"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento." (Atos 26.20) O cristão muda radicalmente A palavra arrependimento no Novo Testamento significa mudança da mente, de forma que as idéias, valores, metas e costumes são alterados e toda a vida é vivida de modo diferente. A mudança é radical, tanto interior como exteriormente; ânimo e opinião, vontade e afetos, conduta e estilo de vida, motivos e propósitos são todos envolvidos. Arrependimento significa começo de uma nova vida. O chamado ao arrependimento era a primeira mensagem na pregação de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17), dos Doze (Mc 6.12), de Pedro no Pentecoste (At 2.38), de Paulo aos gentios (At 17.30; 26.20), e do Cristo glorificado a cinco das sete igrejas da Ásia (Ap 2.5,16,22; 3.3,19). Ele foi parte do resumo feito por Jesus do evangelho que deveria ser levado ao mundo (Lc 24.47). Ele corresponde a constantes apelos dos profetas do Velho Testamento a Israel para que se voltasse para Deus, de quem se desviara (por exemplo, Jr 23.22; 25.4,5; Zc 1.3-6). O arrependimento é sempre apontado como caminho para a remissão de pecados e restauração ao favor de Deus, e a impenitência é indicada como a estrada para a ruína (por exemplo, Lc 13.1-8). A fé e o arrependimento são, em si mesmos, frutos da regeneração. Porém, como uma questão prática, o arrependimento é inseparável da fé. Voltar-se para Cristo em fé é impossível sem o abandono do pecado pelo arrependimento. A idéia de que pode haver fé salvadora sem arrependimento, e que uma pessoa pode ser justificada por aceitar Jesus como Salvador, e a rejeitá-lo como Senhor, é uma ilusão destrutiva. A fé reconhece Cristo como o que Ele realmente é, nosso rei designado por Deus, como também nosso sacerdote dado por Deus, e a verdadeira confiança nele como Salvador será expressa em submissão a Ele também como Senhor. Recusar isto é procurar a justificação por meio de uma fé impenitente, que não é fé. Sobre arrependimento, diz a Confissão de Westminster: Movido pelo reconhecimento e sentimento, não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade do pecado como contrários à santa natureza e justa lei de Deus; apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador, pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com Ele em todos os caminhos dos seus mandamentos. (XV.2) Esta declaração ressalta o fato de que o arrependimento incompleto, às vezes chamado "contrição" (remorso, autoacusação, pesar pelo pecado gerado por medo do castigo, sem qualquer vontade ou determinação de renunciar ao pecado) é insuficiente. O verdadeiro arrependimento é "contrição", como exemplificado por Davi no Salmo 51, tendo em seu coração um sério propósito de não mais pecar, mas sim viver doravante uma vida que mostre que o arrependimento foi completo e real (Lc 3.8; At 26.20). Arrepender-se de qualquer vício significa tomar a direção oposta, praticar as virtudes mais diretamente contrárias a ele.