARVALHO, 2007).
E assim surgiu espaço para a contribuição disciplinar em questões complexas
exigindo opiniões de diferentes experts. Embora cresça o número de especialistas
de aconselhamento e assessoria aos governos e líderes mundiais, a cada dia, a
humanidade sofre rupturas políticas e turbulências crescentes. As crises se refletem
na vida individual e coletiva, nas políticas de trabalho, na educação em geral, e nos
processos da formação profissional em todas as áreas. Desde 1960, o mundo é
32
impulsionado, avassalado, por revoluções científico-tecnológicas e por uma multidão
de especialistas que dominam a política e a prática profissional em qualquer área de
saber (CARVALHO, 2007).
A medicina contemporânea tornou-se por excelência, o reduto privilegiado
dos especialistas, cuja competência se exerce sobre um território cada vez mais
reduzido. O homem doente é cortado em pedaços; um clínico se encarrega de seu
coração, outro de seus pulmões, outro de seus órgãos sexuais, etc. Cada um aplica
sua terapêutica própria, sem pensar nas possíveis repercussões sobre os órgãos
vizinhos, nem nas reações do moral sobre o físico. Os especialistas, de formação
diversificada, permanecem estranhos uns aos outros, falam linguagens diferentes,
não se harmonizam se excluem, se negam reciprocamente (CARVALHO, 2007).
A equipe multidisciplinar é uma realidade atual, profissionais de diferentes
áreas atuam conjuntamente. Tem-se 14 profissões de nível superior reconhecidas
pelo Conselho Nacional de Saúde: Biologia, Educação Física, Enfermagem,
Farmácia,
Fisioterapia,
Fonoaudiologia,
Biomedicina,
Medicina
Veterinária,
Odontologia, Medicina, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, inúmeras
profissões formais de nível médio que participam ativamente da atenção à saúde
(PEDUZZI, 2001).
Conforme Freitas, Fugolim e Fernandes (2006) a enfermagem é praticada por
profissionais com diferentes tipos de formação: enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem.
Multidisciplinaridade seria o conjunto de disciplinas que simultaneamente
tratam de uma dada questão, sem que os profissionais implicados estabeleçam
entre si efetivas relações no campo técnico ou científico. Pluridisciplinaridade seria a
justaposição de diferentes disciplinas em um processo de tratamento de uma
temática unificada, desenvolvendo relações entre si. Os objetivos seriam comuns, os
campos disciplinares estariam situados em um mesmo nível hierárquico, haveria
uma perspectiva de complementaridade, sem ocorrer coordenação de ações ou
pretensão de criar uma axiomática comum. Metadisciplinaridade seria a interação
entre as disciplinas asseguradas por uma metadisciplina situada em um nível
epistemológico superior (ROCHA, ALMEIDA, 2000).
Interdisciplinaridade implicaria em uma axiomática comum a um grupo de
disciplinas conexas cujas relações seriam definidas a partir de um nível hierárquico
33
superior ocupado por uma delas. Exigiria identificação de um problema comum, e
uma plataforma de trabalho conjunto. Transdicisplinaridade seria a radicalização de
interdisciplinaridade com a criação de um campo teórico ou disciplinar de tipo novo e
mais amplo, a transdisciplinaridade baseia-se na possibilidade de comunicação não
entre campos disciplinares, mas entre agentes em cada campo, através da
circulação não dos discursos, mas dos sujeitos dos discursos. Não são os campos
disciplinares, entidades abstratas (conceitos, noções, modelos) que interagem entre
si, mas os sujeitos que os constroem na prática científica cotidiana (ROCHA,
ALMEIDA, 2000).
O termo interdisciplinaridade não possui um único significado, entre as várias
definições temos: Inter = troca, reciprocidade, Disciplina = ensino, instrução, ciência.
Interdisciplinaridade significa um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas
ou ciências, ou melhor, de áreas do conhecimento, é um processo ininterrupto, uma
substituição de uma concepção fragmentada para uma concepção unitária do ser
humano (BERARDINELLI, SANTOS, 2005).
Do ponto de vista científico, o enfermeiro possui um gerenciamento de
construções teóricas, pois possui um domínio em classificar e dimensionar o cuidado
como objeto de estudo. Ante as atividades de gerenciamento, os profissionais
consideram-se membros responsáveis pela estrutura do serviço, provedores da
organização da seção de trabalho e responsáveis pelas relações interpessoais no
grupo (BERARDINELLI, SANTOS, 2005).
Os princípios da enfermagem estão embasados na interdisciplinaridade, com
atuação para o ensino, a assistência e a pesquisa. Em oposição a isso se questiona
a conjunção, ou seja, o conhecimento que é ligado na área de medicina, área de
humanas e área de administração. Na verdade esse desvio entre o ensino e o
currículo cria uma tensão das fronteiras dessas disciplinas e o objeto de estudo na
enfermagem, cujas concepções de cuidado e suas vertentes, atualmente ancoradas
no humanismo, na ética, na prevenção e redução de danos e riscos com a saúde,
efetuam um deslocamento em direção às ciências da vida. (BERARDINELLI,
SANTOS, 2005).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) o profissional
enfermeiro precisa desenvolver competências apoiadas em uma base sólida de
conhecimentos associados na aquisição de habilidades que permitam identificar e
34
acessar informações para a atenção à saúde com padrões de qualidades
reconhecidos para a fundamentação de suas atitudes destacando-se: as teorias
administrativas, as ferramentas específicas da gerência, o processo de trabalho, a
ética no gerenciamento, conhecimentos sobre a cultura e poder organizacional,
negociação, trabalho em equipe, qualidade de vida no trabalho, saúde do
trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de pessoas, dimensionamento de
pessoal, gerenciamento de recursos materiais, custos, recursos físicos, sistemas de
formação e processo decisório (PERES, CIAMPONE, 2006).
Em todos os caminhos depara-se com resoluções de conflitos, os quais
muitas vezes dependem de cada indivíduo refletir e consultar sobre como resolvêlos de maneira pacífica. Na realidade da área da saúde, o que se verifica é que cada
profissional das demais disciplinas possuem diferentes pontos de vista, o que
dificulta um direcionamento ideal para desempenhar as atividades, que sistematizem
os cuidados com os pacientes. Diante dessas relações interdisciplinares, nota-se
que os enfermeiros deparam-se com conflitos, uma vez que conduzem muitas
relações entre a equipe com diversas categorias profissionais.
Muitos são os questionamentos levantados que tem levado a investigação e
aprofundamento sobre o tema, porém para desenvolver uma revisão de literatura
sobre conflitos na equipe de enfermagem, são necessários alguns tópicos para nos
levar à uma reflexão sensata e profunda, um deles é a comunicação.
Ao escrever sobre a comunicação, Ribeiro (1993) diz que se pode escolher
entre influenciar ou manipular o outro, a tecnologia é a mesma, mas as
conseqüências são bem diferentes. “A escolha continua sendo sua”.
Comunicar é uma palavra que vem do latim “comunicare”, com o significado
de “por em comum” é um processo complexo que envolve por meio de fala, da
escrita, de gestos, mímicas e diferentes tipos de sons e apresentação (PENTEADO,
1976).
Nos primórdios da comunicação o homem se expressava por gestos, mímicas
e sons, só muito mais tarde é que aprendeu a usar sinais gráficos para se referir aos
objetos que conhecia pelos sentidos, e então o homem passou da inteligência
concreta animal, limitada ao que é agora a representação simbólica e mental do
mundo (BOUDITH, BUONDO, 1992).
Silva (1997) refere que numa inter-relação, a fala consiste em apenas um
35
terço do que é comunicado. Esse fato nos faz pensar na importância da
comunicação escrita, que além de induzir a maior responsabilidade pelos dados,
pode ser revista e melhorada em diferentes momentos.
Segundo Silva (2003), estudos feitos sobre a comunicação não verbal
estimam que apenas 7% dos pensamentos (das intenções) são transmitidas por
palavras, 38% são transmitidos por sinais paralíngüisticos (entonação de voz),
velocidade com que as palavras são ditas e, 55% pelos sinais emitidos do corpo.
Vários outros autores relatam barreiras mais comuns à comunicação efetiva
entre as pessoas, ou seja, o uso indevido das palavras: como o medo, a
pressuposição da compreensão da mensagem, a sobrecarga de informações, a falta
de capacidade, de concentração ou atenção, e não saber ouvir (LIMA, 1979;
LADEIRA, 1981; STEFANELLI, 1992).
A comunicação adequada segundo Silva (1996) é aquela que procura atingir
objetivos definidos para a solução dos problemas detectados. A comunicação é um
meio de obter a ação dos outros e é definido, como processo de transmitir e
entender informação. É um meio de troca de idéias, atitudes e opiniões e emoções
entre as pessoas (TREWATHA, NEWPORT, 1979).
5.5. Conflitos entre equipe multidisciplinar
Muitas são as dificuldades entre a equipe multidisciplinar que é mediada pelo
enfermeiro no ambiente hospitalar, porém em alguns setores estes conflitos
parecem ter maior freqüência em decorrência do número de procedimentos
complexos e também maior tempo de convivência entre os membros da equipe.
Conflitos são discordâncias internas entre duas ou mais pessoas, envolvendo
posicionamentos, percepções, valores ou sentimentos (MARQUIS, HUSTON, 1999).
Eles se reportam aos teóricos internacionalistas, para os quais o conflito é uma
necessidade absoluta e estímulo às organizações, no sentido de gerar crescimento.
Ressaltam que o conflito pode ser tanto destrutivo quanto construtivo e que depende
da maneira como é conduzido.
36
O conflito é inerente à relação entre pessoas e não deve ser encarado como
negativo, quando envolvem profissionais necessita ser discutido de maneira
construtiva, em busca de alternativas, visando melhorar a relação de trabalho entre
eles. Na atuação em centro cirúrgico, várias são as situações de conflito envolvendo
cirurgiões e equipe de enfermagem. Na maioria das vezes, há necessidade de
intervenção do enfermeiro, com o propósito de mediar e encontrar a melhor solução.
O relacionamento interpessoal ocupou lugar de destaque entre enfermeiros de um
centro cirúrgico, demonstrando aspectos de insatisfação e de desrespeito
(MARQUIS, HUSTON, 1999).
As dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros em setores específicos como o
centro cirúrgico dizem respeito ao relacionamento com cirurgiões, anestesistas,
técnicos e auxiliares de enfermagem. O enfermeiro que atua no centro cirúrgico se
relaciona com profissionais heterogêneos e este pode ser um dos fatores geradores
de conflitos, divergências, insatisfações, evoluindo para o estresse. Ele necessita
interagir continuamente para que o trabalho possa ser realizado de forma eficiente e
eficaz. O profissional da área da saúde tem como base do seu trabalho as relações
humanas, sejam elas com o paciente ou com a equipe multidisciplinar (SILVA,
1996).
O enfermeiro coordenador de um centro cirúrgico necessita estar atento às
características individuais dos diferentes profissionais que atuam na unidade,
buscando conhecer como cada um age e reage frente às situações, para melhor
conduzir sua equipe, bem como sua relação com a equipe médica. A partir do
momento em que ele age desta forma, terá maiores subsídios para administrar
situações
conflitantes
que
se
apresentarem,
reduzindo
desentendimentos,
discussões e, principalmente, ampliando a satisfação dos profissionais, com
repercussões positivas na assistência ao paciente (CAREGNATO, 2002)
As situações e as relações diárias vivenciadas pelo enfermeiro de centro
cirúrgico desencadeiam, certamente, sensações de prazer e de sofrimento (KRAHL,
2001). Ao enfrentar situações conflituosas, o enfermeiro deve minimizá-las, dialogar
de forma participativa. Sendo assim, provavelmente o conflito resultará em
criatividade, inovação e crescimento para a unidade. Corroborando com esta
reflexão, os próprios cirurgiões admitem serem desencadeadores de estresse na
equipe (CAREGNATO, 2002).
37
Atrasos no início das cirurgias também se constituem dificuldades para o
enfermeiro que gerencia o centro cirúrgico. Normalmente, quando ocorrem atrasos
nas cirurgias, há discussões entre cirurgiões e equipe de enfermagem, situações em
que o enfermeiro é solicitado a intervir, visando solucionar (KRAHL, 2001).
Os conflitos entre enfermeiras e médicos não são somente de natureza
técnica-profissional e subserviência ao mestre, mas também têm forte razão sócioeconômica e de status. Alguns médicos, às vezes, tem uma prática independente
nos mesmos serviços onde as enfermeiras usualmente têm o status de empregada,
o que aumenta a distância entre os dois grupos. Contudo, a igualdade de respeito
está emergindo e deve ser cultivada, embora isto não seja realidade em muitos
serviços de práticas peri-operatórias (CAREGNATO, 2002).
O conflito instala-se entre médico e enfermeiro quando os médicos
desvalorizam a atitude do enfermeiro, reduzindo a natureza específica da
enfermagem a uma mera execução de ordens e que o enfermeiro deve dar conta.
Para tanto, a comunicação é fundamental e se fortalece nas relações entre os
profissionais que trocam idéias, opiniões, interagindo, emitindo e recebendo
mensagens. Ela entra em todas as facetas de nossas atividades cotidianas,
proporcionando a estrutura básica que permite às pessoas conviverem e
trabalharem juntas (CAREGNATO, 2002).
O relacionamento médico-enfermeiro é crítico na obtenção de bons resultados
junto ao paciente, mas ás vezes está contaminado pelas forças do poder. Muitas
vezes o processo de comunicação se torna difícil e o enfermeiro reconhece isso, se
preocupa com a equipe e busca trabalhar os problemas referentes à comunicação e
ao relacionamento interpessoal, admitindo as dificuldades na relação entre os
profissionais que atuam na unidade e procurando estabelecer canais de
entendimento. A comunicação passa a ter a função de promover o relacionamento
entre as pessoas (CIANCIARULHO, 1996).
Se não houver co-participação entre emissor e receptor na busca de
soluções, não ocorrerá mudança de comportamento e crescimento nas relações
interpessoais. É um elo entre equipes, uma alternativa para solucionar problemas,
principalmente, o que está relacionado a conflito constante.
Outra dificuldade diz respeito à comunicação deficiente entre a equipe do
centro cirúrgico e unidades de internação. Esta comunicação entre a equipe do
38
centro cirúrgico e outras unidades interfere na dinâmica de funcionamento do centro
cirúrgico. Importante destacar que a comunicação também é identificada como um
instrumento de trabalho, tanto do enfermeiro quanto da equipe (CIANCIARULHO,
1996).
Analisando as dificuldades apontadas referentes ao relacionamento entre os
diversos profissionais que atuam no centro cirúrgico, aliadas aos posicionamentos
dos autores, sabe-se que é possível melhorar as relações, desde que os
profissionais identifiquem os problemas, queiram realmente mudar e percebam os
prejuízos resultantes dessa relação. Importante destacar que o paciente que chega
ao centro cirúrgico para ser atendido não pode ser vítima desta relação entre os
profissionais que ali estão para cuidá-lo (MARQUIS, HUSTON, 1999).
Na abordagem da comunicação da enfermagem com os pacientes, Oliveira et
al. (2005) em estudo qualitativo realizado com pacientes internados em Unidade de
Tratamento Intensivo (UTI) com o objetivo de verificar o significado da comunicação
em enfermagem apresentaram dados obtidos mediante entrevistas e analisados
através das categorias da comunicação terapêutica da grade de análise dos grupos
de expressão, clarificação e validação. A partir dos resultados pode-se inferir que as
técnicas de comunicação são um meio de promover o relacionamento terapêutico,
necessário a uma assistência de enfermagem de boa qualidade, por permitir a
identificação das necessidades dos pacientes.
A maior parte das questões realmente importantes e íntimas das pessoas não
é verbalizada. Como reconhecer, então, essas características dos pacientes, senão
pela percepção do seu modo de agir, sentir e se relacionar? (SILVA, 2002)
No decorrer da vida, o desenvolvimento da comunicação adquire maior
complexidade pela própria necessidade de domínio da linguagem, leitura, processo
de raciocínio, análise do mundo e de si próprio, além da participação em
organizações sociais. O homem encontra-se em constante interação com seu meio
e, para isso, ele se utiliza da comunicação. Ela envolve uma gama de fenômenos,
como elementos psicológicos e sociais que ocorrem entre as pessoas e dentro de
cada uma delas, em contextos interpessoais, grupais, organizacionais e de massa.
Os comunicadores, em todos esses níveis, manipulam signos e, desse modo,
afetam a si mesmos e aos outros (SILVA, 2002).
39
A comunicação interpessoal ocorre no contexto da interação face a face.
Entre os aspectos envolvidos nesse processo, estão as tentativas de compreender o
outro comunicador e de se fazer compreendido. Nesse processo, incluem-se ainda a
percepção da pessoa, a possibilidade de conflitos – que podem ser intensificados ou
reduzidos pela comunicação – e de persuasão (indução a mudanças de valores e
comportamentos) (SILVA, 2002).
5.6. A comunicação em enfermagem
A consciência da efetividade da comunicação na enfermagem não pode ser
ignorada, uma vez que nossas mensagens são interpretadas não apenas pelo
falamos, mas também pelo modo como nos comportamos, portanto, é necessário a
conscientização sobre a importância da linguagem corporal, principalmente no
tocante à proximidade, postura e contato visual (SILVA, 2002).
No que tange à comunicação em equipe, é preciso que o líder ao aproximarse dos liderados tenha o intuito de compreender as atividades de cada um,
compartilhando idéias e visões, bem como criando interdependências para o
desenvolvimento do trabalho através de equipes.
A
comunicação
tem
várias
funções,
segundo
Stefanelli
(1985)
na
enfermagem, podemos citar a investigação (busca de dados sobre o paciente);
informação (envio de mensagens entre emissor e receptor ou vice-versa); persuasão
(levar o receptor a mudança de comportamento sobre o qual não havia pensado
antes); e entretenimento (mistura de persuasão com informação, é utilizada para
diminuir a ansiedade e favorecer a introdução entre emissor e receptor).
Segundo Ribeiro (1997) ofertar é outro ato básico na comunicação porque é
partilhar com o outro (e com o universo) algo que é seu, ou que está sob seus
cuidados, complementa ainda que fazer comunicação é comungar, partilhar, tornar
comum a outros (e ao universo) idéias, sentimentos, ou outros, ou ações. Comunicar
é gerar ação em comum.
Frente às dificuldades e barreiras ao processo de comunicação, emergiu a
subcategoria
Estratégias
para
teoricamente da seguinte forma:
melhorar
a
comunicação,
fundamentadas
40
1. Ouvir as pessoas. Bateman e Snell (1998) sugerem algumas técnicas para
esse aprendizado. A reflexão, um processo onde se tenta repetir e
esclarecer o que acredita que o outro está dizendo, dando mais ênfase em
escutar do que em falar. Essa reflexão faz com que as pessoas entrem no
quadro de referência uma da outra, resultando numa comunicação de mão
dupla. A leitura, tanto do material de trabalho quanto de outras referências,
realizando um exame dos documentos e destacando pontos importantes,
buscando aumentar a velocidade da leitura e as habilidades de
compreensão. A observação e a interpretação de comunicações nãoverbais, na tentativa de determinar a sinceridade ou a dissimulação do
emissor, ou seja, interpretar de forma precisa o que se observa.
2. Dar o feedback. Moscovici (1998) afirma que todos nós precisamos de
feedback, seja ele positivo ou negativo, pois nos faz refletir sobre aquilo
que estamos fazendo inadequadamente e o que fazemos com adequação,
facilitando a correção das ineficiências e a manutenção dos acertos. A
autora menciona alguns recursos para o processo de feedback: paráfrase
(dizer, com suas próprias palavras o que o outro disse, indicando o
significado que você aprendeu do que foi falado; essa habilidade envolve
atenção, escuta ativa e empatia); descrição de comportamento (relatar
ações e comportamentos dos outros, sem fazer julgamentos ou
generalizar seus motivos; mostrar clara e especificamente, a que
comportamento está reagindo), verificação da percepção (expressar sua
percepção sobre o que o outro está sentindo, procurando verificar se a sua
compreensão acerca do sentimento do outro é verdadeira) e descrição de
sentimentos (identificar ou especificar, nomear
verbalmente, os
sentimentos).
3. Informar a equipe. Quick (1997) assegura que, nas equipes bemsucedidas, as informações são compartilhadas, oportunamente, sobre o
que ocorre na organização, exceto o que é classificado como confidencial,
considerando nociva, qualquer intenção de reter ou racionar informação
que poderá ser útil aos membros da equipe. Recomenda que a
comunicação seja bastante precisa, fluindo em todos os sentidos, de modo
que todos compreendam tudo o que ocorre na organização.
41
4. Administrar melhor o tempo. Marquis e Huston (1999) apresentam três
etapas básicas para a administração do tempo: alocar tempo para o
planejamento e o estabelecimento de prioridades, completar a tarefa de
mais alta prioridade sempre que possível e terminar uma tarefa antes de
iniciar outra e estabelecer novas prioridades com base nas tarefas
remanescentes e nas novas informações que tenham sido recebidas. Os
autores comentam que, geralmente as pessoas subestimam a importância
de um planejamento diário, não alocando tempo suficiente para essa
atividade, ainda que seja essencial para a eficiência gerencial.
O desenvolvimento e a utilização coerente dessas quatro habilidades já
resolve grande parte dos problemas enfrentados pelos enfermeiros em relação à
comunicação.
Oliveira et al. (2005) em estudo qualitativo, com pacientes internados em um
Centro de Terapia Intensiva de uma instituição pública de João Pessoa, com o
objetivo de verificar o significado da comunicação em enfermagem entre as técnicas
de
comunicação
empregadas
pelos
enfermeiros
encontramos:
usar
terapeuticamente o silêncio, ouvir reflexivamente, verbalizar a aceitação, uso
terapêutico do humor. A partir dos resultados pode-se inferir que as técnicas de
comunicação são um meio de promover o relacionamento terapêutico, necessário a
uma assistência de enfermagem de boa qualidade, por permitir a identificação das
necessidades dos pacientes.
A comunicação como instrumento fundamental para a interação na área de
enfermagem, vem sendo estudada por vários pesquisadores com o objetivo de
melhorar a relação entre o profissional e o sujeito de seu trabalho. Alguns desses
estudos referem-se à comunicação como veiculo facilitador, relacionada ao
resguardo da privacidade dos indivíduos, uma vez em que sua proteção está se
tornando uma responsabilidade conjunta entre equipe de saúde e paciente, com
independência e envolvimento, sendo promovida através de orientação e educação.
(PUPULIM, SAWADA, 2002)
Casagrande (1998) afirma que a comunicação caracteriza uma estrutura
social, significando organização, onde através dela compartilha-se modos de vida e
de comportamentos, hábitos ou costumes, que supõe a existência de certos
conjuntos de normas que estruturam a associação e os conjuntos de elementos que
42
estão em relação. Para entendermos essa relação devemos recorrer à teoria da
comunicação, para obtermos os parâmetros que permitirão analisá-los.
Silva (2002) lembra que a comunicação é um processo complexo que envolve
a transmissão, a compreensão de informação por meio da fala, da escrita, de
gestos, da mímica, de diferentes tipos de sons (tom de voz, pausas) e de
apresentação, e que este processo pode ocorrer de três formas: verbal, paraverbal e
paralinguagem.
“Um dos primeiros passos para tornar mais positiva a comunicação
(interpessoal e intrapessoal) é aprender a pensar sem julgar”. Observar os fatos sem
criar julgamentos e avaliações. Isso pode ajudá-lo a perceber as coisas com a mente
mais aberta e a mudar sua percepção do mundo (RIBEIRO, 1993).
LADERA (1981) escreve que a função estratégica da comunicação
organizacional deve ser subsidiada por princípios éticos, técnicos e científicos e sua
eficácia dependerá de como serão tratadas as habilidades da comunicação junto ao
público interno da empresa.
Na comunicação interna hospitalar a enfermagem exerce um grande papel,
sendo esta responsável pelo atendimento integral do paciente nas 24 horas do dia, e
tendo sob sua responsabilidade muitas tomadas de decisão e ações integradas aos
outros membros da equipe, comunicando-se todo o tempo com o paciente e a
equipe multidisciplinar, assim como registrando e organizando muitos dos
documentos do prontuário que serão arquivados como arquivo do paciente por
muitos anos, assim, a sistematização da assistência de enfermagem não pode
deixar de ser citada como elemento de grande relevância na melhoria da
comunicação dentro do hospital.
No Brasil, histórico de enfermagem foi introduzido na prática por volta de
1965, por Wanda Horta, com alunos de enfermagem. Nessa época recebeu a
denominação de anamnese de enfermagem, devido ao problema da conotação
médica, foi utilizado então o termo histórico de enfermagem (CAMPEDELLI et al.,
1989).
Para Horta (1979) o histórico de enfermagem também é denominado por
levantamento, avaliação, constituindo a primeira fase do processo de enfermagem,
podendo ser descrito como um roteiro sistemático para a coleta e análise de dados
significativos do ser humano, tornando possível a identificação de seus problemas
43
(CAMPEDELLI et al., 1989).
Portanto, o histórico de enfermagem é o levantamento das condições do
paciente através da utilização de um roteiro que deverá atender especialidades da
clientela a que se destina. Ele tem a finalidade de conhecer os hábitos individuais e
biopsicossociais, visando a adaptação do paciente a unidade e ao tratamento, assim
como a identificação de problemas (CAMPEDELLI et al., 1989).
O Histórico de Enfermagem consiste de um roteiro sistemático para o
levantamento de dados que sejam significativos para a enfermagem sobre o
paciente, família ou comunidade, a fim de tornar possível a identificação dos seus
problemas de modo que ao analisá-lo adequadamente, possa chegar ao que o
tempo gasto na aplicação do mesmo foi de 38 minutos com desvio para 10 minutos.
Portanto, o tempo médio para o preenchimento do histórico gira em torno de 20 a 40
minutos (CAMPEDELLI et al., 1989).
Com Florence Nigthingale a enfermagem iniciou sua caminhada para a
adoção de uma prática baseada em conhecimento científico, abandonando
gradativamente a postura de atividade caritativa, intuitiva e empírica. Com esse
intuito, diversos conceitos, teorias e modelos específicos a enfermagem, foram e
estão sendo desenvolvidos, com a finalidade de prestar uma assistência, ou seja,
planejar as ações, determinar e gerenciar o cuidado, registrar
tudo o que foi
planejado e executado e, finalmente avaliar, permitindo assim gerar conhecimento á
partir de prática, realizando o processo de enfermagem (FRIEDLANDER, 1981).
Na década de 70, Wanda de Aguiar Horta, desenvolveu um modelo
conceitual, no qual a própria vivência de enfermagem induziu-a a procurar
desenvolver um modelo que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir
seu campo de ação específico e sua metodologia. Essa mesma autora define o
processo de enfermagem, como sendo a dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas, visando à assistência ao ser humano (HORTA, 1979).
No processo de enfermagem a assistência é planejada para alcançar as
necessidades específicas do paciente, sendo que estão redigidas de forma que
todas as pessoas envolvidas no tratado possam ter acesso ao plano de assistência.
O processo de enfermagem possui um enfoque holístico, ajuda segurar que as
intervenções sejam elaboradas para o indivíduo e não apenas para a doença,
apressa os diagnósticos e o tratamento de saúde potenciais e vigentes, reduzindo a
44
incidência e a direção da estadia no hospital, promove a flexibilidade do pensamento
independente, melhora e previne erros, omissões e repetições desnecessárias, os
enfermeiros obtéem satisfação de seus resultados (PEIXOTO, 1996).
É necessário, acreditarmos que o processo de enfermagem seja instrumento
essencial para o profissional enfermeiro, que guia sua prática e pode favorecer
autonomia profissional e concretizar a proposta de promover, manter ou restaurar o
nível de saúde do paciente, como também documentar sua prática profissional,
visando a qualidade da assistência prestada (PEIXOTO, 1996).
Após a promulgação da lei 7.498. de 25 de junho de 1996, referente ao
exercício da enfermagem, dispõe o artigo 11, como atividade exclusiva do
enfermeiro a consulta de enfermagem: prescrição da assistência de enfermagem,
cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida, cuidados de
enfermagem de maior complexidade e que exijam conhecimentos de base científica
e tornar decisões imediatas (PEIXOTO, 1996).
Portanto, a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), é uma
atividade privativa do enfermeiro, que através de um método e estratégia de trabalho
científico realiza a identificação das situações de saúde. Subsidiando a prescrição e
implementação das ações de Assistência de Enfermagem, que possam contribuir
para a promoção, recuperação e reabilitação em saúde do indivíduo, família e
comunidade (DANIEL, 1979).
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como
indivíduo, utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades, além de orientação
e treinamento da equipe de enfermagem para a implementação das ações
sistematizadas. A implementação da SAE, deverá ser registrada formalmente no
prontuário do paciente devendo ser composta por (COREN, 1999; COREN, 2000):
“Histórico de Enfermagem; Exame Físico; Prescrição e Assistência de Enfermagem;
Evolução da Assistência de Enfermagem; Anotação de Enfermagem”.
A anotação de enfermagem é um instrumento de valor ativo de grande
significado na assistência e na sua continuidade, tornando-se, pois indispensável na
aplicação do processo de enfermagem, pois está presente em todas as fases do
processo (DANIEL, 1979).
45
A quantidade e principalmente a qualidade das anotações de enfermagem,
desperta em outros profissionais da equipe multifuncional o interesse e necessidade
de consultá-la. Para a equipe médica, as anotações são meios valiosos de
informações, favorecem bases para direcionar a terapêutica, os cuidados a
realização de novos diagnósticos (DANIEL, 1979).
Normas para as anotações de enfermagem (DANIEL, 1979):
- proceder toda anotação de horário e preencher a data na página da
anotação do dia;
- anotar informações completas, de forma objetiva, para evitar a possibilidade
de dupla interpretação; não usar termos que dêem conotação de valor (bem, mal,
muito,bastante, entre outros);
- utilizar frases curtas e exprimir cada observação em uma frase;
- anotar imediatamente após a prestação de serviço, recebimento de
informação ou observação de intercorrência;
- observação de intercorrência;
- nunca rasurar a anotação por essa ter valor legal; em caso de engano, usar
“digo”, entre vírgulas;
- não usar o termo “paciente”, no inicio de cada frase já que a folha de
anotação é individual;
- deixar claro na anotação se a observação foi feita pela pessoa, ou se é
informação transmitida pelo paciente, familiar ou outro membro da equipe de saúde;
- evitar uso de abreviaturas que impeçam a compreensão do que foi anotado;
- assinar imediatamente após da última frase o nome e o número de registro
no COREN. Não deixar espaço entre a anotação e a assinatura;
Observação. As abreviaturas podem ser eventualmente utilizadas, desde que
seu uso esteja consagrado na instituição.
A evolução de enfermagem consiste no relato diário das mudanças
sucessivas que ocorrem no ser humano, enquanto estiver sob assistência do
profissional. Pela evolução é possível avaliar a resposta do ser humano á
assistência de enfermagem implementada (FERNANDES et al., 1981)
A implementação de toda essa sistemática só terá sucesso se sua adoção for
do interesse da administração da divisão de enfermagem, assim sendo, os projetos
executados tendem a ter resultados favoráveis no que tange à aceitação da equipe.
46
Não basta, porém, que indivíduos em cargos de chefia de enfermagem
determinem o que deve ser feito, é indispensável que a iniciativa de aprender a
planejar cuidados de enfermagem parta dos líderes, além do mais, devem ser
estabelecidos critérios específicos de ação, no sentido vertical e horizontal, portanto,
o esclarecimento da equipe multiprofissional quando é forma de trabalho é uma
estratégia que auxilia a envolver os diferentes profissionais na SAE. Um fator
motivante ao se introduzir qualquer novo projeto é incentivar as pessoas que irão
implementá-la a programarem conjuntamente as atividades correlatas. Qualquer
mudança é melhor aceita se feita através dos que irão ter que viver por esta
(DANIEL, 1979).
5.7. Comunicação em equipe
A comunicação adequada é aquela que tenta diminuir conflitos mal
entendidos e atingir objetivos definidos, para a solução de problemas detectados na
interação com os pacientes (SILVA, 2002)
A rotina do dia-a-dia do profissional inibe sua percepção. Para melhor
interpretar os atos verbo-gestuais do paciente, o profissional de saúde precisa se
assumir como produtor consciente de linguagem e como elemento transformador,
intérprete de mensagens. Apaixonar-se pela idéia de compreender as pessoas pode
eliminar o preconceito de que os pacientes nada sabem sobre as questões de saúde
e doença (SILVA, 2002), parecendo este ser o grande diferencial entre os
profissionais da equipe.
Conhecer os mecanismos de comunicação que facilitarão o melhor
desempenho de suas funções em relação ao paciente, bem como melhorar o
relacionamento entre os próprios membros da equipe, cabe a cada profissional. A
equipe de saúde, não tem por hábito validar a comunicação com seus colegas de
trabalho. Há pessoas competentes nos procedimentos técnico científicos de sua
especialidade, mas que têm dificuldade em interagir e comunicar os seus propósitos.
É comum ouvirmos, no ambiente hospitalar, queixas e reclamações de funcionários,
dizendo: “Não continuo com este grupo porque ele não me entende...”, “Dei toda a
orientação, não sei por que não seguiu...”, “Ela não segue o que é explicado...”, “Não
47
sei mais o que fazer, ela não colabora com o tratamento...” (SILVA, 2002).
O trabalho em equipe é configurado como a possibilidade de construção de
um projeto assistencial comum ao conjunto de profissionais (PEDUZZI, 1998).
Considerando a autonomia técnica Peduzzi (1998), que a autonomia do
enfermeiro é exercida de forma regulada, na medida que o poder de decisão está na
dependência de outros sujeitos presentes nas relações.
O poder produz saber (...) não há relação de poder sem a Constituição
Correlata de um corpo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao
mesmo tempo relações de poder (FOUCALT, 1998).
A integração e o apoio entre as diferentes profissões que compõem a equipe
de saúde não são possíveis, quando a autonomia de médico e sua ascendência
sobre os demais praticamente anulam a noção de trabalho multiprofissional
integrado (CAMPOS, 1994).
“A construção do trabalho em equipe requer, também a explicitação e o
enfrentamento diálogo de conflitos, buscando uma dinâmica de flexibilidade das
regras, negociações e acordos entre os agentes e requer compartilhar decisões e
responsabilidades” (PEDUZZI, 1997).
Na medida em que cada profissional executa parte das ações assistenciais,
pode se estabelecer uma possibilidade de trabalho com autonomia relativa, uma vez
que o modo que cada profissional organiza e controla o seu próprio trabalho ou de
sua equipe não depende do diagnóstico médico (LEOPARDI, 1999).
Não são raras as incorreções e/ou omissões de registros. Na maioria dos
casos, nos aspectos gramaticais e ortográficos; nas relações factuais; nos termos
em geral, podendo desta forma provocar o enfraquecimento das informações. Os
registros bem formulados refletem não somente a qualidade do serviço prestado,
mas também um elemento essencial para os casos de compensação financeira e
para fins ético - legais (TANJI et al., 2004).
A preocupação com o ensino de habilidades de comunicação no lidar com o
paciente não é exclusiva da enfermagem, mas, no nosso meio, destaca - se o
trabalho pioneiro (STEFFANELLI, 1985).
A comunicação, no contexto das organizações hospitalares, é a essência do
comando (RIBEIRO, 1997).
48
Cada atividade que envolve duas ou mais pessoas em um hospital, ou
qualquer outra organização, envolve um elemento de comunicação. Numa
organização, fatos, idéias, sentimentos e restrições devem ser passadas
continuamente. Há então, fluxos de informações, que é a forma predominante de
comunicação, e muitas se relacionam com políticas, processos, regulamentos e
rotinas.
O conteúdo de passagem de plantão deve estar relacionado com número de
pacientes da unidade, e complexidade dos mesmos e tempo de permanência. Em
cada unidade, a passagem de plantão deve estar adequada ás necessidades do
paciente e relacionada ao tipo de atendimento prestado (PINHO, 2003).
Uma boa comunicação, onde há transmissão de mensagens de forma clara e
objetiva, proporciona um ambiente de trabalho produtivo e harmonioso, num clima
de confiança e credibilidade (CAMPOS, 1997).
Almejar melhor desempenho do enfermeiro, como líder da equipe de
enfermagem, pressupõe a ocorrência de mudanças de comportamentos, de busca
constante de novos conhecimentos e do desenvolvimento de habilidades essenciais
para a liderança, as quais envolvem qualidades pessoais, habilidades inter pessoais
e o domínio do contexto organizacional (MOTTA, 2001).
Para Sanna (1983) a ocorrência entre a comunicação verbal e não verbal é
muito importante e mais difícil de ser usada terapeuticamente, pois em geral não
temos controle, consiste da mesma.
Segundo Galvão (1990) “é através da liderança que o enfermeiro tenta
conciliar os objetivos organizacionais com os objetivos do grupo da enfermagem,
buscando o aprimoramento da prática profissional e principalmente o alcance de
uma assistência de enfermagem adequada”.
49
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo de revisão atual, teve como objetivo buscar informações cientificas
que viessem apresentar elementos de identificação de falhas de comunicação que
de alguma forma possam contribuir positiva ou negativamente no relacionamento da
equipe multiprofissional, refletindo no cuidado com o cliente.
No trabalho de Oliveira et al. (2005), entre as técnicas de comunicação
empregadas pelos enfermeiros encontramos: usar terapeuticamente o silêncio, ouvir
reflexivamente, verbalizar a aceitação, uso terapêutico do humor. As técnicas
utilizadas pelos autores foram descritas por Stefanelli (1993) entre outras, somando
15 técnicas de comunicação, das quais algumas não foram identificadas nos
discursos dos pacientes, a saber: verbalizar interesse; usar frases incompletas;
repetir as últimas palavras ditas pelo paciente; manter o paciente no mesmo
assunto; permitir ao paciente que escolha o assunto; colocar em foco a idéia
principal; verbalizar dúvidas; dizer não; e estimular expressão de sentimentos
subjacentes.
Talvez se a equipe de enfermagem buscasse utilizar algumas dessas técnicas
como recurso para os vários tipos de relacionamento no seu dia a dia conseguisse
apresentar uma diminuição de conflitos e consequentemente diminuição do estresse
gerado pelo mesmo. A seguir se apresentam descritas algumas dessas técnicas
como sugestão para os colegas que tiverem acesso a esse trabalho, que possam
utilizá-las
de
forma
benéfica,
trazendo
talvez
novos
horizontes
para
o
relacionamento em equipe na enfermagem.
As técnicas foram:
OUVIR REFLEXIVAMENTE = é uma das técnicas de comunicação
terapêutica das mais efetivas, do que decorre seu caráter de instrumento essencial
para que o enfermeiro estabeleça o relacionamento terapêutico. Kron, Gray (1994)
afirmam que ouvir é um dos principais meios através do qual obtemos informações,
e quando deixamos de ouvir renunciamos a um dos objetivos da comunicação, o de
ficar sabendo sobre a outra pessoa para tentar compreendê-la.
Os depoimentos revelam que a equipe de enfermagem do CTI utiliza a
técnica, ouvir reflexivamente, como forma de demonstrar interesse pelo paciente e
50
estimular a expressão dos seus sentimentos. Merece ser ressaltado que ouvir é um
método não-verbal de comunicação, através do qual transmitimos ao paciente que
ele é aceito e respeitado como ser humano, ou seja, que ele é reconhecido pelo
enfermeiro como um sujeito, tendo importância e significação à relação entre eles
(OLIVEIRA et al., 2005).
Segundo Stefanelli (1993) para ouvir o paciente devemos estar atentos para
não julgar o conteúdo do pensamento expresso. Direcionamos toda nossa atenção
ao paciente, pensando reflexivamente sobre o que ele diz para podermos
compreender o significado do que está sendo dito.
SILVA (1996) afirma que, para ouvirmos os outros precisamos aprender a
controlar nossos sentimentos e preconceitos para demonstrarmos interesse no que
está sendo comunicado.
VERBALIZAR ACEITAÇÃO = a aceitação é uma das necessidades humanas
básicas, considerada pela enfermagem porque, para sentir-se seguro para falar, o
paciente precisa sentir-se aceito (STEFANELLI, 1993). Para que esta aceitação seja
genuína o enfermeiro precisa perceber o paciente como pessoa, só assim, este
experimentará por meio de sentimento empático, a sensação de ser aceito.
USAR TERAPEUTICAMENTE O SILÊNCIO = essa é uma das técnicas mais
difíceis de serem praticadas, uma vez que seu uso requer paciência do terapeuta.
Contudo, a técnica transmite a idéia de que o profissional está atento e pronto para
ouvir, demonstrando respeito, bem como, podendo demonstrar, também, que o
silêncio é uma forma aceitável de conforto (STEFANELLI, 1993).
Smeltzer, Bare (2000) lembram que com o silêncio temos a comunicação não
verbal, algumas expressões faciais e manifestações assumidas, podem transparecer
impaciência.
FAZER PERGUNTAS = as perguntas são partes importantes no
levantamento de dados, devem ser feitas de forma apropriada, determinando
exatamente o que desejamos descobrir (KRON, GRAY, 1994).
DEVOLVER A PERGUNTA FEITA = ao devolver a pergunta pode-se tentar
mostrar que o ponto de vista de quem pergunta é mais importante do que o seu
(STEFANELLI, 1993).
A devolução da pergunta ajuda o enfermeiro a manter a conversação
centrada no paciente e a obter dele informações acerca da pergunta. Desse modo,
ao devolver a pergunta, o enfermeiro ajuda o paciente a desenvolver um raciocínio
51
sobre o assunto e a entender melhor a necessidade que gerou a pergunta (SILVA,
1996).
USAR FRASES DESCRITIVAS = ao explicar as rotinas da unidade,
procedimentos de enfermagem, orientações, no desempenho da função de
educadora em saúde, o enfermeiro faz uso de frases descritivas como técnica de
comunicação (STEFANELLI, 1993).
A comunicação eficiente deve ser simples e direta. O uso de poucas palavras
resultará em menos confusão. Para obtermos clareza devemos falar lentamente e
pronunciando claramente as palavras (POTTER, PERRY, 2002).
Smeltzer, Bare (2000) orientam que a mudança brusca de assunto bloqueia a
comunicação e revela atitudes de desinteresse.
Oliveira et al. (2005) evidenciaram que os enfermeiros utilizam com maior
freqüência às técnicas relacionadas ao grupo de expressão – ouvir reflexivamente;
uso terapêutico do humor; verbalizar aceitação; usar terapeuticamente o silêncio;
fazer perguntas; devolver a pergunta feita; usar frases descritivas; seguidas das
técnicas de clarificação – solicitar que esclareça termos comuns; estimular
comparação.
Em ambientes de maior estresse, onde os pacientes estão em situações de
risco - que permite uma rápida evolução do seu quadro clínico, tanto para a
recuperação da saúde como para o aprofundamento do processo patológico - faz
com que, muitas vezes, os enfermeiros não utilizem os recursos da comunicação
como processo terapêutico (OLIVEIRA et al., 2005)
As dificuldades do enfermeiro em harmonizar as atividades burocráticas e
administrativas; manutenção de bom relacionamento interpessoal entre equipe não
só de saúde, mas todas as outras envolvidas no processo e mais a qualidade da
assistência integral e humanizada, são muitas, porém acredita-se que este bom
relacionamento, embasado em comunicação eficiente e humanizada, é que vai levar
ao sucesso.
A relação interpessoal é uma constante entre pessoas e problemas entre as
equipes repercutem na dinâmica de funcionamento da instituição. Nesta relação, os
conflitos são freqüentes, daí a necessidade de o enfermeiro possuir habilidade e
competência para administrar de forma adequada, sabendo ouvir as partes
envolvidas em busca de soluções.
52
As questões temáticas não se esgotam. Muitos questionamentos ainda
permanecem, podendo ter novos olhares e ações, porém não se pode esquecer a
importância da cientificação do cuidar, fazendo com que o enfermeiro se transporte
também para o ambiente científico, registrando oficialmente seus atos e ações.
Somente assim teremos material científico suficiente para modificar esta e muitas
outras temáticas.
53
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINI,R. O conflito como fenômeno organizacional: identificação e
abordagem na equipe e enfermagem de um hospital público.
Dissertação,Ribeirão Preto (EERP), 2005. Disponível em:
<HTTP:// WWW.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-03082005115129/ acessado em 23/06/2009.
ALARCÃO,
I.;
RUA,
M.
Interdisciplinaridade,
estágios
clínicos
e
desenvolvimento de competências. Florianópolis: Texto contexto - enferm., v.14,
n.3, 2005.
ALMEIDA, E. A.; BRAGA, E. M. Reflexões sobre educação e enfermagem.
São Paulo: Revista da Sobecc, ano 11, nº 3, pg 19-23, 2006.
ALVES, M.; RAMOS, F. R. S.; PENNA, C. M. M. O trabalho interdisciplinar:
aproximações possíveis na visão de enfermeiras de uma unidade de
emergência. Florianópolis: texto contexto - enferm., vol.14, no.3, 2005.
BERARDINELLI, L. M. M.; SANTOS, M. L. S. C. Repensando a
interdisciplinaridade e o ensino de enfermagem. Florianópolis: Texto contexto –
enferm., vol.14, nº 3, 2005.
BATEMAN, T.S.; SNELL, S.A. Administração: construindo vantagem
competitiva. Trad. Celso A. Rimoli. São Paulo: Atlas, 1998.
BRAGA,
J.
P.;
DYNIEWCZ,
A.
M.;
CAMPOS,
O.
Tendência
no
relacionamento humano na área da saúde. Curitiba: Cogitare Enferm. Abr/Jun;
13(2):290-5, 2008. (FALTA CIDADE)
BOUDITH, J.; BUONO, A. Elementos da comunicação organizacional. São
Paulo: Pioneira, Cap. 5, p. 82-93, 1992.
CAMPEDELLI, M. C. et al. Processo de Enfermagem na Prática. São Paulo:
Ótica,1989.
54
CAMPOS, G. W. S. A questão enquanto componente estratégico para a
implementação de um sistema público de saúde. In: Campos C.W.S. Saúde
pública e a defesa da vida. 2º ed. São Paulo (SP): Hucitec; p.107-27, 1997.
CAREGNATO, R. C. A. Estresse da equipe multiprofissional na sala de
cirurgia: um
estudo de caso (dissertação). Porto Alegre (RS):UFRGS/Escola de
Enfermagem;2002.
CARVALHO,
V.
Acerca
da
interdisciplinaridade:
aspectos
epistemológicos e implicações para a enfermagem. São Paulo: Rev. esc.
enferm. USP, vol.41, no.3, 2007.
CASAGRANDE, L. D. R. O discurso da sala de aula: um método de ensino
baseado na comunicação professor-aluno. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
COMUNICAÇÃO EM ENFERMAGEM, 1, 1988, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão
Preto: Escola de Enfermagem da USP, p. 132-161, 1998.
CIANCIARULHO, T. I. Instrumentos básicos para o cuidar: um desafio
para a qualidade de assistência. São Paulo: Atheneu, 1996.
COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem-SP. Normatiza a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas
Instituições de Saúde, no âmbito do Estado de São Paulo. São Paulo, 1999.
COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem-SP. Sistematização.
2000.26:12-3.
DANIEL, I. F. A enfermagem planejada. São Paulo: E.P.V. USP,1979.
DUARTE, M; IGNATTI, Carmencita; SILVA, A.S.L..Gerenciando conflitos na
Enfermagem, uma análise qualitativa de Chefias de Enfermagem na cidade de
55
Santos – SP.. In. I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS –
UNAERP – Campus Guarujá, 2004, Guarujá. I Simpósio Internacional de Ciências
Integradas – UNAERP – Campus Guarujá, 2004.
ÉVORA, Y. D. M. Processo de informatização em enfermagem:
orientações básicas São Paulo: E.P., p.13, 1995.
FÁVERO, N. O gerenciamento do enfermeiro na assistência ao paciente
hospitalizado. 1996. 92p. Tese (Livre – docência) – Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
FERNANDES, R. A. Q.; SALUM, M. M. I.; TEIXEIRA, M. B.; LEMMI, R. C. A.;
MOURA, M. Anotações de Enfermagem. São Paulo: Rev. Enf. USP: 15(1)63.8;
1981.
FERREIRA, H. M.; RAMOS, L. H. Diretrizes curriculares para o ensino da
ética na graduação em enfermagem. São Paulo: Acta Paul. Enferm., vol.19, nº3,
2006.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de janeiro: Graal, 13º ed., 1998.
FRIENDLANDER, M. R. O. Processo de enfermagem ontem, hoje e
amanhã. São Paulo: Rev. Esc. Enf. USP: 15-129-34, 1981.
GALINDO, M. B.; GOLDENBERG, P. Interdisciplinaridade na Graduação
em Enfermagem: um processo em construção. Brasília: Rev. bras. enferm. vol.
61, no.1, 2008.
GALVÃO, C. M. Liderança do enfermeiro de centro cirúrgico. Ribeirão
Preto: (Mestrado - Escola de enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São
Paulo), 69p, 1990.
GARCIA, M. A. A; PINTO, A. T. B. C. S; ODONI, A. P. C; LONGHI, B. S;
MACHADO, L. I; LINEK, M. S. et al. Interdisciplinaridade e integralidade no
56
ensino em saúde. Campinas: Rev. Ciênc. Méd., 15(6):473-485, 2006.
GATTÁS, M. L. B; FUREGATO, A. R. F. Interdisciplinaridade: uma
contextualização. São Paulo: Acta paul. enferm., v.19, n.3, 2006.
GINDRI, L.; MEDEIROS, H. M. F.; ZAMBERLAN, C.; COSTENARO, R. G. S.
A percepção dos profissionais da equipe de enfermagem sobre o trabalho dos
enfermeiros. Curitiba: Cogitare Enferm.,10(1):34-41; 2005.
HORTA, W. A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979.
IRIBARRY, I. N. Aproximações sobre a transdisciplinaridade: algumas
linhas históricas, fundamentos e princípios aplicados ao trabalho de equipe.
Porto Alegre: Psicol. Reflex. Crit., vol.16, nº3, 2003.
KRAL, M. O prazer e o sofrimento no cotidiano do enfermeiro de centro
cirúrgico [ dissertação ]. Passo Fundo (RS): Universidade de Passo Fundo; 2001.
KRON, T.; GRAY, A. Administração dos cuidados de enfermagem ao
paciente – Colocando em ações as habilidades de liderança. Rio de Janeiro:
Interlivros, 1994.
LADEIRA, M. B. Comunicação Organizacional Belo Horizonte: Fundação,
João Pinheiro, p.1.9., 1981.
LEOPARDI, M. T. Instrumentos de trabalho em saúde: razão e
subjetividade. In: LEOPARDI, M. T. Organizadora. O processo de trabalho em
saúde: organização e subjetividade. Florianópolis (SC): Papa - livros; p.71-81,
1999.
LIMA, S. S. Comunicação pessoa a pessoa: quebrando as barreiras. Belo
Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1979. p. 1-11.
LITTEJONH, S. W. Fundamentos teóricos da Comunicação Humana. Rio
de Janeiro: Zahan Editores, 1982.
57
MARIN, H. F. Informatização em Enfermagem. São Paulo: EPV, p.20-21,
p.75, 1995.
MARQUIS, B. L.; HUSTON, C. J. Administração e liderança em
enfermagem, teoria e aplicação. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., l999.
MEIRELLES, B. H. S.; ERDMANN, A. L. A interdisciplinaridade como
construção do conhecimento em saúde e enfermagem. Florianópolis: texto e
contexto – enferm., vol.14, nº3, 2005.
MEKEER, M.; ROTHROCK, J. C. Cuidados do enfermeiro ao paciente
cirúrgico. 10ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan;1997.
MINAYO, M. C. S. organizador. Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. Petrópolis (RJ): Vozes; 2003.
MOTTA, P. R. Desempenho em equipes de saúde: manual. Rio de Janeiro:
F.G.V., 2001.
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 8.
ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
OLIVEIRA, P. S.; NÓBREGA, M. M.L.; SILVA, A. T.; FILHA, M. O. F.
Comunicação terapêutica em enfermagem revelada nos depoimentos de
pacientes internados em centro de terapia intensiva. Revista Eletrônica de
Enfermagem, v. 07, n. 01, p. 54 – 63, 2005.
PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde conceito e tipologia.
São Paulo: Rev Saúde Pública, vol.35, nº1, 2001.
PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre
trabalho e interação. (Campinas - Faculdade de Ciências Médicas – Unicamp),
1998.
58
PEDUZZI, M. Mudança Tecnológica e seu Impacto no Processo de
Trabalho em Saúde. In: Seminário: A formação técnica e tecnologia em saúde. Rio
de Janeiro: Fiocruz / Escola Politécnico de Saúde Joaquim Venâncio, 21-22, 1997.
PEIXOTO, M. S. O. Sistematização de enfermagem em um prontosocorro: relato e experiência: São Paulo: Revista da Sociedade Cardiologia, 6
(1):1-8, 1996.
PENTEADO, J. R. W. A Técnica da Comunicação Humana, São Paulo:
Pioneira, 5.ed., 1976.
PERES, A. M.; CIAMPONE, M. H. T. Gerência e competências Gerais do
Enfermeiro. Florinópolis: Enferm, vol.15, nº3, 2006.
PINHO, D. L. M., ABRANHÃO, J. I., FERREIRA, M. C. As estratégias
operatórias e a gestão da informação no trabalho de enfermagem. Revista
Latino Americana de Enfermagem: 11:168-176, 2003.
POTTER, P. A.; PERRY, A.G. Fundamentos de enfermagem: Conceitos,
processo e prática. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
PROCHNOW, A.G.; LEITE, J.L.; ERDMANN, A.L.; TREVIZAN, M.A. O
conflito como realidade e desafio cultural no exercício da gerência do
enfermeiro. São Paulo: Rev Esc Enferm USP, vol.41, nº4, 2007.
PUPULIM, J. S. L.; SAWADA, N. O. Reflexões acerca da comunicação
enfermeiro-paciente relacionada à invasão da privacidade. In: Anais do 8.
Simpósio Brasileiro de Comunicação em Enfermagem, 2002, San Pablo (SP, Brasil)
[online]. 2002 [citado 17 Maio 2009].
QUICK, T. L. Como desenvolver equipes bem-sucedidas. Rio de janeiro:
Campos, 1997.
RIBEIRO, L. Comunicação Global: Energia da Influência. Rio de Janeiro:
59
Objetiva, coleção sintonia, v 2, 1993.
RIBEIRO, A. B. C. Administração de pessoal em hospitais. São Paulo: LTR
LTDA/Mec, 2ª ed., 1997.
SANNA, M. C. A. A.Comunicação em enfermagem pediátrica. Rev. Paul.
Enfermagem: v.3, n.3, p.103, 1983.
SANTA MARIA (RS): UFSM/Curso de Especialização em Projetos
Assistenciais de Enfermagem, 2000.
SANTOS, A. L. G. S.Assistência humanizada ao cliente no centro
cirúrgico (monografia).
SANTOS, D. M. N. Influência do empenhamento organizacional e
profissional dos enfermeiros nas estratégias de resolução de conflito.
(dissertação – mestre) tese submetida como requisito parcial para obtenção do
grau de mestre em gestão dos serviços de saúde, março, 2008.
SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde, Comitê Nacional de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996:
diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendo seres humanos.
Brasília (DF): Ministério da Saúde, 1996.
SENA, R. R.; LEITE, J. C. A.; SILVA, K. L.; COSTA, F. M. Projeto Uni:
cenário de aprender, pensar e construir a interdisciplinaridade
na prática
pedagógica da Enfermagem. Botucatu: Interface, vol.7, nº.13, 2003.
SILVA, J. L. L.Internet.applied to nursing.Online Brazilizn fourmal of
nursing. V.2, n.3. December 2003 [online]. Avaible at, w.w.w.ujj.br (nepue) objetiva
Ovrm. [acesso em 5/10/2007].
SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações
interpessoais em saúde. São Paulo: Editora Gente, 1996.
60
SILVA, M. J. P. Qualidade e Comunicação. Rev. IEHE: Rio de Janeiro, nº14
(suplemento) p.18-24, 1997.
SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: A comunicação, nas relações
interpessoais em saúde. São Paulo: .Loyola, p. 133, 2002.
SIMÕES, A.L.A. O ser líder no cotidiano do profissional enfermeiro. 1997.
126p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. In: Brunner, Suddarth Tratado de
Enfermagem Médico-Cirúrgica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v.1,
2000.
STEFANELLI. M. C. Ensino de técnicas de comunicação terapêutica
enfermeiro - paciente (Tese - Escola de enfermagem - USP), São Paulo, 163p,
1985.
STEFANELLI, M. C. Comunicação em enfermagem: teoria, ensino e
pesquisa. São Paulo: Escola de Enfermagem da USP, 139p, 1990.
STEFANELLI, M. C. Comunicação com paciente teoria e ensino. São
Paulo: Robe editorial, 1993.
TANJI, S. et al. A importância do registro no prontuário do paciente.
Enfermagem atual nov/dez. 2.004.16-20.
TREWATHA, R. L.; NEWPORT, M. G. Administração: funções e
comportamento. Trad. Auriphebo B. Simões. São Paulo: Saraiva, 1979.
VILELA, E. M.; MENDES, I. J. M. Interdisciplinaridade e saúde: estudo
bibliográfico. Ribeirão Preto: Rev. Latino-Am. Enfermagem, vol.11, nº4, 2003.
Download

Comunicacao da Equipe - Ana Lucia Vallim Rua