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A PERCEPÇÃO DO ALUNO DA EJA COM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DOS
JOGOS NA AULA DE MATEMÁTICA
Leonny George
Universidade do Estado da Bahia - Uneb (Campus IX)
[email protected]
Américo Júnior Nunes da Silva1
Universidade do Estado da Bahia - Uneb (Campus IX)
[email protected]
Resumo:
Esta microinvestigação versa sobre a percepção dos alunos da EJA de uma escola pública do
município de Barreiras – Bahia com relação à utilização dos jogos na aula de matemática, e
teve três momentos: num primeiro momento foi observada a sala de aula onde estes alunos
estudavam, para que se pudesse perceber qual o comportamento dos alunos e como estes
agiam perante as aulas de matemática; o segundo momento foi reservado a uma conversa com
os mesmo com o objetivo de perceber quais concepções eles tinham em relação aos jogos, e
no terceiro momento foi aplicado um jogo desenvolvido para a realidade da turma observada.
Palavras-chave: Jogos, Lúdico, Educação de Jovens e Adultos.
Objetivos
Esta microinvestigação tem um caráter qualitativo e foi realizada em uma escola da
rede pública de ensino do município de Barreiras - Bahia, à qual oferta regularmente o Ensino
Fundamental (EF) do 6º(sexto) ao 9º(nono) ano, nos turnos matutino e vespertino, e no
período noturno oferta a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) também nos anos
finais do EF.
O questionamento central da microinvestigação foi tomado durante uma observação
feita na sala de aula desta mesma turma observada, qual a percepção do aluno da EJA com
relação à utilização dos jogos na aula de matemática? De acordo com Duarte (2009) os
jogos são mal vistos pelos alunos da EJA, pelos mesmos acharem que tudo não passa de uma
brincadeira e que este tipo de atividade é uma perca de tempo. Em uma conversa com um dos
alunos o mesmo classificou uma atividade que a professora tinha aplicado em sala (atividade
que consistia em reconhecer os nomes de algumas figuras geométricas planas, apenas por uma
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Professor da Universidade do Estado da Bahia; coordena o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática e ministra a disciplina de Laboratório do Ensino de Matemática; orientador deste trabalho. 2
característica dessas figuras, que a professora ditasse), na minha primeira observação, como
uma baderna.
Espaço/Comunidade
De acordo com o PPP (Projeto Político Pedagógico) do ano de 2007 da escola, a
mesma conta com 7 (sete) salas de aula, 2 (dois) banheiros sendo um masculino e outro
feminino, 1 (uma) biblioteca, 1 (uma) cantina, direção, secretaria e coordenação e 1 (uma)
quadra poliesportiva. Porém, atualmente, uma sala de aula foi transformada em um
laboratório de informática e não foi informado no mesmo a existência de uma sala dos
professores.
Metodologia
A microinvestigação surgiu como atividade principal da disciplina de Laboratório de
Educação Matemática I oferecida na Uneb (Universidade do Estado da Bahia, campus IX,
Barreiras – Bahia), a qual tinha a proposta inicial de que os acadêmicos que estavam cursando
esta disciplina fizessem observações em uma turma do Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º
ano, para que posteriormente fosse desenvolvido um jogo ou uma sequencia didática pensada
para a realidade da turma observada.
O primeiro momento foi destinado a uma visita à escola para entrega da carta de aceite
à direção e para conhecer o prédio onde está situada a mesma. Na segunda visita à unidade
escolar, na qual conhecemos a professora que estava em exercício, foi informado à mesma
como seria o processo da microinvestigação e qual turma seria observada.
A terceira visita ficou reservada para observação da turma escolhida, que havia sido
uma turma que estava cursando 6º/7º ano do ensino fundamental II e como informado pela
professora em exercício estavam concluindo o módulo I referente ao 6º ano.
No segundo momento ocorreu a seleção de 4 (quatro) alunos da turma observada para
que pudesse ocorrer a validação do jogo sem ser necessário a aplicação dele com toda a
turma.
Foram selecionados apenas os que se interessavam em participar da atividade por
vontade própria, assim como cita Marim e Barbosa (2010) de que o professor deve tomar
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alguns cuidados ao se trabalhar com jogos, sendo um deles não tornar o jogo algo obrigatório.
Dos quatro alunos selecionados todos informaram que foram direcionados para a EJA
por puro desinteresse na época em que estudavam o ensino fundamental, destes quatro, sendo
dois homens e duas mulheres, os quais variam na faixa etária de 15-19 anos, todos afirmaram
que já estavam trabalhando, sendo que os dois homens ajudavam os pais no trabalho, uma das
mulheres trabalhava em um salão de beleza e a outra de 15 anos cuidava de uma criança
durante o dia.
Quando perguntados se os mesmos gostavam de matemática três alunos afirmaram
que não gostavam, ou achavam bastante difícil, contudo um dos alunos teve a seguinte fala:
A1: “... é difícil... mais eu acho massa.”.
Também foi perguntado a este grupo de alunos como eram as aulas das professoras e
se os mesmos gostavam dessas aulas, foram obtidas algumas respostas interessantes, com o
grupo afirmando que os professores ministravam as suas aulas sempre utilizando o quadro
negro/branco e o livro da disciplina sem recorrer a nenhum outro material para diversificarem
as suas aulas, porém o grupo respondeu que se interessavam mais por aulas deste.
Antes do terceiro momento (aplicação do jogo) foi perguntado aos mesmos se eles
gostavam de jogar/brincar e se eles já conheciam ou já ouviram falar em algum jogo
matemático, três dos quatro alunos afirmaram que gostavam de jogar quando eram crianças e
que agora gostavam de jogos virtuais e uma das mulheres afirmou que nunca gostou de
brincar.
De acordo com Marim e Barbosa (2010, p. 232) “por meio do jogo, tem-se a
possibilidade de abrir espaço para a presença do lúdico na escola, não só como sinônimo de
recreação e entretenimento, mas permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da
intuição”. Ainda segundo os autores o jogo também ajuda a diminuir bloqueios apresentados
por alguns alunos com relação ao temor à matemática.
Para Moura (2011, p. 89) “o jogo, na educação matemática, passa a ter o caráter de
material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem”, ou seja, não basta apenas
ter o jogo pelo jogo, é necessário que se tenha um planejamento de ensino para a inserção do
mesmo na sala de aula.
O jogo (Baralho de Figuras Geométricas Planas – F. G. P.) foi criado para fixação do
conteúdo apresentado em sala, e na microinvestigação foi utilizado com o intuito de perceber
qual seria a reação dos alunos perante a aplicação de um jogo matemático em sala de aula,
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desenvolvido com tais finalidades.
Imagem 01: Jogo Baralho de F.G. P.
Fonte: arquivo pessoal
Imagem 02: Jogo Baralho de F.G.P.
Fonte: arquivo pessoal
Resultados parciais
Durante a aplicação do jogo foi notado alguns comportamentos dos alunos remetentes
a empolgação, interesse e recordação do conteúdo abordado. Essa recordação do conteúdo
ficou evidente com uma fala de um dos alunos, dizendo:
A2: “Ah... esse daqui foi aquele que eu passei cola pra você!”.
Mesmo que derive de um comportamento incorreto, esta fala evidencia que os alunos
tinham que recorrer ao conteúdo estudado anteriormente para que pudessem jogar, e a
competição leva os mesmos a estarem estimulados a ganhar e não passar a resposta para o
colega, podendo tornar o jogo lúdico para os alunos.
Durante a ocorrência do jogo, os alunos se colocaram de maneira ativa, havendo uma
interação entre o grupo que estava jogando, o que se pode notar através de atitudes de ajuda
entre os mesmos, quando estes informavam aos colegas quais cartas poderiam formar o par ou
não.
Uma fala de um dos alunos que evidencia a mudança de postura do mesmo com
relação à aplicação de jogos na sala de aula foi a seguinte:
A2: “Bem que a gente poderia ter um professor assim... pra passar uns negócios desse
pra gente”.
Pelo que se pode observar do comportamento e respostas dos alunos com relação aos
jogos e as aulas que envolvem materiais didáticos, pode se notar que mesmo com a rejeição
inicial dos alunos pela preferencia de aulas tradicionais, mas se lhes forem apresentados
algumas aulas bem planejadas e organizadas trazendo alguns materiais didáticos para os
mesmos, é notório que eles mudam de opinião com relação à utilização desses materiais em
sala de aula.
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Respondendo ao nosso questionamento inicial, podemos afirmar que os alunos da EJA
envolvidos na microinvestigação não apresentam interesse por materiais didáticos, bem como
a realização de aulas ditas diferenciadas, optando pelo modelo tradicional. Não podemos
generalizar este resultado, pois como foi notado durante a aplicação do jogo, houve o
desenvolvimento do interesse dos envolvidos com a atividade proposta.
Referencial teórico
DUARTE, N. O ensino de matemática na educação de adultos. 11º ed. São Paulo: Cortês,
2009.
MARIM, V. e BARBOSA, A. C. I. Jogos Matemáticos: Uma proposta para o ensino das
operações elementares. In: OLIVEIRA, C. C. MARIM, V. (org.). Educação matemática:
Contextos e práticas docentes. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010.
MOURA, M. O. A séria busca no jogo: do lúdico na matemática.IN: Kishimoto, T. M. (org.).
Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
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