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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 21 DE JUNHO DE 2015
Reportagem Especial
RELAÇÕES DE FAMÍLIA
Diálogo sobre namoro e drogas
KADIDJA FERNANDES/AT
Psicólogos, psiquiatras
e pedagogos deram
orientações aos pais de
como conversar sobre
esses assuntos com os
filhos, incluindo o sexo
Kelly Kalle
esmo com o acesso à internet, diversos programas de televisão e a facilidade de se obter informações
atualmente, especialistas afirmam
que pais ainda enfrentam dificuldades para lidar com assuntos polêmicos com os filhos, como namoro, sexo e drogas.
Psicólogos, psiquiatras e pedagogos acreditam que o segredo é tratar os assuntos com naturalidade e
sinceridade, respondendo apenas
o que foi perguntado, com falas de
acordo com cada faixa etária.
A psicóloga comportamental Leticia de Oliveira explicou que os assuntos precisam ser conversados
com os filhos de acordo com a maturidade de cada um. “O pai precisa falar sobre tudo com o filho, para
quando o assunto for mais delicado ele falar com naturalidade por
ter intimidade para isso.”
Quando o assunto é sexualidade,
a psiquiatra Fernanda Mappa
acredita que, com crianças, é importante usar desenhos.
“A forma mais fácil de explicar é
com figuras. Não precisa ter pudor
nem usar termos rebuscados,
quanto mais simples, melhor a
criança vai entender. Pode falar
também que os pais namoram e
que isso é importante para casais.”
A psicóloga e psicanalista Anna
Mehoudar, do Grupo de Apoio à
Maternidade e Paternidade de São
Paulo (Gamp21), afirma que, para
falar sobre namoro, por exemplo,
com o filho, não é preciso de nenhum artifício.
“Se a criança diz que está namorando, é preciso falar que isso não é
namoro, que é o melhor amigo, explicar que agora é hora de brincar.”
Para o psicanalista clínico e Professor de pós-graduação em Psicanálise Paulo Velasco, os pais precisam ter o mínimo de conhecimento sobre drogas para debater com
os filhos adolescentes.
“É importante se certificar de
que aquilo que dizem ao filho é verdade. Construa a confiança e autoestima para que ele não inicie nas
drogas, e converse pelo menos uma
vez por semana sobre os malefícios
das drogas lícitas ou ilícitas.”
A psicóloga da Unimed Vitória
Hítala Gomes afirma que, quando
a questão é diversidade sexual, é
importante que os pais respeitem
as diferenças e discutam o assunto,
para os filhos não terem preconceito, mesmo que não concordem.
Já quando o tema é bullying, a
psicanalista Cristiane Maluf disse
que é preciso alertar os filhos de
que isso pode ocorrer até na vida
adulta e que é preciso se defender.
PERGUNTAS
Naturalidade
Na família do gerente de suprimentos
Rafael Amorim, 43, e
da autônoma Nídia
Henrique Amorim, 46,
o diálogo começou
ainda na infância dos
filhos Sara, 17, e Davi,
14 anos.
“Quando crianças,
eles nunca perguntaram nada inesperado,
até porque a gente
sempre falou sobre
tudo com eles e com
naturalidade. Sempre
que vemos algum problema sendo noticiado no jornal, por
exemplo, conversamos sobre o assunto e
colocamos a nossa
opinião”, disse o pai.
Para ele, mantendo
o diálogo os filhos terão intimidade para
compartilhar tudo.
M
OS TEMAS
Namoro
> PARA o professor e psicanalista clí-
nico Paulo Miguel Velasco, é importante conversar sobre namoro, mas
os pais devem ter cuidado para não
invadir a privacidade dos filhos. Porém, devem impor alguns limites,
principalmente quanto à idade para
iniciar um namoro.
> O PRÉ-ADOLESCENTE vivencia um
momento de descobertas e os pais
devem estar cientes de que o filho
que pensa em namorar não é mais o
NARA PARANÁ - 12/07/2013
“bebezinho” de antes. A orientação
sexual e educacional é de grande importância nesses casos. Nesse diálogo devem ser abordados temas como prevenção sexual, riscos de sequestros, abusos ou estupros.
Sexo
> PARA a pedagoga Magda Asenete,
da In Company Assessoria e Treinamento, com crianças é preciso ser
sincero e simples na resposta que
ela pedir. Caso não pergunte, evitar
THIAGO COUTINHO/AT
falar sobre o assunto esmiuçando-o,
ou ter momentos mais calorosos
diante dela. Selecionar programações da TV, vigiar a internet e evitar
contato com desconhecidos ajuda.
> NA ADOLESCÊNCIA, frequentar o
consultório ginecológico, no caso
das meninas, em companhia da mãe
num primeiro momento, é primordial
para informações. Já para os meninos, a orientação é que sejam atendidos por um urologista. Também é
válido mostrar o posicionamento da
família quanto ao momento ideal para o sexo.
Drogas
> SEGUNDO a especialista em relacio-
namentos e coaching da AlleaoLado
Alle Ferreira, a única maneira de prevenir qualquer tipo de drogas, seja lícita ou ilícita, é o exemplo. Se os pais
não bebem, provavelmente o filho
não vai beber, a não ser que ele tenha
muitos amigos que bebam.
> O PSIQUIATRA Sérgio Lima acredita
que é possível fazer a abordagem
com um filme, música ou notícia, como um famoso que bebeu, dirigiu e
bateu o carro, por exemplo, e então
discutir o assunto, falando o que
pensa sobre o tema.
Bullying
FRANQUEZA
Conversa para proteção
Na casa dos arquitetos Maria Alice
Barreto, 43, e Robson Mariano Rampinelli, 46, a conversa é franca com
os filhos Luca, 9, e Maria Clara, 15.
Maria Alice contou que responde
todas as dúvidas do filho de 9 anos.
“Vou explicando em uma linguagem
mais fácil, que ele possa entender.
Respondo apenas o que ele me pergunta. No caso de bullying e pedofilia, vou à frente com as palavras
para tentar protegê-lo. Com a Maria Clara o alerta é maior para assuntos como drogas e gravidez.”
> PARA a psiquiatra Fernanda Vieira
Mappa, se o filho é gordinho ou muito
alto, características que podem ser
alvo de bullying, é preciso explicar
desde criança que todos são diferentes e que não há nada de mal nisso, afirmando que cada um tem suas
qualidades, elevando a autoestima.
> A PSICÓLOGA e psicanalista Anna
Mehoudar lembrou que é importante
os pais sempre perguntarem sobre
BULLYING nas escolas: prevenção
como foi o dia na escola, tentando
monitorar se há alguma suspeita.
Uma conversa franca, sem grandes
explicações, apenas explicando e
mostrando o respeito a todas as pessoas, é essencial desde pequenos,
para evitar o bullying, tanto o filho
agredir quanto ser agredido.
Diversidade sexual
> PARA a psicóloga da Unimed Vitória
Hítala Gomes, não concordar com a
homossexualidade não significa
desrespeitá-los e rejeitá-los. Para
ensinar o filho sobre as diversidades
é muito importante que os pais respeitem as diferenças. É fundamental
essa discussão para evitar ou amenizar o preconceito.
> PODE-SE NÃO SER favorável a essa
escolha, mas conseguir ter um convívio harmônico com quem é. Os pais
não devem incentivar práticas de
violência ou preconceito com aquelas pessoas que eles pensam ser diferentes.
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