Acordar de um pesadelo Quando Valdemar era um jovem adolescente com toda a vida pela frnte, saiu um dia para procurar outro emprego porque a empresa em que ele travalhava antes tinha falido, tinha que encontrar um trabalho urgente pois ele era o filho mais velho de sua mãe que hátinha se separado de seu pai e ficado com os filhos, dez ao todo, para sustentar. Valdemar caminhava com o coração pesado de pensamentos amargos, se perguntando porque outros não melhores que ele levavam uma vida fácil, cheia de prazer e dinheiro, enquanto para ele a vida era só trabalho e dor. Preocupado com a sua situação, pois os seus irmãos eram pequenos e já estavam passando necessidades em casa. Parou numa esquina e sentou em uma pedra na beira da rua, incerto, sem saber o que fazer. Enquanto Valdemar estava lá sentado, pensando nas dificuldades que aina iria ter que enfrentar, em busca de trabalho, olhou à sua frente e percebeu que vinham dois homens: um um aaprentando ser bem jovem e o outro já de uma idade avançada. Este último estava se aproximando, mas Valdemar não deu atenção porque ele estava na beira da rua, onde é normal o tráfego de pessoas. Aquele velho homem ao passar avistou aquele jovem sentado ali e perguntou o que estava perturbando sua mente. Então, o rapaz abriu seu coração e contou a sua história: que havia trabalhado como um escravo desde quando tinha quinze anos de idade, em uma empresa madeirieira e que de repente se viu na rua, desempregado, sem saber o que fazer, procurou o gerente da empresa na tentativa de receber pelo menos um pouco de dinheiro pelo seu tempo de trabalho para se manter até encontrar um outro emprego. Mas foi humilhado e expulso do escritório pelo gerente como se fosse um cachorro: seu esforço e dedicação àquela empresa de nada adiantou. E que depois dealguns dias foi orientado por um amigo a procurar o ministério do trabalho, mas que também não adiantou de nada, fizeram pouco caso dele, não levaram em conta nem por ele ser menor de idade. Contou ao velho senhor que estavaessa era su hitória e o motivo pelo qual ele estava ali, sem saber o que fazer da vida. O velho disse a ele: - Meu rapaz, eu não tenho nada para lhe oferecer, apenas digo: faça auilo que seu coração achar melhor. Olhe à sua frente que você vai ver dois caminhos e terá que escolher entre o certo e o errado. Em seguida, o velho foi embora. A essa altura, o outro homem mais jovem já tinha se aproximado e agora falava para o jovem rapaz sentado ali na beira da rua. - Oh, meu amigo – ele disse – não se curve mais ao trabalho e a essa vida árdua: siga-me. Eu o conduzirei por um caminho onde você terá tudo o que desejar: dinheiro e mulheres, entre as mais belas que quiser. Você irá viver uma vida fácil, terá tudo que torna a vida alegre. Venha comigo e a vida será para você um sonho vívido de contentamento. Valdemar, emocionalmente abalado com toda aquela tribulação que estava acontecendo em sua vida, sem pensar resolveu seguir aquele homem desconhecido. O que ele não sabia é que estava começando a viver um terrível pesadelo. Valdemar, que nunca tinha pegado numa arma de fogo, ganhou uma de presente daquele homem e depois foi apresentado para as drogas e as prostitutas, das quais se tornou escravo, até roubando só para para sustentá-las. Não demorou muito tempo, foi preso. Valdemar, que antes evitava passar em frente a um presídio porque tremia de medo dos que estavam lá, agora tem que conviver com eles. Com apenas dezenove anos de idade, dentro de uma prsão, agora viu qe estava com problemas. As vezes, na sua solidão, ele tenta imaginar como seria sua vida hoje se tivesse seguido o caminho da virtude, o qual aquele homem velho tentou lhe mostrar. Então, chega à conclusão de que nada disso teria acontecido, não teria perdido a sua juventude atrás das grades e nem a sua família, que há mais de nove anos não sabem se Valdemar está vivo ou morto, mas mesmo assim esse jovem não se deixa vencer, nem pelo abandono de sua família, nem pela morte e tem esperança de terminar os seus estudos e fazer uma faculdade. Depois de todos esses anos, acorou de um cruel pesadelo, que quase arrasou sua vida, mas que ele poderia ter evitado, se tivesse agido com inteligência e se negado a aceitar a proposta daqule homem desconhecido que cruzou o seu caminho naquele dia em que ele estava abatido e sem rumo. Agora, ele sonha em recomeçar a reconstruir a sua vida. Hoje esse rapaz vê essa oportunidade, graças aos estudos que antes não tinha e agora adquiriu dentro da unidade prisional, faz com que ele olhe para a vida com mais amor e acredite que ainda está em tempo de seguir o caminho da virtude. Ser capaz de coneguir tudoo que ele deseja e realizar os seus sonhos com seus próprios esforços e merecimento, sem precisar passar por cima de ninguém para alcançar o que almeça: esse é o maior sonho desse jovem. Vencer. -1Projeto Abraço Sem Medo: Leitura e Cidadania na Penitenciária Industrial de Cascavel O Haver - Vinicius de Moraes (15/04/1962) Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo - Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido... Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo Essa mão que tateia antes de ter, esse medo De ferir tocando, essa forte mão de homem Cheia de mansidão para com tudo quanto existe. Resta essa imobilidade, essa economia de gestos Essa inércia cada vez maior diante do Infinito Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível Essa irredutível recusa à poesia não vivida. Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade Do tempo, essa lenta decomposição poética Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius. Resta esse coração queimando como um círio Numa catedral em ruínas, essa tristeza Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história. Resta essa vontade de chorar diante da beleza Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa Piedade de si mesmo e de sua força inútil. Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado De pequenos absurdos, essa capacidade De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil E essa coragem para comprometer-se sem necessidade. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje. Resta essa faculdade incoercível de sonhar De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade De aceitá-la tal como é, e essa visão Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante E desnecessária presciência, e essa memória anterior De mundos inexistentes, e esse heroísmo Estático, e essa pequenina luz indecifrável A que às vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta esse desejo de sentir-se igual a todos De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade De não querer ser príncipe senão do seu reino. Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade Pelo momento a vir, quando, apressada Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada... Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto Esse eterno levantar-se depois de cada queda Essa busca de equilíbrio no fio da navalha Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo Infantil de ter pequenas coragens. -2Projeto Abraço Sem Medo: Leitura e Cidadania na Penitenciária Industrial de Cascavel