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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Marketing
Trabalho de Conclusão de Curso
A INFORMAÇÃO E A COMUNICAÇÃO COMO ARGUMENTOS
DA EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL
Autor: Alex Alonso Fernandes
Orientador: André Sabioni
Brasília – DF
2013
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A INFORMAÇÃO E A COMUNICAÇÃO COMO ARGUMENTOS DA EFICIÊNCIA
ORGANIZACIONAL
Alex Alonso Fernandes
RESUMO
O presente artigo teve por objetivo discutir sobre a comunicação como estratégia
organizacional para obtenção de vantagem competitiva. Por meio das técnicas de
pesquisa qualitativa, exploratória e bibliográfica, e da intenção de solucionar o
problema de pesquisa levantado, o qual procurou tratar sobre o papel da
comunicação nas organizações, concluiu-se que a comunicação organizacional é
responsável por garantir a continuidade dos processos, estabelecendo um elo
estratégico entre gestores, colaboradores, clientes e fornecedores. Evidenciou-se
que a adequada comunicação é responsável por difundir as regras e condutas
necessárias dentro do ambiente organizacional. Desse modo, a comunicação pode
ser considerada como uma arte, pois é responsável por manter a relação entre todos
os envolvidos, fortalecendo e consolidando o ambiente organizacional, por meio da
transmissão de informações, muitas vezes valiosas para o bom desempenho. Por
meio da comunicação, estratégias podem ser implementadas no sentido de garantir
a vantagem competitiva, tão deseja pelas organizações.
Palavras-chave: Comunicação. Comunicação Interna. Vantagem competitiva.
ABSTRACT
This article aims to discuss communication as an organizational strategy for
achieving competitive advantage. Through qualitative research techniques,
exploratory and literature, and the intention to solve the research problem raised,
which sought to address the role of communication in organizations, it was concluded
that organizational communication is responsible for ensuring the continuity of the
processes by establishing a strategic link between managers, employees, customers
and suppliers. It was evident that proper communication is responsible for
disseminating the rules and behaviors needed within the organizational environment.
Thus, communication can be considered as an art as it is responsible for maintaining
the relationship between all involved, strengthening and consolidating the
organizational environment, through the transmission of information, often valuable
for good performance. Through communication, strategies can be implemented to
ensure a competitive advantage, as organizations want.
Keywords: Communication. Internal Communication. Competitive advantage.
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1 INTRODUÇÃO
A comunicação está em toda parte. Desde que o homem surgiu se utiliza
deste
mecanismo
para
transmitir
suas
ideias,
pensamentos,
aspirações,
sentimentos. No âmbito organizacional, a comunicação se faz determinante uma vez
que é responsável pelo processo informacional estabelecido entre colaboradores e a
alta Administração (KUNSCH, 1999).
Neste estudo, o conceito de comunicação utilizado está relacionado à
comunicação no âmbito organizacional que segundo Cardoso (2006) tem assumido
um importante papel na prática da gestão empresarial permitindo às empresas o
desenvolvimento de estratégias em seus negócios.
Comunicar tornou-se uma peça-chave para a gestão de uma organização,
uma vez que pela comunicação são estabelecidas trocas de informações, as quais
agem sobre todos os setores organizacionais (REGO, 2002). Parte-se do princípio
de que pela Comunicação Organizacional a gestão empresarial é capaz de alcançar
os seus resultados, mediante metas e objetivos pré-estabelecidos (CARDOSO,
2006). Por esse motivo, acredita-se que a comunicação está presente em todas as
etapas do processo produtivo, seja em uma indústria, um comércio, uma loja de
varejos, entre outros, tornando-se decisiva para a obtenção de resultados (REGO,
2002).
Nesse sentido, a intenção para a realização deste estudo reside no fato de
que a comunicação e a troca de informações são indispensáveis para o processo
produtivo. Além disso, pode-se considerar que pela comunicação o atingimento de
metas e resultados torna-se possível (KUNSCH, 1999).
Assim, o problema de pesquisa que o presente trabalho procura solucionar é:
qual o papel da comunicação nas organizações?
Desse modo, o principal objetivo deste trabalho é: discutir sobre a
comunicação como estratégia
organizacional para obtenção de vantagem
competitiva. Quanto aos objetivos específicos, foram eleitos os seguintes: definir e
conceituar comunicação organizacional; falar sobre a comunicação interna; e,
analisar os fatores positivos proporcionados pela comunicação na busca da
vantagem competitiva.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Comunicação Organizacional
Conforme argumenta Scroferneker (2006) os estudos da comunicação
organizacional estão divididos em dois principais períodos compreendidos entre
1900-1970 e de 1970 até os dias de hoje. Segundo a autora, durante o período de
1900 a 1970 os diferentes conceitos e teorias desenvolvidos apoiaram-se
fundamentalmente na Doutrina Retórica Tradicional, na Teoria das Relações
Humanas e na Teoria da Gestão Organizacional.
A partir de 1970 as abordagens teóricas centraram-se na Teoria Moderna ou
Empírica, na Teoria Naturalista e na Teoria Crítica. Entretanto, a partir da década de
90 houve uma revolução de teorias e propostas que procuraram proporcionar uma
nova visão para as organizações gerando duas novas teorias, quais sejam, a Teoria
Narrativa Pós-moderna e a Teoria da Administração Baseada em Equipes.
É com base nestes argumentos introdutórios que se apresentam adiante
posicionamentos, além de conceitos e definições, a respeito da comunicação
organizacional.
Estabelecer um contato com todas as áreas e setores de uma organização
tem sido encarado atualmente como um desafio que as empresas vêm enfrentando
(KUNSCH,
1999).
Nesse
sentido,
os
processos
organizacionais
estão
irremediavelmente atrelados à qualidade da comunicação e das informações que
são transmitidas.
Por esse motivo, “a comunicação é fundamental, não só nos
possibilitando compreender o comportamento e a cultura organizacional, como
também aumentando a força competitiva da organização” (VIEIRA, 2004, p.26).
De acordo com Melo (2012, p.7) “a comunicação empresarial é uma área
interdisciplinar por definição que articula todas as estratégias de comunicação
utilizadas pela organização no relacionamento e interação com seus públicos”.
Desse modo, os métodos e formas utilizados pelas organizações para realizar
a comunicação são diversos, como a remessa de cartas, correspondências,
memorandos, ofícios e e-mails. Segundo Chamon (2008, p.159) “a comunicação
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organizacional […] se desenvolve num ambiente de públicos variados e é uma
atividade mestiça, integrada, que deixou de ser exclusiva de comunicadores”. Por
esse motivo, funcionários, clientes e fornecedores tornam-se os principais atores do
processo comunicacional estabelecido nas relações organizacionais.
Nesse sentido, Melo (2012, p.100) considera que “de forma abrangente,
podemos considerar a comunicação empresarial como um conjunto complexo de
atividades, ações, estratégias, produtos e processos, distribuídos pelas áreas
mercadológica, institucional e interna”.
É com base neste entendimento que Rego (1986, p.34) esclarece que:
A comunicação, tanto instrumental, quanto consumatória, visa a uma
finalidade: obter certa dose de consenso sobre um sistema de
valores. Falhando o consenso, resultam a anomalia e a
desintegração. Daí, insistimos na necessidade do uso adequado e
sinérgico da comunicação para promoção da ordem e do consenso.
A partir do exposto, infere-se que quando há falha no processo
comunicacional as organizações estão sujeitas a falhas e consequentemente a
prejuízos. Sobre esse aspecto Vieira (2004, p.26) analisa que:
Nos últimos anos, em função do esforço para o aumento da
produtividade e da qualidade, a comunicação tem sido amplamente
valorizada nas organizações, mas é preciso ainda derrubar uma série
de tabus e, sobretudo, democratizar as estruturas formais das
organizações, que se caracterizam por uma hierarquia rígida e
autoritária. O desafio é quebrar barreiras através da comunicação,
especialmente a organizacional.
É notório que a comunicação tornou-se procedimento extremamente valioso
para as organizações que estão preocupadas em obter bons resultados. Por isso,
Coutinho e Silveira Júnior (2007, p.198) asseguram que “a comunicação se firma
progressivamente como o epicentro das atenções nas empresas não só brasileiras,
como do mundo inteiro”.
Em complemento, Scroferneker (2011, p.1) considera que:
As diferentes abordagens e perspectivas desenvolvidas mais
recentemente têm procurado demonstrar a importância que a
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comunicação organizacional vem assumindo em face do novo
cenário globalizado. O elo comum entre os autores é a preocupação
em definir e caracterizar comunicação organizacional e seu campo
de abrangência, evidenciando a necessidade de atribuir-lhe um lugar
de destaque nas organizações.
Nessa perspectiva, Cavalcante (2008, p.27) afirma que “Na organização,
independente da sua estrutura organizacional ou de seu segmento, o administrador
tem que utilizar vários recursos oferecidos pela comunicação para alcançar os seus
objetivos e compreender determinadas situações”. Segundo o autor, o administrador
deve ter consciência sobre a maneira como seus clientes internos e externos,
pensam e agem, para atender as suas necessidades.
Diante do exposto, percebe-se que para estabelecer um processo de
comunicação eficiente é necessário empreender estratégias organizacionais no
sentido de implementar um sistema de comunicação estruturado e que atenda as
necessidades da organização. Segundo Cavalcante (2008) um dos principais
problemas que podem ser deparados pelas organizações é a não definição de um
eficiente sistema de comunicação. Para o autor, as organizações ao implementarem
sistemas de comunicação que atendam realmente as necessidades terão maiores
chances de alcançar os resultados esperados.
O sistema de comunicação quando bem estruturado e definido traz grandes
benefícios para as organizações, uma vez que gera a integração de suas atividades.
Desse modo:
Para as organizações em geral, é muito importante a integração de
suas atividades de comunicação, em função do fortalecimento do
conceito institucional, mercadológico e corporativo junto a toda a
sociedade. É preciso incorporar a idéia de uma comunicação
globalizante, que nos ajude a compreender e acompanhar o ritmo
acelerado das mudanças no Brasil e no mundo. Uma combinação
parcial e fragmentada nunca conseguirá isso (KUNSCH, 1997, p.
116).
Todos os processos que envolvem a comunicação visam atender objetivos,
dos quais se destacam: a troca de informações com os diversos sujeitos; o
estabelecimento de regras e estratégias de atuação; e, segundo Cavalcante (2008,
p.31) “o estabelecimento de relações duradouras com os diversos públicos”.
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Como se observa, a comunicação, por sua prática, se responsabiliza por
garantir a continuidade dos processos. Nesse sentido, pode-se considerar que a
comunicação, no âmbito organizacional, atua como mediadora dos interesses dos
empregados, dos empresários, dos clientes e fornecedores.
2.2 Fluxos de Informação
De acordo com Cardoso (2006) a informação e a comunicação mantém uma
relação direta no que diz respeito às estratégias empresariais, assumindo um
importante papel na gestão empresarial.
Desse modo, a comunicação está diretamente relacionada à informação,
apesar de serem distintas uma da outra. Conforme afirma Matos (2009) é preciso
compreender a diferença entre comunicação e informação. Segundo o autor
informação pressupõe a transmissão de dados a partir de um emissor para um
receptor. A comunicação, por outro lado, ocorre quando a informação transmitida é
compreendida pelo receptor.
Do exposto infere-se que para que a comunicação alcance o seu destino e
com isso o seu objetivo é necessário que percorra um caminho, ou seja, um fluxo.
Numa análise mais detalhada, Rego (1986, p.54) articula que numa organização, “os
mecanismos de comunicação se movimentam, simultaneamente, em três fluxos e
duas direções, e no seu ajustamento reside o equilíbrio do sistema comunicacional”.
Segundo o autor, trata-se do fluxo descendente, ascendente e lateral, que
assumem as direções vertical e horizontal. Sobre o fluxo de comunicação
descendente Rego (1986) afirma se referir ao envio de informações que se originam
da alta administração (topo decisório) em direção aos colaboradores (à base). Com
relação ao fluxo ascendente, trata-se do caminho inverso, ou seja, parte das bases
em direção à alta administração. No que se refere ao fluxo de comunicação lateral
Rego (1986) considera como sendo a troca de informações por integrantes de um
mesmo grupo de trabalho.
Reservados os meios, técnicas e formas com que as informações são
transmitidas, há que se compreender que as informações são consideradas como
matérias-primas do conhecimento e, portanto, estão contidas, segundo Gonzaga
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Júnior (2009, p.42) “nos mais diversos meios de comunicação, nos livros, nas
revistas nos jornais e em arquivos eletrônicos”.
É pela importância que a informação assumiu que as organizações
despertaram para uma nova era no mundo dos negócios. Nesse sentido, Rascao
(2006, p.11) reflete que “desde há muitos anos que tem havido numerosas tentativas
para melhorar o fluxo da informação nos negócios”. O autor avalia que a informação
sofreu uma grande transformação no mundo dos negócios, passando de informação
baseada na indústria para a informação baseada no conhecimento.
Em complemento a esta análise, De Sordi e Meireles (2011, p.124) declaram
que “O processo de gestão da informação e do conhecimento das organizações tem
sido intensamente discutido e reestruturado desde meados da década de noventa”.
Segundo os autores, tal fato se deve em razão da atenção que vem sendo dedicada
pelas organizações e pelos setores acadêmicos com relação aos recursos de
informação e de conhecimento, ambos vislumbrando a inovação e o aumento da
competitividade entre as organizações.
Nesse sentido, foi estabelecido o consenso de que toda informação deve ser
atualizada periodicamente, devendo ser também confiável. Por isso, Siqueira (2005,
p.76) argumenta que “De nada adianta sabermos que a informação existe na
corporação, onde ela esta, como a acessar, se não existe um processo previsto para
atualizá-la e manter sua validade”.
Dessa forma,
A comunicação é fundamental para uma empresa, porém construída
de forma planejada. Isso porque a visão técnica tradicional, centrada
na relação emissor, mensagem e receptor, não permite a percepção
do potencial da comunicação além do fluxo de informações orientado
pelo organograma de uma empresa (CHAMON, 2008, p. 159).
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que de nada adiantaria para uma
organização deter de uma gama considerável de informação sem saber como tratála, como aproveitá-la e como gerar dela resultados.
Com base neste argumento Siqueira (2005, p.136) diz que:
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A informação é uma variável vital nos processos de desenvolvimento
e criação do conhecimento, sendo sua principal matéria-prima. É
através do fluxo e da troca de informações entre grupos que estas
são lapidadas através da capacidade humana até chegar a ponto de
se transformar em um conhecimento valioso e vantajoso para a
corporação.
Assim sendo, pode-se afirmar que a informação, quando adequadamente
utilizada, pode e deve contribuir para o processo decisório, gerando riqueza para as
organizações. É válido ressaltar que a informação, no contexto deste estudo, deve
ser entendida como base para o processo comunicacional, principalmente para o
processo de comunicação interna, conforme se discute adiante.
2.3 Comunicação Interna
A comunicação realizada dentro das organizações pode ser denominada
como comunicação interna. Por este meio de comunicação é que as organizações
desempenham suas atividades operacionais, realizando troca de informações,
atribuindo responsabilidades e determinando metas a serem atingidas.
Nesse sentido, Melo (2012, p.181) afirma que “a comunicação interna é
aquela dirigida ao público interno da organização – principalmente funcionários –
cujo principal objetivo é promover a máxima integração entre a organização e seus
empregados”. Além disso:
A comunicação interna deriva da necessidade de transmitir ao
público da casa, com frequência e clareza, o pensamento e ação da
empresa, destacando-se as posições que assumem seus dirigentes
e a consciência da função social que tem. [...] A comunicação interna
é um modo de difundir entre os empregados a realidade da empresa,
de ampliação dos laços de identidade funcional, de prestação de
informações e de estímulo ao debate da realidade social, sem
intermediários. (BAHIA, 1995, p.31)
Pela comunicação interna as organizações podem encontrar respaldo para
proceder o mesmo processo no ambiente externo, já que, segundo Melo (2012,
p.119) “a comunicação interna funciona como base de sustentação para a
comunicação externa”. O referido autor afirma ainda que:
“a
primeira
grande
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questão sobre comunicação interna é identificar, com rigor estratégico, o público
envolvido no processo comunicativo. Ninguém terá dificuldade em apontar os
funcionários como o principal público dessa subárea”. (MELO, 2012, p.153)
Como se pode perceber, os funcionários são importantes atores no processo
de comunicação interna em razão das atribuições que desempenha e de fazerem
parte do processo produtivo. É necessário, portanto, que a organização valorize a
comunicação estabelecida com este público favorecendo o trabalho em equipe e
integrando todos os demais envolvidos no processo de comunicação.
A comunicação interna não pode ser algo isolado do composto da
comunicação integrada e do conjunto das demais atividades da
organização. Sua eficácia dependerá de um trabalho de equipe entre
as áreas de comunicação e de recursos humanos, a diretoria e todos
os empregados envolvidos. (KUNSCH, 2006, p.129).
É válido ressaltar que uma organização que possua um programa de
comunicação interna bem elaborado, estará motivando seus funcionários e com isso
obterá o comprometimento deles com a empresa. De acordo com Brum (2005, apud
ALMEIDA et.al., 2010, p.21) “a comunicação interna também é importante nos
momentos em que novos desafios são lançados aos funcionários como, por
exemplo, quando uma empresa decide conquistar uma certificação de qualidade”.
Para que os funcionários de uma organização se tornem
comprometidos com a entrega de produtos e serviços de qualidade,
precisam receber informações que lhes permitam compreender e
aceitar seus papéis individuais e coletivos nesse processo, revelando
ser essencial o papel da comunicação interna como um instrumento
de promoção da qualidade (ALMEIDA et.al., 2010, p.20).
A comunicação interna, portanto, deve ser considera pelas organizações
como uma estratégia fundamental no processo decisório e para a determinação dos
resultados. Deve ser, segundo Kunsch (1999, p.77) “planejada em torno de
propósitos claramente definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a
organização e seus colaboradores lançando mão de metodologias e técnicas de
comunicação institucional e até da comunicação mercadológica”.
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2.4 Fatores positivos proporcionados pela comunicação
Hoje, selecionar a informação, estabelecer a maneira de transmiti-la e definir
o canal pelo qual será distribuída tornou-se o grande desafio das organizações.
Com isso, percebe-se que as organizações vêm dedicando especial atenção
aos aspectos comunicacionais de seus processos, tanto internos, quanto externos.
Além disso, as organizações vêm relacionando a comunicação, bem como, as
informações geradas a todos os setores de modo que contribua para o processo do
conhecimento. Conforme relatam Coutinho e Silveira Júnior (2007, p.198) “não há
conhecimento sem informação estruturada, já que conhecimento gera capital
intelectual – hoje um dos maiores valores das empresas.”
Como instrumento estratégico de gestão, a comunicação organizacional deve
acompanhar o ritmo acelerado de transformações e tendências empresariais para
poder enfrentar a acirrada competitividade. Nesse sentido, Cardoso (2006, p. 1125)
afirma que:
É por meio desses instrumentos que as organizações desenvolvem
funções, tomam decisões e estabelecem contatos com clientes,
fornecedores e parceiros. Isso significa que as organizações
precisam repensar, complementar e aprimorar seus referenciais
teóricos e metodológicos tradicionais, formulando e disseminando
estratégias que levem em conta os processos comunicacionais como
suportes eficazes e competentes para o agir e existir delas.
Neste contexto estão inseridos os mecanismos estratégicos da comunicação
organizacional direcionados ao desenvolvimento e ao fortalecimento da relação
entre gestores e colaboradores. Podem ser relacionadas a estes mecanismos as
maneiras pelas quais as organizações realizam e comunicam seu planejamento, sua
organização, sua direção e os controles instituídos.
Longe de diminuir a importância das funções administrativas apresentadas, as
ações de organização e direção, por exemplo, se destacam das demais, uma vez
que são responsáveis por traçar o caminho a ser seguido pelos colaboradores e,
também, pelos gestores. Pode-se citar neste contexto a instituição e divulgação do
Planejamento Estratégico Empresarial. Por este meio, a organização apresenta suas
12
metas, objetivos e projetos. E ao torná-lo público estabelece um nível de
relacionamento mais direto com seus colaboradores.
Segundo Oliveira (2001, p.46) “Planejamento Estratégico é um processo
gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela
empresa com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o
seu ambiente”.
Nesse sentido, ao tornarem públicas as metas as serem atingidas, como
exemplos o nível de satisfação de clientes e o seu grau de rentabilidade, as
organizações estarão estabelecendo o processo de comunicação organizacional,
mediante a transmissão de informações no ambiente interno, com seus
colaboradores de modo que estes possibilitem que tais objetivos sejam alcançados.
Desse modo, planejamento, organização, direção e controle, considerados
por Fayol apud Chiavenato (1999) como funções administrativas, cabem muito bem
na análise que se faz sobre a importância da comunicação organizacional, sendo
esta interpretada como instrumento estratégico de gestão e que pode proporcionar a
vantagem competitiva.
3 METODOLOGIA
3.1 Quanto a abordagem
No tocante à abordagem, aplicou-se o método qualitativo. A respeito da
pesquisa qualitativa, Demo (1995) menciona ser a maneira pela qual se descobre a
realidade. Oliveira (2003), por sua vez, afirma ser a forma com que se compreende
os resultados a partir das informações obtidas.
Minayo (apud SEABRA, 2001) entende a pesquisa qualitativa como a
maneira pela qual se aproxima da realidade. O referido autor argumenta ainda que a
pesquisa qualitativa trata de um extenso leque de significados, causas, anseios,
além de valores e atitudes, os quais mantem um relação direta com processos e
fenômenos.
Mediante aplicação do método qualitativo, a intenção é que este artigo
apresente o melhor entendimento a respeito do assunto, que teve o intuito de
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discutir sobre a comunicação como estratégia organizacional.
3.2 Quanto aos objetivos
Quanto aos objetivos, a pesquisa baseia-se no método exploratório. Segundo
Gil (2008) a pesquisa exploratória é o tipo de pesquisa que procura desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de abordagens
posteriores.
Para Larosa e Ayres (2005) a pesquisa exploratória: Permite ao pesquisador
absorver mais conhecimento pela aproximação ao assunto, de forma a melhor
compreender o universo estudado e afinar seu relacionamento com o problema
proposto. Através dela, o pesquisador obtém um aprofundamento no assunto,
identificando os fatores históricos que o envolvem.
Nessa perspectiva, a finalidade com a aplicação deste método foi atender o
objetivo principal deste estudo o qual se propôs a discutir sobre a comunicação
como estratégia organizacional.
3.3 Quanto ao procedimento técnico
O procedimento técnico adotado refere-se à pesquisa bibliográfica. Lakatos e
Marconi (1996) definem a pesquisa bibliográfica, ou pesquisa de fontes
secundárias aquela que se refere à bibliografia publicada, compreendido entre livros,
pesquisas, artigos, monografias, teses, revistas e jornais.
A pesquisa bibliográfica, portanto, se utiliza de fontes bibliográficas diversas,
além de informações obtidas mediante pesquisa em internet. A base bibliográfica
que trata sobre o assunto é bastante ampla, por esse motivo investigou-se livros,
artigos e produções acadêmicas que contivesse nos títulos ou nos resumos (no caso
de artigos) as expressões “informação”, “comunicação”, “comunicação interna”,
“comunicação organizacional” e “estratégia”, fato que possibilitou a explanação do
assunto.
Importante destacar que no estudo da comunicação organizacional pode-se
encontrar diferentes pensamentos e correntes teóricas, por isso, este campo de
estudo não possui uma única teoria.
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No Quadro 1 adiante são apresentadas as teorias, bem como as correntes
teóricas relacionadas à base bibliográfica utilizada nesta pesquisa.
Quadro 1 – Teorias da Comunicação Organizacional.
Teorias
Correntes de pensamento
Autores
Voltada para a medição e controle. A
Teoria Moderna ou
Empírica
comunicação é entendida como uma
ferramenta
que
viabilizava
o
cumprimento dos objetivos e metas
Cavalcante (2008) - Matos
(2009) - Almeida et.al., (2010)
organizacionais.
Teoria Naturalista
A realidade organizacional é fruto da
Vieira (2004) - Gonzaga Júnior
construção social. A comunicação
(2009) - Cavalcante (2008) -
faz a organização.
Siqueira (2005)
A organização é vista como uma
arena
Teoria Crítica
de
conflitos.
Admite
a
comunicação como causa de uma
Rego (1986)
falsa consciência estabelecida entre
dirigentes e trabalhadores
A história define a cultura e suas
Teoria narrativa pós-
possibilidades. É um híbrido de
moderna
ideias, uma mescla cujos resultados
provem da análise e da crítica.
Rego (1986) - Rascao (2006) Coutinho e Silveira Júnior
(2007) Melo (2012) - Chamon (2008) Vieira (2004) - Scroferneker
(2011) - Rego (2002) -
Teoria da
administração baseada
em equipes
Caracteriza-se
pela
comunicação
multidirecional nas organizações.
Cavalcante (2008) - Kunsch
(1997) - De Sordi e Meireles
(2011) - Chamon (2008) Bahia (1995) - Cardoso (2006)
- Chiavenato (1999) - Oliveira
(2001)
4 CONCLUSÃO
O objetivo principal deste trabalho foi discutir sobre a comunicação como
estratégia organizacional. Para tanto, procurou-se atender os seguintes objetivos
15
específicos: definir e conceituar comunicação organizacional; falar sobre a
comunicação interna; e, analisar os fatores positivos proporcionados pela
comunicação na busca da eficiência organizacional.
Diante do todo exposto, concluiu-se que a comunicação organizacional, entre
outros aspectos, é responsável por garantir a continuidade dos processos,
estabelecendo um elo estratégico entre os gestores e seus colaboradores. Esta
constatação encontra-se respaldada na corrente teórica da administração baseada
em equipes amparada pelos estudos e entendimentos de Melo (2012), Chamon
(2008), Vieira (2004), Scroferneker (2011), Rego (2002), Cavalcante (2008), Kunsch
(1997), De Sordi e Meireles (2011), Chamon (2008), Bahia (1995), Cardoso (2006),
Chiavenato (1999) e Oliveira (2001), uma vez que consideram a visão global e
integrada da comunicação.
Importante ressaltar que atualmente observa-se uma convergência entre as
correntes teóricas no sentido de aperfeiçoar o entendimento e a abordagem que
cada autor realiza sobre o assunto. Em todos os aspectos, a literatura atual vem
apresentando a importância da comunicação organizacional a partir de uma visão
ampla e globalizada.
No âmbito da relação que a organização mantém com o seu cliente (interno
ou externo), a arte de comunicar-se, pressupõe a obtenção de informações sobre
demandas, perspectivas e necessidades, vislumbrando o seu melhor atendimento,
entre outros. Para tanto, o bom relacionamento com os colaboradores se torna
essencial, considerando que, muitas vezes, são os próprios colaboradores que
intermediam as relações diretas com o cliente, por exemplo. Da mesma forma, o
processo de comunicação e relacionamento com os fornecedores se torna
fundamental, na medida em que estes se posicionam como responsáveis, em
conjunto com a organização, por garantir que determinado produto seja vendido ou
serviço seja prestado. São estratégias que podem garantir a vantagem competitiva
deseja pelas organizações. Nestes termos, acredita-se que tais conclusões
respondam ao problema de pesquisa levantado, o qual procurou tratar sobre o papel
da comunicação nas organizações.
Por fim, o entendimento adicional que se registra é de que as organizações
devem considerar a importância das informações produzidas por seus colaboradores
e com isso permitir que o processo de comunicação possa gerar o envolvimento de
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todas as áreas no processo produtivo, no alcance das metas estipuladas e na
promoção do sucesso esperado, todos, portanto, proporcionando a eficiência
organizacional.
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Alex Alonso Fernandes - Universidade Católica de Brasília