A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A TÍTULO: “Modelo matemático para determinação das distorções de consumo” Nome do Autor e Apresentador: Vitório Henrique Ferreira Formação: Bacharel Análise de Sistemas Administrativos e Processamento de Dados pela PUCCAMP (1985 - 1988). Pós-Graduação Lato Sensu em Análise de Sistemas com ênfase na Arquitetura Cliente-Servidor pela PUCCAMP (1996). Mestrado em Gerenciamento de Sistemas de Informação pela PUCCAMP (1997 - 1999). Doutorando em Engenharia Mecânica em Materiais e Processos UNICAMP Cargo Atual: Coordenador de Sistemas Especiais e Professor Titular do Curso de Sistemas de Informação das Faculdades do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (IPEP) Campinas – SP. Nome do Autor: Sandra Maria Machado Formação: Administração de Empresas (1991 - 1994) Cargo Atual: Analista Administrativo II Endereço para Correspondência: Avenida da Saudade, 500 – Ponte Preta CEP 13041-903 Campinas – SP Fone (0**19) 3735-5154 E-mail: [email protected] Palavras-chave: Consumo Anormal de Água, Algoritmos Matemáticos. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Objetivo O objetivo deste trabalho é comentar e descrever a implantação de um algoritmo matemático eficiente na determinação de distorções de consumo, o consumo anormal, situações encontradas no processo de leituras consideradas fora do padrão. Este modelo matemático contempla características que permitem uma aplicação perfeita das regras de negócios, com o controle total sobre o consumo e conseqüente redução do índice de retificações de faturamento. Na qualidade de ferramenta de otimização, este modelo é amplamente utilizado em análises e projeções, especialmente pela possibilidade de enquadramento de problemas multiobjetivo, em conformidade com o conceito de Pareto. Metodologia e Desenvolvimento As empresas de geração e distribuição de água têm como atividade crítica a leitura de medidores dos consumidores, que está norteada por uma série de fatores que envolvem desde aspectos técnicos até aspectos éticos e legais. A questão da medição e controle do consumo de água tem se tornado cada vez mais relevante, já que a maior parte do valor faturado pelas empresas de saneamento é cobrada a partir da medição mensal dos medidores. Para tanto, foi elaborada uma interface em linguagem de programação, denominada “Algoritmo de Consumo Anormal”, possibilitando que as leituras ou ocorrências de campo, sirvam como dados de entrada para calcular a distribuição vertical das variáveis individualizadas de cada consumidor, determinando se uma leitura está dentro dos padrões de consumo estabelecidos como normais para o consumidor em questão. Toda a leitura criticada pelo “Algoritmo de Consumo Anormal”, não permite a emissão de faturas simultâneas. Estas são posteriormente analisadas através de rotinas de conferência das leituras coletadas contra seus respectivos consumos, apontando a origem das distorções e divergências de leitura/consumo e validando o faturamento de cada consumidor dentro de parâmetros pré-estabelecidos. Uma conferência eficiente deve ser efetuada de forma segmentada e individualizada, levando em consideração históricos de consumo e ocorrências, sazonalidade do consumo, distorções causadas por vazamentos, características físicas do imóvel e finalidade do abastecimento. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Assim, o “Algoritmo de Consumo Anormal”, a fim de garantir e possibilitar a segmentação e individualização da análise crítica do consumo apresenta uma estrutura composta por três grupos. O primeiro grupo inclui características do consumo atual e histórico do consumidor. As variáveis analisadas são: • • • • • • Consumo Valor [1] Valor [2] Valor [3] Valor [4] Valor [5] = Consumo atual = Consumo no mês anterior = Consumo no ano anterior = Média dos últimos três meses = Média dos últimos seis meses = Média dos últimos doze meses O segundo grupo é composto pela ponderação a qual os integrantes do primeiro grupo são submetidos. Esta ponderação é composta de cinco pesos, cujos valores variam de um a cinco, sendo que dois itens deste grupo não podem conter o mesmo valor de ponderação. São elas: • • • • • Peso [1] = Peso do Consumo no mês anterior Peso [2] = Peso do Consumo no ano anterior Peso [3] = Peso da Média dos últimos três meses Peso [4] = Peso da Média dos últimos seis meses Peso [5] = Peso da Média dos últimos doze meses O terceiro grupo é composto pelas variações a maior e a menor que o setor de leitura (segmentação da qual o consumidor pertence) e o consumidor estão submetidos, a saber: • • • • Faixa Maior Faixa Menor Faixa Maior Individual Faixa Menor Individual = 1 + Variação do setor de leitura = 1 - Variação do setor de leitura = 1 + Variação individual a maior = 1 - Variação individual a menor As variáveis denominadas variação do setor de leitura, variação individual a maior e variação individual a menor são valores entre zero e um. São obtidas a partir de um desvio padrão dos percentuais de variação do histórico de consumo (do setor de leitura para as faixas Maior e Menor, e do consumidor para as faixas Maior Individual e Menor Individual). Finalmente, a partir das variáveis destes grupos e da variável denominada Resultado, elabora-se a fórmula denominada “Algoritmo de Consumo Anormal”, detalhada através do quadro 1. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Se (Consumo < ((Valor [n] × Faixa Menor Individual) × Faixa Menor)) ou (Consumo > ((Valor [n] × Faixa Maior Individual) × Faixa Maior)) Então Resultado = Resultado – Peso [n] Senão Resultado = Resultado + Peso [n] Quadro 1 – Algoritmo de Consumo Anormal Tendo por base as variáveis que mais evidenciam a distinção entre consumidores, o processo para estabelecer um Consumo Anormal consiste, então em inicialmente determinar os valores de consumo e respectivas médias (variáveis do grupo um), os valores dos pesos (variáveis do grupo dois) e as variações de faixa a maior e menor do setor de leitura e do consumidor (variáveis do grupo três). Inicializa-se então, a variável Resultado (Resultado = 0) e aplica-se a fórmula denominada Calculo de Consumo Anormal para Valor [1] conforme segue: Se (Consumo < ((Valor [1] × Faixa Menor Individual) × Faixa Menor)) ou (Consumo > ((Valor [1] × Faixa Maior Individual) × Faixa Maior)) Então Resultado = Resultado – Peso [1] Senão Resultado = Resultado + Peso [1] Substitui-se Valor [1] e Peso [1] para Valor [2] e Peso [2]: Se (Consumo < ((Valor [2] × Faixa Menor Individual) × Faixa Menor)) ou (Consumo > ((Valor [2] × Faixa Maior Individual) × Faixa Maior)) Então Resultado = Resultado – Peso [2] Senão Resultado = Resultado + Peso [2] Efetua-se substituições para Valor [3] e Peso [3], Valor [4] e Peso [4] e Valor [5] e Peso [5] Caso o valor da equação Resultado seja maior do que zero, considera-se então o Consumo Normal (dentro dos padrões estabelecidos), do contrário considera-se o Consumo Anormal (fora dos padrões estabelecidos). A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Para um entendimento mais adequado do funcionamento do algoritmo, tomase como base a seguinte situação hipotética para um consumidor, considerando-se: • • • • • • • • • • • • • • Consumo = 377 (consumo atual) Valor [1] = 250 (consumo no mês anterior) Valor [2] = 172 (consumo no ano anterior) Valor [3] = 220 (média dos últimos três meses) Valor [4] = 199 (média dos últimos seis meses) Valor [5] = 185 (média dos últimos doze meses) Peso [1] =5 (peso do consumo no mês anterior) Peso [2] =1 (peso do consumo no ano anterior) Peso [3] =4 (peso da média dos últimos três meses) Peso [4] =3 (peso da média dos últimos seis meses) Peso [5] =2 (peso da média dos últimos doze meses) Variação do setor de leitura = 0,3 Variação individual a maior = 0,24 Variação individual a menor = 0,22 Determina-se a partir das variações individuais a maior e a menor e da variação do setor de leitura as variáveis de faixa a maior e faixa a menor do setor de leitura e do consumidor (variáveis do grupo três), conforme demonstrado a seguir. • Faixa Maior = 1 + Variação do setor de leitura Substituindo-se o valor de variação do setor de leitura tem-se, Faixa Maior = 1 + 0,3 = 1,3 • Faixa Menor = 1 - Variação do setor de leitura Substituindo-se o valor de variação do setor de leitura tem-se, Faixa Menor = 1 - 0,3 = 0,7 • Faixa Maior Individual = 1 + Variação individual a maior Substituindo-se o valor de variação individual a maior tem-se, Faixa Maior Individual = 1 + 0,24 = 1,24 • Faixa Menor Individual = 1 - Variação individual a menor Substituindo-se o valor de variação individual a menor tem-se, Faixa Menor Individual = 1 - 0,22 = 0,78 A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Inicializa-se então, a variável Resultado e aplica-se Valor [1] à fórmula Algoritmo de Consumo Anormal como segue: Resultado = 0 377 < ((250×0,78) × 0,7) ou 377 > ((250×1,24) × 1,3) 377 < 136,5 ou 377 > 403 Falso Resultado = 0 + 5 = 5 A seguir, aplica-se o Valor [2] para formula: 377 < ((172×0,78) × 0,7) ou 377 > ((172×1,24) × 1,3) 377 < 93,912 ou 377 > 277,264 Verdadeiro Resultado = 5 - 1 = 4 Aplica-se o Valor [3] para formula: 377 < ((220×0,78) × 0,7) ou 377 > ((220×1,24) × 1,3) 377 < 120,12 ou 377 > 354,64 Verdadeiro Resultado = 4 - 4 = 0 Aplica-se o Valor [4] para formula: 377 < ((199×0,78) × 0,7) ou 377 > ((199×1,24) × 1,3) 377 < 108,654 ou 377 > 320,788 Verdadeiro Resultado = 0 - 3 = - 3 Finalmente, aplica-se o Valor [5] para formula: 377 < ((185×0,78) × 0,7) ou 377 > ((185×1,24) × 1,3) 377 < 101,01 ou 377 > 298,22 Verdadeiro Resultado = -3 - 2 = - 5 Como a variável Resultado é menor do que zero, o consumo analisado é identificado como um Consumo Anormal, visto que apresentou consumo atual inferior ou superior aos consumos históricos ponderados e as médias históricas ponderadas. É importante salientar que a identificação de um consumo como anormal, pelo algoritmo em questão, não impossibilita a justificativa da sua ocorrência. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A Faz-se necessário estabelecer comparações com históricos de ocorrências que possam justificar este desvio de consumo, de acordo com as regras de negócios estabelecidas pela organização. Ocorrências como vazamentos, troca de hidrômetro, imóvel desocupado, são exemplos de justificativas para um consumo anormal. Resultados e Conclusões A grande dificuldade em abordar esta temática consiste, naturalmente, no grande esforço necessário a aquisição e tratamento de informações para a análise. Em nossa opinião, um modelo matemático para determinação de características de consumo pode, de fato, significar uma maior vantagem competitiva às empresas, permitindo não só prestar um melhor serviço, como analisar o comportamento dos consumidores. Contudo, não existem receitas instantâneas que se possam aplicar de forma idêntica a todas as empresas. A chave do sucesso depende sempre da forma como uma ferramenta como esta vai integrar o conhecimento e processo empresarial da organização. Esta abordagem pode contribuir, de forma concreta, para o potencial de desenvolvimento da empresa, mas para isto deve ser versátil e adaptável, capaz de acompanhar a evolução das exigências do negócio e aprimorar a sua capacidade de obter conhecimento estratégico. Para se ter sucesso neste tipo de abordagem, é necessária informação de grande qualidade. A informação é o fundamento destes modelos e só através da sua exploração é que se pode conseguir o conhecimento para o desenvolvimento de diagnósticos, criação de cenários prospectivos e de estratégias eficazes. Se a informação é inexistente ou de má qualidade, então não se podem esperar milagres quanto aos resultados que se obtêm. Referências Bibliográficas Amaral, Luís, Varajão, João. Planejamento de Sistemas de Informação, Lisboa, FCA – Editora de Informática, 2000. Birkin, Mark, Clarke, Graham, Clarke, Martin, Wilson, Alan Reis, Elizabeth. Estatística Aplicada, Lisboa, Edições Silabo, segunda edição, 2001