Capítulo 8 Simulação de Grandes Escalas de Escoamentos Turbulentos 8.1. Introdução • Simulação de Grandes Escalas (SGE) é uma metodologia intermediária à Simulação Numérica Direta (SND) e à simulação via equações médias de Reynolds (URANS). • Em SGE as estruturas turbulentas transportadoras de energia e quantidade de movimento são resolvidas diretamente da solução das equações filtradas, enquanto que a transferência de energia entre as duas partes do espectro é modelada. • Considerando-se que as menores estruturas tendem a ser mais homogêneas e isotrópicas e menos afetadas pelas condições de contorno, espera-se que os modelos advindos sejam mais universais e independentes dos diferentes tipos de escoamentos, quando comparados com a metodologia média clássica. • As metodologias de SND e SGE são semelhantes no sentido que ambas permitem a obtenção de resultados tridimensionais e transientes das equações de Navier-Stokes. • Sendo assim, SGE continua a exigir malhas refinadas. No entanto, tornase possível resolver escoamentos a altos números de Reynolds. 8.2. Equações da Turbulência •Equações filtradas: revisão   ui 0 xi  ui  1  p    ui  ui u j      ij  Cij  Lij   t  xj o  xi  x j   x j    T    u jT   t  xj  xj    T    j  C j  L j     x j         ij  ui uj    C ij  ui u j  ui uj   L  u u  u u i j i j  ij     j  ujT    C j  u jT   ujT      L j  u jT  u jT  Tensor de Re ynolds sub  malha  Tensor cruzado  Tensor de Leonard  Fluxo turbulento sub  malha  Fluxo turbulento cruzado  Fluxo turbulento de Leonard  u  uj  2 i   k ij  ij   t     x j  xi  3   k  ui  u j Lij  Cij  12  xk  xk •Testes de importância relativa DR   .  DL   . Lij  C ij   DM   . 2 Sij  Equações Globais da Turbulência  ui  1  p    ui u j       ij   ui u j      t x j  xi x j   x j xi      “Equações Médias de Reynolds” Equações Filtradas Globais Equações Filtradas desprezando-se os tensores cruzados e de Leonard 8.3. Modelo sub-malha de Smagorinsky •Este modelo foi proposto por Smagorinsky (1963), baseando-se na hipótese do equilíbrio local para as pequenas escalas, ou seja, que a produção de tensões turbulentas sub-malha seja igual à dissipação:       ui uj Sij  2 t Sij Sij   c1 ui uj  3/ 2 Na expressão para ,  ui uj  e l, são as escalas de velocidade e de comprimento respectivamente. / •Como a viscosidade turbulenta é proporcional à escala de velocidade e de comprimento, tem-se que: t  c1 uiuj  •Com estas três equações, chega-se a uma expressão para a viscosidade turbulenta:  t   CS 2 Sij Sij •A constante de Smagorinsky, CS =0,18, foi determinada analiticamente por Lilly (1967), para turbulência homogênea e isotrópica. •Aplicações para escoamentos não homogêneos e não isotrópicos? 8.4. Modelo sub-malha Função Estrutura de Velocidade •Chollet e Lesieur (1982) apresentaram o formalismo para o cálculo de (viscosidade turbulenta) e (difusibidade turbulenta) no espaço de Fourier •Eles chegaram à seguinte expressão para a viscosidade turbulenta no espaço de Fourier: E  kc ,t    t  kc ,t    t kc •A constante t+ é determinada fazendo-se um balanço de energia como segue: kc 2 E k ,t dk   t 2  k    0 t Considerando-se Obtém-se E  k ,t   C K  2 / 3 k 5 / 3 3 / 2  t   2 / 3  C K Observa-se que o cálculo da viscosidade turbulenta no espaço de Fourier exige determinar o nível de energia cinética turbulenta na freqüência de corte. Buscando-se aplicar este modelo no espaço físico, Métais e Lesieur (1990) mostraram que é possível fazer esta passagem, utilizando-se do conceito de Função Estrutura de Velocidade de Ordem 2: F2  x,r ,t   u  x  r ,t   u  x,t  2 •Batchelor (1953), mostra que existe um dualismo entre a função estrutura (definida no espaço físico) e o espectro de energia (definido no espaço de Fourier), válido para turbulência homogênea e isotrópica. •Com este dualismo e com um espectro de energia de Kolmogorov, chega-se ao seguinte resultado: E  x,kc ,t   0,03  F  x,  ,t  Logo, 3 / 2  F x,  ,t  t  x,  ,t   0,104 C K  2 Com F2  x,r ,t   u  x  r ,t   u  x,t  2 r  •Estes dois modelos são mais apropriados para escoamentos turbulentos plenamente desenvolvidos e fora de regiões parietais. Para escoamentos em transição e escoamentos parietais, um novo tipo de modelo foi proposto por Germano (1993) 8.5. Modelagem dinâmica sub-malha •A modelagem sub-malha convencional envolve uma constante de proporcionalidade ad-hoc imposta. Apesar das limitações advindas deste fato, conseguiu-se, nos últimos anos, avanços extremamente importantes na área de simulação numérica dos escoamentos turbulentos. •Os resultados que podem ser obtidos em turbulência completamente desenvolvida e fora das regiões parietais colocam a SGE hoje como uma ferramenta paralela à experimentação em laboratórios (Bradshaw et al., 1996, e Gharib, 1996). •Uma das principais limitações diz respeito a análise de escoamentos em transição e nas proximidades de paredes, em conseqüência da imposição ad-hoc de uma constante de proporcionalidade •A determinação dinâmica de uma função de proporcionalidade no cálculo da viscosidade turbulenta pode representar avanços importantes. •A base desta modelagem é o uso de dois filtros com comprimentos característicos diferentes. •No primeiro, utiliza-se as dimensões da malha para calcular o seu comprimento característico. Ele é denominado filtro a nível da malha. •No segundo utiliza-se um múltiplo das dimensões das malhas para calcular o comprimento característico. Ele é denominado filtro teste. •Com base no uso dos dois níveis de escalas (acima da malha), conclui-se que, na modelagem dinâmica, utiliza-se informações do nível de energia contido nas menores escalas resolvidas, situadas entre as escalas dos dois filtros. •A base matemática dos modelos dinâmicos são as equação de NavierStokes:  ui  1  p   ui u j     t  xj   xi  x j     u  i     xj    Primeiro processo de filtragem  ui  1  p   ui ui     t  xj   xi  x j     u  i     xj     ij  ui u j  ui u j Tensor de Reynolds sub-malha generalizado Chega-se a:   u  i    ij    xj     ui  1  p   ui u j     t  xj   xi  x j   Aplica-se agora um novo filtro G, de comprimento característico superior ao comprimento do primeiro filtro, sobre a equação seguinte:  ui  1  p   ui ui     t  xj   xi  x j   uˆ i    t  xj     ˆ u u    1  p    i j   xi  x j     u  i     xj      uˆ  i     xj    •Onde a seguinte relação entre os comprimentos característicos dos dois filtros é utilizada ˆ  2 •Define-se o tensor das tensões relativas ao segundo filtro, também chamadas de sub-teste, como sendo:  Tij  ui u j  uˆ i uˆ j Logo, tem-se que:  uˆ i  1  ˆp  ˆ ˆ  ui u j     t  xj   xi  x j     uˆ  i   Tij    xj    Filtrando-se a seguinte equação:  ui  1  p   ui u j     t  xj   xi  x j    uˆ i     1  ˆp   ui u j        t  xj    xi  x j     u  i    ij    xj      uˆ  i   ˆij    xj    Subtraindo-se uma equação da outra, entre as duas abaixo:  uˆ i  1  ˆp  ˆ ˆ  ui u j     t  xj   xi  x j    uˆ  i   Tij    xj     uˆ i     1  ˆp   ui u j        t  xj    xi  x j   uˆ  i   ˆij    xj      Tem-se,     u  ˆ ˆ  u  u u  Tij  ˆij i j i j  xj    xj     Define-se, daí, o tensor global de Leonard:    Li j   ui u j  ui uˆ j   Tij  ˆij       •A parte anisotrópica do tensor de Reynolds global sub-malha pode ser modelada com a hipótese de Bousinesq  ij   ij  ij  2 t Sij  2c  x,t   2 S Sij 3 •Modelando-se as tensões sub-teste de Reynolds de forma análoga, temse:  ij Tij  Tij  2c  x,t  ˆ 2 Sˆ Sˆ ij 3 •Filtrando-se a primeira destas duas equações equações, tem-se: ˆij   ij  ˆij  2 t Sˆ ij  2c  x,t   2 Sij S ij 3 Utilizando-se estas três equações, mais a identidde de Germano, isola-se a função de proporcionalidade procurada: 1 Li j M i j c  x ,t    2 Mi j Mi j Com Mi j e Li j dados por:  M i j  ˆ 2 Sˆ Sˆ i j   2 S Si j    Li j   ui u j  ui uˆ j      8.5. Métodos Numéricos para LES Discretização Métodode Vórtices Volumes Finitos Elementos Finitos Diferenças Finitas 8.5. Métodos Numéricos para LES • Esquema temporal: deve ser de, pelo menos, segunda ordem • Euler: primeira ordem – não recomendado uin  1  uin  f ui n ,u j n  Pin  Fin t   • Adams Bashforth: segunda ordem – apropriado uin  1  uin 3 1  f ui n ,u j n  f ui n  1 ,u j n  1  Pin  Fin t 2 2     8.5. Métodos Numéricos para LES • Runge Kuta: segunda ordem ou maior – apropriado n ui 1 2  un i  f un ,un  P n  F n i j i i t 2   1 1  n  1 n ui  ui  n 2 n 2  n  Fn  f  ui ,u j  P  i i t     8.5. Métodos Numéricos para LES • Esquema espacial: no mínimo de segunda ordem • Esquemas Up-Wind: não recomendados por apresentar difusão numérica • Esquemas centrados: são os mais apropriados por não apresentar difusão numérica O esquema centrado de segunda ordem tem sido considerado inapropriado para discretização do termo advectivo por ser oscilante!! A experiência tem mostrado que isto não é um problema numérico e sim deuso e de interpretação física. De fato: quando se associa segunda ordem no tempo com esquema centrado de segunda ordem no espaço mais modelagem da turbulência:  estabilidade numérica, livre de difusão numérica 8.5. Métodos Numéricos para LES • Acoplamento pressão velocidade: passo fracionado tem sido utilizado com sucesso. Nada impede que outros sejam utilizados com sucesso, desde que garantam convergência e conservação de massa. passo fracionado  ui n 1  uin   ui u j   x j t   n  n  1  p     ef    xi x j     2 n  1  p'   .u n  1 t  u u j i    x j xi  n      Fi n    t p' n 1 n  1 n  1 ui  ui   x i 8.5. Métodos Numéricos para LES • Solver de sistemas lineares: • SOR: caro e pode patinar • MSI: método interativo – tem sido utilizado • Gradiente conjugado: tem sido utilizado • Multi-grid: é o melhor procedimento do momento – não patina e é muito mais rápido que os demais  permite chegar a baixos resíduos de pressão e em consequencia a pequenos resíduos de massa. No entanto, é umm método mais apropriado para metodologias implícitas. 8.6. Resultados Modelagem Evolução temporal do espectro de energia cinética turbulentadiferenças finitas centradas de segunda ordem – sem modelagem da turbulência: acúmulo de energia na frequência de corte. Malha: 32x32x32 Ilustrativos – O Papel da 8.6. Resultados Modelagem Evolução temporal do espectro de energia cinética turbulentadiferenças finitas centradas de segunda ordem – sem modelagem da turbulência: acúmulo de energia na frequência de corte. Malha: 64x64x64 Ilustrativos – O Papel da 8.6. Resultados Modelagem Evolução temporal do espectro de energia cinética turbulenta – a modelagem da turgbulência de Smagorinsky foi introduzida a partir de 5 segundos – Constante de Smagorinsky: 0,18 Transferência excessiva de energia! Malha: 64x64x64 Ilustrativos – O Papel da 8.6. Resultados Modelagem Evolução temporal do espectro de energia cinética turbulenta – a modelagem da turgbulência de Smagorinsky foi introduzida a partir de 5 segundos – Constante de Smagorinsky: 0,028 Transferência adequada de energia! Incoveniente: ajustar a consntante!! Malha: 64x64x64 Ilustrativos – O Papel da 8.6. Resultados Modelagem Evolução temporal do espectro de energia cinética turbulenta – modelagem Dinâmica da turbulência foi introduzida a partir de 5 segundos – Transferência adequada de energia! Vantagem: não ter que ajustar a consntante!! Malha: 64x64x64 Ilustrativos – O Papel da 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência 7.5d d 16.5d 15d 30d 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência Surfaces of vorticity: (a) Re = 100; (b) Re = 300; (c) Re = 1.000. and (d) Re = 10.000 – Esquema centrado de 2a. ordem no espaço e 2a. ordem no tempo, sem modelagem da turbulência 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência 2.0 Re = 10.000 1.5 Cd Re = 100 Re = 300 1.0 Re = 1.000 0.5 0 100 200 300 tU/D Surfaces of vorticity: (a) Re = 100; (b) Re = 300; (c) Re = 1.000. and (d) Re = 10.000 – Esquema centrado de 2a. ordem no espaço e 2a. ordem no tempo, sem modelagem da turbulência 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência Sem modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 Com modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência 1.50 without model, Re = 10.000 1.20 Cd with model, Re = 1.000 0.90 with model, Re = 10.000 0.60 without model, Re = 1.000 0.30 0 50 100 150 200 tU/D Sem modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 Com modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequado de esquemas temporais e espaciais + modelagem da turbulência Sem modelagem: e Re=10.000 - 125 x 250 pontos Com modelagem: Re=10.000 - (250 x 500 pontos 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequdo de esquemas temporais e espaciais adequados + modelagem da turbulência 1.50 Re = 1.000 1.20 Cd Re = 10.000 0.90 0.60 0.30 0 50 100 150 tU/D Sem modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 Com modelagem: Re=1.000 e Re=10.000 8.8. Aspectos conclusivos • Esquemas centrados no espaço não são instáveis para os termos advectivos, desde que combinados com esquemas de segunda ordem no tempo e mais modelagem da turbulência para altos Reynolds  isto é fisicamente consistente • Esquemas descentrados de baixa ordem de precisão são sempre estáveis, independente do número de Reynolds, devido à “viscosidade numérica” inerente a eles • Esquemas centrados são preferíveis – exigem modelagem da turbulência para exercer o papel de transferência de energia sobre a freqüência de corte, sem a interferência de viscosidade numérica. 8.7. Resultados Ilustrativos – Importância do uso adequdo de esquemas temporais e espaciais adequados + modelagem da turbulência Cd Re Present work Braza et al. (1986) Henders on (1997) Lima e Silva (2002) Sucker e Brauer (1975) 100 1.38 1.36 1.35 1.39 1.45 300 1.22 - - 1.22 1.22 1.000 1.16 1.20 1.51 - 0.96 10.000 0.91 - - - 1.10