P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 144-152, 2010 Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação em redes de empresas Appreciative Inquiry and Fuzzy Logic: a proposed model for the analysis of cooperation in business networks Yslene Rocha Kachba1 Caroline Vaz Rodrigues1 Ivanir Luiz de Oliveira1 Kazuo Hatakeyama1 RESUMO: O presente artigo apresenta a proposta de um modelo de análise de cooperação direcionado à rede de empresas, cujos procedimentos partem da metodologia de investigação apreciativa que aponta os níveis de cooperação por meio dos pontos positivos da organização, com uma abordagem qualitativa. Para analisar quantitativamente o nível de cooperação depois da utilização da investigação apreciativa utiliza-se a lógica fuzzy. Com o objetivo de mensurar a nebulosidade da cooperação de uma rede de empresas, a investigação apreciativa tem uma importância essencial para a organização das micro e pequenas empresas (MPEs), principalmente, na visualização de sonhos e planejamentos estratégicos dos empresários organizados em rede. Na rede de empresas pesquisada, os empresários conhecem a importância de participar de uma rede de cooperação e seus benefícios. Entretanto, em seu planejamento e sonhos para o futuro do seu negócio, não se planejam em rede e, sim, isoladamente. Palavras-chave: Redes de cooperação; Investigação apreciativa; Lógica Fuzzy. ABSTRACT: This paper presents a proposed analysis model aimed at the cooperation network of companies whose procedures are based on the methodology of appreciative inquiry which indicates that the levels of cooperation through the organization's strengths, with a qualitative approach. To analyze quantitatively the level of cooperation after the use of appreciative inquiry is used the fuzzy logic. In order to measure the cloudiness of the cooperation of a network of companies, appreciative inquiry is of pivotal importance for the organization of micro and small enterprises (MSEs), especially in view of strategic plans and dreams of entrepreneurs organized in a network. In the network of companies surveyed, entrepreneurs know the importance of participating in a network of cooperation and its benefits. However, in its planning and dreams for the future of your business, do not plan to network but, in isolation. Keywords: Cooperation networks; Appreciative inquiry; Fuzzy logic. 1. INTRODUÇÃO O processo de globalização que começou nos anos 90 alterou o mercado competitivo local para o âmbito internacional. Este fato teve como consequência nas indústrias brasileiras, a necessidade de pleno acolhimento de expectativas dos clientes para sobreviver no ambiente de intensa competitividade. Assim, o maior desafio consiste na busca por maior participação no mercado. Para conseguir este intuito faz-se necessário desenvolver uma estratégia eficiente. Diante disso, pergunta-se: quais as melhores estratégias a serem planejadas e implantadas quando a realidade é de Pequenas e Micro Empresas (MPEs), com recursos escassos, tecnologia insuficiente, carência de mão de obra especializada ou da pesquisa de novos produtos? Dentro da incorporação de redes de empresas, pode ser executado o trabalho coorporativo e competitivo. Este envolvimento traz como suporte, a criação de novos produtos, a satisfação de clientes e um contínuo 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - PPGEP [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Suporte financeiro: Capes Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 145 ciclo de inovação. Logo, quando as firmas multiplicam o relacionamento de cooperação estes suportes são fontes para o aumento das estratégias competitivas (NIU, MILES e LEE, 2008). A aprovação para os conceitos e práticas de desempenho do gerenciamento e a mensuração das atividades entre as empresas devem estar vinculados a uma consolidada prática de cooperação, amadurecimento e troca de informações. Para o desenvolvimento das atividades, as empresas organizadas em rede precisam de determinados parâmetros, entre eles, a cultura contínua de inovação, desenvolvimento da eficiência de coletividade, a partir da confiança entre os empresários participantes da rede. Dessa maneira todas as ações de gerenciamento da rede devem estar vinculadas à eficiência da coletividade (CARPINETTI, GALDÁMEZ e GEROLAMO, 2008; AMATO NETO, 2009). No contexto econômico a vantagem da cooperação para Olavo e Amato neto (2001) oferece a possibilidade de dispor de tecnologias e reduzir os custos de transação relativos ao processo de inovação, aumentando a eficiência econômica e, por consequência, aumentando a competitividade. Entretanto, o ato de cooperar traz impactos da ativação de cooperativas, pois costumam ser analisados de maneira distinta em função da teoria que fundamenta a análise. Algumas dessas análises elevam a identificação de sistemas de incentivos que estimulam os agentes a cooperar, enquanto outras ressaltam a importância do contexto institucional que induz à consolidação de práticas cooperativas. Outro fator importante para estimular a cooperação é a transmissão de conhecimento entre os empresários da rede e até mesmo de agentes externos, como universidades, centros de apoio a MPEs, entre outros (BRITO, 2004). A definição geral da rede de cooperação é trabalhar em comum, envolvendo relações de confiança mútua e coordenação, em níveis diferenciados, entre os agentes internos e externos. Os agentes externos são instituições de ensino, institutos de pesquisa, centros de capacitação profissional, órgão de apoio à promoção, entre outros, salientados por Olavo e Amato (2001). Em redes de cooperação, identificam-se diferentes tipos de cooperação, incluindo a cooperação produtiva visando à obtenção de economia de escala e escopo, bem como a melhoria de índices de qualidade e produtividade e, cooperação inovativa, que resulta em diminuir os riscos, custos e tempo e, principalmente, no aprendizado interativo, dinamizando o potencial. As redes de cooperação têm diversas classificações e tipologias em relação às suas características. Para Rosenfeld (1996), as redes de empresas são classificadas em redes duras que consistem em três ou mais empresas que se unem para cooperar no desenvolvimento do produto ou do mercado, como os consórcios de empresas, principalmente do setor automotivo. As redes macias compreendem três ou mais empresas que se unem para resolver problemas em comum, informações compartilhadas, ou adquirir novas habilidades, como as aglomerações econômicas. As redes duras frequentemente requerem forma cooperativa ou arranjos empresariais em comum, enquanto que redes macias normalmente permanecem informais. A análise desta cooperação necessita de uma metodologia que contemple as descobertas, sonhos e planejamentos das redes de cooperação. Uma metodologia qualitativa para executar esta análise é a investigação apreciativa que tem como objetivo, analisar os níveis de cooperação e planejamento por meio de pontos positivos da organização (WHITNEY, 2003). Para avaliar a cooperação de uma rede de empresas, principalmente, classificadas como redes macias, encontram-se premissas analisada por Garcia et al. (2007) como uma natureza forte, não linear dos problemas, incerteza e a subjetividade inerente aos dados, a imprevisibilidade, normalmente negligenciadas em modelos convencionais. Valia na correta representação dos problemas, necessitam de ser tratadas quando da utilização de uma ferramenta matemática adequada, como a lógica fuzzy. Os procedimentos metodológicos envolvidos para a realização do estudo envolvem uma revisão teórica das contribuições que versam sobre redes de empresas, investigação apreciativa e lógica fuzzy. Como projeto piloto para o modelo foi utilizado um estudo de caso, no qual se centraliza a análise do nível de cooperação por meio da investigação apreciativa e lógica fuzzy. Destacam-se a análise da dificuldade da execução do sonho e o planejamento em rede. 146 Kachba et al. P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 144-152, 2010 2. CONCEITOS PARA LÓGICA FUZZY A lógica fuzzy ou difusa tem sua origem nas pesquisas feitas por Zadh (1965). Os objetivos destes estudos foram moldar problemas de natureza industrial, biológica ou química que envolvesse situações nebulosas, cujo processamento por meio da lógica computacional fundamentada na lógica booleana era inviável. Os seres humanos tomam decisões considerando valores não exatos, mas utilizam uma lógica que leva em consideração certo “grau de pertinência” das variáveis envolvidas no processo decisório. Essas variáveis linguísticas podem ser melhores descritas e manipuladas por um conjunto fuzzy. A lógica fuzzy é uma generalização da lógica clássica que permite incluir a imprecisão nos processo decisório (BAUCHSPIESS et al., 2004). Sendo µA (x) a função de pertinência do elemento x no conjunto A, cujo domínio é X e o contra domínio o intervalo de [0;1], um conjunto nebuloso A em x é um conjunto de pares ordenados dado pela equação 1. A = {(x, µA(x)) | x ϵ X} (1) Esta lógica para Garcia et al. (2006), o grau de pertinência assume valores no intervalo de zero e um, de modo inclusivo, esses extremos representam a completa exclusão e a total pertinência do elemento analisado com o conceito representado pelo conjunto fuzzy. Ressalta-se que o grau de pertinência não representa um valor médio probabilístico. Esta é uma medida da compatibilidade do objeto analisado pelos conceitos fuzzy. A lógica fuzzy para Sangiovanni (2009) permite fazer considerações qualitativas sobre a geometria, parâmetros e descontinuidades. A característica mais importante é a capacidade do algoritmo para avaliar, em uma única etapa, o problema e como a colocar a métrica, ou seja, a distribuição do tamanho ideal do elemento em cada ponto do domínio, com um grau de pertinência. Este grau de pertinência é possível, através das relações entre variáveis linguísticas de entrada e de saída descritas por inferências fuzzy, comuns conhecidas como base de regras. Estas bases de regras utilizam proposições e conectivos lógicos tais como SE; ENTÃO; E; e OU. As inferências fuzzy fornecem conclusões ou saídas de um dado sistema analisando os níveis de compatibilidade das entradas com as condições impostas pela base de regras, determinam-se como as regras serão ativadas ou combinadas (OLIVEIRA Jr, 1999). Um dos métodos utilizados dentro da lógica fuzzy é o sistema Mandani, em geral, um sistema fuzzy faz corresponder a cada entrada fuzzy uma saída fuzzy. Porém, espera-se que a cada entrada crisp (um número real, ou par de números reais, ou n-upla de números reais) faça corresponder uma saída crisp. Assim, um sistema fuzzy é uma função de R n em R, construída de alguma maneira específica. Os módulos que seguem indicam a metodologia para a construção desta função de acordo com Zadeh (1965): a) Módulo de fuzzificação: é o que modela matematicamente a informação das variáveis de entrada por meio de conjuntos fuzzy. É neste módulo que se mostra a grande importância do especialista do processo a ser analisado, pois a cada variável de entrada devem ser atribuídos termos linguísticos que representam os estados desta variável e, a cada termo linguístico, deve ser associado um conjunto fuzzy por uma função de pertinência; b) Módulo da base de regras: é o que constitui o núcleo do sistema. É neste módulo onde “se guardam” as variáveis e suas classificações linguísticas; c) Módulo de inferência: é onde se definem quais são os conectivos lógicos usados para estabelecer a relação fuzzy que modela a base de regras. É deste módulo que depende o sucesso do sistema fuzzy já que ele fornecerá a saída (controle) fuzzy a ser adotada pelo controlador a partir de cada entrada fuzzy; e d) Módulo de defuzzificação: que traduz o estado da variável de saída fuzzy para um valor numérico. Recentemente, os pesquisadores desenvolveram alternativas probabilísticas para a aplicação de lógica fuzzy e avaliar o desempenho de determinado problema. O desempenho do modelo de lógica fuzzy pode ser executado em qualquer forma de pesquisa independente do tipo de problemática (BROCK, BEAVIS & KUBATKO, 2009). A partir deste conceito a pesquisa avalia uma metodologia qualitativa, a Investigação Apreciativa em mensuração geométrica trapezoidal com a lógica fuzzy. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 147 3. INVESTIGAÇÃO APRECIATIVA A cooperação é um trabalho permanente na cultura de redes de empresas, uma vez que a organização da governança da rede é um dos resultados esperados para a sustentabilidade. Para a avaliação dessa cooperação tem-se a investigação apreciativa. Essa metodologia visa transformar as organizações através de questionamentos e experiências positivas vivenciadas dentro de uma organização e provoca flexões no indivíduo a ser pesquisado, seja através de questionamentos realizados ou em depoimento de experiências positivas realizadas (STAINSACK, 2005). A Figura 1 apresenta quatro parâmetros do ciclo 4D’s da metodologia de investigação apreciativa. Este se inicia como primeiro D, a descoberta, levantada através de questões positivas e histórias vivenciadas pelo integrante da rede de cooperação para a construção do seu negócio. O segundo D explora o sonho, como estes são entendidos no que concerne a uma visão de futuro, o que sonha o entrevistado com relação às inovações e o crescimento para a rede. O terceiro D trabalha com o planejamento, quando a partir do sonho são provocadas proposições para o entrevistado no que se refere às ações efetivas para a rede, o que podem fazer os sonhos se tornarem realidade. Por último o quarto D, traz o destino, como trabalhar os sonhos e o planejamento com toda a rede, para atingir o crescimento. Descoberta Da história? Valorização dos pontos positivos? Sonho Destino Para a cooperação? Tecnologias para a rede? Práticas bem sucedidas da rede? Como evoluir para o crescimento da rede? Planejamento O ideal? O que pode ser melhorado no real? Figura 1 – Ciclo 4 D’s para rede de cooperação. Fonte: Stainsack (2005) 4. MÉTODO DE PESQUISA A natureza da pesquisa é aplicada porque tem como objetivo analisar a cooperação em redes de empresa. A abordagem do problema é caracterizada por Markoni e Lakatos (2009) como qualitativa porque não utiliza parâmetros estatísticos para analisá-los ou qualificá-los. Do ponto de vista dos objetivos a pesquisa é exploratória com vistas a proporcionar maior familiaridade e torná-lo mais explícito. A pesquisa exploratória tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias de planejamento cooperativo em MPEs (GIL, 2009). O procedimento técnico utilizado foi o estudo multicaso (YIN, 2001), que compreendeu 24 empresas da associação de artesanato e confecção da cidade de Ponta Grossa, no estado do Paraná, fundada no ano de 2006. A escolha destas empresas para a pesquisa foi baseada no histórico artesanal de sua produção e na procura de parcerias para construir seu próprio negócio. Por este motivo se caracteriza em uma forma de 148 Kachba et al. P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 144-152, 2010 rede planejada pelo governo local para desenvolver a região, contudo necessita também de uma estrutura de cooperação para seu crescimento. A pesquisa se desenvolveu a partir de entrevista semi-estruturada com doze perguntas abertas, onde as três primeiras pesquisavam a descoberta da investigação apreciativa, quatro questões exploravam o sonho do entrevistado para sua empresa e para a rede, três questões discutiam o planejamento atual da rede e confrontavam com os sonhos e duas provocavam a procura de um destino para a rede de acordo com os sonhos do entrevistado. Assim analisou o nível de cooperação e pensamentos positivos para a rede através dos parâmetros do Quadro 1 de análise para cada um dos 4D’s. Quadro 1: níveis de análise para ciclo D’s Descoberta Importante Substancial Moderado Trivial Limitada Isolada Ponderado Baixo Conformada Isolada Sonho Amplo Mediano Planejamento Alto Médio Destino Magnífica Estratégica O quadro 1 demonstra os níveis de importância para os parâmetros do ciclo do 4D’s que variam de acordo com a ação positiva que vai ser pesquisada. A descoberta pode ser categorizada, por exemplo, em importante, porque há um grau de acuidade para a história e para as experiências positivas demonstradas pelos entrevistados. Entretanto, a opção trivial traz falta de otimismo para o histórico e as experiências positivas entre os empresários participantes da rede. Assim, são realizadas diversas combinações entre os quatro níveis da metodologia de investigação apreciativa. Após a investigação apreciativa o trabalho foi desenvolvido através de um sistema de lógica fuzzy composta por quatro camadas ou input do ciclo 4D’s, em que mostram o nível de cooperação da rede. Em aspectos positivos o quadro 2 demonstra este conceito. O quadro 2 apresenta 28 hipóteses para a cooperação através da análise para a lógica fuzzy, entretanto, o total de hipóteses trabalhadas foram 256, efetuadas pelos conceitos matemáticos de combinação para adquirir o nível de cooperação da rede, através da sistemática do quatro 1. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Primeiramente são apresentados os passos para a formulação do modelo da lógica fuzzy para redes de cooperação utilizando o Fuzzy Logical Toolbox, com uma rede de quatro camadas, englobando uma avaliação do ciclo. A partir da análise de método Mandani como demonstrado por Zadeh (1965) para a cooperação, formulou-se quatro entradas (input) que correspondem o ciclo 4D’s como apresenta a Figura 2. As camadas da rede fuzzy (input) compreendem a descoberta, o sonho, o planejamento e o destino que os empresários da rede visualizam para seus negócios. O objetivo deste modelo é gerar parâmetros para quantificar o nível de cooperação da rede, desse modo a saída (output) apresenta a validação deste objetivo. O modelo de função trapezoidal tem os valores resultantes de um intervalo de 0 a 1, em relação aos parâmetros: importante, substancial, moderado e trivial. Neste sentido tem-se como resultado a Figura 2 que ilustra a relação matemática entre as variáveis de entrada, sonho e descoberta e o fator de cooperação (output), (não normalizado no intervalo de 0 a 1). Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 149 Quadro 2: Matriz de variáveis e termos linguísticos para hipóteses de níveis de cooperação Se Se Se Se Então Descoberta Sonho Planejamento Destino Cooperação Importante Amplo Alto Magnífico Ótima Importante Amplo Alto Estratégico Ótima Importante Amplo Alto Conformado Prudente Importante Amplo Alto Isolado Baixa Importante Amplo Médio Magnífico Prudente Importante Amplo Médio Estratégico Prudente Importante Amplo Médio Conformado Médio Importante Amplo Médio Isolado Baixa Importante Amplo Ponderado Magnífico Ótima Importante Amplo Ponderado Estratégico Ótima Importante Amplo Ponderado Conformado Médio Importante Amplo Ponderado Isolado Baixa Importante Amplo Baixo Magnífico Prudente Importante Amplo Baixo Estratégico Prudente Importante Amplo Baixo Conformado Médio Importante Amplo Baixo Isolado Baixa Importante Mediano Alto Magnífico Ótima Importante Mediano Alto Estratégico Ótima Importante Mediano Alto Conformado Médio Importante Mediano Alto Isolado Baixa Importante Mediano Médio Magnífico Médio Importante Mediano Médio Estratégico Médio Importante Mediano Médio Conformado Médio Importante Mediano Médio Isolado Baixa Importante Mediano Ponderado Magnífico Ótima Importante Mediano Ponderado Estratégico Médio Importante Mediano Ponderado Conformado Médio Figura 2 – Método Mandani para o modelo de análise de redes de cooperação utilizando lógica fuzzy 150 Kachba et al. P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 8, n. 3, p. 144-152, 2010 Esta superfície é consequência da base de regras dos quadros 1 e 2, considerando-se as variáveis de entrada sonho e descoberta definidas pelos parâmetros de: pertinência esporádica, ocasional e frequente. Nota-se média linearidade desta relação e a impossibilidade de se obter a expressão da função por linearidade e sim, por conceitos de lógica Fuzzy. Porém apresentam-se níveis de 0,75 em cooperação em relação à descoberta, os mais baixos níveis em relação a sonho de cooperação para toda a rede. O que representa que os empresários conhecem a importância de estar organizado em rede para a sua evolução, como uma descoberta. Contudo, em seus sonhos para o futuro do seu negócio não pretendem ou não anteveem a necessidade de se estar organizado em rede. Em relação às variáveis de destino e descoberta aponta-se uma determinada linearidade em baixos valores com grande tendência para o grau de isolamento do destino. Fator que entra em igualdade com a Figura 3. Pois os empresários sabem da importância da descoberta de estar organizado em rede, mas, não cooperam em relação ao destino (futuro) eficaz da rede e procuram somente um melhor destino para a sua própria empresa. A Figura 4 apresenta as variáveis, planejamento e sonho em relação ao nível de cooperação da rede. Figura 3 – Relação entre as variáveis de entrada e saída resultante da base de regras sonho e descoberta Figura 4 – Relação entre as variáveis de entrada e saída resultante da base de regras planejamento e sonho As variáveis que apresentam maior linearidade são sonho e planejamento com médias de percentuais próximos a 0,5. O que representa que somente 50% conhecem e participam do planejamento da rede e sonham com o crescimento de sua empresa em conjunto nesta organização. Realidade que entra em contradição com as afirmações de Niu e Miles e Lee (2008), Olavo & Amato Neto (2001) e Brito (2004), que afirmam a importância da cooperação para o desenvolvimento de MPEs através de transferências de conhecimento, compras de insumos e parcerias de vendas, entre outras ações. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para análise de cooperação... 151 Na rede de empresa pesquisada pelo modelo observa-se a visão dos empresários em somente um processo evolutivo para a sua empresa amadurecer financeiramente. Quando a empresa separadamente apresentar uma situação financeira estável o planejamento é sair da organização em rede e montar seu negócio em um espaço isolado. 6. CONCLUSÕES A importância da cooperação dentro das redes de empresas é um fator essencial, assim é necessário encontrar mecanismos para poder medir. A proposta de modelo através da investigação e da lógica fuzzy, mostra as 256 hipóteses combinadas que poderiam contemplar os parâmetros dos 4D’s da investigação apreciativa. Se as redes de empresa não medirem os seus níveis de cooperação e trabalharem para seu aumento, correm o risco de perder o objetivo em comum das redes de cooperação, que é a evolução das empresas em conjunto para a conquista de novos mercados. Porém, na rede de cooperação pesquisada encontrou-se um percentual médio de 0,52%, em relação ao nível de cooperação da rede de empresas, que se encontra na variável de entrada média. Este fator ocorre porque os empresários cooperam em relação à descoberta e à importância de estar dentro da rede para a evolução de suas empresas. No entanto, quando as variáveis são de planejamento e sonhos, apontam-se ações isoladas, ou seja, eles procuram sair da rede após conseguir um espaço no mercado. Conclui-se uma falta de amadurecimento da rede em relação à cooperação para crescimento em conjunto dessas empresas. Os empresários não têm a visão que mesmo saindo do mesmo espaço e construindo sua empresa em outro local terão que trabalhar em cooperação com fornecedores, instituições de apoio, as MPEs para a sua manutenção no mercado. Agradecimento. A primeira autora agradece a CAPES pelo suporte financeiro para a realização de Curso de Mestrado no PPGEP da UTFPR. REFERÊNCIAS AMATO, J. N. Gestão de sistemas locais de produção e inovação (Clusters/APLs). 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009. BAUCHSPIESS, A.; SOUZA, A. S.; LEITE, A. C.; RAMOS, R.; PERREIRA, E. S.; SANTOS, R. J. Fuzzy thermal control with remote access for building Automation. In: INCOM’2004 – 11thIFAC Symposium on Information Control Problems in Manufacturing, 2004, Salvador – BA, Anais do INCOM’2004, 2004. BRITTO, J. Cooperação e aprendizado em Arranjos Produtivos Locais: em busca de um referencial analítico. 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