I COP 17 Guia de Estudos “17ª Conferência das Partes” por Felipe Ribeiro Rodrigues Magalhães - Diretor Henrique Abaurre Costa Andrade - Diretor Assistente Guia de Estudos - COP 17 Página 1 Sumário - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 03 - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 04 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -06 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 08 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 16 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 ----------------------------------------------- Guia de Estudos - COP 17 19 Página 2 Apresentação "Sou Felipe Ribeiro Rodrigues Magalhães, já participei de três simulações, sendo duas Mini-Onu e uma SIA, todas como delegado. Minhas duas Mini-Onu foram relacionadas à temas ambientais, a ECO 92 e a COP 15. Gostei muito das discussões, e o tema, visto a atual situação global, é muito pertinente, por isso propus a criação deste comitê para a segunda edição da SIA. Pela primeira vez serei diretor de um comitê, e espero que possamos, juntos, crescer muito com essa fantástica experiência que é simular." "Sou Henrique Abaurre Costa Andrade e a segunda edição da SIA será minha terceira simulação, e segunda como diretor. Já participei da SINUS em Brasília como delegado no CTC em 2010 e da primeira edição da SIA como diretor do ECOSOC. Apesar de possuir grande interesse pelos temas ambientais essa será minha primeira simulação sobre o assunto. Tenho bastante expectativa em relação a SIA 2011 e desejo a todos os delegado uma ótima atuação, pois, a cada novo evento, as questões tornam-se mais elaboradas e promovem o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, com questões da atualidade e de grande importância mundial." " Sou Carolina Hermont Paes, e estou no 9º ano, assim sendo, nunca tive a oportunidade de participar da SIA, nem de nenhuma outra simulação. Interessei-me pelo projeto porque assim como vocês, terei a oportunidade de crescer e tirar grande proveito dele. Estarei ajudando ambos os diretores, e aprendendo com os processos logísticos e burocráticos da mesa, podendo dar continuidade á SIA nos próximo anos." Guia de Estudos - COP 17 Página 3 Introdução Desde o surgimento da humanidade, o homem vem explorando e usufruindo da terra e do meio onde vive. Isso não é algo negativo, muito pelo contrário, o ser humano precisa ,de alguma forma, obter seu sustento, se abrigar, proteger-se das ameaças da natureza, enfim: sobreviver. Tais atividades, porém, necessitam de recursos da natureza, como água, terra, minerais, frutos, etc. Mas o que exatamente impede que esses recursos acabem? Justamente a capacidade que a Terra tem de renová-los e de absorver o produto gerado pela utilização desses recursos , garantindo assim que a existência da vida possa continuar. Porém, um problema veio surgindo à medida que o ser humano foi se agrupando em civilizações e evoluindo: Era preciso desenvolver, melhorar as diversas técnicas até então conhecidas, aprimorar o estilo de vida. Um momento marcante desse processo foi a Revolução Industrial, que através da mecanização das atividades visava uma maior agilidade dos meios de produção e portanto maior lucro final. Um efeito colateral desse processo é que o homem começou então a gastar mais recursos naturais do que a capacidade da terra de renová-los e de absorver o "lixo" gerado por esse consumo. O homem não mais estava usando a natureza como um meio de sobreviver, mas esbanjando e utilizando-a de um modo insensato, que no decorrer dos anos viria a prejudicar sua própria existência. Foi então que se tornou evidente a influência humana sobre o meio-ambiente, e com isso surgiu toda a problemática ambiental: constatou-se que a média da temperatura global estava subindo, principalmente devido à excessiva quantidade de CO2 sendo emitida (acentuando o efeito estufa) e que a camada de ozônio estava sendo gradativamente destruída (principalmente pelos CFCs). Tentando entrar em acordo e achar uma solução para o problema climático, que a cada segundo se tonara mais grave, a ONU convocou os países para uma conferência sobre o meio ambiente, a UNCED (United Nations Conference on Environment and Development), que ocorreu em 1992, de 3 a 14 de Junho, no Rio de Janeiro; A UNCED também é popularmente conhecida como ECO 92 ou RIO 92. Mesmo havendo praticamente duas semanas de conferência e muitos debates, pouco foi decidido na ECO 92. Os países não chegavam a um consenso, o que constatava a multidisciplinaridade do problema, poucas decisões efetivas foram tomadas. Uma delas foi a criação do UFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change), um tratado internacional que visava Guia de Estudos - COP 17 Página 4 estabilizar o níveis dos GEE (Gases do Efeito Estufa) em uma quantidade que não afetaria o sistema climático. Esse tratado em si não fixou inicialmente limites obrigatórios para as emissões de GEE, mas foi feito de maneira a permitir "atualizações", os chamados protocolos, como é o caso do famoso protocolo de Kyoto. Os países membros dessa convenção passaram então a reunir-se anualmente nas chamadas Conferência das Partes (COP), para tratar dos assuntos ambientais e tentar chegar à uma solução desse complicado problema. A primeira conferência ocorreu em 1995, em Berlim e desde então vem acontecendo anualmente, sendo que a última, COP 16, ocorreu em 2010, na cidade de Cancún. Estaremos simulando na SIA 2ª Edição a COP 17, que ocorrerá no final de 2011, na África do Sul. Fotos das discussões na COP 16 Guia de Estudos - COP 17 Página 5 Protocolo de Kyoto Países se comprometeram a reduzir emissão de gases O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global. Redigido e assinado em Kyoto (Japão), em 1997, o Protocolo criou diretrizes para amenizar o impacto dos problemas ambientais causados pelos modelos de desenvolvimento industrial e de consumo vigentes no planeta. De acordo com o Protocolo, as nações se comprometem a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, comparando-se com os níveis de 1990. O principal alvo é o dióxido de carbono (CO2), pois especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros gases está ligada ao aquecimento global, fenômeno que pode ter efeitos catastróficos para a humanidade durante as próximas décadas. A intensidade do corte nas emissões de gases poluentes varia, contudo, de país para país, e só foram obrigadas a seguir o compromisso acima as nações consideradas desenvolvidas. O Protocolo entrou em vigor a partir de 2004 e prevê que suas metas sejam atingidas entre 2008 e 2012, quando ele expirará, dando lugar a outro acordo. Esse novo protocolo deve ser negociado, redigido e aprovado até a realização da conferência da ONU prevista para ocorrer no final de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. Guia de Estudos - COP 17 Página 6 Mecanismos e medidas O Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem suas metas ambientais. O primeiro prevê parcerias entre países na criação de projetos ambientalmente responsáveis. O segundo dá direito aos países desenvolvidos de comprarem "créditos" diretamente das nações que poluem pouco. Por fim, também foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos de carbono. Segundo o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm de tomar algumas medidas para atingir as metas de redução de gases: Aumento da eficiência energética em setores relevantes da economia; Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa sobre o meio ambiente, como as florestas; Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal, florestamento e reflorestamento; Promoção de formas sustentáveis de agricultura; Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e renováveis de energia; Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono; Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras; Redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, isenções tributárias e tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo; Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as emissões de gases poluentes; Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa; Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na distribuição de energia; Guia de Estudos - COP 17 Página 7 Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias adotadas. Fonte, e mais em: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u388.jhtm Histórico das COPs COP 1 – 1995 (Berlim, Alemanha) A primeira conferência iniciou o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos. As nações em desenvolvimento não foram incluídas na discussão sobre metas, respeitando ao princípio da Convenção que fala sobre “Responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Foi então sugerida a criação de um protocolo a ser apresentado dois anos depois, em 1997, que viria a ser o Protocolo de Quioto. Nessa primeira conferência também houve avanço nos debates sobre cooperação internacional entre nações ricas e países em desenvolvimento. Foram aprovadas as “Atividades Implementadas Conjuntamente” com o objetivo de ampliar a implantação de projetos de suporte financeiro e transferência de tecnologia. COP 2 – 1996 (Genebra, Suíça) Foi durante a COP 2 que as Partes decidiram pela criação de obrigações legais de metas de redução por meio da Declaração de Genebra. Um importante passo foi dado referente a apoio financeiro: foi decidido que os países em desenvolvimento poderiam solicitar à Conferência das Partes apoio financeiro para o desenvolvimento de programas de redução de emissões, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente. COP 3 – 1997 (Quioto, Japão) A terceira Conferência das Partes foi marcada pela adoção do Protocolo de Quioto, que estabelece metas de redução de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, chamados “Países do Anexo I”. De modo geral, as metas são de 5,2% das emissões de 1990, porém alguns países assumiram compromissos maiores: Japão – 6%, União Européia – 8% e Estados Unidos, Guia de Estudos - COP 17 Página 8 que acabaram não ratificando o acordo, 7%. A entrada em vigor do acordo estava vinculada à ratificação por no mínimo 55 países que somassem 55% das emissões globais de gases do efeito estufa, que aconteceu apenas em 16 de fevereiro de 2005, quando a Rússia decidiu se comprometer. Os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2001. COP 4 – 1998 (Buenos Aires, Argentina) A COP 4 centrou esforços para implementar o Protocolo de Quioto. Foi o chamado Plano de Ação de Buenos, que levou para o debate internacional um programa de metas que levaram em consideração a análise de impactos da mudança do clima e alternativas de compensação, atividades implementadas conjuntamente (AIC), mecanismos financiadores e transferência de tecnologia. COP 5 – 1999 (Bonn, Alemanha) O destaque da COP 5 foi a implementação do Plano de Ações de Buenos Aires, mas também o início das discussões sobre o Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas. A quinta conferência discutiu ainda a execução das Atividades Implementadas Conjuntamente em caráter experimental e do auxílio para capacitação de países em desenvolvimento. COP 6 – 2000 (Haia, Holanda) Começam a surgir impasses mais acentuados entre as Partes e as negociações são suspensas pela falta de acordo entre, especificamente, a União Européia e os Estados Unidos, em assuntos relacionados ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mercado de carbono e financiamento de países em desenvolvimento, além de discordância sobre o tema Mudanças no uso do solo. COP 6 ½ e COP 7 – 2001 (2ª fase da COP 6 ), (COP 7 - Marrakech, Marrocos) Uma segunda fase da COP-6 foi então estabelecida em Bonn, na Alemanha, em julho de 2001, após a saída dos Estados Unidos do Protocolo de Quioto sob a alegação de que os custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia americana. Os EUA também contestaram a inexistência de metas para os países em desenvolvimento. Foi então aprovado o uso de sumidouros para cumprimento de metas de emissão, discutidos limites de emissão para países em desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos. Guia de Estudos - COP 17 Página 9 Os Acordos de Marrakesh definiram os mecanismos de flexibilização, a decisão de limitar o uso de créditos de carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o estabelecimento de fundos de ajuda a países em desenvolvimento voltados a iniciativas de adaptação às mudanças climáticas. COP 8 – 2002 (Nova Delhi, Índia) O ano de 2002 também foi marcado pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10), encontro que influenciou a discussão durante a COP 8 sobre o estabelecimento de metas para uso de fontes renováveis na matriz energética dos países. Essa COP também marca a adesão da iniciativa privada e de organizações não-governamentais ao Protocolo de Quioto e apresenta projetos para a criação de mercados de créditos de carbono. COP 9 – 2003 (Milão, Itália) A COP 9 teve como centro dos debates a regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução de projetos de reflorestamento que se tornam condição para a obtenção de créditos de carbono. COP 10 – 2004 (Buenos Aires, Argentina) As Partes aprovam as regras para a implementação do Protocolo de Quioto e discutiram a regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento, o período pós-Quioto e a necessidade de metas mais rigorosas. Outro destaque foi a divulgação de inventários de emissão de gases do efeito estufa por alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. COP 11 – 2005 (Montreal, Canadá) Primeira conferência realizada após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão das emissões oriundas do desmatamento tropical e mudanças no uso da terra é aceita oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção. Também foi na COP 11 que aconteceu a primeira Conferência das Partes do Protocolo de Quioto (COP/MOP1). Na pauta, a discussão do segundo período do Protocolo, após 2012, para o qual Guia de Estudos - COP 17 Página 10 instituições européias defendem reduções de emissão na ordem de 20 a 30% até 2030 e entre 60 e 80% até 2050. COP 12 – 2006 (Nairóbi, África) Financiamento de projetos de adaptação para países em desenvolvimento e a revisão do Protocolo de Quioto foram os destaques da COP 12. O governo brasileiro propõe oficialmente a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento, que mais tarde se tornaria a proposta de Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação. COP 13 – 2007 (Bali, Indonésia) Nessa reunião, foi criado o Bali Action Plan (Mapa do Caminho de Bali), no qual os países passam a ter prazo até dezembro de 2009 para elaborar os passos posteriores à expiração do primeiro período do Protocolo de Quioto (2012). A COP 13 estabeleceu compromissos mensuráveis , verificáveis e reportáveis para a redução de emissões causadas por desmatamento das florestas tropicais. Também foi aprovada a implementação efetiva do Fundo de Adaptação, para que países mais vulneráveis à mudança do clima possam enfrentar seus impactos. Diretrizes para financiamento e fornecimento de tecnologias limpas para países em desenvolvimento também entraram no texto final, mas não foram apontadas quais serão as fontes e o volume de recursos suficiente para essas e outras diretrizes destacadas pelo acordo, como o apoio para o combate ao desmatamento nos países em desenvolvimento e outras ações de mitigação. COP 14 – 2008 (Poznan, Polônia) O encontro de Poznan ficou como um meio termo político entre a COP 13 e a expectativa pela COP 15, tendo em vista o cenário político mundial, com a eleição do presidente americano Barack Obama. Um avanço em termos de compromisso partiu das nações em desenvolvimento, como Brasil, China, Índia, México e África do Sul que demonstraram abertura para assumir compromissos não obrigatórios para a redução das emissões de carbono. Guia de Estudos - COP 17 Página 11 COP 15 – 2009 (Copenhague, Dinamarca) A Conferência do Clima de Copenhague (COP 15) terminou sem grandes avanços em torno de um acordo climático global. No entanto, deixou abertos os trilhos de negociação e ainda conseguiu evoluir em temas de importância para os países em desenvolvimento, como a discussão sobre um mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). Ao final do evento, a ONU “tomou nota” do Acordo de Copenhague, que reconhece a necessidade de limitar o aumento da temperatura global para não subir mais de 2º C. Em relação a financiamento, os países desenvolvidos se comprometeram a fornecer US$ 30 bilhões entre 2010 e 2012 e que tem como objetivo mobilizar US$ 100 bilhões por ano em 2020, ambos os recursos para ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento. COP 16 - 2010 (Cancún, México) Foi realizada entre os dias 29 de novembro e 10 de dezembro de 2010 a CPO 16, (conferência das partes) em Cancún, México. A resolução final possui três pilares. No primeiro deles, os países se comprometem a ingressar na segunda etapa do Protocolo de Kyoto, que entra em vigor em 2013. O Protocolo de Kyoto, como se sabe, foi assinado em dezembro de 1997, mas várias questões ficaram pendentes, que foram base de discussões que só terminaram em 2001. Falta definir as metas quanto aos cortes de gases responsáveis pelo efeito estufa que cada país terá que respeitar. Esses números serão definidos na COP 17, na África do Sul. O segundo pilar foi o Acordo Redd - Redução por Emissão por Desmatamento e Degradação Florestal que prevê investimentos de países desenvolvidos para preservarem áreas florestais em países em desenvolvimento. O terceiro pilar é o que designa o Banco Mundial - (BIRD) - como o organismo que irá centralizar as doações para o financiamento aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas. Guia de Estudos - COP 17 Página 12 O Problema Apesar dos diversos problemas ambientais da atualidade, como biopirataria, chuva ácida, extinção de espécies, poluição da água potável e outros mais, é inegável que o principal deles seja o aquecimento global, que por sua vez tem diversas causas, mas uma delas se destaca: O Efeito Estufa. Resumidamente, o efeito estufa é a capacidade que a terra tem de armazenar o calor proveniente dos raios solares, o que acontece devido à presença de gases na atmosfera, que impedem o escapamento desse calor pro espaço. Ao contrário do que muitos pensam, ele não é ruim, pelo contrário, é extremamente necessário para a manutenção da vida na terra, sem ele enfrentaríamos temperaturas baixíssimas na superfície terrestres, que impediriam a vida como é hoje. O problema é que com a acentuada emissão de GEE na atmosfera, o efeito estufa intensificou-se, e a temperatura da terra está aumentando gradativamente. Fonte: http://www.brasilescola.com/geografia/efeito-estufa.htm Guia de Estudos - COP 17 Página 13 Existem várias consequências para esse progressivo aquecimento da Terra, como o derretimento das calotas polares (aumentando o nível dos oceanos e inundando cidades ou até países inteiros), a mudança das correntes de vento, podendo vir a gerar ciclones, tornados e outros fenômenos em alguns locais que naturalmente não teriam esses desastres. Existe um órgão internacional chamado de IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) que é responsável por pesquisar e criar relatórios sobre as previsões das mudanças climáticas. Seu último relatório, publicado em 2007, prevê, entre outras coisas, que no século XXI as temperaturas médias vão aumentar de 1,1 a 6,4 ºC e que o nível dos mares vai aumentar de 18 a 59 cm. Apesar de numericamente parecer pouco, mesmo se a mudança ocorrida for a menor dessas prevista, catastróficas consequências ocorrerão, países inteiros podem ficar submersos. Segue alguns gráficos e imagens motivadoras para debate do problema: Fonte: http://www.wunderground.com/blog/JeffMasters/archive.html?year=2009&month=07 Guia de Estudos - COP 17 Página 14 Por mais grave que seja a situação climática, que prejudica a todos e ameaça a própria existência humana, sua resolução está longe de ser algo simples. Devido ao fato de que os GEE continuam na atmosfera por muitas décadas após emitidos, não é possível interromper ou reverter a mudança climática a curto prazo e por essa razão as medidas a serem tomadas devem ser tanto mitigadoras, no sentido de diminuir o impacto de tais mudanças, e adaptadoras, no sentido de criar mecanismos de adaptação às mudanças que irão ocorrer, como a inevitável inundação de algumas ilhas. Estamos hoje sofrendo as consequências das excessivas emissões do passado. O que emitimos hoje não só nos afetará, mas continuará na atmosfera por vários anos que ainda virão. Por isso devemos nos preocupar não só em nos adaptar às mudanças que estão ocorrendo, mas impedir que elas continuem ao longo do tempo, diminuindo drasticamente as emissões de GEE. A principal dificuldade em diminuir as emissões de GEE é que o atual modelo econômico mundial e o estilo de vida da grande maioria é muito carbono-intensivo. Os combustíveis fósseis predominam, é difícil ver algum produto que não precisou do petróleo em alguma etapa, seja na sua produção ou no seu transporte. Guia de Estudos - COP 17 Página 15 Conflito entre os Países Para entendermos o impasse existente entre os países, precisamos de analisar um pouco a história. Alguns países, por diversas circunstâncias, se industrializaram primeiro, e puderam então prosperar, tornando-se inclusive grandes potências na atualidade, como os EUA. Outros porém, devido por exemplo, à tardia colonização e independência, além de outros fatores, iniciaram seu processo de industrialização, e hoje são "países do sul", do terceiro mundo, subdesenvolvidos, em desenvolvimento ou qualquer outra nomenclatura que virá a aparecer para representá-los. Todo processo de industrialização polui, portanto é correto afirmar que os países já desenvolvidos, são os que mais poluíram até agora. Porém toda a discussão ambiental começou e acentuou-se depois de eles já terem se desenvolvido, e portanto os maiores afetados são então os países em desenvolvimento, que não podem desenvolver livremente como os outros. Sim, existe a tecnologia de produção energética limpa, como painéis fotovoltaicos, energia eólica, etc. Mas essa tecnologia é cara, e estamos falando de países em desenvolvimento, que precisam de investir seu capital em outras áreas, usando então combustíveis fósseis, que são mais baratos, e muitas vezes recém descobertos em seu território. Os países desenvolvidos estão acusando os em desenvolvimento de estarem poluindo muito e os em desenvolvimento afirmam que isso é de direito deles, visto que os desenvolvidos também já poluíram antigamente. Isso em certa parte é correto, pois caso contrário os países em desenvolvimento serão eternos "escravos econômicos" dos já desenvolvidos. Porém realmente o problema ambiental é muito grave para ser desconsiderado. Uma solução é necessária, a exportação de tecnologia está entre as possíveis, e é algo que deve ser levado em consideração. Esse deve ser um dos mais difíceis temas para discutir, pois ele é multidisciplinar. Para o mundo adotar um estilo de vida mais ambientalmente correto, mudanças na área política, social, e econômica de vários países devem acontecer. Um bom exemplo são os países do Oriente Médio, que tem sua economia totalmente baseada na exportação petrolífera. O que irá acontecer com essas sociedades se o petróleo for substituído por outras fontes de combustível? Outro fato a ser considerado é a proliferação dos combustíveis verdes, como o biodiesel feito da mamona e do milho. Realmente eles poluem bem menos que os fósseis, mas em contrapartida ocupam grandes áreas de plantio, antes destinadas a bens alimentícios. Será correto substituir alimentos por combustível? Guia de Estudos - COP 17 Página 16 Posição dos Atores Cada país tem um ponto de vista em relação à problemática ambiental. É consenso que algo deve ser feito para salvar o planeta, mas cada país visa também seu lucro e desenvolvimento, dificultando na elaboração e cumprimento de um plano definitivo. Representações Presentes nas Conferência: Votantes: Angola, Antígua e Barbuda, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bahamas, Bahrein, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Egito, Estados Unidos da América,Banco Mundial, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Fiji, França, Haiti, Ilhas Salomão, Índia, Iran, Iraque, Itália, Japão, México, Omã, Rússia, Tuvalu, União Européia, Vanuatu. Não Votantes: Agência Internacional de Energia, Fundo Monetário Internacional, Green Peace, IPCC. Países Industrializados Muito se espera dos países industrializados como o EUA e China que poluem excessivamente e pouco se comprometeram a salvar o meio ambiente nas conferências passadas. Porém a economia desses países depende fortemente da produção industrial, e um compromisso em reduzir drasticamente os GEEs pode afetá-la de uma maneira muito prejudicial. Portanto os delegados devem procurar soluções que visam não afetar a economia de seus países, que são muito carbono-dependentes. Países em Desenvolvimento Os países em desenvolvimento, como Brasil e México, devem visar maneiras de continuar seu desenvolvimento, porém minimizando o impacto ambiental. Uma maneira de isso acontecer é o desenvolvimento e a exportação de tecnologia limpa por parte dos países desenvolvidos, para que os em desenvolvimento possam se industrializar sem poluir, algo que deve ser debatido na conferência, tentando um acordo com os países industrializados. Guia de Estudos - COP 17 Página 17 Países produtores de Petróleo Os países produtores de petróleo, como os Emirados Árabes Unidos e Omã, devem propor medidas para melhorar a situação ambiental que não englobem a mudança de matriz energética, pois dependem fortemente do petróleo. Caso essa sugestão venha a tona, os delegados desses países devem mencionar os impactos ambientais causados pelas outras energias, seus riscos e portanto defender o petróleo. Porém caso aceitem a mudança da matriz energética, devem buscar ajuda dos outros países para que isso não afete tanto sua economia e sociedade. Países Insulares Os países insulares, como Ilhas Fiji e Tuvalu, devem a todo custo incentivar medidas preservadoras do meio ambiente e propor metas à todos os outros países, pois são os principais afetados do aumento do nível do mar. Como o aquecimento global é algo que vai continuar nos próximo anos, é interessante que esses países também busquem ajuda dos outros países para seus atuais e futuros refugiados de tragédias ambientais. Organizações não Estatais O BIRD e o FMI devem propor ajuda monetária aos projetos e medidas que virão a ser apresentados, além de ajudar os países em situações críticas, como os insulares. O Green Peace deve buscar estratégias de modo a ajudar na resolução de conflitos entre os países, propondo soluções, sempre visando a preservação do meio-ambiente. O delegado do Green Peace tem que propor temas relevantes para a discussão, possibilitando o bom andamento da discussão. O IPCC deve pesquisar e levar à conferência dados sobre a influência antrópica ao meio ambiente, previsões de mudanças, como o aumento do nível do mar nos próximos anos caso a emissão de GEEs não diminua, etc. O delegado deve apresentar esses dados de modo a motivar as discussões e incentivar os países a tomarem medidas para resolver o problema. A Agência Internacional de Energia tem como papel trazer questões referentes às matrizes energéticas, propor alternativas e melhorias aos países, apresentando fatos sobre a utilização de cada tipo energético e orientar politicamente os países sobre como adotar essas mudanças. Guia de Estudos - COP 17 Página 18 Conclusão Aquecimento global é um problema moderno e complicado que envolve todo o planeta e questões delicadas como pobreza, desenvolvimento econômico e aumento populacional. Lidar com essas questões não será fácil, mas ignorá-las será pior. O mundo precisa de líderes capazes de achar soluções para esse problema, caso contrário tudo o que hoje conhecemos está fadado a desaparecer. Espero que com esse guia eu tenha aberto-lhes a mente para a seriedade do problema e os motivado a pesquisar mais sobre o assunto. Esse guia é apenas um suporte para o início do estudo dos senhores, espero que vocês pesquisem muito mais e cheguem preparados para as discussões. O retorno que vocês terão dependem do nível de participação e dedicação, e garanto a vocês que todos tirarão um ótimo aprendizado desse comitê. Sugestões Leitura: Guia de Estudos Mini-Onu 2010 COP 15, disponível em: http://www.ri.pucminas.br/2010/ominionu/arquivo/gui68.pdf Filmes: O Dia Depois de Amanhã (2004) Uma Verdade Inconveniente (2006) A Última Hora (2007) A era da Estupidez (2009) Eu, Felipe Ribeiro, juntamente com Henrique Abaurre e Carolina Paes esperamos ansiosos por vocês na COP17! Nos vemos lá! Guia de Estudos - COP 17 Página 19