cidades | pág. 3 cultura | pág. 14 Bicicletada por BH Vale cultural Em evento descontraído, ciclistas se reúnem em passeio por BH na sexta (21). Todo mês, o grupo sai às ruas para exigir mais segurança. Descuido do poder público com ciclovias gera acidentes Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Araçuaí recebe neste final de semana várias personalidades do Vale do Jequitinhonha em encontro que vai discutir políticas públicas para a região e contará com show de artistas, como Titane Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014| ano 1 | edição 26| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg cidades | pág. 4 Poucas mulheres no poder De 41 vereadores em BH, apenas uma é mulher. Na Assembleia, de 77, elas são cinco. Mas são mais de 50% da população do estado minas | pág. 7 Lei antiterrorismo pode aumentar repressão minas | pág. 5 Não vai ter apagão Ministério afirma que abastecimento de energia está sob controle, mas campanha da mídia pode influenciar uso das termelétricas entrevista | pág. 9 Sindicatos nas ruas “É preciso pressionar por mudanças estruturais, pois ainda temos classe oprimida e opressora”, afirma Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT-MG Senado discute lei que pretende combater ações “terroristas”. Especialistas alertam que manifestantes podem se enquadrar no conceito. A punição pode variar de 8 a 30 anos de cadeia. Advogado destaca que a legislação brasileira é muito punitiva e já é suficiente para conter crimes 02 | opinião Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 editorial | Brasil editorial | Minas Gerais E foi dada a largada A última semana agitou os bastidores da política em Minas. Os dois principais concorrentes ao governo do estado deram largada à corrida eleitoral, com o lançamento de suas pré-candidaturas. Na sexta-feira (14), o PT mineiro contou com a presença de Lula para apresentar Fernando Pimentel e sua “Caravana da Participação”. E na noite de quinta (20), foi a vez do PSDB lançar Pimenta da Veiga como seu pré-candidato, com a presença do presidenciável Aécio Neves, dando início a seu “Movimento Todos Por Minas”. Assim, os dois partidos iniciam as eleições com estratégias bastante parecidas. Ao que tudo indica, as duas candidaturas devem mesmo resumir as eleições no estado, uma vez que Mas, para além das “caravanas” e dos “movimentos” de PT e PSDB, o que o povo de Minas espera destas eleições? Após 12 anos de governos tucanos, Minas Gerais está falida PMDB e PSB não devem lançar candidatos. Com a vinda de Lula a BH, o apoio do PMDB mineiro a Pimentel foi garantido, devendo a legenda indicar o vice da chapa. Já o PSB de Marcio Lacerda não deve quebrar seu pacto nacional de não agressão a Aécio e deve se manter fora da disputa pelo governo. Apesar do favoritismo de Pimentel nas pesquisas, a disputa em Minas promete ser bastante acirrada (em 2010 assistimos a uma virada esmagadora do então candidato Anastasia sobre Hélio Costa, favorito nas pesquisas iniciais). Também pudera. Nas eleições deste ano, Minas assume um papel central no cenário nacional. Basta lembrar que Aécio e Dilma, os dois principais candidatos à presidência, são mineiros. O que se decidir aqui terá reflexos impor- tantes no restante do país. Mas, para além das “caravanas” e dos “movimentos” de PT e PSDB, o que o povo de Minas espera destas eleições? Após 12 anos de governos tucanos, Minas Gerais está falida. Com uma dívida de quase R$ 80 bilhões, o estado é o segundo mais endividado do Brasil. Nosso crescimento no período foi menor do que a média nacional, sendo o quinto estado com menos crescimento do PIB. Na Minas de Aécio e Anastasia não se investe o mínimo constitucional em saúde e educação (12 e 25 % do orçamento) e se paga a conta de luz mais cara do país. E nossa economia segue extremamente dependente do setor mineral - responsável por mais da metade das exportações - setor sabidamente atrasado e causador de impactos sociais e ambientais. O povo mineiro não precisa de mais choque nenhum. Precisamos é de mais saúde, educação, emprego, salário, terra para viver e para trabalhar. Precisamos de um novo projeto para Minas, que coloque o povo no centro das atenções. E aí? Vamos construí-lo? O exemplo pedagógico do MST Ao completar 30 anos de construção, o Movimento Sem Terra (MST) deixa um legado imenso para a luta do povo brasileiro. No momento em que se percebe a retomada de um período de ascenso da luta da classe trabalhadora, é preciso resgatar o papel cumprido pelo MST durante os difíceis anos da ofensiva neoliberal e descenso das lutas. Ao mostrar com seu exemplo o resgate do trabalho de base, a capacidade de envolver as famílias na luta, a firmeza ideológica e a possibilidade de apontar um projeto para todo o povo, o MST foi a principal ferramenta nos anos 1990 para manter erguida as bandeiras da luta popular. O MST, que nasceu quando diversos teóricos acadêmicos anunciavam que o avanço capitalista havia superado a luta pela Reforma Agrária, mostrou, por meio da sua ação, o potencial e a força organizativa da luta pela terra. O VI Congresso do movimento, que reuniu mais de 15 mil delegados de todos os estados, na semana passada, mostrou sua vitalidade, dando um verdadeiro salto de qualidade ao apontar o Falando Nilson O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. conceito de Reforma Agrária Popular. Essa proposta remete à divisão das terras e ao fim do latifúndio, mas aliados à superação do modelo de produção e de relação com a natureza difundido pelo agronegócio. O modelo do agronegócio, dentro do atual estágio de desenvolvimento do capitalismo, é responsável por direcionar o uso majoritário das terras cultiváveis para a produção de bens agrícolas com cotação nas bolsas de valores. A proposta do MST fortalece a necessidade de um Projeto Popular para o Brasil, demonstrando que a terra, água, florestas, fauna, flora, minérios, sol, enfim, todos os bens da natureza devem estar a serviço do povo e preservados para as gerações futuras. Assim, aponta o princípio da Soberania Alimentar, para que cada comunidade e região possa produzir os alimentos necessários ao povo. O MST, que nasceu quando teóricos anunciavam a Reforma Agrária estava superada, mostrou por meio da sua ação o potencial e a força organizativa da luta pela terra Mais importante é o exemplo pedagógico que o Congresso do MST deixa para o conjunto das forças populares. A formulação da proposta de Reforma Agrária Popular consumiu dois anos de intensos debates, envolvendo cada assentado, acampado, integrantes e amigos do movimento. Assim, o Congresso não aprovou apenas uma nova resolução, mas assimilou e traduziu a experiência concreta de milhares de lutadores nesses 30 anos de luta. Dessa forma, as decisões congressuais não se tornaram uma mera resolução burocrática. Por isso, o método do MST de debater profundamente em suas bases a sua proposta é uma lição importante para toda a luta social. [email protected] para anunciar : [email protected] / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800 conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: [email protected]/ (31) 3309-3314 Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Violação de direitos e violência é tema de seminário de juventude DEBATE População que mais morre por homicídio cobra políticas públicas Maíra Gomes Nos dias 21 e 22 de fevereiro, ocorre no espaço CentoeQuatro, no Centro de BH, o seminário Juventudes Contra a Violência. O tema vem sendo debatido por entidades, movimentos e grupos de juventude desde 2012 e continua sendo o principal desafio para quem trabalha com o segmento. A integrante do Fórum das Juventudes da Grande BH Flávia Nolasco aponta que o homicídio é a causa de 39% das mortes de jovens de 15 a 24 anos no Brasil. No período de 2001 a 2011, as taxas de homicídio em Minas Gerais cresceram significativamente, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro apresentarem diminuição. Em Belo Horizonte, o número de homicídios cresceu 21,5%. Flávia destaca que a violência não se resume apenas àquela que é letal, mas também às violações dos direitos. “Os jovens correspondem ao principal segmento que não tem seus direitos garantidos. Entendendo que isso é fundamental no cenário da violência física, começamos a debater mais o acesso à educação de qualidade, saúde, emprego, condições de moradia e mobilidade. O cenário urbano nos alertou para a quantidade de jovens que estamos perdendo”, conta. Violência, militarização da polícia, política de combate às drogas, violação de direitos, homofobia, debate de gênero e medidas socioeducativas são temas que permearão o seminário. Casa Fora do Eixo Minas Na sexta-feira (21), Belo Horizonte recebe um evento inusitado: uma “pedalada”. A proposta é reunir pessoas com bicicletas, patins, skates e outros veículos não motorizados para alertar a sociedade para o respeito a esse tipo de transporte no cenário urbano. O evento, conhecido como Massa Crítica, está marcado para às 19h na Praça da Estação, com saída para o passeio pelas ruas de BH às 20h. O grupo que organiza a atividade existe no mundo todo. O objetivo do movimento é a luta pelo direito de pedalar/circular pelo espaço urbano sem ter que temer os demais atores do trân- Pergunta da semana Está prestes a ser votada no plenário do Senado a “Lei Antiterrorismo” (PLS 499 de 2013). A proposta classifica terrorismo como o ato de “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação de liberdade”. As penas podem variar de 8 a 30 anos de prisão em regime fechado. O projeto é mais rígido que a Lei de Segurança Nacional, instaurada na ditadura militar, com objetivo de reprimir movimentos políticos contra governo. O que você acha de o Brasil ter uma “lei antiterrorismo”? Encontro ampliado campanha colaborativa, que ajudou a construir o jogo Jogo debate direitos de jovens O direito à cidade será tema central da mesa da tarde de sábado, programada para começar às 16h30. Ali, será lançado o kit educativo elaborado pelo Fórum chamado de “oKupa: juventude, cidadania e ocupação da cidade”. Composto por um jogo e uma cartilha, o kit chama a atenção para situações de violação de direitos e possibilidades de promoção da cidadania de jovens em contextos urbanos. Flávia explica que o jogo foi concebido ao longo de 2013, durante ações da Campanha Juventudes Contra a Violência. Espaços de conversa com jovens em escolas, comunidades, grupos organizados e centros de internação de medidas corretivas abertos ou fechados possibilitaram trabalhar o conceito de violência, no âmbito físico e dos direitos da juventude. “Foi um processo muito rico e surpreendente, não sabíamos que era tão complexo construir um jogo. Foi um desafio associar conteúdo com entretenimento”, conta a militante, que aponta como objetivo principal do jogo estimular o protagonismo do jovem na vida política da cidade. Ele será distribuído para escolas, comunidades e nos espaços de organização da juventude. Direitos para os ciclistas Da redação cidades | 03 sito, como carros e ônibus. Em sua página no Facebook, o grupo afirma pretender pressionar o poder público e a população para que se atentem à existência das bicicletas e ao direito de pedalar seguramente pela cidade. Segundo a BHTrans, Belo Horizonte tem 52,801 km de ciclovia. Ciclistas reclamam da falta de comunicação entre os trechos, que são interrompidos, em sua maioria, a cada 2 km. Além da ausência de política para integração das áreas, os ciclistas convivem com abusos de motoristas, pedestres e atividades que tomam conta das pistas exclusivas, além da falta de sinalização de segurança. “Essa lei para mim é “lero-lero”. O Brasil não tem terrorismo. O governo precisa fazer algo para melhorar a situação da violência, da guerra urbana, e não é com essa lei que as coisas vão se resolver.” Guilherme Salvino de Oliveira, 47 anos, lavador de carros e manobrista “Eu acho que não é para tanto. Estou até discutindo isso com meus professores nas aulas e, em relação às manifestações, isso não é um ato de terrorismo. Ok, eles estão destruindo patrimônios públicos, mas isso não configura terrorismo, e sim vandalismo. Eles estão numa manifestação e o vandalismo ocorre, aliás, tem que ocorrer, porque ninguém ia estar aí para um monte de gente protestando apenas com placas escritas nas mãos. Acho que a lei não está certa.” Evelyn Gabriela Almeida, 14 anos, estudante 04 | cidades Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Mulheres são 50% da população e menos de 6% dos parlamentares REFORMA POLÍTICA Financiamento privado de campanhas, tripla jornada e machismo limitam a participação feminina Maíra Gomes Reprodução A Câmara de Vereadores de Belo Horizonte é composta por 41 parlamentares e apenas uma é mulher. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, das 77 cadeiras, somente cinco são preenchidas por elas. São duas as deputadas federais, em uma bancada de 53 representantes. Apesar de as mulheres representarem 50,8% da população de Minas, elas não estão presentes nas instâncias de poder no estado. “Isso tem muito a ver com a exclusão que as mulheres sofreram no espaço público ao longo da história. O espaço privado sempre foi o local reservado para elas. E o público foi legitimado como masculino”, aponta a militante da Marcha Mundial das A Câmara de Vereadores de BH é composta por 41 parlamentares e apenas uma é mulher. Na Assembleia Legislativa, das 77 cadeiras, somente cinco são preenchidas por elas Mulheres Clarisse Paradis. O voto feminino no Brasil foi garantido em 1932, há apenas 81 anos. Clarisse aponta que, assim, a política não foi um espaço pensado e Mulheres são minoria absoluta na Câmara e ALMG construído para a presença e participação das mulheres. Para ela, outro fator que reflete na falta de mulheres em carreiras públicas é o excesso de trabalho ao qual são submetidas, já que além de trabalhar fora devem também cuidar da casa e família. A única vereadora de Belo Horizonte, Elaine Matozinhos (PTB), conta que vê o assunto com grande dificuldade. “Temos filhos, netos e a casa. É uma sobrecarga muito maior que a dos homens. São questões que vêm de uma cultura, nós já estamos na universidade e em espaços de direção, mas ainda não conseguimos levar o homem para o privado. Os companheiros ainda não se conscientizaram que cuidar da família é tarefa que tem que ser dividida”, declara. A secretária do Conselho dos Direitos das Mulheres de Belo Horizonte, Isabel Cristina Lisboa, aponta que os partidos também precisam se adaptar para garantir a parti- cipação das mulheres. “Os partidos fazem reuniões à noite, quando elas chegam em casa para a sua terceira jornada de trabalho”, diz. Para ela, a implantação da participação de no mínimo 30% de mulheres em propagandas eleitorais foi importante para dar visibilidade ao debate. No entanto, só no estado de São Paulo, 25% das legendas foram alvo de representação da Procuradoria Regional Eleitoral por não reservarem o espaço mínimo exigido pela lei. Mudança no financiamento de campanha pode garantir mais mulheres no poder “Sem um bom financiamento de campanha é quase impossível ganhar uma eleição. E os espaços onde o dinheiro circula não são espaços permitidos para a mulher”, explica a assistente social Neila Batista, que foi candidata a vereadora. Elaine Matozinhos concorda: “Procuro estar nas direções do partido, discutindo a questão financeira. Mas o espaço é complicado para nós mulheres. Nunca sofri discriminação, mas sabemos que não é fácil”. A militante Clarisse aponta que uma boa saída para melhorar as condições das mulheres dentro das representações políticas seria a realização de uma Reforma Política, uma vez que novas regras poderiam garantir a participação. A proposta da reforma é que, no primeiro turno das eleições, os eleitores votem em listas apresentadas pelos partidos. No segundo turno, as pessoas votariam diretamente nos candidatos, a partir do número de votações para cada partido. Clarisse explica que as listas dos partidos devem ter paridade de gênero, ou seja, a mesma quantidade de homens e mulheres. Para ela, a listagem deve ser feita de forma alternada, um nome feminino e outro masculino, para que as mulhe- res não fiquem de fora no segundo turno. “Se não tiver alternância, o partido vai apresentar uma lista de 15 candidatos e as mulheres vão fi- A Reforma Política pode também modificar a forma de financiamento da campanha, limitando-a ao financiamento público. Assim, as mulheres podem receber tanto quanto os homens car no final. Se sete forem eleitos, nenhuma mulher entraria”, expli- ca. A Reforma Política pode também modificar a forma de financiamento da campanha, limitando -a ao financiamento público. Assim, o valor repassado pelo Estado para as campanhas seguiriam regras que garantam que as mulheres recebam tanto quanto os homens. “As mulheres não estão no círculo do poder financeiro. O financiamento público beneficia todos os que estão fora do ciclo do capital, do dinheiro. Não apenas as mulheres, mas também candidaturas populares, pobres, negros e militantes de movimentos sociais”, conclui Clarisse. Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 “Apagão” virou fenômeno nacional fatos em foco Redução da Maioridade Penal é rejeitada no Senado ENERGIA Ministério declara que não vai faltar luz; mineiros reclamam do valor da conta Rafaella Dotta Reprodução Os nove estados do Nordeste do Brasil passaram um dia sem luz. Ao todo, 53 milhões de pessoas ficaram sem energia durante três horas, na tarde de 28 de janeiro. Os jornais estão alertando a população, dizendo que haverá aumento na conta de luz e falta de energia para abastecer o país. Será verdade? O caso do “apagão” do Nordeste está sendo investigado por uma comissão do governo federal, para analisar as causas do blecaute. O Ministério de Minas e Energia fará um Relatório de Análise de Perturbação, previsto para estar pronto nesta semana. Em nota, o Ministério declarou que a especulação sobre falta de energia é uma informação incorreta. “O fornecimento de energia elé- “O fornecimento de energia elétrica do Brasil está assegurado, em quantidade e qualidade necessárias ao adequado atendimento de todos os consumidores” trica do Brasil está assegurado, em quantidade e qualidade necessárias ao adequado atendimento de todos os consumidores”, diz o documento. O coordenador-geral do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jairo Nogueira Filho, concorda com o Ministério: “O Brasil tem reservatórios para seis meses, fora as usi- A proposta de Emenda Constitucional pela redução da maioridade penal foi considerada inconstitucional e rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. De autoria do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, a proposta visava diminuir a maioridade penal de 18 para 16 anos em casos específicos. A maioria da comissão considerou a mudança como inconstitucional, além de violar os direitos das crianças e dos adolescentes. Os debates se prolongaram por horas e o auditório foi ocupado por ativistas dos Direitos Humanos, que comemoraram a derrubada do Projeto de Lei. Justiça condena SBT por Escola Base nas termelétricas”. Para Jairo, a dúvida que persiste é outra: será que é preciso usar a energia termelétrica, que é produzida a partir da queima de combustíveis fósseis, como diesel, carvão e gasolina? Pode ser invenção da mídia Enquanto a energia hidrelétrica tem custo baixo, a energia termelétrica tem um custo considerado “muito alto”. O eletrecitário Jairo Nogueira aconselha prudência, pois as empresas que produzem a energia, que também são ligadas à TV e jornais, teriam muito lucro com o uso das termelétricas. “As empresas forçam a barra, aproveitando o momento para poder usar as usinas térmicas. Os jornais alardeiam que tem uma crise, usam o apagão para inventar um problema. Tudo para as empresas poderem vender energia mais cara”, afirma. Resposta oficial A Cemig declara que não há avisos de que a energia está escassa e também nega a previsão de racionamento. De acordo com a empresa, o aumento na conta de luz também não está previsto, a não ser em 8 de abril, data do aumento anual feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A conta de luz vai aumentar? Ou vai abaixar? Em outubro de 2013, a população mineira organizou um plebiscito pela redução da conta de luz. Das 600 mil pessoas que votaram, 98% escolheu pela redução da conta de energia e votou para que o governo estadual reduza os 40% de impostos sobre a conta. Na contramão disso, existem especulações de que a conta de luz das residências pode aumentar, para pagar os custos da energia mais cara. O coordenador do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro MG) Jefferson Leandro não concorda minas | 05 com essa medida. Para ele, as empresas de energia estão lucrando abusivamente. “Na hidrelétrica de São Simão (que abastece Minas Gerais) o custo de cada gigawatt é R$8, pagando todos os trabalhadores e já embutido o lucro da empresa. Mas a Cemig cobra R$ 60.” E completa: “O governo federal fez um acordo com outros estados: tirou o lucro abusivo das empresas e deixou o preço de custo, para abaixar a conta de luz. Só os três estados governados pelo PSDB não concordaram.” As organizações e pessoas que realizaram o plebiscito pela redução da conta de luz se encontrarão no próximo sábado (22), para fazer uma avaliação e dar prosseguimento aos trabalhos. Os movimentos sociais pretendem pressionar o governo estadual para atender a vontade expressa nos votos. Plenária de Movimentos Sociais Mais informações: facebook.com/plebiscitopopularenergia A Justiça condenou o SBT por danos morais devido a reportagens exibidas em 1994, ano em que estourou o “escândalo” da Escola Base, em que os donos do colégio foram acusados de abusar sexualmente dos alunos. A emissora vai ter de pagar R$ 200 mil a Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada. No processo, Aparecida e Icushiro alegam que tiveram as suas vidas destruídas por conta das reportagens. Além do SBT, a Rede Globo também foi condenada, em 2005, a pagar R$ 1,35 milhão, mas recorreu e o caso ainda não transitou em julgado. Os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e a revista IstoÉ também foram condenados. Em todos casos ainda não houve decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Privatização do hospital da UFJF é questionada por MPF O Ministério Público Federal em Juiz de Fora ingressou com ação civil pública pedindo a anulação do ato administrativo que manifestou adesão da Universidade Federal de Juiz de Fora à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Tal adesão significa a transferência da gestão do Hospital Universitário para a empresa, o que, segundo o MPF, contraria diversos normativos constitucionais. A própria Lei 12.550/2011, que criou a EBSERH, está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade. 06 | minas Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Assembleia de Minas vai gastar R$ 1 bilhão em 2014 AUSTERIDADE Gastos do Legislativo superam orçamento da Polícia e de Secretarias Rede Brasil Atual Pela primeira vez o orçamento anual de um legislativo estadual ultrapassou R$ 1 bilhão. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais custará R$ 1.011.775.712,00 em 2014. O valor supera o orçamento da Polícia Civil mineira (R$ 962 milhões) e o da Secretaria de Transportes e Obras (R$ 995 milhões), o que comprova haver, no mínimo, um desequilíbrio nas prioridades orçamentárias. O recorde é nacional. O Legislativo de São Paulo, o estado com a maior economia do Brasil, gasta R$ 130 milhões a menos do que o mineiro, mesmo tendo mais deputados estaduais (94 contra 77), por ter uma população maior. O Legislativo é um poder independente, mas as forças políticas que controlam o parlamento mineiro são alinhadas ao governo tuca- no desde 2003 – a exemplo do que ocorre na maioria dos estados. O gasto da Casa desconstrói o discurso de “choque de gestão” propagandeado tanto na gestão de Aécio Neves (PSDB) como na de seu sucessor, o governador Antonio Anastasia (PSDB). Na prática, os governadores tucanos endossam estes custos. Aceitam o orçamento bilionário sem maiores discussões, em troca do apoio da maioria dos deputados estaduais. Não se discute a importância do Poder Legislativo para o equilíbrio democrático e, como qualquer órgão, precisa de uma estrutura adequada para desempenhar suas funções a contento. Mas convenhamos que há algo errado quando a Casa suga mais dinheiro público do que toda a Polícia Civil, principalmente em um estado onde a criminalidade cresceu. Esse algo errado foi confirmado quando veio à tona a notícia de que o piloto particular do helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD) apreendido com meia tonelada de pasta de cocaína havia sido colocado como funcionário “fantasma” na Assembleia. Gastos com combustíveis da aeronave também eram pagos com dinheiro da Assembleia. Quantos outros casos semelhantes haverá, para chegar ao gasto de R$ 1 bilhão? Só a título de comparação, o tão questionado custo da reforma do Mineirão feita pelo governo de Minas foi de R$ 666 milhões, em um processo que levou três anos. Cada legislatura da Assembleia de Minas, num período de quatro anos, acabará custando R$ 4 bilhões, se mantido este ritmo. Seis Mineirões. Claro que boa parte deste dinheiro poderia ser melhor aplicada em saúde, educação, transporte, moradia, geração de emprego e segurança pública. Reprodução Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 minas | 07 Lei “antiterrorismo” pode dar início a mais repressão no país RETROCESSO Projeto de Lei em discussão no Senado pode enquadrar manifestantes com penas de até 30 anos Maíra Gomes Como resposta às manifestações de junho de 2013 e pela proximidade da realização da Copa do Mundo no país, um projeto de lei com o objetivo de inserir na legislação brasileira uma lei “antiterrorismo”, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), tramita no Senado. A proposta classifica o que pode ser enquadrado como terrorismo e define as penas, mais rígidas do aquelas da Lei de Segurança Nacional, elaborada durante a ditadura militar e ainda em vigor. “Se aprovada, a lei poderá culpabilizar integrantes de movimentos sociais e manifestantes” “Não é uma novidade no cenário internacional, porque está na agenda política e ideológica dos Estados Unidos desde o 11 de setembro. Ali se produziu esse conceito do ‘terrorista’ como um inimigo a ser enfrentado”, afirma Patrick Mariano, integrante da rede Nacional de Advogados Populares (Renap) e Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília. De acordo com o texto do PL, “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação de liberdade” é terrorismo, com penas que variam de 8 a 30 anos de prisão. A polêmica do projeto é que em manifestações de rua, por exemplo, situações de pânico podem ser causadas inclusive pelo efetivo policial, após o estouro de uma bomba de gás, uso de sprays de pimenta e armas. Do lado mais fraco Patrick Mariano aponta que o sistema judicial funciona de forma a punir a população com menos influência no poder, a exemplo do caso do único condenado após as manifestações de junho. O morador de rua Rafael Vieira, que carregava um frasco de desinfetante e outro de água sanitária em ato no “Não pode passar” Em Belo Horizonte, as manifestações do ano passado chegaram a levar 40 mil pessoas para as ruas. Luara Colpa, do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac), foi uma delas e conta que a razão que levou a população às manifestações foi a falta de direitos. “Fazem parte do Comitê barraqueiros do entorno de estádios que “Os políticos não sabem responder aos anseios do povo. Quando a população vai pra rua, resolvem calar a sua voz, em vez de apresentar políticas públicas que sanem a insatisfação popular” foram despejados. Pessoas que tiveram seus direitos violados e foram pras ruas. Somos completamente contra essa lei ‘antiterrorismo’, é mais uma forma de tirar os direitos em prol de uma Copa que vai durar apenas alguns dias. Não pode passar”, declara. O advogado Patrick Mariano reforça que o direito à manifestação é garantido pela Constituição. “Se alguém chegasse na Terra agora e explicássemos o que é democracia, ele jamais entenderia porque um trabalhador que luta por direitos é considerado criminoso”, diz. Para Fidélis Alcântara, também do Copac, a exigência do povo por direitos assusta os governantes, que acabam por agir de forma inadequada, como no caso da criação da lei. “Os políticos não sabem responder aos anseios do povo. Quando a população vai pra rua, resolvem calar a sua voz, em vez de apresentar políticas públicas que sanem a insatisfação popular”, diz. O advogado Patrick Mariano aponta que a legislação brasileira dá conta de conter crimes em manifestações. “O Brasil é uma país que pune muito, tem como tradição de resolução de conflitos a punição”, diz. Para ele, não há falhas no sistema judiciário, e sim leis que precisariam ser revogadas, que foram criadas no contexto da ditadura no país. centro do Rio de Janeiro no dia 20 de junho, pode passar cinco anos preso. Um juiz acatou um laudo que fala em “ínfima possibilidade” de produtos serem utilizados como bomba incendiária. “Isso demonstra que o sistema punitivo no Brasil tem foco muito direcionado, para os ‘de baixo’. As- sim, a lei ‘antiterrorismo’ vai ser um salvo conduto para punir qualquer um, desde que passe pelo filtro ideológico, feito pelos promotores. E é aí que está o perigo. Se aprovada, a lei poderá culpabilizar integrantes de movimentos sociais e manifestantes”, destaca o advogado. Os governos federal e estadual já se preparam para as possíveis manifestações durante a Copa do Mundo. No quarta (19), a presidenta Dilma Rousseff declarou que o governo usará as Forças Armadas para coibir atos de violência durante a Copa, se necessário. Ela também defendeu o endurecimento das penas aplicadas aos condenados por crimes cometidos durantes as manifestações. O governador Anastasia anunciou também no início da semana que as ruas de Minas Gerais terão 800 Policiais Militares a mais. A PM não confirma, mas informações apontam que já são cerca de 7.000 militares atuando no policiamento ostensivo no estado. Anastasia critica ‘leis brandas’ Na segunda-feira (17), o governador Antonio Anastasia criticou a legislação nacional. Para ele, o combate à violência fica prejudicado por lei brandas. Segundo o governador, as punições - mesmo de casos mais leves, como do caso de um jovem pego em uma manifestação portando Pinho Sol ou água sanitária - deveriam ser mais rigorosas “A fala do governador vai na contramão do que tem sido debatido no direito penal. Ele está desinformado, pois em 2013 houve uma alteração legislativa, em que foram colocados filtros com relação às penas. Grande parte das condu- tas não mereceria penas de prisão, não precisa colocar na cadeia alguém que comete um dano ou um furto”, discorda o advogado Patrick Mariano. Fidélis aponta que a população carcerária do Brasil cresceu 200% nos últimos anos, e hoje o país é o 4° com maior numero de presidiários no mundo. “Me preocupa muito quando um político diz que o Brasil tem leis brandas. Temos leis que não são cumpridas, mas brandas não. Quando os governantes se preparam para aumentar a repressão, demonstram que têm medo de encarar os desejos da população”, declara. 08 | opinião Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Acompanhando Foto da semana Mídia Ninja Participe Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para [email protected]. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato Na edição 25 ... Procurador-geral sugere pena de 22 anos para Azeredo A política de higienização urbana realizada pela PBH está finalmente em pauta. Durante a última semana, manifestantes ocuparam o Viaduto Santa Tereza para chamar a atenção do poder público sobre as ações abusivas e desrespeitosas do governo municipal em relação à população de rua, como recolhimento de seus pertences e abuso de poder da Polícia Militar. Sofia Barbosa Altamiro Borges Centros de Saúde ou centros de doença? Helena Chagas e a “ação entre amigos” Quando o Sistema Único de Saúde (SUS) foi idealizado, no período da reforma sanitária, pensava-se que deveriam existir serviços mais próximos das pessoas, que se organizassem por território e que focassem seu trabalho na prevenção de doenças e promoção de saúde. Prevenir pra não ter que remediar é um princípio muito importante do SUS. Para cumprir esse objetivo foram criados os Centros de Saúde (CS). Hoje, nos CS de Belo Horizonte, usuários e trabalhadores vivem um verdadeiro dilema. A prefeitura determinou que esses serviços também devem atender urgências, solucionar as menos graves e encaminhar as mais graves para outro serviço. Além disso, as unidades são proibidas de recusar atendimento a quaisquer urgências sem avaliação de algum profissional qualificado. Entretanto, a prefeitura não contratou mais profissionais para esse serviço. Os mesmos que precisam garantir o princípio da prevenção e promoção têm também que socorrer as urgências. Conclusão: numa realidade em que as unidades têm em média quatro Equipes de Saúde da Família, atendem uma população aproximada de 15 mil pessoas, faltam profissionais. Quem sai de férias ou de licença não é reposto. Os profissionais que já gastam muito tempo no atendimento às urgências ainda têm que desmarcar frequentemente agendas programadas para cobrir buracos gerados por imprevistos. Isso significa que o pré-natal, o atendimento aos hipertensos, por exemplo, são desmarcados para atender pessoas gripadas, ou com infecção de garganta etc. Enquanto se tampa o sol com a peneira na saúde, para onde está indo nosso dinheiro fruto de tantos impostos caros? Em sua página no Facebook, a ex-ministra Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), resolveu enfrentar a polêmica sobre a destinação das verbas publicitárias do governo. Talvez ressentida por ter deixado a Secom, ela utiliza uma grosseria para atacar os que criticam a política de publicidade. Em seu texto, postado no sábado (8), a grosseria surgiu no intertítulo e no último parágrafo da sua postagem. A ex-ministra dispara que não seria correto “transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais”. A quem Helena Chagas se refere? Quem levou muito, mesmo sem merecer? Como ex-jornalista das Organizações Globo, a exministra sabe que este império midiático foi construído graças às benesses da ditadura militar, que garantiu toda a infraestrutura de transmissão. Isto sim foi uma “ação entre amigos” – entre os generais golpistas e a famiglia Marinho. A famiglia Marinho ajudou a eleger e depois blindou o tucano, salvando-o das denúncias da compra de votos para a reeleição ou do escândalo da privataria. Esta política masoquista de comunicação é que deve ser reavaliada, num “debate saudável”! Do contrário, as opiniões da ex-ministra apenas alimentarão cobras. Não é para menos que o jornal O Globo elogiou a sua postagem no Facebook. Para o jornalão, a ex-ministra só caiu porque foi alvo do PT, que pretende maiores investimentos na internet, “onde estão os chamados blogs amigos do governo, com posições alinhadas ao partido”. Mesmo sem Helena Chagas, a famiglia Marinho quer manter o seu poder! Sofia Barbosa é enfermeira de um centro de saúde de Belo Horizonte e diretora do Sindibel Altamiro Borges é blogueiro, presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé ...E AGORA Réu no processo do mensalão tucano, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) apresentou na quartafeira (19) sua carta de renúncia à Câmara dos Deputados. Com renúncia, Azeredo pode não ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, já que o direito a foro privilegiado é garantido apenas a autoridades, como deputados. O processo deve ser remetido à Justiça de 1ª Instância. No entanto, o relator do processo criminal contra o ex-deputado, o ministro do STF Luis Roberto Barroso, explica que há precedentes em que a renúncia pode ser considerada uma manobra processual e o caso pode voltar ao STF. Na edição 25... Movimentos culturais ocupam Viaduto Santa Tereza ...E AGORA O Movimento Viaduto Ocupado decidiu pela desocupação em assembleia realizada no sábado (15). Os manifestantes, que estavam acampados no local há uma semana, informaram em nota que a ocupação atingiu seus principais objetivos – chamar a atenção da população sobre as intervenções no viaduto e entorno da Praça da Estação e instaurar diálogo com o poder público. O debate com a Prefeitura continua e, nesta quinta-feira (20), ocorreu nova reunião entre ativistas e apoiadores do movimento e representantes da PBH, em que foram apresentadas as principais queixas em relação ao tratamento de moradores de rua, como negligência/ abuso policial e falta de acolhimento. Na sexta-feira (21), também foram discutidos o repasse das comissões de trabalho do Viaduto Ocupado. Os manifestantes aguardam reunião com a Sudecap. Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 entrevista | 09 “Apoio a qualquer candidatura precisa ser uma via de mão dupla” SINDICALISMO Presidenta da CUT Minas discute papel dos sindicatos e fala sobre relação com PT e eleições Arq.Sind-UTE/MG Joana Tavares A situação de quase pleno emprego, o aumento real do salário mínimo e a melhora relativa que a população teve nos últimos anos fortaleceu a capacidade de luta dos trabalhadores. Com o aumento do número de greves e da combatividade dos trabalhadores os sindicatos e suas centrais são chamados a respostas mais rápidas. Primeira mulher a ser eleita para presidenta da CUT MG, Beatriz Cerqueira analisa o cenário atual e aponta desafios para luta sindical e popular no próximo período. Recentemente, foram comemorados os 30 anos da CUT, a primeira central sindical do país. Hoje, há mais de dez centrais. O que isso tem a ver com a dispersão da classe trabalhadora e o que há de unidade entre essas diferentes centrais? Um primeiro aspecto é disputa do imposto sindical. A gente não pode ser hipócrita de dizer que a existência de dez centrais sindicais é apenas fruto da pluralidade de ideias. Em segundo lugar, acho “A gente não pode ser hipócrita de dizer que a existência de dez centrais sindicais é apenas fruto da pluralidade de ideias” que a direita no nosso país vem tentando disputar o que antes era um campo só da esquerda. Nós vimos isso nas manifestações de rua. Mas é claro que existe um grupo de centrais em que é possível construir uma unidade, e, portanto, mobilizações e pautas importantes são construídas nacionalmente. Foram feitas muitas críticas de que teria havido uma cooptação da CUT por parte dos governos do PT. Como você avalia isso? Cria-se uma ideia de que sindicatos e centrais não podem se envolver na luta política, mas não se faz esse mesmo debate com outros grupos sociais. Você não vê a FIEMG, a FIESP, se alijando do processo político partidário. Ao contrário, eles atuam de forma muito ofensiva para que as pessoas que representam os seus interesses sejam eleitas. Mas há uma tentativa de deslegitimar que os sindicatos e centrais tenham uma atuação política na vida do país. Outra questão é que, no momento em que o PT chegou ao governo, houve uma expectativa de que os problemas seriam respondidos sem a necessária pressão. Mas o tempo histórico demonstrou o inverso, de que é necessário manter a mobilização e a CUT retomou essa agenda. É preciso pressionar, porque a gente continua num país capitalista, continuamos tendo classe oprimida e classe opressora. Você avalia que houve um retrocesso na gestão Dilma na relação com os sindicatos? O que vejo é um governo que teve muita dificuldade ou achou que não era tão importante conversar com o movimento sindical. Eu vejo não só da central, mas da confederação da categoria que eu faço parte, como é difícil ou mesmo inexistente o diálogo do governo federal com a educação básica. Isso precisa ser revisto. É fundamental que o governo tenha uma relação de diálogo e que essa relação se reflita nas pautas que as categorias e as centrais apresentam. É uma reflexão para 2014: não estamos satisfeitos com a forma como o governo Dilma lidou, tratou e conversou conosco nos últimos quatro anos. Como está a discussão do posicionamento frente às eleições no campo sindical? A CUT já definiu quem vai apoiar? Há uma dificuldade de ter uma unidade entre as centrais sindicais em 2014. Eu já vi centrais se posicionando de que vão andar junto com a candidatura do Aécio, o que pra mim é um contrassenso. É impossí- “O governo não enfrentou reformas estruturais que dessem conta de responder às demandas históricas. Por isso é importante a reforma política” vel uma central sindical que defende o trabalhador apoiar um projeto como o do Estado mínimo, como é a proposta do PSDB hoje. A CUT vai realizar uma plenária nacional no final de julho, na qual vamos discutir a pauta da classe trabalhadora. Porque apoio a qualquer candidatura precisa ser uma via de mão dupla. Quais os compromissos que essa candidatura vai assumir? Não pode ser uma coisa adesista. Há demandas que são difíceis de explicar: como que 12 anos depois da gestão do PT ainda se discute fator previdenciário? Como que 12 anos depois ainda não está regulamentada a negociação coletiva no setor público ou a redução da jornada de trabalho? A CUT Minas vai apoiar a candidatura de Pimentel para o governo? Quando falamos da questão eleitoral em Minas, em primeiro lugar, é preciso debater e denunciar o que foi o modelo do choque de ges- tão. É necessário fazer um enfrentamento desse modelo em Minas Gerais, que não deu certo e que maltratou o estado. A segunda questão é que em Minas nós não vamos ser adesistas, não vamos aderir a uma candidatura. É necessário conversar com o movimento sindical, o que ainda não foi feito. Quais são os compromissos que serão assumidos com a CUT, com o funcionalismo público? Que discussão vai ser feita em relação à criminalização e a judicialização das lutas sociais? E em relação às ocupações urbanas e à juventude? É necessário assumir compromissos e que o programa de governo tenha participação efetiva, seja construído com os trabalhadores. Por que a CUT decidiu se somar no processo do plebiscito pela constituinte exclusiva da reforma política? É inegável a melhora nos indicadores econômicos e sociais do país, mas do ponto de vista das políticas públicas e de como o poder reage às demandas sociais, está muito ruim. E acho que as pessoas quiseram dizer isso nas manifestações de rua, então é fundamental reorganizar o sistema. Esse governo não enfrentou reformas estruturais que dessem conta de responder às demandas históricas. Então é importante a CUT ser partícipe desse plebiscito, que é um mecanismo de conversar com o povo sobre os problemas. O mais rico do plebiscito popular é essa possibilidade de demonstrar que são possíveis outras formas de discussão. O plebiscito pela redução da conta de luz em Minas Gerais demonstrou que a nossa capacidade de organização popular é muito boa, então a gente tem que aproveitar. Você foi a primeira mulher eleita presidenta da CUT em Minas. O que ainda há de desafio para a participação das mulheres? Eu fui eleita presidenta, mas acredito que o mundo sindical é muito machista. Tenho que me desdobrar muito mais em tarefas, ações e agendas. Percebo que a mulher é mais cobrada. A mulher, para ser sindicalista, abre mão de muito mais coisas de sua vida pessoal do que o homem. Espero que nessa gestão a gente consiga potencializar mais, investir mais na formação das mulheres. 10 | brasil Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Constituinte da reforma política será exigida nas mobilizações CONSULTA Movimentos sociais que organizam plebiscito popular levarão campanha às ruas Danil Leon Pedro Rafael Ferreira De Brasília Uma assembleia nacional constituinte soberana e exclusiva para mudar o atual sistema político brasileiro. Organizada por dezenas de entidades e movimentos sociais, o plebiscito popular, que será realizado em setembro, pretende recolher milhões de votos em favor da convocação da constituinte, numa iniciativa que está unificando diversos setores da esquerda. No último final de semana, foi realizada a segunda plenária nacional da campanha, em Brasília. Na avaliação dos participantes, a principal tarefa, a partir de agora, é massificar o plebiscito em todo o país. “Temos que aproveitar a conjuntura política e construir pontes com setores que muitas vezes não estão aqui. É casar o plebiscito com as lutas. Nós não podemos ter uma jornada de lutas que não fala do plebiscito e ter plebiscito sem luta popular nas ruas”, afirma João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ideia é que o debate da reforma política se consolide nas mobilizações de rua que agitam o país desde junho do ano passado. “A campanha agora precisa dar um salto e chegar naquelas pessoas que estão insatisfeitas com o atual sistema, mas não sabem qual é o caminho, para onde ir”, explica José Antônio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). A combinação entre insatisfação popular e falta de respostas das instituições oficiais para os problemas do país recolocou a necessidade de mudança no sistema político no centro da agenda. “A reforma política é a mãe de todas as reformas. É difícil alguém acreditar que no estado atual das coisas será possível garantir mais mulheres no parlamento, que os negros terão acesso às políticas públicas, que haverá reforma agrária, etc. Há um sequestro do Estado por parte da burguesia brasileira e só por meio do voto é impossível fazer as transformações”, acrescenta João Paulo, do MST. Iniciativa popular O plebiscito popular não é uma consulta oficial, mas uma iniciativa de organizações da sociedade para pressionar politicamente por mudanças. Em 2003, foi realizado o plebiscito contra a Área de Livre Comércio das Américas, com votos de mais de 13 milhões de pessoas. Desta vez, a ideia é obter ainda mais votos. Visibilidade Com o ambiente político efervescente pelas mobilizações de massa, acredita-se que o debate da constituinte ganhará mais visibilidade na sociedade. “Um dos principais questionamentos das ruas foi justamente a representatividade da política tradicional. Acho que essa é a oportunidade de a gente dar uma resposta, fazer um debate sobre por que as demandas não são atendidas e como a gente pode fazer pra que elas sejam atendidas”, argumenta Juliana Selbach, presidenta do PSOL-DF. A juventude que sai às ruas pode relacionar os problemas concretos ao sistema político vigente. “Uma turma no Rio de Janeiro, nas recentes manifestações, relacionou o financiamento privado de campanha com o aumento da passagem e lucro das empresas de ônibus. Temos que mostrar esse ciclo vicioso entre poder econômico e sistema político que impede as mudanças”, aponta Mitã Chalful, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Unidade “Os movimentos têm visões diferentes sobre como deveria ser o sistema político. Mas se unem em torno da necessidade de uma constituinte. A gente está num processo bastante favorável e aberto para que a esquerda dispute esse tema”, afirma Juliana Selbach, do PSOL. “Todos os movimentos tiveram muita maturidade para compreender que temos um ponto central que é mudar o sistema políti- co brasileiro, para deixar de ser esse modelo sub-representativo, em que mulheres, negros e indígenas não têm vez”, afirma Mitã Chalful, da UNE. Sabe por que não existe verba para a educação, saúde, segurança pública, transporte público decente e previdência social? Porque metade do orçamento da União vai para o pagamento da dívida pública. Uma dívida que nunca foi auditada, sendo prevista no artigo 26 do ADCT da Constituição Federal de 1988. Vamos, juntos, exigir a realização de uma Auditoria Cidadã da Dívida. Já! Mais informações: www.auditoriacidada.org.br SITRAEMG: 1989/2014 25 anos na luta pelos direitos dos servidores do Judiciário Federal, pela qualidade e rapidez nos serviços da Justiça, pela soberania nacional e pelas justas causas dos cidadãos brasileiros. Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 brasil | 11 Suspensa comercialização de 111 planos de saúde de 47 operadoras SAÚDE A suspensão começa a valer a partir de sexta-feira (21) Sarah Fernandes de São Paulo O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde (ANS) anunciaram nessa terça-feira (18) a suspensão da comercialização de 111 planos de saúde de 47 operadoras do país, por não respeitarem os prazos máximos para realização de consultas e procedimentos, negarem atendimento ou por não cumprirem os períodos de carência e as políticas de reembolso. A suspensão começa a valer a Reprodução partir de sexta-feira (21). Do total, 28 planos e 31 operadoras permanecem com a comercialização proibida desde o ciclo anterior, por não terem obtido melhoria significativa nos serviços prestados. Os planos reúnem pelo menos 1,8 milhão de consumidores. Entre as operadoras suspensas estão a AGI Seguros, Allianz Saúde, Amico, Transmontano e 12 operadoras Unimed, entre elas a Paulistana, do ABC, de São José dos Campos e de Sergipe. (Rede Brasil Atual) TST proíbe desconto de Programa reduz consumo salário de funcionários de crack em SP dos Correios em greve Rede Brasil Atual O ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), proibiu os Correios de descontar salários dos empregados da empresa que estão em greve. No entanto, o magistrado determinou que 40% dos funcionários continuem trabalhando. A decisão foi tomada na sexta-feira (14) e publicada nessa terça-feira (18). O pedido para evitar os descontos foi feito pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A entidade argumentou que a empresa cortou o pagamento do tíquete-alimentação dos funcionários que entraram em greve. Na mesma decisão, o ministro determinou que a Fentect informe se está cumprindo uma decisão anterior dele, que determinou a manutenção do percentual mínimo em serviço. Os funcionários dos Correios iniciaram uma paralisação parcial no dia 29 de janeiro alegando que a administradora do plano de saúde oferecido pela empresa, a Postal Saúde, estava cobrando por serviços médicos. Os Correios informam que o plano de saúde, CorreiosSaúde, não será privatizado e não cobrará nenhuma mensalidade de seus beneficiários (Agência Brasil) Marcelo Camargo-ABr Ao anunciar o balanço do primeiro mês do programa De Braços Abertos, que oferece moradia, trabalho e atendimento de saúde para dependentes de crack da região da Luz, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), comemorou a redução de até 70% do consumo pelos participantes, verificada pelas equipes de saúde da prefeitura. Desde o dia 14 de janeiro foram cadastradas 386 pessoas na iniciativa, que consumiam de 10 a 15 pedras. Ao todo, foram feitas 3 mil abordagens, 355 atendimentos médicos e 149 pessoas iniciaram tratamento de desintoxicação. O prefeito disse que não irá mais referirse à região como “cracolândia”, forma pejorativa pela qual é conheci- da. As equipes que atualmente permanecem apenas até as 17h passarão a ficar nas ruas até as 22h, a partir da semana que vem. A medida é considerada fundamental para que o programa possa avançar mais, afirmou o prefeito. Desde o início, o “fluxo”, como é conhecida a aglomeração de usuários e traficantes, teve uma redução significativa, especialmente durante o dia, quando a concentração não passa de 70 pessoas, contra mil antes da ação. A prefeitura também pretende afastar os participantes da chamada cracolândia. A ideia é expandir o perímetro da varrição de ruas, única atividade laboral desenvolvida até agora e empregá-los em outras atividades. Em até 20 dias, 40 vagas para trabalho de jardinagem devem estar disponíveis. Revisão do Plano de Carreiras dos servidores da saúde Já! A hora é agora! Essa é a data limite para mudança na folha de pessoal em ano de eleição. 08 de abr il Aces d .sindsau se: www g.br emg.or 12 | mundo Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Uma aula de Venezuela e um pito na Globo, em plena Globo AMÉRICA Professor de relações internacionais explica a crise e derruba o mito da “falta de liberdade” no país vizinho Rede Brasil Atual O professor de Relações Internacionais da USP José Augusto Guillon e a apresentadora Mônica Waldvoguel, do programa Entre Aspas, da Globonews, chegaram ao limite da gagueira, na terça-feira (18), durante debate a respeito da crise na Venezuela com a participação do jornalista Igor Fuser, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). Diz a narração de abertura: “Ele é acusado de assassinato, vandalismo e de incitar a violência. Mas o verdadeiro crime de Lopez, se podemos chamar isso de crime, foi convocar uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro. Protestos seguidos de confrontos que deixaram quatro mortos e dezenas de feridos”. E segue descrevendo que a violência política decorre da imensa crise no país – inflação, falta de produtos nas prateleiras, criminalidade em alta. Ainda no texto de abertura, na voz de Mônica, o governo é acusado de controlar a economia e a Justiça, pressionar a imprensa e lançar milícias chavistas contra dissidentes. E encerra afirmando que Leopoldo Lopez, na linha de frente, reivindica canais de expressão para os venezuelanos. Do início ao fim do debate, com serenidade e domínio sobre o assunto, Igor Fuser leva a apresentadora e o interlocutor às cordas desde o início. Reconhece as dificul- EFE dades políticas do presidente Nicolás Maduro e a divisão da sociedade venezuelana. Mas corrige os críticos, ao enfatizar que o país vive uma democracia, e opinar que a campanha liderada por Lopez é “golpista”, ao ter como mote a derrubada do governo legitimamente eleito com mandato até 2019. Fuser informa que em dezembro se cristalizou um processo de diálogo entre governo e oposição, então liderada por Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas Foram realizadas quatro eleições na Venezuela nos últimos 15 meses, e candidatos chavistas ganharam todas em plano federal eleições presidenciais por margem muito pequena de votos. E que a disposição ao diálogo levou a direita mais radical a isolá-lo, permitindo a ascensão de figuras como Leopoldo Lopez. Indagado se não seria legítimo as manifestações da ruas pedirem a saída do governo, como foi no Egito ou está sendo na Ucrânia, o professor da UFABC resume que as manifestações na Ucrânia são conduzidas por nazistas, e no Egito a multidão protestava contra uma ditadura. Lembra que na Venezuela houve quatro eleições nos últimos 15 meses, que o chavismo venceu todas no plano federal, mas que as oposições venceram em cidades e estados importantes, governam normalmente e as instituições funcionam, e que a Constituição é cumprida. Questionado sobre a legitimidade da Constituição, informou que a Carta, depois de passar pelo Parlamento, foi submetida a referendo popular e aprovada por 80% dos venezuelanos – o que inclui, portanto, mais da metade dos que hoje votam na oposição. E à ironia dos debatedores, de que seria para- noia das esquerdas acusar os Estados Unidos de patrocinar uma suposta tentativa de golpe, esclareceu: os Estados Unidos estiveram por trás de tantos golpes da América Latina – na Guatemala nos anos 1950, no Brasil em 1964, no Chile em 1973, na própria Venezuela em 2002 – que não é nenhum absurdo supor que estejam por trás de mais um. E que também não é absurdo, em nenhum país do mundo, expulsar diplomatas que se reúnem com a oposição como se fossem dela integrantes. Gravações comprovam rede mafiosa no alto escalão do Exército colombiano CORRUPÇÃO Generais, coronéis e tenentes-coronéis estariam envolvidos com o assassinato em massa de oposicionistas Leonardo Wexell Severo de São Paulo Centenas de horas de gravação investigadas pela revista Semana, da Colômbia, comprovaram a existência de uma ampla rede de corrupção no Exército do país, composta por vários generais e inúmeros coronéis e tenentes-coronéis envolvidos com o assassinato em massa de oposicionistas. Pondo em xeque o destino dos 27 bilhões de pesos (aproximadamente US$ 13,35 bilhões), cerca de 3,7% do PIB do país, as gravações jaziam adormecidas na Comissão de Acusações do Congresso. Ao virem à tona, destamparam uma quantidade monumental de subornos feitos entre 2012 e 2013 pela alta cúpula militar mais estreitamente vinculada ao governo dos Estados Unidos. Oficialmente, os EUA contam hoje no país com 1.400 homens em sete bases: Palanquero, Malambo, Apiay, Cartagena, Málaga, Larandia e Tolemaida. Segundo as gravações, mandos militares usavam informações privilegiadas para conhecer de ante- mão os vencedores das “licitações” de várias unidades do Exército e garantir a liberação de milionários contratos, “indicados a dedo”, nos quais as propinas chegavam a 50%. Entre os altos oficiais beneficiados pelas negociatas estão condenados e indiciados pelo assassinato dos chamados “falsos positivos” - jovens entre 16 e 33 anos, executados pelas tropas que os vestiam de guerrilheiros para receberem promoções, dinheiro e férias estendidas, conforme a política de execução sumária de “esquerdistas” defendida pelo “Plano Colômbia”. Até 2012, foram registrados quase três mil assassinatos de inocentes. Em breve comunicado, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, qualificou as gravações como “muito graves”. “Estou indignado com o dano que isso causa às Forças Armadas e ao país”, declarou, solicitando ao Procurador-Geral e à Controladoria que acelerem a investigação, preferindo que seja conduzida pela Justiça Penal Militar. Santos também pediu ao seu ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, “decisões contundentes e exemplares”. comida tal que oferece alirápida, mentos de qualidade em inglês Passar (o café) resultados considerados previsíveis (gír.) Grama (símbolo) de "Nós é demais" Pianista mineiro premiado em sua carreira internacional Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 A novela Como ela é Recurso Parte Construtor móvel visual de dos da Arca motores sites de (Bíblia) elétricos www.coquetel.com.br ©COQUETEL Revistas COQUETEL notícias www.coquetel.com.br © Revistas Projeto socioambien(?)Pacote verbal,proerro gramatical Antigo Profissiosocioambien(?) verbal, erro gramatical Competições com Competições com Fast-(?): ProjetoFast-(?): tal que oferece aliresultados considerade "Nós é demais" resultados consideraTestamenoferece alide "Nós é demais"mocional comida tal quecomida nal como mentos de qualidade dos previsíveis (gír.) rápida, Pianista mineiro premiado em mentos de qualidade dos previsíveis (gír.) rápida, to (abrev.) Anita Pianista mineiro premiado em em inglês Passar (o café) suaGravata, carreira internacionalGrama (símbolo) Grama (símbolo) em inglês Passar (o café) sua carreira internacional Prestes em inglês Detestar PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS Umbilical, de disco ou de Pacto (?): hiato as define (Med.) funções da União, estados e municípios Umbilical, de disco Falta de ou de cuidado hiatoem negócios (Med.) públicos ou particulares Repelida; Falta de rechaçada Recurso visual de sites de notícias ProfissionalPacote como promocional Anita Gravata, Prestes em inglês RecémPacto (?): definenascido as funções (abrev.) da União, estados e municípios Umbilical, de disco ou de Recémhiato nascido (Med.) (abrev.) Escova, Faltaem de inglês cuidado em negócios públicos ou particulares Repelida; Escova, rechaçada em inglês Parte ParteConstrutor móvel dos Construtor móvel da Arca motores Inimigo dodos da Arca (Bíblia) elétricos motores (Bíblia) Homemelétricos Pacote pro- Aranha mocional (HQ) Gravata, em inglês "Nada é tão (?) que Inimigo do não Inimigo do possa piorar": Homem- uHomemma das leis de Murphy Aranha Aranha (HQ) Faz barulho (HQ) Item do vestuário da Roma Antigo Antiga Testamento (abrev.) Detestar Formato comum Antigo de bumeTestamen- rangues to (abrev.) Detestar S O A Unidade do ângulo País natal Gandhi "Nada é tão (?)deque Discagem AInDireta S O S A O ternacional Recémnão possa piorar": u"Nada é tão (?) que nascido não possa piorar":ma u- das leis de Murphy (abrev.) ma das leis de Murphy Faz barulho Faz barulho Unidade do ângulo Trabalho Registro País natal apresen- Acadêde Gandhi mico tado pelo Chefe de James Bond (Cin.) Unidade do ângulo País natal Antônio de Gandhi Nóbrega, Chefe de James Bond (Cin.) (sigla) Discagem artista Direta InDiscagem múltiplo ternacional Direta In(sigla) ternacional Magnetis(sigla)Antôniomo pessoal Trabalho Registro Nóbrega, Escova, apresen- AcadêPente, em Antônio Trabalho Registro mico artista tado pelo em inglês Nóbrega, apresen- Acadê(abrev.) múltiplo inglês micodoutorando artista tado pelo "O (?) Magnetismúltiplo doutorando (abrev.) Dilata mo pessoal nha não fazem mal a Cabelo Proteção MagnetisPente, em ninguém" "Renda", Não Nega", para mo pessoal inglês (dito) a mão marchinha em IR Pente, em Dilata "(?) e caldo de gali"O (?) inglês Acessório (?) de Lernha não fazem mal a Cabelo Proteção Dilata "(?) e caldo de gali"O (?) ninguém" na: cobra duplo e Não Nega", para nha não fazem mal a (dito) "Renda", Proteção a mão marchinha em Cabelo IR móvel de morta por ninguém" "Renda", Não Nega", para mesinhas Hércules Acessório (?) de Ler(dito) a mão marchinha em IR duplo e na: cobra "Deus (?) (?)dede LerAcessório Dispositivo móvel morta por Filhote de na: cobra duplo e mesinhas Hércules morto", instalado cervo móvel da de morta por frase de "Deus (?) em caixas Dispositivo Disney mesinhas Hércules Filhote de Nietzsche morto", instalado eletrônicos cervo da "Deus (?) frase de de Dispositivo em caixas para cloDisney Filhote Nietzsche morto", instalado eletrônicos cervo da narem cartões frase de caixas para cloDisney Nietzsche Seleciona nar cartões eletrônicos clo(opara feijão) Seleciona nar cartões (o feijão) BANCO Seleciona BANCO (o feijão) cuidado em negócios públicos ou particulares Repelida; "(?) e caldo de galirechaçada doutorando (abrev.) 2/it. 3/tie. 4/comb — food — rino — toga. 5/brush. 6/hérnia. 7/incúria. 2/it. 3/tie. 4/comb — food — rino — toga. 5/brush. 6/hérnia. 7/incúria. 1 ) 2 * 5 $ ) &, & 2% , 51 2 ) 27 *2 5 5$ ) , ( 2 1 2 7 2 ' 2 ' 7 , 2 $ * 5 $ ' $ 1 & 2 $ 0 $ % + AMIGA DA saúde de Por Joaquim Vela Mande sua dúvida: [email protected] Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Minha mãe é diabética há algum tempo e o médico prescreveu insulina pra ela. Uma vizinha me deu uma planta que se chama insulina vegetal e disse que tem o mesmo efeito, sem ter que tomar injeção. O que você acha disso? Joyce Helena, 14 anos, estudante Querida Joyce, a planta conhecida como insulina vegetal (Cissus sicyoides L), pode contribuir com a redução da glicose no sangue, mas deve ser usada com muito cuidado. Os estudos feitos até o momento sobre essa planta variaram muito nos resultados; alguns não conseguiram melhora, outros sim. Parece que o diferencial foi o processo de desidratação e diluição adequados do vegetal. Se sua mãe já tem prescrição de insulina, é porque a glicemia dela deve estar muito al- % + & 2 2 5 $ 7 5 $ & 9 2 0 $ 8 5 1 ' , , 7 + $ 5 % , 5 $ Jogos 400 + 400 aFie seU aFiepeNsameNto seU aFie seU JogosJogos peNsameNto peNsameNto Recebi email de uma leitora me questionando por que não falamos aqui do beijo dos personagens Felix e Niko, de Amor à Vida. Disse estar preocupada com a possibilidade de termos nos posicionado em cima do muro, fugindo da polêmica. Sua agonia tinha a ver com a sensação de abandono: ninguém próximo a ela tinha concordado muito com o beijo. Ainda ouviu de sua cunhada que era desnecessário passar “esse tipo de coisa” na televisão, já que seu filho, de 3 anos, poderia ver a cena. Acrescentou, ainda, que ouviu da vizinha que os autores querem impor goela abaixo o comportamento gay, já que casais homoafetivos têm sido comuns nos últimos folhetins de diferentes emissoras (a nova novela das 21h, Em Família também vai contar a história de um casal lésbico que já começou a paquerar). Ela, enfim, me perguntou: “o que você acha disso, Quim”? Nossa coluna fala de novela, porque a novela é um bom meio de pensarmos sobre nossos comportamentos e valores. Quase todo mundo assiste novela e elas pretendem “refletir” a vida real. Escrever sobre um assunto na coluna já é uma forma de se posicionar. E em algumas semanas, abordamos nossas expectativas quanto ao casal gay e o seu beijo na novela já terminada. Quanto ao que ela ouviu da cunhada e da vizinha, se fosse comigo, eu diria: ora bolas, de que você quer proteger o seu filho? De conhecer o mundo como ele é? Suponho que não, porque cenas de sexo, de violência, de brigas, vinganças e traições passam todo o dia em qualquer novela. Porque a cena de um beijo entre homens deve ser escondida de seus olhinhos? Pela idade? Existe hora certa para saber que gays existem? Assuma logo o seu preconceito ou considere também desnecessárias as tantas tramas da novela que pretendam mostrar o que acontece na vida. Eu disse à minha leitora que ela não está sozinha. Nós respeitamos aqui as diferenças entre as pessoas. E não concordamos com qualquer tipo de intolerância contra essas diferenças. Sejam elas de qualquer natureza. Melhor seria se a cunhada e vizinha dela deixassem de ver televisão. Melhor ainda, que deixassem de sair na rua, caso queiram se proteger de qualquer cena de beijo. Quer conversar? É só mandar email para quimvela@brasildefato. com.br. & % 2 volumes + de 400 2 volumes 2 volumes + de 64 Solução Solução Solução 2 1 $+ 7 5 0 %%( 2 5 $ / ) , & & 22 0 % ,+ $ ' 2 5 $ , 56 2 7 7 2 2 55 , $ 8 ' ' & 0 %2 12 , 5 $ 7 8 ' 5, $$) ' 7( 2 ',5 (9$ 5 2$ 8 '65 2 ' $$ & 06 5 5 , 159 ,$2 $ 8 $+ $ ( 7 * 6 2 $ 0 5 ,, $1 & 85 5 1 , $ 5* 5 , $ 8 1 5 5 ,1( $ % $'5 7'1 , , ' , 1' $5 ' '( 6,, 7 , , & ',$ $1 8 7&, (+7 / $$ / ,$$71 6 & (2+ $8 95 35 $ & 8/ $ & +$2 8 89 $% 0 % , 9 % 0 % , $ && $ $ % %5 5$ $ $ Nas baNcas Nas baNcas e livrarias e livrarias Nas baNcas e livrarias 64 64 / && 2 + , ,6 17 ) 22 5* 2 1 ( , 2 51 / & 2 +), 6( 7 '2 (5 5 2 1 , $5 + ( )5 ( 1' ,( 5 $ , 1 & 8 + ( 5 1 , 5 , 1 ,& 8 5 ( 5% $ , 7 5 (5 % $ ( 76 ( & $ 8 5 7 (6 & $ 8 7 ( $7 76 ( $ 6 ( & &+ + 88 33 2/it. 3/tie. 4/comb — food — rino — toga. 5/brush. 6/hérnia. 7/incúria. BANCO Deixe que digam, que pensem, que beijem Chefe de Formato James comum deBond bumerangues (Cin.) Item do Formato vestuário comum da Roma de bumeAntiga rangues Item do vestuário da Roma Antiga , Recurso visual de Pacto sites(?): de define as notícias funções Profissiodanal União, como estados Anita Prestes e municípios variedades | 13 ta. Isso exige um controle rigoroso da glicose diariamente, sob o risco de lesão de órgãos como rins, olhos etc. Nesse caso, a insulina tradicional industrializada não deve ser substituída pela planta. Esta pode ser um auxílio no tratamento, assim como alguns alimentos e o exercício físico regular. Estou grávida de cinco meses. Meu marido vive atrás de mim pra ter relação, mas eu tenho medo de machucar meu bebê. É mesmo perigoso acontecer isso? Jandira, 31 anos, metalúrgica Cara Jandira, algumas situações de risco podem contra indicar o sexo durante a gravidez, como por exemplo, sangramentos ou placenta prévia (placenta baixa). Nos casos em que a gestação está tranquila, com os exames normais, o sexo pode ser praticado sem risco para o bebê. Converse sobre isso com o profissional que te acompanha no pré-natal. Entretanto, você é que deve determinar se quer ou não ter relações sexuais e até quando, baseado no seu conforto e no seu prazer. Nenhuma pessoa, in- dependente da gravidez, deve aceitar ter relações sexuais somente pela vontade ou pelo prazer do outro. Sua vontade, seu desejo, disposição e seu prazer são muito importantes. Cara amiga da saúde, fui à minha ginecologista e ela me prescreveu vacina de HPV. Vi que a vacina é muito cara e ainda não consegui pagar. Agora ouvi dizer que vai ter uma campanha do SUS em março desse ano. Será que eu poderei me vacinar nessa campanha? Esthephany Laura, 18 anos, estudante Infelizmente não, Esthephany. A vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) está sendo introduzida no calendário de vacinação do SUS e isso é um grande avanço, pois o HPV está altamente relacionado aos casos de câncer de colo de útero, a quarta maior causa de morte de mulheres no Brasil. Entretanto, a faixa etária alvo da vacina são adolescentes de 9 a 13 anos. Isso porque ela visa cobrir uma faixa etária da população que ainda não iniciou sua vida sexual e, portanto, não teve contato com o vírus. Es- te ano a campanha será para meninas de 11 a 13 anos e em 2015 o foco serão as de 9 a 11. Para as mulheres acima dessa idade, por enquanto, o acesso à vacina continua restrito à rede particular. Precisamos cobrar das autoridades para que ampliem seu acesso no SUS. 14 | cultura Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 Cultura do Vale ganha mais um incentivo para se organizar JEQUITINHONHA Seminário reúne artistas e produtores de 26 cidades da região Raíssa Galvão Neste final de semana, Araçuaí recebe artistas, agentes culturais, profissionais do setor e gestores públicos e privados de 26 dos 86 municípios do Baixo, Médio e Alto Jequitinhonha. Com o objetivo de promover a troca e o intercâmbio direto entre toda a região, o nome do encontro traduz as intenções dos realizadores: Tecendo a Rede Jequitinhonha Cultural. O seminário será realizado no Centro Cultural Luz da Lua nos dias 20, 21 e 22 e reúne autoridades locais, representantes das universidades federais e de associações de municípios da região. Os debates contam com a presença de instituições como a Associação Campo das Vertentes, Associação Quilombola de São Julião, Observatório da Diversidade Cultural, Rede Fora do Eixo e Sociedade Independente da Música, bem como entidades regionais como a Casa de Cultura de Capelinha e Ponto de Cultura do Rubim. A programação foi montada com o intuito de organizar e consolidar a conexão em rede entre os grupos. As mesas de discussão tratam de políticas públicas para a cultura e desenvolvimento local, da criação de projetos participativos, manutenção e financiamento de redes, estratégias para comunicação e estruturação de projetos a curto, médio e longo prazo. O documento final do encontro, chamado de Carta de Araçuaí, vai apresentar à sociedade as diretrizes do programa de integração do Vale. Outro objetivo é a criação do Centro de Referência do Jequitinhonha, um espaço para amparar e conectar iniciativas. O encontro recebe também a animação e o tom dos artistas que ganharam o mundo. Titane e Pereira da Viola se apresentam em duas noites da programação. Voz e vez ao povo do Vale O seminário faz parte da agenda de comemorações “Quando Jequitinhonha Canta e Dança”, que culmina nos dias 12 e 13 de abril com um reencontro dos artistas que participaram do show Onhas do Jequi, apresentação histórica realizada há 30 anos no Palácio das Artes e que despontou o Vale para o mundo. Com nomes como Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeiras, Rubinho do Vale, Tadeu Martins, Gonzaga Medeiros, Lira e Frei Chico, a arte que vem da região é hoje sím- bolo da criatividade do Brasil Profundo, que usa as dificuldades como combustível para a construção de novas realidades. Inspiração Bruno Bento, diretor da Associação Mucury Cultural, estará presente e fala sobre sua participação no encontro com grande expectativa. “Este encontro é dotado de vários significados. Um deles é que o Vale do Mucuri tem uma de suas várias origens justamente no Jequitinhonha, somos daqui irmãos e Vilmar Oliveira filhos das parteiras, dos vaqueiros, lavadeiras, garimpeiros e mestres da cultura popular.” Bruno vê na oportunidade um momento de aprendizado para a criação de uma supra-entidade no vale do Mucuri. “Precisamos de mais protagonismo e horizontalidade no setor cultura. Participarmos deste momento de balanço e reposicionamento do que talvez seja o principal movimento cultural de Minas Gerais é honra, alegria e responsabilidade, pois agora e de certa forma, somos parte dele. Digo isso emocionado e orgulhoso.” Formato colaborativo marca Grito Rock BH 2014 Phillipe Martins O Grito Rock voltou ontem (20) a Belo Horizonte e este ano a principal aposta do projeto é a reunião de artistas, produtores, articuladores políticos e movimentos da capital mineira para a construção de uma grade multifacetada. Tanto pela incidência das pautas políticas da cidade em sua programação, como pelos diferentes locais e intervenções que irão acontecer até o próximo sábado, o festival traz para BH a lógica colaborativa que torna possível a sua realização integrada a cerca de 400 outras cidades. As atividades começaram na casa de shows Studio Bar, onde as bandas Black Drawing Chalks e Absinto Muito se apresentaram na noite de ontem. Ambas são expoentes da música independente no país, o que reafirma o festival como facilitador na circulação de artistas e bandas de toda a América Latina, como explica Gabriel Murilo, morador da Casa Fora do Eixo Minas e um dos organizadores do evento. “O fomento da cadeia produtiva da música se manteve nos objetivos prioritários do Grito BH”, comenta. Apesar da programação musical, a edição 2014 se abre para outras manifestações artísticas e políticas. Na sexta (21), por exemplo, o Grito Rock apresenta uma festa na Escola de Samba Cidade Jardim com direito a Duelo de MCs, ação tradicional do coletivo Família de Rua, ao som de bateria carnavalesca e ainda en- saio coletivo de blocos de rua. No sábado (22), diversos grupos e agentes da comunidade Santa Maria estão juntos para a realização do Grito Rock na área de lazer do bairro. O objetivo é promover a interação entre Reprodução os moradores e a revitalização do local. A programação conta atividades para as crianças, Pós TV, ações ecológicas, debate sobre a cultura de periferia e ainda dois palcos com programação durante todo o dia. Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 AGENDA DO FIM DE SEMANA MÚSICA CARNAVAL Show com o cantor Siba. Sexta (21), às 22h, na Casa Una de Cultura (Rua Aimorés, 1451, Lourdes). Distribuição de ingressos uma hora antes da apresentação. CARNAVAL é tudo de graça! BAR NA RUA Apresentação do grupo Afoxé Bandarerê, com participação especial de Maurício Tizumba, Raquel Coutinho, Samba da Meia Noite e Pena de Pavão de Krishna. Domingo (23), das 14h às 17h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821, Padre Eustáquio). CLUBE DE LEITURA O Isoporzinho BH reúne pessoas contra os altos preços dos bares e restaurantes da capital, que levam de casa Apresentação da Orsua própria cerveja, gequestra Sinfônica de lo e isopor e se diverMinas Gerais. Quarta tem em lugares públi(26), às 21h, no Museu cos da cidade. Sábado Inimá de Paula (Rua da (22), às 14h, na Praça Bahia, 1201, Centro). da Estação. Encontro literário discute o livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Sábado (22), de 13h às 17h, no Centro Cultural Vila Santa Rita (Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita). cultura | 15 Segunda a quinta-feira LITERATURA FOTOGRAFIA Um mesmo olhar - fotografia de Dimas Guedes reúne registros de construções arquitetônicas e cenas cotidianas das mais diversas cidades do Brasil e do mundo, feitas pelo fotógrafo Dimas Guedes, nos últimos 43 anos. De 26 de feSempre Um Papo com Adélia Prado. A autora vereiro a 6 de abril, terças fará leitura de poemas, responderá perguntas a sábados, das 9h às 21h e do público e lançará seu mais recente livro “Mi- domingos, das 16h às 21h, serere”. Quinta (27), às 19h30, no Teatro Sesi- no Centro de Arte Contemminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). porânea e Fotografia (Av. Afonso Pena, 737, Centro). CINEMA CARNAVAL EXPOSIÇÃO Mostra História Permanente do Cinema exibe filmes de diretores consagrados, como Woody Allen e Mark Sandrich. Até 27 de fevereiro, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Exposição Improvável apresenta série de fotografias artísticas, baseadas em acontecimentos, a princípio, improváveis de acontecer. Até 13 de abril, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Mostra Muros Vivos retrata arte urbana de Belo Horizonte. Até 05 de abril, de segunda-feira a domingo, das 9h às 17h, no Sesc Venda Nova (Rua Maria Borboleta, s\nº, Letícia). esporte | na geral Futebol Americano Sábado tem jogo das estrelas da NBB Divulgação Já estão definidas as equipes do “Jogo das Estrelas” do Novo Basquete Brasil (NBB), que será realizado neste sábado (22), às 10h, no Ginásio Paulo Sarasate, em Fortaleza. A equipe titular do NBB Brasil (dos atletas brasileiros) vai de Nezinho, Alex, Marcelinho, Guilherme Giovannoni e Murilo. Já a equipe do NBB Mundo (dos atletas estrangeiros) será composta por Laprovittola, Shamell, Robert Day, Jerome Meyinsse e DeVon Hardin. O jogador de futebol americano Michael Sam fez história ao assumir publicamente sua homossexualidade numa rede de TV. Num esporte completamente dominado por homens, a reação de solidariedade dos companheiros de equipe deixou o atleta surpreso e aliviado. O mesmo, no entanto, não aconteceu com a crítica especializada no assunto. Antes do anúncio, que ocorreu no dia 9 de fevereiro, ele era cotado como 90º melhor no ranking da CBS, rede de televisão norte-americana referência no assunto. No dia seguinte, ele aparece como 160º. Sam tem 24 anos e foi eleito o melhor defensor da temporada universitária, jogando pelo Missouri, o que deixou praticamente certa sua atuação em uma das equipes profissionais da Liga Nacional de Futebol americano (NFL). É um jogador de um futuro brilhante e, se aceito na NFL, será o primeiro atleta assumidamente gay da modalidade, o que ajuda a quebrar uma barreira na liga. Líder do Bom Senso F.C é vendido a clube chinês Sul-Americano de Vôlei em Belo Horizonte O zagueiro Paulo André, campeão do mundial de clubes pelo Corinthians em 2012, foi vendido ao clube chinês Shanghai Shenhua, cujo técnico é o brasileiro Cuca. Até então, uma negociação comum, se não fosse a importante posição de Paulo André no Bom Senso Futebol Clube. As críticas à estrutura do futebol brasileiro e principalmente ao atual presidente da CBF, José Maria Marin, fizeram com que Paulo se tornasse uma figura mal vista pelos cartolas. A solução para desarticular o Bom Senso e garantir sossego a Marin no ano de Copa do Mundo foi encomendar a venda do ex-jogador do Corinthians para a China. Mario Gobbi, presidente corintiano, cumpriu à risca a solicitação e despachou o então capitão da equipe para o país asiático. A atitude do maior mandatário do futebol brasileiro nos lembra a ditadura militar, época em que os lutadores e lutadoras do povo, quando não eram mortos, eram obrigados a sair do país. Entre os dias 19 e 23 de fevereiro, a Arena Vivo recebe o Campeonato sul americano de Vôlei Masculino. São oito equipes na disputa e os destaques ficam por conta do anfitrião Minas, o argentino UPCN, atual campeão continental, e o Cruzeiro, atual campeão do mundo. O campeão sul-americano garante vaga no Mundial de Clubes 2014, que será realizado em Betim, de 6 a 11 de maio. ? ?? ? Você Sabia O vôlei é o segundo esporte mais popular do mundo, perde apenas para o futebol. O jogo foi inventado pelo professor William George Morgan em 1895, nos Estados Unidos. No começo, chamava-se mintonette, e era praticado com uma câmara da bola de basquete e uma corda no lugar da rede. 16 | esporte Belo Horizonte, de 21 a 27 de fevereiro de 2014 OPINIÃO Cruzeiro Que venha La U Wallace Oliveira A temporada cruzeirense começa para valer na terça-feira (25), no Mineirão, contra o Universidad de Chile. Isto porque, pela primeira vez no ano, o Cruzeiro enfrentará um adversário realmente forte, que não joga em função do estádio ou da altitude. Para ganhar a Libertadores, o atual campeão brasileiro precisa começar a mostrar tudo o que sabe. Em 2014, ainda não fez uma grande partida, em que pesem as atuações razoáveis contra a URT, o Vila e o Guarani, do time reserva contra o América e do primeiro tempo contra o Real Garcilaso e o Clube Atlético de Marrakesh. O adversário O Club Universidad de Chile nasceu em 1927 da união de algumas agremiações esportivas universitárias de Santiago. Conhecido como Light Press La U, tem como principais títulos o campeonato nacional (16 vezes), a Copa Chile (4) e a Sul-americana de 2011. Seus melhores desempenhos na Libertadores ocorreram em 1970, 1996, 2010 e 2012, quando chegou às semifinais da competição. O Cruzeiro enfrentou La U duas vezes, ambas nas oitavas de final da Libertadores 2009. No Estádio Nacional Julio Martínez, 2 a 1 para La Bestia Negra de las Americas, com gols de Soares e Marquinhos Paraná. No Mineirão, 1 a 0, com gol de Kléber. Os pontos fortes da equipe do técnico Cristián Romero são os atacantes Patricio Rubio, Isaac Díaz e, principalmente, o excelente Rodrigo Mora, bem como a dupla de armadores Ramon Fernandéz e Juan Rojas, que parece chegar ao entrosamento. O setor defensivo é muito ruim: marca mal e não tem boa saída de bola. OPINIÃO Atlético Nada como um dia após o outro Bruno Cantini Carlos Cruz OPINIÃO América Rogério Hilário Futebol de péssima qualidade Bráulio Siffert Acabou o otimismo: está difícil assistir aos jogos do América. Pouquíssima criatividade, pouquíssimos ataques, falta de vontade, muitos passes errados, muitas faltas, muitos erros primários e poucos jogadores de qualidade. E como os adversários também estão ruins, os jogos parecem mais peladas de amadores. No jogo contra o Minas Boca, foram mais de 40 faltas e, somando os dois times, só 13 chutes a gol. O time virou um amontoado de jogadores de empresários, que só querem fazer ponte no Amé- rica para tentar seguir para “um time maior”. Vamos dar mais um tempo para o Moacir Júnior, mas parece que não adianta mudar de técnico, pois o elenco é limitadíssimo. Está começando a chegar a hora de rever é o comando do América. Chega de conversinha, de justificativas, de desculpas, o torcedor quer é resultado, ou, no mínimo, jogadores comprometidos. Apesar dos pesares e da desconfiança de muitos, inclusive alvinegros, o Atlético comprovou contra a fraca (é bom frisar) URT a qualidade do seu elenco. Apenas com reservas, o Galo fez sua melhor partida do Estadual e goleou, fora de casa (o significado disto é um tanto vago, quando o adversário é uma equipe do interior, pelo menos aqui em Minas), e tirou um pouco do peso, para mim injustificado. Embora, confesso, andasse meio ressabiado com a capacidade dos reservas, mas confiante na participação do time na fase final da competição, alguns jogadores me surpreenderam, outros confirmaram o talento. Edcarlos e o argentino Otamendi tranquilizaram o técnico Paulo Autuori e a massa, apesar do afastamento de Réver por até três meses após cirurgia no tornozelo esquerdo. Os laterais Alex e Michel, este autor de um golaço, mostraram serviço, enquanto Guilherme e André, autor de dois gols, comprovaram qualidade suficiente para brigar por vaga no time principal. Leandro Donizete, que finalmente retorna de lesões, também tem chances de lutar para figurar entre os titulares. Na partida deste domingo, clássico contra o América, os suplentes eventuais novamente devem ser escalados pelo treinador, já que na próxima quarta-feira (26), o Atlético receberá o Independiente de Santa Fé, Colômbia, em sua primeira partida em casa pela Copa Libertadores. Nada como um dia após o outro. Não perco a mania de citar velhos ditados.