Estratégia O que está acontecendo com a Coplana? José Arimatéa Calsaverini A história da economia, desde o início, é uma história de mudanças. Estas mudanças são induzidas por vários fatores. Um bom exemplo é a evolução tecnológica (desde a descoberta do fogo e a invenção da roda, passando pela “revolução verde” da tecnificação da agricultura, até chegarmos hoje à internet e o mercado financeiro globalizado “online” e de decisões instantâneas). Outros fatores de mudança são as grandes transformações climáticas, hidrográficas, demográficas, políticas, etc. Estas mudanças acontecem em ambiente de competição entre os agentes, sejam eles dois caçadores pré-históricos perseguindo a mesma presa, várias empresas disputando um espaço no mercado, ou mesmo uma cooperativa de produtores agrícolas, procurando as melhores condições de custo e financiamento para seus insumos e o melhor preço para seus produtos, para competir em melhores condições. Quando as mudanças acontecem, provocam desequilíbrios nas relações entre estes competidores, e quem se adapta melhor consegue tirar partido da nova situação, seja defendendo-se melhor dos aspectos negativos, ou aproveitando as oportunidades que surgem. Quem não consegue compreender a mudança de cenário e se aferra ao passado, fatalmente sucumbe, porque tenta dar as mesmas respostas, que foram úteis no cenário antigo, mas que se tornaram inadequadas para a nova realidade. 4 - Revista Coplana - Outubro 2008 A diferença da nossa época para os tempos passados é que a velocidade e a multiplicidade das mudanças tornaram-se vertiginosas, atingindo quase todos os aspectos de nossas vidas e atividades. Quando olhamos do ponto de vista dos que perderam o bonde, parece uma injustiça inaceitável. E de fato, não é nada desejável. Ninguém gosta de risco, da insegurança dos cenários em mutação. Mas não há nada que se possa fazer indivi- “ ...é nosso dever repensar constantemente a natureza dos nossos negócios, e buscar o máximo de adaptação ao dinamismo da realidade... ” dualmente para deter este ciclo de mudanças (que nem sempre vêm para o bem; tomem como exemplo a atual crise econômica mundial). Ele ocorre independente de nossa vontade. Cabe a nós entendermos o novo cenário, e criar respostas efetivas que garantam a sustentabilidade e a prosperidade do nosso negócio. cias oriundas destas mudanças. Por isso, é nosso dever repensar constantemente a natureza dos nossos negócios, e buscar o máximo de adaptação ao dinamismo da realidade, fortalecendo a cooperativa e preparando-a para prosperar diante dos desafios e oportunidade que se apresentam. Um ponto importante, e que tem suscitado dúvidas, é a venda de ativos improdutivos, como o galpão de Guariba, o terreno de Taquaritinga, ou o terreno onde tínhamos um posto de combustível em Dumont. Tratam-se de bens, que podem ter sido úteis no passado, mas que hoje são fontes de despesas, ou então não contribuem em nada para a rentabilidade dos negócios e para melhor atendimento ao cooperado. No entanto, com a venda destes imóveis, poderemos dispor de mais recursos para financiamento de insumos, construir uma nova sede mais adequada em Taquaritinga, e ampliar o espaço físico da Unidade de Grãos. Estes sim são usos de recursos capazes de atender melhor o cooperado, e impulsionar nossos negócios. Com o laboratório de solos, a melhor opção foi terceirizar. Vejam em uma matéria nesta mesma edição de nossa revista, os resultados obtidos. A cooperativa numa economia de mercado Atenção ao foco A Coplana é uma entidade econômica como as demais, inserida numa economia de mercado e sujeita às pressões de uma economia competitiva e a todas as turbulên- Gostaria de citar também a decisão do conselho de repensar os negócios de postos de combustíveis. São postos excelentes e rentáveis, não há dúvida. Mas, representam um desvio de foco e energia. Nós não somos especialistas neste mercado, e o varejo de combustíveis não faz parte de nosso FOCO DE NEGÓCIO, que é atender o cooperado em suas necessidades de insumos e comercialização da safra. Vale lembrar que devido às características deste mercado, jamais conseguiremos oferecer o menor preço do mercado para o cooperado, mantendo os padrões de qualidade necessários. Avaliando racionalmente, concluímos que o fato da cooperativa não ser proprietária dos postos não faria com que nossos cooperados deixem de ter acesso a combustível de qualidade a preços competitivos. Ou seja, o fato da cooperativa não ser proprietária dos postos não causaria nenhum prejuízo ao cooperado. Por outro lado, o valor auferido em uma eventual venda dos postos seria significativo e traria inúmeros benefícios: teríamos um reforço de caixa muito importante para alavancar ainda mais nossa capacidade de oferecer oportunidades de compra de insumos em excelentes condições para o nosso cooperado, e para investir na redução de custos nos processos produtivos, propiciando maior renda para o produtor. Com relação à frota de veículos, ocorreu algo parecido. Tínhamos 42 veículos leves, e com a abertura das filiais de Catanduva e Colina, teríamos que ir para 44. Reunimos a equipe e decidimos racionalizar o uso de veículos, reduzindo a frota para 37 veículos (pretendemos chegar a 35). Com isso, conseguimos trocar os 10 veículos mais antigos por novos, e ainda reduzimos o custo de operação da frota. Quanto às Lojas de Peças, sabemos que precisamos agir, melhorar muito o atendimento, a disponibilidade de itens e os controles. No entanto, não decidimos ainda o que fazer, ou como fazer. Mas já sabemos que precisamos repensar radicalmente o modelo. Claro que todas estas medidas são tomadas com o máximo critério e respeito pelos colaboradores envolvidos, membros dedicados de nossa equipe que merecem toda consideração. Conhecimento como estratégia Outro item que acreditamos ser de importância crucial, é o desenvolvimento de conhecimento e “ ...apesar de todo este tenebroso quadro de crise financeira mundial, estamos cada vez mais sólidos... ” habilidades das pessoas para lidar com os novos cenários. Para isso, iniciamos a nova etapa do nosso programa EDUCAÇÃO COOPERATIVA COPLANA, com o curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Agronegócios com a parceria da FUNDACE e do SESCOOP, voltado para os cooperados e suas famílias. Este é só o começo. Nós acreditamos em educação e difusão do conhecimento, e pretendemos ampliar a oferta de atividades desse tipo. Finalmente, gostaria de responder à pergunta estampada no título deste texto: a Coplana está indo muito bem! A despeito das agruras pelas quais está passando o setor sucroalcooleiro, apesar de todo este tenebroso quadro de crise financeira mundial, estamos cada vez mais sólidos e evoluindo. Teremos faturamento recorde este ano, com um bom nível de sobras, e todos os nossos indicadores, como liquidez, endividamento e geração de caixa (LAJIDA) estão em patamares melhores que nos anos anteriores. Atentos e sintonizados com as restrições geradas pela crise, estamos dando ênfase em nossa gestão à liquidez e segurança do caixa. Também estamos investindo fortemente em capacitação de pessoas e em nossa estrutura, para oferecermos um serviço cada vez melhor aos nossos cooperados e ampliar nossa capacidade de apoiar seus negócios para crescermos juntos. José Arimatéa Calsaverini Superintendente da Coplana [email protected] Revista Coplana - 5