Federação Nacional dos Professores www.fenprof.pt Mudar de rumo, talvez para ser rigoroso! Sem o rigor que se exige à direcção de um jornal, com a importância do DN, na elaboração dos seus editoriais, o de dia 21 de Julho (Mudar de rumo, para onde?) faz pairar a ideia de que há ali a intenção de dar a mão ao Ministério da Educação, ao Governo e ao PS neste confronto em que se isolou contra tudo e todos: a avaliação de desempenho dos professores. Quanto à opção editorialista não me pronuncio, independentemente do que penso sobre o que deverá ser a isenção e independência da comunicação social. Contudo, mesmo para a manipulação ter qualidade é preciso que haja rigor nos argumentos, sob pena de se transformar noutra coisa ainda mais condenável. De mais chocante, no que à falta de rigor diz respeito, é a confusão feita entre quotas de avaliação, destinadas à atribuição das menções qualitativas mais elevadas, e outros obstáculos que foram criados pelo Governo para dificultar ou impedir a progressão aos níveis superiores da carreira. São coisas diferentes? Mas, mesmo em relação às quotas, é necessário dizer por que motivo a OCDE refere que, por enquanto, devem vigorar: o sistema não tem maturidade, os avaliadores não têm proficiência, os critérios não são suficientemente explícitos. Isto é, razões que pouco abonam em relação ao que se tem passado no domínio da avaliação. Relativamente à observação de aulas, é verdade que considera uma boa metodologia, mas também não é isso que tem sido criticado. A crítica, e os peritos da OCDE repetem-na, é que se torna necessário desenvolver orientações para a sua realização e essas nunca existiram, transformando muitos momentos de observação em meros actos administrativos. Não se descobre, ainda, onde lê o editorialista que o modelo actual se deverá tornar mais exigente, quiçá, complexo. O que se lê nas recomendações da OCDE é que se torna necessário simplificar e até separar aspectos de desenvolvimento profissional da mera progressão na carreira. Sobre a existência de uma componente externa, tal como a FENPROF propõe no seu modelo, aponta-a, mas num contexto de avaliação caracterizado, também como a FENPROF defende, como "predominantemente desenvolvido no interior da escola". Não é de somenos registar que este relatório de peritos da OCDE considera a auto-avaliação como um dos núcleos essenciais de um modelo de avaliação. Ora, precisamente o que os Sindicatos propuseram em Janeiro, no âmbito de uma solução transitória a aplicar este ano, e que tão ridicularizada foi pelos responsáveis do ME. Tudo isto para concluir que é necessária muita imaginação para afirmar que um relatório que considera o actual modelo como um ponto de partida, mas nunca de chegada ou solução, o está a elogiar e defender. Numa primeira leitura daquele Editorial, somos levados a concluir que se trata de um pequeno frete ao Ministério da Educação, ao Governo e ao PS. No entanto, lendo melhor e querendo ser justo, acabamos por perceber que se tratou, apenas, de incapacidade de interpretação por ignorância técnica e défice de conhecimento? bem diz o povo: quem não sabe, não fala! Mário Nogueira Secretário-Geral da FENPROF