Administração n.º 98, vol. XXV, 2012-4.º, 1111-1125 ¨O envelhecimento da Nova Gestão Pública: contributo para uma etapa de contradições* Yan Haina** Nos últimos 30 anos, a Nova Gestão Pública ocupa uma posição dominante na teoria e na prática da administração pública. A Nova Gestão Pública defende uma remodelação governamental e reforma administrativa orientado para o mercado, um desempenho orientado para os resultados, privatização e terceirização (“outsourcing”) de contratos, serviços orientados para o cliente, a conceder mais autonomia aos gestores, bem como a abolição da burocracia1. Esta campanha começou no início de 1980, atingiu o seu pico na década de 1990 e até à actualidade ainda é influente no campo da administração pública2. A par desta Nova Gestão Pública a “caminhar para a terceira idade”, os investigadores começaram a ter um pensamento mais sóbrio e cuidado na onda do pleno andamento da reforma da gestão pública e suas contradições potenciais. “Tanto os defensores como os cépticos da nova gestão pública começaram também a interrogar-se sobre se a teoria e a prática da nova gestão pública é adequada ou satisfatória, expressam a sua insatisfação com a prática da nova gestão pública, criticam as suas ideias e premissas e procuram as alternativas possíveis.”3 * Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, 14(3), 267-282. ** Professor Associado, Director do Departmento de Administração Pública da Universi- dade Normal do Sul da China. 1 Raadschelders, J.C.N., e Lee, K.H. (2011). Trends in the Study of Public Administration: Empirical and Qualitative Observations from Public Administration Review, 20002009. Public Administration Review, 71(1), p.25. 2 rudney, J.L., e Wright, D.S. (2002). Revisiting Administrative Reform in the American States: The Status of Reinventing Government during the 1990s. Public Administration Review, 62 (3), 353–361; Moynihan, D.P. (2008). The Dynamics of Performance Management: Constructing Information and Reform. Washington, D.C.: Universidade de Georgetown. 3 Raadschelders, J.C.N., e Lee, K.H. (2011). Trends in the Study of Public Administration: Empirical and Qualitative Observations from Public Administration Review, 20002009. Public Administration Review, 71(1), p.25. 1111 1112 Deve-se admitir que, em “Qualquer projecto de reforma administrativa existem alguns elementos contraditórios e podem produzir alguns efeitos colaterais inesperados (...) as medidas de reforma extremamente confiantes e a incapacidade de prever os efeitos colaterais ou a reacção da reforma são um fenómeno comum na história da reforma governamental”4. Na reforma da nova gestão pública em si também existem alguns elementos contraditórios e, inevitavelmente, existem algumas consequências inesperadas. Quando examinamos a nova gestão pública, as questões a que muitas vezes precisamos de responder são: Primeiro, como uma tendência global da reforma governamental, pode a nova gestão pública tornar-se num modelo normativo? Até que ponto é universal? Segundo, a nova gestão pública defende a descentralização, cliente em primeiro lugar e dota de mais poder os empregados de nível operacional5, o que parece promover o desenvolvimento da democracia; mas será que realmente contribui para o desenvolvimento da verdadeira democracia? Terceiro, a nova gestão pública dá ênfase à eficiência, à produtividade e a outros indicadores económicos. Será que irão enfraquecer a responsabilidade do governo para com os cidadãos e a sociedade civil? I. Modo de especificação ou análise empírica? A nova gestão pública tem sido identificada como um meio eficaz para corrigir as desvantagens da burocracia tradicional; no entanto, digno de atenção é que a nova gestão pública não pode retirar exactamente o erro cometido pelo passado sistema burocrático tradicional. “Na verdade, a nova gestão pública também repete os erros do sistema burocrático tradicional, tende à universalização excessiva de um único caso enraizada numa única cultura, e promovê-la como padrão universal”.6 Mais precisamente, salienta-se que: “Reformadores da nova gestão pública, muitas vezes repreendem, severamente, que a reforma burocrática é excessivamente rígida 4 Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, 14(3), p.277. 5 National Performance Review, (2004). From Red Tape to Results: Creating a Government that Works Better and Costs Less. Em Shafritz, J.M., Hyde, A.C., e Parkes, S.J. (Eds.), Classics of Public Administration (5a edição., pp. 558-561). Belmont, CA: Wadsworth. 6 Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, 14(3), p.278. 1113 «tipo tamanho único, que serve a todos» e com falta de flexibilidade, mas muitas vezes vista como princípio de «tamanho único», a ser aceite na prática sem hesitação, sendo o grau de rigidez ainda mais elevado”. “A crítica mais comum da nova gestão pública é: “Tanto os defensores como os céticos tendem também a explorar as vantagens e desvantagens do conceito de nova gestão pública, independentemente do programa da reforma, especialmente no plano da reforma nos países em desenvolvimento, ou, até um certo ponto, é conveniente para este modelo”.7 Na prática, as pessoas tendem a aceitar a nova gestão pública como um modelo normativo e, raramente, desafiam os pressupostos e o valor básico da sua teoria. Em grande parte, a nova gestão pública é um reflexo da construção ocidental; reflecte essencialmente os valores da sociedade ocidental, o valor que parece implícito está no seio da cultura ocidental e com um forte senso de superioridade cultural. A nova gestão pública foi perseguida pelos reformadores, muitos deles dos países em desenvolvimento, “para aprender a experiência avançada dos países ocidentais”, “para aprender com os países ocidentais”, “modelados sob a reforma ocidental”, “práticas ou opiniões dos outros são capazes de fornecer uma referência e ajudar-nos a corrigir os próprios erros ou falhas” parece tornar-se uma espécie de moda. Portanto, um fenómeno que frequentemente se observa no processo da reforma administrativa é que a nova gestão pública é adoptado como um remédio de forma acrítica, mas na verdade, o chamado “remédio” pode efectivamente não “resolver os problemas”, a sua criação é baseado num sistema muito pobre8. Por exemplo, o e-governo como parte do movimento da nova gestão pública, tem como finalidade criar um governo mais transparente e responsável, é quase uma pressão global ou crença normativa. No entanto, Wong e Welch (2004) fizeram um resultado empírico “e-governo sobre o impacto da responsabilidade governamental” em 14 países, e o resultado mostra que, se o governo electrónico pode aumentar a responsabilidade do governo depende muito do tipo de burocracia e do ambiente político nos diferentes países. Em alguns países, em que o pensamento e comportamento burocrático são como os governantes do país , os burocratas administrativos são mais 7 Martin Minogue, Charles Pori Dano, David Hume (2002). Looking beyond the New Public Management, Journal of Beijing Administrative College (Instituto Superior de Administração de Pequim) , p.93. 8 Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, 14(3), p.278. 1114 propensos a controlar o uso da informação na introdução do governo electrónico e o processo de gestão, a fim de fortalecer o seu próprio poder. Nos países fortemente administrativos, controlados pela burocracia executiva e pela falta de mecanismos de controlo eficazes dos políticos eleitos e da sociedade civil, a introdução do governo electrónico pode levar a um governo mais irresponsável e opaco.9 Isso mostra que o sistema de prestação de contas do e-governo não é uma simples questão de tecnologia de informação, mas o problema relaciona-se com as culturas, as características da burocracia e as qualidades políticas em diferentes países. Portanto, precisamos de pensar mais profundamente se os valores e premissas por detrás da nova gestão pública são também bons por natureza. Se eles representam realmente um conjunto de regras, que podem ser amplamente utilizadas em contexto cultural e político diferente. “Devido à característica da ideologia do movimento da reforma da nova gestão pública, os reformadores da nova gestão pública são suspeitos de mecanismos e de iniciativas de reforma importadas de outros países aos quais faltam evidências empíricas.”10 Por exemplo, porque é que a reforma da Nova Zelândia é a mais substantiva? Ao mesmo tempo, quando os reformadores da nova gestão pública elogiam muito o modelo da reforma da Nova Zelândia, negligenciam os profundos factores políticos de influência da reforma. Na verdade, a razão pela qual as reformas implementadas na Nova Zelândia são tão fáceis, depende de um elevado grau de apoio político - o seu movimento de reforma recebe o apoio de dois partidos políticos. Além disso, a Nova Zelândia não tem constituição escrita, é um sistema unitário, em vez de um sistema político federal, um sistema legislativo unicameral e um sistema de serviço civil não partidária. Do mesmo modo, porque é que a influência da reforma administrativa nos Estados Unidos é menor? Isto porque a estrutura federal dos Estados Unidos é a maior estrutura de poder descentralizada do mundo. Além disso, a reforma da nova gestão pública nos Estados Unidos iniciou-se dentro do próprio país, enquanto que nos outros países foi lançada a ní9 Wong, W., e Welch, E. (2004). Does E-Government Promote Accountability? A Comparative Analysis of Website Openness and Government Accountability. Governance: An International Journal of Policy, Administration, and Institution, Vol.17, N.o 2, pp.275-297. 10 Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, Vol.14, N.o.3, pp.278. 1115 vel nacional11. Infelizmente, os reformadores da nova gestão pública não consideraram plenamente sobre as evidências supramencionadas, até ignoraram as dificuldades internas da reforma, pensaram que a reforma em todos outros países podiam ser facilmente implementadas, assim como no Reino Unido, na Nova Zelândia, na Austrália e em outros países. “Os reformadores da nova gestão pública muitas vezes salientam a aceitação de «aprendizagem baseada em evidências» (evidence-based learning), mas na prática da reforma da nova gestão pública sempre se preferiu uma livre apreciação das evidências, mostrando o que Robert Merton mencionou sobre a amnésia do sistema científico. Isso nos lembra a máxima de Spinoza: aquelas pessoas que ignoram o passado estão condenadas a repetir novamente.12 Os defensores da nova gestão pública caiem facilmente na armadilha da ideologia; muitas vezes vêm a nova gestão pública como um modelo normativo e raramente questionam e avaliam hipóteses como: “a concorrência pode promover a melhoria do desempenho e da eficiência”. No entanto, alguns estudos empíricos nos contratos de serviços sociais na Florida mostram que a concorrência pode levar a uma frequente substituição no provedor de serviço, mas não leva a um melhor desempenho. Por outras palavras, não há nenhuma ligação necessária entre a concorrência e o desempenho. Para os empreiteiros de um contrato de prestação de serviços, celebrado após através de um processo de licitação pública, o seu desempenho não está nem acima nem abaixo do gerado pela contratante um contrato de programa não-competitivo.13 Outro exemplo: a maioria dos novos gestores públicos consideram a terceirização dos contratos como ferramenta administrativa para reduzir custos, melhorar a qualidade dos serviços e atingir importantes fins públicos, mas raramente questionam a evidência empírica por detrás do contrato de terceirização. Os contratos de terceirização são amplamente considerados como uma prática normativa nos 50 estados dos Estados Unidos. No projecto de 11 Box, R.C., Marshall, G.S., Reed, B.J., & Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o.5, pp.613. 12 Hood, C., e Peters, G. (2004). The Middle Aging of New Public Management: Into the Age of Paradox? Journal of Public Administration Research and Theory, Vol.14, N.o.3, pp.278. 13 Lamothe, M., e Lamothe, S. (2010). Competing for What? Linking Competition to Performance in Social Service Contracting. American Review of Public Administration (Revista de Administração Pública Americana), Vol.40, N.o.3, pp. 345. 1116 pesquisa “1998 U.S. States public managers Project Survey” dos gerentes públicos dos Estados dos EUA 1998, mostra-se que mais de 70% das instituições nos estados dos EUA reflectem que têm tomado como meio de prestação de serviços públicos o contrato de terceirização. No entanto, será que a terceirização do contrato reduz, realmente, os custos do governo e que houve melhoria na qualidade dos serviços? Os novos gestores públicos realmente não suspeitam que por detrás do contrato de terceirização haja falta de evidências. Na verdade, o uso da terceirização do contrato na área do serviço público, não produz tais efeitos alegados pelos seus defensores. Nas instituições do governo estadual que adoptaram o contrato de terceirização, apenas 50% das instituições relataram que o contrato de terceirização melhorou a sua qualidade de serviço e apenas um terço das instituições informou que o contrato de terceirização reduziu o custo de seus serviços.14 Tal como a nova gestão pública, a governação15 em muitos casos tem sido vista como uma hipótese normativa e parece que deve ser boa, adequada ou racional. Em que medida este conceito pode tornar-se ou não numa realidade, não é levantada qualquer dúvida. Este ponto de vista tem, geralmente, falta de evidências empíricas para ser sustentado, 14 Brudney, J.L., Fernandez, S., Ryu, J.E., e Wright, D.S. (2005). Exploring and Explaining Contracting Out: Patterns among the American States. Journal of Public Administration Research and Theory, Vol.15, N.o.3, pp. 393–419. 15 A nova gestão pública representa um movimento mundial de reforma; foi desenvolvida e apresenta diferentes abordagens para a implementação de políticas públicas e prestação de serviços públicos, tais como técnicas de gestão e alocação de recursos, que adoptaram do mercado, e é mais dependente dos departamentos privados na prestação de serviços públicos, bem como diminuir o papel do governo na sociedade através da racionalização e descentralização. Estas mudanças são desafios à teoria da administração pública existente, porque eles estão remodelando o núcleo do conceito as matérias académicas. “Público” significa que os investigadores da administração pública reconsideram a fundamentação teórica das matérias académicas, a fim de as sincronizar com a prática da reforma na definição tradicional de administração pública. A partir do sentido amplo, a “governance” representa esta nova forma de pensar, tanto como um conceito ou uma descrição geral especializada para os académicos da administração pública ou a descrição geral do objecto que eles estão a investigar. Portanto, podemos dizer que ““governance¡” é um conceito mais amplo que é o conceito-chave de literatura diferenciada, mesmo da teoria tradicional, a fim de satisfazer e responder ao papel do governo e à prática para as mudanças nessas décadas. Rigorosamente falando, não existe uma definição geral sobre a “governance”, é mais provável que represente a mudança da realidade da era, mas não um sistema teórico com coerência e clareza. 1117 e forte tonalidade de preconceitos, sendo fácil de deslizar numa estrada perigosa. “O debate actual do uso do conceito de governação não se limita a uma função de análise, que contém algumas conotações de modelo. Isto causa a distorção da análise dos riscos e das potencialidades da estrutura administrativa.”16 Na verdade, o conceito de governação, em vez de estudos tradicionais no governo, pode desencadear alguns problemas, precisandos de apurar criticamente o conceito de governação na ciência administrativa. “O conceito de governação como um quadro de análise é valioso, sem dúvida. No entanto, quando aplicado às ciências administrativas tradicionais como um campo de estudo, pode levar a problemas ideológicos esses problemas podem levar a conclusões muito dúbias.17 Por exemplo, a rede é uma característica importante da governação, que incentiva a participação de várias partes principais; no entanto, “a rede pode produzir responsabilidades obscuras e uma cadeia obscuras de responsabilidades (...); pode cobrir grupos de interesse influentes altamente organizados e instituições em qualquer cenário, de modo que pode reduzir a participação directa dos cidadãos”18. Na verdade, as ciências administrativas pecam por falta de evidências-base e “tortura” científico-metodológica. Precisamos muitas vezes de lembrar quando estudamos a governação ou a nova gestão pública, se temos bons dados empíricos? Se usamos o método correcto para a recolha de informações, se as conclusões retiradas, boas ou más, são baseados no empírico? Portanto, devemos voltar para a chamada ciência administrativa e usar uma metodologia mais rigorosa de recolha de dados numa abordagem mais empírica. II. Programas de democracia ou democracia substantiva? Muitos académicos apontam que “há ligeiras relações entre o conceito de gestão e o conceito de democracia e valores democráticos”19; a criação da teoria da escolha pública, a economia de custos de transacção 16 Mehde, V. (2006). Governance, Administrative Science, and the Paradoxes of New Public Management. Public Policy and Administration,Vol.21, N.o 4, pp. 60. 17 Mehde, V. (2006). Governance, Administrative Science, and the Paradoxes of New Public Management. Public Policy and Administration,Vol.21, N.o 4, pp. 61. 18 Mehde, V. (2006). Governance, Administrative Science, and the Paradoxes of New Public Management. Public Policy and Administration,Vol.21, N.o 4, pp. 63-64. 19 Box, R.C., Marshall, G.S., Reed, B.J., e Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o 5, pp .613. 1118 e a teoria da agência sobre a base da “nova gestão”, bem como o movimento da reforma da nova gestão pública, conduzido por ela, é uma séria ameaça à democracia (Terry, 1998)20. Eikenberry e Kluver salientaram ainda que o valor de mercado privado integrado no sector público e o sector não lucrativo irão danificar a democracia.21 Para o sector público, a ênfase no empreendedorismo e atender aos interesses individuais dos clientes são incompatíveis com a responsabilidade democrática, a cidadania e a acção colectiva direccionada para o interesse público. Além disso, o modelo de mercado presta pouca ou mesmo nenhuma atenção às idéias como justiça e imparcialidade; para o sector sem fins lucrativos, a mercantilização pode trazer recursos mais fidedignos, a fim de torná-lo mais eficiente e inovador, mas esses benefícios são à custa de organizações sem fins lucrativos para criar e manter a forte capacidade da sociedade civil, para o preço como o valor dos defensores, prestadores de serviços, o apelo e a construção da capacidade de capital social. A nova gestão pública defende o governo orientado para o cliente; em certa medida, isso pode ser eficiente, mas enquanto busca a eficiência, fanaticamente, também paga o custo da democracia real, como refere Box: “o modelo de mercado da administração pública caracterizado pela nova gestão pública impede a regressão substancial democrática e limita a extensão dos cidadãos e pode, efectivamente, influenciar a política e a administração”.22 Aparentemente, o governo orientado para o cliente pode oferecer mais opções de serviços aos clientes e o fornecimento de bens e serviços públicos podem atender melhor as necessidades dos clientes, e permitirem aos clientes ter um papel maior na tomada de decisão do governo, em que o governo é directamente responsável perante os clientes; no entanto, “quando os cidadãos se tornam clientes, eles diluem a democracia, a fim de operar a satisfação”23. O conceito de responder às necessidades do cliente “negligencia o cliente a articular as suas necessidades ou a capacidade de tomar decisões, talvez porque eles são inconscientes ou não têm os recursos 20 Box, R.C.¡AMarshall, G.S., Reed, B.J., e Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o 5, pp.613. 21 Eikenberry, A.M. e Kluver, J.D.¡]2004¡^. The Marketization of the Nonprofit Sector: Civil Society at Risk?. Public Administration Review, Vol.64, N.o 2, pp.132. 22 Box, R.C.¡AMarshall, G.S., Reed, B.J., e Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o 5, pp.613. 23 Borgmann, A. (1992). Crossing the Postmodern Divide. Chicago: University of Chicago Press (Jornal da Universidade de Chicago), p. 115. 1119 para fazer”24. Em muitos casos, “os clientes estão numa posição fraca na política e na moral, porque a maior parte do sinal sobre a ordem pública que pode passar para a Administração é ambígua”. Além disso, “quando o cliente começa a agir, as decisões fundamentais foram tomadas”25, ou deveria dizer-se que os clientes não têm sido capazes de ter um impacto material na tomada de decisão governamental. Na Austrália, “não há nenhuma evidência para provar que a nova gestão pública fornece todos os meios aos clientes para que eles possam deixar o governo assumir a responsabilidade”. “Embora ainda seja muito cedo para avaliar o impacto a longo prazo da nova gestão pública nos países como Nova Zelândia e Austrália, nestes países, a evidência ao sustento à responsabilidade democrática e à participação dos cidadãos não são tão encorajadores” 26. Um estudo da relativo ao desempenho dos serviços públicos e à satisfação do cidadão também chegou a uma conclusão deprimente. Destacou que “enquanto aplica o modelo de mercado para fornecer serviços públicos, o sector público é geralmente através de medidas internas de qualidade de serviço, em vez de ser através da avaliação externa da satisfação do cliente para alcançar a responsabilização do desempenho”. Por outras palavras, a extensão dos serviços aos clientes que recebem tendo ou não o direito de falar é uma questão duvidosa. De facto, “há pouca evidência para provar que as agências governamentais se baseiam nas prioridades dos cidadãos para a selecção de medidas de desempenho, ou para a modificação dos critérios de desempenho com base nas preferências dos cidadãos, especialmente em instituições que já atenderam ou cumpriram as suas metas de desempenho.27 “No processo de prestação de serviços públicos, aos gestores profissionais tem sido reconhecida a importância e a necessidade de supervisão e participação cívica”. Hefetz e Warner concluiram num estudo empírico do processo dinâmico da contratação do governo local que, “a gestão do 24 Armstrong, A. (1998). A Comparative Analysis: New Public Management-The Way Ahead?. Australian Journal of Public Administration (Jornal de Administração Pública Australiana), Vol.57, N.o 2, pp. 23. 25 Borgmann, A. (1992). Crossing the Postmodern Divide. Chicago: University of Chicago Press (Jornal da Universidade de Chicago), p. 115. 26 Box, R.C, Marshall, G.S., Reed, B.J., & Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol. 61, N.o 5, pp. 613. 27 Kelly, J.M. (2005). The Dilemma of the Unsatisfied Customer in a Market Model of Public Administration. Public Administration Review, Vol.65, N.o 1, pp. 78-79. 1120 governo”, a “supervisão” e o “problema do agente principal” são as três mais importantes variáveis para explicar o novo o contrato de terceirização e contrato de terceirização inverso (ou seja, produção interna)28. Se o nível elevado de vigilância está relacionado com um alto nível de novo contrato de terceirização e baixos níveis de contrato de terceirização inversa, os governos locais, que são de nível de supervisão baixo são mais propensos a levar os serviços públicos para trás e a produzir internamente para o governo. Se os cidadãos podem desempenhar um papel activo na supervisão da prestação de serviços públicos, os meios do governo para levar o contrato de terceirização são mais propensos ao sucesso; quanto aos que não prestam a atenção à participação dos cidadãos e à supervisão, tem surgido mais casos que são contra o contrato de terceirização . Infelizmente, no funcionamento prático do governo local, a participação cívica é incorporada num programa democrático, em vez de na democracia substantiva. Embora o Governo para a participação cívica, forneça garantias em alguns programas, na verdade, os cidadãos não têm o conhecimento relevante e a influência política para realmente influenciarem a tomada de decisões do governo, encontrando obstáculos no processo, tais como o controlo governamental das informações, os grupos de interesses e a manipulação de elites económicas do processo de formulação de políticas, a inércia das organizações burocráticas, bem como a interferência administrativa de “experts” ou a resistência à governação democrática29. Por exemplo, Weber, Loumakis e Bergman (2003), usaram estas três grandes bases de dados (“the 2000 survey”, “the 1998 General Social Survey” e “the 1996 American National Election Study”) para realizar a análise estatística, mas descobriram que, apesar de, no geral, o uso da Internet e do e-governo poderam ajudar a promover a participação política dos cidadãos, também são susceptíveis de agravar a tendência socioeconómica que já existe na participação cívica e, na política, porque estas pessoas, que já usaram uma rede para participar activamente nos assuntos públicos, é mais provável que, tenham obtido benefícios. Como foi referido30, “o som da participação do cidadão muitas vezes é muito grande, 28 Hefetz, A. e Warner, M (2004). Privatization and Its Reverse: Explaining the Dynamics of the Government Contracting Process. Journal of Public Administration Research and Theory, Vol.14, N.o 2, pp. 171-190. 29 Box, R.C., Marshall, G.S., Reed, B.J., e Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o 5, pp. 608-609. 30 Weber, L.M.Loumakis e Bergman,J. (2003). Who Participates and Why? An Analysis of Citizens on the Internet and the Mass Public. Social Science Computer Review, Vol.21, N.o 1, pp. 26-42. 1121 às vezes, muito claro, mas raramente igual.”31 É necessário questionar se a rede e e-governo realmente ajudam a melhorar todos os grupos da sociedade, especialmente a democracia substantiva desses pequenos grupos que têm muito pouco direito de falar “Maior ênfase na coexistência do capitalismo e da democracia é a proteção da liberdade do indivíduo, em vez da questão da democracia real e do desenvolvimento pessoal.” No entanto, as áreas das programas da democracia e as áreas substantivas foram separadas; assim o espaço público é limitada apenas às áreas do programa e este não é propício ao desenvolvimento de uma verdadeira democracia. “Na gestão do sector público, a nova gestão pública é considerada como um ‘modelo’ ou princípio orientador; a coberto do manto do programa democrático, a democracia substantiva está ameaçando o abatimento”. Portanto, não devemos sacrificar a democracia real, a fim de buscar eficiência, mas trazer de volta a verdadeira democrática à administração pública, “para redescobrir a democracia real”, deixar o “cliente” para voltar ao “cidadão”, de modo que os cidadãos podem participar na auto-administração com um mínimo de interferência ou o menor grau de boicote, não necessitando de ser colocados em restrições unificadas ou universais (como o sistema representativo na tomada de decisões), portanto, em impacto real sobre o governo de tomada de decisão. 32 III. Responsabilidade política ou eficiência administrativa? “Na nova gestão pública, os funcionários da administração pública são vistos como empreendedores e o papel do empreendedor é definido de acordo com a eficiência, a rentabilidade e a capacidade de resposta às forças do mercado” ;33 por outras palavras, “a nova gestão pública tenta separar o ‘político’ ou o ‘projecto nacional’ na gestão das organizações públicas”,34 limitado o papel dos gestores públicos a um o papel instrumental. Na verdade, o ponto de vista sobre o papel dos funcionários 31 Verba.S.,Schlozman, K.L., e Brady,H. (1995). Voice and Equality: Civic Voluntarism in American Politics. Cambridge, MA: Harvard University Press (Jornal da Universidade de Harvard), pp. 533. 32 Box, R.C., Marshall, G.S., Reed, B.J., e Reed, C.M. (2001). New Public Management and Substantive Democracy. Public Administration Review, Vol.61, N.o 5, pp. 611. 33 Denhardt, R.B., e Denhardt, J.V. (2000). The New Public Service: Serving Rather Than Steering. Public Administration Review, Vol.60, N.o 6, pp. 556. 34 Lynn, L.E., Jr. (1998). The New Public Management: How to Transform a Theme into a Legacy. Public Administration Review, Vol. 58, N.o 3, pp. 233. 1122 da administração pública é muito restrito. Por um lado, “a nova gestão pública envolve-se claramente no projecto do Estado e nas reformas administrativas; a visão distintiva artificial na gestão e construção da nação é insustentável e sem dúvida, os gestores são também construtores nacionais, necessitam de conhecimentos e habilidade, visão política e bom carácter moral” 35; por outro lado, não é adequado atingir os princípios democráticos, como a equidade, a justiça, a participação e a expressão do interesse público. Embora os valores de eficiência e da produtividade sejam importantes, “os funcionários da administração pública devem ser mais responsáveis para os sistemas complexos e padrões, incluindo o interesse público, que o direito constitucional e legal, para os padrões profissionais, as normas democráticas, os valores da comunidade, e claro, incluindo também os cidadãos”.36 Os defensores da nova gestão pública em geral acreditam que o sector privado na prestação de muitos serviços públicos têm um desempenho melhor do que o sector público, embora as organizações sem fins lucrativos e organizações públicas podem ser mais vantajosas na prestação de serviços públicos específicos (como alguns serviços públicos que são difíceis de avaliar na sua qualidade de serviço). Na prática, a nova gestão pública que se caracteriza pelo modelo de mercado normalmente assume a forma de privatização e contrato de terceirização. No entanto, as reformas de privatização do sector público em muitos países não são satisfatórias. Os resultados negativos da reforma de privatização, em medicina, saúde, educação e outros campos em alguns países em desenvolvimento constituem falta de responsabilidade do governo, serviços públicos básicos ser garantidos, problemas de equidade exacerbado, bem como corrupção e monopólios privados. Por exemplo, as reformas da industrialização e a privatização da educação começaram na década de 90 do século passado, na China, em alguns lugares, “como se as autoridades locais de educação para desenvolver os seus recursos, o jogo para prescindir da responsabilidade, mas o direito de igualdade à educação do público em geral perdeu o jogo”. 37 “A privatização e os esforços para 35 Lynn, L.E., Jr. (1998). The New Public Management: How to Transform a Theme into a Legacy. Public Administration Review, Vol. 58, N.o 3, pp. 233. 36 Denhardt, R.B., & Denhardt, J.V. (2000). The New Public Service: Serving Rather Than Steering. Public Administration Review, Vol .60, N.o 6, pp. 556. 37 Wang LeFu, e Chen Ganquan. (2004) Problems Existing in the Civilized Public Services of China's Government − the analysis of public services privatization of government, Academic Research, p. 70 1123 tentar imitar o sector privado restringe o âmbito da responsabilidade e o foco no padrão e satisfação do cliente. Este método não reflecte as formas de responsabilidades múltiplas, sobrepostas do sector público, porque o padrão do sector privado é menos rigoroso.” 38 Da mesma forma, no contrato de terceirização, “as imperfeições gerais do mercado não aumentam a concorrência, pelo contrário, deixaram o governo e o contratante à polimerização de interesses, não só desgasta a fronteira Privada/Pública, como a erosão do comprador/fornecedor e a fronteira do: comissionado por/agente”. Por exemplo, no domínio dos serviços sociais nos Estados Unidos, a proporção de contratos de serviços sociais do Estado e Governo aumentou de 25% para 55% de 1971 para 1979. Neste áreas da política, raramente os fornecedores são competitivos na licitação, o mercado como um fornecedor para selecionar uma fonte de informação é quase inútil. Outro exemplo, no campo da saúde mental do Estado de Massachusetts, apenas dois terços da licitação solicitada teve resposta; em outros 15% dos casos, apenas dois fornecedores responderam. Porque estes vendedores são os únicos concorrentes, o governo precisa de os consultar e ajudar. Os fornecedores muitas vezes tornam-se uma extensão do governo.39 Juntamente com o limite da ambiguidade do Governo e do contratante do contrato e o aumento da incerteza, é cada vez mais difícil o governo tornar-se um comprador independente, experiente e capaz de representar o interesse público, a fim de melhorar o bem-estar social global”.40 Obviamente, que o problema do agente generalizado existe na prevalência do contrato de terceirização, e no sector público, pois a falta de mercado competitivo real, inevitavelmente mina a responsabilidade do governo como quem comissiona um contrato. O contrato de terceirização pode promover a eficiência administrativa em certa medida, mas muitas vezes em detrimento de objectivos importantes, como a igualdade, o interesse público e a responsabilidade política, como contrapartida. Kelleher e Yackee (2008) usaram as informações do inquérito postal nacional de mais de 1000 organizações e pessoas responsáveis de 50 estados para análise estatística e constataram que o contrato de terceirização torna a interação mais frequente entre os gestores públicos e os grupos de interesses organi38 Janet V Denhardt e Robert B.Denhardt traduzido por Ding Huang The New Public Service,Serving, Not Steering, China Renmin University Press (Jornal da Universidade Renmin da China), p. 127. 39 Kelly, R.M. (1998). An Inclusive Democratic Polity, Representative Bureaucracies, and the New Public Management. Public Administration Review, Vol. 58, N.o 3, pp. 206. 40 Kettle, D. (1993). Sharing Power: Public Governance and Private Markets. Brookings Institution, Washington, D.C, pp.184. 1124 zados; este fornece uma maneira directa para os grupos de interesses para entrar em contacto com os responsáveis da decisão política, de modo que eles são capazes de exercer maior influência sobre o processo da agenda de tomada de decisão governamental da prestação de serviços públicos.41 Portanto, o contrato de terceirização pode apenas melhorar a resposta do Governo a alguns interesses particulares de determinados grupos sociais; não aumenta a responsabilidade do governo em relação ao público em geral. Uma pesquisa de rastreio nacional realizada em 14. 423 lares nos Estados Unidos revelou que, devido contrato de terceirização, a proporção das instituições de previdência privada é maior (68%), mas a qualidade do serviço que prestam pensão está muito abaixo das organizações sem fins lucrativos (26%) e agências governamentais (6%). As instituições privadas de pensão com fins lucrativos aceitaram muitas pessoas idosas de baixo rendimento, e diminuiram a qualidade dos serviços para controlar os seus custos. A maiorias dos seus clientes são inadvertidamente mais pobres, daí que elas não fizeram pressão sobre os prestadores de serviços de lucrativos, para melhorar a qualidade dos serviços. Elas não tinham escolha a não ser aceitar uma menor qualidade de serviços.42 “As nova gestão pública não põe ênfase no direito público e nas normas democráticas. Quando os serviços do governo são fornecidos por organizações sem fins lucrativos ou por organizações privadas que não são limitadas por princípios de direito público, a responsabilidade pública tornar-se reduzida” 43. De facto, “o sinal das burocracias públicas é que elas são responsáveis pelas suas políticas e acções para o público. Se elas não implementam esta responsabilidade, então a burocracia pública perde a sua identidade pública, o seu público legítimo, entrando na sua própria decadência e cegando na procura de interesses privados”.44 Por 41 Kelleher, C.A. (2008). A Political Consequence of Contracting: Organized Interests and State Agency Decision Making. Journal of Public Administration Research and Theory, Vol. 195, pp. 579-602. 42 Amirkhanyan, A.A., Kin,H.J. ,e Lambright K.T. (2008).Does the Public Sector Outperform the Nonprofit and For-Profit sectors? Evidence from a National Panel Study on Nursing Home Quality and Access. Journal of Policy Analysis and Management, Vol.27, N.o 2, pp. 326-353. 43 Janet V Denhardt e Robert B.Denhardt traduzido por Ding Huang The New Public Service,Serving, Not Steering,China Renmin University (Jornal da Universidade Renmin da China) Press, p. 128. 44 Janet V Denhardt e Robert B.Denhardt traduzido por Ding Huang The New Public Service,Serving, Not Steering,China Renmin University Press (Jornal da Universidade Renmin da China), p. 131. 1125 isso, enquanto a nova gestão pública busca a eficiência administrativa, a maior preocupação é como “manter e aumentar o controlo de todos os funcionários em bottom-up, incluindo os nomeados, os contratados e os funcionários eleitos, aumentando assim a responsabilização dos serviços e os produtos para os cidadãos”.45 IV Conclusão Como uma alternativa ao sistema burocrático tradicional, a nova gestão pública não é ‘mal’ ou ‘bem’; aceitar cegamente ou negar a nova administração pública não é propício ao crescimento do conhecimento sobre a disciplina da Administração Pública. Este trabalho pretende realizar uma abordagem abrangente e sistemática da nova gestão pública do ponto de vista da construção do conhecimento; esta abordagem é construtiva e não destrutiva. Para a nova gestão pública, o mais importante é “como o tema da reforma e a teoria se tornam numa implicação construtiva de longo alcance” 46. Num certo ponto, para os académicos da administração pública, a nova gestão pública deve parecer um “problema”, em vez de uma “resposta”. Por exemplo, como podemos basear-nos em diferentes tipos de “outputs” e “resultado”, “resultados”, e “processo” para avaliar o desempenho do governo que é valioso para a democracia constitucional ? Como avaliar a real contribuição da reforma do governo ou do programa da reforma, designadamente, se a reforma do governo está baseada na criação de pressupostos de medição da competição ou se os resultados realmente contribuem para a melhoria do desempenho do governo? Qual o caminho, que instituições, lideranças e gestão podem desempenhar um papel importante na criação de um país eficiente, responsável e democrático e em que medida podem funcionar? Como usarmos a teoria e os métodos de análise empírica para ajudar os reformadores da nova gestão pública na sua análise, a fim de que suas conclusões possam perdurar a longo prazo? 47 45 Kelly, R.M. (1998). An Inclusive Democratic Polity, Representative Bureaucracies, and the New Public Management. Public Administration Review, Vol.58, N.o 3, pp .207. 46 Lynn, L.E., Jr. (1998). The New Public Management: How to Transform a Theme into a Legacy. Public Administration Review, Vol.58, N.o 3, pp. 231. 47 Lynn, L.E., Jr. (1998). The New Public Management: How to Transform a Theme into a Legacy. Public Administration Review, Vol.58, N.o 3, pp. 236.