Relatório Final do Delegado da ADUFAL no Comando Nacional de Greve em Brasília Olá Camaradas, desculpem a demora no envio do meu ultimo relatório. Cheguei do CNG sábado (21/07) à tarde e somente agora tive tempo e cabeça para escrevê-lo. Depois da reunião de negociação do ANDES e SINASEFE com o MPOG no dia 13/07, a atenção do CNG se voltou para estudar, discutir e construir um material de subsídio para as Associações dos Docentes (AD’s) em suas Assembleias. Como a reunião foi numa sexta à tarde, passamos o final de semana inteiro construindo este material e no domingo, lá para as tantas da noite, terminamos de construí-lo. A partir da segunda-feira (16/07), as nossas atenções se voltaram para a construção da Marcha dos Servidores Públicos Federais do dia 18 de julho. A comissão de mobilização, da qual fazia parte, começou a fazer o levantamento dos professores que viriam à marcha para assim organizar melhor a nossa intervenção. A Marcha teve o tema “Chega de enrolação! Negocia Dilma!!!”. Segundo a organização da Marcha e alguns jornais como o Correio Brasiliense, a marcha surpreendeu as expectativas e a Esplanada dos Ministérios foi tomada por mais de 12 mil manifestantes. As palavras de ordem, apitaço e fogos de artifício era o que se ouvia na esplanada. Palavras de ordem como “Dilma, mas que cilada, tua proposta tá reprovada”; “É, ou não é? Piada de salão. Tem dinheiro pra banqueiro, mas não tem pra educação”; e outras palavras de ordem que não lembro agora. A Marcha estava muito bonita, animada e indignada. O descaso com a educação federal fez com que mais de 90% das instituições federais de ensinos paralisassem e a presidenta Dilma faz de conta que a nossa greve é por privilégio, espalhando na mídia que ganhamos muito e que o País quebrará se conceder o aumento que estamos reivindicando. A presidenta Dil-má coloca seus ministros na mídia para dizer que já apresentaram uma proposta para os professores e que somos intransigentes e não queremos negociar. O problema é que a proposta apresentada não traz ganho para a categoria, somente para algumas categorias isoladas como os professores titulares de final de carreira, além de homologar o produtivismo acadêmico e aumentar nossa carga horária de trabalho. Como todas as manifestações e marchas, sempre há grupos que são mais indignados que outros. Os estudantes quando passaram em frente ao MEC mostraram toda a sua indignação e jogaram tinta nas paredes. Os companheir@s do SINASEFE ocuparam a entrada do MPOG e a polícia truculenta de Brasília retirou os manifestantes usando spray de pimenta. Um fato que é preciso ser disseminado pelo Brasil afora é a truculência e violência contra as manifestações do governo Dilma, pois a marcha foi parada por quase uma hora pelo pelotão de choque quando passava em frente ao Palácio do Planalto e somente foi retomada depois de muita negociação. A quantidade de policiais que se vê em Brasília em dias de manifestação é impressionante, são policiais espalhados por todos os lados, e, diga-se de passagem, este policiais ganham salários melhores que a maioria dos professores universitários. Ao final da marcha, em frente ao MPOG, as principais lideranças e apoiadores discursaram. Alguns discursos eram mais de oposição ao governo e outros mais comedidos para não dizer pelegos. O engraçado é que alguns sindicalistas, que historicamente combateram os desmandos do governo com a educação, hoje estão servindo ao governo no meio sindical e, a todo o tempo, ficam colocando pano morno para a luta não avançar. Estes sindicalistas falam que a culpa pela falta de investimento na educação é do mercado financeiro e não têm coragem que enfrentar o governo que empresta 10 bilhões de reais para o FMI e não tem menos 8 bilhões de reais para melhorar o salário e a qualidade das universidade. Infelizmente, a CUT hoje não está cumprindo com o seu papel, fazendo jogo duplo entre o governo e a classe trabalhadora, travando a nossa luta. No dia 19 de julho, companheir@s da FASUBRA e do SINAFESE obstruíram, às cinco da manhã, a entrada do MPOG e os funcionários foram impedidos de entrar para trabalhar. Esta obstrução fez com que alguns funcionários tentassem entrar a força para trabalhar, mas não tiveram sucesso. Outra vez vemos o jeito truculento do governo atual, onde a tropa de choque é chamada para resolver problema social. O MPOG ficou cercado de policiais, mas os manifestantes não se intimidam. Dessa obstrução foi retirada uma comissão para conversar com a ministra Miriam Belchior e, infelizmente, mais uma vez o movimento grevista foi surpreendido e quem recebeu a comissão foi o secretario de Relações de Trabalho, Sérgio Mendonça, e o secretário Executivo do MPOG, Valter Correia. Nessa reunião não foi discutida nada da pauta especifica e os representantes do governo ficaram de levar a conversa para a ministra e que até o dia 31 de julho apresentaram alguma proposta para os grevistas, ou seja, mais uma enrolação deste governo. A Plenária dos Servidores Públicos Federais aconteceu no dia 20 de julho no acampamento e as entidades representantes dos servidores em greve tiraram o dia 31 de julho como dia nacional de luta com o objetivo de pressionar o governo. É necessário que o movimento grevista unifique suas manifestações para este dia de forma mais radicalizada para mostrar força. Precisamos radicalizar em nossas ações para mostrar a presidenta Dilma que não estamos brincando e não abriremos mão de nossas reivindicações. Na sexta à noite (20.07), nós do CNG nos reunimos para avaliar os posicionamentos das assembleias quanto a proposta apresentada pelo governo e por causa da pequena quantidade de respostas até o momento, decidimos deixar a avaliação para o dia seguinte, mas todas as AD’s que tinham realizado assembleia até aquele momento tinham rejeitado a proposta do governo. Camaradas, a minha primeira participação no CNG/ANDES foi uma grande experiência, tenho certeza que fiz de tudo para contribuir nas discussões e na vitória da nossa greve. A greve está muito forte e o governo está preocupado, não é por acaso que ele nos chamou para negociação antes do prazo que ele mesmo tinha estipulado que era 31 de julho. Temos que fortalecer a nossa greve e ir às ruas nas próximas manifestações, pois apesar do movimento está forte, poucos professores estão participando das manifestações. Se quisermos sair dessa greve vitoriosos, temos que ir às ruas. Estamos na fase final e definitiva da greve, se vacilarmos vamos sair desmoralizados e sem ganho algum. Hoje (23.07) a partir das 14hs tem reunião com o MPOG, vamos ficar atentos. Vamos tod@s às ruas nas próximas manifestações. Fiquem em alerta. Saudações a LUTA, Cícero Adriano Vieira dos Santos, Campus Arapiraca