Recebido em: 12/03/2012 Emitido parece em: 04/04/2012 Artigo original NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA DE JOVENS ALUNOS DO COLÉGIO DA POLÍCIA MILITAR DA CIDADE DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA: UM ENFOQUE PARA A SAÚDE 1 1 1 Erlan Félix de Lima Silva , Taís Feitosa da Silva , Leone Severino do Nascimento , 1 1 Ravi Cirilo Targino de Araújo , Maria do Socorro Cirilo de Sousa . RESUMO Introdução: A aptidão física tornou-se ao longo do tempo um importante objeto de estudo, seja nos aspectos atléticos, seja relacionada à saúde, representada pelos indicadores: resistência cardiorrespiratória, composição corporal, força/resistência muscular localizada e flexibilidade. O incentivo às práticas de atividade física durante a infância e adolescência é fundamental para a aquisição de hábitos saudáveis na vida adulta e, isso tem levado às investigações sobre a participação de crianças e adolescentes nas diversas atividades físicas, bem como seus níveis de aptidão física. Assim, os objetivos deste estudo foram: a) identificar os níveis de aptidão física relacionada à saúde (AFRS); b) comparar os indicadores entre os gêneros; e c) classificar os níveis de saúde de acordo com os parâmetros estabelecidos pela PROESP (Projeto Esporte Brasil). Métodos: A amostra foi composta por 31 indivíduos, sendo 15 meninas (15,00±0,76 anos) e 16 meninos (15,56±0,89 anos), selecionados aleatoriamente no Colégio da Policia Militar da cidade de João Pessoa, Paraíba. Todos os alunos foram submetidos a cinco testes para capacidades físicas: arremesso da medicineball, teste de impulsão horizontal, corrida de 30 metros, sentar e alcançar, e teste de flexão abdominal. Foram analisados os níveis de normalidade e homogeneidade através do teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente, e o test t de student para amostras independentes na comparação das variáveis antropométricas e capacidades físicas, adotando p<0,05 para nível de significância. Resultados: Baseado nos critérios estabelecidos pela PROESP, os meninos alcançaram classificações satisfatórias nas variáveis de índice de massa corporal (IMC) e flexibilidade, mas estão em um nível razoável para força de membros inferiores (MMII) e resistência muscular localizada (RML), e nível fraco para força de membros superiores (MMSS). As meninas tiveram classificações satisfatórias para IMC, flexibilidade e RML, entretanto apresentaram nível razoável para força MMSS e nível fraco para força MMII. Os meninos apresentaram resultados significativamente melhores em todos os testes de capacidade física: força MMSS (p=0,001), força MMII (p=0,001), velocidade (p=0,047) e RML (p=0,014), exceto para a flexibilidade (p=0,131). Conclusão: Tanto meninos quanto meninas, não atendem integralmente aos padrões de saúde estabelecidos de acordo com o PROESP, mostrando a importância de incorporação de atividades físicas para crianças e adolescentes que privilegie, de maneira global, os componentes relacionados à AFRS, reduzindo assim a exposição destes sujeitos ao desenvolvimento de doenças crônicas. Palavras-chave: Aptidão física, criança, adolescente. LEVELS OF PHYSICAL FITNESS FOR YOUNG STUDENTS OF THE MILITARY POLICE SCHOOL OF THE CITY OF JOÃO PESSOA, PARAÍBA: AN APPROACH TO HEALTH ABSTRACT The physical fitness became over time an important object of study in athletic and healthy aspects, represented by indicators: cardiorespiratory resistance, body composition, strength and muscle resistance and flexibility. The incentive to practice physical activities in childhood and adolescence it´s primordial to purchase of healthy habits in adulthood, and this has led to investigations about participation of children and adolescents in various physical activities as well as their levels of physical fitness. The objectives of this research were: a) identify the levels of physical fitness health-related; b) compare the indicators between genders and; c) rate health levels according to parameters established by proesp (projeto esporte brasil). The sample was composed by 31 subjects, 15 girls (15,00±0,76 years) and 16 boys (15,56±0,89 years), randomly selected in military police school, in João Pessoa, Paraíba. All Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 143 students were subjected to five physical abilities tests: pitch medicineball, horizontal impulse test, race 30 meters, sit and reach test and abdominal flex test. Were analyzed the homogeneity and normality levels by the shapiro-wilk and levene tests, and test t of student for self-contained samples in comparing of anthropometric variables and physical capabilities, adopting p<0,05 as significance level. Based on criteria established by proesp, boys reached satisfactory ratings on the body mass index (bmi) and flexibility, but have an acceptable level for leg strength and muscular resistance, and have a low level for arm strength. The girls had satisfactory ratings for bmi, flexibility and muscular resistance. However, they had acceptable levels for arm strength and low level for leg strength. The boys had significantly better results in all physical capacity tests: arm strength (p=0,001), leg strength (p=0,001), speed (p=0, 047) and muscular resistance (p=0,014), except for flexibility (p=0,131). Boys and girls do not fully meet the health standards established by proesp, showing the matter of incorporation of physical activity for children and adolescents that prioritize, globally, the related components to physical fitness health-related, reducing the exposure of these subjects to the development of chronic diseases. Keywords: Physical fitness, child, adolescent. INTRODUÇÃO A relação aptidão física e saúde vem sendo forte objeto de estudo no âmbito da saúde pública mundial (GLANER, 2002; ARAUJO e OLIVEIRA, 2008). A capacidade do ser humano de realizar tarefas diárias com vigor e demonstrar traços e características que estão associados com menores índices de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas, segundo Pate (1988) e Silva et al (2005), é um fator dependente da aptidão física relacionada à saúde (AFRS). Independentemente do sexo e da idade, a princípio, pode-se supor que, quanto maior a solicitação dos esforços físicos, mais elevado deverão se apresentar os índices de aptidão física, e acredita-se que esta relação venha a ser causal (CORBIN e PANGRAZI, 1993; LIVINGSTONE, 1994; GUEDES et al, 2002). Pode-se compreender aptidão física, em dois diferentes âmbitos, relacionada ao desempenho atlético e AFRS (PATE, 1983; LORENZI et al 2005). Esta última envolve os seguintes componentes: resistência cardiorrespiratória, composição corporal, força/resistência muscular localizada e flexibilidade (GUEDES, 2007). Um melhor índice em cada um destes está associado com um menor risco para o desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais (ACSM, 1996; GUEDES et al, 2002). Os benefícios do desenvolvimento da aptidão física sobre a saúde estão bem evidenciados na literatura científica (DUMITH et al., 2010). É muito importante a aquisição de hábitos positivos para a prática de atividade física na infância podendo repercutir de forma positiva no estado de aptidão física durante a vida adulta (NAHAS, 2001). Mesmo sabendo dos benefícios de se ter uma boa aptidão física há indícios de que crianças e adolescentes apresentam, atualmente, baixos níveis de aptidão física (SOUZA, 2010; BARBOSA et al, 2008). Essa preocupação com a melhora da qualidade de vida torna-se uma questão de grande importância social, levando ao surgimento de pesquisas com o propósito de investigar os fatores envolvidos na aptidão física de crianças e adolescentes (LUGUETTI et al, 2010). Além disso, capacidades físicas força/resistência e flexibilidade e seus elementos envolvidos são responsáveis por prevenir distúrbios articulares, posturais, lesões músculo-esqueléticas e osteoporose (GLANER, 2002; CLAUSEN, 1973). Com base no exposto, tendo em vista a relação de proporção inversa para o nível de aptidão física com o risco de desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais, este estudo busca: a) identificar os níveis de AFRS; b) comparar entre gêneros; e c) classificar os níveis de saúde de acordo com os parâmetros estabelecidos pela PROESP (Projeto Esporte Brasil), através do Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação (GAYA e SILVA, 2007). METODOLOGIA Este estudo tem um caráter transversal e descritivo com método quantitativo. A amostra utilizada teve uma população de 31 indivíduos, n = 15 meninas (15,00±0,76 anos) e 16 meninos (15,56±0,89 anos), estudantes de uma escola da rede pública de ensino da cidade de João Pessoa, estado da Paraíba, selecionados aleatoriamente no colégio da policia militar. Os alunos foram abordados durante as aulas de educação física e os testes foram realizados no ginásio da escola utilizada. No início foram realizadas medidas antropométricas e em seguida cinco testes de diversas capacidades para avaliação da aptidão física. Os testes utilizados foram: 144 Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 Arremesso da Medicineball: Neste teste foram utilizadas uma trena e uma medicineball de 2 kg, sendo a trena fixada ao solo de forma perpendicular à parede com seu ponto zero próximo à mesma. Durante o teste, o avaliado se senta com os joelhos estendidos, as pernas juntas e as costas completamente apoiadas à parede. O mesmo segurava a medicineball junto ao peito com cotovelos flexionados. Ao sinal do avaliador, o avaliado lançava a bola em maior distância possível, mantendo as costas apoiadas na parede. A distância do arremesso foi registrada a partir do ponto zero até o local em que a bola tocou o solo pela primeira vez. Foram realizados dois arremessos e foi adotado o melhor resultado, com medida realizada em centímetros. Teste de impulsão horizontal: Foi utilizada uma trena e foi traçada uma linha no solo, ficando o ponto zero da trena sobre a linha de forma perpendicular. Os alunos posicionavam-se imediatamente após a mesma, com pés paralelos, ligeiramente afastados, joelhos semiflexionados, tronco ligeiramente inclinado para frente e ao sinal, o aluno deveria salta a maior distância possível e a distância registrada, em centímetros, é a melhor de duas tentativas. Corrida dos 30 metros: Foi demarcado no chão a distância, e sobre a demarcação foram colocados um cone no ponto zero, um aos 15 metros e um último cone aos 30 metros. Nestes pontos onde estavam os cones, permaneciam os cronometristas. O primeiro e o ultimo cronometrista permaneciam com um dos braços levantados. Ao sinal do primeiro cronometrista, que era abaixar seu braço, todos acionavam o cronometro e o aluno iniciava sua corrida. No momento em que o aluno passava pelo ultimo cronometrista, o mesmo abaixava o braço e todos paravam seus cronômetros. Para cada aluno, este procedimento foi realizado três vezes, e foram somados os tempos do primeiro e do ultimo cronometristas e dividido por dois, nas três tentativas e foi considerado o menor tempo realizado, com precisão em centésimos. Sentar e alcançar: Foi utilizada uma fita métrica com precisão em centímetros. O aluno sentavase sobre a trena estendida e fixada ao solo com o ponto zero sobre as pernas estendias, de modo que o ponto 38 cm estivesse entre os calcanhares que estavam afastados um do outro com distância de 30 centímetros. Os joelhos permaneciam estendidos, as mãos sobrepostas com os dedos médios alinhados, e o aluno deveria flexionar seu tronco à frente sobre as pernas e alcançar com as pontas dos dedos a maior distância possível sobre a fita métrica. Foi considerado o valor cuja distância foi maior entre duas tentativas permitidas. Teste de flexão abdominal: Foram utilizados colchonete e cronômetro. O aluno posicionava-se em decúbito dorsal, com joelhos flexionados a 90 graus, e o avaliador fixava os pés do aluno ao solo. Ao sinal do avaliador, o cronômetro era acionado e o aluno começava a executar movimentos de flexão do tronco, até tocar os cotovelos nas coxas. Foi registrada a quantidade de movimentos completos realizados em 60 segundos (1 minuto). As variáveis antropométricas utilizadas foram massa corporal em quilogramas (kg), estatura em 2 metros (m), índice de massa corporal (IMC) em Kg/m e circunferência da cintura (CC) em centímetros (cm). A massa corporal foi obtida a partir da pesagem em uma balança da marca Filizola, com precisão em 1 grama. Para a obtenção dos valores de estatura foi utilizado um estadiômetro com precisão em 1 centímetro e para a circunferência da cintura, foram utilizadas fitas antropométricas também com precisão em 1 centímetro. Para os valores de IMC foi utilizado o cálculo: IMC = Massa Corporal (Estatura)² Após a sessão para coleta dos dados foi realizada a tabulação, análise e interpretação dos dados no programa PASW statistic 18.0. Para caracterização da amostra foi utilizada a estatística descritiva média, desvio padrão (DP), valores máximos e mínimos. Foram analisados os níveis de normalidade e homogeneidade dos dados obtidos através do teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. Logo em seguida, para comparar os valores médios obtidos entre os grupos, foi aplicado o Test T de student para amostras independentes. O nível de significância adotado foi de 5% e o critério de referência utilizado foi o estabelecido pelo PROESP. Para visualização dos dados da CC e da velocidade foi realizado posto percentil. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 145 RESULTADOS E DISCUSSÃO As características morfológicas dos meninos e meninas adolescentes são apresentadas na Tabela 1. As variáveis, massa corporal, estatura e IMC apresentaram diferença significativa, com os meninos obtendo valores de IMC significativamente melhores que as meninas. Tabela 1. Características morfológicas dos adolescentes (N=31). Meninos n=16 Meninas n=15 Idade (anos) 15,56±0,89 15,00±0,76 Massa corporal (Kg) 61,53±12,59 53,15±6,10 0,027* 1,73±0,08 1,64±0,05 0,001* IMC (Kg/m ) 17,83±3,15 20,19±2,03 0,020* CC (cm) 78,50±11,18 74,73±5,08 Variáveis Estatura (metros) 2 p *p< 0,05 Na tabela 2 verificam-se os valores médios, máximos e mínimos obtidos pelos testes de capacidades físicas entre meninos e meninas, bem como, diferenças significativas nas variáveis, Força MMSS e MMII, velocidade e RML, em que os meninos alcançaram resultados melhores que as meninas. Tabela 2. Valores médios, mínimos e máximos dos testes de capacidades físicas de adolescentes (N=31). Variáveis Meninos n=16 Meninas n=15 p Máximo Mínimo Força MMSS (cm) 384,06±56,72* 305,67±37,36 0,001* 470 220 Força MMII (cm) 185,06±29,71* 129,27±14,02 0,001* 224 106 5,62±0,86* 6,18±0,63 0,047* 4 7,37 36,44±12,88 43,47±12,23 0,131 57 5 36,31±7,8* 29,60±6,31 0,014* 47 18 Velocidade (s) Flexibilidade (cm) RML(repetições/minuto) * p<0,05 Na tabela 3 estão dispostos os valores de posto percentil para as variáveis, velocidade e CC de meninos e menina. Foi identificado que 25% dos meninos e 73% das meninas estão acima dos valores estabelecidos. 146 Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 Tabela 3. Percentis de velocidade e circunferência da cintura de escolares do Colégio da Policia Militar de João Pessoa (PB). (N=31). Sexo /variáveis Percentil 25 50 5 10 75 90 Velocidade (s) 4,49 4,62 4,78 5,43 6,31 6,92 CC (cm) 67,00 67,70 70,00 74,50 89,25 98,20 Velocidade (s) 5,45 5,46 5,70 6,09 6,97 7,19 CC (cm) 65,00 68,00 71,00 73,00 79,00 82,40 Meninos Meninas CC = circunferência da cintura. A literatura tem dado enfoque ao desenvolvimento de componentes da AFRS sendo eles fisiológicos e funcionais. Resultados obtidos em estudos realizados pelo país permitem estabelecer parâmetros mais consistentes sobre o tema (ARAÚJO e OLIVEIRA, 2008). No estudo aqui realizado, observou-se que os meninos quando classificados, de acordo com os valores médios obtidos por gêneros em relação aos componentes da AFRS e tendo como base os CRs, nas variáveis IMC e flexibilidade, atenderam aos critérios estabelecidos pela PROESP, estando, respectivamente, classificados como normal e bom. No entanto, para as variáveis, Força MMII e RML, O nível está razoável e para a variável Força MMSS, eles se apresentaram em níveis fracos. As meninas, em geral estão classificadas em normal e muito bom, respectivamente, para as variáveis IMC e flexibilidade, também atendendo aos CRs. Quanto às variáveis, Força MMII e RML, elas diferenciaram-se dos meninos na primeira, mostrando-se com valores fracos, e na segunda apresentaram valores bons. Já na variável Força MMSS, elas obtiveram valores razoáveis, também se diferenciando. Evidências existentes afirmam que 63% dos adolescentes possuem dois ou mais fatores de risco que podem ser modificados com a prática da atividade física e consequente melhora da aptidão física (GLANER, 2005; NIEMAN, 1999). Estudos realizados por Guedes e Guedes(1995) com a participação de escolares do município de Londrina (PR), já neste ano, constataram que proporção significativa de adolescentes demonstrou índices de aptidão física que podem comprometer melhor estado de saúde. Estudos evidenciam que crianças e adolescentes estão menos aptas fisicamente que seus pares de décadas anteriores, ou boa parte não atende aos critérios desejáveis para uma recomendada AFRS (GLANER, 2003). Como pode ser notado na literatura, existem dados nos quais evidenciam que em 15 anos o cenário infanto-juvenil brasileiro encontra-se com os níveis de aptidão física comprometidos e continua em evolução, pois os resultados encontrados neste estudo corroboram com essa afirmação. Segundo Mota (2000), os níveis de aptidão física de crianças e adolescentes, além da influência das transformações fisiológicas e anatômicas decorrentes das descargas hormonais aumentadas devido à puberdade, são influenciados pela quantidade de atividade física habitual. Além disso, a população estudada, de acordo com os CRs, não apresentou nenhum resultado em excelência. Esse fator pode ser justificado pelo fato de que o que se vê nas aulas de educação física escolar é um predomínio do jogo e de atividades lúdicas, que acabam por privilegiar de forma exagerada às capacidades motoras coordenativas (equilíbrio, precisão e ritmo). Por outro lado, verifica-se certa relutância e indisponibilidade para aplicar programas em que as capacidades motoras condicionais, entre as quais, estão inseridas a força/resistência muscular e a resistência cardiorrespiratória sejam solicitadas (MARQUES e GAYA, 1999), sendo deixada uma lacuna no desenvolvimento de alguns componentes da AFRS (BERGMANN, et. al., 2005), o que corroborou com os achados na população do estudo aqui realizado, tendo em vista que atenderam, de forma parcial, aos critérios estabelecidos, obtendo baixos níveis nos componentes de força e RML. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 147 Vários fatores podem contribuir para um menor nível de aptidão física, tendo em vista que a mesma é resultado do estilo de vida. Bergmann et al (2005) destacam que AFRS capacita a população estudada a manter uma vida ativa, mesmo depois da vida escolar. Porém, o avanço da tecnologia é um desafio para os profissionais da saúde, principalmente para os de Educação física, pois induz os jovens a permanecer por mais tempo em comportamento sedentário. Segundo Pitanga (2002), em decorrência do avanço tecnológico, o ser humano depende muito menos de suas capacidades físicas para sobreviver, o que contribui negativamente para os níveis basais de aptidão física. O fato de meninos e meninas apresentarem resultados diferentes, mesmo sendo de faixa etária igual também mostra que apesar da idade dos indivíduos serem a mesma, eles apresentam características e manifestações diferenciadas (ARAÚJO, 1985). Ou seja, apesar de terem a mesma idade cronológica, que seria a diferença entre um dado dia e o dia do nascimento (FILHO e TOURINHO, 1998), eles se classificam em diferentes idades biológicas (idade determinada pelo nível de maturação dos diversos órgãos que compõem o homem). (MALINA e BOUCHARD, 1991). As meninas se destacaram na flexibilidade, o que corrobora com estudos de Silva et al. (2006), que afirmam que a maior parte da investigações produzidas neste âmbito mostram que as meninas são mais flexíveis que meninos. Guedes e Guedes (1993), Guedes (1994) e Glaner (2005) demonstraram em seus estudos diferenças significativas entre os sexos sobre essa variável. Porém, não é certo que tal fato esteja mais aproximado às características anátomo-funcionais do que de influências ambientais (MICHELI et al., 2000). No entanto em estudo de Araújo e Oliveira (2008), não registrou diferenças significativas entre os dois grupos (142 meninas e 146 meninos entre 9 e 14 anos). Segundo Koutedakis (1995), os indivíduos com maior grau de flexibilidade são susceptíveis a menor risco de lesão músculoligamentar. Roman (2004), Silva (2002) e Hobold (2003) em seus estudos realizados com faixa etária semelhante verificaram um decréscimo nos níveis alcançados nesta capacidade de acordo com o avanço da idade. De acordo com Bergmann et al (2005), o nível máximo de flexibilidade é alcançada ainda na infância escolar e tende a diminuir com a puberdade. Esse fenômeno ocorre por mudanças anatômicas e estruturais que influenciam o desempenho em ambos os sexos (MARQUES e GAYA, 1999). No Brasil, no período de 1974 a 1997, o excesso de peso cresceu de 4,1% para 13,9% em crianças e adolescentes (WANG, et al, 2002) e estima-se que 50%-77% deste grupo etário manterá esta condição na vida adulta. Além disso, o excesso de peso na infância e adolescência contribui para maior ocorrência de morbi-mortalidade de origem cardiovascular na idade adulta (SINAIKO, et al, 1999). Contraponto aos estudos de McCarthy et al (2003), Moreno et al, (2005) e Morrison et al, (2005), que observou-se recentemente um aumento na circunferência da cintura em crianças e adolescentes do Reino Unido e Espanha. Nas crianças britânicas, o aumento da cintura foi maior que o IMC nos últimos 10-20 anos, principalmente nas meninas. Os valores médios da CC e do IMC, neste estudo atenderam aos CRs, essa discordância pode ser atribuída, pela inexistência de um padrão internacional de pontos de corte para classificação de adiposidade abdominal específicos para determinados grupos. Sabendo que a AFRS é produto de um estilo de vida e que o mesmo pode trazer vários benefícios para saúde de quem a mantém dentro dos padrões desejáveis e que o contrario é verdadeiro, é necessário adicionar aos trabalhos que tem a AFRS como enfoque, a relação de variáveis antropométricas de crianças e adolescentes, como é possível perceber em diversos estudos, que ao associar AFRS com indicadores antropométricos observou uma interação entre flexibilidade, força e resistência aeróbia com o IMC, percentual de gordura e CC e com isso, identificou-se que escolares obesos e com hiperadiposidade abdominal são mais suscetíveis a fraca AFRS (ANDREASI et al, 2010; DUMITH et al, 2008; RUIZ et al, 2006; BRUNET et al, 2007). Somando-se a isso, ja é conhecida uma relação positiva entre os níveis de aptidão física e desempenho acadêmico de jovens, além de notado um efeito positivo sobre o seu tempo de reação, levando a perceber uma correlação entre AFRS e as funções cognitivas, como mostrado no estudo de Sibley e Etnier (2003) e Aberg et al (2009). Em estudo com população localizada na região nordeste do Brasil, ou seja, mesma população deste estudo, Silva et al (2010), mostrou que o aumento do peso é progressivo com o passar da idade. Ao relacionar variaveis antropometricas com aptidão cardiorespiratória, notou-se que quando os valores forem elevados nas variaveis o desempenho cardiorespiratório será baixo. Vários estudos transversais têm demonstrado uma associação entre o nível de aptidão física durante a infância e adolescência e fatores de risco cardiovascular (WEDDERKOPP et al, 2003; NIELSEN e ANDERSEN, 2003). O papel de baixos níveis da aptidão física como um fator de risco cardiovascular é ainda maior do que outros bem 148 Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 estabelecidos, tais como dislipidemia, hipertensão, ou obesidade (MYERS et al, 2002). Da mesma forma, importantes estudos longitudinais têm mostrado que o nível da condição física em um adulto, bem como a presença de outros fatores de risco cardiovasculares convencionais, tais como a hipercolesterolemia e hipertensão, é condicionada pelo nível de aptidão física na infância ou adolescencia (JANZ et al., 2002; TWISK et al, 2002). CONCLUSÃO De acordo com a amostra, conclui-se que tanto meninos quanto meninas não atendem integralmente aos padrões de saúde estabelecidos de acordo com o PROESP (que busca ser critérios de referência para a saúde e detecção de talentos esportivos), porém para o IMC e a flexibilidade eles se apresentam dentro dos parâmetros necessários. Sendo assim, se faz importante que exista incorporação de atividades físicas para crianças e adolescentes que privilegie de maneira global, os componentes relacionados à AFRS, visto que isso irá reduzir a exposição destes sujeitos ao desenvolvimento de doenças crônicas. Com relação à importância da maturação biológica e por não ser uma das variáveis abordadas neste estudo, possivelmente, este fato pode representar limitação, com isso, evidencia-se a necessidade de mais estudos que envolvam variáveis como maturação óssea, entre outras e nível de atividade física para ter dados mais robustos sobre os riscos de desenvolvimento de doenças crônicodegenerativas e/ou incapacidades do aparelho locomotor. REFERÊNCIAS ABERG, M.A.I; PEDERSEN, N.L; TORÉN, K; SVARTENGREN, M; BACKSTRAND, B; JOHNSSON, T; COOPER-KUHN, C.M; ABERG, N.D; NILSSON, M; KUHN, H.G. Cardiovascular fitness is associated with cognition in young adulthood. PNAS, Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v.106, n.49, p.20906-20911, 2009. ACSM. American College of Sports Medicine. Manual para teste de esforço e prescrição de exercício. 4.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. ANDREASI, V; MICHELIN, E. RINALDI, A.E.M; BURINI, R.C. Aptidão física associada às medidas antropométricas de escolares do ensino fundamental. Jornal de Pediatria. V. 86. N. 6, p.497-502, 2010. ARAÚJO, C.G.S. Fundamentos biológicos: medicina desportiva. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1985. ARAÚJO, S.S; OLIVEIRA, A.C.C. Aptidão física em escolares de Aracaju. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V.10, n.3, p.271-276, 2008. BARBOSA, C.A.G; MAROLA JÚNIOR, A. CARDOSO, A.P.M. Comportamento do crescimento e desenvolvimento físico de crianças de escola pública e particular. Motriz Revista de Educação Física. V. 14, p. 505-512, 2008. BERGMANN, G.G; ARAÚJO, M.L.B; GARLIPP, D.C; LORENZI, T.D.C; GAYA, A; Alteração anual no crescimento e na aptidão física relacionada à saúde de escolares. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V.7, n.2, p.55-61, 2005. BRUNET, M; CHAPUT, J.P; TREMBLAY, A. The association between low physical fitness and high body mass index or waist circumference is increasing with age in children: the ‘Quebec en forme’ Pro ect. International Journal of Obesity. V. 31, p.637-643, 2007. CLAUSEN, J.P. Muscle blood flow during exercise and its significance for maximal performance. In: KEUL, J.(Ed.). Limiting factors of physical performance. Stuttgart: Thieme Verlag, 1973. CORBIN, C.B; PANGRAZI, R.P. The health benefits of physical activity. Physical Activity and Fitness Research Digest. V.1 p.1-7, 1993. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 149 DUMITH, S.C; AZEVEDO JÚNIOR, M.R; ROMBALDI, A.J. Aptidão física relacionada à saúde de alunos do ensino fundamental do município de Rio Grande, RS, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 14, p.454-459, 2008. DUMITH, S.C; RAMIRES, V.V; SOUZA, M.J.A; MORAIS, D.S; PETRY, F.G; OLIVEIRA, E.S; RAMIRES S.V; MARQUES, A.C. Aptidão física relacionada ao desempenho motor em escolares de sete a 15 anos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo. V. 24, n. 1, p. 5-14, janeiro-março, 2010. FILHO, H.T; TOURINHO, L.S.P.R. Crianças, adolescentes e atividade física: Aspectos maturacionais e funcionais. Revista Paulista de Educação Física. V.12, n.1, p.71-84, janeiro-junho, 1998. GAYA, A; SILVA, E; Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação. Observatório Permanente dos Indicadores de Saúde e Fatores de Prestação Esportiva em Crianças e Jovens. Rio Grande do Sul, junho, 2007. GLANER, M.F. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e urbanos em relação a critérios de referência. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo. V.19, n.1, p.1324, janeiro-março, 2005. GLANER, M.F. Importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria a Desempenho Humano. Brasília. V. 5, n. 2, p.75-85, 2003. GLANER, M.F. Nível de atividade física e aptidão física relacionada à saúde em rapazes rurais e urbanos. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo. V. 16, n. 1, p. 76-85, janeiro-junho, 2002. GUEDES, D.P. Crescimento, composição corporal e desempenho motor em crianças e adolescentes do município de Londrina (PR), Brasil. Tese (Doutorado em Educação Física) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 1994. GUEDES, D.P. Implicações associadas ao acompanhamento do desempenho motor de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. v. 21, p. 37-60, 2007. GUEDES, D.P; GUEDES, J.E.R.P. Aptidão física relacionada à saúde de crianças e adolescentes: avaliação referenciada por critério. Revista Brasileira de Atividade física e saúde. V.1, n. 2, p.27-38, 1995. GUEDES, D.P; GUEDES, J.E.R.P; BARBOSA, D.S, OLIVEIRA, J.A. Atividade física habitual e aptidão física relacionada à saúde em adolescentes. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V.10, n. 1, p.13-21, 2002. GUEDES, DP; GUEDES, J.E.R.P. Crescimento e desempenho motor em escolares no município de Londrina, Paraná, Brasil. Caderno de Saúde Pública. V.9, S1, p. 58-70, 1993. HOBOLD, E. Indicadores de aptidão física relacionada à saúde de crianças e adolescentes do município de Marechal Cândico Rondon – Paraná, Brasil. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. 2003. JANZ, K.F; DAWSON, J.D; MAHONEY, L.T. Increases in physical fitness during childhool improve cardiovascular health during adolescence: the Muscatine Study. International Journal of Sports Medicine, v.23, suppl 1, p.15-21, 2002. KOUTEDAKIS, Y. Seasonal Variation in Fitness Parameters in Competitive Athletes. The American Journal Sports Medicine. V.9, p.373-392, 1995. LIVINGSTONE, M.B.E. Energy expenditure and physical activity in relation to fitness in children. Proceedings of the nutrition society. V. 53, p. 207-21, 1994. LORENZI, T; GARLIPP, D; BERGMANN, G. Aptidão física relacionada ao desempenho motor de crianças e adolescentes do Rio Grande do Sul. Dossiê PROJETO ESPORTES RS. Revista Perfil. p. 2230, 2005. 150 Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 LUGUETTI, C. N; RÉ, A.H.N; BOHME, M.T.S. Indicadores de aptidão física de escolares da região centro-oeste da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V.12, p.331-337,2010. MALINA, R.M; BOUCHARD, C. Grouwth, maturation, and physical activity. Champaing: Human Kinetics Books, 1991. MARQUES, A.T; GAYA, A. Atividade física, aptidão física e educação para a saúde; estudos na área pedagógica em Portugal e no Brasil. Revista Paulista de Educação Física. V.13, n.1, p.83-103, 1999. MCCARTHY, H.D; ELLIS, S.M; COLE, T.J.Central overweight and obesity in british youth aged 11-16 years: cross sectional surveys of waist circumference. British medical journal, 2003. MICHELI, L.J; STRATFORD, P.W; TARNOPOLSKY, M; LOTTER, A. Is adolescent growth associated with changes in flexibility? Clinical Journal of Sports Medicine. V.10, n.1, p.76, 2000. MORENO, L.A; SARRIA, A; FLETA, J; MARCOS, A; BUENO M. Secular trends in waist circumference in Spanish adolescents, 1995 to 2000-02. Arch Dis Child. v.90, p.818-819, 2005. MORRISON, J.A; FRIEDMAN, L.A; HARLAN, W.R; HARLAN, L.C;BARTON, B.A; SCHREIBER,G.B. Development of the metabolic syndrome in black and white adolescent girls: a longitudinal assessment. Pediatrics, v.116, p.1178-1182, 2005. MOTA, J. A escola e a promoção da saúde. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. Amazonas. V.1, n.2, p.71-74, 2000. MYERS, J; PRAKASH, M; FROELICHER, V; DO, D; PARTINGTON, S; ATWOOD, J.E; Exercise capacity and mortality among men referred for exercise testing. The new England journal of medicine, v. 346, p.793-801, 2002. NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina: Midiograf, 2001. NIELSEN, G.A; ANDERSEN, L.B. The association between high blood pressure, physical fitness, and body mass index in adolescents. Preventive Medicine, v. 36, p.229-234, 2003. NIEMAN, D.C. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999. PATE, R.R The evolving definition of physical fitness. Quest, Champaign, v.40, n.3, p.174-9, 1988. PATE, R.R. A new definition of youth fitness. Physical Sports Medicine, v.11, n.4, p.77-83, 1983. PITANGA, F.J.G. Epidemiologia da atividade física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V.10, n.3, p. 49-54, 2002. ROMAN, E.R. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de escolares de 7 a 10 anos de idade do município de Cascavel, PR. Dissertação (Mestrado em Educação física) – Universidade de Campinas. Campinas, São Paulo, 2004. RUIZ, J.R; RIZZO, N.S; HURTIG-WENNLOF A; ORTEGA, F.B;WARNBERG, J; SJOSTROM, M. Relations of total activity and intensity to fitness and fatness in children: the European Youth Hearth Study. American Journal of Clinical Nutrition. V. 84, p.299-303, 2006. SIBLEY, B.A; ETNIER, J.L. The relationship between physical activity and cognition in children: a metaanalysis. Pediatric Exercise Science, v.15, p.243–256, 2003. SILVA, D.J.L; SANTOS, J.A.R; OLIVEIRA, B.M.P.M. A flexibilidade em adolescentes – Um atributo para a avaliação global. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V.8, n.1, p.7279, 2006. SILVA, R.J.S. Características do crescimento, composição corporal e desempenho físico relacionado à saúde em crianças e adolescentes de 7 a 14 anos da região de Continguiba – SE. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis, Santa Catarina. 2002. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313 151 SILVA, R.J.S; SILVA JUNIOR A.G; CABRAL DE OLIVEIRA, A.C. Crescimento em crianças e adolescentes: um estudo comparativo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V. 7, n.2, p.55-61, 2005. SILVA, S.P; SANTOS, A.C.S; SILVA, H.M; COSTA, C.L.A; NOBRE, G.C. Aptidão cardiorespiratória e composição corporal em crianças e adolescentes. Motriz, v.16, n.3, p.664-671, 2010. SINAIKO, A.R; DONAHUE, R.P, JACOBS, D.R; PRINEAS, R.J. Relation of weight and rate of increase in weight during childhood and adolescence to body size, blood pressure, fasting insulin, and lipids in young adults.The Minneaspolis Childrens Blood Pressure Study. Circulation, v.99, p.1471-1476, 1999. SOUZA, E.A. Análise da Associação da Prática de Atividade Física com Aptidão Física Relacionada à saúde em Escolares da Cidade de Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2010 TWISK, J.W; KEMPER, H.C; VAN MECHELEN, W. Predition of cardiovascular disease rick factors later in life by physical activity and physical fitness in youth: general comments and conclusions. International Journal of Sports Medicine, v.23, suppl.1, p.44-49, 2002. WANG, Y; MONTEIRO, C; POPKIN, B.M. Trends of obesity and underweight in older children and adolescents in the United States, Brazil and Russia. American Journal of Clinical Nutrition, v.75, p.971-977, 2002. WEDDERKOPP, N; FROBERG, K; HANSEN, H.S; RIDDOCH, C; ANDERSEN, L.B. Cardiovascular risk factors cluster in children and adolescents with low physical fitness: The European Youth Heart Study (EYHS). Pediatric exercise Science, v. 15, p.419-427, 2003. 1 Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Osorio Miniz De Brito, 116 Mangabeira João Pessoa/PB 58056-100 152 Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.3, 2012 - ISSN: 1981-4313