ENCONTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL XIX Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental da ASPEA Aprender fora de portas: percursos de aprendizagens Década da Biodiversidade Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global Carta da Terra ___________________________________________________________________________ António Eloy OS AMANHÃS QUE VÃO AQUECER! O homem está a interferir com o clima. Clima é uma palavra de origem grega, "klima", e quer dizer inclinação. O clima da terra, as oscilações de temperatura entre os pólos e os trópicos, as estações do ano estão relacionados com a inclinação da Terra em relação á energia solar, que absorve. A inclinação da Terra não foi sempre a mesma, daí os períodos glaciares. Nos primeiros milhões de anos da vida da Terra esta esteve coberta de gelo e foi o degelo que levou ao surgir da vida. A evolução da vida na terra e o desenvolvimento das comunidades humanas está ligado aos ciclos glaciares. A passagem da floresta tropical, que ocupava todo o Sahara, para savana, uma diminuição significativa do nível das águas do mar (parte significativa ficava armazenada nos gelos) são os factores que na última glaciação permitem o nosso desenvolvimento e o povoamento das regiões mais remotas a partir do berço da humanidade (África). Durante centenas, muitas centenas de séculos, desde que há cerca de sete mil anos acabou a última glaciação e se estabeleceu um equilíbrio climático que as alterações e variabilidade da pluviosidade e da temperatura se ficaram a dever a fenómenos naturais, seja a actividade vulcânica, em terra e nos mares, sejam perturbações na superfície solar. O crescimento demográfico e sobretudo o aumento das actividades agrícolas e os crescentes desenvolvimentos industriais foram contribuindo progressivamente para a alteração da composição dos gases atmosféricos. As alterações climáticas (ou aquecimento global, como por vezes também são referidas) resultam basicamente da acumulação de dióxido de carbono na atmosfera. O dióxido de carbono (CO2) é um elemento fundamental, não só para o equilíbrio que permite a vida, mas também como regulador térmico. A sua excessiva acumulação atmosférica provoca a refracção dos raios solares e o "efeito de estufa", que não permite a evapo-transpiração, acumulando o calor e vapor, como numa estufa. Pois é, há muitos anos que cientistas e ecologistas andavam a tocar a sinete de alarme. A chamar a atenção para o facto de que o dióxido de carbono emitido pelas actividades agrícolas e industriais iria aumentar a temperatura atmosférica e modificar a pluviosidade. 1 Hoje é oficial. O painel de especialistas inter-governamental, que tem acompanhado os trabalhos da Convenção sobre Alterações Climáticas (assinada por 167 países, quando da Cimeira da Terra, Rio 92) é hoje categórico "Um conjunto diverso de elementos levam-nos a concluir que há uma influência significativa das actividades humanas sobre o clima global". A acumulação na atmosfera de dióxido de carbono pode provocar alterações climáticas enormes, tempestades e secas podem suceder-se, e, cada vez mais extremas. Não sabemos que efeito o aquecimento pode ter na formação das nuvens e na pluviosidade, mas sabemos que o aquecimento da água do mar e a fusão dos gelos glaciares (tanto nas altas montanhas como nos pólos) pode provocar aumentos dos níveis do mar, da torrencialidade das ribeiras e rios e chuvas violentas. No nosso país, e infelizmente também um pouco por todo o lado, sabemos com que trágicas consequências. 2