UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LUCAS LUCINIO LIPPI SISTEMA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PREDIAL SÃO PAULO 2009 LUCAS LUCINIO LIPPI SISTEMA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PREDIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Profº MSc. José Carlos de Melo Bernardino SÃO PAULO 2009 LUCAS LUCINIO LIPPI SISTEMA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PREDIAL Trabalho____________ em: de_______________de 2009. Trabalho de Conclusão de Curso ____ apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi ______________________________________________ Profº José Carlos de Melo Bernardino ______________________________________________ Prof Maurício Cabral Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ AGRADECIMENTOS Á minha mãe, pela compreensão, por sempre acreditar em meus objetivos, carinho, amor, sendo sempre meu braço direito para todas situações que me deparo. Não tenho palavras pra dizer o quanto te amo. Você é muito especial em minha vida. Obrigado Ao meu pai (in memorian) por todo o seu carinho, dedicação, amor e por ter sido o melhor pai do mundo, sempre com muito humor, sendo diretamente influente para minhas decisões que tomei e irei tomar, me espelho na garra e força de vontade, sempre dizendo que devemos ser o melhor no que fazemos. Te amo, saudade. Á minha irmã, que sempre foi muito especial e importante em minha vida, tendo participação direta no desenvolvimento desse trabalho, a cada dia me fazendo ter uma surpresa nova tirando meu fôlego, pelas noites e risadas que demos durante o desenvolvimento, me orgulho pela sua disciplina e potencial acadêmico. Te amo Á minha namorada Veridiana, que sempre me dá forças para continuar em busca dos meus sonhos, me dando amor, carinho, tendo compreensão, me incentivando, me trazendo alegria nos finais de semana, ajudando na minha formação como pessoa, me fazendo mais feliz a cada dia que estamos passando juntos. Você é muito especial para mim. Te amo. Ás pequenas Geovana e Bella Emília, que enchem de alegria meus finais de semana, com a alegria e inocências que apenas as crianças tem. Ao Maciel, que sempre dou risadas quando estamos juntos, e faz bem a minha irmã. Á Ana Lucia e Paulo Pantaleão, que sempre estiveram do meu lado, me ajudando a crescer como pessoa e academicamente, Paulo por ter participação direta nesse trabalho, me ensinando boa parte do conteúdo sobre o tema desenvolvido. Aos meus amigos de sala, que sempre fomos unidos em qualquer situação que passamos durante o curso, choramos e rimos juntos, estarão sempre presentes em minha vida. Principalmente Érika, Rogério (Kalango), Raphael (Pulga) e Rodolfo. Aos meus amigos Vivian e Danilo, que os levo como meus irmãos, foram fundamentais para que eu seja essa pessoa que sou hoje, sempre estando ao meu lado, vocês são muito importantes em minha vida. Amo vocês. Aos demais familiares e amigos, Sueli, Cecela, Sérgio, Pedro, Bruna, Cacalo, Patrícia, Manoela, Andréa, Marcelo, João Pedro, Vanessa, Marcelo, João Guilherme, Maurício, Tia Lalá e Tio Jaime. A todos os meus professores, principalmente o profº Bernardino, que me ajudou a realizar esse trabalho, sempre com muita alegria e descontraindo, me chamando de “desorientado”, obrigado por todo o conteúdo adquirido durante o curso. A toda a equipe da construtora TRISUL, que abriram as portas para mim. RESUMO O sistema de individualização do consumo de água predial foi desenvolvido para que seja realizada uma cobrança justa pela quantidade consumida de água, na qual será cobrado apenas o quantitativo consumido por determinada unidade. Este sistema consiste na individualização das prumadas da edificação sendo instalado em cada qual um hidrômetro individualizado, desta forma sendo computado apenas o valor consumido. Com isso é possível conseguir um valor expressivo de redução das contas de água, na inadimplência, no desperdício, no consumo de energia, nas taxas de esgoto, entre outros. Neste trabalho foi abordada a dificuldade na descoberta de novas reservas hídricas, havendo a necessidade da conscientização para evitar o desperdício, bem como retratados os passos para se realizar as instalações hidráulicas do novo sistema, para tal o estudo foi realizado em uma obra na cidade de Campinas mostrando os pontos mais importantes para a execução e os resultados pré e pós instalação do sistema. Palavras Chave: RECURSOS HIDRICOS, INDIVIDUALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA, REDUÇÃO TARIFARIA ABSTRACT The system of individual water in buildings was developed to realize a fair charge of water’s consumption, in which will be charged only the quantity consumed by a particular unit. This system consists in plumb’s individualization where an individual hydrometer is installed, so only the amount consumed is computed. This way it is possible to reduce an expressive amount on water bills, insolvency, wastefulness, on energy consumption, sewer fees, among others. This study addressed the difficulty in finding new water resources, with awareness to prevent wastefulness, and portrayed the steps to carry out the new hydraulic system for such the study was conducted in a project in Campinas. Key Worlds: REDUCTION. HYDRICS RESOURCES, WATER´S CONSUPTION, FEE LISTA DE FIGURAS Figura1: Sistema direto sem bombeamento...............................................................22 Figura 2: Sistema direto com bombeamento; B= bomba...........................................23 Figura 3: Sistema indireto RS sem bombeamento.....................................................24 Figura 4: Sistema indireto RS Bombeado..................................................................25 Figura 5: Sistema RI-RS............................................................................................26 Figura 6: Hidrômetro..................................................................................................27 Figura 7: sistema de individualização do consumo de água predial..........................28 Figura 8: Planta pavimento tipo..................................................................................41 Figura 9: planta do pavimento térreo.........................................................................42 Figura 10: planta do pavimento térreo.......................................................................42 Figura 11: planta da caixa de hidrômetros e dos hidrômetros...................................43 Figura 12: detalhamento do hidrômetro.....................................................................44 Figura 13: planta do hidrômetro principal...................................................................44 Figura 14: laudo de análise SANASA........................................................................59 Figura 15: distribuição da alimentação.......................................................................45 Figura 16: sistema de individualização do consumo de água predial........................46 Figura 17: Hidrômetros individuais e prumadas.........................................................47 Figura 18: Hidrômetros individuais.............................................................................47 Figura 19: Prumadas..................................................................................................48 Figura 20: Ramais......................................................................................................49 Figura 21: Registro e nova instalação........................................................................49 Figura 22: Canaletas de acabamento para fachada..................................................50 Figura 23: Fachada concluída....................................................................................51 Figura 24: laudo de aprovação dos serviços SANASA..............................................60 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tabela de vazões e pesos relativos.........................................................34 Tabela 2 – Relação de peças e peso relativo em utilização......................................39 Tabela 3 – Cálculo de perda de carga.......................................................................39 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Consumo diário de litros por habitantes por dia......................................38 Gráfico 2 – Evolução na economia após a individualização......................................53 Gráfico 3 – Evolução na economia após a individualização......................................54 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SANASA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento ANA Agência Nacional de Água UCG Universidade Católica de Goiás NBR Associação Brasileira de Normas Técnicas SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal IPT Instituto de Pesquisa Tecnológica COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais LISTA DE SÍMBOLOS Q Vazão C Coeficiente de Descarga P Soma dos Pesos SUMÁRIO p. 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 17 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 17 2.2 Objetivo Específico ...................................................................................... 17 3 MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 18 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 20 5.1 Situação Hídrica ........................................................................................... 20 5.2 Sistemas de suprimento de água predial ................................................... 20 5.2.1 Abastecimento .............................................................................................. 21 5.2.1.1 Sistema de abastecimento direto............................................................... 22 5.2.1.2 Sistema indireto de abastecimento ........................................................... 23 5.2.2 Distribuição ................................................................................................... 26 5.2.3 Medição ......................................................................................................... 26 5.2.3.1 Hidrômetro ................................................................................................... 27 5.3 Individualização do consumo de Água....................................................... 28 5.4 Principais motivos para instalação do sistema ......................................... 28 5.5 Surgimento do sistema ................................................................................ 29 5.6 Dimensionamento do sistema ..................................................................... 30 5.6.1 Vazão do dimensionamento do barrilete e das colunas ........................... 30 5.6.2 Vazões de dimensionamento dos ramais e sub-ramais............................ 31 5.6.3 Vazões de dimensionamento do reservatório superior ............................ 31 5.6.4 Vazão nos pontos de utilização .................................................................. 31 5.6.5 Dimensionamento das colunas e ramais ................................................... 32 5.7 Instalação do sistema .................................................................................. 32 5.8 Passos para implantação do sistema ......................................................... 35 6 6.1 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 38 Cálculos para instalação.............................................................................. 38 6.1.1 Hidrômetros a serem utilizados .................................................................. 40 6.2 Dimensionamento – projeto hidráulico sanitário complementar ........... 41 6.3 Laudo análise projeto hidráulico sanitário complementar (SANASA) ..... 45 6.4 Execução da obra ......................................................................................... 45 6.5 Vistoria técnica (SANASA) ........................................................................... 51 7 7.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 52 Estudos pós Instalação................................................................................ 52 8 CONCLUSÕES .................................................................................................. 55 9 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................... 57 REFERÊNCIAS.........................................................................................................58 ANEXO A: ................................................................................................................. 59 ANEXO B .................................................................................................................. 60 15 INTRODUÇÃO A irregularidade das disponibilidades de distribuição hídrica mundialmente e o aumento das concentrações urbanas, tem diminuído anualmente as reservas hídricas, valendo ressaltar que a dificuldade na descoberta de novas fontes de água associadas ao aumento populacional e do seu consumo, favorecem com a diminuição deste recurso (COELHO, 2004). Acreditava-se que a escassez deste recurso era um problema apenas concentrado nas áreas de clima seco, porém neste momento, sabe-se que cerca de 1 bilhão de pessoas em todo mundo não tem acesso a água limpa suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias (FAO, 2009), acreditando-se ser este uma das principais causas de conflito entre as nações. A população brasileira está concentrada em valores superiores a 70% nas cidades e as dificuldades financeiras enfrentadas pela nação, nas últimas décadas, impediram a expansão adequada ou mesmo a instalação de serviços públicos essenciais a toda a população (COELHO, 2004). A dificuldade na instalação de serviços públicos (água encanada, esgoto e energia elétrica) associado ao aumento populacional nas grandes metrópoles, favorece a construção de edifícios multifamiliares, os quais possuem reservatórios com ampla capacidade para o armazenamento de água, a utilização deste sistema possui uma forma de pagamento através de taxas condominiais, nas quais o consumo geral da edificação é dividido igualmente pelo número de unidades, promovendo o aumento do consumo favorecendo desta maneira o desperdício de água por parte dos moradores que não tem acesso a quantidade de seu consumo mensal, porém não deve-se descartar que além disto, existem características de caráter social e cultural, visto que cada usuário apresenta um determinado comportamento de utilização de água, ou seja, alguns com maior consciência em relação à economia e outros com menos preocupação, ou até mesmo pelo desconhecimento de procedimentos de racionalização da água (YAMADA; PRADO; IOSHIMOTO, 2001). 16 Com tais dificuldades, começam a ser estudadas novas formas de racionalização de água, assim para a racionalização em edifícios existem diversas técnicas distintas dentre estas, pode-se ressaltar: - A conscientização dos moradores em relação à importância do uso racional de água; - Reuso de águas das águas cinzas para fins não potáveis; - Captação de água da chuva para uso em fins não potáveis, entre outros. Além destes, um dos métodos desenvolvido é o sistema de individualização do consumo de água predial. Com essa nova ferramenta, o consumidor paga pelo que efetivamente consome de água, estabelecendo através da tarifação, uma conscientização dos benefícios do uso racional da água. Com o intuito de evitar o desperdício de água deve-se considerar que em edifícios que utilizam o sistema de medição global existe uma dificuldade na detecção de pontos de vazamento fato este que acarretará em perdas hídricas e financeiras, em contrapartida quando se utiliza o sistema individualizado, o qual possui um hidrômetro para leitura referente a cada unidade, a identificação do problema levará um tempo reduzido, evitando maiores prejuízos. 17 2 OBJETIVOS Individualização do consumo de água, utilizada com o objetivo de racionalização da água, evitando todas as formas de desperdício deste recurso. 2.1 Objetivo Geral O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo sobre o sistema de individualização do consumo de água predial, como uma ferramenta que possibilita uma racionalização do consumo de água, o qual é de fundamental importância a fim de se minimizar a crescente escassez de água. 2.2 Objetivo Específico Este trabalho tem por objetivos específicos, relatar alguns benefícios resultantes da implantação do sistema de individualização do consumo de água predial tais como: - Diminuir o desperdício de água; - Redução do esgoto doméstico gerado; - Diminuir o consumo elétrico; - Cobrança justa do gasto de água, financeiramente o usuário (proprietário); - Redução do índice de inadimplência. e conseqüentemente beneficiando 18 3 MÉTODO DE TRABALHO No decorrer do corpo do trabalho de conclusão de curso, foram realizadas várias pesquisas e visitas para alcançar os resultados do tópico. Este trabalho foi executado com base em referências bibliográficas de livros, pesquisas em sites confiáveis (Internet), relatos de funcionários que trabalham na área, visitas técnicas em obras onde foi empregado o sistema, onde foram observados alguns dados mais comuns de interferências na instalação. Encontros com profissionais qualificados da área para adquirir informações sobre os prós e contras que envolvem a instalação do sistema, como também a busca de informações nas legislações que estão relacionadas com a implantação deste sistema. 19 4 JUSTIFICATIVA O aumento na demanda populacional associado à forma errônea na distribuição de água trouxe a necessidade do desenvolvimento de alguns métodos, a fim de economizar o consumo de água, porém muitos são os condomínios que ainda utilizam o sistema de medição global, no qual a cobrança do consumo mensal de água ocorre através da mensuração do gasto total, ou seja, referente às unidades e áreas comuns da edificação, levando então a unificação na tarifa condominial, sendo esta cobrada de maneira injusta através da divisão do valor total entre os condôminos. Para tal, foi empregado em algumas edificações o sistema de individualização do consumo de água predial, visto que diversas são as vantagens da implantação deste sistema, pois, sabe-se que a individualização não apenas contribui com a diminuição do consumo de água e conseqüentemente com menores gastos financeiros, mas principalmente com a conscientização dos beneficiados em relação à questão do não desperdício de água. 20 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 Situação Hídrica Mundo: A secretaria de recursos hídricos do ministério do meio ambiente relata que, população mundial aumentou em 3 vezes durante o século XX, o volume de água utilizado aumento em 6 a 7 vezes. A população deve aumentar de 6 para 9 bilhões de pessoas até 2050 - Cerca de 1 bilhão de pessoas em todo mundo não possuem acesso a água potável. - A ONU aponta que nos próximos 25 anos 2,7 bilhões de pessoas poderão viver em regiões de seca crônica. - Cerca de 1,7 bilhões de pessoas convivem com estrutura de saneamento básico inadequada. - Mais de 3 milhões de pessoas por ano, na maioria criança, morrem de doença de veiculação hídrica. - O uso da água poluída é responsável pela transmissão de doenças a mais de 1 bilhão de pessoas por ano. Reservas hídricas no Brasil: - Maior reserva hídrica do planeta. - Possui 13% dos recursos hídricos totais do planeta – 5.732,4 Km³/ano 5.2 Sistemas de suprimento de água predial Considerando a captação de água através da rede pública, pode-se definir o sistema de suprimento de água em: abastecimento, reserva, distribuição e medição (TAMAKI; GONÇALVES, 2004). 21 5.2.1 Abastecimento O sistema de abastecimento predial é responsável pela condução da água da rede pública até o sistema de reserva (quando utilizado) ou diretamente à rede de distribuição predial (colunas, ramais e sub-ramais). É constituído pelas seguintes partes: - Ramal predial ou Ramal externo, este é o trecho percorrido pela água entre a rede publica até o aparelho medidor (hidrômetro). - Ramal interno de alimentação ou Alimentador predial, este é o trecho entre o aparelho medidor (Hidrômetro), até a primeira válvula de flutuador, localizada na entrada de um reservatório. O sistema de abastecimento pode ser classificado em direto e indireto (TAMAKI; GONÇALVES, 2004). 22 5.2.1.1 Sistema de abastecimento direto Neste sistema a água é conduzida da rede pública diretamente à rede de distribuição predial que atende aos pontos de consumo (vasos sanitários, pias, lavatórios, chuveiros, e etc). Neste caso, a própria pressão de água da rede pública pode ser utilizada para atender aos pontos de consumo, conforme ilustra a figura 1. As concessionárias de abastecimento público devem entregar água tratada nos pontos de entrada dos ramais prediais com pressão mínima em torno de 10 mH2O, o que significa que este sistema possui um limite para utilização em edifícios de aproximadamente 3 andares ou menos (dependendo da distribuição das perdas de carga), pois em cada ponto de consumo dentro de um apartamento, deve-se chegar com pressão dinâmica mínima de pelo menos 0,5 mH2O. Alguns aparelhos, como o chuveiro, precisam de pelo menos 2 mH2O no ponto de consumo, o que torna a utilização deste sistema ainda mais complicada. Além disso, existe ainda o problema do sistema direto não possuir nenhum tipo de proteção contra falta de abastecimento público, ou seja, no caso de falta de água na rede pública o sistema predial também fica sem distribuição. Figura1: Sistema direto sem bombeamento Fonte: llha; Gonçalves (1994) 23 Uma alternativa para o sistema direto é o sistema bombeado. Neste caso, pode-se garantir através do uso de bombas hidráulicas uma pressão dinâmica adequada aos pontos de consumo (Figura 2). Vale destacar, que da mesma forma que o sistema direto sem bombeamento (Figura 1), este também não possui nenhuma proteção contra a falta de água na rede pública (TAMAKI; GONÇALVES, 2004; MARRACCINI, 2008). Figura 2: Sistema direto com bombeamento; B= bomba Fonte: llha; Gonçalves (1994) 5.2.1.2 Sistema indireto de abastecimento O sistema indireto de abastecimento é aquele que utiliza um ou mais reservatórios (caixas d’água) entre a alimentação predial e o sistema de distribuição. Os reservatórios tem a função de garantir uma maior confiabilidade no fornecimento de água, sendo dimensionados para armazenar a água equivalente ao consumo total de água de um edifício entre 1 a 3 dias. Isto significa que, em caso de falta de abastecimento público de água que dure entre 1 a 3 dias, o edifício não teria seu uso de água tratada comprometido. Além disso, os reservatórios permitem o melhor controle das pressões e vazões no sistema de distribuição predial, não ficando tão 24 suscetível às variações de pressão da rede pública. Nos sistemas indiretos, os pontos de consumo são atendidos por gravidade e a pressão em cada ponto de consumo fica vinculada fundamentalmente ao nível d’água do reservatório superior. Os sistemas indiretos podem ser dotados exclusivamente de reservatórios superiores (RS), que podem ser abastecidos diretamente pelo alimentador predial, utilizando-se para isto da própria pressão da água da rua (sistema indireto com RS sem bombeamento, conforme ilustra a Figura 3), ficando este modelo limitado ao número de pavimentos do edifício. Uma alternativa é utilizar um sistema elevatório para alimentar o reservatório superior (Figura 4). Figura 3: Sistema indireto RS sem bombeamento Fonte: llha; Gonçalves (1994) 25 Figura 4: Sistema indireto RS Bombeado Fonte: llha; Gonçalves (1994) O uso do sistema indireto com uso exclusivo de reservatório elevado apresenta o inconveniente em edifícios de maior porte por resultar em grande volume a ser reservado na parte superior do edifício, o que encarece as obras de infra-estrutura em função das dimensões e peso do RS. Por este motivo, é muito comum nos edifícios de médio a grande porte a adoção do sistema de abastecimento indireto com uso de reservatórios inferior (RI) e superior (RS). Neste caso, o RI tem a função de armazenar a maior parte do volume do consumo predial (equivalente ao consumo de 1 a 3 dias), de acordo com a norma pelo menos 60%, e o RS tem a função de armazenar o restante, além de garantir a distribuição de água aos pontos de consumo exclusivamente por gravidade (TAMAKI; GONÇALVES, 2004; MARRACCINI, 2008). No sistema indireto RI-RS a água é transportada do RI para o RS por um sistema elevatório que pode trabalhar apenas algumas horas durante o dia, conforme ilustra a figura 5. 26 Figura 5: Sistema RI-RS Fonte: llha; Gonçalves (1994) 5.2.2 Distribuição Segundo Tamaki e Gonçalves (2004), entende-se por distribuição desde o ponto no qual a água deixa o reservatório até os seus devidos pontos de consumo, sendo estes compostos quase sempre pelo barrilete e pelas colunas com seus ramais e sub-ramais. Os pontos de consumo são: as torneiras, chuveiros, filtros, máquinas, bacias sanitárias, etc. Outros componentes do sistema de distribuição de água são os tubos e conexões, bem como as válvulas, utilizadas em materiais e tamanhos diferentes. 5.2.3 Medição Conforme Tamaki e Gonçalves (2004), o sistema de medição é constituído principalmente pelo hidrômetro, tendo como seu objetivo medir a quantidade de água consumida, havendo neste sistema diferentes maneiras de medição, como por exemplo, o sistema de medição individualizada do consumo de água predial, onde há um hidrômetro para cada unidade. 27 5.2.3.1 Hidrômetro Conhecido como relógio, o hidrômetro é um equipamento que faz a medição do consumo de água (apuração), a água chega da tubulação, entra no cavalete, passa por dentro do medidor e chega ao encanamento do imóvel. Figura 6: Hidrômetro Fonte: Copasa, 2009 28 5.3 Individualização do consumo de Água Figura 7: sistema de individualização do consumo de água predial Fonte: esquema cedido por Paulo Pantaleão (2007) O sistema de individualização do consumo de água predial (Figura 5) é utilizado como uma ferramenta, para que haja um racionamento no consumo de água, visto que este recurso atualmente encontra-se escasso. A implantação deste método é realizada, através da utilização de uma prumada independente para cada unidade na edificação, na qual os hidrômetros estão instalados para a leitura do consumo individual. 5.4 Principais motivos para instalação do sistema. Os principais motivos para decisão da implantação do sistema de individualização de água são: - Necessidade de incentivar a redução do consumo de água, para que haja um racionamento deste recurso, que vem se tornando escasso; 29 - Diminuição de inadimplência por parte dos condôminos. Em geral, a instalação deste sistema é solicitada pelos próprios condôminos que tem a preocupação com o gasto de água. 5.5 Surgimento do sistema Este sistema há algum tempo, já vem sendo amplamente utilizado em outros países, visto que estes lugares também apresentam alguns transtornos com a quantidade de água potável disponível, não sendo este apenas um problema de esfera nacional, mas sim uma questão de âmbito mundial. Países como a Alemanha, Portugal, França e Colômbia utilizam o sistema de individualização em seus edifícios há algumas décadas. No Brasil, este sistema vem sendo muito apoiado e utilizado nas grandes metrópoles, caso de Recife, Vitoria, Belém, São Paulo e Palmas. O sistema de individualização possui um grande incentivo e apoio da ANA – AGENCIA NACIONAL DAS AGUAS, que investe no desenvolvimento de muitos projetos de leis para que se torne obrigatório o uso do sistema de individualização de água nos novos edifícios (COELHO, 2004). Cronograma histórico da instalação do sistema de individualização do consumo de água predial no Brasil. ● 1976/1977 - a Sabesp desenvolveu com IPT e apoio da Escola Politécnica (PoliUSP), estudo para quantificar condomínios com sistema de medição individualizada de água, outros estudos como este também foram realizados na década de 80 e no início de 90. ● 1980 - neste ano foi constatado cerca de 2880 apartamentos com o sistema de medição individualizada. ● 1998 - foi estabelecida e aprovada a Lei Municipal nº 12.638, onde constava uma previsão para os edifícios da cidade de São Paulo, para a o sistema de medição 30 individualizada. Nesse mesmo período ocorreu a aprovação dos mesmos decretos. ● 2003 - surgiu o Projeto de Lei Federal nº 787, o qual constava que a cobrança do consumo de água de uma edificação passasse a ser individualizada para cada unidade, não podendo mais haver o rateio entre os condôminos no consumo deste recurso. ● 2004 – encontro promovido pela CAESB/Brasília, na sede da ANA: apresentações e debates sobre o tema: medição individualizada. ● 2005 - recentemente a elaboração da Lei nº 14.018, de 28 de Junho de 2005, a qual institui o “Programa Municipal de Conservação e uso Racional da Água em Edificações”. 5.6 Dimensionamento do sistema Após todas as coletas de dados sobre a edificação a ser instalado o sistema, o responsável irá elaborar o projeto onde se enquadre o melhor local de descida, para a nova coluna de distribuição e calcular o novo dimensionamento. 5.6.1 Vazão do dimensionamento do barrilete e das colunas Tendo em vista a conveniência, sob o ponto de vista econômico do dimensionamento trecho por trecho da rede de distribuição de água, deve ser previsto este processo. As vazões trecho por trecho da rede de distribuição são determinada segundo a expressão: Q = C√ ∑ P, definida a partir de pesos atribuídos aos diversos pontos de utilização conforme tabela 1. Onde: Q – em litros por segundo, C – coeficiente de descarga (0,30 litros por segundo) e P – soma dos pesos correspondentes a todas as peças de utilização, alimentadas. 31 5.6.2 Vazões de dimensionamento dos ramais e sub-ramais Devem ser feitas trecho a trecho com base nos valores indicados na tabela 1 5.6.3 Vazões de dimensionamento do reservatório superior Este aspecto refere-se a novas construções, no entanto repetiremos que: o reservatório superior deve ter capacidade como regulador da distribuição. È alimentado regularmente pela instalação elevatória ou diretamente pelo alimentador predial, devendo atender as demandas variáveis da distribuição. As vazões de projetos que devem ser consideradas no dimensionamento do reservatório superior são: a) vazão de dimensionamento da instalação elevatória; b) vazão de dimensionamento do barrilete e das colunas de distribuição 5.6.4 Vazão nos pontos de utilização As vazões nos pontos de utilização a considerar o projeto de reforma das instalações prediais para o dimensionamento dos ramais prediais são as consideradas na NBR 5626 as quais estão apresentadas na tabela 1. Nesta tabela observa-se a magnitude de consumo de algumas peças como é o caso da válvula de descarga com vazão de 1.9 litros por segundo o que levaria a uma vazão horária a 6 metros cúbicos. Isto significaria a seleção de um hidrômetro de capacidade máxima de 20 metros cúbicos por hora, o que na pratica é inadequado. Pois além da dificuldade de embutir o hidrômetro na parede, pelo seu grande tamanho, a vazão mínima desse medidor classe metrológica B seria de 400 litros por hora, ou seja, as vazões inferiores a este valor não seriam registradas com precisão. 32 5.6.5 Dimensionamento das colunas e ramais y Limite de pressões na rede de distribuição predial de água O dimensionamento da rede de distribuição predial de água fria deve ser feito de modo que as pressões estáticas e dinâmicas, em qualquer ponto, situem-se neste campo de variação • Pressão estática máxima 40 metros de coluna de água • Pressão dinâmica mínima 2,5 metros de coluna de água A fixação da pressão mínima de 2,5 metros de coluna de água e não o 0,5 como fixa a NBR 5626, deve-se ao acréscimo da perda de pressão pela perda de pressão no hidrômetro, considerando-se a vazão nominal. y Pressão nos pontos de distribuição Devem-se utilizar as pressões dinâmicas e estáticas nos pontos de utilização estabelecidas na NBR 5626. y Velocidade A velocidade máxima nas tubulações não deve ultrapassar o valor de 2,5 m/s, de forma a evitar ruídos que possam perturbar o sono das pessoas. 5.7 Instalação do sistema Após a análise é realizado um estudo para a execução da coluna de descida d’água da caixa d’água superior até o encontro do hidrômetro, que será instalado na entrada do ramal de alimentação. Esse estudo busca visar, a melhor solução funcional adequada ao prédio, evitando ao máximo a passagem por estruturas de concreto. 33 Para a instalação dos hidrômetros é realizado um estudo para que se possa localizar o melhor ponto para a sua aplicação, facilitando com isso a sua leitura. Os locais mais adotados por projetistas para facilitar o acesso são: y Na área comum ao lado da entrada das unidades, tendo sua caixa de proteção individual; y No pavimento Térreo (Hall); y Nas escadas em suas áreas laterais; y Na parte superior dos edifícios onde são ligados diretamente aos barriletes de alimentação. Em edificações que possuem válvulas de descargas, em sua maioria, estas são abastecidas por coluna de alimentação, nas quais o fluxo é direto da caixa d’água superior (reservatório superior), quando esta coluna é isolada junto ao fundo da caixa d’água, estas ficam inertes, isoladas e em substituição colocam-se novas bacias com caixa acoplada, sendo mais um utensílio utilizado para uma economia no consumo de água, estas sim sendo alimentada por uma tubulação de ½”, retirada de um local perto da bacia, no banheiro. Com sua coluna de distribuição definida, o passo a seguir é realizar um estudo sobre o trajeto do ramal de alimentação, para estabelecer a alimentação dos pontos que serão utilizados. Após as modificações executadas, já ocorreram relatos que houve um aumento de pressão nos pontos de utilização. Na maioria das vezes isto ocorreu em edificações acima de 10 anos, onde havia tubos e conexões de ferro galvanizado que estavam parcialmente obstruídos. 34 Durante a sua execução pode ocorrer problemas de pressão nas partes de consumo do ultimo andar da edificação. Neste caso, deve se providenciar um dimensionamento adequado das tubulações de tal forma a atender os pontos críticos. “Considerando o fator de perda de carga as vezes é necessário fazer uma coluna de alimentação independente para o ultimo andar, ou seja, o pavimento mais próximo da caixa d’água superior” (COELHO, 2004). Em alguns casos pode haver a necessidade de instalação de equipamento para pressurizar o ramal de alimentação das unidades superiores da edificação, devido à altura do reservatório superior (Barrilete). No estudo do novo projeto, buscando o melhor caminho para a tubulação, considerado os seguintes aspectos: diminuição dos custos; menor transtorno aos usuários; melhor estética e menor perda de carga (COELHO, 2004). Tabela 1 – Tabela de vazões e pesos relativos Fonte: Arantes, 2002. 35 5.8 Passos para implantação do sistema O sistema de individualização de água é desejado pela maioria dos condôminos de edificações. Porém muitos acreditam que este tipo de instalação só é possível em novas edificações. Atualmente onde se conhece a técnica adequada para a sua instalação, é possível se dizer que qualquer tipo de edificação, desde antigas a novas, tem condição de executar a sua implantação. Sendo que em algumas edificações mais antigas aproveita-se a oportunidade para trocar todas as tubulações, pois em muitos casos o tempo de vida útil das instalações hidráulicas já espirou. Segundo Coelho, (2004), tal instalação segue os seguintes passos: y Convocação de uma Assembléia de Condomínio; É convocada uma reunião de condomínio, pois perante a Lei, é necessária a aprovação de no mínimo dois terços dos proprietários, através de um abaixo assinado. y Avaliar as opções e a escolha de uma empresa que irá executar o serviço de implantação do método; Será realizada a escolha da empresa instaladora, pois há a necessidade de avaliação do projeto para tal edificação, tendo a certeza de uma boa mão de obra. Neste tipo de instalação não pode apenas ser avaliada e escolhida à empresa pelo seu preço. Deverá ser avaliado o tempo, dinheiro, estética e conforto para os condôminos. y A empresa escolhida inicia com sua proposta de projetos, técnicas e de orçamento; Na maioria das situações são selecionadas de 2 a 3 empresas, para que se possa fazer a avaliação e a concorrência entre elas. 36 y Nova assembléia para discutir a alternativa mais conveniente para sua edificação; Novamente é convocada outra assembléia de condomínio, para que entre as empresas selecionadas possa ser escolhida a prestadora de serviço que melhor ira atender. y Execução da obra; Esta é a parte mais delicada do processo, a qual deve ser realizada com o mínimo de transtorno necessário para os condôminos, levando em consideração o máximo de cuidado possível, para que não haja nem um tipo de interferência com a estrutura da edificação, utilizando as técnicas necessárias, para evitar qualquer tipo de interferência. y Instalação dos Hidrômetros; Após toda a reforma executada, os hidrômetros poderão ser instalados. Onde este será executado sua instalação por parte do condômino ou por parte da empresa concessionária de água, conforme o modelo de individualização adotado pela edificação. y Estudo para ser desenvolvido o modelo de cobrança individualizada; Será desenvolvido o sistema do modelo de cobrança, conforme as suas rotinas: Emitindo as contas pelo condomínio; Emitindo as contas pela concessionária de água; Emitindo as contas pela prestadora de serviço; 37 y Cadastrar os hidrômetros de cada apartamento, para que possa haver o processo de fatura; Após a escolha mais apropriada para a emissão das contas, será realizado um cadastramento dos hidrômetros individuais, associando a leitura com o hidrômetro mestre, geralmente instalado na entrada do edifício. y Estudar as leis e normas, para o faturamento e arrecadação dos procedimentos relativos do sistema; y Modificar com a empresa que presta serviços de água o regulamento; Quando for absorvida pela empresa concessionária de serviço a medição individualizada, esta terá que mudar a relação entre a empresa de água e o usuário (COELHO, 2004). 38 6. ESTUDO DE CASO Obra: Condomínio Santa Teresa Cidade: Campinas O gráfico 1 ilustra o consumo diário de água das principais cidades de são Paulo, onde a cidade de Campinas tem um consumo acima da média (litros/habitantes/dia), dado coletado no ano de 2003. Estado de São Paulo: 300L/Hab/dia Campinas: 360L/Hab/dia Gráfico 1 – Consumo diário de litros por habitantes por dia Fonte: Argisocial. 6.1 Cálculos para instalação Foi desenvolvida a individualização do consumo de água, para que houvesse uma melhor cobrança da tarifa, sendo realizado o calculo com base nos dados e peças que estavam em utilização no projeto inicial da edificação. 39 Tabela 2 – Relação de peças e peso relativo em utilização Peso Aparelho Sanitário Peça de Utilização relativo Bacia Sanitária Caixa de Descarga 0,3 Chuveiro Elétrico Registro de Pressão 0,5 Lavadora de Roupas Registro de Pressão 0,1 Lavatório Torneira ou Misturador (água fria) 0,3 Pia Torneira ou Misturador (água fria) 0,7 Tanque Torneira 0,7 Soma Total dos Pesos 2,6 Fonte: Cedido por Paulo Pantaleão (2007) Tubulação adotada no PHSC: Tubo Soldável 25mm para alimentação nos Apartamentos. Tubo Soldável 50mm para alimentação hidrômetros individuais. Tabela 3 – Cálculo de perda de carga RELAÇÃO CONEXÕES UTILIZADAS Tipo de Conexão Qte. Valor Total Perda Carga Joelho Soldável 90° - 25mm 3 4,5 Registro de gaveta Modelo Europa - DOCOL - 3/4" 3 0,6 Tê de redução 90° Soldável - 50mm x 25mm 1 2,4 Somatória Fonte: Cedido por Paulo Pantaleão (2007) Vazão mínima encontrada: 0,8litros/segundo ou 48litros/hora 7,5 40 6.1.1 Hidrômetros a serem utilizados: Hidrômetros Individuais: Vazão Máxima – Qmáx 5,0m³/h Vazão Nominal – Qn 2,5m³/h Vazão Mínima – Qmín 50l/h Hidrômetro Principal: (Manter o Existente): Vazão Máxima – Qmáx 3,0m³/h Vazão Nominal – Qn 1,5m³/h Vazão Mínima – Qmín 30l/h 41 6.2 Dimensionamento – projeto hidráulico sanitário complementar Projeto e dimensionamento das novas tubulações, realizado para a instalação das novas prumadas com o sistema de individualização desenvolvido, conforme figura 8, planta do pavimento tipo, podendo ser observada as novas prumadas contando com o novo sistema de individualização de água PLANTA APTO. TIPO - (MEIO) PLANTA APTO. TIPO - (PONTA) LEGENDA: LEGENDA: Figura 8: Planta pavimento tipo Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) 42 Planta baixa do térreo (figura 9), mostrando com clareza a localização dos hidrometros individuais a serem instalados. PLANTA PAVIMENTO TÉRREO VER DET. 2 - REMANEJAMENTO HIDRÔMETRO PRINCIPAL Figura 9: planta do pavimento térreo Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) Figura 10, planta da cobertura com a definição do diâmetro da prumada que vem direto do reservatório superior. PLANTA DA COBERTURA Figura 10: planta do pavimento térreo Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) 43 Detalhamento da caixa de hidrômetro figura 11, feita de alvenaria para a proteção dos hidrômetros individuais, mostrando a prumada que chega do reservatório superior passa pelos hidrômetros individuais e seguem para a prumadas individuais de cada unidade, também podendo ser observado o diâmetro das tubulações que compõe o hidrômetro, e a identificação da sua respectiva unidade. VER DET. 1 DETALHES TUBULAÇÃO DE ALIMENTAÇÃO CORTE - AA DET. CAIXA DE HIDRÔMETROS EM ALVENARIA Figura 11: planta da caixa de hidrômetros e dos hidrômetros Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) 44 Detalhamento das peças necessárias para a instalação de cada hidrômetro individual conforme a figura 12. DET. 1 Figura 12: detalhamento do hidrômetro Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) Figura 13, determinado o local proposto para o hidrômetro principal de captação de água para o condomínio. DET. 2 - PLANTA LOCAL PROPOSTO HIDR. PRINCIPAL Figura 13: planta do hidrômetro principal Fonte: Projeto cedido por Paulo Pantaleão (2008) 45 6.3 Laudo análise projeto hidráulico sanitário complementar (SANASA) Após todos os cálculos realizados, os dimensionamentos e projetos de hidráulica executados, foi enviado um ofício para a (SANASA), pedindo o laudo de analise de projeto das instalações, para a liberação da obra. Após laudo enviado, este foi aprovado para a execução (anexo A). 6.4 Execução da obra A obra era constituída inicialmente de um projeto hidráulico onde neste havia apenas 1 prumada de distribuição de água. Conforme figura a seguir: Figura 15: distribuição da alimentação Fonte: esquema cedido por Paulo Pantaleão (2007) 46 Após identificada a necessidade da instalação de prumadas auxiliares e independentes para cada uma das unidades no conjunto, foi desenvolvido um novo projeto hidráulico para realizar a individualização do consumo de água. Conforme figura: Figura 16: sistema de individualização do consumo de água predial Fonte: esquema cedido por Paulo Pantaleão (2007) Foi instalado uma prumada de água única descendo do reservatório superior até o térreo da edificação conforme figura 17, onde neste foi instalado os hidrômetros individuais para cada unidade. 47 Saindo dos hidrômetros individuais, um ramal anexo a prumada para cada uma das unidades. Figura 17: Hidrômetros individuais e prumadas Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) Hidrômetros individuais (figura 18), onde será realizada a leitura do consumo de água de cada unidade. Figura 18: hidrômetros individuais Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) 48 Figura 19: Prumadas Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) Com estas prumadas instaladas, começaram as obras internas dentro das unidades. Seguindo as prumadas novas, destas surgiram ramais internos em cada unidade, onde foi cancelada a antiga prumada de abastecimento de água das unidades para a nova prumada independente com o novo rama (figura 19)l, sendo conectado ao seu registro, conforme havia em sua instalação inicial, no projeto de hidráulica. Foto ilustrando a chegada do novo ramal, onde será conectado ao antigo registro já instalado no local conforme figura 20, para que possa ser abastecido com água o banheiro da unidade, já seguindo da prumada independente de individualização. 49 Figura 20: Ramais Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) Caso bem visível o encontro entre a prumada antiga de abastecimento e a novo ramal da prumada de individualização (figura 21). Figura 21: Registro e nova instalação Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) 50 Onde ocorrerá o cancelamento da antiga prumada de abastecimento (mantendo-a no local sem utilização), para o novo abastecimento porem já individualizado o seu consumo. Após todas as instalações novas para a individualização executada, as antigas prumadas desativadas, começam os acabamentos (internos e externos). Acabamentos Externos: Calhas (figura 22) utilizadas para cobrimento estético e para proteção das prumadas externas (fachada), após sua instalação recebe o mesmo acabamento antes executado na fachada da edificação. Figura 22: Canaletas de acabamento para fachada Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) 51 Após executada as instalações das calhas de proteção e realizado o acabamento externo conforme padrão da fachada (figura 23). Figura 23: Fachada concluída Fonte: foto cedido por Paulo Pantaleão (2009) 6.5 Vistoria técnica (SANASA) Quando executada a obra e entregue, foi realizada a “Vistoria Técnica” por parte da SANASA. Com a vinda de um técnico especializado e execução, onde após a vistoria foi emitido um Laudo de Aprovação das Instalações (anexo B). 52 7 ANÁLISE DOS RESULTADOS Em função da obra Santa Teresa em Campinas, utilizada como estudo de caso, realizada pela individualizadora Ética, não estar concluída, não foi possível analisar os resultados das melhorias do consumo de água, para tal a análise dos resultados foi interpretada com base nos dados de outras obras já executadas. 7.1 Estudos pós Instalação Em estudo realizado na cidade de Recife, com 42.000 unidades com o sistema de individualização de água, nas quais foram instalados hidrômetros independentes em cada uma das unidades, conclui-se que: - A instalação do sistema em edificações antigas é possível; - Redução de 25% a 30% no consumo de água e no índice de inadimplentes; - O sistema de individualização do consumo apresentou uma grande aceitação por parte dos condôminos; - Considerável redução no consumo de energia elétrica, devido há diminuição do bombeamento de água (COELHO, 2004). 53 O gráfico 2, ilustra a redução no consumo de água após a instalação do sistema de individualização, sendo que em outubro de 2007 o mesmo não estava instalado. Foi possível observar, uma redução significante no consumo em m³ de água, com isso reduzindo o seu custo final, onde temos uma transformação para porcentagem sendo da ordem de 50% de redução do custo e da ordem de 40% de redução do volume consumido, havendo uma diferença percentual entre custo e quantidade, pois a quantidade é uma unidade definida, já o custo é uma taxa, podendo ser variado o seu valor. Esta obra foi executada pela individualizadora Ética. Gráfico 2 – Evolução na economia após a individualização Mês Outubro/2007 – Antes da individualização: 343m³ = R$ 1.052,00 Mês Março/2008 – Cinco meses pós-individualização: 204m³ = R$ 512,80 Economia em termos percentuais: m³ = 40,52% R$ = 51,25% Fonte: Gráfico cedido por Paulo Pantaleão (2008) 54 O gráfico 3 ilustra a instalação do sistema, no mês de fevereiro de 2007 no qual ainda não havia a instalação dos hidrômetros individuais, após a sua instalação foi possível observar a redução do consumo, passado o período de oito meses com o sistema de individualização, foi possível observar um aumento significante na taxa cobrada durante o mês de outubro, fato este de difícil esclarecimento, visto que a ilustração não apresenta ferramentas suficientes para a compreensão da causa deste aumento, assim pôde-se levantar algumas hipóteses, sendo sugerido apenas um aumento no valor tarifário cobrado, como também alguma taxa cobrada pela contratada para individualização, para cobrir algum furo no caixa perante a instalação, conforme tenha sido combinado em contrato. Gráfico 3 – Evolução na economia após a individualização Mês Fevereiro/2007 – Antes da individualização: 206m³ = R$ 832,80 Mês Outubro/2007 – Oito meses pós-individualização: 104m³ = Economia em termos percentuais: m³ = 49,5% R$ = 35,7% Fonte: Gráfico cedido por Paulo Pantaleão (2008) R$ 535,20 55 8 CONCLUSÕES Através do presente estudo foi possível abordar e compreender alguns assuntos referentes ao recurso mais importante para a sobrevivência humana, a água. Foi destacado em primeira instância as informações sobre o problema futuro que será enfrentado sobre a falta de água, decorrente do desequilíbrio entre disponibilidade e demanda hídrica. Através desta preocupação começam a ser desenvolvidas maneiras para que haja uma melhor distribuição e utilização da água, desta forma o presente trabalho foi realizado com o intuito de melhor abordagem referente a um método ainda pouco explorado em nosso país, favorecendo uma melhor distribuição, melhorando o consumo e reduzindo o desperdício de água em condomínios residenciais. O sistema abordado neste trabalho referiu-se ao sistema de individualização do consumo de água predial, o qual condiz com a instalação de hidrômetros individuais por unidades de uma edificação, afim de que seja cobrada uma taxa de água, apenas do valor consumido pela a sua unidade. Este sistema foi empregado para que haja uma cobrança mais justa por unidade, e com isso fazendo com que haja a conscientização dos proprietários sobre o valor preciso do seu consumo de água, assim forçando para que haja a utilização correta de água evitando cada vez mais o desperdício e conseqüentemente reduzindo a inadimplência. Em alguns casos nos quais foi empregado o sistema de individualização do consumo de água predial, pode-se observar uma redução de até 50% no consumo deste recurso, acarretando também em uma redução significativa do consumo elétrico já que reduz a quantidade de utilização de pontos abastecidos por água e energia e conseqüentemente levando a uma determinada redução no esgoto doméstico. O método utilizado, não causa danos à edificação, podendo ser instalado em 56 qualquer tipo de moradia vertical, não havendo diferença para os padrões de moradia, ou a idade da edificação. O sistema de individualização de água predial busca o menor transtorno possível para a sua implantação, visando uma obra rápida e limpa, já que na maioria das vezes a instalação é realizada em edificações já habitadas. Desta forma, conclui-se que este sistema é uma solução muito eficaz para a racionalização do consumo de água, contando com a conscientização do usuário e por conseqüência resultando na cobrança de uma taxa mais justa, visto que só é cobrado o que é consumido por cada unidade, evitando o desperdício deste recurso. 57 9 RECOMENDAÇÕES Este estudo teve o objetivo de conscientizar a racionalização do consumo de água predial, através da individualização. Através do sistema de individualização, cada unidade receberá a taxa apenas do valor consumido de água, podendo enfim evitar o desperdício, juntamente diminuindo o número de inadimplência, o consumo de energia, a taxa de esgoto sanitário. Sua instalação é recomendada em edifícios multifamiliares, que em muitos casos há diferença significativa na quantidade de pessoas moradoras por unidade, podendo ser analisado o consumo por apartamento individualmente, e sendo cobrado apenas a taxa do consumo referente a cada qual, havendo uma cobrança mais justa da taxa, não cobrada através do rateio no condomínio, com isso forçando a conscientização dos próprios moradores para uma eventual racionalização. Nos dias de hoje é muito escasso o descobrimento de novas reservas hídricas, e a quantidade de pessoas que não tem acesso a água devidamente tratada se encontra na casa de um número altamente expressivo, com isso, incentivando a descoberta de novos métodos para racionalizar o consumo de água. Este sistema de medição individualizada do consumo de água predial, pode ser desenvolvida e instalada em quaisquer tipo de edificações, não havendo discriminação da idade da construção a ser implantada. 58 REFERÊNCIAS ARANTES, G. A. L. L. Sistemas Hidro-Sanitários na Arquitetura e Urbanismo. 2002. Universidade Católica de Góias. Disponível em: <http://www2.ucg.br/arq2/aula/shau/Shau1.PDF>. Acesso em: 15 jun. 2009. COELHO, A. C. Medição de água individualizada – Manual do condomínio. Olinda, Luci Artes Gráficas: 2004, p. 15-96. ILHA, M. S. O.; GONÇALVES, O. M. Sistemas Prediais de Água Fria. 1994. 106 f. Texto Técnico do Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA ALIMENTAÇÃO FAO. Terra e Águas. Disponível em: http://www.rlc.fao.org/pr/tierra/agua07.htm>. Acesso em: 23 jun. 2009. E < TAMAKI, H. O.; GONÇALVES, O. M. A. Medição Setorizada como Instrumentos de Gestão da Demanda de Água em Sistemas Prediais – Estudo de Caso: Programa de Uso Racional na Universidade de São Paulo. 2004. 28 f. Boletim Técnico do Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. YAMADA, E. S.; PRADO, R. T. A.; IOSHIMOTO, E. Os Impactos do Sistema Individualizado de Medição de Água. 2001. 13 f. Boletim Técnico do Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. 59 Anexo A Figura 14: laudo de análise SANASA Fonte: esquema cedido por Paulo Pantaleão (2008) 60 Anexo B Figura 24: laudo de aprovação dos serviços SANASA Fonte: esquema cedido por Paulo Pantaleão (2008)