ÍNDICE I –Introdução...............................................................................................03 II – Síntese dos Objetivos Gerais................................................................04 III – Objetivos Específicos • Síntese dos Objetivos da área de Língua Portuguesa..........................................05 • Síntese dos Objetivos da área de Matemática....................................................06 • Síntese dos Objetivos da área de Estudos da Sociedade e da Natureza..............07 IV – Diretrizes dos conteúdos.........................................................................................08 V - Materiais necessários..............................................................................................09 VI – Metodologia.............................................................................................................09 VII – Gestão Democrática..............................................................................................12 VIII –Currículo................................................................................................................14 IX – Sistema Avaliação...................................................................................................15 • Promoção...........................................................................................................15 • Permanência.......................................................................................................16 • Recuperação.......................................................................................................16 • Transferência......................................................................................................16 • Sistema de Controle de Freqüência....................................................................16 • Matrícula............................................................................................................17 X – Classificação e Reclassificação de alunos................................................................18 XI – Considerações Finais...............................................................................................18 Em anexo: _Ficha informativa do aluno – EJA _Transferência durante o ano letivo _ Histórico Escolar 2 I – INTRODUÇÃO No “saber” da lei... “A Educação de Jovens e Adultos (EJA) representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso a e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas. Ser privado deste acesso é de fato, a perda de um instrumento imprescindível para uma presença significativa na convivência social contemporânea”. (Parecer CNE nº. 11/2000 – CEB). No “saber” de nossos alunos... “Nós construímos a cidade e nela somos envergonhados”. José Reis (alfabetizando). MOVA, São Paulo. 1990 Nossos alunos, jovens e adultos, sentem-se abandonados, excluídos dessa sociedade que diariamente, ajudam a construir. E fazem isto sem ao menos ter recebido dela “condições para...”. Esta é a dívida! De quem? Do meio público e político, das sociedades organizadas, sejam elas culturais, religiosas da escola, de cada um de nós cidadãos. O que compete à escola? Como ela pode contribuir para minimizar esta dívida? Que relações podem estabelecer e facilitar a esses jovens e adultos para que não se sintam apenas como “ferramentas” na construção da “cidade”, mas encorajados e com condições de reivindicar sua participação efetiva na sociedade contemporânea? O jovem e adulto da EJA está presente no dia-a-dia da sociedade: utiliza seus recursos e ajuda a produzir suas riquezas, mas isto não significa que seja participante ativo cidadão que, conscientemente, a reconhece, analisa e propõe-se a transformá-la. Se o cotidiano sente-se excluído ou talvez menos importante, como terá comprometimento com os seus deveres e fará uso de seus direitos que, muitas vezes ainda desconhece? A escola não poderá, de certo, resolver completamente e sozinha essa questão, mas muito tem a contribuir para a “formação” deste cidadão. Para cumprir seus propósitos educativos a escola precisa valorizar a cultura, as opiniões e os conhecimentos desses alunos, mesmo que desprovidos de cientificidade, pois tais saberes responderam e respondem as perguntas que se foram apresentando ao longo de sua vida. 3 Nesse sentido, a escola deverá promover um diálogo entre os saberes da vida cotidiana e os conhecimentos que serão construídos no processo educativo, possibilitando que o jovem e o adulto percebam a utilidade e a importância deles para o desenvolvimento da sua autonomia e de sua participação na sociedade. “Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, permanente que os homens fazem no mundo, o mundo e com os outros...” (Paulo Freire). Deste modo...tem a Educação de Jovens e Adultos algo a fazer? Tem ela um papel importante? Que objetivos precisam ser definidos para que ela cumpra a sua função? Os nossos alunos na sua maioria são moradores de periferia entre 18 a 60 anos. Esta demanda é proveniente de zona rural e de outros estados principalmente do Norte e do Nordeste. As maiores parte destes alunos trabalham no corte de cana, colhem algodão, laranja; são empregadas domésticas diaristas, ajudantes de cozinha moram em bairros pobres e dispõem de pouco tempo para o lazer. Os que freqüentaram alguma vez a escola o fizeram por períodos breves, a maioria em escolas rurais. Desejo de conseguir um emprego melhor e outros relativos ao desenvolvimento pessoal foram motivos alegados para procurar um curso de alfabetização. Principalmente os mais jovens manifestaram desejo de continuar a escolarização até o final do 1º grau. Todos sabem escrever seus nomes, conhecem letras e números, sabem em quais situações sociais a escrita é utilizada. Aproximadamente a metade deles consegue decifrar partes de uma pequena lista de compras e um anúncio breve com muitas dificuldades, sem conseguir apreender o sentido do que estão lendo. Alguns conseguem escrever palavras ditadas, mas com muitas omissões de letras. Com poucas exceções, sabem ler os números usuais e realizam cálculos mentais para resolver problemas simples envolvendo pagamento, preço, troco, etc. II - SÍNTESE DOS OBJETIVOS GERAIS. Que o educando seja capaz de: • • • Dominar instrumentos básicos da cultura letrada, que lhe permita melhor compreender e atuar no mundo em que vive. Ter acesso a outros graus ou modalidades de ensino básico e profissionalizante, assim como a outras oportunidades de desenvolvimento cultural. Incorporar-se ao mundo do trabalho com melhores condições de desempenho e participação na distribuição da riqueza produzida. 4 • • • • • • Valorizar a democracia, desenvolvendo atitudes participativas, conhecer direitos e deveres da cidadania. Desempenhar de modo consciente e responsável seu papel no cuidado e na educação das crianças, no âmbito da família e da comunidade. Conhecer e valorizar a diversidade cultural brasileira, respeitar diferenças de gênero, geração, raça e credo, fomentando atitudes de não-discriminação. Elevar a auto-estima, fortalecer a confiança na sua capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal e social. Reconhecer e valorizar os conhecimentos científicos e históricos, assim como a produção literária e artística como patrimônios culturais da humanidade. Exercitar sua autonomia pessoal com a responsabilidade, aperfeiçoando a convivência em diferentes espaços sociais. III – OBJETIVOS ESPECÍFICOS SÍNTESE DOS OBJETIVOS DA ÁREA DE LÍNGUA PORTUGUESA Que o educando seja capaz de: • • • • • • • • • Valorizar a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos. Respeitar a variedade lingüística que caracteriza a comunidade de falantes da Língua Portuguesa. Expressar-se oralmente com eficácia em diferentes situações, interessando-se por ampliar seus recursos expressivos e enriquecer seu vocabulário. Dominar o mecanismo e os recursos do sistema de representação escrita, compreendendo suas funções. Interessar-se pela leitura e escrita como fontes de informação, aprendizagem, lazer e arte. Desenvolver estratégias de compreensão e fluência na leitura. Buscar e selecionar textos de acordo com suas necessidades e interesses. Expressar-se por escrito com eficiência e de forma adequada em diferentes situações comunicativas, preocupando-se com a correção ortográfica e gramatical. Analisar características da Língua Portuguesa e marcas lingüísticas de diferentes textos, interessando-se por aprofundar seus conhecimentos sobre a língua. 5 SÍNTESE DOS OBJETIVOS DA ÁREA DE MATEMÁTICA. Que o educando seja capaz de: • Valorizar a matemática como instrumento para interpretar informações sobre o mundo, reconhecendo sua importância em nossa cultura. • Apreciar o caráter de jogo intelectual da Matemática, reconhecendo-o como estímulo à resolução de problemas. • Reconhecer sua própria capacidade de raciocínio matemático, desenvolver o interesse e o respeito pelos conhecimentos desenvolvidos pelos companheiros. • Comunicar-se matematicamente, identificando, interpretando e utilizando diferentes linguagens e códigos. • Intervir em situações diversas relacionadas à vida cotidiana, aplicando noções matemáticas e procedimentos de resolução de problemas, individual e coletivamente. • Vivenciar processos de resolução de problemas que comportem a compreensão de enunciados, proposição e execução de um plano de solução, a verificação e comunicação da solução. • Reconhecer a cooperação, a troca de idéias e o confronto entre diferentes estratégias de ação como meios que melhoram a capacidade de resolver problemas individual e coletivamente. • Utilizar habitualmente procedimentos de cálculo mental e cálculo escrito (técnicas operatórias), selecionando as formas mais adequadas para realizar o cálculo em função do contexto, dos números e das operações envolvidas. • Desenvolver a capacidade de realizar estimativas e cálculos aproximados e utilizá-las na verificação de resultados de operações numéricas. • Medir, interpretar e expressar o resultado utilizando a medida e a escala adequada de acordo com a natureza e a ordem das grandezas envolvidas. 6 • Aperfeiçoar a compreensão do espaço, identificando, representando e classificando formas geométricas, observando seus elementos, suas propriedades e suas relações. • Coletar apresentar e analisar dados, construindo e interpretando tabelas e gráficos. SÍNTESE DOS OBJETIVOS DA ÁREA DE ESTUDOS DA SOCIEDADE E DA NATUREZA. Que o educando seja capaz de: • • • • • • • • • • • Problematizar fatos observados cotidianamente, interessando-se pela busca de explicações e pela ampliação de sua visão de mundo. Reconhecer e valorizar seu próprio saber sobre o meio natural e social, preocupando-se por enriquecê-lo e compartilhá-lo. Conhecer aspectos básicos da organização política do Brasil, os direitos e deveres do cidadão, identificando formas de consolidar e aprofundar a democracia no país. Interessar-se pelo debate de idéias e pela fundamentação de seus argumentos. Buscar informações em diferentes fontes processá-las e analisá-las criticamente. Interessar-se pelas ciências e pelas artes como formas de conhecimento, interpretação e expressão dos homens sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca. Inserir-se ativamente em seu meio social e natural, usufruindo racional e solidariamente de seus recursos. Valorizar a vida e sua qualidade como bens pessoais e coletivos, desenvolver atitudes responsáveis com relação à saúde, à sexualidade e à educação das futuras gerações. Reconhecer o caráter dinâmico da cultura, valorizar o patrimônio cultural de diferentes grupos sociais, respeitar a diversidade étnica e cultural da sociedade brasileira. Observar modelos de representação e orientação no espaço e no tempo, familiarizando-se com a linguagem cartográfica. Compreender as relações que os homens estabelecem com os demais elementos da natureza e desenvolver atitudes positivas com relação à preservação do meio ambiente, analisando aspectos da Geografia do Brasil. 7 • Compreender as relações que os homens estabelecem entre si no âmbito da atividade produtiva e o valor da tecnologia como meio de satisfazer necessidades humanas, analisando aspectos da História do Brasil. IV –Diretrizes dos conteúdos para os quatros semestres da EJA. Língua Portuguesa • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Avaliação Letras, sílabas e palavras. Segmentação das palavras, Sentido e posicionamento da escrita Ortografia, Acentuação, Listas – colunas, separar com vírgulas ou hífens, Escrever diferentes tipos de listas: compras, nomes, cidades, etc. Ordenar lista em ordem alfabética Receitas e instruções Formulários e questionários Anúncios, folhetos e cartazes. Versos, poemas, letras de música Bilhetes, cartas e ofícios Jornais Contos, crônicas, fábulas e anedotas Relatos, biografias e textos de informação científica Campos semânticos e léxicos: _Classificação de palavras _Sinônimos _Derivados _Sufixos e prefixos Flexão das palavras e concordância _(tempo, modo, pessoa e número) _concordância nominal e verbo 8 Matemática • • • • • • • • • • Números naturais Sistema decimal Números racionais, representação decimal Números racionais, representações fracionária Adição e subtração com números naturais Adição e subtração com os números racionais de forma decimal Multiplicação e divisão com os números naturais Medidas _conceito _sistema monetário brasileiro _tempo _ temperatura _comprimento _capacidade _massa _superfície Espaço, dimensão, posição, direção e sentido Formas bi e tridimensionais, figuras planas e sólidos geométricos. História, Ciência e Geografia. • • • • • • • • • • • • • • • • • • A identidade do educando Centro educativo Espaço de vivência Desenvolvimento humano Cultura: observar mudanças ocorridas no passado e no presente Diversidade cultural da sociedade Brasil Expressões artísticas Meios de comunicação de massa Ecossistemas e ciclos naturais Espaços rurais e urbanos Problemas ambientais das zonas rurais e urbanas Conservacionismo O planeta Terra Trabalho, tecnologia e emprego Relatório de trabalho na História do Brasil O Estado brasileiro Direitos civis, políticos e sociais Organização e participação da sociedade 9 V – MATERIAIS NECESSÁRIOS Lousa, giz, caderno pautado, folhas brancas, lápis e caneta, cartaz e fichas individuais com o alfabeto (letra de forma e cursiva, maiúsculas e minúsculas). Fichas com letras para montar, fichas para bingo, xérox ou mimeógrafo, lista de alunos da escola, mapa do Brasil, plano de ruas do bairro, modelos de formulários, calendários, poemas, letras de músicas, crônicas, jornais, listas de preços, anúncios de produtos com preços, palitos para fazer agrupamentos, cartas, bilhetes e envelopes. VI – METODOLOGIA Nesse período de reconstrução democrática, muitas experiências de alfabetização ganharam consistência, desenvolvendo os postulados e enriquecendo o modelo da alfabetização conscientizadora dos anos 60. Dificuldades encontradas na prática geravam reflexão e apontavam novas pistas. Uns avanços importantes destas experiências mais recentes incorporam de uma visão de alfabetização como processo que exige um certo grau de continuidade e sedimentação. Para a alfabetização inicial, as palavras geradoras com suas imagens codificadas e quadros de famílias silábicas vêm em muitos casos acompanhadas de exercícios complementares, normalmente, exercícios de montar ou completar palavras com sílabas dadas, palavras e frases para ler e associar a imagens, bem como exercícios de coordenação motora. Alguns materiais partem de frases geradoras que gradativamente, vão compondo pequenos textos. Há uma preocupação crescente em ofertar materiais de leitura adaptados aos neoleitores. Para os níveis de pós-alfabetização, os materiais são mais escassos. Os mais originais são aqueles que aproveitam textos escritos pelos próprios educandos como textos de leitura. A maioria, entretanto reproduz os livros didáticos utilizados no ensino fundamental, adaptados para a temática mais adulta. Os textos sempre simplificados referem – se ao mundo do trabalho, problemas urbanos, saúde e organização política como temas geradores ou tópicos curriculares de Estudos Sociais e Ciências. Entre as propostas de exercícios de escrita, aparecem questionários nos quais solicita-se a reprodução dos conteúdos dos textos ou o introduzem-se tópicos gramaticais. Outro indicador da ampliação da concepção de alfabetização no sentido de uma visão mais abrangente de educação básica é a crescente preocupação com relação à iniciação matemática. Muitas vezes, a preocupação foi posta pelos próprios educandos, que expressam o desejo de aprender a “fazer contas”, certamente em razão da funcionalidade que tal habilidade tem para a resolução de problemas da vida diária. De fato, considerando-se a incidência das representações e operações numéricas nos mais 10 diversos campos da cultura, é fundamental incluir sua aprendizagem numa concepção de alfabetização integral. Um princípio pedagógico já bastante assimilado entre os que se dedicam à educação básica de adultos é o da incorporação da cultura e da realidade vivenciada pelos educandos como conteúdos ou ponto de partida da prática educativa. No caso da educação de adultos talvez fique evidente a inadequação de uma educação que não interfira nas formas de o educando compreender e atuar no mundo. A análise das práticas, entretanto, mostra as dificuldades de se operacionalizar esse princípio. Muitos materiais didáticos, geralmente os produzidos em grande escala, fazem referência a “trabalhadores” ou “pessoas do povo” genéricas, com as quais é difícil homens e mulheres reais se identificarem. Em outros casos, a suposta realidade do educando é retratada apenas em seu aspectos negativos – pobreza, sofrimento, injustiça – ou na sua dimensão política. Ocorre também a redução dos interesses ou necessidades educativas dos jovens e adultos ao que lhes é imediato, enquanto sua vontade de conhecer vai muito além. Perde-se assim a oportunidade criada pela situação educativa de se ampliarem os instrumentos de pensamento e a visão de mundo dos educandos e dos educadores. Outra questão metodológica diz respeito ao caráter crítico, problematizador e criativo que se pretende imprimir à educação de adultos. Educadores fortemente identificados com estes princípios da prática educativa conseguem estabelecer uma relação de diálogo e enriquecimento mútuo com seu grupo. Promovem situações de conversa ou debate em que os educandos têm a oportunidade de expressar a riqueza e a originalidade de seus saberes; conseguem reconhecer, comparar, julgar, recriar e propor. Entretanto, na passagem para o trabalho específico de leitura e escrita ou matemática, torna-se mais difícil garantir a natureza significativa e construtiva das aprendizagens. Na alfabetização, o exercício mecânico de montagem e desmontagem de palavras e sílabas vai se sobrepondo à construção de significados; os problemas matemáticos dão lugar à memorização dos procedimentos das operações. Muitas vezes, com a intenção de simplificar as mensagens, já que se trata de uma iniciação à cultura letrada, os textos oferecidos para leitura repetem a mesma estrutura e estilo, expondo uma visão unilateral dos temas tratados. Produz-se, assim, uma dissociação entre os momentos de “leitura do mundo”, quando os educandos são chamados a analisar, comparar, elaborar, e os momentos de “leitura da palavra” (ou dos números), quando os educandos devem repetir, memorizar e reproduzir. 11 VII - GESTÃO DEMOCRÁTICA “A democratização da gestão é um processo de reinvenção da educação escolar que implica amplo aprendizado coletivo”. Elie Ghanem A gestão democrática é exercício cotidiano de convivência entre alunos, professores, pais, direção e equipe de apoio; é permeadas por relações vinculares complexas, multiplicidade de concepções e referenciais, conflitos e divergências. O protagonismo de cada um dos envolvidos nesta relação será firmado apoiando-se em princípios éticos e confiança recíproca. Propiciar o interjogo entre estas pessoas, facilitando troca de idéias, revisão de matrizes, concepções e crenças, incorporando novos dados, elementos e conhecimentos, estruturará os pilares da gestão democrática, favorecendo a escola o cumprimento de seu papel social, implementando seus objetivos com qualidade e responsabilidade. A gestão democrática está prevista na Constituição Federal, artigo 206, inciso VI sendo um dos princípios com base nos quais o ensino público deve ser ministrado, cujo objetivo é conhecer melhor o conjunto das necessidades e opiniões e com isso melhorar a aprendizagem dos alunos de todas as camadas da população, com a participação e tomada de decisões coletivas e, respectiva assunção de responsabilidades. Espera-se que, conhecendo melhor as necessidades e expectativas dos usuários, as práticas escolares sejam mais adequadas e que os alunos da EJA atinjam aprendizagens mais efetivas e significativas e cresçam os índices de sucesso escolar. As formas legais de participação e envolvimento da comunidade nas questões escolares são o Conselho de Escola – órgão deliberativo e de composição paritária formado por professores, funcionários, alunos e pais – e a APM, os alunos representantes são da EJA. A constituição desses órgãos, no entanto, o estabelecimento e a regulação dos meios de participação, as eleições de seus integrantes não podem ser preocupações maiores do que a busca do cumprimento de sua finalidade, pautada na identificação e procura de soluções para os problemas da unidade. Entende-se aqui comunidade como sendo aquela constituída pelos funcionários da escola, pela população usuária e também pelos moradores da área escolar que não se utilizam diretamente dos serviços. O Conselho de Escola possibilita a utilização de equipamentos do prédio pela comunidade, também autorizando atividades secundárias como festas, mutirões, etc., uma vez que ele pode se posicionar também sobre os objetivos e conteúdos curriculares. O Conselho de Escola deve sanar as dúvidas da comunidade escolar e contribuir com os conhecimentos que tem sobre ela e que servirão como referência para estruturar o trabalho educativo. Ele é o mecanismo que propicia a interação da escola com os movimentos e as transformações sociais do momento, sem, entretanto determinar quais são as atribuições e decisões pedagógicas, pois estas fazem parte do papel dos educadores e da equipe de gestão. Sendo assim, não se pretende, com a participação da população usuária, que ela traga todas as respostas e não se desconsiderando o saber profissional dos servidores da escola, absolutamente indispensável, e que poderá trazer muitas das respostas aos problemas apresentados. 12 A relação da escola com a comunidade não é conseguida com facilidade, pois existem algumas questões que dificultam que ela aconteça ou mesmo que se aprofunde: uma delas é a questão cultural, importante de ser considerada, uma vez que herdamos uma raiz autoritária, ligada não somente ao tipo de nossa colonização, como também ao recente período de ditadura militar pelo qual passou o nosso país. São fatos com conseqüências e ressonâncias marcantes em nossa atuação nos meios acadêmicos e escolares que seriam espaços de debates e decisões coletivas. O modelo autoritário apresenta, de um lado, o indivíduo que manda, dono do poder e do saber e, do outro, aquele que obedece, incapaz de fazer valer os seus direitos, mas que encontra maneiras sutis de não realizar o proposto. Um aspecto importante que facilita o relacionamento, é a busca da coerência entre discurso e prática, pois embora haja uma hierarquia na estrutura do funcionamento do sistema educacional para garantir que sejam assegurados os objetivos e dinamismo, há de se primar pelo respeito a todos os envolvidos nesse processo, no sentido de compartilhar as decisões coletivas democraticamente, no reconhecimento de que todas as instâncias de trabalho são igualmente necessárias para a realização e implementação das ações educacionais. O Diretor/Dirigente de estabelecimento de ensino tem a função de ser o integrador e articulador entre os vários segmentos, internos e externos da escola e estar atento ao cumprimento de suas diretrizes, trabalhando dentro de uma intencionalidade. A ele cabe o papel de coordenar a execução da programação, de acompanhar a operacionalização das decisões coletivas, articulando as dimensões administrativas, pedagógicas e comunitárias. A grande tarefa da direção é fazer a escola funcionar pautada num projeto coletivo que respeita a função prioritária da escola: fazer os alunos aprenderem mais e melhor, principalmente os da EJA que necessitam de uma atenção especial. Para favorecer a mudança da prática pedagógica, o papel da equipe de gestão é criar um clima de confiança, pautado na ética e no diálogo. A superação do autoritarismo, no entanto, às vezes pode levar ao extremo oposto e também é outro fator dificultador da relação democrática, que é o não posicionamento claro, a não explicitação de convicções e valores; tais posições não são interessantes, uma vez que o educador deve ser uma referência para a coletividade. Uma outra vertente de reação ao autoritarismo é o paternalismo, igualmente nocivo às relações e que pode ser superado pela assunção do verdadeiro papel da equipe: estar junto, propiciar condições, mas não fazer pelo outro. Há necessidade de se construir o trabalho sobre algumas bases, a primeira delas é a confiança. “A confiança nos homens é a condição prévia indispensável para uma mudança revolucionária” (Freire, 1980:60). Os professores têm sob sua responsabilidade o bem maior do sistema educacional – o aluno – e, portanto, são merecedores de confiança e de tratamento excessivos. Note-se aqui a diferença entre a vigilância e o acompanhamento, uma vez que o trabalho pedagógico deve estar baseado no projeto pedagógico da escola e não nas idiossincrasias do educador. Trabalhar com os alunos da EJA exige um trabalho de muito carinho, atenção por parte de todos que participam do sistema. 13 VIII – CURRÍCULO O Currículo da Educação de Jovens e Adultos terá como referência a Base Nacional Comum, que poderá ser complementada com a parte diversificada, será elaborado de acordo com as leis que regulam a matéria as normas e orientações do CNE e CEE. A Educação de Jovens e Adultos corresponde ao Ensino Fundamental I e será desenvolvida em 2 anos ou 4 semestres letivos. Cada semestre terá 400 horas-aula e 300 horas, funcionando no horário das 19h00 às 22H00, com 4 aulas diárias de 40’ e um recreio de 20’. MATRIZ CURRICULAR EJA SEMESTRE 20 SEMANAS H/A 40 MINUTOS CARGA HORÁRIA 300 HORAS – 100 DIAS LETIVOS Componentes Curricular Língua Portuguesa Termo I 1° 2º Sem Sem Termo II 3° 4° Sem Sem 10 9 9 9 Matemática 6 5 5 5 Estudo da Sociedade História 1 1 2 2 1 1 2 2 2 2 2 2 Total 20 20 20 20 Total da Carga Horário 300 300 300 Estudo da Sociedade Geografia Natureza e Saúde Ciências 300 HORÁRIO 1ª 2ª- 19h00’– 19h40’ 19h40’ – 20h20’ Intervalo20h20’ – 20h40’ 3ª 20h40’ – 21h20’ 4ª 21h20’ – 22h00’ 14 IX – Sistema de Avaliação A avaliação do aproveitamento dos alunos deverá ser processual, sistemática e cumulativa, realizada pelas equipes de educadores ao longo do período letivo de acordo com os objetivos previstos, relacionados aos diversos conteúdos e por meio de diferentes instrumentos, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos. A atividade de avaliação, realizada pelo professor, permitirá a identificação daqueles alunos que não atingiram com proficiência os objetivos do curso e que deverão ser submetidos a um processo de reorientação da aprendizagem, onde serão oferecidos estudos de: recuperação simultânea e contínua no decorrer dos períodos avaliatórios; recuperação paralela ao período letivo e recuperação final ao termino dos períodos avaliatórios. As avaliações e estudos de recuperação serão planejados e efetuados pelos professores de acordo com os princípios da avaliação formativa previstos no Plano Escolar. A avaliação do aproveitamento escolar será expressa, divulgada sob a forma de notas de 0 a 10 ao final de cada bimestre do período semestral.Portanto cada semestre terá dois bimestres que ficarão assim divididos: Os Semestres: 1º bimestre - fevereiro, março e abril. 2º bimestre - maio, junho e julho. 3º bimestre - agosto e setembro. 4º bimestre - outubro, novembro e dezembro. Ao término do semestre se fará a média dos dois bimestres e a média alcançada deverá ser igual ou superior a 5,0. Caso o aluno alcance a média o Conselho de Termo deverá apreciar o aproveitamento do aluno e decidir se fará final. A – PROMOÇÃO Será promovido o aluno que alcançar média igual ou superior a 5.0 e freqüência superior a 75% em todos os componentes curriculares. O aluno poderá ser submetido a estudos finais de recuperação e se obtiver média 5.0 será considerado promovido. Não haverá promoção com dependência. 15 B – PERMANÊNCIA Será considerado permanente o aluno que não obtiver média final 5.0 após os estudos de recuperação. Também será considerado permanente o aluno que não obtiver freqüência superior a 50%. C – RECUPERAÇÃO Serão oferecidas atividades de recuperação paralela durante os bimestres aos alunos que não obtiveem média 5.0. O planejamento desse processo de recuperação é de responsabilidade do professor e deverá envolver a identificação das dificuldades dos alunos para que seja feita a seleção dos objetivos e atividades a serem trabalhadas e avaliadas. Terão direito a avaliação final desde que constante no calendário escolar no final de cada semestre. Terminado este período é feita à recuperação, o aluno se submeterá a uma nova avaliação e deverá obter média 5,0 para ser promovido. TRANSFERÊNCIA O recebimento de transferência de alunos será permitido durante os períodos de janeiro a julho e a critério da Direção do estabelecimento, durante o período letivo. O pedido de transferência para outro estabelecimento de ensino será solicitado ao Diretor, pelo pai ou responsável e será expedida em qualquer época do ano. SISTEMA DE CONTROLE DE FREQÜÊNCIA A freqüência do aluno na escola será apurada aula a aula pelo professor da sala, não influindo na avaliação do rendimento escolar, exigindo-se, todavia, aprovação a freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) de cada componente curricular. Atestado médico só será aceito para justificar as faltas e não para saná-las. Os atestados médicos de licença gestante e doenças contagiosas, nestes casos os alunos não ficarão com faltas. 16 MATRÍCULA A renovação de matrícula para o ano seguinte será efetivada depois de serem cumpridos os seguintes procedimentos. Ter a idade mínima de catorze (14) anos completos, na data da efetivação da matrícula, em qualquer uma das suas séries, e demonstrar possuir conhecimentos equivalentes, mediante apresentação de documento comprobatório ou verificação a ser procedida pela própria escola; • Deverá ser efetuada a matrícula mediante requerimento dos pais ou responsável ou do próprio aluno, quando maior de idade. • Apresentação de documento de identificação, a saber: _ Certidão de Nascimento e/ou Casamento; _ Cédula de Identidade; _ Comprovante quitação com as obrigações eleitorais e militares, quando for o caso; _ CPF; _ Comprovante de escolaridade anterior; quando for o caso. São documentos necessários à matrícula inicial nas séries da Educação de Jovens e Adultos. • • • • Xérox da Certidão de Nascimento e do R.G. Em caso de transferência, será exigidos o Histórico Escolar e todos os documentos que integrem o prontuário do aluno. Requerimento de matrícula devidamente preenchido e assinado, do qual conste expressamente a concordância do pai ou responsável. Aos alunos maiores de 18 anos será exigida a apresentação do Certificado de quitação militar e do Título de Eleitor. CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO DE ALUNOS A escola poderá fazer a CLASSIFICAÇÃO em qualquer série dentro dos seguintes critérios: Por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série na própria escola; • Por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas, desde que observados, principalmente: a) Correlação com a idade; b) Aproveitamento de estudos; c) Análise da escolaridade do aluno mediante avaliação por uma equipe de docentes, supervisionada pela Equipe Pedagógica e Educacional de curso. • Independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição no ano, série ou etapa adequada. • 17 Em casos especiais, a Direção da Escola nomeará uma comissão de três professores ou especialistas para que emita parecer sobre o caso. Com base na idade e competência, a escola poderá RECLASSIFICAR os alunos tendo como base às normas curriculares gerais e mediante a: • Solicitação de reclassificação, por parte do aluno ou seus responsáveis, expondo as razões e a série em que pretende a matrícula, por meio de requerimento feito por escrito. • Aprovação, em avaliação pela escola, nos Componentes Curriculares da base Nacional Comum, com o conteúdo da série imediatamente anterior à pretendida, devendo constar, obrigatoriamente, uma redação em Língua Portuguesa. • Avaliação por comissão de três professores ou especialistas, e/ou Conselho de Termo, do grau de desenvolvimento e maturidade do candidato para cursar a série pretendida. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nossa Proposta Pedagógica tem como finalidade a busca da emancipação humana – social pela elevação da qualidade existencial e da interação educativa, possibilitando a alteração das condições de vida pela aquisição dos saberes. A valorização do universo dos alunos é feita pela discussão de seus interesses e suas experiências de vida, considerando que o homem precisa ser sujeito de suas relações no mundo um cidadão no sentido pleno, como diz Paulo Freire. A unidade do conhecimento é explicitada na interdisciplinaridade. E como o conhecimento não se reduz ao acesso as informações, os conteúdos, ao sofrerem o tratamento didático, apontam para a busca do que é significativo para o jovem e para o adulto, sugerindo atividades que ligam o saber às questões da vida. Os significados se constituem na interação, nas relações sociais, e nelas, ao mesmo tempo, o homem se constitui, se humaniza. 18 PROPOSTA PEDAGÓGICA EJA ( EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS) Elaborada por: Tereza Hilário e Silva de Oliveira Assessora Técnica do Administrativo do Departamento De Educação e Cultura. 24/07/2008 19