0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA ASSOCIAÇÃO ENTRE DIFERENTES MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS COM VARIÁVEIS ESPIROMÉTRICAS E DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS MÓRBIDOS CASSIANE COSTA SILVA NATAL – RN 2013 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA ASSOCIAÇÃO ENTRE DIFERENTES MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS COM VARIÁVEIS ESPIROMÉTRICAS E DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS MÓRBIDOS CASSIANE COSTA SILVA Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, para a obtenção do título de Mestre em Fisioterapia. Orientadora: Prof.ª Dra. Selma Sousa Bruno NATAL – RN 2013 2 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia: Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro iii 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA ASSOCIAÇÃO ENTRE DIFERENTES MARCADORES ANTROPOMÉTRICOS COM VARIÁVEIS ESPIROMÉTRICAS E DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS MÓRBIDOS BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Selma Souza Bruno - Presidente - UFRN Profa. Dra. Shirley Lima Campos – UFPE Profa. Dra. Gardênia Maria Holanda Ferreira- UFRN Aprovada em 27/03/2013 iv 5 Dedicatória “Ao Rei consagro o que compus” – Salmo 45:1. À Deus, por ser o autor da minha vida e direciona-lá dentro da Sua boa, perfeita e agradável vontade; Àqueles que amo incondicionalmente, minha família. v 6 Agradecimentos À Deus por ser o meu rei, meu pai e meu amigo. Por me permitir sonhar e mais uma vez experimentar a realização de um desses sonhos. Obrigada pelo Seu direcionamento e por sua provisão em minha vida e durante todo esse mestrado. “Tu és o Autor da vida e eu a Tua canção, Tu és o oleiro e eu barro em Tuas mãos, Tu és o instrumentista e eu soprada por Ti, Tu és o artista e eu me rendo a Ti”. Aos meus pais que SEMPRE me incentivaram, me apoiaram e curiosamente confiam em mim em todas as minhas atitudes. Obrigada porque desde cedo não pouparam esforços para me educar e me ensinar o caminho que eu deveria andar. Amo vocês e agradeço a Deus pelo privilégio de tê-los como pais. Aos meus irmãos, Cristiane, Claudiane (Cacau), Júnior (Celso) e César, amo vocês. Certamente a vida teria outro sabor se faltasse um de vocês ao meu lado, e certamente, eu não queria que fosse diferente. Agradeço a vocês pelo amor recíproco, pela paciência e pelo apoio que sempre encontrei em vocês “...sua alegria é minha alegria, suas lágrimas choro também, não importa o que venha na vida, somos irmãos...”. A Adolpho, pois sempre foi meu maior incentivador, acredita em mim como ninguém mais. Sou grata por sua presença e seu apoio em mais uma etapa de minha vida. Obrigada, meu lindo! Amo você! A tia Rossana, Fábio Cardoso e Ícaro, pois tão amavelmente continuam compartilhando sua família, seu lar, sua atenção e seu amor comigo. À minha orientadora, Selma Bruno, por sua paciência, pela confiança em mim, por cada palavra de incentivo, por sua competência e capacidade, por seu apoio e pelo encorajamento a cada etapa dessa obra. Muito obrigada! A professora Gardênia M. H. Ferreira por contribuir na concretização desse trabalho. Obrigada pelas orientações e incentivo direcionados a este estudo, bem como o carinho e apoio direcionados a mim. Ao professor Wouber pelas considerações tão oportunas na concretização deste trabalho. A professora Shirley Campos pela disponibilidade e aceitação em contribuir conosco. vi 7 À minha companheira de mestrado, colega de apartamento e amiga de todas as horas, Manuele Jardim. Obrigada por cada momento, por cada palavra compartilhada, por cada brincadeira realizada, pelas poucas lágrimas e inúmeras alegrias. Sua amizade será eterna em minha vida. A Necienne Porto pela parceria e amizade, pela carga dividida e alegrias multiplicadas. A cada dia confirmo que Deus tem um propósito em cada pessoa que coloca em nossa vida. Agradeço-o por ser você a minha dupla de mestrado. Aos meus amigos da Paraíba, Carolina Raysa, Rhayssa Raquel, Elis, Murillo, Manuele e Necienne. Certamente cada um de vocês me ajudou de forma particular durante essa caminhada. Agradeço por cada momento em sala de aula e fora desta, pelas viagens que se tornaram menos cansativas, pelas alegrias e incentivos. A Nicole Oliver porque apesar de nos conhecermos de João Pessoa, foi em Natal que pude dividir com você momentos agradáveis, caronas oportunas, alegrias e histórias. Obrigada por ser tão receptiva a mim e por ser uma ótima companheira nesse mestrado. A Pâmela, Jaymson, Patrícia, Alexandre e famílias. Muito obrigada porque durante esse mestrado, a amizade de cada um de vocês, foi fundamental para que eu permanecesse em busca desse sonho e hoje pudesse estar realizando-o. Sou grata por cada lágrima amparada pelo amor de vocês, por cada palavra de apoio, por cada saída, ligação e preocupação. Obrigada pelo carinho e amor de você. Aos meus amigos, Selma Maria, Rebecca Fokkelman, Géssica Price, Natália Herculano, Fábio Martins, Nelson Felipe, Dayana Cristina e Síntia Kelly, que apesar da distância carrego em meu coração. Obrigada pela confiança em mim e pelo apoio de cada um de vocês. Aos meus amigos de Mari, especialmente a Raysa, Marcella, Maécio e Dr. Narda. Obrigada pelas palavras de apoio, preocupações, carinho e por acreditarem em mim na conclusão do meu mestrado e na realização dos meus sonhos. Aos meus professores do mestrado. Aprender ao lado de pessoas como vocês fez com que a busca pelo conhecimento se torneasse mais intensa e satisfatória. À todos os participantes desta pesquisa, bem como a cada integrante da equipe do SCODE/UFRN. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização deste sonho. Obrigada! vii 8 Sumário Dedicatória v Agradecimentos vi Lista de abreviaturas ix Lista de tabelas x Lista de figuras Xi Resumo xii Abstract xiii 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 20 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 21 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 21 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 22 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 23 3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ................................................... 23 3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ................................................................. 24 3.3.1 Variáveis Antropométricas........................................................................... 24 3.3.2 Teste de Função Pulmonar – Espirometria Convencional .......................... 25 3.3.3 Teste de Força Muscular Respiratória Dinâmica - Ventilação Voluntária 26 Máxima ................................................................................................................. 3.3.4 Teste de Força Muscular Respiratória Estática – Pressões Respiratórias 27 Máximas ............................................................................................................... 3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................ 29 4 RESULTADOS .................................................................................................. 31 Artigo: Ventilação voluntária máxima e pressões respiratórias estáticas em 33 pré-operatório de cirurgia bariátrica ..................................................................... 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 56 REFERÊNCIAS 59 APÊNDICE viii 9 Lista de abreviaturas CC – Circunferência da cintura CP – Circunferência do Pescoço CPT – Capacidade Pulmonar Total CQ – Circunferência do Quadril CVF – Capacidade Vital Forçada DP – Desvio Padrão HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes IC – Intervalo de Confiança IMC – Índice de Massa Corporal PEM – Pressão Expiratória Máxima PIM – Pressão Inspiratória Máxima SCODE – Serviço de Cirurgia da Obesidade e Doenças Relacionadas SEE – Erro Padrão de Estimativa TFP – Teste de Função Pulmonar UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte VEF1 – Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo VR – Volume Residual VRE – Volume de Reserva Expiratória VVM – Ventilação Voluntária Máxima ix 10 Lista de tabelas Tabela 1. Distribuição das características antropométricas entre obesos mórbidos de ambos os gêneros. Tabela 2. Correlação e regressão linear univariada entre variáveis antropométricas e respiratórias. Tabela 3. Valores de Pressões Inspiratórias Máximas Estáticas obtidas e preditas por diferentes equações. Tabela 4. Valores de Pressões Expiratórias Máximas Estáticas obtidas e preditas por diferentes equações. Tabela 5. Coeficiente de regressão linear e modelo de predição entre VVM e variáveis antropométricas e respiratórias (n=163). x 11 Lista de figuras Figura 1. Regressão linear múltipla entre PIM observada e valores preditos por diferentes equações. Figura 2. Regressão linear múltipla entre PEM observada e valores preditos por diferentes equações. Figura 3. Regressão linear e modelo de predição da Ventilação Voluntária Máxima. xi 12 Dissertação: Associação entre diferentes marcadores antropométricos com variáveis espirométricas e de força muscular respiratória em obesos mórbidos - 2013 Aluna: Cassiane Costa Silva Orientadora: Prof.ª Dra. Selma Sousa Bruno Resumo Introdução: A obesidade é uma epidemia global em alarmante ascensão. Caracterizada pelo excesso de gordura corporal subcutânea, de caráter multifatorial, está relacionada ao surgimento de diversas co-morbidades, entre elas, várias alterações respiratórias, estas se tornam mais intensas quanto maior o grau de obesidade. Não há consenso na relação entre os marcadores de adiposidade geral ou específicos e suas repercussões sobre a função ventilatória, especialmente em relação à sobrecarga muscular respiratória. Objetivo: Analisar a relação entre marcadores antropométricos e variáveis espirométricas e de força muscular respiratória em indivíduos com obesidade mórbida. Métodos: Estudo transversal entre setembro de 2007 e outubro de 2012. Participaram da pesquisa 163 obesos mórbidos (37.1±9.8 anos e IMC=49.0±5.88 Kg/m2) sem alterações espirométricas. Foram observadas as associações entre Índice de Massa Corporal-IMC, adiposidade localizada (Circunferências de Pescoço-CP, Cintura-CC e Quadril-CQ), percentual de gordura corporal através do Índice de Adiposidade Corporal-IAC, volumes e capacidades pulmonares (CVF, VEF1 e VRE) e pressões respiratória estática (PIM e PEM) e dinâmica (VVM). Resultados: O VRE foi o volume mais afetado pela obesidade (apenas 41%predito) e mostrou associação negativa nas relações com todos os marcadores de adiposidade (IMC: r=-0.52; IAC: r=-0.21; CC: r=-0.44; CP: r=-0.25 e CQ: r=-0.28). Há relação inversa entre o percentual de gordura corporal (IAC) com a CVF (r=-0.59), o VEF1(r=-0.56) e o VVM (r=-0.43). As pressões respiratórias são justificadas principalmente pela adiposidade ao redor do pescoço e o IAC. Nossos dados de força muscular respiratória foram melhores associados aos valores de referências sugeridos pelas equações de Harik-Klan et al (1998) para PIM (R²=0.72) e com a equação proposta por Neder et al (1999) para PEM (R²=0.52). Em um modelo de regressão linear, as variáveis de adiposidade não justificam a VVM, já o VEF1 explica 62% da variância da VVM em obesos mórbidos. Conclusão: O percentual da adiposidade corporal e a circunferência do pescoço estão associados com a força muscular e capacidade de gerar fluxo respiratório de obesos mórbidos. Sugerimos a equação elaborada por Harik-Klan et al (1998) para obtenção de valores preditos de PIM e a equação proposta por Neder et al (1999) para valores de normalidade da PEM em sujeitos com obesidade mórbida. Foi possível fornecer uma equação de referência específica para VVM em obesos mórbidos. PALAVRAS-CHAVES: Obesidade, Músculos respiratórios, Força Espirometria, Adiposidade, Antropometria, Pressões Respiratórias. xii muscular, 13 Abstract Background: obesity is a global epidemic rising worldwide It is characterized by subcutaneous body fat excess, with multifactorial causes and related to rise several comorbidities, between them, respiratory alterations, which became more pronounced according the level of obesity. There is no consensus between general or specific adiposity markers and it repercussion on ventilatory function especially when considering the respiratory muscle impact. Aim: to analyze the relationship among antrophometric markers, spirometric variables and respiratory muscle strength in individual morbidly obese. Design and Method: Cross-sectional study (september, 2007 and october, 2012). We enrroled morbid obese (37.1±9.8years and BMI=49.0±5.88Kg/m2), without spirometric alterations. We observed the association between BMI - body mass index, local adiposity (neck–NC; waist-WC and hip–HC circumferences), perceptual of fat given by Body Adiposity Index-BAI, volume and pulmonary capacities (FVC, FEV1 e ERV) and maximal static respiratory pressures (MIP and MEP) and dynamic (Maximal Voluntary Ventilatory, MVV). Results: ERV was the most affected volume by obesity (only 41%predicted) and had showed the negative association with all adiposity markers (BMI: r=-0.52; BAI: r=-0.21; WC: r=0.44; NC: r=-0.25 e HC: r=-0.28). There is inverse association between BAI with FVC (r=-0.59), o FEV1 (r=-0.56) e o MVV (r=-0.43). Respiratory pressures were mainly justified by fat around neck and BAI. Our findings of respiratory muscle strength were best associated to reference values suggested by equation's Harik-Klan et al equation (1998) for para MIP (R²=0.72) and to equation proposed by Neder et al (1999) for MEP (R²=0.52). In a liner regression model, the variable of adiposity not justify MVV. However, FEV1 explicate 62% of MVV variance in morbid obese VVM. Conclusion: the perceptual of body adiposity and neck circumference were associated with respiratory muscle strength and capacity to generate respiratory flow in morbidly obese patients. We suggest the equation elaborated by Harik-Klan et al (1998) to obtain predicted values of MIP and equation proposed by Neder et al (1999) for normality value of PEM in the same subjects. As MVV was possible to establish a specific reference equation for obese morbid. KEY-WORDS: Obesity, Respiratory Muscles, Adiposity, Anthropometry, Respiratory Pressure. xiii Muscle Strength, Spirometry, 14 1 INTRODUÇÃO 15 A obesidade é uma epidemia global em alarmante ascensão. Afeta países industrializados e em desenvolvimento e pessoas de todas as faixas etárias e níveis sócio-econômicos, resultando em um grave problema de saúde (1). A Organização Mundial de Saúde alerta que aproximadamente um bilhão e meio de adultos, acima de vinte anos, encontram-se acima do peso corporal ideal, destes, cerca de quinhentos milhões são obesos. A cada ano, aproximadamente dois milhões e oitocentos mil adultos morrem no mundo por fatores associados ao sobrepeso e à obesidade (2). De etiologia complexa e de caráter multifatorial, a obesidade está relacionada à associação de fatores genéticos e ambientais, incluindo o comportamento alimentar, o estilo de vida e fatores emocionais (3). A obesidade é um ciclo que causa e é causada por um desequilíbrio energético entre a quantidade de calorias consumidas e gastas pelo corpo. Resultando assim, em um balanço energético positivo e conseqüente acúmulo de adiposidade corporal. É uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal subcutânea, evidenciada pela hipertrofia e hiperplasia de células do tecido adiposo (1,4). Quanto à classificação da obesidade, o Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido referido como a medida clínica mundialmente empregada na identificação e classificação de indivíduos obesos. O IMC é a razão obtida entre o peso e o quadrado da altura (Kg/m²) e reflete a quantidade de massa corporal (3). No entanto, o IMC apresenta algumas limitações clínicas, possuindo um baixo poder discriminatório na diferenciação da massa corporal, quer seja tecido adiposo, geralmente observado em pessoas com sobrepeso e obesidade ou a massa magra, como nos atletas. Havendo em alguns casos diagnósticos errados sobre a quantidade de gordura corporal encontrada, sendo representada por um valor de IMC elevado, pois há negligencia na interpretação da quantidade aumentada de massa magra. Também existem pontos de corte do IMC em relação ao sexo, faixa etária e grupos étnicos, indicando que o IMC provavelmente não seja um índice universal (5-7). Têm surgido novas medidas de uso clínico e epidemiológico que auxiliam esta diferenciação entre a quantidade de massa corporal e o acúmulo de tecido adiposo. O Índice de Adiposidade Corporal (IAC) que recentemente foi proposto como um novo parâmetro para medir a adiposidade corporal utiliza em sua fórmula marcadores antropométricos como a altura e a circunferência do quadril. É sugerido 16 com uma alternativa clínica para a obtenção do percentual de gordura corporal em função do seu alto poder de correlação com a adiposidade subcutânea obtida por um método bastante preciso o DEXA - absortometria radiológica de dupla energia. Desta forma, o percentual de gordura corporal pode ser estimado diretamente através de um método confiável, simples e não oneroso, podendo ser aplicável na prática clínica, não necessitando de análises eletrônicas ou mecânicas (8). Quando analisamos a obesidade, além da quantificação da massa corporal, é importante considerar a distribuição desta gordura, existindo medidas específicas, entre elas a circunferência do pescoço (CP) e a circunferência da cintura (CC). Cada um destes marcadores se relaciona a quantidade de tecido adiposo localizada nestas regiões apresentando aplicações clínicas específicas. O aumento da CP é associado a redução da endurance muscular respiratória (9), bem como é um preditor de doença arterial coronariana (10). O aumento substancial do perímetro abdominal está relacionado ao risco de complicações cardiovasculares (11). A obesidade está diretamente relacionada ao surgimento de comorbidades, sendo estas diretamente proporcionais ao aumento da quantidade excedente de peso corporal, entre elas a diabetes mellitus tipo 2, apnéia obstrutiva do sono, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, doenças coronarianas e alterações respiratórias, bem como predisposição a um maior risco para síndromes metabólicas (4,12). O indivíduo obeso pode apresentar diversas alterações respiratórias, as quais se tornam mais intensas quanto maior for o grau de obesidade, sendo comum um aumento na carga respiratória, evidenciada pelo maior consumo de oxigênio e maior produção de dióxido de carbono, mesmo em repouso, associado à anormalidade na relação ventilação-perfusão (13-15). Os músculos respiratórios dos obesos trabalham continuamente contra uma baixa complacência da parede torácica e elevada resistência das vias aéreas (16). A obesidade repercute diretamente no desempenho dos músculos respiratórios devido o efeito mecânico do excesso de gordura abdominal e torácica que eleva a pressão intra-abdominal, diminui a descida do diafragma e provavelmente impõe uma carga elástica adicional aos músculos inspiratórios para vencer o trabalho elástico e resistivo (14,17-18). Ocorre mudança de fibras musculares no diafragma de obesos, havendo predomínio do tipo II em comparação a indivíduos eutróficos (19). Por outro lado, estudos recentes têm 17 apontado que sujeitos obesos têm risco aumentado de desenvolver fraqueza muscular respiratória tanto no repouso quanto na atividade (14,20-21). Um excesso de alongamento do diafragma colocaria os músculos respiratórios em desvantagem mecânica levando a ineficiência e fraqueza muscular (22). A avaliação da força muscular respiratória estática pode ser realizada por mensuração da pressão inspiratória máxima (PIM) e expiratória máxima (PEM), elas inferem a força dos músculos respiratórios contra uma via aérea ocluída. A avaliação muscular respiratória dinâmica infere a endurance muscular respiratória e reflete a máxima capacidade dos músculos respiratórios para gerarem fluxos, neste caso, a ventilação voluntária máxima (VVM), sendo o máximo volume de ar que pode ser mobilizado em um minuto, quantificando a capacidade do indivíduo em sustentar um alto nível de ventilação (23-25). Em relação a força muscular respiratória de indivíduos obesos os estudos ainda são inconclusivos. Havendo divergência entre os resultados de PIM e PEM relacionados à obesidade. Ribeiro Costa et al, (26) ao realizarem um estudo com 103 mulheres sedentárias, sendo 57 obesas e 46 eutróficas, objetivando a comparação entre medidas antropométricas e de força muscular respiratória, encontrou que mulheres obesas apresentaram valores mais elevados das pressões respiratórias máximas comparadas ao grupo de eutróficas. Forti et al, (27) demonstraram que indivíduos com obesidade mórbida apresentaram aumento significativo da PIM em comparação com o grupo de eutróficas, entretanto, a PEM não demonstrou alterações entre os grupos. Magnani e Cataneo (28) observaram 99 indivíduos obesos e compararam à valores preditos para faixa de normalidade de PIM e PEM, sendo observado que não houve diferença significativa entre os valores observados e preditos. Parreira et al, (29) realizou um estudo comparativo entre 30 obesos que seriam submetidos a cirurgia bariátrica e um grupo controle formado por 30 sujeitos eutróficos e foi observado que não houve diferença significativa nos valores de PIM e PEM entre os grupos nas avaliações pré operatórias. Um estudo comparativo entre 20 mulheres obesas (IMC - 35 a 49,99 Kg/m²) e 20 mulheres eutróficas (IMC - 18,5 a 24,99 Kg/m²), todas com idade entre 20-35 anos, observou a função pulmonar de todos os participantes. Foi evidenciado que a obesidade provavelmente provoca alterações significativas na função respiratória, supostamente devido a compressão dos pulmões, repercutindo em prejuízo na mecânica ventilatória, evidenciada pela diminuição da VVM no grupo de 18 obesas comparados ao grupo de normopesos, porém sem estabelecimento de doenças pulmonares (30). Figura 01: Efeito da obesidade nos volumes pulmonares (SOOD, 2009). O impacto da obesidade nas capacidades pulmonares parece ser bem relacionado a diminuição da capacidade residual funcional-CRF mesmo nos estágios iniciais da obesidade, esse declínio é mantido por um aumento da capacidade inspiratória, deste modo a diminuição da CRF é mais pronunciada que o declínio do VRE (14,31-32). O efeito da obesidade nos volumes extremos, como a capacidade pulmonar total-CPT e o volume residual-VR acarreta discretas alterações. A CPT pode apresentar-se levemente reduzida, mas geralmente ela é mantida acima do limite inferior de normalidade, mesmo em situações de obesidade mórbida. Do mesmo modo, o VR é usualmente preservado, desta forma a relação VR/CPT mantém-se normal ou com valores acima do normal (16,33). Outro fator que possivelmente altera o funcionamento respiratório é o tipo de distribuição da gordura corporal, sendo a adiposidade central, caracterizada pelo acumulo de gordura na região da cintura, a que mais interfere no sistema respiratório. Provavelmente devido ao impacto mecânico direto no diafragma e caixa torácica, dificultando a expansão pulmonar completa, repercutindo nos volumes e capacidades pulmonares. A adiposidade subcutânea na parede torácica também é responsável pela diminuição das funções pulmonares (34-35). Desta forma, supõese que não apenas a quantidade de gordura corporal afete a mecânica respiratória, 19 mas também sua distribuição, tornando algumas medidas antropométricas como essenciais nesta avaliação (35). Jones e Nzekwu (32) realizaram um estudo retrospectivo baseado no teste de função pulmonar de 373 pacientes com diversas faixas de IMC, foi demonstrado que o aumento deste marcador antropométrico acarreta repercussões em todos os volumes pulmonares, destacando-se uma diminuição exponencial nos valores de CRF e VRE com o aumento o IMC. Este efeito foi demonstrado principalmente em indivíduos normopesos ou com obesidade leve, entretanto o poder discriminativo do IMC em relação aos volumes pulmonares parece diminuir na obesidade mórbida. Balcom et al (36) demonstraram que medidas de adiposidade abdominal como a circunferência da cintura e altura abdominal são melhores preditores de disfunção pulmonar do que marcadores de adiposidade geral como o IMC ou o peso corporal. Sugerindo que as medidas relacionadas à quantidade de gordural corporal são mais relacionadas ao comprometimento pulmonar. Desta forma, o IMC parece ser um bom indicador de adiposidade corporal, importante na classificação da obesidade, no entanto, seu poder de discriminação sobre os efeitos na função respiratória parece ser menor quando se considera níveis mais elevados de obesidade, não sendo precisa a relação dos marcadores de adiposidade geral sobre as repercussões da obesidade nas variáveis pulmonares. Outro aspecto a ser considerado é que as circunferências corporais como a da cintura e do pescoço parece ser importantes na mensuração da compressão interna do tórax, abdome e pescoço, efeitos que podem contribuir mais negativamente na função, força e endurance respiratórias do que as medidas isoladas de IMC. Outro aspecto inconclusivo, até o momento, é a associação entre a obesidade e a força muscular respiratória estática e dinâmica, não existindo padrões estabelecidos para esta relação. Assim, o conhecimento de variáveis espirométricas e da força muscular respiratória de indivíduos com obesidade mórbida, bem como sua real associação com variáveis antropométricas, surge com elevada importância clínica, devido a falta de estudos nesta população, dificultando assim a elaboração de estratégias de prevenção e tratamento das alterações respiratórias. 20 2 OBJETIVOS 21 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar a relação entre marcadores antropométricos e variáveis espirométricas e de força muscular respiratória em indivíduos com obesidade mórbida. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Determinar o comportamento das variáveis antropométricas e respiratórias de indivíduos obesos e sua associação com o gênero; Correlacionar as medidas da função pulmonar (CVF, VEF1 e VRE), força muscular respiratória (PIM, PEM e VVM) e marcadores antropométricos (altura, peso corporal, IMC, IAC, CP, CC, CQ e RCQ) de indivíduos obesos mórbidos; Comparar os valores observados de PIM e PEM de indivíduos obesos mórbidos com valores preditos para indivíduos saudáveis propostos por Black e Hyatt (37), Harik-Klan et al, (38), Neder et al, (39) e Costa et al, (40); Comparar os valores observados da VVM em indivíduos obesos mórbidos com valores preditos por Neder et al, (39); Correlacionar o IMC e o IAC entre si e determinar seu comportamento em indivíduos com obesidade mórbida. 22 3 MATERIAIS E MÉTODO 23 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Estudo de caráter transversal, retrospectivo (no período de setembro de 2007 a abril de 2011) e prospectivo (no período entre maio de 2011 a outubro de 2012) de uma coorte em andamento. Todos os sujeitos participaram do preparo cirúrgico do Serviço de Cirurgia da Obesidade e Doenças Relacionadas - SCODE no Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL – UFRN), município de Natal – RN. 3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Os critérios de inclusão adotados na fase retrospectiva do estudo foram ter participado da avaliação fisioterapêutica pré-operatória entre setembro de 2007 a abril de 2011 no SCODE – UFRN, com faixa etária de 18 a 60 anos, não apresentar prontuários incompletos ou preenchidos inadequadamente, não fumantes ou fumantes com CVF>80% do valor predito e apresentar IMC≥40 Kg/m² caracterizando um quadro clínico de obesidade mórbida. Na fase prospectiva, realizada entre maio de 2011 e outubro de 2012, foi considerado como critérios de inclusão ter participado da avaliação fisioterapêutica pré-operatória no SCODE – UFRN, estar na faixa etária entre 18 e 60 anos, indivíduos não fumantes ou fumantes com a CVF<80% do valor predito e IMC≥40 Kg/m². Sendo excluídos do estudo os participantes que não conseguissem realizar os testes de força muscular respiratória ou o teste de função pulmonar espirometria. Os dados da pesquisa foram coletados entre março e novembro de 2012, através do acesso aos prontuários dos pacientes, cumprindo o sigilo e a confidencialidade dos sujeitos envolvidos, respeitando sua dignidade e autonomia, bem como, protegendo sua vulnerabilidade, conforme a Resolução 196/96. Para a obtenção dos dados de interesse da pesquisa e visto que não existia mais o contato com todos os sujeitos envolvidos, houve a isenção do Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE) individual, no entanto, foi solicitada permissão ao responsável pelo setor de fisioterapia do SCODE-HUOL-UFRN, guardião legal desses documentos, de forma clara por meio de um TCLE específico (Apêndice A), 24 o qual deixou claro o conhecimento e finalidade da pesquisa, bem como a autorização para o uso dos dados desses sujeitos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN através do parecer 76775/12 (Apêndice B). 3. 3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA A extração dos dados para a fase retrospectiva do estudo obedeceu a um levantamento de dados da ficha de avaliação fisioterapêutica individual, a qual também foi aplicada e preenchida com os indivíduos que foram avaliados na fase prospectiva do estudo (Apêndice C). A avaliação abordou aspectos relacionados a identificação do paciente, mensuração das variáveis antropométricas, prova de função respiratória e teste de força muscular respiratória estática e dinâmica. Em todo o estudo foi almejado a manutenção da validade interna, desta forma, todas as avaliações foram realizadas por profissionais experientes, fisioterapeutas, os quais foram treinados de uma maneira padronizada com os equipamentos utilizados durante o protocolo. As variáveis respiratórias, antropométricas e os instrumentos utilizados foram os mesmos nas fases retrospectiva e prospectiva da pesquisa. 3.3.1 Variáveis Antropométricas Para medida dos indicadores de adiposidade geral e específica foram utilizados os seguintes marcadores: Índice de Massa Corporal (IMC): Foi obtido através da razão entre o peso e quadrado da altura (Kg/m²). Permite uma classificação entre o baixo do peso (<18.50 Kg/m²), peso normal (18.50 - 24.99 Kg/m²), sobrepeso (25.00 – 29,9 Kg/m²), obesidade grau I (30,00 – 34,99 Kg/m²), obesidade grau II (35,00 – 39,99 Kg/m²), obesidade grau III, ou mórbida (≥40.00 Kg/m²). As variáveis foram aferidas utilizando-se uma balança mecânica com capacidade de 300kg com régua antropométrica de 0.5cm de precisão (Balmak® Classe III). Estando o indivíduo em bipedestação, com calcanhares unidos, panturrilhas, nádegas, dorso e região occipital em contato com a régua antropométrica. 25 Índice de Adiposidade Corporal (IAC): É uma medida direta da quantidade de gordura corporal, diretamente relacionada a quantidade de adiposidade. É baseada nas medidas da circunferência do quadril e da estatura, para tal, Bergman et al, (8) propuseram o cálculo: IAC = ((circunferência do quadril)/((altura)1.5)–18). Circunferência do pescoço (CP): Realizada com o indivíduo na posição ereta, através da medição do perímetro ao nível da cartilagem crico-tireoidea. O ponto de corte adotado foi ≥43 cm (9). Circunferência da cintura (CC): Obtida através da medição do perímetro da cintura entre o ponto médio da última costela flutuante e a crista ilíaca, adotandose um ponto de corte para homens ≥94cm e para mulheres ≥80cm (41). Circunferência do Quadril (CQ): Obtida através do perímetro do quadril sendo mensurado na altura do trocânter maior do fêmur. Para todas as medições foi utilizada uma fita métrica flexível. 3.3.2 Teste de Função Pulmonar – Espirometria Convencional O teste de função pulmonar (TFP), espirometria, foi realizado com o paciente em posição sentada, com o tronco apoiado em uma cadeira confortável, formando um ângulo aproximado de 90° com as coxas, estando com a cabeça em posição neutra e utilizando um clipe nasal para ocluir o nariz. O paciente fazia uso de roupas confortáveis para não interferir nos esforços respiratórios. Foi utilizado um bocal de papelão descartável e o paciente foi instruído a estabilizá-lo entre os dentes, e fechar os lábios vedando ao redor do bocal, evitando o vazamento de ar durante a respiração. Antes de iniciar o teste de função pulmonar, espirometria, os pacientes foram questionados sobre a presença de alterações respiratórias nas últimas três semanas, tais como gripe, resfriado, bronquite e pneumonia, bem como não estar fazendo uso de medicação broncodilatadora de curta duração, quatro horas antes ou de longa duração, 12 horas antes do teste. Os participantes foram orientados a não realizar refeições completas uma hora antes do inicio do teste, não tomar chá ou café seis horas antes do teste, não fumar e não ingerir álcool duas horas antes e evitar roupas apertadas durante o teste. Adotou-se os critérios de reprodutibilidade, aceitabilidade e os procedimentos técnicos segundo a ATS/ERS (23). 26 Foram realizados no máximo 8 testes, e considerado os três melhores valores, adotando-se uma variabilidade de 10% entre as provas. As variáveis de interesse utilizadas no estudo foram o Volume Corrente (VC), Capacidade Vital Forçada (CVF), o Volume Expiratório Forçado no 1° segundo (VEF1), a relação CVF/VEF1 e o Volume de Reserva Expiratório (VRE). Foram utilizados para análise, os valores preditos através de equações de referência sugeridos por Pereira (24). Apenas o VRE foi obtido pelos valores recomendados por Barreto (42). O equipamento utilizado foi o DATOSPIR® 120 (Siblemed®, Barcelona, Espanha). 3.3.3 Teste de Força Muscular Respiratória Dinâmica - Ventilação Voluntária Máxima A VVM é a maior quantidade de ar que pode ser ventilada por dez a quinze segundos com um esforço voluntário máximo. É um índice da força muscular respiratória que reflete a função global do sistema respiratório. Para obtenção, o paciente foi posicionado na mesma postura descrita anteriormente para a espirometria convencional, sendo utilizado o mesmo equipamento DATOSPIR® 120 (Siblemed®, Barcelona, Espanha). O paciente foi instruído a respirar o mais rápido e profundo quanto possível durante o teste, sendo explicado que ele deveria manter um padrão respiratório que simulasse a respiração em uma corrida árdua, de modo que ele alcançasse e mantivesse um esforço máximo. A manobra foi realizada em um período de 15 segundos, durante este período, o paciente foi estimulado com incentivo verbal em uma cadência, “enche e solta, enche e solta”, estimulando a permanência em um ritmo constante, regular e máximo (24,39). A aceitabilidade do teste foi estabelecida quando era observado no traçado volume-tempo um padrão ventilatório regular em volume e frequência respiratória, com um basal endo-expiratório razoavelmente constante. Sua reprodutibilidade foi comprovada quando o maior e o segundo maior valor diferiam menos que 10% e o melhor teste para análise foi aquele que demonstrou o maior valor de VVM. A manobra foi repetida, anotando-se as aceitáveis, até que sua reprodutibilidade fosse alcançada (24). Para análise dos dados e estabelecimento de valores preditos foi utilizada a equação de referência sugerida por Neder et al, (39), proposta para indivíduos saudáveis da população brasileira: VVM = 37,5(VEF1) + 15,8. 27 3.3.4 Teste de Força Muscular Respiratória Estática – Pressões Respiratórias Máximas Para avaliação das pressões respiratórias estáticas máximas, o paciente permaneceu na mesma posição descrita para a espirometria convencional, sendo utilizado um bocal de plástico rígido, no qual o indivíduo fechava os lábios em volta deste, evitando vazamento de ar durante a respiração, neste bocal existia um pequeno orifício de fuga, com o objetivo de dissipar as pressões geradas pela musculatura da face e orofaringe, no entanto, não possuía magnitude o suficiente para alterar as pressões produzidas pelos músculos respiratórios (25,37). Nesta avaliação foi utilizado um Manovacuômetro digital, MicroRPM® (MICRO medical®, Rocjester Kent, UK). O avaliador explicou e demonstrou todo o procedimento ao individuo previamente e realizava as devidas correções caso existisse vazamento ou fosse necessário ajustar a manobra. Também foram utilizadas palavras de incentivo durante todo o teste, solicitando ao indivíduo que realizasse durante toda a manobra o máximo de esforço respiratório. Para obtenção da PIM foi solicitado ao paciente realizar uma expiração máxima, próxima ao VR, em seguida conectar-se imediatamente ao bocal do aparelho e executar um esforço inspiratório máximo, próximo à CPT. A pressão gerada foi expressa na unidade cmH2O precedida do sinal negativo. Foi padronizado um intervalo de descanso entre as manobras de no mínimo um minuto. Para obtenção da PEM foi solicitado que o paciente realizasse uma inspiração máxima, próxima à CPT seguido de um esforço expiratório máximo próximo ao VR, o qual deveria ser mantido por um período de um a três segundos. A pressão gerada foi expressa na unidade cmH2O. Foram realizadas no máximo cinco manobras (contanto que o valor mais elevado não fosse o último, neste caso a manobra era repetida até produzir um valor menos elevado, desta forma, o total de manobras poderia ultrapassar as cinco), sendo três manobras aceitáveis (sem vazamento e com duração de pelo menos dois segundos), anotando-se o valor mais elevado alcançado após o primeiro segundo em cada teste, e entre as manobras aceitáveis deveria existir pelo menos uma reprodutível, com valores que não diferissem entre si em 10% do valor mais elevado (25,39). 28 Uma análise específica foi realizada utilizando os valores obtidos de PIM e PEM em indivíduos obesos mórbidos, sendo observada a correlação com valores preditos por equações de referência usualmente empregados na prática clínica: Equações proposta por Black e Hyatt (37), essa equação foi desenvolvida avaliando-se 120 adultos jovens, 60 homens de 20 a 80 anos, e 60 mulheres de 20 a 86 anos. Esses autores elaboraram as seguintes equações de regressão em função da idade, expressa em anos, de acordo com o gênero: HOMENS: PIM (cmH2O) = 143 – 0.55(idade) PEM (cmH2O) = 268 – 1.03 (idade) MULHERES: PIM (cmH2O) = 104 – 0.51(idade) PEM (cmH2O) = 170 – 0.53(idade) Equações desenvolvidas por Harik-Khan et al, (38) em um subgrupo de 267 indivíduos caucasianos saudáveis de Baltimore - Washington, sendo 139 homens e 128 mulheres e faixa etária entre 20 e 90 anos. Foi observado que para obtenção da PIM no gênero masculino, apenas a idade apresenta-se como um preditor negativo, no entanto, para o gênero feminino, além da idade, a altura também possui poder preditivo negativo, enquanto que a variável peso demonstrou possuir poder preditivo positivo em ambos gêneros. Permitindo, desta forma, a construção das seguintes equações de referência para PIM, específicas pelo gênero, para indivíduos saudáveis: HOMENS: PIM (cmH2O) = 126 - 1.028(idade) + 0.343(peso) MULHERES: PIM (cmH2O) = 171 – 0.694(idade) + 0.861(peso) – 0.743(altura) No Brasil, Neder et al, (39) realizaram um estudo com 100 brasileiros, não fumantes e mediram a PIM e PEM em 50 homens e 50 mulheres saudáveis, com idades entres 20 e 80 anos, no estado de São Paulo. Os autores desenvolveram por meio da análise de regressão múltipla as primeiras equações de referências para cálculo da PIM e PEM de acordo com o gênero e a idade nesta população: HOMENS: PIM (cmH2O) = 155.3 – 0.80(idade) PEM (cmH2O) = 165.3 – 0.81(idade) 29 MULHERES: PIM (cmH2O) =110.4 – 0.49(idade) PEM (cmH2O) = 115.6 – 0.61(idade) Costa et al, (40), realizaram um estudo com 120 indivíduos saudáveis de São Carlos – São Paulo, 60 homens e 60 mulheres, com idade entre 20 a 80 anos, também com um amostra da população brasileira, residentes em São Carlos – SP. Foram elaboradas novas equações de referência para PIM e PEM nesta população, apenas a idade demonstrou ter poder preditivo para estas variáveis, sendo inclusa no modelo de regressão elaborado, a qual propôs equações específicas por gênero: HOMENS: PIM (cmH2O) = - 1.24 x idade + 232.37 PEM (cmH2O) = - 1.26 x idade + 183.31 MULHERES: PIM (cmH2O) = - 0.46 x idade + 74.25 PEM (cmH2O) = - 0.68 x idade + 119.35 3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA A normalidade dos dados foi verificada pelo Teste de KolmogorovSmirnov, o qual demonstrou que todas as variáveis analisadas estavam dentro da normalidade. Assim, a estatística descritiva foi conduzida por meio de medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio padrão - DP e Intervalo de Confiabilidade - IC). Para testar a hipótese de diferença entre gêneros foi conduzido o Teste t de Student para amostras independentes nas variáveis antropométricas (idade, peso, altura, IMC, IAC, CP, CC e CQ) e variáveis respiratórias (CVF, VEF1, VVM, PIM e PEM). Com a finalidade de conhecer a relação entre as variáveis pulmonares e antropométricas de indivíduos obesos, bem como a relação existente entre os valores obtidos e preditos pelas equações de referência para a PIM, PEM e VVM foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson. As relações que apresentaram correlação estatisticamente significativa foram colocadas em modelos de Regressões lineares para que pudéssemos 30 conhecer as variáveis que demonstraram poder preditivos para PIM, PEM e VVM, deste modo também observamos aspectos relacionados a homocedasticidade, autocorrelação, multicolinearidade e linearidade entre as variáveis independentes. Foi utilizado o programa Statistic 9.0. Atribuindo-se para o estudo nível de significância de 5%. 31 4 RESULTADOS 32 Neste capítulo os resultados parciais e discussões serão apresentados em formato de artigo. Inicialmente foi elaborado um artigo intitulado: Ventilação voluntária máxima e pressões respiratórias estáticas em pré-operatório de cirurgia bariátrica, cuja submissão será realizada ao periódico “International Journal of Obesity”. Neste sentido, a versão apresentada nesta dissertação em português será posteriormente traduzida e adaptada às normas de publicação do citado periódico. Em segundo momento será elaborado outro artigo com os resultados e discussão sobre a função espirométrica considerando o percentual de adiposidade e de massa corporal. 33 IMPACTO DA VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA E PRESSÕES RESPIRATÓRIAS ESTÁTICAS MÁXIMAS NA OBESIDADE MÓRBIDA Cassiane Costa Silva¹; Necienne de Paula Carneiro Porto¹; Álvaro Campos Cavalcanti Maciel²; Ferreira³; Selma Souza Bruno². ¹ Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil; ² Docente do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Endereço: Rua Antônio Lopes Chaves, n° 626 – Casa 15, Bairro Nova Parnamirim, Natal - Rio Grande do Norte – Brasil. Emai: [email protected], telefone: 084 3342 2011. Resumo Objetivo: O estudo objetiva comparar os valores obtidos e preditos de ventilação voluntária máxima (VVM), pressão inspiratória máxima (PIM) e pressão expiratória máxima (PEM) de obesos mórbidos e testar a hipótese que diferentes marcadores antropométricos influênciam a capacidade de gerar fluxo e força muscular respiratória. Desenho: Estudo transversal. Sujeitos: 163 obesos mórbidos (idade: 37.1±9.8anos, IMC: 49.0±5.88Kg/m²) sem alteração ventilatória (%CVF=87.7, %VEF1=89.5). Métodos: Variáveis de força muscular respiratória: estáticas (PIM e PEM) e dinâmica (VVM), espirométricas: capacidade vitel forçada (CVF) e volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e antropométricas: peso corporal, altura, circunferências do Pescoço (CP), Cintura (CC) e Quadril (CQ), índice de massa corporal (IMC) e índice de adiposidade corporal (IAC). Resultados: Diferentemente do IMC, apenas o percentual de gordura corporal obtido através do IAC demonstrou associação negativa com as pressões respiratórias (PIM: r=-0.24, R2=0.10; PEM: r=-0.28, R2=0.12) e endurance muscular respiratórias (VVM: r=-0.43, R2=0.15). Houve relação positiva entre as PIM, PEM e VVM com a circunferência do pescoço e o peso corporal. A equação sugerida por Harik-Klan et al (1998) demonstrou maior poder de correlação (r=0.85, R2=0.72) com os valores observados de PIM. A equação proposta por Neder et al (1999) demonstrou maior aplicabilidade (r=0.68 e R2=0.46) para obtenção de valores de referência para PEM em indivíduos com obesidade mórbida. Através de uma análise de regressão linear múltipla, o VEF1 demonstrou ser a variável que melhor prediz a VVM em sujeitos obesos mórbidos (r=0.78, R2=0.62, SEE=13.53). Conclusão: Foi observada relação significativa entre os marcadores antropométricos, IAC e CP, sobre PIM, PEM e VVM melhor do que o IMC. Para obtenção de valores de normalidade de PIM e PEM sugerimos, respectivamente, as equação propostas por Harik-Klan e Neder et al. Foi possível fornecer uma equação de referência para obtenção de valores de normalidade de VVM específica para sujeitos obesos mórbidos. PALAVRAS-CHAVES: Obesidade mórbida, Músculos respiratórios, Força muscular, Antropometria, Adiposidade, Valores de referência. 34 INTRODUÇÃO Os músculos respiratórios dos obesos devem trabalhar continuamente contra uma baixa complacência da parede torácica e elevada resistência das vias aéreas (1). A obesidade repercute diretamente no desempenho dos músculos respiratórios devido o efeito mecânico do excesso de gordura abdominal e torácica que eleva a pressão intra-abdominal, diminui a descida do diafragma e provavelmente impõe uma carga elástica adicional aos músculos inspiratórios para vencer o trabalho elástico e resistivo tanto no repouso quanto na atividade (2-4). Nesta situação é de se esperar que tais músculos gerem pressões respiratórias estáticas aumentadas devido uma resposta adaptativa à sobrecarga. De fato, parece haver mudança do tipo das fibras musculares em obesos, havendo predomínio do tipo II em comparação a indivíduos eutróficos (5). Estudos recentes têm apontado que sujeitos obesos têm risco aumentado de desenvolver fraqueza muscular respiratória tanto no repouso quanto na atividade (4, 6-7). Um excesso de alongamento do diafragma colocaria os músculos respiratórios em desvantagem mecânica levando a ineficiência e fraqueza muscular (8). Uma das importantes medidas do equilíbrio entre a capacidade de gerar fluxo respiratório, volumes pulmonares e força muscular respiratória isolada, é a medida de endurance. Nos obesos, dada as justificativas fisiológicas, esta medida pode refletir importantes ajustes no desequilíbrio de tais forças e especialmente nos pacientes em pós operatório, que podem apresentar valores nos limites inferiores de normalidade ou reduzidos e assim comprometer o transcurso de pós operatório, onde clinicamente, dada a imposição desta fase, a função respiratória está no limite e evidencia precocemente sobrecarga ventilatória adicional. A avaliação das pressões respiratórias máximas têm diversas aplicações clínicas (9-15). Atualmente, devido a crescente incidência da obesidade, vários estudos têm sido realizados avaliando as pressões respiratórias estáticas e dinâmica em populações obesas. No entanto, os resultados são bastante inconclusivos. Parte dos estudos têm apontado aumento da força muscular respiratória (16-17) e outros apresentam valores normais ou diminuídos (18-20) quando comparados a indivíduos eutróficos ou aos valores preditos, obtidos a partir de equações de referência elaboradas para indivíduos eutróficos (21-24). Portanto, tem sido questionado o poder que estas equações têm de predizer os valores de referência para indivíduos 35 obesos mórbidos visto que a sua construção pode não alcançar os diferentes marcadores de adiposidade peculiares desta população. Neder et al, (23) estabeleceram uma equação de predição para a endurance muscular respiratória de eutróficos, e apontaram apenas o VEF1 como variável preditora, já as variáveis antropométricas não demonstraram significância neste modelo de predição. Em relação às pressões respiratórias estáticas, recentemente Forti et al, (17) observaram que as equações propostas por Harik-Klan et al, (22) são as mais aplicáveis para avaliação da pressão inspiratória máxima (PIM) em mulheres obesas, no entanto o estudo não deixa claro quais equações seriam mais úteis no gênero masculino ou na obtenção da pressão expiratória máxima (PEM) e ventilação voluntária máxima (VVM). Desta forma, nosso objetivo primário é comparar os valores de VVM, PIM e PEM obtidos em obesos mórbidos com os valores preditos por equações de referência elaboradas para indivíduos eutróficos e saudáveis e como objetivo secundário investigar o impacto de diferentes marcadores antropométricos na endurance e nas pressões musculares respiratórias de obesos mórbidos. Hipotetizamos que marcadores antropométricos exercem diferentes efeitos sobre o sistema muscular respiratório de obesos mórbidos sem alteração espirométrica, dado que o peso excessivo pode ter consequências adversas no sistema respiratório de pacientes severamente obesos. MATERIAIS E MÉTODOS Sujeitos Foi realizado um estudo transversal em uma coorte em andamento entre setembro de 2007 e outubro de 2012. Todos os sujeitos participaram do preparo cirúrgico do Serviço de Cirurgia da Obesidade e Doenças Relacionadas - SCODE no Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL – UFRN), município de Natal – RN. Foram incluídos na pesquisa 234 pacientes que participaram da avaliação fisioterapêutica pré-operatória, destes, foram excluídos 14 indivíduos com prontuários incompletos ou preenchidos inadequadamente, 02 fumantes com CVF<80% do valor predito e 55 indivíduos com IMC<40 Kg/m², permanecendo um total de 163 indivíduos obesos mórbidos. Os 36 preceitos éticos foram respeitados e o estudo foi aprovado através do parecer 76775/12 fornecido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN. Para manutenção da validade interna do estudo, a extração dos dados nas avaliações antropométrica e respiratória em ambas as fases, retrospectiva e prospectiva, foram realizadas por profissionais experientes, fisioterapeutas, os quais foram treinados de uma maneira padronizada com os equipamentos utilizados. Os dados do estudo retrospectivo foram extraídos dos prontuários. Todos os pacientes foram avaliados quanto as variáveis respiratórias e antropométricas através de uma ficha de avaliação padronizada. Os instrumentos utilizados foram os mesmos nas fases retrospectiva e prospectiva da pesquisa. Variáveis Antropométricas Foram mensurados o peso (Kg) e a altura (m), estando o indivíduo em bipedestação, com calcanhares unidos, panturrilhas, nádegas, dorso e região occipital em contato com a régua antropométrica. Foi utilizada uma balança mecânica com capacidade de 300kg com régua antropométrica de 0.5cm de precisão (Balmak® Classe III). As medidas de adiposidade localizada foram tomadas através das circunferências de pescoço (CP), cintura (CC) e quadril (CQ), fazendo uso de uma fita métrica flexível conforme padronização previamente descrita (25-26). Derivaram destas medidas, o cálculo de massa corporal, Índice de Massa Corporal – IMC (Kg/m²) e percentual de adiposidade, Índice de Adiposidade Corporal – IAC, ((circunferência do quadril)/((altura)1.5)–18), (27-29). Teste de Função Pulmonar – Espirometria Convencional Todos os pacientes tinham como rotina pré-operatória a avaliação de risco respiratório através do teste de função pulmonar (TFP). Além disso, o TFP serviu para classificar os obesos quanto aos distúrbios ventilatórios. Os pacientes foram avaliados na posição sentada, sendo adotados os critérios de reprodutibilidade, aceitabilidade e os procedimentos técnicos segundo a ATS/ERS (30). Foram realizados no máximo 8 testes, fazendo uma análise visual das curvas e considerado os três melhores valores, adotando-se uma variabilidade de 10% entre as provas. As variáveis de interesse utilizadas no estudo foram a Capacidade Vital Forçada (CVF), o Volume Expiratório Forçado no 1° segundo 37 (VEF1), a relação CVF/VEF1 e o Volume de Reserva Expiratório (VRE). Foram utilizados para análise, os valores preditos através de equações de referência sugeridos por Pereira (31). Apenas o VRE foi obtido pelos valores recomendados por Barreto (32). O equipamento utilizado foi o DATOSPIR® 120 (Siblemed®, Barcelona, Espanha). Teste de Força Muscular Respiratória Dinâmica - Ventilação Voluntária Máxima Para esta medida, também utilizou-se o DATOSPIR® 120 (Siblemed®, Barcelona, Espanha). A Ventilação Voluntária Máxima (VVM) infere a endurance dos músculos respiratórios e reflete a máxima capacidade do indivíduo em gerar a maior quantidade de fluxo de ar em uma frequência e volume respiratórios máximos. Foi feita demonstração da técnica e os sujeitos foram instruídos a respirar o mais rápido e profundo quanto possível durante o teste. A manobra foi realizada em um período de 15 segundos, durante este período, o paciente foi estimulado verbalmente a manter o padrão ventilatório exigido (23,31). A reprodutibilidade e aceitabilidade seguiram os critérios de Pereira (31). Para análise dos valores preditos foi utilizada a equação de referência sugerida por Neder et al, (23) proposta para indivíduos saudáveis da população brasileira: VVM = 37,5(VEF1) + 15,8. Teste de Força Muscular Respiratória Estática – Pressões Respiratórias Máximas Para avaliação das pressões respiratórias estáticas máximas, o paciente permaneceu na mesma posição descrita para a espirometria convencional, sendo utilizado um bocal de plástico rígido, no qual o indivíduo fechava os lábios em volta deste, evitando vazamento de ar durante a respiração, neste bocal existia um pequeno orifício de fuga de ar (21,33). Nesta avaliação foi utilizado um Manovacuômetro digital, MicroRPM® (MICRO medical®, Rocjester Kent, UK). Para obtenção da PIM foi solicitado ao paciente realizar uma expiração máxima, próxima ao volume residual em seguida conectar-se imediatamente ao bocal do aparelho e executar um esforço inspiratório máximo, próximo à capacidade pulmonar total. Para obtenção da PEM foi solicitado que o paciente realizasse uma inspiração máxima, próxima à capacidade pulmonar total, seguido de um esforço expiratório máximo próximo ao volume residual, o qual deveria ser mantido por um período de um a três segundos. As pressões geradas foram expressas na unidade cmH 2O e foi 38 padronizado um intervalo de descanso entre as manobras de no mínimo trinta segundos. O avaliador explicou e demonstrou todo o procedimento ao individuo previamente e realizava as devidas correções caso necessitasse. Foram utilizadas palavras de incentivo durante todo o teste. Os critérios de reprodutibilidade e aceitabilidade foram recomendados previamente (33). Para analise dos valores de PIM e PEM em obesos mórbidos, em diferentes equações de predição, foram utilizadas equações de referência usualmente empregada na prática clínica: Equações proposta por Black e Hyatt (21): HOMENS: PIM = 143 – 0.55(idade); PEM = 268 – 1.03(idade). MULHERES: PIM = 104 – 0.51(idade); PEM = 170 – 0.53(idade). Equações proposta por Harik-Khan et al, (22): HOMENS: PIM = 126 - 1.028(idade) + 0.343(peso). MULHERES: PIM = 171 – 0.694(idade) + 0.861(peso) – 0.743(altura). Equações proposta por Neder et al, (23): HOMENS: PIM = 155.3 – 0.80(idade); PEM = 165.3 – 0.81(idade). MULHERES: PIM =110.4 – 0.49(idade), PEM = 115.6 – 0.61(idade). Equações proposta por Costa et al, (24): HOMENS: PIM = - 1.24(idade) + 232.37; PEM = - 1.26(idade) + 183.31. MULHERES: PIM = - 0.46(idade) + 74.25; PEM = - 0.68(idade) + 119.35. Análise Estatística A normalidade dos dados foi verificada pelo Teste de KolmogorovSmirnov, o qual demonstrou que todas as variáveis analisadas estavam dentro da normalidade. Assim, a estatística descritiva foi conduzida por meio de medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio padrão - DP e Intervalo de Confiabilidade - IC). Para testar a hipótese de diferença entre gêneros foi conduzido o Teste t de Student para amostras independentes nas variáveis antropométricas (idade, peso, altura, IMC, IAC, CP, CC e CQ) e variáveis respiratórias (CVF, VEF1, VVM, PIM e PEM). 39 Com a finalidade de conhecer a relação entre as variáveis pulmonares e antropométricas de indivíduos obesos, bem como a relação existente entre os valores obtidos e preditos pelas equações de referência para a PIM, PEM e VVM foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson. As relações que apresentaram correlação estatisticamente significativa foram colocadas em modelos de Regressões lineares para que pudéssemos conhecer as variáveis que demonstraram poder preditivos para PIM, PEM e VVM, deste modo também observamos aspectos relacionados a homocedasticidade, autocorrelação, multicolinearidade e linearidade entre as variáveis independentes. Foi utilizado o programa Statistic 9.0. Atribuindo-se para o estudo nível de significância de 5%. RESULTADOS A amostra deste estudo foi composta por 163 obesos mórbidos, com idade média de 37.1±9.8 anos, sendo a maioria do gênero feminino (75%). A análise descritiva das variáveis antropométricas dos sujeitos do estudo e específica por gênero está apresentada na Tabela 1. Todos os participantes apresentaram função respiratória dentro da normalidade, segundo valores espirométricos (%CVF=87.7) bem como, não foi identificada obstrução de vias aéreas (%VEF1=89.5) com uma relação CVF/VEF1= 97.1% do valor predito. Quando analisadas as pressões respiratórias máximas e endurance muscular em relação aos marcadores antropométricos algumas relações foram importantes, o IAC apresentou correlações negativas e significativas com a PIM (r=0.24; R2=0.10), PEM (r=-0,28; R2=0.12) e VVM (r=-0.43; R2=0.15), provavelmente devido a sua forte relação com o percentual de gordura corporal, o que não ocorreu nas relações entre o IMC com as variáveis de força e endurance muscular respiratória, não havendo significância estatística em qualquer uma das relações. Também houve correlação significativa entre a circunferência do pescoço e as variáveis de pressões e endurance respiratórias, PIM (r=0.18; R 2=0.03), PEM (r=0.32; R2=0.08) e VVM (r=0.26; R2=0.04), bem como nas relações com o peso corporal, observado como medida isolada, PIM (r=0.23; R2=0.05), PEM (R=0.33; R2=0.07) e VVM (R=0.36; R2=0.09). As variáveis idade e altura também 40 demonstraram valores de correlação e regressão significativos com a PIM, PEM e VVM, conforme tabela 2. Em relação a capacidade de gerar força muscular respiratória na obesidade mórbida, foi observado PIM média de 125.4±21.5cmH2O nos homens e 100.8±21.9cmH20 nas mulheres e PEM de 145.0±43.0cmH2O nos homens e 107.5±21.0cmH20 nas mulheres, ambas as medidas foram significativamente maiores no gênero masculino. Quando analisamos a capacidade dinâmica de gerar pressão respiratória, a qual infere a endurance desta musculatura através da VVM, os obesos apresentaram uma média de 111.1±21.8 L/mim, com uma capacidade de gerar fluxo dentro da normalidade (94.5% do predito) e foi homogenia em relação ao gênero (p=0.15). Foi realizada uma análise comparativa entre os valores obtidos de PIM e PEM com aqueles previstos pelas equações propostas (Tabelas 3 e 4), demonstrando diferença estatística entre todos os valores de PIM e PEM obtidos e preditos em relação ao gênero, notando-se que os homens apresentaram valores absolutos maiores que as mulheres. Os valores preditos por Harik-Klan et al, (22) para PIM superestimaram os valores obtidos, entretanto os demais valores preditos subestimaram a PIM. Em relação a PEM, observou-se superestimação dos valores propostos por Black e Hyatt (21), os demais valores sugeridos subestimam a PEM. No entanto, não houve homogeneidade entre os valores de PIM e PEM obtidos e preditos (p<0.05). A PIM obtida se correlacionou fortemente (r=0.85 e R²=0.72) com os valores preditos pela equação de Harik-Klan et al, (22) em todos os sujeitos da pesquisa, interessantemente os valores de correlação e predição não se alteraram nas relações específicas por gênero, desta forma, essa equação de referência mostrou ser a mais aplicável para a população estudada. A PIM também teve correlação significativa e moderada com os valores preditos por Neder et al, (23) e Black e Hyatt (21) apresentando coeficientes de correlação respectivos de r=0.72 e r=0.65. No entanto, os valores propostos por Costa et al, (24) não demonstraram significância estatística, p=0.33 (Figura 1). A PEM apresentou correlação positiva e moderada com todos os valores propostos pelas equações utilizadas neste estudo, no entanto, sua força estatística foi maior na relação com os valores sugeridos por Neder et al, (23), apresentado r=0.68 e R²=0.46. Foi demonstrado um poder de correlação demasiadamente forte 41 quando a análise foi realizada por gênero (r=0.98 r R 2=0.96 nos homens e r=0.91 e R2=0.83 nas mulheres). Portanto, essa foi a equação que melhor se aplicou para obtenção dos valores preditos de PEM para os obesos mórbidos do presente estudo (Figura 2). Com relação a endurance muscular respiratória, os obesos mórbidos apresentaram valores de VVM médios de 111.17±21.8 L/min. A equação sugerida por Neder et al, (23) demonstrou um valor médio de 117.0±25.5 L/min, deste modo, esses valores superestimaram os valores obtidos (p<0.05). Foi demonstrada fraca correlação (r=0.36; R²=0.13) entre os valores obtidos e preditos pela equação de referência, a qual utilizou o VEF1 como variável de predição, sendo essa equação usualmente empregada na prática clínica direcionada à indivíduos eutróficos. Uma análise de regressão linear múltipla (Tabela 5) foi conduzida entre a VVM, variável dependente, e as possíveis variáveis de predição (Idade, Peso, Altura, IAC, CP, CVF e VEF1) adotando-se aquelas que apresentaram coeficiente significativo na análise de correlação com a VVM. Após a regressão múltipla foi observado que apenas o VEF1 demonstrou relação significativa (p=0.01). Portanto, colocou-se o VEF1 como variável independente para possível elaboração de uma equação de referência para o VVM em obesos mórbidos. A partir de uma análise de regressão linear a seguinte equação foi proposta: VVM=32.85+28.68(VEF 1), SEE=13.53, R²=0.62, p<0.001 (Figura 3). DISCUSSÃO Investigamos a relação entre força e capacidade dinâmica de gerar fluxos pulmonares e diferentes marcadores antropométricos e de adiposidade corporal em indivíduos obesos mórbidos. Observamos que o percentual de adiposidade geral (IAC) e a gordura corporal localizada ao redor do pescoço eram superiores ao IMC para identificar variações nas pressões respiratórias estáticas e endurance muscular respiratória em obesos severos. Sendo o IAC e a CP mais importantes que outras variáveis antropométricas para justificar diminuição da força pulmonar. Isto reforça os achados conhecidos em indivíduos obesos que sugerem a influencia do tipo de distribuição da gordura corporal e o excesso de adiposidade localizada sobre os volumes e capacidades pulmonares comprometendo os resultados dos testes de função pulmonar (19, 26, 34-37). 42 O IAC e a CP podem inferir, respectivamente, o percentual de gordura corporal e volume de gordura ao redor do pescoço. Assim, nossos achados sugerem que o percentual de adiposidade corporal relaciona-se inversamente com a força e endurance respiratória e que o aumento do diâmetro externo do pescoço poderia contribuir para uma maior sobrecarga dos músculos respiratórios em obesos com obesidade severa. Previamente, um estudo do nosso grupo (26), mostrou que o padrão de adiposidade abdominal ou periférico não afeta a função da endurance muscular respiratória, entretanto, obesos mórbidos com um ponto de corte de 43cm na circunferência do pescoço têm maior capacidade de gerar fluxo inspiratório. Entretanto, as estratificações de obesidade e de adiposidade localizada não são apontados em estudos prévios (16, 17, 19). Nossos achados confirmam a hipótese inicial que o percentual de adiposidade está associado negativamente com a diminuição da força e endurance muscular respiratória. Um fator que provavelmente influencia esses resultados é a capacidade de síntese de glicogênio de músculos esqueléticos de obesos que pode estar associada com a diminuição da endurance dos músculos esqueléticos, no entanto, esse efeito não é conhecido nos músculos respiratórios (38). Além disso, a infiltração de gordura nos músculos respiratórios e não respiratórios de obesos é bem documentada (39). Nessa situação, a área de secção da célula muscular é diminuída devido o preenchimento causado por células gordurosas, sendo este um mecanismo que poderia justificar a diminuição da eficiência, força e endurance muscular respiratória de acordo com a quantidade de gordura corporal em obesos mórbidos. Quando analisamos a contribuição dos marcadores antropométricos para explicação da variância das pressões respiratórias estáticas e da capacidade dinâmica de gerar fluxos pulmonares, encontramos que as PIM, PEM e VVM de obesos mórbidos foram melhores justificadas através do IAC que apresentou coeficiente de correlação e poder preditivo superior às demais medidas. O peso corporal e CP também demonstraram significância em suas relações e contribuem parcialmente para a explicação da PIM, PEM e VVM. A altura e a idade também demonstraram poder preditivo significativo em relação as variáveis de pressão e endurance muscular respiratória, o que não ocorreu com o IMC, sugerindo que este marcador antropométrico não possui relação com a capacidade de gerar pressões 43 máximas ou endurance muscular respiratória. Apesar da baixa capacidade de predizer o aparecimento destas variáveis respiratórias, ressaltamos que previamente Balcom et al, (36) em um estudo de maior amostra (2.153 indivíduos) e menor grau de obesidade (média de IMC = 27.6Kg/m 2 nas mulheres e 28.3Kg/m2 nos homens) demonstraram valores de R2, através de modelos de regressões lineares, menores que os nossos, entretanto, a variável que mais explicou o VEF1 foi a altura abdominal e a circunferência da cintura. Em nosso estudo, além de utilizarmos obesidade mórbida, outras variáveis explicaram a força estática e dinâmica dos músculos respiratórios. Observamos que as equações clinicamente utilizadas para predizer valores de referência para PIM e PEM não utilizam medidas de adiposidade corporal geral ou específicas, visto que tais equações foram elaboradas para indivíduos eutróficos. As equações mais utilizadas para predizer valores de normalidade para PIM e PEM (21-24) levam em consideração a idade como variável independente que melhor justifica os resultados destas pressões respiratórias máximas. Em contrapartida, Harik-Klan et al, (22) demonstrou que além da idade, o peso e altura parecem ser importantes para justificar essas diferenças. Em relação à VVM, Neder et al, (23), estabeleceram a única equação empregada para obtenção de valores de referência, sendo utilizado o VEF1 como variável de predição para justificar a endurance muscular respiratória em eutróficos de ambos os gêneros. No nosso estudo, foi observada uma forte relação entre a PIM obtida e os valores preditos por Harik-Klan et al, (22). Valores que permaneceram quase sem alterações quando foi observada a relação específica por gênero. Um fator de interesse nestas relações é devido esta ser a única equação proposta que utiliza o peso corporal em sua fórmula. Estes autores só publicaram em seu estudo equações de predição para a PIM, no entanto, sugerimos que os valores recomendados por eles sejam utilizados em pacientes com obesidade mórbida. Corroborando os resultados de Forti et al, (17) que indicam esta mesma equação de referência para obtenção da PIM de mulheres obesas, após uma comparação entre mulheres obesas e eutróficas e dos valores obtidos e preditos por diversas equações de referência. Também foi observada correlação significativa moderada entre a PIM obtida e os valores preditos por Neder et al, (23). Este estudo também foi realizado em uma população de indivíduos brasileiros. Sua equação é comumente utilizada 44 em pesquisas científicas e na prática clínica. Os valores recomendados pelas equações de Black e Hyatt (21) também apresentaram correlação significativa com a PIM. No entanto, sugerimos que a equação de referência elaborada por Costa et al, (24) não seja aplicável em indivíduos obesos mórbidos, com base nos nossos dados, visto que demonstrou uma relação extremamente fraca com a PIM observada em nosso estudo e não foi significativa. Em relação a PEM obtida, houve correlação significativa com todos os valores preditos pelas equações utilizadas no estudo, porém, tomando como base os resultados encontrados, recomendamos a utilização da equação proposta por Neder et al, (23), a qual apresentou moderada correlação com a PEM observada. E quando analisada especificamente por gênero, foi observado coeficiente de correlação extremamente forte entre os valores sugeridos e observados nos obesos mórbidos do presente estudo. Os valores propostos por Costa et al, (24) e Black e Hyatt (21) apresentaram coeficientes de correlação semelhantes e significativos. Um achado interessante deste estudo é que apesar do forte poder de correlação e predição entre os valores sugeridos pela equação proposta por HarikKlan et al, (22) para PIM e Neder et al, (23) para PEM, os valores observados de PIM encontram-se abaixo dos valores de referência para a faixa de normalidade sugerida por Hari-Klan et al, (22), paralelamente, os valores de PEM observados encontram-se acima dos valores recomendados por Neder et al, (23). Desta forma, sugere-se que os indivíduos obesos mórbidos do presente estudo apresentaram valores de PIM inferiores a faixa de referência para normalidade e PEM acima dos valores preditos. Correspondendo com os achados de Forti et al, (17) que demonstraram ser está a equação mais confiável para predição da PIM em mulheres obesas mórbidas, porém, também foi observado valores de PIM reduzidos em relação ao predito. A VVM é um índice indireto da força muscular respiratória dinâmica que infere a função global do sistema respiratório, refletindo a endurance desta musculatura. Um dos pontos fortes na avaliação desta função em pacientes severamente obesos, centra-se especialmente nos candidatos a cirurgia de andar superior do abdome. Nesta situação, mesmo que os valores de endurance respiratória estejam dentro dos limites de normalidade, o transcurso da narcose anestésica e o tempo em decúbito dorsal podem reduzir os volumes pulmonares, 45 piorar as propriedades elásticas da caixa torácica e assim diminuir a capacidade de sustentação da contração dos músculos respiratórios. De forma geral, há relação com a idade e com o VEF 1 na expressão da VVM. No entanto, a equação de referência para indivíduos saudáveis (23) superestima os valores observados nos indivíduos obesos mórbidos do presente estudo. Houve uma relação significativa entre o VVM e o VEF1 nos obesos mórbidos (r=0.79), desta forma, foi sugerido uma equação de predição para valores de VVM nesta população específica, VVM = 32.85 + 28.68(VEF 1); r=0.78; R²=0.62; R² ajustado = 0.61; SEE=13,53; p<0.01. Um dos elementos que poderia servir como viés deste estudo seria a presença de um VEF1 reduzido. Tal evento pode ocorrer em pacientes obstrutivos, nos fumantes de longa data ou obesos severos (40-43). Reforçamos que apesar de avaliarmos obesos mórbidos (IMC entre 40 a 63Kg/m2) não foram incluídos no estudo indivíduos fumantes ou aqueles obesos com valores fora da faixa de normalidade no TFP, sendo admitidos no estudos apenas àqueles com VEF1 acima de 80% do predito. CONCLUSÃO Em resumo mostramos um efeito do percentual da adiposidade corporal e circunferência do pescoço na força muscular e capacidade de gerar fluxo respiratório. Sugerimos a equação elaborada por Harik-Klan para obtenção de valores preditos de PIM e a equação proposta por Neder para valores de normalidade da PEM em sujeitos com obesidade mórbida. Também foi possível fornecer uma equação de referência para VVM específica para obesos mórbidos. Nossos achados podem ajudar na interpretação das disfunções musculares respiratórias em pacientes com obesidade mórbida. REFERÊNCIAS 1. Salome CM, King GG, Berend N. Physiology of obesity and effects on lung function. J Appl Physiol. 2010;108:206-211. 2. Weiner P,Waizman J, Weiner M, Rabner M, Magadle R, Zamir D. Influence of excessive weight loss after gastroplasty for morbid obesity on respiratory muscle performance. Thorax. 1998;53:39–42. 46 3. Babb TG, Ranasinghe KG, Comeau LA, Semon TL, Schwartz B. Dyspnea on exertion in obese women. Association with increased oxygen cost of beathing. Am J Respir Crit Care Med. 2008;178:116–123. 4. Sood, A. 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Respir Med. 2001;95:281-286. 49 Tabela 1. Distribuição das características antropométricas entre obesos mórbidos de ambos os gêneros. 163sujeitos 41 homens 122 mulheres p valor* média±DP média±DP média±DP (IC) (IC) (IC) Idade (anos) 37.1±9.8 34.8±9.9 37.9±9.7 0.08 (35.5-38.6) (31.6-37.9) (36.1-39.7) Peso (Kg) 129.2±22.3 151.2±22.0 121.6±16.8 <0.001 (125.7-132.7) 144.1-158.2 (118.5-124.7) Altura (m) 1.62±0.08 1.71±0.06 1.58±0.06 0.01 (1.60-1.63) (1.69-1.73) (1.57-1.59) IMC (Kg/m²) 49.0±5.88 51.0±5.9 48.3±5.7 <0.001 (48.0-49.9) (49.1-52.9) (47.2-49.2) IAC (%) 51.4±9.4 45.2±7.0 53.5±9.2 <0.001 (49.9-52.9) (43.0-47.5) (51.8-55.1) CP (cm) 43,6±4,5 48.7±3.9 41.8±3.2 <0.001 42,9-44.3 (47.4-49.9) (41.3-42.4) CC (cm) 136.9±15.1 147.6±15.6 133.3±13.1 <0.001 (134.5-139.2) (142.7-152.5) (130.9-135.7) CQ (cm) 142.3±16.0 142.0±14.8 142.4±16.4 0.89 (139.8-144.7) (137.3-146.7) (139.4-145.3) *Comparação entre os gêneros masculino e feminino. IC – Índice de Confiabilidade; IMC Índice de Massa Corporal; IAC - Índice de Adiposidade Corporal; CP - Circunferência do Pescoço; CC – Circunferência da Cintura, CQ – Circunferência do Quadril. 50 Tabela 2. Correlação e regressão linear univariada entre variáveis antropométricas e respiratórias. Variável Dependente PEM VVM r R2 r R2 r R2 -0.27* 0.08** -0.20* 0.03* -0.51* 0.24** Idade 0.23* 0.05** 0.33* 0.07* 0.36* 0.09** Peso 0.33* 0.11** 0.41* 0.14* 0.63* 0.30** Altura IMC -0.01 0.01 0.08 0.01 -0.08 0.01 -0.24* 0.10** -0.28* 0.12* -0.43* 0.15** IAC 0.18* 0.03* 0.32* 0.08* 0.26* 0.04* CP 0.21* CC 0.03 0.01 0.01 0.08 0.01 CQ -0.11 0.02 -0.05 0.02 -0.00 0.01 0.32* 0.17** 0.37* 0.18* 0.76* 0.57** CVF 0.36* 0.18** 0.38* 0.19* 0.79* 0.62** VEF1 *p<0.05; **p<0.01 IMC - Índice de Massa Corporal; IAC - Índice de Adiposidade Corporal; CP - Circunferência do Pescoço; CC – Circunferência da Cintura; CQ – Circunferência do Quadril; CVF – Capacidade Vital Forçada; VEF1 – Volume Expiratório Forçado no 1° segundo; PIM – Pressão Inspiratória Máxima; PEM – Pressão Expiratória Máxima; VVM – Ventilação Voluntária Máxima. Variável independente PIM 51 Tabela 3. Valores de Pressões Inspiratórias Máximas Estáticas obtidas e preditas por diferentes equações. PIM obtida PIM Black PIM Harik (cmH2O) (cmH2O) (cmH2O) Todos 106.7±24.1 94.8±18.5# 135.2±17.6# Homens 125.4±21.5** 124.5±5.5** 142.6±13.7* # Mulheres 100.8±21.9 85.3±8.4# 132.8±18.1# *p<0.05; ** p<0.01 – diferença entre gêneros; # p<0.05 – diferença entre os valores obtidos e preditos. PIM Neder (cmH2O) 101.1±17.4# 128.5±8.0** 92.3±7.9# PIM Costa (cmH2O) 91.5±59.6# 190.6±12.5** # 59.9±22.0# Tabela 4. Valores de Pressões Expiratórias Máximas Estáticas obtidas e preditas por diferentes equações. PEM obtida PEM Black (cmH2O) (cmH2O) Todos 116.7±32.2 170.6±36.9# Homens 145.0±43.0** 232.1±10.7** # Mulheres 107.5±21.0 150.6±11.3# *p<0.05; ** p<0.01 – diferença entre gêneros; # p<0.05 – diferença entre os valores obtidos e preditos. PEM Neder (cmH2O) 103.4±21.0# 137.2±8.4** 92.5±8.3# PEM Costa (cmH2O) 104.8±22.3# 139.6±13.3** 93.4±8.9# 52 Figura 1. Regressão linear múltipla entre PIM observada e valores preditos por diferentes equações. 280 260 240 220 200 PIM preditas 180 160 140 120 100 80 60 40 20 40 60 80 100 120 140 160 180 %PiBlack %PiHarik %PiNeder %PiDirceu PIM PIM:%PiBlack: r=0.65; R²=0.43; SEE=18.31; p<0.01. PIM:%PiHarik: r=0.85; R²=0.72; SEE=12.78; p<0.01. PIM:%PiNeder: r=0.72; R²=0.52; SEE=16.77; p<0.01. PIM:%PiCosta: r=0.08; R²=0.0001; SEE=24.19; p=0.33. 53 Figura 2. Regressão linear múltipla entre PEM observada e valores preditos por diferentes equações. 260 240 220 200 PEM preditas 180 160 140 120 100 80 60 40 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 %PeNeder %PeBlack %PeDirceu PEM PEM:%PeBlack: r=0.66; R²=0.43; SEE=24.26; p<0.01. PEM:%PeNeder: r=0.68; R²=0.46; SEE=23.58; p<0.01. PEM:%PeCosta: r=0.66; R²=0.43; SEE=24.24; p<0.01. 54 Tabela 5. Coeficiente de regressão linear e modelo de predição entre VVM e variáveis antropométricas e respiratórias (n=163). Relações r R2 SEE Β Equação proposta VVM / Idade -0.51* 0.24* 19.18 -0.13 -VVM / Peso 0.36* 0.09* 21.17 -0.06 -VVM / Altura 0.63* 0.30* 18.58 49.96 -VVM / IAC -0.43* 0.15* 20.20 -0.04 -VVM / CP 0.26* 0.04* 21.46 -0.49 -VVM / CVF 0.76* 0.57* 14.10 4.25 -VVM / VEF1 0.79* 0.62* 13,53 28.68** 32.85 + 28.68(VEF1) *p<0.05; **p<0.001 – Ventilação Voluntária Máxima; CP – Circunferência do Pescoço; CVF – Capacidade Vital Forçada; VEF1 – Volume Expiratório Forçado no 1° segundo; IAC – Índice de Adiposidade Corporal. 55 Figura 3. Regressão linear e modelo de predição da Ventilação Voluntária Máxima. 180 160 140 VVM 120 100 80 60 40 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 VEF1 Variável independente para o modelo de predição - VEF1: r = 0.78; R² = 0.62; R² ajustado = 0.61; SEE = 13,53; p < 0.01; VVM = 32.85 + 28.68(VEF1). 56 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 57 Ao compararmos os objetivos e hipóteses traçadas com os resultados encontrados no grupo de obesos mórbidos que participaram da pesquisa, podemos observar que medidas de adiposidade geral, como o índice de adiposidade corporal, e específicas, como a circunferência do pescoço, se relacionam com a função, força e endurance muscular respiratória de indivíduos com obesidade mórbida melhor que o índice de massa corporal, como fora anteriormente proposto em diversos estudos clínicos e epidemiológicos. Também foi possível conhecer melhor a relação existente entre a obesidade e o seu perfil de adiposidade corporal com a capacidade dinâmica de gerar fluxo ventilatório e força muscular respiratória estática. Desta forma, sugerimos a aplicação clínica e científica dos valores sugeridos pelas equações elaboradas por Harik-klan et al, (38) e Neder et al, (39) na obtenção de valores de normalidade para pressões inspiratória e expiratória máximas, respectivamente, devido a alta correlação entre os valores observados e preditos pelas equações citadas. Além disso, foi possível elaborar uma equação de predição para ventilação voluntária máxima específica para indivíduos com obesidade mórbida, a qual utilizou o VEF1 como variável independente. Diante desses achados, apoiamos a suposição de que a função, força e endurance muscular respiratória possuem relação com marcadores de adiposidade corporal geral e específicos. Ressaltamos que algumas medidas que usualmente não são abordadas em pesquisas científicas, como o IAC e a CP, demonstraram claramente associação com as variáveis respiratórias, devido seu alto poder de relação com a quantidade de gordura corporal. Assim, ressaltamos a importância de uma avaliação respiratória completa, que aborde medidas de adiposidade geral e especifícas, bem como as variáveis de função pulmonar, pressões respiratória estática e medidas de endurance muscular respiratória durante o período de préoperatório de cirurgia bariátrica devido as possíveis influências que ambas as medidas citadas possuem. Com isso a elaboração de estratégias de prevenção e tratamento de alterações respiratórias no período pré-cirúrgico, assim como o acompanhamento no período de pós-operatório poderiam ser direcionados, evitando maiores complicações e minimizando comprometimentos respiratórios. Por fim sugerimos que a CP e o IAC, variáveis pouco estudadas até o momento, podem apresentar relevância na avaliação de obesos mórbidos, independente da presença de doença pulmonar pré-existente. Recomendamos 58 diante dos resultados encontrados a utilização indivíduos obesos mórbidos da equação de referência para VVM fornecida no presente estudo. 59 REFERÊNCIAS DA DISSERTAÇÃO 1. World Health Organization. Controlling the global obesity epidemic. WHO. Set 2011. Disponível em: <https://apps.who.int/nut/obs.htm>. Acesso em: 17/01/2013. 2. World Health Organization. Obesity and overweight. WHO. Mar 2013, Fact sheet N. 311. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/ index.html>. Acesso em: 02/03/2013. 3. ABESO. Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010. 3°ed. Itapevi/SP: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica; 2009. 4. Okay DM, Jackson PV, MarcinKiewicz M, Papino MN. Exercise and obesity. Prim Care. 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Essa pesquisa procura analisar a força muscular respiratória de indivíduos obesos e comparar valores obtidos com os valores preditos nos teste de força muscular estática e dinâmica. A coleta de dados será realizada através de um levantamento retrospectivo, baseada na ficha de avaliação fisioterapêutica individual dos pacientes, realizada como parte integrante no preparo cirúrgico do SCODE entre o período de janeiro de 2007 e junho de 2012. Visto que não existe mais o contato com todos os sujeitos envolvidos, solicito-lhe a isenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) individual e autorização para a utilização dos dados contidos nestes prontuários, no entanto, será cumprido o sigilo e confidencialidade dos sujeitos envolvidos, respeitando sua dignidade e autonomia, protegendo sua vulnerabilidade, conforme Resolução 196/96. Foi conduzida uma avaliação clínica padronizada, abrangendo um breve questionário sobre a identificação do paciente, estado civil, nível de escolaridade, profissão atual, antecedentes patológicos e familiares, hábitos de vida, condições relacionadas ao sono, presença de quadro álgico, regularidade do ciclo menstrual, uso de medicações e sobre a existência de cirurgias anteriores. Também foi conduzida uma avaliação mais detalhada observando variáveis antropométricas, prova de função respiratória, espirometria, e teste de força muscular respiratória estática (Pressão Inspiratória Máxima - Pimáx e Pressão Expiratória Máxima – Pemáx) e dinâmica (Ventilação Voluntária Máxima). Após a coleta dos dados será conduzida a análise destes, através da comparação dos valores obtidos da Pimáx e Pemax e comparação com os valores preditos pelas equações de referência propostas por Black e Hyatt (1969); Harin-klan, et al., (1998); 63 Neder, et al, (1999) e Dirceu Costa, et al., (2010), bem como a comparação dos valores encontrados na VVM com os valores proposto pela equação de referência sugerida por Neder, et al., (1999). Também será observada a associação entre Pimax, Pemax, VVM, sexo, idade, altura, peso corporal, Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Cintura (CC), Circunferência do Quadril (CQ) e Circunferência do Pescoço (CP). As relações que apresentarem correlação estatisticamente significativa serão colocadas em um modelo de Regressão Linear para estabelecer as variáveis de predição que serão utilizadas na elaboração de equações de referência para Pimax, Pemax e VVM. Você ficará com uma cópia deste Termo e qualquer dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente à Cassiane Costa Silva através do telefone (84) 9951 0286 / (83) 8701 4582. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, no endereço Av. Nilo Peçanha, 620, Petrópolis, CEP 59012-3000, Natal – RN ou pelo telefone (84) 3342 5003 ou pelo email: [email protected]. Eu, Profa Dra. Selma Sousa Bruno, declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada e qual a finalidade deste estudo e autorizo o uso dos dados contidos nos prontuários fisioterapêuticos. Assinatura: ______________________________________________________________ _________________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável Cassiane Costa Silva Telefone: (084) 9951 0286 / (083) 8701 4582 Email: [email protected] 64 APÊNDICE B 65 66 67 APÊNDICE C UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO EM FISIOTERAPIA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PRÈ-OPERATÓRIO IDENTIFICAÇÃO Nome: ________________________________________________________________________ Data de nascimento: ____/____/____ Idade:______anos Endereço: _____________________________________________________________________ Sexo: □ M □F Estado Civil: □ Casado □ Solteiro □ Divorciado □ Viúvo □ Outros Escolaridade:□ Analfabeto □ 1°grau □ 2°grau □ 3°grau □ Completo □ Incompleto Profissão: _________________________ Data da avaliação: __/__/____ Antecedentes Patológicos Familiares □ HAS □ HAS □ DM □ DM □ D.Cardiovasculares □ D.Cardiovasculares □ Dislipidemia □ Dislipidemia □ Resist. à Insulina □ Resist. à Insulina □ DPOC □ DPOC □ Asma □ Asma □ Asma na infância □ Câncer □ Câncer □ AVE □ Labilidade Emocional □ Dificuldade de concentração □ AVE Hábitos de Vida □ Etilista □ Sedentário □ Fumante □ Ex-fumante Anos de fumo: ___. Cigarros/dia: ____. D. Osteoarticulares □ Escoliose □ Artrite □ Artrose □ Lupus Eritematoso □ Outras ___________ Sono □ Insônia □ Sonolência matutina □ Roncos □ Despertar com Sufocação Quadro Álgico □ ausência de dor □ dor Local? __________ Piora com o q? ______________ Ciclo Menstrual: □ Regular □ Irregular □ Ausente Medicação: □ Sim □ Não Qual/ Tempo de Uso? _____________________________ MMII : □ Varizes □ Microvarizes □ Edemas □ Erisipela ___________________ Cirurgias Anteriores?□ Sim □ Não Qual? ___________________________________ 68 Peso (Kg): Altura (m): IMC (Kg/m²): MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS Circunferência Cintura (cm): Graus da Obesidade: □ I (30-34,9) □ II (35-39,9) Circunferência Quadril (cm): □ III (40-44,9) ou Mórbida IAC: WHR: FUNÇÃO PULMONAR CVF TI CVF% TE VEF1 TT VEF1% VVM VEF1/CVF VRE PFE Pimáx FEF25-75% Pemáx VC Snip Circunferência Pescoço (cm):