UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ BRUNA YHANG DA COSTA SILVA INTER-RELAÇÕES ENTRE PRÉ-ECLÂMPSIA, CÁLCIO DIETÉTICO E OUTROS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS FORTALEZA – CEARÁ 2010 1 BRUNA YHANG DA COSTA SILVA INTER-RELAÇÕES ENTRE PRÉ-ECLÂMPSIA, CÁLCIO DIETÉTICO E OUTROS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Orientadora: Profª. Dra. Helena Alves de Carvalho Sampaio. FORTALEZA – CEARÁ 2010 2 S586c Silva, Bruna Yhang da Costa Inter-relações entre pré-eclâmpsia, cálcio dietético e outros fatores de risco associados / Bruna Yhang da Costa Silva. — Fortaleza, 2010. 131 p. Orientadora: Profª. Drª. Helena Alves de Carvalho Sampaio. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Pública) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde. 1. Cálcio. 2. Nutrientes. 3. Fatores de Risco. 4. Pré-Eclâmpsia. 5. Disfunção Endotelial. I. Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde. CDD: 614 3 BRUNA YHANG DA COSTA SILVA INTER-RELAÇÕES ENTRE PRÉ-ECLÂMPSIA, CÁLCIO DIETÉTICO E OUTROS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre. Aprovada em: 28/12/2010. BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Profª. Drª. Helena Alves de Carvalho Sampaio (Orientadora) Universidade Estadual do Ceará – UECE ________________________________________________ Profª. Drª. Fernanda Maria Machado Maia Universidade Estadual do Ceará - UECE ________________________________________________ Profª. Drª. Daniela Vasconcelos de Azevedo Universidade Estadual do Ceará - UECE 4 À Deus, à minha família e à chefia do Serviço de Nutrição do Hospital Geral, pela grandiosa colaboração, sem a qual este trabalho não teria se concretizado. 5 AGRADECIMENTOS A Deus e à Nossa Senhora, que me deram força para perseverar nesta conquista e que me permitiram extrair dos empecilhos aprendizado para a vida. À minha família, que esteve comigo a todo o momento, mesmo perto ou distante, acompanhando as angústias, angustiando-se junto e sempre orando para que eu tivesse coragem, calma e discernimento. À professora Helena Alves de Carvalho Sampaio, por mais uma orientação e pelo incentivo à busca deste título e ao meu crescimento acadêmico. Aos responsáveis pela pesquisa maior, Júlio Augusto Gurgel Alves e Fabrício da Silva Costa, pelo acolhimento e pelos dados fornecidos. Às gestantes da pesquisa, que (im) pacientemente atenderam às minhas solicitações. Ao professor Carlos Robson B. de Medeiros, pela colaboração com as análises estatísticas. À bolsista de iniciação científica do curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará, Patrícia Mariano dos Santos, pela disponibilidade e pelo apoio incomensurável, sem o qual a concretização deste trabalho em tempo hábil teria sido muito mais difícil. À chefia do Serviço de Nutrição do Hospital Geral de Fortaleza, pela compreensão e pela colaboração para que este sonho se concretizasse. Aos colegas que se dispuseram a ouvir minhas lamentações, me passaram palavras de conforto e me incluíram em suas orações. Ao amigo, companheiro, namorado Pedro Rilson Prado Marques, que surgiu em meio a tantas turbulências, que tornou meus dias mais felizes, que tanto me confortou em meio às lágrimas e lamentações e que, mesmo tudo isso estando distante da sua realidade, foi fundamental para que cada dia eu tivesse mais disposição pra continuar e conseguir. 6 Título: Inter-relações entre pré-eclâmpsia, cálcio dietético e outros fatores de risco associados. Autor: Bruna Yhang da Costa Silva Orientador: Profª. Dra. Helena Alves de Carvalho Sampaio Programa: Mestrado Acadêmico em Saúde Pública Instituição: Universidade Estadual do Ceará RESUMO O estudo objetivou avaliar as inter-relações entre risco de pré-eclâmpsia, padrão alimentar de ingestão de cálcio e outros fatores de risco modificáveis e não modificáveis em gestantes atendidas em um serviço de referência em atendimento pré-natal. Trata-se de um estudo transversal, com abordagem descritiva e analítica, realizado no Hospital Geral de Fortaleza, envolvendo 233 gestantes no primeiro trimestre de evolução. Na visita ao Serviço, as mulheres responderam a um formulário abrangendo, dentre outras variáveis, fatores de risco para pré-eclâmpsia e responderam ao primeiro recordatório alimentar de 24 horas, o segundo sendo coletado por telefone. A função endotelial das gestantes foi avaliada através da medida da dilatação mediada por fluxo da artéria braquial. As gestantes foram agrupadas por número de fatores de risco apresentados. A composição nutricional das dietas foi determinada com auxílio do software DietWin Profissional 2.0 e a análise dos recordatórios baseou-se na média de nutrientes dos dois coletados. Utilizou-se o teste de comparações múltiplas para avaliar a diferença de consumo médio dos nutrientes conforme o número de fatores de risco e o teste t de Student para avaliar a diferença de consumo dos nutrientes conforme a avaliação da função endotelial. Em todos os testes adotou-se α < 0,05 como nível de significância. A maioria (64,81%) das gestantes apresentou 2-3 fatores de risco para a doença, destacando-se a raça não branca (80,69%), a nuliparidade ou primiparidade (80,26%) e a disfunção endotelial (58,80%). A dieta consumida foi baixa em fibras, cálcio, magnésio e potássio e elevada em sal, sódio e na relação ácido graxo ômega 6/ácido graxo ômega 3. A ingestão de cálcio total (dieta e suplemento) mostrou-se muito baixa, aquém da EAR para o micronutriente, com média de 524,84mg ± 295,91mg. Esta baixa ingestão configura risco adicional para pré-eclâmpsia. O consumo de cálcio mostrou correlacionar-se de maneira inversamente proporcional com o índice de massa corporal pré-gravídico e atual; não houve associação com outros fatores de risco. A ingestão de ferro e de ácidos graxos ω6 mostrou, respectivamente, relação direta e inversa com o número de fatores de risco para pré-eclâmpsia. Não foi observada associação significante entre quaisquer dos fatores dietéticos avaliados e função endotelial. Conclui-se que apesar da falta de inter-relações estatisticamente confirmadas entre as variáveis estudadas, as gestantes encontram-se em risco tanto pela presença de fatores de risco modificáveis e não modificáveis, como no que tange à baixa ingestão, principalmente, de cálcio, dentre os fatores dietéticos avaliados. Palavras-chave: Cálcio. Nutrientes. Fatores de risco. Pré-eclâmpsia. Disfunção endotelial. 7 ABSTRACT The study aimed to evaluate the interrelationships between risk of preeclampsia, dietary patterns, intake of calcium and other modifiable risk factors and non-modifiable in pregnant women attending a referral service in prenatal care. This is a cross-sectional study with descriptive and analytical approach, performed at the General Hospital of Fortaleza, involving 233 pregnant women in the first trimester of evolution. In the visit to the Service, the women answered a questionnaire covering, among other variables, risk factors for preeclampsia and answered the first 24-hour dietary recall, the second being collected by telephone. Endothelial function of the pregnant women was assessed by measuring flowmediated dilation of brachial artery. The women were grouped by number of risk factors presented. The nutritional composition of diets was determined using the software DietWin Professional 2.0 and the analysis of the recalls was based on the average of the two nutrients collected. Used to the multiple comparison test to assess the difference in average consumption of nutrients as the number of risk factors and the Student t test to evaluate the difference in nutrient intake according to the assessment of endothelial function. In all tests it was adopted α <0.05 significance level. The majority (64.81%) of the women had 2-3 risk factors for disease, especially non-white race (80.69%), the nulliparity or parity (80.26%) and endothelial dysfunction (58 80%). The diet intake was low in fiber, calcium, magnesium and potassium and high in salt, sodium and in the omega 6/omega 3 fatty acid ratio. The total calcium intake (diet and supplement) was very low, below the EAR for the micronutrient with an average of 524,84 mg ± 295,91 mg. This low intake configures additional risk for preeclampsia. Calcium intake has shown to correlate inversely with pre-pregnancy and current body mass index, no association with other risk factors. The iron and ω6 fatty acids intake showed, respectively, direct and inverse relationship with the number of risk factors for preeclampsia. There was no significant association between dietary factors and endothelial function. It was concluded that despite the lack of statistically confirmed interrelationships between the variables, pregnant women are at risk both by the presence of modifiable risk factors and non-modifiable, such as with regard to low intake, especially calcium, among the dietary factors evaluated. Keywords: Calcium. Nutrients. Risk factors. Preeclampsia. Endothelial dysfunction. 8 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................ ....... 10 LISTA DE QUADROS .................................................................. ....... 12 LISTA DE TABELAS .................................................................... ....... 13 1 INTRODUÇÃO ............................................................................. ....... 15 2 2.1 2.2 2.3 2.3.1 2.3.1.1 2.3.1.2 2.3.1.3 2.3.1.4 2.3.2 CÁLCIO, SAÚDE E DOENÇAS GESTACIONAIS ........................ ....... Cálcio e doenças crônicas ............................................................ ....... Cálcio e doenças do período gestacional ..................................... ....... Marcadores de ingestão de cálcio ................................................ ....... Marcadores para detecção da situação corporal de cálcio ........... ....... Cálcio sérico total e ionizado ........................................................ ....... Cálcio urinário ............................................................................... ....... Medidas de massa óssea ............................................................. ....... Medida da absorção intestinal de cálcio ....................................... ....... Avaliação da ingestão de cálcio através de inquéritos alimentares ................................................................................... ....... Evidências de relação entre inquéritos alimentares e marcadores biológicos de cálcio ...................................................................... ....... 2.4 19 19 24 27 27 28 29 31 32 33 38 3 3.1 3.2 OBJETIVOS ................................................................................. ....... 40 Geral ............................................................................................. ....... 40 Específicos ................................................................................... ....... 40 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 METODOLOGIA .......................................................................... ....... Tipo de estudo .............................................................................. ....... Local e período de estudo ............................................................ ....... População e amostra .................................................................... ....... Coleta de dados ........................................................................... ....... Análise dos dados ........................................................................ ....... Aspectos éticos ............................................................................ ....... 41 41 41 41 42 45 50 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 RESULTADOS ............................................................................. ....... Caracterização sócio-demográfica do grupo estudado ................ ....... Dados da história e da gestação atual ......................................... ....... Dados antropométricos e pressão arterial .................................... ....... Dados bioquímicos ....................................................................... ....... Dados ultra-sonográficos .............................................................. ....... Fatores de risco para pré-eclâmpsia presentes no grupo estudado ....................................................................................... ....... Dados alimentares ........................................................................ ....... Correlação entre cálcio e outros nutrientes com fatores de risco 51 52 53 57 59 61 5.7 5.8 62 63 9 para pré-eclâmpsia ....................................................................... ....... 65 6 6.1 6.2 DISCUSSÃO ................................................................................ ....... 71 Fatores de risco para pré-eclâmpsia presentes nas gestantes avaliadas ...................................................................................... ....... 71 Inter-relações entre fatores nutricionais e outros fatores de risco para pré-eclâmpsia nas gestantes avaliadas ................................ ....... 80 CONCLUSÕES ............................................................................ ....... 92 REFERÊNCIAS ............................................................................ ....... 93 ANEXOS ....................................................................................... ....... 122 ANEXO I: Ficha para entrevista dos pacientes do estudo ―Predição de pré-eclâmpsia através do teste tríplice vascular‖ .... ....... 123 ANEXO II: Parecer do comitê de ética em pesquisa .................... ....... 127 APÊNDICES ................................................................................. ....... 128 APÊNDICE I: Recordatório alimentar de 24 horas ....................... ....... 129 APÊNDICE II: Termo de consentimento livre e esclarecido ......... ....... 131 10 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ADA - American Diabetes Association AG - Ácidos Graxos AI - Adequare Intake CCN - Comprimento Cabeça-Nádega DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension DHQ - Questionário de História Dietética DMF - Dilatação Fluxo-Mediada da Artéria Braquial DRI - Dietary Reference Intake EAR - Estimated Average Requirement eNOS - Óxido Nítrico Sintetase FFQPOP - Food Frequency Questionnaire for the Prevention and Management of Osteoporosis HDL - High-Density Lipoprotein HGF - Hospital Geral de Fortaleza IMC - Índice de Massa Corporal UL - Tolerable Upper Intake Level UI - Unidades Internacionais NTx - N-telopeptídeo de Colágeno Tipo I PTH - Hormônio Paratireoidiano P - Percentil 11 RAM - Método de Avaliação Rápida RDA - Recommended Dietary Allowances SPSS - Statistical Package for the Social Sciences UECE - Universidade Estadual do Ceará WHO - World Health Organization ω3 - Ômega 3 ω6 - Ômega 6 12 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Fatores de risco para pré-eclâmpsia considerados no presente estudo, com respectivos autores proponentes dos mesmos. Fortaleza, 2010 45 QUADRO 2 Fatores dietéticos de risco para pré-eclâmpsia considerados no presente estudo, com respectivos autores proponentes dos mesmos. Fortaleza, 2010 47 13 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo faixa etária. Fortaleza, 2010. 52 TABELA 2 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado civil. Fortaleza, 2010. 53 TABELA 3 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo raça auto-referida. Fortaleza, 2010. 53 TABELA 4 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo paridade. Fortaleza, 2010. 54 TABELA 5 Prevalência de tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas entre as gestantes avaliadas (n = 233). Fortaleza, 2010. 54 TABELA 6 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo o tipo de suplemento medicamentoso de vitaminas e/ou minerais utilizado. Fortaleza, 2010. 55 TABELA 7 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo período de início da suplementação de ácido fólico. Fortaleza, 2010. 56 TABELA 8 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo história de doenças crônicas. Fortaleza, 2010. 56 TABELA 9 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado nutricional prégravídico. Fortaleza, 2010. 58 TABELA 10 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado nutricional atual. Fortaleza, 2010. 58 TABELA 11 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo classificação da pressão arterial. Fortaleza, 2010. 59 TABELA 12 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorização da glicemia de jejum. Fortaleza, 2010. 60 TABELA 13 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo prevalência de valores de hemograma abaixo do normal. Fortaleza, 2010. 60 TABELA 14 Distribuição das gestantes proteinúria. Fortaleza, 2010. de 61 TABELA 15 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo função endotelial medida pela dilatação fluxo-mediada da artéria braquial. Fortaleza, 2010. 62 TABELA 16 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo número de fatores de risco para pré-eclâmpsia apresentados. Fortaleza, 2010. 62 avaliadas, segundo diagnóstico 14 TABELA 17 Necessidade média estimada ou ingestão adequada e média de consumo diário de calorias e nutrientes relacionados ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia pelas gestantes avaliadas. Fortaleza, 2010. 63 TABELA 18 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorias de consumo médio diário de cálcio. Fortaleza, 2010. 64 TABELA 19 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorias de consumo médio diário de macro e micronutrientes relacionados ao risco para préeclâmpsia. Fortaleza, 2010. 65 TABELA 20 Distribuição das gestantes avaliadas (n = 233), segundo consumo médio diário de cálcio e número de fatores de risco para pré-eclâmpsia apresentados. Fortaleza, 2010. 66 TABELA 21 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e estado nutricional pré-gravídico. Fortaleza, 2010. 66 TABELA 22 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e estado nutricional atual no primeiro trimestre. Fortaleza, 2010. 66 TABELA 23 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e função endotelial. Fortaleza, 2010. 67 TABELA 24 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de calorias, nutrientes relacionados à pré-eclâmpsia, sal e número de fatores de risco apresentados. Fortaleza, 2010. 68 TABELA 25 Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de calorias, nutrientes relacionados à pré-eclâmpsia, sal e função endotelial. Fortaleza, 2010. 69 15 1 INTRODUÇÃO A pré-eclâmpsia consiste de uma desordem caracterizada por hipertensão diastólica que se desenvolve após a 20ª semana de gestação, na maioria dos casos se resolvendo antes dos 42 dias pós-parto, associada com excreção de proteína superior a 0,3g/dia na urina coletada nas últimas 24 horas (HELEWA et al., 1997). A pressão arterial apresenta-se igual ou superior a 140/90mmHg (JAIN et al., 2010), Pode ocorrer também associada a edema, embora este não possa ser utilizado como critério diagnóstico para a doença, visto que o edema também acomete gestantes normais (FRISHMAN et al., 2006). É uma condição comum e que acomete cerca de 5% das gestantes nos Estados Unidos e na Europa (DAVISON et al., 2004) e, juntamente com a eclâmpsia, 2,3% das gestantes brasileiras (GAIO et al., 2001). Sua incidência é aumentada na presença de uma série de fatores de risco, dentre os quais: status sócio-econômico; fatores genéticos; fatores gestacionais, como gestações múltiplas, pré-eclâmpsia prévia, primigravidez (SMITH; BAKER, 2005), nuliparidade (CAVALLI et al., 2009; PRECHAPANICH; TONGTUB, 2010) ou primiparidade (ASSIS; VIANA; RASSI, 2008; VILLAR et al., 2006); raça negra (CAVALLI et al., 2009; SMITH; BAKER, 2005) ou não branca (ASSIS; VIANA; RASSI, 2008); doenças crônicas, como hipertensão arterial prévia, diabetes melito pré-existente, excesso de peso (CAVALLI et al., 2009; SMITH; BAKER, 2005), neste último mais especificamente índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional superior a 26Kg/m² (CONDE-AGUDELO; BELIZÁN, 2000) e hipertrigliceridemia (DEKKER; SIBAI, 1998); trombofilia, doença renal crônica (SMITH; BAKER, 2005); estresse (ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005) e tabagismo (ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005; NICOLAU, 2009). São ainda citados: doença auto-imune e síndrome do anticorpo antifosfolípide (DUCKITT; HARRINGTON, 2005); etilismo (ORTIZ et al., 2010); ausência do genitor da criança no lar e idade materna igual ou superior a 35 anos (CONDE-AGUDELO; BELIZÁN, 2000) Por outro lado, há autores que consideram que o tabagismo atuaria como anti-estressante no primeiro trimestre gestacional, sendo fator protetor contra a 16 doença (TAKIUTI; KAHHALE, 2001; ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005; PERES et al., 2007). Também seria protetor um IMC inferior a 19,8Kg/m² (CONDE-AGUDELO; BELIZÁN, 2000) ou a 20Kg/m² (SEBIRE et al., 2001). As complicações observadas nos sistemas orgânicos em decorrência da pré-eclâmpsia podem explicar a alta incidência de mortalidade e morbidade fetal e materna, o que faz da doença uma das principais causas de morte materna também no Brasil (37% das causas de morte obstétricas diretas) (CAVALLI et al., 2009). Apesar de sua relevância para a saúde pública (LÓPEZ-JARAMILLO, 2000), até o momento os pesquisadores não conseguiram explicar de uma forma unificada o surgimento desta doença. O mecanismo fisiopatológico mais aceito atualmente é uma má-adaptação placentária, na qual há uma falha de invasão da decídua materna pelos tecidos trofoblásticos fetais. Esta falha na invasão trofoblástica prejudica o bom desempenho da placenta, porque diminui o aporte sangüíneo. Este seria um dos eventos mais precoces e possivelmente responsável pela disfunção endotelial da pré-eclâmpsia. Possivelmente, uma falha na produção de óxido nítrico, substância vasodilatadora, originaria a hipertensão arterial (PIJNENBORG et al., 2009). Acredita-se que a origem desta desordem complexa envolva uma série de fatores genéticos, ambientais e nutricionais que geram, de maneira geral, um desequilíbrio entre os radicais livres óxido nítrico, superóxido e peroxinitrato no endotélio vascular (PIJNENBORG et al., 2009). No que tange aos fatores nutricionais, além do estado nutricional determinado pelo IMC, já referido, os estudos não têm priorizado explorar que componentes dietéticos se associam mais à etiologia da doença. Uma exceção é o cálcio, cujos distúrbios de seu metabolismo têm sido associados com a origem da pré-eclâmpsia e demais desordens hipertensivas da gravidez (PRENTICE, 2000). Mesmo assim, ainda que pouco explorados, os componentes dietéticos, mais citados, além do cálcio, são: calorias, proteínas (CLAUSEN et al., 2001), fibras (FREDERICK et al., 2005), ácidos graxos ω3 (WILLIAMS et al., 1995; CUEVAS; GERMAIN, 2004; OKEN et al., 2007) e ω6 (WILLIAMS et al., 1995; SHOUK; OMAR; FAYED, 1999), vitaminas A (ZHANG et al., 2002; VILLAR et al., 2003), C e E (KHARB, 2000; ZHANG et al., 2002; VILLAR et al., 2003; BARTON; SIBAI, 2008), magnésio, zinco (ZHANG et al., 2002; JAIN et al., 2010), ácido fólico (RAY; LASKIN, 1999; HAGUE, 2003), ferro (TAHERIPANAH; FARKUSH, 2007; SIDDIQUI et al., 17 2010), sódio (WALLENBURG, 2001; BRICEÑO-PÉREZ; BRICEÑO-SANABRIA; GRACIA, 2009) e potássio (FREDERICK et al., 2005). Reportando-se ao cálcio, estudos com gestantes portadoras de préeclâmpsia têm demonstrado neste grupo a presença de hipocalciúria associada com concentrações séricas maiores de paratormônio (PTH) e menores de cálcio ionizado e 1,25 dihidroxivitamina D, comparado a gestantes normotensas (FROLICH et al., 1992). A suplementação precoce de cálcio tem sido estudada e vem mostrando resultados consistentes, indicando um efeito benéfico dos suplementos do micronutriente sobre a hipertensão induzida pela gestação e suas complicações. Uma metanálise recente demonstrou que a suplementação de cálcio permitiu reduzir a incidência de pré-eclâmpsia em 78% na população de baixo risco e em 48% na de alto risco. O efeito protetor da suplementação foi mais evidente nas populações com baixa ingestão de cálcio a partir de fontes alimentares (HOFMEYR; DULEY; ATALLAH, 2007). No caso específico do Brasil, a pré-eclâmpsia mostra-se responsável por 37% das mortes obstétricas diretas (CAVALLI et al., 2009), tendo sido observado que gestantes que desenvolvem a doença apresentam menor consumo de cálcio que as gestantes normotensas (RAMOS et al., 2006). Ramos et al. (2006) detectaram, através de um estudo prospectivo envolvendo 1092 gestantes de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, uma média de ingestão de cálcio de 1057mg para as mulheres normotensas, 902mg para aquelas com pré-eclâmpsia moderada e 755mg para gestantes diagnosticadas com préeclâmpsia severa. Tais evidências em relação ao Brasil são preocupantes, especialmente quando consideradas as elevadas prevalências de baixo consumo de cálcio que têm sido observadas entre populações de gestantes do país, como relatado por Camargo e Veiga (2000) e Hedrich et al. (2007), que encontraram prevalências de, respectivamente, 67,0% e 94,3%. Com base no déficit de consumo do micronutriente, na significância da pré-eclâmpsia no quadro de mortalidade materna do país e nas evidências científicas de relação entre o cálcio e o risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, a suplementação de cálcio vem sendo sugerida por pesquisadores brasileiros como medida preventiva em gestantes de alto risco para o desenvolvimento da doença, 18 bem como naquelas isentas de fatores de risco mas com baixo consumo do micronutriente (KAHHALE; ZUGA, 2000; ALENCAR JÚNIOR, 2006). Considerando as evidências apontadas nos estudos relatados e a escassez de dados nacionais sobre o tema, surge a indagação: como está a ingestão de cálcio de gestantes brasileiras? Tal ingestão pode configurar risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, caso se considere os estudos que apóiam esta relação? Assim, surgiu a idéia de desenvolver o presente estudo com a pretensão de responder, ao menos em nível local, as indagações supracitadas. Além da ausência de conhecimento em relação ao tema, o estudo justifica-se considerando a magnitude das doenças hipertensivas da gravidez, tanto por representarem 10 a 16% das complicações da gestação, como por figurarem entre as principais causas mundiais de morbidade e mortalidade materna, fetal e neonatal (ALLEN et al., 2004), dentre as quais o nascimento de crianças com baixo peso ao nascer e com subseqüente risco cardiovascular (DAVISON et al., 2004). No próximo capítulo são descritos aspectos relacionados aos dois tópicos, cálcio e pré-eclâmpsia, e suas inter-relações. 19 2 CÁLCIO, SAÚDE E DOENÇAS GESTACIONAIS No momento atual, o cálcio é um dos mais utilizados suplementos nutricionais, o que se deve principalmente à sua relação com a prevenção e o tratamento da osteoporose (DISILVESTRO, 2004). Este mineral exerce funções de ativação e regulação tão sensíveis às mudanças nas suas concentrações, que o corpo necessita de mecanismos poderosos para manter a homeostase deste micronutriente. Desta maneira, é denominado de ―segundo mensageiro‖ de forma que a partir das alterações que ocorrem no seu pool, hormônios ou outras moléculas sinalizadoras iniciam processos regulatórios intra e extracelulares (DISILVESTRO, 2004). Desde a década de 70, diversos estudos têm demonstrado o papel benéfico do cálcio e/ou dos produtos lácteos em uma variedade de afecções. Dentre estas incluem-se: hipertensão arterial, câncer de colon, câncer de mama, cálculos renais, síndrome do ovário policístico, câncer de ovário, síndrome pré-menstrual, síndrome de resistência à insulina (Síndrome Metabólica), obesidade, intoxicação por chumbo (NICKLAS, 2003), hipertensão gestacional (BERGEL; BARROS, 2007) e diabetes mellitus (PITTAS et al., 2007). Considerando o foco do presente estudo, será detalhado o conhecimento atual sobre a relação do cálcio com eventos gestacionais. Por outro lado, também é apresentado um resumo sobre a situação atual do conhecimento no que tange à relação do cálcio com outras doenças, particularmente as crônicas não transmissíveis. 2.1 Cálcio e doenças crônicas A osteoporose, doença associada com o baixo consumo de cálcio, é considerada uma doença pediátrica com conseqüências geriátricas (ILICH; 20 KERSTERTTER, 2000). Representa um problema de saúde pública nas populações de mais idade (SUNYECZ, 2008). É caracterizada por fragilidade óssea, com maior suscetibilidade a fraturas na coluna vertebral e na cintura (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2004). Embora vários fatores, como a quantidade de proteína da dieta, ingestão energética, peso corporal, consumo de vitamina D, tabagismo e etilismo, potencialmente interfiram na densidade mineral óssea, o subconsumo de cálcio é o principal fator envolvido no desenvolvimento da doença (NICKLAS, 2003). O mineral influencia no risco de desenvolvimento de osteoporose por interferir no pico de massa óssea geneticamente determinado, o que ocorre até os 30 anos de idade (ILICH; KERSTERTTER, 2000). Níveis recomendados de cálcio e vitamina D, associados com a prática de atividade física durante a adolescência e na fase adulta inicial, asseguram formação de massa óssea adequada (SUNYECZ, 2008), manutenção da densidade óssea quando adulto e redução da perda óssea em idosos (DAIRY COUNCIL OF CALIFORNIA, 2009). Com relação à hipertensão arterial, quase 20 anos de debate foram necessários para se encontrar evidências suficientes e confiáveis acerca do papel do cálcio e/ou dos alimentos fontes de cálcio na regulação da pressão arterial (MCMARRON; MOLLY; REUSSER, 1999). No estudo DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) 549 indivíduos consumiram uma dieta rica em frutas e hortaliças, contendo 3 porções diárias de produtos lácteos reduzidos em gordura. Como resultado, observou-se redução na pressão arterial sistólica de 5,5mmHg e de 3,0mmHg na diastólica, quando comparado a uma dieta cuja combinação de grupos alimentares não esteve presente. Entre os participantes já diagnosticados como hipertensos, detectou-se redução na pressão sistólica em 11,4mmHg e na diastólica em 5,5mmHg (APPEL et al., 1997). Desta forma, um plano alimentar com esta combinação pode ser eficaz em prevenir e tratar a hipertensão moderada (APPEL et al., 1997; MILLER et al., 2000). Grande ênfase é dada ao consumo de produtos lácteos na prevenção de hipertensão arterial, visto que 70% a 75% do cálcio que é ingerido provêm deste 21 grupo de alimentos. Diante disso, as evidências já são consistentes quanto à recomendação de 3 a 4 porções destes produtos para o estabelecimento de uma pressão arterial ótima (MILLER et al., 2000). Estudos avaliando o efeito do cálcio na regulação da pressão arterial mostraram que quando suplementos de cálcio são utilizados, em substituição às fontes alimentares, as respostas observadas na pressão arterial são bastante heterogêneas, isto é, de diferente magnitude entre os indivíduos, o que sugere que outros componentes alimentares consumidos juntamente com o cálcio a partir das fontes do micronutriente são fundamentais para que o mesmo exerça os efeitos benéficos constatados (MILLER et al., 2000). Hamet (1995) também observou, por meio de uma revisão, que os estudos epidemiológicos e testes clínicos sugeriram um papel do cálcio dietético na etiologia, prevenção e tratamento da hipertensão de origem primária. Os níveis de cálcio dietético adequados para reduzir a pressão arterial ou o risco de hipertensão equivalem a 1000mg/dia para adultos com menos de 50 anos e 1200mg para aqueles cuja idade é igual ou ultrapassa 50 anos (MILLER et al., 2000). Zemel (2001) observou que o efeito do cálcio sobre a pressão arterial é maior em indivíduos já hipertensos ou em risco de desenvolver a doença, como é o caso das pessoas sensíveis ao sal. Nestes, o aumento do consumo de sal estimula a perda urinária de cálcio, provocando a liberação do hormônio calciotrófico e, conseqüentemente, aumento nos níveis de cálcio intracelular, da resistência vascular periférica e da pressão arterial. A maior ingestão de cálcio dietético pode prevenir a ocorrência deste evento. Observa-se que adultos com sobrepeso, bem como com morbidades que decorrem do excesso de peso, geralmente consomem dieta pobre em cálcio (NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH CLINICAL CENTER, 2002). Estudos prospectivos com animais e retrospectivos com humanos sugerem que a suplementação com cálcio pode reduzir o ganho de peso anual e induzir a pequenas perdas de peso (NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH CLINICAL CENTER, 2002). Zemel et al. (2000) demonstraram que mulheres com elevado consumo de cálcio (1300mg/dia) e de derivados lácteos (3 porções/dia) tinham 80% menos risco de pertencer ao quartil máximo de deposição de gordura corporal. Estes 22 autores perceberam que uma ingestão reduzida de cálcio induziu à formação de um maior estoque de energia e que, contrariamente, dietas com níveis adequados do micronutriente favoreceram a termogênese. Em um estudo de intervenção realizado por Lin et al. (2000) níveis mais altos de ingestão de cálcio foram associados com perda de peso, especialmente de gordura, em mulheres com idade variando de 18 a 31 anos. Davies et al. (2000), ao estudarem a associação entre o peso corporal e a ingestão de cálcio em mulheres de 30, 50 e 80 décadas de vida, perceberam, somente entre as mais jovens com menor ingestão de cálcio, relação inversamente proporcional entre as variáveis. Em estudo com indivíduos obesos sob restrição energética, Zemel et al. (2004) observaram que aqueles cuja dieta foi rica em produtos lácteos obtiveram perda de peso 70% maior que os obesos com dieta pobre no micronutriente. O percentual de gordura perdido também foi 64% superior. A leptina circulante elevouse, fosse a dieta rica em produtos lácteos, em suplementos de cálcio ou pobre em cálcio, porém com predomínio daqueles submetidos às duas primeiras (51%, 33% e 19% de aumento, respectivamente). Naqueles com dieta rica em produtos lácteos, a perda de gordura tóraco-abdominal representou 66% da perda total de gordura, comparada a 19% no grupo com dieta pobre em cálcio. Altas ingestões de cálcio mostraram reduzir as concentrações plasmáticas de 1,25-diidroxi-vitamina D e esta supressão, possivelmente, foi responsável por um aumento concomitante da lipólise e da termogênese (ZEMEL et al., 2004). A acentuação da oxidação da gordura corporal também foi sugerida como mecanismo intermediário entre o consumo de cálcio e a perda de massa gorda (DEJONGH; BINKLEY; SPECKER, 2006). Shahkahalili et al. (2001) observaram, em um estudo de suplementação do chocolate com 900mg de cálcio, um outro possível mecanismo. Com a alta ingestão de cálcio, este se complexaria com os ácidos graxos e ácidos biliares no intestino, conduzindo à má absorção de gordura. A análise da composição dos lipídios fecais mostrou que a perda extra de lipídio pelas fezes durante a suplementação de cálcio decorreu, principalmente, das maiores perdas de ácido esteárico e palmítico. Acumulam-se evidências acerca do papel que o cálcio e a vitamina D exercem também sobre o desenvolvimento do diabetes tipo 2 (PITTAS et al., 2007). 23 Pittas et al. (2007) observaram que a suplementação com 500mg de citrato de cálcio e 700UI de Vitamina D3, em idosos, durante três anos, preveniu aumentos na glicose plasmática e na resistência à insulina, associados com a idade, em participantes com glicemia de jejum alterada. Em outro estudo, Pittas et al. (2006) perceberam que a ingestão diária de 800 UI de Vitamina D combinada com 1200mg de cálcio foi associada com um risco 33% menor de desenvolvimento de diabetes tipo 2 quando comparado com a combinação de 400UI de Vitamina D e 600mg de cálcio. Os mecanismos pelos quais o cálcio dietético poderia influenciar no risco de desenvolvimento de diabetes ainda são menos claros que aqueles que envolvem a vitamina D (PITTAS et al., 2007). Em um estudo transversal envolvendo 39876 mulheres com idade maior ou igual a 45 anos, a prevalência de diabetes tipo 2 mostrou relação inversamente proporcional com a ingestão de cálcio, porém não com a vitamina D (LIU et al., 2005). O cálcio parece ter um efeito protetor em relação ao desenvolvimento de câncer colorretal, através de mecanismos que diminuem a proliferação celular ou que promovem a diferenciação celular (PETERS et al., 2001; WEAKER, 1990). Harshman e Aldoori (2007) e Peters et al. (2001) sugerem que o consumo associado do mineral com a vitamina D pode ter maiores benefícios que o cálcio isolado. Além disso, existem evidências de relação entre o consumo de leite e derivados, bem como de dietas com alto teor de cálcio, e o risco de desenvolvimento de câncer, de acordo com o relatório sobre alimentos, nutrição e atividade física na prevenção do câncer, elaborado a partir da análise de uma ampla dimensão de estudos de caso-controle e coorte, publicado em 2007. Esta relação varia entre diferentes tecidos e órgãos (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 2007). É provável que o leite represente um fator de proteção contra o câncer colorretal, o mesmo sendo confirmado com o uso de suplementos de cálcio. Quanto ao câncer de bexiga, evidências limitadas também sugerem relação negativa entre a ingestão de leite e a doença. Entretanto, com relação à neoplasia de próstata, o consumo de dietas com alto teor de cálcio foi visto como uma das possíveis causas da doença, porém as evidências são limitadas para esta relação causal quando se considera o consumo elevado das fontes alimentares, isto é, leite e seus derivados. 24 Os estudos acerca da relação entre o consumo de cálcio e o risco de desenvolvimento de câncer de mama foram inconclusivos, em decorrência da baixa qualidade dos dados disponíveis, da inconsistência destes dados ou do número insuficiente de estudos que permitisse obter conclusões precisas. Pelos mesmos motivos, nenhuma evidência de relação foi obtida entre o consumo de leite e derivados e o risco de câncer de ovário, endométrio, cervix, rim e pele (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 2007). A alta ingestão de cálcio total, isto é, dietético e de suplementos, também foi inversamente associada com a prevalência de síndrome metabólica (LIU et al., 2005). Em estudo junto a 10066 mulheres com idade maior ou igual a 45 anos, sem presença de doença cardiovascular, câncer ou diabetes e que nunca realizaram terapia de reposição hormonal, a prevalência isolada de cada um dos 5 componentes do diagnóstico de síndrome metabólica, isto é, hipertrigliceridemia, hipertensão arterial, obesidade, diabetes tipo 2 e baixo HDL, mostrou-se menor nas mulheres cujo consumo de cálcio e vitamina D encontrava-se no quintil máximo de ingestão do micronutriente do que naquelas do quintil mínimo (LIU et al., 2005). 2.2 Cálcio e doenças do período gestacional A hipertensão arterial associada à gestação parece ter o cálcio como nutriente envolvido na sua etiologia. Este tem sido o nutriente melhor estudado quanto à sua relação com a pré-eclâmpsia (ROBERTS et al., 2003). Os estudos pioneiros acerca da relação do cálcio ingerido com a préeclâmpsia datam da década de 80. O argentino Belizán, juntamente com um grupo de outros pesquisadores da América do Sul, realizou uma revisão acerca do tema. Os dados epidemiológicos indicaram que em população com baixa ingestão de cálcio, a incidência de pré-eclâmpsia e eclâmpsia era maior. Tal associação não podia ser explicada somente por fatores socioeconômicos, visto que populações com baixa renda, como a da Guatemala, Equador e Etiópia, com dieta pobre em calorias e proteínas, mas contendo tradicionalmente alimentos ricos em cálcio 25 ("tortillas"), tinham uma das mais baixas taxas de incidência de pré-eclâmpsia do mundo (BELIZÁN; VILLAR, 1980). A hipótese inicial acerca da problemática seria de que o efeito da ingestão de cálcio na pressão arterial seria mediado pelo hormônio paratireoidiano: uma baixa ingestão de cálcio resultaria no aumento da secreção do hormônio; a elevação no hormônio paratireoidiano causaria um aumento da reatividade muscular com contração da musculatura lisa vascular. A contração muscular produziria vasoconstrição e aumento de pressão (KAHHALE; ZUGA., 2000). López-Jaramillo (1994) sugerem que entre o cálcio e a hipertensão estaria a síntese reduzida de óxido nítrico. A suplementação de cálcio é associada com aumento das concentrações séricas de cálcio ionizado. Mulheres com pré-eclâmpsia mostram uma queda significante nos níveis deste marcador, crucial para a síntese de óxido nítrico (e prostaciclinas) pelo endotélio vascular (LÓPEZ-JARAMILLO, 1994). Visto que o óxido nítrico é vasodilatador (e a vasodilatação é fisiológica na gestação), sua deficiência conduziria à vasoconstrição e conseqüente aumento da pressão arterial (BUHIMSCHI et al., 1998). A suplementação de cálcio durante a gestação parece ser uma estratégia promissora na prevenção de pré-eclâmpsia em mulheres com ingestão deficiente de cálcio (VILLAR; BELIZÁN, 2000). Conforme Atallah (2006), a suplementação de cálcio entre gestantes em risco de baixa ingestão do micronutriente reduz em 50% a incidência de préeclâmpsia, contudo ainda sem evidência concreta a respeito da quantidade mais adequada. Desta forma, gestantes devem ser estimuladas a manter uma ingestão diária de 1200mg de cálcio por dia com vistas a evitar a evolução para hipertensão induzida pela gestação e, mais especificamente, a pré-eclâmpsia (VILLAR; BELIZÁN, 2000). Bucher et al. (1996), ao realizar uma metanálise de 14 testes controlados randomizados envolvendo 2459 gestantes, estimaram uma redução de 5,4mmHg e 3,44mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente, com razão de risco de para pré-eclâmpsia de 0,38 nas mulheres com suplementação de cálcio em relação àquelas submetidas ao placebo. A maioria dos estudos utilizou suplementação diária de 1500mg a 2000mg de cálcio. 26 Knight e Keith (1992), ao estudarem o efeito da suplementação de cálcio em 30 gestantes primíparas normotensas e 20 gestantes primíparas com hipertensão induzida pela gestação, observaram que as mulheres negras pertencentes a ambos os grupos apresentavam, durante o período inicial da gestação, dieta deficiente em cálcio. Contudo, enquanto as normotensas consumiam 50% da Recommended Dietary Allowances (RDA) do micronutriente, as hipertensas o faziam em somente 29% do recomendado. A população negra parece ter maior risco para a doença que as demais raças, pois este grupo possui dietas pobres em cálcio e com alto teor de sódio (HAMET, 1995). De maneira geral, os testes clínicos têm demonstrado evidências de relação entre o cálcio e as doenças hipertensivas da gestação especialmente em indivíduos cujo consumo deficiente de cálcio é crônico (HAMET, 1995; HOFMEYR; DULEY; ATALLAH, 2007). Uma revisão sistemática da base de dados Cochrane, cujos resultados atualizados foram publicados recentemente, sugere não haver ainda evidências que apóiem a suplementação de cálcio superior a 2000mg por dia como efetiva na redução do risco da doença (HOFMEYR; DULEY; ATALLAH, 2007). Nos estudos que documentaram resultados positivos no que tange à suplementação, os efeitos benéficos parecem só existir a longo prazo (HAMET, 1995). Embora tenha havido progressos no estudo da temática, as contradições permanecem. Levine et al. (1997) ao estudarem 4589 nulípararas saudáveis, entre a 13ª e a 21ª semana de gestação, concluíram não haver relação significante entre a suplementação de cálcio e a redução da incidência e da gravidade da préeclâmpsia, bem como o retardo do surgimento da afecção. Na recente metanálise anteriormente referida (HOFMEYR; DULEY; ATALLAH, 2007) concluiu-se haver relação inversamente proporcional entre suplementação de cálcio e redução no risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, contudo com tal relação não se confirmando quanto à incidência de pré-eclâmpsia grave. Embora Hamet (1995) tenha referido não haver evidências suficientes para sustentar a hipótese de que a deficiência de cálcio poderia causar hipertensão na gestação, no estudo prospectivo brasileiro, de Ramos et al. (2006), foi observado que quanto maior foi o grau de pré-eclâmpsia, menor foi a média de consumo habitual de cálcio. 27 Além disso, a suplementação da dieta materna com cálcio, durante a gestação, é um possível fator atenuante da exposição fetal ao cobre por inibir a mobilização de cobre do osso materno, reduzir a absorção intestinal materna deste mineral quando ingerido e/ou aumentar a excreção do mesmo, pois a exposição fetal ao cobre durante o período pré-natal está associada a déficit no crescimento e desenvolvimento neurológico do feto (ETTINGER et al., 2009). Este efeito mostra-se mais significativo em populações cuja ingestão de cálcio dietético habitual é limitada (ETTINGER et al., 2009). 2.3 Marcadores de ingestão de cálcio Considerando a proposta do presente estudo, aqui serão detalhados aspectos referentes à investigação de ingestão de cálcio a partir de dados de consumo alimentar. No entanto é interessante discutir, também, quais os marcadores utilizados para detecção da situação corporal deste micronutriente. 2.3.1 Marcadores para detecção da situação corporal de cálcio Aguilera-Barreiro et al. (2005), em estudo com mulheres em perimenopausa, observaram que um aporte adequado de cálcio a partir de fontes dietéticas reflete com melhora da densidade mineral óssea, e de diversos marcadores bioquímicos convencionais, isto é, elevação dos níveis séricos de fosfatase alcalina, redução do fósforo sérico, normalização da calcemia e hipermagnesemia. Os marcadores bioquímicos parecem ser as medidas que mais se adequam à avaliação do estado de cálcio de populações, em decorrência do seu baixo custo e facilidade de interpretação (WEAKER, 1990). 28 2.3.1.1 Cálcio sérico total e ionizado O cálcio plasmático ou sérico total e o cálcio ionizado são comumente utilizados para avaliar o estado nutricional do mineral, bem como, em curto prazo, a absorção do mesmo (DISILVESTRO, 2004). Contudo, na prática, não representam uma medida confiável para avaliar o estado nutricional por ser rigorosamente regulado, por exemplo, pelo aumento do hormônio paratireoidiano (DISILVESTRO, 2004; WILLETT, 1998). Adicionado a isto, quando há alterações bruscas no estado de cálcio, tal como durante a correção do raquitismo severo, o cálcio sérico mostra apenas pequenas mudanças (DISILVESTRO, 2004). Uma das alternativas de avaliação é o teste de retenção de cálcio, que utiliza o cálcio urinário. Outra é o uso dos índices funcionais, tais como os marcadores séricos e urinários do metabolismo ósseo. Por serem afetados por diversos fatores, é usado principalmente na monitorização de estudos de intervenção (ex: em pesquisas comparativas, antes e após a oferta de níveis definidos de cálcio a um grupo). A nível populacional, a avaliação do estado de cálcio, a longo prazo, dá-se, algumas vezes, por meio da análise da dieta, com os resultados sendo comparados à densidade óssea ou marcadores do metabolismo ósseo (DISILVESTRO, 2004). Na visão de Mundi e Reasner II (1998), a dosagem do cálcio sérico ionizado tem mostrado ser mais vantajosa, comparada a do cálcio total do soro. Isto porque o cálcio sérico total é composto também de proteína plasmática, principalmente albumina, e de cálcio ligado a fosfato e citrato (MUNDI; REASNER II, 1998; DISILVESTRO, 2004). Assim, qualquer alteração em relação ao nível de albumina reflete no conteúdo total de cálcio do soro, sem que isto implique numa alteração da forma ionizada, que é a forma fisiologicamente ativa. Desta forma, é necessária, na hipoalbuminemia, a correção do cálcio sérico total (MUNDI; REASNER II, 1998) Quando a ingestão de cálcio é insuficiente, o corpo utiliza uma série de mecanismos para manter os níveis de cálcio iônico, os mais importantes sendo: aumento da reabsorção do cálcio ósseo, redução da excreção urinária de cálcio 29 através da aumentada reabsorção tubular; elevação da absorção intestinal do cálcio e secreção estimulada de paratormônio (BELIZÁN; VILLAR, 1980). No caso específico da gestação, este ciclo de vida é tipicamente associado com uma redução no cálcio sérico total como resultado da diminuição da concentração sérica de albumina devido à hemodiluição (KOVACS, 2001). Isto tem se mostrado mais evidente em gestantes adolescentes. É provável que neste grupo os níveis de cálcio ionizado também sejam menores, o que pode refletir uma captação tecidual mais intensa tanto devido ao crescimento fetal quanto ao desenvolvimento materno da adolescente (BEZERRA et al., 2002). Já Prentice (2000) afirma que, independente da faixa etária, durante a gestação os níveis de cálcio iônico permanecem normais. 2.3.1.2 Cálcio urinário A excreção urinária de cálcio, expressa como relação cálcio/creatinina (WEAKER, 1990), é determinada por diversos fatores, que incluem: absorção intestinal do cálcio, presença de outros íons minerais, metabolismo ósseo do cálcio, transporte feto placentário do micronutriente e hormônios calciotróficos. Este marcador também reflete a ingestão dietética do mineral (KOVACS; KRONENBERG, 1997). Weaker (1990) refere que, devido ser suscetível a sofrer interferência de tantos fatores, este marcador mostra maiores variações que o cálcio plasmático. Também destaca que, assim como a absorção intestinal de cálcio e a reabsorção óssea, o cálcio urinário representa mais uma forma de ajuste do cálcio corporal conforme a ingestão dietética. Contudo, mostra-se uma medida válida para refletir o consumo recente do mineral (WEAKER, 1990). A gestação é fisiologicamente associada a um aumento na excreção urinária de cálcio (CROSS et al., 1995), decorrente da elevação na taxa de filtração glomerular e na absorção intestinal característica do período (KOVACS; KRONENBERG, 1997). Ao avaliar a ingestão de cálcio de gestantes, Zeni et al. (2003) observaram que a excreção de cálcio urinário em jejum foi aumentada mesmo 30 quando o consumo de cálcio foi abaixo da Ingestão Adequada (AI), o que provavelmente decorre do aumento da taxa de filtração glomerular referido previamente. Gestantes adolescentes apresentam menores níveis de cálcio urinário de jejum que gestantes adultas. Quando a ingestão de cálcio é insuficiente, o mecanismo fisiológico observado em adolescentes não gestantes, que promove conservação renal de cálcio com acúmulo ósseo, permanece ativo, embora com menor intensidade (BEZERRA et al., 2002). Bergel e Barros (2007) confirmaram haver aumento da excreção urinária de cálcio em um grupo de gestantes submetidas à suplementação deste micronutriente. Porém, de acordo com Donangelo et al. (1996), gestantes primíparas ou multíparas com consumo de cálcio igual ou inferior à metade da RDA apresentam mudanças nos índices urinários decorrentes de ajustes ósseos e renais da homeostase do cálcio desde o primeiro trimestre de gestacão até a lactação. Já naquelas com ingestão moderada ou alta realmente há um aumento na excreção urinária de cálcio equivalente a cerca de 2 a 3 vezes o observado em não gestantes, sugerindo que a reabsorção renal não contribui com a homeostase do nutriente nesta situação (CROSS et al., 1995). Conforme Mundi e Reasner II (1998) a concentração deste biomarcador é uma variável importante para acompanhar pacientes com hipoparatireoidismo que, além de submetidos a tratamento com Vitamina D, estejam em suplementação com cálcio. Nesta condição, a concentração de cálcio na urina pode ser marcadamente elevada devido à ausência do efeito do hormônio paratireoidiano (PTH) em aumentar a reabsorção tubular renal de cálcio. Os autores referem que a excreção urinária de cálcio varia consideravelmente com a quantidade presente na dieta. Sob uma ingestão média de cálcio de 600 a 1000mg, a maioria dos homens excretaria em média pela urina 300mg/dia do mineral e as mulheres, 250mg/dia. Contudo, Zemel (1988) e Kerstetter, O’Brien e Insogna (2003) sugerem que mais que a ingestão de cálcio ou de fósforo, a proteína seria o principal regulador da calciurese. Ao duplicar a ingestão protéica, mantendo níveis constantes de cálcio e fósforo, os autores observaram uma elevação em 50% no cálcio urinário. Desta forma, a proteína provocaria, além da elevação na absorção intestinal do cálcio (KERSTETTER; O’BRIEN; INSOGNA, 2003), maior taxa de 31 filtração glomerular, do catabolismo do excesso de aminoácidos sulfurosos e resultante excreção urinária de ácido e sulfato. Adicionalmente, há redução na reabsorção tubular renal de cálcio e maior excreção do micronutriente (ZEMEL, 1988; KERSTETTER; O’BRIEN; INSOGNA, 2003). Hunter (1998) considera que o cálcio urinário não é um bom indicador da ingestão de cálcio, baseado em observações prévias de que há pouca correlação entre a quantidade de cálcio dietético, estimado por recordatórios alimentares de 7 dias e aquele mensurado em amostras de urina de 24 horas. 2.3.1.3 Medidas de massa óssea Embora as medidas de massa óssea não se correlacionem bem com ingestões dietéticas de cálcio recentes, o consumo do micronutriente em níveis adequados ou a suplementação de cálcio, ambas a longo prazo, influenciam na deposição de massa óssea, havendo uma relação diretamente proporcional entre as variáveis (WEAKER, 1990). Contudo, durante o período gestacional e a lactação, a maneira como o consumo de cálcio e os indicadores ósseos se relacionam deixa de ser positiva, visto que o turnover ósseo aumenta seja o consumo do micronutriente elevado ou insuficiente (BEZERRA et al., 2002), visando atender à demanda do feto em crescimento (PRENTICE, 2000). Dentre as mudanças adaptativas observadas na homeostase de cálcio materno, há o estímulo à reabsorção óssea (PRENTICE, 2000). De acordo com O’Brien et al. (2006) o aumento no teor de cálcio da dieta pode minimizar a perda óssea durante a gestação e a lactação em mulheres cuja ingestão habitual do mineral é inferior a 500mg/dia. Avendaño-Badillo et al. (2009) avaliaram em um grupo de gestantes a resposta da densidade mineral óssea, mensurada a partir dos níveis urinários do marcador N-telopeptídeo de colágeno tipo I (NTx), à ingestão de cálcio. Os autores observaram haver uma relação negativa entre o consumo do mineral e o NTx, sugerindo que a elevação do teor de cálcio dietético pode atenuar a reabsorção óssea no período gestacional. 32 2.3.1.4 Medida da absorção intestinal de cálcio A eficiência da absorção de cálcio é inversamente relacionada à carga de cálcio ingerida, isto é, maior percentual do micronutriente é absorvido quando menor carga está disponível. Contudo, o total de cálcio absorvido, em número absoluto, é maior quanto mais cálcio for ingerido (WEAKER, 1990). Entre os métodos para aferir a eficiência da absorção inclui-se o balanço metabólico, método de alto custo que mede a diferença entre o consumo e a excreção fecal e urinária, e a técnica de uso de radioisótopos, mais barata e que avalia todos os aspectos do metabolismo do cálcio. No primeiro método, obtém-se um valor aproximado da taxa de absorção do mineral proveniente da dieta, não especificando quanto do cálcio endógeno contribui com o cálcio absorvido. No segundo, a absorção é mais precisa e determinada por meio da recuperação fecal do radioisótopo administrado oralmente ou a partir da relação entre um radioisótopo oral e um segundo administrado intravenosamente aparecendo no plasma ou na urina (WEAKER, 1990). Estudos acerca das respostas ocorridas na homeostase do cálcio durante a gestação e lactação em mulheres com consumo relativamente alto do mineral têm mostrado haver um aumento na absorção intestinal de cálcio. Contudo, no que se refere a mulheres com ingestão marginal ou baixa, a intensidade com que acontece a absorção do micronutriente ainda não é bem conhecida (PRENTICE, 2000). Ritchie et al. (1998) observaram, em mulheres com ingestão aproximada de somente 500mg/dia, que a eficiência da absorção intestinal de um desjejum fornecendo 120mg de cálcio quase dobrou durante a gestação. Weaker (1990) afirma não haver marcadores bioquímicos da situação corporal de cálcio ou do metabolismo de cálcio que demonstrem seguramente a resposta da pressão arterial à suplementação de cálcio. 33 2.3.2 Avaliação da ingestão de cálcio através de inquéritos alimentares A validação de instrumentos que possibilitem mensurar a ingestão retrospectiva de cálcio, bem como que tenham sensibilidade para traçar o perfil longitudinal de consumo, são cruciais na elucidação do papel do cálcio na saúde e na doença (SEBRING et al., 2007; MOORE et al., 2007). Dentre os instrumentos disponíveis, os questionários de freqüência alimentar baseiam-se na ingestão habitual dos indivíduos e o recordatório alimentar de 24h, bem como o diário alimentar, coletam o que é consumido no momento atual (BUZZARD, 1998). De maneira geral, os questionários de freqüência alimentar são utilizados como ferramenta para discriminar indivíduos que consomem reduzida ou elevada quantidade do nutriente. Entretanto, necessitam ser mais sensíveis e específicos para identificar aqueles que se encontram no limite mínimo da normalidade de ingestão (LITTLE et al., 2000). Aqueles desenvolvidos durante o século 20 ou anteriormente, podem não refletir com precisão o consumo de cálcio devido à oferta cada vez maior de alimentos fortificados nos supermercados, estes não estando incluídos no inquérito (NICKLAS, 2003). Considerando o tempo transcorrido, o instrumento também não acompanhou as mudanças possivelmente ocorridas no hábito alimentar da população (CADE et al., 2002). A avaliação da qualidade da dieta, especificamente quanto à sua composição em cálcio, através de questionários de freqüência alimentar, se estes abrangem todos os grupos de alimentos, podem, além de desnecessariamente extensos, serem inválidos para estimar o consumo de um nutriente isolado (CADE et al., 2002). Biró et al. (2002) consideram o recordatório alimentar de 24 horas o método mais confiável para discriminar com precisão os indivíduos de uma população conforme o nível de consumo de cálcio, principalmente quando fornecidas aos sujeitos da pesquisa imagens do tamanho das porções padrão. Moore et al. (2007) consideram que o uso do recordatório de 24 horas com o intuito de determinar os valores consumidos de um nutriente específico, 34 exemplificando o cálcio, apresenta a desvantagem de necessitar de análise em software dietético, o que demanda tempo significativo. Estes autores (MOORE et al., 2007) sugerem como ferramenta confiável e já validada em adultos para tal finalidade, um questionário de freqüência alimentar denominado ―Método de Avaliação Rápida‖ (RAM). Ao comparar o recordatório alimentar de 24 horas com o questionário de freqüência alimentar RAM na avaliação da ingestão de cálcio de crianças e adolescentes, os autores encontraram que o último superestima o consumo do nutriente. Eles sugerem que isto pode ser atribuído à lista extensa de alimentos que o questionário apresenta, induzindo o grupo a marcar mais itens que o habitualmente consumido. É provável também que o recordatório subestime a ingestão (MOORE et al., 2007). Montomoli et al. (2002), ao avaliarem o consumo de cálcio de italianas adultas, também observaram tendência de um questionário de freqüência alimentar específico de cálcio, composto de 15 itens, em superestimar a ingestão, porém, sem apontar possíveis razões para o achado. Sebring et al (2007), realizaram um estudo de validação de três questionários de freqüência alimentar para avaliação da ingestão dietética de cálcio, comparando-os a um recordatório alimentar de 7 dias. Os autores descreveram o Questionário de Cálcio como sendo um instrumento de três páginas, desenvolvido por nutricionistas do Centro Clínico ―Hatfield/National Institutes of Health‖. Os participantes registram o número de vezes por dia, semana ou meses em que cada item foi consumido no último ano. Em seguida indicam as porções de cada item referido como tendo sido pequenas, médias ou grandes, baseados em modelos de tamanhos de porções e desenhos de utensílios fornecidos. Cade et al. (2002) consideram que esta metodologia de definição dos tamanhos de porções pode não ser confiável, visto que a concepção das populações acerca de pequeno, médio ou grande pode ser muito diferente. A especificação do tamanho da porção pelo entrevistado, comparado a categorias pré-estabelecidas, tem mostrado maior correlação entre a inferência realizada pelo questionário de freqüência alimentar e aquela obtida com outros inquéritos de referência. No questionário também estão inclusas seções nas quais os participantes escrevem nomes de suplementos nutricionais em geral e enriquecidos com cálcio, bebidas e barras substitutas de refeições, bem como de alimentos adicionados de 35 cálcio consumidos nas últimas semanas e antiácidos. O questionário foi reformulado em 2002 com o intuito de abranger novos produtos disponibilizados no mercado (SEBRING et al, 2007). O Questionário de freqüência alimentar denominado pelos autores de ―Breve Questionário de Cálcio‖ também é descrito. O mesmo foi elaborado com o intuito de avaliar a ingestão de cálcio de forma rápida, tomar decisões em pesquisas clínicas e determinar a dose apropriada de suplementos do mineral a serem prescritos. Ele é composto de uma única página, com 25 itens elaborados a partir do Questionário do Cálcio anteriormente referido, abrangendo apenas as principais fontes do micronutriente consumidas durante uma semana típica, bem como suplementos dietéticos contendo cálcio e antiácidos consumidos no último mês. Os alimentos aparecem agrupados conforme o conteúdo aproximado de cálcio (1,000mg, 400mg, 300mg, 200mg e 100mg). Não há referência ao tamanho das porções consumidas. Utiliza-se um fator de ajuste de 200mg/dia para mais visando refletir a contribuição das demais fontes do nutriente não listadas no questionário (SEBRING et al, 2007). Sebring et al (2007) descreveram o Questionário de História Dietética (DHQ) como um instrumento validado, que abrange todos os grupos de alimentos, composto de 36 páginas e 124 itens alimentares, com indicação da freqüência de consumo do alimento no último ano e do tamanho das porções (pequena, média ou grande). De acordo com Sebring et al (2007) os três tipos de questionário estimaram médias de cálcio dietético semelhantes ao recordatório alimentar de 7 dias, embora o DHQ tenha mostrado uma tendência pequena a subestimação, possivelmente pela inespecificidade do instrumento em relação ao nutriente investigado, com algumas fontes alimentares importantes sendo excluídas. Assim, não seria sensível para estimativa de ingestão de cálcio. O Questionário de Cálcio mostrou tendência a superestimar o cálcio consumido possivelmente, em parte, devido à vasta lista de alimentos que contém cálcio e às seções subjetivas acerca das demais fontes do mineral (suplementos, substitutos de refeições, dentre outros), podendo assim induzir aos participantes (SEBRING et al, 2007). Já o Breve Questionário de Cálcio parece ser apropriado como ferramenta de triagem para identificar indivíduos em risco para ingestão insuficiente 36 do mineral e assim, subsidiar a elaboração de recomendações. Contudo, a ausência de referência ao tamanho das porções pode vir a subestimar o cálcio consumido naqueles participantes que consomem grandes porções (SEBRING et al, 2007). Os autores sugerem que, para avaliar especificamente a ingestão habitual de cálcio, talvez o Questionário de Cálcio e o Questionário Breve de Cálcio sejam as melhores escolhas, inclusive considerando tanto o pouco tempo exigido para a coleta de dados quanto para a análise. Khan et al. (2008), investigando o consumo de cálcio de uma população de vietnamitas em pós-menopausa, observaram boa correlação entre o consumo de cálcio estimado por um questionário de freqüência alimentar composto de 36 itens e um recordatório alimentar de 24 horas. Boa correlação também foi percebida por Uhnishi, Ishida e Nakamura (2008) em uma população de japonesas adultas, ao comparar a estimativa de ingestão de cálcio a partir de um questionário de freqüência com aquela resultante da aplicação de um diário alimentar de 3 dias. O questionário semi-estruturado, denominado FFQPOP, era composto de 28 itens alimentares, 19 sendo fontes específicas de cálcio e 9 de outros micronutrientes relacionados à saúde óssea. Contrariando a maioria das evidências anteriormente relatadas, o ―Dairy Council of Califórnia‖ (2009) refere que a utilização do questionário de freqüência alimentar pode subestimar a ingestão de alimentos quando no consumo de refeições mistas, pois os participantes podem desconhecer ou não recordar os componentes da preparação. Já nos registros alimentares a subestimação é pouco freqüente, visto que na sua aplicação é requerido o registro de cada um dos ingredientes que compõem a preparação. Por outro lado, o registro alimentar é mais propício de ocorrência de viés, visto que os pesquisados podem optar por alimentar-se em casa, onde mensurar a quantidade dos itens consumidos é mais fácil, ou escolher nos cardápios dos restaurantes preparações de mais simples registro e mensuração (DAIRY COUNCIL OF CALIFORNIA, 2009). Cade et al. (2002), não especificando o tipo de questionário de freqüência alimentar, ratificam a aplicabilidade do instrumento devido o baixo custo nele embutido. 37 Entretanto, seu uso é desaconselhável se a amostra do estudo é pequena e na necessidade de determinação de níveis precisos de ingestão de nutrientes (CADE et al., 2002). Como requisito prévio para a utilização do questionário de freqüência, enfatiza-se a adaptação do mesmo aos hábitos alimentares da população em que o instrumento é aplicado. Assim, ao elaborá-lo ou adaptá-lo, deve-se considerar qual a população alvo (CADE et al., 2002). É fundamental que também se estabeleça, antes da elaboração ou adaptação, o propósito da utilização do inquérito, o local onde o mesmo foi originalmente desenvolvido (caso esteja sendo adaptado) e se foi anteriormente validado e conseqüentemente aceito (CADE et al., 2002). Para se estabelecer, em estudos transversais, uma relação de causalidade entre uma doença e um nutriente específico, o questionário de freqüência alimentar pode ser utilizado para a aferição da ingestão do nutriente, desde que o estudo seja de caso-controle. Contudo, há necessidade que o indivíduo participante se reporte ao seu hábito alimentar prévio ao surgimento da patologia em estudo (CADE et al., 2002). Willet (1998) refere que o recordatório alimentar de 14 dias é um padrão para validação de questionários de freqüência alimentar que visem estimar o consumo de micronutrientes. Para verificar a relação entre um nutriente específico ingerido e indicadores bioquímicos ou clínicos de estado de saúde, é necessário estimar o consumo habitual individual do nutriente. Como instrumento de coleta das informações dietéticas, os diários alimentares e os recordatórios aplicados em múltiplos dias de consumo seriam adequados (BUZZARD, 1998). Contudo, para os micronutrientes, em especial aqueles cuja variabilidade individual de consumo é alta e que têm contribuição de limitado número de itens alimentares, um questionário de freqüência elaborado especificamente para o nutriente em estudo é, provavelmente, fonte de mais precisa estimativa da ingestão habitual (BUZZARD, 1998). 38 2.4 Evidências de relação entre inquéritos alimentares e marcadores biológicos de cálcio A validade de um método de avaliação dietética pode ser definido como a precisão com que o mesmo estima a real ingestão dietética. A validação do método é fundamental, visto que uma informação equivocada decorrente de sua aplicação pode conduzir a associações incorretas entre fatores alimentares e o efeito potencial que podem exercer sobre diversas afecções e marcadores relacionados a elas (JOHANSSON et al., 1998). Há um número limitado de estudos publicados acerca da avaliação da relação entre inquéritos dietéticos de estimativa de consumo de cálcio e biomarcadores biológicos relativos ao micronutriente. Geralmente, o indicador bioquímico utilizado é o cálcio urinário, como mostrado posteriormente, possivelmente em decorrência do pool circulante de muitos outros marcadores disponíveis, como o exemplo do cálcio sérico, serem homeostaticamente regulados (CARDOSO, 2007). Johansson et al. (1998) validaram um registro alimentar de quatro dias por meio de comparação do consumo de nutrientes estimado através destes inquéritos com a medida dos mesmos nutrientes na urina e nas fezes. A razão entre a ingestão do nutriente e os marcadores biológicos foi equivalente a 0,86, isto é, foi observada uma subestimação de 14% na ingestão de proteína, sódio, potássio e cálcio nos três grupos de indivíduos estudados (um submetido a dieta mista, um a dieta rica em fibra vegetariana e um a dieta a base de frutos do mar). A relação de 1,2 para os dois primeiros grupos, no que tange à fibra, sugeriu superestimação em 20% por parte do inquérito alimentar. Toren e Norman (2005) observaram, em um estudo com mulheres submetidas a tratamento de cálculos renais, que baixos níveis de cálcio urinário não necessariamente são associados com a baixa ingestão do micronutriente, estimada a partir de registros alimentares de 4 dias. Desta forma, o estudo concluiu que na prática clínica, a medida do cálcio urinário no intuito de avaliar a dieta como fator de risco para a ocorrência de litíase renal não substitui a avaliação da ingestão dietética do micronutriente. 39 Alguns estudos epidemiológicos, como aquele realizado por Ho et al. (2001), corroboram o estudo anterior quanto à fraca correlação existente entre o cálcio dietético e o cálcio urinário. Quanto ao cálcio sérico total, ao estudar 80 adolescentes de uma escola privada de Dourados, Mato Grosso do Sul, Luz (2007) observou que o cálcio alimentar estimado a partir de um questionário de freqüência alimentar, foi positivamente associado com o cálcio sérico total medido. Becker et al. (2007) avaliaram, entre 30 mulheres saudáveis, na faixa etária de 40 a 50 anos, a relação da ingestão de cálcio, estimada a partir de um recordatório de 24 horas, com as medidas da densitometria óssea e do cálcio iônico. No que tange a esta última, os autores perceberam que toda a população (100%) apresentou-a dentro da faixa de normalidade, embora a quantidade de cálcio dietético média estimada para a população (572mg) tenha se mostrado muito baixa, isto é, 42% inferior à DRI para o mineral. Os autores justificaram a divergência entre inquérito e medida bioquímica afirmando que a fração ionizada de cálcio plasmático regula a secreção do paratormônio, que responde a pequenas alterações dentro de segundos, provocando reabsorção óssea e descalcificação com vistas à normalização do cálcio plasmático. Com base no exposto, percebe-se a existência de contradições e, assim, a necessidade de estudos adicionais que façam inferências mais conclusivas quanto às medidas bioquímicas que melhor refletiriam o estado nutricional de cálcio e que melhor se correlacionariam com o estimado a partir do uso de inquéritos alimentares. cálcio dietético, 40 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Avaliar as inter-relações entre risco de pré-eclâmpsia, padrão alimentar de ingestão de cálcio e outros fatores de risco modificáveis e não modificáveis em gestantes atendidas em um serviço de referência em atendimento pré-natal. 3.2 Específicos Caracterizar o grupo estudado quanto à presença de fatores de risco para o desenvolvimento de pré-eclâmpsia; Descrever o consumo alimentar quantitativo do grupo; Comparar a ingestão diária habitual de cálcio pelo grupo com as recomendações de ingestão durante o período gestacional; Confrontar a ingestão diária habitual de cálcio com a presença de fatores de risco para pré-eclâmpsia; Confrontar componentes dietéticos potencialmente associados ao risco de pré-eclâmpsia com a presença de outros fatores de risco para a afecção; Verificar se existe associação entre risco geral para pré-eclâmpsia, consumo de cálcio e consumo de outros componentes dietéticos. 41 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de Estudo Estudo transversal, com abordagem descritiva e analítica. Classifica-se como transversal porque a exposição e a condição de saúde são estudadas simultaneamente. É descritivo por determinar a distribuição de condições relacionadas à saúde considerando tempo, lugar e características dos indivíduos. É analítico porque examina a existência de associação entre uma exposição e condições relacionadas à saúde (COSTA; BARRETO, 2003). 4.2 Local e Período de Estudo Pesquisa realizada no Laboratório de Medicina Materno-Fetal UECE/HGF, localizado no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), capital do estado do Ceará, nordeste do Brasil. Foi desenvolvida no período de 16 de dezembro de 2009 a 20 de agosto de 2010 e consiste em um sub-projeto de uma pesquisa intitulada ―Predição de Préeclâmpsia através do teste tríplice vascular‖. Por se tratar de sub-projeto, alguns dados da pesquisa maior serão detalhados neste Capítulo, a fim de propiciar melhor compreensão dos procedimentos metodológicos adotados. 4.3 População e Amostra A população do estudo ―Predição de Pré-eclâmpsia através do teste tríplice vascular‖ foi representada por gestantes atendidas no ambulatório de pré- 42 natal do referido Hospital ou de outros serviços. Para compor a amostra do presente estudo foram avaliadas todas as264 gestantes que integraram a amostra da pesquisa maior e que procuraram o Laboratório de Medicina Materno-Fetal UECE/HGF no período do estudo, para submeter-se a exame ultra-sonográfico de rotina, exame este que deve ser realizado entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gestação. Como critérios de inclusão foram adotados os mesmos da pesquisa ―Predição de Pré-eclâmpsia através do teste tríplice vascular‖: a) Gestantes atendidas no Laboratório de Medicina Materno-Fetal UECE/HGF; b) Gravidez única; c) Estar entre 11 semanas e 13 semanas e 6 dias de gestação; d) Concordar em participar do estudo. Também os critérios de exclusão de ambos os estudos foram os mesmos: a) Gestantes cujos partos ou abortamentos ocorram antes de completadas 20 semanas de evolução; b) Parturientes de fetos com mal-formações maiores; c) Presença de gemelaridade; d) Perda de seguimento. 4.4 Coleta de dados Os aspectos referentes à coleta de dados da pesquisa ―Predição de Préeclâmpsia através do teste tríplice vascular‖, serão aqui detalhados, pois a obtenção de dados do presente estudo ocorreu de acordo com os procedimentos lá previstos. Em virtude de a idade gestacional consistir em um critério de inclusão no estudo, a mesma foi calculada a partir da data da última menstruação e confirmada pela medida do comprimento cabeça-nádega embrionário/fetal obtida por ultrasonografia do primeiro trimestre. Quando a data da última menstruação era desconhecida ou se constatasse haver uma diferença maior do que cinco dias com a data da ultra-sonografia, optou-se pela estimativa da idade gestacional dada pela ultra-sonografia (RODRIGUES; MAUAD FILHO; MARTINS, 2010). 43 As pacientes visitaram o serviço citado para realização de exame ultrassonográfico auxiliar no diagnóstico de pré-eclâmpsia, realizado entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gestação. Na visita, elas responderam a um formulário (ANEXO I) que incluiu dados acerca da idade materna, raça auto-referida, paridade, história de tabagismo, de alcoolismo, de abuso de drogas ilícitas, antecedentes clínicos (hipertensão crônica, diabetes melito, síndrome do anticorpo antifosfolipídio, trombofilia, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana e anemia falciforme), uso de medicação (antihipertensivos, anti-depressivos, anti-convulsivantes, anti-retrovirais, anti-tireoidianos, aspirina, beta-miméticos, insulina, lítio, esteróides, tiroxina e outras), antecedentes obstétricos, antecedentes familiares de pré-eclâmpsia (mãe, irmã ou ambas) e dados alimentares. Também nesta visita o peso atual e a altura foram obtidos para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) atual, bem como as mulheres foram questionadas quanto ao peso corporal anterior à gestação. Apesar deste valor estar sujeito a erros de memória ou de super ou subestimação do peso pré-gravídico, pesquisadores como Oliveira et al. (2004) verificaram correlação entre o peso atual referido e o medido. Os procedimentos foram realizados utilizando-se balança antropométrica digital Marte®, de capacidade de 200Kg e 2,01m, com sensibilidade de 50g e 0,50cm, respectivamente. A pressão arterial foi aferida em posição sentada, após 10 minutos de repouso, segundo procedimentos recomendados pelas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Para tanto foi utilizado esfingmomanômetro da marca Missouri®. Considerando os dados alimentares, foi prevista a realização de dois recordatórios alimentares de 24 horas (APÊNDICE I), número mínimo preconizado por Fisberg, Martini e Slater (2005), para determinação do consumo alimentar qualiquantitativo. O primeiro dos recordatórios foi realizado na primeira visita da paciente. O segundo recordatório foi obtido por telefone, em dia não-consecutivo ao primeiro recordatório. A aplicação do método por telefone faz parte das estratégias possíveis neste tipo de pesquisa e, segundo Fisberg, Martini e Slater (2005), traz como vantagens, além de evitar o deslocamento do entrevistado ao local de pesquisa, o fato de o entrevistador não estar olhando diretamente para o entrevistado, o que faz com que este não se sinta intimidado com as respostas. 44 Para cada gestante, um dos recordatórios foi referente a um dia de final de semana, viabilizando conhecer mudanças efetuadas em tais dias. Foi também indagado sobre o uso de suplemento vitamínico-mineral, para mais acurada determinação da ingestão de micronutrientes. Durante a visita das pacientes ao Laboratório de Medicina Materno Fetal foi solicitado o resultado do exame de proteinúria determinado por meio de sumário de urina, realizado como rotina desde o início do pré-natal, como subsídio para excluir a ocorrência de outras doenças, que não hipertensão na gravidez, que cursam com proteinúria. Nos casos em que não houve disponibilidade do exame no momento do primeiro contato, o mesmo foi solicitado durante a coleta do segundo recordatório alimentar. Resultados de outros exames de rotina solicitados no pré-natal, durante o primeiro trimestre gestacional, como glicemia e hemograma completo, foram obtidos com o intuito de caracterizar a população sob estes indicadores. No que tange aos exames ultrassonográficos, dentre os três tipos realizados na pesquisa maior, o presente estudo utilizou os dados referentes ao teste ultrassonográfico pela técnica do Doppler da artéria braquial, visto que, a porcentagem de variação no diâmetro da referida artéria, determinado pelo método, tem mostrado correlação com a predição do risco de pré-eclâmpsia (CHAMBERS et al., 2001; BLUM et al., 2003; KASHIWAGI; ZIMMERMANN; BEINDER, 2003; AGATISA et al., 2004; CUNHA FILHO, 2009) e esta medida parece também ter correlação com a ingestão de cálcio (LÓPEZ-JARAMILLO et al., 1990; LÓPEZJARAMILLO; CASAS; SERRANO, 2001; HERRERA et al., 2005) e de outros nutrientes (CHAMBERS et al., 2001; CUEVAS; GERMAIN, 2004; RAITAKARI et al., 2005; RAMIREZ et al., 2006). O teste foi realizado por profissional capacitado, especialista em ultrassonografia obstétrica, utilizando um transdutor linear de intervalo de freqüência variando entre 6 e 12 Mhz, obtendo imagens no modo B do antebraço semifletido das pacientes, após repouso por pelo menos 10 minutos. Foi mensurado o diâmetro do vaso em repouso e após 60 segundos da oclusão por cinco minutos da artéria braquial com aparelho de tensiômetro em 250 mmHg durante 5 minutos. A artéria braquial foi acompanhada por gravação em aparelho de DVD por 5 minutos após o tensiômetro ter sido desinsuflado, quando então mediu-se novamente o diâmetro da artéria, agora durante o período de hiperemia (CELERMAJER et al., 1992) . 45 4.5 Análise dos dados Considerando a divergência existente na literatura quanto aos fatores de risco para pré-eclâmpsia, no Quadro 1 são elencados os fatores aqui adotados como risco, com o respectivo referencial teórico de apoio. Quadro 1. Fatores de risco para pré-eclâmpsia considerados no presente estudo, com respectivos autores proponentes dos mesmos. Fortaleza, 2010. Fator de risco Autores Idade ≥ 35 anos Conde-Agudelo; Belizán (2000)1 Raça auto-referida não branca Assis; Viana; Rassi (2008)2 Ausência de cônjuge Toh et al. (2009); Herrera et al. (2009) 0-1 parto Peres et al. (2007) História prévia de pré-eclâmpsia Smith; Baker (2005) Presença de doenças crônicas (hipertensão Dekker; Sibai (1998); Conde-Agudelo; arterial prévia; diabetes melito prévio; Belizán (2000)1; Smith; Baker (2005); hipertrigliceridemia; diabetes gestacional; Cavalli et al. (2009) doença auto-imune; síndrome do anticorpo antifosfolípide; doença renal crônica; trombofilia) História familiar de pré-eclâmpsia (mãe ou Duckitt; Harrington (2005) irmãs) Tabagismo Anorlu; Iwuala; Odum (2005); Nicolau (2009) Etilismo Ortiz et al. (2010) Excesso ponderal pré-gravídico (Índice de Conde-Agudelo; Belizán (2000)1 massa corporal > 26Kg/m²) Disfunção endotelial Chambers et al. (2001); Blum et al. (2003); Kashiwagi; Zimmermann; Beinder (2003); Agatisa et al. (2004); Cunha Filho (2009) 1 Os autores avaliaram especificamente mulheres latino-americanas, abrangendo faixa etária desde 20 anos até mais de 34 anos. 2 População estudada constituída por brasileiras. 46 Para avaliar o estado nutricional pré-gestacional, foi utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC) adotando-se o seguinte critério de classificação: baixo peso – IMC < 19,8 Kg/m2; peso adequado - IMC = 19,8 – 26 Kg/m2; sobrepeso – IMC > 26 – 29 Kg/m2 e obesidade – IMC > 29 Kg/m2 (NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, 1990). Já a avaliação do estado nutricional atual, também a partir do IMC, utilizou como critério a tabela de Atalah et al. (1997), preconizada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), que relaciona semana gestacional, IMC e diagnóstico nutricional. Visto que a referida tabela trata com semanas gestacionais inteiras, o arredondamento dos dias determinados na idade gestacional da ultrassonografia seguiu as regras definidas no manual técnico ―Pré-natal e puerpério‖, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), que sugere que se os dias correspondem a 1, 2 ou 3, arredonde-se para o número de semanas completas; caso os dias sejam 4, 5 ou 6, arredondar para a semana seguinte. Cada uma das gestantes foi avaliada quanto ao número de fatores de risco que apresentavam, sendo então agrupadas, em gestantes com 0 a 1 fatores de risco, 2 a 3 e 4 ou mais fatores de risco, a fim de facilitar as análises estatísticas necessárias. Considerando a maior responsabilidade que vem sendo atribuída à disfunção endotelial na etiologia da doença, este fator foi avaliado também de forma separada. Quanto à ingestão alimentar, os dados, obtidos em medidas caseiras, a partir dos recordatórios, foram transformados em gramas, mediante padronização constante na tabela elaborada por Pinheiro et al. (2002). Os alimentos citados que não constavam na referida tabela foram adquiridos em supermercados locais e pesados em balança da marca Plenna, com capacidade de 2Kg e sensibilidade de 1g. A composição nutricional das dietas foi determinada com o auxílio do software DietWin Profissional 2.0. Na persistência de dúvidas durante o processamento dos dados dos inquéritos alimentares, foi utilizada a padronização de receitas e medidas caseiras de Fisberg e Villar (2002). A análise dos recordatórios alimentares foi efetuada utilizando-se a média dos dois coletados. Embora o foco principal do estudo seja a ingestão de cálcio, os nutrientes citados na literatura como potencialmente envolvidos no risco de pré-eclâmpsia foram avaliados, como exposto no Quadro 2. Ressalte-se que algumas referências 47 são relativamente antigas, mas foram adotadas devido ao fato de não terem surgido abordagens recentes sobre a relação do nutriente com a afecção. Quadro 2. Fatores dietéticos de risco para pré-eclâmpsia considerados no presente estudo, com respectivos autores proponentes dos mesmos. Fortaleza, 2010. Fator dietético de risco1 Autores Baixa ingestão de cálcio Belizán; Villar (1980); Villar; Belizán (2000); Roberts et al. (2003); Ramos et al. (2006); Hofmeyr; Atallah; Duley (2009); Adamova; Ozkan; Khalil (2009) Baixa ingestão de proteínas Clausen et al. (2001) Baixa ingestão de fibras Frederick et al. (2005) Baixa ingestão de ácidos graxos Williams et al. (1995); Cuevas; Germain (2004); ômega-3 Oken et al. (2007) Excesso de ingestão de ácidos Williams et al. (1995); Shouk; Omar; Fayed, (1999) graxos ômega-6 Baixa ingestão de vitaminas A, C, Ray; Laskin (1999); Kharb (2000); Zhang et al. E e ácido fólico (2002); Villar et al. (2003); Hague (2003); Barton; Sibai (2008) Baixa ingestão de magnésio, zinco Zhang et al. (2002); Frederick et al. (2005); Jain et e potássio al. (2010) Excesso de ingestão de ferro Taheripanah; Farkush (2007); Siddiqui et al. (2010) Excesso de ingestão de sódio Wallenburg (2001); Briceño-Pérez; BriceñoSanabria; Gracia (2009) Excesso de ingestão calórica Clausen et al. (2001) 1 Ingestão baixa ou excessiva segundo Dietary Reference Intake (Otten et al., 2006; Ross et al., 2010). O consumo de calorias foi determinado não só por indícios de sua relação com a doença, como também pela necessidade de ajustar o consumo de nutrientes segundo esta variável, ao se avaliar estado nutricional. Para tanto adotou-se a preconização contida no Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2008), que refere que mulheres necessitam, em média, de 2000 Calorias diárias. Não foi acrescentada taxa calórica adicional devido à gestação por se tratar de gravidez em primeiro trimestre, que não acarreta maior demanda, segundo a Dietary Reference Intake – DRI (OTTEN et al., 2006). 48 Os dados de ingestão de cálcio e demais componentes dietéticos foram avaliados segundo as necessidades diárias médias estimadas – Estimated Average Requirement (EAR) ou segundo a ingestão adequada – Adequate Intake (AI), quando não definida a EAR, bem como considerando o limite máximo de ingestão segura – Tolerable Upper Intake Level - UL (OTTEN et al., 2006). Quanto ao sal, as gestantes foram questionadas quanto à duração de 1Kg de sal de cozinha (cloreto de sódio), bem como quanto ao número de pessoas que realizavam refeições no seu domicílio. O consumo diário médio de cloreto de sódio da gestante foi obtido dividindo-se a quantidade diária média de sal gasta no domicílio pelo número de comensais. Considerou-se elevado o consumo superior a 5g/dia, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010), nas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Foram determinadas as médias de consumo dietético do grupo em relação às calorias, nutrientes citados e sal, para comparação com a medida ultrassonográfica da artéria braquial, bem como com os fatores de risco para préeclâmpsia (Quadro 1) presentes no grupo. O diagnóstico de hipertensão arterial foi realizado conforme critérios estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010). Para adolescentes de até 17 anos baseia-se na relação entre idade e percentil de estatura para, a partir disto, se obter o percentil de pressão arterial. Assim, a classificação obedece à seguinte categorização: normal se a pressão arterial for inferior ao percentil (P) 90; limítrofe quando entre P90 e P95 ou se a pressão arterial concomitantemente exceder 120/80mmHg e for menor que o intervalo do P90 a menor que P95; hipertensão estágio 1 quando a pressão encontra-se entre o P95 e o P99 mais 5mmHg; hipertensão estágio 2 quando a pressão arterial for superior a maior que o P95 mais 5mmHg. Para a faixa etária de 18 anos e mais, o diagnóstico da pressão arterial segue as seguintes categorias: pressão ótima quando <120/<80mmHg; normal quando <130/<85; limítrofe quando varia entre130-139/85-89; hipertensão estágio 1 se a pressão localiza-se entre 140-159/90-99; hipertensão estágio 2 se pertencente ao intervalo de 160-179/100-109; hipertensão estágio 3 quando maior ou igual a 180/maior ou igual a 110mmHg; hipertensão sistólica isolada se a pressão arterial sistólica for maior ou igual a 140mmHg e a diastólica menor que 90. A glicemia, exame de rotina do pré-natal, foi utilizada como critério diagnóstico de diabetes melito. Visto que, durante o primeiro trimestre da gestação, 49 geralmente é solicitada a determinação da glicose do soro sangüíneo, em jejum de pelo menos 8 horas, esta foi a medida utilizada como preferencial para vias de avaliação. Na ausência desta, utilizou-se, quando disponível, a glicemia plasmática, também em jejum, antes da submissão à carga de 50g de glicose oferecida no teste de tolerância oral à glicose. Considerou-se glicemia de jejum alterada aquela que variou de 100 a 125mg/dL e rastreamento positivo para diabetes gestacional valores iguais ou superiores a 126mg/dL, conforme preconizado pela American Diabetes Association – ADA (2010). Para avaliação da proteinúria, foram adotados como significativos valores de labstix de 1+ ou superior (SANTOS; MEIRELLES FILHO, 2004). Quanto ao hemograma completo, a avaliação foi realizada baseada nos padrões de referência de normalidade sugeridos nos laudos dos exames. A medida da dilatação mediada por fluxo da artéria braquial (DMF) foi obtida através da aplicação dos diâmetros na seguinte fórmula: (diâmetro final da artéria - diâmetro inicial/diâmetro inicial) x 100 (YAMAMOTO et al., 2005; MEIRELLES et al., 2007; NICOLAU, 2009). Considerou-se disfunção endotelial dilatação inferior a 10% (BERTOLUCI et al., 2008; GARRIDO, 2009; CUNHA FILHO et al., 2010). Os dados foram inseridos no Microsoft Office Excel 2007 e posteriormente, processados através do pacote estatístico SPSS, versão 17.0 para Windows. A análise estatística foi realizada em termos descritivos, por meio de freqüências absolutas e percentuais, e paramétricos, através da determinação de médias e desvio-padrão. Utilizou-se o teste de comparações múltiplas para avaliar a diferença de consumo dos nutrientes conforme o número de fatores de risco apresentados pelas gestantes. O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi utilizado para analisar a correlação entre o consumo de cálcio e o IMC pré-gravídico e atual. Utilizou-se o teste t de Student para avaliar a diferença de média de consumo dos nutrientes conforme a avaliação da função endotelial. Em todos os testes foi adotado α < 0,05 como nível de significância. 50 4.6 Aspectos éticos A pesquisa principal já referida, ―Predição de Pré-eclâmpsia através do teste tríplice vascular‖, foi delineada segundo a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) que rege pesquisas com seres humanos, tendo sido submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Fortaleza (ANEXO II). Segundo a mesma Resolução, a anuência das participantes foi obtida mediante a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE II). Além de não significar risco físico aos participantes, a pesquisa traz como benefícios a redução da lacuna do conhecimento relativo à temática, a qual viabilizará a elaboração de protocolos de condutas para prevenção e tratamento da pré-eclâmpsia. 51 5 RESULTADOS Antes da descrição dos achados do estudo, vale referir que houve grande dificuldade no arrolamento de gestantes para o mesmo. O principal empecilho foi o baixo índice de encaminhamento de gestantes por profissionais que realizam prénatal no município de Fortaleza e proximidades. Tal fato pode ter ocorrido por falta de sensibilização, mas não por desconhecimento, pois houve divulgação prévia do estudo desde o início da pesquisa maior através de meios televisivos, imprensa escrita, via endereço eletrônico para profissionais da área de saúde, distribuição de cartazes em instituições que prestam serviço de assistência pré-natal, contato pessoal com médicos obstetras, dentre outros. Houve, ainda, entraves como feriados e eventos do hospital que implicaram em não funcionamento do laboratório, além de greve de ônibus coletivos, que dificultaram o acesso das gestantes à instituição de pesquisa. Mesmo com as dificuldades citadas, atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa 264 gestantes, as quais realizaram o teste ultrassonográfico, responderam ao formulário já citado (ANEXO 1), ao primeiro de dois recordatórios alimentares de 24h e tiveram aferidos o peso, a altura e a pressão arterial. Das 264 mulheres, 31 foram excluídas pelas razões enumeradas a seguir: 14 encontravam-se com telefone fora de área ou desligado em pelo menos quatro tentativas de contato realizadas em dias diferentes, o que impossibilitou a coleta do segundo recordatório alimentar; três sofreram aborto espontâneo anteriormente à realização do último inquérito; nove não estavam disponíveis para atender em pelo menos 3 tentativas de contato realizadas em dias diferentes; uma comprometeu-se a contatar o laboratório para fornecer número de contato, porém sem sucesso; três forneceram número de telefone errado, isto é, não existente ou pertencente a outro proprietário que não a participante da pesquisa ou conhecidos; uma rejeitou dar continuidade à pesquisa. Desta forma, a amostra estudada incluiu 233 gestantes. A seguir, serão apresentados os resultados obtidos na pesquisa, distribuídos nos seguintes subcapítulos: caracterização sócio-demográfica do grupo estudado, dados da história e da gestação atual, dados antropométricos e pressão 52 arterial, dados bioquímicos, dados ultrassonográficos, fatores de risco para préeclâmpsia presentes no grupo estudado; dados alimentares; e correlação entre cálcio e outros nutrientes com fatores de risco para pré-eclâmpsia. 5.1 Caracterização sócio-demográfica do grupo estudado Neste subcapítulo realizar-se-á, inicialmente, a descrição da população conforme idade, estado civil e etnia. Participaram do estudo gestantes com idade variando entre 13 e 43 anos, com média de 26,58 ± 6,64 anos, observando-se, conforme mostra a Tabela 1, 31 (13,31%) gestantes em risco para pré-eclâmpsia, considerando a idade. Tabela 1. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo faixa etária. Fortaleza, 2010. Faixa etária (anos) N % < 18 021 9,01 18-34 181 77,68 ≥ 35 31 13,31 Total 233 100,00 Dentre as entrevistadas, a maioria (165 – 70,81%) era casada, inserindose nesta categoria mulheres que apresentavam vida conjugal, fosse ela formal ou informal, com parceiro (Tabela 2). Assim, na população em estudo, o risco para préeclâmpsia relacionado à falta de convívio domiciliar com o cônjuge mostrou-se pouco freqüente. A distribuição das mulheres por raça auto-referida (Tabela 3) mostrou que a população se constituiu basicamente de pardas (76,82%) e brancas (19,31%). Considerando-se que 80,69% das gestantes não pertencem à raça branca, esta variável foi um dos fatores de risco mais prevalente entre as mulheres, avaliando-se aspectos sócio-demográficos. 53 Tabela 2. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado civil. Fortaleza, 2010. Estado civil N % Solteira 066 28,33 Casada 165 70,81 Divorciada 002 0,86 Total 233 100,00 Tabela 3. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo raça auto-referida. Fortaleza, 2010. Etnia N % Branca 045 19,31 Negra 005 2,15 Parda 179 76,82 Outras 004 1,72 Total 233 100,00 5.2 Dados da história e da gestação atual Neste subcapítulo serão apresentados resultados acerca de: paridade; história de pré-eclâmpsia anterior; etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas durante a gestação atual; história familiar de pré-eclâmpsia; história de doenças crônicas; tipo de concepção, planejamento da gravidez atual; e uso de suplementação de micronutrientes. De maneira geral, percebeu-se que a população apresentou um nível de paridade baixo, conforme exposto na Tabela 4, com mais da metade das gestantes (118 – 50,65%) não tendo se submetido a nenhum parto anteriormente. Sabendo-se que nulíparas e primíparas estão em maior risco para pré-eclâmpsia, percebe-se que a maioria (80,26%) exibia esse fator de risco. 54 Tabela 4. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo paridade. Fortaleza, 2010. Paridade N % 0 118 50,65 1 069 29,61 2 027 11,59 3 011 4,72 ≥4 008 3,43 Total 233 100,00 O histórico de pré-eclâmpsia anterior foi um fator de risco pouco prevalente, referido por apenas 8 (3,43%) participantes do estudo, o que representa 6,96% das gestantes com partos anteriores. Quanto à prevalência de tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas, a Tabela 5 exibe os achados. Pode-se considerar que estes também não foram fatores de risco muito presentes entre as mulheres. Tabela 5. Prevalência de tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas entre as gestantes avaliadas (n = 233). Fortaleza, 2010. Variável N % Tabagismo 017 7,30 Etilismo 028 12,02 Uso de drogas ilícitas 002 0,86 A ocorrência de pré-eclâmpsia entre parentes de primeiro grau, isto é, mãe ou irmã, também se mostrou um fator de risco pouco prevalente entre as gestantes, tendo sido referida por 41 (17,60%) delas. Vale enfatizar que das oito gestantes que referiram história anterior de pré-eclâmpsia, 3 (37,5%) também afirmaram ocorrência da doença entre familiares (mãe ou irmã). No que tange à forma como ocorreu a concepção, houve predomínio absoluto da concepção por meio de relação sexual (228 – 97,85%), havendo 5 (2,15%) gestantes que engravidaram através de indução medicamentosa. 55 Quanto ao planejamento da gravidez, foi elevado o número de mulheres que referiu ausência de planejamento, 149 (63,95%). Como exposto na Tabela 6, verificou-se a prevalência de consumo de suplementos medicamentosos de vitaminas e/ou minerais, dentre os quais ácido fólico, polivitamínicos e poliminerais e cálcio. Observa-se que o total de mulheres em uso isolado ou associado de ácido fólico foi alto, 137 (58,80%), sabendo-se, ainda, que os polivitamínicos, em geral, incluem esta vitamina. Já o uso de suplementos específicos de cálcio foi baixo (4 mulheres – 1,72%), embora se saiba que o mineral também está presente em poliminerais. Tabela 6. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo o tipo de suplemento medicamentoso de vitaminas e/ou minerais utilizado. Fortaleza, 2010. Suplemento medicamentoso N % Ácido fólico isolado 083 35,62 Ácido fólico + ferro 043 18,45 Polivitamínico e polimineral isolado 027 11,59 Ácido fólico + polivitamínico e polimineral 006 2,58 Ácido fólico + polivitamínico e polimineral + ferro 001 0,43 Polivitamínico e polimineral + vitamina C 001 0,43 Ácido fólico + cálcio 003 1,29 Ácido fólico + cálcio + ferro 001 0,43 Ferro isolado 011 4,72 Nenhum 057 24,46 Total 233 100,00 As entrevistadas foram indagadas quanto ao período no qual começaram a fazer uso de suplemento de ácido fólico e/ou de polivitamínicos e poliminerais contendo ácido fólico. Verificou-se, conforme mostra a Tabela 7, que somente 25 (10,73%) referiram ter iniciado o uso do medicamento previamente à concepção. Quanto à história de doenças crônicas percebeu-se, conforme expõe a Tabela 8, que a prevalência das mesmas entre as gestantes é bastante reduzida, correspondendo a apenas 28 casos (12,02%). A hipertensão arterial, isolada ou associada, foi a afecção predominante, representando 39,29% do contingente de portadoras de doenças crônicas. 56 Tabela 7. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo período de início da suplementação de ácido fólico. Fortaleza, 2010. Início da suplementação de ácido fólico N % Não toma 070 30,04 Prévio à concepção 025 10,73 Início do 1º trimestre 138 59,23 Total 233 100,00 Tabela 8. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo história de doenças crônicas. Fortaleza, 2010. Doença crônica N % Hipertensão arterial 008 3,43 Dislipidemia 004 1,72 Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) 003 1,29 Hipertensão arterial + Diabetes melito 002 0,86 Diabetes melito 001 0,43 Hipertensão arterial + trombose venosa periférica 001 0,43 Diabetes melito + dislipidemia 001 0,43 Trombofilia 001 0,43 Anemia falciforme 001 0,43 Outras 006 2,57 Nenhuma 205 87,98 Total 233 100,00 Em ―outras‖ foram citadas: hipertireoidismo (02), hepatite B (01) talassemia (01), doença renal crônica (01) e lúpus eritematoso sistêmico (01). Observa-se que, dentre as doenças crônicas, a maioria está entre as elencadas como associadas à etiologia da pré-eclâmpsia. 57 5.3 Dados antropométricos e pressão arterial Neste subcapítulo serão contemplados os resultados obtidos acerca da avaliação do estado nutricional das gestantes, que incluiu a análise de peso prégravídico e peso atual referente ao momento de coleta do primeiro recordatório de 24h e altura, que subsidiaram o diagnóstico nutricional por meio de IMC prégravídico e atual da gestação. Também serão expostos resultados acerca da aferição da pressão arterial. No que tange ao peso pré-gravídico, as gestantes apresentaram, em média 61,35Kg ± 11,61Kg, variando de 40,00 a 97,00Kg. Já quanto ao peso no dia da visita ao laboratório (aqui denominado de peso atual), isto é, peso referente ao primeiro trimestre de gestação, verificou-se média de 62,71Kg ± 11,47Kg, agora variando de 39,00 a 98,25Kg. Ao comparar o peso pré-gravídico com o peso atual, percebeu-se que a maioria das mulheres (164 – 70,39%) ganhou peso, acréscimo que correspondeu a uma média de 3,12Kg ± 2,44Kg, variando de 0,10 a 15,80Kg. Parcela importante das gestantes (59 – 25,32%) sofreu perda ponderal, que equivaleu, em média, a 3,30Kg ± 3,12Kg, variando de 0,05 a 17,95Kg. Das entrevistadas, 10 (4,29%) não sofreram mudança de peso. A altura das gestantes variou de 1,42m a 1,76m, com média de 1,58m ± 0,06m. A avaliação do estado nutricional pré-gravídico a partir do IMC revelou, conforme mostrado na Tabela 9, que a população, em sua maioria (126 – 54,08%), foi composta por mulheres que mantinham diagnóstico nutricional de eutrofia previamente à gestação. Contudo, foi alto o percentual de entrevistadas que antes da gravidez apresentava excesso de peso (sobrepeso e obesidade), 33,05%, considerado fator de risco para pré-eclâmpsia. O IMC pré-gravídico médio da população correspondeu a 24,56Kg/m² ± 4,40Kg/m², variando de 17,19 a 40,37Kg/m². 58 Tabela 9. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado nutricional prégravídico. Fortaleza, 2010. Diagnóstico nutricional* N % Baixo peso 031 13,30 Eutrofia 126 54,08 Sobrepeso 039 16,74 Obesidade 037 15,88 Total 233 100,00 * Segundo o National Academy of Sciences (1990). A avaliação do estado nutricional atual, também a partir do IMC, revelou, conforme apresenta a Tabela 10, que a maioria das mulheres se manteve com peso adequado no primeiro trimestre da gestação, contudo em menor percentual (102 – 43,77%) que o revelado na avaliação do estado nutricional a partir do IMC prégravídico. Por outro lado, aumentou a presença de excesso ponderal (40,78%). O IMC médio da população passou a 25,15Kg/m² ± 4,43Kg/m², variando de 16,14 a 40,89Kg/m². Tabela 10. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo estado nutricional atual. Fortaleza, 2010. Diagnóstico nutricional* N % Baixo peso 036 15,45 Adequado 102 43,77 Sobrepeso 065 27,90 Obesidade 030 12,88 Total 233 100,00 *Segundo Atalah et al. (1997). A pressão arterial sistólica aferida durante a visita das gestantes ao ambulatório variou de 67mmHg a 140mmHg, com média na população de 104,94mmHg ± 12,80mmHg. Já a diastólica, variou de 40 a 100mmHg, com média de 64,75mmHg ± 11,32mmHg. Conforme expõe a Tabela 11, dentre as 233 gestantes avaliadas, 222 (95,27%) apresentaram pressão arterial em níveis ótimos ou normais. 59 Tabela 11. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo classificação da pressão arterial. Fortaleza, 2010. Classificação da pressão arterial* N % Ótima** 148 63,52 Normal 074 31,76 Limítrofe 005 2,14 Hipertensão estágio 1 004 1,72 Hipertensão sistólica isolada** 002 0,86 Total 233 100,00 *Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010). **Categorias existentes somente na classificação da pressão arterial para > 17 anos. 5.4 Dados bioquímicos No que tange à glicemia, das 233 gestantes que compuseram a amostra, 24 (10,30%) não foram avaliadas sob este critério por falta de obtenção do dado, devido aos seguintes motivos: três (12,50%) não tiveram o exame solicitado até o final do primeiro trimestre de gestação; em seis casos (24,99%) não foi possível contato posterior com a participante por problemas com o telefone de contato (ocupado, com defeito, não recebendo chamada, fora de área ou desligado); três mulheres (12,50%) estavam ocupadas para atender em pelo menos 3 tentativas de contato realizadas em dias diferentes; o mesmo percentual foi encontrado para a ausência da gestante do local ao qual pertencia o telefone de contato, bem como para a freqüência de mulheres cujo telefone chamou e não atendeu em três tentativas de contato realizadas em diferentes dias; duas participantes (8,33%) mudaram-se para local distante do telefone de contato fornecido; uma paciente (4,17%) hospitalizou-se poucos dias após o primeiro contato com a pesquisadora, o que impossibilitou o fornecimento da informação posteriormente; igual freqüência de mulheres foi encontrada para três diferentes situações, as quais a ausência de acesso ao resultado do exame, não impresso pelo local de realização do pré-natal e não registrado legivelmente no cartão da gestante, perda do resultado exame e indisponibilidade do mesmo nos momentos solicitados. 60 Para as 209 mulheres restantes (89,70% da amostra) encontrou-se média de glicemia de jejum de 82,30mg/dL ± 13,59mg/dL, variando de 54 a 221mg/dL. Conforme expõe a Tabela 12, somente cinco gestantes (2,4% da população) apresentaram níveis glicêmicos que ultrapassaram os valores condizentes com a normalidade. As duas mulheres cuja glicemia categorizou-as como diabéticas, já tinham conhecimento da doença previamente à gestação, portanto não sendo consideradas portadoras de diabetes gestacional. Tabela 12. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorização da glicemia de jejum. Fortaleza, 2010. Categorização da glicemia de jejum* N % Normal 204 97,60 Glicemia de jejum alterada 003 1,44 Diabetes melito 002 0,96 TOTAL 209¹ 100,00 *Segundo a American Diabetes Association (2010). ¹24 gestantes foram excluídas nesta avaliação, por ausência de determinação de glicemia. Referente ao hemograma e proteinúria, não se conseguiu que todas as gestantes realizassem os exames completos. Para estas variáveis, a ausência de pacientes nas avaliações deveu-se, de maneira sucinta, a não realização do exame até o final do primeiro trimestre gestacional ou por empecilhos que dificultaram contato posterior com as gestantes, como referido para a glicemia. Conforme mostra a Tabela 13, a maioria das mulheres esteve na faixa de normalidade para as quatro variáveis estudadas do hemograma. Tabela 13. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo prevalência de valores de hemograma abaixo do normal. Fortaleza, 2010. Exames* N % Hemoglobina (n = 209) 035 16,75 Hematócrito (n = 205) 071 34,63 Leucócitos (n = 193) 000 0,00 Plaquetas (n = 192) 003 1,56 *Hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas não foram obtidos para, respectivamente, 24, 28, 40 e 41 gestantes. 61 A avaliação da proteinúria mostrou, conforme a Tabela 14, rastreamento positivo apenas para 8 gestantes (3,83%). Tabela 14. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo diagnóstico de proteinúria. Fortaleza, 2010. Diagnóstico de proteinúria N % Negativo 201 96,17 Positivo 008 3,83 Total 209* 100,00 *Para 24 gestantes não se obteve resultado do sumário de urina. 5.5 Dados ultra-sonográficos Através da medida do comprimento cabeça-nádega embrionário/fetal (CCN) determinada pela ultra-sonografia, obteve-se a idade gestacional das mulheres. Algumas, com semanas de gravidez abaixo ou acima do intervalo definido como de inclusão na pesquisa, foram inseridas na amostra por apresentarem a medida de CCN, verificada ultra-sonograficamente, em valores ainda válidos para a realização do teste ultra-sonográfico. Baseado no exposto, verificou-se que a idade gestacional da população variou de 10 semanas e um dia a 14 semanas e seis dias, com média de 12 semanas e 5 ± 6 dias. No que tange ao teste ultra-sonográfico, a média do diâmetro basal da artéria braquial, isto é, em repouso, correspondeu a 2,89mm ± 0,41mm, variando de 1,12 a 4,10mm. Já a média após isquemia induzida por oclusão da artéria braquial com manguito pneumático foi equivalente a 3,12mm ± 0,41mm, com variação de 2,00 a 4,60mm. A média de dilatação fluxo-mediada da artéria braquial entre as gestantes correspondeu a 8,82% ± 14,20% e variou de -25,93% a 158,23%. Considerando-se a dilatação fluxo-mediada da artéria braquial inferior a 10% como parâmetro para definir disfunção endotelial, que pode ser um critério para predição de pré-eclâmpsia, pela média encontrada na população, observa-se que a 62 mesma apresenta função endotelial prejudicada. A maioria das gestantes (137 – 58,80%) inseriu-se nesta categoria (Tabela 15). Tabela 15. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo função endotelial medida pela dilatação fluxo-mediada da artéria braquial. Fortaleza, 2010. Avaliação da função endotelial N % Função endotelial normal 096 41,20 Disfunção endotelial 137 58,80 Total 233 100,00 *Segundo Cunha Filho et al. (2010) e Garrido (2009). 5.6 Fatores de risco para pré-eclâmpsia presentes no grupo estudado Considerando-se o que foi exposto e, em especial, as variáveis definidas como fatores de risco para pré-eclâmpsia, pode-se dizer, de maneira geral, que a presença isolada destes fatores entre as gestantes mostrou-se baixa. Por outro lado, avaliando-se o número de fatores de risco presentes em cada gestante percebe-se, na Tabela 16, que muitas delas apresentavam mais de um fator de risco para a afecção, sendo que a grande maioria, 231 (99,14%), possuía pelo menos um fator de risco. Tabela 16. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo número de fatores de risco para pré-eclâmpsia apresentados. Fortaleza, 2010. Fatores de risco N % 0 002 0,86 1 019 8,15 2 071 30,47 3 080 34,34 4 049 21,03 ≥5 012 5,15 Total 233 100,00 63 5.7 Dados alimentares A tabela 17 elenca as necessidades médias estimadas (EAR) ou ingestões adequadas (AI) dos nutrientes aqui eleitos como associados ao risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, bem como as médias de consumo destes (incluindo a contribuição dos suplementos de vitaminas e minerais) pelas gestantes avaliadas. Tabela 17. Necessidade média estimada ou ingestão adequada e média de consumo diário de calorias e nutrientes relacionados ao desenvolvimento de préeclâmpsia pelas gestantes avaliadas. Fortaleza, 2010. Necessidade Nutriente Média ± Desvio-Padrão média/EAR/AI* ≤ 18anos > 18 anos 2000 2000 1873,44 ± 620,92 0,88 0,88 1,39 ± 0,61 Fibra (g) 28 28 18,54 ± 10,53 Cálcio (mg) 1100 800 524,84 ± 295,91 Vitamina A (µg) 530 550 1762,58 ± 4025,03 Vitamina C (mg) 66 70 149,07 ± 219,17 Vitamina E (mg) 12 12 22,60 ± 31,43 Magnésio (mg) 335 290/3002 172,69 ± 67,15 Zinco (mg) 10,5 9,5 11,99 ± 9,66 Ferro (mg) 23 22 28,76 ± 26,15 Folato (µg) 520 520 1592,74 ± 1224,82 Potássio (g) 4,7 4,7 1,68 ± 0,81 Sódio (g) 1,5 1,5 4,07 ± 3,61 Ácido graxo ômega 3 (g) 1,4 1,4 0,80 ± 0,57 Ácido graxo ômega 6 (g) 13 13 8,24 ± 6,48 Relação ômega 6:ômega 33 5:1-10:1 5:1-10:1 11,49 ± 5,53:1 Caloria (Kcal) Proteína (g/Kg) 1 *Nutrientes com AI: potássio, sódio e fibra; demais nutrientes: EAR (Otten et al., 2006; Ross et al., 2010); calorias estimadas genericamente segundo Brasil (2008) e Otten et al. (2006) 1 Utilizado peso pré-gravídico como referência. 2 EAR diferentes: 290mg para a faixa etária de > 18 a 30 anos e 300mg para a faixa etária de 31 a 50 anos. 3 Não há necessidade plenamente estabelecida, mas proporção sugerida (Otten et al., 2006). 64 Embora sem EAR ou AI determinada, a média de ingestão de calorias foi apresentada na tabela visto que o aumento no consumo calórico tem sido associado ao maior risco de pré-eclâmpsia. Percebe-se que a ingestão média da população foi superior à EAR/AI no que tange à proteína, vitamina A, vitamina C, vitamina E, folato, zinco, ferro, e sódio. Já para fibra, cálcio, magnésio, potássio, ácido graxo ω3 e ácido graxo ω6 o consumo mostrou-se aquém da EAR/AI. Observa-se, ainda, que a média de ingestão de sódio foi bem superior à AI. Tal fato deveu-se à influência do consumo de sal. Em média, as gestantes avaliadas fizeram uso de 7,18 ± 8,94g/dia de sal de cozinha. Houve 150 (64,38%) gestantes com ingestão de cloreto de sódio superior a 5g/dia. Considerando a ingestão de nutrientes estratificada segundo consumo abaixo da EAR/AI, entre EAR/AI e UL e acima do UL, as Tabelas 18 e 19 exibem os achados, respectivamente relativos ao cálcio e aos demais nutrientes. No que tange ao cálcio, a maioria do grupo (197 – 84,55%) apresentou ingestão abaixo da EAR, estando em risco para pré-eclâmpsia. Quanto aos demais nutrientes, o grupo exibe maior risco no tocante a fibras, ácido graxo ômega 3, magnésio, zinco e potássio; há um percentual também alto de mulheres com ingestão de risco dos demais nutrientes, à exceção do ácido graxo ômega 6. Acerca das calorias, 87 mulheres (37,34%) apresentaram consumo excessivo. Tabela 18. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorias de consumo médio diário de cálcio. Fortaleza, 2010. Consumo de cálcio* N % Abaixo da EAR 197 84,55 Entre EAR e UL 036 15,45 Acima do UL 000 0,00 Total 233 100,00 *Segundo a Dietary Reference Intake – DRI (OTTEN et al., 2006). 65 Tabela 19. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo categorias de consumo médio diário de macro e micronutrientes relacionados ao risco para pré-eclâmpsia. Fortaleza, 2010. Nutriente* Abaixo da EAR/AI Entre EAR/AI e UL Acima do UL N % N % N % Proteína (g)** 041 17,60 192 82,40 ____ ____ Fibra (g)** 205 87,98 028 12,02 ____ ____ Ácido graxo ômega 3 (g)** 210 90,13 023 9,87 ____ ____ Ácido graxo ômega 6 (g)** 207 88,84 026 11,16 ____ ____ Vitamina A (µg) 111 47,64 101 43,35 021 9,01 Vitamina C (mg) 107 45,92 126 54,08 000 0,00 Vitamina E (mg) 071 30,47 162 69,53 000 0,00 Magnésio (mg) 216 92,70 014 6,01 003 1,29 Zinco (mg) 124 53,22 106 45,49 003 1,29 Folato (µg) 081 34,76 021 9,01 131 56,23 Ferro (mg) 135 57,94 035 15,02 063 27,04 Potássio (g)** 232 99,57 001 0,43 ____ ____ Sódio (g) 008 3,43 030 12,88 195 83,69 *Segundo a Dietary Reference Intake – DRI (OTTEN et al., 2006; Ross et al., 2010). **UL não definida. Assim, na coluna ―entre EAR/AI e UL‖ para estes nutrientes estão inseridas as gestantes com consumo acima da EAR/AI. 5.8 Correlação entre cálcio e outros nutrientes com fatores de risco para préeclâmpsia No que tange ao cálcio, o nutriente foi suplementado, isoladamente ou na forma de polimineral contendo cálcio, por 23 (9,87%) gestantes. A média de consumo do nutriente quando consideradas apenas as fontes dietéticas foi equivalente a 486,02mg ± 258,13mg, variando de 76,36mg a 1514,62mg. Adicionado o cálcio proveniente da suplementação, obteve-se média pouco superior, correspondente a 524,84mg ± 295,91mg, variando de 76,36mg a 1575,66mg. A Tabela 20 mostra que o consumo médio de cálcio entre os grupos elevou-se com o aumento do número de fatores de risco, embora sem diferença estatística (teste de comparações múltiplas; p = 0,999). 66 Tabela 20. Distribuição das gestantes avaliadas (n = 233), segundo consumo médio diário de cálcio e número de fatores de risco para pré-eclâmpsia apresentados. Fortaleza, 2010. Cálcio (mg) Fatores de risco N % Média ± Desvio-Padrão* 0-1 021 9,01 512,11 ± 260,52 2-3 151 64,81 524,96 ± 296,10 ≥4 061 26,18 528,92 ± 310,95 *p = 0,999 Em virtude da correlação entre cálcio e excesso ponderal estar melhor estabelecida na literatura, conforme exposição prévia, e por este consistir em fator de risco para a doença em estudo, foi analisada a ingestão de cálcio das gestantes estudadas segundo o estado nutricional pré-gravídico (Tabela 21) e no primeiro trimestre gestacional (Tabela 22). Tabela 21. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e estado nutricional pré-gravídico. Fortaleza, 2010. IMC (Kg/m²) Cálcio (mg) Média ± Desvio-Padrão Média ± Desvio-Padrão Baixo peso 18,70 ± 0,78 501,48 ± 303,87 Eutrofia 22,91 ± 1,66 561,62 ± 288,07 Sobrepeso 27,41 ± 0,87 504,21 ± 298,25 Obesidade 32,10 ± 2,76 440,87 ± 303,22 Estado Nutricional Tabela 22. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e estado nutricional atual no primeiro trimestre. Fortaleza, 2010. IMC (Kg/m²) Cálcio (mg) Média ± Desvio-Padrão Média ± Desvio-Padrão Baixo peso 19,26 ± 1,04 557,39 ± 310,98 Eutrofia 23,28 ± 1,53 541,83 ± 263,01 Sobrepeso 27,58 ± 1,47 514,85 ± 332,6 Obesidade 33,30 ± 2,36 449,63 ± 299,88 Estado Nutricional 67 Analisando-se a Tabela 21 percebe-se que, excetuando-se as gestantes com baixo peso, o consumo médio de cálcio diminuiu à medida que aumentou o IMC. Estatisticamente, observou-se correlação negativa muito pequena, embora significativa (coeficiente de correlação (r) de Pearson; r = -0,132). Observa-se, ainda, que a média de ingestão de cálcio do grupo de gestantes com IMC de proteção para pré-eclâmpsia (501,48mg ± 303,87mg), isto é, inferior a 19,8Kg/m², mostrou-se superior à média do grupo de maior risco para a doença, quanto ao aspecto estado nutricional, que é o constituído por obesas (440,87mg ± 303,22mg) entretanto, sem diferença significativa de consumo de cálcio entre as categorias de estado nutricional (análise de covariância; p = 0,062). Quanto ao estado nutricional no primeiro trimestre gestacional, também se observou relação inversa entre ingestão de cálcio e IMC (Tabela 22), estatisticamente significativa, contudo agora incluindo também as mulheres com baixo peso (coeficiente de correlação (r) de Pearson; r = -0,130). Analisou-se o consumo médio de cálcio das gestantes segundo avaliação da função endotelial (Tabela 23). Percebeu-se uma menor ingestão do mineral entre as mulheres com função prejudicada comparado àquelas de função normal entretanto, sem diferença significativa entre as médias dos grupos (teste t de Student; p = 0,499). Tabela 23. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de cálcio e função endotelial. Fortaleza, 2010. DMF (%) Cálcio (mg) Média ± Desvio-Padrão Média ± Desvio-Padrão** Normal 18,69 ± 16,87 540,55 ± 324,63 Prejudicada 1,90 ± 5,30 513,82 ± 274,70 Função endotelial* *Definida segundo Cunha Filho et al. (2010) e Garrido (2009). **p=0,499 A Tabela 24 exibe os dados de ingestão média diária de calorias, nutrientes e sal segundo o número de fatores de risco para pré-eclâmpsia apresentados pelas gestantes e a Tabela 25 segundo a presença ou não de disfunção endotelial. 68 Tabela 24. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de calorias, nutrientes relacionados à préeclâmpsia, sal e número de fatores de risco apresentados, com análise estatística. Fortaleza, 2010. Número de fatores de risco (Média ± Desvio-Padrão) Fatores dietéticos Teste Valor de p 0-1 2-3 ≥4 Calorias (Kcal) 1822,48 ± 738,07 1844,36 ± 522,26 1962,98 ± 784,90 0,814 Proteína g/dia 80,92 ± 39,33 83,56 ± 30,52 78,80 ± 32,30 0,378 Proteína g/Kg 1,46 ± 0,71 1,43 ± 0,58 1,27 ± 0,65 0,064 Fibra (g) 18,76 ± 10,35 17,88 ± 9,09 20,07 ± 13,52 0,610 Ácido graxo ômega 3 (g) 0,71 ± 0,60 0,78 ± 0,44 0,90 ± 0,81 0,206 Ácido graxo ômega 6 (g) 6,13 ± 5,43 7,78 ± 4,40 10,12 ± 0,91 0,009 Ômega 6:Ômega 3 10,84 ± 6,99:1 11,28 ± 5,61:1 12,24 ± 4,71:1 0,135 Vitamina A (µg) 712,66 ± 527,11 1955,65 ± 4503,85 1646,09 ± 3368,30 0,754 Vitamina C (mg) 156,00 ± 247,69 153,24 ± 225,59 136,36 ± 194,53 0,886 Vitamina E (mg) 25,93 ± 51,81 20,11 ± 17,43 27,63 ± 46,04 0,155 Magnésio (mg) 181,90 ± 83,10 171,75 ± 63,75 171,87 ± 70,28 0,986 Zinco (mg) 13,44 ± 12,08 12,79 ± 10,18 9,51 ± 6,65 0,133 Folato (µg) 1654,74 ± 1423,63 1650,01 ± 1161,55 1429,61 ± 1309,75 0,648 Ferro (mg) 34,83 ± 32,92 31,19 ± 25,77 20,65 ± 22,98 0,006 Potássio (g) 1,72 ± 0,95 1,69 ± 0,77 1,62 ± 0,85 0,659 Sódio (g) 3,31 ± 1,31 3,87 ± 2,06 4,82 ± 6,19 0,164 Sal (g) 5,39 ± 2,68 6,65 ± 4,68 9,13 ± 15,68 0,234 69 Tabela 25. Distribuição das gestantes avaliadas, segundo consumo médio diário de calorias, nutrientes relacionados à préeclâmpsia, sal e função endotelial, com análise estatística. Fortaleza, 2010. Função endotelial (Média ± Desvio-Padrão) Fatores dietéticos Teste Valor de p Normal Prejudicada Calorias (Kcal) 1940,94 ± 694,84 1826,14 ± 561,21 0,165 Proteína g/dia 85,97 ± 37,53 79,35 ± 26,85 0,140 Proteína g/Kg 1,43 ± 0,72 1,36 ± 0,53 0,408 Fibra (g) 20,22 ± 12,94 17,36 ± 8,29 0,058 Ácido graxo ômega 3 (g) 0,87 ± 0,66 0,76 ± 0,50 0,121 Ácido graxo ômega 6 (g) 8,62 ± 7,33 7,98 ± 5,82 0,461 Ômega 6:Ômega 3 11,01 ± 4,73:1 11,83 ± 6,01:1 0,263 Vitamina A (µg) 1435,00 ± 3449,69 1992,12 ± 4381,22 0,299 Vitamina C (mg) 183,12 ± 279,58 125,21 ± 161,10 0,070 Vitamina E (mg) 25,55 ± 42,82 20,54 ± 19,84 0,231 Magnésio (mg) 181,18 ± 75,13 166,75 ± 60,52 0,120 Zinco (mg) 11,84 ± 8,81 12,09 ± 10,24 0,844 Folato (µg) 1590,14 ± 1250,89 1594,55 ± 1210,83 0,978 Ferro (mg) 28,82 ± 26,66 28,71 ± 25,89 0,976 Potássio (g) 1,81 ± 0,93 1,59 ± 0,70 0,053 Sódio (g) 4,50 ± 5,13 3,77 ± 1,91 0,126 Sal (g) 8,25 ± 12,84 6,43 ± 4,45 0,126 *Definida segundo Cunha Filho et al. (2010) e Garrido (2009). 70 Percebe-se, analisando a Tabela 24, que a ingestão foi similar para a maioria dos nutrientes avaliados. Estatisticamente, a ausência de significância se confirmou, exceto para ferro e ácido graxo ω6. Fazendo o teste de comparações múltiplas para identificar quais os grupos de fatores de risco que diferiram significativamente, detectou-se que, para o ferro a diferença ocorreu entre os grupos com 2-3 fatores de risco e o grupo com 4 ou mais fatores de risco. No caso do ácido graxo ômega 6, a diferença ocorreu entre o grupo com 0-1 fator de risco e o grupo com 4 ou mais fatores de risco. Na Tabela 25 observa-se que não foi detectada diferença estatística significante para qualquer dos nutrientes pesquisados. Entretanto, para fibra e potássio detectou-se valor de p bem próximo do nível de significância, correspondente, respectivamente, a 0,058 e 0,053. 71 6 DISCUSSÃO Neste capítulo os resultados serão discutidos divididos em dois subcapítulos: fatores de risco para pré-eclâmpsia presentes nas gestantes avaliadas e inter-relações entre fatores nutricionais e outros fatores de risco para préeclâmpsia nas gestantes avaliadas. 6.1 Fatores de risco para pré-eclâmpsia presentes nas gestantes avaliadas No grupo avaliado surgiram como fatores de risco mais prevalentes a raça não branca (80,69%), a nuliparidade ou primiparidade (80,26%) e a disfunção endotelial (58,80%). Embora não representando a maioria, foi alto o percentual de mulheres com excesso ponderal pré-gravídico (33,05%) e ausência de cônjuge no lar (29,19%). Desta forma, fatores como idade, história prévia de pré-eclâmpsia, história da doença em parentes de primeiro grau, histórico de doenças crônicas associadas a maior risco de pré-eclâmpsia, tabagismo e etilismo não se constituíram em risco presente nas gestantes avaliadas. O fato de haver 34,63% de gestantes com hematócrito baixo pode não ser relevante e significar hemodiluição em decorrência do aumento do volume plasmático característico da gestação (NASCIMENTO, 2005). A literatura é omissa tanto no que tange à ordem de importância da maioria dos fatores elencados como de risco, como no que diz respeito ao número de fatores presentes em uma mesma gestante (DUCKITT; HARRINGTON, 2005). No entanto, chama a atenção o percentual de mulheres (60,52%) que exibiu três ou mais fatores de risco, mulheres estas que podem ou não estar em maior risco do que aquelas que exibem menor número de fatores ou não os têm presentes. Considerando toda a controvérsia já descrita quanto aos fatores de risco consensuais para pré-eclâmpsia, a função endotelial prejudicada surgiu como um fator de risco importante tanto pela maior concordância da literatura sobre sua 72 participação no desencadeamento da doença (KHARB, 2000; WALLENBURG, 2001; CHAMBERS et al., 2001; DEKKER; SIBAI, 2001; KASHIWAGI; ZIMMERMANN; BEINDER, 2003; BLUM et al., 2003; AGATISA et al., 2004; FRISHMAN et al., 2006; GILES, 2006; SPINNATO II, 2006; HOFMEYR et al., 2008; CUNHA FILHO, 2009; BRICEÑO-PEREZ; BRICEÑO-SANABRIA; GRACIA, 2009), como pela sua alta prevalência entre as gestantes avaliadas. Ressalte-se, ainda, que a disfunção endotelial é fator envolvido na patogênese de diversas outras alterações, como aterosclerose, doença coronariana, hipertensão arterial (CUNHA FILHO, 2009), diabetes melito e tabagismo (CELERMAJER et al., 1992), entre outras. Assim, vale iniciar por discutir aspectos a ela relacionados. Saarelainen et al. (2006) verificaram como a dilatação fluxo-mediada da artéria braquial se comportava entre gestantes e não-gestantes, bem como conforme o trimestre gestacional, sem levar em consideração o risco de préeclâmpsia ou de outras doenças em que estivessem envolvidas alterações na função endotelial. Comparando-se os resultados obtidos pelos autores com os da presente pesquisa observou-se que o diâmetro médio do vaso em repouso, correspondente a 2,89mm no presente estudo, foi inferior ao de qualquer dos grupos dos autores citados, inclusive das gestantes no primeiro trimestre de evolução (3,07mm). A média de dilatação da artéria pós-oclusão na presente pesquisa (8,82%) foi inferior a de não-gestantes e de gestantes do segundo e do terceiro trimestre do estudo de Saarelainen et al. (2006) (respectivamente, 9,48%, 10,9% e 11,1%) e consideravelmente superior à dilatação de gestantes do primeiro trimestre (7,4%) do estudo do mesmo autor. Saarelainen et al. (2006) referem que, em gestantes normais, a DMF tende a aumentar com a idade gestacional e, conforme Sierra-Laguado; Garcia; López-Jaramillo (2006), a mesma já está aumentada durante o primeiro trimestre, com maior valor sendo atingido no último. Cunha Filho (2009) ainda sobre o tema, enfatiza que a medida da DMF durante todos os trimestres gestacionais é importante para a avaliação da função endotelial, especialmente em gestações complicadas, como aquelas que evoluem com pré-eclâmpsia. Nicolau (2009) avaliou a DMF de quatro grupos compostos por gestantes entre 24 e 28 semanas gestacionais e não-gestantes, fumantes e não-fumantes, encontrando valores médios de DMF para as não-fumantes, fossem elas gestantes (11,50%) ou não (10,52%), bem superiores ao da presente pesquisa. Contudo, 73 comparando a DMF média das mulheres do presente estudo com aquela das fumantes do estudo de Nicolau, gestantes ou não, observou-se que a dilatação das primeiras foi superior à das últimas. No primeiro caso, a inferioridade pode ter decorrido da diferença de idade gestacional entre os dois estudos, visto que, conforme exposto, gestantes com idade gestacional mais avançada possuem artéria mais dilatada. No segundo caso, a superioridade pode dever-se ao fato de que fumantes tendem a ter dilatação menor do que a das não-fumantes (NICOLAU, 2009), devendo-se lembrar que na presente pesquisa somente foram encontradas 7,30% de gestantes tabagistas. Cunha Filho (2009), avaliando a DMF de gestantes com pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica e gestantes com pré-eclâmpsia, logo após o diagnóstico da doença, isto é, posteriormente à 20ª semana gestacional, encontrou percentual de mulheres com DMF inferior a 10% (disfunção endotelial), respectivamente, maior (69,2%) e bem menor (30,8%) que a detectada no presente estudo. Savvidou et al. (2003) afirmam que a vasodilatação dependente do endotélio prejudicada não somente precede, como é um fator causal da préeclâmpsia, sendo atribuível a uma anormalidade na síntese ou atividade do óxido nítrico e, de acordo com Sierra-Laguado; Garcia; López-Jaramillo (2006) conseqüente resistência vascular sistêmica e placentária aumentadas. Mulheres que apresentam outras causas de disfunção endotelial, como as já referidas, têm risco aumentado para a pré-eclâmpsia também por este motivo (SAVVIDOU et al., 2003). Assim, eles recomendam a realização concomitante durante a gestação do doppler das artérias uterinas e da avaliação da dilatação fluxo-mediada como testes preditivos para pré-eclâmpsia. Esta última medida é atualmente considerada, por alguns autores, o mais confiável método avaliativo da vasodilatação dependente do endotélio e visto como substituto da medida direta da produção de óxido nítrico (MOENS et al., 2005). Embora o método referido de avaliação da função endotelial seja nãoinvasivo, de fácil aplicação e apresente importante suporte da literatura, o que proporcionou que seu uso fosse naturalmente difundido, a aplicação do método na prática clínica como obrigatório no acompanhamento das alterações em ginecologia e obstetrícia ainda não foi estabelecida em virtude da necessidade de padronização da técnica, tais como o local e o tempo de compressão do manguito, para que então 74 a mesma tenha reprodutibilidade e assim, seu uso seja liberado com segurança. (BRANDÃO et al., 2010). Mesmo havendo esta limitação, o elevado percentual de disfunção endotelial detectado no presente estudo, aliado aos achados dos diversos autores e às recomendações dos mesmos dão suporte à importância de se instituir o método como rotina, principalmente ao se considerar a redução nos custos associados ao tratamento da pré-eclâmpsia e das afecções dela decorrentes, bem como custos relativos ao tempo de internação hospitalar. Ainda referente aos benefícios financeiros, também deve-se considerar o baixo custo do método comparado ao custo elevado dos métodos bioquímicos de avaliação da função endotelial que dificultam a utilização rotineira dos mesmos na prática clínica (BRANDÃO et al, 2010). Reportando-se a discutir os demais fatores de risco presentes em alta proporção no grupo avaliado, no que tange à raça, a relação entre a doença e a raça não branca já foi detectada em gestantes brasileiras por Assis, Viana e Rassi (2008), sendo que também no estudo desses autores esta variável mostrou ser o fator de risco mais prevalente. Por outro lado, fica difícil estabelecer uma relação conclusiva causa-efeito, devido ao fato da população brasileira ser constituída por uma mistura de raças, o que sempre se traduz em alta proporção de não brancas em qualquer estudo que faça tal caracterização (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). Ainda de acordo com os mesmos autores supracitados (ASSIS; VIANA; RASSI, 2008), em gestantes não-brancas o risco para a pré-eclâmpsia é 14 vezes maior que o risco em gestantes brancas. Isto parece ter relação com a maior suscetibilidade de raças específicas a determinadas doenças crônicas que aumentam o risco para a doença em estudo. Mulheres negras, por exemplo, apresentam maior incidência de diabetes melito (MULLA; SANCHEZ; NUWAYHID 2007) e hipertensão arterial (KAHN et al., 2010) quando comparadas com mulheres brancas. No entanto, no presente estudo, apesar do alto percentual de mulheres não brancas, foi baixo o percentual de doenças crônicas, como já comentado. Estudo de Audibert et al. (2010), realizado no Canadá, onde a população basicamente é composta por brancos (CANADA, 2006), confirmou esta presença, mas dentre todas as raças o maior risco para a doença foi constatado entre os afrocaribenhos. 75 A respeito da paridade, o segundo fator de risco mais prevalente no grupo populacional avaliado, há que se ater ao fato de que, por ser um grupo jovem, seria esperada essa baixa paridade. De acordo com Dekker e Sibai (1998), a préeclâmpsia é uma doença das primeiras gestações. A nuliparidade chega a quase triplicar o risco para a afecção, assim como mulheres com pré-eclâmpsia são duas vezes mais prováveis de serem nulíparas que mulheres que não apresentam a doença (DUCKITT; HARRINGTON, 2005). Portanto, a multiparidade, isto é, a submissão a dois ou mais partos anteriores, tem sido percebida como fator de proteção, o que pode decorrer de uma má-adaptação imune da mãe em relação ao seu feto em nulíparas (BADRIA; AMARIN, 2005). A má-adaptação imune referida resultaria em fraca invasão trofoblástica endovascular e assim, causaria isquemia placentária e disfunção celular endotelial. Outra hipótese seria que a má adaptação imune causaria liberação de citocinas tóxicas, de espécies de radicais livres, bem como de enzimas que gerariam proteólise da decídua materna, o que então causaria distúrbio da função normal do sinciciotrofoblasto e do endotélio materno (DEKKER; ROBILLARD; HULSEY, 1998). Porém, tem sido sugerido que o efeito protetor da multiparidade é perdido com a mudança de esposo entre as gestações (ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005). É importante discutir, a seguir, o estado nutricional pré-gravídico e atual e a presença do cônjuge, outros fatores que despontaram como presentes em percentuais relativamente elevados. Na presente população percebeu-se uma presença de sobrepeso e obesidade pré-gestacionais correspondentes, respectivamente, a 16,74% e 15,88%. Conde-Agudelo e Belizán (2000) detectaram que em comparação com gestantes eutróficas, aquelas com sobrepeso e obesidade tinham risco, respectivamente, 1,57 e 2,81 vezes maior de desenvolverem a doença. A justificativa seria um maior risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes melito e hipertrigliceridemia (SIBAI et al., 1997). Mais uma vez, vale destacar a baixa presença de tais alterações, mesmo com os altos percentuais de excesso ponderal. Embora tenha-se detectado na população um percentual importante de gestantes com maior probabilidade de desenvolvimento de pré-eclâmpsia devido ao excesso de peso, deve ser comentado que 13,31% delas apresentou IMC compatível com baixo peso, considerado fator de proteção para a doença em estudo (CONDE-AGUDELO; BELIZÁN, 2000; SEBIRE et al., 2001; LUEALON; PHUPONG, 76 2010). No entanto, sabendo-se dos prejuízos acarretados pela subnutrição durante a gestação, como o nascimento de bebês pequenos para a idade gestacional e ocorrência de partos prematuros, não se deve estimular a busca pelo baixo peso visando a prevenção de pré-eclâmpsia, sob risco de se estar adotando condutas iatrogênicas (SEBIRE et al., 2001). Acerca do estado nutricional no primeiro trimestre de gestação, detectouse um aumento de 8,16% na presença de excesso ponderal, evidenciando que algumas gestantes estavam ganhando peso além do desejável. De acordo com Sibai et al. (1997), o acompanhamento do ganho de peso em cada visita pré-natal é útil na avaliação do estado nutricional e como indicador do risco de pré-eclâmpsia, visto que um ganho de peso de pelo menos 2 Kg por semana é significativamente associado com o risco para a doença. No grupo avaliado, 70,39% das mulheres ganharam uma média de 3,12Kg durante o período transcorrido de antes da gestação até a visita ao laboratório no primeiro trimestre, portanto com ganho ponderal aquém do ponto de corte de risco estabelecido por Sibai et al. (1997). Contudo, percentual também considerável de 25,32% obteve perda ponderal média de 3,30Kg no mesmo período em questão. Foram amplas as faixas de variação de ganho e perda de peso, com algumas mulheres referindo valores muito extremos de ganho de 15,80Kg e perda de 17,95Kg no curto período de tempo em questão. Tal discrepância parece não ter influenciado as médias obtidas, mas não se pode deixar de considerar a possibilidade de equívoco na referência ao peso pré-gravídico por esse pequeno contingente de mulheres. O elevado acréscimo de peso gestacional tem sido relacionado, dentre vários fatores, a um maior risco de diabetes gestacional (HEDDERSON; GUNDERSON; FERRARA, 2010), nascimento de recém-nascidos macrossômicos (KAC; MELÉNDEZ, 2005; MELO et al., 2007), necessidade de partos cesarianos (CEDERGREN, 2006) e retenção de ganho de peso materno pós-parto (KAC et al., 2004). Já o ganho de peso materno insuficiente tem sido associado, por exemplo, à maior incidência de nascimento de recém-nascidos de baixo peso (MELO et al., 2007) e mortalidade perinatal (FRANCESCHINI et al., 2003). No que tange ao estado civil, a relação não é específica com a convivência marital, mas associada à presença do genitor do bebê como um fator de proteção contra a doença. De acordo com Dekker e Sibai (2001), Ohonsi e Ashimi 77 (2008) e Briceño-Pérez, Briceño-Sanabria e Gracia (2009), algum componente do ejaculado masculino, não se sabendo ao certo se o sêmen propriamente dito, os leucócitos que o constituem ou o plasma seminal, podem contribuir para a proteção da mulher contra a pré-eclâmpsia se ela for repetidamente exposta a este componente. A indagação realizada no presente estudo não discriminou se o companheiro presente era o pai da criança, de forma que se pode apenas inferir que a situação de casamento formal ou não referida estivesse implicando na presença do mesmo. Os demais fatores de risco serão discutidos de forma mais sucinta, uma vez que não foram tão presentes nas gestantes avaliadas. Considerando-se o fator idade, Conde-Agudelo e Belizán (2000), em estudo de 12 anos de duração, com 878680 gestantes, o maior estudo acerca da relação entre características maternas e gestacionais e pré-eclâmpsia até o ano 2000, encontraram ser a idade superior a 35 anos, tanto entre latino-americanas como caribenhas, de maior risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia. Um relato realizado por Mulla, Sanchez e Nuwayhid (2007) acerca da incidência de préeclâmpsia e eclâmpsia na Flórida também detectou maior freqüência das doenças com o avançar da idade. Mais recentemente, Audibert et al. (2010), avaliando mulheres desde o primeiro trimestre de evolução até o período pós-parto, detectaram que as mulheres mais jovens não foram afetadas pela doença ou desenvolveram hipertensão gestacional que não pré-eclâmpsia, enquanto a média de idade daquelas que evoluíram para pré-eclâmpsia precoce foi maior, de 32 anos, assim como as que evoluíram para pré-eclâmpsia tardia, de 30 anos. A literatura descreve que o risco maior dessas mulheres deve-se às alterações no endotélio vascular que surgem com a idade (JAHROMI; HUSSEINI, 2008), bem como ao fato da idade acima de 30 anos torná-las suscetíveis a doenças crônicas, como hipertensão arterial, que aumentam a propensão à pré-eclâmpsia (ASSIS; VIANA; RASSI 2008). No entanto, no presente estudo, o percentual de mulheres na faixa etária de risco foi baixo (13,30%), enquanto a prevalência de mulheres com função endotelial prejudicada foi muito elevada e provavelmente não influenciada pelo fator idade. A baixa prevalência de doenças crônicas, por outro lado, é compatível com o fato da maioria ser mais jovem. Quanto à história prévia de pré-eclâmpsia, outra ocorrência pouco referida (6,96% das gestantes com partos anteriores), deve-se destacar, conforme menção 78 prévia (GAIO et al., 2001), que a prevalência de pré-eclâmpsia/eclâmpsia entre gestantes brasileiras também é baixa (2,3%). De acordo com Dukler et al. (2001), gestantes que desenvolveram pré-eclâmpsia na primeira gestação têm 25% de risco de recorrência da doença na gestação seguinte. Entre as mulheres que desenvolveram pré-eclâmpsia grave na primeira gestação, a probabilidade de recorrência na segunda corresponde a 37%. Apesar da baixa referência de ocorrência da doença entre mães ou irmãs, não se pode desconsiderar que dentre as oito gestantes que referiram história anterior de pré-eclâmpsia, 37,5% também afirmaram ocorrência da doença entre uma das familiares mencionadas. Realmente, este fator de risco aumenta em quase três vezes a probabilidade de desencadeamento da doença (DUCKITT; HARRINGTON, 2005; CARR et al., 2005). Quanto ao uso de álcool e tabaco, Ortiz et al. (2010) compararam a presença de fatores de risco isolados para pré-eclâmpsia entre gestantes mexicanas portadoras da doença e gestantes normotensas, percebendo que o risco de desenvolvimento da doença foi 5,77 vezes maior quando se fazia uso de álcool, não sendo detectada associação entre tabagismo e pré-eclâmpsia. Contudo, Nicolau (2009) percebeu que o hábito de fumar parece ter levado à disfunção endotelial entre gestantes e não gestantes estudadas, teoria que segundo Dekker; Robillard; Hulsey (1998) está envolvida na etiologia da préeclâmpsia. No presente estudo, a referência a fumo durante a gestação (7,30%) foi semelhante ao percentual encontrado entre mulheres que não foram afetadas por qualquer tipo de hipertensão gestacional (6,7%), superior ao daquelas com préeclâmpsia tardia (3,2%) e inferior ao daquelas que desencadearam hipertensão gestacional não-proteinúrica (10,0%) e pré-eclâmpsia precoce (11,1%), avaliadas por Audibert et al. (2010). O tabagismo merece uma atenção mais específica, pois há inúmeros autores que fazem referência à prática ser um fator anti-estressante no primeiro trimestre gestacional, sendo então visto como fator protetor contra a doença (TAKIUTI; KAHHALE, 2001; ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005; PERES et al., 2007), estando na base desta relação, em linhas gerais, os efeitos do cigarro sobre fatores angiogênicos, sobre a função endotelial (ZHANG., 2007), com elevação dos níveis 79 de óxido nítrico (ORTIZ et al., 2010) e sobre o sistema imune, que agiriam para reduzir o risco de pré-eclâmpsia (ZHANG, 2007). Apesar da dificuldade de se encontrar conclusões definitivas quanto a uma participação negativa do tabagismo na evolução de gestantes no que tange ao desencadeamento de pré-eclâmpsia, alguns o elencam como risco (ANORLU; IWUALA; ODUM, 2005; NICOLAU, 2009), o que pode estar sofrendo o viés de se criticar o uso do cigarro devido a outros malefícios que o tabagismo causa ao decorrer da gravidez, como aumento da incidência de abortamento, prematuridade, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal (PERES et al., 2007). A opção de colocá-lo como risco no presente estudo seguiu uma linha de coerência com outros fatores que também são controversos, mas foram colocados aqui como risco, como idade igual ou superior a 35 anos (OHONSI; ASHIMI, 2008), primiparidade (DUCKITT; HARRINGTON, 2005) e raça não-branca (SIBAI et al., 1997). Dentre as doenças crônicas presentes no grupo, de forma isolada ou associada, a mais prevalente, ainda que com baixos percentuais, foi a hipertensão arterial (4,72%), seguida pela dislipidemia (2,15%). Dentre as dislipidemias, a hipertrigliceridemia tem sido associada à préeclâmpsia, decorrendo, dentre outros fatores, do aumento nas reações de peroxidação lipídica, conseqüente elevação na produção de radicais livres e assim, disfunção das células endoteliais (HUBEL et al., 1996). O diabetes melito pré-gestacional, aqui presente em 1,72% das gestantes, juntamente com o gestacional, aqui não detectado, aumentam em duas vezes o risco de desenvolvimento da doença, provavelmente porque entre eles e a pré-eclâmpsia haveria em comum a presença de resistência à insulina. Esta resistência ativaria o sistema nervoso simpático e assim, aumentaria a expressão dos receptores de endotelina, eventos que ocasionariam elevação da pressão arterial, critério diagnóstico para a pré-eclâmpsia. O diabetes melito estaria, ainda, associado à disfunção do endotélio vascular característico da pré-eclâmpsia (CONDE-AGUDELO; BELIZÁN, 2000). Ao se comparar os achados com a triagem de Audibert et al. (2010), constata-se, que o montante de portadoras das afecções aqui detectado (12,02%) foi superior ao de gestantes não afetadas (3,6%) e de gestantes diagnosticadas com hipertensão gestacional não-proteinúrica (5,0%) no estudo referido, mas inferior ao de mulheres que foram diagnosticadas com pré-eclâmpsia no decorrer da gestação 80 (pré-eclâmpsia precoce – 33,3%; pré-eclâmpsia tardia – 12,9%). Portanto, como um perfil de primeiro trimestre, os achados são coerentes, evidenciando que uma ou mais doenças crônicas presentes realmente favorecem a evolução para préeclâmpsia. Sobre a relação entre doença renal crônica e a pré-eclâmpsia, a doença renal incidiu sobre apenas uma gestante. A triagem acerca deste fator de risco é relevante, visto que gestantes com doença renal crônica são menos prováveis de se adaptarem às mudanças fisiológicas que ocorrem durante a gestação a nível renal, o que aumenta o risco de elevação da pressão arterial, predispondo-as à préeclâmpsia (WILLIAMS; DAVISON, 2008). Uma paciente com lupus eritematoso sistêmico foi detectada entre as gestantes. Esta doença tem sido associada com um aumento de 13 a 32% no risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, dentre outras causas, em função da deterioração da função renal e hipertensão arterial que podem decorrer da afecção (KONG, 2006), bem como por anormalidades causadas na vasculatura uteroplacentária e/ou alterações na coagulação (SURITA et al., 2007). Os aspectos discutidos confirmam a importância da detecção da presença ou não de disfunção endotelial, pois vários mecanismos propostos para explicar a relação de um dado fator com a pré-eclâmpsia, esbarram na questão da função do endotélio. 6.2 Inter-relações entre fatores nutricionais e outros fatores de risco para préeclâmpsia nas gestantes avaliadas A seguir serão discutidos aspectos acerca da relação entre o cálcio e demais fatores nutricionais estudados com o número de fatores de risco para préeclâmpsia detectados nas gestantes avaliadas, bem como acerca dos fatores nutricionais com a função endotelial. Considerando-se a literatura indexada, não foram encontradas abordagens similares acerca da relação dos fatores nutricionais com os fatores de risco, a nível nacional ou internacional. No que tange à relação com a disfunção endotelial, a literatura internacional acerca da temática ainda é tímida, sem 81 abordagem a nível nacional. Assim, não existem na literatura, em qualquer âmbito, estudos que confirmem as relações aqui estudadas. Inicialmente, é preciso destacar a média de ingestão muito baixa de cálcio, correspondente a 524,84mg, consumo de risco não somente para a préeclâmpsia, baseado nos estudos de Belizán; Villar (1980), Villar; Belizán (2000), Roberts et al. (2003), Ramos et al. (2006), Hofmeyr; Atallah; Duley (2009), Adamova, Ozkan e Khalil (2009), bem como para outros aspectos de saúde na gestação, dentre os quais redução da densidade mineral óssea fetal, bem como materna durante e no período pós-parto (KOVACS, 2001; ROSS et al., 2010) e nascimento de recém-nascidos pré-termo e de baixo peso (YANG et al., 2002). Contudo, o baixo consumo de cálcio parece ser comum especialmente entre gestantes, de forma que tem sido detectado em muitas outras populações: consumo médio de 692mg entre gestantes do Reino Unido (MOURATIDOU et al., 2006); 780mg, 565mg, 629mg e 658mg, respectivamente, entre caucasianas, africanas, asiáticas e afro-caribenhas, também do Reino Unido (RESS et al., 2005); 586,6mg entre gestantes adolescentes de Fortaleza, Ceará, Brasil (AZEVEDO; SAMPAIO, 2003); 435,03mg entre gestantes de Guarapuava, Paraná, Brasil (HEDRICH et al., 2007). Detectou-se não haver ingestão média diferenciada de cálcio conforme o número de fatores de risco apresentados pelas mulheres. Contudo, este achado pode ter sido influenciado pelo tamanho da amostra, bem como pelo fato de que a ingestão de cálcio da população em geral mostrou-se muito baixa. De acordo com Briceño-Pérez; Briceño-Sanabria; Gracia (2009), a suplementação de cálcio parece ser benéfica na redução do risco de pré-eclâmpsia em mulheres com baixo consumo do nutriente ou com ingestão no limite mínimo do recomendado, bem como naquelas consideradas de alto risco para a doença. Isto mostra a importância da avaliação de riscos para a doença em populações-alvo. Nessa perspectiva, o grupo aqui avaliado se enquadra na necessidade de tal suplementação, tanto pela baixa ingestão do nutriente, como pela alta prevalência de alguns fatores de risco. Realmente, o baixo consumo deste nutriente tem se mostrado, em uma variedade de estudos, envolvido com muitos dos fatores de risco para a préeclâmpsia. A este respeito tem-se verificado evidências de que: mulheres negras parecem ter menor ingestão de cálcio, assim como mulheres fumantes têm menor 82 ingestão que não fumantes (MORABIA; BERNSTEIN; ANTONINI, 2000; BEYDOUN et al., 2008), sendo este um motivo adicional para maior risco para pré-eclâmpsia (HAMET, 1995; PARK; YETLEY; CALVO, 1997); mulheres com menor consumo de cálcio têm maior risco de desencadeamento de excesso ponderal (ZEMEL et al., 2000; LIN et al., 2000; NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH CLINICAL CENTER, 2002; ZEMEL et al., 2004; BERGEL; BARROS, 2007) e de doenças crônicas que aumentam a incidência de pré-eclâmpsia, como hipertensão arterial (HAMET, 1995; MCMARRON; MOLLY; REUSSER, 1999; MILLER et al., 2000), diabetes melito (PITTAS et al., 2006; PITTAS et al., 2007), hipertrigliceridemia (LIU et al., 2005). Relativo ao consumo de cálcio conforme o estado nutricional anterior à gestação, percebeu-se que, excetuando-se as gestantes com baixo peso, o consumo médio de cálcio diminuiu à medida que aumentou o IMC, com diferença estatística significante. Heaney (2003), avaliando a relação entre o consumo de cálcio e o peso corporal de 564 mulheres não-gestantes, constatou que aquelas com excesso ponderal ingeriam menores quantidades de cálcio, detectando ainda que o ganho ponderal anual das mulheres com menor ingestão foi maior do que naquelas com ingestão adequada. Corroborando estes achados, Lin et al. (2000), estudando prospectivamente 54 mulheres eutróficas durante dois anos, detectaram menor ganho ponderal entre aquelas com consumo satisfatório de cálcio. O cálcio total ingerido, assim como aquele proveniente de alimentos lácteos, mostrou relação inversa com o peso total e com o percentual de gordura corporal. A inter-relação cálcio-peso corporal desatrelado da gestação já vem sendo estudada há algum tempo, fugindo do escopo do estudo detalhá-la. No que tange à relação entre ingestão de cálcio e estado nutricional no primeiro trimestre gestacional, percebeu-se que o consumo do nutriente foi menor à medida que aumentou o IMC, inclusive considerando as gestantes com baixo peso, também com diferença estatística significativa, podendo até sugerir que a relação entre cálcio e ganho ponderal talvez seja verdadeira também no que diz respeito ao ganho de peso durante a gestação. Contudo, são necessários mais estudos, com acompanhamento da evolução de peso durante toda a gestação, para que se possa obter achados conclusivos. A este respeito, Derbyshire (2008) afirma que uma dieta adequada em cálcio, a longo prazo, pode contribuir com a regulação do peso corporal e com a composição do mesmo durante e após a gestação. 83 A ingestão adequada de cálcio, portanto, através da dieta ou complementada por suplementos, pode ser uma estratégia adequada não só para o controle do ganho ponderal durante a gestação, mas, simultaneamente, para o controle deste fator de risco – o excesso de ganho de peso – para pré-eclâmpsia. Relacionado com a função endotelial, percebeu-se que o nutriente foi menos consumido pelas gestantes com função endotelial prejudicada, embora sem diferença estatística significante. Herrera et al. (2005) afirmam que uma ingestão adequada de cálcio ou a sua suplementação mantém os níveis de cálcio ionizado plasmático em um patamar fisiológico de tal forma que isto é crucial para a síntese normal de substâncias vasoativas no endotélio, tais como as prostaciclinas e o óxido nítrico, e conseqüentemente, contribui para a função normal do endotélio vascular. Os autores detectaram que a suplementação de cálcio reduziu em 78% o número de gestantes com disfunção endotelial. Um estudo clássico de López-Jaramillo et al. (1990) afirma que a síntese de óxido nítrico no endotélio é criticamente dependente da concentração extracelular de íons cálcio e que até pequenas mudanças nos níveis fisiológicos já afetam a liberação de óxido nítrico. Baseado nisto, já que a suplementação de cálcio não é consensual na prevenção de pré-eclâmpsia e de outras afecções associadas à disfunção de endotélio e, portanto não pode ser recomendada na prática clínica, deve-se pelo menos estimular um aumento das fontes destes nutrientes na dieta habitual, o que provavelmente já surtirá algum efeito e será benéfico na prevenção de outras afecções para as quais o consumo adequado de cálcio já é consensual, conforme exposto no início deste subcapítulo. Com relação ao ferro, percebeu-se uma relação inversa com o número de fatores de risco para a pré-eclâmpsia, com diferença estatística significante. Pode-se sugerir, portanto, que mulheres que tenham as variáveis idade, paridade, etilismo, tabagismo, raça auto-referida, história familiar de pré-eclâmpsia, história anterior da doença, status conjugal dentro da faixa de risco e excesso ponderal, estão com menor ingestão de ferro. Logicamente a ingestão de ferro aquém da EAR não é preconizada, em virtude dos outros prejuízos decorrentes da baixa ingestão do mesmo para a saúde gestacional, como: anemia, com repercussões maternas (como alterações cardiovasculares, perda sanguínea significativa durante o parto e redução da função imune) e fetais (como abortamentos, hipoxemia, prematuridade, restrição do 84 crescimento e infecções) (RODRIGUES; JORGE, 2010). No entanto, para a afecção em estudo, é o excesso de ingestão que configura risco potencial, como já exposto, de forma que acaba sendo um fator de risco a menos a baixa ingestão de ferro detectada, embora não se possa desconsiderar que quase um terço do grupo exibiu ingestão superior à UL. Há, ainda, uma hipótese de relação do ferro com a etiologia de doenças crônicas que elevam o risco de pré-eclâmpsia, apontando que uma baixa ingestão de ferro significaria maior risco para o desencadeamento de hipertensão arterial. Tzoulaki et al. (2008) detectaram papel protetor do ferro total e do ferro não-heme sobre a prevenção e o controle de altos níveis de pressão arterial em uma população de 4680 adultos japoneses ou norte-americanos, da faixa etária de 40 a 59 anos. Em relação ao diabetes melito, Tarim et al. (1999) estudando 37 pacientes adultos diabéticos tipo 1, detectaram que aqueles que receberam suplementação de ferro apresentaram queda nos níveis de hemoglobina glicada, o que sugeriu a existência de relação entre o estado nutricional de ferro e o controle glicêmico. Contudo, comparando-se a hipótese aqui adotada, que é concordante com a maioria dos estudos prospectivos que analisaram a relação entre o ferro e o risco de pré-eclâmpsia propriamente dita, percebe-se discrepância, pois estas pesquisas em sua maioria mostram este nutriente como oxidante e que, portanto, aumenta o risco para a doença (GUPTA et al., 1997; RAYMAN et al., 2002; TAHERIPANAH; FARKUSH; 2007; SIDDIQUI et al.; 2010). Baseado no exposto, percebe-se que a relação entre ferro e préeclâmpsia tem sido percebida, porém a associação específica entre este nutriente e a disfunção endotelial não tem sido muito estudada. Analisando esta relação nesta população, não se observou diferença significativa entre as médias de consumo de ferro comparando-se os grupos com função endotelial normal e função prejudicada. Reportando-se ao outro extremo, de nutrientes antioxidantes, detectou-se que, entre os cinco aqui avaliados, apenas zinco e vitamina C mostraram correlação inversa com os fatores de risco para pré-eclâmpsia, porém estatisticamente não significante, podendo estar presente a influência do tamanho da amostra sobre os achados. Evidências na literatura têm sugerido que este grupo de nutrientes, em quantidades adequadas durante a gestação ou suplementados neste período, reduzem a incidência da pré-eclâmpsia propriamente dita, visto que tem sido proposto que a doença refere-se a um estado aumentado de estresse oxidativo. 85 Resíduos de nitrotirosina, um marcador da formação de peroxinitrato e produto da reação entre óxido nítrico e ânion superóxido, um radical livre de oxigênio, têm sido encontrados nos vasos placentários de mulheres com pré-eclâmpsia, indicando estresse oxidativo (LÓPEZ-JARAMILLO; CASAS; SERRANO, 2001). Adicionado a isto, algumas situações, sejam elas afecções ou práticas de estilo de vida, são consideradas fatores de risco para pré-eclâmpsia e concomitantemente representam situações que geram estresse oxidativo ou o têm envolvido em sua patogênese, dentre as quais: diabetes melito (MADAMANCHI; VENDROV; RUNGE, 2005); doenças auto-imunes, como lupus (PINCEMAIL; DEFRAIGNE; LIMET, 1996); hipertensão arterial (MADAMANCHI; VENDROV; RUNGE, 2005); pré-eclâmpsia prévia (LÓPEZ-JARAMILLO; CASAS; SERRANO, 2001); idade, visto que o envelhecimento é fisiológico e resulta do dano cumulativo induzido por radicais endógenos, gerados particularmente pela mitocôndria (GIUSTARINI et al., 2009; MITTAL; KANT, 2009); tabagismo (BURKE; FITZGERALD, 2003; DONOHUE, 2006; TANRIVERDI et al., 2006); etilismo (ZIMA et al., 2001; WU; CEDERBAUM, 2004; ALBANO, 2006); excesso ponderal (OLUSI, 2002; FURUKAWA et al., 2004; MITTAL; KANT, 2009); raça negra (JAIN; MCVIE, 1994; PATRICK; HUBEL; ROBERTS, 2004); e hipertrigliceridemia (CEKMEN et al., 2003; LINHARES; CASTRO, 2005). Enfocando os antioxidantes em relação à função endotelial, vitamina C, vitamina E e magnésio mostraram-se menos consumidos pelas gestantes com função endotelial prejudicada. Entretanto, não houve diferença estatística significativa para estes achados, mais uma vez isto podendo ser influência do tamanho da amostra. O consumo de zinco foi semelhante entre os grupos. O consumo de vitamina A, correlacionado seja com o número de fatores de risco para a pré-eclâmpsia, seja com a avaliação da função endotelial, mostrou relação diretamente proporcional com as variáveis, mas sem diferença estatística para quaisquer delas. Entretanto, é possível que o tamanho da amostra não tenha sido suficiente para que estes achados tenham sido significativos. De acordo com Cuevas; Germain (2004), dentre todos os nutrientes antioxidantes, vitamina C, vitamina E e polifenóis são os mais suportados pela literatura quanto ao papel protetor sobre a função endotelial, desta forma, sendo diretamente relacionados à redução no estresse oxidativo. A vitamina C representa o primeiro antioxidante a ser exaurido nas situações de estresse (ZHANG et al., 2002). 86 Entretanto, nenhum dos nutrientes deste grupo que foram avaliados se correlacionaram significativamente com a função endotelial. Assim, conforme o exposto, percebe-se indícios na literatura de que, de maneira direta ou indireta, o consumo de antioxidantes pode exercer influência na etiologia da doença, embora isto não tenha se confirmado neste estudo. Para sal e sódio, detectou-se relação direta com o número de fatores de risco para pré-eclâmpsia, sem diferença estatística. No passado a restrição no consumo de sal (cloreto de sódio) era aconselhada durante a gestação como forma de reduzir o risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia. Entretanto, sabe-se hoje que esta estratégia não tem mostrado efeito sobre a prevenção da doença (BRICEÑO-PÉREZ; BRICEÑO-SANABRIA; GRACIA, 2009). De toda forma, embora não se preconize restrição, a recomendação é evitar o consumo excessivo de cloreto de sódio, isto é, superior a 5g, já que tem sido associado ao maior risco de desencadeamento de doenças crônicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003), muitas das quais, conforme já destacado, são relacionadas ao risco de pré-eclâmpsia. Nesse contexto, a ingestão média encontrada (Tabelas 24 e 25), foi superior a esta preconização, colocando as gestantes em risco, independente de se avaliar fatores de risco gerais associados à doença ou função endotelial normal ou prejudicada. Não foi percebida diferença estatística, entretanto, o consumo médio de sal e de sódio aumentou com o número de fatores de risco, havendo possibilidade do tamanho da amostra não ter sido suficiente para identificar diferenças significativas. Apesar da relação direta de sal e sódio com o prejuízo na função endotelial não ter sido confirmada no presente estudo, Bragulat e de La Sierra (2002) afirmam que entre a ingestão dos mesmos e a hipertensão arterial, fator de risco para pré-eclâmpsia já mencionado, existem mecanismos que não estão completamente esclarecidos, mas que a disfunção de células endoteliais, e especialmente a síntese e liberação de óxido nítrico parecem estar envolvidos e que indivíduos que são sensíveis ao sal apresentam um grau maior de disfunção que os demais indivíduos. Destaque-se, adicionalmente, que o consumo generalizado alto pelo grupo também inviabiliza detectar associação dos dois componentes com os fatores de risco para a doença. 87 Os ácidos graxos poliinsaturados e a relação de ω6: ω3 mostraram relação direta com o número de fatores de risco para pré-eclâmpsia, porém com diferença estatística somente para os ácidos graxos ω6. Clausen et al. (2001) verificaram que as gestantes com um consumo maior da associação de ácidos graxos ω3 e ω6 (superior a 7,5% do valor calórico total da dieta) apresentaram risco 2,6 vezes maior para o desenvolvimento da préeclâmpsia propriamente dita que aquelas com menor consumo (igual ou inferior a 5,2% do valor energético total). Portanto, os achados deste estudo podem sugerir que um percentual de ω3 mais ω6 superior a 7,5% do valor calórico total, que em dieta de 2000 calorias equivalem a 16,67g, já significariam um risco maior para a doença. Williams et al. (1995) e Mahomed et al. (2007) também perceberam que maiores níveis de ácidos graxos ω6 nos eritrócitos parecem ser associados a um risco aumentado de pré-eclâmpsia. Mahomed et al. (2007) detectaram em mulheres do quartil máximo de ω6 eritrocitário um odds ratio de 1,29 para a doença. Embora a relação entre os ácidos graxos e a função endotelial não tenha sido percebida neste estudo, Wang et al. (2008) afirmam que ao aumentar a proporção de ácido linolênico (ômega 3) na dieta em relação à de ácido linoléico (ômega 6) consegue-se mediar satisfatoriamente a disfunção do endotélio vascular, inclusive quando esta é provocada por fatores inflamatórios. No presente estudo, encontrou-se relação consideravelmente elevada (11,49:1), se considerada a proporção sugerida por Otten et al. (2006) de 5:1 a 10:1. Isto, por si só, já sugeriria risco para a pré-eclâmpsia considerando-se as evidências na literatura já mencionadas acerca da relação que a função endotelial exerce com a etiologia da doença, embora isto não tenha sido percebido no presente estudo, em virtude, novamente, de um possível tamanho limitado da amostra, bem como do fato de que como a população em geral apresentou um consumo elevado, isto pode ter dificultado a detecção de alguma inter-relação. Quanto ao consumo de folato, o mesmo não diferiu entre os grupos com diferentes números de fatores de risco para pré-eclâmpsia, bem como entre aqueles com função endotelial normal e prejudicada. Contudo, testes clínicos têm detectado função endotelial prejudicada em mulheres com hiperhomocisteinemia, bem como têm percebido que a suplementação crônica com ácido fólico tem melhorado o prejuízo ao tônus vascular, benefício decorrente de um possível efeito antioxidante 88 do ácido fólico, por meio da redução do ânion superóxido intracelular, ou de um aumento direto da produção de óxido nítrico (DOSHI et al., 2001). Nesta perspectiva, como o uso de suplementos de ácido fólico, isolado ou associado, atingiu 58,80% das mulheres, a ingestão do nutriente melhorou, o que pode ter mascarado alguma inter-relação, mesmo com o pequeno período de suplementação. Acerca da proteína, não foi percebida qualquer tendência de correlação com o número de fatores de risco para a doença em estudo. Detectou-se menor média de consumo do nutriente entre as gestantes com função endotelial prejudicada, como esperado (BRAGULAT; DE LA SIERRA, 2002; CUEVAS; GERMAIN, 2004), mas sem diferença estatística. A este respeito, Westphal et al. (2006) perceberam, em um estudo envolvendo pequeno tamanho amostral e avaliando efeitos a curto prazo, que o uso de proteína adicional reduziu a disfunção endotelial resultante da lipemia pósprandial, resultado favorável principalmente quando utilizada a proteína da soja. O mecanismo envolvido pode ser indireto, via efeito insulinotrópico da proteína, ou direto, a partir do estímulo à atividade da enzima óxido nítrico sintetase (eNOS), visto que a oferta de L-arginina foi aumentada com o adicional de proteína. Os autores sugeriram que o efeito observado pode ser promissor a longo prazo. No presente estudo, pôde-se perceber que 82,40% da população apresentou consumo de proteína além da EAR do macronutriente, o que poderia sugerir, considerando o achado de Westphal et al. (2006), proteção em relação à disfunção do endotélio vascular. Entretanto, da mesma forma que para a relação entre os ácidos graxos, é provável que o fato do consumo adequado ser generalizado na população tenha impossibilitado a detecção de correlação significativa. Acerca das fibras, também não se percebeu qualquer evidência de correlação com o número de fatores de risco portados pelas gestantes. Detectou-se menor média de consumo do nutriente entre as gestantes com função endotelial prejudicada, como esperado (BRAGULAT; DE LA SIERRA, 2002; CUEVAS; GERMAIN, 2004), com diferença próxima à significância. Qiu et al. (2008) avaliaram o consumo desse nutriente 3 meses antes da gestação e durante o início da mesma, entre 1538 gestantes norte-americanas, através de um questionário de freqüência alimentar e investigaram se esta ingestão exerceria influência sobre a redução do risco de pré-eclâmpsia. Os autores perceberam que o risco relativo de pré-eclâmpsia para as mulheres no quartil 89 máximo de consumo (igual ou superior a 21,2g/dia) comparado às mulheres do menor quartil (inferior a 11,9g/dia) foi equivalente a 0,28, deduzindo-se que as fibras teriam papel protetor sobre a doença. Adicionalmente, os autores perceberam uma relação inversa entre o consumo de fibras e os níveis plasmáticos de triglicerídios., sugerindo que a proteção exercida pelo macronutriente teria relação com a atenuação da hipertrigliceridemia, que é um fator de risco importante para a préeclâmpsia. Novamente, percebe-se que o consumo de fibra da população em estudo situa-se aquém do ponto de corte de outros estudos cuja relação com a doença tem sido evidenciada. Ainda sobre as fibras, Esposito et al. (2004) observaram que uma maior ingestão pode melhorar o estado inflamatório, o estresse oxidativo e a disfunção endotelial provocada por doenças crônicas, em especial relacionadas com resistência à insulina, ou outros fatores estressantes, principalmente quando associada a outros componentes dietéticos com capacidade antioxidante. Na população do presente estudo foi detectada média de consumo (18,54g) bem aquém da EAR, de forma que 87,98% da população esteve abaixo deste limite, o que pode ter mascarado alguma inter-relação entre fibras e função endotelial. Acerca do potássio, comportamento semelhante ao das fibras quanto ao número de fatores de risco e função endotelial foi detectado. Embora nenhuma relação entre o potássio e a doença em estudo tenha sido detectada nesta pesquisa, a literatura traz alguns achados. Frederick et al. (2005), em estudo com 172 mulheres com pré-eclâmpsia e 339 normotensas, evidenciaram um odds ratio de 0,49 entre as gestantes pertencentes ao quartil máximo de ingestão de potássio (consumo superior a 4,1g/dia) comparado ao quartil mínimo (consumo inferior a 2,4g/dia), sugerindo, portanto, papel protetor do potássio em relação à pré-eclâmpsia. É relevante destacar que o consumo de potássio das mulheres do quartil máximo de ingestão do estudo de Frederick et al. (2005) é bem próximo da AI para o eletrólito, que corresponde a 4,7g/dia (Otten et al., 2006). Se considerado este ponto de corte de proteção de 4,1g/dia de potássio, evidenciada no estudo de Frederick et al. (2005), pode-se afirmar que a população da presente pesquisa encontra-se em risco importante para pré-eclâmpsia, visto a média detectada de 1,68g/dia de consumo de potássio na população. Assim, de maneira geral, alguns resultados contraditórios, foram percebidos. Para as calorias, ácidos graxos ω6, sal e sódio, por exemplo, sobre os 90 quais se esperava maior ingestão entre as mulheres com disfunção endotelial (BRAGULAT; DE LA SIERRA, 2002; CUEVAS; GERMAIN, 2004), evidenciou-se menor média de consumo destes fatores dietéticos entre as gestantes com função endotelial prejudicada, contudo sem diferença estatística significante. Para o ferro, sobre o qual a maioria absoluta dos estudos o traz como um risco para a doença, mostrou-se fator protetor em relação ao número de fatores de risco, com significância. Achados contraditórios em relação à participação de nutrientes na função endotelial também têm sido percebidos por outros autores. Rudolph et al. (2007) realizaram um estudo comparativo entre os efeitos obtidos sofre a função endotelial com o consumo de três diferentes tipos de refeições, sendo um fastfood convencional, que seria a alternativa menos saudável, e dois fastfoods mais saudáveis, um rico em micronutrientes e outro com teor menor dos mesmos, conforme descrito a seguir: um hamburger de carne bovina com batatas fritas, catchup e bebida carbonatada soda sabor limão; um hamburguer vegetariano com batatas fritas, catchup e a mesma bebida; um hamburguer vegetariano contendo salada, frutas, iogurte e suco de laranja. Contrariamente ao que esperavam, os autores observaram que o efeito a curto prazo sobre a reatividade vascular das refeições ricas ou pobres em micronutrientes não diferiu significativamente. Baseado no exposto, percebe-se que novamente a relação entre os fatores dietéticos e o risco para pré-eclâmpsia não se confirmou, permanecendo ainda bastante obscura. As únicas associações evidenciadas foram: relação inversa entre ingestão de cálcio e IMC pré-gravídico e atual; relação inversamente proporcional entre consumo de ferro e número de fatores de risco para préeclâmpsia; relação direta entre consumo de ácidos graxos ω6 e número de fatores de risco para a doença. Uma das limitações do estudo que não pode deixar de ser comentada e já foi evidenciada em algumas análises, é a questão do tamanho da amostra, que pode ter comprometido a relevância de alguns achados. Por outro lado o presente estudo reduz uma importante lacuna na discussão de fatores dietéticos versus pré-eclâmpsia. Toda a literatura levantada aponta dois aspectos importantes: em primeiro lugar há escassez de abordagem do tema e, em segundo lugar, percebe-se que alguns estudos que foram realizados no passado, não foram utilizados como subsídios para o desenvolvimento de outros, à 91 luz de novos conhecimentos e à luz de procedimentos mais acurados para avaliação nutricional que surgiram nos últimos anos. Desta forma, não se sabe, sequer, se o tamanho da amostra realmente influenciou a análise estatística dos achados ou se realmente não há associação entre os fatores estudados e o risco de pré-eclâmpsia. Destaque-se, ainda, que em muitas análises, o grupo se mostrou tão homogêneo no que tange à dieta, que algumas associações podem não ter sido percebidas. Espera-se que este estudo seja útil para o desenvolvimento de outros, que possam estabelecer, de forma definitiva, numa abordagem geral, a presença ou ausência de inter-relações entre pré-eclâmpsia, fatores modificáveis e não modificáveis, aí se incluindo os fatores nutricionais e, de uma maneira específica, a presença ou ausência de inter-relações entre pré-eclâmpsia, disfunção endotelial, dieta, cálcio e componentes dietéticos anti-oxidantes. Nesta perspectiva, parece bastante recomendável que pesquisas similares á pesquisa maior que originou o presente estudo, caso realizadas, tenham em seu desenho metodológico a inclusão da investigação de fatores nutricionais. Finalizando, fica clara a necessidade de um cuidado nutricional dirigido às gestantes com ingestão de risco dos nutrientes avaliados, senão pela sua relação com a pré-eclâmpsia, ainda não consensual, mas pelos efeitos benéficos que o consumo adequado pode trazer a outras afecções, gestacionais ou não, cuja associação já é evidente. É demandado que o acompanhamento nutricional ocorra não somente nas semanas gestacionais que se sucedem, mas também no período de lactação, em virtude dos benefícios decorrentes para a saúde da mãe e do recém-nascido. O cuidado nutricional também deve se voltar, de maneira especial, para aquelas mulheres que já iniciaram a gestação com excesso de peso, em virtude dos prejuízos acarretados pelo mesmo durante a gestação, para a mãe e para o recém-nascido, bem como para a mulher na pós-gestação. 92 CONCLUSÕES Os fatores de risco para pré-eclâmpsia mais prevalentes entre as gestantes foram, respectivamente, a raça não branca (80,69%), a nuliparidade ou primiparidade (80,26%) e a disfunção endotelial (58,80%); a maioria das gestantes apresentou 2-3 fatores de risco para a doença (64,81%); embora não maioria, foi a alta a prevalência de excesso ponderal pré-gravídico (32,62%) e atual (40,78%). A dieta das gestantes avaliadas foi pobre em fibras, cálcio, magnésio e potássio; houve excesso de ingestão de sal e sódio e foi elevada a proporção de ácidos graxos ômega 6:ômega 3. A ingestão de cálcio total (dieta e suplemento) mostrou-se muito baixa, aquém da EAR para o micronutriente, com média na população correspondente a 524,84mg ± 295,91mg; 84,55% das gestantes possuíam ingestão diária de cálcio abaixo da EAR. O consumo de cálcio mostrou correlacionar-se de maneira inversamente proporcional com o índice de massa corporal pré-gravídico e atual; não houve associação com outros fatores de risco A ingestão de ferro e de ácidos graxos ω6 mostrou, respectivamente, relação inversa e direta com o número de fatores de risco para pré-eclâmpsia. Não foi observada associação significante entre quaisquer dos fatores dietéticos avaliados e função endotelial. 93 REFERÊNCIAS ADAMOVA, Z.; OZKAN, S.; KHALIL, R. A. Vascular and cellular calcium in normal and hypertensive pregnancy. Current Clinical Pharmacology, v. 4, n. 3, p. 172-190, sept. 2009. AGATISA, P. K.; NESS, R. B.; ROBERTS, J. M.; CONSTANTINO, J. P.; KULLER, L. H.; MACLAUGHLIN, M. K. 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Rua/Av: ___________________________ 7. Nº_________ 8. Bairro: __________ 9. Fone: ________10. Profissão: ___________11. Procedência:________ 12. Etnia 1 ( ) branca 2 ( ) negra 13. Paridade: 0 ( ) 1 ( ) 2( 3( ) parda ) 3 ( ) 4 ou mais ( II. DADOS DA HISTÓRIA (S = SIM ; 4( )outros ) 14. G___P___A___ N= NÃO) 15. Pre-eclâmpsia anterior- 1s ( ) 2n ( ) 16. Tabagismo 1s ( ) 2n ( ) 17. Alcoolismo 1s ( ) 2n ( ) 18. Drogas ilícitas - 1s ( ) 2n ( ) 19. Familiares com pré-eclâmpsia 1s ( ) ( ) mãe 2n ( ) Quem? ( ) irmã OUTRA: _____ 124 20. Concepção: 1 espontânea ( ) 2 indução 21. Planejamento da gravidez: 1 planejada ( ) ( ) 3 fiv ( ) 2 não planejada ( ) 22. Ácido fólico: 1 prévio a concepção ( ) 2 inicio 1º trim ( ) 3 não toma ( ) 23. Doenças crônicas: 1 hipertensão ( ) 2 diabetes ( ) 3 SAF ( ) 4 trombofilia ( ) 5 HIV( ) 6 anemia falciforme ( ) 7 outras ( ) QUAIS: ______________ 8 Ameaça de aborto: 1s ( ) 2n ( ) III. EXAME FÍSICO 23. Peso: ______________ 26- PA x 24.Altura:______________ 25. IMC: _________ 26 - PAD 27. labstix – proteinúria - s ( ) n ( ) IV- MEDIDAS ULTRA-SONOGRÁFICAS Embrião 28. CCN - mm 29 IG- ____ semanas e ____ dias 30. Osso nasal – 1s ( ) 2 n ( ) 31 medida: _____ mm Artéria braquial 32 em repouso - mm 33 dilatação fluxo mediada – 30‖- mm 60‖ - mm 125 34 índices IR - IP - Artéria uterina Dopplerfluxometria artéria uterina direita 35 incisura: 1 s ( ) Medidas índices: 2n ( 36 IR - ) 37 IP- 38 A/B - Dopplerfluxometria arteria uterina esquerda 39 incisura: 1 s( ) 2n ( ) Medidas dos índices 40 IR - 41 IP- 42 A/B 43 média do índice de pulsatilidade : (37+41)/2 = _____ Artéria Oftálmica 44 IR - 45 IP- 46 A/B PS PD1 47 Razão de pico: PD1/PS = V – EXAMES DE ROTINA PRÉ-NATAL 1. Glicemia 2. ABO/RH 3. HC - *(Hb 4. VDRL 5. Sumário de urina 6. Anti-HIV 7. HBSAg 8. TSH 9. Colesterol e TGC Ht Leuc Plaq anti hbS VI- DESFECHO Data- ____/___/______ 48 Idade gestacional: ______________ 49 Tipo de parto: 1 normal ( ) 2 cesárea ( ) 50. Hospital: ___________________ 51. Prontuário nº: ___________ 52. Indicação ( se cesariana):_____________________________________ 53. Hipertensão 1s ( ) 2 n( ) - _____x _____mmHg ) 126 54. Proteinúria: 0 ( ) 1 + ( 55. Peso fetal- ) 2 ++ ( ) 3 +++ ( ) 4 ++++ ( ) gramas 56. Percentil na curva de Lubchenco : ______ 57 -APGAR- 1º’ e 5º min- ( ____ e _____) I. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 58 icterícia ( ) 62. edema ( ) 59 cefaléia ( ) 63. turvação visual ( ) 60. Dor abdominal ( ) 64. sangramentos ( ) 61. coma ( ) 65. Vômito ( ) II. DADOS LABORATORIAIS Exames sorológicos e laboratoriais: (+) reagente e (-) não reagente. 66 VDRL _____________ 71. TGP _____________ 67. Teste glicêmico _____________ 72. LDH _____________ 68. Plaquetas _____________ 73. proteinúria _____________ 69. HIV _____________ 74 Acido úrico _____________ 70. TGO _____________ _____________ 127 ANEXO II PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 128 APÊNDICES 129 APÊNDICE I Universidade Estadual do Ceará Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública – CMASP “Relação entre cálcio dietético e fatores de risco para desenvolvimento de préeclâmpsia” RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24h Recordatório 24h 1º. Dia Nome: _______________________ Sexo: _______________ Data da entrevista: ____________________ Dia da semana: ________________ Refeição / horário Ingredientes Desjejum Lanche Almoço Lanche Jantar Uso de suplementos de cálcio/vitamínico-mineral? Consumo de sal e óleo por mês? Nº de pessoas que consomem refeição em casa? Quantidade caseiras) (medidas Quantidade gramas / ml) (em 130 Recordatório 24h 2º. Dia Nome: _______________________ Sexo: _______________ Data da entrevista: ____________________ Dia da semana: ________________ Refeição / horário Desjejum Colação Almoço Lanche Jantar Ceia Ingredientes Quantidade caseiras) (medidas Quantidade gramas / ml) (em 131 APÊNDICE II Identificador: ________ Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo convidada a participar do estudo: “PREDIÇÃO DE PRE-ECLÂMPSIA ATRAVÉS DO TESTE TRÍPLICE VASCULAR”. Nesse estudo, os pesquisadores pretendem identificar as pacientes de maior risco a desenvolver pré-eclâmpsia no final da gravidez. Os exames realizados neste estudo não trarão prejuízos a gestante nem ao feto. Para isso, será necessária uma primeira consulta com os exames físicos, ultra-sonográficos e 6 ml de sangue periférico, que já fazem parte da rotina pré-natal. Você deve se comprometer em dar informações corretas ao questionário e entrar em contato com o corpo de pesquisadores quando no momento do parto. A sua participação nesse estudo não lhe acarretará nenhum benefício no tratamento e apenas no final do estudo poderemos concluir se há uma relação entre os dados ulra-sonográficos e clínicos com o aparecimento da doença. As amostras da placenta poderão ser obtidas e estocadas na Universidade Federal do Ceará e poderão ser utilizadas em estudos futuros. Caso decida participar, você não receberá nenhum tipo de pagamento, mas também não terá nenhuma despesa com a pesquisa. Você poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento sem prejuízo ao seu atendimento, cuidado e tratamento. Os resultados obtidos durante a pesquisa serão mantidos em sigilo e os pesquisadores não identificarão o paciente por ocasião da exposição e/ou publicação dos mesmos. Você poderá ser informado dos resultados da pesquisa, para isso, entre em contato com os investigadores: Júlio Augusto Gurgel Alves e Dr prof. Fabrício da Silva Costa no Departamento de Saúde Pública da Universidade Estadual do Ceará. Fones: 3101-9826 (Secretaria), (85) 8851-1081 (Júlio) e 3101-9826 (Prof Dr Fabrício). Você poderá procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do HGF (fone: 3101-3272 ) se quiser esclarecer alguma dúvida sobre a ética da pesquisa ou apresentar recursos ou reclamações em relação a esse estudo. Declaração Eu, ________________________________________________________, aceito participar do estudo: “Predição de Pre-Eclâmpsia através do Teste Tríplice Vascular” e declaro que fui adequadamente informado sobre a pesquisa. Fortaleza, ____ / ____ / ____. ______________________________________________ Assinatura do paciente ____________________________________________ Assinatura da testemunha (se menor ou analfabeto) ________________________________ Assinatura do pesquisador ________________________________ Assinatura do pesquisador