Universidade Católica de Brasília
Curso de Medicina
Internato - Pediatria
Dengue Perinatal
Gabriela Santos da Silva
Internato em Pediatria - 11º semestre
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 28 de maio de 2015
Epidemiologia
 745.957 casos registrados no Brasil em 2015 (até 18/04)
Em 2014: 586.182 casos!
 Região sudeste: 66,2% (489.636)
 Maiores incidências: Sudeste e Centro-Oeste (560,7
casos/100000 habitantes)
 DF: 3578 casos até 18/04
Fonte: Boletim Epidemiológico; volume 46; Nº 14 – 2015; Secretaria de Vigilância em Saúde,
Ministério da Saúde
Epidemiologia
 404 casos de dengue grave
 5771 casos de dengue com
sinais de alarme
 229 óbitos
Aumento de
45% em comparação ao
mesmo período de 2014
Fonte: Boletim Epidemiológico; volume 46; Nº 14 – 2015; Secretaria de Vigilância em Saúde,
Ministério da Saúde
Caso Suspeito de Dengue
 “Todo paciente que apresente doença febril aguda, com
duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos
dois dos sinais ou sintomas como cefaléia, dor retro-orbitária,
mialgia, artralgia, prostração ou exantema, associados ou não
à presença de hemorragias, deve ter história epidemiológica
positiva, como ter estado, nos últimos 15 dias, em área onde
esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha presença
do Aedes aegypti.”
 “Crianças provenientes ou residentes em área endêmica
apresentem quadro febril, sem sinais de localização da doença
ou na ausência de sintomas respiratórios.”
Espectro Clínico na Criança
 Pode ser assintomática!
OU
 Síndrome febril clássica
OU
 Sinais e sintomas inespecíficos: Adinamia, sonolência,
recusa de alimentos / líquidos, vômitos, diarréia, choro
persistente e irritabilidade (Dor!)
O início pode passar despercebido e o quadro
grave pode ser a primeira manifestação clínica!
Espectro Clínico na Criança
 O agravamento tende a ser mais súbito que no adulto
 Exantema, se presente: máculo-papular, com ou sem
prurido. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL com doenças
exantemáticas!
 Sinais de alarme costumam aparecer após a remissão
da febre (entre 3º e 7º dia) e indicam iminência de
choque (Síndrome
do extravasamento
vascular)
Perda de líquidos,
proteínas e eletrólitos
para o interstício.
Desidratação, hemoconcentração, edema, derrames cavitários!
Sinais de ALARME
Dor abdominal intensa e contínua
Vômitos persistentes
Hipotensão postural e/ou lipotímia
Sonolência e/ou irritabilidade
Hepatomegalia dolorosa
Hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena)
Diminuição da diurese
Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia (<36,0 oC)
Desconforto respiratório
Aumento repentino do hematócrito
Queda abrupta das plaquetas
Formas Graves – Disfunção Orgânica
 Disfunção





cardiovascular: Choque, diminuição da FE
ventricular, ICC e miocardite.
Disfunção respiratória: Insuficiência respiratória, EAP, SDRA.
Insuficiência hepática: Hepatite e discrasia sanguínea.
Disfunção hematológica: Plaquetopenia, CIVD, vasculopatia,
leucopenia grave e supressão medular.
Disfunção SNC: Delírio, sonolência, coma, depressão,
irritabilidade, psicose, demência, amnésia, sinais meníngeos,
paresias, paralisias, polineuropatias, Síndrome de Reye,
Síndrome de Guillain-Barré e encefalite
Disfunção renal: A insuficiência renal (menos comum e pior
prognóstico
Diagnóstico
 Clínica
Suspeita.
Notificação compulsória!
 Prova do laço: para todo
caso
suspeito
sem
sangramento espontâneo!
(Antes, buscar sinais de
sangramento,
como
epistaxe,
gengivorragia,
petéquias, hematêmese,
melena.)
 Caracterização
da curva
febril. Buscar sinais de
alarme
Insuflar por 3 minutos na PA
média. Desenhar quadrado de 2,5
x 2,5 cm e contar petéquias.
Positivo se 10 ou mais!
Diagnóstico
 Isolamento viral e sorologia:
 Em períodos não epidêmicos para todos suspeitos
 Em períodos epidêmicos para todos os graves ou com
dúvida no diagnóstico
 Sorologia só a partir do 6º dia! Isolamento viral
preferencialmente até 3º dia e máximo até o 5º
 Exames inespecíficos:
 Hemograma completo (hemoconcentração, leucograma
variável, plaquetopenia) ;
 Albumina sérica, tipo sanguíneo (obrigatório nos C e D)
 US de abdome e RX tórax (buscar extravasamentos)
 EAS, creatinina, coagulograma, transaminases, etc
Conduta – Grupo A
 Dengue
sem
manifestações
hemorrágicas e sem sinais de
alarme.
 Hidratação oral domiciliar!
 Precoce e abundante. Um terço com
SRO e restante com líquidos em
geral (água, sucos, água de coco,
chás)
 Oferecer de maneira sistemática,
independente da vontade da
criança!
 Para < 2 anos, 50 a 100 ml de cada
vez; Para > 2 anos, 100 a 200 ml de
cada vez. Adolescentes: 60 a 80
ml/kg/dia
Conduta – Grupo A
 Sintomáticos: antipiréticos (dipirona, paracetamol);
banho frio para alívio de prurido
NÃO USAR salicilatos e AINES!!!
 Orientar mãe sobre sinais de sangramento/alarme e
retorno imediato, se presentes
 Reavaliar no 3º a 7º dia de doença ou após remissão da
febre (período onde surgem complicações!)
Conduta – Grupo B
 Manifestações hemorrágicas espontâneas ou prova do
laço positiva; sem sinais de alarme.
 Ht > 38% ou aumento de 10-20% do valor basal
(hemograma obrigatório!)
 Hidratação oral supervisionada na unidade de saúde, caso
Ht aumentado (não aguardar resultado para iniciar). Se Ht
normal, conduzir como grupo A.
Conduta – Grupo B
 Hidratação:
 50 ml/kg em um periodo de 4 a 6 horas
 Em casos de vômitos ou má aceitação oral: hidratação
venosa! (Expansão com SF 20ml/kg em duas horas até 3X;
Manutenção segundo Holliday)
 Reavaliação:
 Clínica e hematócrito após hidratação.
 Caso haja melhora, conduzir como grupo A (reavaliação
clínica diária até 48 horas após remissão da febre)
 Se Ht permanece alto ou há piora clínica
Grupo C
Conduta – Grupo C
 Sinais de alarme, com ou sem manifestações hemorrágicas
 Internação em leito hospitalar por no mínimo 48 horas e
hidratação venosa
 Expansão: 20 ml/kg/h até 3 vezes
 Reavaliação clínica (diurese, PA, sinais vitais) e hematócrito
após 2 horas. Se melhora, passar para manutenção (Holliday)
 Se piora, conduzir como grupo D
Conduta – Grupo D
 Quadro grave, com choque e disfunção orgânica.
 Atendimento imediato, com HV vigorosa e internação em leito
de UTI.
 Monitorar hidratação pelo Ht, diurese e sinais vitais. Edema
não indica hiperhidratação!
 No choque, sempre oferecer O2. Pode ser necessário o uso de
inotrópicos, por disfunção miocárdica
Síndrome do Choque da Dengue
Pulso rápido e fraco
Diminuição da pressão de pulso (menor ou igual a 20 mmHg) ou
hipotensão
Perfusão capilar prolongada (>2 seg.), pele fria e úmida,
mosqueada
Ausência de febre
Taquicardia/bradicardia; Taquipnéia
Oliguria
Agitação ou torpor
Na fase inicial, as crianças podem apresentar nível sensorial
preservado!
Conduta – Grupo D
 Hidratação:
 Etapa rápida (SF ou Ringer) com 20 ml/kg em 20 minutos
até 3 vezes.
 Reavaliação clínica contínua, monitorar diurese, repetir Ht
em 2 horas. Se melhora, conduzir como grupo C
 Se Ht em ascensão, utilizar albumina (0,5 – 1,0 g/kg) ou
colóides sintéticos
 Se Ht em queda e choque persiste, pensar em
sangramentos! Pode ser necessária transfusão
Outras indicações de Internação
 Recusa na ingestão de alimentos e
líquidos.
 Impossibilidade de seguimento ou
retorno à unidade de saúde.
 Co-morbidades descompensadas,
como
diabetes
mellitus,
hipertensão arterial, insuficiência
cardíaca, uso de dicumarínicos,
crise asmática, etc.
Critérios de Alta
 Os pacientes devem preencher todos os critérios:
 Ausência de febre durante 48 horas, sem uso de terapia
antitérmica;
 Melhora visível do quadro clínico;
 Hematócrito normal e estável por 24 horas;
 Tendência crescente do numero de plaquetas.
 Estabilização hemodinâmica durante 24 horas;
 Derrames cavitários, quando presentes, em regressão e
sem repercussão clínica.
Dengue Perinatal
 Poucos





casos relatados! Transmissão vertical
(principalmente ao fim da gestação)
Febre nos primeiros 10 dias de vida, com duração de 1 a
5 dias (Dxd com sepse neonatal)
Exantema petequial + Trombocitopenia + Função
hepatocelular variável
Intraútero, pode causar prematuridade e CIUR
Casos
graves:
derrames
cavitários,
choque,
hemorragias digestivas ou intracranianas
Pode levar a morte ou sequelas, mas a maioria se
recupera totalmente
Dengue Perinatal
Salgado DM, Rodríguez JÁ, Lozano LP, Zabaleta TE. Dengue
Perinatal – Preséntacion de Caso. Revista Biomédica del Instituto
nacional de Salud; Vol.33 – 2013; Colombia.
[Perinatal dengue].
Salgado DM, Rodríguez JA, Lozano Ldel P, Zabaleta TE.
Biomedica. 2013 Sep;33 Suppl 1:14-21. Spanish. Artigo
Integral!
Exantema: “Ilhas Brancas no
Mar Vermelho”
Vacina
Obrigada!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
 Dengue : diagnóstico e
manejo clínico : criança /
Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância
em Saúde, Departamento
de Vigilância
Epidemiológica. – Brasília
: Ministério da Saúde, 2011
 Boletim Epidemiológico;
volume 46; Nº 14 – 2015;
Secretaria de Vigilância
em Saúde, Ministério da
Saúde
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Dengue em Pediatria e Perinatal