UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO ENGENHARIA AMBIENTAL
Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a
promoverem as transformações futuras”
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA REGIÃO DE
ENTORNO DO PORTO DO RIO IGUAÇU NO MUNICÍPIO DE
FOZ DO IGUAÇU-PR
ALINE MARIA BIAGI
Foz do Iguaçu - PR
2012
ALINE MARIA BIAGI
CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DA REGIÃO DE
ENTORNO DO PORTO DO RIO IGUAÇU NO MUNICÍPIO DE
FOZ DO IGUAÇU-PR.
Trabalho
Final
de
Graduação
apresentado à banca examinadora da
Faculdade Dinâmica das Cataratas
(UDC), como requisito para obtenção
do grau de Engenheiro Ambiental.
Prof(a). Orientador(a): Marlene Cristina
de Oliveira Laurindo.
Foz do Iguaçu – PR
2012
TERMO DE APROVAÇÃO
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA REGIÃO DE ENTORNO DO PORTO
DO RIO IGUAÇU NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU - PR
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL
Acadêmico(a): Aline Maria Biagi
Orientadora: Ms. Marlene Cristina de Oliveira Laurindo
Nota Final
Banca Examinadora:
Profª. Ms. Francielle Panazollo
Profª. Ms. Fernanda Rubio
Foz do Iguaçu, 22 de Novembro de 2012.
Á Valdir Biagi e Fatima Ap Dobeis Biagi,
O meu porto seguro.
AGRADECIMENTO
Agradeço ao meu pai Valdir Biagi e a minha mãe Fatima Dobeis Biagi, exemplos de
caráter e amor.
A minha orientadora Marlene Laurindo, sempre querida e paciente acreditando em
mim quando nem eu mesma acreditava.
A minha irmã Ana Claudia Biagi, parceira pra vida toda.
Aos meus amigos Rafael Fernando Castelli, Bruna Natasha, Luana Zanardini,
Andréia Alves e Berenice Benitez que de alguma forma fizeram toda a diferença
neste trabalho e na minha vida.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
Antoine Lavoisier
BIAGI,Aline Maria.Caracterização Socioambiental da Região de Entorno do Porto do
Rio Iguaçu no município de Foz do Iguaçu-PR. Foz do Iguaçu, 2012. Projeto de
Trabalho Final de Graduação - Faculdade Dinâmica de Cataratas.
RESUMO
Portos são estruturas e instalações que visam a interligação entre transporte
terrestre e aquático, gerando assim um custo menor por tonelada transportada. A
atividade portuária tem tido um crescimento considerável como forma de transporte,
apresentando um custo beneficio alto quando comparado com outros meios de
transporte, acarretando inúmeros passivos ambientais, tanto no processo de
instalação quanto no processo de operação. Considerando todos esses possíveis
impactos, foi proposto uma caracterização social com os moradores do entorno do
Porto do Rio Iguaçu, localizado no município de Foz do Iguaçu – PR, abrangendo a
região da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), objetivando conhecer a
realidade social e econômica dos moradores, assim como a opinião dos mesmos
com a ativação do porto. Os dados foram obtidos por meio de questionário,
aplicados com os moradores num raio de dois quilômetros, seguido de visita in loco
para observação de possíveis impactos existentes. Possibilitando a comunidade e
ao porto a busca por alternativas para uma gestão ambiental sustentável. O estudo
mostrou que moradores não apresentam uma relação direta com o porto, se
apresentando indiferente a instalação do mesmo. Fato justificado pelo não
funcionamento do mesmo até a presente data.
Palavras-Chave: Gestão – Navegação – Passivo ambiental.
BIAGI,Aline Maria. Environmental Characterization of the Region Surrounding of the
port of Iguassu River in the city of Foz do Iguassu-PR .Foz do Iguacu, 2012. Project
to Completion of Course Work - Faculdade Dinâmica de Cataratas.
ABSTRACT
Ports are structures and facilities aimed at the interface between terrestrial and
aquatic transport, creating a lower cost per transported ton. The port activity has
grown considerably as a form of transport, showing a high cost benefit when
compared with other means of transportation, entails numerous environmental
liabilities, both in installation and in operation process. Considering all these possible
impacts, and proposed a characterization social with residents surrounding the Port
of Iguassu River, Located in the city of Foz do Iguaçu- PR, abrangendo to the triple
border region (Brazil, Argentina and Paraguay), order to know the social and
economic reality of residents, as well as their opinion with the activation of the port.
Data were collected through a questionnaire, applied to residents within a radius of
two kilometers, followed by a in loco visit to observe existing potential impacts.
Allowing the the port community and the search for alternatives for sustainable
environmental management.The study showed that residents do not have a direct
relationship with the harbor, appearing indifferent to installing it. Fact not justified by
the same operation to date.
Keywords: Management - Navigation - Environmental Passive.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da Hidrografia do Estado do Paraná. ............................................... 18
Figura 2:Localização do porto, em relação a tríplice fronteira. .................................. 24
Figura 3:: Localização do Porto do Rio Iguaçu em relação ao ponto estratégico ...... 25
Figura 4:Resultados referente ao gênero dos entrevistados. .................................... 27
Figura 5: Resultado referente ao estado civil dos moradores. .................................. 28
Figura 6: Resultado referente ao tamanho das famílias. ........................................... 29
Figura 7: Representação da faixa etária dos moradores. .......................................... 30
Figura 8: Representação da escolaridade dos entrevistados. ................................... 30
Figura 9:Ocupações registradas ............................................................................... 31
Figura 10: Número de pessoas que trabalham por residência. ................................. 32
Figura 11: Renda familiar .......................................................................................... 33
Figura 12: Tipo de residência .................................................................................... 34
Figura 13: Tempo de moradia ................................................................................... 34
Figura 14:Distribuição do programa de auxilio familiar. ............................................. 35
Figura 15:Rede de esgoto ......................................................................................... 36
Figura 16: Destinação dos resíduos. ......................................................................... 37
Figura 17:Opnião da população em relação ao Porto do Rio Iguaçu ........................ 38
Figura 18: Problemas gerados pelo porto. ................................................................ 39
Figura 19: Utilidade do Rio Iguaçu ............................................................................ 40
Figura 20:Problemas ambientais da região. .............................................................. 41
Figura 21 Expectativa em relação ao funcionamento do porto.................................. 42
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................12
2 REFERENCIALTEÓRICO................................................................................13
2.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIAL........................................................................13
2.2 CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA...............................................................14
2.3 GESTÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA..........................................................15
2.4 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO IGUAÇU.......................................17
2.5 TRANSPORTE AQUIVIÁRIO.........................................................................18
2.5.1 Caracteristicas de Navegação.................................................................19
2.6 ATIVIDADE PORTUÁRIA..............................................................................20
2.7 IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS DE UM PORTO.............................22
2.8 IMPACTOS AMBIENTAIS POSITIVOS DE UM PORTO...............................23
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................24
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...............................................24
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................25
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................27
4.1 GÊNERO DOS ENTREVISTADOS...............................................................27
4.2 ESTADO CIVIL..............................................................................................28
4.3 TAMANHO DAS FAMILIAS...........................................................................28
4.4 FAIXA ETÁRIA DOS MORADORES.............................................................29
4.5 ESCOLARIDADE...........................................................................................30
4.6 PROFISSÃO..................................................................................................31
4.7 QUANTAS PESSOAS TRABALHAM EM CADA RESIDÊNCIA....................32
4.8 RENDA FAMILIAR.........................................................................................32
4.9 TIPO DE RESIDÊNCIA..................................................................................33
4.10 TEMPO DE MORADIA.................................................................................34
4.11 PROGRAMA FAMILIAR...............................................................................35
4.12 REDE DE ESGOTO.....................................................................................35
4.13 RESÍDUOS..................................................................................................36
4.14 BENEFICIO DO PORTO..............................................................................37
11
4.15 PROBLEMAS GERADOS PELO PORTO...................................................38
4.16 UTILIDADE DO RIO.....................................................................................39
4.17 PROBLEMAS AMBIENTAIS DA REGIÃO...................................................40
4.18 EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO PORTO................................................41
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................43
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................44
ANEXOS..............................................................................................................49
12
1. INTRODUÇÃO
As questões ambientais sempre estiveram na pauta das discussões,
porém nos últimos anos se tornaram mais evidentes e centradas em tópicos
específicos. Um dos tópicos a ser analisado dentro das questões ambientais é a
degradação do meio natural. Devemos ressaltar a importância dos aspectos
ecológicos no contexto humano.
O presente trabalho tem como área de estudo, o entorno do porto
localizado no rio Iguaçu. Nesse entorno foram observados os impactos sócios
ambientais decorrentes da instalação do mesmo.
A caracterização socioambiental visa levantar elementos que permitem
caracterizar a situação atual do sistema, determinando indicadores ambientais que
possibilitem qualificar as fragilidades do entorno do Rio Iguaçu.
Análises de fatores condicionantes da degradação de suma importância
para o diagnóstico das modificações ambientais, levando-se em consideração as
formas de ocupação do solo e a constatação dos efeitos da degradação,
principalmente sobre os recursos hídricos.
Para caracterização dos recursos sócio ambientais do entorno do porto do
rio Iguaçu foram abordados elementos que permitiram a caracterização, através de
entrevistas com os moradores da localidade, por meio de trabalhos de campo onde
se utilizou questionamento direto e visita in locu.
A instalação do porto graneleiro na região de Foz do Iguaçu contribuirá
para o desenvolvimento da tríplice fronteira, é sabido da importância do escoamento
agrícola para a região, porém aspectos ambientais e sociais devem ser abordados
para subsidiar o manejo sustentável.
O trabalho objetivou a caracterização socioambiental do entorno do porto
graneleiro situado no rio Iguaçu.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
CARACTERIZAÇÃO SOCIAL
Cada
vez
mais
urbanizadas,
as
cidades
assumiram
um
papel
considerável no meio ambiente global, assim é indispensável reconhecer os
problemas urbanos a fim de desempenhar a preservação dos ecossistemas, e de
estabelecer debates sobre o tema (RIBEIRO, 2010). Entender os problemas do
lugar a partir da percepção dos moradores é compreender a dinâmica desse espaço,
e este entendimento possibilita a construção de propostas alternativas para a
solução de problemas e, uma postura de mudança no que compete às políticas
públicas no nível de organização e instrução dos moradores para a preservação
ambiental e melhor qualidade de vida (OLIVEIRA, 2009).
O desenvolvimento econômico e social pode ser observado pela
avaliação de seus indicadores, e no âmbito dos usos e impactos dos recursos
hídricos observa-se que o problema fundamental está relacionado com a falta de
esgotos, contaminação pluvial e industrial (TUCCI, 2004). Tais fatores são de
extrema importância, já que sinalizam a capacidade e o vigor da sociedade em
organizar-se e articular-se com o poder público, no sentido de empreender o próprio
futuro, explorando o ambiente físico, socioeconômico e cultural de seu território, de
forma produtiva e consciente (ABREU et al., 2011).
Levantamentos da situação socioambiental são aplicados, do qual
analisam-se aspectos como o número de habitantes por residência,
índice de
emprego fixo, setores que deveriam ocorrer mudanças, destinação dos resíduos
produzidos e renda mensal como em estudo realizado por Silva, (2010). Um sistema
de coleta de lixo eficiente se faz necessário para atender toda uma população, o
depósito de lixo em terreno baldio nos rios, pode ser ocasionado, pela falta de
informação dos moradores a respeito dos problemas ambientais e de saúde pública
(COZER, 2010).
A escolaridade é um fator que afeta o grau de participação em atividades
políticas e sociais, com o aumento de número de anos de estudo cresce
14
gradativamente e regularmente a proporção de pessoas que participa destas
atividades (IBGE, 2012).
A ação do homem sobre a natureza gera efeitos contínuos e
acumulativos, surgindo assim problemas entre a sociedade e o meio natural
(AZEVEDO et al., 2005). A qualidade e a quantidade das águas são reflexos das
atividades humanas existentes na bacia; a forma de uso, tipos de solo e relevo, a
vegetação local existente, o desmatamento, e a presença de cidades exercem
grande pressão sobre os recursos naturais (SEMA, 2003). O esgoto, além de causar
mau cheiro, favorece a criação de diversos insetos. A situação ainda é pior quando é
jogado diretamente nos cursos d’água, prejudicando a qualidade da mesma e
enviabilizando seu consumo (COZER, 2010).
Para se compreender melhor o
problema de forma mais abrangente, deve ser considerado também as relações
existentes entre a poluição ambiental e a sociedade (SILVA, 2009).
Uma instalação portuária ocupa geralmente grandes superfícies, nesse
sentido, uma instalação portuária significa sempre um considerável impacto sobre a
paisagem natural existente (DIAS et al., 2008).
As demandas ambientais sobre o sistema portuário são imensas, devido a
passivos herdados (ambientais, culturais, estruturais) e de ativos continuamente
criados (LEITE et al., 2011). O estudo socioeconômico efetua uma análise sobre o
problema de poluição e degradação ambiental e não deve ser realizado apenas sob
o aspecto do meio ambiente, mas envolvendo a população lindeira no contexto
(SILVA, 2009).
2.2.
CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA
A dinâmica demográfica e social está intimamente relacionada com a
economia local, a qual está ligada aos recursos da região, além dos serviços
públicos e privados, de apoio a comunidade residente, a caracterização da
população, a análise genérica da atividade econômica (população ativa e empregos)
(REBELO et al., 2001).
15
As formas de ocupação organizam-se hierarquicamente pela condição
econômica dos atores (OLIVEIRA, 2009). Os estudos socioeconômicos baseiam-se
no levantamento de dados secundários, com objetivo de traçar um mini-quadro
descritivo da realidade social e econômica do bairro onde foram concentrados os
estudos (COZER, 2010).
As novas tecnologias provocaram o desaparecimento de várias categorias
de ocupação, o setor de serviços que absorvia mão de obra liberada na indústria
também está sendo invadido por novas tecnologias e , por isso não conseguem
gerar novos postos de trabalho em quantidade suficientes para impedir o
crescimento do desemprego (IBGE, 2012).
Mudanças na economia globalizada sugerem que as práticas e demandas
da sociedade sejam repensadas, buscando-se novas alternativas sociais e
econômicas que viabilizem o desenvolvimento (JUNQUEIRA, 2006). Atividades
portuárias desempenham importante papel no desenvolvimento econômico e social,
nesse contexto, é chamado “dano consentido”, que é caracterizado quando uma
atividade impactante gera um beneficio considerável (ANTAQ, 2011).
As Listagens de Controle podem ou não incluir diretrizes sobre como os
parâmetros relevantes para os impactos deverão ser mensurados, interpretados e
comparados. As listagens de controle também podem incorporar escalas de
valoração e ponderação de fatores. As listas constituem uma forma concisa e
organizada de relacionar os impactos, simples de aplicar e de exigência reduzida
quanto aos dados e informações necessários. Possuindo basicamente variações:
listagens
comparativas,
listagens
em
questionários
e
listagens
ponderais
(MARIANO, 2007).
2.3.
GESTÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA
Segundo Santana (2003) o termo bacia hidrográfica refere-se a uma
compartimentação geográfica natural delimitada por divisores de água. Esse
compartimento é drenado superficialmente por um curso d’água principal e seus
afluentes. Tucci (2007) coloca a bacia hidrográfica como um sistema físico onde a
16
entrada é o volume de água preciptado e a saída é o volume de água escoado pelo
exutório, considerando como perdas intermediárias os volumes evaporados,
transpirados e infiltrados profundamente.
Von Speerling (2006), define bacia hidrográfica como sendo uma unidade
fisiográfica, limitada por divisores topográficos, que recolhe a precipitação, age como
um reservatório de sedimentos e água, defluindo-os em uma secção fluvial única,
denominada exutório.
As características fundamentais de uma bacia são: área, comprimento de
drenagem principal, declividade. O comprimento da drenagem principal é uma
característica fundamental da bacia hidrográfica, por estar relacionado com o tempo
de viagem da água ao longo de todo o sistema (COLLISCHONN e TASSI,2008).
O Decreto n°94076, de 05 de março de 1987, expande o uso do termo
microbacia hidrográfica, que segundo este for definido como sendo uma área
drenada por um curso d’água e seus afluentes, a montante de uma determinada
seção transversal, para qual convergem as águas que drenam a área considerada
(BRASIL, 1987). A bacia hidrográfica é definida pela topografia limitando do local,
sendo que seu limite corresponde a elevações salientes que cercam a área que
contribui por gravidade para o curso de água (ZILBERMAN, 1997). O percurso da
água, geralmente segue o sentido do declive, onde cotas idênticas são
desconsideradas (RENNÓ e SOARES, 2001).
A principal unidade morfológica da bacia, em geral, são os rios no qual
interagem diretamente com a atmosfera e seu em torno, exibindo um constante
intercâmbio de energia e matéria (ZUCCARI, 2005).
Cruz (2003) explica que a bacia hidrográfica engloba todas as
modificações que venham a sofrer os recursos naturais, sendo assim, qualquer tipo
de uso de solo interfere no ciclo hidrológico, não importando o grau que esse tipo de
uso é utilizado.
Acredita-se que o conceito de microbacia esteja relacionado aos projetos
de planejamento e conservação ambiental. Além disso, é preciso reconhecer os
interesses das comunidades diretamente envolvidas nos projetos de planejamento
(GUERRA et al., 2005).
A qualidade da água é função das condições naturais e do uso e
ocupação do solo na bacia hidrográfica. Seguindo dois fatores: condições naturais
17
(referente ao contato com impurezas do solo, em função do escoamento e da
infiltração) e interferência dos seres humanos (mau uso dos recursos naturais) (VON
SPERLING, 2005). E a qualidade da água dos rios é afetada, por alterações
microclimáticas locais e regionais ou por atividades humanas, como a agricultura e o
desenvolvimento urbano, os quais alteram, por vezes, a morfologia dos rios e seu
fluxo hidráulico (ZUCCARI, 2005).
Alves (2010) coloca como fundamental a adoção da bacia hidrográfica
como unidade territorial de planejamento urbano, com a intenção de buscar
compreender os processos de uso e degradação do meio ambiente que afetam a
água de forma direta e indireta.
2.4.
CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO IGUAÇU
No estado do Paraná a bacia do Rio Iguaçu cobre uma superfície de
55.024 Km², considerando a soma das áreas do Brasil e da Argentina, a bacia do
Rio Iguaçu cobre uma superfície aproximada de 70.800 Km² (SEMA, 2003).
A região hidrografica do Paraná pode ser classificada em cinco bacias
hidrográficas: Bacia do Rio Paraná, cujos afluentes mais importantes são os rios
Piquiri e Ivaí; Bacia do Rio Paranapanema, drenada pelos rios Pirapó, Tibagi, das
Cinzas e Itararé; Bacia do Rio Ribeira do Iguape, cujas águas seguem para o rio
Ribeira do Iguape. Bacia Atlântica ou do Litoral Paranaense, cujas águas seguem
direto para o Oceano Atlântico e Bacia do ,Rio Iguaçu que tem como principais
afluentes o rio Chopim, no sul do estado, e o rio Negro, no limite com o Estado de
Santa Catarina (SANTO JUNIOR, 2007).
As altitudes na bacia do rio Iguaçu está bem marcada, com velores
superiores a 800m, de montante até a parte central dessa bacia, já a jusante os
valores não ultrapassam a 300m, podendo-se, dessa forma, observar um acentuado
declive (AZEVEDO, 2005).
A Figura 1 ilustra as regiões hidrográficas no estado do Paraná.
18
Figura 1: Mapa da Hidrografia do Estado do Paraná.
Fonte: ATLAS GEOGRÁFICO DO PARANÁ, 2007.
O Rio Iguaçu é formado pelo encontro do rio Iraí e rio Atuba na parte leste
do município de Curitiba na divisa com o município de Pinhais, originados na borda
ocidental da Serra do Mar, seguindo seu curso de 1320 Km, cruzando os três
planaltos até desaguar no Rio Paraná (SEMA, 2003). A população da bacia do rio
Iguaçu, é estimada em 3,3 milhões de habitantes, doa quais 79,4% correspondem à
população urbana (AZEVEDO et al., 2005).
2.5.
TRANSPORTE AQUIVIÁRIO
As instalações portuárias, com destaque para os portos, são estruturas
para trânsito de cargas que funcionam como interface entre os transportes marítmo
e terrestre, fazendo a ligação entre continentes e entre localidades do mesmo
continente (ANTAQ, 2011). O uso do sistema hídrico para transporte apresenta boa
economia de escala, no entanto pode apresentar impactos ambientais à medida que
altere o sistema fluvial ou apresente acidentes de transporte de material poluente
(TUCCI, 2004).
19
Cada vez mais a logística do abastecimento de insumos para o sustento e
desenvolvimento da nossa espécie enfrenta
distâncias maiores entre as áreas de
produção e as de transformação e consumo, dada a disposição geográfica
diversificada das jazidas naturais, das áreas agricultáveis, das comunidades, das
zonas industriais etc (SANTOS, 2006).
O transporte aquático compreende as ações que visam efetivar, em
condições seguras, o transbordo, a armazenagem, o transporte de mercadorias no
estado sólido, liquido, gasoso ou alimentos, no transcurso de seu translado, além do
transporte de passageiros (DIAS et al., 2008)
2.5.1.
Características de navegação
As características básicas de via navegável moderna devem ser fixadas a
partir das dimensões das embarcações-tipo adotadas para a mesma (SANTOS,
2006). Indispensáveis para um porto são: presença de profundos canais de água
(profundidade ideal varia com o calado das embarcações); proteção contra ventos e
ondas; acesso a estradas e/ou ferrovias (ALMEIDA, 2011).
Embora as vantagens do transporte fluvial, dificuldades são encontradas
no que tange a efetivação desta na região em questão, visto a existência de
barreiras de navegação praticamente intransponíveis, decorrentes da barragem de
Itaipu e das Cataratas do Iguaçu, o que fazem de Foz do Iguaçu parada obrigatória
para mercadorias transportadas neste trecho (PORTO DO RIO IGUAÇU, 2012).
Nesse
sentido
demandam
áreas
preferencialmente
abrigadas,
com
boas
profundidades, nas quais se possa realizar o transbordo e prestar outros serviços à
carga e à embarcação (ANTAQ, 2011). O tipo, o projeto e a instalação da
infraestrutura de um porto ou hidrovia dependerá das condições locais, como a
topografia, a natureza do terreno, profundidade, etc.; do tipo e da qualidade de
cargas transportadas (DIAS et al., 2008). A navegação interior no Brasil teve uma
série de dificuldades para se desenvolver, em função das condições geográficas e
topográficas locais (SANTOS, 2006).
20
Em relação à geometria do canal navegável, destacam-se: Largura
mínima do canal, profundidade mínima, área mínima da seção transversal, raios
mínimos de curvatura e sobrelargura, velocidade máxima da água, altura livre sob
pontes e sob interferências, largura de vãos navegáveis em pontes (SANTOS,
2006).
Em linhas gerais, os portos precisam de: áreas abrigadas de ventos e
correntes; profundidade ajustada; acessos terrestres e marítimos: canais de acesso,
bacias de evolução, vias de circulação; faixas de canais para atração ou estruturas
semelhantes; áreas para armazenagem horizontal e vertical, como armazéns, silos,
galpões, tanques; espaço para instalação administrativas, pátios, estacionamento e
circulação de veículos e de controle de saída e entrada (ANTAQ, 2011).
2.6.
ATIVIDADE PORTUÁRIA
Os portos são as estruturas básicas para o intercâmbio comercial, pois
são nas instalações portuárias que se desenvolvem as indispensáveis interligações
modais entre transportes terrestres e marítimos (LEITE et al., 2011). Todas as
atividades humanas de algum modo são impactantes ao meio ambiente, cabe desta
forma buscar melhores formas de gerenciar estes problemas; assim também é a
atividade portuária, onde como uma grande indústria trabalha com uma gama
ilimitada de produtos (SILVA e CYPRIANI, 2006). Sendo instalações potencialmente
poluidoras, os portos estão sujeitos ao licenciamento ambiental, estabelecidos nas
resoluções CONAMA 001 e 237. A maior parte dos portos brasileiros opera há
séculos num sistema que não contempla o impacto nos ecossistemas adjacentes
(KAPPEL, 2005).
No sistema portuário, o gerenciamento adequado de questões como
licenciamento ambiental, água de lastro (água do rio captada pelo navio para
garantir a sua segurança e operacional e estabilidade), transporte de cargas
perigosas, bem como a dragagem, e segurança operacional são essenciais à correta
operacionalização (FAVERIN, 2011). São exigidos para o sistema de gestão
ambiental a licença para operação de dragagem, gerenciamentos de resíduos
21
sólidos e efluentes, planos de emergência e prevenção de riscos além do
monitoramento ambiental (KOEHLER e ASMUS, 2010).
Os principais desafios relacionados a gestão ambiental portuária estão
relacionados com: os custos envolvidos; o fato da proteção ambiental não ser
considerada prioridade, a multiplicidade de agências responsáveis pela proteção
ambiental; e a falta de informação sobre legislação ambiental (KITZMANN e
ASMUS, 2006). Portos lidam constantemente com agências de controle: controle de
poluição, controle de desmatamento, controle de uso dos recursos naturais,
unidades de conservação terrestre e marinha, bens culturais protegidos, sistemas de
recursos hídricos, vigilância sanitária (CUNHA, 2006).
No setor portuário, a Gestão Ambiental ainda é pouco praticada, uma vez
que não existe o interesse pelo sistema portuário em estabelecer fatores
estratégicos de preservação. Com isso, o Ministério Público Brasileiro estabeleceu
um processo de reformas do segmento através da Lei nº 8.630/93, visando
modernizar os portos (RIBEIRO, 2010). Esta lei fortaleceu os portos organizados
como entidades públicas, ao manter com a organização portuária a autoridade e a
administração da atividade, consubstanciadas na autoridade portuária (pública ou
privada), desta forma a citada lei estabeleceu uma importante parceria com o setor
privado na atividade, que antes era majoritariamente pública (ANTAQ, 2011).
Os portos brasileiros se encontram atualmente em fase de regularização
junto aos órgãos ambientais, seja ele estadual ou federal (IBAMA), através da
elaboração de Estudos do Impacto Ambiental e Planos de Controle Ambiental,
Termo de Ajuste de Conduta e/ou outros mecanismos disponíveis na legislação
(KAPPEL, 2005).
A área de influência comercial do Porto do Rio Iguaçu abrange uma área
considerável no Paraná, nas regiões oeste; sudoeste; noroeste; norte com os polos
de produtores de Londrina, Maringá, Apucarana e Cornélio Procópio; centro leste,
Curitiba e Ponta Grossa; além do Mato Grosso do Sul, em especial na importação
de trigo e derivados abrange também os estados de São Paulo e Santa Catarina
(PORTO DO RIO IGUAÇU, 2012).
22
2.7.
IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS DE UM PORTO
Os sistemas aquáticos vêm sofrendo acelerada deterioração das suas
características físicas, químicas e biológicas, e essa preocupação com os recursos
hídricos se devem ao fato de tais recursos estarem ligados a impactos ambientais
como: ocupação do solo indevida, uso indiscriminado da água, construção de
barragens,
desvios
de
cursos
d’água,
erosão,
salinização,
contaminação,
impermeabilização, compactação, entre outras (ARAUJO et al., 2009).
Além de
projetos de expansão de instalações portuárias acarretarem alterações na dinâmica
costeira, introduzindo processos erosivos e alterações na linha de costa, supressão
de
ecossistemas
costeiros,
aterros,
dragagens,
alterações
na
paisagem,
comprometimento de outros usos dos recursos ambientais como turismo, pesca e
transporte local (CUNHA, 2006).
Vários impactos ambientais podem ser observados, tanto na implantação
como na operação de portos, entre eles: Degradação de ecossistemas
frágeis;
impacto das dragagens; degradação da qualidade do ar, devido a poeira e
combustão de motores; degradação da qualidade das águas devido aos derrames
de óleos, entre outros (DIAS et al., 2008).
Os prejuízos à navegação se devem principalmente à: formação de
bancos de lodo; ação agressiva das águas sobre as estruturas das embarcações;
necessidade de drenagem dos locais navegáveis, com conseqüente encarecimento
na conservação de canais e estruturas (DERISIO, 2007).
Atividades portuárias estão na origem de amplas transformações dos
ambientes, com um vasto potencial de impactos; dragagens e disposição de
materiais dragados somam-se neste rol a acidentes com derramamento de produtos,
geração de resíduos sólidos, contaminação por lavagens de embarcações e
drenagens , introdução de organismos exóticos nocivos (CUNHA, 2006).
Zonas de aquicultura costeira e fluvial podem ser prejudicadas pela
construção de portos e hidrovias, uma vez que são prejudicados espaços de cria,
além dos riscos indiretos, que são provocados pelos esgotos das instalações e/ou
embarcações das instalações portuárias, alterando a qualidade do pescado (DIAS et
al., 2008).
23
2.8.
IMPACTOS AMBIENTAIS POSITIVOS DE UM PORTO
As atividades portuárias, além de ser crucial para o equilíbrio da balança
comercial
do
Brasil
(exportação/importação),
é
o
principal
indutor
de
desenvolvimento dos municípios portuários gerando emprego e renda e que também
poderá impulsionar o desenvolvimento da pesca, do ecoturismo e das atividades de
pequenos produtores rurais (KAPPEL, 2005). O sistema marítimo mostra-se uma
alternativa, visto a quantidade reduzida de emissões de gases do efeito estufa que
gera em comparação a outros meios (FAVERIN, 2011).
Algumas das vantagens do transporte fluvial são: pequeno consumo de
combustível, o menor consumo entre modais de transporte e o menor custo de mão
de obra por tonelada transportada, baixo custo de manutenção das embarcações
(SANTOS, 2006).
A atividade portuária promove um desenvolvimento local nos seguintes
aspectos: formação e sustentação de um parque industrial, geração de postos de
trabalho diretos e indiretos, ocupação territorial, surgimento de setores econômicos
vinculados, como turismo, lazer, cultura e comércio, estabelecimento de projetos de
compensação ambiental e de recuperação das áreas degradadas (ANTAQ, 2011).
24
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O Porto do Rio Iguaçu localiza-se no município de Foz do Iguaçu, no
estado do Paraná, Brasil. Na microrregião geográfica conhecida como Três
fronteiras (Argentina, Brasil e Paraguay), que fica a 500 metros de sua foz como
mostra a Figura 2. O porto está na margem direita do rio, com as coordenadas 25º
35’ 16” S de latitude e 54º 34’ 14” de longitude (PORTO DO RIO IGUAÇU, 2012).
A Figura 2 mostra a localização do porto do rio Iguaçu na tríplice fronteira.
Figura 2:Localização do porto, em relação a tríplice fronteira.
Fonte: PORTO DO RIO IGUAÇU, 2012
O porto do rio Iguaçu é um ponto estratégico na conexão nacional dos
fluxos de cargas com destino portos da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e sul e
centro-oeste brasileiro, graças á sua vantajosa posição geográfica. Com potencial
operacional como unidade de transbordo às importações de grãos oriundas de
25
países do Mercosul. A sua capacidade mensal de operação do berço é de 60.000
(sessenta mil) toneladas e a capacidade de carregamento de caminhão varia entre
150 (cento e cinquenta) a 160 (cento e sessenta) ton./h (toneladas hora).
A Figura 3 apresenta a localização estratégica do Porto do rio Iguaçu
Figura 3:: Localização do Porto do Rio Iguaçu em relação ao ponto estratégico
Fonte: PORTO DO RIO IGUAÇU, 2012
3.2.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa teve com base a metodologia empregada por Cozer, (2010)
na qual aplicou-se questionário direcionado a população e através de diálogo
informal
efetuou-se caracterização sócio econômica dos moradores
que se
encontram uma faixa de 2 Km ao redor do porto, área de concentração das
moradias. A figura 4 mostra a visualização aérea da área em questão.
Através de visita in loco elaborou-se o questionário direcionado aos
moradores com 18 questões. Por se ter um número diminuído de moradores, o
26
questionário foi aplicado em 100% da população adulta, no dia 29 de outubro de
2012, sendo entrevistadas todas as 9 famílias que vivem no local.
As questões levantadas no questionário foram direcionadas para traçar o
perfil da população, assim como observar o grau de conscientização e conhecimento
dos principais impactos e benefícios gerado pelo porto na opinião dos moradores.
Os aspectos socioeconômicos foram abordados tendo como referência
o gênero, perfil familiar, profissão do entrevistado, renda, estado civil, quantas
pessoas residem e trabalham na casa, a faixa etária dos moradores, tipo de
residência e quanto tempo moram no local, a participação em programas de auxilio
do governo, existência de esgoto ou coleta de lixo além dos principais problemas
sócios ambientais do local, principais impactos e benefícios obtidos a partir do
funcionamento do porto, conforme questionário (Anexo 1).
A visita in loco permitiu a visualização e entendimento da relação dos
moradores com o porto.
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como colocado por Alves, (2010) é fundamental a adoção da bacia
hidrográfica como unidade territorial de planejamento urbano, intencionando
compreender processos de uso e degradação do meio ambiente.
Com base na pesquisa de campo os dados foram analisados e
apresentados na forma de gráfico, com o intuito de expressar a caracterização sócio
ambiental do porto do rio Iguaçu. Santos (2010), destaca que levantamentos da
situação socioambiental são aplicados para analisar aspectos como o número de
habitantes por residência, índice de emprego fixo, setores que devem ocorrer
mudanças, destinação dos resíduos produzidos e renda mensal.
4.1.
GÊNERO DOS ENTREVISTADOS
Cada vez mais urbanizadas, as cidades assumem um papel importante
no meio ambiente global, tornando indispensável reconhecer os problemas urbanos
a fim de desempenhar a preservação dos ecossistemas, e de estabelecer debates
sobre o tema (RIBEIRO, 2010).
A Figura 4 mostra que 89% dos entrevistados são do gênero feminino, e 11%
dos entrevistados do gênero masculino.
A Figura 4 apresenta os resultados dos gêneros levantados á campo.
Figura 4:Resultados referente ao gênero dos entrevistados.
28
A alta porcentagem do gênero feminino pode ser explicada pelo horário
de aplicação do questionário, que ocorreu em horário comercial, onde a maior parte
dos representantes do gênero masculino se encontravam fora de sua residência.
Oliveira (2009) evidência que entender os problemas do lugar a partir da percepção
dos moradores é compreender a dinâmica desse espaço, e esse entendimento
possibilita a construção de propostas alternativas para a solução de problemas e,
uma postura de mudança no que compete às políticas públicas no nível de
organização e instrução dos moradores para a preservação ambiental e melhor
qualidade de vida.
4.2. ESTADO CIVIL
A Figura 5 mostra o estado civil das pessoas entrevistadas, onde 22%
dos entrevistados são solteiros, e a grande maioria dos entrevistados encontram-se
casados (78%). Na pesquisa adotou-se a legislação da relação estável,
considerando assim os casais amasiados juntamente na porcentagem dos casados.
Figura 5: Resultado referente ao estado civil dos moradores.
4.3.
QUANTIDADE DE PESSOAS NAS FAMÍLIAS
29
A Figura 6 ilustra o tamanho das famílias que vivem no entorno do Porto
do Rio Iguaçu. Onde 22% das famílias são constituídas por duas pessoas; 11% são
constituídas por três pessoas; e a maioria dos entrevistados, 34% são constituídas
por quatro pessoas; 11% são famílias de cinco pessoas; 22% vivem em sete
pessoas em suas residências e 11% vivem em famílias com nove pessoas,
considerando que a amostra completa (100%) equivale a 40 pessoas.
Figura 6: Resultado referente ao numero de pessoas em cada família.
Silva (2009), coloca o estudo socioeconômico como uma análise sobre o
problema de poluição e degradação ambiental e não deve ser realizado apenas sob
o aspecto do meio ambiente, mas envolvendo a população lindeira no contexto.
4.4.
FAIXA ETÁRIA DOS MORADORES
A Figura 7 representa a faixa etária dos moradores de entorno do Porto
do Rio Iguaçu. Considerando idades expostas na legenda, dentro da pesquisa os
resultados foram: 3% de jovens, na idade entre 13 e 17 anos; idosos acima de 60
anos são 5% dos entrevistados; crianças com idade entre 0 e 12 anos são 32%, e
adultos representam 60% dos entrevistados, mostrando que a maioria das famílias
são representadas por adultos.
30
Figura 7: Representação da faixa etária dos moradores.
4.5.
ESCOLARIDADE
A Figura 8 compõe a escolaridade dos entrevistados. Onde 11% dos
entrevistados possuem curso superior incompleto; 45% dos entrevistados, a maioria,
possuem ensino médio completo; 22% dos entrevistados possuem ensino
fundamental incompleto e 22% possuem ensino fundamental completo,
Figura 8: Representação da escolaridade dos entrevistados.
A escolaridade é um fator que afeta o grau de participação em atividades
políticas e sociais, com o aumento de número de anos de estudo cresce
31
gradativamente e regularmente a proporção de pessoas que participam destas
atividades (IBGE, 2012).
4.6.
PROFISSÃO
A Figura 9 ilustra as ocupações encontradas nos arredores do porto.
Observou-se que os ocupações com maior incidência na área estudada, foi: do lar
(34%), seguida de cabelereira (22%), isso se deve ao resultado da Figura 4, na qual
aponta a grande maioria de entrevistados sendo gênero feminino, aposentado
(11%); atendente (11%); servidor público (11%) e diarista (11%). Esquematização
das profissões das nove pessoas entrevistadas são apresentados na Figura 9.
Figura 9: Ocupações registradas
Cozer (2010), ressalta que estudos socioeconômicos baseiam-se no
levantamento de dados secundários, com objetivo de traçar um mini-quadro
descritivo da realidade social e econômica do bairro onde foi concentrados os
estudos.
4.7.
QUANTAS PESSOAS TRABALHAM EM CADA RESIDÊNCIA
32
Nesta questão foi abortada o numero de pessoas que trabalham em cada
residência, constatando que a grande maioria dos entrevistados 56% possui duas
pessoas trabalhando em sua familia, seguido de 3 pessoas trabalhando por
residência o que corresponde a 22%, 11% indica que apenas uma pessoa trabalha,
e 11% equivale a um sistema de comunidade, no qual uma igreja evangélica reside
e aplica ensinamentos biblicos, existindo assim um fluxo contante de pessoas nesse
local. A Figura 10 mostra o número de pessoas que trabalham em cada residencia.
Figura 10: Número de pessoas que trabalham por residência.
Rebelo et al (2001), cita que a dinâmica demográfica e social está
intimamente relacionada com a economia local, a qual está aos recursos da região,
além dos serviços públicos privados, de apoio a comunidade residente, a
caracterização da população e a análise genérica da atividade econômica
(população ativa e empregos).
4.8.
RENDA FAMILIAR
Com relação a renda familiar, identificou-se que 22% ganha até um
salário mínimo, 45% das pessoas ganham de 1 a 2 salários mínimos, e 33%
33
ganham de 3 a 4 salários mínimos.
A Figura 11 expressa os valores em
percentagem da renda familiar dos entrevistados.
Figura 11: Renda familiar
Santos (2010), apresenta resultados parecidos em estudo realizado em
familias situadas na área de preservação permanente do Rio M’Boyci, na mesma
cidade , na qual 85,71% possui renda média de um a dois salários mínimos.
4.9.
TIPO DE RESIDÊNCIA
A Figura 12 mostra o tipo de residência. Onde 56% se trata de casa
cedida, e 44% são moradias própria, isso se dá a existência de algumas chácaras
naquela região.
34
Figura 12: Tipo de residência
4.10. TEMPO DE MORADIA
A Figura 13 coloca em questão o tempo em que os moradores residem
no local. Onde a maioria dos entrevistados residem no local a menos de 10 anos,
demonstrando que é uma área ainda em crescimento. Onde 22% da população vive
na região a menos de um ano, 45% dos moradores vivem nesse local de 2 a 10
anos, 22% vivem de 11 a 20 anos no local e 11% residem na região do porto a mais
de 20 anos.
Figura 13: Tempo de moradia
35
4.11. PROGRAMA FAMILIAR
A Figura 14 mostra que nenhuma família recebe qualquer programa de
auxilio familiar, isso se deve ao fato da renda familiar circular em torno de um a dois
salários mínimos como mostra a Figura 11, e a renda necessária para receber o
auxilio é bem menor.
Figura 14: Distribuição do programa de auxilio familiar.
4.12. REDE DE ESGOTO
A Figura 15 mostra que não existe rede de esgoto na região de entorno
do porto. Um problema ambiental consíderavel para a população, fazendo com que
todas as casas ainda possuam o sistema de fossa negra, sistema esse que
prejudica o lençol freático,
região.
consequentemente se tornando um passivo para a
36
Figura 15: Rede de esgoto
Cozer (2010), afirma que o esgoto, além de causar mau cheiro, favorece
a criação de diversos insetos. A situação ainda é pior quando é jogado diretamente
nos cursos d’água, prejudicando a qualidade da mesma e inviabilizando seu
consumo.
4.13. RESÍDUOS SÓLIDOS
A Figura 16 aponta para a destinação dos residuos sólidos. Onde 67% da
população tem cobertua da coleta pública, 11% queima seus residuos, 11% joga em
terreno proximo e 11% transporta para a area proxima onde a coleta pública recolhe.
37
Figura 16: Destinação dos resíduos.
Silva (2009) explica que para maior compreensão do problema ambiental
gerado um uma micro bacia, deve ser considerado também as relações existentes
entre a poluição e a sociedade. Um sistema de coleta de lixo eficiente faz-se
necessário para atender toda uma população.O depósito de lixo em terreno baldio
ou nos rios, pode ser ocasionado, pela falta de informação dos moradores
a
respeito dos problemas ambientais e de saúde pública (COZER, 2010).
4.14. BENEFÍCIO DO PORTO
A pesquisa mostra que 56% da população se apresentam indiferente a
atividade do porto, esse fato pode ser atribuído a não operação do porto, pois o
mesmo tem previsão de entrar em operação em 2013; 22% dos moradores esperam
o crescimento da região, tanto pelo início das atividades do porto, quanto pela
expectativa da construção de uma nova ponte, ligando o Brasil ao Paraguai; e 22%
acreditam que o porto vai beneficiar a cidade em relação ao número de empregos.
Dias et al (2008) diz que o transporte aquático compreende as ações que
visam efetivar, em condições seguras o transbordo, a armazenagem, o transporte de
38
mercadorias no estado liquido, sólido, gasoso ou alimentos, no transcurso de seu
translado, além do transporte de passageiros.
A Figura 17 expressa graficamente esses resultados.
Figura 17: Opinião da população em relação ao Porto do Rio Iguaçu
Segundo fonte do Porto do rio Iguaçu, (2012) o mesmo trará grande
impulso para a região tendo uma área de influência que abrange no Paraná, as
regiões oeste; sudoeste; noroeste; norte com os polos de produtores de Londrina,
Maringá, Apucarana e Cornélio Procópio; centro leste, Curitiba e Ponta Grossa; e o
Mato Grosso do Sul, em especial na importação de trigo e derivados abrange
também os estados de São Paulo e Santa Catarina.
4.15. PROBLEMAS GERADOS PELO PORTO
Leite et al (2001), diz que as demandas ambientais sobre o sistema
portuário são imensas, devido a passivos herdados (ambientais, culturais,
estruturais) e de ativos continuamente criados. Para Kitzmann e Asmus, (2006) os
principais desafios relacionados a gestão ambiental portuária estão relacionados
com: os custos envolvidos; o fato da proteção ambiental não ser considerada
39
prioridade, a multiplicidade de agências responsáveis pela proteção ambiental; e a
falta de informação sobre legislação ambiental.
A Figura 18 aponta que a população se mostra indiferente, mostrando que
os passivos ambientais que possam a vir a incomodar a população não tem gerado
desconfortos.
Figura 18: Problemas gerados pelo porto.
Segundo Dias et al (2008), vários impactos podem ser observados, tanto
na implantação como na operação de portos, entre eles: degradação de
ecossistemas frágeis, impacto de dragagens, degradação da qualidade do ar, devido
a poeira e combustão de motores, degradação da qualidade das águas devido aos
derrames de óleos, entre outros. Mas ao mesmo tempo atividades portuárias
desempenham importante papel no desenvolvimento econômico e social, nesse
contexto, é chamado “dano consentido”, que é caracterizado quando uma atividade
impactante gera um beneficio considerável (ANTAQ, 2011).
4.16. UTILIDADE DO RIO
A Figura 19 demostra como os moradores utilizam o Rio Iguaçu em seu
benefício. Cerca de 56% dos moradores não utilizam o rio, 33% utlilizam o rio como
40
lazer e 11% usam o rio para batismos, considerando que uma comunidade
evangélica reside o local.
Figura 19: Utilidade do Rio Iguaçu
Zuccari (2005), explica que a qualidade da água dos rios é afetada por
alterações microclimáticas locais e regionais ou por atividades humanas, as quais
alteram por vezes a morfologia do rio.
4.17. PROBLEMAS AMBIENTAIS DA REGIÃO
A Figura 20 demonstra que 89% da população,a maioria não encontra
nenhum passivo ambiental relevante, apenas 11% aponta a poluição dos afluentes
como um passivo relevante.
41
Figura 20 Problemas ambientais da região.
Segundo Araujo et al (2009), os sistemas aquáticos vem sofrendo
acelerada deterioração das suas caracteristicas físicas, quimicas e biológicas, essa
preocupação com os recursos hídricos se deve a fatos ligados a diversos tipos de
impactos ambientais.
4.18. EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO PORTO
A Figura 21 mostra a expectativa da população em relação ao
funcionamento do porto do Rio Iguaçu. Onde 33% possuem uma boa expectativa em
relação ao porto, 11% excelente expectativa e 56% não souberam expressar. Como
o porto não está efetivamente em funcionamento, o grande número de pessoas
indiferentes se torna aceitável.
Santo (2006), cita algumas das vantagens do transporte fluvial, entre elas
estão o pequeno consumo de combustível, o menor consumo entre modais de
transporte e o menor custo de mão de obra por tonelada transportada, baixo custo
de manutenção das embarcações. Faverin (2011), cita que no sistema portuário, o
gerenciamento adequado de questões como licenciamento ambiental, água de lastro
(água do rio captada pelo navio para garantir a sua segurança operacional e
42
estabilidade), transporte de cargas perigosas, bem como a dragagem, segurança
operacional são essenciais á correta operacionalização.
A Figura 21 mostra a expectativa dos moradores em relação ao porto do
rio Iguaçu.
Figura 21 Expectativa em relação ao funcionamento do porto.
Keehler e Asmus (2010), determinam como exigências para o sistema de
gestão ambiental a licença para operação de dragagem, gerenciamentos de
resíduos sólidos e efluentes, planos de emergência e prevenção de riscos além do
monitoramento ambiental. Cunha (2006), destaca as principais agências de controle,
entre elas: controle de poluição, controle de desmatamento, controle de uso dos
recursos naturais, unidades de conservação terrestre e marinha, bens culturais
protegidos, sistemas de recursos hídricos, vigilância sanitária, estas visadas para o
bom funcionamento do porto em questão.
43
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo mostra que boa parte da população encontra-se
indiferente ao porto, esse fato se deve pela não operação do porto no momento, já
que o mesmo só operará em 2013.
Foi possível observar que a maioria dos moradores vivem com um a dois
salários mínimos, mas não se enquadram nos padrões para receber o auxilio do
governo.
Algumas melhorias na região de entorno se mostraram necessárias, como
a implantação da rede de esgoto e coleta pública em 100% das casas.
Este estudo pode servir de base para novos estudos de caracterização
sócio ambiental, pois acredita-se que após o início da operação do porto o perfil
socioambiental do entorno irá mudar, principalmente pela geração de empregos que
atrairá mais moradores para a região, efetivando a necessidade de política de
saneamento para a região.
44
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Novembro de 2012.
em:
Acesso
<
em
07
de
49
ANEXOS
50
QUESTIONÁRIO SÓCIO-AMBIENTAL
1- Sexo?
( ) Masculino ( ) Feminino
2- Estado Civil?
( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Outros_____________________
3- Quantas pessoas residem na casa? ______ pessoas.
4- Qual a faixa etária dessas pessoas?
( ) criança ( ) adulto
( ) jovem ( ) idoso
5- Escolaridade:
( ) Não alfabetizado ( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Superior Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Superior Completo
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Outros_____________________
6- Qual sua Profissão? ____________________________________________
7 -Quantos trabalham na família
8- Renda familiar:
( ) Até 1 salário mínimo. ( ) De 3 a 4 salários mínimos.
( ) De 1 a 2 salários mínimos. ( ) Mais de 4 salários mínimos.
9- Tipo de residência:
( ) Própria ( ) Cedida
( ) Alugada ( ) Outros______________________
10- Tempo de moradia no local:
( ) Até 1 anos. ( ) De 11 a 20 anos.
( ) De 2 a 10 anos. ( ) Acima de 20 anos.
11- Participa de algum programa de auxilio na renda familiar?
( ) Não ( ) Sim. Qual?______________________________________
12- Possui rede de esgoto?
( ) Sim. ( ) Não. Destinação __________________________________
13- Onde são destinados os resíduos (lixo) da residência?
( ) Coleta pública ( ) Joga no terreno próximo
( ) joga no rio ( ) Outros _____________________
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14- Na sua opinião, qual o maior beneficio do Porto? __________________
( ) empregos ( ) crescimento da região ( ) outros
15- Na sua opinião, qual o maior problema que o porto gera? ______________
( ) ruídos e fuligem ( ) riscos de vazamentos ( )outros
16- Utilidade do rio?
( ) Não usa para nada ( ) Lazer
( ) Jogar o esgoto ( ) Outros___________________________
17- Na sua opnião, quais os principais problemas ambientais na região?
_______________________________________________________________
18- Qual a expectativa em relação ao funcionamento do porto?
( )ruim
( )boa
( )excelente
( ) não soube se expressar
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Caracterização socioambiental da região de entorno do porto