EDUCAÇÃO FÍSICA TEXTO DE APOIO: VOLEIBOL Ano Letivo 2013/2014 Professores Carlos Elavai Vieira António Sousa Helena Gil Vasco Ensinas HISTÓRIA E EVOLUÇÃO O Voleibol foi criado em 1885, em Massachussets, por William G. Morgan, responsável pela Educação Física no Colégio de Holioke, no Estado de Massachussets, nos Estados Unidas da América, ao qual se denominou inicialmente por “Mintonette”. Procurando criar uma nova actividade que fosse suave e motivante, ao contrário do fatigante e competitivo basquetebol, que se pudesse praticar no Inverno e que não colocasse tantos problemas de material e de ocupação como o ténis. Assim, William Morgan, tentou criar uma actividade de carácter mais recreativo, que se adaptasse aos seus alunos e aos homens de negócios que frequentavam os seus cursos e que simultaneamente exigisse um grande esforço e uma movimentação variada. Com base no ténis, permaneceu na sua ideia uma rede a dividir o espaço de jogo, ao mesmo tempo que o jogo deveria ser jogado num recinto rectangular, entre duas equipas separadas por uma rede, mantendo uma bola em movimento, até que esta tocasse no solo, ou fosse batida para além dos limites do campo. O número de jogadores não era limitado só tinha de ser igual para ambas equipas. Para que todos jogadores pudessem servir, já se usava o sistema de rotação. Era pois, um jogo que poderia ser jogado em recintos cobertos ou ao ar livre, por um qualquer número de jogadores, que não precisavam de material para bater a bola, pois poderiam fazê-lo com as próprias mãos. A dificuldade estava em arranjar uma bola de grandes dimensões e de pouco peso, que se adaptasse ao tipo de jogo que se havia idealizado. Como a bola de basquetebol era muito pesada, começou por se usar a sua câmara, o que também se tornava demasiado leve, por isso a firma A. G. Spalding & Brothers conseguiu satisfazer o Prof. Morgan, criando uma bola idêntica à dos tempos actuais. A primeira demonstração pública deste jogo, foi realizada em 1896 no Colégio de Sprindfield, durante uma conferência de directores de Educação Física do YMCA (Young Man Christian Association). Morgan, apresentou duas equipas formadas por cinco jogadores, num campo de 15,35 m de comprimento, por 7,625 m de largura e com a rede colocada a uma altura de 1,98 m. Durante a exibição o Prof. Alfred Halstead sugeriu a mudança de nome para “Volley-ball” que na sua opinião era mais adaptada ao jogo e com a qual Morgan concordou. Estavam assim lançadas as bases de um jogo que sofrendo variadas e profundas alterações, em breve se iria expandir e popularizar por todo mundo. Entre 1897 e 1900 expandiu-se consideravelmente. Durante 1912 e 1913, as regras foram revistas, tendo-se criado algumas regras básicas que hoje perduram. Durante as duas grandes guerras, os soldados americanos, ao praticarem nas horas vagas essa nova modalidade contribuíram para a divulgação do Voleibol quer na Ásia quer na Europa. Como modalidade Olímpica este jogo apareceu em 1964 nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão. No nosso país, o Voleibol começou a ser jogado em 1914 durante a 1ª Guerra Mundial, aquando da estadia dos soldados Americanos nos Açores. A Federação Portuguesa de Voleibol nasceu no dia 7 de Abril de 1947 em Lisboa, sendo presidida por Guilherme Sousa Martins. A F.P.V. seria uma das fundadoras da Federação Internacional de Voleibol. Nos nossos dias, o Voleibol ultrapassou limites e ocupa espaços abertos, aparecendo como alternativa o Voleibol de Praia. Esta nova variante é um fenómeno que se tem vindo a expandir, chegando alcançar o estatuto de modalidade Olímpica. O Voleibol de praia é um desporto jogado por duas equipas, com 2 jogadores cada, num campo de areia dividido por uma rede. A bola pode ser jogada batendo-lhe com qualquer parte do corpo. Esta disciplina do Voleibol, emergiu na Califórnia nos anos 20, aderindo progressivamente quer homens, quer mulheres à modalidade. Com o sol, a areia e o surf tornou-se muito popular nos Estados Unidos e continuou o seu crescimento no estrangeiro também. Nos anos 80 este desporto teve uma enorme aderência, participação e promoção, levando a FIVB a reconhecê-lo como disciplina oficial de Voleibol em 1986. Dez anos depois, o Voleibol de Praia faz a sua estreia nos Jogos Olímpicos, em Atlanta, completando assim a sua rápida ascensão de recreação social a desporto de elite. CARACTERIZAÇÃO DA MODALIDADE O Voleibol é um desporto colectivo jogado com duas equipas de seis jogadores de cada lado e do mesmo sexo. Eles podem ser substituídos, mas apenas uma vez em cada set, embora o número total de substituições, por set, seja de seis. O Voleibol pode também ser jogado com equipas (mistas, ou não) de dois, de três ou quatro elementos, quer no interior, quer no exterior (Voleibol de praia). O jogo realiza-se num campo rectangular, dividido ao meio por uma rede suspensa em dois postes. A altura oficial da rede, para os escalões de juniores e de seniores, é de 2.24 m para o sexo feminino e de 2.45 m para o sexo masculino. No entanto para os escalões mais baixos a altura da rede é obviamente mais baixa. O objectivo do jogo é jogar a bola por cima da rede, respeitando as regras do jogo, fazendo-a cair no campo do adversário – acção ofensiva, e impedir que a bola caia no seu próprio campo – acção defensiva. REGRAS Campo Superfície em madeira ou qualquer material sintético que a substitua. Segundo a FIVB são ilegais as superfícies que possam por em risco a integridade física dos jogadores, ex: superfícies ásperas, húmidas ou escorregadias como o cimento. Pode jogar-se o voleibol em recintos interiores ou ao ar livre, mas os campeonatos importantes decorrem sempre em recintos fechados. O campo mede 18m por 9m e possui a toda a volta uma zona livre pelo menos 2m de largura (ou 3m nos recintos ao ar livre). O campo é delimitado por linhas de 5 cm de largura que fazem parte da área total de jogo, isto é, 18m por 9m. Uma linha central divide o campo em duas metades, cada uma medindo 9m. A 3m da linha central, existe, em cada lado, uma linha a toda a largura do campo. Estas são as linhas de ataque e a área que fica entre elas e a linha central chama-se campo avançado. Bola De cabedal flexível e com câmara-de-ar de borracha. Cor contrastante (actualmente as bolas oficiais apresentam duas ou mais cores distintas). Equipamento dos jogadores Todos os membros duma mesma equipa deverão usar equipamento igual (camisola e calções) da mesma cor, excepto o libero com uma cor diferente. Nenhum jogador poderá usar jóias, alfinetes, pulseiras ou algo parecido que possam causar ferimentos. Espaço Número de jogadores Uma equipa de Voleibol é constituída por 12 jogadores, 6 efectivos e 6 suplentes. O Voleibol tradicional é jogado com duas equipas de seis jogadores de cada lado e do mesmo sexo. Eles podem ser substituídos, mas apenas uma vez em cada set, embora o número total de substituições, por set, seja de seis. O jogador Líbero é o único que pode entrar e sair várias vezes no mesmo set e durante todo o jogo. O Voleibol pode também ser jogado com equipas (mistas, ou não) de dois, de três ou quatro elementos, quer no interior, quer no exterior (Voleibol de praia). Altura da rede A altura oficial da rede, para os escalões de juniores e de seniores, é de 2.24 m para o sexo feminino e de 2.45 m para o sexo masculino. No entanto para os escalões mais baixos a altura da rede é obviamente mais baixa. Pontuação Um jogo de Voleibol é jogado à melhor de cinco sets, isto é, a equipa vencedora é aquela que ganha três sets. Cada set (primeiros 4 sets) é ganho quando uma equipa atinge os vinte e cinco pontos, embora a diferença de pontuação tenha que ser igual ou superior a dois. Um ponto é válido independentemente da equipa a servir. Se as equipas empatam 2-2, ter-se-á de jogar o 5º set que termina aos 15 pontos, com diferença de 2 pontos entre as equipas. Rotação Após cada serviço ganho, a equipa em causa executa a rotação na direcção dos ponteiros do relógio, isto é, a rotação é efectuada segundo a seguinte sequência de posições: 1, 6, 5, 4, 3, 2, e o jogador da posição 6 tem que estar atrás do jogador da posição 3 e entre os jogadores das posições 1 e 5; o jogador da posição 5 tem que estar atrás do jogador da posição 4 e à esquerda do jogador da posição 6, e assim sucessivamente. Número de Toques A cada equipa só é permitido realizar três toques e a cada jogador não é permitido realizar dois toques consecutivos. Esta regra é alterada quando há uma situação de bloco, isto é, quando um jogador efectua a acção técnica de bloco pode realizar outro toque logo de seguida e consequentemente a equipa nesta situação poderá optar por dar quatro toques. Se a bola for tocada, por um jogador, em duas partes distintas do seu corpo é falta, excepto, por exemplo, na recepção (em manchete) ao serviço da equipa adversária. Área da Linha dos 3 Metros Um jogador só pode realizar acções técnicas (remate e bloco) acima do bordo superior da rede se a chamada for realizada à frente da área da linha dos 3 metros e se estiver nas posições 2, 3 ou 4. Caso isto não se verifique o serviço é da equipa adversária. Violação da Rede e da Linha Divisória Tocar na rede ou passar com um ou dois pés para além da linha divisória do meio campo, impedindo e/ou dificultando o adversário de jogar a bola, é falta. NOÇÃO METODOLÓGICA Apesar de existirem manuais de Educação Física, é necessário que seja feita uma adaptação à realidade escolar. Este fator é determinante na abordagem das diferentes modalidades, uma vez que as condições espacio-temporais diferem de escola para escola, influenciando a forma como podem ser abordadas. De facto o objetivo é conseguir verdadeiros manuais de cada modalidade a abordar, tendo em conta a escola e os níveis a que estes dirão respeito. As Unidades Didáticas seguem uma ordem que julgo ser mais correta para se tornar um documento prático e facilitador da ação educativa, isto é, começar por apresentar os objetivos que se pretende que os alunos alcancem (gerais e comportamentais terminais). Define-se também as estratégias gerais a seguir. Posteriormente é apresentada a sequência de conteúdos, baseada em algumas referências bibliográficas. De seguida apresentamos os conteúdos a abordar e os respetivos critérios de êxito. As diferentes Unidades Didáticas serão operacionalizadas num Plano Anual de Turma, sendo este elaborado após as informações retiradas da avaliação inicial, tendo como condicionantes recursos temporais. COMPETÊNCIAS Gerais O aluno deve participar ativamente em todas as situações e procurar o êxito pessoal e do grupo: o Relacionando-se com cordialidade e respeito pelos seus companheiros ou adversários; o Aceitando o apoio dos companheiros, bem como as opções do (s) outro (s) e as dificuldades reveladas por eles; o Interessando-se e apoiando os esforços dos companheiros com oportunidade, promovendo a entreajuda; o Cooperando nas situações de aprendizagem e de organização, escolhendo as ações favoráveis ao êxito, segurança e bom ambiente relacional na atividade da turma; o Apresentando iniciativas e propostas pessoais de desenvolvimento da atividade individual e do grupo, considerando também as que são apresentadas pelos companheiros; o Assumindo compromissos e responsabilidades de organização e preparação das atividades individuais e/ou de grupo, cumprindo com empenho e brio as tarefas inerentes. Analisar e interpretar a realização das atividades físicas selecionadas, aplicando os conhecimentos sobre a técnica, organização e participação, ética desportiva, etc. Interpretar crítica e corretamente os acontecimentos no universo das atividades físicas. Identificar e interpretar os fenómenos da industrialização, urbanismo e poluição como fatores limitativos da Aptidão Física das populações e das possibilidades de prática das modalidades da Cultura Física Elevar o nível funcional das capacidades motoras, particularmente de resistência geral de longa e média duração, de força resistente, da força rápida, de flexibilidade, de velocidade de reação simples e complexa, de execução, de deslocamento e de resistência, e das destrezas geral e específica. Conhecer e aplicar diversos processos de elevação e manutenção da Condição Física de uma forma autónoma no seu quotidiano. Conhecer e interpretar fatores de saúde e risco associados à prática das atividades físicas e aplicar regras de higiene e de segurança. Especificas 1- Coopera com os companheiros, quer nos exercícios quer no jogo, escolhendo as ações favoráveis à vantagem da sua equipa, aceitando as indicações que lhe dirigem, bem como as opções e falhas dos seus colegas. Analisa a sua prestação e a dos companheiros, dando indicações e sugestões que favoreçam a sua melhoria. 2-Aceita as decisões da arbitragem, identificando os respetivos sinais, e trata com igual cordialidade e respeito os colegas de equipa e os adversários. 3-Adequa a sua atuação, quer como jogador quer como árbitro, ao objetivo do jogo, à função e modo de execução das ações técnico-táticas e às regras do jogo. 4-Em situação de jogo formal 6 x 6, colabora com os companheiros na organização coletiva da sua equipa para a receção do serviço, em W, (4:0:2), para defesa ao ataque adversário (em 3:1:2) e para proteção ao ataque da sua equipa em duas linhas (6 avançado), cumprindo as exigências técnicas. ESTRATÉGIAS DE ENSINO 1. Será importante que as regras fundamentais sejam tratadas prioritariamente para que os alunos menos experientes nas diversas modalidades tenham possibilidade de conhecer os objetivos do jogo, a forma como pode a bola ser jogada e as movimentações que eles podem adotar, reduzindo assim a possibilidade de ocorrência de jogo anárquico (devem ser bem explicadas as 6 posições e as rotações). 2. As aulas deverão começar por um breve momento de informação que revele os objetivos e conteúdos a tratar, os aspetos fundamentais a reter e eventualmente regras e orientações específicas da sessão em causa; 3. O número de exercícios e situações pedagógicas não deve ser muito extenso de forma que os alunos os conheçam e identifiquem com facilidade; 4. Introdução de variantes em exercícios fundamentais já conhecidos de forma a aumentar a motivação, quebrar a monotonia e criar situações diferenciadas que possam desencadear novos processos adaptativos; 5. No final da aula realizar o balanço da sessão, bem como um questionamento aos alunos relativamente aos conhecimentos transmitidos, e referenciar os conteúdos da próxima aula. 6. Utilização dos alunos assistentes na recolha, distribuição do material e controlo de presenças; 7. Organização da turma em grupos de número variável. A utilização de grupos heterogéneos é favorável ao desenvolvimento das aprendizagens, na medida em que o professor poderá utilizar os melhores alunos como agentes de ensino. Estes últimos não comprometem as suas próprias aprendizagens, contribuem antes, para a aprendizagem dos seus colegas e libertam o professor para outro tipo de tarefas. No entanto poderá haver situações em que seja mais proveitoso formar grupos de nível, devido à heterogeneidade da turma; 8. Utilização de situações lúdicas para aumentar a motivação dos alunos. ESTRTÉGIAS DA UNIDADE DIDÁTICA Para a abordagem desta Unidade Didática, escolhemos as seguintes estratégias: 1. Utilizar o aquecimento para falar com os alunos e emitir instruções “chave”; 2. Utilizar jogos lúdicos, para aumentar a motivação dos alunos; 3. Reforçar no início de cada aula, a regra das bolas a bater no chão; 4. Utilizar situações de jogo reduzido para que todos participem; 5. Optar por algumas condicionantes, que impeçam o aparecimento do jogo anárquico (selecionar um aluno exclusivamente para passador). ELEMENTOS TÉCNICOS Posição base Esta é uma habilidade que os alunos muitas vezes descuram e não dão a devida importância. Mas não só os alunos, como também os professores. Isto é um erro, pois a facilidade, simplicidade e a eficácia de um gesto técnico e, consequentemente, o sucesso no jogo, dependem de uma boa postura corporal, ou seja, de uma atitude pré-dinâmica. Muitas vezes, em contexto escolar, verifica-se que os alunos contactam a bola com o pé e isto, na sua grande maioria, deve-se ao facto de não se adotar esta postura. Como tal, é necessária a sua transmissão e respetiva exercitação durante as aulas, de forma recreativa e em consonância com outras habilidades. Pois, a repetição desta atitude de forma isolada, poderá tornar-se monótona e desinteressante. Caracteriza-se, não só por uma colocação dos segmentos do corpo, mas principalmente por uma atitude pré-dinâmica, pronta a intervir. Esta posição é a mesma para a maioria dos gestos técnicos. Consiste em adquirir uma posição confortável e dinâmica que permita ao jogador deslocar-se em todas as direções e estar corretamente colocado para jogar a bola, isto é entre os apoios. A posição fundamental deve permitir uma organização funcional dos segmentos tendo em vista um arranque rápido em qualquer direção. Esta posição varia em função da organização do jogo e da disposição dos alunos no terreno de jogo. Assim, atendendo ao posicionamento do aluno no campo, este poderá adotar a posição alta, média ou baixa, segundo o quadro: Componentes críticas: Erros mais comuns: Pés paralelos; Extensão dos MI; MS descontraídos Deslocamentos Os deslocamentos são parte integral de todas as técnicas de voleibol e estão relacionados com uma correta execução do gesto técnico. Não só no voleibol, mas, também, em qualquer jogo desportivo coletivo (JDC), já que sem estes não seria possível haver continuidade nas ações. Apesar de nos podermos deslocar de qualquer forma para a bola, o recurso ao passo caçado é fundamental para a grande maioria das situações que surgem num jogo de voleibol. Este tipo de deslocamento representa a grande maioria dos deslocamentos realizados ao longo de um jogo. No entanto, também são utilizados, por vezes, outros deslocamentos como a corrida para a frente e para trás e o passo cruzado. Parece-nos importante evidenciar os princípios relativos aos deslocamentos em geral e aos do passo caçado: Passe O passe é, talvez, o gesto técnico mais utilizado no Voleibol. Este é o gesto técnico de eleição para a iniciação à prática da modalidade, pois permite a sustentação da bola no ar com relativa facilidade. É o procedimento técnico com o qual se iniciou o jogo de voleibol e o que menos sofreu alterações com o decorrer dos anos. O passe de dedos está presente em todos os momentos de jogo, com a exceção do serviço, em que o contacto apenas se efetua com um membro superior (existe, no entanto, a particularidade do escalão de minis A, em que é permitido o serviço em passe). Na defesa, o passe permite defender as bolas lentas que se encontram num plano superior ao da cabeça. Na receção, permite receber bolas em iguais condições, desde que se cumpra com os princípios associados à posição fundamental e aos deslocamentos. Permite, também, atacar (e contra-atacar) e pontuar (contudo, no alto nível, a eficácia deste gesto técnico quando empregue para finalizar a jogada, é praticamente nula). Por outro lado, é na construção do ataque e contra-ataque, que o passe desempenha um papel preponderante, uma vez que é este que desencadeia o jogo ofensivo. Dentro do gesto técnico passe, encontramos algumas variantes que resultaram da especialização e evolução do gesto em si: Passe de frente em apoio ou suspensão; Passe de costas em apoio ou suspensão; Passe lateral em apoio ou suspensão; Passe com uma mão em suspensão; Destes tipos de passe, aquele que mais interessa em contexto escolar é o passe de frente em apoio, pelos motivos que serão mencionados, a seguir. Manchete Esta técnica surgiu a partir dos anos sessenta e a partir de 1964, após os J.O. de Tóquio, já era usada por praticamente todas as equipas. É um dos fundamentos básicos, decisivo para o resultado de um encontro. É frequentemente utilizada em bolas com uma trajetória baixa, sem hipóteses de poder realizar o passe frontal. As situações em que se deve utilizar a manchete são as que se encontram no quadro seguinte. A sua técnica consiste em refletir a bola com a superfície dos antebraços em supinação, estando ambos unidos, com os membros superiores em total extensão. Para que a sua união seja consumada, é necessário unir as mãos. Esta tem como função colocar a bola em condições jogáveis, dirigindo-a para um companheiro de equipa, normalmente o distribuidor que se encontra junto da rede, para que este possa, ao receber a bola, realizar possíveis combinações de ataque. O movimento da manchete tem início nas pernas e é realizado de baixo para cima numa posição que facilite a sua deslocação. É considerada um dos fundamentos da defesa, sendo o tipo de defesa, do serviço e dos remates, mais usado no jogo de voleibol. Serviço O serviço em geral, é o ato de pôr a bola em jogo pelo defesa direito, colocado na zona de serviço, batendo-a com uma mão. Consiste em enviar a bola por cima da rede e para dentro dos limites do campo adversário, sendo o único momento no voleibol em que o jogador tem um controlo total sobre uma habilidade. Para a consecução do seu objetivo é importante ter bem presente alguns aspetos que possam levar ao seu sucesso. Assim, primeiro, para dificultar a tarefa à defesa adversária, o servidor deve variar a trajetória bem como a velocidade do seu serviço. Segundo, deve, também, identificar as zonas desprotegidas para converter o seu serviço em ponto, ou para tentar dificultar ao máximo a sua receção pela equipa adversária. Terceiro, aperceber-se, ao longo do jogo, qual o jogador que tem mais dificuldades em receber a bola. Serviço por cima Este serviço apareceu no Campeonato do Mundo de 1956, realizado em Paris, através da equipa dos Estados Unidos. Este serviço, pretende que o seu destino final seja imprevisível aumentando assim as dificuldades da equipa que vai receber. Serviço por baixo Remate Ação atacante de batimento, o mais forte possível e com uma só mão, na bola para o campo adversário, de modo a que este não a possa jogar. Quanto mais alto se remata, mais fácil se torna o objetivo de colocar a bola no campo adversário e, consequentemente, mais difícil se torna a defesa a esta ação. Neste sentido, o remate em suspensão é condição necessária para se conseguir bater a bola num ponto mais alto ao do bordo superior da rede, tornando-o mais eficaz. A coordenação óculo manual é fundamental para a execução deste gesto técnico, assim como todo um momento de preparação para a sua ação. Associada à execução técnica desta ação temos as fases que a compõem: 1. A corrida – aceleração para saltar e encadeamento e coordenação dos apoios; 2. O Salto – com ambos os pés e ajuda dos membros superiores, de baixo para cima; 3. O Batimento – bater a bola de cima para baixo; 4. A Queda – amortecimento com os MI e em equilíbrio. Bloco O bloco é uma ação técnica de caráter defensivo, tendo como principal objetivo intercetar a bola rematada pela equipa adversária. Esta ação passa a ser ofensiva quando se consegue enviar a bola contra o solo da equipa opositora. Tal como caracterizado na estrutura da defesa, o bloco ocorre na primeira linha defensiva, da qual fazem parte os jogadores atacantes e o distribuidor (posições 2,3 e 4 em situação de jogo formal). Como tal, poderemos ter um bloco individual ou simples, duplo ou triplo. Segundo Beal e Crabb (cit. por Faria, 2007-2008) o bloco, em termos técnicos da sua organização, tem duas funções principais: 1 - Parar a bola que atravessa a rede, blocando, cobrindo ou tapando a bola. Desta forma terminará abruptamente a ação que resultará num ponto ou mudança de serviço para a equipa que está a blocar (KillBlock). Este é o que mais nos interessa em contexto escolar. 2- Defletir para cima a bola, para o interior do campo da equipa que bloca de modo a que esta possa organizar o consequente contra-ataque (SoftKill). Jogo Reduzido 3x3 Esta situação de jogo reduzido permite a todos os alunos uma maior frequência no contato com a bola, pelo número reduzido de participantes, assim como as dimensões reduzidas do campo, mantendo a bola em jogo durante um maior período de tempo. Esta é uma situação ideal para que todos os alunos possam assimilar alguns princípios básicos, quer ao nível técnico, quer ao nível tático que estão associados ao jogo formal (6x6). Desta forma, faculta-se um maior tempo de empenhamento motor a todos eles. Em termos táticos, quer a atacar quer a defender, os alunos estarão dispostos em 1:2, formando um triângulo. Neste sentido, o aluno mais adiantado, ocupa a posição 2, e é o distribuidor. Já os dois alunos mais recuados ocupam as posições 1 e 3, sendo que o aluno que ocupa a metade direita do campo, que corresponde à posição 1, além de desempenhar as funções de recebedor/atacante, é também o servidor. O aluno que ocupa a metade esquerda do campo, corresponde à posição 3. Em suma, posição 2 é o distribuidor, posições 1 e 3 recebedores/atacantes. Com esta disposição tática, em termos ofensivos, o ataque será conduzido pelo jogador 1 ou 3, enviando a bola para o jogador 2 e, este, por sua vez, poderá optar por passar para um destes dois jogadores, independentemente de quem lhe tenha dirigido a bola. Logicamente que deverá optar por passar àquele que se encontra mais próximo da rede. Em termos defensivos, é necessário garantir o êxito do primeiro toque que é fundamental para que se possa passar para uma ação ofensiva. Para tal, os jogadores devem ocupar racionalmente o espaço, para que todas as zonas do campo estejam acessíveis e facilmente protegidas. Em termos de posições, funcionam de igual modo ao referido já na organização ofensiva. Tudo o que foi dito, naturalmente enquadra-se nos princípios do jogo de oposição. No entanto, para facilitar a aprendizagem de determinados conteúdos e situações de jogo, também irá ser abordado o jogo 3x3 de cooperação. Como tal, o sistema tático, na ocupação dos espaços, poderá diferenciar, de forma a possibilitar novas situações de aprendizagem. Neste tipo de jogo, o objetivo passará pela consecução do maior período de tempo de sustentação da bola, em cooperação com a equipa adversária. Será dado especial ênfase na rotação das posições, para que todos os alunos vivenciem ao máximo as diferentes funções a desempenhar. Esta rotação, tal como no jogo formal, ocorre no sentido dos ponteiros do relógio, enquanto que a designação das posições, ocorre no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Jogo reduzido – 4x4 Esta situação de jogo reduzido, já é mais complexa e tem um tempo de empenhamento motor mais reduzido que o jogo 3x3. Apesar disso, é fundamental para introduzir novos princípios táticos, com transfere rico em aprendizagens para o jogo formal, 6x6. A introdução de um 4º elemento, já permite diferenciar as ações em campo dos jogadores de acordo com as posições do sistema tático do jogo formal, 6x6. A introdução de mais um elemento faz com que a ordem das posições seja diferente em relação ao 3x3. Mas, se analisarmos atentamente, a tática que existia no 3x3, mantém-se no 4x4. A diferença é que, em vez do dispositivo ser em 1:2, passa a ser de 1:2:1, sendo que o jogador mais recuado, é o 4º elemento e tem as suas ações mais restringidas. Com isto, as posições são assim definidas: O 4º elemento ocupa a posição 1, funcionando como servidor e recebedor. Este não poderá executar ações de ataque, acima da linha que divide as zonas de defesa e de ataque, nem realizar o bloco. Os dois jogadores recebedores/atacantes, mantêm os princípios do jogo 3x3, com a exceção de que o jogador da metade direita deixa de ser o servidor. Além disso, em vez de, à sua posição, ser atribuída o número 1, esta passa a ser a número 2. Já o aluno da metade esquerda passa a ser o da posição 4. O aluno que ocupa a posição de distribuidor, em vez de lhe ser atribuída a posição 2, passar a ter a designação da posição 3. As ações e função a realizar são as mesmas que no 3x3. Jogo formal – 6x6 Dispositivo com 5 jogadores em W. Este será o dispositivo tático mais aplicado nas aulas, já que é o mais utilizado na iniciação ao 6x6. As dificuldades de movimentação e antecipação por parte dos jogadores são compensadas pela colocação de cinco dos seis jogadores da equipa na receção, dispostos em W. Sendo que o jogador que não recebe é o distribuidor (posição 3). Os jogadores estão colocados de forma a cobrir a maior área possível, existindo, desta forma, um elevado número de área de conflito, isto é, espaços de ação em que não se encontram bem definidas as responsabilidades dos jogadores. Para prevenir hesitações e colisões entre os recebedores, deverá existir uma clara definição das áreas de responsabilidade, bem como uma boa comunicação. A grande vantagem deste dispositivo é permitir a todos os atletas integrarem a receção em muitas formações, o que é ótimo do ponto de vista da formação multilateral dos jogadores/alunos. Para além disso, este dispositivo permite uma fácil transição para a proteção ao próprio ataque. Em termos de posições, temos 3 atacantes e 3 defensores. Aos 3 defensores são atribuídas as posições 1 (recebedor/servidor) 5 e 6 (recebedores). Aos atacantes, são atribuídas as posições 2 (recebedor/atacante da metade direita), 3 (distribuidor) e 4 (recebedor/atacante da metade esquerda). A rotação das posições ocorre no sentido dos ponteiros do relógio e é consumada após reconquista do ponto. Já a designação das posições, ocorre no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.