42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 RELATO DE CASO: LEPTOSPIROSE CANINA CAUSADA PELO SOROVAR BALLUM NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA CASE REPORT: LEPTOSPIROSIS CANINE CAUSED BY THE SOULS OF SEROVARBALLUM OF CRUZ DAS ALMAS, BA DELCIVAN LIMA DOS SANTOS¹*, SÂNORA CAROLINE DE JESUS ROCHA¹, DIANA DE OLIVEIRA SILVA AZEVEDO¹, LUANA DE SANTANA CORREIA¹, FLÁVIA SANTIN², VERIDIANA FERNANDES DA SILVEIRA³ 1 Graduandos do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB): 1 * [email protected]. ²Professora Dra. da disciplina Clínica Médica em Pequenos Animais da UFRB. ³Professora Dra. da disciplina Laboratório Clínico Veterinário da UFRB. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo descrever um caso clínico de leptospirose canina em um labrador Retrivier, atendido na cidade de Cruz das Almas, BA, soro reagente para o sorovar Ballum, pouco descrito na literatura, além do Grippothyphosa e Icterohaemorragiae. Após o resultado da sorologia foi realizado tratamento conforme indicação da literatura. Segundo o proprietário o animal recuperou-se completamente após o tratamento. Palavras-chave: cão; Didelphis albiventris; sorologia ABSTRACT 0217 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 This study aimed to describe a case of canine leptospirosis in a labrador retriever, met in the city of Cruz das Almas, BA, soro reagente for serovar Ballum, little reported in the literature, beyond Grippothyphosa and icterohaemorragiae. After the result of serology treatment was required as indicated by literature. According to the owner of the animal recovered completely after treatment. Key words: dog; Didelphis albiventris; serology INTRODUÇÃO A leptospirose é uma doença bacteriana infectocontagiosa que acomete o homem, os animais domésticos e silvestres (Prescott, 2008). Os cães são susceptíveis a todos os sorogrupos de leptospiras conhecidos e adquirem a doença através do contato com a urina ou sangue de outros animais infectados, dentre eles ressalta-se a importância dos roedores e gambás, que funcionam como fonte de infecção, pois atuam como reservatórios de diversos sorovares (Millánet al., 2009). Diante disso, objetiva-se descrever um caso clínico de leptospirose canina, soro reagente para o sorovar Ballum provavelmente adquirido por contato com um gambá (Didelphisalbiventris), sendo o tratamento realizado conforme indicação da literatura. RELATO DE CASO Foi solicitado o atendimento veterinário para um canino, Labrador Retriever, fêmea, com sete anos de idade. O proprietário relatou que o animal foi deixado no quintal de sua residência por três dias enquanto o mesmo viajava. Ao retornar, percebeu que o animal apresentava-se sem vontade de se alimentar e junto ao mesmo foi encontrado um Didelphis 0218 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 albiventris (gambá) morto. Ao exame físico constatou-se apatia, êmese, icterícia generalizada, taquipnéia, taquicardia, hiperemia ocular e hipertermia (39.5°C). Foram realizados exames complementares como hemograma e sorologia para leptospirose através do método de Soroaglutinação Microscópica com Antígenos Vivos (SAM). Com o resultado da sorologia, foi prescrito Metoclopramida, SC (2 dias), Ranitidina, VO (15 dias), Ampicilina SC, até completar 15 dias e após, administração de Doxiciclina, VO (10 dias). Após seguir este protocolo farmacológico, o animal se recuperou completamente. RESULTADOS e DISCUSSÃO Os animais silvestres atuam de forma relevante na epidemiologia da leptospirose, pois roedores e gambás (Didelphis albiventris), se comportam como reservatórios de diversos sorovares (Millánet al., 2009). Os sinais clínicos de leptospirose canina são variáveis, dependendo da idade e imunidade do hospedeiro, dos fatores ambientais que afetam os microrganismos e da virulência da variedade infectante (Prescott, 2008). Segundo Mccandlish (2001), observa-se inicialmente hipertermia, vômito, depressão, anorexia e olhos vermelhos o que pôde ser constatado no presente caso. Ainda foi possível notar através do exame físico, icterícia generalizada que de acordo com Greene et al. (2006), ocorre principalmente devido à disfunção de hepatócitos, decorrente de uma lesão à nível celular. Em relação aos exames complementares, segundo Birchard e Sherding (2003) podem ser observados no hemograma, leucopenia no início da infecção, neutrofilia com desvio a esquerda e trombocitopenia, sendo que no presente caso, só foi possível observar trombocitopenia. De acordo com Garcia-Narravo e Pachaly (1994), cães acometidos de forma severa 0219 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 podem apresentar trombocitopenia, devido à lesão vascular e aumento do consumo de plaquetas em hemorragias. O método de Soroaglutinação Microscópica com Antígenos Vivos é o exame sorológico padrão para o diagnóstico da leptospirose (Brasil, 1995).Através do mesmo foi possível chegar o diagnóstico do caso, pois foi apresentado título de 1:200 para Grippothyphosa, 1:100 para Icterohaemorragiae e 1:100 para Ballum. No Brasil, os sorovares canicola, pyrogenes, grippotyphosa, pomona, ballum, australis, foram isolados de animais silvestres, roedores e marsupiais (Rubelet al., 1997). Os sorovares mais comumente associados e conhecidos da leptospirose canina clássica são Icterohaemorrahagiae e Canicola (Alveset al., 2000), o sorovar Ballum possui poucos registros na literatura quanto ao desenvolvimento do quadro clínico, porém sabe-se que o mesmo está presente em animais silvestres, sendo que estes funcionam como veículos de infecção para as demais espécies domésticas e de vida livre. CONCLUSÃO Quase todas as espécies domésticas e silvestres podem adquirir a leptospirose, tornarem-se portadores e eliminar o agente etiológico no ambiente. Neste relato, a suspeita da transmissão foi dada ao animal silvestre de vida livre, o gambá (Didelphis albiventris), já que o mesmo foi encontrado morto ao lado do cão, sendo este soropositivo a um sorovar distinto (Ballum). Devido ao fato dos animais silvestres serem contribuintes para a disseminação da doença, medidas profiláticas gerais devem ser tomadas, como o controle de roedores, limpeza do ambiente e restrição de acesso de cães a ambientes externos, evitando 0220 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 assim a exposição dos mesmos a sorovares poucos estudados e relatados como Ballum. REFERÊNCIAS Alves C.J.; Andrade J.S.L.; Vasconcellos A.S.; Morals Z.M. Azevedo S.S., Santos F.A. [2000]. Avaliação dos níveis de aglutininas antileptospira em cães no município de Patos PB, Brasil. RevBrasCiêncVet, v.7, n.1, 2000. Disponível em: <http://www.uff.br>/Acesso em: 18/08/2015; BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Leptospirose, Brucelose e outras doenças Infecciosas Bacterianas. In: SHERDING, R.G.Clínica de pequenos Animais. 2ed. São Paulo: Roca, 2003, Seção 2,p.147-150; BRASIL. Manual de Leptospirose. Ministério da Saúde. 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