Acção de sensibilização sobre riscos de perdas auditivas decorre em várias
escolas secundárias
Alunos dos Carvalhos aprendem a conhecer
melhor os seus ouvidos
O Comércio do Porto, 26 de Novembro de 2002
Texto de Dora Mota
No
Colégio
dos
Carvalhos usam-se
menos “headphones”
depois de os alunos
saberem dos riscos
de perdas auditivas
No Colégio Internato
dos Carvalhos, em
Gaia, os alunos usam
muito menos “headphones” do que antes.
A escola já fazia
sensibilização para a
fragilidade dos ouvi- Sensibilizar os mais jovens para os riscos de exposição a níveis elevados de
dos antes da acção de ruído é o objectivo da acção promovida pelo INESC Porto
alerta que lá decorreu,
ontem à tarde, em parceria com o Instituto de Engenharia e Sistemas de Computadores do Porto
(INESC Porto), da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Essa circunstância explicou o entusiasmo com que muitos estudantes percorreram os
equipamentos que o INESC montou na biblioteca. Joana, de 17 anos, aluna do 12” ano na área
de biotecnologia, é cuidadosa com os seus ouvidos. “Evito ao máximo usar ‘phones’ ou
‘discmans’ ou coisas dessas. Não uso auricular do telemóvel nem ouço a televisão muito alta”,
elencou a jovem.
Mas duvida que muitos dos seus colegas tenham os mesmos cuidados. Para Guilherme Silva,
professor e dinamizador desta acção integrada sobre o sentido da audição no Colégio Internato
dos Carvalhos, o interesse dos estudantes era satisfatório.
Há dois anos que a escola colabora com o INESC neste projecto sobre a audição, que
culminou no desenvolvimento de aplicações informáticas didácticas, bastante simples de
manusear e com uma grande quantidade de informação. Ontem, cerca de 250 alunos de nove
turmas do 10 ao 12º ano (mas principalmente deste último) puderam sentir nos seus ouvidos a
incómoda e quase dolorosa pressão de um som com alta frequência e alta intensidade,
desencadear o barulho de um trovão ou a melodia de um violino (os dois sons mais populares
ontem) ou ainda estremecer com um baloiço a ranger.
Puderam ainda observar como a acústica pode ter um rentável uso industrial, através de um
classificador automático de tijolos - um protótipo desenvolvido pelo INESC que avalia a
qualidade estrutural da cerâmica através da sua resposta acústica a um impacto. Na sala ao
lado, dois médicos faziam exames a estudantes escolhidos aleatoriamente para cumprir o
segundo dos objectivos da acção: detectar perdas auditivas e ver, através da análise a um
questionário respondido pelos estudantes, se são correlacionáveis com hábitos de audição. No
caso, com maus hábitos. “As pessoas não têm ideia do nível sonoro a que estão expostas”,
referiu Aníbal Ferreira, do INESC. Para desenvolver essa sensibilidade, foi sorteado um
sonómetro por turma. Este aparelho permite medir a intensidade da pressão sonora ambiente e
classificá-la de acordo com o grau de perigo. Hoje, o INESC realiza a mesma acção na escola
secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto.
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