Antonio Carlos Cedin RECORRÊNCIA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA ATRESIA COANAL CONGÊNITA Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Doutor em Ciências. São Paulo 2010 Antonio Carlos Cedin RECORRÊNCIA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA ATRESIA COANAL CONGÊNITA Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Doutor em Ciências. Orientador: Profª. Drª. Shirley S. N. Pignatari Co-orientador: Prof. Dr. Oswaldo Laércio M. Cruz São Paulo 2010 Cedin, Antonio Carlos Recorrência no tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita / Antonio Carlos Cedin. – São Paulo, 2010. xiii, 53f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Título em inglês: Recurrence in choanal atresia surgery 1. Atresia das Coanas/cirurgia 2. Endoscopia 3. Retalhos cirúrgicos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Chefe do Departamento: Prof. Dr. Paulo Augusto de Lima Pontes, Professor Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia, do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Coordenador do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Luc Louis Maurice Weckx, Professor Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia Pediátrica, do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. iii Antonio Carlos Cedin RECORRÊNCIA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DA ATRESIA COANAL CONGÊNITA Presidente da banca: Profª. Drª. Shirley S. N. Pignatari BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Aldo E. Cassol Stamm Prof. Dr. José Eduardo Dolci Prof. Dr. Luis Ubirajara Senes Prof. Dr. Marcos Mocellin iv Dedicatória À minha esposa Leila e aos meus filhos Renato e Paula pelo estímulo e apoio. Aos meus pais Pedro e Norma ( in Memorian ) pela minha formação e exemplo. v Agradecimentos Ao Prof. Dr. Paulo Augusto de Lima Pontes, pelo exemplo. Ao Prof. Luc Lui Maurice Wecks, pela oportunidade de realizar este trabalho na Disciplina de Otorrinolaringologia Pediátrica. Ao Dr. Ivan Cardoso Fairbanks Barbosa, pelo incentivo e apoio profissional. A Profª. Drª. Shirley N. N. Pignatari pela orientação neste estudo. Ao Prof Dr. Oswaldo Laércio M. Cruz pela fraterna amizade e coorientação. À Drª. Fátima Regina de Abreu Alves pela inestimável participação na elaboração da revisão sistemática deste trabalho. Ao Prof. Dr. Álvaro Atallah diretor do Centro Cochrane Brasil pela cooperação. À Regis Andriolo pesquisador associado do Centro Cochrane Brasil pela sua assistência. Aos nossos residentes e fellows pela colaboração. Aos nossos pacientes, sujeitos deste estudo e seus familiares. vi Sumário Dedicatória................................................................................................................................v Agradecimentos ....................................................................................................................... vi Lista de figuras ...................................................................................................................... viii Lista de tabelas........................................................................................................................ ix Lista de Quadros ......................................................................................................................x Resumo ................................................................................................................................... xi 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1 1.1 Objetivo ............................................................................................................................ 8 2.REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 9 3. MÉTODO .......................................................................................................................... 15 3.1 Atresia unilateral............................................................................................................. 17 3.2 Atresia bilateral............................................................................................................... 18 3.3 Identificação e inclusão dos estudos.............................................................................. 19 3.4 Análise estatística .......................................................................................................... 25 4. RESULTADOS ................................................................................................................. 26 5. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 32 6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 43 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 45 Anexos Abstract Bibliografia consultada vii Lista de figuras Figura 1. Incisão em mucosas, septal contralateral e da parede faríngea da atresia. .......... 17 Figura 2. Rotação e fixação com cola dos retalhos. .............................................................. 17 Figura 3. Incisão da mucosa da parede faríngea da atresia. ................................................ 18 Figura 4. Rotação e fixação dos retalhos. ............................................................................. 18 Figura 5. Cirurgia da Atresia Coanal Unilateral. A) pré-operatório. B) pós-operatório .......... 27 Figura 6. Cirurgia da Atresia Coanal Bilateral. A) Pré-operatório - Recém-nascido. B) Pósoperatório - 1 ano. C) Pós-operatório - 10 anos. ................................................................... 28 viii Lista de tabelas Tabela 1. Correção endoscópica da atresia coanal congênita com rotação de retalhos ...... 29 Tabela 2. Cirurgias Com/Sem Retalho .................................................................................. 30 Tabela 3. Chance de falhas nas cirurgias ............................................................................. 31 Tabela 4. Moldes/Procedimentos associados/Intercorrências .............................................. 36 ix Lista de Quadros Quadro 1. Revisão da Literatura............................................................................................ 20 Quadro 2. Continuação da Revisão da Literatura ................................................................. 22 Quadro 3. Codificação para Leitura das Planilhas ................................................................ 24 x Resumo Desde o primeiro relato de tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita em meados do século XIX, diferentes acessos e técnicas foram descritos. Entretanto, ainda não há consenso na literatura a respeito da técnica ideal para o tratamento desta mal formação. A principal complicação do tratamento desta mal formação é a reestenose. As estatísticas dos índices de reestenose variam na literatura de 9% a 36%, com uma média de 4 a 6 reoperações por paciente. Os principais procedimentos cirúrgicos usam os acessos transnasais (endoscópico ou microscópico) e transpalatinos. Apesar disto, a escolha entre os dois acessos e também o uso de procedimentos auxiliares como, moldes, dilatações e mitomicina C permanecem controversos. Previamente, descrevemos uma técnica transnasal endoscópica para a correção da atresia coanal congênita que utiliza retalhos de mucosa de septo nasal e da parede faríngea da atresia que dispensa uso de moldes ou tampões no pós operatório. Nesta técnica, utilizamos cola de fibrina para a fixação dos retalhos que protegem as áreas ósseas cruentas. Assim, a reparação tecidual local é mais rápida e a possibilidade de reestenose é menor. Outros autores também publicaram resultados satisfatórios do tratamento da atresia coanal com diferentes técnicas de confecção de retalhos por via transnasal endoscópica. Entretanto, ainda não há consenso na literatura sobre as vantagens do uso de retalhos na cirurgia da atresia coanal para a prevenção de recorrências. Devido à controvérsias na literatura, quanto à melhor opção de tratamento destes casos, é preciso buscar evidência que oriente a tomada de decisão pela cirurgia que ofereça o menor índice de recorrência no tratamento da atresia coanal congênita. Com este objetivo, estudamos os resultados de uma série de 21 pacientes operados pela nossa técnica, para o tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita, acompanhados por 6 mêses à 10 anos. Estes resultados foram analizados com os de outros autores selecionados por revisão sistemática da literatura. Foi realizado estudo destes dados com o objetivo de determinar a significância dos retalhos na diminuição do índice de recorrências. A análise estatística dos dados mostrou que a possibilidade de reestenose das técnicas com retalhos foi de 9,25% portanto, bem inferior aos 30,02% daquelas que não os utilizam. A taxa de sucesso de 90,75%, com uso de retalhos, também supera os 69,98% calculados para as técnicas que xi dispensam sua utilização. A chance de reestenose com a proteção dos retalhos é 23,7% do risco das técnicas sem retalhos, considerando o intervalo de confiança de 95%(IC95% [0,1370;04120]) e p<0,001. Estes resultados devem ser interpretados ressalvando-se as limitações de qualidade metodológica dos estudos disponíveis na literatura atual para a inclusão de seus dados nesta análise. Entretanto, apesar destes serem os únicos com que no momento podemos contar, eles corroboram os resultados isolados dos diferentes autores que utilizam retalhos para a correção cirúrgica da atresia coanal congênita os quais mostram que suas cirurgias proporcionam menores índices de reestenose. xii 1. INTRODUÇÃO Introdução |2 A atresia coanal congênita é uma anomalia rara, caracterizada pela obstrução unilateral ou bilateral da abertura posterior da cavidade nasal. O termo obliteração coanal é mais descritivo devido às características do terço posterior do vômer que se alarga e se encontra medialmente com o processo pterigóideo (Harner et al., 1981). Os limites da placa atrésica são a superfície inferior do corpo do esfenóide superiormente, as lâminas pterigóides mediais lateralmente, o vômer medialmente e a porção horizontal do osso palatino inferiormente (Shirkhoda, Bigger, 1982). A primeira referência na literatura a esta malformação é de Johamm Roederer em 1755 (Flake, Fergunson, 1964). Sua ocorrência está estimada em 1:5000 a 1:8000 nascidos vivos, sendo duas vezes mais prevalente no sexo feminino e o lado direito, o mais acometido (Maniglia, Goodwin, 1981; Hengerer, Strome, 1982). As atresias unilaterais são encontradas com maior freqüência, representando cerca de 60 a 70% dos casos. Não há apenas uma membrana obliterando a coana, mas também a medialização das apófises pterigóides e da parede lateral do nariz (Tadmor et al., 1984). Os primeiros estudos relatam prevalência de 90% de placas atrésicas ósseas e 10% de constituição membranosa (Pirsig, 1986). Estudos recentes evidenciaram que 70% das atresias são mistas (ósseo-membranosas), enquanto apenas 30% são de natureza puramente óssea (Brown et al., 1996). A embriogênese da atresia coanal não está ainda totalmente esclarecida, apesar de várias hipóteses terem sido descritas. Das teorias existentes, a falta de reabsorção da membrana buco-faríngea, a permanência da membrana naso-bucal de Hochstetter e a teoria na qual há uma alteração na orientação das células mesodérmicas que irão constituir a cavidade nasal são as mais aceitas. Outras citam como causa a fusão dos processos palatinos, não somente com o septo, mas também com a base do osso esfenóide, resultando no aspecto em delta visualizado nas tomografias axiais da estrutura óssea dessa mal formação (Evans, Maclachlan, 1971; Hengerer, Strome, 1982; Gras et al., 1991). Novas teorias relacionam distúrbios do metabolismo da vitamina A com a ocorrência da atresia de coanas. O ácido retinóico é metabolizado a partir da vitamina A pela retinoaldeido desidrogenase e é indispensável para a ontogênese de diversos tecidos. Experimentos em cobaias evidenciaram que a supressão da síntese de ácido retinóico pela falta de retinoaldeido desidrogenase 3, causaram malformações Introdução |3 restritas à área ocular e nasal similares às conseqüentes à deficiência de vitamina A e das decorrentes da mutação dos receptores de àcido retinóico (Dupé et al., 2003). Estudos recentes relacionam ocorrência de atresia coanal em crianças não sindrômicas nascidas de mães com hipertireoidismo tratados com thionamida. Aparentemente, tanto o elevado nível de tireotropina destas pacientes causando alteração na expressão do FGF e fatores angiogênicos como também a própria medicação levariam à esta mal formação (Greenberg, 1987; Barbero et al., 2004, 2008; Foulds et al., 2005). As atresias coanais podem estar associadas a outras mal formações entre 41 a 72% dos casos. Atresias bilaterais, frequentemente são acompanhadas por desordens do desenvolvimento das estruturas maxilo-faciais. Elas podem estar descritas como partes de mal formações em síndromes de Down, Treacher-Collins, Apert e Crouzon, entre outras. Hall (1979) e Hittner et al. (1979), foram os primeiros autores a relatarem a associação da atresia coanal com outras mal formações congênitas. Por isso esta associação também é chamada de síndrome de Hall-Hittner. Pagon et al., em 1981, cunhou o acrônimo CHARGE com as iniciais em inglês de Coloboma ocular, Heart defect, Atresia Choanae, Retarded growth and development, Genital hypoplasia and Ear anomalies/deafness para definir esta associação sindrômica. Blake e Prasad (2006) definiram critérios para enquadrar os pacientes na síndrome de CHARGE. Desta forma, pacientes com atresia e portadores das quatro maiores malformações (cardíacas, orelhas. coloboma e genitais) estariam enquadrados na síndrome de CHARGE. Estudos antigos, baseados em critérios clínicos relatam que 30% das crianças com atresia coanal tem síndrome de CHARGE (Leclerc, Fearon, 1987). Entretanto, alterações detectadas no gene CHD7 foram identificadas em 67% dos pacientes com CHARGE, possibilitando um novo critério para sua caracterização (Jongmans et al., 2006) A participação do gene CHD7è desconhecida (Sanlaville, Verloes, 2007). A atresia coanal congênita, quando unilateral, pode passar desapercebida por apresentar apenas leves sintomas de obstrução e rinorréia persistentes do lado atrésico. Os sintomas respiratórios, nesses casos, não são intensos e não trazem Introdução |4 risco ao recém-nascido (Samadi et al., 2003). Por outro lado, a atresia coanal congênita bilateral deve ser suspeitada quando o recém-nascido apresenta sinais de asfixia e cianose que melhoram com o choro. Os neonatos são, a princípio, respiradores nasais e mais de 50% desaturam quando estão com as narinas obstruídas (Miller et al., 1985). A avaliação da obstrução nasal no recém-nascido inclui não só o diagnóstico da atresia, mas também os diferenciais com a síndrome do stuffy nose, estenose da abertura piriforme, encefalocele, tumores e deformidades do septo nasal (Benjamin, 1985). Alguns testes podem ser utilizados para a investigação da patência das coanas. A passagem de cateter nasal até sua visualização na orofaringe, imagem condensada do ar expirado em espelho colocado frente às narinas, gotas de azul de metileno nas cavidades nasais verificando sua passagem para a garganta e o movimento de fio de algodão frente às narinas com a boca fechada sugerem, quando negativas, alteração da permeabilidade coanal. O imitanciômetro automático tambem foi utilizado por Effat como ferramenta de triagem nos casos suspeitos de atresia de coanas (Effat, 2005). O nasofibroscópio flexível pode ser usado após limpeza das cavidades nasais por sucção, com bastante vantagem sobre os outros meios diagnósticos, para detectar a imperfuração coanal na maioria dos casos. O estudo radiológico simples com o uso de contraste instilado nas cavidades nasais, na incidência de Hirtz ou em posição de perfil, pode ser útil apenas para verificar a permeabilidade das coanas para a rinofaringe. Entretanto, não possibilita determinar a constituição desta imperfuração. A tomografia computadorizada é o procedimento de escolha para a avaliação da atresia coanal congênita, não só para o correto diagnóstico, como também para a determinação de sua constituição, o que facilita o planejamento cirúrgico. O diagnóstico definitivo é establecido com a tomografia computadorizada dos seis paranasais e base de crânio após limpeza das cavidades nasais porque muitas vezes fica difícil distinguir radiologicamente o muco retido nas cavidades nasais da placa atrésica (Brown et al., 1996). A tomografia computadorizada identifica a Introdução |5 natureza e severidade da obstrução anatômica permitindo o diagnóstico diferencial entre outras causas de impermeabilidade como, desvios septais, tumores, polipos, hipertrofias de cornetos, estenose da abertura piriforme, etc. (Brown et al., 1996 ). A largura média do espaço coanal no recém nascido medido da parede lateral da cavidade nasal ao vômer é 0.67 cm, aumentando para 0.86cm aos 6 anos e 1.13 cm aos 16 anos de idade. Em pacientes com menos de 8 anos de idade o vômer mede menos que 0.23 cm de largura e não deve exceder 0.34 cm; em crianças acima de 8 anos, a largura média do vômer é 0.28 cm e não deve exceder 0.55 cm (Slovis et al., 1985). O aspecto tomográfico nas atresias usualmente é de estreitamento posterior das cavidades nasais com alargamento da porção posterior do vômer e das lâminas pterigoideas mediais que, nas bilaterais, se aproximan medialmente promovendo o caracteristico aspecto em delta observado nas incidências axiais. Esta configuração óssea pode complementar sua fusão central com tecido ósseo, configurando as atresias puramente ósseas, ou apenas com tecido mucoso, nos casos denominados de atresias mistas. Os casos de atresias unilaterais podem muitas vezes ser diagnosticados tardiamente por não apresentarem sintomas característicos e não oferecerem risco à criança (Samadi et al., 2003; Kubba et al., 2004). Por outro lado, nos casos bilaterais, o recém-nascido necessita de tratamento emergencial porque a maioria deles entra rapidamente em severa insuficiência respiratória que pode levar à morte, visto que, a respiração oral no recém-nascido ocorre somente ao redor da terceira semana de vida. Porém, relatos de pacientes adultos com atresia bilateral indicam que alguns neonatos podem respirar pela boca (Chung et al., 2001; Panda et al., 2004). Nas atresias coanais bilaterais, o objetivo primário das medidas de emergência deve ser a manutenção da permeabilidade do trato respiratório superior através de entubação oro-traqueal, cânula de Guedel ou chupeta de McGovern. Esse procedimento inicial permite ganhar tempo para melhor avaliação da mal formação e aguardar condições ideais para o tratamento cirúrgico definitivo (McGovern, 1961; Stamm, Pignatari, 2001). Introdução |6 Desde o primeiro tratamento cirúrgico para a atresia coanal congênita relatado por Carl Emmert* em meados do século XIX (citado por Hengerer et al., 2008) que consistia na puntura cega transnasal da atresia, com trocar curvo, diferentes técnicas e abordagens têm sido descritas na literatura atribuindo vantagens e desvantagens a cada uma delas (Durmaz et al., 2008). Vários destes tratamentos cirúrgicos são acompanhados de procedimentos adjuvantes como moldes, dilatações, antimitóticos, etc. Entretanto, ainda não existe consenso sobre qual seja o tratamento ideal para esta malformação. Há apenas unanimidade em relação ao tratamento da atresia bilateral que deve ser o mais precoce possível (Rudert, 1999). O tratamento ideal deve promover adequada patência funcional das coanas a longo prazo. Deve evitar injúria a qualquer estrutura em desenvolvimento, ter curto tempo cirúrgico assim como de hospitalização e apresentar mínima morbidade e mortalidade (Pirsig, 1986). As principais técnicas cirúrgicas descritas usam as abordagens transnasais e transpalatais. O acesso transpalatino, primeiramente descrito por Brunk** em 1909 (citado por Stieve et al., 2009), permite boa visualização do campo operatório e fácil manipulação cirúrgica, porém, o tempo cirúrgico é longo, com sangramento e possibilidade de lesão do pedículo da artéria grande palatina levando à necrose do retalho mucoso do palato. Há também risco de alterações do crescimento do arco palatino. Alguns autores reservam esta técnica para cirurgias revisionais. O acesso transnasal é considerado como procedimento que oferece bons resultados desde os anos 80, independentemente das técnicas ou instrumentais empregados (perfuração, fresa, laser, etc). Este acesso, que permite visão direta do * Emmert C. Stenochorie und atresie der choannen, Lehrbach der Speciellen chirurgie. Stuttgart (Germany): Dann; 1854:535-38 apud Hengerer AS, Brickman TM, Jeyakumar A. Choanal atresia: embryologic analysis and evolution of treatment, a 30-year experience. Laryngoscope. 2008 May;118(5):862-6 ** Brunk A. Ein neuer Fall von einseitigem knöchernem Choanalverschluß. Operationsversuch vom Gaumen. Z Ohrenheilkunde. 1909;59:221 apud Stieve M, Kempf HG, Lenarz T. Management of choanal atresia in cases of craniofacial malformation. J Maxillofac Oral Surg. 2009;8(1):52-4. Introdução |7 campo operatório e tempo cirúrgico mais curto, diminui o risco anestésico, oferece mínimo sangramento e não compromete o crescimento facial. Estudos apoiados pela Academia Americana de ORL Pediátrica indicam tendência de melhores resultados com as abordagens transnasais (Wilson et al., 1998). A escolha entre os dois diferentes acessos, várias técnicas e a utilização de procedimentos associados como o uso de moldes e antimitóticos locais, permanece controverso no tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita (Park et al., 2000). A principal complicação das cirurgias para o tratamento desta malformação é a reestenose coanal pós-operatória. As estatísticas dos índices de reestenose variam na literatura de 9% à 36%. Aparentemente, as mais altas taxas de reestenoses estão relacionadas às faixas etárias mais baixas dos pacientes operados e à bilateralidade da imperfuração. Também, a utilização ou não de moldes, particularidades técnicas do procedimento cirúrgico e dos cuidados pósoperatório, são considerados como fatores de influência no resultado do tratamento (Teissier et al., 2008). Publicações recentes que preconizam o acesso transnasal assistido por endoscopia e o uso de retalhos mucosos de septo nasal ou de mucosa faríngea da imperfuração para proteção das áreas ósseas cruentas, relatam menores índices de reestenose e ausência de complicações. Estes aspectos técnicos dispensariam o uso de moldes diminuindo o índice de insucesso e a necessidade de reintervenções (Rudert, 1999; Stamm, Pignatari, 2001; Cedin et al., 2002, 2006). Não há, porém, até o momento, evidência consistente para orientar a tomada de decisão a respeito de qual modalidade de tratamento cirúrgico oferece menor índice de reestenose. Introdução |8 1.1 Objetivo O objetivo do estudo foi determinar a significância dos retalhos de mucosas para a prevenção da reestenose no tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita. 2.REVISÃO DA LITERATURA R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a | 10 Revisando-se a literatura, observa-se, na ultima década, gradual mudança no manejo cirúrgico da atresia coanal congênita. Um dos primeiros tratamentos descritos na literatura para a atresia coanal congênita é a puntura transnasal descrita por Carl Emmert em 1854 com um trocar passado às cegas pela narinas para permeabilizar as coanas. Nesta época, devido à precariedade do instrumental, dificuldade de visualização endonasal e por oferecer grande risco de lesões à base do crânio, esta prática acabou abandonada. A cirurgia transpalatina descrita por Brunk em 1909 e suas variantes, veio substituir a abordagem rudimentar pela via transanasal com puntura descrita por Emmert. Apesar de sua agressividade sobre as estruturas ósseas em crescimento, durante muitos anos foi a via de acesso de eleição empregada para o tratamento desta anormalidade com relato de sucesso entre 80% e 90% dos casos (Owens, 1965). Anderhuber e Stammberger (1997), relatam 07 casos nos quais decidiram testar uma nova abordagem de tratamento da atresia coanal por via transnasal endoscópica com endoscópios rígidos de 0 e 30º de 2.7 mm de diâmetro. Nesta técnica a remoção da placa atrésica foi feita por puntura e fórceps circular. Foram colocados moldes em todos os pacientes por 3 a 4 semanas. O follow up foi de 1 a 3 anos. Apenas um paciente necessitou de reoperação. Josephson et al. (1998), operou por via transnasal endoscópica 15 pacientes, utilizando instrumental convencional de microcirurgia em 08 pacientes e fresa nos 07 restantes. Não utilizou retalhos, e fez uso de moldes em todos eles. O seguimento foi maior do que 6 meses em todos os pacientes. Dois pacientes necessitaram de reoperação. Saetti et al. (1998), realizou cirurgia em 30 pacientes sendo 22 cirurgias endoscópicas sem retalhos com molde e 08 cirurgias transnasais por puntura e moldes. Do total, 28 pacientes foram reoperados para obtenção da patência final. Wiatrak (1998), operou 13 casos, sendo 11 deles, por via endoscópica sem retalhos e sem moldes, e dois via transpalatina, todos os pacientes apresentavam atresia unilateral. Concluindo que o tratamento via transnasal, apresentou excelente resultado pós-operatório em um seguimento de 3 meses a 7 anos. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a | 11 Gordts et al. (2000), relatam 26 casos de atresia coanal operada entre 1999 e 2000 de quatro diferentes instituições. Metade das cirurgias foi realizada por via endoscópica e o restante por via não endoscópica. Relata a impossibilidade de comparar os resultados entre os dois métodos. Dedo (2001), descreveu 18 casos operados por técnica transnasal microscópica com flaps, utilizando flaps de mucosa da parede anterior da atresia, recortado com faca de miringotomia e ressecção com laser de CO², todos os pacientes utilizaram moldes. Apresentou apenas duas recidivas durante o follow up de 5 a 8 meses. Holland e Guirt (2001), revisaram 23 pacientes, 17 submetidos a cirurgias transpalatinas e 06 por via endoscópicas, não utilizando retalhos em nenhuma delas. Em oito pacientes foi associado mitomicina intra-operatória. Ele conclui que o uso de mitomicina pode diminuir a necessidade de reoperações e eliminar o uso de moldes. Roumbaux et al. (2001), em um estudo retrospectivo de 38 pacientes, entre 1998 e 2000, relata cirurgia transpalatina na maioria dos pacientes e uso de moldes. Após esta revisão, conclui que a melhor estratégia para o tratamento desta malformação é a abordagem endoscópica endonasal, utilizando moldes nos casos bilaterais, e a transpalatina nos casos de recorrência. Stamm e Pignatari (2001), na sua série 33 pacientes submetidos a cirurgia microendoscópica com confecção de retalhos de septo, denominada “nasal-septal cross-over flap technique” relatam recidiva em 06 casos e uso de tampão nasal com dedo de luva por até uma semana. Uri e Greenberg (2001), relatam 07 casos de pacientes submetidos a cirurgia endoscópica transnasal com retalhos, num período de 5 anos, com reoperação em apenas um caso e uso de moldes em todos os pós-operatórios. Holzmann e Ruckstuhl (2002), apresentam uma série de 07 pacientes operados via transnasal endoscópica com uma técnica de retalhos sem uso de molde. Nesta técnica, é removido parte da parede anterior e do assoalho esfenoidal. Não relatam recorrência. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a | 12 Khafagy (2002), operou 07 pacientes em técnica transnasal endoscópica sem retalho, em paciente com atresia coanal bilateral e uso de moldes por até 8 semanas. Relata duas reestenoses. Van Den Abbeele et al. (2002), apresenta revisão de série de 40 pacientes operados por via endoscópica sem uso de retalhos com moldes por apenas dois dias. Apresentou 6 recorrências. Conclui que com o emprego do microdebridador, há melhora dos resultados e diminui o tempo do uso do molde. Roumbaux et al. (2003), relatou uma série de 7 casos operados por via transnasal endoscópica sem retalhos ou moldes. Com uso do microdebridador e aplicação de mitomicina. Apresentou uma recorrência. Não considera a mitomicina como fator preventivo de recorrência. Mc Leod et al. (2003), descreve uma série de 06 crianças tratadas por via endoscópica e microdebridador para remover as partes ósseas. Não apresentou nenhuma recidiva. Não usou moldes ou confeccionou retalhos. Pasquini et al. (2003), publicou uma série de 14 pacientes. Três pacientes com idade entre 8 e 20 dias apresentavam atresia coanal bilateral. Todos foram operados por técnica transnasal endoscópica com retalhos, com apenas uma recorrência. Triglia et al. (2003), relata uma revisão com 58 crianças, sendo 41 submetidas a cirurgia transpalatina e 17 à cirurgia endoscópica sem retalho e com stent. Conclui que o procedimento endonasal utilizando microdebridador parece ser instrumento promissor para o tratamento da cirurgia da atresia coanal. Ayari et al. (2004), relata série de 20 crianças submetidas a cirurgia endonasal endoscópica utilizando microdebridador e mitomicina, com uma média de 1.7 cirurgias por criança, apresentando recorrência em 12 pacientes operados. Gujrathi et al. (2004), em estudo retrospectivo de 10 anos, apresenta 52 neonatos tratados por puntura e dilatação seriada seguida do uso de molde por 3 meses. Um dos pacientes dos 5 que apresentaram reestenose, necessitou de molde por um ano. Conclui que a técnica de dilatação seriada e uso de molde apresenta resultados superiores as técnicas endoscópicas e microdebridadores. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a | 13 Bergonse et al. (2005), apresenta uma série de 16 casos variando de recém nascido até 20 anos operados por via transpalatina, uso de moldes com permanência média de 2 meses e acompanhamento de um ano. Relatam recorrência de um caso. D’Eredita (2005), relata o tratamento cirúrgico endoscópico com diodo laser em 4 neonatos com atresia bilateral e tempo de uso de moldes de 4 a 13 semanas. Apresentou 3 recorrências. König (2005), descreve sua técnica endoscópica com retalhos, fixados com cola, sem moldes, em quatro pacientes operados previamente sem nenhuma recorrência. Cedin et al. (2006) relata 10 casos de atresia coanal, 3 bilaterais e 7 unilaterais, com idades entre 4 dias e 30 anos, operados por técnica transnasal endoscópica e uso de retalhos sem moldes. Não relata recorrência nesta série. Önerci et al. (2006), descreve um estudo com técnica transnasal endoscópica com retalhos, sem moldes em 24 pacientes com 3 recorrências em casos de atresia bilateral. Schraff et al. (2006), apresenta estudo retrospectivo em 57 pacientes, sendo 45 operados por via endoscópica sem retalhos e com moldes, e 12 não endoscópica com moldes, apresentando 24 recorrências. Sugere que pacientes com CHARGE e atresia bilateral devem ser primariamente operados por via transpalatina. Sharma et al. (2006), relata série de 13 casos sendo 7 operados via endoscópica sem retalhos e com moldes. Seis casos operados por via endoscópica sem retalhos e sem moldes. Apresenta 6 recorrências e sugere o uso de moldes. Gosepath et al. (2006), descreve em seu estudo retrospectivo de 41 casos operados em sua maioria por técnica endoscópica sem retalhos. Em aproximadamente metade dos casos, foram utilizados moldes. Observou 15 recorrências. Recomenda a não utilização de moldes, e considera a mitomicina como procedimento auxiliar que pode melhorar o resultado a longo prazo. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a | 14 Yaniv et al. (2007), relata uma série de 17 casos operados por via endonasal e uso de retalhos. Todos estes pacientes haviam sido tratados por dilatação ao nascerem e tiveram reestenoses. Relata apenas uma recidiva. Nour e Foad (2008), apresentam estudo prospectivo de 14 neonatos com técnica com retalhos e uso de moldes, sem nenhuma recorrência. A falta de consenso na literatura sobre a cirurgia ideal para a correção desta malformação, decorre de não haver estudos prospectivos, randomizados e controlados que ofereçam evidência consistente para a tomada de decisão por solução mais resolutiva e de menor morbidade. 3. MÉTODO M é t o d o | 16 Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Anexo 1). Todos os responsáveis tomaram ciência e assinaram o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, igualmente avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição (Anexo 2). Foram estudados prospectivamente 21 pacientes operados para reparo da atresia coanal congênita por acesso transnasal assistida por vídeo endoscopia e com uso de retalhos para proteção das áreas cruentas, no período de 1997 à 2008. Os 10 casos iniciais desta série foram para descrição de técnica, motivo de tese de mestrado e publicação (Cedin et al., 2006). Os 11 subsequentes foram acrescentados à série inicial para a avaliação final dos resultados. A idade destes pacientes variou de 4 dias à 32 anos; 4 pacientes são do sexo masculino e 17 do feminino; 13 apresentavam atresia unilateral e 8 bilateral. Quatro pacientes apresentavam malformações associadas: 1 (De Lange); 3 (CHARGE) e 1 alterações esqueléticas do crânio e face. Os diagnósticos foram confirmados por endoscopia nasal rígida ou flexível e tomografia computadorizada nas incidências, axial, coronal e perfil. A composição da placa atrésica era mista em todos os pacientes. O seguimento foi de 6 meses a 10 anos. A cirúrgia foi realizada sob anestesia geral e entubação orotraqueal, com propofol, remifentanil ou sevoflurane. O instrumental cirúrgico utilizado foi o de microcirurgia endonasal, adequado para cada idade dos pacientes, e os de cirurgia otológica para os recém nascidos. O acesso foi transnasal assistido por videoendoscopia com endoscópio rígido de 30 ou 45 graus, por permitirem melhores ângulos de visão no limitado campo cirúrgico, e com 4mm de diâmetro que oferecem maior definição de imagens, especialmente das pequenas estruturas anatômicas dos recém–nascidos. O septo, as placas atreticas e o forâmen esfenopalatino foram infiltrados com solução 1:80000 de adrenalina com epinefrina, utilizando-se agulha de raquianestesia número 22. Vasoconstricção adicional foi obtida com cotonoides embebidos com oxymetazolina 0.5%. A rinofaringe foi protegida com gaze. A técnica cirúrgica utilizada para a correção da atresia obedeceu os seguintes tempos: M é t o d o | 17 3.1 Atresia unilateral Acesso pela cavidade nasal da atresia. Incisão septal na sua intersecção medioposterior. Dissecção e remoção da mucosa homolateral do septo e da placa atresica até à frente da pterigóide medial, lateralmente. Os limites superiores e inferiores devem ser da altura da linha ventral da concha média e o assoalho da cavidade nasal, respectivamente. A seguir, remoção do septo posterior e da placa atrésica, preservando-se as mucosas contralaterais destas estruturas, ou seja, o folheto mucoso da face faríngea da placa atresica e o do septo da cavidade nasal normal. Remoção de parte da pterigóide medial alinhando-se a parede lateral da coana com a da cavidade nasal. Confecção de retalhos com as mucosas preservadas rotando-os e fixando-os sobre as áreas cruentas com cola de fibrina (Figuras 1 e 2). TÉCNICA TRANSNASAL ENDOSCÓPICA COM ROTAÇÃO DE RETALHOS SEM MOLDES * Fonte: Cedin et al., 2006 Fonte: Cedin et al., 2006 Figura 1. Incisão em mucosas, septal contralateral e da parede faríngea da atresia. Figura 2. Rotação e fixação com cola dos retalhos. M é t o d o | 18 3.2 Atresia bilateral Nestes casos, remove-se bilateralmente as mucosas do septo e da face nasal da placa atresica, observando-se os mesmos limites já mencionados para as atresias unilaterais. Preserva-se mucosa da face faríngea da atresia que é modelada, rodada e fixada com cola biológica sobre as áreas ósseas expostas da neocoana (Figuras 3 e 4). TÉCNICA TRANSNASAL ENDOSCÓPICA COM ROTAÇÃO DE RETALHOS SEM MOLDES * Fonte: Cedin et al., 2006 Fonte: Cedin et al., 2006 Figura 3. Incisão da mucosa da parede faríngea da atresia. Figura 4. Rotação e fixação dos retalhos. Nenhum tamponamento ou molde foi utilizado. No pos-operatório os pacientes receberam antibióticos para cobertura de infecções do trato respiratório superior, instilações nasais freqüentes de solução salina 0.9% e gotas de oximetazolina 0.5%. Também se instilou gotas de colírio com garamicina e betametasona. O seguimento mínimo foi de 6 meses e o máximo de 10 anos. O controle pós operatório foi com endoscopia nasal e tomografia computatorizada da face. O conforto respiratório às atividades físicas habituais e alimentação relatado pelos M é t o d o | 19 pacientes ou responsáveis também foi parâmetro considerado para avaliação da patência funcional das coanas. Nesta série de casos foram avaliados o número de revisões cirúrgicas por reestenose, intercorrencias, tempo de seguimento e patencia a longo prazo das coanas operadas. Os resultados desta série foram agrupados com os obtidos dos estudos selecionados pela revisão sistemática para serem submetidos à análise estatística. 3.3 Identificação e inclusão dos estudos Foi realizada busca para seleção de artigos da literatura entre os anos de 1997 e 2008, utilizando-se todas as bases de dados disponíveis (MEDLINE, COCHRANE, SCIELO e LILACS). Os termos utilizados para busca foram coana, atresia, cirurgia, endoscopia e retalhos cirúrgicos, constantes na relação de descritores em ciências da saúde. Os estudos foram analisados com base nas normas de revisão sistemática constantes no Cochrane Handbook for Sistematic Reviews of Intervention, section 4.2.4. editado por Higgins e Green em 2009. Os resumos foram examinados pelo autor e por mais um revisor. Nos casos em que não houve concordância entre os revisores, foram realizadas discussões específicas, até o consenso. Os revisores não estavam cegos para os autores, instituições e jornais de publicação. Não foram pesquisados trabalhos não publicados ou de comunicação pessoal. Foram incluídos estudos com amostras maior ou igual a 4 casos sem limite de idade, gêneros masculino e feminino, portadores de atresia coanal congênita uni ou bilateral, mistas e ósseas, sindrômicos ou não-sindrômicos. As cirurgias realizadas nos pacientes foram pelas técnicas descritas na literatura com ou sem retalhos. O seguimento pós-operatório foi no mínimo de seis semanas. Analisou-se os procedimentos cirúrgicos principais e adjuvantes empregados assim como suas intercorrências. O critério de diagnóstico e controle dos pacientes dos estudos foi por endoscopia nasal e tomografia computadorizada. Foram excluídos os estudos em M é t o d o | 20 outros idiomas que não o Inglês, francês, italiano, espanhol e português. Os artigos foram lidos e analisados criticamente conforme os parâmetros de condução do estudo, seleção dos casos operados, adequada avaliação diagnóstica, descrição do seguimento e procedimentos pós operatórios, tratamento cirúrgico empregado, uso de moldes e número de recorrências. Foram considerados 29 estudos potencialmente elegíveis para análise (Quadro 1, 2 e 3). Quadro 1. Revisão da Literatura (Continua) Autor Nível de evidência Número de casos Faixa etária Gênero Unilateral/Bilateral Sindrômica/Não sindrômica Al-Ammar, 2006 3 Tipo de cirurgia 37 999 13 (M) 24 (F) 23 (U), 14 (Bi) 12 (S), 25 (NS) 30 endosc 8 (M) 12 (F) 15 (U), 5 (Bi) 7 (S), 13 (NS) 20 (2) Al-Ammar, 2007 1 20 média 7,9 meses al-Qahtani, Messahel, 2003 3 1 1(2) 1(M) 1(Bi) 999 1 (6) Anderhuber, Stammberger, 1997 2 7 4 (1), 2 (4), 1 (5) 999 3 (U), 4(Bi) 999 7 (6) Andrade et al., 2005 3 1 1 (5) 1(F) 1(Bi) 1 (S) 1 (8) Ayari et al., 2004 2 20 média 2.7 anos 8(M) 12(F) 16(U) 5(Bi) 5(S) 15(NS) 20(2) Bergonse et al., 2005 3 16 (2, 5) 4(M) 12(F) 8(U), 8(Bi) 10(S), 6(NS) 16(8) Carvesaccio, Hausler , 2000 3 2 1 (3) 1 (4) 1 (M), 1 (F) 2 (U) 1 (S), 1 (NS) 2 (6) Cedin et al.,2006 2 10 1(1),3(2), 2(3), 3(4),1(5) 3(M) 7(F) 7(U) 3 (Bi) 3(S), 7(NS) 10(1) Ceylan et al., 2007 3 1 1 (1) 1(F) 1 (Bi) 999 1 (6) Chia et al., 2002 3 2 2 (4) 2 (M) 2 (U) 2 (NS) 2 (2) Dedo, 2001 3 18 5 (1), 9(2), 2 (3), 1(4), 1(5) 5 (M) 13 (F) 4 (U), 14 (Bi) 4 (S), 14 (NS) 16 (5), 2 (1) D'Eredita, 2005 2 4 3 a 5 dias 999 4 (Bi) 999 4 (6) Deutsch et al., 1997 3 2 2 (1) 1 (M), 1 (F) 2 (Bi) 999 2 (5) Friedman et al., 2000 3 46 média bi 6,2 d, uni 30 m 18 (U) , 28 (Bi) 26 (S), 20 (NS) 46 (6) Gordts et al., 2000 2 26 13(1),4(2),2(3),4 (4),1(5) 8(M) 18(F) 11(U)15(Bi) 10(S), 16(NS) 13(6), 6(0), 7(8) Gosepath et al, 2007 3 41 999 14 (M) 27 (F) 28 (U), 13 (Bi) 10 (S), 31 (NS) 18 (2), 20 (6), 3 (8) Gujrathi et al, 2004 3 52 média 11,1 dias 21(M) 31(F) 52(Bi) 29(S), 23(NS) 52 (8) Holland, McGuirt Jr, 2001 3 23 3(1), 10(2), 7(3), 3(4) 12(M) 11 (F) 12 (U), 11(Bi) 12(S), 11(NS) 17 (8), 6(6) Holzmann, Ruckstuhl, 2002 2 8 1 (3), 6(4), 1 (5) 2(M) 6(F) 8 (U) 8(NS) 8(1) Josephson et al., 1998 3 15 3 (1), 4 (2), 6 (3), 2 (4) 5 (M), 10 (F) 10 (U), 5 (Bi) 3 (S), 12 (NS) 15 (6) M é t o d o | 21 Quadro 1. Revisão da Literatura (Conclusão) Autor Nível de evidência Número de casos Unilateral/Bilateral Sindrômica/Não sindrômica Faixa etária Gênero Tipo de cirurgia Khafagy, 2002 2 7 7 (1) 2(M) 5(F) 7(Bi) 7 (NS) 7 (6) König, 2005 3 4 999 999 3 (U), 1 (Bi) 999 4 (1) Kubba et al., 2004 2 46 média 4 meses 16(M)30(F) 23(U),23(Bi) 15(S), 31(NS) 33 (6), 13(2) McLeod et al., 2003 2 6 2(2), 3(3), 1(4) 2(M) 4(F) 4(U), 2(Bi) 4(S), 2(NS) 6(2) Meer, Tschopp, 2000 3 2 1 (1), 1 (2) 999 1 (U), 1 (Bi) 2 (NS) 2 (6) Nour, Foad, 2008 2 14 14 (1) 10(M) 4(F) 14(Bi) 999 14 (5) Önerci et al., 2006 2 24 média 10 meses 8(M) 16(F) 7(U) 17(Bi) 999 14(1) Pasquini et al., 2003 2 14 3 (1), 4 (3), 7 (4) 5(M) 9(F) 11(U), 3(Bi) 5(S), 9(NS) 12(5), 2(1) Rombaux et al., 2001 3 38 12 (1), 21 (2), 5 (>1 ano) 9 (M), 29 (F) 22 (U), 16 (Bi) 17 (S), 21 (NS) 26 (8), 7 (6), 5 (2) Rombaux et al., 2003 Romero et al., 2007 3 7 5(2), 2(3) 2(M) 5(F) 7(U) 7(NS) 7 (2) 3 1 999 1(F) 1(Bi) 1(NS) 1(6) Saetti et al., 1998 2 30 7 (1), 20 (2), 3 (3) 16 (M), 14 (F) 5 (U), 25 (Bi) 8 (S), 22 (NS) 22 (6), 8 (4) Schoem, 2004 3 13 média 45 m 7(M) 6(F) 8(U), 5(Bi) 5(S), 8(NS) 13 (1) Schraff et al., 2006 3 57 média 0,75m(S), 15m (NS) 21(M) 36(F) 40(U), 17(Bi) 14(S), 43(NS) 45 (6), 12 (8) Schroeder Jr et al, 2006 3 2 999 2 (F) 2 (Bi) 2 (NS) 2 (6) Sharma et al, 2006 3 13 999 6(M) 7(F) 7(U), 6(Bi) 9(S), 4(NS) 7(6), 6(2) Stam Pignatari ., 2001 3 33 Media 133 m 12(M) 21(F) 22(U),11(Bi) 16(S), 17(NS) 33(5) Triglia et al, 2003 3 58 média 7,4m EN, 4m TP 25(M) 33(F) 41(U), 17(Bi) 28(S), 30(NS) 41 (8), 17(6) Tzifa, Skinner, 2001 3 3 1(3), 1(4), 1(5) 3 (F) 3 (U) 3 (NS) 3 (2) Uri, Greenberg, 2001 2 7 999 2 (M) 5 (F) 5 (U), 2 (Bi) 7 (NS) 7 (5) Van Den Abbeele et al, 2002 3 40 média 41 meses, 10(1), 8(2) 16(M) 24(F) 26(U), 14(Bi) 16(S), 24(NS) 40 (2) Westendorff et al., 2007 3 1 1(3) 1(M) 1(Bi) 1(S) 1(6) Wiatrak, 1998 3 13 8 (2), 4 (3), 1 (4) 7 (M), 6 (F) 13 (U) 4 (S), 9 (NS) 10 (6), 1 (8), 1 (6,8), 1(2) Yaniv et al., 2007 2 17 7(2), 7(3), 3(4) 8(M) 9(F) 11(U) 6(Bi) 6(S), 11(NS) 17(5) M é t o d o | 22 Quadro 2. Continuação da Revisão da Literatura (Continua) Tempo de Seguimento Reoperações Patência Complicações 5 (1), 30 (2) 999 999 999 20 (2) 999 13 (1), 7 (2) 999 mitomicina sem molde, >concentração 1(2) 1 (2) 1 (1) 1 (2) *apresentar molde 7 (2) 1 (1), 6 (2) 6 (1), 1 (2) 999 999 1 (2) 1 (1) infecção e deiscência 20(2) 12(2) 8(1) 12(2) (2) 1 (1) 15(1), 1 (2) 2 (1, sang e fístula) 2 (2) 2 (2) 2 (1) 2 (2) Cedin et al.,2006 10(2) 10(2) 10(1) 10(2) Ceylan et al., 2007 1 (2) 1 (2) 1 (1) 1 (2) Autor Procedimentos Associados Al-Ammar, 2006 Al-Ammar, 2007 13 (mitomicina),7 (s/mitomicina) al-Qahtani, Messahel, 2003 Anderhuber, Stammberger, 1997 punção circular esfenóide Andrade et al., 2005 Ayari et al., 2004 microdebridador , mitomicina, navegação Bergonse et al., 2005 Carvesaccio, Hausler, 2000 navegação, fresa, microdebridador Chia et al., 2002 2 mitomicina 2 (2) 1 (1), 1(2) 1 (1), 1 (2) 999 Dedo, 2001 laser (CO2) 2 (1), 16 (2) 2 (1), 16 (2) 16(1), 2(2) 999 D'Eredita, 2005 laser diodo 4 (2) 3 (1), 1 (2) 1 (1), 3 (2) 4 (2) Deutsch et al., 1997 Cureta 2 (2) 2 (2) 2 (1) 999 Friedman et al., 2000 Fresa 46 (2) média 4,6 bi e 2,8 uni 999 trauma nasal pelo stent 14(2), 3(1) 10(1;endoscópicas) , 8(2) 1(2), 25(1) 1 (1,sinéquia) 41 (2) 15 (1), 26 (2) 26 (1), 15 (2) 10 (1) 52 (2) 2 (1), 50 (2) 50 (1), 2 (2) 1 (perfuração septal) 8(média 8,5m), 15(>1ano) 13 TP(1), 4 TP(2), 4 EN(1), 2 EN(2) 6(1), 17(2) 11 sem mito com granulação 8 (2) 8 (2) 8 (1) 3 (1, infecção e escara) 15 (2) 2 (1, 1 forceps e 1 fresa) 13 (1), 2 (2) 2 (1; 1 granuloma, 1 sgto) Khafagy, 2002 7 (2) 2 (1) , 5(2) 5 (1), 2 (2) König , 2005 6 semanas a 9 meses 4 (2) 4 (1) 999 Gordts et al., 2000 Gosepath et al, 2007 5 (mitomicina) Gujrathi et al, 2004 Holland, McGuirt Jr, 2001 8 (mitomicina) Holzmann, Ruckstuhl, 2002 Josephson et al., 1998 7 fresa, 8 forceps Comentários retalho,molde,CO2 ,microscópio dilatação cada 6 semanas *52 punção e dilatação *usou flap mucosa *2excluídos morreram Kubba et al, 2004 22(mito), 16KTP média 5 meses média 3 28(1), 7(2) 35 (2) McLeod et al, 2003 mitomicina, navegação 6(2) 6(2) 6(1) 6(2) Meer, Tschopp, 2000 YAG laser 2 (2) 2 (2) 2 (1) obstrução mucosa *6 cirurgias prévias M é t o d o | 23 Quadro 2. Continuação da Revisão da Literatura (Conclusão) Autor Nour, Foad, 2008 Önerci et al., 2006 Procedimentos Associados radiofreqüência, instrumental otológico Tempo de Seguimento Reoperações Patência Complicações 1(1) 13(2) 14(2) 14(1) 14(2) microdebridador 24(2) 3(1) 17(1) 3(2) 999 1 (1) ,13 (2) 1 (1) ,13(2) 13 (1), 1(2) 3 (1, granulação) *usou retalho mucosa 33 molde(18 reop), 5 s molde(1 reop) Pasquini et al., 2003 Rombaux et al., 2001 5 (6) laser CO2, 4 (2)microdebrida do, 1 (2)YAG média 4 anos 10 meses 23 (1), 15 (2) 15 (1), 23 (2) 999 Rombaux et al., 2003 Mitomicina 7 (2) 1 (1), 6 (2) 6 (1), 1 (2) 1 (1, sinequia) Romero et al., 2007 1 mitomicina 1(1) 1(2) 1(1) 1(2) Saetti et al., 1998 26 trocar, 4 laser diodo 30 (2) 8 (1), 22 (2) 22 (1), 8 (2) 30 (2) 13 (2) 13 (2) 13(1) 7 granulação, sinéquia Schoem, 2004 Comentários 19 molde (5 reop), 11 molde (3 reop) *6 cirurgias prévias (3TP, 3EN) Schraff et al, 2006 7(mitomicina, (TP) média > 24 meses 17 EN(1), 7 TP (1), 28 EN(2), 5 TP(2) 33(1), 24 (2) 999 Schroeder Jr et al., 2006 2 (mitomicina) 2 (2) 2 (2) 2 (1) 2 (2) 13(2) 6(1) 13(1) 13(2) *avaliar molde Sharma et al., 2006 *o n não confere Stamm, Pignatari, 2001 forceps, fresa 33(2) 23(2) 6(1) 33(1) 9 (1 Infecção, vestibulite) uso microscópio Triglia et al., 2003 laser (KTP,CO2) média 7 anos 3 EN (1) 35TP(1), 4TP(2), 13 EN(1), 4EN(2) fibrose, granuloma *12 cirurgias prévias 4(4), 8(6) Tzifa, Skinner, 2001 KTP laser 3 (2) 3 (2) 3 (1) 3 (2) 7 (2) 1 (1) , 6(2) 6 (1), 1 (2) 2 (1, sinéquia), 5 (2) Uri, Greenberg, 2001 Van Den Abbeele et al., 2002 1 (mitomicina) média 18 meses 6(1) 32(1), 8(2) 40(2) Westendorff et al., 2007 1 navegaçãoTC 1(2) 1(2) 1(1) 1(2) Wiatrak, 1998 fresa, sonda uretral média 4,2 4 (1), 9 (2) 9 (1), 4 (2) 1 (1, sinéquia, granuloma) 17(2) 999 15(1), 2(2) 2(1,sinéquia) Yaniv et al., 2007 *navegação 6 Bi dilatação prévia M é t o d o | 24 Quadro 3. Codificação para Leitura das Planilhas Nivel de Evidência Nível 1- evidência baseada em ensaios clínicos randomizados ou metanálise de ensaios clínicos - Ação fortemente recomendada. Nível 2- evidência baseada em estudos prospectivos não randomizados - Ação recomendada. Nível 3- evidência baseada em relatos de casos ou opinião de especialistas - Ação pouco recomendada. 999 Não consta Número de Casos 1 <4 2 ≥4 999 Não consta Gênero 1 Masculino 2 Feminino 999 Não consta Tipo 1 Unilateral 2 Bilateral 999 Não consta Sindromico / Não-sindromico 1 Sindrômico 2 Não-sindrômcio 999 Não consta Tipo cirurgia 1 2 3 4 5 6 7 8 0 999 Endoscopica com flap e sem stent Endoscopica sem flap e sem stent Não endoscópica com flap Não endoscópica sem flap Endoscópica com flap e com stent Endoscópica sem flap e com stent Não endoscópica com flap e com stent Não endoscópica sem flap e com stent Não endoscópica sem flap e sem stent Não consta Tipo de cirurgias (com flap e sem flap) TCEngl 11 com flap: 1,3,5 e 7 12 sem flap: 2, 4, 6, 8 e 0 Faixas etárias 1 Recém nascido 2 Lactente 3 Pré-escolares 4 Escolar/Adolescente 5 Adultos 999 Não consta até 28 dias 29 dias até 1 ano e 11 meses 2 anos a 6 anos e 11 meses 7 anos aos 17 anos e 11 meses maior que 18 anos M é t o d o | 25 Tempo de seguimento 1 < 6 meses 2 ≥ 6 meses 999 Não consta Reoperação 1 Sim 2 Não 999 Não consta Patência 1 Sim 2 Não 999 Não consta Complicações 1 Sim 2 Não 999 Não consta 3.4 Análise estatística Para a análise da significância do uso de retalhos nas cirurgias de correção da atresia coanal congênita foram calculados a razão das chances de falhas nestas cirurgias. O intervalo de confiança foi de 95%. Considerou-se o p< 0,001 como nível de significância (DerSimonian, Laird, 1986; Deeks et al., 2001). Os dados foram avaliados utilizando o SPSS 11.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL). 4. RESULTADOS R e s u l t a d o s | 27 Dezenove pacientes da nossa série tiveram sucesso em um único tempo cirúrgico, sem intercorrências, independentemente da idade, sexo ou lateralidade da atresia Permaneceram assintomáticos, com ausência de sinais e sintomas de dificuldade respiratória, denotando patencia funcional satisfatória no seguimento pós-operatório de seis meses a 10 anos. Ao mesmo tempo, os exames tomográficos e endoscópicos das cavidades nasais evidenciou amplitude coanal preservada (Figuras 5 e 6). A B Figura 5. Cirurgia da Atresia Coanal Unilateral. A) pré-operatório. B) pós-operatório R e s u l t a d o s | 28 A B C Figura 6. Cirurgia da Atresia Coanal Bilateral. A) Pré-operatório - Recém-nascido. B) Pós-operatório - 1 ano. C) Pós-operatório - 10 anos. Dois entre os pacientes operados em nossa série foram submetidos à revisão na sexta semana por reestenose parcial em conseqüência de deslocamento de retalhos. Os dois apresentavam atresia bilateral e foram operados entre vinte e trinta dias do nascimento. Houve, nestes casos, deslocamento de um dos retalhos com formação de pequena sinéquia e obstrução parcial da coana. Usando-se a mesma técnica, os mesmos foram reposicionados permanecendo assintomáticos no seguimento de 2 e 5 anos respectivamente. Não houve complicações intra ou pos-operatorias em nossa serie. Todos os pacientes foram extubados no pós-operatório imediato. Não se utilizou moldes ou tamponamentos nasais. Alimentação oral foi introduzida no primeiro pós-operatorio para os recém nascidos. O tempo de hospitalização foi de 1 dia para 18 pacientes e 8 dias para dois dos recém- nascidos. (Tabela 1). R e s u l t a d o s | 29 Tabela 1. Correção endoscópica da atresia coanal congênita com rotação de retalhos Paciente Sexo Idade Lado Seguimento Molde/ Revisão Patência Tampão AAC F 6 meses D 6 anos Não 0 Normal NAR F 4 dias A 10 anos Não 0 Normal MD F 17 dias D 6 anos Não 0 Normal ML M 5 anos D 6 anos Não 0 Normal NCL M 60 dias A 3 anos Não 0 Normal SAD F 30 anos D 5 anos Não 0 Normal VRV F 5 anos E 5 anos Não 0 Normal ICS F 16 anos D 3 anos Não 0 Normal JS F 7 anos D 6 anos Não 0 Normal ARS F 60 dias A 3 anos Não 0 Normal KRS M 30 dias A 6 meses Não 0 Normal ICR F 5 dias A 1 ano Não 0 Normal ICS F 16 anos D 5 anos Não 0 Normal MMC F 14 anos A 2 anos Não 0 Normal ICC F 8 anos E 2 anos Não 0 Normal JAOS M 29 anos D 1 ano Não 0 Normal ACMPB F 1 ano E 1 ano Não 0 Normal FMN F 27 anos E 4 anos Não 0 Normal CSO F 30 dias A 2 anos Não 1 Normal NCCT F 32 anos E 3 anos Não 0 Normal CLSR F 20 dias A 5 anos Não 1 Normal Legenda: D, direito; E, esquerdo; F, feminino; M, masculino; A, ambos os lados R e s u l t a d o s | 30 Nossos resultados foram relacionados com os dos estudos selecionados pela revisão sistematica e analisou-se o número de recidivas das técnicas que empregaram ou não, retalhos para a correção da atresia (Tabela 2). Tabela 2. Cirurgias Com/Sem Retalho Técnica Recidiva Autores Com Retalho Sem Retalho Com Retalho Sem Retalho Anderhuber, Stammberger , 1997 0 7 0 1 Josephson et al., 1998 0 15 0 2 Saetti et al., 1998 0 30 0 8 Wiatrak, 1998 0 13 0 3 Gordts et al., 2000 0 26 0 10 Dedo, 2001 18 0 2 0 Holland, McGuirt Jr, 2001 0 23 0 17 Rombaux et al., 2001 0 38 0 23 Stamm at al., 2001 33 0 6 0 Uri, Greenberg, 2001 7 0 1 0 Holzmann, Ruckstuhl, 2002 8 0 0 0 Khafagy, 2002 0 7 0 2 Van Den Abbeele et al., 2002 0 40 0 6 Rombaux et al., 2003 0 7 0 1 McLeod et al., 2003 0 6 0 0 Pasquini et al., 2003 14 0 1 0 Triglia et al., 2003 0 58 0 3 Ayari, 2004 0 20 0 12 Gujrathi et al., 2004 0 52 0 5 Schoem, 2004 13 0 0 0 Bergonse et al., 2005 0 16 0 1 D'Eredita , 2008 0 4 0 3 König, 2006 4 0 0 0 Önerci, 2006 24 0 3 0 Schraff et al., 2006 0 57 0 24 Sharma et al., 2006 0 13 0 6 Gosepath et al., 2007 0 41 0 15 Yaniv et al., 2007 17 0 1 0 Nour , 2008 14 0 0 0 Cedin et al., 2009 21 0 2 0 173 473 16 142 Total R e s u l t a d o s | 31 A análise estatística mostra que a possibilidade de insucesso das técnicas com retalhos é 9,25% contra 30,02% daquelas que não o empregam. Da mesma forma, a porcentagem de sucesso de 90,75% com seu uso, supera os 69,38% das cirurgias sem retalhos. Estes dados são estatisticamente significantes considerandose p< 0,001. O cálculo da razão de chances de 0,2376 confirma que a chance de falhas nas cirurgias com emprego de retalhos é 23,76% do risco do grupo nos quais eles são dispensados (Tabela 3). O intervalo de confiança de 95% (IC95%[0,1370; 0,4120]) indica uma associação significativa entre os menores valores de insucesso e o emprego de retalhos. Tabela 3. Chance de falhas nas cirurgias Razão das Chances Com retalho Insucesso 16(9,25%) Sucesso 157(90,75%) Total 173(100%) Sem retalho Qui-quadrado P-valor 142(30,02%) 29,5831 0,0000 331(69.98%) 473(100%) (odds radio) 0,2376 IC 95% (odds radio) [0,1370;0,4120] 5. DISCUSSÃO D i s c u s s ã o | 33 Não há unanimidade na literatura quanto ao procedimento cirúrgico que ofereça o menor risco de reestenose para o tratamento da atresia coanal congênita. Apesar da maioria dos autores atualmente utilizarem o acesso transnasal assistido por videoendoscopia há diferentes tratamentos cirúrgicos empregados na correção das atresias que variam desde puntura simples à remoções mais completas da placa atrésica com diversos equipamentos. Procedimentos complementares às ressecções das atresias, como moldes, punturas e Mitomicina C, também são associados com o objetivo de evitarem as recorrências pós-operatórias. Cada estudo advoga a vantagem do tratamento proposto. Porém, com a diversidade de procedimentos, número reduzido de casos, falta de controle, randomização e cegamento, muitos deles trazem viéses e, portanto, carecem de consistência estatística para orientar a escolha do tratamento cirúrgico mais adequado para esta malformação. Poderíamos considerar como técnica cirúrgica ideal para o tratamento da atresia coanal congênita aquela que levasse à patência funcional definitiva em tempo cirúrgico único, curta hospitalização e mínima morbidade. Pela restrospectiva histórica da literatura, observamos que êste objetivo vêm sendo buscado desde o relato do primeiro tratamento da atresia coanal congênita por puntura transnasal com trocar. À época, dadas às condições técnicas e instrumentais, o risco de lesões na base craniana entre outras, limitava sobremaneira sua indicação. Atualmente, este procedimento ainda é utilizado por alguns autores em neonatos (Cumberworth et al., 1995), porém com os recursos modernos de videoendoscopia e instrumentais apropriados para microcrurgia endonasal. Para o controle transnasal da puntura, emprega-se endoscópios de 0° e para a visão retrofaringea das coanas atrésicas são utilizados os de 120°. Estes autores, nestes casos, preferem utilizar o procedimento da puntura transnasal e moldes como solução emergencial. Como se observa na literatura há grande risco de reestenose com esta técnica. Talvez a alta incidência de falhas atribuídas aos tratamentos dos recém nascidos com atresias bilaterais, seja explicada por dois motivos. O primeiro, inerente à própria técnica, utilizada em muitos serviços, que promove sinéquias extensas e reossificações locais proporcionadas pelo próprio procedimento de puntura e agravadas pelos moldes. Em segundo lugar, pela escolha de procedimentos de revisão empregados para tratamento destes casos D i s c u s s ã o | 34 com maior risco de insucesso, como dilatações e reintrodução de moldes (Samadi et al., 2003; Gujrathi et al., 2004). Estudos atuais demonstram que o uso de moldes em suas diferentes configurações e materiais descritos, além do desconforto e lesões aos tecidos circunjacentes, proporciona acúmulo de secreções, infecções e estímulo à granulação tecidual. Sugerem que seu emprego promove maior propensão à sinéquias e reestenose coanal. Não existe uniformidade de conduta dos autores que os utilizam no que se refere a seu tempo de permanência. Este, varia de um dia à várias semanas de acordo com cada autor (Teissier et al., 2008). Além disso, exigem dias à semanas de constante atenção por parte dos familiares e profissionais para cuidados de higiene devido ao acúmulo de secreções e formação de crostas. Isto ocasiona desconforto para os pacientes, familiares ou cuidadores e parece que nem sempre se reverte em real benefício quanto aos resultados esperados. Pela literatura, não se consegue dados convincentes que orientem sua utilização. Podemos supor, no entanto, baseados em princípios de fisiologia da cicatrização, que seu trauma sobre áreas cirúrgicas cruentas seja mais danoso do que em regiões normalmente protegidas por tecidos que as recobrem. Sendo assim, estes seriam mais perniciosos e proporcionariam mais reestenose quando usados em cirurgias onde os locais desprotegidos dos tecidos que os revestem estiverem em contato com estes corpos estranhos que estimulariam proliferação tecidual exacerbada (Van Den Abbeele et al., 2002; Shoem, 2004; Zuckerman et al., 2008). Alguns autores que defendem sua utilização, especialmente nas atresias bilaterais em neonatos, recomendam treino adequado aos responsáveis pelos cuidados pós-operatórios para efetuarem limpezas freqüentes com irrigações salinas e peróxido de hidrogênio. Recomendam também, aspiração de secreções para evitar formação de crostas e infecções nas cavidades nasais (Ramsden et al., 2009). Durmaz et al. (2008), não encontrou diferença estatística que favoreça o uso de moldes em sua metanálise de trabalhos que foram incluídos em seu estudo. As dilatações pós puntura são também relatadas por autores que após a retirada dos moldes as realizam por várias vêzes até a obtenção da permeabilidade coanal satisfatória. Nota-se, que nestes estudos, os autores não consideram como D i s c u s s ã o | 35 insucessom cirúrgico as reestenoses dos primeiros procedimentos (Fearon, Dickson, 1968). Em sua série de 17 casos operados com sucesso removendo septo posterior, pterigóides e usando retalhos de mucosa septal, Yaniv et al. (2007) relata que 6 pacientes tinham sido submetidos à dilatação em período neo natal sem sucesso. Durmaz et al. (2008), não encontraram diferença significante em seu estudo de metanálise entre dilatações, excisão óssea completa e mesmo uso de retalhos de mucosa para a correção da atresia Outro recurso adjuvante utilizado para diminuir as falhas cirúrgicas é a Mitomicina C. Esta, um agente antimitótico que inibe a proliferação fibroblástica, tem sido utilizada por autores para prevenir a formação de tecido de granulação e sinequias após as cirurgias de atresia coanal primária ou revisional (Holland, McGuirt, 2001; Prasad et al., 2002). Foi testada em antrostomias de coelhos onde reduziu a reestenose e manteve inalterado o clearence mucociliar e as características morfológicas do epitélio circunjacente ao final de duas semanas do procedimento (Ingrams et al., 1998). É empregada na concentração de 0.4mg/ml em cotonóides aplicados por 2 a 4 minutos na área cirúrgica cruenta das coanas. Em sua série de casos, Holland utilizou a Mitomicina e dilatações após a retirada dos moldes. Observou que houve 3 vezes menos formação de granulação que o grupo controle, porém não evitou a necessidade de dilataçôes nestes pacientes. Os resultados dos estudos com sua aplicação não demonstram vantagens e, a longo prazo, há a preocupação de sua potencialidade oncogênica nas crianças. Não há evidência que ampare de modo seguro seu emprego (Kubba et al., 2004; Agrawal, Morrison, 2006; Al-Ammar, 2007, 2008; Teissier et al., 2008) (Tabela 6). O acesso transpalatino descrito por Brunk popularizou-se a partir de sua divulgação em 1909. Este procedimento com suas variantes técnicas de incisões palatais descritas posteriormente por outros autores, entre eles Owens (1965), prevaleceu por anos como sendo a técnica de eleição para tratamento da atresia de coanas. Este acesso, adequado para uma época sem os recursos de endoscopia nasal atuais, oferece visão ampla do campo operatório e atende de fato, as necessidades dos pacientes com esta malformação. Alguns autores ainda a utilizam D i s c u s s ã o | 36 por preferências pessoais, em casos revisionais e em situações de dificuldades de acesso transnasal como nas malformações craniofaciais com estreitamentos nasais importantes (Ribeiro et al., 1998). Ocorre que, este acesso, está relacionado à grandes alterações de crescimento do maxilar, repercussões na oclusão, riscos de necrose de retalho de palato e fístulas nasais, não sendo, portanto, recomendado para crianças menores do que 6 anos de idade. Este acesso também associa o emprego de moldes com todas suas implicações (Tabela 4). Tabela 4. Moldes/Procedimentos associados/Intercorrências Autores Pacientes (n) Procedimentos associados Intercorrências Molde Sem molde Anderhuber, Stammberger , 1997 7 - - 7 0 Josephson et al., 1998 15 - granuloma e sangramento (2) 15 0 Saetti et al., 1998 30 laser - 22 8 Wiatrak, 1998 13 dilatação sinéquia (1) 12 1 Gordts et al., 2000 26 - sinéquia (1) 20 6 Dedo, 2001 18 laser - 18 0 Holland, McGuirt Jr, 2001 23 mitomicina granulação (11) 23 0 Rombaux et al., 2001 38 laser - 33 5 Stamm at al., 2001 33 - infecção vestíbulite (1) 33 0 Uri, Greenberg , 2001 7 - sinéquia (1) 7 0 Holzmann, Ruckstuhl, 2002 8 - infecção (1) 0 8 Khafagy, 2002 7 - - 7 0 Van Den Abbeele et al., 2002 40 mitomicina - 0 40 Rombaux et al., 2003 7 mitomicina sinéquia (1) 0 7 McLeod et al., 2003 6 mitomicina - 0 6 Pasquini et al., 2003 14 - granulação (1) 12 2 Triglia et al., 2003 58 laser granuloma e fibrose(-) 58 0 Ayari, 2004 20 mitomicina e laser - 0 20 Gujrathi et al., 2004 52 dilatação perfuração septal (1) 52 0 Schoem, 2004 13 - granulação e sinéquia (7) 0 13 Bergonse, et al., 2005 16 - fístula/sangramento (1) 15 1 D'Eredita, 2008 4 laser - 4 0 König, 2006 4 - - 0 4 Önerci, 2006 24 microdebridador - 0 24 Schraff et al., 2006 57 mitomicina e laser - 57 0 Sharma et al., 2006 13 - - 7 6 Gosepath et al., 2007 41 mitomicina - 23 18 Yaniv et al., 2007 17 - sinéquia (1) 17 0 Nour, 2008 14 - - 14 0 Cedin et al., 2009 21 - 0 0 21 Total 646 - 30 419 191 D i s c u s s ã o | 37 Freng (1978) observou 52% de mordida cruzada em 35 crianças submetidas á cirurgia transpalatina comparada à apenas 4% de incidência na amostra de 265 crianças não operadas. Hengerer, em uma revisão de 30 anos relata que de 20 pacientes tratados por acesso transpalatal, 18 tiveram deformidade na curvatura do arco palatal e 12 apresentaram mordida cruzada (Freng, 1978; Pirsig, 1986; Hengerer et al., 2008). Porém, alguns autores ainda advogam seu uso pela excelente visualização do campo operatório nos casos de malformações que impeçam o acesso transnasal e em casos de revisão cirúrgica (Rombaux et al., 2001, 2003; Triglia et al., 2003; Gosepath et al., 2007) Em decorrência da morbidade desta técnica e a evolução da cirurgia endonasal, de início sob microscopia e a seguir por endoscópia vídeo assistida é que a maioria dos cirurgiões passou a preferir o acesso transnasal para a correção das atresias coanais. Seja para simples puntura e colocação de moldes por alguns, como também para ressecções mais extensas das áreas ósseas que constituem esta mal formação por outros, esta via oferece, com o emprego da endoscopia, visão direta do campo operatório em todos os ângulos, permitindo ressecções da porção posterior do septo, placa atrésica e pterigóides mediais com mínimo trauma aos tecidos circunjacentes.Por não afetar o crescimento do arco mandibular evita mal oclusões e alterações estéticas da face. Como o trauma cirúrgico é menor, há rápida recuperação pós-operatória e menor tempo de hospitalização. Nestes casos a reintrodução da alimentação via oral pode ser no pós-operatório imediato porque este procedimento cirúrgico não agride a cavidade bucal. Desde os primeiros casos operados no início dos anos 90 é crescente a tendência dos autores em optar por esta via de acesso. Tanto pelo ganho de experiência dos cirurgiões com o passar dos anos, como também pelo evolução do instrumental cirúrgico e qualidade dos equipamentos de vídeo endoscopia, os resultados se mostram cada vez mais satisfatórios (Maniglia, Goodwin, 1981; Stankiewicz, 1990; Lazar, Younis 1995; Lapointe et al., 2008). Com este ganho de experiência dos cirurgiões e a melhora dos equipamentos cirúrgicos, as técnicas transnasais realizadas inicialmente em pacientes maiores e com imperfuração unilateral, também passou a ser realizada nos recém nascidos D i s c u s s ã o | 38 portadores de atresias bilaterais, onde a precocidade do tratamento é necessária, oferecendo bons resultados e baixo índice de complicações (Kubba et al., 2004; Lapointe et al., 2008; Teissier et al., 2008). Mesmo assim, alguns autores asseguram haver maior índice de recorrência nos pacientes cujas cirurgias são realizadas nos primeiros 10 dias de nascimento (Kubba et al., 2004; Teissier et al., 2008). Não há consenso na literatura sobre o momento ideal para a cirurgia da atresia coanal unilateral ao contrário da bilateral, onde há unanimidade que deve ser reparada o mais breve possível. Alguns autores sugerem que o reparo cirúrgico seja entre 5 e 8 anos de idade (Liktor et al., 2001). Muitas variantes técnicas do tratamento da atresia coanal por acesso endonasal vêm sendo publicadas. Desde a simples puntura, até a utilização de laser, debridadores e frezas para as remoções ósseas, observa-se inovações sempre no sentido de se conseguir melhores resultados por longo prazo e menores índices de recorrência. O uso ou não de moldes por períodos de tempo variável, Mitomicina C e dilatações seriadas como medidas adjuvantes às cirurgias endonasais são empregados conforme a preferência de cada autor. Alguns utilizam o KTP laser no procedimento cirúrgico primário para a abertura das atresias enquanto outros o empregam nos casos revisionais sem, no entanto, haver de fato evidência de suas vantagens na prevenção da reestenose (Tzifa, Skinner, 2001). O emprego de freza para ressecções ósseas, assim como cautério eletrico e de radiofrequência para hemostasia deve ser cauteloso. O aquecimento tecidual adjacente provocado por seu uso pode levar à risco de necrose das mucosas, osteítes e sinéquias com conseqüente reestenose. As complicações intra e pós-operatórias das técnicas transnasais endoscópicas parecem ser menores em comparação às descritas na transpalatina. No entanto, os resultados dos autores que empregam o acesso transnasal com diferentes procedimentos, diferem entre si em relação ao índice de recorrência. Observa-se que os critérios de avaliação destes resultados são, em sua maioria, pouco objetivos. Os parâmetros geralmente se baseiam no restabelecimento do conforto respiratório para as atividades habituais como sono e alimentação, D i s c u s s ã o | 39 relatados pelos cuidadores ou profissionais responsáveis. A medida de evolução principal é “patência” da coana, apesar de não existir uma definição padrão de “patência”. As dimensões coanais podem sofrer certo grau de redução pós cirúrgica mas suas dimensões anatômicas ligeiramente diminuídas nem sempre acarretam grau de dificuldade respiratória importante. São raros os estudos com medidas objetivas da evolução, como as de dimensão das novas coanas ou rinometria. Outras medidas, como número de reoperações, tempo de permanência de moldes e sintomas, são relatadas de forma variável por diferentes autores (Dedo, 2001; Holzmann, Ruckstuhl, 2002). A interpretação da evolução às vezes se torna mais difícil pelo desenvolvimento global dessas crianças serem determinados por outras comorbidades associadas à atresia de coana como por exemplo, as mal formações cardiovasculares e cranio faciais. Muitos autores consideram bom resultado a resolução da atresia após múltiplos procedimentos adjuvantes como, dilatações, reintroduções de moldes por semanas ou uso de Mitomicina C (Samadi et al., 2003; Hengerer, 2008). Este elevado número de procedimentos observado na literatura para se obter o resultado final esperado tem sido aceito, de modo resignado, como normal por vários autores. Na procura de procedimento resolutivo em tempo cirúrgico único, com menor morbidade e embasado em conceitos fisiológicos de reparação tecidual, Beinfield, em 1959 preconizou o uso de retalho da mucosa faringea em incisão estrelada para a proteção das áreas desnudas na correção da atresia. Osguthorpe et al. em 1982 e Stankiewicz em 1990, com o mesmo objetivo descreveram a confecção de retalhos de mucosa faringea da atresia e do septo nasal para a proteção das áreas cirúrgicas cruentas das ressecções ósseas das coanas, com bons resultados, em suas séries de casos. Rudert em 1999, também relatou técnica com retalhos da mucosa faríngea da atresia para o recobrimento da área cirúrgica e utilizou cola de fibrina para sua fixação. Todos estes autores seguiram o principio de técnica cirúrgica onde a utilização de retalhos para o recobrimento e proteção de tecidos cruentos expostos nas áreas operatórias favorece a rápida reparação cicatricial. Estes conceitos podem ser extrapolados para a cirurgia das atresias das coanas onde se ressecam o septo D i s c u s s ã o | 40 posterior, as placas atresicas e parte das pterigóides mediais, deixando expostas todas estas áreas para sofrerem a seguir o processo natural de reparação tecidual das mucosas. Porém, com a proteção das áreas ósseas desnudas com mucosa vascularizada, evita-se o processo de granulação que precede a reparação natural destes locais que parece ser o responsável pela formação das sinéquias e posterior reestenose. Esta fase da re-epitelização coanal se processará com maior rapidez de cicatrização local, menor acúmulo de secreções e menos infecção. Com este recurso, pretende-se a diminuição das recorrências e, portanto, a necessidade de múltiplas reoperações (Yaniv et al., 2007). Outros autores publicaram seus resultados do tratamento cirúrgico da atresia coanal com diferentes técnicas de confecção de retalhos por via transnasal endoscópica (Stamm, Pignatari, 2001; Nour, Foad, 2008). Em nossa publicação (Cedin et al., 2006) relatamos a nossa técnica com retalhos de mucosas de septo e de parede faríngea da atresia fixados com cola de fibrina na qual foi dispensado o uso de moldes no pos operatorio. As publicações dos resultados dos autores cujos tratamentos empregam retalhos em suas técnicas mostram que as suas recorrências são poucas. Não há consenso sobre as vantagens do uso de retalhos na cirurgia da atresia coanal para a prevenção de recorrências. A análise dos resultados nos diversos estudos fica prejudicada porque muitos não descrevem os detalhes técnicos das diferentes cirurgias empregadas, agrupam pacientes tratados por estas diferentes cirurgias, com ou sem procedimentos adjuvantes, e os englobam todos, sem distinção ao resultado final. São freqüentes as publicações de series com reduzido número de casos e acompanhamento inadequado com conclusões sem validade estatística. Nota-se também, em grande parte dos estudos, ausência de discriminação das faixas etárias e fatores associados que possam influir na maior ou menor incidência de complicações ou reestenose. Há, entretanto, estudos apontando que os casos de maior risco de recorrência e complicações são os recém nascidos com menos de dez dias, atresia bilateral e com refluxo gastro esofágico. Além do momento ideal de cada caso a ser reparado, também deve ser levado em consideração a escolha da técnica e acesso cirúrgico empregado para que não ofereçam maior morbidade que a própria mal formação a ser tratada. Inadequado D i s c u s s ã o | 41 seguimento pós operatório e a inexperiência dos cirurgiões também são considerados como fatores de falhas. Malformações asssociadas à atresia não são preditivos de recorrências (Teissier et al., 2008). Em meio às conjecturações dos autores quanto aos fatôres de influência no prognóstico desfavorável da cirurgia da atresia coanal, alguns ainda consideram o uso de retalhos desnecessário e de difícil execução por via endoscópica transnasal, especialmente nos recém nascidos (Pirsig, 1986). Nossos resultados, que são coincidentes com os dos autores que utilizam retalhos de mucosas, mostram que empregando-se equipamentos cirúrgicos adequados e com bom treinamento em cirurgia endonasal vídeo assitida, esta morbidade não oferece maior complexidade que outras mais graves de base de crânio as quais também tratamos com sucesso pelas reconstruções por retalhos pediculados . Observamos em nosso estudo que, a proposta de proporcionar a estes pacientes um tratamento com a pretensão de maior resolutividade, menor morbidade e em estágio cirúrgico único, com as técnicas de retalhos, corresponde satisfatoriamente às expectativas. Embora os estudos aqui selecionados apresentem níveis de evidências aquém do exigido pela metodologia correta, a chance calculada de reestenose das técnicas com retalhos, foi estimada em 23,7% do risco daquelas que dispensam sua utilização. Apesar de que estes resultados devam ser interpretados de acordo com a qualidade dos estudos incluídos em nossa pesquisa, eles representam, no momento, o que há de possível para a expressão dos desfechos destes tratamentos e de certa forma contribuem para corroborar a impressão dos autores que os empregam, de que seu uso diminui o risco de reestenose. Talvez, o recurso para se atender aos rigores metodológicos de um trabalho neste campo e seus resultados terem maior consistência estatística, seja a proposta de um estudo multicêntrico com amostra representativa e sorteada com grupo controle, onde o protocolo estabelecido contemple as preferências de cada centro no que se refere à conduta cirúgica nestas malformações . D i s c u s s ã o | 42 Estudos multicêntricos com amostra expressiva, de melhor qualidade metodológica, controlados, randomizados, cegos e eticamente aprovados devem ser realizados para a busca de evidência estatística mais consistente. Assim, teremos maior poder de acerto na tomada de decisão pelo tratamento cirúrgico da atresia coanal congênita que ofereça o menor risco de reestenose. 6. CONCLUSÃO C o n c l u s ã o | 44 A análise dos resultados deste estudo mostra que as técnicas que empregam retalhos para a proteção das áreas ressecadas têm menores índices de recorrências do que aquelas que não os utilizam. 7. REFERÊNCIAS R e f e r ê n c i a s | 46 Agrawal N, Morrison GA. Laryngeal cancer after topical mitomycin C application. J Laryngol Otol. 2006 Dec;120(12):1075-6. Al-Ammar AY. Effect of use of mitomycin C on the outcome of Choanal atresia repair. Saudi Med J. 2007 Oct;28(10):1537-40. Al-Ammar AY. The use of nasal stent for choanal atresia. Saudi Med J. 2008 Mar;29(3):437-40. Al-Qahtani AS, Messahel FM. Choanal atresia repair. The use of reinforced silicone tube to prevent restenosis. Rhinology. 2003 Mar;41(1):54-5. Anderhuber W, Stammberger H. Endoscopic surgery of uni- and bilateral choanal atresia. 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The main surgical techniques use transnasal (endoscopic and microscopic) and transpalatal approaches. The choice between transnasal and transpalatine approaches and also whether to use stents or not in the postoperative period still remains controversial in the surgical management of choanal atresia. We previously described a new endoscopic technique for surgical correction of choanal atresia that eliminates the use of nasal stents or packing. The transeptal endoscopic approach we proposed and used in our series of 21 patients makes it possible to fashion flaps from the septal, nasal and pharyngeal mucosa of the atretic plates in order to cover the raw areas. These flaps were fixed with fibrin glue, dispensing with the need to use stents or nasal packing in all cases in this series. Excessive scar tissue, which is a frequent cause of synechia, was not observed, perhaps because there were practically no areas without mucosal flap protection. Due to conflicting data in the current literature, regarding the best surgical options, evidence is sought to orient decision making in choosing the best surgical technique for the treatment of congenital choanal atresia that will result in lower rates of restenosis. For this objective, we analised a serie of 21 pacients operated on using our technique with a follow up from 6 months to 10 years. These results were analyzed in comparison with those of other authors, selected by a systematic review of the literature. A statistical analysis was done with the objective of determining if the use of flaps fashioned from mucosa, as part of the surgical correction, diminished the number of recurrences. The statistical analysis showed that the possibility of failure of the flap techniques was 9.25% compared to 30.02% of those that did not use them. The success rate with the use of flaps was 90.75% compared to 69.98% without the use of flaps. The odds ratio of 0.2376 (IC95%[0.1370;0.4120]) confirmed that the chance of surgical failure of techniques with the use of flaps was 23.76% of that of the risk to those without the use of flaps. There is a statistical significance between low rates of failures and use of the flaps. These results should be interpreted considering the limitations in the quality of the studies due to the lack of availability of controlled, randomized and blind trials, as would be normally required for more valid statistical evidence. However, we can consider that they corroborate a general impression from different authors, which show that the use of mucosal flaps provides more successful surgery in the treatment of congenital choanal atresia. Bibliografia consultada Aqil M, Ulhaq A, Arafat A, Hussain A, Rasheed A, Turkistani A. Venous air embolism during the use of a Nd YAG laser. Anaesthesia. 2008 Sep;63(9):1006-9. Epub 2008 Jul 9. 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