ELABORAÇÃO DE IOGURTE COM ADIÇÃO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJÁ Mariana Alves Angelo (ICV - UNICENTRO), Ana Maria de Oliveira Finco (ICV - UNICENTRO), Tábata Tayara Garmus (Outros-Fundação Aracaucária),José Raniere Maziele Vidal Bezerra (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Departamento de Engenharia de Alimentos – Guarapuava – PR Palavras-chave: iogurte, fibras, análise sensorial. Resumo Casca de maracujá constitui um produto rico em fibras do tipo solúvel ( pectinas e mucilagem) que são benéficas ao ser humano. Também possui grande quantidade de vitamina A, elevada quantidade de vitamina C. Tendo em vista que o iogurte possui grande potencial para servir como veículo de nutrientes, este projeto teve como objetivo estudar a viabilidade da utilização de farinha de casca de maracujá para a produção de iogurtes com alto teor fibras e que sejam sensorialmente aceitáveis. Foram realizadas análises físicas e químicas de umidade, cinzas, pH, lipídeos, fibras e proteínas da farinha de casca de maracujá e análise sensorial do iogurte. Introdução O leite é considerado um alimento saudável e acessível ao consumidor, entre os seus diversos derivados está o iogurte, que é o resultado da fermentação láctea através da ação dos microrganismos no leite. Esses microorganismos atacam a lactose ao se decomporem em ácido láctico que em conjunto com a caseína produz a coagulação do leite. O iogurte é o resultado do uso de culturas simbióticas de Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus termophillus, sendo considerado um “produto vivo” por conter até 5 bilhões de células por grama (BEHMER,1999). A descoberta de que alguns dos componentes ativos de alimentos funcionais, como é o caso do iogurte, podem reduzir o risco de doenças ampliaram a dimensão da nutrição no século XXI. O Brasil é o primeiro produtor mundial de maracujá, sendo que cerca de 90% das cascas e sementes do maracujá não são aproveitadas na indústria. A principal forma de comercialização do maracujá, no Brasil, é como suco, sendo as cascas e as sementes resultantes de seu processamento os principais subprodutos. De acordo com Oliveira et al. (2002), sendo que de 65 a 70% do peso do fruto corresponde aos subprodutos que não são aproveitados normalmente. Para BINA (2008) a Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 casca do maracujá constitui produto vegetal rico em fibras do tipo solúvel (pectinas e mucilagem) que é benéfica ao ser humano. Segundo CÓRDOVA et al. (2005) a casca de maracujá amarelo representa complemento potencial para novos produtos alimentícios, como farinha da casca e sucos com adição dessa farinha. Materiais e Métodos Elaboração da farinha de casca de maracujá A farinha foi produzida na usina de panificação do Departamento de Engenharia de Alimentos, as cascas foram descascadas manualmente e cortadas em triturador. As amostras foram higienizadas, após foi efetuada desidratação (40°C) em estufa com circulação e renovação de ar por 12 horas. O material desidratado em moinho de facas, de acordo com metodologia descrita por Borba et al. (2005). Figura 1 – Farinha da casca de maracujá Análises físico- químicas da farinha de casca de maracujá Na farinha de casca de maracujá (Figura 1), foram realizadas as seguintes análises físico-químicas: umidade, cinzas, pH, proteínas, fibras, lipídeos. As técnicas de análises utilizadas neste projeto de pesquisa foram adotadas conforme métodos utilizados pelo INSTITUTO ADOLF LUTZ (1985). Elaboração dos Iogurtes O processo do iogurte com farinha de casca de maracujá foi realizado na usina de leites do Departamento de Engenharia de Alimentos, a partir de uma formulação básica e foram testadas três variações quanto o teor de farinha de casca de maracujá (0,25%, 0,5%, 1%). Análise Sensorial dos Iogurtes com Farinha de Casca de Maracujá Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Após a elaboração do iogurte com adição de farinha de casca de maracujá foi realizada a análise sensorial, utilizando uma escala hedônica para avaliar a qualidade sensorial do produto e a aceitação do consumidor, seguindo a metodologia citada por DUTCOSKY, (1996). Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os resultados da composição centesimal da farinha da casca de maracujá, em comparação com a farinha de trigo. A farinha da casca de maracujá apresentou um valor menor de pH em relação ao pH da farinha de trigo. Sua umidade também foi inferior a da farinha de trigo. Observou-se ainda um elevado teor de fibras (quase 20 vezes maior que a encontrada na farinha de trigo utilizada como referência comparativa) e possui um alto valor de cinzas. De acordo com os resultados obtidos, entende-se que a farinha de casca de maracujá pode ser considerada um alimento com alto teor de fibras, que pode ser incorporado em alimentos originando produtos novos com alto valor de fibras alterando o valor nutricional do produto. Tabela 1 – Características físico-químicas da farinha de casca de maracujá, comparada com a de farinha de trigo. Parâmetros Farinha da Casca de Farinha de Trigo * Maracujá Umidade 7.8% 12.74% Cincas 8.2% 0.75% Proteínas 1.5% 0.49% pH 4.6 6.16 Fibras 25.5% 1.87% Lipídeos Não detectado 2.01% *FONTE: SANTOS, (2008). Foi relatado por ALVIN et al. (2002), que a farinha de milho possui o teor de fibras de 4,1%, que é alto em comparação com a do trigo, no entanto, quando se compara com a farinha de maracujá o teor é baixo, aproximadamente dez vezes menor. Quanto à proteína a farinha de milho é a que apresenta o maior percentual (9,5%), comparando-se com a do maracujá e a do trigo. Análise Sensorial Os iogurtes formulados foram avaliados sensorialmente por 30 provadores, em um teste sensorial de escala hedônica com o objetivo de escolher-se a melhor formulação. Estes provadores não identificaram satisfatoriamente o iogurte com 1% de farinha de casca de maracujá, entretanto, esta afirmativa não expressa a má qualidade do produto, já que foi possível perceber pela análise sensorial que a farinha de casca de maracujá possui um sabor Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 altamente amargo, deste modo o iogurte com 25% de farinha de casca de maracujá apresentou melhor aceitação pelos provadores. Conclusão Nas condições experimentais, a produção da farinha de casca de maracujá mostrou-se viável, com alto rendimento, no que diz respeito ao aproveitamento da matéria-prima. As análises físico-químicas indicaram na farinha de maracujá: umidade 7,8%; cinzas 8,2%; proteínas 1,5%, pH 4,6; fibras 25,5% . A análise da composição centesimal da farinha da casca do maracujá apresentou um alto teor de fibra alimentar, através dos resultados comprovou-se a existência de grande potencial para utilização da farinha de casca de maracujá no enriquecimento de produtos, como por exemplo, no iogurte, melhorando suas qualidades nutricionais e tecnológicas, além de ser uma alternativa para reduzir o desperdício de subprodutos da indústria alimentícia. O iogurte com 0,25% de farinha de casca de maracujá foi o que obteve maior aceitação entre os provadores. Agradecimentos A Universidade Estadual do Centro-Oeste por possibilitar o desenvolvimento deste estudo. Ao Professor Doutor José Raniere Mazile Vidal Bezerra pela orientação e incentivo. Referências Alvim, I. D.; Sgarbieri, V. C.; Chang, Y. K. Desenvolvimento de farinhas mistas extrusadas à base de farinha de milho, derivados de levedura e caseína. Ciência e Tecnologia dos Alimentos. 2002, 22, 170-176. Behmer, M.L.A. Tecnologia do Leite. 13ª ed. Revisada e atualizada. São Paulo: Nobel, 1999. Bina, M. Dados nutricionais do maracujá. Disponível em: <www.saudelar.com>. Acesso em 25 de março 2008. Córdova, K.R.V.; Gama, T.M.M.T.B.; Winter, C.M.G.; Neto, G, K.; Freitas, R.J.S. Características físico-químicas da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa Degener) obtida por secagem. B. CEPPA, Curitiba. V. 23, p.221-230, 2005. Dutcosky, S. D. Análise Sensorial de Alimentos. Curitiba: Ed. Universitária Champagnat, 123 p, 1996. Instituto Adolf Lutz, Determinações gerais. Normas analíticas do Instituto Adofo Lutz. 3ªed, São Paulo, 1985, V.1. Santos, A. V. dos. Obtenção e Incorporação de Farinha de Casca de Maracujá na Produção de Bolos de Chocolate. Dissertação de Mestrado, Universidade Tiradentes, 2008. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009