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EM FOCO
Análises & Comentários
HUMBERTO DANTAS
IARA SCHIAVI
DEZEMBRO 2014
O jovem e a educação política – nova rodada de análises
Desde novembro de 2008 a Fundação Konrad Adenauer realiza cursos de Iniciação Política nas periferias de São Paulo com o intuito de contribuir para o fortalecimento da democracia. Além de contidos na missão institucional da organização,
conteúdos dessa natureza, trabalhados suprapartidariamente, contribuem para a
consolidação dos princípios basilares da democracia. A partir de 2009 os cursos
ganharam uma dimensão mais ampla, sendo realizados em 10 locais – em 2008
apenas uma experiência-piloto foi testada no bairro dos Pimentas, em GuarulhosSP. Desde então tais cursos podem ser divididos em três grandes blocos bienais:
2009 e 2010 foram atendidos, em geral, cidadãos interessados em política numa
parceria com os Centros de Integração da Cidadania da Secretaria de Justiça do
Estado de São Paulo; em 2011 e 2012 as atividades foram realizadas em escolas
públicas, com destaque absoluto para o Ensino Médio, mais especificamente,
sempre que possível, o terceiro ano; e 2013 e 2014 o foco foi alterado para organizações do terceiro setor ou projetos sociais que tinham jovens como públicoalvo. O gráfico 1 é capaz de mostrar a quantidade de participantes que assistiram
a pelo menos dois dos três encontros da atividade e são considerados como formados.
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No primeiro conjunto de 20 cursos, ou seja, no primeiro biênio, foram formados
1.081 cidadãos (sem contar os 44 participantes da experiência-piloto de 2008).
Esse total subiu para 1.485 no segundo par de anos, em que escolas públicas foram atendidas, e diminuiu para 1.106 nos dois anos mais recentes, quando o trabalho passou a ser realizado em ONG’s. Ao todo, 3.716 cidadãos concluíram as
atividades nesses últimos seis anos. Ao longo de todo esse período é possível
afirmar que o curso atingiu sua maturidade, encontrando um público-alvo mais
interessado, alocado em organizações mais bem estruturadas do que as escolas
públicas e dependendo menos de contatos políticos em organismos públicos que,
por vezes, se mostraram instáveis.
As ONG’s e os projetos sociais atendidos entre 2013 e 2014 parecem valorizar de
forma mais expressiva as atividades, atendendo com maior eficiência os parâmetros e princípios da ação, o que permite apontar que houve perda pequena na
quantidade de formados em relação ao biênio 2010 e 2011, mas ganhos expressivos em termos de qualidade do trabalho desenvolvido. Tal afirmação está associada a uma análise de percepção em relação ao interesse e envolvimento dos
alunos, dos educadores e das entidades assistidas como um todo. Algo parece indicar que atividades nas escolas têm semblante mais obrigatório para os alunos,
reduzindo a cumplicidade que findou sendo encontrada no terceiro setor. A capacidade de as organizações do terceiro setor atendidas compreenderem de forma
mais ampla e valorizarem mais as ações realizadas pela KAS parece maior.
Assim, a exemplo de 2013, em 2014 uma rede de organizações foi montada com
o intuito de realizar os cursos. Ao todo foram, novamente, dez edições, mas ao
contrário do ano anterior uma mesma organização recebeu mais de um curso,
com o objetivo de atender grupos distintos que participam de projetos sociais, por
exemplo, em horários diferentes. Assim, sete instituições foram atendidas das
seguintes maneiras:
Guarda Mirim de Suzano – duas turmas formadas em abril, a primeira
na parte da manhã e a segunda na parte da tarde com alunos que frequentam a instituição em turnos distintos;
Aliança Padre Pio – uma turma com alunos que participam de projeto
na parte da tarde em maio;
Projeto Redigir – uma turma de alunos aos sábados pela manhã, em
maio, atendendo projeto social de extensão desenvolvido por alunos de
jornalismo da USP;
Liga Solidária – duas turmas formadas em junho, a primeira na parte da
manhã e a segunda na parte da tarde com alunos que frequentam a instituição em turnos distintos;
Viração – uma turma com alunos que participam de projeto na parte da
tarde em agosto;
Instituto Eurofarma – uma turma com alunos que participam de projeto
desenvolvido por instituto empresarial na parte da tarde em setembro;
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Fundação Tide Setúbal – duas turmas formadas em setembro, a primeira na parte da tarde (em clube social da entidade) e a segunda na
parte da noite (em escola de ensino médio parceira);
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Diante dos números apresentados e das informações apontadas, o intuito desse
texto é compreender o que pensam os jovens dos cursos de 2014 sobre política –
a exemplo de trabalho realizado sob os mesmos moldes em dezembro de 2013 e
publicado aqui. Que contato eles têm com informações políticas, com os partidos
e com princípios democráticos essenciais? Compreender tal universo contribui para a percepção que a nova geração de eleitores tem sobre nossa democracia. Os
resultados serão, sempre que possível, comparados aos números colhidos em
anos anteriores.
Características gerais
Ao término de cada curso os alunos participantes, ou um conjunto aleatório deles,
respondia questionários de avaliação das atividades. Em 2014, colhemos um total
de 559 formulários. Esse conjunto de alunos é composto por 46% de homens e
54% de mulheres, com média etária de 16,4 anos, o que representam resultados
próximos aos registrados em 2013, bem como ao período 2011 a 2012 em termos de gênero. No que diz respeito à idade, 2012 destoou um pouco, atingindo
pouco mais de 18 anos de média. Em relação à escolaridade, em 2014, um total
de 72,8% dos alunos estava nas duas séries iniciais do ensino médio, percentual
que atingiu cerca de 80% em 2013 – enquanto 77% dos formados em 2012 estavam no último ano do ensino médio. Nesse sentido, por mais que seja ideal o trabalho com jovens do último ano do ensino médio, se nas escolas é possível controlar o grupo com o qual se deseja dialogar, nas ONG’s os projetos atendem estudantes divididos em faixas etárias, o que finda mesclando cidadãos entre 14 e
18 anos.
Por fim, em relação ao mercado de trabalho, 93,6% dos jovens participantes não
trabalham – algo muito próximo do total (92,5%) encontrado em 2013. Entre
2011 e 2012, as turmas realizadas em escolas tinham percentuais entre 77,6%
(2011) e 65,6% (2012). Tais diferenças são explicadas pelo fato de que jovens
que frequentam ONG’s o fazem no contra turno escolar, o que diminui a chance
de estarem inseridos no mercado de trabalho.
Informação política
Feita a caracterização dos alunos formados em 2014, o questionário apresentava
uma tentativa de entendermos como os jovens buscam informações políticas em
seu cotidiano. Por meio de uma lista de fontes os respondentes podiam marcar
quantas opções fossem condizentes com suas respectivas realidades. A Tabela 1
torna possível verificar o nível de adesão a cada um dos canais. Os anos de 2013
e 2014 tinham alternativas idênticas, o mesmo não ocorrendo entre 2011 e 2012.
Ainda assim é possível tecer um quadro comparativo.
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Tabela 1 – Meios de comunicação utilizados para a obtenção de informações políticas
Canais
Televisão
2014
88,37%
2013
90,00%
2012
93,02%
2011
93,59%
Cursos e palestras
Sites
58,68%
52,95%
56,88%
53,75%
57,92%
Internet
Jornais
Redes Sociais
48,12%
43,65%
48,75%
40,63%
57,07%
43,95%
57,85%
Conversas
Escola – aulas
30,23%
29,34%
25,00%
33,13%
28,79%
18,27%
Rádio
Revistas
19,14%
18,60%
23,75%
25,00%
31,35%
30,83%
45,03%
33,33%
O primeiro desafio da análise dos dados do quadro está associado ao cálculo de
uma média das fontes apontadas. Isso porque quanto mais alto for o resultado
maior a busca por diversidade de canais de informações. Utilizando apenas os
anos mais recentes em virtude de uma padronização dos questionários, em 2013
tínhamos média de 44,1% de adesão e em 2014 o número caiu discretamente
para 43,2% - não sendo possível, assim, apontar que os alunos desse ano sejam
menos interessados. O que se apreende, no entanto, é que alguns canais de comunicação apresentam quedas ao longo do período, restando entender se tais resultados estão associados a distinções associadas aos perfis das turmas desses
quatro anos de trabalho ou a fenômenos da realidade. Nesse sentido, chama a
atenção, por exemplo, o uso do rádio e das revistas como formas de obtenção de
informação. Mais discretamente, o mesmo ocorre com os jornais (que parecem
mais associados a perfis de públicos – escolas x ONG’s), com os sites e até mesmo com a TV. Nesse último caso, a despeito das quedas anuais, a televisão ainda
é o canal mais utilizado para a obtenção de informações políticas pelos jovens.
Menos associado ao universo da mídia, destaque positivo para as conversas e os
cursos, e preocupante a posição das escolas – que deveriam ser um espaço institucionalizado e reconhecido de discussão política. Assim, a despeito de o Brasil
ter introduzido o ensino da Filosofia e da Sociologia no ensino médio parece que o
jovem ainda não entende esse espaço como o local para debates acerca da política. Nesse caso, resta saber se por inexistência das discussões ou não reconhecimento do espaço. Positivamente existe destaque para as conversas, que em anos
eleitorais se tornam mais intensas, o peso dos cursos e palestras, bem como o
papel das redes sociais e dos sites, traduzindo a internet como ambiente essencial.
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Olhar partidário e utilidade do conteúdo
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Na sequência do questionário, a exemplo dos anos anteriores, o objetivo era
compreender a relação dos alunos com os partidos políticos. Pesquisas de opinião
pública realizadas sobre a confiança nas instituições mostram essas organizações
como aquelas dotadas dos menores índices de confiança por parte dos brasileiros
em geral – levantamentos da FGV e do Ibope são os exemplos mais recentes. Para além dessa constatação, os jovens dos cursos de Iniciação Política também não
costumam demonstrar simpatia e, muito menos, relatam filiações formais. Em
2011, por exemplo, 83% dos jovens não tinham qualquer simpatia por qualquer
legenda, em 2012 o percentual atingiu 76% e em 2013, ano das principais manifestações recentes do país, tal indicador de afastamento saltou para 85%. Curiosamente, em 2014, ele atingiu seu resultado mais positivo: 73,9% dos jovens
não simpatizam com qualquer legenda, ou seja, o resultado mais próximo dos
partidos conquistado com os jovens estudantes dos cursos de política. Isso representaria uma capacidade de aproximação dos partidos? Ou seria o resultado de
uma eleição que teria despertado um interesse por este tipo de organização? Se
compararmos os anos pares (eleitorais) aos ímpares, veremos que em períodos
eleitorais o percentual de afastamento cai (2012 e 2014), voltando a patamares
maiores nos anos ímpares. Em contrapartida ao desinteresse, sobre o total de
alunos, pouco mais de um quarto simpatiza e menos de 1% é formalmente filiado. Em termos de volume, são 138 estudantes que falaram, corretamente, o nome de um partido com o qual simpatizam. O destaque, a exemplo de outros anos,
é para o PT (87), o PSDB (26) e o PV (10) – nenhuma outra legenda superou cinco indicações. Os dois primeiros mostram a polarização partidária dos últimos
anos nos planos federal, estadual e paulistana e repetem os resultados colhidos
desde 2011 nas escolas.
Na questão posterior os estudantes podiam apontar até três utilizações que darão
ao conteúdo assimilado no curso. Seguindo o exemplo de anos anteriores a alternativa que mais se destacou foi aquela associada ao uso “como eleitor”: 81%. Em
seguida se destacam aspectos estudantis: “no ensino médio” (42%), no ENEM
(38%) e na faculdade (37%). Em um terceiro bloco de respostas, apareceram aspectos mais abrangentes: “como profissional” (27%), “como candidato” (22%) e
“em trabalhos comunitários” (20%) – este penúltimo número surpreende pela
dimensão de assumir a possibilidade de sonhar com um envolvimento mais formal com a política.
Percepções sobre o impacto da educação política
Nessa etapa do formulário de avaliação do curso oito sentenças eram apresentadas, podendo o aluno escolher como se posicionar em relação a cada uma delas:
concordo totalmente, concordo em partes, discordo em partes e discordo totalmente. Na tabulação cada resposta recebeu uma pontuação diferente entre 0 e 3,
sendo o valor maior atribuído à concordância plena. Assim, quando calculada a
média das respostas e dividido o valor final por três temos o percentual de concordância com aquela dada sentença. No gráfico 2 aparecem as frases resumidas
e os percentuais correspondentes aos quatro anos de cursos realizados com jovens em escolas e ONG’s.
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Os resultados mostram altos graus de concordância, sempre superiores ou iguais
à casa dos 75%, o que representaria concordar em partes. Mas na grande maioria
dos casos os valores se concentram acima dos 85%. Nessa primeira bateria de
sentenças é importante notar que o intuito era compreender se o aluno participante havia valorizado o curso, seu conteúdo e formato, bem como se sentiu estímulo à participação, à procura por mais informações políticas e se tinha mudado
sua forma de olhar para a política. O valor essencial da formação, a saber, o suprapartidarismo, também foi testado em sentença que apontava para a neutralidade dos professores.
Gráfico 2 – Grau de concordância com sentenças associadas ao curso –
2011 a 2014
Em relação ao que foi colhido em 2014, merece destaque o fato de que os alunos
recomendariam a atividade. O grau dessa sentença atinge expressivos 96,5%,
que além de significativo é crescente em relação aos demais anos, sugerindo que
o curso vai ganhando maturidade. Com percentual praticamente idêntico
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(96,6%), e também melhor que nos anos anteriores, a concordância com o fato
de que o curso deve continuar sendo oferecido na organização que o recebeu, outro ponto relevante. A união desses dois bons resultados reforça a iniciativa, e
podemos adicionar a tais dados o fato de que as dinâmicas (instituídas em 2012 e
avaliadas a partir de 2013) feitas durante as aulas estimulam a participação
(90,5%) e o curso trouxe conhecimentos novos (92,2%), formando um conjunto
expressivo de boas percepções. O fato de o formato da atividade ser adequado e
do curso ter conseguido mudar a forma de os jovens verem a política ficaram na
casa dos pouco mais de 80 pontos percentuais, bem como o estímulo à busca por
mais informações ficou em 77%, o que deve ser visto como positivo, mas pode
representar desafios adicionais para o planejamento dos próximos anos. Por fim,
com 88,4% a concordância de que os professores são neutros partidariamente. O
resultado é relevante e mostra que o curso, efetivamente, não tem como objetivo
doutrinações, mas reflexões que respeitem as diversidades dos presentes.
Agregadamente na forma de médias, e utilizando as sentenças comuns a todos os
anos, que devem ser entendidas numa lógica de “quanto maior o grau de concordância médio dos alunos, melhor para os objetivos do curso”, os resultados de
2013 (88,5%) e de 2014 (88,0%) foram melhores que aqueles colhidos nos anos
anteriores: 82% em 2011 e 87,6% em 2012. Tais dados, mesmo que variando
dentro de limites muito discretos, podem mostrar amadurecimento da atividade,
bem como que o trabalho nas ONG’s encontra um ambiente mais propício, com
alunos mais interessados e participativos, e organizações reconhecendo com maior ênfase a atividade.
Ainda no sentido de avaliar o curso e seus princípios, os docentes que lecionaram
nas dez atividades ao longo do ano foram avaliados em suas habilidades profissionais. Humberto Dantas, cientista político e professor dos cursos desde 2008, teve média 9,76, variando entre um mínimo de 9,71 (qualidade das dinâmicas e
capacidade de gerar bons debates entre a turma) e 9,78 (conhecimento e domínio dos temas tratados com o grupo). Maria Isabel Soares, por sua vez, formada
em Direito e professora dos cursos desde 2013, teve média igualmente relevante:
9,37, variando entre 9,18 (qualidade das dinâmicas e capacidade de gerar bons
debates entre a turma) e 9,48 (conhecimento e domínio dos temas tratados com
o grupo). Outros dois aspectos avaliados foram: atendimento às dúvidas dos participantes e capacidade de transmitir a informação de forma clara, simples e objetiva.
Percepções sobre a política
Na última bateria de sentenças com as quais os alunos podiam concordar, os respondentes eram estimulados a avaliar um conjunto de oito frases, sendo o método de análise empregado aqui idêntico ao apresentado acima. Por se tratar de um
conjunto novo do questionário, os resultados só podem ser comparados a 2013.
Os dados estão no Gráfico 3.
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Duas sentenças chamam positivamente a atenção, inclusive apresentando aumento em 2014 quando comparadas a 2013. No primeiro caso chega a 88,1% o
grau de concordância com a ideia de que a educação política deveria estar presente nas escolas, algo que outras pesquisas já mostraram. No segundo caso é
possível notar que o nível de concordância com o fato de sermos nós os responsáveis pelos resultados da política em nossa democracia, algo bastante debatido
no curso quando se define e trabalha o conceito de democracia, atinge 79,7%.
Outro dado que chama a atenção e é crescente em 2014, quando comparado a
2013, é o fato de que os jovens entendem que devemos nos aproximar dos partidos políticos em virtude da importância dessas organizações: o percentual de
adesão à sentença, nesse caso, é de 68%, e apesar de não ser expressivamente
alto, parece servir de mensagem capaz de arrefecer o negativo fato de apenas
um quarto dos jovens ter simpatia por alguma legenda. Esse tipo de percepção
seria capaz de aproximar os jovens dos partidos políticos?
Com percentual na casa dos sessenta pontos outro importante dado: a percepção
de que “a corrupção é o maior problema do país e somos todos responsáveis”
(63,2%), indicando olhar associado ao fato de que entendemos, ainda que não de
forma plena, que temos compromissos com a lógica coletiva.
Gráfico 3 – Grau de concordância com sentenças associadas à política –
2013 e 2014
Na casa dos 50 pontos duas sentenças que preocupam por estarem na metade do
espectro. No primeiro caso deveríamos esperar algo melhor e no segundo algo
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mais próximo de zero: o grau de concordância com a afirmação de que a “imprensa informa bem” é de 51,4% e a de que “legisladores nos devem favores” é
de 55,5%. Em ambos os casos os resultados são perigosos: primeiro porque a informação, por meio de uma imprensa livre, é pré-condição essencial à democracia, e segundo porque não é tarefa de políticos realizarem favores aos cidadãos.
No caso do resultado da imprensa a percepção crítica dos alunos pode até ser vista como positiva. Por fim, ainda na faixa dos 50 pontos, o fato de que o grau de
concordância com a sentença “os políticos são todos corruptos e a sociedade é
vítima deles” (47,8%) pode ser vista de forma positiva, pois o senso comum brasileiro tende a ser mais impiedoso com seus representantes. Estariam os jovens
sendo inocentes ou seriam capazes de perceber que podemos encontrar bons representantes em nosso país?
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Sobre os autores:
Humberto Dantas – doutor
em ciência política e parceiro
da KAS em ações de educação
política
Iara
Schiavi–
pós-graduanda
Política pela FESP
jornalista
em
e
Ciência
A última sentença merece ser comparada com aquela que conta com o maior
grau de adesão entre os jovens. Se por um lado, o grau de concordância com o
fato de que a educação política deveria estar presente nas escolas atinge 88,1%,
por outro a frase “a educação no Brasil se preocupa com a formação de cidadãos
plenos” atinge preocupantes 44%, ou seja: parece que estamos distantes de educar de forma minimamente preocupada com princípios básicos da cidadania sob o
olhar dos nossos próprios jovens. Se serve como uma visão positiva, ao menos é
possível dizer que eles são capazes de perceber essa lacuna preocupante em suas
formações, e, dessa forma, não à toa parecem valorizar de forma expressiva a
atividade de iniciação política.
Diante dos resultados apresentados, a Konrad Adenauer continua em sua firme
missão de desenvolver ações de educação política. Nos casos aqui analisados junto a jovens de bairros periféricos da maior cidade do país, São Paulo. Resta saber
o quanto o país é capaz de avançar nessa temática de forma institucionalizada e,
sobretudo, suprapartidária, adensando o debate político e consolidando princípio
essencial à democracia.
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