Índice “Coragem” .............................................................................................................................................. 5 O que é a Coragem? ................................................................................................................................ 7 Coragem ................................................................................................................................................ 9 O que é a Coragem ............................................................................................................................ 11 A grande história de coragem de Nelson Mandela ....................................................................... 15 Charles Darwin.................................................................................................................................... 17 Aristides De Sousa Mendes .............................................................................................................. 19 Aung San Suu Kyi .............................................................................................................................. 23 Charles Darwin.................................................................................................................................... 25 Florence Nightingale .......................................................................................................................... 27 Giordano Bruno ................................................................................................................................... 31 Sócrates ............................................................................................................................................... 38 Karol Wojtyla. ..................................................................................................................................... 41 Liu Xiaobo – Histórias de coragem .................................................................................................. 45 Marie Curie .......................................................................................................................................... 47 Martin Luther King .............................................................................................................................. 49 Mineiros de San Jose: Uma Coragem Profunda ......................................................................... 51 Oskar Schindler .................................................................................................................................. 53 Pratibha Patil ....................................................................................................................................... 57 Stephen Hawking................................................................................................................................ 60 Madre Teresa de Calcutá .................................................................................................................. 61 Jean Henry Dunant ............................................................................................................................ 67 Salgueiro Maia .................................................................................................................................... 69 Martin Luther King Jr. ......................................................................................................................... 71 Biografia de Guerra Junqueiro ......................................................................................................... 77 Professor Egas Moniz ........................................................................................................................ 79 História de coragem: Bartolomeu Dias ........................................................................................... 81 Aristides de Sousa Mendes .............................................................................................................. 83 1 2 10º B 3 4 “Coragem” Como vimos ao longo do ano, definir um conceito não é de todo uma tarefa fácil: primeiro damos um argumento, depois já defendemos outro; é um prolongar de definições que acabam, muitas vezes, por nos levar a uma contradição, chamada de aporia. O assunto que neste trabalho irá ser estudado e pensado calma e conscientemente, é o conceito de "Coragem", pequena parte da virtude. Não garantindo porém uma definição completa, pois poucos filósofos a conseguiram, mas esforçando-me para tal. Para isto, decidi refutar o texto estudado na aula, "Laques", dando no final a minha tentativa de definição. Inicialmente, Laques diz que "O corajoso é aquele que decide, na linha de combate, enfrentar o inimigo a pé firme em vez de se retirar" ao que Sócrates responde que coragem não é só estar na primeira fila de combate mas também saber recuar. A partir daqui, Sócrates deu vários exemplos de circunstâncias em que existe coragem - nos prazeres, nas aflições, nos temores - pedindo a Laques que arranjasse uma definição em que todas estas circunstâncias fossem incluídas. Laques chegou então à conclusão que a coragem é uma "perseverança de alma". Até aqui concordo com a definição dada, pois quando se tem um objectivo, tem que se ser persistente para o conseguir atingir. Mas o facto é que Sócrates tem razão porque nem toda a perseverança é coragem. Ou seja, a coragem é sem dúvida uma coisa bela; a perseverança quando acompanhada de sensatez, é bela e boa; logo, a coragem é a "perseverança sensata". Mas em que casos? (pergunta Sócrates com razão). Quem gasta dinheiro sabendo que o irá obter novamente? Aquele que combate contra inimigos menos numerosos e com ajudas exteriores? A conclusão a que chegaram é que o mais corajoso será aquele que não tem ciência porque não tendo técnica, arrisca. Portanto a coragem será então "perseverança insensata". Chegada esta aporia, Nícias entra no diálogo e considera desde logo que cada pessoa é boa naquilo que sabe fazer bem; logo se o corajoso é bom, certamente será sábio e portanto a coragem é uma sabedoria. Mas que tipo de sabedoria? "A ciência do que é perigoso e do que é favorável, tanto na guerra como em todas as outras circunstâncias". Esta definição foi completamente refutada por Laques 5 dizendo que a sabedoria é independente da coragem - o médico conhece os perigos das doenças, o corajoso não - e também por Sócrates dizendo que se a coragem é uma ciência e os animais não têm entendimento, então nenhum animal é corajoso (conclusão com que eu concordo totalmente pois nenhum animal tem consciência de pensar e de raciocinar; sendo considerados loucos e temerários). Sócrates continuou a refutar a definição de Nícias fazendo-o chegar à conclusão de que "A coragem é a ciência do bem e do mal em todas as circunstâncias" (no passado, no presente e no futuro) e mais uma vez Sócrates prova que esta definição não está correcta pois se fosse assim, a coragem seria a virtude no seu total (sendo na realidade apenas um terço). Na minha opinião, "A coragem é a consciência do bem e do mal". Em primeiro lugar porque só é corajoso aquele que tem capacidade de raciocinar e portanto só o ser humano tem consciência (como já tinha sido referido). Em segundo porque, pensando na definição inicial "A coragem é uma perseverança de alma", se considerarmos a coragem como a definição que defendo, o ser humano tem capacidade de agir sensata ou mesmo insensatamente mas conscientemente. Por exemplo: O médico sabe que só um determinado tratamento poderá fazer bem ao seu doente mas que este é extremamente arriscado. Pois tendo a consciência do bem e do mal, caberá ao médico tomar a decisão de seguir ou não com o tratamento. Ou o homem que combate contra inimigos muito numerosos e mais fortes do que ele e que ainda por cima têm ajudas exteriores, caberá a este homem consciente decidir o que fazer. Em terceiro e último lugar porque sem a consciência humana, não haveria raciocínio que nos incitasse a perseverar na investigação e não haveria, por isso, coragem para não desistir. Maria Serralha, 10B – Nº17 6 O que é a Coragem? Hoje em dia torna-se bastante complicado definir o conceito de Coragem, pois é um conceito abstracto e difícil de detectar á primeira vista numa pessoa ou acto. Considero a Coragem importante, pois corajosos não são apenas aqueles que a utilizam para se gabarem ou para serem bem vistos, é preciso ter-se coragem para ultrapassar muitos obstáculos, por exemplo uma pessoa que esteja a lutar contra um cancro é bastante corajosa, pois está entre a vida e a morte e mesmo assim não desiste e vai á luta para se manter viva, disto se conclui que muitas vezes viver pode ser mais perigoso do que morrer. Outro tipo de coragem são aqueles que têm que ser corajosos ao ponto de lutarem contra os seus prazeres, por exemplo uma pessoa que seja completamente viciada em tabaco ou em álcool, tem que ser bastante corajosa ao ponto de deixar de fumar ou beber, nem todas as pessoas que o tentam fazer o conseguem realizar com sucesso. Outra maneira de mostrar coragem é alguém ter a iniciativa de denunciar uma injustiça, que nem sempre é fácil de se fazer. Mas afinal o que é a Coragem? Nem toda a gente se apercebe que só o facto de acordar diariamente e fazer uma vida normal já é considerado corajoso! Uma pessoa que esteja internada num hospital em luta constante pela vida é uma pessoa corajosa, mas alguém que enfrenta os perigos do dia-a-dia também é corajoso, se uma pessoa pensasse que ao sair á rua podia ser atropelada ou ter um acidente de viação então toda a gente ficaria em casa para não ser exposto a esses perigos. Mas não, as pessoas mesmo sabendo que correm esses riscos saem á rua na mesma, por isso só de vivermos já somos corajosos. Enfrentamos vários perigos diariamente, como nas profissões, o objectivo de toda a gente no emprego é ter sucesso, e as pessoas, mesmo sabendo que o sucesso para ser alcançado tem que ser percorrido um longo caminho não desistem e vão a luta para conquistarem o que querem, por isso são pessoas corajosas. "O modo mais seguro de falhar é não se determinar a obter sucesso." (Richard Brinsley Sheridan) 7 Uma pessoa é corajosa porque determinou-se a seguir a carreira e a tentar o sucesso, apesar de ter consciência dos perigos e que pode falhar. Enquanto que uma pessoa que com o medo de falhar e não conseguir, desiste dessa carreira, não é corajosa. "Ninguém pode pronunciar-se acerca da sua coragem quando nunca esteve em perigo." (François de La Rochefoucauld) Nenhuma pessoa pode dizer ser corajosa se nunca arriscou ou esteve em perigo. Os verdadeiros corajosos são aqueles que arriscam mesmo sabendo os perigos que correm. Mas existe outros casos, como a coragem militar: corajoso não é apenas aquele soldado que na guerra luta, mas também aquele que sabe recuar quando necessário. Segundo Platão, Nícias acredita que a Coragem é uma ciência, mas se assim fosse então as crianças e os animais não poderiam ser corajosos pois não possuem a sabedoria. "Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo." (Mark Twain) Tal como Mark Twain diz, a Coragem não é, não ter medo, a Coragem é ter consciência do medo e mesmo assim seguir em frente e enfrentar esse temor. É mais corajoso aquele que sem experiência, ao ver uma pessoa desmaiada a tenta salvar apesar de todo o medo em fracassar do que aquele que sabe como proceder e tem a certeza do que fazer perante a situação. A Coragem é como já vimos um conceito bastante extenso e complicado. Mas através da reflexão sobre vários tipos de Coragem chegou-se a uma proposta de definição de Coragem: Coragem é ter resistência ao medo, á dor e ao sofrimento. É a capacidade de agir apesar dos medos e dos perigos. É não ter medo de arriscar e insistir pelos nossos objectivos. Mariana Pais, 10B - Nº20 8 Coragem O tema desta exposição é a coragem, partindo da discussão de um texto, o diálogo de Laques. Este diálogo envolve três pessoas: Laques, um conhecido militar a quem muitas vezes as pessoas recorriam quando tinham dúvidas; Nícias também um conhecido militar a quem as pessoas perguntavam coisas que não sabiam e Sócrates, um dos mais brilhantes filósofos da história. Neste diálogo eles tentam chegar a uma definição do que é a coragem. Como é habitual nos diálogos socráticos cada conclusão é refutada por Sócrates, concluindo-se numa aporia, na impossibilidade de definição de coragem. A primeira conclusão de Laques foi apresentada como um exemplo de coragem, que Sócrates refutou afirmando que ele deveria dar uma definição geral e não um exemplo; a segunda conclusão foi que a coragem era algo bom e belo e que a perseverança apenas é algo bom e belo quando era sensata, mas ele defendia que qualquer pessoa que lutasse com um arco e flecha contra alguém com armas mais desenvolvidos seria mais corajoso, mas ele é menos sensato, logo menos corajoso. A conclusão de Nícias é que a coragem é a ciência do que é perigoso e do que é favorável mas isso é uma definição de virtude e não de coragem. Coragem pode significar bravura face a um perigo; força moral perante um sofrimento ou um desastre e energia na execução de uma tarefa difícil. A coragem é uma virtude, uma virtude é um conjunto de boas qualidades morais. A coragem está associada ao bem e ao belo, conceitos que parecem ser muito fáceis de definir por serem os mais básicos, mas na verdade são os mais difíceis. Aristóteles considerava que a coragem só se relaciona com alguns perigos e não com todos. Quem não temesse a doença ou certos fenómenos da Natureza seria considerado louco. “O homem corajoso é o que mantém o sangue frio nas circunstâncias em que a maior parte ou a totalidade dos homens tem medo”. Segundo Kant a coragem só é algo belo quando está associada a um bom fim, não sendo por isso um valor primário. 9 Para chegar à definição de coragem vou enumerar alguns actos corajosos não muito extraordinários, situações vulgares; analisá-las, ver o que têm em comum e em seguida e a partir daí elaborar uma definição de coragem: Ser um dador voluntário de medula; Uma pessoa com uma vida de conforto, largar esse conforto para ajudar pessoas carenciadas; Uma pessoa jovem que vive no campo e que provavelmente vai ser um agricultor ou um pastor e vai para uma cidade estudar, deixando a família para concretizar um sonho de ser licenciado; Se um estudante tiver tido uma atitude incorrecta, souber que não vai ser castigado ou descoberto e vir outro colega ser acusado pelo seu acto e assumir a responsabilidade, então esse é um acto corajoso; A coragem mede-se pelos actos e não pelas pessoas, embora haja pessoas que realizem mais actos corajosos, logo são consideradas pessoas corajosas. Um acto corajoso necessita de uma decisão entre possibilidades, em que uma envolve maior risco e é a mais difícil. Para se tomar uma decisão é preciso haver deliberação, logo um animal ou alguém com um problema mental não pode realizar actos corajosos, e as reacções que tomamos no momento também não implicam coragem. Por fim concluo que para mim a coragem é a capacidade de ultrapassarmos os medos e os limites racionalmente, para realizarmos o bem. Pedro Miranda, 10B - Nº 25 10 O que é a Coragem O tema deste trabalho é „O que é a Coragem‟ e a sua finalidade é definir o conceito de coragem. O problema traduz-se numa insatisfação da minha parte perante a minha noção de coragem actual, que é idêntica às definições propostas nos dicionários. Vou então refutar as definições dos dicionários. Fui investigar a dicionários portugueses, franceses, enciclopédias e obtive diversos resultados: 1. Capacidade mental ou física de persistência em momentos em que uma pessoa tem que enfrentar medo, dor, perigo etc. 2. Persistência perante um perigo, sofrimento ou revés 3. Energia moral perante um perigo, sofrimento ou revés 4. Ousadia 5. Bravura 6. Perseverança Destas seleccionei as mais simples (da 4 à 6) para refutar Ousadia Coragem é ousadia pois há algo que se tem que desafiar, um obstáculo psicológico Mas nem toda a ousadia é corajosa, pois há um tipo de ousadia que resulta da simples vontade de desafiar, por exemplo, os alunos que são constantemente insubordinados, não precisam de coragem para intervir na aula, mas são ousados. Bravura Coragem também passa pela bravura pois requer uma capacidade de enfrentar o tal desconforto psicológico. No entanto, mais uma vez nem toda a bravura é corajosa, pois (por exemplo), quando um guerreiro vai para o campo de batalha sabendo que é claramente mais forte que o inimigo, é bravo, mas não corajoso. 11 Perseverança A Coragem requer perseverança pois se perante um desconforto a pessoa desiste da acção ou do pensamento, a Coragem deixa de existir. Porém perseverança não é inteiramente Coragem, e tomando por exemplo um excerto do texto Laques de Platão: “quem persevera em gastar dinheiro com senso, sabendo que, depois de gastar, ganhará mais” (192e) nota-se claramente que esta é uma situação de perseverança mas não de Coragem. Coragem resume-se então de momento a uma situção de desafio, de obstáculo psicológico; uma capacidade de enfrentar um desconforto e a uma persistência perante um desconforto. Todas estas situações de perigo, sofrimento, revés etc. resumem-se a um desconforto psicológico que temos quando as enfrentamos, desconforto este que constitui um obstáculo, uma barreira. E barreira porquê? Porque há um objectivo a alcançar do outro lado, algo maior que o obstáculo, é o objectivo de quem é corajoso. Coragem é então uma situação pessoal, parte de dentro de cada um de nós, não é colectiva. O que não quer dizer que não possa ter influências exteriores, por exemplo se for um grupo de amigos a escalar uma montanha perigosa que se motivam mutuamente. É necessária em situações de desconforto, pois se não há algo a enfrentar ou transpor (limite da zona de conforto) então dificilmente é uma situação de Coragem. Mas Coragem não tem que ser necessariamente algo positivo, tomemos como exemplo a rapariga que há uns anos atrás se denunciou na rua dizendo que estava armadilhada; que tinha ordens de se suicidar accionando as bombas, mas não tinha Coragem para o fazer. Então até os bombistas suicidas, que cometem 12 atentados atrozes, são corajosos por sacrificarem a sua vida em prol de algo que consideram maior. Traduz-se depois num pensamento (enfrentar traumas passados pode ser considerado algo corajoso) ou numa acção (que é a coragem mais comum). Este é um resultado da Coragem independentemente de ser benigno, maligno, ou neutro. Conclui-se então que Coragem é a força de espírito com a qual se enfrenta as dificuldades com que se depara. Biblografia J.A.Costa; A.S. Melo, Dicionário da Língua Portuguesa, 6ªedição, Porto Editora Vários, Petit Larousse illustré, 1975, Paris Platão, Laques Sebastião Carvalho 10B – Nº28 13 11º A 14 A grande história de coragem de Nelson Mandela Esta história fala-nos de um grandioso guerreiro que fez tudo para alcançar a paz no seu país, utilizando todos os meios para alcançar o seu objectivo, a paz, fazendo com que tudo o que parecia estar perdido, na miséria do racismo e da violência nele presente, desaparecesse com apenas o uso de palavras. De etnia Xhosa, Mandela nasceu no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, na região do Transkei. O seu pai morreu logo depois de Nelson nascer, e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental. Mandela depois, seguiu para a universidade, onde após algum tempo foi expulso por se ter envolvido em movimentos contra as políticas adoptadas na sua universidade. A seguir foi para Joanesburgo onde continuou na universidade. Como jovem estudante de direito, Mandela envolveu-se na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colónia de imigrantes) direitos políticos, sociais e económicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela tornou-se de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas anti-apartheid em vários países. Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, até que a campanha do CNA e a pressão 15 internacional conseguiram que ele fosse libertado a 11 de Fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prémio Nobel da paz em 1993 e após isso, em 1994 Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do sul. Como presidente do CNA (de Julho de 1991 a Dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de Maio de 1994 a Junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Em Junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Fez uma excepção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a AIDS. Nelson Rolihlahla Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista e passou quase três décadas na cadeia. Na minha opinião, Mandela é um grande exemplo de homem lutador pela Paz e que deve ser respeitado pelas suas dignas ideias que defendem a igualdade de direitos entre todos. Eu concordo que todos nascemos iguais e que não é a cor de pele que nos distingue mas sim as nossas atitudes. Devemos amar o próximo indiferentemente da sua raça. Eu acho que as pessoas que defendiam o apartheid e odiavam as outras raças eram completamente ignorantes, mal formadas e não tinham grandes fundamentos para defenderem as suas ideias. Mandela quis combater esse ódio existente à sua volta e procurou espalhar a harmonia e paz na vida das pessoas. Não seria suficiente este argumento de Nelson Mandela? Valeria a pena tanto ódio e violência sem razão de ser? Eu considero as atitudes tomadas por Mandela de uma grande coragem, persistência e bondade e penso que ele transformou uma parte do mundo num lugar melhor. Ele incentivou muitos outros governadores políticos a seguirem as suas ideias e exemplos de vida. David Meakin 11A - Nº5 16 Ao longo da evolução da ciência foi essencial a presença da coragem. Temos como exemplo Galileu Galilei, que apesar de correr riscos por ir contra ao princípio da igreja continuou a sua “luta” para provar o Modelo Heliocêntrico. Através deste exemplo podemos concluir que a coragem teve um papel importantíssimo neste e noutros casos ao longo da história da ciência, em que vários cientistas correram riscos mas mesmo assim provaram o que queriam mostrando perseverança. Charles Darwin Charles Darwin nasceu em 12 de Fevereiro de 1809, em Shrewsbury, Inglaterra. Desde cedo Darwin era apaixonado pela natureza. Como ele mesmo disse, “Eu nasci naturalista.” As mudanças de um período para outro normalmente ocorrem de maneira gradual. Existem outras mudanças, entretanto, que podem ocorrer de uma forma mais abrupta. Estas são frequentemente referidas como revoluções. De todas as revoluções intelectuais, foi a revolução Darwiniana que trouxe as maiores consequências. A visão do mundo do homem ocidental, depois de 1859, quando A Origem das Espécies foi publicada, era completamente diferente da visão do mundo formada antes daquela data. A revolução intelectual gerada por Darwin foi muito além da biologia, causando a subversão de algumas das crenças mais fundamentais. Por exemplo, Darwin refutou a crença da criação individual de cada espécie, estabelecendo o conceito de que todas formas de vida descendem de um ancestral comum. Por extensão, ele introduziu a ideia de que os humanos não são produtos especiais da criação, mas evoluíram segundo os mesmos princípios que actuam no mundo vivente. Darwin perturbou as noções correntes de um mundo benigno e perfeitamente projectado, colocando no seu lugar o conceito da luta pela sobrevivência. As noções Vitorianas de progresso e perfeição foram seriamente abaladas pela demonstração de Darwin de que a evolução causa mudança e adaptação, mas não 17 necessariamente leva ao progresso, e nunca a perfeição. Além disso, Darwin estabeleceu as bases para um tratamento totalmente novo da ciência. Naquela época quando a ciência era dominada por metodologias baseadas em princípios matemáticos, leis físicas e determinismo, probabilidade, acaso, e singularidade, Darwin introduziu os conceitos de no discurso científico. No seu trabalho incorporou o princípio de que a observação e a geração de hipóteses são tão importantes para o avanço do conhecimento como a experimentação. Henrique Balchada, 11A - Nº 9 18 Aristides De Sousa Mendes Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abrantes nasceu a 19 de Julho de 1885 numa pequena aldeia em Viseu. Após se ter licenciado em Direito na universidade de Coimbra, mudou-se para Lisboa onde iniciou a sua carreira diplomática, tendo ocupado o cargo de cônsul português em diversos países do mundo (entre eles Zanzibar, Brasil, Estados unidos da América, Bélgica e França). Após ter passado quase 10 anos na Bélgica, António de Oliveira Salazar (na altura Ministro dos negócios estrangeiros e Presidente do Conselho) nomeou Aristides com o cargo de cônsul português em Bordéus, França. Durante a sua estadia em Bordéus, inicia-se a Segunda Guerra Mundial; quando tropas de Adolfo Hitler já avançavam a grande velocidade sobre a França e Salazar, através da circular 14, ordenou e proibiu os diplomatas portugueses espalhados pelo mundo de concederem vistos de entrada em Portugal a estrangeiros de nacionalidade indefinida, pessoas sem pátria e judeus, ou seja, pessoas consideradas “indesejáveis” e a todo o tipo de refugiados. Milhares de refugiados que fugiam ao avanço das tropas nazis dirigiam-se a Bordéus ao consulado português necessitando e pedindo um visto de entrada em Portugal ou para os Estados Unidos. De entre as pessoas que lhe pediram ajuda, Aristides encontra-se com o rabino da Antuérpia, Jacob Kruger, que o fez compreender a necessidade de ajudar todos aqueles que desejavam o seu auxílio. No dia 14 de Junho de 1940, enquanto a Europa em Guerra mostrava todo o seu horror e violência, Aristides de Sousa Mendes fechou-se no quarto com um dilema. A angústia era total. De um lado, estava a sua carreira, a honra, a família, os doze filhos. Do outro, estava o seu dever de consciência. Milhares de pessoas desesperadas amontoavam-se à porta do Consulado, à espera de um visto salvador, de entrada em Portugal, um salvo-conduto que lhes permitisse fugir às crueldades do nazismo. Suplicavam um visto para terem vida. Pela primeira 19 vez, Aristides hesitou. O cônsul português ficou três dias e três noites numa cama, num sono sonâmbulo, quase em transe. E acordou com a decisão tomada. Uma decisão que salvou do risco da morte mais de trinta mil pessoas. Após uma profunda introspecção ao fundo da sua consciência, Aristides acordou com uma energia imparável e uma decisão, os seus valores morais e éticos falaram mais alto que o seu dever: a partir daquele momento, passaria vistos a todos os que lhe pedissem sem quaisquer encargos (“A partir de agora, passarei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião”). Assim, com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos, Sousa Mendes carimba passaportes, assina vistos, utilizando todas as folhas que tinha disponíveis. Confrontado com esta ordem político-social injusta, ele não hesitou. Aristides exprime a desobediência justa. Perante este comportamento, a Humanidade pode ver tudo o que é essencial: a honra, a persistência, a coragem, a dignidade. Mas Aristides sabia que desobedecer era pisar num terreno minado e pantanoso, com consequências desastrosas. Desobedecer a Salazar equivalia a pintar um alvo em plena testa. Aristides sabia que teria de enfrentar a hierarquia do Ministério dos Negócios Estrangeiros, para a qual o diplomata era uma espécie de militar à paisana e que não dava espaço para a liberdade de consciência. Teria de desobedecer a Salazar e o ditador não costumava perdoar a quem tivesse essa ousadia. E assim aconteceu: foi aposentado compulsivamente da Função Pública e em Junho de 1940, começou a estilhaçar, como um vidro, a vida de Aristides. A dignidade moral e a ética têm de prevalecer sobre as leis e os regulamentos e tendo plena consciência das consequências relacionadas com os seus actos, pôs em risco o seu futuro profissional e o bem-estar dos seus doze filhos Nascido no seio de uma família abastada, Aristides de Sousa Mendes morreu numa clínica para pobres, em Lisboa, mas nem por isso se arrependeu de ter desobedecido. O acto de Sousa Mendes honra a Humanidade. Enquanto não esquecermos, enquanto fizermos com que as futuras gerações o lembrem, estamos 20 a afirmar que há possibilidades ilimitadas de praticar o bem, mesmo nas piores circunstâncias. Podemos assim concluir que a história de Aristides de Sousa Mendes é sem qualquer dúvida uma história de coragem. Luísa Silva, 11A - Nº15 21 22 Aung San Suu Kyi Na actualidade, constatamos que a par de países que assumem como valores fundamentais a defesa dos Direitos Humanos e da igualdade entre os cidadãos e adoptam regimes políticos democráticos, outros há, onde para se conseguir essa liberdade tem de se lutar até ao fim, envolvendo sacrifício que pode levar à morte de muitos indivíduos. Aung San Suu Kyi é filha do general Aung San, considerado “o pai da Independência” da Birmânia, pois negociou-a com os britânicos, em 1947, tendo sido assassinado no mesmo ano. Suu Kyi tinha 2 anos de idade e a sua vida ficou marcada pelo envolvimento dos pais na política. Em 1988, depois de ter passado 20 anos no estrangeiro, nomeadamente no Reino Unido onde estudou e conheceu o marido, regressou ao seu país, Myanmar. Envolveu-se imediatamente na luta pela democracia e liberdade de expressão, tendo sido escolhida para secretária geral da Liga Nacional para a Democracia. Foi detida mas propuseram-lhe a liberdade se deixasse o país; recusou, e um ano mais tarde venceu as eleições. Claro que o regime militar as anulou e manteve-a em detenção. O escândalo internacional foi enorme e, em 1991, foi-lhe atribuído o prémio Nobel da Paz, mas nem assim a Junta Militar cedeu. Quando foi libertada em 1995, em vez de visitar a família no Reino Unido, correndo o risco de não poder regressar, optou por ficar. Nunca mais viu o seu marido, que permaneceu no Reino Unido vindo a falecer em 1999 e só mais recentemente conseguiu ver os filhos. Em 2002, foi novamente detida e a prisão foi-se prolongando ano após ano. Apesar de tudo isto, tentou sempre pela via do diálogo estabelecer contactos com a Junta Militar de forma a criar uma nova era de cooperação entre essa mesma Junta e o Movimento Democrático. Mas a cooperação e o diálogo serão realmente possíveis? E quando? Ao longo destes vinte anos de batalha, sacrificou totalmente a sua vida pessoal sem, no entanto, ter conseguido atingir os seus objectivos e com 65 anos ainda não se deu por vencida. 23 Aung San Suu Kyi vai ficar para a história não simplesmente por ter ganho um prémio Nobel da Paz, entre muitos outros prémios, mas sim porque teve uma atitude e determinação extraordinária na defesa dos seus ideais perante uma situação claramente adversa. Optou por não pensar unicamente em si mas no seu país e nos seus compatriotas, o que a levou a afastar-se durante um longo período dos seus filhos e marido, tal como a própria disse: “ A decisão de não rever o meu marido e os meus filhos com receio de que jamais pudesse voltar a Myanmar, foi um dos maiores sacrifícios pessoais que tive que fazer para lutar pela liberdade do meu país”. Não é qualquer pessoa que põe de parte os seus interesses pessoais para lutar por um único objectivo, a liberdade e a democracia no seu país, com grande sacrifício individual, pois passou a maior parte do tempo desde que regressou, ora em prisão efectiva, ora em prisão domiciliária. Podemos assim classificar Aung San Suu Kyi como uma personagem carismática, determinada, lutadora, idealista, resistente e altruísta, um exemplo raro de coragem no mundo actual. Quem diria que a mulher delicada, com um aspecto frágil seria capaz de resistir e alertar a comunidade internacional para a situação no seu país, e desta forma colocar a Junta Militar sob pressão, marcando sempre resistência pacífica mas firme ao regime autoritário. Apesar de contar com grande apoio popular, Suu Kyi sempre resistiu ao uso da violência, o que é demonstrativo da sua personalidade. A grande lutadora pela liberdade do povo de Myanmar merece todas as homenagens pela sua luta que lhe causou tantos dissabores, perseguições e abusos por parte da Junta Militar que governa o país. E uma inspiração para mulheres e homens de todo o mundo. Filipa Costa 11 A - Nº 7 24 Charles Darwin Neste discurso abordarei a vida de Charles Darwin, cientista do século XIX e o facto de o considerar um exemplo de coragem para a sociedade. Darwin elaborou diversos trabalhos que tiveram um grande impacto na ciência e na sociedade. Realizou a viagem HMS Beagle que durou aproximadamente 5 anos. Esta proporcionou-lhe conhecimentos que lhe vieram a ser bastante úteis para algumas obras que escreveu. Publicou bastantes obras, mas a mais importante foi a “Origem das Espécies” (Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida) que lançou em 1859, onde apresentou a Teoria da Evolução. A exposição destas ideias foi bastante criticada por cientistas e católicos chegando a ser ridicularizado por alguns. Apesar de ter sido bastante influenciado por biólogos e geólogos, que outrora já tinham tentado impor as suas ideias, Charles Darwin foi o primeiro a conseguir expôlas e a conseguir explicá-las de forma coerente. O estudo para a publicação da “Origem das Espécies” durou 21 anos (apesar de ter publicado outros trabalhos entretanto), ou seja, ele quis provar tudo o descobria pois sabia que se não o fizesse, o mais certo seria não considerarem as suas ideias válidas e perderia a reputação e a boa fama que teria ganho até ao momento como cientista. Obviamente, existiram bastantes críticas negativas e debates mas os seus amigos cientistas (Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray), sempre conseguiram provar (porque Darwin não defendia os seus ideais em público devido à sua fraca saúde) que estava certo e ajudaram-no a ganhar respeito, o que lhe valeu a medalha Copley da Royal Society (1864). 25 Apesar dos seus problemas de saúde nunca deixou de trabalhar nos aspectos controversos do seu livro que ainda estavam por ser acabados; as suas experiências, pesquisas e escritas continuaram. Naquela época, o termo evolucionismo implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar palavras como “evoluir” ou “evolução” mas mesmo assim, conseguiu dar uma ideia que o fixismo estava errado, o que na altura poderia ser bastante ofensivo, chamando a atenção para o evolucionismo que outros cientistas já tinham tentado implantar. Apesar de ter uma saúde frágil, Darwin nunca deixou de pesquisar, observar, estudar e principalmente provar tudo aquilo que descobria e concluía. Foi mais inteligente e cauteloso que outros cientistas no sentido de que, em vez de expor logo as suas ideias procurou respostas para os possíveis contra argumentos e dúvidas que poderiam existir quanto teoria. Após ter reunido todas as provas a favor da sua teoria publicou-a e conseguiu demonstrar as suas ideias criando uma das teorias mais importantes que determinou outra forma de olhar para ciência e deu uma ideia de evolucionismo mais aceitável e testável. Por estas razões penso que Darwin é um grande exemplo para o mundo científico porque marcou a diferença, sendo assim um exemplo de coragem para a sociedade. Joana Silva 11A - Nº11 26 Florence Nightingale No âmbito da disciplina de filosofia escolhi falar sobre a vida de Florence Nightingale que considero ser um exemplo de coragem que acho que devo partilhar com quem a não conhece. No texto seguinte pretendo elaborar um texto argumentativo no qual farei uma breve biografia desta personagem e explicarei porque a considero como sendo uma história de coragem. Florence Nightingale nasceu a 12 de Maio de 1820, em Florença, no seio de uma família abastada tendo no entanto ficado conhecida pelo seu trabalho enquanto enfermeira sendo apelidada de "A dama da lâmpada" por fazer companhia aos seus pacientes durante a noite, usando uma lâmpada para iluminação. Apesar de rica, Florence desde cedo mostrou ideais diferentes dos da época, defendendo que as mulheres não se deveriam resignar ao papel de donas de casa, defendendo o melhoramento dos processos de tratamento médico e uma maior ajuda aos pobres. A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da Crimeia, trabalhando enquanto enfermeira, combatendo para salvar a vida de soldados feridos, lutando contra as terríveis condições dos hospitais de campo e fazendo chegar relatos destas condições a Inglaterra.. Voltou para a Inglaterra como heroína em Agosto de 1857. Contraiu no entanto febre da tifóide durante a sua estadia na Crimeia Impossibilitada de fazer seus trabalhos físicos dedicou-se à enfermagem na Inglaterra, onde já era reconhecida no seu valor profissional e técnico. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, com cursos de um ano, sendo ministrado por médicos com aulas teóricas e práticas. Em 1883, a Rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real e em 1907 tornou-se a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Florence Nightingale faleceu a 13 de Agosto de 1910, deixando um legado de persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo, estabeleceu as directrizes e caminho para enfermagem moderna. 27 Considero o exemplo de Florence Nightingale como um de coragem pois não deixou que a mentalidade da época nem o facto de ser abastada a impedisse de seguir a sua vocação e fazer aquilo que mais gostava, dedicar-se aos outros, mostrando grande coragem e persistência ao defender os direitos dos pobres e ir praticar enfermagem para locais de guerra. Mesmo depois de incapacitada por uma doença continuou a dedicar-se a enfermagem e chegou inclusivamente a abrir uma escola de enfermagem. As suas acções foram e ainda são reconhecidas a nível nacional e internacional, tendo sido distinguida com a Cruz Vermelha Real e a Ordem do Mérito atribuída pela rainha de Inglaterra. A razão pela qual escolhi Florence Nightingale para este trabalho foi o seu carácter e atitude deixando os luxos da riqueza e dedicando-se ao prazer que obtinha em ajudar os outros. Domingos Pires 11A – Nº 6 28 Galileu Galilei Neste trabalho elaborei um discurso retórico argumentativo sobre Galileu Galilei. Galileu nasceu em Itália, no ano de 1564, e faleceu em 1642. Foi um físico, matemático, astrónomo e filósofo, que estudou medicina na Universidade de Pisa, curso que não completou. Em 1609, em Veneza, descobre o telescópio, que não tarda em aperfeiçoar e a utilizar nas suas investigações astronómicas. No ano seguinte, publica "O Mensageiro das Estrelas", onde descreve a lua e revela a existência de quatro satélites à volta de Júpiter, dos anéis de Saturno e da proliferação de estrelas na Via Láctea, contrariando a teoria Geocêntrica, criada por Cláudio Ptolomeu cerca de 1400 anos antes e tomada como verdadeira pelas Ordens Religiosas, e também confirmando a teoria Heliocêntrica criada poucos anos antes por Copérnico. A teoria Geocêntrica afirmava que os planetas, o Sol e a Lua giravam em torno da Terra na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. A teoria Heliocêntrica defendida por Copérnico, Galileu e outros astrónomos da época, dizia que os planetas giram à volta do Sol, e alguns desses planetas giram em torno de outros, como é o caso da Lua. Copérnico respeitava e temia as autoridades religiosas e, para estas, a teoria de Ptolomeu era a mais adequada para confirmar as citações bíblicas, de modo conveniente para a Igreja. Galileu, em 1632, publica a obra "Diálogo Sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo: o Ptolemaico e o Coperniciano", onde refuta a concepção Ptolomaica. A Igreja acabou por condená-lo à prisão perpétua, mas foi absolvido depois de negar em público as suas afirmações sobre o movimento da Terra. 29 Galileu tentou provar por método científico que a teoria Geocêntrica estava errada. Quando apresentou as suas conclusões, não tinha a intenção de criticar, menosprezar ou descredibilizar a Igreja, apenas provou factos científicos. Para a igreja, as teorias de Galileu eram contra os ensinamentos de Deus. Mas Galileu, com base nos seus estudos e investigações, conseguiu provar que certas teorias defendidas pelas Ordens Religiosas estavam erradas. Graças às suas enumeras obras publicadas, às suas investigações com o objectivo de provar a verdade da teoria Heliocêntrica de Copérnico, entre outros muitos feitos, Galileu teve um papel muito importante na Revolução Científica, tornando-se assim uma figura exemplar na história do mundo. Concluindo, Galileu foi um dos maiores exemplos de pessoas da história que conseguiu provar a verdade das teorias que defendia por método científico não aceites na sua Época, pelo seu próprio mérito Tornou-se assim uma figura de coragem no mundo, por não ter temido tentar confirmar que a teoria do Geocentrismo, defendida e aceite pelas autoridades religiosas, estava errada. Sofia Bento 11A - Nº25 30 Giordano Bruno Giordano Bruno foi um filósofo, astrólogo e matemático italiano, e como tal, tinha ideias que procurou defender através das diversas obras que escreveu (como por exemplo a obra “De imaginum signorum et idearum compositione “ (Sobre a “Associação de imagens, os signos e as ideias"). Bruno, nasceu no ano de 1548, em Roma, foi influenciado principalmente por Nicolau” Copérnico (filósofo e matemático) e Nicolau Cusano (filósofo), e por sua vez , influenciou outros importantes filósofos como James Joyce e Harry Smith. Bruno escreveu sobre diversos temas nos seus famosos seis diálogos italianos (três de carácter astrológico e três de carácter moral). Este filósofo italiano defendeu em “Cena de le ceneri “ ,1584 -A ceia de cinzas)- o heliocentrismo . Numa segunda obra- De la causa principio e uno(1584; Da causa, princípio e uno )- reduziu o dualismo tradicional da física aristotélica. Posteriormente, escreveu ainda a obra - De l'infinito universo e mondi (1584; Do infinito universo e mundos) onde sistematizou a crítica ao aristotelismo. Quanto aos diálogos da trilogia moral escreveu: - Spaccio de la bestia trionfante (1584; Expulsão da besta triunfante), sátira aos vícios e superstições da época, que depois criticou de forma muito mais pessimista em - Cabala del cavallo Pegaseo (1585; Cabala do cavalo Pégaso).E na última das seis obras, Bruno defendeu a exortação do ser humano à conquista da virtude e da verdade em - De gli eroici furori (1585; Dos heróicos furores). Na sua primeira obra Bruno defende o Heliocentrismo, isto é, que não é o sol que gira à volta da Terra (como até aqui se pensava) mas sim que é a Terra que gira à volta do Sol, estrela principal do Sistema Solar. Defendeu também que o Universo é infinito e povoado por uma infinidade de estrelas (como o Sol) e por outros planetas, (entre os quais a Terra), onde existia vida inteligente. Na segunda obra, reduz o dualismo tradicional da física aristotélica a uma concepção monística do mundo, a unidade básica de todas as substâncias e a coincidência dos opostos na unidade infinita do Ser. Bruno é animista, na sua filosofia, o universo é um sistema em permanente transformação, um todo no qual nada existe imóvel. Não é apenas um movimento mecânico e passivo, segundo as leis da física, mas um movimento anímico que o faz transformar-se permanentemente. Tudo o que existe está reduzido a uma única essência material provida de animação espiritual. 31 Na sua terceira obra sobre a astrologia, o italiano sistematizou a sua crítica ao aristotelismo, continuando a argumentar contra os ideais defendidos por Aristóteles. Bruno tinha uma forma e um conteúdo de argumentar muito parecido com o de Platão, escrevendo na forma de discurso. O primeiro diálogo da sua trilogia moral, é uma sátira aos vícios e superstições da sua época, e ao pedantismo que se encontra na cultura Católica e Protestante. Faz uma forte crítica á ética Cristã - particularmente o princípio calvinista da salvação exclusivamente pela fé, à qual Bruno opunha uma visão exaltada da dignidade de todas as actividades humanas. A Cabala del cavallo Pegaseo é semelhante aos anteriores, embora mais pessimista, inclui a discussão da relação da alma humana e da alma universal, concluindo com a negação da individualidade absoluta da primeira. Nele faz da religião uma sátira amarga. Na última obra da trilogia moral - De gli eroici furori ,, Bruno, faz uso da simbologia neoplatónica, trata da obtenção da união com o infinito Uno pela alma humana e exorta o homem à conquista da virtude e da verdade. A seguir aos Diálogos Italianos, Bruno escreve a que considera a maior de todas as suas obras: De imaginum signorum et idearum compositione ("Sobre a Associação de imagens, os signos e as ideias") sobre mnemónica. Mas os calvinistas não toleram a sua doutrina, o que vai culminar na sua excomunhão pela Igreja Luterana local. Escreve também sobre a mágica natural e matemática e desenvolve ainda três poemas latinos - De minimo, De monade, e De innumerabilibus sive de immenso nos quais relembra as teorias expostas nos diálogos italianos e desenvolve o conceito de uma base atómica da matéria e do ser. No meu entender, Giordano Bruno deve ser encarado como um homem corajoso, não só pela maneira como encarou a sua morte, mas também pela forma como defendeu as suas teses, defendendo até ao fim as sua ideias, apesar das consequências que essa convicção lhe trouxe . Ao defender o heliocentrismo, Giordano pôs-se ao “lado” de Copérnico e defendeu veemente essa mesma teoria com “unhas e dentes”, apesar da intransigência da Inquisição. Após sucessivas tentativas de expulsão por parte da Inquisição, Giordano acabou mesmo por ir para a Alemanha, onde continuou a escrever diversas obras polémicas e incisivas, o que não caiu bem na época. 32 Bruno, nos seus diálogos em italiano escreveu sobre diversos temas, tendo sido muito polémico desafiando filósofos, físicos e matemáticos, considerados incontestáveis, o que lhe trouxe muitos dissabores, naquela época Na segunda obra dos diálogos em italiano - De la causa principio e uno – introduziu uma nova ideia da unidade básica de todas as substâncias, algo que também não caiu bem a alguns homens daquela altura. No terceiro livro fez algo quase impensável, teorizou uma crítica ao Aristotelismo. No campo da moral, foi também muito corajoso e firme nas palavras na medida em que criticou os vícios e superstições da época, no livro seguinte, criticou de forma ainda mais dura e pessimista não só essa sociedade, como também a cultura Católica e Protestante, algo que decerto também ajudou a contribuir para a sua expulsão de Itália. Em suma, Bruno foi morto em Itália devido à sua convicção nas teses que defendia, mesmo apesar de ter sido advertido por diversas ocasiões. A história de Bruno é uma história de coragem porque além de estar correcto nas suas teses, nunca se contradisse e preferiu morrer com glória a viver numa mentira, e isto, a meu ver, é de um Homem corajoso. Rodrigo Almeida 11A – Nº 24 33 34 Helen Keller Helen Keller foi dos maiores exemplos de que as deficiências não impedem a obtenção do sucesso. Por esta razão considero que tem uma história de coragem. Helen Adams Keller nasceu a 27 de Junho de 1880 em Tuscumbia, Alabama, sendo descendente de uma família tradicional do Sul dos Estados Unidos. Foi uma extraordinária mulher, que em criança, por volta dos dezoito meses, ficou cega e surda devido a uma febre cerebral (sendo provável que tenha sido escarlatina). Nos primeiros anos da sua infância não tinha orientação adequada, por isso era selvagem e incontrolável tendo pouca compreensão real do mundo ao seu redor. Um nova vida começou alguns meses antes de Helen completar 7 anos, quando Anne Sullivan, uma professora de vinte a um anos, foi morar na mesma casa que Helen para ensina-la, transformando a criança descontrolada num ser humano responsável, despertando e estimulando a sua mente maravilhosa. O começo da sua educação deu-se tentando relacionar um objecto a uma palavra através da soletração pelo alfabeto manual, aprendendo logo a repetir as letras correctamente, contudo não sabia que as palavras significavam coisas. Para isso a sua professora colocava uma das mãos de Helen sobre o objecto em estudo e na outra mão soletrava a palavra, tocando e sentindo várias coisas; ao anoitecer já relacionava trinta palavras. Mais tarde aprendeu o alfabeto em braille e o manual, facilitando assim, a sua aprendizagem da escrita e leitura. Aprendeu a falar aos dez anos deixando de ser surda. Durante dois anos recebeu aulas de linguagem falada e de leitura pelos lábios. Helen Keller além de aprender a ler, escrever e falar demonstrou, também, eficiência no estudo das disciplinas do currículo regular. A professora enquanto criança passou por uma situação idêntica à de Helen o que a levou a dedicar-se a crianças com este tipo de problemas. Tornaram-se inseparáveis o que levou Helen Keller a progredir devido a muita dedicação, persistência e empenho por parte de ambas. 35 Em 1898 entrou na Escola de Cambridge, dois anos depois foi para a Universidade onde em 1904, recebeu um diploma em filosofia. Enquanto estudante, a professora Anne foi sua orientadora, transmitindo todas as aulas, através do alfabeto manual, encorajando-a e estimulando-a. Além das aulas da Universidade, Anne soletrava aulas de francês, latim e alemão. Com a obtenção do diploma acabou os dias de educação formal. Todavia, continuou a estudar e a manter-se informada sobre todos os assuntos importantes do mundo moderno. Antes de se formar estriou-se em literatura escrevendo a sua autobiografia e em seguida no Jornalismo; a partir daqui não parou de escrever. Helen Keller recebeu numerosos prémios de grande distinção pelas suas capacidades e realizações académicas, nomeadamente títulos e diplomas em sua honra das Universidades Temple, Harward e das Universidades da Escócia, Alemanha entre outras. Também devido ao estimulo que o seu exemplo e presença deu às outras pessoas com os seus problemas conferiram-lhe as condecorações de: Ordem do Cruzeiro do Sul, do Tesouro Sagrado, do Coração de Ouro, Medalha de Ouro de Mérito e foi feita Cavaleira da Legião de Honra da França. Alcançou também o premio Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências Sociais e tornou-se membro de sociedades científicas e organizações filantrópicas dos cinco continentes. No Quinquagésimo aniversário de sua graduação, adquiriu o Prémio Destaque Aluno. Em sua homenagem o local onde nasceu foi transformado num museu, em 1954. Morreu a 1 de Junho de 1968. A sua luta árdua e vitoriosa para se integrar na sociedade tornou-a uma célebre escritora, filósofa e conferencista. Tornou-se ainda uma personagem famosa pelo trabalho incessante que desenvolveu para o bem-estar das pessoas portadoras de deficiências. Superou todos os obstáculos, tornando-se uma das mais notáveis personalidades do século XX e um poderoso símbolo de triunfo sobre a adversidade, tendo um lugar definido na história do nosso tempo e dos tempos que virão. 36 Helen Keller realizou uma grande obra de educação, pois dedicou sua vida ao trabalho para o bem-estar das pessoas cegas e surdo-cegas, influenciando na criação de legislação e serviços especializados. Será uma pessoa imortal, pois o seu espírito perdurará devido a tudo o que passou, a todos os progressos, a todos os feitos, pois mesmo com as dificuldades todas sair vitoriosa, logo, enquanto o homem puder ler e puder ser contada a história sobre a mulher que mostrou ao mundo que não existem limitações para a coragem e a fé. E por tudo isso ela foi chamada pelos seus amigos “A primeira mulher de coragem do mundo”. Os escritos e pensamentos de Helen Adams Keller traduzem espírito de coragem e força de vontade. Catarina Vera 11ºA - Nº4 37 Sócrates Sócrates foi um filósofo ateniense e foi também um dos fundadores da actual Filosofia Ocidental. Nasceu a 469 a.C. e faleceu a 399 a.C. vítima de uma condenação injusta. Sócrates não deixou nenhum registo escrito, pelo que, tudo o que se sabe sobre ele encontra-se nas obras de Platão, Aristóteles e Xenofonte. Os diálogos de Platão retratam Sócrates como um mestre que se recusa a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por impiedade. Viveu na época em que os Sofistas tinham muito poder e isso custou-lhe a vida. Contrariamente aos Sofistas, que eram cépticos e que ensinavam retórica, tanto Platão como Sócrates defendiam que há uma realidade objectiva e que há verdades objectivas e universais, que podem ser descobertas por intermédio, não da retórica, mas da dialéctica. Outra diferença entre Sócrates e os Sofistas era que Sócrates não aceitava dinheiro pelos seus ensinamentos, e a sua pobreza diferenciava-o dos Sofistas. Sócrates foi condenado à morte acusado de ser ateu e de corromper os jovens com a sua filosofia, mas esta condenação deveu-se aos interesses dos poderosos da época. Sócrates teve várias oportunidades de escapar a tal fim, como por exemplo quando um amigo o iria tirar da prisão, ou quando foi avisado para acabar com a sua filosofia pois, caso continuasse, as coisas não iriam correr bem para ele. Mesmo no tribunal, foi permitido a Sócrates fazer um pedido com o objectivo de lhe ser reduzida a pena; a isto Sócrates respondeu que queria apenas uma pequena multa, ridicularizando a situação. Eu penso que Sócrates foi um homem bastante corajoso pois, apesar de naquela época ter quase toda a gente contra ele, de ter sido ameaçado e de ter mesmo sido condenado, Sócrates nunca arredou pé e continuou a lutar por aquilo em que acreditava, a sua filosofia. 38 Pensa-se que Sócrates tenha feito serviço militar, e ele usa esse facto como argumento no tribunal; Sócrates diz que, se os juízes achavam aceitável que ele desistisse da sua filosofia quando se deparava com dificuldades, então também achariam aceitável que um soldado fugisse da guerra quando o perigo de morrer estivesse iminente. Há quem critique Sócrates dizendo que este, quando recusou a hipótese de fugir da prisão, e consequentemente fugir da morte, não pensou nos três filhos que tinha, nem na sua mulher. Na minha opinião, poucas pessoas seriam capazes de fazer o mesmo que Sócrates fez, que foi manter-se fiel aos seus ideais, à sua filosofia e, mais importante que tudo, Sócrates manteve-se fiel a si mesmo nos momentos em que podia escolher entre a vida e a morte, e isso revela uma coragem imensa. Francisco Mendonça 11ºA - Nº8 39 40 Karol Wojtyla Sendo o meu objectivo neste texto provar que Karol Wojtyla foi, de facto, uma pessoa corajosa, penso que a primeira coisa que devo fazer é esclarecer este conceito. Segundo o Grande Dicionário da Língua Portuguesa coragem é definida como força ou energia moral que leva a afrontar os perigos; valor, ânimo, intrepidez, bravura, denodo, firmeza, ousadia; grandeza de alma; carácter nobre; constância, perseverança; resolução, franqueza, desembaraço. Após este esclarecimento, será com certeza mais fácil comprovar se a minha tese é, ou não verdadeira. Karol Wojtyla teve uma vida muito atribulada, porém, nada o pode abalar, nada o fez pôr em causa os seus princípios e principalmente, nada o fez parar. Nada o fez parar de evangelizar, de servir, de se exprimir, de procurar o bem dos outros, nada o fez parar de ser ele próprio. 41 De facto, a vida de Karol foi repleta de sofrimento desde muito cedo. Segundo o próprio, quando ainda era novo já todas as pessoas que amava tinham morrido, nomeadamente o seu irmão, a sua mãe e ainda o seu pai, com quem passou a juventude, e mesmo aqueles que não amara já haviam partido, referindo-se à sua irmã que morreu anos antes do seu nascimento. Pouco tempo após a morte de seu pai, o seu país natal (Polónia) foi invadido pelos alemães (no decorrer da Segunda Guerra Mundial) que impediam as celebrações eucarísticas que não as de domingo, e já então, Karol se apresentava como defensor implacável da liberdade, tentando sempre fazer que outras celebrações fossem permitidas e que os cidadãos pudessem assistir às mesmas, coisa que não era permitida. Nesse tempo, lutava para não ser deportado para a Alemanha, por isso viu-se obrigado a trabalhar numa fábrica de químicos. Seria de esperar que, com o final da Segunda Guerra Mundial, a situação religiosa mudasse, por menor que fosse essa mudança, porém não e isso que acontece. Com o regime comunista implantado, a situação mantém-se igualmente má, mas nem assim Wojtyla se deixa derrubar, nesta altura já sendo sacerdote, Karol pede permissão para celebrar a eucaristia na noite de Natal. A resposta que lhe foi dada (que não seria possível utilizar qualquer igreja para celebrar a eucaristia) deitaria qualquer um abaixo, mas Karol Wojtyla não era qualquer um, por isso, não satisfeito com a decisão, resolve celebrar a missa ao relento. Celebra-a com neve a cair, com temperaturas negativas, mas mais importante que isso, com cerca de duas mil pessoas à sua volta, pessoas que Karol chamou para, com ele, fazerem parte naquele momento. Como esta, existem muitas outras histórias que retratam a bravura com que Wojtyla enfrentava as situações adversas que se atravessavam no seu caminho. Dia 13 de Maio de 1981, Karol Wojtyla, então chamado Papa João Paulo II, foi vítima de uma tentativa de assassinato por parte de um membro de um grupo turco de extrema-direita que o deixou num estado de saúde crítico. Quando lhe foi dada permissão para sair do hospital, foi visitar à prisão o homem que o tentou matar, foi 42 à prisão para lhe dizer que o tinha perdoado. Teve a “grandeza de alma” de perdoar o homem que lhe tentara terminar a vida apenas por dinheiro... Para além de tudo isto, o Papa João Paulo II foi uma pessoa inovadora, que através do seu ânimo, alegria, perseverança e inteligência, alcançou metas nunca antes alcançadas, tais como pregar em igrejas luteranas, sinagogas e mesquitas; fazer viagens que em extensão e em número, superam o número alcançado por todos os anteriores Papas em conjunto, de modo a estabelecer uma comunicação entre as culturas que não se verificava; ser uma das grandes caras contra o regime comunista, apelando ao povo (subnutrido e injustiçado pelo governo) para que não tivessem medo, e graças a isso, as eleições de 4 de Julho de 1989 em Varsóvia foram uma “revolução sem sangue” que levou muitos outros países a libertarem-se deste regime. Manifestou também a sua opinião em assuntos como o aborto, a utilização de preservativos, a homossexualidade indo contra a opinião de grande parte da população. Penso que não será necessário prolongar-me mais para comprovar a veracidade da minha tese, porém, gostaria ainda de referir o facto de Karol Wojtyla ter sido diagnosticado do mal de Parkinson (doença neurológica) e que, mesmo assim, continuou incansável, fazendo tudo o que se encontrava ao seu alcance para continuar a ajudar o mundo, os jovens, toda a gente que necessitasse, e assim o fez ate ao dia 2 de Abril de 2005 (4 anos após o diagnóstico), dia esse em que morre fisicamente, apesar de permanecer vivo em milhões de corações pelo mundo fora. Por todos os seus feitos descritos neste pequeno texto, pelos que não estão aqui contemplados, e também pela maneira extraordinariamente firme com que ultrapassou as muitas adversidades da sua vida, não vejo como negar que Karol Wojtyla tenha sido uma pessoa extremamente corajosa ate ao último dia da sua vida. Isabel Almeida 11ºA - nº101 Penso que é importante salientar aqui que não é o que Karol expressa que é usado como argumento, mas sim o facto de ir contra um grande número da população actual para defender os seus princípios, e para isso é necessária a coragem que quero demonstrar. 1 43 44 Liu Xiaobo – Histórias de coragem Liu Xiaobo tem revelado uma verdadeira história de coragem. Exponho a seguinte proposição pois Liu Xiaobo (crítico literário, escritor, professor, intelectual e activista pelos direitos humanos e por reformas na República Popular da China) passou a vida entre manifestações e celas de prisão e ao contrário do que assegura o governo chinês, que este está preso porque não cumpriu as leis chinesas, este nunca violou qualquer regra. Encontra-se preso injustamente, e sempre mencionou com claridade que ele somente procura defender os direitos humanos por atitudes pacíficas e nunca de outro modo. Quando as individualidades Chinesas se manifestam, sobre a carência de privacidade e de liberdade de expressão (que estão muito condicionadas na China), as autoridades não podem evitar estas manifestações, mas conseguem prender os seus líderes, Liu Xiaobo está então preso por apelar a reformas políticas e por ser um importante porta-voz na aplicação dos direitos humanos fundamentais na China. Sempre no esforço de melhorar esta situação, líderes de países, um pouco por todo o mundo, têm solicitado à China que libertem Xiaobo, que tem sido apoiado e admirado pela sua audácia, tenacidade, vontade e virtude ao defender valores universais. Foi então homenageado a 10 de Dezembro de 2010 em Oslo, na Noruega, com o Prémio Nobel da Paz. A Liu, o Comité referiu-se como homem de “grandes riscos”. Elogiou-lhe a “humildade”, o optimismo, a coragem e a “dignidade” nas críticas ao regime e lamentou a sua prisão por ter manifestado a “sua opinião” sobre o caminho a seguir pelo seu país. Para o tentarem desmoralizar, a sua mulher, Liu Xia, encontra-se isolada em casa pelas autoridades chinesas e os seus aliados foram também colocados em prisão domiciliária pelo governo em Pequim, para impedir que algum de seus colaboradores pudesse representar o activista pelo governo. Este governo, pretendeu também exercer pressão e influenciar a decisão do Comité Nobel Norueguês, para não atribuir o prémio a Liu Xiaobo, mas visto que não conseguiu dominar nenhuma decisão, este não autorizou que nem o autor, nem a sua mulher, ou qualquer outra pessoa de seu círculo de relacionamento, viajassem para adquirir 45 o prémio, e as emissoras que tentaram transmitir a notícia na China, não o conseguiram fazer. Estes actos por si só provam a desonra da China perante os outros países e urgentemente o humanista Liu Xiaobo deverá ser libertado. Tal como já tinha referido, para o Governo chinês, Liu Xiaobo é "um criminoso condenado por violar as leis chinesas”. Contudo, este governo já assinou as convenções da Declaração Universal dos Direitos Humanos, há mais de uma década, e segundo o Artigo 19.º desta declaração, aprovada e proclamada na Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a 10 de Dezembro de 1948, “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”. Ainda assim podemos concluir que a China não honra e não ratifica parte das suas leis principais, as leis universais dos direitos humanos. O chinês Liu Xiaobo tem revelado ser uma importante história de coragem pois este foi sempre um dos poucos que dedicou a sua vida a uma causa maior, entre grades e manifestações. Decidido a continuar a encaminhar o governo Chinês para a paz surge como um herói, que ao contrário da maioria das outras pessoas Chinesas que se denegam a falar com receio que as censurem, defende a dignidade humana de forma a ser escutado em todo o mundo. João Cartucho 11º A- nº 13 46 Marie Curie Marie Sklodowska Curie, nasceu a 7 de Novembro de 1867, na Varsóvia. O pai de Marie era professor numa escola secundária, pelo que o nível básico de formação científica ela o obteve com ele, tendo também estudado em pequenas escolas da região da Varsóvia. Em 1881 com a ajuda da irmã, mudou-se para Paris, local onde concluiu os estudos. Estudou na Sorbonne, onde se licenciou em Física (1893) e em Matemática (1894). No ano de 1894, conheceu Pierre Curie, que era professor na Faculdade de Física, com quem no ano seguinte se casou. Marie tinha uma curta experiência sobre o estudo da magnetização de diversos tipos de aços industriais, pelo que no final de 1897, depois do nascimento da sua primeira filha Irène, decidiu iniciar uma pesquisa para a obtenção do doutoramento em Física, que na época era obtido a partir da tese, dado que não existiam cursos de pósgraduação. Para tema de tese, Marie escolheu o estudo das radiações do urânio, através do método eléctrico, sendo que praticamente foi pioneira nessa área, não só por ser mulher mas também porque ninguém nessa altura dava atenção a esse fenómeno. A sua pesquisa planeada inicialmente era apenas um estudo padrão, de reproduzir para os raios do urânio o mesmo tipo de estudo que já tinha sido feito para os raios X, pelo que Marie justificava para o uso dessa técnica eléctrica que ela permitia obter resultados mais rápidos do que o método fotográfico e fornecia medidas numéricas, comparáveis entre si. Marie precisava de um local para realizar as suas experiências, pelo que o director da faculdade onde Pierre leccionava autorizou-a a utilizar um canto de uma sala que servia de casa das máquinas e depósito, sendo este local frio e húmido, mas o único existente. As suas primeiras experiências mediram a condutividade do ar sob acção de raios X como do urânio metálico. Após várias experiências, Marie percebeu que devia haver um elemento raro que emitia radiações como o urânio, pelo que na pechblenda, que contém óxido de urânio, descobriu também o tório, só que Schmidt 47 já o tinha descoberto algumas semanas antes, mas Marie continuou à procura pois havia ainda outro elemento presente mas não descoberto, pelo que com a ajuda do marido descobriu o polónio e o rádio. Em 1903 doutorou-se em ciências e nesse mesmo ano foi a primeira mulher a receber o Prémio Nobel da Física, o qual recebeu em conjunto com o seu marido Pierre Curie e Henri Becquerel, mas também recebeu a Medalha de Davy e no ano seguinte a Medalha de Matteucci. Em 1906, após a morte do marido, Marie sucedeu-lhe na cadeira de Física Geral na Sorbonne. Em 1909, recebeu a Medalha Elliott Gresson e em 1911 o Prémio Nobel da Química, sendo que nesse mesmo ano se tornou directora do Instituto do Rádio em Paris e finalmente em 1922 torna-se membro associado livre da Academia de Medicina. Marie morreu de leucemia, devido à excessiva exposição química, a 4 de Julho de 1934. Marie Curie é considerada uma história de coragem devido a ter conseguido ser a primeira mulher da ciência, pois foi pioneira na Física, mas suas pesquisas e no reconhecimento a nível mundial do seu excelente trabalho através de ter sido a primeira em toda a história a receber dois Prémios Nobel. Adriana Bastos 11A - Nº1 48 Martin Luther King Martin Luther King , Jr. nasceu em Atlanta dia 15 de Janeiro de 1929 e morreu em Memphis dia 4 de Abril de 1968. Martin foi um pastor protestante e activista político dos Estados Unidos. Tornou-se um dos mais importantes líderes do activismo pelos direitos civis nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de nãoviolência e de amor para com o próximo. Martin tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964, pouco antes do seu assassinato. Em 1955, aconteceu o incidente que levou a figura de King a ser conhecida como o sinónimo de luta pelos direitos civis, conhecido como o boicote aos autocarros de Montgomery. O boicote aconteceu por causa da prisão de uma negra que se recusou a ceder lugar no autocarro para uma passageira branca. Luther King, então, liderou o boicote aos autocarros de Montgomery, que durou um ano. Como uma represália ao boicote, King teve a sua casa bombardeada várias vezes e recebeu várias ameaças. Mas o tribunal deu fim ao boicote, ao proibir qualquer tipo de discriminação racial. Em 1963 Martin Luther King conseguiu que mais de 200.000 pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em Washington. Nesta ocasião proferiu o seu discurso mais conhecido, "I Have a Dream". Dessas manifestações nasceram a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965. Martin Luther King Jr. é uma verdadeira história de coragem. Num mundo cheio de injustiças para os negros, Martin conseguiu revitalizar o espírito negro e devolver aos negros o direito de serem iguais, lutou e lutou até conseguir o que queria e nunca desistiu nem se deixou rebaixar. Graças a Martin, os negros são agora capazes de votar e são tratados como iguais. Este grande senhor merece ser reconhecido por todo o bem que fez. Nuno Reis 11º A - Nº 21 49 50 Mineiros de San Jose: Uma Coragem Profunda O objectivo deste texto é demonstrar a coragem e bravura excepcionais dos trinta e três mineiros que estiveram 69 dias sem ver a luz do sol a 622 metros de profundidade, na mina de San José, norte do Chile. Existem numerosos factos que, ao longo da prolongada estadia no subsolo, evidenciam essa bravura, e que podem ser recolhidos a partir dos próprios relatos que fizeram, após o resgate. Logo na fase inicial (a do isolamento absoluto, após a derrocada no subsolo) os mineiros organizaram-se e resistiram durante 17 dias, sem que tivessem qualquer conhecimento de que estavam a ser procurados pelas autoridades chilenas. Nesta fase, os mineiros souberam racionar a escassa alimentação disponível, manter um exigente horário de actividade, apesar de não estarem a trabalhar e assegurar a disciplina do grupo. Tudo isto sem terem a mínima certeza de que saiam de lá vivos: o que evidencia grande força psicológica. Já após o restabelecimento de comunicações com o exterior (iniciado com a famosa mensagem “Estamos bien en el refugio los 33”), os mineiros continuaram a demonstrar enorme coragem: Além de manterem um horário, a disciplina e a organização iniciais, estes passaram a ter de executar numerosas instruções que lhes chegavam do exterior, para prepararem a sua libertação. Agora a coragem consistia sobretudo em executar muito bem as ordens recebidas da superfície, manter o sangue frio e saber pacientemente esperar, enquanto uma perfuradora ia rasgando através da terra um estreio caminho para a liberdade. Também na fase da execução do resgate, propriamente dita, os mineiros continuaram a demonstrar grande coragem e bravura. Já tinham passado mais de dois meses no subsolo e os factores de risco e insucesso continuavam a ser imensos, ainda que de outra forma: riscos técnicos ligados ao funcionamento da cápsula, riscos emocionais associados à incerteza da operação e à recepção na superfície por parte das pessoas e riscos de saúde. Apesar de todos estes factores adversos, os mineiros de San José comportaram-se com enorme inteligência e racionalidade, uma vez que conseguiram organizar-se 51 com muito profissionalismo e disciplina, colaborando activamente para a sua própria sobrevivência e superando este terrível desafio com grande sucesso. Só assim foi possível este magnífico desfecho: todos se salvaram e chegaram à liberdade. Por tudo isto, a odisseia destes mineiros foi acompanhada com muita admiração e respeito por todo o mundo, constituindo um óptimo exemplo da importância da coragem e da bravura humanas, numa situação extremamente adversa e desesperada. Mariana Pinheiro 11A - nº 19 52 Oskar Schindler Oskar Schindler nasceu no seio de uma família muito religiosa e respeitada a 28 de Abril de 1908 em Zwittan, na Checoslováquia. O jovem Schindler, que estudava engenharia, esperava seguir os passos do seu pai e tomar conta da fábrica de máquinas agrícolas, mas em resultado da grande depressão dos anos 30, a empresa da família foi à falência. Com apenas 19 anos Oskar casou-se com Emilie Schindler. Tal como muitos jovens que falavam alemão dos Sudetas, Oskar inscreveu-se no partido nazista. De seguida foi recrutado pelos serviços secretos alemães para recolher informações sobre os polacos. Esta actividade tornou-o muito considerado e estimado e permitiu estabelecer muitos contactos com oficiais nazis, o que lhe viria a ser muito útil mais tarde. Entretanto, Schindler estava desempregado com a falência da empresa de família, e decidiu partir para Cracóvia, na Polónia onde encontrou emprego como vendedor de máquinas, deixando Emilie – a sua mulher - em Zwittan. Pouco depois do rebentar da guerra em Setembro de 1939, Schindler com 31 anos de idade chegou à ocupada Cracóvia. A cidade, casa para cerca de 60.000 judeus e sob a administração alemã, provou ser muito atractiva para os empresários alemães, que desejavam capitalizar as adversidades existentes no país ocupado. Naturalmente astuto e sem escrúpulos, Schindler apareceu, inicialmente, para alcançar algum sucesso por aqueles lados. Em Outubro de 1939, apropriou-se de uma fábrica até então proprietária de um judeu, e assim começou a construir a sua própria fortuna. À medida que o tempo passava, o plano nazi conhecido como "Solução Final" começou a acelerar. Schindler viu o terror provocado pelos nazis e começou a encarar os judeus não só como trabalhadores baratos, mas também como pais, mães e crianças expostas à horrível carnificina do projecto nazi de eliminação total dos judeus, deixando para segundo plano o seu objectivo egoísta de ganhar dinheiro 53 e tendo como principal missão salvar o máximo de Judeus que pudesse do Holocausto. É então que Oskar Schindler decide arriscar um plano para desviar judeus do seu destino provável nas câmaras de gás. Na sua fábrica os trabalhadores passam menos fome que noutras instalações do mesmo género. Quando a quantidade de comida atinge o limite crítico, Schindler compra-a no mercado negro. Os idosos são registados como jovens e as crianças, registadas como adultos. Advogados, médicos e artistas eram registados como metalúrgicos e mecânicos – tudo para poderem sobreviver como elementos essenciais para a indústria de guerra. Na sua fábrica ninguém é torturado, espancado ou enviado para as câmaras de gás. Schindler salvou os judeus deste destino. Por duas vezes foi preso pela GESTAPO mas, graças aos seus conhecimentos consegue ser libertado. Durante estes anos, milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração polacos. Quando os nazis foram derrotados na frente Leste, Plazow e os campos vizinhos foram dissolvidos e fechados. Schindler desesperadamente usou todos os seus poderes de persuasão, subornou sem qualquer medo, lutou e pediu. Onde ninguém acreditaria que era possível, Schindler teve sucesso. Obteve permissão para mudar a sua fábrica de Plazow para Brinnlitz na Checoslováquia ocupada e levar consigo todos os trabalhadores judeus, coisa que mais ninguém havia conseguido durante a guerra. Desta maneira, os 1098 trabalhadores que tinham sido registados na lista de Schindler, não tiveram o mesmo destino fatal que os outros 25000 homens, mulheres e crianças de Plazow que foram enviados para as câmaras de gás. Até à Libertação na Primavera de 1945, Oskar Schindler procurou assegurar de todas as maneiras possíveis a segurança dos "seus judeus". Gastou todo o seu dinheiro para comprar comida e medicamentos. Criou um sanatório secreto na sua fábrica onde Emilie tratava dos doentes com equipamento médico comprado no mercado negro. Àqueles que não sobreviveram foi dado um funeral judeu (num lugar escondido) pago por Schindler. 54 Apesar da família Schindler ter à sua disposição uma enorme mansão junto a fábrica, Oskar Schindler compreendeu o medo que os judeus tinham das visitas nocturnas das SS. Em Plazow, Schindler não passou uma única noite fora do pequeno escritório da fábrica. Incansável, Schindler, conseguiu ainda convencer a GESTAPO a mandar cerca de 100 judeus belgas, dinamarqueses e húngaros para a sua fábrica para "continuar a produção de material de guerra". Em Maio de 1945 tudo acabou. Os russos ocuparam Brinnlitz. Na noite anterior, Schindler juntou toda a gente na fábrica e despediu-se com muita emoção. Mais tarde, as contas revelaram que Schindler tinha gasto algo como 4 milhões de marcos alemães mantendo os "seus judeus" fora dos campos da morte (uma quantia inacreditável para a altura). Oskar Schindler e os "1200 judeus de Schindler" sobreviveram. A vida de Schindler depois da guerra passou por uma série de fracassos. Tentou sem sucesso ser produtor de cinema e ficou privado da sua nacionalidade imediatamente a seguir à guerra. Na sequência de ameaças contra a sua vida que antigos nazis lhe fizeram pediu permissão aos E.U.A. para ir para a América, tendolhe sido recusado o visto por ter pertencido ao Partido Nazi. Viveu até ao fim da sua vida entre a Alemanha e Israel (onde se encontravam a maioria das pessoas que ajudara). Fixou-se como agricultor em 1946 tendo sido financiado pela organização da União dos Judeus e também de judeus agradecidos que nunca o esqueceram. Tragicamente em Outubro de 1974, com apenas 66 anos, Oskar morreu pobre num hospital alemão. Os sobreviventes desolados apoiaram a transferência dos restos mortais de Schindler para o Cemitério Protestante de Jerusalém, Israel. Emilie Schindler morreu a 5 de Outubro de 2001 e encontra-se enterrada na Alemanha. A 18 de Julho de 1967, Yad Vashem decidiu reconhecer Oskar Schindler como um Honorável entre as Nações. No dia 24 de Junho de 1993, Yad Vashem decidiu reconfirmar a sua decisão original e estendendo o reconhecimento também para a mulher de Schindler, Emilie Schindler. 55 Na minha opinião é indiscutível que Oskar foi realmente um herói numa altura em que poucos tiveram a coragem de se levantar e fazer algo contra a barbaridade que se estava a passar. Mesmo assim à quem considere que a história foi “romantizada” depois de terem sido feitos tantos livros e filmes acerca da história. Alguns defendem que Schindler não passava de um empreendedor ganancioso que se aproveitou da fragilidade dos Judeus para ter mão-de-obra barata. Não considero que isto seja verdade porque Oskar fez muito mais do que apenas manter os Judeus na sua fábrica. Algo tão simples como fazer funerais de acordo com as crenças dos Judeus não era algo que fosse essencial. Não fazia parte das necessidades básicas dos seus empregados, mas mesmo assim fez questão de o fazer. E o facto de Oskar dormir no seu escritório para que quando as tropas alemãs fossem fazer a vistoria ele estivesse lá para defender os seus empregados, só mostra as boas intenções e o carinho que Schindler sentia por todas aquelas pessoas. Basta ver a quantidade de dinheiro que Oskar gastou e olhar para o lucro, para perceber que em momento algum se tratou de tirar proveito daquelas pessoas. De início talvez fosse essa a ideia, mas rapidamente o lado humano de Schindler veio ao de cima e é com base nisso que se pode julgá-lo. Joana Borges, 11A - nº 12 56 Pratibha Patil “Estou completamente dedicada à educação, algo que gostaria que todas as pessoas, homens e mulheres, rapazes e raparigas, também o estivessem. Acredito que o envolvimento activo da mulher na sociedade contribuiria para o desenvolvimento da nação” Pratibha Patil “Firmeza de ânimo ante o perigo, os reversos, os sofrimentos”, “qualidade de quem não tem medo”, ou mais vulgarmente denominada como coragem, é a qualidade que pretendo evidenciar ao falar em Pratibha Patil, uma mulher que apesar de todos os obstáculos relacionados com a sua própria cultura, conseguiu conquistar pela primeira vez, aquilo que nenhuma outra mulher conseguiu. Pratibha Patil nasceu a 19 de Dezembro de 1934 na aldeia de Nadgaon Jalgaon District, Maharashtra. Licenciada em direito na Universidade de Bombaim, desde cedo se envolveu activamente na vida política. Em 1962, ganhou a sua primeira eleição, sendo a primeira mulher a ocupar um lugar no governo de Maharashtra, onde até 1986 acabou por ocupar diversos postos. Neste mesmo ano, foi eleita VicePresidente da Câmara dos estados (Rajya Sabha) onde permaneceu até 1981, em 1991 tornou-se membro do Parlamento de Amravati até 1996. Em Novembro de 2004, oito anos depois de ter terminado o seu mandato na Câmara do Povo (Lok Sabha), foi eleita a primeira mulher governadora do tradicionalista estado de Rajasthan. Em 14 de Junho de 2007, a UPA (Aliança Progressiva Unida) apoiou a sua candidatura à presidência, e em 25 de julho do mesmo ano foi eleita a primeira Presidente da Índia. Para além da sua activa vida política, Pratibha encontrava-se activamente ligada ao quotidiano de milhares de pessoas, sempre visando o desenvolvimento das zonas rurais e da agricultura, o fim das desigualdades entre géneros e do casamento infantil. Deste modo criou: um albergue para mulheres que trabalhavam em Mumbai e Delhi; uma Faculdade de Engenharia em Jalgon em 57 benefício da juventude rural; o Pratibha Mahila Sahakari Bank, um banco voltado somente para as necessidades das mulheres, dando-lhes empréstimos, e esteve envolvida na criação de uma escola de treino industrial para cegos. Mas o porquê de ser um exemplo de coragem? A cultura indiana é uma cultura marcada por forte costumes, o estatuto da mulher é algo que tem sido arduamente conquistado ao longo dos anos. Muitos são os factores que influenciam o quotidiano de uma mulher, dos quais destaco: acesso à educação, uma percentagem menor de raparigas encontra-se matriculada em comparação com os rapazes, das quais muitas desistem, o que se deve principalmente a preconceitos, à falta de condições nas instalações e ao casamento infantil muito comum: o infanticídio feminino e o aborto de fetos do sexo feminino, onde as raparigas são consideradas “fardos” para a família (é dos poucos locais do mundo em que há mais homens do que mulheres, aproximadamente 950 mulheres para cada mil homens, ano entanto, em algumas regiões o numero é tão baixo quanto 300). O casamento muitas mulheres, cerca de 5.000, morrem anualmente devido ao casamento, outras, quando o marido morre, perdem o respeito e o estatuto que tinham quando casadas, exemplo de tal era a pratica do Sati (costume que consistia em queimar as mulheres vivas para enterrarem junto ao marido) que embora ilegal, ainda acontece em certas localidades rurais ( desde a independência da Índia, há 63 anos já aconteceram mais de 40 casos); e o assédio e a violência domestica contra as mulheres (constitui cerca 37% dos crimes cometidos contra mulheres) contribuem para que as mulheres se sintam completamente inseguras, desprovidas de direitos, oportunidades, ambições. O que é de frisar é que numa cultura em que até o simples vestir demonstra um forte preconceito, foi dado um grande passo na luta de igualdade entre géneros, ao ser eleita uma mulher como Presidente. Apesar de Pratibha ter tido a sorte de ter uma família que, desde que nasceu, festejou o seu nascimento e apoiou-a em todas as situações, conseguiu triunfar num ambiente hostil. Às mulheres, palavras como poder, coragem, inteligência, vontade de vingar, ou mesmo liberdade de expressão não lhes eram associadas. Pratibha foi 58 alguém que participou na “primeira fila” na batalha que as mulheres têm vindo a lutar pela igualdade, como a conquista de direito ao voto (1950), alguém que lutou e luta pela igualdade. Como Pratibha afirma: “Ninguém nasce com sorte. Apenas temos que ser fortes e determinados, só isso”, e esta é, para mim, a “firmeza de ânimo ante o perigo, os reversos, os sofrimentos”, a verdadeira coragem. Mafalda Carvalho, 11ºA - nº16 59 Stephen Hawking Stephen Hawking é um físico Inglês, nascido no dia 8 de Janeiro de 1942, em Oxford. Hawking passou a sua infância em St. Albans e frequentou a St. Albans High School, onde completou a escola com boas notas, mas sem ser um aluno excepcional. Em 1959 começou a frequentar a University College, em Oxford, ele queria, inicialmente, frequentar um curso de Matemática, mas tal não foi possível porque a sua faculdade não disponibilizava esse curso. Então Hawking optou pelo curso de Física. Três anos depois Stephen concluiu o seu curso tendo como matérias de eleição, a termodinâmica, a relatividade e a mecânica quântica. Passado um ano foi-lhe diagnosticada a doença de esclerose lateral amiotrófica, que progressivamente foi impossibilitando todos os movimentos voluntários do seu corpo, privando-o de andar e até de falar. Desde aí, Hawking não desistiu e continuou o seu trabalho, e é hoje em dia um dos maiores Físicos da actualidade, tendo formulado várias teorias, entre elas a famosa teoria dos Buracos Negros e sobre a sua radiação, a Radiação Hawking. Hawking foi e é um homem de grande coragem, pois, apesar da sua doença conseguiu elaborar complexas teorias sem nunca ceder à loucura, pois ele é um homem são e altamente participativo na sociedade, foi reconhecido e medalhado por Barack Obama com “Presidential Medal of Freedom” e foi nomeado membro da Pontifícia Academia das Ciências pelo antigo Papa João Paulo II. Apesar da sua doença não afectar as funções cerebrais, não se pode ignorar o intelecto e a coragem de Stephen Hawking que atingiu estes feitos, entre outros, podendo apenas mexer os seus olhos. A história da vida de Hawking, no meu ponto de vista, é uma história de coragem. Pois este homem conseguiu lutar contra as adversidades da vida, que no seu caso foram muitas e más, para continuar o seu trabalho e pôr o seu nome na história da Física como um dos maiores Físicos de sempre. Henrique Cordovil 11A – Nº9 60 Madre Teresa de Calcutá Agnes Gonxha Bojaxhiu, conhecida mundialmente como Madre Teresa de Calcutá ou Beata Teresa de Calcutá, foi uma missionária católica albanesa, nascida a 26 de Agosto de 1910 na República da Macedónia e naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003. Foi considerada, por alguns, a missionária do século XX, tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de "Santa das sarjetas". Filha de pais bem sucedidos, poderia ter optado por uma via profissional, nomeadamente nos negócios de seu pai, ou qualquer outra, tendo em conta a sua vocação de infância para a poesia, bandolim e piano. Aos 18 anos decide tornar-se missionária na Índia, pressupondo a entrada na congregação de freiras de Nossa Senhora do Loreto. A 24 de Janeiro de 1931 faz os seus primeiros votos, adoptando o nome de irmã Teresa com o intuito de devotar-se à obediência e servir com amor total a Jesus. Em Calcutá, dedica-se ao ensino de história e geografia no St. Mary's School e, em 1934, faz os seus votos perpétuos e torna-se directora do sector bengali, tendo, mais tarde, sido igualmente directora da Congregação de freiras "Filhas de de Santa Ana. Aos 36 anos, por ocasião da sua viagem para Darjeeling, depara-se, na estação de comboios de Calcutá, com o cenário de profunda miséria e sente o chamado para deixar a Congregação e dedicar-se totalmente ao serviço dos pobres, dos mais desesperados, dos mais pobres entre os pobres. A 16 de Agosto de 1948, deixa o hábito e o convento, veste-se com um sari branco, a cor dos pouco importantes, fazendo um curso de enfermagem num hospital de irmãs missionárias de outra congregação. Decide alimentar-se com simplicidade, o suficiente para manter a saúde e trabalhar ao serviço dos pobres. De regresso a Calcutá, foi trabalhar na favela de Motijhil, morando numa pequena cabana em condições idênticas àqueles que assistia. 61 Escreve os Estatutos da nova Congregação a ser fundada, acrescentando aos três votos tradicionais o de caridade. O sari utilizado permite sentir-se pobre entre os mais pobres, identificar-se com os doentes, com as crianças, com os velhos abandonados, compartilhando, com a mesma roupa, a mesma forma de vida. Em 1953, contando já com a ajuda de cerca de 30 irmãs, funda a “Casa dos moribundos”, pretendendo que aqueles, prestes a morrer, deixassem este mundo com a certeza de que alguém os amava. Em 1954 funda a "Casa para crianças”, salvando-as, criando-as e fazendo-as estudar, tendo encontrado para muitas uma família adoptiva. Era uma fervorosa lutadora contra o aborto. Em 1957 dedicou-se aos doentes portadores de lepra, assistindo-os nas suas próprias casas através de ambulatórios móveis. Com o intuito de expandir o seu trabalho aos pobres e desamparados de todo o mundo, solicita ao João XXIII ser considerada direito pontifício, o que veio a ocorrer 5 anos depois. Em Março de 1963, o Arcebispo de Calcutá aprova o ramo masculino dos "Irmãos Missionário da Caridade” e sete meses depois funda a primeira casa da sua Congregação fora da Índia, na Venezuela. Em 1969, Paulo VI aprova a "Associação de Colaboradores de Madre Teresa" e dois anos depois é-lhe conferido, em Washington, o Doutorado em Letras. Em 1979 recebeu o Prémio Nobel a Paz. Ao longo da vida fundou, juntamente com suas cerca de 3.500 irmãs, mais de 440 Casas, espalhadas por mais de 90 países. No dia 5 de Setembro de 1997, depois de sofrer uma última paragem cardíaca, foi a vez de ela poder encontrar-se, desta vez definitivamente, com o Dono e Senhor da sua alma. Foi beatificada pela igreja católica em 19 de Outubro de 2003, com a ocorrência de um milagre ocorrido com Monica Besra, uma indiana, que foi curada de um tumor no estômago de forma inexplicável e cuja cura foi atribuída a Madre Teresa. Madre Teresa de Calcutá sentiu, desde muito cedo, necessidade de abandonar uma vida fácil e confortável para lutar em prol dos mais desfavorecidos. Entre as suas prioridades estava matar a fome e ensinar a ler aos "mais pobres entre os pobres", 62 bem como a leprosos, portadores de SIDA e mulheres abandonadas. O seu exemplo de dedicação sem temer contrair doenças contagiosas, a sua vida exemplar, sempre na sua fé católica deram-lhe, em vida, a certeza de que era santa. A vida de Madre Teresa de Calcutá é considerada uma história de coragem porque lutou durante toda a sua vida em prol da dignidade e dos direitos humanos, sempre com fortes convicções, tendo recolhido admiração por parte do mundo. Em jeito de conclusão, podemos afirmar que nenhuma mulher no século XX foi tão Mãe quanto Madre Teresa. Catarina Sabino 11A – Nº3 63 64 11º E 65 66 Jean Henry Dunant Jean Henry Dunant nasceu em Genebra no dia 8 do mês de Maio do ano de 1828. Era um filantropo suíço e, desde muito cedo, mostrou uma enorme vontade de ajudar a melhorar a situação que a Humanidade vivia naqueles tempos de guerra. Na sua juventude, agregou-se ao grupo Associação Cristã de Genebra que promovia a tolerância entre os homens e, à medida que mantinha o contacto com os outros membros do grupo, foi-se tornando num pacifista com a finalidade de defender a fraternidade Universal e os Direitos Comuns. Mais tarde e com já vários anos de experiência, Dunant estabeleceu-se como homem de negócios fazendo por ajudar a progredir a vida económica da comunidade com pequenos empréstimos e doações monetárias aos mais necessitados. Porém, esta sua forma de vida rapidamente se desvaneceu graças a variadíssimos problemas tanto económicos como pessoais mas foi esta que revelou o que ele podia fazer pelo Mundo, demonstrando a sua coragem e bondade. A 24 de Junho de 1859, Dunant, ainda como homem de negócios, querendo impedir a exploração ilegal de terras e com o desejo de falar pessoalmente com o Imperador francês Napoleão III, partiu em direcção a Sul, para o Norte da Península Itálica onde a França, aliada à Itália, combatia pela protecção do território italiano frente às investidas austríacas. Por lá, Henry Dunant – com a sua eloquência apaixonada -, não só resolveu o seu problema como encontrou outro: a guerra – o massacre, o pânico espalhado pelas faces de homens inocentes, o sofrimento brutal ao qual ninguém deveria, em tempo algum, ser exposto. Movido por uma nova paixão: a de salvaguardar a Humanidade da Guerra, criou com Gustave Moynier um comité não-governamental e sem fins lucrativos ao qual chamaram na altura de Comité International de Secours aux blessés (Comité Internacional de socorro aos feridos), uma instituição com a função de ajudar e socorrer pessoas em território bélico – sem qualquer discriminação étnica, religiosa ou sexual. Passado um ano, esta organização foi reconhecida pelo Comité de Genebra e começou a ser tratada por um outro nome, tal como é conhecida hoje em dia: Comité Internacional da Cruz Vermelha. Em 1901, Dunant teve a honra de ser o primeiro galardoado de sempre do Prémio Nobel da Paz pela sua demonstração de bondade e coragem na implementação de uma instituição com a finalidade de ajudar outros. Também recebeu, de Portugal, a Ordem de Cristo em 1897 pelos serviços prestados em prol do bem da Humanidade. Escreveu livros como Um Souvenir de Solferino, onde descreveu as suas primeiras experiências nos primeiros socorros e onde defendeu a ideia de que se devia apoiar mais a Humanidade e causas como a que ele defendia. Escreveu, também, A escravidão entre Muçulmanos e Estados Unidos onde defendia a 67 liberdade e acusava os Estados Unidos de não combaterem a escravidão de acordo com os ideais de liberdade Jean Henry Dunant morreu na vila de Heiden a 30 de Outubro de 1910. Durante a sua criação até ao presente, a Cruz Vermelha tem desempenhado um papel fundamental na ajuda aos feridos de conflitos mundiais e foi premiada já por três vezes com o Prémio Nobel da Paz pelas suas acções humanitárias pelo Mundo fora. Entre outras guerras e conflitos, desempenhou acções de auxílio na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra Mundial, no Holocausto, na Guerra Fria e, mais recentemente, na Guerra do Iraque. Jean Henry Dunant é um homem de coragem. Lutou pela qualidade de vida dos outros, independentemente das suas origens. Teve coragem para agir, de enfrentar os campos minados e as trincheiras enquanto resgatava feridos e inocentes. Tal com escreveu o filósofo Platão, coragem correlaciona-se com razão e dor. Dunant teve razão em agir e razão para agir: esteve certo da necessidade que o Mundo tinha de uma Instituição que o socorresse e o ajudasse. Também a dor esteve ligada à sua coragem: enviava equipas de salvamento e, quando integrado nalgumas delas, via a dor e sofrimento nos olhos dos homens e não sou capaz de imaginar pior dor que essa: o sofrimento mesmo diante de nossos olhos. Dunant abdicou da sua vida para ajudar os outros e formou homens com coragem – médicos, enfermeiros, voluntários – que podem estar neste preciso momento a salvar vidas ou a enfrentar o perigo da guerra. Também foi corajoso ao ponto de „enfrentar‟ os Estados Unidos com a acusação de escravidão não olhando pela sua vida apenas, querendo que fosse ouvido e que esta sua acção pudesse ajudar as pessoas a ver a liberdade como um direito. Sempre vivemos – até mesmo os nossos antepassados – num estado de guerra iminente e são necessários homens corajosos para as resolver; Henry Dunant foi um deles. A figura de Henry Dunant pode ser interpretada como um exemplo a seguir nos dias que correm: num Mundo onde se verificam cada vez mais casos graves, não só de guerras, mas de fome, escassez de água potável, e outras, a ajuda tornase um bem essencial à vida humana. O difícil é largar a nossa vida e refazê-la a ajudar os outros. É nesta questão que reside muita da coragem. Será que temos coragem suficiente para largar tudo e dedicarmo-nos inteiramente a quem mais precisa? Alexandre Mendes 11º E – Nº 1 68 Salgueiro Maia História de coragem Salgueiro Maia, mais conhecido como Capitão Maia foi num dos mais famosos capitães de Abril pelo qual todos nós devemos mostrar um grande respeito, pois muito provavelmente foi graças e este homem que o regime fascista caiu no nosso país, caso contrário ainda viveríamos num Portugal sem liberdade de imprensa e de expressão. Uma história de coragem de um homem humilde que quis mudar este pequeno rectângulo a oeste de toda e Europa e lutou com todas as forças pelos seus ideais. Perguntam o porque deste sujeito ser considerado uma história de coragem e não tantos outros soldados que também estiveram envolvidos na revolução do cravos a 25 de Abril de 1974. Esses também o foram… Mas certamente não terão sido eles que conseguiram fazer com que um batalhão inteiro marchasse até Lisboa como Maia na noite de dia 24 fez, chegando perto dos seus soldados e dizendo "Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos 69 acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!" e só com estas meras palavras conseguiu movimentar os seus homens em direcção à capital. Já na capital este nobre capitão, após ter montado cerco ao quartel do Carmo e também ao Terreiro do Paço onde se encontrava o Prof. Manuel Caetano, foi chamado à rua do Arsenal onde um militar fiel ao regime – Brigadeiro Pais – que tinha na sua posse armamentos muito mais sofisticados que o Movimento das Forças Armadas se encontrava em conflitos com os homens de Maia. Este chegando lá e com um lenço branco na mão (sinal de que vinha em paz) e com a sua forma serena de dialogar conseguiu fazer com que os soldados que até outrora estavam contra ele caíssem em si e vissem que era uma boa altura de fazer algo de melhor pelo povo, dando a volta e juntando-se à revolução. Nem mesmo quando o Presidente do Conselho recusou a rendição, este homem que aqui é falado, disparou contra o seu edifício, Maia durante toda a revolução nunca alvejou nada nem ninguém. Acreditou sempre que a força da palavra e daquilo em que acreditava era suficiente para fazer cair a ditadura e abrir portas a um novo regime em Portugal, o regime democrático em que agora vivemos. Um homem que moveu o seu quartel em Santarém, um homem que fez mover um país inteiro, que abriu os olhos a muita gente para o que se passava em Portugal. Um homem que com três tanques velhos e um lenço branco na mão faz os seus adversários marchar ao contrário. Um homem que sem disparar um único tiro faz cair um regime fascista que até há data estava implementado no nosso país. Se é ou não uma história de coragem cabe-vos a vocês decidir, na minha opinião é um grande homem que infelizmente já não está entre nós mas que deve ser lembrado e do qual muitas pessoas se esquecem. David Dias 11ºE - Nº5 70 Martin Luther King Jr. nasceu em 15 de Janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, filho primogénito de uma família de negros norte-americanos de classe média. O seu pai e avôs paternos eram pastores protestantes e a sua mãe era professora. King teve uma educação marcadamente religiosa, aos 19 anos tornou-se pastor Baptista e mais tarde formou-se em teologia no Seminário de Crozer. Fez também uma pós-graduação na universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou. A sua educação, durante a infância e a adolescência, foi vivida numa sociedade americana que segregava a raça negra. Uma das manifestações dessa segregação residia no facto de existirem escolas diferentes para negros e brancos. Esta realidade provocou-lhe um sentimento de revolta e de injustiça social que o levou liderar protestos anti-racistas, intensificando a sua actuação como defensor dos direitos civis por vias pacíficas, inspiradas nos ideais de Mahatma Gandhi. Em 1954 tornou-se pastor da igreja baptista de Montgomery, em Alabama. Em 1955 houve um boicote aos transportes da cidade, como forma de protesto a um acto discriminatório praticado a uma passageira negra que se vira obrigada a ceder o seu lugar a uma passageira branca, tendo aquela oferecido resistência não concedendo o lugar conforme lhe estavam a exigir. Luther King, como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou este movimento de boicote aos transportes, que durou um ano. Como represália, Luther King viu a sua casa bombardeada e viria a ser preso pelo seu acto, tendo sido mais tarde absolvido. Nos anos seguintes prosseguiu com os seus protestos e marchas, sempre lutando pelas liberdades civis dos negros. Como era dotado de uma excelente oratória, os seus discursos vinham a ser conhecidos em todo o mundo e a sua palavra já movia massas. Por isso, era tido como um opositor para o Estado americano e um obstáculo para os racistas. Foi preso, torturado e alvo de terrorismo. 71 Mas mesmo assim a sua coragem e determinação não o fizeram desistir da sua causa. As suas acções e protestos começavam a sortir efeito junto do Estado que ia criando novas leis dos direitos civis, começando assim a promover-se a igualdade entre as raças. Em 1963 liderou um movimento massivo, "A Marcha para Washington", pelos direitos civis, organizando campanhas no sentido de dar direito de voto aos negros. Foi um protesto que contou com a participação de mais de 200.000 pessoas que se manifestaram em prol dos direitos civis de todos os cidadãos dos Estados Unidos. Nesta ocasião proferiu o seu discurso mais conhecido, “I have a dream" (“Eu Tenho um Sonho"). Desta manifestação nasceram: a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965. A não-violência tornou-se a maneira de demonstrar resistência. As suas vitórias, não violentas, em torno da sua causa, culminaram com a atribuição do prémio Nobel da Paz, em 1964, tendo sido a pessoa mais jovem a recebê-lo. Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que conduziu ao seu assassinato no dia 4 de Abril de 1968 por um homem branco de nome James Earl Ray . Nesse momento, Luther King estava a apoiar uma greve de lixeiros. Em 1983 foi decretado feriado nacional, a cada terceira segunda-feira do mês de Janeiro, em homenagem ao aniversário de Martin Luther King Jr. Morreu aos 39 anos, uma vida curta para um homem que ainda tinha muito para dar às causas nobres da sociedade. Este grande homem teve a coragem e a ousadia necessárias para romper com a rotina discriminatória que os homens da sua raça e não só eram alvo todos os dias. Dar a cara pelas causas não é fácil, só o consegue alguém com o seu enorme altruísmo e força para agir. Muitas outras pessoas pensariam como Martin Luther King, exemplo disso era a quantidade de cidadãos que a sua voz de comando e de segurança fazia mover, mas nenhuma conseguiu reunir as características que o tornaram tão único e que conseguiram mudar o modo de vida de uma nação inteira. 72 Os seus actos levaram-no a ser torturado, castigado, preso e espezinhado; ele pôs a vida da sua família e dos seus em risco e, de certo, sabia que iria morrer por pôr a felicidade e liberdade dos outros acima da sua vida. Ele deixou para os outros os frutos que conseguiu e que tão arduamente conquistou. A sua vida tão curta deixanos a impressão de que podia fazer ainda muito mais. Martin Luther King não era e não é apenas adorado pelos indivíduos de raça negra, ele conquistou o respeito e admiração de todo o tipo de indivíduos, pois não conseguia ignorar qualquer tipo de injustiça social e tinha que agir. O exemplo de Luther King é seguido e aplicado nos dias de hoje embora, infelizmente, continue a haver injustiças sociais e manifestações racistas. No entanto, largos passos foram dados por King para a erradicação das desigualdades sociais desde que se deu a conhecer ao mundo. A eleição recente do presidente Barack Obama (primeiro presidente afro-americano dos EUA) foi desde logo relacionada e lembrada pelo próprio como a confirmação de uma mudança no pensamento das pessoas que havia sido iniciada por Luther King e talvez sem a coragem deste nada disto teria acontecido. Martin Luther King mudou o mundo. Os seus actos e maneira de ser comoveram o mundo e ultrapassam a simples definição de coragem que vem no dicionário, completando todavia, o todo da palavra. Onde muitos usam a guerra, ele usou a paz; onde muitos usam a sua superioridade, ele usou a sua inferioridade; onde muitos usam a força do chicote, ele usou a força da palavra; quando muitos lutam por interesses individuais, ele lutou por interesses colectivos; quando muitos não são respeitados como líderes, ele conseguiu o respeito e devoção de quase um mundo inteiro. Quando muitos não têm coragem, ele teve-a. “Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo” Martin Luther King Jr. Joaquim Braga nº. 10 / 11º.E 73 74 11º H 75 76 Biografia de Guerra Junqueiro Abílio Manuel Guerra Junqueiro, filho do negociante e lavrador José António Junqueiro e de sua mulher D. Ana Guerra, nasceu em Freixo de Espada à Cinta dia 17 de Setembro de 1850 e morreu em Lisboa dia 7 de Julho de 1923. Em 1866 matriculou-se em Teologia na Universidade de Coimbra. Compreendeu que não tinha vocação para a vida religiosa, dois anos depois, transferiuse para o curso de Direito, terminando-o em 1873. Mais tarde foi alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta. Entrou no funcionalismo público da época e foi secretário-geral do Governador Civil dos distritos de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo. Em 1878 foi eleito deputado pelo círculo de Macedo de Cavaleiros. Foi o poeta mais popular da sua época e o mais típico representante da chamada "Escola Nova". A sua poesia ajudou a criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República. Texto argumentativo Este texto trata da compreensão da contribuição que o personagem Guerra Junqueiro teve para a criação do ambiente revolucionário que conduziu á implementação da República, através da sua poesia (principalmente nas obras “Finis Patriae” e “Padre Eterno”). Analisando as suas obras principais podemos visualizar que, no “Padre Eterno”, o autor culpa o clero de deturpar o ideal cristão. Censura o fanatismo religioso, o ritualismo oco, o jesuitismo, as superstições obscurantistas e o Vaticano (a que chama “Bordel da Igreja”). Esta obra tem vindo a ser censurada pelos cristãos ao longo do tempo e contribuiu bastante para uma mudança de pensamento por parte de algumas pessoas na época. Através da sua outra obra, “Finis Patriae”, o autor esclarece ainda que se chegou ao “fim da pátria”. Utiliza diversas personagens, que são tipos e símbolos sociais, ao longo do livro, para mostrar que a pátria foi-se perdendo ao longo da História. O livro foi publicado no ano do Ultimato da Inglaterra a Portugal, e no livro podemos constatar alguns poemas que insultam a nação inglesa e censuram a submissão de Portugal a Inglaterra, perante a ofensa inglesa. Por fim, o autor incentiva a juventude a “ressuscitar” a pátria dedicando-lhes o livro quando escreveu: “Á mocidade das escolas”. Após analisar estas duas obras, entre outras produzidas pelo autor, pode-se concluir que o autor defende que é necessário haver uma mudança suficientemente gratificante que permita valorizar de novo a pátria e o ideal cristão, sem se deturparem factos e ideias antigas e não desrespeitando o país. Chega-se á conclusão que essa mudança é, de facto, a implementação da República. 77 Na minha opinião, concordo plenamente que o autor contribuiu bastante para a mudança de pensamento da época, constatando os problemas e acontecimentos que se passavam na altura, que muitas vezes passavam despercebidos, o que levou á vontade de mudar e tornar a situação do país melhor, implementando a República. Guerra Junqueiro, no fim, acabou por ajudar a abrir o caminho para a implementação da República. Este, além de ter marcado uma grande mudança numa época importante da história de Portugal, ainda incentivou as pessoas a terem uma “nova forma de pensar”: lutar pelo que acham certo, defender aquilo que acreditam, constatar os factos e não os ignorar quando são importantes e acima de tudo, respeitar e manter a nação. Assim se conclui que, Guerra Junqueiro, foi uma personagem importante nesta época, através da coragem que teve, apresentando os problemas da sociedade que todos pareciam ignorar e apoiando a mudança que iria melhor a situação do seu país. Bibliografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Junqueiro http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/junqueir.htm http://www.infopedia.pt/$guerra-junqueiro Catarina Chinita Gonçalves 11H – nº 2 78 Professor Egas Moniz No âmbito da disciplina de Filosofia, foi pedido que escolhêssemos uma pessoa da 1ª República que considerássemos ter sido um exemplo de coragem. Procurei que a minha escolha fosse o mais abrangente possível e que fosse alguém que tivesse dado provas de valor em áreas diferentes, pelo que cheguei à conclusão que o Prof. Egas Moniz seria um bom exemplo. Entendo por coragem algo que ultrapassa os limites da fronteira individual, uma vez que não é uma característica que se limita ao ser, mas que se projecta nos outros. António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz foi o primeiro galardoado português com o Prémio Nobel da Medicina em 1949. Formado em medicina pela Faculdade de Coimbra, onde também iniciou a sua carreira profissional enquanto professor de Fisiologia e de Anatomia, acabou por se fixar em Lisboa, para onde foi transferido. Tornou-se professor catedrático na Universidade de Lisboa e dedicou-se à investigação, trabalho que acabou por vir a ser reconhecido com o referido Prémio. Os métodos que desenvolveu, no sentido de levar a cabo as cirurgias e estudos que pretendia, foram contestados por muitos, os quais se opuseram de forma determinante a que o Prof. Egas Moniz recebesse o Prémio e chegaram mesmo a propor que este lhe fosse retirado. Um dos métodos, conhecido por lobotomia, deixou de se usar há mais de 30 anos, por ser considerado ineficaz e demasiado violento, tendo alguns dos pacientes que se sujeitaram a este tipo de intervenção ficado com sequelas permanentes e irreversíveis. Dado o seu percurso profissional, de dedicação e empenho numa carreira de sucesso, bem como o facto de ter sido um cidadão notável, igualmente dedicado à política e às artes, sob a forma de literatura, pareceu-me ser uma das individualidades mais marcantes do período da 1ª República. Levar a cabo investigações científicas que suscitem vozes contrárias, correndo o risco do fiasco, procurando sempre ultrapassar as dificuldades, ao ponto de ter sido nomeado para o Prémio Nobel 5 vezes, sem nunca desistir, parece-me ser um símbolo de coragem. Os avanços científicos surgem-nos, muitas vezes, como uma faca de dois gumes: será que se justificam os meios para alcançar os fins? Será que o resultado final, por ser positivo, minimiza o esforço e os sacrifícios 79 de todo o processo até se ter alcançado o sucesso? A verdade é que a coragem se mede pelos feitos e é identificada quando se torna visível aos olhos de terceiros. Egas Moniz foi um médico respeitado, admirado, premiado enquanto profissional numa área científica que ainda tinha muito território a desbravar na primeira metade do séc. XX e, apesar de todos nós, por razões biológicas ou de outra natureza, gostarmos de ver que o nosso trabalho ser apreciado, nem sempre esse reconhecimento vem em tempo útil. Egas Moniz recebeu esse apreço em vida e, desde a sua primeira nomeação, que sempre mostrou desejo em ir mais longe, em combater preconceitos, em arriscar ir por caminhos que poderiam ter-se revelado areias movediças. Por isso, por ser um homem obstinado, entendo que ele é um bom exemplo de coragem. Catarina Silva, 11H - Nº 3 80 História de coragem: Bartolomeu Dias Nunca uma caravela tinha ido tão longe. Em 1488, Bartolomeu Dias contornou o traiçoeiro cabo da Boa Esperança, no sul da África, e provou que era possível chegar ao Oriente pelo mar. Como se sentiria alguém, naquele século, se, um dia, o seu soberano o chamasse para uma audiência e lhe confiasse a seguinte missão: navegar até onde nenhum homem jamais navegou. Ir até ao fim da África, rumo ao desconhecido, e ver o que encontrava por lá. Quem aceitaria tal missão? Mesmo sabendo que teria de atravessar mares traiçoeiros, com tempestades capazes de destruir navios em minutos? Mesmo ciente dos longos períodos de calmaria, em que a sua embarcação ficaria à deriva durante semanas sob temperaturas escaldantes. Mesmo tendo ouvido relatos de que o litoral estaria habitado por tribos selvagens, prontos a matar quem tentasse pôr o pé na sua terra? Essa foi a decisão repleta de coragem que o navegador português Bartolomeu Dias teve de tomar a 10 de Outubro de 1486, diante de D. João II, rei de Portugal. Naquela época, as nações ocidentais não sabiam o que existia ao sul da África. A região não fora descrita em mapas, nem contava com portos “amigos” onde aventureiros pudessem encontrar apoio ou consertar uma avaria nos seus navios. A proposta de D. João II, sem dúvida, era vista como impossível por muitos. Mas nenhuma destas circunstâncias fez recuar Bartolomeu. Muito pelo contrário: era um homem ambicioso, dispostos a correr riscos. O rei sabia que uma nova rota para as especiarias da Índia traria a Portugal uma riqueza incalculável. Justamente por isso D. João II tinha dedicado boa parte do seu reinado à revitalização da Escola Naval de Sagres – um dos maiores centros de excelência em navegação da época, fundado pelo seu tio D. Henrique, o infante. Bartolomeu, por sua vez, era um membro da pequena nobreza. A sua origem é obscura, mas alguns historiadores afirmam que ele nasceu por volta de 1450, na região de Trás-os-Montes, no norte de Portugal. Era parente de Dinis Dias e Fernandes. É provável, inclusive, que uma indicação dele tenha permitido a Bartolomeu ser admitido na Universidade de Lisboa, onde adquiriu conhecimentos raros naquela época: estudou astronomia e matemática. Em 1481, numa expedição chefiada pelo veterano marinheiro Diogo de Azambuja (na qual também participou o navegador Cristóvão Colombo), o jovem Bartolomeu assumiu a função de capitão de um dos navios. A missão era construir a primeira colónia europeia na África, a fortaleza costeira de São Jorge da Mina (no actual litoral de Gana), fundada no ano seguinte. Foi ali, naquele entreposto perdido no meio da vasta costa, que Bartolomeu se familiarizou com o comportamento do mar africano, com as correntes, ventos e calmarias. 81 A expedição de Bartolomeu Dias saiu do porto de Lisboa no fim de Agosto de 1487. O navegador comandava duas pequenas caravelas, e ainda uma nau com mantimentos. É possível que Bartolomeu, lendo os relatos de Diogo Cão, tenha sido alertado para um facto fundamental: as terras ao sul não tinham bons lugares para aportar e conseguir alimento. O comando da estratégica galeota ficou nas mãos de Diogo Dias, irmão de Bartolomeu. Foram convocados dois dos melhores pilotos da frota portuguesa: Pêro de Alenquer e João Infante. Se a expedição se perdesse no meio do caminho, não haveria melhores pessoas para orientar, pelas estrelas, os barcos de volta à costa. Durante o mês de Setembro, a pequena frota navegou o oceano Atlântico sem contratempos. Após uma pequena paragem em Cabo Verde, os portugueses começaram a afastar-se do litoral africano. A manobra, claro, não foi acidental. Bartolomeu começava a utilizar o conhecimento quase exclusivo que possuía da costa da África, realizando uma manobra chamada “a volta do mar”. Consistia em afastar-se do litoral, navegando para oeste nas proximidades do golfo da Guiné, para depois se aproximar novamente da costa. Com isso, os portugueses evitavam o interior do golfo da Guiné, conhecido pelas suas infernais calmarias. A manobra surtiu efeito. Quando alcançaram novamente o litoral africano, Bartolomeu Dias estava quase na entrada da foz do rio Congo. Até ali, os portugueses estavam em segurança. Diogo Cão, já lá tinha estado anos antes e tinha cartografado a área. O desafio maior começou quando, em Outubro, a frota passou pelo último ponto conhecido até então, o cabo do Padrão. Naquele lugar, Diogo Cão erguera um padrão com uma cruz no topo. A partir dali, Bartolomeu não poderia contar mais com mapas. O mar, e as suas correntes, ventos – tudo seria estranho. Para piorar, as possibilidades de descer à terra eram quase nulas. À sua frente, desenhava-se um litoral rochoso, árido, assolado por ventanias de areia – aquele território desértico seria, séculos depois, denominado Costa do Esqueleto, por conta dos intermináveis naufrágios ali ocorridos. Ao chegar à baía baptizada de Angra Pequena (actual Namíbia), Bartolomeu intuiu, pelo recorte do litoral, que estava perto de finalmente dobrar a costa da África. Continuando para sul, descobriu primeiro a Angra dos Ilhéus, enfrentando com valentia, em seguida, um violento temporal. Estiveram perdidos treze dias, até que redescobrindo a costa, e assim voltou a ter pontos de orientação. Continuou para leste e chegou à baía de Algoa (800 km a leste do cabo da Boa Esperança), então conhecido como Cabo das Tormentas. Regressou a Lisboa em Dezembro de 1488. D. João II renomeou o Cabo, para Cabo da Boa Esperança, assegurando a esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias especiarias e outros artigos de luxo. Encontrara-se então a ligação entre o Oceano Atlântico e o Índico, descoberta possível devido à bravura do navegador, e que prometia a prosperidade há tanto procurada pelos portugueses. Inês Bouhon 11ºH - Nº6 82 Aristides de Sousa Mendes Neste trabalho irei falar sobre Aristides de Sousa Mendes, de maneira a que seja possível justificar o porquê de , para mim, ser um herói. Aristides de Sousa Mendes, nasce em 1885, ao mesmo tempo que o seu irmã gémeo, César. Filho de José Sousa Mendes e de Maria Angelina de Abrantes. Ambos os irmãos, resolvem seguir o exemplo do pai, juiz no Tribunal da Relação de Coimbra, e dedicarem-se à politica. Em 1907 licenciam-se em direito na universidade de Coimbra de forma a puderem seguir uma carreira politica. Em 1909 Sousa Mendes, casa-se com Clotilde de Abranches(prima em segundo grau) de quem teve 14 filhos. Em 1938 Salazar nomeia Aristides de Sousa Mendes como cônsul-geral de Portugal em Bordéus. Um ano mais tarde, a Alemanha invade a polónia e Inglaterra e França declaram a guerra à Alemanha. É durante esta guerra que Aristides mostra quem realmente é , pois aquilo que muitos poderiam considerar como defeitos de personalidade num diplomata –a natureza demasiado emotiva e o seu carácter impulsivo –tornam-se força motora de um heroísmo. Vejo-me obrigada a começar por falar da coragem que este homem, Sousa Mendes, apresenta durante a sua vida como cônsul em Bordéus, pois seria de esperar que face às dificuldades visíveis da segunda guerra mundial , qualquer outro , no seu lugar tinha obedecido às ordens de Oliveira Salazar. Mas Aristides, como católico , diz : “Se há que desobedecer , prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus “. E assim o fez, de maneira a salvar cerca de 38000 pessoas , incluindo 12000 judeus. Este é para mim o primeiro momento em que consigo perceber claramente , a bondade que Sousa Mendes transparece em si , pois arriscar a sua carreira e pôr a sua família numerosa em risco para salvar pessoas que, não só não lhe dizem nada, como também são de raças, religiões e etnias diferentes, revela uma força de vontade ,direi eu, gigantesca . Foi graças ao seu acto de solidariedade que a sua família ficou arruinada. 83 Este é mais um ponto em que “tiro o chapéu”, a Sousa Mendes , não pela sua família ter sido arruinada mas por ter salvo bastantes pessoas do holocausto. Qualquer um poderá questionar-se quanto à escolha, que Sousa Mendes fez, entre a família e outras pessoas em perigo, sendo este último a sua escolha, esta é uma questão verdadeiramente legitima à qual eu também me interrogai , e devo dizer que não podia ficar mais surpreendida ao ver que existe um homem tão bom, para toda a humanidade, ao ponto de sofrer e fazer sofrer os que mais gosta , para um bem maior , citando mais uma vês Aristides : “Quem salva uma vida, salva o mundo” , e é nesta confiança e fé , que se enche de coragem para mostrar a um mundo, em que a esperança e fé são escassas, que existe um motivo pelo o qual se deve lutar . Não posso, não devo, nem quero, deixar de mencionar que, apesar da sua fé, Aristides de Sousa Mendes, teve uma amante, é um erro e não deixo de o afirmar, mas não é o suficiente para dizermos que todo o seu esforço, dedicação, coragem, e luta não devem ser reconhecidos, pois antes de ser um herói, é um ser humano , que deu tanto , por tantos outros , e estes sim devem ficar agradecidos, e nós devemo-lo reconhecer como um humano e herói que é. Digo ainda mais, depois de ter procurado esta personagem histórica, apercebi-me que bastou apenas, Aristides , olhar para todas as aquelas pessoas em aflição , para perceber a injustiça que estava a acontecer, a qual ninguém queria, por medo ou cobardia, por fim, mas Sousa Mendes ficou comovido pela a aflição de “ toda aquela gente”, e não conseguiu ficar indiferente . Aristides, foi então condenado, quando veio para Portugal, castigado pelo o Salazar ficou sem metade do seu salário, e proibido de exercer a sua profissão como advogado, mais tarde seria mandado para a reforma . Para poder continuar a sustentar a sua família teve que ser ajudado pela uma comunidade judaica , tal castigo era considerado para ele uma humilhação, mas não vivia na ilusão de que seria reconhecido pelo o seu feito, mais uma vez , enfrenta os problemas de cara , tentando sempre ir pelo o caminho moralmente certo. Mas este homem, mais tarde teve a sua recompensa , até mesmo por Salazar. Até nos dias de hoje ,é homenageado , e visto como um bom homem. 84 Mesmo na sua morte, Sousa Mendes , mostra humildade e creio que foi neste momento que recebeu o seu maior reconhecimento, como Aristides perdeu quase todo o que tinha, e falecendo assim com muito pouco , uma das coisa que faltava era um fato para vestir no dia do seu enterro, os Franciscanos , ordem à qual pertence o hospital onde Aristides morreu, ofereceu-lhes uma veste franciscana para a poder levar. Na minha opinião , acho que intitula-lo, apenas, como um bom homem, não chegará , mas chamá-lo por: “salvador de vidas”. Todas estas razões , levaram-me a escolher, como uma personagem de coragem, Aristides de Sousa Mendes. Pois apesar da sua teimosia e desobediência, que também se revelaram características importantes, tinha fé, bondade, humildade, e muito mais que isto …. Tinha coragem para salvar vidas, pondo a sua em risco . Maria Simões Correia, 11H – Nº16 85