UNIVERS IDADE FED ERAL RURAL DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE GES TÃO DE PESSOAS DIVIS ÃO DE CAPACITAÇÃO E DES ENVOLVIMENTO – DCAD CURSO DE NOÇÕES DE DES ENVOLVIMENTO S US TENTÁVEL Estudo de Caso RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO - DESAFIOS PARA SERVIR REFEIÇÕES À COMUNIDADE DA UFRA E NÃO AOS LIXEIROS Equipe: Socorro Paredes1 , Paulo Ladeira2 e André Sá3 Belém-PA Outubro/2014 1 PROAES/RU - UFRA Setor de Vigilância - UFRA 3 Projeto Bio-Fauna/ISAHR - UFRA 2 INTRODUÇÃO: Na última década houve uma redução de mais de 100 milhões de pessoas subnutridas, mas 842 milhões de pessoas ainda passam fome em todo mundo, e cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é desperdiçada todos os anos, onde mais da metade, 54%, do alimento desperdiçado em todo mundo acontece na fase inicial da produção, ou seja, ou na manipulação, ou na pós-colheita ou na armazenagem, e 46% deste desperdício é gerado nas etapas de processamento, na distribuição e no consumo. As frutas e as hortaliças, como também as raízes e tubérculos, são os alimentos com taxas mais alta de não aproveitamento, em torno de 222 milhões de toneladas são jogadas no lixo, valor muito próximo ao que é produzido na África Subsaariana (230 milhões), país onde uma em cada quatro pessoas continua com fome crônica. Além das perdas econômicas que o desperdício causa, gera um impacto significativo nos recursos naturais dos quais dependem a humanidade para se alimentar. Neste sentido, dentro de Instituições de Ensino Superior como a Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), a destinação apropriada de seus resíduos alimentares é de grande importância para galgar novos passos rumo ao desenvolvimento sustentável institucional. Entre os pontos focais para desenvolvimento de novas diretrizes, tem-se o restaurante que atende a comunidade da UFRA. O Restaurante Universitário (RU) da UFRA desde o ano de 1985 passou a ter em seu quadro funcional um profissional Nutricionista, e a equipe que era bastante reduzida cresceu. Esta recebeu alguns treinamentos, entre eles, o aproveitamento máximo dos alimentos, a fim de evitar desperdícios. Por muitos anos, o RU recebeu, para complementar a refeição, leite, ovos, frango, algumas hortaliças e frutas, feijão caupi e arroz, todos produzidos na própria Instituição e toda sobra e resto de comida servia para alimentar os cachorros, no Hospital Veterinário. Porém, a produção desses gêneros alimentícios foi diminuindo e hoje o RU só recebe peixe e algumas frutas, com baixa frequência. Os animais passaram a se alimentar com ração e o hospital não recebeu mais o resto de alimento produzido no RU, que passou a ser jogado no lixo. O RU confecciona e distribui diariamente, em média, 500 refeições para alunos (de graduação e pós graduação) e para servidores docentes e técnicos administrativos. Diariamente, cerca de 30 kg de restos de alimentos vão para o lixo, valor muito alto que nos fez refletir o quanto pode ser feito para evitar que este resíduo contribua para o aumento da poluição ambiental e que com medidas educativas poderemos diminuir o desperdício ou reaproveitar este resíduo produzido nesta unidade de alimentação. Este estudo tem como objetivo avaliar de forma sistêmica a origem dos resíduos alimentares no RU da UFRA e propor possíveis medidas para redução e reaproveitamento dos resíduos tais como novos treinamentos para equipe de colaboradores, a fim de aproveitar melhor os alimentos. Entre as possibilidades levantadas estão: campanha educativa para o consumo de uma alimentação mais saudável e para evitar o desperdício; introdução de meios alternativos de distribuição, onde o prato principal e a sobremesa serão porcionados e o restante da refeição através do sistema self-service, como medida de redução dos resíduos; compostagem para reaproveitamento nas hortas; e alimentação de animais para reaproveitamento no manejo zootécnico. Os resultados esperados podem incluir a redução dos resíduos alimentares, bem como a economia com adubos e rações animais, produção essa que pode servir para suprir parte da necessidade do próprio RU (e portanto reduzir despesas). Esperamos também que o RU se torne modelo e núcleo para conscientização e mudança da cultura dos alunos e funcionários para sustentabilidade. JUSTIFICATIVA: A escolha de ser avaliar os resíduos produzidos no RU da UFRA está dentro do entendimento que não é possível alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável sem que os resíduos produzidos nos diversos setores tenham destinação apropriada e compatível com a manutenção do ecossistema íntegro e sustentável a longo prazo. Este estudo dialoga com os objetivos do Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) por ter perspectivas factuais de minimizar os desperdícios de bens públicos e recursos naturais, gestão ambiental adequada dos resíduos e formação continuada dos servidores, entre outros. Entendemos também que o espaço do RU é emblemático dentro da universidade por ser diariamente frequentado por cerca de 500 alunos e funcionários, dos mais diversos graus de formação e níveis de escolaridade, podendo ser ponto focal de atividades para mudança da cultura organizacional e formação para o desenvolvimento sustentável dos profissionais e futuros profissionais na Amazônia. RELATO DA SITUAÇÃO: O Estudo de caso foi realizado no RU da Universidade Federal Rural da Amazônia, nos meses de setembro e outubro de 2014, onde observa-se alto índice de desperdício. Os usuários muitas vezes jogam no lixo uma grande parte da refeição que levam em suas bandejas, algumas vezes frutas inteiras sem ter tirado a casca. Dessa forma, em média, 30 kg de alimentos tornam-se resíduos diariamente nesta unidade de alimentação e nutrição (UAN). Apesar do desperdício observado, a quantidade produzida não supre a demanda e assim muitos alunos ficam sem se alimentar, voltando para as salas de aula com fome ou compram lanches (muitas vezes pouco saudáveis). Um complicador desse quadro é o fato de que 100% da aquisição de frutas e hortaliças é comprado para compor a refeição do RU, apesar deste estar dentro de uma Instituição de Ensino das Ciências Agrárias, não dispondo a Universidade de produção própria e nem de parceria com redes de agricultura familiar. Através de controles técnicos realizados pelas estudantes do curso de Bacharelado em Nutrição da UNAMA, estagiando nesta UAN, para obter valores de percentual de resto- ingesta, per capita do resto- ingesta e peso da refeição distribuída no período de 24 de setembro a 2 de outubro de 2014, encontrou-se os seguintes dados: Tabela 1: Dados referente a quantidade distribuída, resto per capita e % resto-ingesta dos 4 dias de almoços analisados. Dias Qt. Distribuída (Kg) Nº Refeições 24/09 205,92 596 25/09 326,73 01/10 291,96 02/10 325,06 Fonte: Dados da pesquisa. 586 Per capita restoingesta (Kg) % Resto- Ingesta 0,04 11,70 585 0,04 8,78 563 0,05 10,75 0,06 11,29 O controle de resto- ingesta é um indicador de qualidade da produção, logo uma vez que o mesmo encontra-se elevado isso implica diretamente no custo da Unidade refletindo também em uma falta de qualidade, gerando com isso mais sobras e restos de alimentos. Este indicador tem como objetivo analisar a adequação do cardápio referente às quantidades preparadas, erros na produção, aceitação dos consumidores do referido cardápio, podendo desta forma intervir de maneira direta no problema, minimizando desperdícios. Para a obtenção dos valores de percentual de resto-ingesta, per capita do restoingesta e peso da refeição distribuída, foram realizadas algumas pesagens dentre elas a pesagem das cubas depois de colocada o alimento e subtraiu-se o peso da mesma previamente pesada, resultando assim no total (Kg) de refeição distribuída, haja vista que a unidade raramente possui sobra limpa e suja. Usou-se a seguinte fórmula: Peso da refeição distribuída (Kg) = total produzido – sobras prontas após servir as refeições. Para a determinação de % de resto- ingesta foi feita a pesagem dos restos de alimentos das bandejas servidas, previamente selecionado de qualquer outro alimento ou objetos que pudesse interferir na análise como casca de frutas, partes não comestíveis como ossos e descartáveis, tal pesagem ao final foi multiplicada por 100 e dividido pelo peso da refeição distribuída, como pode ser observado na fórmula a seguir: % de resto ingesta = peso do resto x 100 / peso da refeição distribuída. Para o cálculo do per capita do resto- ingesta foi realizada a pesagem do resto das bandejas e dividido pelo número de refeições servidas no período, no caso o almoço, conforme fórmula a seguir: Per capita do resto ingesta (Kg) = peso do resto / número de refeições servidas. Em relação ao cálculo de pessoas que seriam alimentadas com os restos de alimentos, utilizou-se o resto acumulado de alimentos na qual forma somados os restos de todos os dias avaliados dividido pelo consumo per capita por refeição na qual foi obtido pelo peso da refeição distribuída dividido pelo número de refeições servidas, conforme observado nas fórmulas a seguir: Pessoas alimentadas com o resto acumulado = resto acumulado / consumo per capita por refeição. Consumo por per capita por refeição = peso da refeição distribuída / número de refeições. Todos os cálculos foram realizados com base nas fórmulas abordadas em Vaz (2006). O percentual de resto- ingesta encontrado no RU da UFRA apresentou-se muito alto na maioria dos dias, e segundo Castro; Oliveira; Passamani (2003) este % não deve ultrapassar 10%; o per capita ficou entre 40 e 60g, onde a literatura recomenda 20g; além disso, chegou-se a conclusão que 246 pessoas, ou mais, poderiam ser alimentadas com os restos de alimentos que foram desperdiçados nestes 4 dias, ou seja, 61,5 pessoas por dia poderiam ser alimentadas. E todo esse resíduo gerado vai para o contêiner para posterior coleta. Os cardápios servidos nestes quatro dias, 24 e 25 de setembro, 1 e 2 de outubro foram: Arroz com galinha, feijão,farofa e melancia como sobremesa; carne assada, salada crua, macarrão, feijão, farofa e manga; Bife de fígado, salada mista, macarrão, feijão, farofa e melancia; Bife de panela, salada crua, arroz, feijão, farofa e suco de maracujá, respectivamente. Esse quadro não estaria completo sem a percepção dos consumidores acerca dos serviços do RU. A partir da aplicação de questionários, foi possível entender o problema sob a perspectiva dos consumidores do RU. O questionário consistiu em cinco perguntas: 1) Você acha que há desperdício no restaurante SIM ou NÃO, por quê? 2) Este resíduo pode ser aproveitado SIM ou NÃO e como ele pode ser aproveitado? 3) Você conhece alguém da UFRA que trabalha com isso? 4) Você acha que o restaurante teria algum benefício com o reaproveitamento dos resíduos SIM ou NÃO e quais seriam eles? 5)Com este trabalho você acha que estão contribuindo para o desenvolvimento sustentável SIM ou NÃO e por quê? Com uma amostragem de 63 consumidores, obtivemos o seguinte resultado: Tabela 2: Respostas do questionário acerca dos resíduos alimentares produzidos no RU. PERGUNTAS RESPONDERAM NÃO DERAM SOUBERAM JUSTIFICATIVAS SIM NÃO RESPONDER SIM NÃO 1ª PERGUNTA 94% 6% 0% 97% 3% 2ª PERGUNTA 95% 5% 0% 94% 6% 3ª PERGUNTA 11% 89% 0% 11% 89% 4ª PERGUNTA 82% 9% 9% 89% 11% 5ª PERGUNTA 82% 12% 6% 89% 11% De modo geral foi possível perceber que grande parte dos consumidores apresentam bom posicionamento acerca da sustentabilidade do restaurante, acreditando ser importante para o mesmo reaproveitar seus resíduos. Porém, a grande maioria não conhece projetos neste enquadramento dentro da universidade, podendo sugerir que não há iniciativas desta natureza atualmente ou que, se houver, não é divulgada amplamente para a comunidade. Entre as principais causas apontadas pelos consumidores para o desperdício, estão a quantidade ofertada e a qualidade da comida/preferências individuais. Muitos acusam como principal causa do desperdício o fato da comida não estar com um sabor agradável. Interessante notar que os consumidores não relataram como causa do desperdício o preparo das refeições, provavelmente por não conhecerem. É possível que estejam subestimando a quantidade de resíduos alimentares que são produzidos no RU. Como forma de dar destinação aos resíduos, os consumidores apontaram principalmente a utilização dos mesmos em composta gem para produção de adubo orgânico e na alimentação de animais como suínos e cães, presentes na UFRA. Poucos afirmaram a possibilidade de usar em biodigestores. PROBLEMAS DO CASO: O desperdício de alimentos e resíduos da atividade do restaurante universitário só pode ser entendido a partir de uma análise sistêmica, pois os atores são diversos e os obstáculos só serão superados se uma abordagem holística for implementada. Para fins didáticos, separaremos a discussão dentro de alguns aspectos, listados a seguir. Preparo das refeições Boa parte do desperdício e resíduos alimentares acontecem antes mesmo da refeição estar pronta. No geral são vegetais mal aproveitados, resquícios de cortes de carnes e sobras de ingredientes do preparo, como óleos. Muitos são os desafios para se evitar essa perda inicial de alimentos. Em parte, podemos atribuir alguns destes relacionados à equipe de profissionais que atua neste espaço. Para entendermos o funcionamento, é necessário atentar ao histórico do funcionalismo público no Brasil. Muitos funcionários que hoje atuam na esfera federal eram prestadores de serviços que foram efetivados por medida da União. Nessa ocasião, muitos trabalhadores foram realocados para suprir as necessidades da administração e acabaram exercendo funções para as quais não possuíam capacitação. Esse é o caso de muitos funcionários da UFRA, incluindo os que atuam no RU. Para suprir essa necessidade de formação, anualmente são realizados cursos de capacitação para estes funcionários, que entram em contato com discussões como as boas práticas de manipulação, envolvendo higiene pessoal e ambiental na cozinha e resíduos alimentares. Assim, podemos afirmar que a capacitação técnica é oferecida aos mesmos, porém percebemos uma resistência à mudança de maus hábitos no tratamento com os alimentos. Como exemplos, a seleção de alimentos baseados em “beleza”, desperdiçando os que não apresentam boa aparência apesar de não estarem estragados. Apesar de que supervisão poderia reduzir a quantidade de resíd uos durante o preparo, a equipe técnica limitada que atua no restaurante inviabiliza uma supervisão eficiente. Outra parcela de funcionários que atuam no RU vem de empresas terceirizadas. Estes apresentam muitas vezes as mesmas características que os func ionários efetivos, porém com a diferença de que a capacitação não acarreta em ganho salarial para os mesmos, o que pode reduzir sua disposição à mudança. Porções e Sabor Não é necessário salientar que o resíduo alimentar pós-refeição tem relação com o tamanho das porções. Se a porção é grande, haverá pessoas que irão desperdiçar. Então por que não reduzir as porções? A questão é um pouco mais complicada. O cardápio é montado para fornecer uma alimentação balanceada para os estudantes, atendendo a necessidade de calorias e nutrientes que uma alimentação saudável deveria prover. Porém, a realidade é outra. Como em muitos restaurantes universitários, o RU da UFRA trabalha com a política do “bandejão”: os funcionários servem as refeições aos consumidores. Devido às constantes reclamações de que “vem pouca comida”, não é incomum que as refeições alcancem valores próximos de calorias consumidas ao que é recomendado para um dia inteiro. Como calcular quantidades de porções para um púbico heterogêneo, é um desafio. As médias ajudam, mas não evitam o desperdício. Preferências individuais determinam muitas vezes o que vai pro lixo. Muitos acusam a falta de escolha dos cardápios e a impossibilidade de escolherem as quantidades do que irão comer como principais causas da grande quantidade de resíduos alimentares pós refeição. Portanto, a tentativa de reduzir a quantidade de comida é rebatida com grande aumento do número de reclamações. Além disso, muitas vezes os alunos não consomem alguns dos alimentos servidos, como vegetais da salada ou frutas da sobremesa. Questões de preferências individuais são quase impossíveis de sanar. Portanto, uma maior liberdade na escolha do tamanho das porções e no que pôr no prato poderia evitar o desperdício exagerado de alimentos. Porém, o fim da política do “bandejão” traria como consequência a impossibilidade do controle do aporte alimentar, podendo ser potencialmente prejudicial para a saúde dos alunos. Por um lado evitaria desperdício, por outro poderíamos estar fadando nossos estudantes a pouco cuidado com sua nutrição. Portanto, qualquer medida nesse sentido precisaria ser acompanhada de programação educativa constante, para que os consumidores do RU não deixassem de ter uma alimentação balanceada. Entretanto, se há impossibilidade de supervisão dos funcionários que atuam na cozinha, como ainda desdobrar atividades educativas e de conscientização para a comunidade da UFRA? A escassez de profissionais e parceiros poderia tornar esta proposta inviável. No quesito qualidade do alimento oferecido, possíveis formas de sanar isto seria capacitando os cozinheiros e criando mecanismos para seleção do menu baseado no feedback dos consumidores, como por exemplo enquetes no site da UFRA sobre pratos que são mal recebidos e pratos bem recebidos. Em diálogo com a comunidade da UFRA, é possível chegar a um cardápio que agrade um maior número de consumidores, levando em consideração os itens alimentares disponíveis para o RU. A UFRA atende as necessidades do RU e vice-versa? A UFRA como campus universitário com enfoque agrário conta com diversos espaços de criação de animais domésticos e silvestres, bem como plantações de diversos tipos de plantas. Para manutenção destes, é necessário gastos institucionais com adubos e rações. A possibilidade de utilizar os produtos provenientes destes projetos (carcaças, legumes etc.) para atender parcialmente a demanda do RU seria de grande valia para o desenvolvimento sustentável da instituição. Como relatado anteriormente, este quadro era presente na universidade décadas atrás, porém foi descontinuado por motivos difíceis de definir. Um resgate desse papel histórico que a UFRA tinha no suprimento de seu próprio RU pode ser dificultado por inúmeras questões, mas não pode ser desconsiderado a longo prazo. Esse cenário seria mais provável caso a produção da UFRA fosse constante e consistente com as demandas do restaurante. Porém, as políticas de financiamento institucionais no Brasil tornam muitos desses projetos inconstantes quanto a sua produção, tanto em quantidade quanto em que gêneros são produzidos. Portanto, como o RU lidaria com isso? Se reduzir a abrangência das licitações para maior economia, contando com produção interna da instituição, como lidará com possíveis faltas dos produtos? Apesar disso, em termos de educação para a sustentabilidade, este é um objetivo a ser almejado visto que, mesmo que não reflita sobre a redução de licitações, servirá de exemplo de desenvolvimento sustentável a ser incluído na formação dos alunos da Universidade, que muitas vezes sofrem por falta de exemplos locais nesta questão. Por outro lado, os resíduos do RU também poderiam suprir necessidades dentro do campus, como apontado pelos consumidores. Na compostagem, serviria de adubo orgânico para as hortas da universidade, podendo melhorar sua produção e até a produção de animais que dependam de desta. Na utilização como ração de animais, poderia servir de aporte de proteína animal e vegetal para animais em criação, podendo reduzir gastos com rações e licitações e também gerando ganhos em bem estar para estes. Como obstáculo para implementação dessa política está a desarticulação do corpo docente e institutos, onde há pouco diálogo sobre as necessidades de cada setor e como poderiam atuar juntos para superá- las. O levantamento de necessidades e propostas poderá munir os gestores de informações para tomada de decisão da melhor destinação dos resíduos. PERSPECTIVAS: A quantidade de resíduos alimentares que são produzidas diariamente é um dos desafios a serem superados pelo Restaurante Universitário da UFRA. Algumas pistas podem ser encontradas nas experiências de outras UANs federais, como o atendimento por self-service, utilização dos resíduos na compostagem e alimentação de animais. Porém, todos estes necessitam de mudança cultural na instituição e formação de profissionais dentro desse contexto novo da sustentabilidade. Apenas com o envolvimento de funcionários efetivos, terceirizados e corpo estudantil é possível se aproximar da sustentabilidade da Universidade Federal Rural da Amazônia. Além disso, a parceria com produtores locais pode ser de grande importância para o futuro sustentável da instituição, bem como do RU. A compra dos alimentos de produtores locais, com preferência para associação de pequenos prod utores, comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas entre outras, pode ser ação afirmativa para promoção do desenvolvimento sustentável local. Apresenta também como vantagens a redução dos custos com transporte, a movimentação da economia local, principalmente no meio rural, gerando consequências em cadeia para o crescimento da economia regional. É possível enfocar aqueles produtores que não fazem uso de agrotóxicos para melhor qualidade dos alimentos entre outras práticas da agricultura sustentável. A própria universidade pode servir de intermediadora para que estes alcancem as melhores práticas de produção. A venda dos resíduos para empresas de compostagem também já se mostrou bem sucedida em algumas universidades, mas é necessário fazer um levantamento local dos possíveis alvos para esta abordagem. Todas essas alternativas precisam ser ponderadas e discutidas amplamente entre os gestores da universidade para se eleger as melhores formas de promover a sustentabilidade do RU. Este estudo de caso, longe de querer oferecer respostas para a situação, se propôs o oferecer uma análise da complexidade do tema para embasar futuras discussões. Não existe resposta simples para a pergunta “Como alimentar estudantes de diversas idades, preferências, tamanhos e culturas de forma saudável, eficiente e sustentável?”. Dentro de uma instituição de ensino superior, estamos na posição de ensinar a sociedade amazônica os caminhos do desenvolvimento sustentável. Portanto, esses desafios não devem ser encarados como problemas e sim como oportunidades para o desenvolvimento da sustentabilidade regional. Um possível modelo adequado a UFRA está esquematizado na Figura 1. Se este poderá ser implementado e que políticas são necessárias para que se alcance esse objetivo precisam se r desenvolvidos de forma dialogada entre todos os atores. Figura 1. Modelo de desenvolvimento sustentável para o RU da UFRA. AGRADECIMENTOS: Este estudo foi desenvolvido durante o curso Noções de Desenvolvimento Sustentável ofertado pelo DCAD/UFRA em parceria com o NEAD/UFRA. Agradecemos aos tutores Socorro de Fátima Souza da Silva Viegas, Adriano Dias Borges e Heden Clazyo Dias Gonçalves, aos estudantes de nutrição que atuam no restaurante, demais funcionários e aos consumidores que participaram da pesquisa de opinião feita neste estudo. REFERÊNCIAS Brasil. Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990 (1990). Regulamenta, no âmbito da Administração Pública Federal, o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de material. Brasília. 1990. Recuperado em 06 de julho de 2011, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99658.htm>. Freitas, C. L; Borgert, A; Pfitscher, E.D. (2011) Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P): uma análise da aderência de uma IFES as diretrizes propostas pela A3P. XVIII Congresso Brasileiro de Custos. Kraemer, M. E. P. (2003) Gestão Ambiental: Um Enfoque no Desenvolvimento Sustentável. Recuperado em 02 de agosto de 2011, de www.ambientebrasil.com.br/gestao/des_sustentavel.doc Ministério do Meio Ambiente. (1992) Agenda 21. Recuperado em 20 de agosto de 2011, de http://www.mma.gov.br