DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA
REVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 144.4.53.O
DATA: 18/06/10
TURNO: Vespertino
TIPO DA SESSÃO: Solene - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 15h15min
TÉRMINO: 16h53min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora
Obs.:
Fase
Orador
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Ata da 144ª Sessão, em 18 de junho de 2010
Presidência dos Srs.
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ÀS 15 HORAS E 15 MINUTOS COMPARECEM À CASA OS SRS.:
Michel Temer
Marco Maia
Antônio Carlos Magalhães Neto
Rafael Guerra
Inocêncio Oliveira
Odair Cunha
Nelson Marquezelli
Marcelo Ortiz
Giovanni Queiroz
Leandro Sampaio
Manoel Junior
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Número Sessão: 144.4.53.O
Data: 18/06/2010
REDAÇÃO FINAL
Tipo: Solene - CD
Montagem: 4171
I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
II - LEITURA DA ATA
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Fica dispensada a leitura da ata da
sessão anterior.
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Passa-se a leitura do expediente.
O SR. PAULO PIAU, servindo como 1° Secretário, procede à leitura do
seguinte
III - EXPEDIENTE
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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ
Número Sessão: 144.4.53.O
Data: 18/06/2010
REDAÇÃO FINAL
Tipo: Solene - CD
Montagem: 4171
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Finda a leitura do expediente, passase à
IV - HOMENAGEM
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Esta sessão Solene se destina a
homenagear os 33 anos da Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro
Nordeste Mineiro, sediada em Guanhães, Minas Gerais, e foi requerida pelo nobre
Deputado Paulo Piau.
Convido para compor a Mesa os Srs. Colifeu Andrade, Presidente da
Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro Nordeste Mineiro (palmas);
Ronaldo Scucato, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas
Gerais — OCEMG, representando o Presidente da Organização das Cooperativas
Brasileiras, Márcio Lopes Freitas (palmas); Jacques Gontijo, Presidente da Itambé
(palmas); Paulo Piau, Deputado Federal autor do requerimento de realização desta
sessão solene (palmas); e Vicente Nogueira, Presidente da Cooperativa de
Uberlândia, Diretor do Departamento Econômico da Confederação Brasileira de
Cooperativas de Laticínios — CBCL e Presidente da Federação Pan-Americana do
Leite — FEPALE. (Palmas.)
Convido os presentes a ouvirem, de pé, o Hino Nacional.
(É executado o Hino Nacional.)
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Número Sessão: 144.4.53.O
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REDAÇÃO FINAL
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Montagem: 4171
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Registro a presença de 3 ilustres amigos,
que muito contribuíram para a pecuária leiteira nacional: Paulo do Carmo Martins,
assessor da Itambé e ex-Chefe da EMBRAPA Gado de Leite; Dante Scolari, exDiretor da EMBRAPA, hoje assessor da Comissão de Agricultura desta Casa; e meu
conterrâneo Paulo Porto, ex-Presidente da CBCL.
Assistiremos, em seguida, a um vídeo institucional.
(Exibição de vídeo.)
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Montagem: 4171
O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Sras. e Srs. Deputados, senhores
convidados, passo a ler o discurso que me foi encaminhado pelo Exmo. Sr.
Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, nos seguintes
termos:
“Sras. e Srs. Deputados, sem um cooperativismo sólido, moderno e atuante,
compromete-se uma das principais forças do desenvolvimento econômico brasileiro.
Com tal convicção, abrimos esta sessão solene, comemorativa dos 33 anos da
Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro Nordeste Mineiro, a
COOPERCENTRO, localizada no importante Município de Guanhães.
Requerida pelo nobre Deputado Paulo Piau, liderança de proa do movimento
cooperativista, mais oportuna se apresenta a homenagem, porque feita às vésperas
do Dia Internacional do Cooperativismo, festejado, a partir do ano de 1923, no
primeiro sábado do mês de julho. É oportunidade para que reconheçamos a
extraordinária obra dos milhões de produtores que, sob o lema ‘a união faz a força’,
trabalham incansavelmente por um futuro melhor, economicamente mais justo e
socialmente mais digno, em que a cidadania plena deixe de ser privilégio de poucos
para se tornar direito de todos.
Ao congregar mais de 500 produtores de leite de 60 municípios do entorno de
Guanhães, a COOPERCENTRO cumpre papel de destaque como catalisador no
processo de desenvolvimento regional. Em 2008, a captação de leite atingiu o
volume total de 41 milhões de litros e movimentou cerca de 28 milhões de reais, com
a média mensal de 3,5 milhões de litros de leite captados. Junte-se a essa atividade
a comercialização de mais de 21 mil toneladas de insumos e rações, o que lhe
possibilitou faturar 71 milhões de reais.
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Montagem: 4171
Além da produção de leite, a COOPERCENTRO promove cursos de
treinamento, dispõe de viveiros para a produção de mudas de cana-de-açúcar e de
pastagens diversas e realiza, periodicamente, disputados leilões de novilhas de alto
padrão genético, selecionadas e inseminadas. Assim, vai além do âmbito
simplesmente comerciam para se fazer também um verdadeiro centro de
qualificação profissional, de estudo científico e de aperfeiçoamento tecnológico, à
altura do que há de melhor em outros países.
Não surpreende, assim, que as cooperativas já respondam por cerca de 6%
do total do agronegócio exportado pelo Brasil. De acordo com a Organização das
Cooperativas Brasileiras, as exportações do nosso cooperativismo agropecuário
deverão chegar, em 2010, a 4,27 bilhões de dólares, divisas que subirão a 19,12
bilhões de dólares nos próximos 20 anos. E muito mais poderemos fazer, a partir
dos valores que fundamentam o cooperativismo: adesão voluntária, gestão
democrática, autonomia, independência, cooperação mútua, confiança recíproca e
interesse pela comunidade.
Como sói acontecer, o crescimento econômico leva à prosperidade social:
pesquisa
da
Faculdade
de
Economia,
Administração
e
Contabilidade
da
Universidade de São Paulo revela que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é
maior nos municípios onde atuam cooperativas. Trata-se, pois, de um raro exemplo
em que todos ganham: o Estado, a sociedade, o Governo, o movimento
cooperativista e o cidadão comum.
Nesse processo, a Câmara dos Deputados cumpre a tarefa relevante que lhe
toca, pela ação individual dos que aqui representam o povo e pela atuação profícua
e operosa de colegiados como a Frente Parlamentar do Cooperativismo e a Frente
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Montagem: 4171
Parlamentar da Cadeia Produtiva do Leite. É o papel que nos cabe exercer, no
esforço que, juntos e solidários, realizamos em prol do interesse coletivo e do bem
comum.
Esse é o sentimento com que a Câmara dos Deputados cumprimenta a
Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro Nordeste Mineiro, pelos 33
anos de trabalho e de história.
A todos que fazem a COOPERCENTRO, a nossa saudação e a nossa
homenagem. Se a união faz a força, continuemos unidos, pela inabalável certeza de
que o futuro do Brasil passa pela consolidação e pela prosperidade do movimento
cooperativista”.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Concedo a palavra ao Deputado
Paulo Piau, autor do requerimento de realização desta sessão solene.
O SR. PAULO PIAU (Bloco/PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente Deputado Leonardo Vilela, neste ato representando o Presidente da
Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer; meu amigo e companheiro Dr.
Ronaldo Scucato, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas
Gerais, representando o Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras,
Márcio Lopes; Sr. Colifeu Andrade Silva, Presidente da Cooperativa Regional dos
Produtores Rurais do Centro Nordeste de Minas Gerais e meu amigo; Dr. Jacques
Gontijo, Presidente da Cooperativa Central dos Produtores Rurais, nossa querida
Itambé, e meu amigo; Dr. Vicente Nogueira, Presidente da Federação PanAmericana do Leite, da Cooperativa de Uberlândia e também da Confederação
Brasileira de Cooperativas de Laticínios; Sr. Paulo do Carmo Martins, companheiro
da Secretaria Municipal de Agricultura, pesquisador da EMBRAPA, ex-Chefe do
Centro de Gado de Leite, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, hoje
assessorando o Presidente da Itambé; Sr. Getúlio Gontijo do Amorim, aqui
representando a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais e o
Instituto Estadual de Florestas; meu caro Luciano Toledo, a quem quero agradecer
de modo especial pelos embates em defesa das cooperativas de produtores de leite
naqueles processos truculentos contra o leite na chamada Operação Ouro Branco e
o elo para que eu me aproximasse de Guanhães e da COOPERCENTRO; senhores
produtores rurais; senhores cooperados, cumprimento todos que aqui marcam
presença nesta tarde de sexta-feira.
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E quero dizer a todos que nos ouvem e que nos assistem pela Internet, pela
TV Câmara e pela Rádio Câmara que, normalmente, numa sexta-feira à tarde, não
se vê um público tão grande como este que hoje temos aqui.
Parabéns à COOPERCENTRO!
Hoje é um dia de muito júbilo para Minas Gerais e para o Brasil.
Comemoramos os 33 anos da Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do
Centro Nordeste Mineiro — COOPERCENTRO, que já foi presidida por Castro
Alves, Miguel Nunes Coelho, João Leal, Manoel Paulo Pires Pereira, Antonio Bretas
e que hoje tem à frente o Dr. Colifeu Andrade Silva, gestor reconhecido e nosso
amigo.
Fiz questão de citar os nomes dos que ali já deixaram sua contribuição para,
assim, cumprimentar os Diretores e todos que ajudaram a construir a
COOPERCENTRO, porque cada um que chega coloca o seu tijolo nessa
construção. Evidentemente, o Dr. Colifeu está dando sequência a esse trabalho que
se iniciou há mais de 30 anos.
É interessante notar que a iniciativa de criação da COOPERCENTRO foi da
Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais — CCPR/Itambé, que
tem mais de 60 anos de vida.
Então, além de cumprimentar o Presidente Jacques Gontijo, também fazemos
aqui o nosso reconhecimento aos demais Presidentes da Itambé e, de uma maneira
muito especial, àquele que manteve a CCPR como a única central de cooperativas
deste País, graças à sua competência, o Presidente Pereira Campos.
Sempre temos de lembrar aqueles que marcaram a história do cooperativismo
brasileiro, inclusive o Presidente da OCB, que, de uma maneira muito especial, traz
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à luz o fato de que é possível haver uma central de cooperativas neste País, desde
que ela possa competir em igualdade de condições com todos.
Gostaria de abrir um parêntese, pedindo permissão aos Presidentes Ronaldo
Scucato e Jacques Gontijo, craques no cooperativismo, para perguntar: o
cooperativismo é alternativa ou solução?
Com o fenômeno da globalização, a decadência do comunismo e a ascensão
do capitalismo, o cooperativismo se sobressai como uma sociedade de pessoas
para produzir um bem ou um serviço, diferentemente de uma sociedade de capital,
em que a empresa a representa muito bem. No mundo globalizado, as empresas
estão cada vez mais concentradas, o que acontece até mesmo no que diz respeito à
produção rural brasileira.
Recente trabalho da EMBRAPA, Dr. Eliseu Andrade Alves, aponta que, com
base no Censo de 2006, 51% da produção agrícola brasileira são de 22 mil
produtores, num universo de 5,6 milhões de produtores rurais. Isso nos dá a
dimensão da necessidade do associativismo, do cooperativismo, porque se
juntarmos muitos pequenos teremos um grande — esta é a essência do
cooperativismo.
Portanto, o cooperativismo não é mais uma alternativa. O cooperativismo é
um caminho, é uma solução para resolvermos vários problemas, entre eles o da falta
de igualdade de oportunidades e de distribuição de renda.
O mundo e o Brasil têm a característica de, cada dia mais, concentrarem
renda, e o cooperativismo age exatamente no sentido contrário: distribuindo renda e
riqueza. É assim que trabalha a COOPERCENTRO, é assim que trabalha a nossa
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Itambé, que, também por isso, merecem a homenagem do povo brasileiro nesta
tarde.
O Brasil tem muitos desafios no que se refere a promover o crescimento do
cooperativismo. Vejam que os Estados Unidos, o país mais capitalista do mundo,
têm 30% da sua população cooperativada; na Europa chega a 40% a população
cooperativada; no Brasil, são 5%. Mas é preciso dizer que isso envolve praticamente
9 milhões de pessoas, e, se considerarmos o que está ao lado, veremos que o
cooperativismo brasileiro envolve aproximadamente 30 milhões de pessoas no País.
Portanto, é um segmento significativo.
Sempre propugnamos que o cooperativismo precisa ser cada dia mais
fortalecido. Em relação ao dos Estados Unidos e ao de vários países da Europa, o
brasileiro ainda é pequeno, mas é um cooperativismo que nasce e cresce com base
e com qualidade — é bom reforçar isso.
A ação do Governo brasileiro, não só o Federal, mas também o Estadual e o
Municipal — embora a Constituição brasileira, expressão da vontade do povo
brasileiro, estabeleça que se deve incentivar o cooperativismo —, tem sido muito
tímida. E tímida porque a nossa cultura é individualista, ainda não é sociativista.
É claro que a cultura é lenta, mas estamos avançando, basta ver o
cooperativismo de crédito. No ano de 2009, enquanto o PIB decresceu 0,2%, o
cooperativismo de crédito cresceu 17% no País. E assim ocorreu em vários ramos
que cresceram mesmo em momentos de crise.
Trago o meu abraço ao Dr. Ronaldo Scucato, com quem tive o privilégio de
trabalhar em Minas Gerais, na condição de Deputado Estadual e Presidente da
Frente Parlamentar do Cooperativismo de Minas Gerais. Não tenho dúvida de que
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ele é uma das figuras mais proeminentes do cooperativismo brasileiro. E leve o
abraço a outro grande companheiro cooperativista, o Márcio Lopes Freitas, que não
pôde estar presente, como foi bem justificado.
Apesar de S.Exa. não estar aqui, quero registrar meus cumprimentos ao
Deputado Zonta, Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, que reúne
242 Deputados e Senadores. Junto com a OCB, temos feito uma pressão positiva
para que os projetos ligados ao cooperativismo em tramitação nesta Casa, como a
proposta de lei geral do cooperativismo, o projeto do ato cooperativo e o do marco
regulatório das cooperativas de trabalho, avancem. A FRENCOOP está trabalhando
nessa direção.
Quero
também abraçar o Dr. Jacques Gontijo, Presidente da Itambé, a
criadora da COOPERCENTRO e a maior indústria de laticínio de capital nacional no
País. A Itambé
envolve 31 cooperativas, 8 mil fornecedores, 100 milhões de
litros/mês e aproximadamente 3.500 colaboradores; e o Dr. Colifeu, nosso amigo,
Presidente da Cooperativa Regional, na querida cidade de Guanhães, que há mais
de 30 anos traz segurança, estabilidade, renda e aumento do FIB — Felicidade
Interna Bruta, nas palavras do Dr. Ronaldo Scucato, fazendo um paralelo com o PIB.
O cooperativismo faz com que pessoas que tiram 50 litros, 100 litros, 200
litros de leite, sozinhas, se juntem e cheguem a 50 milhões de litros de leite/ano. E,
evidentemente, tornar grande os pequenos é protegê-los, é dar-lhes condições de
sobreviver nessa árdua atividade de produzir alimentos e energia no País. O
cooperativismo, portanto, é uma forma de autoproteção.
A COOPERCENTRO possui mais de 500 cooperados ativos, produz mais de
50 milhões de litros de leite/ano, movimenta mais de 100 milhões de reais/ano. A
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grande maioria de seus cooperados é de agricultores familiares, com até 4 módulos
rurais. A prestação de serviço é a marca dessa cooperativa, transferindo tecnologia,
fazendo treinamento, aperfeiçoando a comercialização, melhorando a genética do
rebanho, a sanidade e a alimentação, enfim, viabilizando os produtores e o
abastecimento do mercado brasileiro.
Abro outro parêntese para dizer que quando elogiamos uma cooperativa e os
produtores rurais não significa que estamos satisfeitos, porque a política agrícola no
País ainda é acanhada. Os produtores brasileiros estão fazendo com que a comida
chegue à mesa do trabalhador a um preço que, muitas vezes, custa o seu suor, suas
lágrimas e mesmo o seu patrimônio. E isso não é justo!
Quando elogiamos o cooperativismo e os produtores, precisamos também
mandar um recado ao Governo Federal e principalmente aos candidatos à
Presidência da República no sentido de que olhem para esse setor. O êxodo rural é
grande. Hoje, os filhos dos produtores estão se negando a continuar na atividade.
Pode não fazer falta agora, mas, a médio e longo prazo, com certeza fará.
Sr. Presidente, finalizo minhas palavras dizendo da alegria deste momento e
reafirmando a disposição de continuar lutando pelo cooperativismo brasileiro.
E, ao abraçar o Dr. Colifeu Andrade, lembro que, quando convidado a ir a
Guanhães, procurei conhecer o seu currículo e nele encontrei uma pessoa
determinada, obstinada e, sobretudo, séria, uma pessoa que trata as coisas da
cooperativa como se fossem públicas — e elas, de fato, são públicas. Portanto, a
sua gestão honesta e competente é o retrato do que queremos para o
cooperativismo brasileiro.
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Que esses 33 anos se repitam mais e mais e que a COOPERCENTRO
continue ajudando a desenvolver o progresso do Brasil.
Felicidades a todos.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Leonardo Vilela) - Passo a presidência dos trabalhos
ao nobre Deputado Paulo Piau, autor do requerimento de realização desta sessão
solene.
O Sr.
Leonardo Vilela, § 2º do art. 18 do
Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é
ocupada pelo Sr.
Paulo Piau, § 2º do art. 18 do
Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Com a palavra o Deputado Leonardo
Vilela, que falará em nome do PSDB.
O SR. LEONARDO VILELA (PSDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente; Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores, para nós é uma grande
alegria representar o PSDB nesta sessão solene, proposta pelo nobre Deputado
Paulo Piau, em homenagem aos 33 anos de fundação da Cooperativa Regional dos
Produtores Rurais do Centro Nordeste Mineiro — COOPERCENTRO, sediada no
Município de Guanhães, no Estado de Minas Gerais.
O Deputado Paulo Piau é um dos mais competentes e combativos
Parlamentares desta Casa, um baluarte do agronegócio, do cooperativismo, dos
produtores de leite, das instituições de pesquisa.
É com muita satisfação, Deputado Paulo Piau, que o temos como colega,
nesta Legislatura, na Frente Parlamentar do Cooperativismo, na Frente Parlamentar
da Agricultura, na Comissão de Agricultura e na Frente Parlamentar em Defesa da
Ciência e Tecnologia, presidida por V.Exa., Parlamentar que orgulha e que honra
esta Casa. De forma muito especial e muito oportuna, V.Exa. solicitou esta sessão
solene para homenagear uma das mais importantes cooperativas de Minas Gerais e
também, com certeza absoluta, a mais importante central de produtores rurais do
Brasil, uma referência para o setor lácteo brasileiro, a Itambé.
Quero saudar, no dia de hoje, de forma de muito especial, o Sr. Colifeu
Andrade Silva, Presidente da COOPERCENTRO, assim como toda a sua diretoria,
funcionários e cooperados.
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Como um dos mais bem-sucedidos empreendimentos cooperativos do País,
nossa homenageada é uma excelente porta-voz do ideal cooperativista, pela
qualidade dos resultados alcançados em termos socioeconômicos.
Fazendo contraponto ao processo de exclusão social associado à
globalização, os empreendimentos cooperativos criam e garantem oportunidades
justamente para as classes menos favorecidas, que dependem de muito mais
incentivo e apoio para ingressarem no mercado e na cadeia produtiva nacional.
Trata-se, na verdade, de uma forma extremamente eficiente de capacitação
econômica, baseada no inquestionável papel da associação solidária e igualmente
participativa.
Cumprimento também o Presidente da Cooperativa Central dos Produtores
Rurais de Minas Gerais, Sr. Jacques Gontijo Álvares, e o Sr. Vicente Nogueira,
representando aqui a Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios.
Estendo ainda meu abraço ao amigo Paulo Roberto Bernardes, que, infelizmente,
não pôde estar presente hoje, devido a imprevisto de última hora. E, ao
cumprimentá-los, saúdo também todos os presidentes de cooperativas, cooperados,
funcionários, enfim, todos os que aqui se fazem presentes.
Meus cumprimentos ao Sr. Paulo Porto, conterrâneo goiano e ex-Presidente
da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios — CBCL; ao Sr. Paulo
Martins, que foi Chefe-Geral da EMBRAPA Gado de Leite e assessor da Itambé; ao
Sr. Dante Scolari, ex-Diretor da EMBRAPA, assessor da Comissão de Agricultura
desta Casa, e ao Sr. Ronaldo Scucato, Presidente da Organização das Cooperativas
do Estado de Minas Gerais — OCEMG e Vice-Presidente da Organização das
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Cooperativas Brasileiras — OCB, também representando aqui o nosso amigo Márcio
Lopes de Freitas, Presidente da OCB.
No Brasil, nem sempre aceito ou apoiado pelo setor público, o cooperativismo
veio se impondo até tornar-se realidade incontestável, suprindo, especialmente na
área rural, as graves lacunas deixadas pelo Governo Federal, como eletrificação,
crédito rural e difusão de novas tecnologias. E os números são eloquentes: a imensa
variedade de cooperativas em atividade no Brasil já é responsável por 6% do PIB e
por mais de 1 bilhão de dólares anuais em exportações.
Somos, hoje, portanto, um país consciente do papel das cooperativas no
desenvolvimento econômico sustentável com justiça social. Já nos convencemos de
que o sistema cooperativista garante a relação mais saudável e eficiente entre
capital e trabalho, sobretudo atualmente, quando a globalização induz à exclusão
social e à concentração de riqueza em todo o globo.
É nesse contexto, Sr. Presidente, que muito nos apraz comemorar o
aniversário da Cooperativa de Guanhães, a COOPERCENTRO, até pela
circunstância especial de sua fundação. Iniciativa da própria Itambé, uma das
maiores produtoras de laticínios do País, nasceu da convicção no potencial de
produção da região e do estímulo à mobilização regional dos produtores de leite.
A cooperativa de Guanhães tem forte influência na região, afetando
diretamente as economias leiteiras de 60 municípios ao seu redor. Para se ter uma
ideia, em 2008, o volume total de leite captado chegou à marca de 41 milhões de
litros, o que significou um movimento de cerca de 28 milhões de reais somente
naquele
ano.
Considerando
ainda
a
comercialização
de
insumos,
a
COOPERCENTRO movimenta mais de 100 milhões de reais por ano.
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Esses números são fruto do esforço e da dedicação de todos os cooperados
e Presidentes que estiveram à frente da cooperativa, além da percepção de que o
cooperativismo é a chave do sucesso para o setor. E é nesse sentido que quero
ressaltar o trabalho desenvolvido pelo atual Presidente, o Sr. Colifeu, e sua Diretoria.
Ainda jovem, o atual Presidente da COOPERCENTRO tornou-se, junto com o
irmão, responsável pela administração da propriedade da família, a Chácara Bom
Sucesso. Com poucos recursos financeiros, tentaram administrá-la da forma mais
eficiente possível.
Quando precisavam de insumos para a produção de leite, buscavam,
primeiro, fazer volume, para, depois, comprar mais barato. Essa é a essência do
cooperativismo que o Sr. Colifeu Andrade procurou levar à COOPERCENTRO ao
assumir sua presidência, há 5 anos.
Hoje, os produtores mais organizados encaminham seus pedidos de insumos
à COOPERCENTRO, que atua como intermediária para aquisição, gerenciamento e
logística centralizada desses pedidos, reduzindo custos e gerando mais ganhos.
Esse modelo de cooperativismo deve ser copiado em todo o Brasil.
Além da redução de custos na aquisição de insumos, a cooperativa oferece
vários cursos e disponibiliza ao associado material genético para plantio de cana-deaçúcar e diversas outras forragens, tudo isso a custo zero. Além disso, mensalmente
é organizada uma reunião com os produtores, chamada Café Rural, quando são
proferidas palestras, apresentadas reivindicações, e autoridades são convidadas a
ouvir e dar sugestões.
Os cooperados ainda têm assistência técnica especializada com parte dos
custos subsidiados pela COOPERCENTRO e pela Itambé.
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O que podemos ver, Sras. e Srs. Deputados, é um exemplo claro de gestão
voltada para o interesse dos cooperados, com apoio técnico constante, acesso à
informação relevante, oportunidade de reivindicar, sugerir e trocar experiências com
outros produtores.
Ao destacar o importante papel da COOPERCENTRO, também não poderia
deixar de registrar a importância para Minas e — por que não? — para o Brasil da
maior Cooperativa Central de Laticínios em atividade no País, a Itambé.
Fundada em 1944, em Belo Horizonte, a Usina Central de Leite, ligada à
Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Gerais, tinha como missão inicial
resolver o problema de abastecimento de leite em Belo Horizonte. Seu papel,
contudo, não foi desempenhado a contento, segundo rapidamente se pôde notar.
Uma empresa estatal não era a melhor solução para enfrentar aquele problema à
época.
Foi assim que surgiu a Cooperativa Central, em 1949, fruto da necessidade
de se desempenhar um papel para o qual o Estado não possuía as habilidades
necessárias.
Desde aquela época, o setor sofria com indefinições na elaboração de
políticas específicas para o seu desenvolvimento, notadamente em 1967, quando
assumiu a presidência o Dr. José Pereira Campos Filho, ícone do setor leiteiro, com
40 anos de dedicação à Itambé.
Na década de 90, o atual Presidente da Cooperativa Central dos Produtores
Rurais de Minas Gerais — CCPR/Itambé já fazia parte do sistema Itambé e, com o
Dr. Pereira, teve papel decisivo nas transformações do cooperativismo de leite: em
1992, a CCPR implantou o pagamento de leite por qualidade e volume, apoiando o
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produtor no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade da matéria-prima;
no ano seguinte, iniciou a comercialização do leite longa vida integral em caixas de 1
litro; em 1997, a Cooperativa Central foi pioneira na introdução da coleta do leite a
granel. Em 2000, terminou com a dupla intermediação na captação de leite e, nesta
década, ocupou a posição de maior exportadora de lácteos do Brasil. Isso apenas
para citar algumas das mudanças concretizadas pela CCPR/Itambé.
Muito da evolução da Itambé tem origem na visão clara de que a cooperativa
deve ser competente na comercialização do leite do cooperado, procurando obter o
melhor valor possível, fornecendo ao produtor serviços que viabilizem e melhorem,
quantitativa e qualitativamente sua produção.
É preciso destacar também o apoio irrestrito do Dr. Jacques Gontijo Álvares
ao cooperativismo e ao setor leiteiro nacional, atuando na COOPERBOM,
CREDIBOM, Comissão de Leite da FAEMG, Comissão Nacional de Pecuária de
Leite da CNA e também no Conselho Administrativo da Itambé. Em 2008, graças às
suas contribuições, não só para a Cooperativa Central, mas, fundamentalmente,
para o sistema cooperativista, foi eleito Presidente da Itambé, onde implementou
uma gestão moderna e participativa.
Mesmo alcançando essa posição de destaque, o Presidente Jacques é
consciente de que ainda há muito por fazer pelo setor leiteiro, que enfrenta desafios
cada vez maiores. E as batalhas não têm sido fáceis. Ele, que acompanhou de perto
e muito contribuiu para o combate às fraudes, para a elevação da Tarifa Externa
Comum (TEC), para a adoção de medidas antidumping, com intuito de neutralizar as
práticas desleais que ameaçam o mercado lácteo, bem sabe o quanto é árdua a
sobrevivência dos produtores de leite.
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São pessoas como o Dr. Jacques, o Dr. Pereira, o Dr. Colifeu e os demais
Presidentes e Diretores das cooperativas filiadas que constroem um futuro melhor
para o cooperativismo de leite. Portanto, parabéns a todos do sistema Itambé. Sintome orgulhoso de ser amigo de todos e de lutar pela mesma causa. Eu, que também
sou produtor de leite e filho de produtores de leite, acabei na política partidária
iniciando minha luta na defesa dos produtores de leite na condição de Presidente do
sindicato rural da minha cidade, Mineiros, em Goiás.
Como se vê, um setor tão essencial para a vida, a economia e o
desenvolvimento de um país, como o lácteo, merece toda a atenção desta Casa de
leis, seja no sentido de discutir e pressionar o Executivo para a adoção de medidas
antidumping, como pudemos observar no passado, com a participação do Ministério
do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Comissão
Nacional de Pecuária de Leite, seja rediscutindo tarifas, em parceria com entidades
ligadas ao setor, como a CBCL, CNA e OCB, entre outras.
E a ação de cada um de nós, Congressistas, ligados ou não ao meio rural,
também é essencial para a defesa do setor. Assim ocorreu, por exemplo, com a
apresentação do Projeto de Lei nº 6.919, de 2006, de minha autoria, que permitiu a
alteração da Lei nº 11.265, de 4 de janeiro de 2006, que exigia que os rótulos dos
produtos alimentícios para lactentes trouxessem a frase: “O Ministério da Saúde
adverte (...)”. Vejam bem: a mesma frase utilizada nas carteiras de cigarros, que é
um produto tóxico, extremamente maléfico à saúde.
O leite é o alimento mais completo que existe
— e
quem está falando é um
pediatra. Sou médico pediatra e exerci durante 12 anos a minha profissão. Pois
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bem. Queriam impor um rótulo que igualava o leite, um alimento nobre,
extremamente completo e essencial ao ser humano, a uma droga, um tóxico, que é
o cigarro. O fato de termos conseguido mudar essa expressão para “Aviso
Importante” foi extremamente significativo para um setor que já enfrenta problemas
em demasia. O aprimoramento daquela lei foi, sem dúvida alguma, uma grande
vitória para toda a cadeia produtiva do leite.
No intuito de defender economicamente os produtores e trabalhadores do
setor lácteo, apresentei, em 2009, uma proposta de fiscalização e controle,
propondo que a Comissão de Agricultura fiscalize o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior quanto ao cumprimento de acordos de importações de
laticínios realizados sob os auspícios do Governo brasileiro.
Há pouco, inclusive, disse-me o Presidente da Itambé, Jacques Gontijo, que
as importações de leite continuam prejudicando o produtor nacional, sendo um fator
importante de achatamento de preços ao produtor. Isso é um absurdo! Não pode o
País conviver com a importação de 4 mil, 5 mil, 6 mil toneladas de leite em pó por
mês, o que causa grandes prejuízos à produção nacional.
Portanto, essa PFC, mais do que nunca, é necessária para que o
cumprimento dos acordos internacionais do Brasil seja observado efetiva e
rigorosamente.
Assim, senhoras e senhores, ressalto que são cooperativas como a
Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro Nordeste Mineiro, com toda
sua história, com suas lutas e vitórias, que nos mostram que esse caminho é
possível e que a excelência na produção e comercialização de seus laticínios é
alcançada no dia a dia, com muita luta, competência e perseverança. Por isso, esta
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Casa faz questão de homenageá-la, para, mais uma vez, levantar a bandeira do
cooperativismo no Brasil.
Nossos cumprimentos à Direção, aos funcionários e cooperados, na certeza
de que seu esforço, seriedade e sucesso serão determinantes para a consolidação
da modalidade cooperativista na economia brasileira, com imenso benefício
econômico e social. A todos que construíram essa grande cooperativa, os meus
parabéns e votos de sucesso e boa sorte.
Continuem essa luta!
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Agradeço ao Deputado Leonardo Vilela,
grande defensor dos interesses na agropecuária, que inclusive dispensou sua ida
para seu Estado, Goiás, para estar aqui conosco, num período pré-eleitoral, as
palavras.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Tem a palavra o Dr. Vicente Nogueira
Netto, Presidente da Cooperativa de Uberlândia e também Diretor da Confederação
Brasileira de Cooperativas de Laticínios — CBCL.
O SR. VICENTE NOGUEIRA NETTO - Boa tarde, senhoras e senhores.
Não poderia furtar-me de vir à tribuna desta Casa para dizer umas breves
palavras, sobretudo de reconhecimento de que hoje é um dia histórico para o
cooperativismo de leite no Brasil.
Parabenizo o Deputado Paulo Piau; o Dr. Colifeu Andrade, Presidente da
COOPERCENTRO, e o Dr. Jacques Gontijo, Presidente da Itambé, que
proporcionaram esta bela tarde para o cooperativismo de leite no Brasil.
Esta é uma tarde histórica, que reúne jovens cooperativistas — quem sabe
aqui representados pelo Dr. Colifeu, uma grande esperança para o setor? — e nos
permite encontrar cooperativistas mais experientes, como o Dr. Paulo Porto, que é
muito bem-vindo à sua casa, e o Dr. Ronaldo Scucato, em cujo trabalho me espelho
muito e por quem tenho grande admiração.
Esta é uma tarde histórica, que nos permitiu ouvir discursos brilhantes como
os dos Deputados Paulo Piau e Leonardo Vilela.
Pergunto aos companheiros de Guanhães: quem já havia estado em Brasília?
(Pausa.) Vejo que apenas uma minoria. Por isso, gostaria de parabenizar mais uma
vez o Deputado Paulo Piau e o Dr. Colifeu.
Acho que nosso cooperativismo será maior e mais completo quando se puder
fazer de todos os brasileiros cidadãos completos. Não basta ficar na propriedade, na
fazenda, não basta ser um bom cooperativista. É preciso conhecer o nosso País, é
preciso conhecer a nossa Nação.
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Tive a honra — lembrando os Diretores Haroldo Santos e João Bicalho — de
visitar a cooperativa de Guanhães. O que aquela comunidade está fazendo em
nome do cooperativismo e do cooperativismo de leite talvez seja até mais do que os
discursos aqui apontaram.
Em Guanhães, testemunhei a sede de vencer do cooperativismo de leite; vi
as lideranças, que têm à frente o Dr. Colifeu, desejosas de acertar, de melhorar.
Aos senhores e às senhoras que têm a oportunidade de estar aqui hoje,
recomendo que prestem atenção no seguinte fato: a meu juízo, há uma mácula, uma
mancha no tecido da nossa sociedade, que está desacreditando nesta Casa.
Portanto, Deputado Paulo Piau, alguma coisa tem de ser feita para que o respeito
seja restabelecido, porque esta é a Casa de dúvidas, a Casa das leis, a nossa Casa.
Sintam-se todos os senhores e senhoras à vontade. A Casa pode não ter
muitos Parlamentares brilhantes, mas é o retrato da nossa sociedade. E, num ano
de eleições, meus amigos, olhem para os Deputados que aqui estão.
Os Deputados Paulo Piau e Leonardo Vilela, se chamados para atender às
demandas e aos interesses do setor leiteiro brasileiro, das cooperativas brasileiras,
do produtor brasileiro, vão a qualquer momento. Quantas vezes já liguei para
S.Exas., mesmo depois da meia-noite, para dizer que havia uma importação muito
grande do Uruguai e que precisávamos combater as fraudes? E ambos estão
sempre atentos à situação. É preciso reconhecer os bons Parlamentares.
Sairemos daqui outras pessoas, pois adquirimos maior compreensão da
nossa sociedade.
Parabéns a todos! Parabéns à COOPERCENTRO pelo seu aniversário!
Parabéns à Itambé! Parabéns ao Presidente Jacques, que estimulou esta iniciativa!
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Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Agradecemos ao Sr. Vicente Nogueira,
jovem e promissora liderança no cooperativismo do leite do nosso País, as palavras.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Concedo a palavra ao Dr. Jacques
Gontijo, Presidente da Itambé.
O SR. JACQUES GONTIJO ÁLVARES - Exmo. Sr. Deputado Paulo Piau,
Presidente desta sessão solene, e Exmo. Sr. Deputado Leonardo Vilela,
companheiros antigos na luta em prol do cooperativismo e do setor leiteiro, aos
quais cumprimento de forma especial e parabenizo pela posição de destaque que
ocupam na Câmara dos Deputados; prezado Ronaldo Scucato, Presidente da
Organização das Cooperativas de Minas Gerais, aqui representando o Presidente da
OCB, Márcio Lopes de Freitas; prezado amigo Colifeu Andrade, Presidente da
COOPERCENTRO; prezados amigos e Diretores Haroldo Santos e João Bicalho;
senhores cooperados da COOPERCENTRO; senhores convidados; minhas
senhoras e meus senhores, a CCPR/Itambé completou neste mês de maio 61 anos
de serviços ininterruptos prestados à sociedade brasileira. Nestas 6 décadas,
participamos decisivamente do desenvolvimento do Brasil — e nossa origem é um
bom exemplo, já citado pelo Deputado Leonardo Vilela.
Convocados pelo Governo de Minas Gerais em 1949, surgimos com o
propósito de abastecer Belo Horizonte, que, no final dos anos 40 do século passado,
se urbanizava rapidamente e sofria com a carência de leite. Vencemos esse desafio.
De lá para cá, o mundo mudou muito: vimos o surgimento e o fim da Guerra
Fria; vimos o homem conquistar o espaço; vimos o Brasil se industrializar,
modernizar-se, estruturar-se.
Quando surgimos, ainda não existiam as rodovias federais, não havia
televisão no Brasil, e telefone era para muito poucos. Nem Brasília existia. O
Cerrado, hoje celeiro do mundo, era um imenso vazio.
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O mundo deu muitas voltas, a Itambé, também. Enfrentamos o tabelamento
de preços, junto com nosso prezado amigo Paulo Porto, aqui presente, que impedia
que a produção do Brasil crescesse.
Enfrentamos concorrência desleal com os produtos importados; enfrentamos
um câmbio valorizado. Todos esses momentos difíceis vividos serviram para
fortalecer a CCPR/Itambé. Hoje, somos a maior cooperativa de leite do Brasil.
Somos a empresa que mais gera emprego e renda no interior de Minas Gerais.
Mas o que é a Itambé? A Itambé é uma cooperativa central formada por 31
cooperativas singulares. E o que faz a cooperativa forte é a relação intensa, o
vínculo sólido existente entre a central e as cooperativas singulares.
Prezado amigo Deputado Paulo Piau, peço licença a V.Exa. para dizer que
esta sessão solene dedicada aos 33 anos da COOPERCENTRO homenageia uma
cooperativa importante não somente para os seus cooperados, não somente para as
comunidades
que
são
beneficiadas
pelo
trabalho
desenvolvido
pela
COOPERCENTRO. Ao homenagear a COOPERCENTRO, V.Exa. e a Câmara dos
Deputados estão enchendo de alegria e felicidade a alma de todos os cooperados
que compõem o sistema Itambé.
Esta homenagem é o reconhecimento de um trabalho sério, honesto e
competente realizado pela Diretoria da COOPERCENTRO, que não se cansa de se
doar para a sua cooperativa. Esta homenagem é o reconhecimento de um modo de
fazer gestão que concilia eficiência com credibilidade.
Prezado amigo e Presidente Colifeu, sua gestão retrata claramente a sua
trajetória de vida. Ao assumir a administração da propriedade de sua família, você
demonstrou que não é homem de correr dos desafios. Ao conseguir reunir os
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produtores para a compra de insumos, mostrou competência e credibilidade perante
seus pares. Ao criar o Café Rural, mostrou que é um grande líder. Acima de tudo,
prezado Colifeu, você vem demonstrando sua disposição para inovações
tecnológicas, algo fundamental nesta nova sociedade do terceiro milênio, a
sociedade do conhecimento.
O Presidente Colifeu exerceu o cargo de Conselheiro da COOPERCENTRO
entre 1999 e 2002; entre 2002 e 2005, foi Diretor Comercial e, desde 2005, exerce a
Presidência da COOPERCENTRO. Na Cooperativa Central, desde 2008, é membro
do Conselho de Administração.
Vale dizer que esse prezado amigo vem fazendo uma carreira rápida na
COOPERCENTRO, e — é bom ressaltar — sem perder os valores morais dados por
seus pais, sem atropelar, sem passar por cima de ninguém, sem carreirismo. E é
isso o que torna dignas de reconhecimento as suas conquistas e as de seus diletos
companheiros, representados aqui pelos Diretores João e Haroldo. Com eles, eu
sei, sua caminhada fica menos penosa, mais segura, mais sólida.
Caros Colifeu, João e Haroldo, levem a cada um dos cooperados da
COOPERCENTRO um abraço da família Itambé. Digam a cada um deles que todos
nós estamos orgulhosos do reconhecimento que a COOPERCENTRO recebe nesta
data, no templo da democracia brasileira. Digam a seus cooperados que, quanto
mais forte for a COOPERCENTRO, mais forte será a Itambé, mais forte será o
cooperativismo e mais forte será o produtor de leite.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Agradecemos ao Sr. Jacques Gontijo,
Presidente da Itambé, as palavras.
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Reconhecemos, Sr. Jacques, o competente trabalho que desenvolve à frente
da CCPR. E o Brasil agradece ao senhor esse empenho para fortalecer o
cooperativismo na produção de leite.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Concedo a palavra ao Sr. Colifeu
Andrade Silva, Presidente da Cooperativa Regional dos Produtores Rurais do Centro
Nordeste Mineiro.
O SR. COLIFEU ANDRADE SILVA - Exmo. Presidente desta Sessão Solene,
Deputado Federal Paulo Piau, Exmo. Deputado Federal Dr. Leonardo Vilela,
prezado Sr. Ronaldo Scucato, Presidente da Organização das Cooperativas do
Estado de Minas Gerais, prezado Dr. Jacques Gontijo, Presidente da CCPR/Itambé,
prezado Dr. Vicente Nogueira, Presidente da FEPALE e da COTRIAL; Sr. Tarciso
Braz, Diretor da Cooperativa Agropecuária de Unaí; demais autoridades presentes,
meus prezados amigos e companheiros Diretores da COOPERCENTRO, Dr. João
Bicalho de Almeida e Dr. Haroldo Costa Santos, senhores cooperados da
COOPERCENTRO, senhores convidados, minhas senhoras e meus senhores,
estamos vivendo um momento histórico: estamos aqui, na Casa do povo brasileiro,
na Câmara dos Deputados, reunidos numa sessão solene que comemora o 33º
aniversário da COOPERCENTRO.
Ela foi fundada nos anos 70 do século passado. Eu tinha apenas 10 anos
quando ela foi criada, em 5 de julho de 1977, mas me lembro bem da movimentação
de meu pai e de produtores da região de Guanhães, que buscavam a constituição
de nossa cooperativa.
O Sr. Castro Alves foi o nosso primeiro Presidente, tendo sido sucedido pelo
Sr. Miguel Nunes Coelho, depois pelo Sr. João Leal, seguido pelo Sr. Manoel Paulo
Pires Pereira e pelo Sr. Antônio Bretas. Tenho hoje o prazer, a honra e a
responsabilidade de ser o sexto Presidente da cooperativa.
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Nestes 33 anos, crescemos muito. Começamos com o propósito de assegurar
a comercialização do leite que produzíamos de maneira segura e a preços justos.
Por isso a COOPERCENTRO foi criada.
Naquele momento, como contam os produtores pioneiros, foi decisivo o apoio
e o estímulo que receberam da CCPR/Itambé. Assim, já nascemos vinculados à
cooperativa central. Isso nos trouxe a necessária tranquilidade quanto à execução
dos nossos objetivos iniciais. Mas logo percebemos que uma cooperativa pode ir
muito além. Percebemos que ela pode oferecer muito mais apoio ao seu cooperado.
Na gestão do Sr. Miguel Nunes, foi adquirido um imóvel rural com o objetivo
de facilitar o acesso do produtor às novas tecnologias que começavam a ser
disseminadas. O projeto era transformar esse imóvel numa fazenda modelo. Essa foi
uma ideia louvável e muito avançada para a época, mas que acabou se mostrando
difícil de ser concretizada naquele momento, devido à falta de recursos financeiros e
de pessoal.
Todavia, na gestão seguinte, a do Presidente Manoel Paulo, foi iniciado um
trabalho consistente de assistência técnica ao cooperado, um serviço totalmente
custeado pela cooperativa.
Foi nessa época também que a cooperativa passou a ter uma sede,
permitindo que os produtores tivessem um local para encontros e um ponto de apoio
para a resolução de seus problemas.
Pensar em uma fazenda modelo e estruturar um serviço de assistência
técnica ainda hoje são ideias muito atuais. Na época em que foram discutidas,
tiveram um papel muito importante: o de quebrar a resistência do cooperado à
incorporação de novas tecnologias no processo de produção de leite. Além disso,
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permitiram que ficasse cada vez mais forte a visão de que somente por meio do
cooperativismo podemos realizar o sonho de dias melhores.
Sempre acreditei no cooperativismo. Quando eu ainda era adolescente, meu
pai entregou a mim e a meu irmão a responsabilidade de administrar a pequena
propriedade da nossa família. Assumimos uma grande responsabilidade, pois era
dali que vinha todo o nosso sustento. Procuramos, então, administrar da maneira
mais eficiente possível. Mas não bastou muito tempo para ficar evidente que
precisávamos trabalhar com os vizinhos.
Sendo pequenos, resolvemos ser grandes valendo-nos da força que vem da
união. Procuramos os outros produtores e criamos uma central de compras de
insumos. Passamos a juntar todos os pedidos dos vizinhos e, sem nenhum ganho
financeiro, providenciávamos a encomenda. Como comprávamos em volume,
conseguíamos comprar mais barato. Além da economia que beneficiava a todos,
havia o ganho da confiança no relacionamento entre nós, que cada vez se tomava
mais sólido.
Quando assumi a Presidência da COOPERCENTRO, levei essa experiência
exitosa para a cooperativa, onde foi possível expandir esse trabalho, atingindo um
volume muito maior de compras e beneficiando muito mais cooperados.
Mais de 20 mil toneladas de insumos e rações por ano são distribuídas para
os nossos cooperados. Todo mês, a cooperativa centraliza o recebimento de
pedidos de insumos feito pelos cooperados. A partir daí, promovemos a negociação
com os fornecedores e fazemos o gerenciamento da logística de distribuição, sem a
inclusão de qualquer margem para a cooperativa.
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Essa é uma experiência tão exitosa que, no período de pico do plantio,
chegamos a comercializar até 120 caminhões mensais de insumos. Recentemente,
a cooperativa adquiriu um caminhão para atender ao cooperado durante todo o ano
de modo eficiente e rápido.
Uma cooperativa realmente cumpre o seu papel quando presta bons serviços
ao seu cooperado, e é isso que buscamos com o nosso trabalho.
Na fazenda da cooperativa, antes abandonada, estamos conseguindo realizar
o sonho dos nossos antepassados — e ela é um patrimônio de todos os
cooperados.
Reformamos as instalações, construímos uma estrutura de alvenaria e
facilitamos o acesso do cooperado à fazenda, abrindo uma nova estrada. Além
disso, adquirimos equipamentos necessários para a realização de transferência de
embriões.
Nessa nova estrutura, estamos oferecendo diferentes cursos de treinamento,
nos quais o cooperado tem aulas teóricas e práticas.
Também temos feito recria de novilhas para os cooperados, que recebem
animais já inseminados. Como eles pagam pelo serviço em novilhas, tem sido
possível promover leilões de fêmeas de alto padrão genético, selecionadas e já
inseminadas, a preços muito favoráveis.
E nosso trabalho de fomento não para por aí. Na fazenda da cooperativa, há
um viveiro de produção de mudas de cana-de-açúcar e também de mudas de
variedades de pastagem. Cada um dos cooperados pode usufruir de uma cota de
até 3 toneladas de mudas por ano, sem nenhuma taxa de contribuição.
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O cooperativismo, porém, não é feito somente de prestação de serviços
voltados diretamente para a produção. Assim, buscamos a união e a solidariedade
para obtermos o melhor desempenho econômico possível.
Consideramos muito importante toda ação que possibilite o encontro dos
cooperados para discutir temas de interesse técnico e econômico. Foi pensando
nisso, Sr. Presidente, que criamos o Café Rural, que, de tanto sucesso, já virou
tradição.
O Café Rural é uma reunião mensal que fazemos com os cooperados,
sempre na primeira segunda-feira da segunda quinzena de cada mês. Para esses
encontros, convidamos também palestrantes, que podem ser professores,
pesquisadores ou até mesmo autoridades públicas. Eles se reúnem conosco para
falar sobre temas da atualidade relacionados ao nosso processo produtivo ou para
discutir problemas que estão afligindo a todos.
Essas reuniões têm uma pauta prévia, para que sejam conduzidas de modo
objetivo e organizado, pois contamos com uma presença média de 70 cooperados
por encontro. Até agora, já realizamos 39 Cafés Rurais.
A Diretoria está convicta de que a cooperativa precisa continuar a facilitar o
acesso do cooperado à informação sobre os assuntos que dizem respeito à
produção de leite. Mais do que isso, precisamos fazer com que novos
procedimentos tecnológicos estejam acessíveis a todos os produtores.
Sabedores de que um diferencial em qualquer propriedade é a qualidade do
rebanho, recentemente tentamos introduzir animais F1 nas propriedades dos
cooperados. A realidade, porém, mostrou que esse é um projeto de grande
envergadura e que necessita de expressivo volume de animais para se tomar mais
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acessível ao bolso do cooperado. Portanto, não é um projeto para ser levado à
frente somente por uma cooperativa singular.
Em razão disso, caro Dr. Jacques, é preciso registrar que eu e meus
companheiros de Diretoria ficamos muito satisfeitos quando, na última reunião da
Diretoria da CCPR com as cooperativas, tomamos conhecimento do Programa
Itambé de Melhoramento Genético. Percebemos que nossas reivindicações no
sentido de a cooperativa central assumir o papel de conceber e coordenar um
programa desse nível foram atendidas. Com isso, vamos iniciar uma nova etapa em
termos de tecnologia nas propriedades dos cooperados.
Por outro lado, a medida renova em todos nós a certeza de que a ligação
entre a nossa cooperativa e a central é cada vez mais sólida e que estamos
reduzindo as distâncias. São atitudes como essa que fazem o cooperado acreditar
que a cooperativa faz de tudo para atender as suas necessidades.
Prezado Deputado Paulo Piau, quando V.Exa. nos comunicou que a Câmara
dos Deputados procederia a uma homenagem aos 33 anos de criação da nossa
COOPERCENTRO com a realização de uma sessão solene, enchemo-nos de
alegria. Afinal, não é sempre que um trabalho realizado por uma cooperativa merece
tamanho reconhecimento. Mas essa alegria foi ainda maior, pois esta homenagem
foi requerida por V.Exa.
Aqui estão 2 companheiros a quem a COOPERCENTRO deve muito: o Dr.
João Bicalho, engenheiro elétrico aposentado da CEMIG, de onde trouxe rica
experiência profissional, e Dr. Haroldo, que se aposentou como gerente da Caixa
Econômica Federal. Esses bravos companheiros sabem ser o combustível e o freio,
na hora certa. Juntos, com muita harmonia, com muita dedicação, com muito
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respeito, com muita camaradagem, temos buscado estar cada vez mais próximos do
nosso cooperado.
Aos companheiros João Bicalho e Haroldo, rendo meu reconhecimento
sincero.
Prezado Dr. Jacques, prezado Deputado Paulo Piau, os senhores sabem
como é difícil se dedicar a instituições públicas, principalmente nos dias atuais. A
COOPERCENTRO é uma empresa, mas tem características de instituição pública.
Na COOPERCENTRO, o cooperado tem contato direto conosco e, para que
possamos cumprir nossa missão com êxito, com muita frequência acabamos
deixando nossa vida pessoal em segundo plano.
Então, neste momento festivo, não poderia deixar de agradecer o apoio, a
compreensão e o cuidado que me dedicam a minha esposa, Cássia, e os meus 3
filhos — Amanda, Bruna e Gabriel. (Palmas.)
Saibam vocês que minha ausência constante de casa é por uma causa maior.
É pelo cooperativismo, é pela nossa COOPERCENTRO.
Muito obrigado! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Agradecemos ao amigo Colifeu as
palavras emocionadas e, evidentemente, a grande participação no cooperativismo
mineiro e brasileiro. Com certeza, esse sucesso se deve a essa reunião de
cooperativas que faz hoje a CCPR.
Demos um tiro e acertamos dois coelhos, Presidente Ronaldo Scucato: uma
cooperativa singular e a Itambé, que, por seus 61 anos, também deve se considerar
homenageada neste ato.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Passo a palavra ao Dr. Ronaldo Scucato,
Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais; neste ato,
representando o Sr. Márcio Lopes de Freitas, Presidente da OCB.
É uma alegria tê-lo conosco, Dr. Ronaldo. V.Sa. é, sem dúvida, uma das
maiores autoridades brasileiras no cooperativismo. Hoje, junto ao Governo de Minas
Gerais, presta um serviço essencial para o desenvolvimento do Estado, não apenas
para o cooperativismo. Rendo-lhe esta homenagem pelo trabalho que tem
desenvolvido.
Muito obrigado, Dr. Ronaldo Scucato.
O SR. RONALDO SCUCATO - Boa tarde a todos.
Caríssimo amigo Deputado Paulo Piau, Presidente deste ato solene, muito
obrigado pela sua apresentação. Estou convencido de que ela vai além do meu
merecimento.
Deputado Paulo Piau, V.Exa. é um abnegado do cooperativismo. Muito
devemos a V.Exa. e também ao Deputado Leonardo Vilela, 2 forças expressivas no
Congresso Nacional para a consolidação do cooperativismo brasileiro.
Saúdo o caro Presidente Jacques Gontijo, grande parceiro do cooperativismo
mineiro e brasileiro; o Sr. Vicente Nogueira, amigo da CBCL. Peço licença ao
Presidente da Mesa para estender os cumprimentos a algumas pessoas da plateia,
naturalmente correndo o risco de esquecer alguém. Cumprimento o Sr. Paulo
Martins; os diretores de cooperativas; o Sr. Luciano, que não está mais presente, e o
seu pai, que faz as vezes do filho; o Sr. Getúlio, meu dileto amigo. Meu cumprimento
especialíssimo ao Dr. Paulo Porto, a quem o cooperativismo nacional muito deve por
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sua presença edificante na construção de um cooperativismo sério. Cumprimento
também toda a plateia, as senhoras, os senhores.
Não se assuste, Presidente Colifeu, pelo fato de eu não ter citado seu nome.
Deixei para fazê-lo por último propositadamente, pois, ao cumprimentá-lo, quero
estender esse cumprimento a toda a sua diretoria, aos seus conselheiros, aos seus
funcionários, mas, sobretudo, aos produtores associados. (Palmas.)
Esse pessoal não é recurso humano, é gente, e há de se colocar uma carga
de emoção nisso, porque nada na vida tem sucesso sem emoção. Essas pessoas
que labutam, que trabalham, que representam a sociedade civil sabem que, toda vez
que alguém recebe sem trabalhar, alguém está trabalhando sem receber. Essas
pessoas trabalham e frequentemente não recebem; se recebem, é muito aquém do
que merecem, do que teriam de receber por justiça.
Estudo da FAO — todos sabem que é o organismo da ONU que trata da
agricultura e da alimentação no mundo —, não muito recente, modificou os
percentuais. Considerando-se um bolo econômico de 100%, 22% ficam no setor
terciário da economia. Quando se comercializa o leite, o óleo de soja etc., 67% ficam
no setor secundário da economia — aquele que transforma, aquele que agrega,
aquele que transporta, aquele que estoca. Geralmente, no setor secundário estão as
transnacionais, os grupos cujos interesses superam os interesses das próprias
nações. Esses grupos ficam com 67% mais 22%: 89%. E 11% ficam no setor
primário da produção, o que é uma grande injustiça.
Meu caro Presidente Paulo Piau, esse é um dos fatores do êxodo rural. A
atividade rural não encanta, o que é uma grande injustiça, porque a mais expressiva
parte do superávit da balança comercial do País, hoje, é do agronegócio.
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Estamos tentando deixar de falar no agronegócio, porque ele está
demonizado. O produtor rural é o culpado de tudo. É como se a casa começasse a
ser construída pelo telhado. Tudo começa no setor primário da produção, tudo
começa no campo, tudo começa na roça.
Eu sou um homem urbano, essencialmente urbano, mas trago dentro do
coração uma grande fazenda, uma sensibilidade por tudo aquilo que é feito pelos
senhores.
Parabenizo os produtores rurais, o Presidente Colifeu e essa gente que
prestigia sua cooperativa, essa gente que sabe que, quando bater na porta da
cooperativa, será atendida; essa gente que minimiza os 11%. Na cooperativa, essa
porcentagem é superior. Essa é a grandeza da cooperativa.
Presidente Paulo Piau, Deputado Leonardo Vilela, emociona-me estar nesta
Casa hoje para homenagear a cooperativa dos produtores rurais, que começa a
enaltecer-se pelo nome. Cooperativa dos produtores rurais é muito mais do que
cooperativa agropecuária. Cooperativa dos produtores rurais significa agrocidadania,
não agronegócio. O agronegócio demoniza o produtor. Somos agrocidadãos. Somos
agrocooperados.
A partir de certa idade, começamos a contar histórias. Estou falando em pé
para ser visto, estou falando alto para ser ouvido e estou falando pouco para ser
aplaudido. Falarei somente 2 horas. Uma das vantagens de ter um longo percurso
na vida é poder contar histórias.
Há 40, 50 anos, fiz um curso pela Fundação Friedrich Naumann, em Curitiba.
Perguntou-me um diretor da então cooperativa de Toledo, não mais existente,
porque foi incorporada pela COOPAVEL: “O que você faz na cooperativa?”
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Respondi: “Sou diretor financeiro”. Assumi uma diretoria financeira muito jovem. Já
são 60 anos de cooperativismo, e a gentil plateia não vai perguntar-me com quantos
anos comecei. Perguntou-me o diretor dessa cooperativa de Toledo: “Diretor
financeiro?” Respondi: “Sim”. Ele disse: “Você deve estar fazendo é touro”. Eu não
sabia o que era “fazer touro”, porque em Minas Gerais não se usava esse termo.
Perguntei: “O que significa fazer touro? Ele respondeu: “Fazer maracutaia. Você
está se locupletando, enriquecendo à custa da cooperativa”.
Era essa a imagem que tinham do cooperativismo. Hoje isso está atenuado,
felizmente. Hoje, estar na cooperativa é contribuir para a riqueza do País. Hoje o
Papa realça as qualidades do cooperativismo e sua importância como ferramenta
para alavancar a economia dos países, especialmente dos emergentes. A ONU
declara que 2012 será o ano das cooperativas, e a Sra. Elinor Ostrom, uma
economista desconhecida dos Estados Unidos, arrebata o Prêmio Nobel de
Economia com um trabalho sobre uma pequena cooperativa de lenhadores. Isso me
emociona, compensa minha trajetória de 60 anos no cooperativismo, Presidente
Colifeu. Por isso, deixei para cumprimentá-lo por último.
Presidente, a Aliança Cooperativa Internacional comemora o Dia Internacional
do Cooperativismo no primeiro sábado de julho. Neste ano, o principal tema foi a
mulher. Eles usavam a palavra “empoderamento”, porque foi mal traduzida do inglês
empower. É o fortalecimento do universo feminino no cooperativismo. É a
capacitação da mulher. É dar mais poderes à mulher para atuar na cooperativa.
Nós temos a felicidade de ter em Minas Gerais 47 mulheres presidentes de
cooperativas e mais de 200 conselheiras diretoras, fora as funcionárias das
cooperativas. Por isso, peço uma salva de palmas para as mulheres. (Palmas.)
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Em nome das cooperativas mineiras — são 800 —, do Dr. Márcio Lopes de
Freitas, jovem e eficiente Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras,
que representa 7.300 cooperativas e mais de 8 milhões de cooperados, e em meu
próprio nome, agradeço-lhes o convite para participar desta sessão.
Falarei por último sobre a política no ambiente da política. A política é o norte.
A política é a bússola. A política é o continente. A política é a garrafa. E tudo que
está dentro da garrafa é o conteúdo. Tudo, numa nação democrática, depende
daquilo que se decide politicamente. E a decisão tem de ser dada com base no
desejo da sociedade civil. Temos de falar em política. Não há de se falar em
neutralidade política no cooperativismo.
Precisamos de representantes na Casa que tenham compromisso com nossa
causa cooperativista, porque somos exemplo da moralidade, da ética e da
transparência.
Sr. Presidente Paulo Piau, temos de manter bons políticos na Câmara dos
Deputados, comprometidos com a nossa causa. Temos de alijar os maus políticos,
que enodoam a Nação brasileira. Isso me faz lembrar de uma célebre frase de Eça
de Queiroz, meu escritor preferido da Língua Portuguesa. Em determinado tempo,
ele disse que os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente, e pelas
mesmas razões. Mas não é o caso de mudar todos. Devem permanecer os bons, os
sérios, os éticos, como o Deputado Paulo Piau, como o Deputado Leonardo Vilela.
(Palmas.) Não digo isso por estar na presença de V.Exas. Há outros, como o
Deputado Zonta, o Deputado Nelson Marquezelli, o Deputado Moacir Micheletto
(não sei se Hugo Biehl continua aqui), o Deputado Valdir Colatto, o Deputado
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Marcos Montes, o Deputado Arnaldo Jardim. Todos eles fazem parte da Frente
Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo — FRENCOOP.
Engrandece a Casa ter representantes do povo da têmpera de V.Exas.
Deputado Leonardo Vilela, jovem médico, fazendeiro, e Deputado Paulo Piau, como
é bom ser amigo de V.Exas.!
Meus amigos, já falei o suficiente. Terminarei o meu discurso citando uma
frase de convicção no cooperativismo. Ela foi proferida há muitos anos por Gide,
economista humanitário francês, que adotou o cooperativismo quando pulou da
Inglaterra para a Europa continental, constituindo uma universidade para tratar
exclusivamente de cooperativismo. Em certa época, ele disse o seguinte:
“Cooperativismo é a suprema esperança daqueles que sabem que há uma questão
social a resolver e uma revolução a evitar”.
Presidente Colifeu, um abraço, extensivo à sua gente.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Agradecemos ao Dr. Ronaldo Scucato o
discurso-aula. Vejam a sabedoria desta frase, que evidentemente ficará marcada:
“Toda vez que alguém recebe sem trabalhar, alguém trabalha sem receber”.
Antes de encerrar os trabalhos, Dr. Ronaldo Scucato, quero dizer que esta
Casa também está cumprindo sua missão. Nós aprovamos o Ficha Limpa. Ele foi
aprovado também pelo Senado Federal, sancionado pelo Presidente da República e
chegou ao Tribunal Superior Eleitoral cheio de dúvidas. Ontem, tivemos a felicidade
de saber que o projeto vale para todos os casos, inclusive os do passado. Tomara
que todos aqueles que, para receber sem trabalhar, tiraram de quem trabalhou
sejam eliminados não apenas do Congresso Nacional, mas das Assembleias
Legislativas, das Câmaras de Vereadores, das Prefeituras, dos Governos dos
Estados, e assim por diante. Acho que estamos dando um passo adiante.
Ouvimos, em Uberlândia, um cidadão do Espírito Santo dizer o seguinte:
“Olha, gente, estamos numa democracia, e a nossa casa na democracia é o
Legislativo. É a casa da dúvida, da crítica; é a casa mais exposta, a que a imprensa
tem todo acesso e a quem faz todas as suas críticas. Mas é a casa da democracia, e
nela devemos atuar frequentemente”. Ele se referiu ao Executivo e ao Judiciário
como casas da certeza, porque o Executivo executa e o Judiciário toma decisões na
alçada jurídica.
Há discussões sobre o desenvolvimento, sobre os problemas da nossa
comunidade na democracia, que no Brasil tem 21 anos e é recorde na história dos
510 anos. Esses 21 anos realmente estão se transformando em uma grande
bandeira e, evidentemente, em um controle social, em uma solução para as
questões do nosso País.
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Antes de encerrar, peço aos membros da cooperativa de Guanhães que se
postem aqui na frente, pois vamos permanecer na mesa, depois de encerrada a
sessão, para tirarmos uma fotografia de todos aqueles que vieram desse Município.
Queremos registrar este momento importante.
Agradeço ao Sr. Vicente Nogueira; ao Sr. Jacques Gontijo; ao grande
Presidente Ronaldo Scucato; ao Sr. Colifeu, por esse empreendimento fantástico
que gerencia na cidade de Guanhães; a todos que aqui compareceram para que
pudéssemos aplaudir o produtor rural, o cooperativismo, enfim, o nosso Brasil.
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V - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar
a sessão, antes lembrando que segunda-feira, dia 21 de junho, às 10h, haverá
sessão solene em homenagem aos 25 anos de fundação do jornal Folha Dirigida.
Também haverá sessão solene do Congresso Nacional às 10h, no plenário do
Senado Federal, destinada a comemorar os 139 anos da imigração italiana no Brasil
e os 135 anos da colonização italiana no Rio Grande do Sul.
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O SR. PRESIDENTE (Paulo Piau) - Encerro a sessão, convocando para
segunda-feira, dia 21 de junho, às 14h, sessão ordinária de debates da Câmara dos
Deputados.
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(Encerra-se a sessão às 16 horas e 53 minutos.)
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