XII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia 25 a 28 de setembro de 2012 Porto de Galinhas – PE ESTUDO IN SILICO DA INTERAÇÃO DO NANOMATERIAL FULERENO C60 COM GST-PI DE CAMUNDONGO Josencler L. R. Ferreira1; Thiago H. Lugokenski2; Félix A. Soares2; José M. Monserrat1 1 [email protected] (PPGCF-FAC, Universidade Federal do Rio Grande - FURG, Rio Grande, RS) [email protected] (Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS) 2 [email protected] (Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS) 1 [email protected] (PPGCF-FAC, Universidade Federal do Rio Grande -FURG, Rio Grande, RS) 2 Nanomateriais de carbono como o fulereno C60 são potencialmente tóxicos, podendo envolver indução de estresse oxidativo. Alguns estudos demonstram que o fulereno pode alterar a atividade da glutationa-Stransferase (GST), uma importante enzima do sistema antioxidante, também envolvida na conjugação de xenobióticos. Trabalhos prévios mostraram que hepatócitos de zebrafish Danio rerio expostos ao C60 apresentaram uma queda da atividade da GST. Com base nisto, foi investigado por modelagem computacional (docking) a interação do fulereno com uma classe de GST mitocondrial, a GST-π, do camundongo Mus musculus que apresenta boa analogia com aquela do zebrafish. A estrutura tridimensional da enzima foi obtida no “protein data bank” (www.pdb.org). A estrutura da proteína foi otimizada usando o programa UCSF Chimera, enquanto a estrutura do fulereno foi otimizado no programa Avogadro. A partir daí foram usados os softwares AutoDock Vina e AutoDock Tools para o “docking” da molécula de fulereno na GST- π, utilizando-se toda a enzima (e não somente o sítio ativo) como input para os cálculos. Os resultados mostraram que o fulereno, na sua conformação mais estável (energia livre de Gibbs de -11,5 kcal/mol), se encontra em uma região denominada sítio de ligação do HEPES. Esta região se encontra em uma cavidade entre os elementos da estrutura secundária β2 e α1, próximo a região C-terminal. A base da cavidade apresenta uma superfície hidrofóbica formada pelos resíduos Arg18, Ala22, Trp28 e Phe192, que favorece a estabilização do fulereno por forças de Van der Waals. Além disso, os dados também revelaram que o fulereno atua via três interações do tipo cátion-π com o resíduo Lys188, e tal interação parece ser a força predominante para a afinidade do fulereno com o sítio de ligação do HEPES. Este subsítio da enzima ainda é pouco conhecido, mas evidencias sugerem que este pode ser um sítio alostérico da GST-π em que a ligação de uma molécula não-substrato pode alterar as propriedades físicas da cauda C-terminal e, portanto, influenciar o sítio de ligação a xenobióticos (sítio H). Além de acrescentar novas evidências à hipótese da existência de um sítio alostérico regulatório da GST, o presente estudo sugere que a exposição ao fulereno pode prejudicar a maquinaria de detoxificação celular por inibição não-competitiva da GST, podendo ter consequências graves em uma situação na qual o fulereno esteja presente em um episódio de contaminação ambiental por algum xenobiótico como metais, cianotoxinas, PAHs, ou outros. Palavras-chave: Fulereno, GST, docking Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia (SBE) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 719