WILSON ROBERTO RODRIGUES NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE ALUNOS APÓS O ESTUDO FORMAL MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PUC/SP SÃO PAULO 2005 WILSON ROBERTO RODRIGUES NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE ALUNOS APÓS O ESTUDO FORMAL Dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Educação Matemática, sob a orientação da Profª. Dra. Tânia Maria Mendonça de Campos. PUC/SP SÃO PAULO 2005 BANCA EXAMINADORA Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos ou científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. ASSINATURA:_______________________LOCAL E DATA:_______________ DEDICATÓRIA A minha esposa Lúci e meus filhos, Flávia e Wilson. AGRADECIMENTOS À sensação de satisfação, de entusiasmo e de dever cumprido, que necessariamente se faz presente no momento em que se conclui um trabalho como este, junta-se, com a mesma intensidade, a de gratidão para com todas as pessoas que dele fizeram parte e que possibilitaram sua concretização com orientações, amizade, compreensão e incentivo nos momentos difíceis. À Professora Dra Tânia Maria Mendonça de Campos, pela orientação segura, pelas idéias sempre oportunas e enriquecedoras e, sobretudo, pelo privilégio de um convívio afável, propiciado pelas muitas horas de leitura e discussão do trabalho, e pela sua larga experiência de pesquisadora que me proporcionou momentos de rico aprendizado. À Professora Dra Sandra Maria Pinto Magina, que partilha com a Profa Tânia a coordenação do Grupo de Pesquisa, pelo entusiasmo contagiante transmitido aos membros do grupo e por suas valiosas sugestões, seja individualmente, seja nas discussões dos seminários do grupo, que certamente em muito enriqueceram este trabalho. À Professora Dra Otília Therezinha W. Paques, pela amizade e consideração que sempre me dedicou, pelas oportunidades que me proporcionou, pela motivação na busca deste mestrado e pela colaboração na leitura e julgamento do trabalho na Prova de Qualificação. Ao Professor Dr Vincenzo Bongiovanni, pela meticulosa análise do trabalho na fase de qualificação e pelas inúmeras sugestões apresentadas, que muito contribuíram para o enriquecimento do conteúdo deste trabalho e que me sugeriram caminhos para os trabalhos de análise que sucederam a Prova de Qualificação. Aos colegas Alécio, Angélica, Aparecido, Conceição, Leonel, Raquel e Vera, pela oportunidade de discussões acaloradas e enriquecedoras, pelas pacientes leituras de trechos do trabalho, pelo auxílio nas análises, pela aplicação das questões a seus alunos, enfim, pelo privilégio de poder desenvolver o trabalho num autêntico grupo de pesquisa. Aos colegas, professores da Escola Preparatória de Cadetes do Exército: Samuel, pelo apoio e trocas de experiências ao longo de todo o mestrado; Márcia e Maria da Graça, pelo auxílio na redação em inglês; e Wallace Fauth, pela meticulosa revisão do texto. Por fim, à minha esposa Lúci, a quem dedico este trabalho, pelo constante incentivo e pela compreensão carinhosa de minha ausência nas horas a ele dedicadas, o que certamente tornou mais ameno o caminho percorrido, que agora se conclui, com a graça de Deus. RESUMO Este trabalho tem por objetivo identificar aspectos do conceito de fração, relativos aos significados parte-todo e quociente, que permanecem não apropriados por alunos em fase de escolarização posterior ao ensino formal desses números. Para isso, busca-se a resposta para a seguinte questão de pesquisa: “Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo e quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava série do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino Superior na área de exatas?”, a qual remete a uma segunda questão: “Que ligações existem entre essas dificuldades e as deficiências, já apontadas por outras pesquisas, da prática pedagógica,?”. Três idéias nortearam a busca dos fundamentos teóricos: a gênese do número racional, focando-se as idéias de Caraça (1952); os princípios da psicologia cognitivista, fundamentados nas idéias de Vygotsky e Vergnaud; bem como as idéias de alguns educadores matemáticos, que propõem modelos específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi elaborado um instrumento composto de 48 questões envolvendo o conceito de fração nos significados parte-todo e quociente, em três níveis de dificuldade, aplicado a 13 alunos de oitava série, 31 alunos do terceiro ano do Ensino Médio e 29 alunos do Ensino Superior, na área de exatas. Os resultados obtidos foram considerados sob os pontos de vista quantitativo e qualitativo, constatando-se que, mesmo nesses níveis de escolaridade, os alunos ainda apresentam dificuldades significativas sob três pontos de vista: da compreensão do papel da unidade nos problemas envolvendo frações; das peculiaridades das situações envolvendo grandezas discretas; e de aspectos mais abstratos da construção dos números racionais, como a inclusão dos inteiros e a explicitação de soluções em termos de operações com frações. Por fim, procurou-se associar essas dificuldades a aspectos da prática pedagógica levantados por outros pesquisadores, a fim de levantar hipóteses para suas possíveis causas. Palavras-chave: frações, problemas, concepções, Educação Matemática. ABSTRACT This work is aimed at identifying the fraction concept aspects related to the part-whole and quotient meanings, which remain not learned by students during the learning period that follows the formal teaching of these numbers. For this task, we sought to answer the following research question: “Which aspects of the fraction concept in the part-whole and quotient meanings remain not learned by eighth grade students of elementary education, third grade high school students and higher education students in the exact sciences area?”. This question leads us to a second one: “What connections are there between these difficulties and the teaching practice deficiencies already mentioned in other researches?” Three great ideas have guided the search for theoretical bases: the genesis of the rational number, focusing on the ideas of Caraça (1952), the principles of cognitivist psychology, based on Vygotsky's and Vergnaud's ideas, and the ideas of some mathematical educators who propose specific models for rational numbers, with an emphasis on Kieren, Behr, Nunes, Mack and Esolano and Gairín. An instrument was developed containing 48 questions involving the fraction concept in the part-whole and quotient meanings, in three levels of difficulty. It was taken by 13 eighth graders, 31 high shool students and 29 higher education students in the exact sciences area. The results obtained were considered under the quantitative and qualitative points of view, and it could be observed that, even in these learning levels, students still have considerable difficulty regarding the role of the unit in problems involving discrete situations and more abstract aspects of building rational numbers, like the insertion of integers and the clearing of solutions in terms of operations with fractions. At last, we sought to associate these difficulties to aspects of the teaching practice listed by other researchers, in an attempt to raise hypotheses for possible causes. Keywords: fraction, problems, conception, Mathematical Education. ÍNDICE INTRODUÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA ................................................... 10 CAPÍTULO I - FUNDAMENTOS TEÓRICOS..................................................... 18 1.1 Caraça: A construção do Conjunto dos Números Racionais ........... 19 1.2 Vygotsky: Conceitos Científicos e Cotidianos .................................. 22 1.3 Vergnaud: A Teoria dos Campos Conceituais ................................. 23 CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................... 31 2.1 Kieren: Os Subconstrutos do Número Racional ............................... 32 2.2 Nunes e Bryant: Uma Classificação Baseada em Vergnaud ........... 39 2.3 Behr: Considerações Sobre o Conceito de Número Racional ......... 44 2.4 Nancy Mack: O Conhecimento Intuitivo............................................ 46 2.5 Escolano e Gairín: Uma Crítica ao Modelo Parte-Todo ................... 52 2.6 Silva: Proposta de Mudanças de Paradigma................................... 58 2.7 Bezerra: Construindo o Conceito por Situações Significativas ....... 61 2.8 Santos: Um Diagnóstico das Concepções dos Professores............. 62 CAPÍTULO III – METODOLOGIA ...................................................................... 65 3.1 Fundamentos Metodológicos ........................................................... 65 3.2 Descrição do Experimento ............................................................... 66 3.2.1 Montagem do Instrumento de Pesquisa................................ 66 3.2.2 Universo de Estudo............................................................... 71 3.2.3 Estudos Preliminares............................................................ 72 3.2.4 Aplicação do Instrumento de Pesquisa................................. 73 CAPÍTULO IV - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................................................................ 74 CAPÍTULO V - ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS .................... 146 CAPÍTULO VI – UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS RESULTADOS ............ 179 6.1 – A fração Imprópria no Significado Parte-todo e o Papel da Unidade......................................................................................... 180 6.2 – A Cardinalidade.............................................................................. 189 6.2 – Quociente e Grandezas Discretas................................................ 194 6.4 – A Capacidade de Formalizar......................................................... 199 CAPÍTULO VII – CONCLUSÃO......................................................................... 208 7.1 – Considerações Iniciais................................................................... 208 7.2 – Síntese dos Resultados Obtidos.................................................... 210 7.3 – Respondendo à Questão de Pesquisa........................................... 217 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 224 ANEXOS.............................................................................................................. 229 Anexo I – Fração Imprópria no Significado Parte-todo – Tabulação das Respostas................................................................................................ 230 Anexo II – O instrumento de Pesquisa................................................... 233 INTRODUÇÃO A aquisição do conhecimento matemático escolar, como modernamente é concebida, pressupõe que o aluno desenvolva sua capacidade de estabelecer relações entre conceitos correlatos, construindo uma teia de saberes relacionados, que possibilite agregar novos conhecimentos ao seu repertório – embasando-se em etapas anteriores – e, assim, construir um conjunto de conceitos que, interligados uns aos outros, constituir-se-ão em seu conhecimento matemático. Os livros didáticos procuram estabelecer seqüências que direcionem essas correlações, com base nos próprios critérios de verdade da Matemática e na transposição didática1 necessária para que o conhecimento científico seja acessível ao aluno, em cada uma das fases do estudo. É da própria natureza da Matemática esse entrelaçamento de conceitos, e as rupturas nesse processo são sempre traumáticas para o prosseguimento do trabalho de construir o conhecimento matemático. Diversos pesquisadores têm apontado, nesse processo, pontos críticos, que são fontes de dificuldades para o ensino da matemática escolar; e alguns 1 A expressão Transposição Didática tem, neste texto, o sentido atribuído a ela por Chevallard (1991), 10 desses pontos são particularmente sensíveis, como a introdução dos números racionais, a partir dos naturais ou a introdução do conhecimento algébrico. Como professor de Matemática no Ensino Médio, tenho constatado o quanto essas deficiências dificultam o aprendizado, daí a motivação para pesquisar as concepções de número racional dos alunos que já passaram pela fase de estudo formal2 desses números, tentando obter um melhor conhecimento dessas concepções, levantar pontos críticos e proporcionar subsídios para que novos trabalhos apresentem propostas de intervenções para minimizá-los. Assim, a pesquisa deverá ser pautada na busca de atingir o seguinte objetivo: Identificar aspectos do conceito de número racional cuja construção não se tem revelado eficaz no período da educação básica, quando são trabalhados em sala de aula, e que permanecem sem ser apropriados pelos alunos por longo tempo, durante o processo de escolarização. O trabalho focará a forma fracionária do número racional positivo, ou seja, números da forma p/q, com p e q naturais e q≠0. Estes números aqui receberão simplesmente a denominação de fração. Esta pesquisa faz parte de um trabalho mais amplo que se desenvolve na PUC-SP, cuja abrangência é o ensino e a aprendizagem de frações, e procura investigar as concepções a respeito desse objeto matemático, tanto de alunos quanto de professores, em todas as etapas da escolarização. Esse conjunto de 2 Estudo formal é aqui entendido como o estudo realizado em ambiente escolar, com base em planejamento curricular. 11 pesquisas integra um programa de cooperação entre a Oxford University, a Oxford Brookes University e o Centro das Ciências Exatas e Tecnologia da PUC – SP. No Brasil, o conceito de fração tem seu ensino iniciado, formalmente, a partir do segundo ciclo do Ensino Fundamental, (entre 3ª e 4ª séries), estendendo-se pelo menos até o final do terceiro ciclo (5ª e 6ª séries). Pesquisas recentes (Kieren, 1988; Mack, 1990; Campos e Cols, 1995; e Nunes, 1997), têm evidenciado dificuldades em relação a esse conceito, seja do ponto de vista de seu ensino, seja de sua aprendizagem. Alguns aspectos levantados nas pesquisas citadas merecerão especial destaque neste trabalho, como as conclusões de Campos e Cols, citadas por Nunes (1997), em que as pesquisadoras demonstram que, quando os alunos são incentivados apenas a empregar procedimentos de dupla contagem para representar uma fração, podem até resolver problemas de frações, sem, contudo entender o significado desse novo tipo de número. Nunes (ibid) chama a atenção para o fato de que as crianças tomam posturas diferentes em problemas com frações, quando eles envolvem situações cotidianas ou quando envolvem situações de avaliação escolar, sugerindo que há uma dificuldade em relacionar os problemas contextuais aos algoritmos, que são aprendidos para operar com as frações. A pesquisadora ainda destaca o fato de que também pode ocorrer o contrário: crianças que dominam os algoritmos e operam corretamente com frações podem não ter a compreensão perfeita do que é o número racional em todas as suas nuances. Nunes (2003) propõe uma classificação de situações em que as frações são usadas, entendendo que propor essa classificação é o mesmo 12 que propor uma teoria sobre quais são os efeitos do raciocínio das crianças sobre frações. Para a autora, os problemas envolvendo frações abrangem as idéias de relações parte-todo, quociente, medida, operador multiplicativo e número. Esses significados serão detalhados nos capítulos subseqüentes. Kieren (1988), destaca que os números racionais não podem ser considerados simplesmente como uma extensão dos naturais, e aponta algumas de suas peculiaridades, com ênfase para a complexidade que envolve a idéia de unidade nesse conjunto numérico. Kieren (ibid) também apresenta algumas pesquisas que retratam o comportamento de crianças diante de situações em que são solicitadas a manipular o referencial para representar uma grandeza através de uma fração, identificando aí um ponto crítico na construção do conceito. O autor também entende que a compreensão plena do número racional só será conseguida se esses números forem estudados segundo as diversas maneiras em que aparecem nos problemas, optando pela palavra “subconstrutos”, em vez de significados, para definir esses tipos de situação. Em comum com Nunes, a classificação de Kieren apresenta os subconstrutos quociente, medida e operador, mas difere por não considerar o significado parte-todo e por incluir o subconstruto razão. As pesquisas comentadas acima, associadas ao fato de que os alunos costumam apresentar dificuldades no emprego da fração mesmo após o período de estudo formal desse conteúdo, proporcionaram a motivação para investigar até que ponto os alunos de nível de escolaridade mais elevado dominam o conceito de número racional em suas diversas peculiaridades, tanto em situações contextuais, quanto formais, com ênfase para as primeiras. 13 A partir desses pressupostos, neste trabalho pretende-se investigar as concepções do número racional, em sua representação fracionária e nos significados parte-todo e quociente, por alunos que já concluíram o estudo formal das frações. A pesquisa foi estruturada levando em conta a idéia de construção do conceito de Vygotsky, a Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e as idéias de Kieren e Nunes a respeito dos números racionais. A palavra “concepção”, do ponto de vista da Didática, é entendida por Balacheff como uma quádrupla, identificada por C=(P, R, L, ∑) em que • P é um conjunto de problemas sobre o qual C opera; • R é um conjunto de operadores; • L é um sistema de representação, que permite exprimir os elementos de P eR • ∑ é uma estrutura de controle, que assegura a não contradição de C. Segundo esse ponto de vista, pode-se dizer que um problema p, pertencente ao conjunto P, será considerado resolvido se existir um operador r, do conjunto R e uma estrutura s, do conjunto ∑ tal que s(r(p)) seja verdadeira. Para Balacheff, portanto, um operador sempre transforma um problema em novo problema e a condição para que um problema p pertença a P é que exista uma seqüência de transformações em R que o conduza a um problema resolvido segundo o critério de ∑. (Balacheff, 1994, p.225). Não será objeto do presente trabalho explicitar os componentes da concepção, conforme proposto por Balacheff. Portanto, o termo concepção será aqui entendido, de maneira menos formal, como o ato de criar mentalmente, de formar idéias, especialmente abstrações, que contribuirão para a formação do conhecimento explícito do sujeito. Esse conhecimento será identificado pelas 14 representações simbólicas assumidas por esse sujeito, tais como expressão oral ou escrita, buscando retratar, por meio dessas expressões, o estado em que se encontra o conceito para o sujeito. A idéia é aplicar a sujeitos de escolaridade mais elevada as questões propostas por Campos e Cols, Mack e Kieren, além das questões que couberem dos trabalhos em Moutinho(2005) e Merlini(2005), juntamente com outras elaboradas pelo pesquisador em níveis diferentes de dificuldade, que pretendem fornecer elementos para detectar pontos críticos nas concepções e principais dificuldades apresentadas pelos sujeitos de pesquisa. A escolha de apenas dois significados como objeto de pesquisa deveu-se à impossibilidade de abranger todos os significados a partir da metodologia adotada, considerando a extensão do trabalho. A opção por parte-todo e quociente levou em conta que esses significados estão, no entendimento deste pesquisador, mais associados às fases iniciais da construção do conceito de número racional, sendo, portanto, mais apropriados para a identificação dos pontos críticos desse processo. O trabalho parte da hipótese de que o ensino formal de frações não tem sido capaz de fornecer aos alunos elementos para que esse conceito seja plenamente desenvolvido, mesmo em estágios avançados da escolarização. Por isso pretende responder à seguinte questão de pesquisa: Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo e quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava série do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino Superior na área de exatas? 15 Essa questão conduz, de maneira natural, a uma outra: Que ligações existem entre essas dificuldades e as deficiências da prática pedagógica, já apontadas por outras pesquisas? Para tentar responder a essas questões este trabalho foi estruturado em capítulos, cujos resumos são descritos a seguir. Nestas palavras iniciais foram apresentadas algumas considerações sobre os números racionais e as dificuldades relativas à aquisição desse conceito, que nos conduziram a formular a presente questão de pesquisa. Os capítulos 1 e 2 procuram fundamentar a pesquisa em termos teóricos, partindo da gênese número racional, conforme proposto por Caraça (1952), das idéias sobre a construção do conceito, segundo as visões de Vygotsky e Vergnaud, e das considerações específicas sobre as frações de Kieren (1981, 1988 e 1993), Nunes (1997 e 2003), Behr (1983), Mack (1990 e 1995), e Escolano e Gairín (2005) e das observações de Silva (1997), Bezerra (2002) e Santos (2005) sobre universos próximos aos do interesse desta pesquisa. O capítulo 3 apresenta a metodologia empregada, a seleção do público alvo e os critérios utilizados para a elaboração do instrumento de pesquisa, sua testagem e aplicação. O Capítulo 4 apresenta uma descrição e uma análise do instrumento de pesquisa, procurando detalhar os objetivos esperados com cada item, as respostas esperadas e o grau de dificuldade. O Capítulo 5 apresenta o resultado das tabulações das respostas apresentadas aos itens, em termos de certo ou errado, permitindo um 16 levantamento de pontos críticos que fornecerão subsídios para uma análise qualitativa. Os Capítulos 6 e 7 apresentam, respectivamente, a análise qualitativa do resultado da pesquisa e as conclusões e considerações finais obtidas através dessa análise. Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas. Os itens que constituíram o instrumento de pesquisa, bem como algumas das tabelas da análise qualitativa, estão incorporados ao trabalho sob a forma de anexos. 17 CAPÍTULO I FUNDAMENTOS TEÓRICOS O presente capítulo procura buscar subsídios para fornecer uma base teórica ao objeto da pesquisa: a avaliação do desempenho dos alunos acerca dos números racionais em diferentes etapas da escolarização, principalmente nas mais avançadas. Três grandes idéias nortearam a busca dos fundamentos teóricos: a gênese do número racional, enquanto conceito fundamental da Matemática; os princípios da psicologia cognitivista, que procura construir modelos para compreender a construção do conceito; e as idéias de alguns educadores matemáticos, que, a partir dessas teorias, propõem modelos específicos para o estudo dos números racionais. Com relação à origem primeira dos números racionais e sua inserção no conhecimento matemático, serão tomadas como referência as idéias de Caraça (1952), que descrevem o surgimento do campo dos números racionais a partir das necessidades humanas e de princípios gerais em que se fundamenta a construção da Matemática. Do ponto de vista da psicologia cognitivista, a visão de Vygotsky a respeito da formação e evolução do conceito, e as idéias de Vergnaud – que entende o conceito como algo construído ao longo do tempo, dentro de um conjunto de situações, operações mentais e representações – se mostram adequadas ao estudo, uma vez que só teria sentido considerar as concepções dos sujeitos sobre um assunto tipicamente escolar, fora do período em que ele é estudado na 18 escola, se a construção do conceito for entendida como um processo dinâmico que se completa e se sofistica ao longo da vida do indivíduo. Com relação aos aspectos peculiares à aprendizagem do número racional, diversos autores têm proposto bases teóricas para esse estudo, com destaque para Kieren(1981, 1988, 1993) e Nunes e Bryant(1997, 2003). O primeiro propõe que os números racionais sejam compreendidos segundo quatro subconstrutos, e que em seu estudo sejam considerados tanto elementos intuitivos quanto formais; e Nunes e Bryant propõem uma classificação do número racional em significados, que será tomada como base nesta pesquisa. Os tópicos seguintes pretendem detalhar cada uma dessas considerações. 1.1 - CARAÇA: A CONSTRUÇÃO DO CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS Um bom ponto de partida para se pensar na construção dos números racionais encontra-se em Caraça (1952). Nessa obra, o autor procura apresentar os números racionais como a resposta do homem à necessidade de comparar grandezas quando a habilidade de contar, que ele já dominava, não foi suficiente para responder à questão de quantas vezes uma grandeza era maior que a outra. Segundo o texto citado, esse problema começou a ser resolvido a partir da idéia de se estabelecer um padrão para comparar grandezas de mesma espécie e se denominar medida da grandeza à resposta da questão “quantas vezes essa grandeza é maior que o padrão, tomado como unidade de comparação?”. Segundo Caraça, esse problema de medir envolve três aspectos distintos: a 19 escolha da unidade, a comparação com a unidade e a expressão do resultado dessa comparação por um número. O problema de expressar a medida de uma grandeza em relação a outra teria solução imediata, dada pelo quociente das duas medidas, sempre que fosse possível efetuar a divisão entre os números inteiros que as representavam. Um impasse viria a surgir, porém, quando essa divisão não era possível. A busca da solução para esse problema, culminou, ao fim de um longo processo, na simples negação dessa impossibilidade, e a divisão indicada, antes considerada impossível, passou a ser vista como a representação de um novo tipo de número, que expressa o resultado da divisão, agora considerado como possível, apesar de não poder ser expresso por um número inteiro. Dois princípios básicos que orientam a evolução de toda a Matemática estão presentes na construção do conjunto dos números racionais: o princípio da extensão, segundo o qual, na construção de um novo conhecimento, este deve manter válido e englobar o conhecimento já existente; e o princípio da economia, segundo o qual as operações usadas para resolver problemas na situação antiga devem ser as mesmas operações usadas para resolver problemas análogos na nova situação. Assim, os casos de medição que tinham como resultado um número inteiro devem ser considerados casos particulares de medição nesse novo conjunto numérico, que será denominado conjunto dos números racionais. Isso significa que todo número inteiro deve ser também um número racional. A partir desses dois princípios, os números racionais foram definidos, com suas propriedades e operações. O fato de serem uma extensão dos números naturais, entretanto, não impede que os números racionais apresentem algumas peculiaridades que têm 20 trazido ao longo do tempo dificuldades à sua aprendizagem e por isso esses números têm sido objeto de inúmeros estudos. Dos aspetos citados por Caraça(1952) na construção do número racional, um deles merecerá atenção especial nesta pesquisa: a escolha da unidade. As situações-problema que compõem o instrumento de pesquisa, baseadas nos significados parte-todo e quociente da classificação de Nunes(2003), impõem quase sempre uma reflexão sobre o referencial a ser tomado para a apresentação das respostas e essa reflexão parece não ser enfatizada no estudo escolar dos números racionais. Outras peculiaridades do número racional são o fato de que uma mesma quantidade pode ser representada por muitos significantes diferentes e que um mesmo número pode representar quantidades diferentes, em função da unidade tomada. Este segundo problema aparece principalmente quando se propõem situações contextuais, agregando dificuldades à compreensão do significado da relação de ordem entre os números racionais. A idéia de estudar essas concepções em sujeitos com um nível de escolaridade mais elevado, que já ultrapassaram a fase do estudo formal das frações, é tentar buscar elementos para se verificar quais dessas peculiaridades têm resistido mais ao tempo e exigem um maior amadurecimento do sujeito para sua plena compreensão ou uma maior atenção dos educadores para elaboração de atividades de ensino que permitam que esses aspectos sejam enfatizados no estudo desses números, durante o período escolar. O estudo também parte do pressuposto de que as concepções dos alunos não são estáticas e de que a construção dos conceitos se consolida ao longo do processo de escolarização, influenciado pelo amadurecimento, pelos 21 conhecimentos e esquemas de que o indivíduo dispõe e pelas interações a que o sujeito está submetido. 1.2 - VYGOTSKY: CONCEITOS CIENTÍFICOS E COTIDIANOS Do ponto de vista cognitivo, os pressupostos acima descritos têm sua origem primeira na idéia de construção do conceito proposta por Vygotsky, que faz considerações sobre a interação entre a vida escolar e as experiências cotidianas do sujeito no processo de construção do conceito. Vygotsky divide os conceitos em dois tipos: cotidianos ou espontâneos e científicos. Os conceitos cotidianos são desenvolvidos no decorrer da atividade prática do indivíduo e de suas interações sociais imediatas, enquanto os conceitos científicos são adquiridos por meio do ensino, como parte de um sistema organizado de conhecimentos particularmente relevantes nas sociedades letradas, em que os alunos são submetidos a processos deliberados de instrução escolar. (Oliveira, 1992 p.31) Tanto os conceitos cotidianos como os científicos, embora estes últimos sejam transmitidos em situações formais, passam por um processo de desenvolvimento, isto é, não são aprendidos em sua forma definitiva. As experiências futuras do sujeito tenderão a fazer com que os conceitos cotidianos, que se iniciam no confronto com uma situação concreta, expandam-se no decorrer das leituras e dos trabalhos escolares posteriores, enquanto os conceitos científicos, a partir também das experiências cotidianas, agreguem elementos dessas experiências e caminhem em direção a um nível mais elementar e 22 concreto, num processo em que tanto os conceitos científicos quanto os cotidianos caminham em direção a um ponto comum. Pode-se mesmo dizer que os conceitos cotidianos têm um desenvolvimento ascendente (rumo aos científicos) e que os conceitos científicos têm um desenvolvimento descendente (em direção aos cotidianos). A proposta de explorar o conceito de fração, que é um conceito científico na medida em que é apresentado de maneira formal nos currículos escolares, a partir de situações contextuais, procura detectar indícios da ocorrência dessa convergência e de possíveis pontos críticos, de modo a fornecer elementos para a formulação de propostas de atividades intervencionistas. 1.3 - VERGNAUD: A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS A idéia da construção do conceito como um processo dinâmico no desenvolvimento das estruturas cognitivas do indivíduo, que se completa ao longo do tempo, proposta por Vygotsky, ganha novos elementos com as idéias de Vergnaud, que se constituirão no referencial teórico mais significativo da presente pesquisa. Embora Vergnaud não despreze as considerações de Vygotsky de que os conceitos são construídos a partir das situações a que o sujeito se submete dentro ou fora da escola, e de que esses conceitos evoluam e se sofistiquem ao longo do tempo, sua teoria procura focar a construção do conceito no próprio conteúdo do conhecimento a ser construído pelo indivíduo (Franchi 1999), identificando: 1) o sentido que tem esse conhecimento para o sujeito; 2) que 23 conhecimentos anteriores são mobilizados pelo sujeito para construí-lo; e 3) de que recursos dispõe esse sujeito para representá-lo. Vergnaud parte da idéia de que o conhecimento está organizado em grandes agrupamentos informais de problemas, situações, conceitos, relações, estruturas, conteúdos e operações de pensamento, conectados uns aos outros e provavelmente entrelaçados no processo de aquisição (Vergnaud 1982), a que ele denomina campos conceituais e entende a construção do conhecimento como um processo progressivo, contínuo e demorado de domínio desses campos. Apesar de existir uma interdependência entre os campos conceituais, sendo muitas vezes necessário lançar mão de um deles para a compreensão de um outro, Vergnaud considera importante distingui-los, sempre que eles puderem ser consistentemente descritos, constituindo-se em unidades de estudo. Eles permitem dar sentido aos problemas de aquisição e às observações feitas em relação à conceitualização. (Moreira 2004) Dois campos conceituais destacam-se nos estudos de Vergnaud: o das estruturas aditivas, que é o conjunto de situações cujo domínio requer uma adição, uma subtração ou o conjunto de tais operações, e o das estruturas multiplicativas, em que está focada a presente pesquisa, que se compõe das situações cujo domínio requer multiplicações, divisões ou combinações dessas operações. Os conceitos de número racional, razão, fração, função linear, espaço vetorial, dentre outros, encontram-se no campo conceitual das estruturas multiplicativas. Os campos conceituais são, portanto, grandes conjuntos de “insumos” que propiciam a construção do conceito, e essa construção, na perspectiva de Vergnaud, se constitui no núcleo do processo de desenvolvimento cognitivo. 24 Vergnaud entende um conceito como sendo uma terna de conjuntos, freqüentemente representada por C=(S, I, R) em que • S é o conjunto de situações que dão sentido ao conceito; • I é o conjunto de invariantes que o sujeito pode mobilizar para analisar e dominar as situações do primeiro conjunto; • R é o conjunto dos recursos de que o sujeito dispõe para representar os invariantes e, conseqüentemente, as situações e os procedimentos para lidar com elas, seja na forma de linguagem, de gráficos, etc (1997, p.6; 1988, p.1; 1993 p.8) Em termos psicológicos, Vergnaud considera S a realidade, a que denomina referente, e o par (I, R) a representação, que pode ser considerada como dois aspectos do pensamento interagindo: o significado (I), que corresponde à representação do conceito interna ao sujeito e o significante (R), que representa o conceito de forma mediada pela linguagem. As considerações acima apontam para dois aspectos importantes a serem observados quando se considera o estudo do desenvolvimento de um conceito à luz da Teoria dos Campos Conceituais: 1) o de que os três elementos que constituem o conceito não podem ser considerados separadamente, sendo, portanto, sempre interdependentes entre si; e 2) o de que as situações são a principal porta de entrada para um campo conceitual, pois é através delas que o conceito adquire sentido para o sujeito. 25 A interdependência entre os elementos da terna que constitui o conceito foi representada esquematicamente por Santos (2005) pela figura a seguir, que toma componentes do conceito de fração para exemplificar a interação entre situação, invariantes operatórios e representações: S (REFERENTE) Problemas envolvendo o conceito de fração na linguagem escrita ou oral contemplando os significados: • Número • Parte-todo • Medida • Operador Multiplicativo • Quociente • Equivalência • Ordenação • Objetos, propriedades e relações I (INVARIANTES) (invariantes do conceito) • a/b, com a,b naturais e b≠ ≠0 • Pictórica • Porcentagem • Decimal R (SIGNIFICANTE) (representações simbólicas) Cada um desses elementos será objeto de uma discussão mais aprofundada nos parágrafos seguintes. 26 O termo situação tem, para Vergnaud, o sentido de tarefa a ser executada pelo aluno, diferentemente do sentido que Brousseau (1998) atribui à expressão situação didática. O conceito de situação não tem aqui o sentido de uma situação didática, mas o de tarefa. A idéia é que toda situação complexa pode ser analisada como uma combinação de tarefas, cuja natureza e dificuldades específicas devem ser bem conhecidas. A dificuldade de uma tarefa não é nem a soma nem o produto da dificuldade das diferentes subtarefas. É claro, contudo, que o fracasso em uma subtarefa provoca o fracasso global. (Vergnaud 1993 p.9) Vergnaud não descarta a importância da forma dos enunciados e do número de elementos em jogo dentro de uma situação, mas entende essa importância como secundária e ressalta que a teoria dos campos conceituais privilegia os modelos que atribuem papel essencial aos conceitos matemáticos em si mesmos. (1993 p.9) Essas idéias tiveram um papel fundamental na forma como este instrumento de pesquisa foi elaborado. Aos sujeitos sempre foram apresentadas situações contextuais, procurando dar sentido à idéia de fração, que deve ser mobilizada a partir desses contextos apresentados. A situação, entretanto, apesar de permitir que um conceito adquira sentido, não pode ser confundida com o próprio sentido do conceito. O sentido, para Vergnaud, “é uma relação do sujeito com as situações e os significantes” (1993 p.18). O sentido está nos esquemas evocados pelo sujeito individual por uma situação ou mesmo por um significante. Vergnaud denomina os esquemas de “organização invariante do pensamento para uma determinada classe de situações” (Moreira 2004 p.12) e 27 eles constituem o grande legado das idéias de Piaget à Teoria dos Campos Conceituais. A título de exemplificação, consideremos uma situação envolvendo o conceito de fração, com a seguinte proposta: um menino reparte um chocolate em 5 partes iguais, toma duas para si, dá três para seu irmão. Represente por frações esses pedaços de chocolate e indique qual das frações é maior. Embora existam muitas maneiras de se chegar ao resultado, não deixa de haver uma organização invariante do pensamento para resolver a questão, que passa pela repartição do chocolate, valendo-se da idéia de conservação do tamanho das partes, do agrupamento dessas partes, da escolha do referencial a ser adotado, da explicitação dessas partes como uma fração e da comparação das frações, usando como suporte o fato de que a fração maior está associada ao maior pedaço de chocolate. Uma análise mais atenta da situação descrita permite observar que o esquema recorre: a significantes (palavras, números e esquemas gráficos eventualmente utilizados pelo sujeito), a construções conceituais, (como o próprio conceito de fração), à idéia de conservação de áreas, (caso se utilize do suporte gráfico), à relação de ordem entre os números naturais. Esses conceitos e conhecimentos são geralmente implícitos e, muitas vezes, não podem ser explicitados pelo sujeito, principalmente nas fases iniciais da escolaridade, porém eles orientam o desenvolvimento da ação do sujeito, e por isso são chamados de conhecimentos-em-ação. Para Vergnaud, esses conhecimentos implícitos do sujeito são essenciais na construção do significado e, muitas vezes, se mantêm implícitos durante todo o processo de construção do conceito, ou seja, o indivíduo lança mão deles na 28 construção dos esquemas durante o processo de conceitualização, mas em geral não é capaz de explicitá-los. Quando explicitados, esses conhecimentos constituem o saber científico, mas Vergnaud(1990a) insiste que “os conhecimentos explícitos são apenas a parte visível de um Iceberg, que não seria nada sem a parte invisível , constituída pelos conhecimentos-em-ação”. A Teoria dos Campos Conceituais distingue duas grandes categorias de conhecimentos-em-ação: os conceitos em ação e os teoremas em ação. Os primeiros são os objetos, os predicados ou as categorias de pensamento tidas como pertinentes pelo sujeito na construção dos esquemas que conduzem ao conceito, enquanto os segundos são as proposições tidas como verdadeiras sobre o real que o sujeito utiliza. Vergnaud denomina, de maneira mais genérica, os teoremas e os conceitos em ação de invariantes operatórios e atribui a eles o papel de serem os responsáveis pela construção do significado do conceito, que é o núcleo do processo de conceitualização. A idéia presente nesta pesquisa, de compreender as concepções de número racional através de situações-problema e da análise dos procedimentos executados pelo sujeito para resolvê-los, está também firmemente apoiada na crítica feita por Vergnaud à postura da escola, que tem considerado as concepções prévias dos alunos como errôneas ou ingênuas, em relação às concepções científicas. Para o autor, conceber dessa maneira o conhecimento prévio do aluno, pressupõe esse aluno como incompleto, imperfeito ou deficiente em relação ao adulto especialista. Essa postura não considera o aprendiz como um sistema dinâmico, com mecanismos regulatórios capazes de assegurar seu processo cognitivo. (Vergnaud 1990 b) 29 As representações, entendidas como o significante do conceito, correspondem, na teoria dos campos conceituais, ao conjunto de representações lingüísticas, gráficas ou gestuais, que podem ser usadas para representar os invariantes, as situações e os procedimentos (1997 p. 6). Embora Vergnaud atribua grande importância às representações simbólicas na construção do conceito, sobretudo na explicitação dos conhecimentos em ação, que transformam o conhecimento implícito no saber científico, ele reconhece que um objeto em geral não pode ser representado mentalmente através de símbolos. Mesmo sendo grande a importância dos símbolos no pensamento, o conhecimento não é, em essência, simbólico. O reconhecimento de invariantes operatórios, bem como a construção de objetos e predicados de nível mais alto são aspectos mais essenciais do conhecimento. (Vergnaud 1998 p.177 ) O diagnóstico sobre as concepções de número racional que se pretende fazer nesta pesquisa partiu dos pressupostos da teoria dos campos conceituais para avaliar concepções de número racional em sujeitos de escolaridade relativamente elevada, entendendo que o domínio de todos os aspectos desse conceito corresponde a uma escalada progressiva em direção à construção do conhecimento. Nessa escalada se buscou, por meio de situações, permitir que o sujeito percebesse um “sentido” no conceito, mobilizasse seus conhecimentos implícitos para a construção de novos esquemas e expressasse a resposta utilizando-se de recursos simbólicos. Os procedimentos puramente algorítmicos não foram objeto da pesquisa, e apenas em uma situação foi solicitada a formalização do problema, com objetivo de avaliar a diferença entre a quantidade de elementos capazes de resolver o problema por meio de seu repertório de invariantes operatórios e os capazes de explicitá-lo na forma de saber científico. 30 CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As considerações aqui apresentadas pretendem trazer idéias de autores que elaboraram pesquisas específicas sobre os números racionais no âmbito do campo de estudos da Educação Matemática. Destacam-se entre estes autores, Kieren (1981, 1988 e 1993), que foi o primeiro a propor que os números racionais devem ser estudados segundo subconstrutos; Nunes(1997 e 2003), que apresenta uma classificação dos significados do número racional, adotada como referência nesta pesquisa; Behr et al (1983), que apresentam considerações sobre a importância do estudo dos números racionais; Mack (1990, 1993 e 1995), que procura estabelecer relações entre o conhecimento intuitivo do aluno e a construção formal do conhecimento e Escolano e Gairín (2005), que apresentam modelos de introdução do conceito de número racional a partir do significado “medida”. Também foram destacados trabalhos de Silva (1997), Bezerra (2001) e Santos (2005) por se reportarem universos próximos aos do interesse desta pesquisa e enfocarem aspectos que poderão se constituir em subsídios para a busca de respostas à questão de pesquisa. 31 2.1 - KIEREN: OS SUBCONSTRUTOS DO NÚMERO RACIONAL Thomas Kieren foi um dos primeiros pesquisadores a chamar a atenção da comunidade científica para a complexidade do conceito de fração e propôs, em artigo de 1976, que a compreensão desse conceito deve levar em conta sete interpretações que mantêm relações entre si e que devem ser consideradas segundo as estruturas matemáticas, as estruturas cognitivas e as estruturas instrucionais envolvidas (Martinez, 1992). As interpretações propostas por Kieren são assim enumeradas: • frações que podem ser somadas, subtraídas, comparadas, etc; • frações decimais, como uma extensão do sistema decimal de numeração; • classes de equivalência de frações; • números da forma p/q com p e q inteiros e q≠0, isto é, razões de inteiros; • operadores multiplicativos; • elementos de um conjunto quociente infinito • medidas ou pontos na reta numérica. Em artigos posteriores, Kieren (1981, 1988 e 1993) mudou a classificação apresentada originalmente e substituiu o termo interpretações do número racional pelo termo subconstrutos. Kieren tomou como base o trabalho do filósofo Henry Margenau, que denomina construtos teóricos a objetos mentais que podem ser construídos a partir de idéias mais simples que se complementam. (Kieren, 1988 p.162) 32 Margenau entende o processo de construção do conceito como o estabelecimento de relações entre as percepções e compreensões de um objeto mental (os construtos), que tem como implicações o surgimento de atos físicos ou mentais envolvidos nessa gênese. (Kieren, 1993, p.57). A proposta de Kieren, de substituir o termo interpretações por subconstrutos, é comentada por Martinez (1992). Segundo esse autor (p. 36), Kieren entendeu a noção de número racional como um construto teórico, que pode se constituir a partir de noções mais simples, chamadas subconstrutos. Essa postura diante do problema permite isolar com mais facilidade as noções essenciais para a construção do conceito. Nas interpretações, conforme Kieren havia proposto anteriormente, essas noções essenciais estavam muito interligadas e não podiam ser isoladas e identificadas com facilidade. Assim, para Kieren o conceito de número racional pode ser construído a partir da consideração dos quatro seguintes subconstrutos (Kieren, 1988 p.166): • quocientes; • operadores; • medidas; • razões. O autor não considera o subconstruto parte-todo como outros pesquisadores, entendendo que as idéias que o constituem já estão presentes nos subconstrutos quociente, operador e medida (Kieren, 1993, p.57). Esse enfoque surgiu aparentemente da necessidade de isolar as noções que são mecanismos para a construção do conceito, como as de partição e equivalência, daquelas que são específicas do construto. Martinez (1992) ainda argumenta que não seria possível fazer essa separação a partir das 33 interpretações, como proposto anteriormente, pois naquele caso essas idéias aparecem muito inter-relacionadas. A mudança proposta por Kieren também sugere um desvio de foco do pesquisador, pois as interpretações, como apresentadas no primeiro artigo, pareciam privilegiar as estruturas matemáticas envolvidas no conceito, enquanto a idéia de subconstrutos parece atribuir mais ênfase às estruturas cognitivas. Aprofundando suas considerações sobre a construção do conceito de número racional, Kieren propõe um modelo teórico para essa construção que procura apresentar as possíveis interconexões entre as idéias que formam o conceito, partindo das situações presentes no conhecimento intuitivo do sujeito até o estágio da formalização. O modelo é apresentado sob a forma de um mapa em que se identificam quatro níveis pelos quais deve passar a construção do conceito de numero racional (Kieren, 1993 p. 64-65): • o nível dos conhecimentos intuitivos • os subconstrutos, • um terceiro nível, obtido a partir dos subconstrutos em direção a um pensamento multiplicativo mais formal • o conhecimento estruturado nos números racionais dentro de um conjunto quociente. Na busca de explicações para essa evolução do processo de construção do conceito, Kieren (1993) considera que a partição e a obtenção da fração com numerador unitário da forma 1 tem, para a criança, o mesmo papel de um b axioma na construção do número racional como elemento de um conjunto quociente. Denominando essa operação de thinking tool, o autor volta a enfatizar 34 a idéia de que o número racional deve ser visto primeiro como um conhecimento humano e só posteriormente como uma construção lógica formal. Outro aspecto interessante do número racional é o fato de ele ter, ao mesmo tempo, um caráter de quociente e um caráter de razão. Quando visto como quociente ele responde à questão “quanto?” e quando visto como razão ele estabelece uma propriedade relacional entre a parte e o todo. Essa complementaridade fica bem expressa nas respostas de crianças de 7 a 9 anos à situação abaixo, em que lhes foi solicitado repartir as pizzas já divididas ao meio entre as pessoas dos grupos A e B: Fonte: Kieren, 1993 p.54 Em resposta à pergunta “quem ganhará mais pizza, as pessoas do grupo A ou do grupo B?”, numa pesquisa, com crianças entre 7 e 9 anos, predominaram respostas do tipo B receberá meia pizza por pessoa, e A receberá meia pizza por pessoa, e mais um pedaço, entendendo que a metade que sobra deva ser dividida em 7 partes e repartida entre os membros do grupo. Esse tipo de resposta denota uma complementaridade entre as idéias de quociente (dividir o pedaço que sobrou em 7 partes) e razão (estabelecer a propriedade relacional entre o número de pizzas e o número de pessoas) que são mobilizadas pela criança para resolver o problema. 35 Outro fator que demonstra que os números racionais não podem ser considerados como uma simples extensão dos números inteiros é o fato de que nos racionais a adição e a multiplicação são operações independentes. Enquanto nos inteiros a multiplicação conduz sempre a um número maior, nos racionais, a multiplicação conduz ironicamente a uma sucessão de divisões, por exemplo: multiplicar 1 1 1 por significa dividir o em 3 partes e essa operação não pode 3 2 2 ser reduzida a uma adição, como se fazia com os números inteiros. Kieren também aponta o duplo papel desempenhado pelo número 1 no campo racional como uma consideração importante a ser levada em conta na compreensão da construção desse conceito, pois o número 1 serve tanto de unidade divisível que forma a base de comparação quanto a base conceitual para a formação dos inversos multiplicativos, além, é claro, de ser o elemento neutro da multiplicação. As crianças precisam passar a ver o número 1 segundo essa visão mais complexa. O autor ilustra esse fato com a descrição de um experimento de Mack (1990) que será objeto de estudo mais detalhado na seção 2.4 deste trabalho. Este aspecto levantado por Kieren será objeto de especial atenção nesta pesquisa e deverá fornecer subsídios importantes para a análise a que este trabalho se propõe. Uma conseqüência imediata da aplicação das idéias de Kieren é a de que os currículos montados segundo essa orientação propiciariam uma melhor interligação dos vários campos da Matemática. Se considerados apenas como uma extensão dos números inteiros, ou um simples algoritmo numa relação partetodo estática, os números racionais permaneceriam apenas no domínio matemático dos números. Se considerados, porém, segundo a visão dos subconstrutos, os números racionais se tornam uma janela significativa para que 36 a criança tenha contato com outros domínios da matemática desde as séries iniciais. São exemplos disso o fato de que partições sucessivas podem conduzir crianças muito jovens à idéia de grandezas infinitesimais, como no relato de um estudante de 11 anos que respondeu que sua fração favorita era 1 , pois “me 2 fascina a possibilidade de dividir em dois e obter pedaços tão pequenos quanto eu queira, indefinidamente”. O subconstruto medida oferece também uma ligação importante entre a geometria, o espaço e o estudo dos números racionais. (Kieren 1988 p.59) O subconstruto operador proporciona uma aproximação dos números racionais com a álgebra e com a noção de função composta, em termos não formais. O subconstruto razão aponta na direção dos importantes conceitos de proporção e de probabilidade. Com relação às possibilidades de atividades significativas para as crianças, Kieren descreve um trabalho de Streefland(1984) em que uma classe de equivalência de frações foi construída de maneira significativa. A proposta era imaginar que 12 crianças sentaram-se à mesa e pediram 8 pizzas que seriam divididas igualmente. Em seguida imaginar que as crianças poderiam se dividir em duas ou três mesas mantendo a equivalência na divisão. Depois de muito trabalho as crianças desenvolveram sua própria notação para resolver esse problema, através de um diagrama em forma de árvore. Uma nova questão de como dividir 36 pizzas para 24 crianças foi resolvida facilmente pela árvore abaixo sem que a distinção entre fração própria ou imprópria fosse significativa, superando a dificuldade apontada anteriormente. 37 Fonte: Kieren, 1993 p.54 Kieren verificou também, por experiências, que essa consideração dos números racionais é significativa ao notar que os sujeitos mobilizam diferentes significados do número racional para resolver diferentes problemas: em um problema de concentração de leite com chocolate, os estudantes mobilizam predominantemente a idéia de razão, enquanto que num problema de repartição de uma pizza, a idéia predominante é a de quociente. A partir dessas idéias, o autor afirma que o estudo dos números racionais por intermédio dos subconstrutos fornece suporte para uma análise semântica, psicológica e pedagógica do ensino do número racional, bem como um suporte empírico para seu estudo. Sugere também que a idéia intuitiva de partição tem um papel importante na construção do conhecimento do número racional por parte do sujeito e propõe, como ponto de partida para uma posterior construção formal, a abordagem dos números racionais como um conhecimento humano, a partir de suas bases intuitivas e de seus significados. 38 2.2 – NUNES E BRYANT: UMA CLASSIFICAÇÃO BASEADA EM VERGNAUD Assim como Kieren, Nunes e Bryant(1997) também diferenciam dois aspectos no ensino dos números racionais. Para os autores, há claramente uma lacuna entre a compreensão das crianças em tarefas experimentais sobre divisão e números racionais e entre as tarefas resolvidas no contexto de avaliações educacionais. Nunes e Bryant (ibid) afirmam que, com as frações, as aparências podem enganar e alguns alunos podem passar pela escola sem dominar diversos aspectos cruciais do conceito de fração, mesmo usando termos fracionais certos, falando coerentemente sobre frações e resolvendo alguns problemas. Segundo os autores, ... quando as crianças resolvem tarefas experimentais sobre divisão e números racionais, elas se engajam em raciocinar sobre as situações. Em contraste, quando elas resolvem tarefas matemáticas em avaliações educacionais, elas vêem a situação como um momento no qual elas precisam pensar em que operações fazer com os números, como usar o que lhes foi ensinado na escola; concentrando-se nas manipulações de símbolos, os alunos poderiam desempenhar em um nível mais baixo do que teriam desempenhado se tivessem se preocupado mais com a situação-problema. Portanto, é possível que os mesmos alunos que se engajam em tarefas de raciocínio semelhantes às descritas anteriormente, nos quais eles podem focalizar bem a situação-problema, desempenhem bastante diferentemente de quando eles estão resolvendo problemas em avaliações educacionais escritas: seu desempenho mostra uma lacuna entre o que eles entendem e o que eles podem fazer com símbolos depois destes terem sido aprendidos de uma forma particular. (Nunes e Bryant, 1997, p.212) 39 Os tópicos selecionados para compor a presente pesquisa levaram em conta essas considerações e procuraram se afastar, dentro do possível, das situações típicas de sala de aula concentrando-se em problemas que levem o aluno a racionar sobre situações e resolvê-las quase sempre sem a necessidade de recorrer aos algoritmos. O trabalho tenta diagnosticar até que ponto esses aspectos da compreensão do conceito de fração perduram no processo de escolarização. As propostas de Nunes e Bryant apóiam-se em várias pesquisas, das quais serão destacadas, neste trabalho, as de Campos e Cols (1995) e Mack(1993), sendo esta última objeto de tópico à parte. Campos e Cols., em trabalho citado por Nunes e Bryant(1997), demonstraram que a impressão de crianças raciocinando sobre frações poderia ser falsa, sobretudo quando são submetidas a um método de ensino que se limita e estimular os alunos a resolver os problemas utilizando-se de procedimentos de dupla contagem, sem entender o significado deste novo tipo de número. Para demonstrar sua hipótese, Campos e Cols. (1995) apresentaram os desenhos indicados abaixo a crianças de idade aproximada de 12 anos ou mais que haviam aprendido o procedimento de dupla contagem e pediram-lhes para nomear as frações apresentadas em cada uma das figuras: Item tipo 1 Item tipo 2 Item tipo 3 40 Este trabalho tem particular interesse nas questões do terceiro tipo, em que o procedimento de dupla contagem simples não é suficiente, uma vez que o todo não estava dividido explicitamente em partes iguais e o número de partes tinha que ser descoberto pelos alunos através de uma análise das relações partetodo, que, no caso, implica a capacidade de perceber a conservação da área como invariante para o estabelecimento da relação parte-todo. Na pesquisa de Campos e Cols, foi muito significativa a queda na quantidade de acertos no item tipo 3 em relação aos itens tipo 1 e 2. Pretende-se, nesta pesquisa, explorar tópicos com variações do item do tipo 3, em termos de quantidades discretas ou contínuas, ou questões envolvendo ícones ou apenas texto, tentando diagnosticar até que ponto essas observações da pesquisadora ainda são significativas em alunos de estágios mais avançados de escolaridade. A hipótese de dissociação entre o desempenho dos alunos em situações contextuais e o desempenho frente às situações de avaliação escolar foi bastante explorada por Mack (1993), também citada por Nunes e Bryant e discutida com mais profundidade na seção 2.4. A análise dos resultados da pesquisa de Mack reforça as afirmações de Nunes e Bryant e aponta para a idéia de que, embora os problemas da vida cotidiana não pareçam causar dificuldades, muitos dos problemas apresentados simbolicamente não são resolvidos pelos estudantes, que apresentam algoritmos falhos e comparações inadequadas. A verificação da persistência dessas dissociações em sujeitos de maior escolaridade foi um dos temas de grande interesse para este trabalho, que 41 contém em seu instrumento de pesquisa algumas situações semelhantes à proposta por Mack. A idéia das conexões entre situações contextuais e situações simbólicas, investigada por Mack(1995), está intimamente ligada ao conceito de invariante, de Vergnaud. A proposta de Nunes é partir da concepção mais simples de fração e enriquecer essa definição perguntando qual é o invariante central desse conceito, quais as situações em que ele é usado e quais os diferentes tipos de representação. Duas questões são significativas no caso do conceito de número racional: “como as crianças vêm a entender essas classes de equivalência – 1/3, 2/6, 3/9..... – e como essas classes podem ser ordenadas – 1/3 >1/4 >1/5....” Com base nas idéias de Vergnaud, Nunes e Bryant (2003) propõem uma classificação de situações em que as frações são usadas, entendendo que propor essa classificação é o mesmo que propor uma teoria sobre quais são os efeitos do raciocínio das crianças sobre frações. Os parágrafos a seguir pretendem apresentar essa classificação, reiterando que, nesta pesquisa, merecerão destaque os significados parte-todo e quociente. A Fração como uma relação parte-todo – A idéia presente nesse significado é a da partição de um todo em n partes iguais, em que cada parte pode ser representada como 1 . Assim, assumiremos como o significado parte-todo, um n dado todo dividido em partes iguais em situações estáticas, nas quais a utilização de um procedimento de dupla contagem é suficiente para se chegar a uma representação correta. Por exemplo, se um todo foi dividido em cinco partes e duas foram pintadas, os alunos podem aprender a representação como uma dupla contagem: acima do traço escreve-se o número de partes 42 pintadas, abaixo do traço escreve-se o número total de partes. Exemplo: uma barra de chocolate foi dividida em quatro partes iguais. João comeu três dessas partes. Que fração representa o que João comeu? A fração como quociente, indicando uma divisão e seu resultado – Este significado está presente em situações em que está envolvida a idéia de divisão – por exemplo, uma pizza a ser repartida igualmente entre 5 crianças. Nas situações de quocientes temos duas variáveis (por exemplo, número de pizzas e número de crianças), sendo que uma corresponde ao numerador e a outra ao denominador – no caso,1/5. A fração, nesse caso, corresponde à divisão (1 dividido por 5) e também ao resultado da divisão (cada criança recebe1/5). Exemplo: Três chocolates devem ser divididos para 4 crianças. Que fração de chocolate cada criança irá receber? A fração como uma medida – Algumas medidas envolvem fração por se referirem a quantidades intensivas, nas quais a quantidade é medida pela relação entre duas variáveis. Por exemplo, a probabilidade de um evento é medida pelo quociente número de casos favoráveis dividido pelo número de casos possíveis. Portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1, e a maioria dos valores com os quais trabalhamos são fracionários. Exemplo: Fizemos uma rifa na escola. Foram impressos 150 bilhetes. Minha avó comprou 20 bilhetes. Qual a sua chance de ganhar o prêmio? A fração como número – Frações, como os inteiros, são números que não precisam necessariamente referir-se a quantidades específicas. Existem duas formas de representação fracionária: ordinária e decimal. Um exemplo de exercício usado no ensino de Matemática em que a fração é trabalhada sem 43 um referente específico é apresentado como a seguir: represente o número 1 na forma decimal. 2 A fração como um operador multiplicativo – Como o número inteiro, as frações podem ser vistas como o valor escalar aplicado a uma quantidade. No caso do inteiro, por exemplo, podemos dizer 2 balas; no caso da fração, poderíamos dizer 3/4 de um conjunto de balas. A idéia implícita nesses exemplos é que o número é um multiplicador da quantidade indicada. Exemplo: Dei 3/4 das balas de um pacote de 40 balas para meus irmãos. Quantas balas dei a eles? 2.3 – BEHR: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE NÚMERO RACIONAL Dentre os inúmeros autores que se dedicaram ao estudo dos números racionais nas décadas de 1980 e 1990, merecem destaque Merlyn Behr e cols (1983), cujo trabalho abrange tanto considerações gerais sobre a importância do estudo dos números racionais quanto considerações específicas sobre o ensino desses números. Os autores reconhecem que os números racionais se constituem numa das mais importantes idéias matemáticas desenvolvidas no contexto escolar e que, por ocorrerem em grande parte no período da transição do pensamento concreto para o pensamento operacional formal, constituem-se também em um contexto ideal para se pesquisar os processos de aquisição do conceito matemático. 44 Entendem que a importância de se estudar o número racional no Ensino Fundamental deve ser justificada segundo uma perspectiva prática, uma perspectiva matemática e uma perspectiva psicológica. Do ponto de vista prático, o estudo do conceito de número racional aperfeiçoa a habilidade de dividir, o que permite entender e manipular melhor os problemas do mundo real. Na perspectiva psicológica, os números racionais proporcionam um rico campo, dentro do qual as crianças podem desenvolver e expandir suas estruturas mentais para um desenvolvimento intelectual contínuo. Do ponto de vista matemático, a compreensão do número racional fornece a base sobre a qual serão construídas, mais tarde, as operações algébricas elementares. Martinez (1992) reforça as idéias de Behr e cols. ao argumentar que reduzir o estudo das frações aos números decimais, como uma extensão natural do sistema decimal de numeração, provocaria uma perda de experiências préalgébricas importantes na formação matemática dos alunos (p. 34) Os autores criticam a ênfase curricular nos procedimentos e algoritmos e argumentam que, mesmo com essa ênfase, o resultados dos alunos em testes de desempenho não costumam ser satisfatórios. Entendem que a provável causa dessas dificuldades seja a priorização, no ensino, dos procedimentos em detrimento de um cuidadoso desenvolvimento dos aspectos ligados à compreensão do conceito. Ao procederem a uma análise matemática e curricular dos conceitos de número racional, retomam idéias de diversos autores e, a exemplo de Kieren, identificam diferentes maneiras de interpretar o número racional, que também denominam subconstrutos: um decimal, uma razão, um quociente indicado, um operador, uma comparação da parte com o todo e uma medida de quantidades 45 contínuas ou discretas. Enfatizam, do mesmo modo que Kieren (1988), que a compreensão completa do número racional requer não somente um entendimento de cada um desses subconstrutos, mas também como eles se inter-relacionam. Em suas considerações sobre os subconstrutos parte-todo e medida, afirmam que as regiões geométricas, as séries de objetos e a reta numérica são os modelos mais comumente usados para representar a fração no ambiente escolar. Reportam-se a Piaget ao afirmar que os processos mentais usados pelas crianças para trabalharem com quantidades contínuas é diferente daqueles trabalhados com grandezas discretas e apontam as dificuldades apresentadas em relação à unidade, citando que, em experiências com a reta numérica, os alunos têm dificuldade em identificar a unidade. 2.4 - NANCY MACK: O CONHECIMENTO INTUITIVO3 O trabalho de Nancy Mack deverá fornecer importantes subsídios para a presente pesquisa, na medida em que a autora se preocupa em analisar a influência do conhecimento intuitivo dos alunos na construção significativa dos procedimentos formais referentes às frações (Mack, 1990), bem como a tendência dos alunos em fazer generalizações sobre as frações baseadas nas estruturas simbólicas disponíveis para números inteiros e, reciprocamente, fazer generalizações sobre números inteiros com base nas estruturas simbólicas das frações, (Mack, 1995). Os dois trabalhos referem-se a atividades intervencionistas aplicadas a pequenos grupos de alunos, em atividades individualizadas, com minuciosa 3 Tradução do pesquisador para “Informal Knowledge”. 46 descrição das respostas e procedimentos apresentados pelos sujeitos. Embora apresentem grandes diferenças do ponto de vista metodológico em relação à presente pesquisa, têm em comum a busca da representação simbólica da fração a partir de situações contextuais que mobilizam, de início, conhecimentos intuitivos. Algumas das questões tratadas pela pesquisadora são reproduzidas no presente instrumento de pesquisa, e as observações do desempenho entre crianças de quinta e sexta séries4 deverão ser úteis na análise de possíveis respostas às mesmas questões por estudantes de nível de escolaridade mais elevado, objeto da presente pesquisa. Mack (1990) aponta dois pontos importantes a serem levados em conta na construção do conhecimento matemático dos estudantes: a obtenção de situações que promovam a efetiva participação dos alunos e o relacionamento entre o seu conhecimento intuitivo e os procedimentos simbólicos. A autora define “conhecimento intuitivo” como as respostas dadas pelo estudante a situações extraídas da vida real. Argumenta que esse conhecimento costuma ser pouco relacionado ao conhecimento dos símbolos matemáticos e cita Hiebert, que propõe que esses conhecimentos devam servir de base para a construção do conhecimento formal (Mack 1990 p. 16). Argumenta também que os estudos recentes sobre frações estão mais focados nas falsas concepções dos alunos sobre esse objeto matemático e partem do princípio de que os alunos não têm nenhum conhecimento anterior ao iniciar seu estudo e não costumam considerar esses conhecimentos intuitivos. Têm surgido evidências, porém, de que os alunos trazem para a escola um rico histórico de conhecimentos intuitivos e que, embora haja estudos que demonstrem a existência desses conhecimentos, 4 Fifth e sixth grades do currículo dos Estados Unidos. 47 não existem estudos sobre os caminhos que os estudantes podem tomar para, a partir deles, dar significado aos símbolos e procedimentos formais referentes às frações. A autora observa inicialmente que, nos problemas envolvendo partições, os alunos apresentam uma tendência a separar um todo em partes e a representar cada uma das partes como um número inteiro, e não como uma fração do todo. (Mack, 1990 p. 21) Alguns resultados apresentados mostram que, em geral, os alunos são capazes de resolver um grande número de problemas apresentados sob a forma de situações do dia-a-dia e explicitar corretamente suas soluções, porém não conseguem resolver os mesmos problemas quando apresentados de maneira simbólica. Essa questão é ilustrada pelas respostas dos alunos à seguinte proposta de atividade: “se tivermos duas pizzas de mesmo tamanho e dividirmos a primeira em 6 partes iguais e a segunda em 8 partes iguais, qual pedaço será maior?”. Os alunos não tiveram dificuldade em responder que o pedaço da primeira pizza será maior, porém, quando, num outro momento, foi-lhes perguntado “qual fração é maior, 1 1 ou ”, mais da metade dos alunos respondeu 6 8 1 , porque 8 é maior que 6. 8 Segundo a autora, o fato de que a maioria dos alunos não foi capaz de responder simbolicamente a uma questão que haviam acabado de responder quando proposta dentro do contexto de uma ação cotidiana, sugere que a capacidade de comparar é inicialmente desconectada do significado que os alunos dão para os símbolos fracionais (Mack, 1990 p. 21). 48 A questão da identificação da unidade, muito relevante para a presente pesquisa, também foi tratada por Mack (ibid p.22), que mostrou que os alunos são capazes de identificar corretamente a unidade a que se refere uma fração quando trabalhando com situações contextuais, porém têm dificuldades em identificar a unidade quando trabalham com situações simbólicas. Concluiu que os alunos tendem, numa situação simbólica ou concreta, a tratar uma coleção de unidades como se essa coleção fosse sempre a nova unidade. A autora ilustra esse fato comentando os resultados obtidos da seguinte questão proposta a seus sujeitos numa situação em que, mostrando a figura abaixo aos alunos pergunta: “quanto está sombreado?” A resposta mais comum é 5/8. Diante da afirmação “suponha que estejamos falando de pizzas”, os alunos tendem a mudar sua resposta para 1 ¼. A autora transcreve de um de seus protocolos a seguinte afirmação de um sujeito: “Frações são partes de um todo.......... Elas são sempre menores que um todo.” (Mack, 1990 p.22). Essa questão também é tratada por Escolano e Gairín (2005), que atribuem a ênfase exagerada no modelo parte-todo no início dos trabalhos escolares com frações como uma das possíveis causas dessa falsa concepção. Uma outra questão discutida por Mack (1990) é a influência dos procedimentos padronizados, muitas vezes incorretos, na tentativa de resolver as questões simbólicas, que muitas vezes se sobrepõem aos procedimentos intuitivos e se constituem num fator dificultador da construção do conceito (p.29). 49 Mack sugere que seja pesquisada a viabilidade de se abordar o estudo das frações inicialmente a partir da noção de partição, estendendo-se essa concepção para outros significados antes que os alunos possam relacionar os símbolos matemáticos ao seu conhecimento intuitivo de fração(p.30). Segundo a autora, quando esse caminho é seguido, surge nos alunos uma tendência a construírem algoritmos alternativos, porém corretos, para a solução dos problemas. Esses algoritmos muitas vezes são mais trabalhosos que os tradicionais, e os alunos tendem a substituí-los por outros mais práticos na medida em que amadurecem em seu estudo (p. 25). A pesquisadora também analisa a influência dos procedimentos formais já disponíveis pelo aluno, relativos ao número inteiro, na construção dos procedimentos simbólicos envolvendo frações. Respostas do tipo “um pedaço dos três em que a pizza foi dividida”, em vez de “um terço da pizza”, sugerem que o aluno está utilizando suas estruturas relativas a números inteiros para resolver problemas de frações. A autora argumenta que esses conhecimentos anteriores influenciam fortemente os significados a serem construídos representações simbólicas da fração (p. 431). Respostas do tipo “ três tortas inteiras repartidas em 8 partes cada uma” e “ para as 3 significam 8 1 representa uma torta 8 inteira dividida em 8 partes”, reforçam a afirmação dessa influência. Uma outra demonstração da predominância da influência das estruturas do número inteiro na construção das representações simbólicas da fração é apontada pela autora ao descrever o fato de que, quando os alunos resolvem o mesmo problema utilizando inicialmente seus conhecimentos intuitivos e depois as representações simbólicas de que dispõem, a tendência é desprezar a solução 50 intuitiva, geralmente correta, em favor da simbólica, geralmente incorreta (Mack, 1995 p. 432) A título de exemplo, é descrito um protocolo em que o sujeito responde corretamente à questão colocada verbalmente de que se uma pizza for dividida em 8 partes e ele receber uma dessas partes, e uma nova pizza de mesmo tamanho também for dividida em 8 partes, e ele receber outro pedaço, ele terá 2 1 1 2 de pizza. Diante da questão simbólica + , porém, a resposta obtida foi . 8 8 8 16 Ao pedir ao sujeito que comparasse as duas situações, obteve a seguinte resposta: “a primeira (contextual) está errada. Deve ser 2 dezesseis-avos, pois você tem uma pizza inteira em 8 pedaços e depois outra pizza também em 8 pedaços, então são duas pizzas e 16 pedaços ao todo”. Como conclusões de seu trabalho, Mack propõe que, embora muitos autores reconheçam que o modelo parte-todo imponha limites à compreensão do número racional e traga dificuldades futuras ao estudo, suas observações mostram que é possível utilizar a idéia de partição para resolver muitos problemas de maneira significativa. Afirma também que suas observações reforçam as conclusões de Hiebert de que o conhecimento intuitivo pode proporcionar a base para a construção de conhecimentos matemáticos mais complexos (Mack, 1990 p.29). Outra conclusão importante de suas pesquisas é que a abordagem do estudo das frações a partir da noção de partição e do conhecimento intuitivo permite resolver, mais cedo que na proposta curricular tradicional, problemas como a subtração com reagrupamentos (como 3 – 1/5) ou a conversão de números mistos em frações impróprias. (Mack, 1990 p. 30). 51 2.5 – ESCOLANO E GAIRÍN: UMA CRÍTICA AO MODELO PARTE-TODO No artigo “Modelos de Medida para la Enseñanza Del Número Racional en Educación Primaria”, Escolano e Gairín (2005) apresentam os resultados de uma pesquisa realizada com alunos de educação primária na Espanha, entre os anos de 1999 e 2004, em que analisam alguns dos obstáculos didáticos que, segundo os autores, são decorrentes do uso do modelo parte-todo na introdução do conceito de número racional. Os autores iniciam o texto com algumas considerações sobre peculiaridades do significado parte-todo e comparam esse significado com os significados medida, quociente e razão. Afirmam também que as dificuldades que costumam ser apresentadas pelos alunos em relação ao domínio dos números racionais podem ser causadas tanto pelo conjunto de procedimentos, relações e operações próprias dos números racionais quanto pelas decisões tomadas em relação ao processo educativo desses números. As considerações do artigo referem-se a essa segunda classe de dificuldades. O trabalho destaca o fato de que o número racional positivo sintetiza diversos significados ou interpretações, que participam da construção desse conceito. Cita autores como Behr et al (1993) que admitem cinco significados para a fração: parte-todo, quociente, razão, operador e medida. Destaca também que Kieren (1993) considera o significado parte-todo incluído nos significados quociente e medida. Ao descrever o significado parte-todo, os autores consideram que a apresentação da fração numa situação estática, com uma figura dividida em partes iguais, com algumas dessas partes pintadas, como tradicionalmente é 52 feito, exigirá do aluno realizar uma transferência entre representações gráficas e simbólicas e as etapas dessa transferência são a interpretação da figura, a realização de uma dupla contagem, e a representação do resultado dessas operações de forma simbólica. Essas tarefas conduzem ao estabelecimento de uma relação simbólica entre dois números naturais, e só depois, ao longo do processo educativo, será instituída a definição de número racional. A construção do conceito de fração, tendo como ponto de partida o modelo parte-todo aqui descrito, tem como características a constatação de que boa parte do conhecimento é adquirido de forma visual, e também o fato de que a atividade não está associada à tarefa de medir grandezas. Segundo os autores, esses fatos produzem na aprendizagem alguns efeitos indesejados. Os autores entendem que não considerar um processo de medição, intrínseco à própria gênese do número racional, faz com que o modelo crie obstáculos à formação de concepções adequadas, pois • fica omitida a grandeza utilizada. Embora se esteja trabalhando com unidades de superfície, não se faz menção a isso, pois a ênfase está na dupla contagem; • não se define uma unidade. O todo-unidade não necessita ser apresentado de forma explícita. Por esse motivo as figuras podem ser apresentadas superpostas e claramente diferenciadas segundo o atributo da cor, de modo que o aluno não tem a necessidade de reconhecer a unidade para resolver a tarefa; • não se atribui relevância à necessidade de igualdade dos tamanhos das partes (conservação das áreas), pois o processo está centrado na cardinalidade do número de partes. 53 Os três aspectos acima descritos merecerão especial atenção neste trabalho. Eles estão presentes nas questões preparadas e a pesquisa pretende investigar se seus efeitos permanecem ao longo dos estágios mais avançados da escolarização. A questão da conservação de áreas, também colocada, foi estudada profundamente por Campos e Cols (1995), já citadas nesta dissertação. Aos argumentos já apresentados, os autores somam a idéia de que o modelo parte-todo, termina por reforçar o sentido de número natural, pois a tarefa se resolve por dupla contagem e o aluno não sente a necessidade de introduzir nenhuma estrutura numérica superior à do número natural. Dessa forma, a fração não adquire o status de número, mas de uma simples relação entre dois números naturais. Destacam também que a abordagem provoca uma aprendizagem passiva, uma vez que não há uma situação problemática, e que a tarefa está preparada para assegurar o êxito agindo de uma única maneira possível. Ao se reportarem à gênese do número racional, apresentam idéias semelhantes às propostas por Caraça (1952), embora não citem aquele autor. Destacam que as atividades humanas que permitiram o surgimento do número racional encontram-se principalmente nos domínios dos significados quociente, medida e razão. A partir dessa observação, afirmam que o significado parte-todo não surge das necessidades humanas, visto que a gênese do número racional se encontra na medida de grandezas, seja realizada diretamente, seja para expressar o resultado de uma partição, ou na comparação com grandezas já medidas, o que dá sentido à noção de razão. A partir dessas idéias, os autores argumentam que a aparente facilidade do ponto de vista docente, apresentada pelo modelo parte-todo, termina por 54 introduzir alguns obstáculos didáticos, no sentido atribuído por Brousseau (1993) ao termo, que são enumerados: 1) Criam-se obstáculos à formação de concepções adequadas, pois, a) não existem frações impróprias; b) as frações são números, não medidas. Esse fato foi descrito pela análise das respostas à questão “encontrar o número de maçãs que havia em uma cesta, sabendo que depois de retirar metade das maçãs menos 7, restaram 40”, apresentada a um grupo de alunos de um curso de formação de professores. Segundo os autores é freqüente que se obtenha a resposta de que o problema é impossível, pois 1/2 –7 é um número negativo; c) o todo, ou unidade não é um número. No processo não se explicita o sentido e as funções da unidade, o que provoca a identificação de frações do tipo a/a com a unidade. 2) Criam-se obstáculos à separação conceitual entre número racional e número natural, pois a) a fração é formada por dois números naturais e descreve apenas uma situação estática em que estão envolvidos dois números naturais, portanto, nem a fração nem a expressão decimal são entendidos como um ente numérico diferente dos números naturais; b) as relações e operações com os números racionais têm os mesmos significados que com os números naturais. Os alunos tendem a estender aos números racionais as mesmas técnicas operatórias usadas nos números naturais, não percebendo as peculiaridades das operações com racionais, principalmente no que diz respeito à adição e à multiplicação. 55 3) Criam-se obstáculos à formação de idéias abstratas, na medida em que não provêm situações que facilitem a passagem do mundo dos objetos para o mundo das idéias, e assim os alunos adquirem crenças do tipo a) os conceitos são as técnicas a eles associadas; b) os conteúdos úteis são os procedimentais. A partir dos pressupostos aqui apresentados, os autores descrevem uma seqüência de ensino, com uma proposta alternativa de abordagem do ensino de frações, preocupada em reduzir os efeitos apontados como desvantagens do modelo parte-todo. As atividades tiveram a participação de 160 alunos e 5 professores. Este texto não pretende descrever a seqüência, mas apenas apontar os fatores que condicionaram sua construção e comentar os resultados obtidos. São citados três grandes objetivos para a seqüência: 1) Favorecer a construção de concepções adequadas, ao propor modelos que têm como característica comum a medida de grandezas. Deste modo se dispõe de um mundo de objetos físicos para justificar os resultados matemáticos. 2) Potencializar a idéia de número racional, provocando uma ruptura entre as concepções de número natural e de número racional, na medida em que se destaca que os naturais servem para contar, e os racionais, para medir. 3) Facilitar a construção de idéias abstratas, entendendo que os modelos de aprendizagem em que o aluno interage com o mundo dos objetos facilita a construção mental dos números racionais e permite a avaliação semântica de qualquer expressão simbólica em que esses números apareçam. 56 Para atingir esses objetivos, a seqüência leva em conta a gênese histórica do número racional e procura priorizar modelos que forneçam suportes físicos estáveis para que os alunos construam seu conhecimento. Foram montados três modelos, com objetivos bem definidos, levando em conta os níveis de desenvolvimento cognitivo dos alunos nas respectivas idades: 1) Modelos de medida direta, na quarta série (alunos de 10 anos). O número racional surge da necessidade de comunicar o resultado da realização de uma ação: medir uma grandeza. 2) Modelos quociente, baseado no resultado da ação de repartir em partes iguais, utilizado no quinto ano (alunos de 11 anos). Estes modelos permitem introduzir a notação decimal e conectá-la com a fracionária. 3) Modelos de razão, no sexto ano (alunos de 12 anos). Estes modelos vinculam o número racional à idéia de proporcionalidade. Os autores propõem que as atividades comecem pela notação fracionária, pois o início pela notação decimal traria algumas questões de difícil resposta do tipo “como se realiza a notação efetiva da fração a partir da notação decimal?” ou “como justificar a existência de números racionais não decimais?” . Propõem também que as atividades tenham início com a grandeza comprimento, para que as técnicas de medição sejam as mais simples possíveis e o aluno possa se concentrar exclusivamente na idéia de fração. Merece destaque a sugestão de incorporar a idéia de cardinalidade como uma nova grandeza, considerando que o modelo baseado na cardinalidade apresenta características diferentes dos outros modelos, baseados em grandezas contínuas, porque o fracionamento da unidade não mais se pode fazer em tantas partes quanto se deseja, mas apenas no número de divisores do cardinal da unidade. 57 Essa grandeza fornece uma nova perspectiva do significado de fração e é um conhecimento socialmente útil e presente no mundo real. Os autores ainda sugerem que o ensino das frações deve anteceder o ensino do Sistema Métrico Decimal e sintetizam a descrição informando que as atividades se dividiram em três grandes grupos: construção do sistema de representação fracionário com grandezas contínuas; relações de equivalência e ordem de frações; e construção do sistema fracionário de representação com a grandeza cardinalidade. Como conclusão, os autores argumentam: 1) que o modelo apresentado, baseado nos significados medida, quociente e razão, proporciona o desaparecimento dos obstáculos citados inicialmente, pois permite que as frações impróprias tenham o mesmo status que as próprias, como expressão da medida de uma grandeza; 2) que as frações sejam vistas como entes numéricos associados à idéia de medida e destacam que a unidade tem um papel essencial para interpretar as frações; 3) que ficam bem caracterizadas as diferenças entre os números racionais e os naturais, bem como a idéia de frações equivalentes, através de atividades manipulativas. 2.6 – SILVA : PROPOSTA DE MUDANÇAS DE PARADIGMA O trabalho de Silva (1997) apresenta alguns pontos em comum em relação à presente pesquisa na medida em que a autora procura investigar se um grupo de alunos de um curso de magistério consegue perceber as diferenças de concepção de fração como parte-todo, medida e quociente. A autora também 58 explora as diferenças de tratamento necessárias para o trabalho com quantidades discretas e contínuas e procura, por meio de uma seqüência didática, investigar a capacidade dos futuros professores em romper com seus conhecimentos anteriores e refletir sobre o estudo das frações a partir de outros de pontos de vista. A pesquisadora, de início, levanta um perfil do conhecimento de número fracionário de seus sujeitos de pesquisa, aplicando um pré-teste. Faz também uma análise de alguns livros didáticos. Obtém como resultado dessa análise uma ênfase exagerada no modelo parte-todo e, com base nas resoluções dos sujeitos, observa uma tendência ao uso de algoritmos (p.198), sem uma reflexão sobre significados. A proposta de introduzir o enfoque do estudo das frações por intermédio de situações que remetessem aos significados selecionados, prosseguiu através de uma seqüência de 4 atividades, que foram complementadas por um pós-teste, em que a autora pôde constatar que o conhecimento adquirido anteriormente pelos sujeitos muitas vezes apresenta raízes profundas e, em alguns casos, nem mesmo um conjunto de atividades criteriosamente elaborado é capaz de mudálos (p. 197). Com relação aos obstáculos didáticos, os trabalhos de Silva confirmam os resultados de Kieren (1988), que apontam para a tendência da discretização do contínuo no trabalho com frações no significado parte-todo, que aparece em situações em que o aluno tende a substituir a referência inicial pelo número de partes conseguidas após a divisão do todo. O trabalho aponta também para a dificuldade em perceber as várias maneiras em que se pode dividir mais que um inteiro ao mesmo tempo, a falta de 59 entendimento do conceito de medição e a tendência ao uso de decimais para expressar as respostas, sem estabelecer uma conexão com os números fracionários. Quanto aos obstáculos de origem epistemológica, merece destaque a tendência à generalização dos procedimentos usados para os números naturais nas operações com frações. Essa tendência se revelou tão forte que, para alguns sujeitos, permaneceu mesmo após a aplicação da seqüência. Nesse sentido as idéias de Silva parecem ir ao encontro das de Mack (1995). Um outro resultado significativo apresentado foi constatação de que a tentativa de usar algoritmos conhecidos, em substituição às concepções espontâneas para resolver problemas, leva a um maior número de erros. Em uma das atividades previstas, os sujeitos de pesquisa analisaram respostas a questões do significado quociente apresentadas a crianças de terceira e quarta séries. Observaram que o índice de acertos das crianças de terceira série foi maior por que elas usaram apenas suas concepções espontâneas, enquanto as de quarta série tentaram usar algoritmos com menor sucesso. Ainda em relação aos algoritmos, a autora destaca a forte tendência dos sujeitos a usar o m.m.c. nas questões que envolvem comparação ou adição de frações, sem associar ao significado do problema. Sugere que sejam previstas duas fases para o tratamento do tema nos cursos de magistério: no terceiro ano, questões envolvendo a introdução do conceito de número fracionário envolvendo os significados quociente, parte-todo e medida, semelhantes às propostas em seu trabalho e, no quarto ano, abordagens de razão, operador e o trabalho com as operações. 60 2.7 - BEZERRA: CONSTRUINDO O CONCEITO POR SITUAÇÕES SIGNIFICATIVAS Com o objetivo de investigar como ocorre a aquisição do conceito de número fracionário, bem como de suas representações, Bezerra (2001) elaborou uma seqüência de ensino abordando frações nos significados parte-todo e quociente. A pesquisa foi aplicada a crianças cursando a 3ª série do Ensino Fundamental, considerando que o contato desses sujeitos com o campo numérico dos números racionais fosse inédito. Dentro dessa perspectiva, Bezerra (p. 02) destaca o seu problema de pesquisa: “Como abordar os conteúdos relacionados ao número fracionário de forma que o aluno compreenda seu conceito e estabeleça a relação entre o número e sua representação?” Logo no início do trabalho, o autor fala do conjunto dos números naturais como sendo um obstáculo à aprendizagem do conjunto dos números racionais, no sentido atribuído ao termo por Brousseau (1993). Nas diferentes formas de abordar a introdução do conceito dos números fracionários, o autor optou por uma forma não convencional, ou seja, partir do conceito de divisão já abordado nos números naturais e de frações impróprias. A construção da seqüência foi baseada na formulação de situações-problema que procuraram motivar os alunos a encontrar respostas que os levassem à aplicação dos conceitos adquiridos em outras situações semelhantes, sempre partindo de uma situação-problema em que os alunos, fazendo uso de determinados materiais significativos, caminhassem na direção da construção do conceito do número fracionário. Desse modo, (p. 03) foi formalizado o conceito do número 61 fracionário, bem como sua representação na forma a/b (a€N, b€N, com b≠0), ocorrendo a institucionalização dos conteúdos trabalhados. Na fundamentação teórica, Bezerra parte de um pressuposto socioconstrutivista e destaca que seu trabalho se apóia nas contribuições da psicologia cognitivista, principalmente na Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e nos trabalhos de Nunes e Bryant, ambos já amplamente citados neste trabalho. A seqüência de ensino proposta por Bezerra se inicia com situações que exploram o modelo quociente e, no desencadear dos encontros, são também apresentadas situações com o modelo parte-todo. O autor destaca que o modelo parte-todo é importante, mas não deve ser o único e nem deve ser o ponto de partida para o aprendizado das crianças, “pois ele parece oferecer uma barreira maior entre os números naturais e os fracionários” (p. 168). 2.8 – SANTOS: UM DIAGNÓSTICO DAS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES O trabalho de Santos (2005) teve por objetivo investigar o estado em que se encontra o conceito de fração para professores do Ensino Fundamental, tanto polivalentes quanto especialistas, apoiando-se, como nesta pesquisa, na Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e nas idéias de Nunes e Kieren em relação aos diferentes significados da fração. O instrumento de pesquisa foi aplicado em duas fases, em que numa primeira sessão foi solicitado aos sujeitos que elaborassem seis problemas envolvendo frações que poderiam ser usados em sala de aula e, numa segunda sessão, dias depois, esses problemas foram apresentados aos professores que 62 os propuseram e lhes foi solicitado que resolvessem, deixando indicados os procedimentos usados nessa resolução. A análise dos significados de fração envolvidos nos problemas propostos, bem como das estratégias de solução adotadas conduziu às conclusões da pesquisa, a seguir resumida. A primeira grande observação é a de que houve uma predominância em criar problemas de significado operador multiplicativo, sugerindo, segundo o pesquisador, que existe uma diferença entre as concepções dos professores polivalentes e o que preconizam os PCN, que não sugerem o uso desse significado para o início do trabalho com frações. O estudo também mostrou que o significado parte-todo, embora seja o segundo mais freqüente nos problemas criados, teve um percentual muito pequeno se comparado ao significado operador multiplicativo. O significado quociente teve uma porcentagem ainda menor que o parte-todo e os significados número e medida praticamente não foram usados. O pesquisador observou também que, nos problemas envolvendo partetodo, predominaram as quantidades contínuas, enquanto nos problemas de operador, as quantidades discretas. Com relação à resolução, nos problemas envolvendo parte-todo, predominaram as resoluções gráficas que conduziam a obtenção do resultado por dupla contagem. No caso do significado operador, os procedimentos centrados em algoritmos, que apareceram com larga predominância sobre os demais. Nos problemas de quociente, o pesquisador destaca que embora os sujeitos reconheçam que a divisão é uma boa ferramenta para resolvê-los, parecem não aceitar a representação fracionária como resposta a essa operação, 63 apresentando a solução geralmente por um número decimal obtido a partir do algoritmo da divisão. Ainda segundo o pesquisador, é razoável concluir que a concepção dos professores polivalentes e especialistas está bem próxima, em relação à elaboração de problemas envolvendo o conceito de fração em seus diferentes significados. Podemos até, de certo modo, inferir que esta concepção é limitada e preocupante, do ponto de vista do nosso estudo, visto que estamos defendendo, assim como Vergnaud e Nunes, que o conhecimento conceitual deve emergir dentro de uma variedade de situações. (Santos, 2005, p. 188) Essa constatação, associada à conclusão de que há fortes indícios do predomínio de atividades procedimentais na sala de aula, permite concluir que a concepção dos professores, tanto polivalentes quanto especialistas, carrega fortes marcas daquela construída enquanto aluno da formação básica. “Concepção essa tão profunda que é provável que permaneçam engessadas em suas mentes”.(p. 189) O autor encerra seu trabalho externando sua convicção de que se faz necessário um trabalho consistente de formação de professores, tanto especialistas como polivalentes, a partir de novos enfoques didáticos e pedagógicos, sobre o ensino e a aprendizagem do conceito de fração, visando a minimizar, a médio e longo prazo, as dificuldades encontradas por alunos e professores acerca desse conceito. 64 CAPÍTULO III METODOLOGIA Este capítulo pretende apresentar os detalhes referentes ao tipo de pesquisa utilizado e tecer considerações sobre a metodologia empregada. Serão descritos os estudos que precederam a montagem do instrumento de pesquisa, procurando justificar os procedimentos e decisões tomadas. Serão feitas também algumas considerações sobre o universo da pesquisa, com a descrição de suas peculiaridades e as razões de sua escolha. 3.1 - FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS A natureza da proposta – estudar concepções do número racional em sujeitos que já concluíram seu estudo formal – sugere, como metodologia adequada para este estudo uma conduta que permita a obtenção de dados qualitativos e quantitativos, colocando o pesquisador na condição de observador que procura conhecer e interpretar a realidade sem, contudo, interferir nela. Essas características são atribuídas por Rudio (1995) à pesquisa descritiva, em suas várias formas (p.55). Na mesma direção das idéias de Rudio, Cervo e Bervian (1983) afirmam que a pesquisa descritiva "estuda fatos e fenômenos do mundo humano, sem a interferência do pesquisador, procurando descobrir a freqüência com que um 65 fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características".(p. 55) Dentre as diversas modalidades de pesquisa descritiva, Rudio destaca uma denominada “estudos causais comparativos”, em que o pesquisador parte da observação de um fenômeno e “procura achar, entre as múltiplas causas possíveis, os fatores – variáveis dependentes e independentes – que se relacionam com o fenômeno ou contribuem para determinar seu aparecimento.” (p. 59). O autor ainda caracteriza esse tipo de pesquisa como adequada ao estudo de uma situação em que os indivíduos já experimentaram o fenômeno que se deseja estudar. A proposta de trabalho aqui apresentada pretende, apoiando-se nas idéias desses autores, realizar um estudo causal comparativo, de caráter diagnóstico, através da aplicação e da análise de um instrumento de pesquisa que será descrito nos tópicos a seguir. 3.2 - DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO 3.2.1 - Montagem do Instrumento de Pesquisa Considerando que este trabalho mantém ligações estreitas com os trabalhos de Santos (2005), Merlini (2005) e Moutinho (2005), sobretudo dos dois últimos, que desenvolveram pesquisas correlatas aplicadas a públicos com graus de escolaridade diferentes, tomou-se como ponto de partida a idéia de manter a complementaridade entre os trabalhos e elaborar um instrumento de pesquisa que, embora adequado ao universo de estudo escolhido, mantivesse as atividades aplicadas por aqueles pesquisadores que fossem compatíveis com os 66 objetivos desta pesquisa. As variáveis de observação fixadas, a forma icônica (com desenhos que permitam auxiliar a resolução) ou não icônica em que as situações são apresentadas, bem como a influência de se propor situações envolvendo quantidades discretas ou contínuas na resolução, são as mesmas das pesquisas de Merlini (2005) e Moutinho (2005). O instrumento de pesquisa foi montado apresentando duas questões de cada tipo, fixando-se nos significados parte-todo e quociente, segundo a classificação proposta por Nunes (2003), entendendo que esses dois significados estão mais ligados que os outros à idéia primeira da construção do número racional. É por meio desses significados que o conceito de fração costuma ser introduzido o conceito de fração no início da escolarização. Por isso, eles responsáveis pela formação concepções que podem perdurar por muito tempo no sujeito e, em alguns casos, constituírem-se em obstáculos didáticos, no sentido atribuído por Brousseau (1998) ao termo. Para atender a esses requisitos de ordem prática e observar se há evolução do conceito ao longo do tempo, mesmo que ele não seja objeto específico do estudo formal naquele período, surgiu a idéia de organizar as questões segundo três níveis de dificuldade, assim definidos: a) no significado parte-todo foram consideradas de nível 1 as questões em que o número de partes em que um determinado todo foi dividido e quantas partes deveriam ser tomadas para responder ao problema são fornecidos de maneira explícita ao sujeito, de modo que o conhecimento mais elementar da noção de fração e a dupla contagem dêem conta de resolver o problema. Nas questões 67 consideradas de nível 2, o todo e/ou as partes não são fornecidos explicitamente, requerendo um trabalho adicional para responder à questão, seja associado à idéia de conservação, seja de áreas, seja da cardinalidade de um conjunto, para que a questão possa ser respondida corretamente. Nas questões de nível 3, além da dupla contagem, busca-se partir dos elementos concretos fornecidos pelo problema e atingir um nível mais elevado de abstração, caracterizado pelo emprego da fração imprópria que, neste contexto, significa ser capaz de ver a fração como algo capaz de representar uma parte maior que o próprio todo. b) no significado quociente, foi considerada de nível 1 a questão em que são fornecidos uma certa quantidade de objetos e o número de pessoas para quem esses objetos serão divididos. A simples compreensão da fração como um novo tipo de número capaz de relacionar duas variáveis e ao mesmo tempo indicar uma divisão e representar uma quantidade, dará conta de responder à questão. Nos problemas considerados de nível 2, além da compreensão do quociente, coloca-se a questão da equivalência e da ordem, ao se propor a comparação entre duas situações de divisão. Nos exercícios de nível 3, procura-se estender o conceito de quociente, com propostas de situações em que se espera do sujeito, na resolução de uma situação contextual, a aplicação do princípio da extensão, conforme apresentado por Caraça (1952). As questões propõem problemas que podem ser resolvidos por uma única divisão, desde que o sujeito perceba, ainda que de forma implícita, 68 que o conceito de divisão pode ser aplicado aos números racionais da mesma forma que aos naturais. Procura-se verificar também a capacidade de formalizar a resolução em comparação com a mobilização de técnicas intuitivas. O critério de gradação da dificuldade nos itens foi atribuído pelo pesquisador em função do número de operações mentais necessárias para sua resolução, não implicando na equivalência de gradação entre os significados parte-todo e quociente. Para atender às condições acima descritas, foi necessário montar um instrumento de pesquisa composto de 48 itens, distribuídos conforme o quadro a seguir: Parte-Todo Icônico Não Icônico Não Icônico Não Icônico Não contínuo icônico discreto icônico contínuo icônico discreto icônico contínuo Nível 1 Nível 2 Nível 3 Quociente discreto contínuo Itens Itens Itens Itens Itens 1e2 7e8 13 e 14 19 e 20 25 e 27 Itens Itens Itens Itens Itens 3e4 9 e 10 15 e 16 21 e 22 26 e 28 Itens Itens Itens Itens Itens 5e6 11 e 12 17 e 18 23 e 24 29 e 30 Itens discreto Itens 31 e 32 37 e 38 Itens Itens 33 e 34 39 e 40 Itens Itens 35 e 36 41 e 42 Itens 43 e 44 Itens 45 e 46 Itens 47 e 48 Quadro 3.2.1-1 – Distribuição das questões. Os itens apresentados na mesma linha da tabela deverão manter fixos os mesmos invariantes e mudar apenas a forma de apresentação. Já os itens da mesma coluna apresentarão a gradação de dificuldade citada, buscando elementos para analisar capacidade dos alunos em utilizar os significados em 69 situações mais complexas, bem como avaliar a evolução dos conceitos e a capacidade de abstrair a partir do uso das frações em situações mais formais. Os itens foram numerados de 1 a 48, conforme descrito no quadro 3.2.2-1. Considerando ter resultado em um trabalho longo, cuja resolução pode ser cansativa mesmo para alunos de níveis mais elevados, os itens foram distribuídos em 3 cadernos de atividades para permitir que fossem aplicados em três seções, caso fosse possível. Na organização dos cadernos de itens, as questões foram divididas em 16 grupos com 3 questões cada. Cada um desses grupos corresponde a um tipo específico de questão, apresentada em seqüência, nos três níveis de dificuldade. O quadro a seguir complementa as informações do quadro 1, segundo essa ordenação. Grupo Itens 1 1, 3, e 5 Grupo Itens 9 25, 26 e 29 2 2, 4, e 6 10 27, 28 e 30 3 7, 9, e 11 11 31, 33 e 35 4 8, 10 e 12 12 32, 34 e 36 5 13, 15 e 17 13 37, 39 e 41 6 14, 16 e 18 14 38, 40 e 42 7 19, 21 e 23 15 43, 45 e 47 8 20, 22,e 24 16 44, 46 e 48 Quadro 3.2.1-2 – Grupos de itens Assim, por exemplo, os itens 1, 3 e 5, denominados “grupo 1”, correspondem a questões envolvendo o significado parte-todo, com grandezas contínuas e ícones, apresentados em seqüência nos três níveis de dificuldade. 70 O caderno da primeira aplicação contém 6 desses grupos de itens, escolhidos de maneira aleatória, enquanto que os cadernos das segunda e terceira aplicações contém cinco grupos cada, também apresentados em seqüência aleatória. A numeração dos itens, citada nos quadros acima descritos, deverá servir de referência para todo o trabalho, independente da ordem em que estes apareceram nos cadernos de questões. Os três cadernos de questões deverão conter os itens na seguinte ordem, obtida por sorteio: Caderno 1 – grupos 6, 15, 4, 5, 9 e 16 Caderno 2 – grupos 7, 12, 10, 13 e 8 Caderno 3 – grupos 3, 2, 1, 14 e 11 3.2.2 – Universo do Estudo O instrumento de pesquisa foi aplicado em três grupos distintos de sujeitos, que se deseja estudar: ! 29 alunos de Ensino Superior, com 24 de Licenciatura em Matemática e 05 de outros cursos da área de exatas, em duas Universidades, sendo uma em São Paulo e outra em Campinas. ! 31 alunos de terceiro ano do Ensino Médio de uma escola profissionalizante da cidade Campinas, que seleciona seus alunos segundo um concurso de admissão de caráter nacional. ! 13 alunos de oitava série de uma escola particular Campinas. 71 A escolha deste universo foi feita tentando fazer com que o estudo se reportasse a sujeitos submetidos a uma educação considerada de boa qualidade e não se colocasse, como variável, eventuais deficiências de formação. Os alunos das Universidades e do Ensino Médio são submetidos a rigorosos exames para ingresso em suas respectivas escolas. Os alunos de oitava série da escola selecionada estudam em condições consideradas muito boas, com professores experientes, poucos alunos por série e um projeto pedagógico que incentiva a busca da autonomia. 3.2.3 – Estudos preliminares Uma vez definidas as características do instrumento de pesquisa, foi aplicada uma primeira versão a uma aluna de Ensino Médio que respondeu às questões diante do pesquisador, comentando detalhes de compreensão do texto e estratégias de resolução utilizadas. Essa atividade forneceu dados importantes para ajustes e apresentou ao pesquisador uma primeira idéia de como seria o desempenho dos alunos. A duração da atividade também levou à idéia já exposta de dividir o instrumento em três partes e aplicá-lo em três etapas nas oitavas séries. Uma vez feitos os ajustes, o instrumento, já dividido em 3 partes, foi aplicado a 6 alunos de Ensino Médio, com cada uma das partes sendo resolvida por 2 alunos, individualmente, tentando reproduzir as condições em que o teste seria aplicado, ficando a interpretação do texto a critério de cada um. Os tempos de resolução de cada uma das partes foram equivalentes, e o instrumento foi considerado pronto para ser aplicado no universo de pesquisa. 72 3.2.4 – Aplicação do instrumento de pesquisa. O teste foi aplicado em um único encontro nos ensinos Superior e Médio e, em três etapas, na oitava série. Optou-se por essa solução por motivos de ordem prática, pois haveria dificuldade em reunir os mesmos do Ensino Superior alunos em 3 oportunidades diferentes. Mantiveram-se as mesmas regras para o Ensino Médio, para que as condições de aplicação não diferissem das do Ensino Superior. Nos encontros para a aplicação do teste, num primeiro momento o pesquisador apresentou aos alunos uma breve descrição da pesquisa, seu objetivo, e solicitou-lhes que resolvessem o instrumento em seu próprio ritmo, sem se preocupar com o tempo e deixando registrados os passos da resolução, uma vez que seu objetivo é analisar, principalmente, as linhas de ação tomadas, que refletem os significados da fração considerados pelo aluno e, possivelmente, os invariantes operatórios que foram mobilizados na resolução de cada item. Após essas considerações iniciais, foram tomados os seguintes procedimentos: a) Nos ensinos Superior e Médio foi distribuído, a cada aluno, o caderno número 1 e solicitado que o resolvesse em seu próprio ritmo, trocando-o pelos cadernos 2 e 3, à medida que terminasse o anterior. O tempo de resolução dos cadernos variou entre 25 e 45 minutos. b) Na oitava série, a aplicação foi feita em três sessões, em dias diferentes, com uma semana de intervalo entre elas, mantidas, em cada sessão, as mesmas condições da aplicação nos níveis Superior e Médio. 73 CAPÍTULO IV DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA. Neste capítulo apresentaremos em detalhes as questões que foram resolvidas pelos sujeitos de pesquisa, organizadas segundo os grupos descritos em 3.1 (quadro 3.2.1-2, pág 70), bem como sua análise. A opção pela apresentação dos itens na ordem apresentada no quadro 3.2.1.-1, (pág 69) e não na ordem em que foram resolvidos pelos alunos, deve-se ao entendimento do pesquisador de que essa ordem facilitará a análise posterior dos itens, que estarão agrupados segundo as variáveis que condicionaram a montagem do instrumento (significado, questões icônicas ou não icônicas e quantidades discretas ou contínuas). A ordem de resolução deverá ser uma variável adicional considerada na análise. Grupo 1 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 7, 8 e 9, conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71). 74 Item 1 – Observe as figuras abaixo: a) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 1? b) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 2? Objetivos: Verificar se o aluno consegue • identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática; • manter o mesmo referencial em todas as respostas do item. Possíveis respostas para o subitem a): • 3 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes; 8 • 3 , indicando que o aluno estabeleceu uma relação parte-parte. 5 Possíveis respostas para o subitem b): • 5 , indicando que o aluno manteve uma pizza como unidade de 8 comparação e executou corretamente a dupla contagem; • 5 , indicando que o aluno utilizou um referencial para cada subitem do 16 problema. • 5 , indicando que o aluno não manteve o referencial e tomou uma relação 11 parte-parte. 75 Respostas consideradas corretas: • 3 5 no subitem a) e no subitem b) 8 8 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma operação de dupla contagem, pois a parte e o todo estão perfeitamente explicitados. No subitem b) é acrescida a necessidade de que o aluno mantenha a unidade, respondendo como fração de uma pizza. Espera-se por conta disso uma redução no percentual de acertos nesse subitem. Observações: O subitem 1b) remete às considerações de Kieren sobre a dificuldade apresentada pelos alunos em relação à compreensão do papel desempenhado pela unidade no conjunto dos números racionais. Reproduz também, com adaptações, a experiência de Mack, descrita na pág. 49, em que a autora aponta, em seu universo de pesquisa, a tendência do aluno de considerar sempre a parte menos que o todo. A análise dos resultados desta pesquisa fornecerá indicações sobre a permanência dessas dificuldades mesmo em alunos com escolarização mais elevada. Item 3 – Que fração representa a parte pintada da figura abaixo? Objetivos: Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática, observando, através 76 da conservação da área, a equivalência entre as partes em que foi dividido o todo. É necessária a compreensão adicional de que, para haver fração, o todo deve ser dividido em partes iguais. Possíveis respostas: • 2 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, 8 percebendo a relação entre a parte pintada e o todo, dividindo mentalmente, ou mesmo graficamente, essa parte para exprimir a fração; • 1 , indicando que o aluno percebeu a necessidade da equivalência entre as 4 partes e redividiu o todo, agora em 4 partes, antes de efetuar a dupla contagem. • 1 , indicando que o aluno não percebeu a necessidade da conservação da 7 área para exprimir a fração. • 2 1 1 , ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 6 3 6 Respostas consideradas corretas: • 2 1 ou . 8 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da área para obter uma fração. Espera-se alguma redução na quantidade de acertos em relação às questões consideradas de nível 1, em que parte e todo estão completamente explicitados. 77 Observações: Esta questão foi extraída de um trabalho de Campos e Cols, citada por Nunes (1997) e faz parte também dos trabalhos de pesquisa de Merlini (2005) e Moutinho (2005), que a aplicaram em alunos de quarta, quinta, sexta e oitava séries. Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade de pizza que não foi consumida? Objetivos: Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo. Possíveis respostas: • 10 5 ou , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, 8 4 foi capaz de adotar como referência uma pizza e foi capaz de expressar uma quantidade maior que a própria unidade de referência. • 10 5 ou , indicando a dificuldade em transformar uma situação fortemente 16 8 contextualizada em um objeto essencialmente abstrato, como a fração imprópria e sugerindo uma tendência a enxergar a fração como uma mera 78 relação entre duas quantidades, sem se preocupar com o estabelecimento de um referencial, mesmo estando esse referencial apresentado de maneira clara no enunciado da situação-problema. • 6 3 ou , indicando que o raciocínio esperado foi feito sobre a parte 8 4 consumida e não sobre a parte não consumida. • 6 3 ou , indicando a tomada de duas pizzas como unidade e o raciocínio 16 8 feito sobre a parte consumida da pizza. • 3 6 5 10 , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 5 10 3 6 Respostas consideradas corretas: • 10 5 ou . 8 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3, pois espera-se a ruptura com a situação contextual, que é muito simples (contar pedaços de pizza), e a expressão do resultado como algo que requer do aluno maior capacidade de abstrair para aceitar uma fração que seja maior que o próprio todo. Grupo 2 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 4, 5 e 6, conforme descrito no tópico 3.2.1. 79 Item 2 – Nos gráficos abaixo, as barras representam as capacidades de dois tanques de combustível, A e B e as partes escuras, a quantidade de combustível existente em cada um dos tanques. B A a) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque A em relação à sua capacidade? b) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque B em relação à sua capacidade? Objetivos: Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática; Possíveis respostas para o subitem a): • 3 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes; 5 • 5 , indicando a inversão entre parte e todo na representação da fração; 3 • 3 2 ou , indicando que o aluno estabeleceu relações parte-parte. 2 3 Possíveis respostas para o subitem b): • 4 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes; 7 80 • 5 , indicando a inversão entre parte e todo na representação da fração; 3 • 4 3 ou , indicando que o aluno estabeleceu relações parte-parte 3 4 Respostas consideradas corretas: • 3 4 no subitem a) e no subitem b) 5 7 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma operação de dupla contagem, pois o todo e as partes estão perfeitamente explicitados. Espera-se um grande percentual de acertos nos dois subitens. Item 4 – Os prédios A e B são iguais e todos os andares têm a mesma altura. A área sombreada representa uma parte do prédio B que está sendo pintada. Que fração representa essa parte? A B Objetivos: Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática, observando, através da conservação da área, a equivalência entre as partes em que foi dividido o todo. É necessária a compreensão adicional de que, para haver fração, o todo deve ser dividido em partes iguais. 81 Possíveis respostas: • 3 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, 5 percebendo a relação entre a parte pintada e o todo, dividindo mentalmente, ou mesmo graficamente, essa parte para exprimir a fração; • 1 , indicando que o aluno não percebeu a necessidade da conservação da 3 área para exprimir a fração. • 3 2 1 , , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 2 3 2 Resposta considerada correta: • 3 . 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da área para obter fração. Espera-se alguma redução na quantidade de acertos em relação às questões consideradas de nível 1, em que parte e todo estão completamente explicitados. Item 6 – Considerando sempre uma barra como o inteiro, responda 1 2 3 4 82 a) Que fração representa a parte pintada da barra 1? b) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1 e 2? c) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2 e 3? d) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2, 3 e 4? e) Que fração representa o dobro das partes pintadas das barras 1 e 2? Objetivos: Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo. Ao contrário do item 5, em que a fração imprópria era perguntada num único item, aqui se foi construindo, progressivamente e por dupla contagem, frações cada vez maiores numa situação em que a parte só se torna maior que o todo a partir de um determinado momento, e o texto sugere, com muito mais ênfase, a idéia de que é importante manter o mesmo referencial em todas as respostas. Os subitens c) e d) são os que devem corresponder, para fins de análise, à resposta do item 5. No subitem e), tenta-se verificar se a equivalência é percebida em relação ao subitem d), seja pelos cálculos, seja pela observação das áreas. A análise deverá levar em conta o número de sujeitos que indicou o mesmo valor para as duas respostas. Possíveis respostas para o subitem a): • 12 6 3 , ou , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo 20 10 5 corretamente; • 8 12 6 4 3 2 , , , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 12 8 4 6 2 3 83 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 12 6 3 , ou . 20 10 5 Possíveis respostas para o subitem b): • 16 8 4 , ou , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo 20 10 5 corretamente; • 12 40 6 20 3 10 , , , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-todo 40 12 20 6 10 3 não considerando a manutenção do referencial. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 16 8 4 , ou 20 10 5 Possíveis respostas para o subitem c): • 28 14 7 , ou , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo 20 10 5 corretamente; • 28 60 14 30 7 15 , , , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-todo 60 28 30 14 15 7 não considerando a manutenção do referencial. Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 28 14 7 , ou . 20 10 5 Possíveis respostas para o subitem d): • 32 16 8 , ou , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo 20 10 5 corretamente; 84 • 24 80 12 40 6 20 , , , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-todo 80 24 40 12 20 6 não considerando a manutenção do referencial. Respostas consideradas corretas para o subitem d): • 32 16 8 , ou 20 10 5 Possíveis respostas para o subitem e): • 32 16 8 , ou , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo 20 10 5 corretamente; • 12 40 6 20 3 10 , , , , , , indicando o estabelecimento de relações parte-todo 40 12 20 6 10 3 não considerando a manutenção do referencial. Respostas consideradas corretas para o subitem e): • 32 16 8 , ou . 20 10 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3, pois se espera do sujeito, a manutenção do referencial, a construção intuitiva da adição de frações e a observação da equivalência, com a utilização de frações impróprias. Grupo 3 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 1, 2 e 3, conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71). Item 7 – Um pedaço de corda foi dividido em 9 partes iguais, que foram distribuídas para as crianças de uma escola brincarem no recreio. As crianças da pré-escola 85 receberam 3 dessas partes, as da primeira série, 2 partes e as da segunda série 4 partes. a) Que fração da corda as crianças da pré-escola receberam? b) Que fração da corda as crianças da primeira série receberam? c) Que fração da corda as crianças da segunda série receberam? Objetivos: Verificar se os sujeitos conseguem identificar o todo, as partes e representar por uma fração uma situação estática, em que todo e partes estão bem definidos, porém, apresentados apenas a partir de um texto, sem auxílio de figuras. Possíveis respostas para o subitem a) • 3 , indicando a correta relação parte-todo 9 • 3 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte 6 Possíveis respostas para o subitem b) • 2 , indicando a correta relação parte-todo; 9 • 2 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte. 7 Possíveis respostas para o subitem c) • 4 , indicando a correta relação parte-todo; 9 • 4 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte. 5 Respostas consideradas corretas • 3 2 4 , e respectivamente para os subitens a), b) e c). 9 9 9 86 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois as frações podem ser perfeitamente caracterizadas pela descrição fornecida, estando explicitados no texto: quem é o todo-referência, em quantas partes esse todo foi dividido e qual o número de partes tomadas em cada caso. Espera-se um grande número de acertos nesse item. Item 9 – Um chocolate foi dividido em 5 partes, sendo 4 delas iguais e uma igual ao dobro de cada uma das 4 anteriores. Que fração representa essa parte maior em relação ao chocolate todo? Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição e sem o auxílio de figuras, levar em conta a informação sobre partes de um todo dividido em partes de diferentes tamanhos e encontrar uma fração que exprima essas partes. Possíveis respostas: • 2 1 ou , indicando que foi levada em conta a diferença de tamanho entre as 6 3 partes; • 1 , indicando que não foi feita essa consideração; 5 • 1 2 ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 4 4 Respostas consideradas corretas: • 2 1 ou . 6 3 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de interpretação para entender que o tamanho da barra de chocolate corresponde, na verdade, a 6 dos pedaços menores em que ele foi dividido, e a parte maior 87 corresponde a duas dessas partes. A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso uma dificuldade ao problema. Espera-se um percentual menor de acertos em relação aos itens 3 e 5, que são semelhantes, porém com figuras, e em relação ao item 7. Item 11 – Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberam como herança dois terrenos de mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais, cabendo duas partes a Antônio e três a Roberto. Complete com frações: a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da área de um terreno. b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de um terreno. Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema, identificar o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que a repartição se refere a duas unidades e responder a questão no referencial pedido, usando uma fração imprópria Possíveis respostas para o subitem a): • 4 , indicando a compreensão do problema; 5 • 4 2 ou , indicando não que não foi levado em conta que são dois terrenos ou 10 5 que foram tomados como referencial dois terrenos, em vez de um. Possíveis respostas para o subitem b): • 6 , indicando a compreensão do problema; 5 88 • 6 3 ou , indicando não que não foi levado em conta que são dois terrenos ou 10 5 que foram tomados como referencial dois terrenos, em vez de um. Respostas consideradas corretas: • 4 6 e , respectivamente para os subitens a) e b) 5 5 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem levados em conta, que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e o uso da fração imprópria. Grupo 4 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 7, 8 e 9, conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71). Item 8 – No balcão de uma padaria podem ser vistos dois bolos de chocolate, três bolos de coco e quatro de morango. Maria comprou um bolo de chocolate e outro de morango. Represente por uma fração a quantidade de bolos que Maria comprou em relação ao total de bolos da padaria. Objetivos: Verificar se os sujeitos conseguem identificar o todo, as partes e representar por uma fração uma situação estática, em que todo e partes estão bem definidos, porém, apresentados apenas a partir de um texto, sem auxílio de figuras. Possíveis respostas: • 2 , indicando a obtenção correta das partes e do todo; 9 89 • 2 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 7 Resposta considerada correta: • 2 9 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois a fração pode ser perfeitamente caracterizada pela descrição fornecida, estando perfeitamente explicitados no texto quantos elementos possui o conjunto tomado como todo-referência, e quantas dessas partes foram tomadas. Espera-se um grande número de acertos nesse item. Item 10 – Para a confecção de uma fantasia, um novelo de fita vermelha foi cortado em 4 partes, de modo que 3 dessas partes têm o mesmo tamanho, e a quarta parte tem o dobro do tamanho de cada uma das 3 anteriores. Logo após, para confeccionar outra fantasia, um novelo de fita azul, do mesmo tamanho da vermelha, foi cortado, nas mesmas condições. a) Que fração da fita vermelha representa o pedaço maior? b) Considerando o inteiro como um novelo de fita, que fração de novelo representa a soma dos pedaços maiores das duas fitas? Objetivos Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de figuras, levar em conta a informação sobre um todo dividido em partes de diferentes tamanhos e encontrar uma fração desse todo que exprima essas partes. Possíveis respostas para o subitem a): • 2 , indicando que foi levada em conta a diferença de tamanho entre as partes; 5 90 • 1 , indicando que não foi levada em conta essa consideração; 4 • 1 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 3 Possíveis respostas para o subitem b): • 4 , indicando que foi levada em cota a diferença de tamanho entre as partes e 5 mantido referencial de um novelo; • 4 , indicando que foi levada em conta a diferença entre as partes, mas não 10 mantido o mesmo referencial; • 2 1 ou indicando que não foi levada em conta a diferença de tamanho entre 4 2 as partes; • 2 1 ou , indicando que não foi levada em conta a diferença de tamanho enre 8 4 as partes nem mantido o referencial. Respostas consideradas corretas: • 2 4 para o subitem a) e para o subitem b). 5 5 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de interpretação para entender que o comprimento do novelo de fita corresponde, na verdade, a 5 dos pedaços menores em que ele foi dividido, e a parte maior corresponde a duas dessas partes. A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso, uma dificuldade ao problema. 91 Item 12 - André ganhou 4 chocolates do mesmo tamanho, cada um deles com marcas para serem divididos em 4 pedaços iguais. Do primeiro chocolate comeu 3 pedaços e deu 1 para seu irmão Pedro. Do segundo, comeu dois pedaços e deu os outros dois para sua prima Daniela. Logo após, resolveu comer os outros dois chocolates e dividiu com Pedro e Daniela da mesma maneira que os dois primeiros. a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos dois primeiros chocolates? b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos 4 chocolates? Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema, identificar o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que partes de várias unidades devem ser reagrupadas e exprimir essas partes tomando uma unidade como referência. Possíveis respostas para o subitem a): • 5 , indicando que a fração foi apresentada segundo o referencial pedido; 4 • 5 , indicando que foram tomadas como referencial duas barras de chocolate, 8 em vez de uma. Possíveis respostas para o subitem b): • 10/4 ou 5/2, indicando que a fração foi apresentada segundo o referencial pedido; • 10/16 ou 5/8, indicando que foram tomadas como referencial duas barras de chocolate, em vez de uma. 92 Respostas consideradas corretas: • 5 10 5 para o subitem a) e ou para o subitem b). 4 4 2 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o estabelecimento de um referencial e o uso da fração imprópria. Grupo 5 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 10, 11 e 12, conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71). Item 13 – No balão, somente três bolas estão pintadas. Represente por uma fração a quantidade de bolas pintadas em relação a todas as bolas que estão no balão. Objetivos: Verificar se o aluno consegue utilizar a fração identificando o todo e as partes, com apoio de uma figura, numa situação em que o todo deve ser tomado como um conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos. Possíveis respostas: • 3 , indicando o estabelecimento de relações parte-todo; 7 93 • 3 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 4 Resposta considerada correta: • 3 . 7 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através uma dupla contagem. Item 15 – Na mesa encontram-se quatro pratos com docinhos iguais. Encontre uma fração que exprima a quantidade de doces do prato 1 em relação ao total de doces existente na mesa. 1 3 2 4 Objetivos: Verificar se o aluno consegue, observando uma figura, identificar o conjunto a ser tomado como referência e exprimir uma parte desse conjunto como uma fração. Este item foi elaborado procurando explorar os mesmos invariantes do item 3, adaptando a proposta de Campos e Cols. (1995) para as quantidades discretas. 94 Possíveis respostas: • 2 4 ou , indicando que o aluno interpretou corretamente e raciocinou em 5 10 termos de quantidade de pratos de doces ou quantidade de doces, respectivamente; • 1 2 ou , indicando que não foi levado em conta o fato de um dos pratos ter um 4 8 número diferente de doces. Respostas consideradas corretas: • 2 4 ou . 5 10 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 2, pois, na forma em que foi apresentada, introduziu uma variável nova, que é o número de pratos em que os doces foram agrupados, fazendo com o que o conjunto a ser tomado como todo-referência não esteja perfeitamente explicitado. Item 17 – Duas Caixas de bolinhas de gude como esta deverão ser repartidas entre Carlos e José. Para fazer a divisão, as bolinhas de cada caixa serão divididas em 7 partes iguais, cabendo 3 partes a Carlos e 4 partes a José. Complete com frações: a) a parte de Carlos corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas. b) a parte de José corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas. 95 Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e de uma figura, identificar o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que a repartição se refere a duas unidades e responder a questão no referencial pedido, usando uma fração imprópria. Espera-se que o número de sujeitos que respondam a este item, com frações cujo denominador seja o dobro do número de elementos do conjunto apresentado, seja menor que nos itens correspondentes, em que se forneceu no enunciado o desenho de duas caixas, em vez de uma. Possíveis respostas para o subitem a): • 6 12 ou , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial 7 21 esperado; • 12 6 ou , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de 42 21 duas caixas, e não de uma caixa, como foi solicitado; • 3 9 ou , indicando que o aluno não levou em conta o fato de serem duas 7 21 caixas, por leitura incorreta do enunciado. Possíveis respostas para o subitem b): • 8 24 ou , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial 7 21 esperado; • 24 12 4 , ou , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de 22 21 7 duas caixas, e não de uma caixa, como foi solicitado. Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 6 12 ou 7 21 96 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 8 24 ou . 7 21 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e o uso da fração imprópria. Grupo 6 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 1, 2 e 3, conforme descrito no tópico 3.2.1. Foram, portanto as primeiras questões resolvidas pelos sujeitos de pesquisa. Item 14 - Numa loja de presentes há 4 bonés vermelhos e 2 bonés azuis de mesmo tamanho. Que fração representa a quantidade de bonés azuis em relação ao total de bonés? Objetivos: Verificar se o aluno identifica o todo e as partes e utiliza a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática e se toma como referencial o conjunto dos elementos ou a relação entre os elementos do conjunto. 97 Possíveis respostas: • 2 , indicando que o aluno resolveu o problema por dupla contagem, a partir 6 do total de elementos do conjunto; • 1 , indicando que o aluno identificou uma relação de equivalência entre 3 grupos de elementos do conjunto; • 2 4 1 2 , , ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 4 2 2 1 Respostas consideradas corretas: • 2 1 ou . 6 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma operação de dupla contagem, pois o todo e as partes estão perfeitamente explicitados. Espera-se um grande percentual de acertos no item. Observações: Este item também consta dos trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005), aplicados em alunos de quarta, quinta, sexta e oitava séries. Item 16 – Na parede há 5 porta-retratos, para fotos iguais, porém com capacidade para um número diferente de fotos. Represente por uma fração a capacidade de fotos do porta-retrato A em relação ao total de fotos que estão na parede. B A C D E 98 Objetivos: Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar uma fração numa situação estática. Este item foi elaborado procurando explorar os mesmos invariantes do item 3, adaptando a proposta de Campos e Cols. (1995) para as quantidades discretas. Possíveis respostas: • 2 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes e tomou 7 o número equivalente de porta-retratos menores como unidade; • 4 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes e tomou 14 o número total de fotos como unidade; • 1 , indicando que o aluno estabeleceu a relação parte-todo, porém não 5 observou a conservação do número de elementos do conjunto tomado como unidade; • 1 , indicando que o aluno estabeleceu a relação parte-parte e não observou a 4 conservação do número de elementos do conjunto tomado como unidade; • 2 4 ou , indicando a conservação da unidade, porém o estabelecimento da 5 10 relação parte-parte. Respostas consideradas corretas: • 2 4 ou 7 14 Grau de dificuldade; O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da quantidade 99 de elementos do conjunto tomado como referência para obter uma fração. Espera-se alguma redução na quantidade de acertos em relação às questões consideradas de nível 1, em que parte e todo estão completamente explicitados. Item 18 - Tomando como o todo-referência uma caixa de bolinhas, a) represente por uma única fração o total de bolinhas pintadas nas 4 caixas. b) represente por uma fração o dobro da quantidade das bolinhas pintadas na figura abaixo. Objetivos: Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo. Possíveis respostas para o subitem a): • 32 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, foi 20 capaz de adotar como referência uma caixa e foi capaz de expressar uma quantidade maior que a própria unidade de referência. • 8 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, foi capaz 5 de adotar como referência uma caixa e foi capaz de expressar uma quantidade maior que a própria unidade de referência e estabeleceu uma relação de 100 equivalência entre um grupo de elementos do conjunto e o total de seus elementos. • 32 8 2 , ou , indicando que estas respostas podem ser motivadas por uma 80 20 5 leitura incorreta do texto da situação-problema, em que fica bem determinada a unidade a ser tomada, ou da dificuldade em transformar uma situação fortemente contextualizada em um objeto essencialmente abstrato como a fração imprópria, mostrando uma tendência a enxergar a fração na sua forma mais primitiva; • 32 4 2 48 6 3 , , , , ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 48 6 3 32 4 2 Possíveis respostas para o subitem b): • 32 8 ou , indicando a percepção da equivalência entre as duas situações. 20 5 • 16 2 ou , indicando a não manutenção do referencial nos dois subitens. 40 5 • 32 8 ou , indicando a percepção da equivalência entre as duas situações, 80 20 tomando como todo-referência o total de bolinhas de uma caixa. Deverá ser observado se o aluno manteve o mesmo referencial nos dois subitens. Respostas consideradas corretas: • 32 8 ou para os dois subitens. 20 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3, pois se espera a ruptura com a situação contextual, que é muito simples (relacionar as bolinhas pintadas com o total de bolinhas), e a expressão do resultado como algo que requer um pouco mais que a simples noção de partição associada à idéia de fração. 101 Grupo 7 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 1, 2 e 3, conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71). Item 19 – Na vitrine de uma loja de brinquedos podem ser vistos 2 carrinhos azuis, 3 carrinhos vermelhos e 4 carrinhos verdes, todos do mesmo tipo. Um cliente comprou para seus filhos 1 carrinho azul e outro verde. Represente por uma fração a quantidade carrinhos que esse cliente comprou em relação ao total de carrinhos da vitrine. Objetivos: Verificar se o aluno consegue utilizar a fração, identificando o todo e as partes a partir da interpretação de um texto, numa situação em que o todo deve ser tomado como um conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos. Possíveis respostas: • 2 , indicando o estabelecimento de relação parte-todo; 9 • 2 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte. 7 Resposta considerada correta: • 2 . 9 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através de uma dupla contagem. 102 Item 21 – Num restaurante existem 2 mesas com 12 lugares cada e 3 mesas com 4 lugares cada. Que fração da capacidade do restaurante representa uma das mesas de 4 lugares? Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de figuras, identificar o número de elementos de um conjunto tomado como o todoreferência e exprimir um de seus subconjuntos como uma fração desse todo Possíveis respostas: • 4 1 ou , indicando o estabelecimento correto da relação; 36 9 • 1 indicando a desconsideração da diferença de tamanho entre as mesas. 5 Respostas consideradas corretas: • 4 1 ou . 36 9 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de interpretação e alguns cálculos para se obter o total de lugares do restaurante ou o total de mesas de 4 lugares que deveriam existir para manter essa capacidade. A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso, uma dificuldade ao problema. Item 23 –Michele e Mirela ganharam dois pacotes com 30 balas para repartirem. Cada um desses pacotes foi dividido em 6 partes iguais, e Michele ficou com 2 partes enquanto que Mirela ficou com 4 partes. Complete com frações: a) A parte de Michele corresponde a ______________ de um pacote de balas. b) A parte de Mirela corresponde a ______________de um pacote de balas. 103 Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e sem o auxílio de uma figura, identificar o número de elementos do conjunto tomado como referência, identificar quantas partes foram tomadas, levando em conta que são dois os pacotes repartidos, e responder à questão no referencial pedido, usando uma fração imprópria. Possíveis respostas para o subitem a): • 20 4 2 , ou , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial 30 6 3 esperado; • 20 4 2 , ou , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de 60 12 3 dois pacotes, e não de um pacote, como foi solicitado; • 5 1 ou , indicando que o aluno não levou em conta o fato de serem dois 30 6 pacotes, por leitura incorreta do enunciado. Possíveis respostas para o subitem b): • 8 24 ou , indicando a compreensão do que foi solicitado e a resposta 7 21 apresentada no referencial esperado; • 24 12 4 , ou , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de 42 21 7 dois pacotes, e não de um pacote, como foi solicitado, ou não levou em conta o fato de serem duas caixas, por leitura incorreta do enunciado. Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 20 4 2 , ou . 30 6 3 104 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 40 8 4 , ou . 30 6 3 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o estabelecimento de um referencial e o uso da fração imprópria. Grupo 8 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 13, 14 e 15, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 20 – Um pacote com 36 balas foi repartido em 12 partes iguais, que foram distribuídas para Juliane, Daniele e Gabriela. Juliane recebeu 5 partes, Daniele recebeu 4 partes e Gabriela recebeu 3 partes. a) Que fração do pacote de balas Juliane recebeu? b) Que fração do pacote de balas Gabriela recebeu? c) Que fração do pacote de balas Daniele recebeu? Objetivos: Verificar se o aluno consegue utilizar a fração, identificando o todo e as partes a partir da interpretação de um texto, numa situação em que o todo deve ser tomado como um conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos. Possíveis respostas para o subitem a): • 5 15 ou , indicando a compreensão correta do item; 12 36 105 • 5 15 , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 7 21 Possíveis respostas para o subitem b): • 4 12 1 , ou , indicando a compreensão correta do item; 12 36 3 • 4 12 1 , ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 8 24 2 Possíveis respostas para o subitem c): • 3 9 1 , ou , indicando a compreensão correta do item; 12 36 4 • 5 9 1 , ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 9 27 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 5 15 , . 12 36 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 4 12 1 , ou . 12 36 3 Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 3 9 1 , ou . 12 36 4 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através de uma dupla contagem. Item 22 – Três meninos e uma menina compraram uma caixa de bombons, que foram repartidos, de modo que a menina recebeu o dobro da quantidade de bombons 106 que os meninos. Após repartirem os bombons resolveram comprar outra caixa igual, e repartirem da mesma maneira. a) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após repartirem a primeira caixa? b) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após repartirem as duas caixas? c) Se as duas caixas fossem repartidas ao mesmo tempo, que fração de uma caixa representaria o total de bombons que a menina ganhou? Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de figuras, identificar o número de elementos de um conjunto tomado como referência e exprimir um de seus subconjuntos como uma fração desse todo. Possíveis respostas para o subitem a): • 2 , mostrando que o aluno executou corretamente a repartição; 5 • 1 , sugerindo que não foi levada em conta a diferença entre os tamanhos das 4 partes dos meninos e da menina; • 2 1 ou , indicando o estabelecimento de relações parte-parte. 3 3 Possíveis respostas para o subitem b): • 4 , mostrando que o aluno representou a nova quantidade mantendo o 5 referencial; • 4 , indicando mudança do referencial. 10 107 Possíveis respostas para o subitem c): • 4 , mostrando que o aluno representou a nova quantidade mantendo o 5 referencial e compreendeu a independência da ordem nessa operação; • 4 , indicando mudança do referencial. 10 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 2 . 5 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 4 . 5 Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 4 . 5 Grau de dificuldade O item é considerado de nível 2, pois o referencial não foi fornecido de maneira explícita, sendo necessário um trabalho de interpretação para determiná-lo. A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso, uma dificuldade ao problema. Item 24 – Flávia tinha 4 pacotes iguais de contas coloridas para fazer colares. Para fazer um colar, separou as contas da seguinte maneira: - dividiu o primeiro pacote em 5 partes, das quais usou 3; - dividiu o segundo pacote em 5 partes, das quais usou uma. - dividiu o terceiro pacote em 5 partes, das quais usou 3; - dividiu o quarto pacote em 5 partes, das quais usou uma. 108 a) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 2 primeiros pacotes? b) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 4 pacotes? Objetivos: Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e sem o auxílio de uma figura, identificar o número de partes em que foi dividido o conjunto tomado como referência, identificar quantas partes foram tomadas, levando em conta que mais de um conjunto foi repartido e responder à questão no referencial pedido, usando uma fração imprópria. Possíveis respostas para o subitem a): • 4 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial esperado; 5 • 4 2 ou , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de dois 10 5 pacotes, e não de um, como foi solicitado. Possíveis respostas para o subitem b): • • 8 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial esperado; 5 8 4 8 2 , , ou , indicando que o aluno não utilizou o referencial proposto. 10 5 20 5 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 4 . 5 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 8 . 5 109 Grau de dificuldade: A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e o uso da fração imprópria. Grupo 9 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 13, 14 e 15, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 25 – Foram divididas igualmente para 4 crianças, 3 barras de chocolate a) Cada criança receberá um chocolate inteiro? ( ) Sim ( ) Não b) Cada criança receberá pelo menos metade de um chocolate? ( ) Sim ( ) Não c) Que fração do chocolate cada criança receberá? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas. 110 Possíveis respostas para o subitem a): • Não. Possíveis respostas para o subitem b): • Sim. Possíveis respostas para o subitem c): • 3 de uma barra; 4 • 1 de cada chocolate. 4 Resposta considerada correta no subitem a): • Não. Resposta considerada correta no subitem b): • Sim. Resposta considerada correta no subitem c): • 3 . 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua forma mais simples e fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a resolução. Item 26 – Duas barras de chocolate iguais foram repartidas entre 5 meninos e 3 barras iguais foram repartidas entre 5 meninas. 111 a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menino recebeu? b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menina recebeu? c) Quem recebeu um pedaço maior de chocolate? d) Qual dessas frações é maior? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas pra o subitem a): • 2 , indicando a compreensão do pedido; 5 • 1 , indicando a não compreensão. 5 Possíveis respostas para o subitem b): • 3 , indicando a compreensão do pedido; 5 • 1 , indicando a não compreensão. 5 Possíveis respostas para o subitem c): • As meninas. Possíveis respostas para o subitem d): • 3 . 5 Resposta considerada correta para o subitem a): • 2 . 5 112 Resposta considerada correta para o subitem b): 3 . 5 • Resposta considerada correta para o subitem c): • As meninas. Resposta considerada correta para o subitem d): 3 . 5 • Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e formal. Item 29 – Quatro barras de chocolate deverão ser divididas e colocadas em caixinhas de modo a que em cada caixinha caibam 2 de uma barra de chocolate. 3 a) Quantas caixinhas serão necessárias para guardar todo o chocolate? b) Represente a solução deste problema como uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente em que o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; 113 • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 6. Possíveis respostas para o subitem b): • 4: 2 = 6. 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 6. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 4: 2 = 6. 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3, pois os elementos necessários à sua resolução não são fornecidos de maneira explícita, requerendo operações mentais mais sofisticadas para sua resolução, mesmo no caso da resolução intuitiva. Em um estágio mais avançado, no subitem b), procura-se avaliar se o sujeito já dispõe de invariantes operatórios que possibilitem formalizar a solução em termos de divisão de um número natural por uma fração. Para isso, a construção do conceito de número racional para o sujeito deverá estar em tal estado que permita a visão desses números como objetos matemáticos abstratos, reconhecendo suas propriedades e sua interação com o conjunto dos números naturais. A questão procura avaliar quantos dos sujeitos estão no primeiro estágio e quantos já atingiram o segundo. Estas considerações também se aplicam aos itens 30, 35, 36, 41, 42, 47 e 48. 114 Grupo 10 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 7, 8 e 9, conforme descrito no tópico 3.2.1 Item 27 – Um bolo foi dividido igualmente para três crianças e dois bolos do mesmo tamanho foram divididos igualmente para 6 crianças. 1 2 a) As 9 crianças comeram a mesma quantidade de bolo? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração representa a divisão do bolo da figura 1? c) Que fração representa a divisão do bolo da figura 2? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas para o subitem a): • Sim. Possíveis respostas para o subitem b) • 1 . 3 115 Possíveis respostas para o subitem c): • 2 1 ou . 6 3 Resposta considerada correta para o subitem a): • Sim. Resposta considerada correta para o subitem b): • 1 . 3 Resposta considerada correta para o subitem c): • 2 1 ou . 6 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua forma mais simples, fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a resolução e procura verificar a noção de equivalência apenas por procedimentos intuitivos. Item 28 – Dois bolos foram divididos igualmente para 3 crianças e 3 bolos do mesmo tamanho foram divididos igualmente para 4 crianças. 1 2 a) As crianças de qual grupo ganharam mais bolo? b) Que fração representa a divisão do bolo da figura 1? 116 c) Que fração representa a divisão do bolo na figura 2? d) Qual dessas frações é maior? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas para o subitem a): • Grupo 2. Possíveis respostas para o subitem b): • 2 , indicando o uso do referencial esperado; 3 • 1 , sugerindo o uso de um bolo como referencial. 3 Possíveis respostas para o subitem c) • 3 , indicando o uso do referencial esperado; 4 • 1 , sugerindo o uso de um bolo como referencial. 4 Possíveis respostas para o subitem d): • 3 . 4 Resposta considerada correta para o subitem a): • Grupo 2. Resposta considerada correta para o subitem b): • 2 . 3 Resposta considerada correta para o subitem c): • 3 . 4 117 Resposta considerada correta para o subitem d): • 3 . 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e formal. Espera-se um percentual de acertos menor que o do item 26, pois as frações são de comparação mais difícil que as apresentadas naquele item. Item 30 - Se tomarmos pedaços equivalentes a 3 de cada um dos chocolates 4 abaixo para distribuirmos a algumas crianças. a) Quantas crianças poderão ganhar chocolate? b) Represente esta repartição como uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente em que o dividendo é uma grandeza contínua e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 4. 118 Possíveis respostas para o subitem b): • 3: 3 = 4. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 4. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 3: 3 = 4. 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 11 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 7, 8 e 9, conforme descrito no tópico 3.2.1. Foram, portanto, as últimas questões resolvidas pelos sujeitos de pesquisa. Item 31 – Três barras de chocolate foram divididas em partes iguais entre 5 crianças. a) Cada criança recebeu pelo menos a metade de uma barra de chocolate? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração de uma barra de chocolate cada criança recebeu? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, a partir de uma descrição por um texto, sem a utilização de figuras e operando sobre grandezas contínuas. 119 Possíveis respostas para o subitem a): • Sim. Possíveis respostas para o subitem b): • 3 , indicando a compreensão do pedido; 5 • 1 , indicando a não compreensão. 5 Resposta considerada correta para o subitem a): • Sim. Resposta considerada correta para o subitem b): • 3 . 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua forma mais simples e fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a resolução. Item 33 – Dez barras de chocolate de mesmo tamanho serão repartidas igualmente entre 15 crianças. Sabe-se que 6 barras são de chocolate escuro e que 4 barras são de chocolate branco. Sabe-se também que 9 crianças preferiram o chocolate escuro e que 6 crianças preferiram o branco. a) As crianças que preferiram o chocolate escuro ganharão um pedaço maior de chocolate? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração representa a quantidade de chocolate escuro que cada criança receberá? 120 c) Que fração representa a quantidade de chocolate branco que cada criança receberá? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, a partir de uma descrição por um texto, sem a utilização de figuras e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas para o subitem a): • Não. Possíveis respostas para o subitem b): • 6 2 ou , indicando o uso do referencial esperado; 9 3 • 1 , exprimindo a fração de cada barra, e não o total. 6 Possíveis respostas para o subitem c): • 4 2 ou , indicando o uso do referencial esperado; 6 3 • 1 , exprimindo a fração de cada barra, e não o total. 6 Resposta considerada correta para o subitem a): • Não. Resposta considerada correta para o subitem b): • 6 2 ou . 9 3 Resposta considerada correta para o subitem c): • 4 2 ou . 6 3 121 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois apresenta, mesclando os dados, duas situações de quociente que devem ser resolvidas com apoio apenas do texto, sem auxílio de figuras, e acrescenta a idéia de ordem ao solicitar uma comparação entre frações. Item 35 – Para que se possa fazer a limpeza de dois grandes aquários iguais, a água que está contida neles deverá ser transferida para alguns recipientes cuja capacidade é 1 da capacidade dos aquários. 3 a) Quantos pequenos recipientes serão necessários para armazenar a água? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, em que o dividendo é uma grandeza contínua e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 6. Possíveis respostas para o subitem b): • 2: 1 =6 . 3 Resposta considerada correta para o subitem a): • 6. 122 Resposta considerada correta para o subitem b): • 2: 1 =6 . 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 12 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades contínuas. Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 4, 5 e 6, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 32 – Numa certa lanchonete, 5 meninos sentaram-se para lanchar e pediram 4 garrafas de refrigerante e tomaram todos a mesma quantidade. Na mesa ao lado, 5 meninas que também lanchavam pediram 3 garrafas de refrigerante e também tomaram a mesma quantidade. a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas? b) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menino tomou? c) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menina tomou? d) Qual dessas frações é maior? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações em uma situação quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas para o subitem a): • Os meninos. 123 Possíveis respostas para o subitem b): • 4 , indicando a compreensão do pedido; 5 • 1 , indicando a não compreensão. 5 Possíveis respostas para o subitem c): • 4 , indicando a compreensão do pedido; 5 • 1 , indicando a não compreensão. 5 Possíveis respostas para o subitem d): • 4 . 5 Resposta considerada correta para o subitem a): • Meninos. Resposta considerada correta para o subitem b): • 4 . 5 Resposta considerada correta para o subitem c): • 3 . 5 Resposta considerada correta para o subitem d): • 4 . 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 1, pois a situação quociente está definida de maneira explícita e a comparação de frações, solicitada no subitem d), remete ao caso mais simples, que é o de duas frações de mesmo denominador. 124 Observações: Esta forma de comparar frações, inicialmente a partir do conhecimento intuitivo e depois de maneira formal, reproduz, com adaptações, as questões propostas por Mack (1990), descritas no tópico 2.4, e pretendem verificar se os resultados obtidos por aquela autora permanecem válidos para os sujeitos de escolaridade mais elevada que foram estudados nesta pesquisa. Item 34 – Na hora do recreio, foram divididas 3 latas de refrigerante igualmente para 2 meninos e 5 latas de refrigerante, também foram divididas igualmente para 3 meninas. a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas? b) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada menina tomou. c) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada menino tomou. d) Qual dessas frações é maior? Objetivos: Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e operando sobre grandezas contínuas. Possíveis respostas para o subitem a): • As meninas. Possíveis respostas para o subitem b): • 5 , indicando a compreensão do pedido; 3 125 • 1 , indicando a não compreensão. 3 Possíveis respostas para o subitem c): • 3 , indicando a compreensão do pedido; 2 • 1 , indicando a não compreensão. 2 Possíveis respostas para o subitem d): • 5 . 3 Resposta considerada correta para o subitem a): • Meninas. Resposta considerada correta para o subitem b): • 5 . 3 Resposta considerada correta para o subitem c): • 3 . 2 Resposta considerada correta para o subitem d): • 5 . 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e formal, apresentando frações cuja comparação não é imediata. Observações: Cabem aqui as mesmas observações feitas em relação à questão 32 no que diz respeito as considerações de Mack(1990). A diferença fundamental entre as duas 126 questões está no fato de que, na questão 34, as frações são de difícil comparação, mesmo por procedimentos intuitivos. Item 36 – Quatro grandes navios de mesma capacidade de carga estão ancorados num porto, carregados de grãos. Para que os grãos possam chegar a portos mais rasos, o carregamento deverá ser transferido para navios menores, com 2 da 3 capacidade dos navios grandes. a) Quantos navios menores serão necessários para transportar a carga que está nos navios grandes? b) Represente a solução desse problema por uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, em que o dividendo é uma grandeza contínua e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 6. Possíveis respostas para o subitem b): • 4: 2 =6 . 3 127 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 6. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 4: 2 =6 . 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 13 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 10, 11 e 12, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 37 – As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3 meninos . a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar. b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino deverá ganhar. Objetivos: • Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, manipulando dois referenciais. • Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo frações pode ter como resultado um número natural. 128 Possíveis respostas para o subitem a): • 2 , indicando a compreensão da proposição; 3 • 1 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto. 3 Possíveis respostas para o subitem b): • 60 ou 20 , indicando a compreensão da proposição; 3 • 2 1 ou , indicando o uso de um referencial diferente do proposto. 3 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 2 . 3 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 60 ou 20 . 3 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos de bolinhas a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar. Item 39 – No pacote 1 existem 12 balas, que serão repartidas igualmente para 4 meninos. No pacote 2 existem 9 balas que serão repartidas igualmente para 3 meninas. 129 a) Cada um dos meninos ganhará mais balas que as meninas? ( ) Sim ( ) Não b) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá. c) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá. Objetivos: • Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, manipulando dois referenciais, além de comparar frações. • Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo frações pode ter como resultado um número natural. Possíveis respostas para o subitem a): • Não. Possíveis respostas para o subitem b): • 12 = 3. 4 130 Possíveis respostas para o subitem c): • 9 = 3. 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • Não. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 12 = 3. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 9 = 3. 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois além do uso do conceito de quociente, requer a comparação de duas frações. Item 41 – Três pacotes de ovos serão redistribuídos em pacotes menores, de modo que cada novo pacote contenha 3 dos ovos do pacote maior. 4 a) Quantos pacotes poderão ser obtidos através desse procedimento? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Objetivos Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto e uma figura, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; 131 • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 4. Possíveis respostas para o subitem b): • 3: 3 = 4. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 4. Respostas consideradas corretas para o subitem b) • 3: 3 = 4. 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 14 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 10, 11 e 12, conforme descrito no tópico 3.2.1. 132 Item 38 – Dois dos pacotes de balas deverão ser repartidos igualmente por 6 meninos e outros 3 pacotes iguais, por 6 meninas. a) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menino receberá. b) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menina receberá. c) Qual dessas frações é maior? d) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá. e) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá. Objetivos: • Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, utilizando-se de dois referenciais, além de comparar frações. • Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo frações pode ter como resultado um número natural. 133 Possíveis respostas para o subitem a): • 2 1 ou , indicando a compreensão da proposição; (considerada correta). 6 3 • 1 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto. 6 Possíveis respostas para o subitem b): • 3 1 ou , indicando a compreensão da proposição; (considerada correta); 6 2 • 1 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto. 6 Possíveis respostas para o subitem c): • 3 1 ou (considerada correta). 6 2 Possíveis respostas para o subitem d): • 36 18 , ou 6 (considerada correta). 6 3 Possíveis respostas para o subitem e). • 54 18 , ou 9 (considerada correta). 6 2 Grau de dificuldade O item é considerado de nível 1, pois a situação quociente está definida de maneira explícita e a comparação de frações, solicitada no subitem c) remete ao caso mais simples, que é o de duas frações de mesmo denominador. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos de balas a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar. 134 Item 40 – O primeiro conjunto de figurinhas será dividido entre 3 crianças e o segundo conjunto entre quatro crianças. 1 2 a) As crianças de que grupo ganharão mais figurinhas? b) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do 1° grupo receberá c) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do 2° grupo receberá. d) Qual dessas frações é maior? Objetivos • Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e de figuras, operando sobre grandezas discretas. • Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo frações pode ter como resultado um número natural. Possível resposta para o subitem a): • Grupo 2 (considerada correta). Possível resposta para o subitem b): • 12 = 4 (considerada correta). 3 135 Possível resposta para o subitem c): • 20 = 5 (considerada correta). 4 Possível resposta para o subitem d): • 20 (considerada correta). 4 Grau de dificuldade O item é considerado de nível 2, pois requer o estabelecimento do referencial correto, que é o número de elementos de cada conjunto; a apresentação da resposta como um número natural, entendendo que esse número também é um número racional; e a comparação desses números, pelos mesmos critérios usados para comparar números racionais. . Item 42 - A figura abaixo representa uma caixa de maçãs, que serão transferidas para caixas menores, com 1 da capacidade desta caixa . 4 a) Quantas caixas serão necessárias para guardar todas as maçãs? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto e de uma figura, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: 136 • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 4. Possíveis respostas para o subitem b): • 1: 1 = 4. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem a) • 4. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 1: 1 = 4. 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 15 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 4, 5 e 6, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 43 – Duas cestas com 20 laranjas cada foram repartidas entre 5 pessoas. a) Cada pessoa ganhará pelo menos meia cesta de laranjas? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa receberá? 137 Objetivos: Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, sem o auxílio de figuras. Possíveis respostas para o subitem a): • Não. Possíveis respostas para o subitem b): • 2 8 16 , ou , indicando a compreensão da proposição; 5 20 40 • 1 5 ou , indicando o uso de um referencial diferente do proposto. 3 20 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • Não. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 2 8 16 , ou . 5 20 40 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos de laranjas a serem repartidos em partes iguais, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar. Item 45 – Marina tem 36 fotografias e deverá colocá-las em 3 álbuns com a mesma quantidade de fotos em cada um. Ana tem 60 fotografias e deseja colocá-las em 5 álbuns, também com a mesma quantidade de fotos em cada. 138 a) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Marina em relação ao total de suas fotos. b) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Ana em relação ao total de suas fotos. Objetivos: Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, sem auxílio de figuras, apresentando a resposta no referencial solicitado. Possíveis respostas para o subitem a): • • 12 1 ou , indicando o uso do referencial correto; 36 3 36 , indicando o uso de um referencial diferente do solicitado. 6 Possíveis respostas para o subitem b): • 12 1 ou , indicando o uso do referencial correto; 60 5 • 60 , indicando o uso de um referencial diferente do solicitado. 5 Respostas consideradas corretas para o subitem a): 13 1 ou . 36 3 Respostas consideradas corretas para o subitem b): 12 1 ou 12/60 ou 1/5. 60 5 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois os dados necessários à resolução não são fornecidos de forma explícita, requerendo um maior número de operações mentais para a obtenção da resposta. Outro fator significativo é o fato de que a 139 situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos de fotos a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar. Item 47 – Uma biblioteca, que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias, trocou seus móveis, e as novas estantes têm 3 da capacidade das antigas. 4 a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros da biblioteca? b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações. Objetivos: Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, sem auxílio de figuras, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 8. Possíveis respostas para o subitem b): • 6: 3 = 8. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 8. 140 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 6: 3 = 8. 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). Grupo 16 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades discretas. Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 16, 17 e 18, conforme descrito no tópico 3.2.1. Item 44 – Três pacotes com 30 figurinhas de esportes cada foram repartidos entre 6 meninos e outros 2 pacotes, com 30 figurinhas de super-heróis cada, foram repartidos entre outros 6 meninos. a) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de esportes que cada menino recebeu? b) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de superheróis que cada menino recebeu? c) Qual dessas frações é maior? Objetivos: Verificar se o aluno consegue: • Utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo grandezas discretas, sem auxílio de figuras, apresentando a resposta no referencial solicitado. • Comparar duas frações. 141 Possíveis respostas para o subitem a): • 45 15 1 , ou , indicando o uso do referencial esperado; 90 30 2 • 5 1 ou , indicando o uso de outro referencial. 30 6 Possíveis respostas para o subitem b): • 30 10 1 , ou , indicando o uso do referencial esperado; 90 30 3 • 5 1 ou , indicando o uso de outro referencial. 30 6 Possíveis respostas para o subitem c): • 45 15 1 , ou ; 90 30 2 • 30 10 1 , ou . 90 30 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 45 15 1 , ou . 90 30 2 Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 30 10 1 , ou . 90 30 3 Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 45 15 1 , ou . 90 30 2 Grau de dificuldade: A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos 142 de figurinhas a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar. Item 46 – Um pacote com 30 balas de morango foi dividido por 6 pessoas e um outro pacote com 24 balas de hortelã foi repartido entre 4 pessoas. a) todas as pessoas receberão a mesma quantidade de balas? ( ) Sim ( ) Não b) Represente por uma fração o total de balas de morango que cada pessoa recebeu. c) Represente por uma fração o total de balas de hortelã que cada pessoa recebeu. Objetivos: • Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto, sem o auxílio de figuras, operando sobre grandezas discretas. • Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo frações pode ter como resultado um número natural. Possíveis respostas para o subitem a): • Não. Possíveis respostas para o subitem b): • 30 ou 5 , indicando o uso do referencial esperado; 6 • 1 , indicando o uso de outro referencial. 6 143 Possíveis respostas para o subitem c): • 24 ou 6 , indicando o uso do referencial esperado; 4 • 1 , indicando o uso de outro referencial. 4 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • Não. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 30 ou 5 . 6 Respostas consideradas corretas para o subitem c): • 24 ou 6 . 4 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 2, pois requer o estabelecimento do referencial correto, que é o número de elementos de cada conjunto, a apresentação da resposta como um número natural, entendendo que esse número também é um número racional. Item 48 – Os cartões telefônicos da coleção de César estavam guardados em 6 álbuns. Ele pretende mudá-los para novos álbuns, cuja capacidade é 2 3 da capacidade dos anteriores. a) Quantos novos álbuns serão necessários para acomodar todos os seus cartões? b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações. 144 Objetivos: Dada uma situação quociente, apresentada apenas por meio de um texto e sem o auxílio de figuras, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue: • Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema; • Explicitar a resolução utilizando-se de uma divisão de um número natural por uma fração. Possíveis respostas para o subitem a): • 9. Possíveis respostas para o subitem b): • 6: 2 =9. 3 Respostas consideradas corretas para o subitem a): • 9. Respostas consideradas corretas para o subitem b): • 6: 2 =9: 3 Grau de dificuldade: O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas em relação ao item 29 (página 114). 145 CAPÍTULO V ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS No presente capítulo será feita uma análise quantitativa dos dados obtidos na pesquisa. Será apresentada uma tabulação dos resultados em termos de porcentagens de acertos, organizados por grupos de questões, conforme descrito em 3.1. Os resultados serão apresentados em forma de gráfico e serão feitas algumas considerações qualitativas preliminares sobre os resultados obtidos. Esta primeira observação deverá apontar os pontos críticos, que serão objeto de uma análise qualitativa mais aprofundada, que será apresentada no capítulo 6. Os itens que compõem o instrumento de pesquisa estão apresentados no anexo 2, ao final desta dissertação, para facilitar a consulta durante a leitura. 146 5.1 ANÁLISE DO GRUPO 1 (Itens 1, 3 e 5) 5.1.1 Gráfico dos acertos porcentagem de acertos Grupo 1 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 1a 1b 3 5 itens 5.1.2 Considerações sobre os resultados obtidos A observação do gráfico mostra que a variação das porcentagens de acertos das questões não é significativa entre os diferentes níveis de escolaridade. Chama a atenção, porém, a pequena porcentagem de alunos, nos três níveis de escolaridade, que manteve o mesmo referencial para responder aos itens a) e b), correspondentes às figuras 1 e 2 abaixo: A resposta mais comum foi 3/8 para o item a) e 5/16 para o item b). A resposta 5/16 para o item b) parece indicar uma tendência a discretizar as partes, tomando sempre como o todo-refêrencia o número total de partes, sem a preocupação de manter um referencial único para todo o problema. Isso parece caracterizar uma postura simplista diante da idéia de fração, uma vez que não 147 teria sentido exprimir a quantidade de pizza da mesa 2 como claro que seriam 5 sem deixar bem 16 5 de duas pizzas. Esperava-se que o referencial uma pizza, 16 fosse tido como natural pelos sujeitos, pois o contexto trata de frações de pizza. O referencial uma pizza, entretanto, foi ignorado pela maioria dos sujeitos no subitem 1b) em que predominaram respostas com denominador 16. Essa mudança de referencial sugere que boa parte dos alunos ainda trata a fração como um simples indicador das partes de um todo, sem uma reflexão maior sobre esse todo, desconsiderando o uso da fração como um objeto matemático que permite comparar grandezas e executar operações. O item 3 remete à idéia de conservação da área para a explicitação do todo. Esse aspecto é bastante significativo para crianças em início de escolarização, como apontam os estudos de Campos e Cols (1995), citados em Nunes(1997), e os trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005). Nas faixas etárias abrangidas por esta pesquisa, porém, esses aspectos não aparentam ser importantes. O problema do referencial volta a ser significativo no item 5, em que o texto do problema enfatizava a idéia de tomar uma pizza como a referência: “Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade de pizza que não foi consumida?” 148 O problema não foi apresentado com o trecho do texto sublinhado, aqui acrescentado a fim de chamar a atenção para o que se esperava do sujeito em termos de estabelecimento de um referencial para responder à questão. O objetivo principal era verificar se o aluno teria facilidade em lançar mão da idéia de fração imprópria, numa situação fortemente contextualizada, usando a fração para representar uma parte maior que o próprio todo. O problema da fração imprópria, porém, parece menos significativo que o do referencial. Embora o texto do problema destacasse com mais ênfase que no item 1 que se desejava tomar uma pizza como referência, a maioria dos sujeitos pesquisados respondeu a questão como uma fração de duas pizzas, tomando como todo-referência os 16 pedaços. 5.2 ANÁLISE DO GRUPO 2 (itens 2, 4 e 6) 5.2.1 Gráfico dos Acertos Grupo 2 100 Porcentagem de acertos 90 80 70 60 Fund 50 Méd 40 Sup 30 20 10 0 2a 2b 4 6a 6b 6c 6d 6e Itens 149 5.2.2 Considerações sobre os resultados obtidos O item 2, embora ainda fosse considerado de nível 1, diferenciou-se do item 1 pelo fato de que, naquele item, as partes em que as pizzas foram divididas estavam perfeitamente representadas, enquanto, neste caso, embora todas as divisões estivessem explícitas, as divisões do todo só poderiam ser obtidas a partir de linhas de grade do gráfico, externas à representação. A necessidade de fazer essa consideração, que está associada à noção de conservação de área, parece ter exercido alguma influência sobre o resultado da oitava série. Com relação ao item 4, mantêm-se as observações sobre o desempenho já colocadas no item 2, tendo a quase totalidade dos alunos respondido corretamente à questão colocada. O enunciado da questão poderia proporcionar outra interpretação, uma vez que se refere à pintura do prédio, querendo, na verdade, tratar apenas de sua fachada. Felizmente, isso não influiu no resultado. A forma como a figura foi apresentada, o fato de este item ter sido incluído no caderno 3, e de os alunos já terem resolvido muitas questões antes dele, parece ter colaborado para que essa imperfeição do enunciado não fosse significativa. Na análise do item 6, merece destaque a queda de desempenho apresentada na passagem do subitem a) para o subitem b). A solicitação para que seja mantido o mesmo referencial para resolver todos os subitens é colocada neste item de forma mais enfática que nos itens 1 e 5 já comentados. Isso, entretanto, não impediu que muitos alunos respondessem cada subitem com frações de denominadores diferentes. 150 No subitem 6e, foi considerada correta a resposta do aluno que acertou o subitem 6a e repetiu a resposta no subitem 6b, sinalizando para a compreensão de que se tratavam de frações equivalentes. 5.3 ANÁLISE DO GRUPO 3 (itens 7, 9 e 11) 5.3.1 Gráfico dos acertos Porcentagem de acertos Grupo 3 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 7a 7b 7c 9 Itens 11a 11b 5.3.2 Considerações sobre os resultados obtidos Os resultados apresentados no item 7, se comparados com as questões de nível 1 dos grupos anteriores, sugerem que a substituição de um desenho por um texto não agregou dificuldade à resolução da questão, principalmente em relação ao Ensino Fundamental. No item 9, em que se propôs compor o todo através de partes com tamanhos diferentes, a ausência do desenho parece ter sido significativa. Houve uma grande redução da quantidade de acertos, principalmente no Ensino Fundamental. As respostas incorretas apresentadas foram variadas e três alunos deixaram a questão em branco. A resposta 2 , entretanto, apareceu apenas uma 5 vez, indicando que apenas um aluno ignorou as diferenças entre os tamanhos das 151 partes e respondeu como se as 5 partes fossem do mesmo tamanho. Essa resposta, que caracteriza a não conservação da área, também foi dada por 2 alunos do Ensino Médio e 3 do Ensino Superior. Esse item foi incluído no caderno 3 como segunda questão. O fato de ser uma questão não icônica, requerendo uma leitura atenta do texto para a compreensão, pode ter contribuído para que os alunos da oitava série não mantivessem, nesse item, o mesmo percentual de acertos que tiveram nos itens 3 e 4. O item 11, de nível 3, apresentou uma queda significativa nos percentuais de acertos, e as respostas erradas foram todas subitens a) e b). A resposta 2 4 e , respectivamente, para os 5 5 2 para o subitem a) parece ter sido motivada por um 5 dos seguintes raciocínios: • Imaginar cada terreno dividido em 5 partes, perfazendo 10 partes; tomar 4 dessas 10 partes e simplificar a fração. • Tomar um terreno, dividi-lo em 5 partes e apresentar a resposta interpretando como se a parte de Antônio fosse • Entender que se Antônio ganhou herança toda e, portanto, 2 de cada terreno. 5 2 2 de cada terreno, ele ganhou da 5 5 2 é a fração que representa a herança. 5 • Ignorar, na leitura do problema, o fato de que eram dois os terrenos. • Não perceber que a mesma área de terreno, que pode ser representada por 2 4 de toda a herança, pode também ser representada por de um 5 5 terreno. 152 A resposta 4 , que predominou no subitem b), pode ser compreendida por 5 raciocínios análogos. A queda na quantidade de acertos do item 11 em relação aos itens 7 e 9 deixa claro que o estabelecimento do referencial em que o problema deve ser respondido se constitui em um fator significativo de dificuldade. 5.4 Análise do Grupo 4 (itens 8, 10 e 12) 5.4.1 Gráfico dos acertos Porcentagem de acertos Grupo 4 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 8 10a 10b 12a 12b Itens 5.4.2 Considerações sobre os resultados obtidos O item 8 tem a peculiaridade de apresentar o todo não como um objeto a ser dividido em partes iguais, mas como um conjunto, de tal maneira que a fração pedida deve representar um de seus subconjuntos em relação ao total de seus elementos. Essa discretização pode ter feito com que alguns alunos dos Ensinos Fundamental e Superior respondessem incorretamente à questão. As respostas incorretas são bastante diversas e não permitem inferir sobre a predominância de algum tipo de interpretação. 153 O item 10, em seu subitem a) é muito semelhante ao item 9 e teve índices de acertos semelhantes aos daquele item, com um melhor desempenho dos alunos do Ensino Fundamental. O Subitem 10 b) requereu mais operações ao propor a repetição do procedimento – agora com dois novelos de fita. Houve uma queda acentuada no número de acertos, principalmente dos alunos do Ensino Médio, em que quase todas as respostas incorretas foram 4 2 ou , indicando 10 5 que a quantidade de fita dos dois novelos foi representada por uma fração de dois novelos, e não de um novelo, como o texto do problema solicitava. O item 12 apresentou uma questão semelhante às questões 5 e 6, em que se propunha juntar partes de vários objetos e representar essas partes reagrupadas como fração de um objeto, no caso, de uma barra de chocolate. A questão do estabelecimento do referencial volta a ser significativa, pois dentre as respostas erradas predominam a resposta predominou também a resposta repetição da resposta 5 no subitem a). No subitem b), 8 10 5 , expressa, algumas vezes, na forma . A 8 16 5 nos subitens a) e b) foi bastante freqüente. Levando-se 8 em conta que o enunciado do problema deixava claro que a quantidade de chocolate correspondente à resposta do subitem b) é o dobro da quantidade do subitem a), usar a mesma fração para representá-las sinaliza para o fato de que não houve a preocupação de associar quantidades às frações dadas como resposta. Outra possibilidade é a de que o sujeito tenha pensado em quantidades diferentes, porém apresentado cada uma delas segundo referenciais diferentes, sem entender a manutenção do referencial como algo significativo. 154 5.5 ANÁLISE DO GRUPO 5 (itens 13, 15 e 17) 5.5.1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 5 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 13 15 17a 17b Itens 5.5.2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 13, a proposta foi substituir o todo-referência por um conjunto, e a fração deveria ser expressa por uma relação entre o número total de elementos desse conjunto e o número de elementos de um de seus subconjuntos. Nesta passagem das quantidades contínuas para as quantidades discretas, observou-se uma diminuição do número de acertos entre os alunos do Ensino Fundamental, mantendo-se as porcentagens elevadas em relação aos alunos dos Ensinos Médio e Superior. Dos 4 alunos do Ensino Fundamental que não responderam corretamente, dois deixaram em branco e dois responderam 3 , sugerindo o 4 estabelecimento de uma relação parte-parte, o que não apareceu quando problemas semelhantes foram apresentados com grandezas contínuas. O item 15 oferece duas possibilidades de raciocínio: ignorar a distribuição dos doces pelos pratos e representar 4 de um total de 10 ou perceber que na mesa há o equivalente a 5 pratos com dois doces e o prato 1 contém 2 dos 5 doces da mesa. Dos 3 alunos do Ensino Fundamental que não responderam 155 corretamente, dois deixaram em branco e um respondeu 4 . Isso sugere o 6 estabelecimento de uma relação parte-parte. O item teve um elevado número de acertos, principalmente nos Ensinos Médio e Superior. O item 17 apresentou uma porcentagem baixa de acertos, principalmente nos Ensinos Fundamental e Superior. No Ensino Fundamental, apenas dois alunos apresentaram a resposta correta na forma 18 , indicando que a estratégia 21 de resolução foi discretizar o total dos elementos da caixa em vez de pensar em frações de uma caixa. Dentre as respostas incorretas, dois alunos indicaram 5 alunos indicaram 9 e 21 3 9 . A resposta aponta para a idéia de que foi levada em 7 21 conta apenas uma caixa de bolinhas na repartição. A resposta 3 dá margem a 7 duas possíveis interpretações: não foi levado em conta o fato de serem duas caixas, ou houve a intenção de indicar que Carlos recebeu 3 do total das 7 bolinhas. Nesse caso a resposta não foi apresentada no referencial solicitado. 5.6 ANÁLISE DO GRUPO 6 (Itens 14, 16 e 18) 5.6.1 Gráfico de acertos Grupo 6 100 Porcentagem de acertos 90 80 70 60 Fund 50 Médio 40 Sup 30 20 10 0 14 16 18a 18b Itens 156 5.6.2 Considerações sobre o resultado obtido No item 14 houve acerto por quase todos os alunos, com exceção de dois do ensino Médio, que responderam 2 1 e , sinalizando para o estabelecimento de 4 2 relações parte-parte. O item 16, da mesma forma que o item 15, teve grande quantidade respostas corretas. No Ensino Fundamental, dentre os alunos que não acertaram, 3 não responderam e 2 responderam 2 . Essa resposta sugere a percepção da 5 necessidade da conservação da quantidade de elementos do conjunto tomado como referência, sinalizada pela escolha do numerador 2. O denominador 5, porém, sugere a tomada de uma relação parte-parte. Com relação ao item 18, a observação do gráfico aponta para um resultado inesperado entre os alunos do Ensino Médio. Para tentar obter uma resposta à forte discrepância de resultados apresentados no item 18 pelos alunos do Ensino Médio, duas providências foram tomadas: 1) a montagem de uma questão alternativa que explora a idéia de fração imprópria, com outra situação-problema e; 2) a elaboração de uma entrevista semi-estruturada, com alguns alunos. 5.6.3 Questão alternativa Foi apresentada a seguinte questão aos mesmos sujeitos pesquisados nos Ensinos Fundamental e Médio e a 14 dos sujeitos pesquisados no Ensino Superior: A seguir estão representadas, em duas situações, algumas maçãs e uma caixa com repartições. Sabe-se que é possível colocar apenas uma maçã em 157 cada repartição da caixa. Responda, para cada uma das situações, que fração representa a quantidade de maçãs em relação à capacidade da caixa. Situação 1 Resposta Situação 2 Resposta 158 Todos os sujeitos responderam corretamente às duas situações, com exceção de um, do nível superior, que em vez de respondeu 9 15 e , conforme esperado, 12 12 12 12 e . Essa inversão, porém, não parece significativa para o objeto 9 15 da pesquisa. Com relação à entrevista, foram escolhidos 5 alunos do Ensino Médio que não acertaram a questão 18, respondendo para seu subitem a) 32 , em vez de 80 32 , como esperado. As entrevistas foram feitas individualmente, e o pesquisador 20 solicitou inicialmente que fosse resolvida novamente a questão, oferecendo ao aluno a página completa do caderno de questões que contém o item 18. Dois deles, nessa segunda vez, responderam corretamente. Foi-lhes perguntado a que atribuíam o fato terem dado uma resposta diferente na primeira resolução, e os dois disseram que não tinham lido com atenção o enunciado. Os outros três alunos erraram também pela segunda vez. Foi perguntado a cada um deles o que significava a expressão “Tomando como o todo-referência uma caixa de bolinhas”. Nos três casos, a leitura da frase levou à reconsideração e à resposta correta, indicando que a leitura pouco atenta, nesse caso, pode ter comprometido a resolução do problema. Merece destaque aqui o fato de que este grupo de itens compôs a primeira página do caderno 1 de questões, e foram, portanto as primeiras questões resolvidas. Essa primeira página do caderno foi impressa em cores, e o item 18 foi precedido pelos itens 14 e 16, que eram de resolução muito simples e podiam ser resolvidos apenas pela observação da figura. A constatação de que a resolução dispensava a leitura do texto, nos itens 14 e 16, pode ter induzido 159 muitos alunos a fazer o mesmo no item 18, e isso parece ter sido mais freqüente em relação aos alunos do Ensino Médio. 5.7 ANÁLISE DO GRUPO 7 (Itens 19, 21 e 23) 5.7.1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 7 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 19 21 23a 23b Itens 5.7.2 Considerações sobre o resultado obtido No item 19, mantiveram-se os índices de acertos das questões correspondentes dos outros grupos, sinalizando que o auxílio de figuras, no caso das questões de nível 1, foi pouco significativo. Manteve-se também a ligeira queda apresentada pelos alunos do Ensino Fundamental nas questões que envolvem quantidades discretas em relação às que envolvem quantidades contínuas. As respostas incorretas apresentadas pelos alunos são dispersas e não permitem inferir qual interpretação do problema foi feita pelos alunos que não acertaram. No item 21, a ausência da figura, que foi significativa nas questões que envolviam quantidades contínuas, teve um menor impacto, possivelmente pela 160 possibilidade de resolver o problema imaginando o total de lugares sem levar em conta as capacidades das mesas. O item 23 apresentou uma surpreendente dificuldade aos alunos do Ensino Fundamental, com ausência total de acertos. Da mesma forma que nas demais questões do tipo parte-todo de nível 3, esperava-se que o aluno tomasse cada pacote de 30 balas, repartisse esses pacotes em 6 partes iguais, usando ou não a cardinalidade do conjunto (o valor 30) e reagrupasse essas partes como fração de um pacote. Esse é o mecanismo que se procurou testar nesta pesquisa para obter a fração imprópria a partir da lógica parte-todo. Esse item foi colocado no caderno 2, e, ao se depararem com ele, os alunos já haviam resolvido os itens 12 e 17, que apresentam características semelhantes. O item 17, que também envolve grandezas discretas, assemelhouse ao 23 na pequena porcentagem de acertos. Uma possível explicação é o fato de que a passagem das grandezas contínuas para as discretas acrescenta um novo dado ao problema: a cardinalidade do conjunto a ser repartido, que, além de introduzir novos dados, permite várias maneiras de resolução, cuja escolha dos dados fornecidos ocorrerá em função da linha de ação tomada. Isso aparentemente é um fator dificultador, e esse aspecto será explorado com mais detalhes no capítulo 6. Com relação às respostas apresentadas pelos alunos do Ensino Fundamental, doze dos treze sujeitos pesquisados responderam resposta foi 2 1 ou . A outra 6 3 1 2 1 . As respostas ou sugerem que, na tentativa de resolução, a 30 6 3 maioria dos alunos imaginou o todo-referência como um pacote, não como um conjunto de 30 balas e respondeu à pergunta entendendo que a parte de Michele 161 foi 2 de todas as balas, não se preocupando com o quanto de um pacote essa 6 quantidade de balas significava. Outra possibilidade é que as respostas 2 1 ou 3 6 foram motivadas pela simples desconsideração, na leitura do enunciado do problema, de que se tratavam de dois pacotes de balas, mas é pouco provável que isso ocorresse com a totalidade dos alunos. A ausência da palavra cada no enunciado, enfatizando que se tratava de repartir dois pacotes com 30 balas cada, pode ter trazido alguma dificuldade para os alunos que imaginaram pacotes com 15 balas. Nesse caso, dividir 15 balas em 6 partes iguais não seria possível, mas como se desejava tomar pacote, se fosse observada a equivalência com problema teria as respostas 2 de cada 6 1 , isso seria possível e o 3 10 20 para o subitem a) e para o subitem b), que 15 15 também estão corretas. Essas respostas com denominador 15, entretanto, não apareceram. As respostas 10 20 para o subitem a) e par o subitem b) parecem indicar 30 30 que o sujeito considerou dois pacotes de 15 balas, mas forneceu a resposta em relação ao total de balas e não a um pacote, como foi pedido. Essas respostas foram dadas por um sujeito do Ensino Médio e dois do Ensino Superior. A inclusão da palavra “cada”, no enunciado, portanto, deixaria o problema mais preciso, mas parece não ter sido a causadora do baixo índice de acertos, pois a linha de ação esperada – fornecer a fração de um pacote – conduz a um resultado que independe do número de balas por pacote. 162 5.8 ANÁLISE DO GRUPO 8 (Itens 20, 22 e 24) 5.8.1 Gráfico de acertos Grupo 8 100 Porcenagem de acertos 90 80 70 60 Fund 50 Méd 40 Sup 30 20 10 0 20a 20b 20c 22a 22b 22c 24a 24b Itens 5.8.2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 20, manteve-se a tendência de grande porcentagem de acertos. A questão fornece, de maneira bem definida, quem é o todo, em quantas partes ele foi definido e quantas partes foram tomadas. Os resultados obtidos sugerem que o tipo de grandeza (contínua ou discreta), ou a forma de apresentação da questão (com ou sem ícones), têm pouca relevância para os sujeitos estudados. Já no item 22, o desempenho comparado entre as questões de mesmo nível, icônicas ou não icônicas, aponta para o fato de que a ausência do desenho é significativa. Esse fato fica perceptível na comparação entre os gráficos de acertos das questões icônicas com os gráficos das não icônicas, ambas as questões de nível 2, para o significado parte-todo. O item 24 teve desempenho significativamente maior que o item 23, seu correspondente no grupo 7. Algumas considerações podem ser feitas para compreender esse desempenho. Comparando os dois itens, pode-se observar 163 que o item 23 forneceu as informações de maneira sintética, com um dado que poderia até não ser considerado na solução (o número de balas do pacote), exigindo um trabalho mental mais intenso de reorganização das informações. O item 24, por sua vez, apresentou as informações passo a passo, facilitando a observação de que a resposta deveria ser dada em relação a um pacote de contas. A grande maioria das respostas incorretas foram subitem a) e do tipo 4 para o 10 8 para o subitem b), apresentadas por cerca de 35% a 40% dos 20 alunos, com exceção do subitem a), em que a resposta 4 , dos alunos do Ensino 10 Fundamental, apareceu com uma freqüência de 25%. Essas respostas indicam que a questão foi respondida num referencial diferente do solicitado e confirmam as observações já feitas em relação às demais questões parte-todo de nível 3. Para explicar o percentual de acertos maior no item 24, deve-se levar em conta o fato de que, nesse item, não foi fornecido o número de contas de cada pacote. A ausência dessa cardinalidade impõe que a questão seja resolvida pensando-se apenas em frações de pacotes, num processo semelhante ao das grandezas contínuas. Essa questão será tratada com mais detalhes na análise qualitativa (capítulo 6). 164 5.9 ANÁLISE DO GRUPO 9 (Itens 25, 26 e 29) 5.9.1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 9 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 25a 25b 25c 27a 27b 27c 29a 29b Itens 5.9.2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 25, embora a quase totalidade dos sujeitos respondeu que a quantidade de chocolate que caberia a cada criança era menor que uma barra inteira, a comparação da parte de cada um com meia barra não manteve o percentual de acertos, apresentando uma pequena queda nos três níveis. No subitem c), duas respostas predominaram: • 3 , que era a resposta esperada, obtida possivelmente pela 4 tentativa de dividir 3 por 4, que caracteriza o significado quociente. A divisão indicada mostra a quantidade de chocolate que caberá a cada pessoa. • 1 , indicando que o aluno ainda está lançando mão da lógica 4 parte-todo, dividindo cada um dos chocolates em 4 partes e 165 entendendo que cada pessoa deverá ganhar uma dessas partes de cada chocolate. A resposta 1 foi dada por cerca de 10% dos alunos do Ensino Médio, 20% 4 dos alunos do Ensino Superior e 40% do Ensino Fundamental. Essa resposta sugere que esses alunos ainda apresentam resistência a associar a fração à idéia de quociente. No caso do item 26, a maioria das incorretas foi 1 tanto para o subitem a) 5 quanto para o b). Cabem aqui as mesmas considerações feitas para o item 25. Alguns dos alunos que responderam 1 para os subitens a) e b), reconheceram 5 que as meninas ganharam mais chocolate mas, no subitem d), indicaram, de maneira coerente com suas respostas, que as frações são iguais. Essa resposta desconsidera a relação existente entre os quatro subitens do problema e não reconhece, na fração, um elemento capaz de exprimir quantidades e permitir que essas quantidades sejam comparadas ou que se realizem operações com elas. O item 29 propõe uma situação de repartição em que o divisor é um número fracionário e procura detectar, no subitem a), quantos alunos são capazes de resolver a questão valendo-se de quaisquer procedimentos, sejam formais, sejam intuitivos. O subitem b) procura identificar quantos, dentre os que resolveram, são capazes de fazê-lo utilizando uma operação formal com números racionais. A diferença de percentuais apresentada mostra que, embora muitos consigam resolver a questão, predominam na resolução os métodos algébrico, gráfico, a regra de três e raciocínios aditivos. 166 5.10 ANÁLISE DO GRUPO 10 (Itens 27, 28 e 30) 5.10.1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 10 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 27a 27b 27c 28a 28b 28c 28d 30a 30b Itens 5.10. 2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 27, chama a atenção o fato de que, embora a maioria dos alunos demonstrou saber que as duas divisões propostas resultam em pedaços iguais de bolo, há uma queda expressiva, principalmente no Ensino Fundamental, no resultado dos que acertaram o subitem c) em relação aos que acertaram o subitem b). Isso indica que uma parcela dos alunos não percebeu que pedaços iguais de bolo deveriam ser representados pela mesma fração (ou por frações equivalentes) e não repetiram em c) o resultado obtido em b). No item 28 nota-se uma queda na quantidade de alunos do Ensino Fundamental que conseguem comparar as duas frações, seja utilizando-se de elementos contextuais, como a observação do desenho – em que se pode notar que, na passagem do grupo 1 para o grupo 2, a quantidade de bolo aumenta mais que a quantidade de meninos, portanto as crianças deste grupo ganharão mais bolo – seja comparando as frações pelos processos estudados, considerando que são frações com numeradores e denominadores diferentes. No item 30, repetem-se as mesmas observações relativas ao item 29. 167 5.11 ANÁLISE DO GRUPO 11 (Itens 31,33 e 35) 5.11. 1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 11 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fund Méd Sup 31a 31b 33a 33b 33c 35a 35b Itens 5.11.2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 31, a maioria dos alunos conseguiu reconhecer que a quantidade de chocolate que cada criança receberá é maior que meia barra, porém, um grande número de alunos do Ensino Fundamental manteve a tendência de responder à questão aparentemente pensando na fração de cada barra e não exprimindo o total de chocolate recebido pela criança como uma fração de uma barra. Essa tendência tem sido observada em todas as questões correlatas e é sensivelmente mais acentuada nos alunos do Ensino Fundamental. No item 33 houve uma ligeira queda na porcentagem de acertos em relação ao item 28, causada possivelmente pela ausência das figuras e pela maior quantidade de operações necessárias para resolver as duas questões propostas. Dentre as respostas incorretas, houve algumas tentativas de resolver mantendo o denominador 15, indicando uma tendência de não separar em dois grupos. 168 No item 35 chama a atenção o desempenho atípico dos alunos do Ensino Superior em uma questão que só diferiu das anteriores de mesmo nível pela ausência da figura. Cabe aqui considerar que esta foi a última questão do caderno 3, portanto, a última questão resolvida do teste. Isso pode ter sido significativo, pois para uma parte dos alunos do Ensino Superior o teste foi aplicado à noite. 5.12 ANÁLISE DO GRUPO 12 (Itens 32, 34 e 36) 5.12.1 Gráfico de acertos Grupo 12 100 Porcentagem de acertos 90 80 70 60 Fund 50 Méd 40 Sup 30 20 10 0 32a 32b 32c 32d 34a 34b 34c 34d 36a 36b Itens 5.12.2 Considerações sobre os resultados obtidos O item 32, classificado como de nível 1, apresentou uma situaçãoproblema em que foram descritas duas repartições de refrigerante por um grupo de meninos e outro de meninas. A grande porcentagem de acertos pelos sujeitos dos três níveis de escolaridade no subitem a), que perguntava se os meninos ou as meninas tomariam mais refrigerante, sinaliza para o fato de que a situação foi bem compreendida pela quase totalidade dos alunos. Chama a atenção, porém, a 169 grande porcentagem de alunos do Ensino Fundamental que não responderam corretamente aos subitens b), c) e d). No caso do subitem b), o resultado 4 poderia ser obtido a partir do 5 significado quociente, em que a fração exprimiria de maneira direta a divisão de 4 garrafas de refrigerante por 5 meninos. Essa resposta também poderia ser obtida mobilizando-se o significado parte-todo, imaginando-se a quantidade de refrigerante de cada uma dessas garrafas dividida em 5 partes, cabendo 4 dessas partes a cada menino. Dentre os 7 alunos do Ensino Fundamental que não apresentaram a resposta esperada para a questão, 5 responderam 1 , o que sugere que foi 5 mobilizado um raciocínio baseado no significado parte-todo, porém a resposta foi expressa como a fração de uma garrafa que caberá a cada menino. Esse raciocínio, portanto, exprimiu o resultado tomando como referencial uma garrafa, e não o total de refrigerante consumido por criança. Nesse caso, a resposta foi 1 5 tanto para os meninos quanto para as meninas. Observa-se, com mais intensidade nos alunos do Ensino Fundamental, essa tendência a não vincular a fração a um referencial, mesmo numa situação contextualizada. Essa ausência de preocupação com o referencial fez com que esses alunos representassem, pelo mesmo número, duas quantidades que eles próprios reconhecem que são diferentes. No subitem c) pode-se observar exatamente o mesmo comportamento dos alunos, já comentado em b). O subitem d) indica, nos três graus de escolaridade praticamente a mesma quantidade de acertos. Chama a atenção, dentre os 5 170 alunos do Ensino Fundamental que responderam 1 nos itens a) e b), que quatro 5 deles responderam que as frações são iguais e um deixou em branco. O item 34 repetia o item 32, apresentando uma situação em que a divisão resultava em frações impróprias e de comparação não tão imediata. A comparação dos resultados mostra um comportamento semelhante ao do item 32, com uma pequena redução do percentual de acertos, sugerindo que as considerações apresentadas sobre aquele item são aplicáveis também a este. O item 36 mantém o mesmo comportamento observado nos demais itens do significado quociente considerados de nível 3, sugerindo que a existência ou não de uma figura tem pouco significado, mesmo no subitem a). 5.13 ANÁLISE DO GRUPO 13 (Itens 37, 39 e 41) 5.13.1 Gráfico de acertos Grupo 13 Porcentagem de acertos 100 90 80 70 60 Fund 50 Méd 40 Sup 30 20 10 0 37a 37b 39a 39b 39c 41a 41b Itens 5.13.2 Considerações sobre os resultados obtidos No item 37, foi proposto que duas caixas de bolinhas, apresentadas sob a forma de um desenho, fossem repartidas entre 3 meninos, No subitem a) foi 171 perguntado que fração de uma caixa de bolinhas cada menino ganhou. Essa pergunta poderia ser respondida sem levar em conta a quantidade de bolinhas existente na caixa, entendendo que, se duas caixas foram repartidas entre 3 meninos, cada menino deveria ganhar 2 de uma caixa de bolinhas. A passagem 3 das quantidades contínuas para as discretas, entretanto, com a conseqüente inclusão da quantidade de bolinhas como uma nova variável a ser levada em conta, pode ter provocado a redução na quantidade de acertos. A idéia de quociente, quando estendida para conjuntos discretos, apresenta a particularidade de produzir situações em que a fração obtida como resposta é um número natural, como no caso do subitem 37 b). O mesmo procedimento de dividir duas caixas por 3 meninos, que leva à fração pode ser aplicado à cardinalidade dos conjuntos, levando à fração 2 de caixa, 3 60 ou 20. O 3 item procurou avaliar quantos alunos são capazes de considerar esse número natural como um caso particular de fração. No Ensino Fundamental, apenas um pequeno grupo de sujeitos fez essa consideração. A maioria das respostas incorretas foi 20 , sugerindo que a 60 “quantidade” foi entendida como uma fração do total das bolinhas e não como o número de bolinhas que cada um recebeu. Uma possível explicação para esse resultado se encontra no fato de que a noção de fração aparentemente está fortemente associada à idéia de tomar um grande conjunto como todo e um de seus subconjuntos como parte. A idéia de tomar como referência apenas um elemento de um conjunto (uma bolinha) para representar uma quantidade como uma fração de um conjunto discreto, 172 entretanto, parece não ser de compreensão tão simples. O entendimento da fração como quociente permite que essas frações impróprias, representadas por números naturais, sejam compreendidas com mais facilidade. O enunciado do item 37 pode ter trazido alguma dificuldade na compreensão do que se queria avaliar, pois os textos são muito parecidos e se requeria uma leitura atenta para diferenciar fração de caixa de quantidade, entendendo-se este termo como um número de bolinhas. As respostas 2 20 ou , 3 30 repetidas para os subitens a) e b), podem significar que o aluno não conseguiu diferenciar esses dois sentidos dados às frases na interpretação do texto. Essas respostas foram dadas por 2 sujeitos do Ensino Fundamental, 2 do Ensino Médio e 3 do Ensino Superior. O item 39 apresentou um desempenho absolutamente análogo ao 37, e o item 41 também mostrou o mesmo comportamento das questões correspondentes dos demais grupos. 5.14 ANÁLISE DO GRUPO 14 (Itens 38, 40 e 42) 5.14.1 Gráfico de acertos Grupo 14 100 Porcentagem de acertos 90 80 70 Fund 60 Méd 50 Sup 40 30 20 10 0 38a 38b 38c 38d 38e 40a 40b 40c 40d 42a 42b Itens 173 5.14.2 Considerações sobre os resultados obtidos O item 38 apresentou uma situação semelhante à do item 37, com o acréscimo de duas questões. Nos dois primeiros subitens, pediu que as balas que cada criança recebeu fossem representadas por uma fração de caixa de balas e, posteriormente, que fossem representadas por frações as quantidades de balas. Chama a atenção no gráfico o fato de que alguns alunos do Ensino Fundamental e Superior não repetiram o mesmo procedimento nos subitens a) e b). As respostas apresentadas foram diversificadas e não apontaram para uma tendência de linha de raciocínio. No subitem c), os percentuais de respostas coincidiram com os de b), sinalizando para a idéia de que os alunos que resolveram corretamente as duas primeiras proposições não tiveram dificuldade em comparar as frações que representam cada uma das situações. Nos subitens d) e e) repetiu-se a observação já descrita em ralação aos itens 37 e 38, com destaque para o fato de que não houve nenhum acerto entre os alunos do Ensino Fundamental. O item 40 apresentou a questão da comparação de frações de duas maneiras diferentes. No subitem a), a idéia de comparação foi apresentada de maneira contextual, enquanto no subitem d), de maneira formal. O gráfico mostra quantidades parecidas de acertos nos itens b), c) e d), sugerindo que os alunos que souberam representar as frações também souberam compará-las. As respostas incorretas são semelhantes às apresentadas nos itens 37, 38 e 39, que procuravam avaliar se o aluno entende o número natural como caso particular da fração. 174 No item 42, manteve-se a tendência já apontada nas questões semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta, optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos. 5.15 ANÁLISE DO GRUPO 15 (Itens 43, 45 e 47) 5.15.1 Gráfico de acertos Grupo 15 Porcentagem de acertos 100 90 80 70 60 Fund 50 40 Méd Sup 30 20 10 0 43a 43b 45a 45b 47a 47b Itens 5.15.2 Considerações sobre os resultados obtidos No subitem 43 a), a grande porcentagem de acertos sinaliza para o fato de que a proposta da questão foi plenamente compreendida praticamente pela totalidade dos alunos. Um número razoável de alunos, porém, notadamente nos Ensinos Fundamental e Superior, não responderam corretamente ao item 43 b) e, entre as respostas incorretas, predominou a resposta 1 , indicando o uso do 5 referencial duas cestas, em vez de uma cesta, como foi pedido. Esse 175 procedimento sugere que o aluno se utilizou da lógica parte-todo em lugar de quociente. O item 45, não ofereceu dificuldade e foi resolvido corretamente pela maioria dos alunos. O número de fotos de cada álbum, que foi informado, não precisava ser considerado na resolução, porém mais da metade dos alunos respondeu 12 12 1 1 no subitem a) e no subitem b), em vez de e 36 60 3 5 respectivamente. No item 47, manteve-se a tendência já apontada nas questões semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta, optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos. 5. 16 ANÁLISE DO GRUPO 16 (Itens 44, 46 e 48) 5.16.1 Gráfico de acertos Porcentagem de acertos Grupo 16 100 90 80 70 60 Fund 50 Méd 40 30 Sup 20 10 0 44a 44b 44c 46a 46b 46c 48a 48b Itens 176 5.16.2 Considerações sobre os resultados obtidos O subitem 44 a) apresentou uma situação em que se esperava que o aluno aplicasse o conceito de quociente ao observar que, se 3 pacotes fossem repartidos por 6 meninos, caberia 3 1 ou pacote para cada menino, qualquer que 6 2 fosse o número de figurinhas do pacote. Dentre as respostas corretas, predominou, porém, o valor contagem. As respostas 15 , indicando que o problema foi resolvido por dupla 30 15 1 e , que representam as quantidades que cada 90 6 menino receberia em relação ao total de figurinhas, não foram muito freqüentes neste item, como em outros itens análogos. O subitem 44b), análogo ao anterior, apresentou as mesmas quantidades de acertos que o item 44a), com predomínio também para as respostas que levam em conta a cardinalidade do conjunto. Com relação ao subitem 44c), dois alunos do Ensino Fundamental inverteram as respostas dos subitens 44a) e 44b), porém indicaram corretamente qual fração era maior, por isso o gráfico indica um maior número de acertos para o subitem c) em relação aos subitens a) e b). O item 46, a exemplo de itens anteriores análogos, apontou a dificuldade apresentada, sobretudo pelos alunos do Ensino fundamental, para mobilizar a idéia de quociente e o conceito de fração para exprimir quantidades representadas por números naturais No item 48, manteve-se a tendência já apontada nas questões semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta, optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos. 177 Chamou a atenção, porém, a queda no percentual de acerto dos alunos do Ensino Fundamental em relação ao subitem a), pois em outros tópicos bastante semelhantes houve um percentual maior de acertos. 178 CAPÍTULO VI UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS RESULTADOS Neste capítulo pretende-se elaborar uma análise dos pontos críticos detectados na análise quantitativa, procurando examinar as diferentes linhas de ação utilizadas pelos sujeitos na resolução das questões e, através delas, procurar compreender, à luz da teoria estudada, qual o estado em que se encontra o conceito. Merecerão destaque nesta análise as seguintes questões: I. A questão da fração imprópria no significado parte-todo, que remete à questão do papel da unidade, descrito por Kieren e Mack. II. A questão da cardinalidade, apontada como significativa por Escolano e Gairín, explorada por meio de situações de significado quociente. III. A questão do quociente envolvendo grandezas discretas, que procura avaliar até que ponto o conjunto dos racionais é entendido, ainda que de maneira implícita, como um conjunto numérico que contém os naturais. IV. A questão da extensão do conceito de quociente, que procura avaliar até que ponto os alunos percebem que os procedimentos empregados para resolver situações de quociente entre números naturais permanecem válidos também 179 para números racionais e se são capazes de formalizá-los em termos de operações com frações. Essas quatro questões procuram partir de aspectos intuitivos da construção do conceito de fração e progredir em direção a aspectos formais, entendidos pelo pesquisador como adequados aos níveis de escolaridade dos sujeitos pesquisados. 6.1 A FRAÇÃO IMPRÓPRIA NO SIGNIFICADO PARTE-TODO E O PAPEL DA UNIDADE Da análise quantitativa apresentada no Capítulo anterior, chamam a atenção em um primeiro momento, os resultados dos itens 5, 6, 11, 12, 17, 18, 23 e 24, que apresentaram em geral uma pequena porcentagem de acertos. Esse conjunto de itens apresenta em comum a proposta de partir do modelo parte-todo para construir uma situação que conduza a uma fração imprópria. Essa característica agregou a esses itens uma dificuldade adicional e, por isso, eles foram classificados como de nível 3, conforme apresentado no quadro 1, no tópico 3.2.1. É razoável supor que, na fase de escolaridade em que se encontram os sujeitos desta pesquisa, a dificuldade apontada por Escolano e Gairín (2005) referente à restrição provocada pelo modelo parte-todo à construção da idéia de fração imprópria já esteja superada. Essa constatação, no entanto, não é objeto desta pesquisa. As questões apresentadas tiveram como objetivo avaliar se os procedimentos assimilados via modelo parte-todo permitem um completo domínio da fração imprópria em todos os seus aspectos. 180 A estratégia utilizada para contornar a condição intrínseca ao modelo parte-todo – de que a parte deve ser sempre menor que o todo – foi a de apresentar duas ou mais unidades de um determinado objeto, repartidas segundo uma dada condição, cujas partes selecionadas devessem ser reagrupadas e expressas como fração de uma única unidade. Foram apresentadas questões com essa estrutura nas formas icônica e não icônica, envolvendo quantidades contínuas e discretas. Em todos os casos, entretanto, as soluções dos itens resumem-se a quatro etapas bem definidas: • dividir dois ou mais “todos” no mesmo número de partes iguais; • tomar algumas partes de cada um desses “todos”; • reagrupar essas partes tomadas sobre um único “todo”; • exprimir esse resultado como uma fração imprópria. Chamou a atenção do pesquisador, desde o primeiro momento, que a inserção de mais de um “todo”, na medida em que acrescenta ao problema mais de uma possibilidade de escolher o referencial a ser tomado, ou seja, a unidade, foi a causadora das principais dificuldades encontradas pelos alunos, por isso optou-se por direcionar o foco da análise para esse aspecto. Com a finalidade de atingir esse objetivo, as respostas foram agrupadas em três grandes categorias: • respostas apresentadas conforme o referencial solicitado, mesmo que incorretas por outro motivo, como erro de contagem; • respostas apresentadas num referencial diferente do solicitado; 181 • respostas em branco ou com soluções inconsistentes, que não permitem identificar a linha de raciocínio tomada pelo sujeito. A título de exemplo será transcrito o texto do item 5 e algumas das respostas obtidas serão classificadas. Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade de pizza que não foi consumida? Respostas Obtidas: • 5 10 ou - Resposta correta, de acordo com o referencial esperado. 4 8 • 5 10 ou - Referencial diferente do esperado. Foram considerados como o 8 16 todo os 16 pedaços de pizza. • 3 6 ou - Confundiu parte consumida com parte não consumida, porém 4 8 respondeu de acordo com o referencial solicitado (1 pizza) • 1 6 ou - Respostas consideradas inconsistentes. 6 5 182 As respostas foram tabuladas segundo o critério descrito e o resultado apresentado nas tabelas do anexo 1. A partir dessas tabelas foi elaborado o gráfico a seguir, que aponta, para cada um dos itens, o percentual de alunos que se utilizou de um referencial diferente do esperado para responder à questão. 100 80 60 40 20 0 5 6a 6b 6c 6d Icônico Contínuo 6e 11a 11b 12a 12b 17a 17b 18a 18b 23a 23b 24a 24b Não iconico Cont. Fundamental Médio Icônico Discreto Não Icônico Discreto Superior Quadro 6.1 – Porcentagem de respostas com referencial incorreto nas questões parte-todo nível 3. No item 5, a informação acerca do referencial a ser tomado estava na frase: “Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa quantidade como fração de uma pizza”. A frase taxativa não impediu que cerca de 40% dos alunos do Ensino Fundamental e 50% dos alunos dos Ensinos Médio e Superior fornecessem como respostas frações com denominador 16. O texto do item 6, distribuído em 5 subitens, informava no cabeçalho que uma barra deveria ser tomada como o todo-referência para todos os subitens. 183 Essa informação foi utilizada pelos alunos do Ensino Fundamental, porém, um número significativo de alunos dos Ensinos Médio e Superior apresentou suas respostas em termos do número total de partes de duas, três ou quatro barras. A questão apresentava um desenho de quatro retângulos sob um fundo quadriculado, tendo cada um desses retângulos algumas partes pintadas. Solicitava-se somar as partes pintadas das barras e representar o resultado em termos de fração de uma barra. O subitem a) possuía resolução imediata, obtida pela dupla contagem das partes de uma barra, e foi respondido corretamente por todos os sujeitos. O subitem b) apresentava como resposta uma fração própria e os demais subitens, frações impróprias. Não houve diferenças significativas entre o percentual de respostas com referencial diferente do esperado entre o subitem b) e os demais subitens. O uso do termo “barra” para identificar os retângulos apresentados no desenho, talvez inadequado, parece não ter prejudicado a compreensão do problema, uma vez que essa associação entre retângulos (figuras planas) e barras (figuras tridimensionais) é usada com uma certa freqüência nos gráficos. Os itens 11 e 12 procuraram reproduzir situações semelhantes às dos itens 5 e 6, porém sem o apoio de figuras. O grande número de respostas diferentes das esperadas no item 11 fez com que esse item fosse, nesta fase de análise, objeto de um estudo mais detalhado. A tentativa de elaborar hipóteses para compreender as causas daquele resultado levou o pesquisador a examinar a forma como o texto foi redigido, constatando que, embora correto, exigia uma leitura muito atenta para sua compreensão. Essa observação, associada ao fato de que o item foi incluído no 184 caderno 3, sendo, portanto, resolvido pelos alunos de níveis Médio e Superior mais de uma hora após o início dos trabalhos, pode ter contribuído para o resultado obtido. Na impossibilidade de retornar aos sujeitos de pesquisa para tentar validar essa hipótese, o problema foi apresentado a um novo grupo de alunos da mesma escola de Ensino Médio nas seguintes condições: • 35 alunos resolveram o problema com a redação original: Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberam como herança dois terrenos de mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais, cabendo duas partes a Antônio e três a Roberto. Complete com frações: a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da área de um terreno. b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de um terreno. • 34 alunos responderam ao problema com uma nova redação, considerada de compreensão mais fácil. Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberão como herança dois terrenos de mesma área. Cada um dos terrenos será dividido em 5 partes iguais, cabendo a Antônio duas partes de cada terreno e a Roberto, três partes de cada terreno. Complete com frações: 185 a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da área de um terreno. b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de um terreno. A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos: Texto Modificado Texto original Item 11a Item 11 b Respostas Quantidade Respostas Quantidade 4 5 15 (42,9%) 6 5 15 (42,9%) 2 (Referencial 5 Incorreto) 17 (48,6%) 3 (Referencial 5 Incorreto) 17 (48,6%) Outras 3 (8,6%) Outras 3 (8,6%) 4 5 19 (55,9%) 6 5 19 (55,9%) 2 (Referencial 5 Incorreto) 10 (39,4%) 3 (Referencial 5 Incorreto) 10 (39,4%) Outras 5 (14,7 %) Outras 5 (14,7 %) Tabela 6.1.1 – Respostas ao item 11com texto modificado. Com a mudança do texto, as respostas apresentadas no referencial incorreto caíram de 48,6% para 39,4% nos dois subitens. O resultado acima sugere, portanto, que a forma como foi redigido o enunciado do exercício 11 é responsável em parte pelo elevado número de respostas incorretas, porém, o texto mais explícito não foi capaz de eliminar completamente as respostas que tomam referenciais diferentes do solicitado. 186 O gráfico mostra que os itens de 5 a 12 tiveram porcentagens de respostas inesperadas menores que os itens de 17 a 24, com exceção do item 11, provavelmente pela influência da redação do enunciado, já comentada. A diferença fundamental entre esses dois conjuntos de itens é que o primeiro deles, itens de 5 a 12, propõe questões envolvendo grandezas contínuas, enquanto o segundo, itens de 17 a 24, se refere a grandezas discretas. A introdução da cardinalidade de um conjunto como uma nova variável a ser levada em conta pelo sujeito na resolução do problema parece ser significativa. Essa constatação reforça a proposta de Escolano e Gairín (2005) em relação à atenção especial que deve ser dada às quantidades discretas na introdução do conceito de fração e deverá ser objeto de tópico à parte nesta análise. A aparente discrepância de resultados apresentados pelos alunos do Ensino Médio no item 18 foi também objeto de estudo à parte, abordado no item 4.6 desta dissertação, motivada possivelmente pelo fato de se tratar de uma questão constante da primeira página do primeiro caderno, numa situação em que as figuras se destacavam fortemente em relação ao texto. Uma entrevista com 5 dos sujeitos de pesquisa que erraram a questão indicou que a facilidade das duas primeiras questões induziu os alunos a responder à terceira, que apresentava uma dificuldade adicional, sem uma leitura mais atenta do texto. Também chama a atenção no gráfico a sensível diminuição do número de respostas inesperadas ao item 24. A diferença fundamental entre esses itens é que, no caso dos itens 17, 18 e 23, foi fornecida a cardinalidade do conjunto de objetos a ser repartido. O item 24, no entanto, criou uma situação envolvendo quantidades discretas sem informar essa cardinalidade, que, no contexto, se 187 traduzia no número de contas em cada pacote, permitindo que os procedimentos de resolução fossem os mesmos adotados para quantidades contínuas. A questão mais significativa observada, portanto, na presente análise é o fato de que há uma tendência do aluno em tomar como referencial o maior conjunto de objetos ou de partes de objetos disponível. As diferentes formas de apresentar a questão, por mais enfáticas que sejam ao definir o referencial, não impedem que um número considerável de sujeitos mantenha essa tendência. A observação do gráfico também sugere que é irrelevante o fato de se tratar de fração imprópria ou não. A aparente predisposição em tomar como referencial o maior conjunto disponível ficou mais clara ainda na resposta do item 1b), em que a figura a seguir foi apresentada aos sujeitos, solicitando-lhes representar por uma fração a quantidade de pizzas existente na mesa 2. A tabela a seguir mostra, em porcentagem, as respostas obtidas: Respostas Fundamental Médio Superior 5/8 32,1 29,0 20,7 5/16 69,2 67,7 65,5 Outras 3,2 3,2 13,8 Tabela 6.2.2 – Respostas para o item 1-b 188 A diferença mais significativa entre o subitem 1b) e os demais itens analisados nesta seção é o fato de que, nos exercícios anteriores, havia sempre no texto uma indicação de qual deveria ser o referencial tomado, enquanto que, neste caso, esperava-se que o aluno percebesse, a partir do próprio contexto, que a resposta deveria ser fornecida em função de uma pizza. O resultado foi um número elevado de respostas (mais que 65% em todos os casos) que apresentaram-se com uma fração de denominador 16. A observação desse resultado, em conjunto com a observação dos itens tabulados no início desta seção, fornece fortes indícios para que se venha a inferir que existe uma tendência por parte dos alunos a tomar como referência o maior conjunto de objetos disponível, sem uma maior reflexão. Isso se constitui em um obstáculo importante à construção plena do conceito de fração, que não se reverte com facilidade ao longo do tempo. 6.2 – A CARDINALIDADE Os subitens 37a, 38a, 38b, 43b, 44a, 44b, 45c e 45d apresentam em comum a particularidade de propor uma situação de quociente envolvendo grandezas discretas em que são fornecidas as quantidades de objetos a serem repartidos, porém as perguntas referem-se a frações de conjuntos, permitindo que a resposta seja obtida manipulando essas quantidades de objetos, fazendo uso da discretização, ou simplesmente entendendo os conjuntos como unidades divisíveis e manipulando-os em um processo semelhante à divisão de grandezas contínuas. A título de exemplo será transcrito e comentado o subitem 43b: Duas cestas com 20 laranjas cada, foram repartidas entre 5 pessoas. 189 Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa receberá? A resposta 2 sugere que o aluno entendeu que, se havia duas cestas de 5 laranjas para serem divididas entre 5 pessoas, cada pessoa receberia 2 do 5 conteúdo de uma cesta, e essa resposta independe desse conteúdo. Essa forma de pensar remete à idéia de quociente com grandezas contínuas. As respostas 16 8 ou , por sua vez, sugerem que as laranjas da cesta 40 20 foram agrupadas e representadas tomando como referência respectivamente a cardinalidade do conjunto de laranjas de uma cesta ou mesmo o total de laranjas a ser repartido, sem levar em conta o fato de elas estarem agrupadas em cestas, num processo mental mais próximo do modelo parte-todo que do modelo quociente. A observação dessas duas formas de abordar o problema, em questões que apresentaram uma porcentagem relativamente pequena de acertos, motivou, nesta análise, a tentativa de responder às seguintes questões: • Qual das duas abordagens é predominante? • Qual das duas remete a uma maior porcentagem de acertos? Para obter uma resposta à primeira dessas questões, foram elaboradas as tabelas de 6.2.1 a 6.2.3, em que todas as respostas foram classificadas em dois grandes grupos: respostas apresentadas sem o uso da cardinalidade e respostas em que foi usada a cardinalidade. As respostas em branco não foram computadas. 190 Item Sem Cardinalidade Com Cardinalidade 37a Quant. 8 % 61,5 Quant. 3 % 23,1 38a 6 46,2 6 46,2 38b 7 53,8 5 38,5 43b 7 53,8 6 46,2 44a 5 38,5 6 46,2 44b 5 38,5 6 46,2 45a 6 46,2 7 53,8 45b 6 46,2 7 53,8 Tabela 6.2.1 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Fundamental Item Sem Cardinalidade Com Cardinalidade Quant. % Quant. % 37a 17 54,8 14 45,2 38a 21 67,7 10 32,3 38b 20 64,5 11 35,5 43b 6 19,4 25 80,6 44a 12 38,7 19 61,3 44b 13 41,9 18 58,1 45a 8 25,8 23 74,2 45b 9 29,0 22 71,0 44b 10 34,5 19 65,5 45a 2 6,9 27 93,1 45b 4 13,8 25 86,2 Tabela 6.2.2 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Médio Item Sem Cardinalidade Com Cardinalidade 37a Quant. 19 % 65,5 Quant. 10 % 34,5 38a 20 69,0 9 31,0 38b 22 75,9 7 24,1 43b 5 17,2 23 79,3 44a 9 31,0 20 69,0 Tabela 6.2.3 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Superior As tabelas apontam, para cada item, as quantidades e as porcentagens de alunos que tomaram cada uma das linhas de ação. Estão destacadas, em porcentagem, as opções predominantes para cada item. Da observação das tabelas conclui-se que, nas questões 37a, 38a e 38b, a maioria dos alunos preferiu considerar o conjunto como um todo para responder, não levando em conta sua cardinalidade, enquanto nos itens 43b, 44a, 44b, 45c e 45d, a maioria dos alunos optou por usar a quantidade de elementos fornecida, ou seja, a cardinalidade do conjunto. A diferença fundamental entre os dois grupos de itens apontados, que pode ter motivado essa diferença entre as linhas de ação adotadas pelos sujeitos, é o fato de que, no primeiro caso, trata-se de questões icônicas em que a cardinalidade do conjunto deveria ser obtida pela contagem dos elementos no interior de um retângulo (bolinhas ou balas) e, no segundo caso, questões não 191 icônicas, em que a cardinalidade do conjunto era fornecida como um dado numérico no texto do problema. As constatações citadas sugerem, portanto, que há uma tendência do aluno a tomar a cardinalidade do conjunto como o referencial para a resolução, sempre que esse dado for apresentado numericamente. A análise também sugere que essa tendência é maior entre os alunos dos Ensinos Médio e Superior. Uma segunda questão a ser colocada trata dos resultados obtidos em cada caso: qual das duas linhas de ação conduz mais facilmente à solução correta do problema? Na tentativa de responder a essa questão, foram elaboradas as tabelas de 6.2.4 a 6.2.6, que quantificaram, dentre os sujeitos que tomaram cada uma das linhas de ação, quais obtiveram um maior percentual de respostas corretas. As tabelas indicam, por item, quantos alunos tomaram cada uma das linhas de ação, e, dentre esses alunos, quantos obtiveram a resposta correta. Esse segundo dado é fornecido em quantidade e em porcentagem. Estão destacadas na tabela as maiores porcentagens obtidas, quando a diferença entre uma ou outra linha de ação foi significativa. Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45b Quant. 8 6 7 7 5 5 6 6 Sem Cardinalidade Quant. 3 4 2 2 1 1 6 6 Acertaram % 37,5 66,7 38,6 38,6 20 20 100 100 Optaram Quant. 3 6 5 6 6 6 7 7 Com Cardinalidade Quant. 3 5 5 4 2 2 4 4 Acertaram % 100 88,3 100 66,7 33,3 33,3 57,1 57,1 Em branco 1 1 1 2 2 Tabela 6.2.4 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Fundamental Optaram 192 Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45b 9 9 100 22 15 68,2 Quant. 17 21 20 6 12 13 8 Sem Cardinalidade Quant. 13 18 17 5 8 10 8 Acertaram % 76,5 85,7 85 83,3 66,7 76,9 100 Optaram Quant. 14 10 11 25 19 18 23 Com Cardinalidade Quant. 3 5 5 17 11 10 16 Acertaram % 21,4 50 45,5 68 57,9 55,6 69,6 Em branco Tabela 6.2.5 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Médio Optaram Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45b 4 4 100 25 18 72 Quant. 19 20 22 5 9 10 2 Sem Cardinalidade Quant. 13 16 13 5 7 8 2 Acertaram % 68,4 80 59,1 100 77,8 80 100 Optaram Quant. 10 9 7 23 20 19 27 Com Cardinalidade Quant. 2 4 2 10 3 3 19 Acertaram % 20 44,4 28,6 43,5 15 15,8 70,4 Em branco Tabela 6.2.6 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Superior Optaram As tabelas mostram, com bastante nitidez, que, nos Ensinos Médio e Superior, o grupo de sujeitos que opta por usar a cardinalidade na resolução dos problemas apresenta um percentual de acertos significativamente menor que o grupo que responde sem usar a cardinalidade. Se for considerado que há uma tendência dos alunos a usar os dados numéricos sempre que fornecidos, pode-se concluir que a cardinalidade constitui-se em um fator dificultador para a maioria dos alunos. Os alunos do Ensino Fundamental apresentaram um resultado diferente, principalmente nas questões icônicas. Uma possível inferência sobre a causa desse resultado pode estar no fato de que, nessa fase da escolarização, ainda é comum o trabalho com materiais manipulativos, principalmente em escolas do tipo da pesquisada, de postura construtivista. O tamanho da amostra, porém, não é suficiente para se obter uma conclusão segura. 193 A observação desses fatos, no entender deste pesquisador, é um indício suficiente para que se conclua que as questões relativas à cardinalidade e às grandezas discretas, a exemplo de outras já exploradas neste trabalho, permanecem incompreendidas por uma parcela significativa dos sujeitos ao longo do processo de escolarização, não se resolvendo de maneira espontânea. Essas questões devem, portanto, receber uma atenção especial ao longo de todo o processo de construção do conceito de fração. 6.3 QUOCIENTE E GRANDEZAS DISCRETAS As questões envolvendo o significado quociente envolvem sempre duas variáveis, por exemplo: uma quantidade de objetos a ser repartida em partes iguais e o número de pessoas que ganharão essas partes. Quando os objetos a serem repartidos em partes iguais forem divisíveis, ou seja, contínuos, as frações surgem de maneira natural, como o resultado de uma divisão indicada sempre que essa divisão não for possível no conjunto dos números naturais. A título de exemplo, a situação de dividir 3 chocolates para 5 pessoas conduz de forma imediata à idéia de que cada pessoa ganhará 3 de um chocolate. 5 Quando se trata de repartir em partes iguais um conjunto de objetos indivisíveis, como bolinhas de gude, por exemplo, caracteriza-se um novo tipo de problema, pois se uma bolinha for dividida em pedaços, esses pedaços deixarão de ser bolinhas, diferentemente do que acontece com os chocolates. Esses problemas, que configuram as quantidades denominadas discretas, têm peculiaridades próprias e receberão atenção especial. 194 A primeira característica desses conjuntos, que merece destaque, é a de que não é possível construir uma situação de quociente envolvendo grandezas discretas que tenham como resultado uma fração própria. Ao contrário da divisão de chocolates acima mencionada – em que qualquer quantidade de chocolate pode ser dividida por qualquer número de pessoas – o que ocorre com as grandezas discretas é que só é possível dividir um conjunto em partes iguais, se o número de partes considerado for um divisor do número de elementos desse conjunto, e essa divisão terá sempre por resposta um número natural. Devido a essas peculiaridades, os problemas que envolvem grandezas discretas requerem algumas operações de pensamento mais elaboradas para serem entendidos no âmbito das frações. Assim, tomar um conjunto de 15 bolinhas que não podem ser divididas, pois nesse caso deixarão de ser bolinhas, e repartir igualmente entre 3 crianças, implicará uma operação em tudo semelhante à divisão de chocolates já descrita, que resulta na fração 15 , que também pode ser expressa pelo número natural 5. 3 Formular a resposta dessa maneira pressupõe que o sujeito já disponha, pelo menos como invariantes operatórios, dos esquemas de pensamento que caracterizam o que Caraça (1952) denominou “princípio da extensão”, que se manifesta na compreensão de que as mesmas operações que conduzem a números racionais podem conduzir, em casos particulares, a números naturais, caracterizando o fato de que o conjunto dos números racionais contém o dos naturais. Nesse sentido, foram elaborados os itens 37b, 38d, 38e, 39b, 39c, 40b, 40c, 46b e 46c, que têm em comum a proposta de apresentar uma situação de significado quociente, em que o referencial solicitado passa a ser o número de 195 elementos do conjunto a ser repartido, e se solicita que o sujeito utilize a idéia de quociente para representar uma quantidade por uma fração, que sempre poderá ser reduzida a um número natural. Essa operação, se executada como uma simples divisão, remete ao significado quociente. Se executada como o produto de uma fração por um número natural, remete ao significado operador multiplicativo. Não foi objeto deste trabalho diferenciar as estratégias de resolução usadas pelos sujeitos. O trabalho se limitou a analisar o tratamento dado pelos sujeitos ao resultado obtido. O pequeno número de acertos dessas questões, apontado na análise quantitativa, motivou que se desse a elas uma atenção especial e se tentasse classificar as linhas de ação empregadas pelos sujeitos para respondê-las. A análise mostrou que as respostas podem ser classificadas segundo as categorias a seguir: I. respostas apresentadas sob a forma de um número natural, sugerindo o entendimento da questão analisada. II. a quantidade procurada apresentada como o numerador de uma fração e o total de elementos no denominador da fração. Neste caso os alunos deram a entender que sabiam o valor pedido, mas não foram capazes de representá-lo como uma fração. III. respostas que tomam como unidade o conjunto, e não a sua cardinalidade. IV. respostas em branco ou que não permitiram ao pesquisador identificar a linha de pensamento do sujeito. A título de exemplo, serão descritas as respostas obtidas no item 37b: As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3 meninos . 196 a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar. b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino deverá ganhar Respostas classificadas como de categoria I: • 60 ou 20, que eram as respostas esperadas; 3 • 30 ou 10, indicando que a resposta foi dada em termos de 3 quantidade de bolinhas, embora se referindo ao total de cada caixa e não ao total de bolinhas. Respostas classificadas como de categoria II: • 20 , sugerindo que cada menino ganhará 20 das 60 bolinhas a 60 serem distribuídas, sinalizando a compreensão do pedido, porém a dificuldade em representar a resposta como uma fração. • 20 , sugerindo que cada menino ganhará 20 das 30 bolinhas de 30 cada caixa. Respostas classificadas como de categoria III: • 2 , sugerindo que cada menino ganhará o conteúdo de uma caixa, 3 sem levar em conta o total de bolinhas. Nesse caso não há diferença entre as respostas dos subitens a) e b). 197 • 1 , sugerindo que cada menino ganhará a terça parte do conteúdo 3 de cada caixa. Respostas consideradas como de categoria IV: • 60 10 , . 60 3 Os itens tiveram suas respostas classificadas segundo as quatro categorias descritas e os resultados foram resumidos nas tabelas de 6.3.1 a 6.3.3, em quantidade e porcentagem, respectivamente para os Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Categorias I II III IV Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % 37b 3 23,1 5 38,5 4 30,8 1 7,7 38d 0 0 5 38,5 4 30,8 4 30,8 38e 1 7,7 5 38,5 4 30,8 3 23,1 39b 1 7,7 5 38,5 3 23,1 4 30,8 39c 1 7,7 5 38,5 6 46,2 1 7,7 40b 3 23,1 6 46,2 3 23,1 1 7,7 40c 3 23,1 6 46,2 3 23,1 1 7,7 46b 2 15,4 4 30,8 5 38,5 2 15,4 46c 2 15,4 4 30,8 5 38,5 2 15,4 46b 18 58,1 7 22,6 5 16,1 1 3,2 46c 17 54,8 8 25,8 6 19,4 0 0 Tabela 6.3.1 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Fundamental Categorias I II III IV Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % 37b 19 61,3 4 12,9 7 22,6 1 3,2 38d 19 61,3 3 9,7 8 25,8 1 3,2 38e 18 58,1 2 6,5 8 25,8 3 9,7 39b 22 71,0 4 12,9 2 6,5 3 9,7 39c 22 71,0 6 19,4 3 9,7 0 0 40b 19 61,3 3 9,7 8 25,8 1 3,2 40c 19 61,3 3 9,7 8 25,8 1 3,2 Tabela 6.3.2 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Médio 198 Categorias I II III IV Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % 37b 12 41,4 6 20,7 8 27,6 3 10,3 38d 17 58,6 3 10,3 8 27,6 1 3,4 38e 17 58,6 2 6,9 5 17,2 5 17,2 39b 15 51,7 5 17,2 3 10,3 6 20,7 39c 15 51,7 4 13,8 10 34,5 0 0 40b 16 55,2 4 13,8 9 31,0 0 0 40c 16 55,2 5 17,2 8 27,6 0 0 46b 12 41,4 12 41,4 5 17,2 0 0 46c 12 41,4 12 41,4 4 13,8 1 3,4 Tabela 6.3.3 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Superior As tabelas apresentam em destaque os percentuais de alunos que tiveram suas respostas enquadradas nas categorias II e III. Chama a atenção o fato de que um percentual significativo dos alunos adotem essas linhas de ação, principalmente no caso da categoria 3, em que fica caracterizada a rejeição à grandeza discreta e não se diferenciam procedimentos referentes a grandezas discretas ou contínuas, mesmo quando as duas formas de representação são pedidas no mesmo item, como no caso do item 37. Estes resultados sinalizam, no entender deste pesquisador, que as situações envolvendo quociente com grandezas discretas apresentam maiores dificuldades que as que envolvem quantidades contínuas, e que a passagem das grandezas contínuas para as discretas não deve ser considerada como natural no processo de construção do conceito. Sinalizam também para o fato de que essas dificuldades não são plenamente superadas ao longo do processo de escolarização e acompanham os alunos por longo tempo, devendo, portanto, ser objeto de atenção especial nas fases iniciais da escolarização. 199 6.4 – A CAPACIDADE DE FORMALIZAR Como último dos tópicos a ser abordado pela presente pesquisa, as questões classificadas como nível 3 do significado quociente procuraram avaliar até que ponto o conceito de número racional, em seus aspectos mais formais, está presente nas soluções dos sujeitos pesquisados, considerando tratar-se de alunos de níveis elevados de escolarização. Os itens 29, 30, 35, 36, 41, 42, 47 e 48 tentaram obter essa resposta, apresentando uma situação simples em que um dado objeto ou conjunto deve ser dividido em partes correspondentes a uma fração de seu tamanho. Pergunta-se quantas partes serão obtidas por intermédio dessa operação, esperando que o sujeito execute uma divisão em que o dividendo é um número natural, e o divisor é uma fração. Todos os itens têm a mesma estrutura. No subitem a) pede-se o número obtido; e no subitem b), a formalização da operação que conduziu ao resultado, em termos de uma operação com frações. A diferença fundamental entre os itens é o fato de envolverem grandezas contínuas ou discretas em questões apresentadas com auxílio de desenhos (icônicas) ou apenas de texto. A análise quantitativa revelou que, em todos os casos, o percentual de alunos que respondeu corretamente ao subitem a) foi elevado, havendo uma considerável queda no número de alunos que respondeu corretamente ao subitem b), indicando que um grande número de alunos, embora soubesse responder à questão a partir de conhecimentos intuitivos, não foi capaz de formalizá-la em termos de quociente. A título de exemplo será transcrito o item 47. 200 Uma biblioteca que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias, trocou seus móveis e as novas estantes têm 3 da capacidade das antigas. 4 a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros da biblioteca? b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações. Resposta esperada para o subitem a): 8. Resposta esperada para o subitem b): 6 : 3 =8. 4 Os itens procuraram verificar se o aluno compreende que a solução do problema é obtida por um quociente, que pode ser entendido como uma extensão da idéia de quociente entre números naturais. Essa compreensão, no entender deste pesquisador, é suficiente para indicar que o aluno reconhece os racionais como um conjunto numérico que inclui os naturais e que as operações para resolver os problemas nesse novo conjunto numérico são as mesmas dos naturais, respeitadas as peculiaridades do novo conjunto. As respostas apresentadas foram classificadas em três grandes grupos: alunos que não conseguiram obter a resposta; alunos que obtiveram a resposta solicitada no subitem a), porém, não foram capazes de formalizar; e alunos que chegaram à resposta e souberam formalizar. As tabelas de 6.4.1 a 6.4.3 apresentam a tabulação dos resultados obtidos. 201 Itens 29 30 35 36 41 Quant. 3 2 4 2 6 Não resolveram % 23,1 15,4 30,8 15,4 46,2 8 10 6 10 5 Resolveram sem Quant. formalizar % 61,5 76,9 46,2 76,9 38,5 Quant. 2 1 3 1 2 Formalizaram % 15,4 7,7 23,1 7,7 15,4 Tabela 6.4.1 – Questão da formalização – Ensino Fundamental Itens 29 30 35 36 Quant. 2 7 3 1 Não resolveram % 6,5 22,6 9,7 3,2 16 21 25 Resolveram sem Quant. 21 formalizar % 67,7 51,6 67,7 80,6 Quant. 8 8 7 5 Formalizaram % 25,8 25,8 22,6 16,1 Tabela 6.4.2 – Questão da formalização – Ensino Médio Itens Não resolveram Resolveram sem formalizar Formalizaram 29 Quant. 4 % 13,8 Quant. 18 % 62,1 Quant. 7 % 24,1 30 6 20,7 13 44,8 10 34,5 35 15 51,7 10 34,5 4 13,8 36 8 27,6 13 44,8 8 16,1 41 3 9,7 21 67,7 7 22,6 41 8 27,6 16 55,2 5 17,2 42 47 48 1 5 11 7,7 38,5 84,6 9 8 1 69,2 61,5 7,7 3 0 1 23,1 0 7,7 42 47 48 5 6 3 16,1 19,4 9,7 20 23 22 64,5 74,2 71,0 6 2 6 19,4 6,5 19,4 42 47 48 1 10 12 3,4 34,5 41,4 22 14 12 75,9 48,3 41,4 6 5 5 20,7 17,2 17,2 Tabela 6.4.3 – Questão da formalização – Ensino Superior Da observação das tabelas, constata-se que em geral um número significativo de sujeitos consegue resolver a questão a partir de conhecimentos intuitivos, porém não consegue formalizar a solução. Esse padrão de respostas só não apareceu nos itens 47 e 48, em relação ao Ensino Fundamental. No primeiro caso, nenhum aluno conseguiu formalizar e, no segundo, a maioria dos alunos não obteve a resposta, mesmo por procedimentos intuitivos. Esse resultado pode ter sido motivado pelo fato de que essas questões encontram-se no grupo das questões não icônicas, envolvendo grandezas discretas, em que os alunos do Ensino Fundamental demonstraram ter 202 mais dificuldades. No caso do item 48, pode ter influenciado também o fato de se tratar da última questão do caderno 1 e, portanto, a última questão resolvida na sessão pelos alunos do Ensino Fundamental. O tamanho reduzido da amostra também contribuiu para que as oscilações dos resultados tivessem maior amplitude entre os alunos do Ensino Fundamental. Nos três níveis, porém, a maioria dos alunos soube responder à situação sem, contudo, formalizar sua solução. Uma questão natural decorrente desse fato é tentar compreender que linhas de ação foram tomadas pelos sujeitos, buscando verificar que teoremas em ação esses sujeitos mobilizam com mais facilidade que a noção de número racional em seus aspectos mais abstratos. Para isso, as respostas corretas apresentadas no subitem a), porém não formalizadas em termos de quociente, foram classificadas segundo as seguintes categorias: • Regra de três ou estrutura multiplicativa • Solução algébrica; • Resposta baseada em estruturas aditivas; • Solução gráfica ou descrição dos procedimentos; • Respostas em branco ou inconsistentes. Os parágrafos a seguir descrevem, a título de exemplo, possíveis respostas para o item 47b, com a respectiva classificação. Soluções do tipo 1 3/ 4 = , logo x=8 ou (6.4)/3 foram consideradas numa única 6 x categoria, entendendo que, no primeiro caso, o aluno explicitou a regra de três e, 203 no segundo caso, escreveu apenas a operação decorrente desse raciocínio. As respostas desse tipo formaram a categoria “regra de três ou estruturas multiplicativas”. As respostas do tipo 3 x = 6 , logo x=8 foram enquadradas na categoria 4 “soluções algébricas”. As respostas do tipo 3 3 3 3 3 3 3 3 + + + + + + + = 6 , logo serão 8 estantes 4 4 4 4 4 4 4 4 pois a soma tem 8 parcelas, ainda que não detalhadas com tanta precisão, foram classificadas como “soluções aditivas”. Soluções obtidas por divisão de 6 retângulos em 4 partes iguais cada um e contagem do número de pedaços correspondentes a 3 de um retângulo que se 4 pode obter, feitas através de desenhos ou da descrição desse processo, foram classificadas como “soluções gráficas ou descritivas”. Por fim, as respostas em branco ou as tentativas de resolução que não chegaram ao valor correto foram tabuladas à parte. O resultado dessa tabulação encontra-se nas tabelas de 6.4.4 a 6.4.6. Itens 29 30 35 36 41 42 47 48 Quant. 1 1 0 0 0 1 1 0 % 12,5 10,0 0 0 0 11,1 12,5 0 Quant. 0 0 0 1 0 0 2 0 Algébrico % 0 0 0 10,0 0 0 25,0 0 Quant. 3 0 1 3 2 2 2 1 Aditivo % 37,7 0 16,7 30,0 40,0 22,2 25,0 50,0 Quant. 0 0 0 1 0 0 0 0 Gráfico/ descritivo % 0 0 0 10,0 0 0 0 0 Quant. 4 9 5 5 3 6 3 1 Branco/ outros % 50,0 90,0 83,3 50,0 60,0 66,7 37,5 50,0 Total de respostas 8 10 6 10 5 9 8 2 Tabela 6.4.4 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Fundamental Regra de três/ multiplicativo 204 Itens Quant. Regra de três/ multiplicativo % Quant. Algébrico % Quant. Aditivo % Quant. Gráfico/ descritivo % Quant. Branco/ outros % Total de respostas 29 6 28,6 7 33,3 4 19,0 2 9,5 2 9,5 21 30 3 18,8 6 37,5 3 18,8 2 12,5 2 12,5 16 35 5 23,8 12 57,1 1 4,8 0 0 3 14,3 21 36 4 16,0 13 52,0 3 12,0 0 0 5 20,0 25 41 42 47 48 5 6 4 4 23,8 30,0 17,4 18,2 12 9 12 13 57,1 45,0 52,2 59,1 2 0 3 1 9,5 0 13,0 4,5 0 0 3 3 0 0 13,0 13,6 2 5 1 1 9,5 25,0 4,3 4,5 21 20 23 22 Tabela 6.4.5 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Médio tens Quant. Regra de três/ multiplicativo % Quant. Algébrico % Quant. Aditivo % Quant. Gráfico/ descritivo % Quant. Branco/ outros % Total de respostas 29 4 22,2 5 27,8 2 11,1 2 11,1 5 27,8 18 30 35 36 41 42 47 48 5 2 3 4 11 5 5 38,5 20,0 23,1 25,0 50,0 35,7 41,7 2 5 3 5 4 4 4 15,4 50,0 23,1 31,3 18,2 28,6 33,3 4 0 1 1 1 3 1 30,8 0 7,7 6,3 4,5 21,4 8,3 0 0 1 0 0 1 0 0 0 7,7 0 0 7,1 0 2 3 5 6 6 1 2 15,4 30,0 38,5 37,5 27,3 7,1 16,7 13 10 13 16 22 14 12 Tabela 6.4.6 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Superior Da observação das tabelas pode-se inferir que, no caso dos alunos de Ensino Fundamental, a maior parte, que obteve a resposta esperada no subitem a), não conseguiu chegar a uma resposta consistente ou deixou de tentar explicitá-la por qualquer recurso matemático disponível. Essa observação sinaliza para o fato de que o conceito se encontra para esses alunos ainda no nível de invariantes operatórios. Vergnaud entende que a capacidade de explicitar os invariantes operatórios caracteriza a construção do saber científico. A observação da tabela 6.4.4 sugere, portanto, que os alunos do Ensino Fundamental se 205 encontram a uma distância maior dessa meta que os dos Ensinos Superior e Médio. No caso do Ensino Médio, houve uma sensível predominância dos procedimentos algébricos, que pode ser entendida por se tratar de um grupo mais homogêneo que o do Ensino Superior e, além disso, o currículo da Escola à qual pertence privilegia o trabalho algébrico. Em relação aos alunos do Ensino Superior, entretanto, em três situações predominaram os procedimentos multiplicativos ou regra de três; em duas, as respostas inconsistentes ou em branco; e em uma questão, as respostas algébricas e as estruturas aditivas. Pode-se constatar que, em um grupo homogêneo de alunos, como o do Ensino Médio, houve predominância de um único tipo de solução e, em um grupo heterogêneo, como o do Ensino Superior, houve soluções de diversos tipos. Esse fato permite inferir que os mecanismos mobilizados pelos sujeitos para resolver as situações estão associados principalmente às experiências individuais desses sujeitos, possivelmente as mais recentes. Seria razoável pressupor que, nos dois grupos, viessem a predominar os procedimentos algébricos, o que, entretanto, não ocorreu. Esse grupo de questões, portanto, leva à conclusão de que, mesmo nesses níveis de escolaridade, cerca de um quarto dos alunos, apenas, foi capaz de assumir os racionais como um conjunto numérico, sugerindo que as atividades desenvolvidas na escolarização inicial podem não estar sendo suficientemente abrangentes para que se construa esse conceito em todos os seus aspectos, que é uma das hipóteses iniciais desta pesquisa, e que a experiência escolar posterior 206 também não dá conta de fazer com que esses conceitos se consolidem, permanecendo, portanto, como dificuldades ao longo do processo de escolarização. Não foram objeto de aprofundamento nesta análise as situações de significado parte-todo classificadas como de nível 1 e 2, que procuravam analisar a capacidade de obter uma fração a partir da dupla contagem ou analisar a capacidade de perceber a necessidade da conservação, seja de áreas, seja de quantidades, proposta por Campos e Cols (1995). A análise quantitativa revelou que a quase totalidade dos sujeitos foi capaz de resolvê-las corretamente. Essas questões, aparentemente mais ligadas à maturação que às praticas pedagógicas, parecem não ser mais significativas para essa fase da escolarização. Por outro lado, nos trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005), direcionados para universos de pesquisa de terceira, quarta e oitava séries do Ensino Fundamental, essas questões foram significativas. 207 CAPÍTULO VII CONCLUSÃO 7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A título de encerramento do presente trabalho, este capítulo pretende retornar aos seus objetivos, descrever de maneira sumária as etapas percorridas para atingilos, sintetizar as conclusões obtidas e, com base nesses elementos, responder à questão a que a pesquisa se propôs. O objetivo do trabalho foi identificar aspectos do conceito de número racional cuja construção não tem se revelado eficaz no período da educação básica, quando são trabalhados em sala de aula, e que permanecem sem ser apropriados pelos alunos por longo tempo, durante o processo de escolarização. Dois pressupostos teóricos foram fundamentais na concepção da pesquisa: a visão de Vygotsky a respeito da construção do conceito, detalhada no Capítulo 1, e a Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud, que entende o conceito como algo que se constrói ao longo do tempo, enriquecendo-se na medida em que o sujeito, exposto a novas situações, mobiliza um conjunto de invariantes operatórios e 208 manipula seu repertório de representações em um processo contínuo que se prolonga no tempo. As idéias de Vergnaud também são comentadas no Capítulo 1. Essa postura dos dois autores diante da construção do conceito – vendo-a como algo dinâmico, cujo processo se inicia com a exposição do sujeito a uma situação – fundamenta a idéia de pesquisar, em alunos de escolaridade avançada, o estado em que se encontra um conceito que foi estudado formalmente numa etapa escolar anterior. Também se fundamentam nessas idéias: 1) a proposta de apresentar as questões do instrumento diagnóstico sob a forma de situaçõesproblema, entendidas por Vergnaud como a porta de entrada de um campo conceitual; e 2) a proposta de escaloná-las em níveis de dificuldade, considerando esse caráter progressivo da construção do conceito. Também foram importantes, nesta pesquisa, as idéias de Caraça, apresentadas no tópico 1.1, que descrevem a trajetória do pensamento humano em busca da compreensão dos números racionais. Essa descrição permitiu identificar quais das abordagens atuais dadas ao ensino desses números mais se aproximam desse caminho natural e, também, apontar obstáculos didáticos produzidos por linhas de ação que se afastam dessas idéias. Com relação aos autores que produziram trabalhos específicos sobre o conceito de número racional, esta pesquisa foi buscar subsídios nas idéias de Kieren, Nunes, Behr e Cols. e Mack, detalhados no capítulo 2, cujos trabalhos abordaram a questão das diferentes maneiras em que o número racional pode ser interpretado. Essas interpretações são denominadas “subconstrutos” por Kieren e Behr, e “significados” por Nunes e Bryant, denominação esta adotada neste trabalho. 209 A pesquisa também considerou os resultados do trabalho de Escolano e Gairín (2005), que propõem abordagens alternativas para o trabalho com frações, bem como os trabalhos de Silva (1997), Bezerra (2002) e Santos (2005), que realizaram diagnósticos acerca do conceito de número racional em escolas brasileiras, estudando concepções de alunos e de professores, procurando, como neste trabalho, associar as dificuldades apontadas a aspectos da prática pedagógica. Com apoio nessas idéias, foi elaborado um instrumento de pesquisa com 48 itens explorando situações envolvendo o conceito de fração nos significados partetodo e quociente, em três níveis de dificuldade. Esse instrumento foi aplicado a um grupo de 73 alunos, sendo 13 da oitava série do Ensino Fundamental, de uma escola particular, 31 da terceira série do Ensino Médio e 29 do Ensino Superior, na área de exatas, nas condições descritas no tópico 3.2.2. As respostas foram analisadas, inicialmente, do ponto de vista quantitativo, em termos de percentuais de acertos. Os itens com baixos percentuais de acertos foram considerados pontos críticos e submetidos a uma análise qualitativa dos diferentes tipos de respostas apresentadas pelos sujeitos, visando a identificar respostas típicas e compará-las, quando possível, às descritas pelos autores tomados como referência e associar suas prováveis causas às práticas pedagógicas mais comuns. Os resultados obtidos serão sintetizados a seguir. 7.2 SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS A análise quantitativa aponta, em um primeiro momento, que as questões de significado parte-todo, classificadas como de nível 1 – que tinham a característica de 210 deixar a parte e o todo perfeitamente explícitos no enunciado – foram respondidas corretamente pela quase totalidade dos sujeitos, não havendo diferenças significativas de resultados relativas ao tipo de questão, com exceção do subitem 1b), já discutido no tópico 6.1. Esse subitem, embora classificado como de nível 1, apresenta características relativas ao referencial que o tornam diferenciado, próximo dos itens de nível 3 e foi muito importante na análise, pois forneceu elementos para se inferir que a dificuldade apresentada pelos alunos não está na fração imprópria, mas na definição do referencial em que a resposta deve ser apresentada. Ainda em relação à análise quantitativa, os itens de significado parte-todo classificados como de nível 2, procuraram reproduzir as idéias de Campos e Cols (1995) em relação à questão da conservação da área, no caso das grandezas contínuas. Para as grandezas discretas, procurou-se adaptar essa idéia, com a criação de situações em que seria necessária a conservação do número de elementos do conjunto usado como unidade. Essa questão, que foi apontada como significativa pelas autoras, quando aplicada a crianças de 12 anos, e que foi também significativa nos trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005), parece já superada para o público alvo desta pesquisa, sugerindo ser mais dependente da maturação que das práticas pedagógicas. Os itens classificados como de significado parte-todo de nível 3, por sua vez, configuraram-se como pontos críticos e foram objeto de estudo mais aprofundado na análise qualitativa. Esse estudo levou à elaboração da primeira das quatro questões tratadas naquela análise, que procurou focar a idéia de fração imprópria no 211 significado parte-todo e associou essa questão ao papel desempenhado pela unidade, descrito por Kieren e Mack. Esses itens procuraram avaliar se o sujeito é capaz de manusear a fração imprópria lançando mão da lógica parte-todo. Para isso foi-lhes solicitado tomar partes de dois objetos iguais e reagrupar essas partes relacionando-as a um único objeto, obtendo assim uma fração imprópria. A questão central presente neste grupo de itens é a da identificação da unidade, apontada por Kieren e descrita minuciosamente por Mack. As colocações desses autores são comentadas, respectivamente, nos tópicos 2.1 e 2.4. Mack aponta uma forte tendência de seus sujeitos de pesquisa a tratar uma coleção de objetos como se essa coleção fosse uma nova unidade e a buscar sempre um todo maior que a parte em questão (Mack, 1990 p.21). Essas observações, referentes a pesquisas com crianças de quinta e sexta séries do currículo americano, também se repetiram nos sujeitos desta pesquisa, revelando-se, portanto, persistentes até estágios bem mais avançados da escolarização. Os resultados dessa observação encontram-se no gráfico 6.1, em que se pode observar que os percentuais de alunos que usaram referencial diferente do esperado para responder às questões envolvendo grandezas contínuas ultrapassaram em muitos casos a 30%. Já para responder às questões envolvendo grandezas discretas, esses percentuais chegaram a ultrapassar 60%. Estas observações estão detalhadas no tópico 6.1 desta dissertação. Com relação ao significado quociente, houve pouca diferença entre os itens classificados como de nível 2 ou 3. Os pontos críticos se concentraram nas questões que envolvem quantidades discretas e foram objeto de análise qualitativa com 212 objetivo de detectar até que ponto as peculiaridades dessas grandezas influenciam na capacidade do aluno de resolver situações-problema. A motivação para dar atenção especial à questão das quantidades discretas está nas considerações de Escolano e Gairín, comentadas no tópico 2.5. Os autores chamam a atenção para o fato de que devem ser construídos modelos diferenciados para o trabalho, envolvendo quantidades contínuas e discretas, face às particularidades apresentadas por essas últimas, com destaque para o fato de que a divisão só pode ser feita considerando os divisores do cardinal da unidade. As colocações dos autores vêm também ao encontro da convicção deste pesquisador a respeito da importância que se deve dar a essas grandezas. Os autores argumentam ainda que o trabalho com grandezas discretas fornece uma nova perspectiva ao significado de fração, por ser um conhecimento útil e por sua ampla presença no mundo real. (Escolano e Gairín, 2005, p.29). Os pontos críticos levantados e as considerações dos autores remeteram à segunda e à terceira questões tratadas na análise qualitativa, que exploraram, respectivamente, a questão da cardinalidade, apontada como significativa por Escolano e Gairín, e a questão do quociente envolvendo grandezas discretas, que procura avaliar até que ponto o conjunto dos racionais é entendido, ainda que de maneira implícita, como um conjunto numérico que contém o conjunto dos números naturais. A busca da compreensão dessas questões está detalhada nos tópicos 6.2 e 6.3 e pode ser sintetizada na busca de respostas às seguintes perguntas: 1. A opção por resolver uma questão usando a cardinalidade do conjunto a ser repartido, mesmo quando isso não é necessário, é um fator facilitador? 213 2. Os alunos aceitam naturalmente o fato de que a idéia de quociente, quando aplicada a conjuntos discretos, produz como resposta um número natural? Esse número natural é entendido como um caso particular de fração?” Com relação à primeira dessas perguntas, a tabulação das respostas fornecidas mostra que, nos itens icônicos, a maioria dos alunos opta por resolver sem usar a cardinalidade, enquanto nos não icônicos, predomina a tendência de lançar mão da cardinalidade do conjunto, conforme as tabelas 6.2.1 a 6.2.4.. Nos dois casos, entretanto, o percentual de acertos é maior entre os alunos que optam por não usar a cardinalidade, principalmente nos níveis Médio e Superior, conforme as tabelas 6.2.5 a 6.2.6. A segunda pergunta busca investigar até que ponto os sujeitos de pesquisa incorporam à idéia de número racional o princípio a que Caraça denomina princípio da extensão, que, no caso, pode ser entendido como fornecer um número natural como uma resposta a uma questão envolvendo frações, demonstrando a aceitação do fato de que o conjunto dos números naturais está contido no dos racionais. Vale ressaltar que se busca a mobilização desse princípio de acordo com o que Vergnaud denomina invariante operatório, ou seja, sem a necessidade de explicitá-lo, mas apenas como um elemento de que o sujeito lança mão para responder à questão. Essa é uma etapa da construção do conceito do número racional pela qual os sujeitos devem passar e foi considerada apropriada para ser investigada neste trabalho, considerando se tratar de um universo de pesquisa em fase final do processo de escolarização. 214 Essa questão foi discutida no tópico 6.3 e as tabelas 6.3.1 a 6.3.4 detalham os resultados obtidos. As tabelas mostram que as porcentagens de sujeitos que demonstraram mobilizar o princípio da extensão variaram entre, 7,7% e 23,1% para o Ensino Fundamental, 54,8% e 71,0% para o Ensino Médio e 41,4% e 58,6% para o Ensino Superior. O último aspecto avaliado na pesquisa refere-se aos itens de significado quociente classificados como de nível 3, que remete à quarta questão abordada na análise qualitativa. Essa análise tratou da extensão do conceito de quociente e procurou avaliar: 1) até que ponto os alunos percebem que os procedimentos usados para resolver situações de quociente, no âmbito dos números naturais permanecem válidos também para os números racionais; e 2) se os alunos são capazes de formalizar esses procedimentos em termos de operações com frações. Complementando as observações da terceira questão, procurou-se agora verificar se os sujeitos já mobilizam, na construção do número racional, o que Caraça denomina princípio da economia, que consiste em resolver, por meio das mesmas operações, problemas análogos envolvendo números naturais ou números racionais. Foram apresentadas, de diversas formas diferentes, questões que conduziam a um quociente em que o dividendo é um número natural e o divisor, uma fração. Foram feitos dois pedidos: primeiro, simplesmente fornecer o resultado e, em um segundo momento, formalizar esse resultado em termos de operações com frações. Essa questão foi analisada no tópico 6.4 e os resultados, apresentados nas tabelas 6.4.1 a 6.4.3, indicam que, em geral, um percentual elevado dos sujeitos foi capaz de resolver a questão, porém os percentuais de alunos que, além de resolver, 215 souberam formalizar foram, no máximo, de 23,1% no Ensino Fundamental, 25,8% no Ensino Médio e 34,5% no Ensino superior. Dentre os que acertaram, mas não formalizaram corretamente, constatou-se que, em vez da divisão, esses alunos lançaram mão de estruturas algébricas, estruturas aditivas, estruturas multiplicativas e até mesmo recursos gráficos ou descritivos. As tabelas 6.4.4 a 6.4.6 discriminam as quantidades de respostas de cada tipo. Houve predominância de procedimentos algébricos entre os alunos do Ensino Médio. Para os alunos do Ensino Superior não houve linha de ação predominante. Chamou a atenção, nessa análise, entretanto, a grande quantidade de alunos do Ensino Fundamental que, mesmo obtendo a resposta correta, não conseguiu explicitá-la por nenhum recurso matemático, sinalizando, para aquele grupo de alunos, um estado da construção do conceito restrito apenas aos invariantes operatórios, ainda distante da capacidade de explicitar, que caracteriza, para Vergnaud, o surgimento do conhecimento científico. 7.3 RESPONDENDO À QUESTÃO DE PESQUISA A motivação para desenvolver esta pesquisa deve-se à constatação de que o conceito de fração constitui-se num dos mais difíceis conceitos a serem construídos pelos alunos ao longo da escolarização e de que os modelos tradicionalmente usados no trabalho com esses objetos matemáticos não têm sido eficazes em prover seu pleno domínio pelos alunos. Essas observações, associadas ao fato de que, nos níveis mais elevados de escolarização, muitas dessas dificuldades ainda se 216 encontram presentes e prejudicam o estudo de conceitos matemáticos mais avançados, forneceram subsídios para que se elaborasse esta questão de pesquisa: Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo e quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava série do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino Superior na área de exatas? Conforme já citado na introdução deste trabalho, esta questão conduz naturalmente a uma outra: Que ligações existem entre essas dificuldades e as deficiências da prática pedagógica, já apontadas por outras pesquisas? Na busca de respostas a essas duas perguntas, os trabalhos de coleta e análise de dados se focaram na direção de dois objetivos: • identificar aspectos do conceito de fração relativos aos significados parte-todo e quociente, que se constituem em dificuldades ao longo da escolarização e não são revertidos facilmente com o avançar dessa escolarização para os sujeitos em estudo; • associar essas dificuldades a deficiências da prática pedagógica já apontadas por outras pesquisas. Com relação ao primeiro desses objetivos, os dados obtidos da análise qualitativa permitem destacar alguns comportamentos predominantes nos sujeitos de 217 pesquisa estudados, que podem ser resumidos nas quatro considerações que se seguem: 1. Diante de situações em que fica a cargo do aluno estabelecer o referencial em que a questão deve ser respondida, em geral a resposta é fornecida tomando como referencial a maior coleção disponível, com pequena preocupação em relação à fixação desse referencial e uma tendência a evitar a fração imprópria, por mais enfáticas que sejam as indicações acerca do referencial desejado; 2. Nas situações de quociente envolvendo quantidades discretas, há uma tendência da maioria dos alunos a usar, na resolução, a cardinalidade do conjunto a ser repartido, mesmo quando essa cardinalidade é dispensável. Essa linha de ação levou a uma maior porcentagem de erros na amostra considerada. 3. Ainda nas situações de quociente envolvendo quantidades discretas, há uma resistência a assumir um número natural como uma fração, predominando respostas em que o sujeito sinaliza que percebe o que se pede, mas não explicita corretamente ou mesmo ignora a cardinalidade, em um processo semelhante à divisão de grandezas contínuas. 4. Finalmente, nas situações de quociente, resolvidas por uma divisão entre um número natural e uma fração, um grande número de alunos que soube resolvê-la por procedimentos intuitivos, ou mesmo por outras estratégias, não foi capaz de explicitá-la em termos de operações com números racionais. 218 Os parágrafos seguintes procurarão retomar cada uma dessas quatro observações e identificar elementos que remetem ao segundo objetivo, ou seja, associar essas observações a aspectos da prática pedagógica. Para a primeira observação, pode-se procurar uma explicação na própria gênese do número racional, que pressupõe que toda fração se refere a uma dada grandeza, tomada como referencial (Caraça, 1952). Os modelos parte-todo e quociente, que usualmente são empregados para introduzir o conceito de fração, dão pouca ênfase a esse referencial, ora propondo a fração como uma relação entre dois números naturais, ora como um quociente indicado. As observações de Silva (1997) e Santos (2005) indicam que os professores tendem a privilegiar o modelo parte-todo, nas fases iniciais do estudo, e a partir rapidamente para atividades algorítmicas, envolvendo operações com frações. Nessa fase, as frações adquirem o status de número, e se costuma dar pouca ênfase ao fato de que elas continuam a se referir a uma unidade, que no caso é o elemento neutro da multiplicação. A passagem para essa fase pressupõe um grande salto em termos de abstração, aparentemente não conseguido pela maioria dos alunos, configurando-se exatamente aí, no entender deste pesquisador, a origem dos falsos conceitos que os alunos carregam ao longo da escolarização, e que esta pesquisa mostra serem surpreendentemente duradouros. Uma proposta para a redução dessa dificuldade, reiterando as idéias de Silva (1997), passa pela necessidade de utilizar todos os significados na construção inicial do conceito de fração, principalmente os significados parte-todo, quociente e medida, 219 que parecem mais apropriados a preparar o caminho para as abstrações necessárias à compreensão da fração como um novo tipo de número. A respeito do significado medida, que não foi objeto deste trabalho, é interessante destacar as idéias de Escolano e Gairín (2005), que chamam a atenção para o fato de que esse modelo tem, como característica principal, manter o referencial associado à fração de maneira mais efetiva. As observações de Santos (2005), entretanto, destacam que esse é um dos significados que os professores menos consideram na elaboração de suas atividades. Embora a identificação das dificuldades que envolvem a compreensão do papel da unidade no conjunto dos números racionais não seja uma questão nova – pois já foi apontada por Kieren (1981, 1993) e Mack (1990), em estudos com crianças em fase inicial de escolarização – espera-se que as constatações desta pesquisa possam ressaltar sua importância ao apontar a persistência dessas dificuldades. A segunda observação, que aponta para a tendência do aluno a considerar a cardinalidade do conjunto para resolver a questão, mesmo quando isso é dispensável, remete à idéia de Brousseau (1990), que aponta como uma característica significativa, embora não desejável, do contrato didático, a crença por parte do aluno de que todos os dados numéricos fornecidos no enunciado de um problema devem ser usados em sua resolução. A constatação de que a tentativa de usar a cardinalidade na resolução dos exercícios conduz a um percentual maior de erros sugere que o trato com as grandezas discretas não se configura como uma simples extensão do trato das 220 grandezas contínuas, apresentando peculiaridades próprias que devem merecer atenção especial nas fases iniciais da escolarização. A proposta de Bezerra (2002) parece apresentar uma forma de contornar esse problema. O autor propõe tomar o conceito de divisão, conforme abordado nos números naturais, como ponto de partida para construir o conceito de fração, partindo inicialmente da idéia de fração imprópria. Isso seria obtido a partir de situações-problema em que os alunos pudessem manipular materiais significativos. Esse modelo, entretanto, apresenta dificuldades na obtenção de frações próprias em situações com grandezas discretas, o que sugere que deva ser trabalhado em combinação com outros modelos, conforme destaca o próprio autor. As duas últimas observações sinalizam para o fato de que as frações ainda não são vistas por grande parte dos sujeitos como entes numéricos em sua plenitude. Isso se evidencia na dificuldade em aceitar que o conjunto dos naturais se incorpora ao dos racionais, segundo o que Caraça (1952) denominou princípio da extensão, e fica caracterizado quando o sujeito não reconhece que a resposta de uma situação de quociente envolvendo grandezas discretas pode ser representada por um número natural, obtido por uma operação idêntica à realizada com grandezas contínuas, e que essa resposta também pode ser chamada de fração. No entender deste pesquisador, esse caminho, que traduz a gênese do número racional, deve ser percorrido pelo sujeito em termos de conhecimentos implícitos, para que o conceito se construa plenamente. Da mesma maneira, a operação de dividir uma certa grandeza em partes de valor conhecido, que no caso de números naturais se obtém de imediato por um quociente, parece não ser prontamente respondida por um quociente quando o valor 221 dessa parte é uma fração. A manutenção da divisão para resolver o problema no conjunto dos naturais e dos racionais caracteriza o que Caraça (ibid.) denominou princípio da economia. No caso do universo pesquisado, esse princípio parece ainda não estar presente, mesmo na forma de conhecimento implícito, para um grande número de sujeitos, sugerindo que há ainda um caminho a percorrer na construção do conceito de número racional, e que os professores devem ter consciência dessas dificuldades e tentar saná-las, na medida do possível, nos trabalhos de seus respectivos conteúdos, considerando que esses falsos conceitos podem trazer prejuízo ao estudo de tópicos mais avançados da Matemática. Com relação a esse prejuízo, cabe ressaltar mais uma vez as idéias de Bher e Cols. a respeito da importância da construção correta do conceito de número racional como um fator de preparação para a apropriação de conceitos mais sofisticados, sobretudo os algébricos. Os autores salientam que o estudo dos números racionais é particularmente adequado a desenvolver estruturas de pensamento mais sofisticadas na transição do pensamento concreto para o pensamento operatório formal. Um trabalho pouco consistente com frações, no período em que esse estudo costuma ser proposto nas grades curriculares, poderá ser um fator de perda de oportunidade de desenvolver essas estruturas de pensamento no momento adequado, em termos de maturação, e as conseqüências dessas falhas, conforme apontado nesta pesquisa, não são de fácil reparação. Essas considerações pretenderam, portanto, responder às questões a que o pesquisador se propôs, buscando, com as observações obtidas, acrescentar novas informações às já disponibilizadas por pesquisas anteriores. Embora se deva considerar que as amostras tomadas nesta pesquisa não permitam generalizações 222 para universos diferentes do estudado, as evidências obtidas e seu confronto com os referenciais teóricos usados fornecem elementos que permitem supor que seus resultados podem ser úteis como indicadores de tendências. Espera-se, portanto, que este trabalho possa acrescentar informações às já obtidas pelos demais pesquisadores do grupo, fornecer subsídios a outros pesquisadores e ajudar a inspirar novas pesquisas que proponham tanto trabalhos mais abrangentes – que permitam ampliar este diagnóstico – quanto intervenções que visem a obter soluções para os problemas apontados. 223 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALACHEFF, N., Concepción, connaiscence et concept, in didactique et technologies cognitives en mathématiques, seminaire Nr 157, p. 219-244, Université Joseph Fourier, França, 1994. BEHR, M. J., LESH, R., POST, T. R., SILVER, E. 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Item 2 – Nos gráficos abaixo, as barras representam as capacidades de dois tanques de combustível, A e B e as partes escuras, a quantidade de combustível existente em cada um dos tanques. B A a) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque A em relação a sua capacidade? b) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque B em relação a sua capacidade? Item 3 – Que fração representa a parte pintada da figura abaixo? 233 Item 4 –Os prédios A e B são iguais e todos os andares têm a mesma altura. A área sombreada representa uma parte do prédio B que está sendo pintada. Que fração representa essa parte? A B Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade de pizza que não foi consumida? Item 6 – Considerando sempre uma barra como o inteiro, responda 1 2 3 4 a) b) c) d) e) Que fração representa a parte pintada barra 1? Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1 e 2? Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2 e 3? Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2, 3 e 4? Que fração representa o dobro das partes pintadas das barras 1 e 2? Item 7 – Um pedaço de corda foi dividido em 9 partes iguais, que foram distribuídas para as crianças de uma escola brincarem no recreio. As crianças da pré-escola 234 receberam 3 dessas partes, as da primeira série, 2 partes e as da segunda série 4 partes. a) Que fração da corda as crianças da pré-escola receberam? b) Que fração da corda as crianças da primeira série receberam? c) Que fração da corda as crianças da segunda série receberam? Item 8 – – No balcão de uma padaria podem ser vistos dois bolos de chocolate, três bolos de coco e quatro de morango. Maria comprou um bolo de chocolate e outro de morango. Represente por uma fração a quantidade de bolos que Maria comprou em relação ao total de bolos da padaria. Item 9 – Um chocolate foi dividido em 5 partes, sendo 4 delas iguais e uma igual ao dobro de cada uma das 4 anteriores. Que fração representa essa parte maior em relação ao chocolate todo? Item 10 – Para a confecção de uma fantasia, um novelo de fita vermelha foi cortado em 4 partes, de modo que 3 dessas partes têm o mesmo tamanho, e a quarta parte tem o dobro do tamanho de cada uma das 3 anteriores. Logo após, para confeccionar outra fantasia, um novelo de fita azul, do mesmo tamanho da vermelha, foi cortado, nas mesmas condições. a) Que fração da fita vermelha representa o pedaço maior? b) Considerando o inteiro como um novelo de fita, que fração de novelo representa a soma dos pedaços maiores das duas fitas? Item 11 – Dois irmãos, Roberto e Antonio, receberam como herança dois terrenos de mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais, cabendo duas partes a Antônio e três a Roberto. Complete com frações: a) A parte de Antonio na herança corresponde a ______________ da área de um terreno. b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de um terreno. Item 12 - André ganhou 4 chocolates do mesmo tamanho, cada um deles com marcas para serem divididos em 4 pedaços iguais. Do primeiro chocolate comeu 3 pedaços e deu 1 para seu irmão Pedro. Do segundo, comeu dois pedaços e deu os outros dois para sua prima Daniela. Logo após, resolveu comer os outros dois chocolates e dividiu com Pedro e Daniela da mesma maneira que os dois primeiros. 235 a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos dois primeiros chocolates? b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos 4 chocolates? Item 13 – No balão, somente três bolas estão pintadas. Represente por uma fração a quantidade de bolas pintadas em relação a todas as bolas que estão no balão. Item 14 - Numa loja de presentes há 4 bonés vermelhos e 2 bonés azuis de mesmo tamanho. Que fração representa a quantidade de bonés azuis em relação ao total de bonés? Item 15 – Na mesa encontram-se quatro pratos com docinhos iguais. Encontre uma fração que exprima a quantidade de doces do prato 1 em relação ao total de doces existente na mesa. 1 3 2 4 236 Item 16 – Na parede há 5 porta-retratos, para fotos iguais, porém com capacidade para um número diferente de fotos. Represente por uma fração a capacidade de fotos do porta-retrato A em relação ao total de fotos que estão na parede. B A C D E Item 17 – Duas Caixas de bolinhas de gude como esta deverão ser repartidas entre Carlos e José. Para fazer a divisão, as bolinhas de cada caixa serão divididas em 7 partes iguais, cabendo 3 partes a Carlos e 4 partes a José. Complete com frações: a) a parte de Carlos corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas. b) a parte de José corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas. Item 18 - Tomando como o todo-referência uma caixa de bolinhas, a) represente por uma única fração o total de bolinhas pintadas nas 4 caixas. b) represente por uma fração o dobro da quantidade das bolinhas pintadas na figura abaixo? 237 Item 19 – Na vitrine de uma loja de brinquedos podem ser vistos 2 carrinhos azuis, 3 carrinhos vermelhos e 4 carrinhos verdes, todos do mesmo tipo. Um cliente comprou para seus filhos 1 carrinho azul e outro verde. Represente por uma fração a quantidade carrinhos que esse cliente comprou em relação ao total de carrinhos da vitrine. Item 20 – Um pacote com 36 balas foi repartido em 12 partes iguais, que foram distribuídas para Juliane, Daniele e Gabriela. Juliane recebeu 5 partes, Daniele recebeu 4 partes e Gabriela recebeu 3 partes. a) Que fração do pacote de balas Juliane recebeu? b) Que fração do pacote de balas Gabriela recebeu? c) Que fração do pacote de balas Daniele recebeu? Item 21 – Num restaurante existem 2 mesas com 12 lugares cada e 3 mesas com 4 lugares cada. Que fração da capacidade do restaurante representa uma das mesas de 4 lugares? Item 22 – Três meninos e uma menina compraram uma caixa de bombons, que foram repartidos, de modo que a menina recebeu o dobro da quantidade de bombons que os meninos. Após repartirem os bombons resolveram comprar outra caixa igual, e repartirem da mesma maneira. a) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após repartirem a primeira caixa? b) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após repartirem as duas caixas? c) Se as duas caixas fossem repartidas ao mesmo tempo, que fração de uma caixa representaria o total de bombons que a menina ganhou? Item 23 –Michele e Mirela ganharam dois pacotes com 30 balas para repartirem. Cada um desses pacotes foi dividido em 6 partes iguais, e Michele ficou com 2 partes enquanto que Mirela ficou com 4 partes. Complete com frações: a) A parte de Michele corresponde a ______________ de um pacote de balas. b) A parte de Mirela corresponde a ______________de um pacote de balas. 238 Item 24 – Flávia tinha 4 pacotes iguais de contas coloridas para fazer colares. Para fazer um colar, separou as contas da seguinte maneira: - dividiu o primeiro pacote em 5 partes, das quais usou 3; - dividiu o segundo pacote em 5 partes, das quais usou uma. - dividiu o terceiro pacote em 5 partes, das quais usou 3; - dividiu o quarto pacote em 5 partes, das quais usou uma. a) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 2 primeiros pacotes? b) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 4 pacotes? Item 25 – Foram divididas igualmente para 4 crianças, 3 barras de chocolate a) Cada criança receberá um chocolate inteiro? ( ) Sim ( ) Não b) Cada criança receberá pelo menos metade de um chocolate? ( ) Sim ( ) Não c) Que fração do chocolate cada criança receberá? Item 26 – Duas barras de chocolate iguais foram repartidas entre 5 meninos e 3 barras iguais foram repartidas entre 5 meninas. a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menino recebeu? b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menina recebeu? c) Quem recebeu um pedaço maior de chocolate? d) Qual dessas frações é maior? 239 Item 27 – Um bolo foi dividido igualmente para três crianças e dois bolos do mesmo tamanho foram divididos igualmente para 6 crianças. 1 2 a) As 9 crianças comeram a mesma quantidade de bolo? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração representa a divisão do bolo da figura 1? c) Que fração representa a divisão do bolo da figura 2? Item 28 – Dois bolos foram divididos igualmente para 3 crianças e 3 bolos do mesmo tamanho foram divididos igualmente para 4 crianças. 1 2 a) As crianças de qual grupo ganharam mais bolo? b) Que fração representa a divisão do bolo da figura 1? c) Que fração representa a divisão do bolo na figura 2? d) Qual dessas frações é maior? Item 29 – Quatro barras de chocolate deverão ser divididas e colocadas em caixinhas 2 de modo a que em cada caixinha caibam de uma barra de chocolate. 3 240 a) Quantas caixinhas serão necessárias para guardar todo o chocolate? b) Represente a solução deste problema como uma operação com frações. Item 30 - Se tomarmos pedaços equivalentes a 3 de cada um dos chocolates abaixo 4 para distribuirmos a algumas crianças. a) Quantas crianças poderão ganhar chocolate? b) Represente esta repartição como uma operação com frações. Item 31 – Três barras de chocolate foram divididas em partes iguais entre 5 crianças. a) Cada criança recebeu pelo menos a metade de uma barra de chocolate? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração de uma barra de chocolate cada criança receberá? Item 32 – Numa certa lanchonete, 5 meninos sentaram-se para lanchar e pediram 4 garrafas de refrigerante e tomaram todos a mesma quantidade. Na mesa ao lado, 5 meninas que também lanchavam pediram 3 garrafas de refrigerante e também tomaram a mesma quantidade. a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas? b) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menino tomou? c) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menina tomou? d) Qual dessas frações é maior? Item 33 – Dez barras de chocolate de mesmo tamanho serão repartidas igualmente entre 15 crianças. Sabe-se que 6 barras são de chocolate escuro e que 4 barras são de chocolate branco. Sabe-se também que 9 crianças preferiram o chocolate escuro e que 6 crianças preferiram o branco. a) As crianças que preferiram o chocolate escuro ganharão um pedaço maior de chocolate? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração representa a quantidade de chocolate escuro que cada criança receberá? 241 c) Que fração representa a quantidade de chocolate branco que cada criança receberá? Item 34 – Na hora do recreio, foram divididas 3 latas de refrigerante igualmente para 2 meninos e 5 latas de refrigerante, também foram divididas igualmente para 3 meninas. a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas? b) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada menina tomou. c) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada menino tomou. d) Qual dessas frações é maior? Item 35 – Para que se possa fazer a limpeza de dois grandes aquários iguais, a água que está contida neles deverá ser transferida para alguns recipientes cuja capacidade é 1 da capacidade dos aquários. 3 a) Quantos pequenos recipientes serão necessários para armazenar a água? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Item 36 – Quatro grandes navios de mesma capacidade de carga estão ancorados num porto, carregados de grãos. Para que os grãos possam chegar a portos mais 2 rasos, o carregamento deverá ser transferido para navios menores, com da 3 capacidade dos navios grandes. a) Quantos navios menores serão necessários para transportar a carga que está nos navios grandes? b) Represente a solução desse problema por uma operação com frações. Item 37 – As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3 meninos . a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar. 242 b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino deverá ganhar Item 38 – Dois dos pacotes de balas deverão ser repartidos igualmente por 6 meninos e outros 3 pacotes iguais, por 6 meninas. a) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menino receberá. b) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menina receberá. c) Qual dessas frações é maior? d) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá. e) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá. Item 39 – No pacote 1 existem 12 balas, que serão repartidas igualmente para 4 meninos. No pacote 2 existem 9 balas que serão repartidas igualmente para 3 meninas. 243 a) Cada um dos meninos ganhará mais balas que as meninas? ( ) Sim ( ) Não b) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá c) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá Item 40 – O primeiro conjunto de figurinhas será dividido entre 3 crianças e o segundo conjunto entre quatro crianças. 1 2 a) As crianças de que grupo ganharão mais figurinhas? b) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do 1° grupo receberá c) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do 2° grupo receberá. d) Qual dessas frações é maior? Item 41 – Três pacotes de ovos serão redistribuídos em pacotes menores, de modo que cada novo pacote contenha 3 dos ovos do pacote maior. 4 244 a) Quantos pacotes poderão ser obtidos através desse procedimento? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Item 42 - A figura abaixo representa uma caixa de maçãs, que serão transferidas para 1 caixas menores, com da capacidade desta caixa . 4 a) Quantas caixas serão necessárias para guardar todas as maçãs? b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações. Item 43 – Duas cestas com 20 laranjas cada foram repartidas entre 5 pessoas a) Cada pessoa ganhará pelo menos meia cesta de laranjas? ( ) Sim ( ) Não b) Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa receberá? Item 44 – Três pacotes com 30 figurinhas de esportes cada foi repartido entre 6 meninos e outros 2 pacotes, com 30 figurinhas de super-heróis cada foram repartidos entre outros 6 meninos. a) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de esportes que cada menino recebeu? b) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de super-heróis que cada menino recebeu? c) Qual dessas frações é maior? Item 45 – Marina tem 36 fotografias, e deverá coloca-las em 3 álbuns com a mesma quantidade de fotos em cada um. Ana tem 60 fotografias e deseja coloca-las em 5 álbuns, também com a mesma quantidade de fotos em cada. 245 a) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Marina em relação ao total de suas fotos. b) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Ana em relação ao total de suas fotos. Item 46 – Um pacote com 30 balas de morango foi dividido por 6 pessoas e um outro pacote com 24 balas de hortelã foi repartido entre 4 pessoas. a) todas as pessoas receberão a mesma quantidade de balas? ( ) Sim ( ) Não b) Represente por uma fração o total de balas de morango que cada pessoa recebeu. c) Represente por uma fração o total de balas de hortelã que cada pessoa recebeu. Item 47 – Uma biblioteca que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias, trocou 3 seus móveis e as novas estantes têm da capacidade das antigas. 4 a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros da biblioteca? b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações. Item 48 – Os cartões telefônicos da coleção de César estavam guardados em 6 álbuns. 2 Ele pretende mudá-los para novos álbuns, cuja capacidade é da capacidade dos 3 anteriores. a) Quantos novos álbuns serão necessários para acomodar todos os seus cartões? b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações. 246