0 EVANDRO BOFF DE MELLO MODELO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA COOPERATIVA HABITACIONAL Criciúma, 2004. 1 EVANDRO BOFF DE MELLO MODELO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA COOPERATIVA HABITACIONAL Trabalho de monografia apresentado ao curso de pósgraduação em Gerência Financeira da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) para obtenção do título de especialista em Gerência Financeira, sob a orientação do professor M.Sc. ALDO DA SILVA FLORES. Criciúma, 2004. 2 EVANDRO BOFF DE MELLO MODELO DE VIABILIDADE ECONOMICO E FINANCEIRO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA COOPERATIVA HABITACIONAL Trabalho de monografia apresentado ao curso de pósgraduação em Gerência Financeira da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) para obtenção do título de especialista em Gerência Financeira e aprovado em 04 de junho de 2004. __________________________________ Prof. M.Sc. ALDO DA SILVA FLORES 3 Dedico este trabalho aos meus maiores incentivadores: Minha esposa Maria Amália e meus pais João Osvaldo e Marília. 4 AGRADECIMENTOS Aos meus sogros Ivanor e Salete que sempre cuidaram das coisas enquanto eu estudava. Aos meus pais que suportaram a minha ausência e sei que sempre torcem pelo meu sucesso. À minha esposa extremamente companheira e amiga, me ensinou que não devemos abrir mão de nossos objetivos. Ao meu irmão Lizandro que sei que luta e torce por mim. Ao professor Aldo Flores que me mostrou que a pesquisa é uma arte e que quando conduzida com dedicação é o caminho para o sucesso. Aos meus funcionários Daiana e Aldair, muito obrigado pela paciência e dedicação. Ao presidente da COOPHAB – Cooperativa de Habitação e de Consumo América do Sul Ltda, João Andreata de Souza, que me mostrou a verdadeira essência de um cooperativismo puro. Aos Contadores Lélio Garcez e Elvio Silveira que mostraram interesse em me ajudar. Aos colegas da Gerência Financeira e coordenadores da pós Euclides e Isabel meus mais sinceros agradecimentos. Agradeço enfim, a todas as pessoas que de uma forma ou de outra proporcionaram que este sonho se transforma-se em realidade. 5 RESUMO O mercado habitacional para faixas mais populares de renda está deficitário em unidades e recursos. Em função dos custos de aquisição cada vez mais altos e com pouca ajuda empresarial ou governamental, o cooperativismo na área de habitação tem sido uma solução extremamente aplicável pelos seus métodos de gestão voltados aos objetivos do associado, com mais fácil capitalização por causa da união de todos, juntamente com o que se tem de mais moderno no ramo habitacional de pré-moldados onde os processos construtivos são mais rápidos, econômicos e práticos. No referido trabalho de monografia de pós-graduação em Gerencia Financeira far-se-á primeiramente um breve histórico do cooperativismo e do produto, neste caso o pré-moldado habitacional, depois, um estudo de custos, despesas e investimentos necessários à implantação e movimentação de uma empresa cooperativa de pré-moldados. Este trabalho resume-se em analisar um fluxo de caixa inserido em um modelo, pô-lo em valor presente de entradas e saídas de recursos e confrontá-lo com um investimento em aplicação bancária. O objetivo é demonstrar a viabilidade econômica do modelo proposto. Com vistas à comprovação de aplicabilidade real, apresentar-se-á um estudo de caso da COOPHAB com sede na cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina. Palavras chave: Cooperativismo, cooperativa habitacional, gerência financeira. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Residencial das Acácias ................................................................ 27 Figura 2 - Robert Owen ................................................................................... 29 Figura 3 - Rochdale Equitable Pioneer’s Society ............................................ 31 Figura 4 - A Primeira Cooperativa ................................................................... 32 Figura 5 - COMIGO vai exportar mais com nova industria de soja .................. 34 Figura 6 - E/D esposa Adriana, Bernardino e a filha Alana .............................. 39 Figura 7 - Assembléia reúne mais de 1.500 cooperados Sicredi ..................... 40 Figura 8 - Associados atentos aos números .................................................... 42 Figura 9 - Cooperativa de Reciclagem, Trabalho e Produção – Cortrap.......... 43 Figura 10 -Técnicos buscam conhecimento e integração. ............................... 45 Figura 11 - Auxílio das Cooperativas. .............................................................. 46 Figura 12 - No lar de Dona Terezinha, em Novo Santo Antonio, Piauí. ........... 48 Figura 13 - O Símbolo da Cooperação............................................................. 53 Figura 14 - O Pinheiro ...................................................................................... 54 Figura 15 – Círculo........................................................................................... 55 Figura 16 – Verde............................................................................................. 56 Figura 17 – Amarelo......................................................................................... 57 Figura 18 - Bandeira do Cooperativismo.......................................................... 58 Figura 19 - Montagem da Casa........................................................................ 61 Figura 20 - Casa Pré-Moldada ......................................................................... 61 Figura 21 - Casa Pré-Moldada pronta .............................................................. 63 Figura 22 - Sistema de Encaixe ....................................................................... 64 7 Figura 23 - Molde Placas e Colunas ................................................................ 65 Figura 24 - Molde Tijolinho ............................................................................... 65 Figura 25 - Molde Placa ................................................................................... 66 Figura 26 - Mesa Vibratória .............................................................................. 66 Figura 27 - Conceito de Custo Total................................................................. 70 Figura 28 - Conceito de Custo do Produto ....................................................... 75 Figura 29 – Obra primeira etapa .................................................................... 112 Figura 30 – Obra segunda etapa.................................................................... 112 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 : A composição de formas e equipamentos no valor total ................ 95 Gráfico 2 : A composição de equipamentos e formas e Instalações no total dos Investimentos ................................................................................................... 97 Gráfico 3 : Composição do Custo e Despesa................................................. 104 Gráfico 4 : Lucro x Quantidade Produzida ..................................................... 106 Gráfico 5 : VPL em Função da TMA............................................................... 108 Gráfico 6 : Aplicação no mercado ou empresa em função da retenção ......... 109 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Cooperativas – abril de 2003 .......................................................... 36 Quadro 2 : Evolução legislativa ........................................................................ 50 Quadro 3 : Descrição e preços dos equipamentos........................................... 95 Quadro 4 : Valor total de formas e equipamentos ............................................ 95 Quadro 5 : Descrição e preços das instalações ............................................... 96 Quadro 6 : Total de Equipamentos e formas e instalações.............................. 97 Quadro 7 : Base de Dados para Consumo ...................................................... 98 Quadro 8 : Relação de Matéria Prima .............................................................. 99 Quadro 9 : Cálculo da Mão de Obra............................................................... 100 Quadro 10 : Hora Profissional ........................................................................ 100 Quadro 11: Hora Auxiliar................................................................................ 100 Quadro 12: Custos Indiretos de Fabricação ................................................... 101 Quadro 13: Despesas Gerais Fixas ............................................................... 102 Quadro 14: Despesas Gerais Variáveis ......................................................... 102 Quadro 15: Total Despesas Gerais ................................................................ 102 Quadro 16: Depreciação Total ....................................................................... 103 Quadro 17: Depreciação das Formas, Metodologia de Cálculo ..................... 103 Quadro 18: Depreciação dos Equipamentos, Metodologia de Cálculo .......... 103 Quadro 19: Depreciação das Instalações, Metodologia de Cálculo ............... 103 Quadro 20: Resumo do Custo do Investimento.............................................. 104 Quadro 21: Resumo do Custo Operacional ................................................... 104 Quadro 22: Resumo dos Intangíveis .............................................................. 104 10 Quadro 23: Custos e Despesas, Fixos e Variáveis ........................................ 105 Quadro 24: Lucro/Prejuízo em função das vendas ........................................ 106 Quadro 25: Fluxo de Caixa............................................................................. 107 Quadro 26: Valor Presente Líquido em função da TMA................................. 108 Quadro 27: VPL do Mercado x VPL na Empresa ........................................... 109 Quadro 28: VPL do Mercado x VPL na Empresa - Dados para Gráfico......... 109 Quadro 29: Dados da COOPHAB .................................................................. 113 Quadro 30: COOPHAB – Quadro de Evolução do Número de Associados. .. 114 Quadro 31: Composição do Balanço Patrimonial........................................... 115 11 LISTA DE SIGLAS ACI = Aliança Cooperativa Internacional CERSUL = Cooperativa de Eletrificação Rural Sul Catarinense Ltda COMIGO = Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano Ltda COOPERALFA = Cooperativa Regional Alfa Ltda COOPHAB = Cooperativa Habitacional e de Consumo América do Sul Ltda CORTRAP = Cooperativa de Reciclagem, Trabalho e Produção Ltda OCB = Organização das Cooperativas do Brasil OCESC = Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina SESCOOP = Serviço Nacional de Aprendizado do Cooperativismo 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 16 1.1 Objetivos .................................................................................................... 19 1.1.1 Objetivo Geral........................................................................................ 19 1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 19 1.2 Definição do Problema ............................................................................... 21 1.3 Hipótese ..................................................................................................... 22 1.4 Metodologia ................................................................................................ 22 1.5 Estrutura do Trabalho................................................................................. 24 2 COOPERATIVISMO ALAVANCANDO SONHOS ......................................... 26 2.1 Origens do Cooperativismo ........................................................................ 28 2.1.1 Origem no Mundo.................................................................................... 28 2.1.2 Origem no Brasil...................................................................................... 33 2.1.3 Origem em Santa Catarina...................................................................... 35 2.2 Princípios Cooperativistas .......................................................................... 37 2.3 Legislação Cooperativista .......................................................................... 48 2.4 O Símbolo e Seu Significado...................................................................... 53 2.4.1 O Pinheiro ............................................................................................... 54 2.4.2 O Círculo ................................................................................................. 55 2.4.3 A Cor Verde............................................................................................. 56 2.4.4 A Cor Amarela......................................................................................... 57 2.5 Bandeira ..................................................................................................... 58 13 3 INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS ............................................................... 60 3.1 Pesquisa de mercado ................................................................................ 62 3.2 Produto....................................................................................................... 63 3.3 Formas e Máquinas.................................................................................... 64 4 ENGENHARIA ECONÔMICA E GERÊNCIA FINANCEIRA PARA COOPERATIVA ......................................................................................................................... 68 4.1 Determinação dos Custos .......................................................................... 69 4.1.1 Custo do Investimento............................................................................. 71 4.1.1.1 Investimento em Giro ........................................................................... 71 4.1.1.2 Investimento em Fixo ........................................................................... 72 4.1.2 Custos Operacionais ............................................................................... 73 4.1.2.1 Custos de Produção ............................................................................. 74 4.1.3 Despesas Gerais..................................................................................... 75 4.1.3.1 Despesas Administrativas .................................................................... 76 4.1.3.2 Despesas Financeiras .......................................................................... 77 4.2 Receitas Operacionais e Não Operacionais............................................... 77 4.2.1 Receitas Líquidas .................................................................................... 78 4.2.1.1 Receitas de Produto ............................................................................. 78 4.3 Composição de Preços .............................................................................. 79 4.3.1 Dimensionando o Volume de Vendas ..................................................... 79 4.3.2 Ponto de Equilíbrio .................................................................................. 80 4.3.3 O Preço .................................................................................................. 81 4.3.3.1 Parcelamento e financiamento ao cliente............................................. 82 4.4 Meta Estratégica ........................................................................................ 83 14 4.4.1 Determinando a TMA .............................................................................. 85 4.4.2 Depreciação e Vida Econômica. ............................................................. 86 4.4.3 Plano Estratégico e Competitividade....................................................... 87 4.5 Avaliação Econômica. ................................................................................ 89 4.5.1 Métodos de Avaliação ............................................................................. 89 4.5.1.1 Taxa Interna de Retorno (TIR) ............................................................. 90 4.5.1.2 Valor Presente Líquido (VPL)............................................................... 91 4.5.2 Análise Comparativa. .............................................................................. 92 5 MODELO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA......................... 93 5.1 Aspectos Sociais ........................................................................................ 93 5.2 Aspectos Operacionais............................................................................... 94 5.3 Custo do Investimento ..........................................................................................94 5.3.1 Custos dos Equipamentos ...................................................................... 95 5.3.2 Custos das Instalações .....................................................................................96 5.4 Custo de Produção .................................................................................... 98 5.4.1 Base de Dados para Consumo................................................................ 98 5.4.2 Matéria Prima .......................................................................................... 99 5.4.3 Mão de Obra Direta ............................................................................... 100 5.4.4 Custos Indiretos de Fabricação............................................................. 101 5.5 Despesas Gerais ..................................................................................... 102 5.6 Intangível ................................................................................................. 103 5.7 Preço e Lucro .......................................................................................... 105 5.8 Ponto de Equilíbrio e Volume de Vendas ................................................ 106 5.9 Fluxo de Caixa ......................................................................................... 107 15 5.10 Valor Presente Líquido e Taxa Mínima de Atratividade ......................... 108 5.11 Análise Comparativa .............................................................................. 109 6 ESTUDO DE CASO .................................................................................. 111 6.1 Contextualização da Cooperativa ............................................................ 111 6.2 Possibilidade Análoga da Aplicação......................................................... 116 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 118 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 120 16 1 INTRODUÇÃO Em todo país existe um grave déficit ligado à área habitacional, falta planejamento para quem investe e recursos para quem consome. Já está mais do que provado a falta de interesse e capacidade administrativa do Estado Brasileiro para pelo menos intermediar o desenvolvimento da construção civil como um todo. E o que se tem visto cada vez mais em nossas cidades são catastróficas e catatônicas paisagens de cortiços, favelas, escoamento de dejetos a céu aberto, ou seja, a falta de habitações planejadas, propagando portanto cada vez mas comunidades carentes e danos sociais e ambientais as vezes irreversíveis. Entende-se por praticas bem sucedidas, políticas, ações, iniciativas e projetos, no âmbito local, que tenham resultado em melhoria tangível e mensurável das condições de vida e do habitat da população, contribuindo para a redução de seu custo e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. (BONDUKI, 1997, p. 45). Afirma Bonduki (1997) torna-se bem sucedido, a prática de ações, cujo objetivo e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Percebe-se então a necessidade de um estudo interdisciplinar de viabilidade financeira e econômica agregado a uma visão empreendedora. Na visão de Hope (1999, p. 44, grifo nosso) “[...] o gerente de finanças tem uma posição privilegiada, de onde pode observar e dar [...] a contribuição para o resultado final das atividades que se desenvolvem [...].” 17 Portanto de forma interdisciplinar se aliará a gerencia financeira ao empreendedorismo, através da atividade econômica denominada cooperativismo. Entende-se que o cooperativismo alia o interesse comum ao público, gerencia seus recursos de maneira autônoma e democrática, gerando emprego e renda e promovendo benfeitorias à sociedade como um todo. O cooperativismo então possui essas características, proporcionando a sociedade em geral perspectivas nesse problema que se vivencia há décadas. É um processo associativo pelo quais homens livres aglutinam suas forças de produção, sua capacidade de consumo e suas poupanças, a fim de se desenvolverem econômica e socialmente, elevando seu padrão de vida, ao mesmo tempo em que por aí, beneficia-se a sociedade geral. (NORONHA, 1976, p. 15). Para a OCESC (2003, p. 6) cooperativismo é “um sistema em movimento, ou melhor, como uma atitude ou disposição, que considera as cooperativas a forma ideal de organização das atividades sócio-econômicas da humanidade.” Deshayes (1988 apud Flores, 2002, p. 51) afirma que “la doctrine coopérative exprime sa volonté de privilégier l’homme sur les contingences économiques et financières. Elle est ainsi une morale humaniste de l’action en commun.”1 Em Flores (2002, p. 49) “[...] uma filosofia, um movimento, um processo, uma doutrina, um sistema, uma atitude ou um empreendimento, o que [...] importa é que ele tem suas bases alicerçadas em princípios consagrados.” 1A doutrina cooperativista exprime a vontade de privilegiar o homem e seus contingentes econômicos e financeiros. Ele anseia uma moral humanista de ação em comum. 18 De acordo com a Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, no seu capítulo III, artigo 5, estão exposto o objeto das sociedades cooperativas: CAPÍTULO III DO OBJETO E CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS Art. 5 – As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade [...]. Para facilitar a adoção do objeto das cooperativas, o cooperativismo dividiu-se em ramos, entre outros, destaca-se o habitacional que pode ser implantada em forma de sociedade cooperativista habitacional. Para Ocesc (2003, p. 23) cooperativa habitacional é “constituído por cooperativas de construção, manutenção e administração de conjuntos habitacionais, cuja denominação poderá ser: Cooperativa Habitacional....” O estudo é importante, visto que o problema é de âmbito nacional e também está presente na nossa região, tendo em vista a carência habitacional e a inexistência de iniciativas estatal e empresarial para a sua resolução. Portanto as verdadeiras raízes que levaram a escolha e levarão pelo seu grande grau de importância ao estudo do assunto, são as deficiências de moradias existentes no Brasil, no caso em estudo na nossa região e o vislumbramento da possível solução, por intermédio do gerenciamento econômico e financeiro em uma cooperativa habitacional. Portanto, existe a necessidade de ir ao encontro dos objetivos. 19 1.1 Objetivos De acordo com Fachin (2001, p.113) “O objetivo é um fim que o trabalho se propõe atingir.” Segundo Oliveira (1999, p.47) “[...] com critérios metodológicos [...] o estudioso se propõe a demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas.” .Para que se possa atingir os objetivos da monografia, apresenta-se o objetivo geral e os objetivos específicos. 1.1.1 Objetivo Geral Para Marconi e Lakatos (2001, p. 219) O objetivo geral “está ligado a uma visão global e abrangente do tema.” Então, o objetivo geral e a proposição de um modelo de viabilidade econômica e financeira para a implantação de uma cooperativa habitacional. 1.1.2 Objetivos Específicos Parra Filho e Santos (2001, p.210) “Intrínseco ao objetivo geral há o objetivo específico, que define o ponto central do trabalho. [...], dentro de uma idéia geral do trabalho, deve-se ressaltar a idéia específica a ser desenvolvida.” 20 Como objetivos específicos, pretende-se ao longo da pesquisa de monografia: - Apresentar de forma introdutória a contextualização do assunto, seguido dos objetivos, definição do problema, hipótese, metodologia e estrutura do trabalho. - Apresentar o cooperativismo como possibilitador da realização do sonho da casa própria; - Demonstrar informações preliminares sobre o produto, suas tecnologias e ferramentas. - Demonstrar por meio da engenharia econômica e gerência financeira a viabilidade para a implantação de uma cooperativa habitacional; - Apresentar estratégias de viabilidade econômica e financeira; - Demonstrar um estudo de caso; - Traçar as considerações finais e as recomendações. Para que se possa alcançar os objetivos, tanto o geral como os específicos, formula-se a problemática. A definição do problema é apresentado a seguir. 21 1.2 Definição do Problema Problema para Fachin (2001) só será resolvido por intermédio do desenvolvimento da pesquisa Entende-se como problema uma questão sem solução, objeto de discussão e de muito estudo. É um fato, algo significativo que, a princípio, não possui respostas explicativas, pois a solução, a resposta ou explicação se farão por intermédio do desenvolvimento da pesquisa. Ou não. (FACHIN, 2001, p. 108, grifo nosso). O foco da presente pesquisa é a deficiência de moradias existentes. Com isso formular de forma teórica um modelo de viabilidade econômico e financeiro para a implantação de uma cooperativa habitacional. Para isso é formulado o seguinte questionamento: - O modelo possibilitará a criação por intermédio do cooperativismo de unidades habitacionais? Então, segue abaixo a possível hipótese em função da problemática levantada. 22 1.3 Hipótese De acordo com Marconi e Lakatos (2001, p. 160) “Hipótese é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente para um problema.” Com base no levantamento bibliográfico, foi possível propor a seguinte hipótese ao problema levantado e apresentado: É possível e talvez viável desde que seja simulado teoricamente com vistas a projeções reais de mercado. Após a proposição de uma hipótese, para se chegar a uma resposta desejada, aplica-se a seguinte metodologia. 1.4 Metodologia Pretende-se desenvolver esta pesquisa por intermédio das seguintes etapas metodológicas. Primeiro existe a necessidade da escolha de um tipo de pesquisa, a posteriori segue-se com um método científico. Para Vianna (2001, p. 12) “Esta situação permite-nos refletir sobre uma nova forma de entender o conhecimento, contrapondo a esta visão estática e predeterminada, uma realidade mais dinâmica e desafiadora.” 23 Metodologicamente verificou-se a necessidade do uso da pesquisa bibliográfica que de acordo com Fachin (2001, p. 125) “A pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras.” O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros-, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI; LAKATOS, 2000, p. 46). Para o presente estudo, vai ser usado o método observacional e o método estudo de caso aliado ao método comparativo. Pode-se dizer que o método observacional é o início de toda pesquisa científica, pois serve de base para qualquer área das ciências. O método observacional fundamenta-se em procedimentos de natureza sensorial, como produto do processo em que se empenha o pesquisador no mundo dos fenômenos empíricos. (FACHIN, 2001, p. 35). Já o método estudo de caso de acordo com Marconi e Lakatos (2000, p.92,grifo nosso) “[...] o método estudo de caso monográfico consiste no estudo [...], com a finalidade de obter generalizações.” E como complemento também será utilizado o método comparativo. Para Marconi e Lakatos (1995, p. 82, grifo nosso) “ [...]contribui para uma melhor compreensão do comportamento humano, este método realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências.” Para uma melhor visualização, apresenta-se abaixo a estrutura do trabalho. 24 1.5 Estrutura do Trabalho O primeiro capitulo descreve e moldura o assunto à luz introdutória explicando a metodologia de trabalho e pesquisa científica. O segundo capítulo é inteiramente dedicado ao cooperativismo, suas origens, ramos, símbolos e conceitos. Com figuras e citações, este capitulo relaciona princípios cooperativos com os objetivos sociais e econômicos alicerçadas em legislação própria de uma comunidade ou de um grupo de pessoas. No terceiro capítulo, analisa-se o funcionamento da tecnologia de uma indústria de pré-moldados na área da habitação, com equipamentos e técnicas de mão de obra com ilustrações do processo construtivo e do produto acabado. Também neste capitulo, fundamentar-se-á a pesquisa de mercado a ser adotada. O objeto do quarto capítulo é o levantamento de dados a conceituação das ferramentas de análise econômica e financeira e a estruturação do fluxo de caixa do próximo capítulo, isto é, todos os custos, despesas, e receitas para as informações necessárias fazendo-se as análises necessárias.Também será fundamentada a meta estratégica e a avaliação econômica do projeto para o modelo do capitulo seguinte. No quinto capitulo, é apresentado um modelo de funcionamento econômico-financeiro de uma cooperativa traduzida em um fluxo de caixa projetado, isto é, um mapeamento de receitas, custos, despesas onde por modernas técnicas de análise de viabilidade econômica e financeira irá chegar-se a resultados tais como o ponto de equilíbrio, margem e lucratividade para tomada de decisão de investimentos usando as devidas comparações com outras fontes de retorno de 25 capital, no caso deste trabalho, uma investigação direta de que até quanto realmente vale a pena ter a Cooperativa como um retorno. O sexto capítulo contextualizar-se-á todo o projeto através de um estudo de caso de uma empresa cooperativa de habitação popular. No caso a COOPHAB onde se comprovará por analogia com o modelo projetado demonstrando desta forma com gráficos, tabelas e ilustrações a sua aplicabilidade real coerente com o estudo feito. Finalmente, o sétimo capitulo abreviará os tópicos vistos em todos os assuntos deste trabalho e se fará as considerações finais do estudo e a sua aplicabilidade no contexto atual indicando contribuições de melhorias para o modelo cooperativo existente. Agora, inicia-se o trabalho, infatizando com estudos conceituais sobre o cooperativismo, suas origens, leis, princípios e simbologia. 26 2 COOPERATIVISMO ALAVANCANDO SONHOS Antes de iniciar o estudo sobre o cooperativismo, analisa-se conceitos para a melhor fundamentalizacão. . Gawlak e Turra (2001, p.17) afirmam, “Cooperativismo origina-se da palavra cooperação. É uma doutrina cultural e socioeconômica fundamentada na liberdade humana e nos princípios cooperativistas.” Conforme Pinho (1982 apud VERAS, 2002, p.23) “O Cooperativismo é uma forma de associação de pessoas, que se reunem para atender às necessidades comuns através de uma atividade econômica [...].” Segundo Gawlak (2001, p.20) “Cooperativismo origina-se da palavra cooperação. É uma doutrina cultural e socioeconômica fundada na liberdade humana e nos princípios cooperativistas.” O cooperativismo evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. Por sua forma igualitária e social o cooperativismo é aceito por todos os governos e reconhecido como fórmula democrática para a solução de problemas sócioeconômicos.(COOPERHIDRO,2003). Para Gawlak e Turra (2001, p.35) “As cooperativas habitacionais são constituídas para atender às necessidades de moradia.” 27 Na figura n. 1 observa-se o Residencial das Acácias, um empreendimento da Cooperativa Guararapes de Caruaru [Pernambuco] feito para populações de baixa renda. Figura 1 – Residencial das Acácias Fonte: Cooperativa Guararapes Com base em experiências anteriores buscaram novas formas e concluíram que, umas organizações formais, chamadas cooperativas, com a participação de todos, as dificuldades poderiam ser superadas desde que fossem respeitados os valores do ser humano e praticadas regras, normas e princípios. (GAWLAK, 2001, p.17). A partir desses valores difundidos no grupo, percebe-se que o cooperativismo realmente realiza sonhos. 28 No Japão, bebês nascem em hospitais cooperativos. Na Colômbia, crianças pequenas aprendem sobre computadores em escolas especiais administradas por uma cooperativa agrícola. Na Suécia, famílias moram em cooperativas de habitação. Em Dortmund, na Alemanha, as pessoas podem comprar seus suprimentos em lojas cooperativas, um dos sistemas de cadeia de lojas mais surpreendentes da Europa. Em Nova Delhi, consumidores compram leite de máquinas que são abastecidas por mulheres rurais organizadas em uma poderosa cadeia de laticínios. Na GrãBretanha, consumidores podem adquirir seu seguro através da CIS, uma das maiores companhias de seguro do país que é propriedade da Cooperative Wholesale Society. (MACPHERSON, 2003, p.61). Para melhor compreensão, existe a necessidade do entendimento das origens do cooperativismo. 2.1 Origens do Cooperativismo Inicialmente, apresenta-se a origem do cooperativismo a nível mundial, seguido da origem nacional e origem no estado de Santa Catarina. 2.1.1 Origem no Mundo Segundo Gawlak e Turra (2001), o cooperativismo origina-se antes de Cristo, com grupos pequenos, entre dez pessoas. 29 Práticas de cooperativismo são tão antigas quanto a escrita, pode-se datar no ano 400 AC, onde a comunidades que viviam às margens do Yang-Tsé, na China sofriam com sucessivos naufrágios e perdas consideráveis, assim reuniram-se em grupos de dez pessoas e em cada viagem a embarcação levava apenas uma caixa de mercadorias de cada membro, evitando assim um naufrágio com perdas totais ao dono da embarcação e aos donos das mercadorias. (GAWLAK, 2001, p.17). Segundo OCESC e SESCOOP (2003a, p.10) “Robert Owen [...], ainda jovem, empresário deste ramo, administrando inúmeras industrias. Volta-se para os problemas sociais de sua época [...], investe em [...] iniciativas de organização.” Na figura n. 2 encontra-se uma fotografia de Robert Owen, considerado como o pai do cooperativismo. Figura 2 - Robert Owen Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.10). Reuniram-se 28 pessoas, a maioria tecelões. Conciliaram, analisaram e avaliaram as idéias. Respeitaram os costumes e tradições e estabeleceram normas e metas para a organização de uma cooperativa. Após um ano de luta acumularam um capital de 28 libras e conseguiram abrir as portas de um pequeno armazém cooperativo em Rochdale (Inglaterra), em 24-12-1844, com o nome “Rochdale Society of Equitable Pioneers”. (GAWLAK, 2001, p.18). 30 Para MacPherson (2003, p.18) “As cooperativas surgiram, inicialmente como instituições legais distintas na Europa durante o século dezenove.” Gawlak e Turra (2001, p.89) explicam “[...] os problemas de comunicação, adaptação a nova cultura, carência de estradas e escolas e discriminação racial, criou [...] laços de coesão, resultando [...] sociedades culturais e agrícolas.” Segundo OCESC e SESCOOP (2003a, p.12) “As experiências e as idéias dos precursores, [...], não tiveram aproveitamento tão eficaz como demonstrado pelos operários da cidade de Rochdale, na região de Lancaster na Inglaterra.” As cooperativas surgiram fruto de comunidades carentes de assistência econômica e cultural. Segundo OCESC e SESCOOP (2003 a), Robert Owen inspirou os operários de Rochdale. Prejudicados pelo novo modelo industrial que substitui o artesanal [...], eles ouviram a opinião de um companheiro discípulo de Robert Owen, e decidiram pela criação sociedade de consumo, baseada no cooperativismo puro. ( SESCOOP, 2003a, p.12). trabalho que fora de uma OCESC; Cooperhidro (2003,grifo nosso) afirma “[...] economia mensal de uma libra de cada participante [...]. Tendo o homem como principal finalidade - e não o lucro [...] buscavam [...] uma alternativa econômica para atuarem no mercado[...].” 31 Na Figura n. 3, observa-se a reunião dos fundadores dos Probos Pioneiros de Rochdale. Figura 3 - Rochdale Equitable Pioneer’s Society Fonte: Gawlak (2001,p.18). De acordo com Cooperhidro (2003) “[...], os valores de ajuda mútua, igualdade de direitos e deveres cultivados pelos tecelões ingleses permanecem inalterados, expandindo pelo mundo em todos os segmentos da atividade humana.” 32 Segue abaixo a figura n. 4, mostrando a primeira sede de uma cooperativa no mundo a “Sociedade dos Probos de Rochdale”, onde para muitos foi o berço do cooperativismo europeu e ocidental. Figura 4 - A Primeira Cooperativa Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.12). Definida a origem cooperativista no mundo, mais precisamente na Europa, se analisará as origens no Brasil. 33 2.1.2 Origem no Brasil A origem no Brasil culminou com a chegada das campanhas jesuíticas no século XVII. De acordo com Cooperhidro (2003) “Remontando no tempo, vamos encontrar em 1610, com a fundação das primeiras reduções jesuíticas no Brasil, o início da construção de um estado cooperativo em bases integrais.” Cooperhidro (2003) explica que “Por mais de 150 anos, esse modelo deu exemplo de sociedade solidária, fundamentada no trabalho coletivo, onde o bemestar do indivíduo e da família se sobrepunha ao interesse econômico da produção.” Somente no século XIX, o Brasil instituiu oficialmente o cooperativismo. Para OCESC e SESCOOP (2003a, p.21) “O Movimento Cooperativo, propriamente dito, começou a ser conhecido no Brasil somente por volta de 1841.” Cooperhidro (2003) declara que “contudo, para aprofundar-nos no desenvolvimento histórico do cooperativismo no Brasil, é necessário fazê-lo por ramos, ou seja, tipos de cooperativas, já que cada um teve a sua própria história [...]” De acordo com OCESC e SESCOOP (2003a, p.21) “Em 1847, também o francês Jean Maurice Faivre [...], fundou nos sertões do Paraná a Colônia Tereza Cristina.” Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano Ltda [COMIGO], figura n.5, [próxima página], uma das maiores processadoras de soja do Brasil. 34 Figura 5 - COMIGO vai exportar mais com nova industria de soja. Fonte: Gestão Cooperativa (2003, p.13). Gawlak e Turra (2001, p.90) afirmam que “A partir de 1960 é que o cooperativismo brasileiro teve seu real desenvolvimento, em junho de 2002, com mais de 7.619 cooperativas de diversos ramos e 5.000.000 cooperados.” 35 2.1.3 Origem em Santa Catarina Observou-se, no Estado de Santa Catarina um modelo de implantação única no país, isenta de iniciativa política ou institucional. Para OCESC e SESCOOP (2003b, p.3) “A idéia da criação de cooperativas, em Santa Catarina, surgiu de uma forma um pouco diferente das experiências feitas em outros estados brasileiros, [...].” No território catarinense, foram os imigrantes italianos estabelecidos em terras da região do Médio Vale do Itajaí, em Rio dos Cedros, então distrito do município de Blumenau, que tiveram a idéia de criar uma sociedade de natureza cooperativa para facilitar a comercialização do fumo que produziam. (OCESC ; SESCOOP 2003b, p.3) Segundo OCESC e SESCOOP (2003b, p.4) “No Sul do Estado, foram também imigrantes italianos [...] agricultores da localidade de Rio Maior e constituíram, no dia 9 de fevereiro de 1909, a Cooperativa Prima do Rio Maior.” Os imigrantes foram os grandes impulsionadores do movimento principalmente pelo interior Catarinense. Afirmam OCESC e SESCOOP (2003b, p.5) “[...]recomeçou pela região do Oeste [...] de uma sociedade cooperativa de agricultores em Cunha Porá, no ano de 1931, seguindo-se a constituição da Caixa Rural União Popular de Porto Novo.” Apresenta-se o quadro n. 1 [Próxima página], que demonstra o total de cooperativas existentes até abril de 2003 no Estado de Santa Catarina. 36 Quadro 1: Cooperativas – abril de 2003 Fonte: OCESC e SESCOOP (2003b, p.14) Diante da apresentação das origens cooperativistas, onde a base para a sua criação e seu funcionamento foi alicerçada nos princípios cooperativistas agora descritos. 37 2.2 Princípios Cooperativistas Segundo MacPherson (2003, p.13) “Os princípios cooperativos são normas pelas quais as cooperativas põem seus valores em prática.” Os princípios cooperativistas foram criados, estudados, analisados e avaliados pelos lideres e pensadores ingleses e franceses, com idéias e ideais baseados na cooperação. Foram aprovados e colocados em pratica quando da fundação da primeira cooperativa formal do mundo, na Inglaterra em 1844. (GAWLAK, 2001, p.20). Afirmam OCESC e SESCOOP (2003a, p.14) “Criada em Londres em 1895, a Aliança Cooperativa Internacional – ACI, [...], hoje com sede em Genebra, tem o objetivo de continuar a obra dos Pioneiros de Rochdale.” Então, inúmeras discussões a partir dessa época foram traçadas, somente em 1995 no Congresso do Centenário da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) ocorreu uma reformulação desses princípios cooperativistas. MacPherson (2003, p.17) afirma: “[...] o movimento [...] acredita que procedimentos democráticos aplicados a atividades [...] são possíveis, desejáveis e eficientes [...] a declaração [...] de 1995 foi baseada nessas perspectivas [...].” A Aliança Cooperativa Internacional, em seu congresso em Manchester, em setembro de 1995, adotou uma Declaração sobre a Identidade Cooperativa, uma listagem dos valores-chave do movimento, e um conjunto revisado de princípios pretendidos para orientar as organizações cooperativas no início do século vinte e um. (MACPHERSON, 2003, p.16). 38 Segundo MacPherson (2003, p.18) “[...] a Declaração teve a intenção de servir bem a todas as cooperativas nas diferentes circunstancias econômicas, sociais e políticas.” Para se deixar em evidência, passa-se aos princípios propriamente ditos. • PRIMEIRO PRINCÍPIO: ADESAO LIVRE E VOLUNTÁRIA De acordo com Gawlak e Turra (2001, p.17) “Em regra geral, todas as pessoas tem liberdade de associar-se à uma cooperativa. Ser sócio é uma decisão individual e independe da raça, posição social, cor, política partidária e credo.” MacPherson (2003, p.33) afirma: “Ela reafirma a importância fundamental da escolha voluntária de assumir um compromisso [...]. As pessoas não podem ser transformadas em cooperativistas. Deve-se permitir que elas participem livremente.” Para OCESC e SESCOOP (2003a, p.15) “[...] são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e [...] como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.” De acordo com O COOPERALFA (2004) em sua coluna [Ouvindo o Conselho], cita o caso de Bernardino Hentz [figura n. 6, Próxima página], onde o mesmo se associou na Cooperalfa e um ano depois já era líder de uma filial, atualmente representa cerca de 1.527 famílias associadas da região de Campo Erê no Conselho de Administração da Cooperativa. 39 Figura 6 - E/D esposa Adriana, Bernardino e a filha Alana Fonte: O COOPERALFA (2004 p.20). • SEGUNDO PRINCÍPIO: CONTROLE DEMOCRÁTICO DOS MEMBROS De acordo com OCESC e SESCOOP 1 (2003,p.15) “As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e tomadas de decisões.” Esta sentença enfatiza que os membros, em última análise, controlam suas cooperativas; também acentua que eles o fazem de uma maneira democrática. [...] as cooperativas não “pertencem” aos funcionários eleitos assim como não “pertencem” aos empregados que se reportam a esses funcionários. (MACPHERSON, 2003, p.38). Está bem claro que a cooperativa deve ser conduzida de acordo com a vontade dos cooperados. 40 Segundo Gawlak e Turra (2001, p.17) “A cooperativa é administrada pelos sócios. São eles que definem as prioridades das atividades com base nas necessidades e objetivos estabelecidos.” Cooperados do Sistema de Crédito Cooperativo (SICREDI) do Oeste Paranaense em assembléia conforme figura n.7. Figura 7 - Assembléia reúne mais de 1.500 cooperados Sicredi Fonte: Gestão Cooperativa ( 2003,p.40). • TERCEIRO PRINCÍPIO: PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA DOS MEMBROS Trata-se das obrigações monetárias para a constituição da cooperativa e do conseqüente participação nos resultados Os sócios integralizam o capital social da cooperativa através de quotas-partes. As sobras líquidas apuradas no exercício, depois de deduzidas as taxas para os fundos, serão rateadas entre os associados proporcionalmente às suas operações. (GAWLAK E TURRA, 2001, p.17). 41 Afirma MacPherson (2003, p.41) “Normalmente todo ou uma porção significativamente grande desses rendimentos são de propriedade coletiva, representando a realização coletiva dos membros que sustentam a cooperativa.” Deve-se sempre lembrar que os cooperados têm objetivos econômicos e sociais ao participar na quota de uma instituição. Para OCESC e SESCOOP (2003a, p.15) “Os membros contribuem eqüitativamente para o capital de suas cooperativas[...] Os membros recebem[...] uma remuneração limitada ao capital integralizado,como condição de sua adesão.” Quando as atividades das cooperativas geram excedentes, os membros têm o direito e a obrigação de decidir como esses excedentes deveriam ser distribuídos[...] podem decidir devolver a cooperativa [...] podem decidir por uma devolução para os membros, usualmente referindo como o “dividendo”[...] podem apoiar outras atividades.(MACPHERSON 2003, p.42). Observa-se assim que, existe a formação de capital como obrigação, e resultados como um direito do cooperativista. MacPherson (2003, p.42) declara “ Uma das atividades mais importantes que podem – e deveriam - decidir apoiar é o desenvolvimento adicional do movimento cooperativo [...].” Na figura n. 8 [Próxima página], observa-se a Assembléia Geral Ordinária (AGO)/2004 da Cooperativa Regional Alfa Ltda (Cooperalfa) que, após a apresentação do relatório 2003, anunciou aos associados o acréscimo de R$ 8,04 milhões na Cota - Capital. 42 Figura 8 - Associados atentos aos números Fonte: Jornal O Cooperalfa (n.184,abril 2004,p.06) Dividendos de acordo com a cota-capital são a remuneração do cooperado. • QUARTO PRINCIPIO: AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA Trata de autonomia de gestão e tomada de decisão das cooperativas. De acordo com Gawlak e Turra (2001, p.18) “[...] são empresas autônomas controladas por seus cooperados, que devem decidir sobre suas atividades [...] missão, objetivos e metas. Não há interferência governamental [...].” OCESC e SESCOOP (2003a,p.16) afirmam: “[...] controladas pelos seus membros [...] se firmarem acordos com outras organizações [...] devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático.” 43 Segundo MacPherson (2003, p.43) “Por essa razão, todas as cooperativas devem estar alertas para desenvolver relações abertas e claras com os governos.” Os autores alertam para casos do tipo nível de endividamento x dependência. Gawlak e Turra (2001,p.90) “Com a [...] grande idéia, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, [...] para suprir as suas necessidades, assim como para livrarem-se da dependência dos grupos especuladores.” As cooperativas são dos cooperados para os cooperados, não havendo neste meio forma alguma de interferência, como mostra a reportagem “Quem segura o desenvolvimento de uma comunidade organizada?” [Figura n.9], onde 150 famílias se uniram e dominaram toda o sistema de coleta e reciclagem de lixo do Distrito Federal. Figura 9 - Cooperativa de Reciclagem, Trabalho e Produção - Cortrap Fonte: Gestão Cooperativa (ano 5, n.11, dez 2003,p.54) 44 • QUINTO PRINCÍPIO: EDUCACAO, FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO. Destaca a difusão e o profissionalismo das atividades ligadas ao cooperativismo. Gawlak e Turra (2001, p.21) afirmam: “Objetiva o desenvolvimento cultural e profissional do cooperado e da sua família. A empresa cooperativa deve ser administrada por profissionais eficientes e não por amadores.” OCESC e SESCOOP (2003a,p.16) Destacam : “As cooperativas promovem a educação e a formação de seus membros [...] Informam o público em geral, [...] os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.” De acordo com MacPherson (2003, p.45) “O princípio finaliza [...] que as cooperativas têm uma responsabilidade particular de informar às pessoas jovens e aos formadores de opinião [...] sobre a natureza e os benefícios da cooperação.” Na recente visita de técnicos da Cooperalfa no Porto de Itajaí (SC) [figura n.10, próxima página ], o gerente técnico, Dilvo Casagranda enfatizou: “Quando o ser humano observa os fenômenos que transcorrem em sua volta, automaticamente se auto-recicla e passa a desempenhar sua missão embasada em outra lógica.” 45 Figura 10 -Técnicos buscam conhecimento e integração. Fonte: Jornal O Cooperalfa (n.184, abril 2004, p.26). Segundo Gawlak e Turra (2001, p.15) “As atividades competitivas, onde há a vitória e a derrota, devem ser exploradas, pois ajudam a criança a lidar com o sentimento de sucesso e também de perda.” • SEXTO PRINCÍPIO: INTERCOOPERAÇÃO Trata-se das relações intercooperativismo, onde em situações normais ou emergenciais, há ajuda mútua entre as cooperativas. Gawlak e Turra (2001, p.21) destacam: “Se as pessoas ajudam-se [...], as empresas deverão fazer o mesmo. Só assim haverá um crescimento econômico, cultural e social dos cooperados e da sociedade cooperativa.” 46 Este princípio, que foi primeiro articulado na redeclaração de princípios de 1966, tem sido seguido em graus variados desde os anos de 1850. Nunca foi tão importante como princípio como nos anos noventa. As cooperativas devem ser livres, particularmente da interferência governamental, quando discutem alianças, fusões e joint ventures para tentar desenvolver o seu pleno potencial. (MACPHERSON, 2003, p.45). Afirmam OCESC e SESCOOP (2003a, p.16): “As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus membros [...] através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.” Um caso recente de intercooperação foi o trabalho em conjunto de três cooperativas junto à Cooperativa de Eletrificação Rural Sul Ltda (CERSUL) visto na figura n.11, na recuperação de redes de eletrificação atingidas pelo furacão Catarina na região do extremo sul catarinense. Figura 11 - Auxílio das Cooperativas. Fonte: CERSUL (2004) – Arquivo interno 47 • SÉTIMO PRINCÍPIO: PREOCUPAÇÃO COM A COMUNIDADE Gawlak e Turra (2001, p.21) explicam “As cooperativas [...] contribuem com o desenvolvimento da comunidade, [...] geração de empregos, produção, serviços [...]atender as necessidades e aspirações de seus cooperados e de sua família.” Para MacPherson (2003,p.47) “Cooperativas são organizações que existem principalmente para o benefício de seus membros.” Os associados vieram da comunidade, e a ela devem servir. OCESC e SESCOOP 1 (2003,p.16) afirmam “ As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.” Um novo programa lançado pelo governo, mostra a cooperativa aplicando ações sociais com a participação Estatal. Gestão Cooperativa (2003, n.11, p.42) detalha que “[...] o Governo Federal lançou o Programa Luz para todos cujo objetivo é acabar com a exclusão elétrica no Brasil até 2008. As cooperativas de eletrificação rural e as distribuidoras de energia terão papel decisivo[...].” A chegada da energia no lar de Dona Terezinha [Figura n.12, próxima página] mostra exemplo da preocupação cooperativista com o bem estar da comunidade. 48 Figura 12 - No lar de Dona Terezinha, em Novo Santo Antonio, Piauí. Fonte: Gestão Cooperativa ( 2003,p.42) Atentos aos princípios cooperativistas, difundidos mundialmente e já conceitualmente detalhados, não se pode deixar de lado a base legal que regulamenta o cooperativismo no Brasil. 2.3 Legislação Cooperativista A legislação cooperativista e bastante abrangente por se tratar de diversos segmentos, como pode-se verificar. Para Oliveira (1979, p.33, apud FLORES, 2002, p. 55) “assim nos relata a evolução da legislação cooperativista no direito brasileiro: do Decreto n. 979, de 6 de janeiro de 1903 á Lei n.5.764, de 16 de dezembro de 1971.” Já para Utumi (1973, p.141, apud FLORES, 2002, p. 55) “o histórico da legislação cooperativista no Brasil é bastante elucidativo [...]. Assim, pode-se dividi-la 49 em quatro períodos básicos, a saber: o de implantação, o de consolidação parcial, o de centralismo estatal e o de renovação das estruturas.” Período de Implantação – Instaura-se sob o advento da primeira lei orgânica de 1907, o Decreto 1.637 de 5 de janeiro, que cuidava também dos sindicatos rurais. Profundamente influenciado pela lei francesa de 1867, não atribuía forma própria às cooperativas, devendo estas se constituírem sob a forma das sociedades comerciais, em nome coletivo, em comandita e anônima. Dava-lhes porém ampla liberdade de constituição e funcionamento, sem subordinação e nenhum órgão estatal [...] Período de Consolidação Parcial – Vai da promulgação do Decreto 22.239 de 19 de dezembro de 1932 até a promulgação do Decreto-lei 59 de 21 de novembro de 1966. [...] Período de centralismo Estatal – [...] Não se limitaram a cancelar subitamente alguns incentivos tributários de que gozavam as cooperativas, indo a ponto de estabelecer uma nova regulamentação, sobremaneira restritiva, principalmente em relação ao crédito cooperativo, retirado das cooperativas todas as possibilidades de manter-se nos moldes anteriores e, de outro lado, cerceando-lhes as possibilidades de desenvolvimento. [...] Período de Renovação das Estruturas – [...], foi encaminhado ao Congresso e promulgado, após a sua aprovação, em 16 de dezembro de 1971, convertendo-se na Lei 5.764, que ora rege os destinos do cooperativismo brasileiro [...] (UTUMI, 1974, p. 141-150, apud FLORES, 2002, p. 55). Em Flores (2002) Então a evolução legislativa cooperativista no Brasil foram na ordem: Decreto n. 796, de 02 de outubro de 1890, Decreto n. 869, de 17 de outubro de 1890, Decreto n. 979, de 06 de janeiro de 1903, Decreto n. 1.637, de 05 de janeiro de 1907, Decreto n. 22.239, de 19 de dezembro de 1932, Decreto n. 23.611 de 1933, Decreto n. 24.647 de 1934, Decreto n. Decreto n. 581, de 01 de agosto de 1938, Decreto n. 8.401 de 1945, Decreto n. 46.438, de 16 de julho de 1959, Decreto-lei n. 60, de 16 de julho de 1959, Lei n. 4.380, de 21 de agosto de 1964, Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964, Lei n. 4.595 de 31 de dezembro de 1964, Decreto n. 58.197 de 15 de abril de 1965, Decreto n. 58.377, de 09 de maio de 1966, Decreto-lei n. 59, de 21 de novembro de 1966, Decreto n. 60.597, de 10 de 50 abril de 1967, Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que passa-se a descrever, conforme o quadro. Os Decretos n. 796, de 02 de outubro de 1890, e 869, de 17 de outubro de 1890, nos dão conta de movimentos cooperativistas já naquela época. O primeiro concedeu autorização a militares para organizarem uma sociedade anônima, sob a denominação de Sociedade Cooperativa Militar do Brasil; o segundo autoriza a organização da Companhia Cooperativista de Consumo Doméstico e Agrícola. O primeiro dispositivo legal dispondo sobre as atividades cooperativistas no Brasil data de 6 de janeiro de 1903 – o Decreto n. 979, que regula as atividades dos sindicatos de profissionais da agricultura e das atividades rurais e de cooperativas de produção e consumo. Posteriormente, em 5 de janeiro de 1907, foi promulgado o Decreto n. 1.637, ainda muito modesto como regulamentador de uma atividade tão importante. Tinha vinte e seis artigos dos quais somente dezesseis eram destinados às sociedades cooperativas. Por este Decreto, as cooperativas podiam ser constituídas sob forma de sociedades anônimas, em nome coletivo ou em comandita, regidas pelas leis que regulam cada uma dessas formas de sociedade. Vinte e cinco anos mais tarde, veio o Decreto n. 22.239, de 19 de dezembro de 1932. Este era visto como o estatuto do cooperativismo, podendo ser considerado o marco da formalização legal da atividade no Brasil. Esse decreto foi substituído no ano seguinte pelo Decreto n. 23.611. Em 10 de julho de 1934, o Decreto n. 24.647, institui o cooperativismo sindicalista. Em 1938 com a edição do Decreto n. 581, recoloca em vigor o Decreto n. 22.239. Em outubro de 1943 é promulgado o Decreto – Lei n. 5.893 e em seguida o Decreto Lei n. 8.401, de 19 de dezembro de1945.A partir dessas duas décadas, a evolução legislativa não cessou, podendo ser destacada a Lei n. 4.380, de 21 de agosto de 1964, dispondo sobre as cooperativas habitacionais, a Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964, criando o Estatuto da Terra, instituindo a Cooperativa de Reforma Agrária – CIRA que foi regulamentada pelo Decreto n. 58.197, de 15 de abril de 1965, e a Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964 estatui o sistema financeiro brasileiro, na qual atualmente as cooperativas de crédito estão inseridas, devido a sua importância e enorme contribuição ao sistema econômico e financeiro brasileiro.O ano de 1966 foi marcante para o aprimoramento do regime jurídico das cooperativas, destacando-se o Decreto n. 58.377, de 09 de maio de 1966, dispondo sobre cooperativas habitacionais. Em 21 de novembro de 1966, o Decreto – Lei n. 59, baixado com base no ato institucional n. 2, revogando diplomas anteriores, definiu a política nacional de cooperativismo e reorganizou o Conselho Nacional de Cooperativismo criado pelo Decreto – Lei n. 60, da mesma data, que dispõe sobre a reorganização do Banco Nacional de Crédito Cooperativo. O Decreto – Lei n. 59 de 21 de novembro de 1966, foi regulamentado pelo Decreto n. 60.597 de 10 de abril de 1967, completando o regime jurídico das cooperativas.Finalmente, em 16 de dezembro de 1971, foi promulgado o novo estatuto geral do cooperativismo, pela Lei n. 5.764, vigente até hoje, que define a Política Nacional do Cooperativismo, instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas, entre outras providências (POLONIO, 1999 p.23-24, apud FLORES, 2002, p.56). Quadro 2: Evolução legislativa Fonte: Flores (2002, p.56) 51 Para Flores (2002) As constituições anteriores promulgadas não traziam no seu texto qualquer citação à sociedade cooperativa ou ato cooperativo. A primeira Constituição a valorizar o assunto e dar o devido tratamento foi a carta magna de 1988. Sendo assim, a legislação sobre o cooperativismo tem atuado no sentido de incentivar a atividade. A matéria está disposta nos seguintes dispositivos constitucionais: [...] Art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. [...] Art. 21 Compete à União: [...] XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. [...] Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. [...] PAR. 2 A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo; PAR. 3 O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômica-social dos garimpeiros; PAR. 4 As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis [...]. [...] Art. 192 O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre: [...] VIII o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras. [...] Art. 146 Cabe à lei complementar: [...] III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 52 [...] c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Para Roecker (2003, p. 55) “Mas recentemente no título II, capítulo único, artigo 982, parágrafo único, da lei n.10.406 de 10/01/2002 (Novo Código Civil), foi determinado que as sociedades cooperativas são simples.” Título II DA SOCIEDADE Capitulo Único DISPOSICOES GERAIS [...] Art. 982 – Salvo as exceções expressas considera-se empresaria a sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e simples as demais. Parágrafo Único – independentemente de seu objeto, considera-se empresaria a sociedade por ações, e simples, a cooperativa. Ainda para Roecker (2003, p. 56) “O mesmo diploma legal no seu capítulo VII, artigo 1094, vem reafirmar as características da sociedade cooperativa.” CAPÍTULO VII [...] Art. 1.094 – São características da sociedade cooperativa: I – variabilidade, ou dispensa do capital social; II – concurso de sócios em numero mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de numero máximo; III – limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV – intransferibilidade das quotas do capital a terceiro estranhos a sociedade, ainda que por herança; V – quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no numero de sócios presentes a reunião, e não no capital social representado; VI – direito de cada sócio a um voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII – distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade. Podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado. VIII – indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. 53 Diante da legislação exposta acima, atenta-se agora a simbologia e seu significado no cooperativismo. 2.4 O Símbolo e Seu Significado Segundo Ferreira (1999, p.1856) “Aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa.” OCESC/SESCOOP 1 (2003, p.19) esclarecem que, “[...] Um círculo abraçando dois pinheiros, para indicar a união do movimento, a imortalidade de seus princípios, a fecundidade de seus ideais, a vitalidade de seus adeptos.” De acordo com Gawlak e Turra (2002, p.30) “Os dois pinheiros demonstram a necessidade de união e cooperação.” Em praticamente todos os sistemas cooperativistas, o simbolo com seus elementos básicos são quase uma constante. A figura n.13 apresenta de forma geral o símbolo cooperativista. Figura 13 - O Símbolo da Cooperação. Fonte: OCESC e SESCOOP 1 (2003, p.19) 54 Na seqüência, detalha-se o significado da simbologia cooperativista. 2.4.1 O Pinheiro Para OCESC e SESCOOP 1 (2003, p.19) “Antigamente o pinheiro era tido como um símbolo da imortalidade e da fecundidade, pela sua sobrevivência em terras menos férteis e pela facilidade na sua multiplicação.” Segundo Gawlak e Turra (2002, p.30) “Imortalidade, perseverança e fecundidade”. Nesta página, observa-se de acordo com a figura n.14 o pinheiro. Figura 14 - O Pinheiro Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) 55 A seguir, detalha-se e se conceitua o círculo, mais um item pertencente ao símbolo cooperativista. 2.4.2 O Círculo OCESC e SESCOOP 1 (2003, p.19) esclarecem que “O círculo representa a vida eterna, pois não tem horizonte final, nem começo, nem fim”. Para Gawlak e Turra (2002, p.30) “Eternidade na vida, não há principio nem fim”. Na figura n. 15, observa-se o círculo. Figura 15 - Círculo Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) Detalha-se agora o significado da cor verde. 56 2.4.3 A Cor Verde Segundo OCESC e SESCOOP 1 (2003, p.19) “O verde-escuro das arvores lembra o principio vital da natureza.” Gawlak e Turra (2002, p.30) esclarecem que “Verde-escuro = Plantas, folhas. O princípio vital da natureza.” A cor verde, símbolo da natureza, está representada na figura n. 16. Figura 16 - verde Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) Conceitua-se agora, a cor amarela. 57 2.4.4 A Cor Amarela Segundo OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) “O amarelo-ouro simboliza o sol, fonte permanente de energia e calor.” Gawlak e Turra (2002, p.30) esclarecem que “Amarelo = O sol, fonte de luz e riqueza.” A cor amarela, símbolo da energia está representada na figura n.17. Figura 17 - amarelo Fonte: OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) Conceitua-se agora mais um importante símbolo cooperativista: A bandeira 58 2.5 Bandeira Para OCESC e SESCOOP (2003a, p.19) “O cooperativismo possui uma bandeira formada pelas sete cores do arco-íris, aprovada pela ACI - ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL em 1932, que significa a unidade na variedade e um símbolo de paz e esperança.” Nesta página, a bandeira símbolo do movimento cooperativista. Figura 18 - Bandeira do Cooperativismo Fonte: OCESC e SESCOOP (2003, p.20) AS CORES DA BANDEIRA vermelho - coragem alaranjado - visão de possibilidades do futuro amarelo - desafio em casa, na família e na comunidade verde - crescimento tanto do indivíduo como do cooperado. azul - horizonte distante, a necessidade de ajudar os menos afortunados, unindo-os uns aos outros anil - necessidade de ajudar a si próprio e aos outros através da cooperação violeta - beleza, calor humano e amizade.(COOPERHIDRO, 2003). 59 Depois de contextualizar alguns aspectos do cooperativismo, vai-se ao encontro dos detalhes necessários à formulação do modelo de viabilidade econômica e financeira. Foram vistos as origens, a legislação e os aspectos simbolistas, base vital para o entendimento do cooperativismo e seus objetivos. A seguir analisar-se-á o funcionamento das etapas construtivas e o produto final. 60 3 INDUSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS Os elementos básicos de pré moldados para a habitação praticamente é um só: paredes em placas encaixadas em colunas. De acordo com Menegotti (2003) “O procedimento [...] está baseado em placas de concreto armado, com espessura de 30mm, que encaixam logo entre colunas pré-moldadas. [...] estão desenhadas como se fossem tijolos aparentes.” “[...], que possa ser erguida com rapidez e custos muito reduzidos, que seja ao mesmo tempo bonita e confortável [...] tem-se conseguido resultados surpreendentes no aspecto visual, com total agrado [...] e a um custo de fabricação muito reduzido.” (MENEGOTTI ,2003). As casas pré-moldadas têm fator segurança e qualidade nos padrões mínimos exigidos. Observa-se na figura n.19 [ próxima página ], a etapa básica de uma montagem de uma casa pré-moldada, onde verifica-se as placas e colunas sendo erguidas para a posterior construção do piso e da cobertura. 61 Figura 19 -Montagem da Casa Fonte: Menegotti (2003) A figura n.20 mostra uma casa montada na modalidade tijolo à vista. Note-se que a varanda lateral e o fechamento [oitão]² em concreto, são opcionais. Uma residência deste padrão é entregue sem pintura e sem instalações num prazo médio de 10 dias úteis. Figura 20 - Casa Pré-Moldada Fonte: Menegotti (2003) ² Fechamento da cobertura da casa, ligação entre parede e telhado. 62 Neste capitulo, a primeira etapa é o estudo de reconhecimento do foco ao produto: a pesquisa de mercado. 3.1 Pesquisa de Mercado De acordo com Kotler (Apud DRUKER, 1994, p.56) “As tarefas mais importantes de marketing estão relacionadas com estudar o mercado[...].Anunciar e vender vêm depois.” Para Cobra (1985, p.135) “[...] sendo qualquer esforço planejado e organizado para obter fatos e conhecimentos novos que facilitem o processo de decisão de mercado.” A pesquisa de mercado deve ser feita para traçar estratégias e metas e, principalmente saber qual o público-alvo e foco ao cliente. Kotler (1996, p.497) enumera que “[...] envolve os cinco seguintes passos: definição do problema, projeto de pesquisa, trabalho de campo, análise dos dados e preparação de relatórios.” O segmento é conhecido: Habitação e o produto, casas pré-moldadas ou pré-fabricadas em concreto armado. 63 3.2 Produto Na figura 21, uma casa pré-moldada, com fachada em tijolinho pintada, oitão em madeira pronta para uso. É uma alternativa de moradia segura, econômica e que atende aos padrões de qualidade de uma residência de alvenaria e concreto. Figura 21 - Casa Pré-Moldada pronta Fonte: Menegotti (2003) Para Kotler (1996, p.39) “[...] bons produtos cujos preços sejam razoáveis e que basta um pouco de esforço para de marketing da empresa para se conseguir vendas e lucros satisfatórios.” Segundo Cobra (1985, p.31) “O produto ou serviço só tem utilidade se posicionado junto ao seu mercado consumidor.” Kotler (1994, p.32,grifo nosso) afirma que “ O conceito de produto assume que os consumidores favorecerão aqueles produtos que oferecem mais qualidade, desempenho ou características inovadoras.” 64 Observa-se, de acordo com os conceitos acima citados, que o produto tem posicionamento no mercado, tem qualidade, pois haverá engenheiro responsável pela segurança e pela execução de acordo com os padrões técnicos e, principalmente o fator diferenciação: a inovação de conceitos. A seguir, analisar-se-á as ferramentas e máquinas necessárias para a execução dos moldes pré-moldados. 3.3 Formas e Máquinas Basicamente, as formas de placas e postes irão substituir o serviço lento e disforme de construir paredes e colunas. Nas figuras n. 22, observa-se o perfeito sistema de encaixe placa-coluna com extrema rapidez e qualidade. Figura 22 - Sistema de Encaixe Fonte: Menegotti (2003) Observa-se na figura n. 23 [próxima página], os moldes metálicos para colunas e placas. 65 Figura 23 - Molde Placas e Colunas Fonte: Menegotti (2003) Menegotti (2003) afirma: “O sistema modular [...] é uma opção prática e econômica [...]. É uma alternativa muito boa para ajudar a solucionar os problemas de escassez de núcleos habitacionais.” Nas figuras n.24 e n.25, mostram as opções de fachada que o cliente pode ter, em tijolinho ou placa lisa. Figura 24 - Molde Tijolinho Fonte: Menegotti (2003) 66 Os moldes são feitos de chapas em aço n°.14 bitola bastante razoável para se utilizar em formas e desformas inúmeras vezes. Figura 25 - Molde Placa Fonte: Menegotti (2003) Na figura n. 26, observa-se a mesa vibratória, usada para adensar o concreto de forma perfeita e uniforme nas formas. Figura 26 - Mesa Vibratória Fonte: Menegotti (2003) 67 De acordo com Menegotti (2003) “Os equipamentos e formas, [...], oferecem uma alternativa econômica e rápida para fornecer soluções de moradia dignas e confortáveis às famílias de menos recursos econômicos.” Existem inúmeras vantagens competitivas ao optar pelo sistema prémoldado entre elas: O sistema de encaixe rápido que proporciona rapidez no levante das paredes, a ausência de sistema de alicerce e sapatas, a fácil instalação de aberturas, a dispensa do uso do reboco externo, interno e pintura, tudo isso revertendo em rapidez e baixo custo. Agora, se apresentará a engenharia econômica e o estudo econômicofinanceiro, isto é, toda a pesquisa envolvendo receitas, investimentos custos e despesas serão analisados. 68 4 ENGENHARIA ECONÔMICA COOPERATIVA E GERENCIA FINANCEIRA PARA Um modelo de avaliação econômica pode combinar diversas abordagens para a avaliação de desempenho, a partir dos conceitos de engenharia econômica e ferramentas de matemática financeira. Casarotto (2000, p.104) explica: “A Engenharia Econômica objetiva a análise econômica de decisões sobre investimentos.” Gitman (1978, p.219) afirma: “Existem duas abordagens básica às decisões de investimento de capital [...] São elas: a abordagem de aceitar-rejeitar e a de classificação.” Num primeiro momento, são considerados os aspectos econômicos do investimento. Pergunta-se se o investimento é rentável. Aplicando corretamente os critérios econômicos sabe-se quais os investimentos que rendem mais, ou seja, como aplicar o dinheiro de maneira a obter maior retorno. (CASAROTTO 2000, p.104). Esta conceituação está bem em harmonia com a idéia do projeto da cooperativa: Para conseguir a aceitação dos sócios para o investimento, tem que haver certo atrativo, pois senão iria para outro tipo de aplicação, por exemplo, o mercado de capitais. Segundo Warren, Reeve e Fess (2001,p.350) “[...] envolvem [...] fundos de longo prazo e afetam as operações por muitos anos.[...] gerar uma taxa de retorno razoável [...] satisfazer as obrigações com os credores e retornar dividendos [...].” 69 Diante do conceitual, e em função de um certo grau de conservadorismo exigido, detalha-se, primeiramente quais os custos a serem considerados. 4.1 Determinação dos Custos Os custos, diante de um mercado cada vez mais competitivo, é o item de composição de preços que mais necessita de atenção e controle. É o ponto de sucesso ou fracasso em uma gestão empresarial como um todo. É relativamente comum a existência de problemas de separação entre custos e despesas de venda. A regra é simples, bastando definir-se o momento em que o produto está pronto para a venda. Até aí, todos os gastos são custos. A partir desse momento, despesas. (MARTINS, 1987, p.44). Para Maher (2001, p.86) “Custo é um sacrifício de recursos; uma despesa, um custo lançado contra a receita de determinado período contábil, geralmente com o objetivo de apresentação de relatórios financeiros externos.” Está bem claro que custo total é o somatório não só dos itens do custo operacional [matéria prima, por exemplo], mas também de todo os recursos gastos em determinado período, enfim é o somatório de todos os esforços de capital em curto prazo. De acordo com Warren, Reeves e Fess (2001, p.318) “Pelo conceito de custo total, todos os custos de fabricação de um produto mais as despesas e administrativas, [...] ao qual é adicionado o markup”. 70 O desenho na figura n. 27 mostra o conceito de custo total. Figura 27 - Conceito de Custo Total Fonte: Warren,Reeves e Fess (2001, p.318) Para Martins (1987, p.222) “[...] uma forma de alocação de custos e despesas conhecida como RKW [...] consiste no rateio não só dos custos de produção, como também de todas as despesas da empresa, inclusive financeira, a todos os produtos.” Não será feito o apreçamento [a inclusão do mark-up] de acordo com a teoria do custo total , e sim com a teoria do custo variável, onde o a margem incide sobre os custos variáveis e os custos fixos são despesas. A seguir conceitua-se custo do Investimento. 71 4.1.1 Custo do Investimento De acordo com Buarque (1984, p.29) “O objetivo da etapa de investimentos é determinar as necessidades de recursos financeiros para executar o projeto, pô-lo em marcha e garantir o seu funcionamento inicial.” Gitman (1978, p.222) “O custo de um novo projeto é o dispêndio que ele exige. [...] Se a empresa não estiver substituindo uma instalação existente, [...] o preço de compra do ativo é igual ao investimento líquido.” Para Casarotto (2000) “O custo do investimento pode ser classificado de duas formas: Giro e fixo”. Detalha-se o investimento em duas ramificações. 4.1.1.1 Investimento em Giro Casarotto (2000, p.198) afirma “[...] é o capital de giro [...] necessário para a operação do equipamento ou [...] fábrica, sendo constituído principalmente pelo estoque de matérias-primas e componentes, e [...] sustentar as vendas a prazo.” O capital de giro é de essencial necessidade de indicar em fluxo de caixa. [...] O capital de giro é a diferença entre os ativos e passivos de curto prazo, ou seja, entre o disponível (caixa) e o realizável a curto prazo e o exigível a curto prazo. É a alteração nessas contas da empresa, decorrente do projeto, que constitui o investimento necessário em capital de giro que deve ser considerado no fluxo de caixa do projeto. (GALESNE, 1999). 72 Segundo Buarque (1984, p.29) “ [...] dependem do nível efetivo de produção da empresa, e seu cálculo exige o conhecimento dos recursos financeiros necessários para pôr em funcionamento sem risco de escassez de insumos [...].” Conceitua-se agora o custo de bens de capital, ou melhor o investimento em fixo. 4.1.1.2 Investimento em Fixo Pode-se assim conceituar investimento em ativos fixos: “O investimento fixo representa os equipamentos, as instalações industriais para operação dos equipamentos (redes de energia, vapor, água, ar comprimido e outras), a montagem e o projeto quando houver, as construções civis necessárias e outros investimentos como móveis e transportadores”.(CASAROTTO, 2000, p.198) De acordo com Anthony (1972, p.427,grifo nosso) “ Se uma empresa compra uma máquina, os fundos assim investidos são vinculados ou congelados, até que possam ser [...] liquidados através do funcionamento lucrativo da máquina.” Segundo Warren, Reeve e Fess (2001,p.350) “A análise de investimento de capital é o processo pelo qual a direção planeja, avalia e controla os investimentos em ativos fixos.” O investimento em ativos passa pelas metas estratégicas da empresa. 73 Para Casarotto (2000,p.226) “[...] devem [...] refletir o rumo que a empresa deseja seguir considerando as condições econômicas esperadas, as perspectivas estratégicas, a condição competitiva da empresa e suas competências.” Conceitua-se agora os custos de processamento e transformação do produto, chamado custos operacionais. 4.1.2 Custos Operacionais De acordo com Buarque (1984, p.29) “O cálculo dos custos operacionais é uma das mais importantes e detalhadas etapas do projeto.” Casarotto (2000, p.199) “[...] normalmente são subdivididos em custos de produção e despesas gerais. Os custos de produção são aqueles que ocorrem até a fabricação do produto.” Custos operacionais são todos os custos e despesas para a produção. Leone (1981, p.33) expressa que “[...] normalmente são os custos diretos e variáveis, principalmente os custos de materiais e de mão de obra.” A seguir, observa-se a primeira ramificação dos custos: O custo de produção. 74 4.1.2.1 Custos de Produção Anthony (1972, p.144) afirma que “[...] define custos do produto como a soma da mão de obra direta, do material direto e da despesa indireta de fabricação.” Segundo Casarotto (2000,p.199) “Os custos de produção, por sua vez, são subdivididos em custos diretos e indiretos.” Os custos diretos referem-se aos fatores diretamente utilizados na fabricação dos produtos e variam normalmente de forma direta com a utilização da capacidade de produção [...] os indiretos normalmente não variam proporcionalmente à produção e podem até ser considerados como fixos em certos casos. (CASAROTTO, 2000,p.199). Já para os custos indiretos, existe uma saída que são os rateios procedidos quando da verificação desses. Pizzolato (1997, p.159) afirma “Para o rateio dos custos indiretos aos bens produzidos, por um critério global, deve ser encontrado algum fator diretamente relacionado aos volumes produzidos.” [...] alguns custos podem ser diretamente apropriados [...]. São os Custos Diretos com relação aos produtos. Outros realmente não oferecem[...] condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária.São os Custos Indiretos com relação aos produtos. (MARTINS, 1987, p.53). Conforme Warren,Reeve e Fess (2001,p.8) “[...] somente os custos de fabricação de fabricação do produto [...] representam o montante de custo sobre o qual o markup é adicionado.” 75 A figura n. 28 mostra o conceito de produto como base de mark-up Figura 28 - Conceito de Custo do Produto Fonte: Warren,Reeves e Fess (2001, p.318) Na seqüência, descreve-se o segundo item de custo operacional: as despesas gerais. 4.1.3 Despesas Gerais As despesas não são um componente direto do produto como bem frisa Casarotto: “As despesas gerais são classificadas em variáveis e fixas. As variáveis são os impostos, despesas com vendas e despesas financeiras operacionais e as fixas [...] são as despesas administrativas e impostos municipais”. (CASAROTTO, 2000, p.201). 76 Conforme Warren, Reeve e Fess (2001, p.8) “Se o benefício for usado imediatamente, então o custo será uma despesa, tal como despesa de salário.” Para Martins (1987, p.26) “[...] todas as despesas são ou foram gastos. [...] Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços.” Na ordem, conceituar-se-á despesas administrativas. 4.1.3.1 Despesas Administrativas Matarazzo (1998, p.74) explica que “compreendem as despesas incorridas para a direção e execução das tarefas administrativas, bem como as despesas gerais que beneficiam os negócios da empresa.” De acordo com Anthony (1972,p.143) “[...] constituem [...] os seguintes: despesas incorridas nos escritórios [...] , desenvolvimento,engenharia,despesas de relações públicas [...] donativos e itens diversos.” Em uma cooperativa, despesas administrativas são salários da administração, materiais de expediente e manutenção. Verificar-se-á, portanto, as despesas financeiras. 77 4.1.3.2 Despesas Financeiras Para Anthony (1972, p.143) “Despesas financeiras incluem juros e outros custos incorridos com o capital emprestado.” Gouveia (1993, p.317), simplifica: “[...] representam basicamente o custo das operações de empréstimos e financiamentos.” Segundo Casarotto (2000, p.202) “[...]os juros de financiamentos para ativo imobilizado ou capital de giro constituem despesas a serem consideradas para efeito de imposto de renda.” Casarotto (2000, p.202) declara que “[...] igualmente aos juros, o principal deve ser amortizado. Porém, amortização é um desembolso mas não despesa e, portanto, não é dedutível do Imposto de Renda.” Após os custos e despesas serem devidamente conceituados, observarse-á receitas. 4.2 Receitas Operacionais e Não Operacionais Para efeito de análise de retorno, considera-se receita líquida [ receita bruta menos deduções ], como o conceito a seguir. 78 4.2.1 Receitas líquidas Segundo Casarotto (2000, p.203) “Normalmente, o valor contabilizado de uma nota fiscal não inclui os impostos federais, o que difere a receita bruta da receita líquida. Esta última normalmente é a considerada nas análises.” [...] a Receita Bruta como vendas faturadas menos impostos diretos não cumulativos como o IPI [...] a Receita Líquida é dada pela Receita Bruta menos as deduções de abatimento e devolução, menos os impostos incidentes sobre vendas, como ICMS, ISS, e menos os encargos diretamente proporcionais às vendas, como PIS e CONFINS.(MATARAZZO, 1998, p.70). Anthony (1972, p.218 grifo nosso) “[...] na medida em [...] avaliar quantitativamente, o objetivo total de uma empresa é obter um lucro [...] sobre os fundos nela investidos e [...] com a manutenção de uma posição financeira sadia.” A seguir, descreve-se a receita da cooperativa. 4.2.1.1 Receitas de Produto Para Anthony (1972, p.416) “[...]a questão de quantas unidades [...] fabricadas [...]. Se a procura [...] e as vendas são razoavelmente constantes durante o ano, chega-se a quantidade ótima [...], denominada [...] lote econômico [...].” De acordo com Casarotto (2000, p.202) “Para efeito de Análise de Investimento, as recitas adicionais decorrentes de uma nova fábrica ou de um novo 79 equipamento normalmente são apenas as operacionais, ou seja, o produto do aumento de produção pelo preço unitário.” Também para Anthony (1972, p.64) “Como no caso das despesas e dispêndios, deve-se fazer cuidadosa distinção entre receitas e recebimentos de caixa.” Conceituado receitas de produto, compõe-se preços a partir do dimensionamento do mercado a seguir. 4.3 Composição de Preços Neste item, determina-se o volume de vendas, para depois verificar se o ponto de equilíbrio está coerente. Após, calcula-se o preço de venda. 4.3.1 Dimensionando o Volume de Vendas Segundo Gitman (1978, p.101) “O insumo básico a qualquer Orçamento de Caixa é a Previsão de Vendas, [...] o administrador financeiro estimará os fluxos de caixa mensais, resultantes da projeção dos recebimentos de vendas e gastos[...].” Para Warren, Reeve e Fess (2001, p.187) “Para estimar a quantidade de venda de cada produto, a quantidade vendida no passado, é muitas vezes, usada como ponto de partida.” Para dimensionar preços, e conseqüentemente as receitas, se faz necessário o volume de vendas. 80 Anthony (1972, p.360) “Define-se o volume-padrão por um de três modos.[...] é o volume previsto para o próximo ano,[...] é o volume médio previsto em um número de anos no futuro [...] é o volume às operações de capacidade.” Estuda-se agora, um conceito importante para o dimensionamento de vendas: o ponto de equilíbrio. 4.3.2 Ponto de Equilíbrio Ross (1995, p.173)[...] determina o volume de vendas necessário para que os resultados estejam em equilíbrio. Trata-se de uma útil abordagem complementar à análise de sensibilidade, [...] chama a atenção para as previsões incorretas. Afirma Casarotto (2000, p.241) “A finalidade da classificação dos custos em fixos e variáveis [...] permite uma comparação [...] com diferentes [...] custos. [...] para [...] níveis de produção [...] o ponto de equilíbrio [...] entre estas alternativas.” É a partir do ponto de equilíbrio é que sabe-se o limite entre lucro e prejuízo. Para Maher (2001, p.781) “[...] é a taxa de juros que se espera que um projeto renda durante a sua vida”. Existem, pelo menos, 3 Pontos de Equilíbrio: Contábil, quando receitas menos custos e despesas totais dão resultado nulo; Econômico, quando dão como resultado o custo de oportunidade do capital próprio empregado; e Financeiro, quando produzem em caixa, inalteracao do saldo, independentemente de haver resultado contábil ou econômico. (MARTINS, 1987, p.276). 81 De acordo com Gitman (1978, p.74) “[...] relacionada ao conceito de alavancagem operacional. Possibilita à empresa ( 1 ) [...] o nível de operações que precisa [...], e ( 2 ) avaliar a lucratividade ou prejuízo aos [...] níveis de vendas.” Então se vai ao preço do produto, que será conceituado agora. 4.3.3 O Preço Para Martins (1987,p.222) “[...]uma das finalidades da Contabilidade de Custos é o fornecimento do preço de venda.” Por unidade, a margem bruta unitária é igual a preço de venda unitário menos custo por absorção.[...]A margem de contribuição unitária corresponde à diferença entre o preço unitário de venda e os custos variáveis unitários. Interprete a margem de contribuição como a quantia disponível para cobrir os custos fixos e gerar lucro. (MAHER, 2001, p.82) Segundo Maher (2001, p.472) “A abordagem diferencial no estabelecimento de preços é útil, tanto para decisões de curto prazo como de longo prazo.” Para Martins (1987, p.223) “[...] Bastaria lembrar que, para a fixação do preço, precisaríamos primeiro não só fixar a base de distribuição de custos, despesas e lucro, como também prefixar o volume de cada produto [...]” 82 Maher (2001, p.82) afirma, “A margem de contribuição constitui informação importante para os administradores, porque lhes permite avaliar a lucratividade dos produtos antes dos custos fixos.” Para Martins (1987, p.225) “[....], das diferentes alternativas de preço, não é melhor aquela que dá maior Margem de Contribuição por Unidade. [...]; variando as quantidades, sempre interessa [...] a maior Margem de Contribuição Total.” Nota-se que os autores enfatizam não a melhor margem de contribuição unitária e sim um ganho em escala. Maher (2001, p.472) “[...]deve ser [...] igual ao custo diferencial de fabricar e vender o produto. [...],resulta em uma margem de contribuição positiva, [...]. No longo prazo, ela exige a cobertura [...], porque [...], tornam-se diferenciais [...].” Após o estudo do preço, estudar-se-á a forma de crédito. . 4.3.3.1 Parcelamento e Financiamento ao Cliente Para Gitman (1978, p.188) “O aumento do período de crédito deve elevar as vendas; porém é possível que tanto o período médio de cobrança como as despesas com devedores duvidosos aumentem.” Uma política de créditos deve estar em harmonia com os prazos médio de pagamentos aos fornecedores. Ainda Gitman (1978, p.181) “Muitas vezes, a firma deve não só determinar a situação de crédito de um cliente, mas também estimar o montante máximo de crédito que o cliente pode receber.” 83 Gitman (1978, p.191) finaliza: “As políticas de crédito tem duas dimensões: os padrões de crédito e a análise de credito.” A empresa deve ter metas e um bom planejamento para alcança-las e será isso visto no próximo sub-capitulo. 4.4 Meta Estratégica A meta estratégica estabelece o foco a ser alcançado, conforme Gawlak: A partir da elaboração ou reformulação dos estatutos é definida a área de ação da cooperativa, que poderá atuar em um município ou mais, no Estado ou em outros Estados. Isto dependerá de um estudo de viabilidade econômica, assim como da definição dos objetivos e metas. (GAWLAK, 2001, p.31) De acordo com Oliveira (2001, p.99) “O planejamento estratégico é a metodologia [...] que permite estabelecer a direção otimizada a ser seguida pela cooperativa, visando ao maior grau de interação com os fatores externos,[...].” Ross (1995, p.57) afirma: “Os economistas utilizam o vocabulário capital para descrever o estoque inicial de máquinas e equipamentos [...]. As decisões de investimento são decisões no sentido de aumentar ou não esse estoque [...].” Segundo Porter (1996, p.335) “Há dois aspectos importantes [...] de uma estratégia [...].O primeiro é determinar exatamente o que se está procurando. [...] a segunda estratégica básica diz respeito à seqüência do [...] de dados em cada área.” Assim é importante fixar metas e os procedimentos de como alcança-las. 84 Oliveira (2001, p.100) destaca que “O problema estratégico deve considerar toda a cooperativa e não apenas uma de suas partes.” O planejamento estratégico proporciona as seguintes vantagens para as cooperativas: • Direcionamento de esforços para os resultados comuns, [...] • Aprimoramento de seu modelo de gestão, [...]. • Estruturação das cooperativas [...]; • Aprimoramento de seu sistema orçamentário, [...] • Maior facilidade no estabelecimento e no acompanhamento e avaliação de indicadores de desempenho, [...] • Consolidação de serviços mais estruturados ao sistema cooperativista, [...](OLIVEIRA, 2001, p.101). Porter (1999,p.47;p.52, grifo nosso) ressalta que “A raiz do problema é [...] distinguir entre eficácia operacional (E.O.) e estratégia [...] (E.O.) significa o desempenho [...] melhor do que os rivais [...]estratégia competitiva é ser diferente.” A tentativa de se diferenciar no mercado [ melhor qualidade, inovação,etc...] é a chave do sucesso em um mercado competitivo. Maher (2001, p.763) afirma que “as economias de custos ou os lucros esperados [...] representam um beneficio mais comum [...] A inclusão de benefícios estratégicos [...] É tão arriscado incluí-los [...] quanto estimar seus benefícios.” “[...] A inovação e o aprimoramento decorrem de investimentos constantes em ativos fixos e intangíveis – [...]. Atualmente, as mudanças na natureza da competição e as pressões crescentes da globalização transformam os investimentos no fator determinante mais importante da vantagem competitiva.” (PORTER 1999, p.456). Para Ross (1995, p.63) “[...] utilizamos os mercados financeiros como auxilio [...] Se não fosse tão desejável [...], as pessoas poderiam simplesmente 85 recorrer aos mercados[...]. Trata-se do principio fundamental da tomada de decisões de investimento, [...].” Freqüentemente, ao se analisar um investimento em ativo de capital, se faz comparações de retorno com aplicações em mercado financeiro como bem frisou Ross (1995). Oliveira (2001, p.116) declara que “A estratégica [...] de uma cooperativa repousa sobre a questão de se poder fazer mais por uma oportunidade ambiental que seus concorrentes, [...] se aproveitará de uma vantagem diferencial [...].” Ross (1995, p.166) afirma que “A intuição subjacente à análise de fluxos de caixa descontados é a de que um projeto deve gerar uma taxa de retorno superior à que poderia ser obtida nos mercados de capitais.” O objetivo está bem claro: proporcionar maiores ganhos em fluxo de caixa que o juros sobre aplicação financeira. A seguir se analisará qual o valor deste juro para que se invista na cooperativa, e não no mercado financeiro. 4.4.1 Determinando a TMA Casarotto (2000, p.108) “A nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Esta é, portanto, a Taxa Mínima de Atratividade (TMA).” É necessário, ao analisar por comparação, uma TMA única a ser aplicada nas alternativas. 86 Kassai (2000, p.56) define: “Entende-se por TMA a taxa mínima a ser alcançada em determinado projeto; caso contrário, o mesmo deve ser rejeitado [...] É o rendimento mínimo de uma segunda melhor alternativa de investimento”. [...] Os investimentos da empresa deverão então render o suficiente para pagar os juros dos capitais de terceiros e proporcionar um lucro compatível com as expectativas dos acionistas. Em outras palavras, a Taxa Mínima de Atratividade da empresa deverá ser maior ou igual ao seu Custo de Capital. (CASAROTTO, 2000, p.243). Analisa-se, agora o impacto da depreciação dos ativos sobre o fluxo de caixa. 4.4.2 Depreciação e Vida Econômica. Para Casarotto, 2000, p.154 “A depreciação é contabilmente definida como a despesa equivalente à perda de valor de determinado bem, seja por deterioração ou absolescencia.” De acordo com Anthony (1972, p.123) “O processo contábil desta conversão gradual de ativo fixo e despesa denomina-se depreciação.” Casarotto complementa que: “Não é um desembolso, [...] é uma despesa e, [...], pode ser abatida das receitas, diminuindo o lucro tributável e, conseqüentemente, o imposto de renda, este sim um desembolso real, e com efeitos sobre o fluxo de caixa.” (CASAROTTO ,2000, p.123). 87 Anthony (1972, p.124) “Às vezes se pergunta: Por que a depreciação é uma despesa? A resposta é que todos os bens e serviços que uma empresa consome é uma despesa.” “Outros, como a Depreciação, poderiam também ser apropriados de maneira mais direta, porém, pela própria natureza do custo, não é na maior parte das vezes considerado útil tal procedimento. O próprio valor da depreciação como um todo é tão estimado e arbitrariamente fixado que chega a ser pouco útil a alocação direta.“ (MARTINS, 1987, p.53). Observa-se muito cuidado na condução e interpretação contábil da depreciação, pois se não houver esta provisão devidamente descontada, haverá dificuldades futuras da empresa ao repor os equipamentos e imobilizados nos seus ativos. Casarotto (2000, p.154) declara que “[...] A legislação [...] permite que os prédios sejam depreciados linearmente em 25 anos, equipamentos em 10 [...] e veículos em 5 [...] prazos podem diminuir se justificada uma utilização mais “dura”.” Dedica-se, agora à um plano estratégico e competitivo para se atingir uma meta. 4.4.3 Plano Estratégico e Competitividade. Casarotto (2000, p.289) “Estratégia seria investimento [...] visando lucros [...] economicamente desejáveis. Estratégia empresarial é a intenção [...] fruto de um Planejamento Estratégico. [...] é definir um MIX ESTRATÉGICO.” 88 No cooperativismo o lucro deve ser proporcionado como resultado aos associados, além disso, como meta deve gerar ganho social. Porter (1996, p.24) afirma: “As cinco forças competitivas – entrada, ameaça de substituição, poder de negociação [...], poder de negociação dos fornecedores [...] não esta limitada aos participantes estabelecidos.” Diferenciação do produto significa que as empresas estabelecidas tem sua marca identificada e desenvolvem um sentimento de lealdade em seus clientes, originados do esforço passado em publicidade, serviço ao consumidor, diferenças dos produtos, ou simplesmente por terem entrado primeiro na industria. A diferenciação cria uma barreira à entrada forçando os entrantes e efetuar despesas pesadas para superar os vínculos estabelecidos com os clientes. (PORTER, 1996, p.27). Para Casarotto (2000, p.290) “[...] existem dois campos [...]: Custos ou diferenciação, [...] podem decidir por seu segmento de popularização do produto (Grande quantidade, baixo custo, qualidade inferior) ou diferencial (Especialista).” Para Casarotto (2000, p.290) “A primeira proposta é fragmentar a empresa em Unidades Estratégicas de Negócios (UENs) para então definir a estratégia [...].” Segundo Porter (1009, p.64) “[...] O conhecimento das metas permitirá previsões sobre se cada concorrente está ou não satisfeito com sua presente posição e com os resultados financeiros [...].” Com os dados, proceder-se-á a avaliação econômica a seguir. 89 4.5 Avaliação Econômica. Para Gitman (1978, p.275 ) “Sob o racionamento de capital, a empresa deve selecionar os projetos que maximizem o total das entradas de caixa.” Anthony (1972, p.426) ressalta: “[...] a questão a resolver sobre em um problema de investimento é se o investimento proposto se justifica pelos rendimentos que criará durante a vida.” Warren, Reeve e Fess (2001, p.350) concluem que: “Portanto, esses investimentos devem gerar uma taxa de retorno razoável, de forma que [...] possam satisfazer as obrigações com os credores e retornar dividendos para os acionistas.” Concentra-se agora nos métodos de avaliação. 4.5.1 Métodos de Avaliação Gitman (1978, p.220) afirma: “A fim de avaliar as alternativas de dispêndio de capital, é preciso determinar as entradas e saídas de caixa [...].” “Os mercados financeiros proporcionam o teste-chave para tomada de decisões de investimento [...] se houver uma alternativa superior nos mercados financeiros, o investimento deve ser rejeitado [...] a tomada de decisão apropriada [...] depende apenas de uma comparação com as alternativas existentes nos mercados financeiros”. (ROSS, 1995, p.51). 90 Warren, Reeve e Fess (2001, p.351) afirmam: “Dois métodos que utilizam valor presente são (1) o método do valor presente líquido e (2) o método da taxa interna de retorno. Esses métodos consideram o valor do dinheiro no tempo.” Analisa-se agora o primeiro modelo de analise de retorno: A Taxa Interna de Retorno (TIR). 4.5.1.1 Taxa Interna de Retorno (TIR) De acordo com Kassai (2000, p.57) “[...] ordenar as alternativas por meio de um denominador comum, [...]. Por exemplo, pode-se adotar o critério da Taxa Interna de Retorno (TIR) para avaliar determinadas alternativas.” Para Gitman (1978, p.127) “A TIR [...] leva o valor atual das entradas de caixa a se igualarem ao investimento líquido referente a um projeto. [...], é a taxa de desconto que leva o valor presente líquido VPL de uma oportunidade de investimento a igualar-se a zero.” Quando o VPL se iguala a zero, não se tem nem lucro nem perdas em um investimento. Ross (1995, p.127) afirma que “A idéia básica [...] é a de [...] calcular um único número que sintetize os méritos de um projeto. Esse número não depende da taxa de juros vigente no mercado de capitais.; [...] é interno ou intrínseco ao projeto.” Analisar-se-á a posteriori o VPL, que será o instrumento-base de análise do projeto. 91 4.5.1.2 Valor Presente Líquido (VPL) Para Gitman (1978, p.265) “O VPL é obtido, subtraindo-se o investimento líquido de um projeto do valor atual das entradas de caixa descontadas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa.” Ross (1995, p.71) afirma que “ [...] nos ajuda a fazer a comparação entre o investimento e o mercado financeiro. Se o VPL for positivo [...] o investimento deve ser realizado [...] VPL positivo beneficia os acionistas.” Warren, Reeve e Fess (2001, p.356) completa: “Essa taxa em geral baseia-se em fatores como natureza do negócio, objetivo do investimento, custo dos fundos de garantia para o investimento e taxa de retorno mínimo desejável.” Eis algumas maneiras pelas quais as empresas criam VPL positivo: 1. Sendo as primeiras a introduzir um novo produto 2. Desenvolvendo um pouco mais uma competência fundamental de produção de bens e serviços a custo mais baixo que os concorrentes 3. Criando uma barreira de competição por outras empresas 4. Introduzindo variações de produtos existentes para tirar proveito de uma demanda insatisfeita 5. Criando diferenciação de produtos através de propaganda agressiva e redes de comercialização 6. Inovando em processos organizacionais para fazer tudo o que foi indicado acima.(ROSS, 1995.p.166). De acordo com Ross (1995, p.166) “Uma parte da análise da estratégia empresarial é a busca de oportunidades de investimento que possam produzir VPL positivo.” 92 Ainda Ross (1995, p.170) “[...] a análise do VPL é uma técnica superior de orçamento de capital. [...], como o enfoque do VPL utiliza fluxos de caixa, e não lucros, utiliza todos os fluxos de caixa e os desconta corretamente, [...].” 4.5.2 Análise Comparativa. Segundo Gitman (1978, p.227) “Os dados relevantes, necessários para se tomar decisões de investimento de capital, são o investimento liquido e os fluxos de caixa incrementais após o imposto de renda.” Será no lucro líquido, o objeto de análise, isto é , se o retorno será maior ou menor do que fontes de investimento tradicionais. Para Warren, Reeve e Fess (2001, p.364) “Os passos decisivos no [...] racionamento de capital são: classificar [...] de acordo com os critérios da gerencia, comparar [...] com os fundos disponíveis e selecionando [...] a serem financiadas.” Ainda Gitman (1978, p.271) “O objetivo do racionamento de capital é selecionar o grupo de projetos que maximizarão a riqueza dos proprietários.” Analisar-se-á um modelo de viabilidade econômica e financeira, em um projeto de investimento, entradas por recebimento e saídas por despesas e custos diretos e indiretos. 93 5 MODELO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA Em se tratando de um modelo de viabilidade e não de uma proposta, este trabalho de monografia não se propõe a dar dados de constituição [ Comissão de constituição, os novos associados e Estatuto] limita-se tão somente agora a dimensionar os custos, despesas, investimentos, receitas e viabilidade econômica inerentes de um projeto onde inicia-se pelos aspectos sociais, operacionais e na seqüência os demais detalhamentos que darão suporte ao modelo. 5.1 Aspectos Sociais A cooperativa terá como objetivo proporcionar aos cooperados uma oportunidade de investimento em construção de modelo de habitação unifamiliar pré-moldada. A cooperativa deverá promover, dentro dos princípios cooperativistas já citados, a integração sócio comunitária fornecendo aos associados acesso a um empreendimento de boa qualidade e preço. A cooperativa fará unidades habitacionais e proporcionará parte dos retornos operacionais líquidos aos sócios-cotistas de acordo com sua participação no capital social. 94 5.2 Aspectos Operacionais A Cooperativa fornecerá mão de obra e material para a construção, ficando a cargo do associado a compra do terreno e a procura do eventual financiamento para o empreendimento, ou seja a Cooperativa não proporcionará financiamento à médio e longo prazo. Promover reuniões em forma de Assembléia Geral Ordinária (AGO) para deliberar: O número de unidades a serem produzidas, a verificação dos contratos de compra de matéria-prima , gerenciamento da mão de obra, receitas e evolução patrimonial e demais atos administrativos da diretorias. Neste modelo, haverá a figura do cooperado, onde será a origem do capital social da cooperativa e a figura do não cooperado, que por simples adesão usufruir-se-á dos serviços da cooperativa, mas não dos benefícios econômicos, ao contrário do primeiro. 5.3 Custo Do Investimento Discrimina-se agora, todos os custos inerentes à formação de capital, basicamente será o valor investido, que dividido pelo número de associados, transformar-se-á em quota-capital. Praticamente o valor da quota-capital será totalmente direcionado para os ativos fixos. 95 5.3.1 Custos dos Equipamentos São ítens do investimento em fixo destinados à produção, são ferramentas, formas e máquinas. Analisa-se então, o preço dos equipamentos no quadro n.3 , o comparativo total no quadro n.4 e a composição no grafico n.1. TOTAL ( R$ ) DESCRIÇÃO Formas para colunas de casas pm 100x100x3170mm Formas para colunas de 100x100x3170mm (02 100” ) Formas para colunas de 100x100x3170mm Formas para colunas de 100x100x4787mm (03 canais) Formas para colunas de 100x100x4787mm Formas duplas pm tipo liso, de 910x510x30mm Formas duplas tipo tijolo aparente, de 910x510x30mm Betoneira de 580 litros, rodas, motor elétrico de 7,5 HP Mesas vibratórias de 2 x 1m com motor elétrico Carrinho de transporte com 04 rodas Talha elétrica para 3000Kg com trolley manual e chave Guincho tipo pórtico 3800x3800mm QTDE 3 6 2 1 2 9 14 1 1 1 1 1 R$ (UNIT.) Quadro 3 : Descrição e preços dos equipamentos Fonte: Dados primários 600,00 500,00 500,00 700,00 700,00 150,00 150,00 3000,00 1850,00 255,00 4150,00 3000,00 R$ (TOT.) FORMAS 1800,00 3000,00 1000,00 700,00 1400,00 1350,00 2100,00 3000,00 1850,00 255,00 4150,00 3000,00 11350,00 EQUIPAMENTOS 12255,00 Quadro 4 : Valor total de formas e equipamentos Fonte: Dados primários COMPOSIÇÃO DE CUSTOS 12400,00 12200,00 12000,00 11800,00 23605,00 11600,00 11400,00 11200,00 11000,00 OBS: Custo dos equipamentos e formas para execução de 5 casas de 42m²/mês. Vida útil das formas 5 anos, com valor residual estimado (VRE) de 10% do valor da compra. Demais equipamentos, 5 anos com VRE de 15% do valor da compra Descrimina-se, a seguir, os custos das instalações 10800,00 FORMAS EQUIPAMENTOS TOTAL ( R$ ) Gráfico 1 : A composição de formas e equipamentos no valor total Fonte: Dados primários 96 5.3.2 Custos das Instalações São todos os ativos fixos imobilizados, alguns com reaproveitamento, outros não. Juntamente com os equipamentos serão o total dos investimentos. No quadro n.5 abaixo, observam-se as instalações e seus preços. DESCRIÇÃO LIMPEZA E CERCAMENTO DO TERRENO ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO PROJETO DE INSTALAÇÕES E LAY-OUT DE PRODUÇÃO COBERTURA E DEPÓSITO P/ FORMAS E EQUIPAMENTOS SALA EM ALVENARIA COM BANHEIRO* INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELEFÔNICAS INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS PAVIMENTAÇÃO DA ÁREA DE TRANSPORTE CUSTO JUCESC/RECEITA FEDERAL MÓVEIS PARA ESCRITÓRIO APARELHO DE FAX COMPUTADOR COM IMPRESSORA E SOFTWARE UNID. M VB VB M² M² Ponto Ponto M² VB VB Peça VB Quadro 5 : Descrição e preços das instalações QTDE 1200,00 1,00 1,00 200,00 30,00 20,00 6,00 80,00 1,00 1,00 1,00 1,00 R$ UNIT. 2,00 250,00 1200,00 100,00 200,00 70,00 55,00 12,00 600,00 500,00 350,00 2500,00 TOTAL Fonte: Dados primários OBS : Estão incluidos a mão de obra com leis sociais em todas as instalações. * Estão com todos os custos incluídos (Acabamento, pintura,louças. Esquadrias A seguir, verifica-se o gráfico Equipamentos e Formas X Instalações no Investimento Total R$ TOTAL 2400,00 250,00 1200,00 20000,00 6000,00 1400,00 330,00 960,00 600,00 500,00 350,00 2500,00 36490,00 97 Sendo que no quadro n.6 abaixo verifica-se o resumo dos totais de investimentos fixos: Sendo que: Equipam. Instalações: 23605,00 36490,00 Quadro 6 : Total de Equipamentos e formas e instalações. Fonte: Dados primários Demonstra-se o gráfico o percentual de contribuição de cada item no investimento total. 40000,00 35000,00 30000,00 25000,00 20000,00 15000,00 10000,00 5000,00 0,00 Equipam. S1 Instalações: Gráfico 2 : A composição de Equipamentos e Formas e Instalações no total dos Investimentos Fonte: Dados primários Observa-se uma preponderância das instalações sobre o total. Agora analisar-se-á as tabelas bases de consumo para os Custos de Produção. 98 5.4 Custo de Produção Os custos de matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação estão nestes itens. Antes, estuda-se o consumo e os dados para montar o custo unitário de cada produto. Neste estudo, uma casa de 42m². 5.4.1 - Base de Dados para Consumo São as informações necessárias para a coleta de dados para a composição de custos que estão descritos no quadro n.7 abaixo. DESCRIÇÃO Dimensões da casa Quantidade de colunas Estimativa de concreto utilizado para as colunas Quantidade de lisasdecoradas tipo tijolo deplacas placas aparente de concreto a utilizar para todas as Estimativa placas Metragem da fundação de 150x150mm Concreto utilizado na fundação Estimativa total de concreto a utilizar Cimento Sacos de cimento UNID 2 m PC 3 m PC PC m3 m 3 m m3 3 m Kg Quadro 7 : Base de Dados para Consumo Fonte: Dados primários Analisa-se agora a quantidade de matéria prima utilizada. QTDE 42,00 39,00 1,55 71,00 111,00 2,60 44,00 0,99 5,11 1,10 1718,80 99 5.4.2 Matéria Prima O quadro n. 8 mostra as matérias prima necessárias para a montagem da casa DESCRIÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS Sacos de cimento Areia Pedra N.º 01 Ferragem – diâmetro 4,2 Ferragem – diâmetro 3,4 Armação em eucalípto c/ bardelas Madeira Pinus p/ caixaria Telha Romana Redonda - cerâmica Forro PVC - 125mmx10mm Piso ceramico 30x30 C Azulejo 20x30 C Argamassa colante AC-I - 18kg Material elétrico com padrão Material hidraulico Portas externas e internas c/ ferragens Janelas e guarnições c/ ferragens Quadro 8 : Relação de Matéria Prima Fonte: Dados primários Obs.: concreto compactado + 50% = volume para calcular o cimento, areia e pedra. Proporções = 1: 3 : 3 (cimento, areia, pedra) Definida a matéria - prima, definir-se-á a mão de obra a seguir. UNID. QTDE R$ (UNIT.) R$ (UNIT.) Sc 55,00 22,00 1210,00 6,00 30,00 180,00 m3 3 m 5,00 30,00 150,00 Kg 394,00 2,00 788,00 Kg 262,00 2,00 524,00 m 50,00 10,00 500,00 3 0,50 320,00 160,00 m mil 0,90 450,00 405,00 m² 60,00 12,50 750,00 m² 45,00 7,45 335,25 m² 30,00 8,10 243,00 Sc 22,00 7,50 165,00 Vb 1,00 550,00 550,00 Vb 1,00 400,00 400,00 Vb 1,00 300,00 300,00 Vb 1,00 650,00 650,00 TOTAL 7310,25 100 5.4.3 Mão de Obra Direta No quadro n.9 a mão de obra foi calculada utilizando como base de serviços de três profissionais e três auxiliares registrados como mensalistas. Os outros profissionais citados são contratados. PROFISSIONAL Profissional de moldagem Auxiliar de moldagem Profissional de montagem Auxiliar de montagem Carpinteiro Pedreiro Eletricista Encanador UNID. HR HR HR HR HR HR HR HR Quadro 9 : Cálculo da Mão de Obra QTDE R$ UNIT R$ TOTAL 40 5,98 239,2 80 2,99 239,2 80 5,98 478,4 80 2,99 239,2 25 5,98 149,5 25 5,98 149,5 10 5,98 59,8 10 5,98 59,8 260,00 1614,6 Fonte: Dados primários Calcula-se agora o valor da mão de obra profissional por hora trabalhada, de acordo com o quadro n.10 CALCULO DE BASE R$/HORA TRABALHADA R$ / HORA DO PROFISSIONAL: Salário Base ( 3 SM ) ( + ) 13 Salário ( + ) Férias ( + ) FGTS ( + ) INSS Patronal TOTAL MÊS TOTAL HORA TRABALHADA R$/HORA TRABALH. 780,00 65,00 65,00 65,00 78,00 1053,00 176,00 5,98 Quadro 10 : Hora Profissional Fonte: Dados primários O valor da mão de obra do auxiliar por hora trabalhada é calculada logo a seguir, no quadro n.11 R$ / HORA DO AUXILIAR Salário Base ( 1,5 SM ) ( + ) 13 Salário ( + ) Férias ( + ) FGTS ( + ) INSS Patronal TOTAL MÊS TOTAL HORA TRABALHADA R$/HORA TRABALHADA Quadro 11 : Hora Auxiliar Fonte: Dados primários 390,00 32,50 32,50 32,50 39,00 526,50 176,00 2,99 A seguir, o terceiro ítem do Custo de Produção: Os Custos Indiretos 101 5.4.4 Custos Indiretos de Fabricação Praticamente todos estes custos serão rateados no custo das unidades São custos inerentes do produto. Observa-se os custos indiretos de fabricação de acordo no quadro n.12 CUSTOS Chefe de Produção Manutenção Fretes Seguros Água Energia elétrica UNID. mês un un un m³ kw/h QTDE R$ UNIT R$ TOTAL 1,00 1096,00 1096,00 1,00 150,00 150,00 5,00 150,00 750,00 5,00 50,00 250,00 20,00 1,00 20,00 1200,00 0,31 372,00 Quadro 12 : Custos Indiretos de Fabricação 2638,00 Fonte: Dados primários Comentários: Apenas haverá um encarregado no pátio envolvido em todos os setores. Fretes: R$150,00/Obra. Seguro, R$ 50,00/obra Todos os custos de produção foram dimensionados. Agora determina-se as despesas gerais para completar os custos operacionais. 102 5.5 Despesas Gerais São todos os custos administrativos e vendas e base das despesas fixas. O quadro n.13 mostra as despesas que indiferem do volume da receita DESPESAS GERAIS FIXAS Secretária Limpeza Aluguel Manutenção Material de expediente Impostos Municipais Contabilidade Diretoria UNID. mês mês mês mês mês mês mês mês Quadro 13 : Despesas Gerais Fixas QTDE R$ UNIT R$ TOTAL 1,00 700,00 700,00 1,00 40,00 40,00 1,00 1000,00 1000,00 1,00 120,00 120,00 1,00 20,00 20,00 1,00 100,00 100,00 1,00 250,00 250,00 1,00 1500,00 1500,00 3730,00 Fonte: Dados primários No quadro n.14, as despesas variaveis. DESPESAS GERAIS VARIAVEIS UNID. Propaganda mês Comissões unid Despesas de representação* mês Despesas financeiras** mês Impostos estaduais mês Quadro 14 : Despesas Gerais Variáveis QTDE R$ UNIT R$ TOTAL 1,00 200,00 200,00 5,00 450,00 2250,00 1,00 1250,00 1250,00 1,00 180,00 180,00 1,00 3000,00 3000,00 6880,00 Fonte: Dados primários Então, o quadro n.15 mostra o quadro total de despesas gerais. DESPESAS GERAIS - TOTAL 10610,00 Quadro 15 : Total Despesas Gerais Fonte: Dados primários Comentários: * inclui combustível, estadia e manutenção de veículo ** despesas com desconto de duplicatas e cheques (curto prazo) A seguir, calcula-se o Intangível, ou seja a despesa com depreciação. 103 5.6 Intangível Basicamente, são as despesas de depreciações, sem desembolso mas uma despesa de provisão futura. Vida útil de 5 anos nos equipamentos e 25 anos nas instalações como mostra o quadro n. 16: OUTRAS DESPESAS Depreciação de formas Depreciação de equip. Depreciação das instal. UNID. mês mês mês Quadro 16 : Depreciação Total Fonte: Dados primários QTDE R$ UNIT R$ TOTAL 1 170,25 170,25 1 183,83 183,83 1 78,00 78,00 432,08 Cálculo da depreciação: Nas formas, de acordo com o quadro n.17 P(Valor de Compra): VRE (10% de P): t (taxa mensal deprec.): Número de meses (N) Depreciação mensal 11350,00 1135,00 -1,50% 60 -170,25 Quadro 17 : Depreciação das Formas, Metodologia de Cálculo Fonte: Dados primários Nos equipamentos, quadro n.18 P(Valor de Compra): VRE (15% de P): t (taxa mensal deprec.): Número de meses (N) Depreciação mensal 12255,00 1838,25 -1,42% 60 -173,61 Quadro 18: Depreciação dos Equipamentos, Metodologia de Cálculo Fonte: Dados primários E nas Instalações, quadro n.19. P(Valor de Compra): VRE (10% de P): t (taxa mensal deprec.): Número de meses (N) Depreciação mensal 26000,00 2600,00 -0,30% 300 -78,00 Quadro 19: Depreciação das Instalações, Metodologia de Cálculo Fonte: Dados primários Analisa-se agora, um resumo de todos os custos, despesas e investimentos. 104 R ESUM O D E CU ST O S E IN VEST IM EN T O S No quadro n.20, informa-se o total do custo do investimento UNIT ÁRIO R$ 60.095,00 A - CUST O DO INV E ST IMENT O ( B + C ) B - CUST O DE FO R M AS E EQ UIPAM ENT O S C - CU STO DE INST ALAÇÕ ES T O TAL T O TAL R$ 23.605,00 R$ 36.490,00 Q u adro 20 : Resu m o d o Cu sto d o In vestim en to F onte: D ados prim ários O custo operacional , que envolve custo de produção e despesas gerais está demonstrado no quadro n.21 Q T DE/MÊS D - CUS T O O PE RACIO NAL ( E + I ) R$ 22.172,85 P /MÊ S R$ 57.872,25 E - CUST O DE PRO DUÇÃO ( F + G + H ) F - CUST O DE M ATÉR IA-PRIM A G - CUST O M ÃO -DE-O BR A DIRET A H - CU STO S INDIR ET O S D E F ABR ICAÇÃO UNID UNID M ES R$ 11.562,85 R$ 7.310,25 R$ 1.614,60 R$ 2.638,00 5,00 5,00 1,00 R $ 47.262,25 R $ 36.551,25 R $ 8.073,00 R $ 2.638,00 I - D ESPESAS G ER AIS ( J + K ) J - DESPESAS G ERAIS F IXAS K - DESPESAS G ERAIS VARIÁVEIS M ÊS M ÊS R$ 10.610,00 R$ 3.730,00 R$ 6.880,00 1,00 1,00 R $ 10.610,00 R $ 3.730,00 R $ 6.880,00 MÊ S R$ 432,08 1,00 R$ 432,08 Q u adro 21 : Resu m o d o Cu sto O p eracion al F onte: D ados prim ários No quadro n. 22, as despesas intangíveis. L - INT ANG ÍV EIS (FIXAS ) Q u adro 22 : Resu m o d o s In tan g íveis F onte: D ados prim ários O gráfico n.3 mostra a composição dos custos e despesas. 18% 1% C U S T OX D E S P E S A E - C UST O D E P RO DU ÇÃ O ( F + G + H ) I - D ESP ESA S G E RAIS ( J +K ) 81% G ráfico 3 : Co m po sição d o Cu sto e D esp esa F onte: D ados prim ários A seguir, calcula-se o preço e a margem de lucro. L - IN T A NG ÍV EIS (FIXA S) 105 5.7 Preço e Lucro Em primeiro, estipula-se o lucro-meta do Investimento na Cooperativa para, após estabelecido, poder calcular o Markup percentual. Lucro-meta(LM): Estabeleceu-se 30% de Taxa de retorno sobre o investimento Taxa retorno = Lucro Investimento Taxa retorno = Lucro R$ 93.918,35 lucro = 93.918,35 x 30% = R$ 28.175,50 Sendo investimento = Investimento fixo + giro oper.(60% do custo oper.) Investimento = 60.095,00 + ( 60% x 56.372,25) = 93.918,35 Markup percentual(MP): Usando o conceito de custos variáveis (Warren, Reeve e Fess, 2001, p.321) Markup = Lucro desejado + Custos e despesas fixos Custo e despesas variáveis Markup = 28.175,50 + 49.944,96 649.707,00 Markup = 12,02% O quadro n.23 mostra o total de custos e despesas operacionais Em 1 ano:(12 X 5 Unidades = 60 unidades ) Custos e despesas variáveis: Materiais diretos Mao de Obra Custos Indiretos de Fabricação Despesas gerais variáveis Total Custo variável p/ unidade (tot/60) Custos e despesas fixos: Despesas gerais fixas Outras despesas Mês em 1 ano: R$ 36.551,25 R$ 438.615,00 R$ 8.073,00 R$ 96.876,00 R$ 2.638,00 R$ 31.656,00 R$ 6.880,00 R$ 82.560,00 R$ 54.142,25 R$ 649.707,00 R$ 10.828,45 R$ 3.730,00 R$ 432,08 R$ 4.162,08 R$ 44.760,00 R$ 5.184,96 R$ 49.944,96 Quadro 23 : Custos e Despesas, Fixos e Variáveis Fonte: Dados primários Assim, o preço de venda da unidade = Custos e desp.variáveis + Markup Preço de venda= R$ 10.828,00 + 12,02% Preço de venda= R$ 12.129,95 Analisar-se-á o ponto de equilíbrio e volume de venda. 106 5.8 Ponto de Equilíbrio e Volume de Vendas Sabe-se que : pc - preço de custo unitário = R$ 10.828,45 pv - preço de venda unitário = R$ 12.129,95 então, margem de contribuição unitária (MCU) = R$ 1.301,50 e que o custo fixo unitário ( CF ) = R$ 4.162,08 o ponto de equilíbrio ( PE ) é obtido pela fórmula = CF/MCU PE = 3,2 unidades Este valor de ponto de equilíbrio foi conseguido ferramenta gráfico e atingir-meta, um recurso do software Excel da Microsoft, o quadro n.24 é apresentado. (A) (B) (C) unidades MCU CF 0,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 1,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 2,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 3,20 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 4,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 5,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 6,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 7,00 R$ 1.301,50 R$ 4.162,08 Quadro 24 : Lucro/Prejuízo em função Fonte: Dados primários (( A x B) - C) Lucro/Prejuízo (R$ 4.162,08) (R$ 2.860,58) (R$ 1.559,08) R$ 0,00 R$ 1.043,92 R$ 2.345,42 R$ 3.646,92 R$ 4.948,42 das vendas O gráfico n.4 mostra o ponto de equilíbrio. 6000,00 4000,00 2000,00 0,00 -2000,00 1 2 3 4 5 6 7 -4000,00 unidades Lucro/Prejuízo Gráfico 4 : Lucro x Quantidade Produzida Fonte: Dados primários Volume de Vendas: Diante da observação do gráfico o volume de 5 unidades continua. Com isso, o lucro operacional será de R$ 2.345,42. Analisa-se agora o Fluxo Líquido de Caixa. 107 5.9 Fluxo de Caixa Mostrará toda a atividade financeira da cooperativa nos 5 anos seguintes, de acordo com o quadro n.25. p/ unidade p/ mês MÊS(FINAL) Investimento Valor Residual Receita Líquida Condição 1 (80%) (4 Clientes/mês) Condição 2 (20%) (1 Cliente/mês) ( - ) Custos Dir. Prod. Matéria Prima Mão de Obra Direta ( - ) Custos Ind. Prod. ( = ) Lucro Bruto ( - ) Desp. Var. Gerais ( - ) Desp. Fix. Gerais ( - ) Depreciação ( = ) Lucro Antes do I.R. ( - ) Imposto de Renda ( = ) Lucro(Prej.) Líquido 12129,95 60649,75 60095,00 2973,00 60649,75 48519,80 CEF propr 12129,95 propr 44624,25 36551,25 8073,00 2638,00 6880,00 3730,00 432,08 FLUXOS DE CAIXA CAIXA POSTOS EM VALOR PRESENTE ANO 1 ANO1 ANO2 ANO3 ANO4 ANO5 677600,73 320230,68 229737,93 127632,12 617163,67 256127,16 232105,18 128951,81 532037,65 220799,28 200090,67 111165,35 458653,15 190344,20 172491,96 95832,20 395390,64 164089,83 148699,97 82613,97 498939,75 402063,75 96876,00 31656,00 147004,98 82560,00 44760,00 5184,96 14500,02 6029,46 8470,56 428289,96 350809,62 77490,58 25328,36 163565,84 66040,81 35808,79 4157,11 57589,85 8647,18 48952,91 369215,48 302422,08 66802,23 21834,79 141005,03 56931,73 30869,65 3583,72 49646,43 7454,47 42200,79 318289,21 260708,69 57588,13 18823,09 121556,06 49079,08 26611,76 3089,41 42798,64 6426,27 36379,99 274387,25 224748,87 49644,94 16226,81 104789,71 42309,55 22941,18 2663,29 36895,38 5539,88 31362,06 Quadro 25 : Fluxo de Caixa Fonte: Dados primários Todos os valores foram colocados no Valor Presente do 1° ano. A seguir, analisa-se o VPL em função da TMA 108 5.10 Valor Presente Líquido e Taxa Mínima de Atratividade A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) regerá a taxa de juros do Valor Presente Líquido dos lucros líquidos mês a mês, na tabela abaixo, os VPL' s dos lucros com as respectivas TMA' s onde primeiramente usará como base a taxa SELIC (Sistema Especial de liquidação e Custódia ) em 16% ao ano. O quadro n.26 mostra a qual taxa TMA que zera o VPL do investimento. VPL INV. TMA (MES) R$ 85.453,78 1,01% R$ 81.748,13 1,20% R$ 75.997,91 1,50% R$ 72.293,30 1,70% R$ 66.922,34 2,00% R$ 58.443,35 2,50% R$ 56.815,44 2,60% R$ 53.624,91 2,80% R$ 0,00 7,34% Quadro 26 : Valor Presente Líquido em função da TMA Fonte: Dados primários Nota-se que o VPL zera na taxa 7,34%, ou seja o somatório líquido de entradas e saídas, como é também observado no gráfico n. 5. VPL VPL X TMA R$ 90.000,00 R$ 80.000,00 R$ 70.000,00 R$ 60.000,00 R$ 50.000,00 R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 R$ 0,00 TMA Gráfico 5 : VPL em Função da TMA Fonte: Dados primários Far-se-á o comparativo de investimentos. 109 5.11 Análise Comparativa Compara-se o quanto se ganha em cinco anos ( cota de capital ) com o que poderia ganhar com a mesma aplicação no mercado financeiro, como mostra o quadro n.27. Pago por: Mercado Empresa ANO1 (9615,20) (1694,11) ANO2 (8288,97) (9790,58) ANO3 (7145,66) (8440,16) ANO4 (6160,05) (7276,00) ANO5 (5310,39) (6272,41) Residual (2973,00) Diferença VPL líquido (36520,27) (36446,26) 74,01 Quadro 27 : VPL do Mercado x VPL na Empresa Fonte: Dados primários Faz-se a comparação VPL mercado x VPL do lucro líquido, no quadro n.28 VPL líquido para % de lucro líquido VPL mercado 20,00% 23,00% 12,00% 20,04% ANO 1 (9615,20) 1694,11 1948,23 1016,47 1697,85 ANO 2 (8288,97) 9790,58 11259,17 5874,35 9812,17 ANO 3 (7145,66) 8440,16 9706,18 5064,09 8458,77 ANO 4 (6160,05) 7276,00 8367,40 4365,60 7292,04 ANO 5 (5310,39) 6272,41 7213,27 3763,45 6286,24 Residual 2973,00 2973,00 2973,00 2973,00 (36520,27) 36446,46 41467,48 23057,08 36520,27 Diferença (73,81) 4947,21 (13463,19) 0,00 Quadro 28: VPL do Mercado x VPL na Empresa - Dados para Gráfico Fonte: Dados primários No gráfico n.6, observa-se que acima de 20% do lucro líquido retido como forma de remuneração ao associado, é mais vantajoso aplicar na empresa. MERCADO X EMPRESA 10000,00 5000,00 0,00 (5000,00) 20,00% 23,00% 12,00% 20,04% (10000,00) (15000,00) Seqüência1 Gráfico 6 : Aplicação no mercado ou empresa em função da retenção do lucro Fonte: Dados primários Observa-se que se houver retenção do lucro líquido do exercício a partir de 20,04% retido do lucro líquido , é mais vantajoso para o associado. Após apresentado o modelo de viabilidade econômico-financeira, procede-se a apresentação do estudo de caso, que por analogia comprovará a possibilidade de aplicação desejada. 110 Após apresentado o modelo de viabilidade econômico-financeira, procedese a apresentação do estudo de caso, que por analogia comprovará a possibilidade de aplicação desejada. 111 6 ESTUDO DE CASO O estudo de caso trará como exemplo de mecanismo pleno de gestão cooperativista habitacional a Cooperativa Habitacional e de Consumo América do Sul (COOPHAB). Para que fique evidente a realidade dos fatos, primeiro se contextualizará a Cooperativa e logo a seguir se fará uma analogia da possibilidade de aplicação. 6.1 Contextualização da Cooperativa A COOPHAB , foi criada com objetivo a defesa econômica e a integração sócio comunitária, por meio de ajuda mútua, proporcionando exclusivamente a seus associados a construção da casa própria e a aquisição de bens e artigos de consumo doméstico em geral, fornecendo-os aos associados nas condições de preço e qualidade, bem como dita o estatuto da cooperativa. Observa-se uma realidade na visualização de uma edificação pronta para morada de acordo com a figura n. 29 [próxima página]. 112 Figura 29 – Obra primeira etapa Fonte: COOPHAB (2004) Como principais metas de ação, a cooperativa se propõe a adquirir terrenos e/ ou benfeitorias e equipamentos indispensáveis a execução do plano habitacional, contratar construtoras ou empreiteiras de mão de obra a construção de unidades habitacionais ou comerciais, buscar junto à agentes financeiros recursos necessários a complementação dos planos habitacionais e administrar e gerenciar de forma otimizada os recursos próprios dos associados. Na figura n.30, verifica-se a segunda etapa do empreendimento, localizada próximo à primeira obra já concluída. Figura 30 – Obra Segunda Etapa Fonte: COOPHAB (2004) 113 No quadro n.29, observa-se algumas informações cadastrais da Cooperativa. RAZÃO SOCIAL E ENDEREÇO COOPERATIVA HABITACIONAL E DE CONSUMO AMÉRICA DO SUL LTDA. Sigla: COOPHAB Constituída em: 02/08/77 Endereço: Rua Felipe Schimidt, 554 – Sala 1.006 CEP: 88.010-001 Sede: Florianópolis – SC Fone: (048) 225 – 0899 / 225-6469 E-mail: [email protected] Registro OCESC – 174 NIRE / JUCESC – 42400000681 Registro CEF – 16/77 N° de Associados: 255 N° de Empregados: 5 CNPJ 80.485.097/0001-09 Alvará de Licença – 26.660 – 0 Área de Atuação: Florianópolis, São Jose, Biguaçú, Caçador, Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Curitiba (PR) Composição da Diretoria: Presidente: João Andreata de Souza Diretor Administrativo: Tadeu João Schlickmann Diretor Financeiro: Alei Vargas Machado Composição da Gerência: Administrativa: João Andreata de Souza Operacional: Jadir Cittadin Comercial: Alei Vargas Machado Contador: Tadeu João Schlickmann Quadro 29: Dados Cadastrais Fonte: COOPHAB (2004) 114 Verifica-se portanto que a expectativa existe não somente de fato, mas também de direito, pois está totalmente registrado nos órgãos competentes. As unidades serão entregues por sorteio aos cooperados realizado em Assembléia Geral Extraordinária e terá controle contábil unitário para cada associado. Os associados tem o direito de participar das reuniões e nelas propor, discutir e votar medidas que julgar convenientes, votar e serem votados para membro do conselho de administração e demitir-se da sociedade quando lhe convier com direito à restituição do capital que integralizou , das sobras e outros créditos que lhe tiverem sido registrados. Observa-se de acordo com o quadro n.30 um aumento na ordem de 15% no número de associados. COOPHAB - QUADRO DE EVOLUÇÃO DOS ASSOCIADOS 280 270 260 250 240 230 220 1999 2000 2001 2002 Quadro 30: Quadro de Evolução do Número de Associados. Fonte: COOPHAB (2003). 2003 115 Os cooperados tem a obrigação de subscrever e integralizar as quotas partes do capital, nos termos firmado em Estatuto, cumprir pontualmente seus compromissos para com a Cooperativa, dentre os quais participar efetivamente de sua vida societária e empresarial, pois a Cooperativa não sobrevive sem a participação econômica e administrativa de seus associados. No quadro n.31 analisa-se o balanço patrimonial e pode-se perceber o alto comprometimento das obrigações de curto prazo , as obras são os ativos realizáveis à médio prazo no caso o Condomínio Portinari, quando o edifício é entregue, praticamente a empresa nada deve ou tem a receber, pois ela não funciona como uma incorporadora e sim uma administradora, onde todos os custos e despesas são rateados. 1% 1% CIRCULANTE 2% 48% REALIZÁVEL L. PRAZO PERMANENTE 48% 0% PASSIVO CIRCULANTE OBRIGAÇÕES DIVERSAS PATRIMONIO LIQUIDO Quadro 31: Composição do Balanço Patrimonial. Fonte: COOPHAB (2003). Após a comprovação da existência da Cooperativa, vai-se por analogia demonstrar a possibilidade de aplicação do modelo proposto. 116 6.2 Possibilidade Análoga da Aplicação Existem diferenças entre os dois modelos de natureza de foco da lucratividade, enquanto a COOPHAB não explicita o lucro de forma projetada para efeito mercantil, o modelo do projeto mostra a Cooperativa como um modo de investimento além de sua função de desenvolvimento econômico social. Existe uma perfeita analogia quando se observa que, simultaneamente ocorre chamada de capital para a constituição da cooperativa, as unidades habitacionais são para os cooperados, as empresas são geridas a partir dos princípios cooperativistas e os resultados são rateados entre os associados. A partir destas comparações, pode-se considerar que em função de uma necessidade social, ou seja, a construção de unidades de baixo custo para atender uma população carente de moradia, existe a necessidade da aplicação. Essa carência não é pequena dado que os indicadores estão ai para provar, a demanda é enorme, enquanto a oferta é pequena se comparada a ela. Portanto, a aplicação verificada por analogia é real dado que as dificuldades são presentes onde o modelo proposto atuará de forma a suprir as necessidades. O modelo é consistente e abrangente, visto que, foi proposto suprir uma carência habitacional, usando um ferramental econômico e financeiro, que foi alicerçado em conceitos cientificamente reconhecidos. Então, dado a problemática levantada de criação pelo cooperativismo de um modelo econômico e financeiro para criação de unidades habitacionais, verificou 117 a possibilidade da aplicabilidade, tendo em vista que estão incorporadas todas as variáveis necessárias a sustentabilidade do mesmo. 118 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Cooperativismo foi no inicio, uma forma de reação à um processo exploratório ao trabalho do homem, foi assim que com a união de pessoas em torno de um objetivo comum, tornou-se possível um melhor arranjo capital-trabalho. As origens estão alicerçadas em necessidades individuais concretizadas coletivamente. Para que isso ocorresse foram necessárias criações de princípios e leis que os norteassem. Dentro do cooperativismo, existe o segmento cooperativista habitacional, que trata de construções habitacionais para todos. Habitação, casa, morada; sabe-se que muito precisa ser feito, mas pouco se faz, está cada vez mais difícil em função da atual conjuntura econômica esperar iniciativas de ofertas de unidades suficientes para nutrir estas carências. Não existe capital para longo prazo e programas suficientemente abrangentes. O cooperativismo aliado a técnica de construção em pré-moldados, que funciona de forma rápida, seguro e econômico, proporciona uma união e cria um modelo simples para ser feito, significando uma contribuição para equilibrar esta relação. Os estudos conceituais de cooperativa, suas origens, leis e princípios aliados ao ferramental de engenharia econômica que possa dimensionar o quanto é viável a sua implementação foi a essência deste estudo. Hoje, os esforços estão sendo direcionados para solucionar este problema. Provar ao pequeno investidor e ao carente de morada que o sonho é possível. 119 Por intermédio dos conceitos e levantamentos de custos, despesas, receitas e investimentos pode-se, por meio de um modelo exposto em fluxo de caixa, de mostrar com o auxilio da matemática financeira que o retorno sobre o investimento existe e a concretização da casa própria também isto é, une-se o capital da comunidade, promovendo o desenvolvimento e a geração de resultados. Para se comprovar, foi demonstrado um estudo de caso, contextualizando o concreto e, por analogia relacionado o projeto no qual verificouse que exista possibilidade de aplicação. A proposta desta monografia foi mostrar que é possível, é real e foi devidamente comprovado que possa existir um projeto de Cooperativa habitacional que satisfaça necessidades econômicas e sociais e que também promova o desenvolvimento a uma comunidade. Dado a enorme importância do assunto, existe a necessidade de novos estudos na área. Recomenda-se que a partir dessa breve pesquisa, surjam outros interesses, que com certeza irão contribuir para a melhoria dessa possibilidade. Espera-se também que essa monografia venha a contribuir como fonte de pesquisa e inspiração para novos trabalhos. 120 REFERÊNCIAS ANTHONY, Robert Newton. Contabilidade Gerencial. 13a. ed. São Paulo: Atlas, 1972. BRASIL.Leis, decretos. Lei cooperativista n. 5.764 de 16/12/1971.Brasil: Incra, 1971. BONDUKI, N.G., Habitat: As práticas bem-sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileira. São Paulo: Studio Nobel, 1997. CASAROTTO FILHO, Nelson. Análise de Investimentos: Matemática Financeira, Engenharia Econômica, Tomada de Decisão, Estratégia Empresarial. 9a. ed. São Paulo: Atlas, 2000. COBRA, Marcos Henrique Nogueira.Marketing Brasileira. 3a. ed. São Paulo: Atlas, 1985. Básico: Uma Perspectiva COOPERHIDRO.Cooperativismo.São Paulo, 2003 Disponível em: http:/www.cooperhidro.org.br/texto/cooperhidro/index. 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