VIII SOBER Nordeste
Novembro de 2013
Parnaíba- PI - Brasil
A INSERÇÃO DO ARTESANATO NAS ATIVIDADES DAS MULHERES RURAIS DO TERRITÓRIO
DO SISAL DA BAHIA
LILIANE OLIVEIRA DA SILVA (UFBA) - [email protected]
ESTUDANTE DE ZOOTECNIA
LILIANA BURY DE AZEVEDO (UFBA) - [email protected]
ESTUDANTE DE ZOOTECNIA
MARCOS VINICIUS DE SÁ TELES RODRIGUES (UFBA) - [email protected]
ESTUDANTE DE ZOOTECNIA
JOSÉ LIMA BATISTA JUNIOR (UFBA) - [email protected]
ESTUDANTE DE ZOOTECNIA
GUSTAVO BITTENCOURT MACHADO (UFBA) - [email protected]
PROFESSORE DO CURSO DE ZOOTECNIA
VIII SOBER Nordeste
Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural
Parnaíba – PI
/
A inserção do artesanato nas atividades das mulheres rurais do
Território do Sisal da Bahia
Grupo de Pesquisa: territórios, ruralidade e desenvolvimento
RESUMO
A inserção de mulheres no desenvolvimento econômico familiar ganhou importante
representatividade através da participação efetiva nos sistemas produtivos da agricultura
familiar. Com o objetivo de estudar a inserção das famílias rurais do território sisaleiro
da Bahia na atividade do artesanato, este trabalho aborda a cadeia produtiva do
artesanato produzido pelas mulheres rurais organizadas pela cooperativa citada. Com a
implantação da Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão possibilitou o
desenvolvimento das etapas no processo do trabalho artesão, desde a extração da
matéria-prima até a confecção dos produtos de forma solidária e sustentável, explorando
as diversas tintas naturais. Esta atividade necessita da valorização econômica e do
trabalho, já que, é uma atividade pouco remunerada, o que impossibilita a entrada de
outras pessoas, que preferem a busca por outras atividades mais lucrativas.
Palavras-chaves: artesãs, fibra, semiárido sisal,
ABSTRACT
The inclusion of women in economic development family gained important
representation through effective participation in the productive systems of Family
Farming. In order to study the inclusion of rural households in the territory of Bahia in
sisal craft activity, this work addresses the production chain of handicrafts produced by
rural women organized by the cooperative said. Eat deployment of Cooperative
Regional Artisans Fibers Hinterland enabled the development of the steps in the process
of handmade work, from the extraction of raw materials to the manufacturing of
products in solidarity and sustainable, exploring the various natural dyes. This activity
requires the economic recovery and labor, since it is a bit gainful activity, which
prevents the entry of other people, who prefer to search for other more profitable
activities.
Key words: artisans, fiber, semiarid, sisal,
1. INTRODUÇÃO
A inserção de mulheres no desenvolvimento econômico familiar ganhou
importante representatividade. Grupos de mulheres são de grande importância na
confecção de artesanatos locais, na merenda escolar, produção de polpas de frutas da
região que serão beneficiados pelo PAA (Programa de Aquisição de alimentos) e o
PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), no cultivo de abelhas, na
preservação de sementes das frutas nativas, além de participarem efetivamente dos
sistemas produtivos da agricultura familiar.
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Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013,
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Wall (1986) aborda a feminilização da agricultura através de dados estatísticos
que demonstram que a população feminina que atuam nas atividades agrícolas vem
aumentando no decorrer dos anos.
O trabalho artesão surgiu na região sisaleira com a dedicação dos moradores
trabalhando no garimpo no ano de 1998 não tendo nenhuma influência governamental e
tem-se inovado no decorrer da produção do artesanato, tendo orientação da Cooperativa
Regional de Artesãs Fibras do Sertão (COOPERAFIS). Com o objetivo de estudar a
inserção das famílias rurais do território sisaleiro da Bahia na atividade do artesanato,
este trabalho aborda a cadeia produtiva do artesanato produzido pelas mulheres rurais
organizadas pela cooperativa citada.
2. O ARTESANATO E A COOPERAFIS
A organização do artesanato na região sisaleira da Bahia, ocorreu no ano de
2002, através da Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão (COPERAFIS), no
qual desenvolveu as etapas no processo do trabalho artesão. Considerando que o
mesmo tem inicio com a extração da matéria- prima, as etapas deste processo são
monitoradas pelos próprios produtores de Sisal (Agave sisalana) e Caroá (Neoglaziovia
variegate) que são plantas adaptadas a climas tropicais e subtropicais e resistentes a
intensa seca.
Os produtores rurais vão à busca de diversas alternativas viáveis a fim de manter
a sobrevivência, a partir disso, tendo como alternativa a inclusão do artesanato, gerando
assim grande influencia para as mulheres e renda extra para a agricultura familiar.
Com o incentivo de incluir o artesanato como atividade econômica, explorando
os subprodutos do sisal, tem influenciado de forma positiva as mulheres da região
sisaleira do semiárido da Bahia, obtendo como êxito o reconhecimento do trabalho
artesão no mercado. Com as dificuldades causadas pela devasta seca, que geraram
danos, prejuízos e preocupações à atividade agropecuária, o artesanato teve
desenvolvimento e contribuiu na diversificação do trabalho produzindo artigos e
acessórios, como tapetes, porta jóias, cintos, colares, canetas, guardanapos, descanso de
mesa, jogos americanos, bolsas, flores, chapéus, cestas, dentre outras.
Estes produtos são confeccionados de forma solidária e sustentável explorando
as diversas cores, como o vermelho, marrom, cinza, amarelo, verde e azul que
geralmente são tintas naturais extraídas de folhas, cascas e raízes de plantas típica da
Caatinga como a Umburana (Amburana claudii) e Pau de colher (Tabernaemontana
Laeta).
Atualmente, os produtos expandiram-se além do território sisaleiro para outras
localidades como Feira de Santana e Salvador chegando a fazer parte do portfólio de
produtos brasileiros para exportação do sisal.
Para desenvolver o trabalho artesão deve-se se estar disposto a trabalhar em
grupo, participar de associações ou cooperativas, e estar apto a conhecer e ampliar
técnicas de conhecimentos (SHNEDIDIER, 2003).
3. ANÁLISE DE UTF (UNIDADE DE TRABALHO FAMILIAR)
Foram estudados onze tipos de sistemas de produção, no qual o artesanato está
inserido. Esses tipos estão representados pelo gráfico abaixo.
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Gráfico 1: Tipologia dos sistemas de prod ução e categorias sociais dos artesãos da
Região Sisaleira da Bahia.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2012-2013.
A família pluriativa de Mulher artesã com Bolsa Família e Empregado (tipo 10)
possui maior representatividade na região (24%), sendo assim, este trabalho abordará os
resultados subsequentes, quanto à unidade de trabalho familiar.
O levantamento de UTF é obtido através da “técnica de grãos”, na qual os
integrantes da família distribuem os grãos pelas atividades de acordo com a
disponibilidade do tempo. A soma dos tempos em cada subsistema por cada UTF tem
que ser igual a 1 (unidade).
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Tabela 1: Levantamento de UTF (Unidade de Trabalho
Familiar) por subsistema de atividade (tipo 10).
Subsistema de produção
M1
N2 Total
Artesanato
0,27 0,00
0,27
Trabalho doméstico
0,27 0,00
0,27
Quintal com galinha caipira
0,27 0,00
0,27
Serviços gerais
0,18 0,00
0,18
Empregado
0,00 1,00
1,00
Total
1
1
2
1
2
Legenda: Mulher, Neta.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
Nesta análise de UTF, observa-se que as atividades domésticas e agrícolas são
realizadas pela mulher, nas quais divide-se seu tempo para a produção dos artesanatos,
principal fonte de renda gerada pela mulher, e, igualmente, as atividades domésticas
com o quintal, com galinha caipira, que se caracteriza por um subsistema anexo ao
trabalho doméstico, ou seja, fornecendo produtos para autoconsumo familiar.
A função do neto nesse tipo de sistema se caracteriza como pluriativo pela
atividade de empregado, compreendendo 100% de seu tempo de trabalho. Segundo
Machado (2008), a pluriatividade no espaço rural se apresenta como forma de
complementar a renda familiar, inicialmente, agrícola.
A importância da atividade artesã é observada quando a mesma concorre na
distribuição do tempo entre as principais atividades exercidas pela mulher, já que, ela
necessita realizar as atividades domésticas e gerar renda para complementar os
rendimentos da família.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade artesã possibilita para muitas mulheres uma forma de trabalho em
grupo, que, alem ocasionar a geração de renda, funciona como atividade terapêutica.
Trabalhar com artesanato é, para estas mulheres, praticar a criatividade e a inovação
para criar diferentes peças e técnicas de confecção.
Esta atividade necessita da valorização econômica e do trabalho, já que é uma
atividade pouco remunerada, o que impossibilita a entrada de outras pessoas, que
preferem a busca por outras atividades mais lucrativas.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUFUMIER, M. Projetos de Desenvolvimento Agrícola: manual para
especialistas. Salvador: EDUFBA, 2007.
MACHADO, A. G.; CAUME, D. J. Multifuncionalidade e pluriatividade
como alternativas de desenvolvimento da agricultura familiar no brasil. Sociedade
Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Goiânia, Goiás, Brasil,
2008, 12p.
SCHNEDIDER, J. O. Pressupostos da educação cooperativa: a visão de
sistematizadores da doutrina do cooperativismo. Brasília: SESCOOP/UNISINOS,
2003. 13-58p.
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Wal, K; A divisão sexual do trabalho na agricultura: elementos para o seu
estudo.
1986.
Disponível
em:
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223553064e1erw6mp8eu20xf3.pdf. Acesso
em: 27 de setembro 2013
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