Outubro 2007 2 Editorial Conversas de Corredor Presidente José Carlos Saleme Secretário-geral Pedro Motta Vice-presidente Sérgio Pinheiro Ottoni 1º Secretário Alonso Luis de Sousa Secretário Auxiliar José Carlos Esteves Veiga Expediente Tesoureiro Paulo Roberto de Paiva Presidente do CBN 2008 Evandro Pinto de Oliveira Presidente Eleito da SBN 2008 Luiz Carlos de Alencastro Presidente Eleito da SBN 2010 Silvio Porto de Oliveira BOLETIM SBN Editor-chefe Jair Leopoldo Raso Projeto Gráfico e Execução DUALUP Texto & Design ([email protected]) Jornalista Responsável Adimilson Cerqueira (MTB 21.597-SP) Reportagens Adimilson Cerqueira Ana Maria Ribeiro Designer Rui Augusto Tiragem 2.500 Exemplares Impressão Van Moorsel U ma das coisas que mais me impressionam nos Encontros da Especialidade são as conversas de corredor. É sempre uma alegria colocar a prosa em dia, falar da vida, matar saudades e, invariavelmente, reclamar das condições de trabalho. Descobri que o corredor é fórum privilegiado para as queixas e busca de soluções para os problemas que nos afligem. Foi por isso que, ao assumir a editoria do nosso Boletim, resolvi inserir textos que se enquadram nessa demanda. Descobrir as causas e apontar soluções para os diversos problemas do exercício da Neurocirurgia no Brasil é função que excede nossa capacidade e extrapola os objetivos desse boletim. Mas podemos usá-lo como veículo de nossas “Conversas de Corredor”, de permeio aos assuntos e notícias científicas. Dentro desse enfoque escolhemos abordar, nesse número, o ensino médico e as entidades médicas. As raízes do exercício profissional estão fincadas no ensino médico e na residência. Para falar do primeiro, convidamos o professor de clínica médica e historiador da medicina, Prof. Dr. João Amílcar Salgado. Quis dividir com nossos colegas neurocirurgiões o privilégio de ouvir a prosa lúcida e provocante do Prof. João Amílcar. Outro tema de interesse é a proposta de criação da Ordem dos Médicos do Brasil. No texto do Prof. João Amilcar vamos entender a razão histórica do enfraquecimento da representação médica com a divisão em três entidades distintas: o Conselho Regional, o Sindicato e a Associação Médica. Também publicamos uma entrevista com o Dr. José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, a respeito da criação da Ordem dos Médicos do Brasil. Quer esse boletim ser a ampliação de sua voz. Um prolongar de nossas conversas de corredores, despretensiosas, mas nem por isso menos profundas e importantes. O Boletim SBN é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, distribuído gratuitamente aos membros da sociedade. Os artigos publicados não representam, necessariamente, a opinião da diretoria. É autorizada a reprodução, desde que citada a fonte. Jair Raso Editor-chefe Outubro 2007 3 XIII CBAN Um Congresso Positivo O XIII Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia foi um sucesso, na avaliação dos participantes. O evento teve 718 congressistas e 52 acompanhantes inscritos. Para os membros da Comissão Organizadora os objetivos foram plenamente alcançados U ma sensação de missão cumprida. Este, certamente, deve ter sido o sentimento que tomou conta da Comissão Organizadora do XIII Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia, que aconteceu entre os dias 05 e 09 de setembro, em Vitória (Espírito Santo). O XIII CBAN contou com a participação de 718 congressistas e 52 acompanhantes. Durante cinco dias, neurocirurgiões e profissionais que atuam em áreas correlatas participaram de uma intensa programação científica, incluindo 95 aulas divididas em 23 módulos, abordando temas como Coluna Vertebral, Tumores do Sistema Nervoso, Lesões e Cirurgias Vasculares. XII Para o presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e do Congresso, José Carlos Saleme, nem mesmo os problemas aeroportuários tiraram o brilho do XIII CBAN, que contou com um público seleto e muito interessado nas conferências e discussões de casos. “A crise que se instalou na aviação comercial brasileira, sobretudo após o acidente com o Air Bus da TAM, fez com que muitos colegas deixassem de comparecer ao nosso evento. A Comissão Organizadora chegou a discutir o cancelamento, mas decidimos ir adiante, tendo em vista nossa responsabilidade com os colegas que queriam participar. Outro fator que pesou na nossa decisão foi o compromisso de realizarmos um congresso brasileiro todos os anos, sempre no mês de setembro. Os resultados mostram que nossa decisão foi acertada”, disse. Abertura Solene do Congresso O XIII CBAN levou grande número de neurocirurgiões a Vitória, capital do Espírito Santo Outubro 2007 4 Infra-estrutura e social O presidente da SBN, José Carlos Saleme, durante a cerimônia de abertura do congresso Segundo o coordenador da Comissão Científica do Congresso, Sérgio Ottoni, o programa proporcionou discussões elucidativas e profundas. “Cada tema foi debatido durante 20 minutos e os especialistas puderam manifestar sua opinião com liberdade”, afirmou o médico, ressaltando que houve uma excepcional troca de informações. “Conseguimos dar uma visão ampla das atividades atuais, não só para o neurocirurgião jovem, mas também para os especialistas que atuam em cidades do interior, que têm necessidade de participar deste tipo de discussão”, observou. Com relação à organização geral do Congresso, a avaliação também foi positiva. Segundo a coordenadora geral do Congresso, Eliza Leal Suzano, os congressistas elogiaram o hotel e as atividades sociais. “Já participei de alguns eventos, mas este foi o melhor. A cada ano nós o aperfeiçoamos cada vez mais. Desta vez, nos preocupamos também para que o Congresso fosse uma grande confraternização e um ambiente de muita beleza e descontração. Desde o tema centrado nos beija-flores, na solenidade de abertura e no jantar festivo, na pianista durante os coffee breaks, na informalidade do cover do Roberto Carlos, Fábio Freitas, tudo contribuiu para o sucesso do evento”, comentou. Ela chama a atenção para o fato de que, diferente do que acontece normalmente, não foi contratada uma empresa especializada para organizar o Congresso. Uma equipe de sete pessoas da própria SBN ficou encarregada por esta tarefa. “Com isso, minimizamos os custos e tivemos até um superávit, que será revertido em projetos para os sócios”, informou a médica. Um detalhe que proporcionou tranqüilidade para a equipe trabalhar, segundo ela, foi o apoio financeiro oferecido pelo Governo do Espírito Santo e pela Secretaria de Turismo de Vitória. Mesas Redondas: o formato das atividades agradou Ele também fez questão de reconhecer e enfatizar a importância da dedicação dos especialistas que ministraram as aulas. “Os palestrantes disponibilizaram seu tempo para transmitir seus conhecimentos científicos aos participantes sem receber nada em troca e, mais ainda, tendo de arcar com as despesas de sua viagem e inscrição como qualquer outro congressista”, reconheceu Sérgio Ottoni. Outro agradecimento especial foi para os chefes de departamentos da SBN, que “deram importante contribuição para a definição e estruturação dos temas abordados no programa científico”. O coordenador da Comissão Científica, Sérgio Ottoni: agradecimento especial aos conferencistas Outubro 2007 A Área de Exposições foi um dos aspectos mais elogiados do XIII CBAN, sob coordenação geral de Eliza Leal Suzano A realização em Vitória mostrou que a capital capixaba está bem preparada para receber eventos de grande porte. De acordo com ela, todos elogiaram as atividades sociais, como o coquetel de abertura e o jantar. Com cerca de 40 estandes, a área de exposição também fez sucesso. “A presença dos nossos parceiros comerciais revelou a grande confiança depositada na SBN e acreditamos ter retribuído à altura”, finalizou a coordenadora geral do XIII CBAN, Eliza Leal Suzano. 5 Dinamizando a economia local Destaque na Imprensa A O inda dentro de uma avaliação dos efeitos do XIII Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia, não se pode desprezar o impacto gerado na economia de Vitória. “Tratase de um expressivo contingente de cerca de 800 pessoas hospedando-se, freqüentando restaurantes e utilizando os meios de transporte da nossa cidade, o que certamente contribuiu para dinamizar a economia local”, afirmou o diretor de Turismo e Projetos Especiais da Cia. de Desenvolvimento de Vitória, Anderson Fioreti de Menezes. A afirmação tem fundamento. Uma pesquisa realizada pelo Espírito Santo Convention & Visitors Bureau, em parceria com o Sebrae-ES, constatou que o turista de eventos e negócios que vai ao Estado do Espírito Santo fica, em média, cinco dias e gasta cerca de R$ 300/dia. Considerando essa estimativa, o Congresso de Atualização em Neurocirurgia deve ter injetado na economia de Vitória cerca de R$ 240 mil diariamente. Ao final do evento, que durou cinco dias, a estimativa é que esse valor tenha alcançado a casa dos R$ 1,2 milhão. impacto na imprensa foi grande. Foram quatro reportagens em programas jornalísticos da TV Vitória, TV Gazeta e TV Educativa e Rádio CBN, além dos jornais A Gazeta, Século Diário, Revista Class e A Tribuna, entre outros. Grande Homenagem O grande homenageado no XIII CBAN foi o professor CARLOS BATISTA ALVES DE SOUZA, mineiro de Abaeté, que desde 1962 desenvolve seu trabalho no Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Belo Horizonte, iniciado pelo seu irmão, José Gilberto de Souza. Em sua apresentação, o presidente Saleme falou da importância para a Neurocirurgia Brasileira deste Serviço que Carlos Batista coordena juntamente com Atos Alves de Souza e Carlos Eduardo Coelho, sendo um dos mais importantes Centros de Treinamento de Residentes da SBN. Sobre sua atuação na SBN, foi destacado que desde 1980, quando foi Secretário Geral, Carlos Batista sempre esteve presente na vida da SBN, tendo sido Presidente em 1992-1994 Outubro 2007 e membro ativo do Conselho Deliberativo desde então. Além de sua importância nacional para a SBN, em sua fala Saleme destacou, ainda, o papel fundamental que o homenageado teve no nível regional, sendo o incentivador da criação da Sociedade Capixaba de Neurocirurgia. Acentuou, também, o lado afetivo e emocional que caracteriza a mineiridade do homenageado, com uma atração bem capixaba: um cover do Rei Roberto Carlos, que cantou as canções “Emoções” e “Amigo de Fé”. Na placa comemorativa foi inscrita, a propósito: “Na fé que me faz otimista demais, Se chorei ou se sorri, O importante é que emoções eu vivi” 6 Outubro 2007 7 Entrevista A saúde está agonizando Foi assim que o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, definiu o cenário atual da Saúde no Brasil. Para ele, o crescimento desordenado de faculdades de medicina, o tratamento comercial dado aos pacientes e a péssima remuneração do médico expõem a fragilidade do sistema. “O doente virou um usuário e os médicos foram transformados em prestadores de serviço”, lamentou. Ele concedeu a seguinte entrevista: Como o senhor avalia a situação do sistema de saúde brasileiro? É uma catástrofe anunciada. Os investimentos são escassos e, mesmo assim, metade vai para a saúde suplementar, que atende a apenas um quarto da população. O restante – 70 milhões de brasileiros atendidos pelo SUS – têm de se virar com os 50% restantes. Outro problema são os desvios de recursos, como a CPMF, por exemplo, que deveria ser integralmente aplicada na saúde. É uma manobra perversa. Agora estamos mobilizados pela aprovação, que vai regulamentar a aplicação de recursos. O presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, no XIII CBAN Como a AMB vê as cooperativas médicas? As cooperativas médicas surgem voltadas para uma solução das contingências do momento. Hoje a maior parte dos serviços prestados em medicina é feita por cooperativa. Tanto o governo quanto outras instituições de saúde preferem contratar as cooperativas porque no Estado há o compromisso com a Lei de Responsabilidade Fiscal, e nas empresas, o compromisso com as leis trabalhistas, que geram custos adicionais. Trabalhar com cooperativa se tornou uma alternativa muito melhor para aqueles que estão contratando serviços e assim os médicos foram levados a se organizar. Pelas cooperativas eles podem recusar a realizar contratos que ofendam os seus interesses profissionais e da população. Outubro 2007 Um dos maiores problemas do médico atualmente é com relação à sua remuneração. Tem solução? Sim. É necessário que se considere um plano de carreira para médico, o que não existe no Brasil. Um policial rodoviário, que exerce uma nobre profissão, tem um piso salarial de R$ 5 mil e o piso salarial do médico é de R$ 1,1 mil a R$ 1,5 mil. Não entendo esta conta. É necessário rever a tabela do SUS, porque é impossível imaginar que se pague por uma consulta médica apenas R$ 5 reais. O senhor está tranqüilo quanto à qualificação dos médicos brasileiros? Sim, temos médicos formados com excelência e eu fico entusiasmado ao ver isso. O que me preocupa são as alternativas improvisadas aqui e ali, como importar médicos de Cuba sem exames de requalificação. Isso me preocupa demais, assim como esse absurdo de faculdades de medicina existentes não qualificadas que surgem a cada dia. Hoje temos mais de 160 faculdades – só perdemos para a Índia, que tem uma população infinitamente maior. Nos Estados Unidos existem apenas 128 escolas médicas. No Brasil os interesses comerciais são grandes e é necessário que haja uma moralização. Temos tentado convencer os gestores da educação de que esta é uma distorção grave que precisa ser corrigida. A medicina foi transformada em comércio e os alunos, em fonte de receita. Qual foi sua impressão do XIII CBAN? Participei como presidente da AMB para agradecer e parabenizar aos colegas que, apesar das dificuldades, não deixam de se qualificar para atender melhor os pacientes. É por causa desta dedicação que os médicos precisam ser valorizados. 8 Comissão de Exercício Prof Comissão de Exercício Profissional Resumo da participação da Comissão de Exercício Profissional da SBN no XIII Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia O presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, participou da reunião da Comissão de Exercício Profissional da SBN durante o XIII CBAN, que debateu propostas para melhorar as condições de trabalho dos médicos C oordenado pelo Presidente da SBN, José Carlos Saleme, e moderado por Júlio César Meyer, o módulo da Comissão de Exercício Profissional teve importante participação dos associados, tanto no aspecto numérico quanto nos debates. Destaque para a participação especial do presidente da Associação Medica Brasileira, José Luis Gomes do Amaral, que discorreu sobre “O estado atual da Saúde no Brasil”, “O estágio da implantação da CBHPM”, “O rol de procedimentos da ANS” e a “ Implantação da TISS”. Foram apresentados, ainda, os seguintes temas: •Cooperativismo: a experiência no Espírito Santo – Pedro Motta discorreu sobre as vantagens das negociações pelas Cooperativas de especialidades, principalmente com os órgãos públicos, baseada na experiência no ES. •Processos Jurídicos – O assessor jurídico da Cooperneuro do Espírito Santo, Paulo Henrique, discorreu sobre a contratação de atos médicos e a importância do Termo de Consentimento Cirúrgico. •Protocolos da SBN – Geraldo Gonsalves, da Comissão de Exercício Profissional da SBN, expôs os múltiplos problemas vividos pelos Profissionais da Neurocirurgia em todas as regiões do Pais, e sugeriu a edição da CARTA DE VITÓRIA, com reivindicação, roteiros, metas, estratégias e prazos de Outubro 2007 implantação, com envolvimento de todos os segmentos da SBN e suas filiadas nos estados, contemplando, inicialmente, os seguintes tópicos: 1) Revisão da CBHPM, com reajuste de valores e inclusão de novos procedimentos; 2) Negociação direta com os diversos planos de saúde, como as operadoras, seguradoras e Unimed’s; 3) Revisão e reajustes dos valores de honorários médicos referentes aos procedimentos cirúrgicos do SIPAC; 4) Revogação da Portaria 321, referente ao item que extingue o prestador TIPO 7, transferindo o pagamento dos honorários médicos aos hospitais contratados; 5) Exigência de normas bem definidas em Editais de Concursos Públicos para contratação de Neurocirurgiões, com publicação de PCCS; 6) Exigência de representação da SBN nas Comissões estaduais de Residências Médicas. Durante a visita do Presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, foi realizada uma reunião conjunta, que precedeu o módulo acima descrito, com a participação do atual e do futuro presidente da SBN, além de membros do Conselho Deliberativo e da Comissão de Exercício Profissional. Geraldo Gonsalves 9 Conselho Deliberativo N o dia 7 de setembro de 2007, o Conselho Deliberativo reuniu-se em Vitória, durante o XIII Congresso Brasileiro de Atualização em Neurocirurgia. Os pontos mais significativos da pauta foram a revisão das propostas de mudança de Estatutos e Regimento Interno e a análise do novo protocolo da Comissão de Credenciamento. Além desta reunião, os conselheiros participaram de encontros com os Chefes de Serviços, com o Conselho de Representantes e com o presidente da AMB. Diversos assuntos importantes para o neurocirurgião foram tratados, com destaque para uma revisão dos valores dos honorários constantes na CBHPM. O Conselho Deliberativo participa ativa e regularmente da gestão da SBN, fiscalizando e assessorando seus diversos órgãos diretivos, conforme previsto nos Estatutos. Jorge Kraemer Presidente do Conselho Deliberativo SBN propõe nova logomarca A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia está completando 50 anos. e desde sua fundação utiliza a mesma logomarca. Como parte das comemorações pelo nosso I Cinqüentenário, propusemos ao Conselho Deliberativo a reestilização e modernização da nossa logomarca, com o objetivo de adequar a imagem da SBN à evolução da Neurocirurgia. Olhando para o futuro, sem nos esquecer do nosso passado. Esta foi a premissa que nos levou a contatar o designer Hans Donner – o mago das vinhetas da Rede Globo – que gentilmente se dispôs a redesenhar a nossa marca. Seguindo a recomendação do Conselho Deliberativo da SBN, nós a apresentamos para que você se decida devemos adotála ou manter a atual logomarca. Entre no site da SBN e vote. Sua opinião é muito importante: www.sbn.com.br José Carlos Saleme Presidente SBN Frases pinçadas do diálogo entre Saleme e Hans Donner — Esta pua é muito agressiva ... — Não é pua! É um trépano ... nosso instrumento de trabalho .... — Você sabe disso ... eu não ... para mim você está me agredindo .... o neurocirurgião trabalha com sentimentos, emoções. .... há 50 anos, este símbolo era só para vocês .... hoje sua Sociedade já atinge o povo ... não pode mostrar agressão — Eu imaginei uma marca usando uma destas tractografias ... feixes multicoloridos .... muito moderno ... — Só você sabe disso ... realmente é muito bonito .... vou guardar para quando fizer a logomarca de uma Fábrica de Vassouras ..... Além disso, não pode haver uma ruptura drástica. Temos que usar os mesmos elementos da marca antiga. Vocês não trabalham com cortes e planos? É isto que tem de ter. A Sociedade não é Brasileira? Tem de sugerir isso. Vocês mexem com sensibilidades .... com emoções .... tem que ter um grande coração verde-amarelo igual ao que cada um de vocês da sociedade tem. — Vocês vão ver um degradée na direção do seu objeto de estudos. Vocês vão ver cortes e planos. Eu olho ... e vejo a Globeleza sambando! Outubro 2007 10 Prova para o Título de Especialista Marco Marzullo D urante o XIII CBAN, a SBN promoveu a Prova para a obtenção do Título de Especialista, com a participação de 42 candidatos. Segundo o coordenador da Comissão de Aperfeiçoamento, Marco Aurélio Marzullo, o exame teve como finalidade avaliar candidatos que, aprovados, terão direito a receber o título de Especialista em Neurocirurgia, certificado este que tem o aval da SBN e AMB. “O exame teve 78,6% de aprovação, índice maior do que os exames anteriores”, disse. Os candidatos submeteram-se a uma prova escrita com 50 perguntas de múltipla escolha com uma assertiva (foram três provas de cores diferentes, contendo as mesmas questões, porém, com numeração alternada). A prova não possui caráter eliminatório, e os candidatos aprovados ainda foram submetidos a uma prova prático-oral por uma banca composta pelos professores Carlos Vanderley Holanda, Paulo de Melo Jacques, Paulo Henrique Pires Aguiar, Kunio Suzuki, Samuel Tay Zymberg, Alexandre Varella Giannetti, Marcelo Paglioli Ferreira e José Fernando Guedes. Cada candidato foi avaliado alternadamente por três examinadores. Antes da prova havia uma preocupação da SBN em receber não apenas os jovens, mas também profissionais mais experientes, expectativa que se confirmou, segundo Marco Aurélio Marzullo. “Dos 42 candidatos, 28 haviam concluído residência nos serviços credenciados pela SBN recentemente e os 14 restantes eram candidatos que preenchiam as exigências do nosso edital”, informou o coordenador da Comissão de Aperfeiçoamento da SBN. Prova de Recuperação O utro exame importante ocorrido durante o XIII CBAN foi a Prova de Recuperação. Dezoito candidatos se inscreveram para a prova. Segundo o coordenador da Comissão de Ensino da SBN Paulo Mello, o índice de participação esteve dentro dos padrões dos anos anteriores. “Este evento é importante porque permite ao candidato que aspira o Titulo de Especialista uma nova oportunidade de fazer parte dos quadros da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Creio que alcançamos o nosso objetivo”, avaliou. Outubro 2007 11 SBN promoveu IV Curso de Ciências Básicas em Neurocirurgia C Atividade científica durante o Curso. No detalhe, o coordenador do evento, José Carlos Esteves Veiga om a participação de 136 residentes e jovens neurocirurgiões de vários estados brasileiros, a SBN realizou o IV Curso de Ciências Básicas em Neurocirurgia entre os dias 02 e 04 de agosto, com o apoio da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e do Hospital Santa Isabel. O número de participantes foi considerado um sucesso pela diretoria da SBN, segundo o coordenador do curso, Dr. José Carlos Esteves da Veiga, já que aconteceram vários fatores desfavoráveis. Além da mudança da data do curso (que anteriormente era realizado no mês de novembro), alguns dias antes do curso, houve o acidente com o vôo TAM 3054, complicando ainda mais a situação dos aeroportos, e o Metrô de São Paulo deflagrou uma greve nos dias 02 e 03 de agosto, tumultuando o trânsito na cidade e dificultando o acesso ao local do evento. Com o objetivo de promover a atualização profissional aos participantes e firmar conceitos básicos para a área de Neurocirurgia, o curso é importante na preparação para a Prova Anual de Residência Médica da SBN. O programa incluiu cinco módulos (Morfologia do SNC, Neuropatologia, Anatomia Cirúrgica, Neurorradiologia e Neurocirurgia – Aspectos Atuais), compostos por um total de 22 aulas, quatro conferências magnas e uma palestra, ministradas por experientes e renomados professores de várias escolas de medicina do país. Entre os vários temas abordados, um dos destaques foi a palestra de cultura geral sobre “Genialidade e Loucura”, apresentada pelo especialista Décio Cassiani Altimari, professor de Genética da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e secretário da Faculdade. “A palestra abordou histórias de artistas, principalmente pintores, que viviam entre momentos de loucura e de genialidade, como, por exemplo, Van Gogh”, explicou Veiga. Nascido na Holanda em 1853, Van Gogh sofria de depressão, apresentava surtos de violência e suicidou-se em 1890. Nesta edição do curso, o homenageado foi o professor Rui Raul Dahas de Carvalho, exchefe do Serviço da Santa Casa e ex-secretário da SBN. “A homenagem foi dada por sua contribuição ao ensino da Neurocirurgia no nosso país”, ressaltou o coordenador do curso. Participantes do IV Curso de Ciências Básicas em Neurocirurgia O professor Rui Dahas foi homenageado por sua contribuição à Neurocirurgia Outubro 2007 12 Outubro 2007 13 Congresso de 2008 irá privilegiar atuação do Neurocirugião na sala operatória A programação científica do XXVII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia, que acontecerá em setembro/2008, em Foz do Iguaçu (Paraná), de 13 a 18 de setembro, está sendo elaborada para privilegiar a atuação do neurocirurgião na sala operatória:“A Neurocirurgia Revisitada”. Os vários cursos pré-congresso terão como objetivo oferecer uma atualização sistematizada das várias áreas da Neurocirurgia. Durante o congresso, serão realizados seminários matinais, através dos quais conceituados especialistas irão mostrar refinadas técnicas cirúrgicas no tratamento das doenças neurocirúrgicas, com destaque para a Microneuroanatomia cirúrgica, O presidente do que fará parte do 4th International Symposium on CBN 2008, Evandro de Oliveira Microneurosurgical Anatomy. No período da tarde serão apresentados módulos de controvérsias nas diferentes áreas da Neurocirurgia, além de palestras dedicadas ao exercício profissional e ao ensino da Neurocirurgia. “Ao final, as sessões de mini-conferências e de vídeos permitirão ao neurocirurgião brasileiro mostrar sua experiência e também que os neurocirurgiões jovens e residentes de Neurocirurgia exercitem a arte da apresentação e divulgação orais de trabalhos científicos”, adianta o presidente do CBN 2008, Evandro de Oliveira Para culminar, no último dia do evento (18/09/08) será realizado o encontro da World Academy of Neurosurgery, no qual renomados especialistas de várias partes do mundo irão debater alguns dos temas mais polêmicos em Neurocirurgia. Ao final de cada sessão haverá tempo para discussão e esclarecimento de dúvidas. As próximas edições do Boletim SBN publica- rão todas as informações do maior congresso de Neurocirurgia da América Latina. Coordenadores de cursos e palestrantes Tendo como coordenadores gerais os especialistas Guilherme Carvalhal Ribas e Luiz Alencar B. Bocha, os cursos pré-congresso abordarão 12 temas, entre eles: Coluna (Ricardo Botelho); Fotocumentação Cirúrgica (Guilherme Carvalhal Ribas); Funcional (José Osvaldo de Oliveira Jr./Aziz Rassi Neto); Microneuroantomia Cirúrgica (Helder Tedeschi/Wen Tzu); Neuroendoscopia (Nelci Zanon Collange/Aldo Stamm); Neurointensivismo (Miguel Giudicissi Filho); Tumores/Base de Crânio (Luiz Alencar B. Borba); Vascular/Aneurismas (Evandro de Oliveira). Entre os palestrantes estrangeiros, estão os especialistas: Christian Raftopoulus (Aneurismas: Cirurgia pós-embolização); Erdener Timurkaynak (Microanatomia); Johannes Schramm (Epilepsia); Michel Lawton (Mastery in Neurosurgery); Toshio Matsushima (Microanatomia – Tele-velar approach); Helmut Berthalanfy (Cavernoma de Tronco, Meningioma Forame Magno); James Rutka (Biologia Molecular, Pediátrica); e Robert Heros (Ensino, Relação Neurocirurgião-Industria). O hotel onde será realizado o Congresso: alto padrão Outubro 2007 14 Liga de Neurocirurgia Alunos de vários Estados participam do I Encontro de Ligas de Neurocirurgia, promovido pela SBN Os alunos de graduação discutem problemas comuns durante o encontro D urante o CBAN ocorreu a primeira reunião das Ligas Estudantis de Neurocirurgia, movimento de alunos de graduação em medicina, interessados em Neurocirurgia que promovem reuniões de estudo, palestras, trabalhos de Outubro 2007 pesquisa etc. Este movimento, que vem crescendo em muitas cidades brasileiras, está recebendo todo apoio da diretoria da SBN e de dezenas de colegas em todas as cidades. Nesta reunião estiveram presentes os presidentes da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, e da SBN, José Carlos Saleme, e ambos se manifestaram com entusiasmo estimulando seu trabalho. Num momento em que os currículos de graduação estão diminuindo ou eliminando o conteúdo neurocirúrgico vemos nas Ligas uma maneira de compensar esta deficiência. A SBN está estimulando as Regionais a colaborarem com as Ligas, oferecendo aulas, cursos, palestras e abrindo espaço nos Congressos Regionais para apresentação de trabalhos destes estudantes. Além disso, as Ligas também poderão ter importante participação no Projeto Pense Bem. O Presidente da SBN encarregou as Ligas de desenvolverem as bases para uma grande enciclopédia neurocirúrgica online, sob a forma de neuro-wikipedia. 15 DurasVerdades Sobre a Saúde, a Educação Duras Verdades Sobre a Saúde, a Educação, Entidades e o Coitado do Médico João Amílcar Salgado, professor titular de Clínica Médica e pesquisador em História da Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais A explosão de Faculdades de Medicina é Crime Organizado T anto a criação como a localização de cursos médicos têm sido historicamente influenciadas muito mais por fatores incidentais ou de baixa política e bem menos por necessidade social. Qualquer político de beira de estrada não pode resistir à tentação de criar uma escola médica em seu curral eleitoral. Cúmplices desta explosão irresponsável de faculdades foram os diversos professores de faculdades tradicionais que, depois de aposentados, não resistiram ao apelo da vaidade de voltar ao ensino, cercados de reconfortantes pompas interioranas. O Relatório Flexner sobre educação médica nos EUA e Canadá, divulgado em 1910, tem como proposta essencial a indissociabilidade entre ensino e pesquisa. A exposição dos estudantes às estruturas e ao ambiente intimamente vinculados à investigação, respirando ciência e convivendo com autênticos cientistas, produziu efeitos notáveis e muito além do esperado, tanto em qualidade como em quantidade, de tal modo que a liderança internacional da América do Norte na Medicina foi aceita inclusive pelos seus mais radicais críticos. Uma das conseqüências dessa revolução foi a multiplicação automática do número de cientistas, causada pela retenção dos melhores cérebros, fascinados pelo contato precoce com Outubro 2007 o mundo científico. Se o efeito benéfico na América do Norte se prolongou por mais de quatro décadas, no Brasil ele foi restrito a uma década e se prolonga a duras penas até hoje, em ilhas de esforço e de crescente decepção. O modelo flexneriano quando foi exportado dos EUA já se revelava inadequado à indústria de saúde emergente da guerra mundial, especialmente por sua característica de medicina de consumo. Esta logo chegou ao Brasil na década de 60, impondo, aqui como lá, a busca desesperada e sem nenhum sucesso de um meio qualquer para preservar o melhor de Flexner. Os pedagogos mais inteligentes, por sua vez, em vez de salvarem o modelo superado, considerado por eles sucata ideológica ou institucional, buscaram novos modelos. A maioria das alegações de preservação flexneriana representa verdadeira fraude pedagógica. O binômio ensino-pesquisa é unanimemente considerado conquista permanente e intrínseca ao conceito de universidade e, se é criticado, o é no sentido de que, embora necessário, se mostra insuficiente, pois a universidade atual, e dentro dela, mais que qualquer outra área, a escola médica, deve obedecer a um compromisso social. Em nome deste, o binômio ensinopesquisa, em vez de ser desfeito, deve ser completado para o 16 Entidades e o Coitado do Médico trinômio ensino-pesquisa-serviço. Vivemos um tempo em que poderosos interesses objetivam extinguir a isenção metodológica e ética da ciência, exatamente quando o avanço desta toca as mais delicadas questões deontológicas de sua história. Não contentes com isso, querem ambiente desimpedido de qualquer escrúpulo e lutam de todos os modos contra a formação de profissionais reflexivos e críticos. Na mesma linha esforçam-se por inviabilizar a reunião e a convivência, em clima de liberdade acadêmica, de inteligências competentes, capazes de causas desinteressadas e de ideais superiores. Enfim, tramam contra a sobrevivência altiva da massa crítica de cidadãos senhores de sua cidadania e conscientes de seus deveres solidários. Percebo que a aposentadoria precoce de gente experiente, capaz e combativa contribuiu para a passividade e o relativo silêncio com que é recebida tal asfixia institucional, ao lado de outras medidas, unilaterais e questionáveis, referentes à educação e à universidade. Ou a universidade brasileira se castrou ou o país foi abençoado por um punhado de burocratas iluminados, que, detendo um saber oposto ao que acumulamos, se propõem guiar toda a inteligência brasileira, à sua revelia, por caminhos equívocos e certamente sem volta. Ordem (ou Desordem) dos Médicos Em 2004, a organização sindical dos jornalistas brasileiros propôs ao legislativo a criação de seu conselho federal. A resistência — de tão histérica e tão generalizada — levou ao esquecimento da idéia. Os historiadores da medicina perderam a oportunidade de explicar aos jornalistas a origem dos conselhos federais profissionais. Dados do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais permitem o seguinte levantamento sobre a questão. As corporações, sobretudo as de profissionais liberais, desenvolveram mecanismos de autoproteção e autoregulação com base nas guildas, que angariaram legitimidade institucional na Idade Média. Antes disso, entretanto, a corporação religiosa já desfrutava do privilégio de ter seus membros, quando réus, julgados em foro interno. A corporação religiosa alongou o privilégio a suas extensões seculares, que são a medicina, a magistratura e a milícia. Esta o estendeu dos engenheiros militares aos civis, à magistratura e aos advogados. Da Idade Média aos dias atuais, as associações de profissionais liberais, crescentemente poderosas, passaram a zeladoras dos deveres, dos direitos e do status dos membros respectivos, ou seja, passaram a acumular três atribuições: deontológicas, sindicais e de bem-estar. No Brasil, o médico mineiro Joaquim Soares Meireles foi o fundador e primeiro presidente da Academia Imperial de Medicina, em 1835, que pode ser considerada o primeiro esboço de instituição corporativa nacional dos médicos brasileiros (de inspiração francesa e molde romântico). O médico mineiro Alípio Corrêa Neto foi o líder fundador e o primeiro presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), em 1951. Os médicos mineiros: Juscelino Kubitschek e Clóvis Salgado foram, respectivamente presidente da república e ministro da educação responsáveis pela criação dos conselhos de medicina no Brasil. A AMB foi fundada apenas três anos após o centenário de sua congênere e modelo dos EUA (de inspiração inglesa e molde liberal-pragmático). Só este fato já sugere que a corporação brasileira se mostrou retardatária e impotente na luta pelos objetivos, que cem anos antes fizeram da corporação estadunidense senhora de enorme poder, os quais a AMB nem de longe alcançou. Este é mais um exemplo de que os EUA são vezeiros em exportar sucatas institucionais, industriais e outras para aqueles países que consideram seu Outubro 2007 quintal. Sim, a associação norte-americana, desde 1848, logo assumiu agressivamente um triplo controle sobre o que são os direitos, os deveres e, principalmente, os privilégios sóciopolíticos dos médicos,- mas apenas daqueles profissionais de quem ela reconhecia o título, e este obtido apenas em faculdades autorizadas por ela. Por que tal exportação não deu certo? Porque ela só aconteceu após a 2ª Guerra Mundial, quando o mundo já ingressara no que viria a ser a sociedade de consumo (com a respectiva medicina de consumo), a qual, por sua vez, 50 anos depois, se degeneraria na atual medicina neoliberal consumista — esta a principal e contumaz desmoralizadora das entidades corporativas. 17 Por que precisamos da Entidade Única? José Luiz Gomes do Amaral A unificação da AMB e do Conselho Federal de Medicina foi capa de uma edição conjunta do Jamb e do Medicina, em dezembro de 2003. Aquele foi um período de grande entusiasmo dos médicos brasileiros com os resultados do trabalho conjunto de duas entidades que nunca tinham estado tão próximas. Esta harmonia nos conduziu a uma mudança de atitude do médico, da sociedade em relação à Medicina, e nos trouxe mais confiança e credibilidade. Desde 2003, este assunto não foi discutido especificamente, mas foi praticado. Continuamos a desenvolver todas as nossas ações em conjunto, a compartilhar todas as decisões. Depois de praticar a José Luiz Gomes do Amaral, Presidente da Associação Médica Brasileira Ordem dos Médicos por tantos anos, agora podemos trabalhar na sua formalização. Não se trata mais de uma idéia abstrata; sabemos como funciona e que tem resultados positivos. Precisamos tomar cuidado ao realizar uma fusão com outra entidade, que é não perder a nossa autonomia. A Associação Médica é uma associação totalmente independente, não está atrelada ao organismo público ou ao governo; é uma entidade privada que representa o pensamento do médico. O Conselho é uma autarquia federal; ainda que represente o médico, está vinculado ao governo. Como compatibilizar isso? Este é um dos “nós” a serem desatados; talvez o mais importante, pois os outros são de ordem material. Mas se a entidade única não for uma autarquia federal, corremos o risco de não ser reconhecida pelo governo? Creio Outubro 2007 que o reconhecimento político é um fato que independe da formalidade. À medida que a classe médica tiver força política, o reconhecimento será inevitável. O primeiro passo é uma discussão dentro das esferas fundamentais de organização da classe médica, que são as Sociedades de Especialidade, as Associações Médicas Federadas, os Conselhos Regionais de Medicina, a AMB e o CFM. Vamos ter uma discussão interna para cada um desses segmentos. Então, haverá um fórum nacional para discutirmos os modelos apresentados nas discussões anteriores. A proposta consensual elaborada neste encontro será submetida à apreciação dos médicos em um plebiscito. O importante é que com a entidade única a classe médica terá mais força, independente do modelo, porque passará a se comportar como um corpo só, sem divisões. No entanto, não poderão deixar de existir as funções que hoje cumprem as entidades em separado. Terá de haver na entidade única um organismo que cuida da ética médica, da fiscalização do exercício profissional, da educação médica, da imagem do médico junto à sociedade, e represente os médicos nas diferentes áreas, no Congresso, no Executivo, nas relações com organismos internacionais, enfim. A idéia é que desapareça a individualidade em prol de uma instituição mais ampla. Espera-se uma participação muito mais ativa das Sociedades de Especialidade, porque hoje as Sociedades de Especialidade são conveniadas à AMB, mas não fazem parte da AMB. Deveríamos todos integrar uma família, na qual os irmãos têm uma relativa independência, mas vivem sob o mesmo teto. Hoje não vivemos sob o mesmo teto, e isto nos afasta. Entendo que o médico vinculado à entidade única já faria parte automaticamente da Sociedade de Especialidade. E isto não quer dizer que estas representações deixarão de existir, resguardando as individualidades e a pluralidade que nos fortalecem. Também é muito importante que tenhamos uma estrutura sindical voltada à Medicina, com as funções previstas na legislação. Caso os Sindicatos fossem absorvidos pela entidade única, a lei permitiria a abertura de um novo sindicato... Os países que têm a Ordem dos Médicos preservaram seus Sindicatos com o poder legal para atuar no que diz respeito às relações de trabalho. Há alguns argumentos contrários à criação da Ordem dos Médicos, como as preocupações relativas ao patrimônio, à independência da AMB, ao fato de a filiação deixar de ser voluntária, às barreiras impostas pela lei, ao risco de os discordantes fundarem uma outra Associação. E há também manifestações que não são legítimas; pessoas que são contra porque se acomodaram dentro de uma entidade ou outra e entendem que uma instituição comum significa perda de poder nas estruturas atuais. Com certeza, tudo isso virá à tona nas discussões. 18 Outubro 2007 19 SBOT e SBN definem Cirurgia da Coluna Vertebral José Carlos Esteves Veiga e José Carlos Saleme (SBN), Tarcísio Eloy P. Barros Filho (SBOT), Giovanni Cerri (AMB), Marcos Musafir e Fernando Façanha (SBOT) E m uma única reunião, os presidentes da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, juntamente com diretores da Associação Médica Brasileira, definiram de forma clara toda a questão da área de atuação em Cirurgia da Coluna Vertebral. Este assunto vem sendo comentado já há alguns anos dentro e fora de reuniões em vários níveis, com opiniões e conclusões distorcidas, criando todo tipo de impedimentos para o exercício destes procedimentos por ambas as especialidades. A opinião da atual Diretoria da SBN, contrariando pensamentos anteriores, é que não pode haver provas ou concursos para os neurocirurgiões com titulo de especialista, já que faz parte do conteúdo programático da nossa Residência todos os grandes procedimentos de cirurgia vertebral, que em todas as provas anuais para os residentes e na prova de Titulo de Especialista 20 a 30 % das questões referem-se a este tópico. Insiste ainda a nossa Diretoria num ponto fundamental no exercício da medicina: só pode executar um procedimento o especialista capaz de resolver suas complicações. Este também era o entendimento da SBOT e a decisão final é clara: a Cirurgia da Coluna Vertebral é de atuação tanto dos ortopedistas quanto dos neurocirurgiões e somente destas duas especialidades. Ratificando esta união uma comissão mista foi criada para redigir protocolos para as principais patologias, e esta mesma comissão continuará discutindo a área de atuação e deverá preparar uma pesquisa visando a aperfeiçoar nosso relacionamento. Mas esta atuação conjunta da SBN com a SBOT não ficará somente na coluna vertebral. Sendo as duas especialidades com a maior atuação na Traumatologia, há muitos interesses comuns, técnicos e políticos, a serem desenvolvidos. O presidente Saleme tem se aproximado e participado de muitas atividades da SBOT, tem sido recebido com a maior simpatia pelo atual presidente, Marcos Musafir, e pelo futuro presidente, Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho. “Muitas das idéias e atividades da SBOT estou aproveitando em minha gestão”, declarou Saleme. O que foi acordado: 1) As duas Sociedades elaborarão 10 Diretrizes da AMB envolvendo as mais freqüentes afecções traumáticas ou não da Coluna Vertebral; 2) Será criada, em até 30 dias, uma Câmara Paritária com representantes da AMB, SBN e SBOT para aprofundamento da discussão sobre Área de Atuação na Cirurgia da Coluna Vertebral, com o objetivo de fomentar amplo debate, elaborar consulta pública aos especialistas neurocirurgiões e ortopedistas e, assim, sedimentar futuras deliberações e decisões; 3) Acordam que até as futuras deliberações sobre a Área de Outubro 2007 Atuação, permanece a situação atual, que permite aos especialistas titulados da SBN e da SBOT, dentro dos preceitos éticos e legais, a realizarem procedimentos na Coluna Vertebral, cuja responsabilidade é individual do cirurgião. Assinaram o documento pela SBN, o presidente José Carlos Saleme e o secretário José Carlos Esteves Veiga; pela SBOT, o presidente Marcos Musafir, o 1º vice-presidente Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho e o presidente do Comitê de Coluna, Fernando Façanha; pela AMB, o secretário-geral Edmund Baracat e o diretor-científico, Giovanni Guido Cerri. 20 Reunião com os Chefes de Serviços A reunião com os chefes dos serviços de Residência Médica da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia aconteceu durante o XIII CBAN e foi coordenada pelo presidente da SBN, José Carlos Saleme. Durante o encontro foram discutidos os principais problemas e necessidades dos serviços, bem como estratégias para melhorar ainda mais a qualidade da formação dos futuros neurocirurgiões C om a presença de 25 chefes de serviços credenciados foram discutidos e propostos os seguintes itens: 1) Ação enérgica da Diretoria do Conselho e da Assembléia para coibir os residentes excedentes nos Serviços Credenciados, bem como identificar e terminar os não credenciados; 2) Ação junto à Comissão Nacional de Residência Médica para evitar o credenciamento de novos Programas de Residência via MEC; 3) Organizar palestras tipo Pense Bem nos últimos períodos dos cursos médicos em todas as cidades, mostrando a impor- tância da SBN e de seu programa de residência, desestimulando a procura por serviços não credenciados; 4) Usar as marcas da SBN e a inscrição “Serviço Credenciado pela SBN para a Formação de Residentes em Neurocirurgia” em toda a papelaria do Serviço e em locais de destaque no espaço físico; 5) Promover reuniões regulares com todos residentes dos vários serviços da mesma cidade, a exemplo do que está ocorrendo no Rio de Janeiro. Estas reuniões semanais são patrocinadas pela Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro, e organizadas pelo Presidente Carlos Henrique. Atualização em Neurocirurgia A SNCRJ (Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro) promove o Curso de Atualização em Neurocirurgia todas as segundas-feiras para os residentes dos Serviços de Neurocirurgia, tanto do MEC quanto da SBN. São abordados todos os temas do programa da SBN para o Título de Especialista e do dia-a-dia do neurocirurgião, com presença média de 40 participantes em cada encontro. As atividades acontecem no Hospital Quinta D’or, com boa localização para PRÓXIMOS CONGRESSOS SBN Outubro 2007 todos os serviços, a partir das 19h30, mas às 19h00 é servido um coffe break para os participantes. A SNCRJ oferece cursos, viagens e recentemente participação na Jornada no Rio de Janeiro, no Club Med Rio das Pedras, em Angra dos Reis (RJ). As atividades são coordenadas por Carlos Henrique Ribeiro, Stella Taylor Portella, George Patrick, Wagner Levati e Jorge Amorim. Carlos Henrique Ribeiro Presidente da SNCRJ •Setembro de 2008: Foz do Iguaçu, PR •Setembro de 2009: Porto Alegre, RS •Setembro de 2010: Salvador, BA •Setembro de 2011: Porto de Galinhas, PE 21 Eventos Gianni Maurélio Temponi 1934 - 2007 Eventos nacionais II Congresso Paranaense de Neurocirurgia (NEUROPAR 2007) 29 de novembro a 01 de dezembro de 2007 Foz do Iguaçu, PR Curso Estudos Avançados em Aneurismas Cerebrais 29 de novembro a 01 de dezembro de 2007 Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 2468-5171 www.hfag.aer.mil.br Gianni Maurélio Temponi nasceu em São João Nepomuceno (MG), em 09 de outubro de 1934. Cursou medicina na Universidade Federal de Uberaba, formando-se em 1959. Fez a residência em Neurocirurgia no Instituto de Neurologia Deolindo Couto, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou a sua profissão. Foi livre docente e professor-titular de Neurocirurgia da UFRJ. Criou o Serviço de Neurocirurgia e a Residência em Neurocirurgia do Hospital Clementino Fraga Filho (UFRJ), tendo formado 45 residentes que atuam em vários estados do Brasil. Foi diretor e vice-diretor do Instituto de Neurologia Deolindo Couto, onde trabalhou até 2004. Atuou como diretor clínico do Hospital São João, em São João Nepomuceno. É autor dos seguintes livros: •Tratamento Cirúrgico dos Tumores da Hipófise •Tratamento Cirúrgico da doença de Parkinson •Tratamento Cirúrgico da Hemorragia Cerebral Primária Publicou as seguintes Teses: •Estéreoencefalotomia na Paralisia Cerebral Infantil •Cistos Epidermóides Cranioencefálicos. Faleceu no dia 25 de agosto de 2007, aos 73 anos de embolia pulmonar, no Rio de Janeiro. Era casado com a Profª Maria Augusta de Aguiar Ferraz Temponi, com quem teve quatro filhos: Vicente, Gianni, Rodrigo e Cristina, dois dos quais, Vicente e Gianni, neurocirurgiões como o pai. Deixou também três netos, Vicente, Manuela e Marina. José Carlos Lynch Curso Técnicas Modernas e Avanços da Cirurgia da Coluna Vertebral 30 de novembro a 01 de dezembro Ribeirão Preto, SP [email protected] III Encontro de Discípulos do Serviço de Neurocirurgia do HCFMRP-USP Espaço Cultural do Campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo 29 de Fevereiro a 01 de Março de 2008 Fone/Fax: (16) 3602-2866 Eventos internacionais WFNS Intermeeting 18 a 22 de novembro de 2007 Nagoia – Japão www.wfns.org Congress Coordinator 18 a 21 de novembro de 2007 Nagoya Congress Center Tokyo - Japão Fone: +81-3-5289-7717/+81-3-52898117 www.aacns07.umin.ne.jp I Fórum Internacional Neurotrauma Brasil 11 a 14 de Março de 2008 Navio MSN Armonia Rio de Janeiro - Brasil Fique atualizado acessando nosso site: Outubro 2007 www.sbn.com.br 22 Outubro 2007 23