PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Índice Geral do Relatório Ambiental Volume 1 – Relatório Volume 2 – Resumo Não Técnico Volume 3 – Relatório (Alteração) Índice Geral do Volume 2 ÍNDICE DE TEXTO Pag. 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................ 1 2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL ............................................................................................ 3 3. ENQUADRAMENTO NOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL ................................ 3 4. BREVE DESCRIÇÃO DO PUHCV ALTERADO............................................................................ 6 4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................... 6 4.2. USO DO SOLO ........................................................................................................................ 7 4.2. ACESSOS E TRÁFEGO........................................................................................................... 12 4.3. REDES DE INFRA-ESTRUTURAS ............................................................................................. 13 4.5. ESPAÇOS EXTERIORES ......................................................................................................... 13 5. OBJECTIVOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL ESTABELECIDOS A NÍVEL INTERNACIONAL, COMUNITÁRIO OU NACIONAL, PERTINENTES PARA O PUHCV........... 16 6. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO ACTUAL DO AMBIENTE E A SUA PROVÁVEL EVOLUÇÃO NA AUSÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO............................................. 23 7. IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS EFEITOS SIGNIFICATIVOS NO AMBIENTE DECORRENTES DA APLICAÇÃO DO PUHCV ............................................... 38 8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 45 CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 I PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente documento constitui o Resumo Não Técnico (RNT) da Alteração ao Relatório Ambiental (RA) do Plano de Urbanização da Herdade de Corte Velho (PUHCV), de que o presente documento faz parte integrante. Neste trabalho apresentam-se, de forma sintética, os resultados do Relatório Ambiental (Alterado), no que diz respeito à identificação, descrição e avaliação dos eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do PUHCV alterado. O PUHCV em vigor, foi aprovado por deliberação da Assembleia Municipal de Castro Marim de Dezembro de 2007 e publicado em Diário da República (Aviso n.º 4189/2008, 2ª Série) em 19 de Fevereiro de 2008. Após a entrada em vigor do PUHCV e previamente à elaboração dos projetos de urbanização, a Câmara Municipal de Castro Marim (CMCM), o proprietário dos terrenos e a Autoridade Florestal Nacional (AFN) desenvolveram um trabalho conjunto de actualização das áreas ocupadas com povoamentos florestais de quercíneas (azinheiras e sobreiros, sendo as primeiras largamente dominantes) da Herdade de Corte Velho. Terminado este levantamento, concluiu-se que, devido ao crescimento natural verificado nos povoamentos, estes ocupavam à data áreas superiores ao inicialmente considerado, pelo que o zonamento do uso do solo constante do PUHCV não seria totalmente compatível com os mesmos, comprometendo a execução do Plano, nos termos em que este último havia sido aprovado. Este facto levou as referidas entidades a concluir que se tornava necessário proceder à sua alteração no sentido de redefinir as áreas urbanas aí delimitadas, de modo a garantir a salvaguarda dos referidos povoamentos. As dificuldades sentidas ao nível do espaço disponível para conseguir efectivar estes ajustamentos sem perdas dos valores máximos das áreas urbanas, das áreas de construção, do número de unidades de alojamento e do número de camas, e sem por em causa os valores ambientais protegidos em presença, levou ao abandono da proposta de construção de um campo de golfe, de modo a permitir aproveitar para uso urbano algumas das áreas sem condicionantes ambientais anteriormente afectas ao campo de golfe. A oportunidade desta alteração ao plano foi também aproveitada para actualizar as condicionantes com base no trabalho desenvolvido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve no que diz respeito ao trabalho de delimitação da Reserva Ecológica Nacional CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 1 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) (REN) de Castro Marim, em relação à delimitação do domínio hídrico e dos povoamentos florestais, incluindo os núcleos com relevância ecológica. De referir ainda que fruto das prospecções arqueológicas associadas aos estudos de base realizados no âmbito da revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Castro Marim foram detectados na área do PUHCV novos sítios arqueológicos e reposicionados outros considerados no anterior RA, datado de Dezembro de 2007, o que obrigou a ajustamentos adicionais nos limites das áreas a afectar a solo urbano e às infraestruturas, de modo a não interferir com os mesmos. Uma vez que o PUHCV incide em grande parte (cerca de 89%) sobre um sítio da lista nacional de sítios da Rede Natura 2000, classificado como de importância comunitária (SIC), mais precisamente no SIC PTCON0036 – Guadiana (doravante designado SIC do Guadiana), e que a presente alteração constitui a sua primeira revisão, apesar das disposições do PUHCV aprovado não terem chegado a ser operacionalizadas, no RA (Alteração) procurou-se delinear os aspectos pertinentes à adaptação e conformidade deste Plano às medidas de medidas de conservação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), entretanto publicado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho (RCM n.º 115-A/2008), dirigidas ao SIC do Guadiana. Assim, os elementos apresentados no RA Alterado e no PUHCV Alterado têm por base a versão aprovada em 2007, tendo sido actualizados perante a nova realidade e a nova configuração do PUHCV, conforme explicado anteriormente. De referir, ainda, a este respeito que a presente versão incorpora o resultado não apenas da conferência de serviços que teve lugar em Abril de 2011 e dos respectivos pareceres emitidos pelas entidades competentes, mas também das diversas reuniões de concertação realizadas posteriormente. O PUHCV alterado é um Plano Municipal de Ordenamento do Território (PMOT) que tem como objectivo principal a criação de um espaço para atividades turísticas de elevada qualidade ambiental, numa zona afastada do litoral, com baixos índices de construção e de densidade populacional. O conceito estruturante da proposta de alteração do PUHCV corresponde a um empreendimento urbano-turistico ecológico, traduzindo a noção de bem-estar familiar original, único na sua localização e envolvente,, claramente mais centrado na salvaguarda, valorização e fruição dos valores ecológicos e patrimoniais, nas actividades agrícolas e florestais, bem como na definição dos usos e CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 2 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) actividades, o que determina um aumento da minimização de impactes ambientais face ao PUHCV em vigor, que já de si era muito elevada. Pretende-se desta forma que os empreendimentos turísticos a desenvolver na área do PUHCV sejam um exemplo a seguir ao nível de inovação e desenvolvimento sustentável de soluções turísticas e habitacionais, quer em Portugal, quer a nível internacional, e constitua também um elemento dinamizador dos aspectos ambientais, sociais, económicos e culturais de uma zona interior desfavorecida, podendo desta forma apoiar a promoção da qualidade de vida da Região e das populações do concelho de Castro Marim. A evolução observada ao nível dos referidos povoamentos levou, consequentemente, a uma revisão da caracterização da situação actual dos habitats, da relevância ecológica e da tipologia do uso actual do solo produzidas para o RA, pelo que o RA Alterado contempla, entre muitos outros aspectos, a revisão e actualização destes pontos em função da evolução verificada. 2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL A Herdade de Corte Velho, com uma área de 130,2 ha, situa-se no sotavento algarvio, concelho de Castro Marim, na freguesia de Azinhal, nas proximidades da aldeia com o mesmo nome, junto ao rio Guadiana e à fronteira com Espanha (Figuras 2.1 e 2.2). 3. ENQUADRAMENTO NOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL Encontram-se em vigor na área de intervenção do PUHCV, o Plano Director Municipal (PDM) de Castro Marim, o Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) do Algarve, o Plano da Bacia Hidrográfica (PBH) do Guadiana, o Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Algarve e o PSRN2000, de acordo com os quais foi elaborado o presente plano. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 3 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Concelho de Castro Marim Herdade de Corte Velho Figura 2.1 – Localização da área de intervenção do PUHCV CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 4 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Legenda: Caminhos existentes Limite da área de intervenção do PUHCV Áreas sociais Figura 2.2 – Enquadramento da área de intervenção do PUHCV CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 5 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) 4. BREVE DESCRIÇÃO DO PUHCV ALTERADO 4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Entre as alterações efectuadas ao PUHCV em vigor destacam-se as seguintes: Na Planta de Zonamento: o Foi abandonada a opção de prever um campo de golfe; o Na UOPG 5B, o desenho urbano foi ajustado com vista a preservar o corredor com 200 metros de largura ao longo da margem do rio Guadiana, bem como respeitada a área de REN relativa a risco de erosão, a sul, cuja delimitação só recentemente foi elaborada pela CCDR do Algarve; o Foi ainda reduzida a profundidade do antigo lote 5.15, novo 5.16, com vista a dar melhor enquadramento ao corredor verde e com povoamento florestal norte-sul; o Foram eliminados os antigos lotes 5.16, 5.17 e 5.18 por se localizarem sobre área de REN sujeita a risco de erosão; o Foram substituídos os antigos lotes 5.30 e 5.31 pelos novos lotes 5.28, 5.29 e 5.30, e criado o novo lote 5.9; o O antigo lote 4.1 foi substituído pelos novos lotes 4.1 e 4.2, havendo ainda um acerto no perímetro da UNOPG 3. o Foi eliminada a divisão interna da UOPG 1t, considerando que o faseamento da sua execução pode ser definido no projecto do empreendimento turístico. Foi ajustada a área desta UOPG com vista permitir incluir a área de construção perdida na UOPG 5B. o Foi realizado um ajustamento do perímetro da UOPG 6. o Os polígonos de implantação dos lotes das UOPG 4, 5A e 5B confinantes com o corredor de solo rural norte sul foram recuados em relação a este corredor. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 6 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) o Foram indicados os caminhos naturalizados pedonais e cicláveis existentes, bem como os caminhos naturalizados a criar para restabelecimento desta rede. o Foi introduzida a indicação dos principais pontos de vista panorâmicos. o Foi introduzida a indicação das linhas de água em falta. o O depósito de armazenamento de água para rega foi relocalizado fora das áreas condicionadas. Na Planta de Condicionantes: o Foi demarcada a área de Domínio Público Hídrico, bem como de Domínio Hídrico. o Foi corrigida a delimitação da área de um núcleo de azinheiras que coincide com área de elevado valor ecológico (equivalente a área de povoamento protegido). 4.2. USO DO SOLO A área total do PUHCV, abrange 130,24 ha, podendo nela distinguir-se duas classificações do solo: a área de solo urbano (no qual se compreendem os terrenos urbanizados ou aqueles que se pretendem urbanizar). O solo urbano divide-se nas seguintes categorias e subcategorias, em função do uso respectivo (Figura 4.1): a) Espaços Residenciais: esta categoria tem apenas uma subcategoria, designada Habitacional, e destina-se à localização exclusiva de moradias e edifícios multifamiliares e respectivos equipamentos, designadamente piscinas, equipamentos desportivos e de lazer; b) Espaços de Uso Especial: esta categoria tem também apenas uma subcategoria, designada Turístico, destinando-se exclusivamente à localização de empreendimentos turísticos, incluindo os respectivos equipamentos de apoio, designadamente spa, piscinas, equipamentos desportivos e de recreio e lazer; c) Vias e corredores de infraestruturas. No Quadro 4.1 apresentam-se as alterações verificadas nos principais parâmetros urbanísticos do PUHCV (Alteração) relativamente à versão do PUHCV em vigor. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 7 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Figura 4.1 – Esquema do Zonamento do PUHCV CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 8 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Como se pode verificar o solo urbano sofreu uma redução global de 6 951 m2, passando dos anteriores 326 855 m2 (25,1 % da área total do PUHCV) para os atuais 319 904 m2 (24,6 % da área total do PUHCV). Esta redução foi possível à custa de uma diminuição considerável da área ocupada por vias e outras infraestruturas, que permitiu inclusive obter um ligeiro aumento nas áreas turísticas e residenciais. A área de implantação máxima também sofreu uma redução de 1 861 m2, sem que tenha ocorrido uma redução da área de construção e do número de camas. O número de alojamentos cresceu muito ligeiramente (13 unidades de alojamento). Quadro 4.1 – Área de cada tipologia de solo urbano e importância relativa face à categoria de uso e à área de intervenção do PUHCV em vigor e do PUHCV alterado (área total de intervenção - 1 302 357 m2) Tipologia de uso Habitacional Turístico Equipamentos Vias e infraestruturas Total Solo Urbano Área de implantação máximo Área bruta de construção máxima N.º Camas N.º de Unidades de Alojamento PUHCV Área Total (m2) Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração Em vigor Alteração 132 275 134 740 143 418 145 729 2 703 0 48 459 39 434 326 855 319 904 65 818 63 957 100 603 100 603 1869 1869 560 573 % da área do solo urbano 40,47 42,12 43,88 45,55 0,83 0 14,83 12,33 100,0 100,0 20,2 19,99 - % da área do PUHCV 10,16 10,35 11,01 11,19 0,21 0 3,72 3,03 25,10 24,56 5,05 4,91 - A densidade populacional média máxima é de 58 habitantes por ha de solo urbano, um valor abaixo do definido no PDM de Castro Marim, sendo que 70% das camas previstas correspondem a estabelecimentos hoteleiros (em hotel ou hotel apartamento). As vias rodoviárias propostas ocupam 4,0 ha de solo urbano, isto é cerca de 12% da área de solo urbano, a que se adicionam cerca de 1,1 ha em solo rural, o que representa cerca de 1% da área de solo rural. No total as vias representam cerca de 4% da área do PUHCV. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 9 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) O solo urbano foi distribuído por seis unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG): a) UOPG 1, que integra as seguintes sub-unidades: UOPG1h - subunidade habitacional constituída por edifícios multifamiliares, com 87,5 camas; UOPG1t - subunidade turística constituída por estabelecimento hoteleiro da categoria de cinco estrelas, num total de 851 camas, comércio e serviços, e equipamentos de apoio à actividade turística; b) UOPG 2: unidade habitacional constituída por moradias unifamiliares, englobando 66 camas; c) UOPG 3: unidade turística constituída por estabelecimento hoteleiro da categoria de cinco estrelas, com uma capacidade máxima de 323 camas, e equipamentos de apoio à actividade turística desenvolvida nesta unidade; d) UOPG 4: unidade habitacional constituída por moradias unifamiliares, contemplando 126 camas; e) UOPG 5: unidade habitacional constituída por moradias unifamiliares e edifícios multifamiliares, totalizando 291 camas; f) UOPG 6: unidade turística constituída por estabelecimento hoteleiro da categoria de cinco estrelas, com 125 camas, e equipamentos de apoio à actividade turística. No Quadro 4.2 apresentam-se os parâmetros urbanísticos aplicáveis a cada uma das seis UOPG acima referidas. Quadro 4.2 – Principais parâmetros urbanísticos das UOPG Área da Unidade (m2) Área do Polígono de Implantação (m2) Área de Implantação Máxima (m2) Área Bruta de Construção (m2) N.º Camas UOPG 1 106 778 87 619 22 617 44 870 939 UOPG 2 19 298 12 818 3 808 3 808 66 UOPG 3 53 071 39 003 10 275 19 750 323 UOPG 4 37 960 31 064 7 591 7 591 126 UOPG 5 85 135 73 001 16 934 16 934 291 UOPG 6 TOTAL GERAL 17 662 319 904 6 046 249 551 2 732 63 957 7 650 100 603 125 1 869 Sub--Unidade CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 10 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Da análise do Quadro 4.2, verifica-se que as camas propostas no PUHCV estão concentradas sobretudo na UOPG 1, com 50% do total previsto, seguida da UOPG 5, com 16% do total previsto. Cerca de 45% da área bruta de construção concentra-se na UOPG 1, o que permite que esta tenha uma clara função de entrada no empreendimento e, também, que exista menor densidade nas restantes UOPG, maior desafogo em geral e menor intensidade de atravessamentos na área do Plano. Em termos das unidades de alojamento, 78% são turísticas, uma vez que 449 unidades das 573 unidades de alojamento previstas no PUHCV, estão previstas com uso turístico. A UOPG 1 detém mais de metade das unidades de alojamento do PUHCV (58%), seguida pelas UOPG 3 (16%), UOGP 5 (11%) e UOPG 6 (9%). O índice de utilização do solo (ou coeficiente de ocupação do solo - COS) para o conjunto das UOPG é de 0,3 e a percentagem de solo edificado é de 20% (coeficiente de afectação do solo – CAS = 0,20). O COS encontra-se dentro dos valores definidos no PDM, no conjunto de todos os usos do solo previstos para o conjunto das UOPG. A percentagem de solo edificado ou CAS encontra-se acima do definido no PDM, no qual o valor máximo estabelecido é de 0,15, em resultado das razões anteriormente expostas. No solo rural estabeleceram-se as seguintes categorias (ver Figura 4.1): a) Espaços Agrícolas ou Florestais: Solo florestal de protecção: espaço verde estruturador do empreendimento urbano-turistico ecológico, constituído por povoamento de azinheira (montado), incluindo caminhos naturalizados destinados à fruição da paisagem, designadamente a partir de pontos vista notáveis, e de educação ambiental, observação de vestígios arqueológicos visíveis e outros que poderão vir a sê-lo, bem como à conservação deste espaço, e ainda à circulação dos prestadores de serviços de emergência, de segurança, etc. Este espaço ocupa 55,33 ha, isto é 56% da área de solo rural e 42% da área total do PUHCV. b) Espaço de enquadramento paisagístico: espaço verde de enquadramento das áreas urbanas, que permite a instalação de agricultura biológica e que inclui caminhos naturalizados destinados à fruição destas áreas como actividade de lazer e de fruição da paisagem, e de educação ambiental, bem como de manutenção de infra-estruturas e das áreas de solo CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 11 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) urbano, e ainda à circulação dos prestadores de serviços de emergência, de segurança, etc. Este espaço, que ocupa 28,05 ha, isto é 29% da área de solo rural e 21% da área total do PUHCV; c) Espaços Naturais: i) Solo de verde natural sem povoamento florestal protegido: corresponde às áreas de alta relevância ecológica, que integram núcleos de azinheiras, sapal (zona de protecção e conservação de natureza, de repovoamento e consolidação das formações halófitas de sapal), habitats rochosos e grutas semi-naturais, correspondentes, designadamente, a vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica e que inclui caminhos naturalizados destinados à fruição destas áreas. As áreas de solo de verde natural ocupam 12,58 ha, isto é 13% da área de solo rural e 10% da área total do PUHCV; ii) Solo de verde natural com povoamento florestal protegido, corresponde às áreas definidas na alínea anterior que são simultaneamente solo florestal de protecção. Esta subcategoria ocupa 2,28 ha, isto é 2% da área de solo rural e 2% da área total do PUHCV. 4.2. ACESSOS E TRÁFEGO O acesso à área de intervenção continuará a ser feito a partir do caminho municipal existente, o qual irá ser regularizado até à variante à Estrada Nacional 122 (EN122), no Azinhal (a construir pelo município). O referido caminho municipal de acesso divide-se perto da entrada na Herdade de Corte Velho em dois: um (para Sul) irá servir como acesso principal aos empreendimentos a executar, e o outro (por Norte), que servirá a área de intervenção ao longo do seu limite Norte. Este acesso Norte servirá também de acesso principal às outras propriedades na zona (Corte Nova, etc.). Estas duas vias principais são interligadas por uma via Norte-Sul, que atravessa a UOPG 1 ao longo do seu limite poente. O traçado destas vias foi elaborado no respeito pela topografia natural do terreno, bem como pelos povoamentos de espécies arbóreas protegidas, de forma a serem evitadas grandes movimentações CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 12 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) de terreno e a contribuir para uma melhor integração na paisagem envolvente, respeitando as condicionantes naturais. O traçado das vias secundárias, com função local, foi ajustado em função das alterações efectuadas na configuração do desenho de algumas UOPG (4, 5ª, 5B e 6). Não se prevêem níveis de tráfego elevados, sendo os valores estimados adequados a um empreendimento deste nível e qualidade 4.3. REDES DE INFRAESTRUTURAS Entre as infra-estruturas urbanas que será necessário implementar na área de intervenção salientamse as redes de abastecimento de água (para o consumo público e para a rega), as redes de drenagem de águas residuais (domésticas e pluviais) e o sistema de recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU). O abastecimento público de água, estimado em 470 m3/dia, será assegurado pela autarquia de Castro Marim. O abastecimento de água para rega dos espaços verdes, será garantido pelas Águas do Algarve, S.A. (AdA), com origem na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vila Real de Santo António (VRSA) e que será entregue a sudoeste, junto ao limite do empreendimento. O reservatório semi-enterrado destinado ao armazenamento da água para rega dos espaços verdes deverá situar-se na área de estacionamento da UOPG 3. Este sistema de rega disporá de uma origem de abastecimento alternativo complementar a partir do sistema do perímetro de rega Odeleite-Beliche, a cargo da Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento Algarvio (ABPRSA), que deverá permitir assegurar a totalidade do caudal de rega em caso de avaria ou de falta de qualidade do efluente tratado na ETAR de VRSA, ainda que transitórias, bem como suprir eventual carência de caudal, designadamente durante o mês de Maio. 4.5. ESPAÇOS EXTERIORES Pretende-se proporcionar a todos os utilizadores as melhores condições possíveis de conforto no exterior, para permitir que se desenvolvam espaços diversificados de convívio, recreio e sossego, conforme as várias tendências dos utentes e usos possíveis dos vários empreendimentos. Para atingir este objectivo recorrer-se-á, nas soluções a adoptar para os espaços verdes urbanos e para o CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 13 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) solo rural, maioritariamente, procurando atingir a sustentabilidade destes espaços, no que se refere à utilização de recursos e materiais (água, solo) e da energia (fóssil, eléctrica), recorrendo à vegetação própria da região, melhor adaptada às condições climáticas locais, com menos exigências de irrigação, o que conduz a: redução do consumo da água de rega; redução dos custos de manutenção; redução dos impactos (sobretudo visual e hidrológico) dos conjuntos edificados na paisagem local. Tendo em vista minimizar os consumos de água para rega, bem como a preservação dos povoamento e do arvoredo disperso existente, as áreas de relvado dos espaços verdes públicos e dos logradouros privados a ajardinar (Art.º 27º/2) foram limitadas a 30%, condicionando assim a extensão das zonas intensamente regadas e assegurando poupança hídrica para a zona. É de salientar, em temos de conceito de integração, o uso da vegetação de acordo com as suas características de localização fisiográfica (por exemplo: utilização da vegetação ribeirinha nas proximidades das linhas de água), de modo a reforçar as características da paisagem local. Nas áreas urbanas a vegetação existente será mantida ou reforçada, sempre que possível e necessário. Da paisagem existente, em especial, o coberto arbóreo das encostas mais declivosas, será aproveitado para enquadramento dos lotes que beneficiam de excelente vista para uma paisagem rural. A vegetação seleccionada (constante do Anexo II do Regulamento do PUHCV) teve em conta os aspectos edafoclimáticos locais e, em particular, a limitações hídricas e o tipo de solo. Segundo estes critérios, as principais árvores escolhidas para enquadramento das zonas turísticas, habitacionais e recreativas, incluindo vias de acesso e circulação foram: Alnus glutinosa; Ceratonia siliqua; Eleagnus angustifolia; Ficus carica; Fraxinus angustifolia Olea europea var. sylvestris; Pinus pinea; Prunus dulcis Prunus cerasifera pissardii Quercus suber; Quercus ilex spp rotundifolia Em paralelo com o uso de árvores de arruamento, prevê-se a minimização do impacto das áreas de estacionamento automóvel pela diferenciação de materiais entre as vias e áreas de parqueamento, CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 14 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) podendo estas ser revestidas por pavimentos com permeabilidade, de cor térmica e visualmente mais favorável. O repovoamento e consolidação das formações halófitas de sapal, onde se incluem as áreas agrícolas e abandonadas em que os solos se apresentam salgados, será efectuado com vista a recuperar as fito-associações de sapal, como espaços verdes naturais ecologicamente integrados. As áreas abrangidas pela categoria de uso do solo de „verde natural‟ correspondentes a sapal serão alvo de projectos de integração paisagística (plantações e sementeiras) visando a implantação de um coberto vegetal natural. Estas áreas serão ainda geridas atendendo a um Plano de Gestão de Recursos Biológicos especialmente concebido para a Herdade de Corte Velho, o qual faz parte do conjunto de documentos que acompanham o plano. Conforme referido no regulamento este Plano de Gestão é composto por: a. Plano de Gestão de Espaços Naturais; b. Plano de Intervenção Contra Incêndios Florestais; c. Plano de Gestão e Protecção Florestal; d. Plano de Monitorização de Recursos Biológicos e Habitats; e. Plano de Educação Ambiental. A fim de evitar introduções genéticas estranhas à região, na recuperação do sapal devem ser utilizadas única e exclusivamente plantas e sementes de halófitas locais. A vegetação das zonas húmidas, de porte arbustivo e herbáceo, será reforçada com plantas autóctones, características da região enquadrante. Estas plantas serão obtidas a partir de propágulos obtidos em áreas próximas, procedimento que visa garantir a manutenção de eventuais ecotipos. Com estas intervenções pretende-se acelerar a sucessão ecológica. Os pavimentos a utilizar em espaços urbanos exteriores serão seleccionados, designadamente, entre os materiais naturais locais tradicionalmente utilizados. Prevê-se a utilização de pavimentos permeáveis e semi-permeáveis, tanto quanto possível, de modo a reduzir o impacto hidrológico e visual das áreas pavimentadas. Após autorização das entidades competentes, as árvores isoladas de cada espécie protegida (Quercíneas – Azinheira ou Sobreiro) que venham a ser abatidas, no interior de cada UOPG devem ser substituídas por novos indivíduos, da mesma espécie, em número pelo menos uma vez e meia CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 15 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) superior ao número de indivíduos abatidos, na área de solo rural, ocupando uma área de solo igual ou superior à ocupada pela projecção horizontal das copas dos indivíduos abatidos. As árvores de cada espécie protegida que venham a ser abatidas na área de solo rural, devem ser substituídas por novos indivíduos, da mesma espécie, em número uma vez e meia superior ao número de indivíduos abatidos, na mesma área de solo, ocupando uma área de solo igual ou superior à ocupada pela projecção horizontal das copas dos indivíduos abatidos. No repovoamento com Quercíneas, sempre que o repovoamento se realize com árvores adultas transplantadas, ou importadas, o compasso entre árvores será de 5 a 7 m; quando o repovoamento se realize com árvores jovens, oriundas de viveiro, o compasso de plantação será de 1 e 2 m entre árvores. No total prevê-se a plantação, no mínimo, de 450 elementos, distribuídos de acordo com as formações existentes, nomeadamente, floresta de sobro e azinho. A distribuição de exemplares destas espécies permite reforçar o conceito de espécies de interior e a sua transição para espécies de orla, onde se aumenta a interface com outras espécies autóctones da região. As medidas enunciadas supra constarão de um plano de gestão e protecção florestal (a ser elaborado posteriormente ao PUHCV) e serão analisadas, caso a caso, com as entidades competentes em matéria de recursos florestais. 5. OBJECTIVOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL ESTABELECIDOS A NÍVEL INTERNACIONAL, COMUNITÁRIO OU NACIONAL, PERTINENTES PARA O PUHCV Na área de intervenção do PUHCV, identificam-se as seguintes servidões administrativas e restrições de utilidade pública, com implicações a nível ambiental (Figura 4.2): a) Linhas de água; b) Domínio Hídrico correspondente à faixa de protecção ao longo da margem do Rio Guadiana, bem como do Sapal da Ribeira, e ainda do troço de linha de água sob influencia das marés (50 m) e demais linhas de água (10 m); c) Áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN), que inclui a zona ameaçada pelas cheias, até à cota de 6,5 m acima do nível médio das águas marítimas, bem como zonas identificadas como de elevado risco de erosão hídrica do solo; d) Rede Natura 2000, correspondente ao SIC PTCON0036 Guadiana; e) Zonas de alta relevância ecológica, que incluem área de azinhais, sapal e habitats rochosos; CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 16 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) f) Povoamentos de Azinheira; g) Árvores com protecção legal, como as Azinheiras e os Sobreiros. A proposta do PUHCV alterado afigura-se compatível com todas estas servidões, não obstante a necessidade da implementação das medidas ambientais que são preconizadas no Relatório Ambiental ou que venham a ser preconizadas nos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) relativos aos projectos que decorram da implementação do PUHCV que sejam abrangidos pela necessidade de sujeição ao processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) e pelos processos administrativos subsquentes. Figura 4.2 – Representação esquemática da Planta de Condicionantes do PUHCV (com base na Planta n.º 5 do PUHCV) CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 17 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) De salientar o facto da proposta do PUHCV alterado, de acordo com a análise das suas incidências ambientais efectuada no RA, não resultar numa afectação significativa do Sítio Guadiana, á semelhança do que se verificava no PUHCV. Concluiu-se que as alterações propostas ao PUHCV (retirada do campo de golfe, redução da área urbana, introdução de novas áreas de povoamentos e da REN, redução dos efeitos de barreira, por via de ajustamentos nos polígonos de implantação em lotes adjacentes a manchas florestais) permitiriam evitar os principais inconvenientes do Plano em vigor, pelo que os impactes do PUHCV alterado nos objetivos de conservação do SIC Guadiana são inferiores aos previstos relativamente à proposta aprovada. Por outro lado, concluiu-se igualmente que as propostas do PUHCV se encontram em conformidade com as orientações de gestão do PSRN2000. Quanto ao Plano de acção para a conservação do Lince-ibérico (Lynx pardinus) em Portugal (PALI), SIC do Guadiana ser referido como uma área com potencial de utilização por esta espécie, sobretudo como corredor natural, dada a posição da área de intervenção junto ao limite sul do Sítio, encostada ao Guadiana (a poente) e à foz da ribeira de Beliche (a sul), e próximo de áreas com perturbação humana (Azinhal, a nascente), concluiu-se pela não existência no local de habitat adequado à ocorrência desta espécie, logo pela sua não aplicabilidade. Para além dos objectivos ambientais decorrentes de condicionantes legais aplicáveis ao PUHCV, há que destacar um alargado conjunto de objectivos ambientais fixados para a execução do Plano e que os promotores, na linha de actuação tendente à implementação de um turismo sustentável, indissociável dos seus investimentos e das actividades que desenvolvem nesta área, se propõem atingir. Entres estes os principais são: a) A obtenção da certificação Audubon Gold Signature Program; b) A obtenção da certificação CarbonoZero; c) Os objectivos de protecção ambiental a nível da Comunidade – Empreendimento Turístico; d) Os objectivos de protecção ambiental ao nível dos Recursos Hídricos; e) Os objectivos de protecção ambiental ao nível da Conservação da Natureza e da Biodiversidade; h) A implementação de um Programa de Responsabilidade Social e Ambiental. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 18 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Certificação Audubon Gold Signature Program O programa Audubon Certified Gold Signature, a implementar na área de intervenção do PUHCV, fornece assistência desde uma fase inicial, para que exista uma compreensão e gestão planeada dos projectos em desenvolvimento. A equipa da Audubon Internacional trabalha com os proprietários, arquitectos, consultores e gestores, desde a fase de planeamento, construção e manutenção. A equipa da Audubon disponibiliza orientação e assistência técnica para o estabelecimento de programas para o desenvolvimento sustentável e gestão de recursos naturais. Este programa foca-se nos aspectos seguintes: na conservação dos recursos biológicos, na conservação de habitats e aumento da biodiversidade, na gestão da qualidade da água, na gestão de resíduos, no uso eficiente da energia, e no uso integrado de pesticidas. Certificação CarbonoZero A responsabilidade relativa ao contributo do promotor no combate às alterações climatéricas foi plenamente assumida, tendo sido adoptado o CarbonoZero como instrumento que permite, de forma voluntária, aos cidadãos e empresas reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e, simultaneamente, construir uma nova floresta em Portugal. A associação ao CarbonoZero permitirá ao promotor das propostas de ocupação do solo previstas no PUHCV quantificar, reduzir e compensar emissões de gases com efeitos de estufa resultantes de actividades, produtos ou eventos, valorizando e promovendo necessariamente novas áreas florestais em território nacional. Protecção ambiental a nível da Comunidade – Empreendimento Turístico O promotor das propostas de ocupação do solo previstas no PUHCV está a estudar a possibilidade de aplicar um programa de balanço nulo de emissões de gases com efeito de estufa (CarbonoZero) à unidade turística de luxo do Corte velho, usando como modelo o exemplo do “Soneva Fushi”, nas Maldivas, o mais premiado e emblemático empreendimento da marca Six Senses. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 19 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) A adopção deste perfil de medida permite anular as emissões de carbono e, consequentemente, o seu impacto em matéria de alterações climáticas, configurando-o como um projecto Carbono Zero, na sua fase de exploração. Estes estudos e medidas iniciam-se na fase de projecto, onde são analisadas soluções e materiais que assegurem a utilização de sistemas de energias renováveis adequados ao clima, local de implantação e projecto. Posteriormente são adoptadas medidas na fase de construção e exploração de modo a assegurar uma continuidade do conceito e uma aplicação sustentável do mesmo a todo o empreendimento turístico. Protecção dos Recursos Hídricos Sendo a água um factor essencial para o sucesso económico e ambiental do PUHCV, este recurso foi considerado como um recurso estratégico e estruturante do plano e consequentemente das actividades a implantar. Na análise das origens de água para dos espaços verdes foram tidas em conta as medidas constantes da versão preliminar do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA). O objectivo desse estudo consistiu na avaliação da eficiência com que a água é utilizada em Portugal nos sectores urbano, agrícola e industrial, propondo um conjunto de medidas que permitissem uma melhor utilização desse recurso, tendo como vantagens adicionais a redução das águas residuais resultantes e dos consumos energéticos associados. Das várias medidas que este programa apresenta relativas aos usos exteriores associados à lavagem de pavimentos, à lavagem de veículos, à rega de jardins e similares, ao uso de piscinas, lagos e espelhos de água e à rega em campos desportivos; consideram-se aplicáveis ao planeamento estratégico da gestão dos recursos hídricos do PUHCV as seguintes: 1. Utilização de água residual tratada e de água da chuva em campos desportivos, campos de golfe e outros espaços verdes de recreio, com proibição de utilização de água do sistema público de abastecimento; 2. Adequação da gestão da rega, do solo e das espécies plantadas em campos desportivos, campos de golfe e outros espaços verdes de recreio; 3. Adequação da gestão das espécies plantadas em jardins e similares. 4. Substituição ou adaptação de tecnologias de rega em jardins e similares. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 20 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Conservação da Natureza e da Biodiversidade Os aspectos fundamentais que ressaltaram do diagnóstico ambiental realizado na área afecta ao PUHCV, indicam a: Alta relevância fitocenótica de três dos habitats presentes na área em questão, nomeadamente, os sapais, os azinhais e os afloramentos rochosos com vegetação casmofítica, onde ocorre a espécie Armeria linkiana; Função de corredor ecológico do Guadiana. Para além destes aspectos é, ainda, referido pelo ICNB, entidade que tutela a gestão dos sítios classificados, na DIA relativa ao EIA da anterior versão do PUHCV, que deverão também ser respeitadas as seguintes condições na elaboração do PUHCV: Não poderá ser utilizada uma área superior a 50% de áreas de relevância fitocenótica média; Os restantes 50% de áreas de relevância fitocenótica média têm de ser geridos activamente de forma a atingirem uma relevância fitocenótica alta; Os 50% de áreas de relevância fitocenótica média utilizados sejam compensados pela gestão activa de áreas de relevância fitocenótica baixa, de forma a que estas atinjam uma relevância fitocenótica alta. No âmbito da sua participação na conferência de serviços realizada para análise do PUHCV aprovado em 2007 (realizada em Novembro desse ano) o ICNB referiu que devem ser também atendidos os seguintes aspectos relacionados com as medidas de minimização a implementar nas fases subsequentes de desenvolvimento do empreendimento: Dos 50% de área a salvaguardar de qualquer intervenção dentro das áreas de relevância fitocenótica média deverão ser excluídas as áreas afectas aos lotes, dado serem áreas em que é difícil garantir os objectivos pretendidos para estas áreas Nos trabalhos de integração paisagística inseridos nas áreas de solo rural de toda a área do PUHCV, deverão ser somente utilizadas espécies autóctones e o genótipo das sementes, estacas ou outro tipo de propágulos a utilizar para recuperação e renaturalização da área deve ter origem regional. A actual versão do PUHCV teve em conta todas as referidas condições impostas pelo ICNB. A contabilização da afectação de áreas propostas pelo PUHCV demonstra o cumprimento das CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 21 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) condições fixadas pelo ICNB tendo ainda sido elaboradas medidas de compensação, incluídas no PGRB do PUHCV que estipulam o cumprimento das condições relativas à gestão activa das áreas de modo a atingirem-se os níveis de protecção desejados. No que se refere à preservação do corredor ecológico, há que salientar que todas as zonas de sapal ao longo da margem do Guadiana foram integralmente preservadas de intervenção e que não há praticamente qualquer intervenção urbana num corredor de cerca de 200 m ao longo da referida margem, com excepção da corresponde à zona do núcleo de edificações rurais de Corte Velho. Os objectivos de protecção ambiental estabelecidos no Plano de Gestão de Recursos Biológicos (PGRB) do PUHCV incluem a maximização do valor biológico da Herdade de Corte Velho para a conservação das espécies e dos habitats naturais, e em particular para os valores (habitats e espécies) constantes dos anexos A-I, B-I e B-II e B-IV do DL n.º 49/2005 (altera e republica o DL n.º 140/99, que transpõe a Directiva Habitats), através da implementação de medidas de protecção, preservação e valorização do ambiente natural que visam a minimização da redução da fragmentação dos habitats, o aumento do efectivo populacional das espécies protegidas pela Directiva Habitats e o aumento das áreas ocupadas pelos habitats protegidos pela Directiva Habitats. Programa de Responsabilidade Social e Ambiental Os promotores das propostas de ocupação do solo previstas no PUHCV pretendem levar a responsabilidade social e ambiental à prática, integrando na sua estrutura de funcionamento um Departamento de Responsabilidade Social e Ambiental, que irá gerir um Fundo próprio, designado Fundo de Responsabilidade Social e Ambiental, para apoiar projectos e iniciativas na área social e ambiental de desenvolvimento sustentado, financiado através das receitas geradas pela actividade turística, que visa: monitorizar indicadores relevantes e efectuar estudos de performance ambiental, implementar programas de alerta e envolvimento dos clientes; identificar medidas de gestão e conservação de recursos, de reciclagem e reaproveitamento de águas residuais, a aplicar individualmente a cada unidade turística. Levando em consideração os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio estabelecidos pelas Nações Unidas, estes apoios podem ser utilizados a três diferentes níveis: A nível local, nas comunidades geograficamente mais próximas do empreendimento contribuinte: normalmente 60% das contribuições são aplicadas na zona. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 22 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Em termos de proximidade com o Corte Velho by Six Senses, a comunidade que mais irá beneficiar da aplicação das verbas do fundo será a freguesia do Azinhal, concelho de Castro Marim, que tem assistido ao crescente abandono e envelhecimento da população nos últimos anos e possui uma elevada taxa de procura de 1º emprego. Em 2001 tinha apenas 692 habitantes e residiam apenas 64 jovens. Isto para além do investimento estimado acima dos 200 milhões de euros e da consequente criação de um elevado número de postos de trabalho directos e indirectos, que serão por si só elementos dinamizadores do desenvolvimento sócio económico da zona envolvente. Ao nível nacional, o fundo aplicará uma parte do orçamento, cerca de 25%, no apoio de organizações, instituições, ONG‟s e outros grupos cívicos para o desenvolvimento de boas práticas aprendidas a nível local. Em termos globais, contribui, com cerca de 15%, para temas de interesse internacional e que não conhecem fronteiras – tanto ambientais, como sociais. Aqui se incluem as mudanças climáticas e o aquecimento global, a preservação de zonas protegidas e a conservação da natureza, bem como a educação ambiental. O principio subjacente à implementação deste mecanismo assenta na filosofia de que é na comunidade local que reside a chave para a sustentabilidade, pelo que se considera a política de emprego local. Assim, a comunidade residente é apoiada através duma variedade de actividades que a desenvolvem, e juntamente com o Ambiente, promovem-se iniciativas locais que encorajam a preservação da Cultura e Tradição locais. 6. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO ACTUAL DO AMBIENTE E A SUA PROVÁVEL EVOLUÇÃO NA AUSÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO Apresenta-se, em seguida, a caracterização do estado actual da área afecta ao PUHCV, nas suas características biofísicas e socio-económicas, que se consideram relevantes para a presente análise. CLIMA A caracterização climática foi baseada em dados da estação climatológica de Vila Real de Santo António. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 23 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Do ponto de vista climático, a zona de intervenção do PUHCV e a sua envolvente possuem um clima marítimo abrigado das influências vindas de Norte. Este tipo climático apresenta alguns dias de forte calor ou de frio sensível, que rapidamente desaparecem sob a acção da brisa do mar no Verão, ou pela chegada de uma massa de ar oceânica. O clima desta zona é considerado temperado, uma vez que a temperatura média anual do ar (17,2ºC), se situa entre 10 e 20ºC, e moderado, dada a sua amplitude média da variação anual (entre os 11ºC, em Janeiro, e os 24ºC, em Julho). O valor de precipitação média anual é de 492,3 mm, que ocorre anualmente em cerca de 70,4 dias, sendo Novembro e Dezembro os meses mais chuvosos. O rumo do vento dominante na área em questão é o do quadrante Sudoeste, seguindo-se os ventos do quadrante Norte. Os ventos do quadrante Sul (S) são, entre todos, os menos frequentes. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E RECURSOS MINERAIS O PUHCV será implantado na unidade geológica designada por Formação de Mira. Do ponto de vista litológico, esta formação é constituída, essencialmente, por xistos e grauvaques, surgindo ainda, nas zonas de vale, aluviões recentes (sobretudo, junto às margens do rio Guadiana e da ribeira de Beliche). Do ponto de vista geológico (geomonumento), não se conhece a existência de qualquer local de interesse científico na área de estudo e na sua envolvente directa. O relevo na área a ocupar pelo PUHCV é relativamente acidentado nalguns locais e relativamente aplanado noutros, enquadrando-se entre cotas compreendidas entre 1 e 60 m. Os declives na área de estudo variam entre baixos na zona do sapal da Beira (foz da ribeira de Beliche) e da margem do rio Guadiana, a acidentados nas zonas de cabeços de xistos e grauvaques. Em termos tectónicos verificou-se igualmente que na área de intervenção e na sua envolvente próxima não existem falhas activas com movimentação recente. SOLOS E CAPACIDADE DE USO No que diz respeito às classes de solos presentes na área em estudo, verificou-se a ocorrência de solos maioritariamente de reduzida espessura e de baixa qualidade, associados a uma capacidade CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 24 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) de uso que revela, não só limitações em termos de desenvolvimento radicular, mas também problemas de erosão, escoamento superficial e problemas de drenagem. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS Recursos Hídricos Superficiais A Herdade do Corte Velho insere-se na bacia do rio Guadiana, localizando-se junto à sua margem direita, imediatamente a montante da confluência da ribeira do Beliche. A área abrangida pelo PUHCV apresenta um desenvolvimento muito localizado da rede de drenagem natural e não se insere, portanto, na sub-bacia de nenhum curso de água de destaque. Uma vez que não existem estações de monitorização da qualidade da água na zona de estudo propriamente dita, recorreu-se à informação oficial existente para os locais mais próximos. Assim, a sua caracterização baseou-se nos dados disponíveis de uma estação de qualidade localizada na Albufeira de Beliche e de uma estação de qualidade situada no estuário do Guadiana. Rio Guadiana – Vila Real de Sto. António (30M/22) Verifica-se que a água neste local de amostragem se enquadrava, em Fevereiro de 2002, na classe A – Sem Poluição. Esta classe traduz que esta água não se encontra poluída, apresentando as condições naturais. Em Setembro de 2002, verificou-se um retrocesso relativo da qualidade da água, enquadrando-se na classe C – Poluído. Esta classificação deveu-se aos elevados teores de sólidos suspensos totais (SST) e azoto que afluíram à barragem nesse período, certamente devido à intensidade das primeiras chuvas que se seguiram ao período estival. Ribeira de Beliche – Alb. Beliche Captação (S) (30L/06S) Verifica-se que a água neste local de amostragem se enquadra na classe B – Fracamente Poluído, para os anos entre 1998 e 2009, com excepção de 2006, em que foi classificada na classe D – Muito poluído. Esta classe traduz que esta água apresenta uma qualidade equivalente às condições naturais, sendo apta para satisfazer potencialmente todas as utilizações. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 25 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Recursos Hídricos Subterrâneos Aspectos quantitativos As características pouco permeáveis das formações litológicas existentes, levam a que a infiltração eficaz (aquela que escapa à acção da evapotranspiração e contribui para o escoamento subterrâneo) tenha valores muito modestos. As captações de água subterrânea implantadas neste tipo de rochas têm produtividades máximas da ordem dos 3 a 4 m3/h, sendo frequente existirem furos de prospecção onde se conseguem caudais que são cerca de metade dos anteriormente apontados (e apesar disso são ainda assim explorados). A análise efectuada para a área do PUHCV revela que não existem condições para uma recarga eficaz de um eventual aquífero presente na área envolvente. Desse modo pode-se inferir que o escoamento subterrâneo é bastante reduzido e negligenciável do ponto de vista do seu potencial aproveitamento pelo empreendimento. Aspectos qualitativos Foi analisado um ponto de água pertencente à rede de qualidade de água subterrânea, localizado na freguesia de Azinhal, no lugar de Azinhal, verificando-se que o mesmo, apresenta valores dentro da normalidade, excepto para os coliformes fecais e estreptococos fecais que ultrapassaram o respectivo VMR nos anos de 2002 e 2004, respectivamente, tendo normalizado nos anos seguintes. SISTEMAS BIOLÓGICOS E BIODIVERSIDADE No que diz respeito aos sistemas biológicos a região em que o PUHCV se insere possui valores naturais, relevantes e singulares, que a distinguem e valorizam, tendo sido criados diversos mecanismos que visam, nomeadamente, a protecção e a conservação dos recursos biológicos aí presentes. A área afecta ao PUHCV, embora não interfira com áreas protegidas, é quase integralmente abrangida pelo extremo Sudeste do Sitio da Lista Nacional de Sitos da Rede Natura 2000, PTCON0036 – Guadiana, o qual foi recentemente designado como Sítio de Interesse Comunitário (SIC) ao abrigo da Portaria n.º 829/2007, de 1 de Agosto. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 26 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Para além das espécies e habitats naturais que alberga, foram também delimitados nesta área povoamentos de azinheiras. As UOPG definidas não interfirem com qualquer área com este tipo de classificação. A área abrangida pelo PUHCV corresponde, maioritariamente, a terrenos que foram sujeitos a uso agrícola ou agro-florestal, mas que se encontram, actualmente, sem uso a este nível. Verifica-se que os terrenos em causa são utilizados para a pastorícia de gado bovino, em particular os prados naturais dos terrenos de aluvião e de sapal salgado, existentes nas margens do Guadiana e da foz da ribeira de Beliche. Entre as 75 espécies florísticas inventariadas não foram detectadas quaisquer espécies endémicas ou protegidas por legislação específica de conservação da natureza. Identificou-se a presença dos seguintes tipos de habitats naturais, referenciados na Lista de Habitats Naturais de Interesse Comunitário da Directiva Habitats (Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro), na área do PUHCV (Figura 6.1): Sapais e prados salgados mediterrânicos e termoatlânticos (Sapais secos - 2 tipos). Este habitat ocupa cerca de 9,4 % da área do PUHCV; Matos termomediterrânicos pré-desérticos. Os matos surgem como o habitat dominante em cerca de 6% da área em questão; Montados (predominantemente de azinho). Os montados constituem o habitat predominante na área em estudo ocupando , no seu conjunto, cerca de 59% da área total; Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica. Este habitat apenas é individualizável em cerca de 0,2 % do total da área, sendo que as restantes ocorrências surgem em áreas de matos, montados e azinhais; Na restante área do PUHCV é possível observar uma vegetação com características de terrenos agrícolas abandonados, caracterizada pelo desenvolvimento de matos de esteva e a presença de vestígios de pomares de oliveiras, alfarrobeiras e figueiras, que ocupam cerca de 14%, e ainda de zonas de agricultura arvense, sobre terrenos de aluvião e de sapal salgado. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 27 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Figura 6.1 – Habitats Naturais com Interesse Comunitário Identificados na Área do PUHCV CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 28 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Com base na avaliação efectuada da relevância ecológica e estado de conservação destes habitats, determinou-se que a maioria da área de intervenção (cerca de 45,7%) correspondia a habitats com classificação de relevância média, seguindo-se-lhe os habitats de relevância baixa, com 42,9%. Os habitats classificados como de relevância alta ocupam apenas cerca de 10,7% desta área. Nenhuma área classificada como de relevância alta é afectada pelo PUHCV. Durante o trabalho de campo foi confirmada a presença de 72 espécies de aves. Das espécies com estatuto de conservação, Criticamente em Perigo (Cr), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU), apresentam-se seguidamente algumas notas sobre a sua situação das referidas na área de estudo: Abetarda (EN) e Sisão (VU) - não existem condições de habitat adequado para a ocorrência destas espécies; Andorinha-do-mar-anã (VU) - não se detectaram zonas adequadas para a nidificação desta espécie; Águia-sapeira (VU), Tartaranhã-cinzento (VU), Tartaranhão-caçador (EN) - é previsível que o Tartaranhão-cinzento e o Tartaranhão-caçador sejam mais afectados pelas obras a realizar. Calhandrinha-das-marismas (CR) - durante o trabalho de campo foi observado um exemplar desta espécie na zona do sapal da Beira; Cuco-rabilongo (VU), Chasco-ruivo (VU,) Noitibó-de-nuca-vermelha (VU), Alcaravão (VU) – confirma-se a presença do Chasco-ruivo e do Cucorabilongo. As restantes espécies não foram observadas, mas a zona de estudo apresenta condições de habitat favoráveis para a ocorrência destas espécies. Quanto aos restantes grupos faunísticos, refira-se as áreas de sapal como as mais importante para os anfíbios e os cágados, e a possível presença de Toirão que ocorre nesta região apenas numa área muito restrita, maioritariamente localizada na Reserva Natural do Sapal Castro Marim e Vila Real de Santo António, situada a Sul da ribeira de Beliche e da área da Herdade de Corte Velho. Valores Naturais do SIC do Guadiana existentes na área de intervenção do PUHCV Os valores naturais do SIC do Guadiana (habitats naturais e semi-naturais e espécies da flora e da fauna constantes dos anexos B-I e B-II do DL n.º 140/99, com a redacção dada pelo DL n.º 49/2005, listadas na ficha do sítio no PSRN2000), cuja ocorrência na área de intervenção do PUHCV foi CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 29 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) confirmada ou, que se considera susceptível de aí ocorrer face à existência de condições de habitat adequadas são as seguintes: Habitats naturais e semi-naturais constantes do anexo B–I do DL n.º 49/2005 Conforme referido anteriormente, os habitats naturais e semi-naturais constantes do anexo B–I do Decreto -Lei n.º 49/2005 e identificados na área de intervenção do PUHCV (ver Figura 6.1) são os seguintes: 1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi) 1430 Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea) 5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene 8220 Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica Espécies da flora constantes do anexo B–II do DL n.º 49/2005 Conforme referido no ponto 4.6.3.3, não foram identificadas espécies da flora constantes do anexo B–II do DL n.º 49/2005 na área de intervenção do PUHCV. Espécies da fauna constantes do anexo B–II do DL n.º 49/2005 Das espécies da fauna constantes do anexo B–II do DL n.º 49/2005 identificadas para o SIC do Guadiana consideram-se susceptíveis de ocorrer na área de intervenção do PUHCV, conforme referido no ponto 4.6.3.4, as seguintes: rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi); cágado-comum (Mauremys leprosa); lontra (Lutra lutra); morcego-de-ferradura- mourisco (Rhinolophus mehely); morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). No que se refere às orientações de gestão, conforme consta do PSRN2000, atendendo a que este Sítio é constituído pelo rio e sua envolvente, estas são especialmente dirigidas para a conservação CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 30 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) das margens das linhas de água, vegetação ripícola associada e das espécies que dependem do meio aquático. Neste âmbito, afiguram -se como eixos de actuação prioritários aplicáveis ao PUHCV garantir a qualidade das águas superficiais dos cursos de água que drenam a área de intervenção, a manutenção da morfologia dos leitos e a preservação da vegetação ribeirinha. É igualmente importante promover o desenvolvimento dos bosques de azinho, zambujeiro e alfarrobeira, proporcionando condições para a regeneração natural e incentivar as actividades agro silvo -pastoris em regime extensivo, compatíveis com as condicionantes mesológicas do vale do Guadiana. Considera-se, ainda, necessário controlar o impacto turístico, ordenando as actividades em regimes compatíveis com um modelo de desenvolvimento sustentável. USO DO SOLO Ao nível da ocupação do solo, a área em estudo apresenta-se com um uso actual predominantemente florestal, com um domínio evidente de montado de azinho, de densidade variável, constituindo-se, por vezes, sob a forma de povoamento, integrando igualmente alguns exemplares de sobro. De uma forma mais esporádica surgem algumas áreas de olival, identificandose ainda alguns exemplares de alfarrobeiras, pinheiros-mansos, eucaliptos e figueiras. Observam-se igualmente, na área, manchas de matos tipicamente mediterrânicos, com alguma expressão, surgindo, por vezes, de forma densa. O sapal existente ocupa áreas marginais à zona que se pretende intervencionar, designadamente, a Sul e Sudeste, marginando o rio Guadiana e a foz da ribeira de beliche (Sapal da Beira). A área social existente dentro da Herdade de Corte Velho resume-se maioritariamente a edificações presentemente em ruínas, outrora de apoio às actividades rurais que aí se desenvolviam, existindo ainda as ruínas de um antigo posto da Guarda Fiscal. FIGURAS DE PLANEAMENTO E ORDENAMENTO Ao nível das Figuras de Planeamento e Ordenamento, e no que diz respeito ao Plano de Bacia Hidrográfica, a área de intervenção integra-se na UHP 11 – Estuário - que compreende os pequenos CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 31 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) afluentes junto à foz, bem como, a faixa do Guadiana até ao Pomarão, ou seja, o Sapal de Castro Marim, assim como, o trecho internacional do rio sujeito à influência da maré. A análise da Planta Síntese do Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve (PROF-Algarve) permite constatar que a área em estudo se insere num Sítio da Lista Nacional (Directiva Habitats), actualmente classificado como Sítio de Interesse Comunitário (SIC) – Guadiana (PTCON 0036), integrando-se, ainda, na sua quase totalidade numa área classificada como Corredor Ecológico. Com base na Carta de Condicionantes do PDM de Castro Marim (Figura 6.2) foram identificadas para a área a intervencionar as seguintes condicionantes: Reserva Ecológica Nacional (REN); Domínio Hídrico; Área de protecção ao rio Guadiana; Presença de sobreiros e azinheiras; Sítios Classificados para a Conservação da Natureza (SIC do Guadiana). A área do PUHCV que se integra no regime de REN corresponde à zona ameaçada pelas cheias do Guadiana, limitada pela cota 6,5 m acima do nível médio das águas marítimas, bem como zonas identificadas como de elevado risco de erosão hídrica do solo. Encontram-se abrangidos pelo regime do Domínio Hídrico, o rio Guadiana, bem como do Sapal da Ribeira, e ainda do troço de linha de água sob influencia das marés, com uma faixa de protecção de 50 m, assim como uma linha de água que intersecta transversalmente a herdade, entrando próximo do extremo Noroeste e terminando no Guadiana, com uma faixa de protecção de 10 m. Com base na Planta de Ordenamento do PDM de Castro Marim, a área de intervenção do PUHCV insere-se em Espaço Agro-Florestal. ASPECTOS SÓCIO-ECONÓMICOS Castro Marim tem assistido ao longo das últimas décadas a um despovoamento motivado pelas condições de isolamento e falta de desenvolvimento do concelho. Na última década censitária (1991/2001) importa salientar que o concelho de Castro Marim, assim como a freguesia do Azinhal, onde se insere a área em estudo, registaram variações populacionais negativas, em que o Azinhal apresentava um decréscimo de 9,2% na sua população residente. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 32 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Figura 6.2 – Planta de Condicionantes do PUHCV O concelho de Castro Marim apresenta uma densidade populacional de 21,5 Hab/km 2, quando a média nacional é cerca de cinco vezes maior. A freguesia de Azinhal apresenta um valor de 10,1 Hab/km2, ou seja, cerca de dez vezes inferior à média nacional. A população activa residente no concelho é de 2 633 indivíduos, enquanto que a população inactiva excede esse valor em 497 indivíduos. Na década censitária de 1991/2001, a nível concelhio, o número de residentes activos aumentou. A taxa de desemprego, no geral, registou uma diminuição significativa, embora para as freguesias de Azinhal e Odeleite se tenha verificado o contrário. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 33 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) No que diz respeito à estrutura sectorial de emprego no concelho de Castro Marim, este demonstra uma maior dependência do sector dos serviços, sendo este sector responsável por 61,7% do total de emprego gerado. As freguesias de Altura, Castro Marim e Azinhal apresentam todas grande dependência do sector dos serviços. Quanto ao parque turístico actual do concelho de Castro Marim, vê-se que este representa apenas cerca de 0,7% do total do da Região Algarvia, com 3 estabelecimentos hoteleiros, um dos quais está associado a um campo de golfe (Algarve Lux – Quinta do Guadiana, com 1 250 camas). A taxa de ocupação-cama (bruta) do concelho de Castro Marim (52,8%) é das mais elevadas na região algarvia, o que certamente resulta da escassez de oferta que se verifica. É ainda de referir que no concelho de Castro Marim estão previstos, para além do empreendimento proposto para a Herdade de Corte Velho, três outros novos empreendimentos turísticos nomeadamente, o de Almada D‟Ouro – Quinta das Choças (2 800 camas), o da Quinta do Vale (750 camas) e, por fim, o de Verde Lago (2 041 camas). Com estes empreendimentos (sendo todos eles de 5 estrelas), Castro Marim terá um acréscimo de 5 600 camas, a que se irão somar as 1 869 camas que se prevêem para o PUHCV. PATRIMÓNIO CULTURAL Na área do PUHCV não foram identificados quaisquer tipos de elementos patrimoniais enquadráveis nas categorias de imóveis classificados como Monumento Nacional e de Interesse Público, ou com Valor Concelhio. Foram, no entanto, em resultado da pesquisa documental e do trabalho de campo efectuados, relocalizados e identificados onze sítios, entre sítios arqueológicos, edificados e etnográficos (Figura 6.3). Estes sítios correspondem numa análise abrangente aos nove sítios identificados no RA de Dezembro de 2007, mas onde, fruto dos resultados das prospecções realizadas no âmbito dos estudos de base de revisão do PDM de Castro Marim, realizados em 2008, um dos sítios (Corte Guadiana, sítio CNS 7788), foi relocalizado, tendo resultado na identificação de três novas zonas de concentração, um dos quais inédito (sítio arqueológico Corte Guadiana 3; Figura 6.3), e os sítios Alcarias de Corte Nova (sitio n.º 7) e Vestígios Arqueológicos (sitio n.º 8) foram agregados num único sítio que se passou a designar de Alcarias de Corte Velho (Figura 6.3). CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 34 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Figura 6.3 – Localização dos Elementos Patrimoniais Identificados na Área do PUHCV e na sua Envolvente Próxima CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 35 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Identificam-se seis sítios arqueológicos na área do PUHCV (os sítios Alcarias de Corte Velho, Corte Guadiana 1, Corte Guadiana 2 = Corte Guadiana – Endovélico CNS n.º 7788 -, Corte Guadiana 3, Corte Velho e Ponte de Corte Velho). Foram ainda identificados e relocalizados três elementos de património edificado (as ruínas do Montes de Corte e de Corte Velho e do Posto da Guarda Fiscal) e dois elementos etnográficos (um poço e um forno), representados na Figura 6.3. PAISAGEM Na área em estudo foi identificada uma macro unidade de paisagem denominada - Estuário do Guadiana – na qual se integram as unidades “Sapal do Guadiana e ribeiras afluentes” e “Zona de Barrocal de Transição”. A unidade “Sapal do Guadiana e ribeiras afluentes” reflecte o sistema húmido existente, cujo elemento mais marcante se encontra retratado pelo rio Guadiana. A unidade “Zona de Barrocal de Transição”, sobranceira à unidade anteriormente descrita, apresenta um relevo mais ondulado, ocupada por uma vegetação tipicamente mediterrânica, ocorrendo azinho, pinheiros-mansos, oliveiras, figueiras e alfarrobeiras, assim como, extensas áreas de mato a ocuparem as zonas mais baixas. Conclui-se que a Unidade Sapal do Guadiana e ribeiras afluentes apresenta um grau de sensibilidade elevado, o que se traduz numa baixa capacidade de absorver visualmente eventuais alterações na sua estrutura. Por outro lado, a Unidade de Barrocal de Transição revela um grau de sensibilidade médio, concluindo-se que apresenta uma mediana capacidade de absorver visualmente alterações na sua estrutura, situação que advêm essencialmente de se tratar de uma unidade mais fechada, consequência da presença de espécies vegetais de porte arbóreo, por vezes com elevada densidade na sua dispersão espacial. QUALIDADE DO AR De acordo com os dados relativos a campanhas de monitorização existentes para a área em estudo verifica-se os valores de concentração dos poluentes atmosféricos, registados se encontram dentro dos limites estabelecidos na legislação vigente. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 36 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Foi possível prever que de acordo com o relatório “Air Quality Guidelines” da “World Health Organization”, é expectável, para a área do PUHCV, que a concentração de poluentes atmosféricos deverão ocorrer com as concentrações típicas para zonas pouco poluídas. AMBIENTE SONORO No âmbito deste descritor foram efectuadas medição do ruído em 9 pontos da área do PUHCV, sendo possível concluir que os níveis sonoros são bastante reduzidos – cumprindo o limite para zonas sensíveis, o que é representativo do facto das principais fontes de ruído corresponderem à natureza (grilos, ondulação do Guadiana, vento). Para além da análise efectuada do ambiente sonoro na zona do futuro empreendimento turístico efectuou-se uma análise na proximidade da via de tráfego que dará acesso à Herdade do Corte Velho da qual se conclui que também são cumpridos os limites legais estabelecidos para Zonas Sensíveis. RISCOS AMBIENTAIS A previsão e a prevenção da ocorrência de riscos ambientais constituem um aspecto relevante da análise das propostas de intervenção pretendidas face às diferentes acções/actividades aí propostas. No caso concreto do PUHCV identificaram-se os seguintes riscos naturais: Risco de inundação; Risco sísmico; Risco de incêndio florestal. Foi ainda identificados, entre os riscos tecnológicos, o risco de incêndio urbano; A Planta de Condicionantes do PUHCV (Planta n.º 5 do PUHCV e Figura 6.2), apresenta uma delimitação de áreas com risco de inundação na área em estudo. Pela análise desta Figura verificase que episódios de inundação da magnitude dos considerados (período de retorno de 100 anos), têm na área da Herdade de Corte Velho um efeito reduzido, pois esta tem a maior parte da sua área em cotas superiores a esse valor e não propõe edificações, equipamentos e infraestruturas em leito de cheia. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 37 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) De acordo com o zonamento de sismicidade para o território continental, a área de estudo apresenta valores de intensidade sísmica máxima de grau VII na Escala Internacional. Tendo em consideração o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes – RSAEEP (DL n.º 235/83), a região está englobada na zona sísmica A, com um coeficiente de sismicidade máximo ( =1,00). Assim, a prontificação das acções dos sismos deverá ser baseada no RSAEEP, tendo presente que os terrenos ocorrentes se classificam no Tipo I (rochas e solos coerentes e rijos). No que se refere ao risco de incêndio florestal, dada a dimensão da mancha florestal em questão terá de ser elaborado um Plano de Gestão e Protecção Florestal onde irão constar as orientações e medidas de gestão a implementar para prevenir este risco. O risco de incêndios urbanos na área de intervenção é neste momento nulo dado que não existe qualquer ocupação deste tipo nesta mesma zona. As áreas edificadas mais próximas da área de intervenção do PU são as integradas na povoação do Azinhal. 7. IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS EFEITOS SIGNIFICATIVOS NO AMBIENTE DECORRENTES DA APLICAÇÃO DO PUHCV Com vista a identificar e avaliar os impactes decorrentes da implementação do plano em questão, foram estudados o conjunto das alterações favoráveis e desfavoráveis produzidas em parâmetros ambientais e sociais na área de estudo para o horizonte temporal de vigência do PUHCV e na área de intervenção definida, resultantes da realização do mesmo, comparadas com a situação que ocorreria nesse período de tempo e nessa área se o plano em questão não viesse a ser implementado. Os impactes da implementação das infra-estruturas a que se refere o presente plano, serão avaliados de uma forma qualitativa, ou quantitativa, sempre que tal seja tecnicamente possível. Em termos climáticos, não são expectáveis a ocorrência de impactes negativos significativos, podendo ocorrer. No entanto, podem ocorrer ligeiras variações, sem significado, ao nível da temperatura, humidade e ventos na área de implementação do PU. Nos aspectos relacionados com a geologia e geomorfologia, verifica-se que a implementação do PUHCV poderá contribuir para a modificação das características naturais de uma zona pouco intervencionada. A escavação de terrenos e os aterros propostos para os locais de implantação das CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 38 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) infraestruturas revelam-se como as actividades onde se poderão registar maiores interferências sobre o meio geológico, nomeadamente no que diz respeito ao aumento da erosão hídrica e à modificação da superfície topográfica. Consideram-se, no entanto, que apesar destes impactes serem negativos, directos, permanentes, irreversíveis, dado serem de incidência muito pontual e pouco expressivos no espaço são considerados pouco significativos e de magnitude reduzida. Apesar de não se conhecerem as quantidades de movimentações de terras, uma vez que o PUHCV tenderá a adaptar-se à topografia local, espera-se que o volume de escavações e aterros necessários seja muito reduzido, pelo que corresponderá a um impacte negativo pouco significativo. Atendendo ao facto de se poder registar algum risco de instabilidade nos taludes de escavação, devido à descompressão superficial do maciço, deverão ser tomadas medidas de precaução, no sentido da estabilização dos taludes. Estes impactes são negativos, pouco significativos, incertos, temporários e irreversíveis. Nos locais mais instáveis, deverá proceder-se à contenção do talude. No que diz respeito aos impactes expectáveis resultantes da implementação do PUHCV, nos solos salienta-se a necessidade de distinguir, por um lado as áreas que serão impermeabilizadas, de outras que apesar da alteração preconizada no seu uso, manterão a sua permeabilidade. À primeira situação estarão associados impactes negativos, permanentes e irreversíveis, enquanto que à segunda situação referida, os impactes gerados apesar de negativos, terão uma magnitude comparativamente mais moderada. Face ao exposto, é possível constatar que a área a impermeabilizar (cerca de 11,3 ha) é pouco expressiva, quando comparada com os cerca de 130 ha abrangidos pela área de intervenção, incidindo maioritariamente sobre solos que apresentam limitações severas a muitos severas, onde a baixa qualidade pedológica está patente e com manchas de vegetação de baixa a média relevância ecológica. Assim, o impacte expectável apesar de negativo, permanente e irreversível, afigura-se de magnitude moderada e pouco significativo. Por outro lado a implementação do PUHCV, e em particular no que se refere à área correspondente ao solo rural, com a criação ou manutenção de áreas verdes, promoverá indubitavelmente uma melhoria significativa na qualidade pedológica da área. A protecção do substrato é fomentada, mediante a implementação de coberto vegetal, com espécies autóctones, privilegiando-se a implementação de áreas de azinho e outras espécies igualmente adaptadas à região. Com base no referido anteriormente é possível concluir que os impactes expectáveis sobre os solos existentes na CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 39 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) área de intervenção, muito em particular os decorrentes das áreas a impermeabilizar são negativos, permanentes, irreversíveis, mas de baixa magnitude e pouco significativos, dadas as áreas envolvidas. Por outro lado são igualmente esperados impactes positivos significativos com decorrentes da protecção e melhoria da estrutura pedológica existente, consequência da implementação/manutenção de espaços verdes. Relativamente aos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos) constatou-se que a utilização de águas residuais tratadas para abastecimento do projecto acarreta naturalmente diversas vantagens mas, também, algumas condicionantes e riscos que interessa referir. Por um lado a reutilização da água da ETAR (com origem em consumo humano) permitirá assegurar o abastecimento do projecto, evitando igualmente a descarga de efluentes no rio Guadiana, situação esta extremamente vantajosa e que vai ao encontro das recomendações da administração central nesta matéria. No entanto a principal desvantagem prende-se como o custo associado a esta operação, uma vez que a água terá que ser bombeada numa distância de aproximadamente 4 km. Salienta-se que em situações de interrupção de abastecimento das águas residuais tratadas será necessário recorrer uma origem de água alternativa. Em caso de interrupção do fornecimento será forçoso recorrer a uma origem externa perspectivando-se o recurso às águas do sistema OdeleiteBeliche. Esta situação tem como principal vantagem a boa qualidade da água desta origem, assim como, a previsibilidade em termos de disponibilidade hídrica. Relativamente às desvantagens verifica-se ser previsível a ocorrência de restrições em períodos de seca prolongada, situação agravada, uma vez que a HCV, será um utilizador em regime precário. No que se refere à afectação da qualidade do meio hídrico destaca-se o facto das águas residuais do empreendimento serem encaminhadas para a ETAR de Vila Real de Santo António, onde após serem previamente submetidas a tratamento, ou são lançadas no estuário do rio Guadiana (caso sejam em excesso), ou reaproveitadas para a rega. Esta última situação resulta num impacte positivo, permanente, de magnitude elevada e significativo. Relativamente aos impactes expectáveis sobre os sistemas biológicos e biodiversidade verifica-se de acordo com os estudos efectuados que o PUHCV poderia afectar parcialmente a integridade do sítio PTCON0036-Guadiana. No entanto, uma vez que foram seguidas todas as recomendações do ICNB para evitar a referida afectação, reduzindo-a para níveis considerados aceitáveis (pouco significativos), e sendo proposto adicionalmente um vasto conjunto de medidas de compensação, CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 40 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) concluiu-se que os impactes residuais embora negativos, directos e permanentes, serão pouco significativos. Pelo contrário, é até expectável que a implementação do PGRB resulte em impactes positivos para os objectivos de conservação do Sítio. O descritor Planeamento e Ordenamento identificou impactes, quer positivos quer negativos, os quais foram devidamente analisados tendo-se verificado que: 1. Existe compatibilidade entre as propostas apresentadas ao nível do PROTAL e o PUHCV, dado que as propostas deste último salvaguardam a integridade paisagística, ecológica e cénica da área a intervencionar, permitindo igualmente o seu usufruto equilibrado; 2. Relativamente ao PBH do Guadiana verifica-se o cumprimento dos objectivos estratégicos e operacionais enunciados pelo mesmo, em termos de gestão racional da água, concluindo-se que não são expectáveis impactes negativos. No entanto, no que se refere aos objectivos a alcançar, em termos de conservação da natureza, poderão ocorrer impactes negativos, como consequência da incorporação de aditivos (fertilizantes e fitossanitários), nos espaços verdes previstos. A magnitude e significância deste impacte ainda não é possível antever, dada a falta de informação concreta a este respeito na fase actual. No entanto, um dos objectivos primordiais do Plano de Gestão de Rega, a par da redução dos consumos de água, é também a redução do uso de fito-fármacos; 3. De acordo com as premissas apresentadas no Regulamento do PUHCV é igualmente possível constatar que é fomentada a implementação/manutenção de coberto vegetal adaptado às condições existentes, promovendo-se a utilização das espécies apresentadas ao nível do PROF do Algarve. No entanto refira-se a este propósito que a intervenção proposta pressupõe o abate de espécies legalmente protegidas (de sobro e azinho), que ocorrem de forma isolada, não ocorrendo qualquer interferência com as áreas de povoamento de azinho já delimitadas. Nas fases seguintes dos trabalhos, prevê-se a reposição dos elementos afectados a qual permitirá recriar o espaço florestal presentemente existente, renovando-o. Em termos sócio-ecomómicos os impactes expectáveis são positivos, atingindo por vezes grande significância, quer ao nível do emprego, quer do retorno económico, quer ainda dos níveis de desenvolvimento sócio-culturais e de qualidade de vida. Destacam-se, em particular, os potenciais efeitos positivos da criação do Fundo de Responsabilidade Ambiental e Social. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 41 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) A Herdade de Corte Velho deverá constituir um espaço de utilização pública, com equipamento adequado e bastante útil para o melhoramento da competitividade a nível do sector terciário, potencializando as condições turísticas no concelho de Castro Marim. Pretende ser o primeiro empreendimento em Portugal considerado na categoria de 6 estrelas (5 estrelas superior), captando, assim, um público diferente do usual e também induzindo o melhoramento dos outros empreendimentos já existentes ou previstos para a região. Tem o objectivo de reunir todos os requisitos para um projecto turístico sustentável, onde, a responsabilidade social, assim como, a responsabilidade ambiental dos proponentes do empreendimento, contribuirão para a preservação do local, promovendo também o desenvolvimento desta região do Algarve. Este impacte é positivo, permanente, de grande magnitude e muito significativo. É igualmente expectável que a concretização do empreendimento conduza a um aumento na população presente na freguesia, devido à permanência de trabalhadores afectos ao seu funcionamento. Este é considerado um impacte positivo, permanente, de magnitude elevada e, consequentemente, muito significativo. A quantificação do impacte macroeconómico assume como pressuposto que a procura turística absorvida pelo empreendimento corresponde a um acréscimo da procura exógena da hotelaria tradicional (exportação turística). Daqui resulta que a obtenção, em termos efectivos, dos impactes calculados depende da capacidade do empreendimento em captar uma procura turística diferente da absorvida actualmente pelos empreendimentos existentes na região. A exploração do empreendimento em “velocidade cruzeiro” (prevista para o período posterior ao ano 5 da fase de exploração) poderá estar associada a um contributo de cerca de 1,55% para o VAB regional e de 1,49% do emprego da região. A concentração dos benefícios no sector que engloba as actividades de comércio, alojamento e restauração, transportes e comunicação, ainda que, também seja significativo o valor acrescentado e o emprego gerado noutros sectores, sobretudo ao nível da energia e dos serviços. No âmbito da Responsabilidade Social e Ambiental uma das medidas recomendadas é o estabelecimento de um “Fundo de Responsabilidade Social e Ambiental”, para o qual o empreendimento contribua, com parte das suas receitas anuais para esforços sociais e ambientais, a vários níveis. Esta contribuição irá ser utilizada, principalmente, para actividades e projectos aos CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 42 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) níveis social e ambiental e, também, para iniciativas no âmbito do desenvolvimento sustentável, em três níveis distintos: Nível Local: parte da contribuição será gasta localmente, visto que a comunidade é um dos factores chave para uma realização sustentável. Através de uma política de emprego local, a comunidade será assistida por uma variedade de actividades de desenvolvimento, através das quais, juntamente com o ambiente, se promoverão iniciativas locais que encorajarão a preservação tanto a nível social como cultural. Nível Nacional: O “Fundo de Responsabilidade Social e Ambiental” também disporá de um orçamento substancial para apoio de organizações, instituições, ONG‟s e outros grupos cívicos para que desenvolvam “boas práticas” a partir das aprendizagens feitas a nível local. Nível Global: Há um número de assuntos internacionais sem fronteiras – tanto ambientais como sociais – para os quais o empreendimento também poderá contribuir. Estes incluem mudanças climáticas e aquecimento global, áreas de protecção e de conservação e também educação ambiental. Este será um impacte positivo, permanente, de magnitude elevada e, consequentemente, muito significativo. A análise efectuada no âmbito do descritor Património Cultural permitiu verificar que existirem dois tipos de impactes sobre o património: Impacte directo negativo, no qual ocorrerá a destruição total ou parcial do elemento patrimonial; Impacte indirecto negativo, no qual, por se encontrar perto da área em estudo, o elemento poderá sofrer alguma alteração na sua estrutura ou na sua envolvente; No presente estudo, verificou-se, assim, a existência de impactes negativos sobre os nove elementos patrimoniais identificados na caracterização da situação de referência. Destes elementos verifica-se que 6 elementos serão afectados indirectamente pelas acções associadas à implementação do PUHCV, 3 elementos identificados sofreram impactes negativos directos e os restantes não sofrerão impactes, nem directos, nem indirectos. Os impactes na paisagem encontram-se, basicamente, associados a alterações produzidas no quadro cénico local, como resultado do aparecimento de novos elementos visuais. De facto, um CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 43 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Plano de Urbanização sobre uma área predominantemente florestal apresenta necessariamente diferentes níveis de intervenção ao nível do descritor em análise. Verifica-se que as propostas apresentadas ao nível do PUHCV privilegiam a utilização turística da área, caracterizada por uma baixa densidade de ocupação urbanística e suportada na qualidade paisagística e cénica que actualmente existe e que se encontra igualmente projectada. Além do referido, os empreendimentos propostos baseiam-se num conceito de vivência eco-turística, onde a natureza é o suporte e a motivação máxima dessa actividade. Devido às características específicas da fase de construção, salienta-se que os impactes expectáveis ao nível do ruído apresentam-se pontuais e maioritariamente temporários, importando, por conseguinte avaliar os impactes que potencialmente poderão ter um carácter mais permanente e subsistir ao longo do tempo, como é o caso dos impactes decorrentes da operacionalidade/funcionamento do empreendimento. Os resultados da modelação demonstraram uma redução generalizada, ainda que ligeira, dos níveis de ruído no PUHCV alterado face ao PUHCV em vigor, resultando assim impactes positivos no ambiente sonoro. Considerando o tráfego previsto para a via de acesso ao empreendimento, prevê-se a continuação do cumprimento dos requisitos legais definidos no n.º 3 do artigo 11º do DL n.º 9/2007, para receptores sensíveis ainda não classificados [Lden≤63 dB(A) e Ln≤53 dB(A)]. A proposta de ordenamento urbano do PUHCV tem implícitas, através do seu desenho urbano, medidas mitigadoras dos riscos para o interesse público relativo à protecção civil, designadamente no domínio do planeamento da localização das áreas urbanas e da sua rede de infra-estrutura viária e dos espaços de desafogo de modo a eliminar o risco provocado por uma “cheia centenária”, no Guadiana ou na ribeira de Beliche. Propõe-se que seja incentivada a implementação de sistemas de redução dos caudais das águas pluviais com vista a minimizar os eventuais efeitos da impermeabilização dos solos no escoamento pluvial, através da colocação de reservatórios subterrâneos (cisternas), nos diferentes lotes, que farão a retenção de caudais pluviais durante o período característico de precipitação. Ao nível do risco sísmico propõe-se que na fase de execução do Plano sejam adoptadas as necessárias medidas de minimização, que neste caso será o cumprimento da legislação em vigor aquando do licenciamento dos edifícios (DL n.º 235/83, de 31 Maio). Deste modo, embora se CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 44 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) verifique o agravamento do risco em virtude da implementação do plano, os níveis de perigosidade previstos não são de molde a colocar em causa a utilização da área para os fins previstos, desde que sejam cumpridos os referidos requisitos legais estabelecidos ao nível do licenciamento das edificações com vista à sua prevenção. A implementação de um empreendimento turístico, com vários estabelecimentos hoteleiros, aporta, como já foi referido, um incremento no risco de incêndio. Assim, uma das preocupações, do plano prende-se com as questões relacionadas com os fogos urbanos, devendo prever-se a instalação de marcos de incêndio, convenientemente espaçados e localizados, permitindo desta forma garantir a segurança dos diversos edifícios previstos, favorecendo um combate rápido e eficaz a um eventual sinistro. Assim, eventuais efeitos negativos que possam ocorrer em função das actividades que aí se irão instalar, estarão devidamente salvaguardados pelas medidas de prevenção e combate propostas. No caso dos fogos florestais, que constituem uma preocupação importante face à dimensão da mancha florestal de montado existente e que se pretende manter e reforçar, o PGRB integra um Plano de Intervenção Contra Incêndios Florestais, onde estas questões serão alvo de análise e proposta de soluções. 8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A proposta do PUHCV alterado alvo da presente avaliação ambiental, incorpora já diversas recomendações e medidas que foram sendo sucessivamente integradas ao longo do tempo até à actualidade, o que permite que esta proposta apresente desde já um grau de sustentabilidade elevada. No entanto, algumas recomendações poderão ainda ser apresentadas, no sentido de promover a eficiência ambiental do empreendimento, reduzindo os eventuais efeitos negativos que possa gerar sobre o ambiente. Como um dos eixos principais de actuação dever-se-á referir que deve ser prestada particular atenção à promoção a sustentabilidade da área de intervenção através de orientações de planeamento e de práticas de eco-eficiência, visando uma utilização racional dos recursos naturais (solo, água, energia, biodiversidade). CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 45 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) Com base nos indicadores propostos, assim como, nos efeitos previsíveis decorrentes da implementação do PUHCV, são apresentadas no RA recomendações para que o PU possa contribuir de forma positiva para alcançar os objectivos de sustentabilidade, não só da área de intervenção, mas também da zona envolvente e até do próprio município. Por outro lado, uma das melhores formas de implementar os programas de medidas de preservação e conservação de recursos ambientais é através da elaboração de planos e programas de medidas de gestão e monitorização, situação que se encontra plasmada no Decreto-Lei que regulamenta a Avaliação de Impacte Ambiental de Projectos. Deste modo propõe-se a implementação do conjunto de planos e programas aplicáveis aos empreendimentos e que acompanham o PUHCV, nomeadamente, o Plano de Gestão Recursos Biológicos (Conservação da Natureza) e o Plano de Gestão da Rega que se apresentam em seguida. PLANO DE GESTÃO DE RECURSOS BIOLÓGICOS (CONSERVAÇÃO DA NATUREZA) O Plano de Gestão Recursos Biológicos (PGRB) será composto por cinco documentos estratégicos que visam estabelecer as metodologias e os programas ambientais para a concretização dos objectivos de conservação da natureza. Estes documentos são os seguintes: Plano de Gestão de Espaços Naturais; Plano de Intervenção Contra Incêndios Florestais; Plano de Gestão e Protecção Florestal; Plano de Monitorização de Recursos Biológicos e Habitats; Plano de Educação Ambiental. Tendo em conta os requisitos da legislação em vigor e as condicionantes impostas pelos organismos que tutelam a gestão de áreas para conservação da natureza (ICNB) e a gestão de áreas de povoamentos de azinho (AFN), serão desenvolvidos, em fase de elaboração de EIA dos projectos, os trabalhos de campo para a avaliação final do estado ecológico do local e identificação do potencial de requalificação ambiental das áreas destinadas à gestão dos recursos biológicos. Para cada plano, com base nos dados recolhidos nas medições efectuadas no local, serão formuladas estratégias para a conservação/recuperação de habitats, concretizadas em termos de CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 46 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) objectivos, responsabilidades e metas, que serão integradas em Programas de Gestão Ambiental que serão analisados com as entidades interessadas (ICNB e AFN), com o objectivo de obter recomendações que possam melhorar/corrigir as estratégias propostas para a gestão dos recursos biológicos dentro da Herdade de Corte Velho, procurando desta forma optimizar os recursos aplicados nos mesmos e os seus resultados. A) Plano Gestão dos Espaços Naturais Esta componente do PGRB, é um dos instrumentos desenvolvidos para assegurar a gestão dos espaços naturais. Neste sentido, as medidas propostas foram desenvolvidas de forma a maximizar o valor biológico da Herdade de Corte Velho para a conservação das espécies e dos habitats naturais e em particular para os valores (habitats e espécies) constantes dos anexos I e II da Directiva Habitats. No Plano de Gestão dos Espaços Naturais serão definidas as medidas de gestão ambiental relativas aos habitats associados a áreas de sapal, identificadas pelo ICNB e potencialmente existentes dentro da Herdade de Corte Velho, que não serão afectadas pela implantação do PUHCV. Complementarmente, e medidas para restauração e melhoria do montado de Azinho existente na propriedade, com o objectivo de que estas áreas possam determinar a evolução a prazo de extensas áreas de matos e montado para florestas climácicas de azinheira. B) Plano de Monitorização Esta componente do PGRB, é um dos instrumentos desenvolvidos para assegurar a gestão sustentável dos recursos naturais na área de intervenção. Este plano vai incidir sobre a monitorização dos habitats, da fauna e da flora para as zonas húmidas a recuperar, suas envolventes próximas e estruturas de vegetação com mais de 0,5 hectares. Pretende-se que as acções de monitorização propostas permitam validar a eficácia das medidas de minimização/compensação referidas nos planos de gestão (e posteriormente nos EIA), proporcionando uma base de dados que permitirá fundamentar a estratégia a adoptar na gestão ambiental da Herdade de Corte Velho. Na implementação do Plano de Monitorização adoptou-se uma metodologia de análise e registos adequada de modo a cumprir os requisitos referidos na Portaria n.º 330/2001, de 2 de Abril. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 47 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) C) Plano de Educação Ambiental A educação ambiental tem como objectivo pensar em estratégias e actividades que ajudem a desenvolver o sentido de lugar e aprofundar conhecimentos nas crianças, nos jovens e nos adultos, através de um processo pedagógico participativo e permanente, que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. No âmbito dos planos referidos será desenvolvido um plano de educação ambiental, comum a todos eles, de modo a integrar nas áreas de conservação o envolvimento das comunidades locais e desta forma assegurar a criação de áreas que contribuam para o conceito de utilidade pública. Com execução do presente programa pretende-se contribuir para a criação de condições propícias para o desenvolvimento de atitudes e comportamentos sociais favoráveis ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, possibilitar o fortalecimento do processo de construção da cidadania possibilitando condições para a participação, individual e colectiva, na gestão dos recursos naturais. PLANO DE GESTÃO DA REGA O Plano de Gestão de Rega (PGR) é um dos instrumentos desenvolvidos para materializar a intenção de assegurar um uso sustentável de água na Herdade do Corte Velho. Neste sentido, a sustentabilidade do uso da água de rega assenta sobre dois objectivos principais: eficiência no uso de água e consequente minimização dos consumos; preservação da qualidade dos recursos hídricos. O primeiro objectivo é, essencialmente, assegurado pelo PGR, enquanto que a gestão e preservação da qualidade dos recursos hídricos é fundamentalmente assegurada pelo Plano de Monitorização de Recursos Hídricos, que constará dos EIAs a desenvolver nas fases seguintes. OUTROS PLANOS A DESENVOLVER EM FASES SUBSEQUENTES Em sede de execução do PUHCV, será ainda elaborado o Plano de Gestão Florestal (PGF) para a propriedade, em estrito cumprimento do Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF), tal como determina a legislação em vigor. CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 48 PLANO DE URBANIZAÇÃO DA HERDADE DE CORTE VELHO - RELATÓRIO AMBIENTAL (ALTERAÇÃO) O PGF irá estabelecer as regras a que deverão obedecer todas as acções relacionadas com a implementação das medidas minimizadoras e compensatórias das afectações do coberto florestal, em particular, as relacionadas com a plantação de azinheiras e sobreiros para substituição de exemplares destas espécies cujo abate for autorizado pelas entidades. Lisboa, Junho de 2011 CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM - JUNHO DE 2011 49