Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXI Prêmio Expocom 2014 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
A dificuldade da comunicação interpessoal diante das novas tecnologias. 1
Adriana FARIA2
Janaina MORAIS3
João GALUCIO4
Leonardo TAVARES5
Rômulo LAURIA6
Leandro Raphael de PAULA7
Centro Universitário do Estado do Pará, Belém, 2013
Resumo:
O presente trabalho aborda o tema da comunicação na atualidade, a inserção das
tecnologias nos processos comunicativos e como elas trasformaram a nossa forma de
comunicar. Analisamos os principais objetos que, ao longo do tempo, foram e estão sendo
inseridos em nossa comunicação, como a carta, o telefone, o computador, entre outros.
Estes objetos tem o intuito de facilitar a comunicação entre os indivíduos, mas será que
estas ferramentas têm acrescentado apenas aspectos positivos em nossa comunicação?
Procuramos mostrar as consequências do uso excessivo desses objetos, na comunicação
interpessoal e refletir sobre como utilizar essas tecnologias de forma benéfica.
Palavras-chave: comunicação interpessoal; tecnologia; dificuldade.
INTRODUÇÃO
Após a revolução Industrial, com o surgimento das máquinas, houve uma maior interação
do homem com meios tecnológicos. Desde então, percebeu-se o constante desenvolvimento
das tecnologias, a fim de aprimorar as mais variadas vertentes da vida humana e dentre elas
está a comunicação.
Mais adiante, com o desenvolvimento científico e tecnológico presenciado na segunda
metade do século XX, com o boom do fenômeno televisivo, nos anos 60, vieram, também,
as diferentes formas de se analisar a comunicação. Essa mudança de análise atrelada ao
desenvolvimento da informática e eletrônica fez com que a comunicação passasse de algo
intrínseco ao comportamento humano para uma visão dos Meios de Comunicação de
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Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Publicidade e Propaganda, modalidade Vídeo
Publicitário.
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Estudante do 3º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, email: [email protected].
3
Aluno líder do grupo e estudante do 3º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, email:
[email protected].
4
Estudante do 3º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, email: [email protected].
5
Estudante do 3º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda.
6
Estudante do 3º. Semestre do Curso Comunicação Social – Publicidade e Propaganda.
7
Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, email:
[email protected].
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Massa, onde as informações são passadas rapidamente, atingindo um público mais
abrangente possível.
A partir de então, esse meio trouxe não só uma revolução técnica científica, mas uma
renovação social, na qual o ser humano passou a interagir não mais apenas com ele mesmo,
mas com as máquinas. Houve, ainda, uma renovação na comunicação, onde o público
passou a ser ativo e não mais passivo, utilizando a Internet como meio de se transformar de
emissor para um receptor e vice-versa. Meios como a Internet, que antes eram utilizados
apenas para o uso militar, foram oferecidos à sociedade, que passou a ter acesso à
informação nunca antes presenciado.
Além disso, a Cibernética explanou a visão do controle da informação diante desses meios,
algo criticado por Norbert Wiener que, ainda impactado pela II Guerra Mundial, condena o
aumento do controle dos meios comunicacionais e, segundo ele, todos devem ter acesso à
informação pura. Com a ajuda da microeletrônica novos aparelhos, principalmente na área
da comunicação telemóvel, foram criados e aliados a Internet, abrindo um leque de
informações partilhadas pelas redes de software do mundo inteiro, permitindo o acesso a
milhares de pessoas das mais diferentes partes do globo.
A partir do século XXI, com este novo estado de assimilação de conhecimentos que se
adiquiriu, a sociedade ganha um novo nome, a Sociedade da Tecnologia, também conhecida
como Sociedade Pós-Moderna. Diante deste contexto, no decorrer do trabalho, ilustraremos
a problemática provinda deste desenvolvimento tecnológico e como ela tem afetado a
sociedade que se intitula desta forma.
OBJETIVO
O presente trabalho consiste na apresentação de uma peça publicitária, a qual tem por
objetivo explanar a dificuldade da comunicação interpessoal diante da ascensão tecnológica
nos dias atuais, pois apesar de convivermos com este fato, não nos atentamos devidamente
a ele, por ter se tornado algo cômodo a nós. Desta forma, podem-se comprometer as
relações de gerações futuras, com a possibilidade de uma sociedade cada vez mais
imediatista. A peça foi produzida para as disciplinas de História e Teoria da Comunicação e
Projeto Integrado I, com o intuito de incentivar os alunos de nossa classe a produzir peças
publicitárias que ajudem em nossa formação, desenvolvendo nossas habilidades de criação
e produção, além de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
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JUSTIFICATIVA
O tema foi escolhido através da análise do cotidiano e de conhecimentos adquiridos em
meio acadêmico, onde estudamos diversas análises de autores, os quais serviram como
base, para melhor análise do assunto e elaboração do material, como Dominique Wolton,
Norbert Wiener e Raquel Recuero.
A temática a ser apresentada se refletiu diretamente em nossas vidas. Como estudantes do
primeiro semestre, ainda calouros, sentimos a necessidade de criar novos vínculos afetivos
com as outras pessoas. No entanto, observamos que os laços interpessoais estavam se
tornando mais frágeis, visto que a “vida real” estava sendo substituída, cada vez mais, pela
“vida virtual”, fazendo com que a criação e o fortalecimento de vínculos se tornasse
dificultoso. Tentávamos criar aproximação através de meios como Internet, porém, era
perceptível que a tentativa de comunicação via meios tecnológicos, na grande maioria, nos
oferecia uma “falsa” aproximação, onde as conversas presenciais e virtuais se davam de
formas muito diferentes.
Segundo Wolton, por mais que as tecnologias facilitem a comunicação, sendo a parte
instrumental dela, nunca atingirão a vivacidade de uma comunicação interpessoal. Por
exemplo, uma conversa via telefone não permite que o emissor perceba as expressões
faciais do receptor, perdendo uma parte da interação entre os dois. “Nenhuma técnica de
comunicação, por mais eficiente que o seja jamais alcançará o nível de complexidade e de
cumplicidade da comunicação” (WOLTON, 2004, p.35).
É claro que não podemos negar as facilidades que a tecnologia nos trouxe, também, se
olharmos por outro lado. As pessoas passaram, então, a se comunicar através de
ferramentas e deixaram de lado a comunicação interpessoal, mas que, no entanto, essas
ferramentas ajudam a criar novos vínculos sociais, como é analisado na Teoria dos Grafos
(WATTS, 2003). Segundo esta teoria, as pessoas são nós em um fio e suas arestas são os
laços sociais, gerados pela interação entre elas, constituindo uma rede social na qual basta
um conector (nó) para unir as pessoas.
No entanto, apesar dessa ampliação das relações por meio das redes sociais, elas tornaramse menos consistentes, visto que dentre esses tantos “amigos” disponíveis, apenas uma ou
meia dúzia deles são pessoas que possuem relações reais com o usuário do perfil.
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A tecnologia, que veio com o intuito de fortalecer a comunicação, então, tem se comportado
como ruído, pois intervém em aspectos da comunicação interpessoal, como a afetividade
entre os indivíduos. Segundo Shannon (1948), Ruído é tudo aquilo que interfere na
comunicação. Neste caso, podemos comparar a tecnologia a um ruído físico para a
comunicação interpessoal, pois escolhendo se comunicar por esse meio (tecnologia-ruído),
por questão de comodidade, evita-se a comunicação interpessoal.
Trazendo para a vida real, ao fazer um trabalho em grupo, por exemplo, torna-se mais
cômodo realizá-lo através de uma conexão via Skype, programa no qual há a possibilidade
de conversar através de chat, áudio e vídeo, do que marcar uma reunião na residência de um
integrante, tanto por motivo de horários que não coincidem, ou por qualquer outro motivo.
Nesta situação, a ferramenta Skype seria o ruído físico.
Em nossos estudos ficou claro que a comunicação normativa, que é a qualidade e o
conteúdo da conversa, tem sido substituída pela comunicação puramente funcional, a que
mais comumente chamamos de técnica. Todavia, segundo Wolton,“As facilidades de
comunicação não bastam para melhorar o conteúdo da interação” (WOLTON, 2004, p.37).
Ainda que se tenha a criação de inúmeros instrumentos comunicacionais, não haverá uma
melhora na comunicação normativa, se fazendo necessário um resgate do conteúdo da
relação entre os indivíduos.
O fato é que esta ascensão da comunicação funcional fez com que surgisse a falsa noção de
que o mundo seria uma aldeia global, onde a comunicação normativa seria a mesma em
todas as regiões, assim como a técnica. A Globalização, como qualquer outro fenômeno,
trouxe benefícios e malefícios, houve uma enorme quantidade de informações fluindo com
rapidez e a facilidade de “ir e vir” sem sair do lugar, mas também houve o afastamento das
pessoas no meio interpessoal, por exemplo. Neste sentido, essas mesmas questões podem e
devem ser analisadas por outro prisma.
Em meio ao grande bombardeamento de informações tem sido difícil filtrar aquilo que é
verdadeiramente útil para vida dos homens. Além disso, a rapidez com que elas fluem faz
com que muitas vezes o conhecimento permaneça na superfície da mente e não há um
aprofundamento das informações, visto que o tempo que as mensagens permanecem
“novas” é muito curto e na presente sociedade há uma constante busca pelo novo.
Por isso, tem-se concentrado muito mais na quantidade de informações que na qualidade
destas e o resultado desta situação é uma sociedade imediatista e de conhecimento
supérfluo. A verdade é que este grande conglomerado de informações e redes não está de
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todo interligado como é mostrado na utópica proposta da globalização. Othon Jambeiro
(2000), atenta que o conceito de sociedade mundial não elimina o fato de existirem diversas
culturas, etnias e costumes ao redor do globo e isto não mudará mesmo com a tendência de
um mundo cada vez mais tecnológico. E diante desta falsa homogeneização, acaba-se
esquecendo de que há diversas culturas e que cada lugar do mundo adota línguas e tradições
diferentes.
Assim, diante de todo este contexto apresentado, observamos que as relações acabam por
obter um caráter efêmero, muito bem defendido por Bauman (1999), quando defende que
na modernidade líquida, tudo se torna volátil, as relações humanas não se tornam mais
tangíveis e a vida em grupo, como na família, amigos e casais perdem a consistência e a
estabilidade.
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
A peça foi idealizada para a internet, por isso ela adota uma duração de 1 minuto e 45
segundos. Os atores utilizam blusas pretas para dar um ar neutro e imparcial, contrastando
com o fundo branco; estes atores são jovens com diferentes características para que o
público possa se identificar ao assistir o vídeo. O vídeo foi filmado utilizando uma câmera
Nikon D7000 e para a produção do vídeo foram necessários objetos de cena, como uma
folha de papel, uma caneta Bic, envelope, telefone dos anos 70, ultrabook Sony VAIO Série
T, Intel® Core™ i5 - 3317U, 4GB, HD 320GB, 13,3" LED, Webcam, Bluetooth, HDMI Windows® 7 e dois Iphones 4. A edição do vídeo foi feita utilizando os programas Adobe
Premiere e After Effects, a trilha sonora e narração foram produzidas no estúdio de áudio,
do Centro Universitário do Pará, com auxílio do programa Audacity, para a gravação das
trilhas e o Cubase 5, para a masterização e finalização do áudio. O tempo de filmagem foi
de três horas de duração e o processo todo obteve dois meses de duração, visto que ainda
não sabíamos como utilizar todo o equipamento, necessitando de tempo para auxílio de
profissionais, estudo, pesquisa e testes. Todo o processo foi gravado e filmado no
Laboratório de Audiovisual do CESUPA- Centro Universitário do Estado do Pará.
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
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A ideia para a peça surgiu frente a uma análise do grupo sobre o próprio cotidiano dentro da
universidade e outras instituições de que fazem parte. O objetivo era mostrar o tema
Comunicação na atualidade, em meio a inserção das tecnologias nos processos
comunicativos e como elas podem modificar a forma de comunicar. Desse modo, optamos
por fazer um vídeo curto, de caráter explicativo e narração simples, sem utilizar linguagem
rebuscada, onde tentamos passar o maior número de informações em pouco tempo, a fim de
manter o interesse do telespectador, que neste caso, seriam os jovens.
O vídeo se passa através da transmissão de uma mensagem que tem seu início com o
primeiro emissor, o qual transmite através de uma comunicação interpessoal. A peça segue
mostrando os diversos tipos de meios de comunicação que foram surgindo com o passar do
tempo. Ao final da peça, o último meio é o Smartphone, como sendo a representação atual
do estágio de nosso desenvolvimento tecnológico, no que diz respeito à comunicação de
fácil acesso pela massa e é neste momento que o primeiro emissor do vídeo tenta se
comunicar com o último receptor, obtendo falha na comunicação devido ao comodismo
deste último, preso a tecnologia presente em sua vida.
Cena 1 – Exemplifica a relação interpessoal,
onde a espontaneidade estava presente,
através da troca de olhares, expressões e
sentimentos. Há uma conversa direta entre
emissor
e
receptor
e
a
reação
dos
interlocutores é perceptível.
Cena 2 – Marca o início da interferência entre os
interlocutores.
Agora,
há
a
mediação
da
comunicação pelo instrumento da carta, não sendo
mais possível a interpretação vivaz das reações do
emissor e do receptor, ao mesmo tempo em que
supera a dificuldade da comunicação à distância.
Cena 3 – O telefone tornou possível a superação
da dificuldade do tempo que havia no período das
cartas, pois se utilizava de uma tecnologia rápida e
dinâmica, mediada por fios que permitiam a
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transmissão de mensagens rápidas, através da fala, permitindo novamente o contato
emocional entre a fonte e o destinatário.
Cena 4 – Ilustra a comunicação através do
computador, máquina que passou a desenvolver
atividades do homem, revolucionando a forma de
se comunicar e aumentando a interação do
homem com a máquina, visto que desta forma o
emissor
poderia tanto falar quanto ver ou
escrever ao receptor.
Cena 5 – Devido à dificuldade de portabilidade
do computador, máquinas cada vez menores
foram
produzidas.
Estas
compactavam
as
funções de máquinas maiores em um único
aparelho. Desta forma, a comunicação tornou-se
ainda mais rápida e com o bombardeamento de
informações, os interlocutores passaram a se comunicar apenas através das telas dos
aparelhos.
Cena 6 – Na sociedade atual, o espaço ocupado
pelas tecnologias está crescendo rapidamente,
enfraquecendo a comunicação interpessoal, e
agora, quando há a tentativa de se comunicar
pessoalmente as pessoas estão apresentando
dificuldades,
como
a
demonstração
de
sentimentos e a inconsistência da conversação.
O gesto do ator simboliza o bloqueio na
comunicação, e a expressão facial no fim do
vídeo incita o público a refletir sobre o
assunto, pois apesar de convivermos com o
fato, não atentamos devidamente a ele.
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CONSIDERAÇÕES
Ao produzirmos a peça e o paper, percebemos a importância do tema exposto,
principalmente por ser um assunto que está no nosso cotidiano, não distante de nossa
realidade e que por isso, merece importância, não devendo ser ignorado, como tem ocorrido
ultimamente. É notável que os tempos mudaram e que não há como retroceder aos avanços
tecnológicos vivenciados até hoje, mas percebemos a importância de resgatar a interação
social pessoal entre os indivíduos e saber quando “parar” de utilizar algo que possa nos
prejudicar em diferentes aspectos. Desta forma, questionamo-nos sobre quais rumos obterão
as gerações futuras tanto no seu âmbito comunicacional, quanto social, visto que ambos
estão interligados. A proposta deste trabalho não é regredir na produção e comunicação
técnica, mas refletir sobre o modo como a utilizamos e quais as possíveis mudanças que
podemos exercer em nosso dia-a-dia, a fim de que possamos desfrutar destes instrumentos
de forma coerente, afinal, antes de fabricar instrumentos técnicos e nos tornarmos
dependentes deles, somos seres humanos e como tais, necessitamos de uma dimensão
humanista.
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9
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