CRISTIANE PIMENTEL VICTÓRIO Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos Preliminares da Atividade Biológica TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Rio de Janeiro 2 0 0 8 II Cristiane Pimentel Victório Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos Preliminares de Atividade Biológica Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Biofísica), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Biofísica). Orientador: Dr. Celso Luiz Salgueiro Lage Co-orientador: Dr. Ricardo Machado Kuster Colaboradores: Dr. Roberto Soares de Moura Dr. Carlos Alberto da Silva Riehl Dra. Alice Sato Rio de Janeiro, RJ, 2008 III VICTÓRIO, Cristiane Pimentel. Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos Preliminares de Atividade Biológica/ Cristiane Pimentel Victório; orientação Celso Luiz Salgueiro Lage. Rio de Janeiro, 2008, XXVI, 188 f. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Biofísica) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1. Colônia. 2. Planta medicinal. 3. Cultura de tecidos vegetais. 4. Reguladores de crescimento vegetal. 5. Flavonóides. 6. Óleo essencial. 7. Atividade vasodilatadora. 8. Zingiberaceae. I. Lage, Celso Luiz. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Programa de Pós-graduação em Ciência Biológicas (Biofísica). III. Título. IV Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Rio de Janeiro 2 0 0 8 Cristiane Pimentel Victório Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos Preliminares de Atividade Biológica. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pósgraduação em Ciências Biológicas (Biofísica), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Biofísica) Aprovada em: ___________________________________ Dr. Celso Luiz Salgueiro Lage (UFRJ) __________________________________ Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan (UFRJ) __________________________________ Dr. Alcino Palermo (Instituto Militar de Engenharia – IME) __________________________________ Dra. Sandra Azevedo (UFRJ) ____________________________________ Dra. Marsen Garcia Pinto Coelho (UERJ) V Lista de Abreviaturas ACh - Acetilcolina MS - Sais de Murashige & Skoog (1962) AIA - Ácido indolacético BAP - 6-benzilaminopurina CIN - Cinetina CCD (TLC) - Cromatografia em camada delgada EDTA ácido etilenodiamino tetracético CG/DIC Cromatografia a gás por detecção de ionização em chamas CG/EM (GC/MS) - Cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas CLAE (HPLC) - Cromatografia líquida de alta eficiência EAG - Equivalentes em ácido gálico EDS (SDE) - Extração por destilação simultânea HD LVM Hidrodestilação - NG Leito mesentérico Nitroglicerina NP:PEG - 2-aminoetilfenilborato + polietilenoglicol NOR - Noradrenalina RMN (NMR) - Ressonância magnética nuclear TDZ - Tidiazuron UV - Ultravioleta VI Lista de Figuras INTRODUÇÃO Figura 1 - Ilustração botânica da espécie Alpinia zerumbet (1-5). 1- planta em 4 floração, 2 – porção distal mostrando a inflorescência, 3 – flor, 4 – labelo, 5 – estames e pistilo. Figura 2 - Fotos da espécie Alpinia purpurata. Figura 3 - Esquema simplificado da rota biossintética dos flavonóides. 13 Figura 4 - Esquema simplificado da rota biossintética dos terpenóides. 15 6 Capitulo 1. Sistemas de cultura de tecidos para as espécies Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 1.1 Estabelecimento in vitro de culturas assépticas de plantas de Alpinia zerumbet (Pers) Burtt et Smith Figura 1 - Protocolos de desinfestação dos explantes obtidos de A. zerumbet . 37 Figura 2 - Plantas in vitro de Alpinia zerumbet com 2 meses. MS0 líquido 41 (A), AIA 2 (B). C. Plantas de A. zerumbet na sala de cultura sob lâmpadas luz fluorescentes. D. Plantas aclimatizadas, após 2 anos. E-F. Calogênese a partir do pseudocaule, em TDZ, após 2 meses (F) e cultura de células em suspensão (E). Figura 3 - Respostas morfogênicas de Alpinia zerumbet com 3 meses in vitro, 44 sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Figura 4 - Alongamento in vitro de brotos de Alpinia zerumbet após 3 meses, sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. 45 VII Figura 5 - Diferenças (%) no desenvolvimento de Alpinia zerumbet, entre 1-2 45 meses e 2-3 meses. 1.2 Propagação in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum sob efeito de auxinas e citocininas Figura 1 - Desenvolvimento in vitro de Alpinia purpurata em meio MS 51 liquido, com 2 meses (A). Seqüência do desenvolvimento (B): 1 mês (I), 2 meses (II) e 3 (III) meses. Capítulo 2. Produção de metabólitos especiais em plantas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 2.1. Diferentes métodos de extração de flavonóides de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Figura 1 - Perfis cromatográficos (CLAE) do extrato aquoso (A) e 60 hidroalcoólico (B) de Alpinia zerumbet, pelo método de ultrassom 45 min. 1. Rutina (TR: 31.42 min) e 2. kaempferol-3-Oglicuronídeo (TR: 34.49 min), 360 nm. Figura 2 - Estrutura dos flavonóides glicosilados de Alpinia zerumbet. A. 61 rutina e B. kaempferol-3-O-glicuronídeo. Figura 3 - Conteúdo de flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo no extrato aquoso e hidroalcoólico de A. zerumbet obtido por CLAE e determinado por uma curva de calibração dos padrões. 62 VIII 2.2. Detecção de flavonóides em folhas de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum. por cromatografia líquida de alta eficiência. Figura 1 - Curvas analíticas para os padrões kaempferol-3-O-glicuronídeo e 71 rutina. Figura 2 - Espectros ultravioleta (CLAE) dos padrões (A) rutina e (B) 72 kaempferol-3-O-glicuronídeo, a 254 nm. Figura 3 - Comparação do conteúdo de fenóis totais de Alpinia zerumbet e 73 Alpinia purpurata coletadas em 2 diferentes períodos do ano. Figura 4 - Perfil cromatográfico do extrato bruto (A), extrato acetato de etila 75 (B) e butanólico (C) de Alpinia purpurata. (2) rutina e (4) kaempferol-3-O-glicuronídeo, 254 nm. 2.3. Elucidação estrutural do flavonóide da espécie Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum utilizando técnicas de ressonância magnética nuclear Figura 1 - Esquema de fracionamento químico do extrato seco de Alpinia 80 purpurata Figura 2 - Estrutura química da rutina - AP29(4). 81 Capítulo 3 Produção de metabólitos especiais em culturas organogênicas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 3.1. Flavonóides produzidos por plantas in vitro de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Figura 1 - A - Estágios de crescimento in vitro de Alpinia zerumbet em meio 90 IX MS0. B - Plantas in vitro no tratamento acrescido de AIA 2 mg.l-1, com 3 meses. Figura 2 - Perfis cromatográficos das plantas in vitro de Alpinia zerumbet. A. 94 MS0, B. AIA 2 + TDZ 2, C. TDZ 8, D. AIA 2. 1. Rutina, 2. kaempferol-3-O-rutinosídeo e 3. kaempferol-3-O-glicuronídeo Figura 3 - Espectros de UV dos sinais 4, 5 e 6 e seus respectivos tempos de 95 retenção (TR) referidos no cromatograma (Figura 2), de plantas in vitro de Alpinia zerumbet. 3.2 Produção de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo em plantas in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum Figura 1 - Desenvolvimento de Alpinia purpurata, com 3 meses de cultivo in 104 vitro. Figura 2 - Perfis cromatográficos dos extratos de folhas de plantas in vitro de 106 Alpinia purpurata, entre 3 a 4 meses. A. campo, B. MS (controle 2), C. TDZ 2, D. BAP 2 (360 nm), E. BAP 2 (254 nm, indicando o TR 45.539), F. Plantas in vitro, após 3 meses em TDZ 2. 1. rutina, 2. kaempferol-3-O-glicuronídeo, 3. n.i. (1) – 254 nm, 4. n.i. (2) e 5. n.i. (3). Figura 3 - Concentração relativa (%) de rutina em relação às substâncias não 106 identificadas n.i.(1): TR 45.539 (254 nm); n.i.(2): TR 47.674; n.i.(3): TR 50.982. Figura 4 - Concentração de flavonóides nas partes aéreas de plantas cultivadas in vitro por 3-4 meses. Letras diferentes para cada flavonóide em separado indicam diferenças estatísticas (p< 0,05). 107 X Capítulo 4 Avaliação do óleo essencial e aroma de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 4.1. Composição do óleo essencial de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum e Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Figura 1 - Área relativa (%) obtida por CG/DIC dos principais componentes 119 do óleo essencial de Alpinia zerumbet. A. Abril 2005 e Novembro 2007. B. Novembro 2007 (HD e EDS). 4.2. Caracterização do aroma de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith: plantas de campo e in vitro Figura 1 - Aspecto morfogênico das plantas de Alpinia zerumbet submetidas 126 às análises de “headspace”, com 4 meses de cultivo in vitro: A. MS0 (controle), B. AIA, C. BAP, D. CIN, E. TDZ (2 mg.L-1). Figura 2 - Efeito dos reguladores de crescimento no desenvolvimento in vitro 126 de Alpinia zerumbet, com 4 meses. A. número de brotos (%), B. número folhas (%), C. peso fresco das folhas (mg), D. peso seco das folhas (mg). Figura 3 - Perfis cromatográficos do aroma de Alpinia zerumbet obtido por 131 CG/EM: (A) Plantas de campo. Plantas in vitro: (B) MS0, (C) TDZ 2. (D) Fórmulas estruturais dos principais constituintes do aroma das folhas. Figura 4 - Rota biossintética simplificada dos principais monoterpenos e sesquiterpenos identificados em Alpinia zerumbet 132 XI Capítulo 5 Estudos preliminares sobre a atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 5.1. Atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum Figura 1 - Esquema do LVM perfundido com solução de Krebs (Adaptado de 141 Carvalho, 2002). Figura 2 - Perfis cromatográficos (CLAE) dos extratos hidroalcoólico de 143 Alpinia zerumbet (A) e Alpinia purpurata (B) de campo, 360 nm, utilizados no teste de reatividade: (1) rutina e (2). kaempferol-3-Oglicuronídeo. Os números na figura correspondem aos mesmos da Tabela 1. Figura 3 - Registro das alterações na pressão de perfusão no LVM de rato 145 induzida pelo KCl, ACh, NG e de extrato de Alpinia purpurata obtidas durante o efeito pressor provocado pela NOR. Figura 4 - Relaxamento induzido pelo extrato de Alpinia purpurata e Alpinia 145 zerumbet procedentes do Rio de Janeiro no LVM isolado de rato, contraído com norepinefrina (30 µM). Figura 5 - Relaxamento induzido pelo extrato de plantas in vitro de Alpinia zerumbet tratadas com diferentes reguladores de crescimento vegetal, no LVM isolado de rato contraído com norepinefrina (30 µM). 147 XII Lista de Tabelas INTRODUÇÃO Tabela 1 - Resumo das atividades biológicas de A. zerumbet e A. purpurata: 7 uso popular e comprovação científica. Tabela 2 - Principais relatos de variação dos constituintes do óleo essencial 24 produzido por diferentes espécies in vitro sob tratamentos ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Tabela 3 - Principais relatos da produção de flavonóides in vitro sob ação de 25 diferentes reguladores de crescimento vegetal. Tabela 4 - Plantas referidas como anti-hipertensivas pelo uso popular e 28 conhecimento científico. Capitulo 1. Sistemas de cultura de tecidos para as espécies Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 1.1 Estabelecimento in vitro de culturas assépticas de plantas de Alpinia zerumbet (Pers) Burtt et Smith Tabela 1 - Indução da calogênese em Alpinia zerumbet por 2,4D e CIN, em 46 meio MS. 1.2 Propagação in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum sob efeito de auxinas e citocininas Tabela 1 - Respostas do desenvolvimento in vitro de Alpinia purpurata. 53 XIII Capítulo 2. Produção de metabólitos especiais em plantas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 2.1. Diferentes métodos de extração de flavonóides de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Tabela 1 - Especificações das metodologias de extração a partir de folhas 57 secas de Alpinia zerumbet. Tabela 2 - Rendimento da extração a partir de folhas secas de Alpinia 60 zerumbet. 2.2. Detecção de flavonóides em folhas de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum. por cromatografia líquida de alta eficiência. Tabela 1 - Flavonóides relatados para o gênero Alpinia. 67 Tabela 2 - Comparação do conteúdo de fenóis totais de Alpinia zerumbet e 74 Alpinia purpurata coletadas em 2 diferentes períodos do ano. 2.3. Elucidação estrutural do flavonóide da espécie Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum utilizando técnicas de ressonância magnética nuclear Tabela 1 - Comparação dos valores obtidos de RMN 1H e de 13C (400 e 100 MHz) obtidos para AP29(4) com os valores da literatura para rutina (Markham, 1976). 82 XIV Capítulo 3 Produção de metabólitos especiais em culturas organogênicas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 3.1. Flavonóides produzidos por plantas in vitro de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Tabela 1 - Efeito dos reguladores de crescimento no desenvolvimento in vitro 91 de Alpinia zerumbet, com 3 meses. Tabela 2 - Conteúdo de flavonóides (mg.g -1 folha seca) em extratos 93 hidroalcóolicos de Alpinia zerumbet de campo e obtidas in vitro (cultivo por 3-4 meses). Capítulo 4 Avaliação do óleo essencial e aroma de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 4.1. Composição do óleo essencial de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum e Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Tabela 1 - Resultados referentes ao óleo essencial extraído da espécie A. 114 zerumbet e A. purpurata. Tabela 2 - Composição do óleo essencial de Alpinia zerumbet e A. purpurata. 115 Tabela 3 Composição do óleo essencial de Alpinia zerumbet extraído por 118 EDS e HD, Novembro 2007. XV 4.2. Caracterização do aroma de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith: plantas de - campo e in vitro Tabela 1 - Caracterização do aroma de folhas de campo, e in vitro de Alpinia 127 zerumbet cultivada por 4 meses sob diferentes reguladores de crescimento vegetal. Capítulo 5 Estudos preliminares sobre a atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 5.1. Atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum Tabela 1 - Concentração de flavonóides nos extratos de Alpinia zerumbet e A. purpurata, obtidas a partir das curvas analítica dos padrões. 143 XVI RESUMO Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Biofísica) Universidade Federal do Rio de Janeiro Cultura de Tecidos e Metabólitos Especiais em “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) e A. purpurata (Vieill) K. Schum e Estudos Preliminares de Atividade Biológica. Autoria: Cristiane Pimentel Victório Orientador: Celso Luiz Salgueiro Lage Co-orientador: Ricardo Machado Kuster O uso de plantas medicinais é freqüente no do dia-a-dia do brasileiro. Estudos integrados de técnicas biotecnológicas, fitoquímica e atividade biológica constituem uma abordagem multidisciplinar que contribui para o conhecimento científico e uso seguro das plantas. A espécie Alpinia zerumbet (colônia) é bastante utilizada nos tratamentos relacionados a cardiopatias. Já a espécie Alpinia purpurata é comumente empregada com fins ornamentais. Uma das propostas deste trabalho foi o estudo fitoquímico e biológico desta espécie. Diversas técnicas envolvendo cultura de tecidos vegetais são utilizadas como ferramenta, no intuito de se obter material vegetal homogêneo e de qualidade, e produzir metabólitos secundários dentro de condições ambientais padronizadas e reprodutíveis. Os flavonóides e terpenos estão entre os principais metabólitos relacionados ao uso terapêutico das plantas medicinais. O potencial de produção destes metabólitos secundários foi avaliado em plantas de campo, e plantas in vitro sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. A rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram pela primeira vez identificados para A. purpurata; a rutina foi isolada a partir da fração butanólica e identificada por ressonância magnética nuclear. Os resultados para a organogênese direta in vitro, em meio MS líquido, mostraram adequação quanto à produção monoclonal de plantas livres de patógenos e com 100% de enraizamento. Poucas variações foram observadas entre os tratamentos com citocininas e auxinas. As culturas in vitro após 3-4 meses foram avaliadas quanto à produção de flavonóides. Em amostras de folhas in vitro de A. zerumbet foram encontrados os flavonóides rutina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-Orutinosídeo, com maiores concentrações de rutina sob o efeito de AIA + TDZ. Para a espécie A. purpurata, o teor de kaempferol-3-O-glicuronídeo foi maior nos tratamentos com BAP e AIA + TDZ. Os principais componentes do óleo de folhas de A. zerumbet foram os monoterpenos terpinen-4-ol (29,4%), 1,8 cineol (23,1%) e γ–terpineno (16,1%). Enquanto para a espécie A. purpurata, o β–pineno (34,7%) e α-pineno (11,8%) foram predominantes. A caracterização da fração volátil de plantas de A. zerumbet foi avaliada pela técnica de extração por “headspace” seguida pela análise por cromatografia a gás. Como principais componentes, o aroma apresentou γ–terpineno, sabineno e terpinoleno. Em todos os tratamentos in vitro, as plantas produziram sabineno, 1,8 cineol e cariofileno como principais constituintes. A ação vasodilatadora mostrou igual potência em relação a espécie A. zerumbet, na dose de 60 µg, mas a eficiência foi menor. As plantas in vitro de A. zerumbet mostraram efeito vasodilatador reduzido, comparado as plantas de campo. As estratégias biotecnológicas permitiram manipular e avaliar as respostas das espécies quanto XVII à produção de metabólitos secundários. Adicionalmente, os resultados forneceram indicações para o efeito de reguladores de crescimento vegetal em rotas biossintéticas de flavonóides e terpenos. Os estudos fitoquímicos da espécie A. purpurata são pioneiros e fornecem indicações sobre substâncias bioativas que podem estar envolvidas no uso medicinal da espécie. Os dados preliminares sobre atividade biológica de A. purpurata sugerem efeito vasodilatador. Palavras-chave: cromatografia líquida de alta eficiência, colônia, extração por destilação simultânea, flavonóide, óleo essencial, planta medicinal, planta ornamental XVIII Tissue Culture and Secondary Metabolites in “Colônia” (Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith) and A. purpurata (Vieill) K. Schum and Preliminary Studies about Biological Activity. ABSTRACT Medicinal plants are present in the daily life of Brazilian people. Integrated studies of biotechnological techniques, phytochemistry and biological activity constitute a multidisciplinary approach that contributes for the scientific knowledge and safe use of plants. Alpinia zerumbet (“colônia”) is quite employed in cardiopathy related treatments. Otherwise Alpinia purpurata is commonly used as ornamental purpose. One of the proposals of this work was the phytochemical and biological study of this species. Several techniques comprising plant tissue culture is utilized as tool, in order to get high-quality and homogeneous plant material and secondary metabolites under standardized and reproducible environment conditions. Flavonoids and terpenes are the main metabolites related to therapeutical use of medicinal plant. The production potential of the above secondary metabolite was evaluated in field plants and in vitro plants under different plant growth regulator action. The rutin and kaempferol-3-O-glucuronide were for the first time identified for A. purpurata; rutin was isolated from butanolic extract and identified by nuclear magnetic resonance. In vitro direct organogenesis, in liquid MS medium, resulted in adequate monoclonal production of pathogen-free plants, with 100% rooting. There were little variations in treatments with cytokinins and auxins. After 3-4 months in vitro cultures were evaluated as to flavonoids production. In vitro samples of leaves of A. zerumbet presented the flavonoids rutin, kaempferol-3-O-glucuronide and kaempferol-3-Orutinoside, with higher concentration of rutin under IAA + TDZ effect. Kaempferol-3-Oglucuronide content for A. purpurata was higher in treatments with BAP and IAA + TDZ. Essential oil was extracted by hydrodistillation and simultaneous-distillation extraction. The main constituents of leaf oil of A. zerumbet was monoterpenes terpinen-4-ol (29.4%), 1,8 cineole (23.1%) and γ–terpinene (16.1%). While for A. purpurata, β–pinene (34.7%) and α-pinene (11.8%) were the majority. Field plant aroma presented γ–terpinene, sabinene and terpinolene as main constituents. For all in vitro treatments, plants produced sabinene, 1,8 cineole and caryophyllene as the main constituents. Vasodilation showed the same potential in relation to A. zerumbet at 60 µg dose, but efficiency was lower. A. zerumbet in vitro plants presented reduced vasodilation effect compared to field plants. Biotechnological strategies permitted to manipulate and evaluate species responses as to secondary metabolites production. Additionally, the results provided indications for the effect of plant growth regulator in biosynthetic pathway of flavonoids and terpenes. A. purpurata phytochemical studies are pioneer in indicating the presence of bioactive molecules that can be responsible for the medicinal use of this specie. Preliminary data on A. purpurata biological activity suggest vasodilation effect. Keywords: “colônia”, essential oil, flavonoid, HPLC, SDE, TLC, medicinal plant XIX SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 1 Plantas medicinais: recursos naturais na medicina 1 2 Considerações a respeito do gênero Alpinia 1 2.1 Potencial químico e Uso popular de Alpinia zerumbet e A. purpurata 6 3 Considerações sobre o metabolismo secundário 10 3.1 Flavonóides: substâncias fenólicas com potencial terapêutico 11 3.2 Óleos essenciais e aroma 14 4 Cultura de tecidos vegetais 16 4.1 Reguladores de crescimento vegetal 18 4.2 Estratégias aplicadas ao cultivo in vitro para aumento da produção de 20 metabólitos especiais em plantas 5 Hipertensão e Alternativas Fitoterápicas 26 5.1 Endotélio e Fator de relaxamento derivado do endotélio (FRDE) 29 32 JUSTIFICATIVA 34 OBJETIVOS Capitulo 1. Sistemas de cultura de tecidos para as espécies Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 1.1 Estabelecimento in vitro de culturas assépticas de plantas de Alpinia 35 zerumbet (Pers) Burtt et Smith 1.2 Propagação in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum sob efeito de auxinas e citocininas 48 XX Capítulo 2. Produção de metabólitos especiais em plantas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 2.1 Diferentes métodos de extração de flavonóides de folhas de Alpinia 54 zerumbet (Pers.) Burtt et Smith 2.2 Detecção de flavonóides em folhas de Alpinia purpurata (Vieill) K. 65 Schum. por cromatografia líquida de alta eficiência. 2.3 Elucidação estrutural do flavonóide da espécie Alpinia purpurata 76 (Vieill) K. Schum utilizando técnicas de ressonância magnética nuclear Capítulo 3 Produção de metabólitos especiais em culturas organogênicas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 3.1 Flavonóides produzidos por plantas in vitro de Alpinia zerumbet (Pers.) 84 Burtt et Smith 3.2 Produção de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo em plantas in vitro 98 de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum Capítulo 4 Avaliação do óleo essencial e aroma de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 4.1 Composição do óleo essencial de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum e 110 Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith 4.2 Caracterização do aroma de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith: plantas de campo e in vitro 121 XXI Capítulo 5 Estudos preliminares sobre a atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 5.1 Atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et 134 Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum CONSIDERAÇÕES FINAIS 149 REFERÊNCIAS 151 181 APÊNDICE A -Produção científica e artigos submetidos 184 ANEXO A - RMN 1H da fração Ap (29) 4 (400 MHz – Metanol OD) ANEXO B - RMN 13C da fração Ap (29) 4 (100 MHz – Metanol OD) 185 ANEXO C - Coinjeção dos padrões de flavonóides (rutina, kaempferol- 186 3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo) com o extrato hidroalcoólico de folhas de Alpinia zerumbet in vitro. ANEXO D - Coinjeção em CLAE e aplicação conjunta em CCD dos padrões de flavonóides (rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo) com o extrato hidroalcoólico de folhas de campo de Alpinia purpurata. 187 XXII Dedico aos meus pais Terezinha e Emílio pelo apoio, estímulo, sustento, paciência e acima de tudo AMOR. Aos meus irmãos Tiago e Regina. XXIII Agradeço a Deus que na concretização de todas as coisas, se mostrou presente. Obrigada pela oportunidade de realizar este trabalho, pela ciência e pelo contato humano, sempre muito enriquecedor. XXIV Agradecimentos ♣ Ao meu orientador Celso Lage, “Pai Celso”, que me orienta desde o Mestrado. As famosas discussões sobre “tudo um pouco”. Está para nascer alguém que tenha tamanha abrangência e diversidade intelectual. Momentos de muita aprendizagem. ♣ Ao meu co-orientador Ricardo Kuster, o famoso Richard, por todo carinho e atenção. Por me dar um voto de confiança em meio a tantos solventes e reagentes. Por todas as conversas, churrascos, risadas (...) por ter participado desta etapa de frutífero conhecimento fitoquímico. Coletar frações da coluna de SEPHADEX sempre parecia muito fácil e rápido ao lado do Ricardo. ♣ Quero deixar também registrado meu carinho e agradecimento a tão querida “Professora Esquibel” (Maria Apparecida Esquibel) que mesmo de longe ainda nos fala de como ser um bom e ético profissional. ♣ A professora Dra. Alice Sato do Dep. Botânica, UNIRIO. Na verdade não sei ao certo se ela é UNIRIO ou UFRJ?! Sempre presente! Alice, valeu MUITO pelo estímulo, orientação e preciosa ajuda (...) as palavras sempre são escassas neste momento. ♣ Ao professor Dr. Roberto Soares de Moura do Laboratório Dep. Farmacologia, IBRAG, UERJ. Obrigada pela confiança, por me deixar a vontade no laboratório. ♣ Ao professor Dr. Carlos Alberto da Silva Riehl do Laboratório de Ensaios e Metodologias Aplicadas do IQ/UFRJ pela disposição em participar da minha idéia, pela forma descontraída ( ... ) a impressão que eu tenho é que trabalhava com ele há um bom tempo. ♣ Agradeço ao professor Antônio Jorge do NPPN pelos auxílios com as análises no HPLC e por resolver todos os “pepinos” que apareciam com o tão “temperamental” HPLC. No fim tudo deu certo, como me disse a Crisinha e a Halliny. Neste momento também me lembro dos seus alunos Osmã e Ricardo. Poxa, por pouco ia me esquecer, mas em tempo, agradeço pelas ajudas com o HPLC, liofilizador e o espectrofotômetro. ♣ A Naomi que tanto me ajudou com as correções da Tese, muito obrigada. ♣ Agradeço a Suzana Leitão pelo auxílio logo no início deste trabalho quando eu queria extrair o óleo essencial da colônia. Tão gentilmente abriu as portas do seu lab para que eu pudesse fazer a hidrodestilação. Resultado o cheiro da colônia impregnou todo o lab. Ainda, pela auxilio com a identificação dos terpenos. Aproveito, para também agradecer a Aline Castellar, que gratuitamente me ajudou com a identificação dos espectros do CG/EM, pela simplicidade do ato que foi fundamental para Tese. ♣ Quero também agradecer a Profa. Celuta e a Daniela Sales que permitiram a realização dos ensaios microbiológicos com o óleo essencial da colônia, na Microbiologia, e ao Davi (saxofonista microbiologista), hoje mestrando, mas que me ajudou em cada etapa dos XXV ensaios. Embora os resultados não tenham composto a Tese, foram enviados para apresentação em congresso e uma submissão de artigo. ♣ À minha revisora oficial, Marsen Garcia, da UERJ, por toda atenção no momento da correção, pela manhã inteira que se dispôs a me ajudar com a estatística. Sou muito grata. Naquele dia fiquei muito feliz por finalizar a etapa estatística e a sopa de letrinhas. ♣ Minhas queridas estagiárias Iacinete (nome difícil no início) e Juliana. Por toda a vontade de aprender e empenho de vocês que em contrapartida também me incentivaram. Agradeço por toda ajuda que foi muito importante para conclusão de cada etapa desta Tese. ♣ A Gisele que tanto me auxiliou com as análises de HPLC, também por nossos papos entre uma injeção e outra no HPLC, no NPPN. E a Cristina “Cris do Massas” por toda paciência e compreensão. Cada ajuda com as análises no CG/MS, NPPN. ♣ Ao Sr. Valter, indispensável para o bom funcionamento do lab. de Fisiologia Vegetal. Muito obrigada!!!!!! ♣ As meninas do lab da UERJ.... foi pouco tempo de convívio, mas o suficiente para aprender muitas coisas. Quantas coisas pude fazer graças a ajuda de vocês. Obrigada pela paciência e pela orientação quanto aos ensaios biológicos. À Lenize, Lúcia, Andréa, Cris, Dayane, Paola, Taline... ♣ As meninas e ao Ivaldo do Richard`s Lab pela amizade, companheirismo nos tantos e tantos “serões” (altas horas no trabalho no lab. aprendendo fitoquímica) que foram muito divertidas. Bem, preciso mencioná-los para deixar registrado (....) minha xará menor (Crisinha), valeu pelos altos papos, sobre tudo um pouco (...) podia indicar uma música para fundo musical dos agradecimentos, talvez do Lenine...Letícia (Lelê), marcante foi nossa ida ao Congresso de Botânica em Gramado, ali que descobri a Lelê depois de tanto tempo (...) Hallinny, nome complicado, hein? Mas uma pessoa muito simples, acolhedora, sempre disposta a ajudar e descomplicar as coisas, além de organizadora oficial de seminários e eventos (....) Lívia (percussionista) - engraçadíssima, Kássia, sempre animada, Dani, Ivana (a mamãe do ano), a novata Michelle, Ivaldo (o vendedor de perfume e companheiro fiel dos serões). Cada um, uma história...E os casamentos, viagens nacionais e internacionais ou congressos (risos)...o grande Celso (como um pai sempre tentando ajudar e melhorar o ambiente para trabalharmos), o Joaquim (....) Pois é, a Ida Coralina, fizemos um bom revezamento 2 x 2 no HLPC, não tinha mais pra ninguém. Também pelas ajudas com os cálculos de concentração, os projetos incentivados para mais verbas. ♣ Á técnica Priscila Maia Pereira que realizou as análises de “headspace” no Laboratório de Ensaios e Metodologias Aplicadas do Instituto de Química da UFRJ. ♣ Ao “meu” lab. (Fisiologia Vegetal, IBCCF). Simoneeeeee (vê se escuta aí de Manaus), Vanessa, Cláudio, Vivi, Renata, Leandro entre os mais novos, Sandra e Ylan (a mais nova cubana do lab.). Obrigada pela luta de vocês que tanto me estimulou, pelas conversas sobre ciência ou não, pelos Congressos, viagens, passeios. Todas as trocas e doações, as vezes tão medidas no meio da ciência, mas que entre nós foi sempre um prazer. XXVI ♣ Van e Claude, os sobreviventes, vocês moram no meu coração de forma muito especial. Obrigada, pela convivência alegre que se expandiu para além das paredes do laboratório, através também de desabafos, partilha de vida, enfim, o lab. foi só um pretexto para nos conhecermos. Van, a minha mais ilustre companheira de congressos, em 2º a Vivi. ♣ As amigas Josiane (Josi) e Márcia, Márcia e Josi. Valeu pelos incentivos, ensinamentos, receitas homeopáticas, dicas, conversas.... ♣ Aos agregados que só passam aqui para tomar café, brincadeirinha (....) Jana, Adonis, Aline, Sharon, Calvin e tantos outros por todas as conversas nada a ver ou tudo a ver. Boas gargalhadas (...) inimagináveis no meio científico (....) risos. Acho que os almoços são os momentos mais divertidos de um dia de trabalho, pelo menos no lab. de Fisologia Vegetal. ♣ Obrigada Érika (Jardim Botânico) pela ajuda com a identificação das espécies do presente estudo. ♣ Aos funcionários do IBCCF e NPPN. ♣ A FIOCRUZ pelas análises em RMN. Esta Tese frutificou em meio a simbiose de áreas e laboratórios diferentes. Concordo com quem disse, “A vida é a arte do encontro...”. Sinto me muitíssimo feliz por cada um de vocês que encontrei e que citei aqui ou não por imperfeição da minha memória. ♣ Agradeço as instituições UFRJ (IBCCF, NPPN, IQ, Microbiologia) e UERJ (IBRAG). ♣ À coordenação da Pós-graduação do IBCCF. A Sandrinha por toda ajuda burocrática que torna possível a existência do curso de pós-graduação. ♣ Ao Programa de pós-graduação em Biotecnologia Vegetal com o qual mantive estreita relação devido a grande parte de disciplinas ali cursadas. As pessoas nunca sabem ao certo se estou ligada a Biofísica ou a Biotecnologia. No final, ambos os lados se somaram. ♣ À CAPES pela bolsa de estudos concedida durante a realização deste trabalho. ♣ A toda minha família, em especial a minha tia Jô que perdeu horas me ajudando com o inglês dos artigos e resumos. Aos meus pais reforço aqui todo o meu agradecimento, por agüentar toda a minha “bagunça” de livros, artigos, etc espalhados pela mesa. Quero agradecer também ao Alexandre que a cada vez que perguntava sobre a finalização da Tese, me empurrava mais um pouquinho em direção a ela. Quando comecei achei que não ia conseguir terminar, agora, gostaria de me estender mais um pouquinho nos detalhes do convívio. Mas vamos a Tese. Ainda, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho, meu sincero agradecimento. 1 INTRODUÇÃO 1. Plantas medicinais: recursos terapêuticos Plantas que possuem substâncias bioativas, há tempos têm sido alvos de estudos e pesquisas, indicando caminhos alternativos para tratamentos terapêuticos ou revelando substâncias posteriormente exploradas e sintetizadas para produção de formulações farmacêuticas, cosméticas e agroquímicas (Balandrin et al., 1985; Fabricant & Farnsworth, 2001). Trazer a tona conhecimentos etnofarmacológicos, seguido do estudo científico das plantas medicinais, aumenta as perspectivas de tratamentos terapêuticos e elaboração de medicamentos (Gurib-Fakim, 2006). O estudo de plantas medicinais abrange um vasto campo de pesquisas desde a área de conhecimento etnobotânico até a concretização dos testes biológicos em prol de alternativas terapêuticas. Diante da diversidade da flora e da gama de metabólitos secundários, os estudos multidisciplinares são cada vez mais uma necessidade que resumidamente se inicia com a obtenção do extrato a partir do material vegetal, seguindo pelos estudos fitoquímicos e ensaios biológicos. Estes estudos envolvem as áreas da botânica, fitoquímica e farmacologia (Maciel et al., 2002). Este trabalho propõe um enfoque multidisciplinar relacionado às espécies Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & Smith e Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum, utilizadas popularmente em localidades no Brasil, América do Sul e outras regiões dos trópicos (Lahlou et al., 2002; Elzaawely et al., 2007a). 2. Considerações a respeito do gênero Alpinia 2 A família Zingiberaceae é constituída por 53 gêneros e mais de 1200 espécies nativas de regiões tropicais, especialmente do sul e sudeste da Ásia (Kress et al., 2002 e 2005), que se expandem pela África tropical até a América do Sul e Central (Tomlinson, 1969). O gênero Alpinia contido nesta família é oriundo da Ásia Oriental (Dahlgren et al., 1985). Hoje em dia é cultivada em várias partes do mundo devido à beleza de suas inflorescências e a suas propriedades terapêuticas (Zoghbi et al, 1999; Leal-Cardoso et al., 2004). Ao todo, foram registradas 250 espécies de Alpinia (Sirirugsa, 1999) até 1999, sendo este gênero o maior da família (Cronquist, 1981). Supõe-se que os membros da família tenham chegado ao Brasil por acidente, provavelmente, os seus rizomas vieram misturados com a areia que servia de lastro às caravelas portuguesas que voltavam das Índias (Winters, 1995). Muitas espécies da família são utilizadas para alimentação, perfumaria, na produção de condimentos de propriedades aromáticas, corantes, fibras e papel (Tomlinson, 1969). O gênero Alpinia é largamente utilizado como ornamental devido à beleza de suas inflorescências. Além da beleza, este gênero tem extenso uso medicinal em várias regiões tropicais e subtropicais, sendo bastante investigado cientificamente. Como exemplo, o extrato bruto da espécie A. nigra causou paralisia, deformação e morte do platelminto trematódeo Fasciolopsis buski (Roy & Tanon, 1999). O óleo essencial da espécie A. oxyphylla mostrou propriedades anti-cancer (Lee et al., 1998; Lee & Houghton, 2005). Hahm et al. (2003) estudaram a ação de substâncias extraídas da semente de A. katsumadai que foram citotóxicas para linhagens celulares (A549) de câncer de pulmão humano e linhagens leucêmicas (K562). Diferentes substâncias de espécies de Alpinia têm sido registradas por atuarem de forma benéfica na prevenção e tratamento do câncer (Surh, 1999). 3 O extrato bruto da espécie A. nigra causou paralisia, deformação e morte do platelminto Fasciolopsis buski (Roy & Tanon, 1999). Também foi verificada atividade larvicida do óleo em Aedes aegypti (Cavalcanti et al., 2004). Morita (1992) relata a produção de inseticida natural a partir dos óleos essenciais da flor de A. zerumbet. Em estudos sobre a diversidade e uso de espécies da família Zingiberaceae na Tailândia, Sirirugsa (1999), aponta a espécie A. conchigera no tratamento de bronquite, reumatismo e artrites; e, A. galanga usada contra cólicas, disenteria e câncer de estômago. Em 2003, Hahm et al. estudaram a ação de substâncias extraídas da semente de A. katsumadai que foram citotóxicas para linhagens celulares (A549) de câncer de pulmão humano e linhagens leucêmicas (K562). Em algumas tribos africanas, a espécie A. smithiae é utilizada tanto para o tratamento terapêutico humano quanto de gados (Joseph et al., 2001). O gênero Alpinia, pertencente a família Zingiberaceae, foi classificado primeiramente por Plumier, mas tem este nome em homenagem ao professor italiano de botânica do século XVI, Próspero Alpino (Grieve, 2001). Este gênero pertence à divisão Magnoliophyta (Angiosperma), classe Liliopsida, subclasse Zingiberidae e ordem Zingiberales (Scitamineae) (Watson & Dallwitz, 1992). O gênero é caracterizado morfologicamente pela presença de rizoma e folhas simples de bainha larga protegidas por brácteas vistosas, inflorescência terminal; todas as partes da planta são aromáticas (Sirirugsa, 1999; Grieve, 2001). A propagação vegetativa observada neste gênero esta relacionada à presença de rizoma de onde emergem novos indivíduos continuamente (Gernot, 2001). A espécie A. zerumbet (Figura 1), por exemplo, é muito utilizada na ornamentação de praças, canteiros, jardins residenciais e públicos. Em páginas eletrônicas, há várias empresas e parques, principalmente em São Paulo, que comercializam suas mudas. Kuehny et al. (2002) citaram o aumento na comercialização do rizoma desta espécie a partir de 1998. Na região da 4 Amazônia, em especial na cidade de Belém, vários são os produtos utilizados que contêm esta espécie, tais como perfumes e saquinhos de cheiro artesanais que possuem ação desinfetante natural em bens domésticos (Lobato et al., 1989). A. zerumbet é uma planta herbácea e perene atingindo 2,5 m de altura, rizomatosa e aromática (Albuquerque, 1999). 5 2 3 1 4 Figura 1. Ilustração botânica da espécie Alpinia zerumbet (1-5). 1- planta em floração, 2 – porção a distal mostrando a inflorescência, 3 – flor, 4 – labelo, 5 – estames e pistilo. Fonte: http://www.efloras.org. 5 Sinonímia botânica • Zerumbet speciosum J. C. Wendland (1798). • Costus zerumbet Persoon (1805); • Alpinia fluviatilis Hayata; • A. schumanniana Valeton; • A. speciosa (J. C. Wendland) K. Schumann (1893); • Languas schumanniana (Valeton) Sasaki; • L. speciosa (J. C. Wendland) Small; • A. zerumbet (Persoon) B. L. Burtt et R. M. Smith (1972) Amplamente cultivada em várias regiões do Brasil, recebe vários nomes vulgares: colônia, paco-seroca, cuité-açu, pacová (Almeida, 1993), gengibre-concha (Lorenzi & Souza, 1995), cardamomo-do-mato, cardamomo-falso, cana-do-brejo, cana-do-mato e paco-seroso (Machado, 1996). Sinonímia popular • Paco-seroca, cuité-açu, pacova, colônia, vindicá, bastão-do-imperador, flor-da-redenção, helicondia, alpínia, falso-cardamomo, jardineira, gengibre-concha (Brasil). • Collar de novia (em espanhol); • Colônia (Cuba); Flor Del paraíso, paraíso, ilusion (Venezuela), Boca de dragon (República Dominicana); • Shell ginger, shell flower, ginger lily, pink porcelain lily Philippine wax-plant (em países de língua inglesa). 6 A espécie A. purpurata (Syn. Guillainia purpurata Vieill.) (Figura 2) é uma planta herbácea e perene, rizomatosa e aromática. A principal diferença entre A. zerumbet e A. purpurata é a formação e coloração da inflorescência (Kress et al., 2005). Figura 2. Fotos da espécie Alpinia purpurata. Fonte: http://toptropicals.com. 2.1. Potencial químico e Uso popular de Alpinia zerumbet e A. purpurata A Tabela 1 mostra um resumo das atividades terapêuticas das espécies A. zerumbet e A. purpurata. 7 Tabela 1. Resumo das atividades biológicas de A. zerumbet e A. purpurata: uso popular e comprovação científica. Espécie Uso popular Comprovação científica Localidades Referência Alpinia zerumbet Reumatismo n.e. Ribeirão Preto Carlini, 1972 (lavradores) Influenza (SP, Brasil) n.e. Ilha da Martinica Longuefosse & Nossin, 1996 (América Central) Doenças caridovasculares Doenças caridovasculares Brasil Lahlou et al., 2002 Hipertensão arterial Hipertensão arterial Brasil Leal-Cardoso et al., 2004 Mendonça et al., 1991 Lesões gástricas n.e. Tropicais e Subtropicais Diurética Diurética Tropicais e Subtropicais Laranja et al., 1991 Antifúngica Antifúngica Tropicais e Subtropicais Janssen & Scheffer, 1985 Antibacteriana Antibacteriana n.e. Antioxidante Lima et al., 1993 - Elzaawely et al., 2007b Liao et al., 2000 Alpinia purpurata Antinociceptiva Antinociceptiva Tropicais e Subtropicais Araújo Pinho et al., 2005 Antiinflamatória n.e. Tropicais e Subtropicais Zohgbi et al., 1999 Tosse n.e. Trujillo Bermudez & Velasquez, 2002 (Venezuela) n.e. – não encontrado 8 De acordo com Almeida (1993) as propriedades medicinais do gênero estão relacionadas às diferentes partes da planta: folhas, flores, rizoma e raízes. O rizoma é a parte mais utilizada da planta, tanto na cultura alimentícia como na medicinal. Há maior informação sobre os flavonóides e terpenóides, mas também já foram constatados diaril-heptanóides, quinóides e arilalcalóides. Os diaril-heptanóides estão presentes em várias espécies de Alpinia e estão relacionados às atividades antiinflamatórias por interferirem na biossíntese de prostaglandinas e leucotrienos e inibirem a produção de óxido nítrico em macrófagos (Kiuchi et al., 1992; Prasain et al., 1997). Estudos desde 1973 têm se empenhado na identificação dos componentes do óleo essencial das diferentes partes destas espécies, sendo verificado monoterpenos como terpineno, limoneno, 1,8 cineol e sabineno (Zoghbi et al., 1999). Tomlinson (1956) cita que os taninos são muito freqüentes em todas as espécies de Zingiberaceae, apresentando uma distribuição muito variável e estão envolvidos com as funções de proteger a planta da desidratação, da putrefação e de lesões causadas por animais (Fahn, 1985). As folhas e raízes de A. zerumbet contêm kavaina e desidrokavaina. Estas kavalactonas agem no sistema nervoso central e dão à planta as mesmas atividades farmacológicas da planta conhecida popularmente como Kava Kava (Piper methysticum) (Kuster et al., 1999), ansiolítica e sedativa, usadas na terapêutica para o tratamento da ansiedade e da depressão relacionada à ansiedade e estresse (Cass, 2004). Segundo Carlini (1972), A. zerumbet é utilizada por lavradores da região de Ribeirão Preto (SP) no tratamento de reumatismo e doenças cardíacas. No Nordeste e Sudeste brasileiro, o seu chá é freqüentemente usado como hipotensor e diurético (Matos, 1998 apud Mendonça et al. 1991; Medeiros et al., 2004). Na Ilha da Martinica (América Central), esta espécie é muito utilizada na terapêutica da influenza (Longuefosse & Nossin, 1996). Esta espécie está entre as 9 mais citadas no uso medicinal em regiões do Brasil e é sugerida para uso através SUS (Sistema Único de Saúde) (Bieski, 2005). Estudos com extrato etanólico de raízes de A. zerumbet inibiram o crescimento de cepas de Helicobacter pylori isoladas do estômago de pacientes do Hospital de Taiwan (Wang & Huang, 2005). O óleo essencial de A. zerumbet possui atividade pronunciada contra bactérias gram (+) e (-) e fungos (Lobato et al., 1989). A atividade antimicrobiana do óleo essencial das flores de A. zerumbet também foi registrada em patente por Morita, 1992. Almeida (1993) citando estudos realizados, em 1984, por Fonteles e Oliveira revelaram resultados significativos quanto ao efeito diurético de A. zerumbet. A presença de flavonóides em extratos A. zerumbet têm sido relacionada à atividade hipotensora da espécie (Da Costa et al., 1998). Outra substância identificada em algumas espécies, como a A. zerumbet, foi o resveratrol considerado um dos componentes da dieta alimentar da população de Okinawa (Japão) responsável pela longevidade (Murakami et al., 2005). No campo da Etnofarmacologia, a espécie A. zerumbet é muito estudada devido ao uso freqüente em rituais afro-brasileiros (Camargo, 1998). Albuquerque & Chiappeta (1994 e 1996) investigaram rituais realizados em terreiros de macumba e relatam o uso desta espécie pelos filhos (as)-de-santo para banhos de lavagem e descarrego. A. purpurata é conhecida internacionalmente no mercado de plantas ornamentais ou como flor para corte (Morón, 1987; Loges et al., 2005; Sangwanangkul et al., 2008). Para fins terapêuticos, é utilizada em menor proporção. Em estudos etnobotânicos desenvolvidos em uma comunidade do estado de Trujillo, Venezuela, constatou-se o uso da decocção da inflorescência de A. purpurata, via oral, para tosse (Bermúdez & Velásquez, 2002). São poucos os trabalhos sobre esta espécie, entre eles existem três trabalhos com plantas in vitro (Morón, 1987; Fereol et al., 1996; González & Mogollón, 2001), e um sobre o conteúdo do óleo essencial (Zoghbi et al., 10 1999). Entre os componentes do óleo essencial desta espécie se destacam 1,8 cineol e o α-pineno nas folhas e o ß pineno nas folhas e flores, segundo pesquisas de plantas coletadas no Pará (Zoghbi et al., 1999). A maioria dos trabalhos científicos com esta espécie trata de abordagens voltadas para melhorias na produção de plantas com fins ornamentais: inseticidas alternativos, tolerância à fumigação, controle biológicos de pragas, estoque in vitro de brotos (Anderson & Gardner, 1999; Chen & Paull, 1998; Hara et al., 1997; Dekkers et al., 1991). A presença dos metabólitos secundários nas espécies vegetais direciona o uso popular e caracteriza sua atividade terapêutica. 3. Considerações sobre o metabolismo secundário Os metabólitos secundários ou especiais são produtos resultantes da adaptação das plantas ao meio ambiente, conseqüentemente, estes são indispensáveis à sobrevivência vegetal e estão relacionados à proteção da planta contra infecção por microorganismos, herbivoria e efeitos físicos (radiação ultravioleta, temperatura, evaporação), por outro lado também contribuem para reprodução vegetal por atrairem polinizadores. Os metabólitos secundários apresentam diversidade química estrutural, alta variação intraespecífica e são produzidos em quantidade restrita conforme as condições ambientais, nutricionais e físicas do habitat (Hartmann, 1996; Bourgaud et al., 2001; Wahid et al., 2007; Hartmann, 2007). Os principais grupos de metabólitos secundários são os terpenóides, flavonóides, taninos, alcalóides, cumarinas, esteróides, quinonas (Hartmann, 1996). Embora os metabólitos especiais sejam um recurso para sobrevivência vegetal, os povos em diferentes épocas e lugares descobriram suas propriedades terapêuticas (Newman et al., 2000; Phillipson, 2001). Muitas plantas produzem substâncias importantes, como resinas, óleos 11 essenciais, taninos, flavonóides, e outros bastante utilizados em indústrias farmacêuticas, têxtil, alimentícias, cosméticas e agrícolas (Balandrin et al., 1985; Pletsch, 1998). Os metabólitos secundários têm norteado muitos estudos farmacológicos e têm sido utilizados como modelo químico para síntese de novos medicamentos. Uma das principais vertentes do uso de metabólitos secundários, com alta concentração de estudos científicos, é a investigação de substâncias biologicamente ativas com potencial para uso terapêutico (Balandrin et al., 1985; Verpoorte et al., 1999; Sudha & Ravishankar, 2002). Os metabólitos secundários são derivados de intermediários do metabolismo primário, portanto estas rotas biossintéticas apresentam estreita ligação. As principais vias de produção dos metabólitos secundários iniciam com o ácido acético, ácido chiquímico e ácido mevalônico que produzem vários grupos de metabólitos secundários (Herrmann, 1995). 3.1. Flavonóides: substâncias fenólicas com potencial terapêutico Os flavonóides pertencem a uma das classes de polifenóis amplamente distribuída no reino vegetal e podem ser divididos em vários tipos: flavonol, flavonal, flavononas, flavonas, antocianinas e isoflavonas (Iwashina, 2000; Wach et al., 2007; Ferrer et al., 2008). Até 2006, há o registro de 9000 estruturas de flavonóides (Martens & Mithöfer, 2005). São sintetizados a partir da via biossintética mista do ácido acético e ácido chiquímico, e possuem uma estrutura básica constituída de 15 carbonos (C6-C3-C6) e dois anéis aromáticos (Herrmann, 1995; Iwashina, 2000; Takahama & Oniki, 2000; Winkel-Shirley, 2002; Havsteen, 2002; Julsing et al., 2006). A enzima fenilalanina amônia-liase é um precursor importante que direciona o fluxo do metabolismo primário para a produção dos fenilpropanóides (Olsen et al., in press). Por estarem contidos no 12 grupo das substâncias fenólicas, os flavonóides possuem uma ou mais hidroxilas substituintes ligadas a um anel aromático (Figura 3). Os flavonóides são um dos principais componentes biologicamente ativos em plantas. Apresentam alta atividade antioxidante que favorece a prevenção de várias doenças cardiovasculares, degenerativas, mutagênicas (Havsteen, 2002; kerget et al., 2005; Julsing et al., 2006); além de atuar em várias atividades farmacológicas (Rijke et al., 2006). A ação antioxidante dos flavonóides está relacionada a atenuação de espécies reativas de oxigênio: O2●-, oxigênico molecular singlet (1O2) e o radical hidroxila (OH●) e a inibição da peroxidação lipídica (Tkahama & Oniki, 2000; Havsteen, 2002). De várias maneiras os flavonóides interagem com os processos fisiológicos, bioquímicos e ecológicos do vegetal (Martens & Mithöfer, 2005). Atuam no crescimento vegetal por inibir a exocitose e transporte da auxina, inibem a transferência de energia durante a fotofosforilação, participam da fixação do nitrogênio por indução da nodulação nas raízes de leguminosas (Havsteen, 2002; Peer & Murphy, 2007). Há evidências de sua ação como regulador endógeno das auxinas (Brown et al., 2001). Como pigmentos estão envolvidos na coloração das flores. Também são produzidos como defesa vegetal por protegerem as plantas de vários estresses bióticos e abióticos. Uma das principais formas de defesa está relacionada à proteção contra a radiação ultravioleta, importante na ocupação dos vegetais no ambiente terrestre (Gottlieb, 1987; Rijke et al., 2006; Ferrer et al., 2008). 13 Carboidrato FOTOSSÍNTESE GLICÓLISE Ácido fosfoenolpirúvico Ácido acético Ácido chiquímico Chalcona Diidroflavonol (Aromadendrina) Flavonol (Kaempferol) Flavanona UDP-glicose UDP Diidroflavonol (Taxifolina) UDP-glicose UDP Flavonol (quercetina) Isoquercitrina UDP-ramnose UDP Kaempferol-3-O-β-D-glicosídeo kaempferol glicosídeos Rutina Figura 3. Esquema simplificado da rota biossintética dos flavonóides. 14 A família Zingiberaceae é rica em flavonóides, com alta representatividade em várias espécies (Iwashina, 2000). Inclusive os flavonóides são considerados para classificação quimiossistemática (Williams & Harborne, 1977; Nakatani et al., 1991; Vankar et al., 2006; Pugialli et al., 1993; Victório et al., 2007). Alguns flavonóides já foram identificados para a espécie A. zerumbet, como a cardamomina e a alpinetina em rizomas e sementes (Krishna, 1973; Itokawa, 1981); e a rutina, isoquercitrina, catequina, epicatequina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo foram isolados por Mplantinos et al. (1998). 3.2. Óleos essenciais e aroma Existem vários registros do uso de substâncias aromáticas em ritos religiosos, na medicina tradicional e como odorantes. O conhecimento sobre os óleos essenciais de plantas data desde alguns séculos antes da era cristã. As referências históricas de obtenção desses óleos estão ligadas, originalmente, aos países orientais, destacando-se o Egito, Grécia e a Pérsia que utilizavam vários bálsamos em cerimônias religiosas. Os egípcios utilizavam óleos essenciais na alimentação, medicina, perfumaria e em rituais de embalsamento dos corpos. Posteriormente, as civilizações judaicas e cristãs também se utilizavam destas preparações que são bastante registradas nas Sagradas Escrituras. A China e a Índia possuem registros bem antigos sobre o uso de plantas medicinais; até hoje mais de 200 espécies são utilizadas para obtenção de óleos essenciais, tradição mantida desde do século VI a.C. (Kala et al., 2006; Thompson, 2003). Os principais constituintes do óleo essencial são os mono (C10), sesqui (C15) e diterpenos (C20). Estes terpenóides participam de uma grande variedade de substâncias cuja origem biossintética deriva da combinação de 2 unidades isoprênicas que origina o difosfato de geranila 15 e difosfato de farnesila, pela via do ácido mevalônico, precursores imediatos dos monoterpenóides e sesquiterpenóides. (Figura 4) (McGarvey & Croteau, 1995; Grayson, 2000). FOTOSSÍNTESE Carboidrato GLICÓLISE Ácido fosfoenol pirúvico Ácido acético Ácido mevalônico unidades isoprênicas Isopreno Difosfato de isopentila Difosfato de dimetilalila MONOTERPENOS PPO Difosfato de geranila SESQUITERPENOS PPO Difosfato de farnesila Figura 4. Esquema simplificado da rota biossintética dos terpenóides. 16 Os terpenos influenciam as intereações planta-inseto. Além de proteger os tecidos vegetais contra o excesso de calor nas regiões onde o clima é seco, reduzem a atividade de transpiração ou, ainda, controlam a função osmótica por acelerar o movimento da água através da parede celular e, por conseqüência, o transporte de enzimas e materiais solúveis (Wattiez & Sternon 1942; Albuquerque, 1999). Os terpenos são amplamente distribuídos no Reino Vegetal e também em alguns fungos. A produção de óleo essencial está relacionada à defesa ou sinalização vegetal, ou ainda como parte do metabolismo secundário. O aroma, além de atrair os polinizadores, é útil para proteger a planta contra o ataque de herbívoros (Wattiez & Sternon 1942; Dudareva & Pichersky, 2008). O óleo essencial é um importante recurso renovável de produtos naturais tais como cosméticos, perfumes, anti-sépticos, solventes, polímeros, agroquímicos e medicamentos (Fahn, 1979; McGarvey & Croteau, 1995). Espécies do gênero Alpinia são muito utilizadas por suas propriedades aromáticas que estão relacionadas à composição do óleo essencial (Saiki et al., 1978; De Pooter, 1995; Zoghbi et al., 1999; Joseph et al., 2001; Ali, et al. 2002; Mallavarapu et al., 2002; Fang et al., 2003; Elzaawely et al., 2007a). 4. Cultura de tecidos vegetais A produção de metabólitos secundários in natura apresenta ampla variação conforme as condições ambientais. Através do emprego da técnica de cultura de tecidos vegetal é possível obter plantas selecionadas, livres de patógenos e seus produtos químicos sob condições físicas adequadas e padronizadas (Giacometti, 1990). Esta técnica é bastante utilizada no intuito de manipular a produção de metabólitos secundários. A obtenção rápida de plantas in vitro em 17 relação ao desenvolvimento in natura é bastante significativo. No âmbito da preservação do meio ambiente, os sistemas in vitro evitam a exploração indiscriminada e excessiva dos recursos naturais (Petrovick et al., 1997; Calixto, 2000; Lima et al., 2001; Pletsch, 2002). Adicionalmente, os sistemas in vitro têm sido utilizados para estudos básicos sobre fisiologia e fitoquímica; avaliando todo o desenvolvimento vegetal, inclusive a produção de metabólitos especiais (Verpoorte et al, 1999; Zhao et al., 2001). Através da propagação in vitro, também pode se obter melhores variedades vegetais e se manipular geneticamente diferentes espécies, sendo de alta relevância comercial (Zhang & Lemaux, 2004). A cultura de tecidos vegetais possui diferentes abordagens: organogênese direta, calogênese e cultura de células em suspensão. A regeneração de plantas por este sistema baseiase no fundamento da totipotência, proposta por Mathias Schleiden e Theodor Schwann em 1838. A totipotência consiste no potencial que cada célula tem para originar uma planta completa. Mais tarde, em 1902, o fisiólogo vegetal Haberlandt pela primeira vez manipulou um sistema de cultura de plantas in vitro (Cid, 2001). Em geral, o sistema de cultura in vitro é provido de baixa intensidade luminosa obtida por iluminação artificial, ambiente asséptico, umidade elevada e suplementos orgânicos e inorgânicos que participam do desenvolvimento vegetal e contribuem para um crescimento com características heterotróficas (Hazarika, 2006). Os meios de cultura são constituídos de sais minerais, vitaminas e carboidratos, entre eles, a sacarose é o mais utilizado como fonte de carbono. O desenvolvimento das culturas é influenciado pelo tipo de meio nutritivo e suplementos a ele adicionados, condições físicas de cultivo, genótipo e condições fisiológicas dos explantes (Khawar et al., 2004). 18 Com base em estudos fisiológicos e genéticos, o processo de organogênese in vitro é divido em três fases distintas, com requerimento diferenciado de reguladores de crescimento vegetal exógeno: 1º - Desdiferenciação do tecido vegetal e aquisição de competência organogênica para proliferação e formação de raízes e parte aérea; 2º - As células desdiferenciadas, então, adquirem determinação para formar um órgão vegetal específico; 3º - Diferenciação e morfogênese vegetal, que independe da adição de reguladores de crescimento (Sugiyama, 1999). O uso de reguladores de crescimento vegetal depende do tipo de cultura que se pretende obter, e atua como fator que interfere tanto no desenvolvimento vegetal quanto na produção de metabólitos secundários. 4.1. Reguladores de crescimento vegetal As interações entre as diferentes classes de hormônios vegetais regulam o crescimento e desenvolvimento, diferenciação e crescimento celular vegetal (Palme & Schell, 1993; Hobbie et al., 1994; Sembdner et al., 1994; Larcher, 1995; Gaspar et al., 1996; Kyozuka, 2007). A adição de reguladores de crescimento vegetal pode ser indispensável para o estabelecimento das culturas de algumas espécies vegetais, ou requerido para o aprimoramento do desenvolvimento vegetal in vitro quanto ao número de brotações, enraizamento e alongamento das plantas (Gaspar et al., 1996). A introdução destes no meio de cultura é primordial para aprimorar as culturas in vitro, aumentando a produção clonal e modificando a morfogênese, diferenciação vegetal, bem como a variação de metabólitos químicos. Este conhecimento sobre a 19 fisiologia vegetal é utilizado na manipulação de concentrações e combinações hormonais apropriadas para a obtenção de meios nutritivos, estabelecimento da cultura de tecidos e produção in vitro de metabólitos secundários. A ação dos reguladores do crescimento vegetal depende da sensibilidade da célula ao hormônio e do número de receptores com afinidade para o hormônio (Barendse & Peeters, 1995). Atualmente, a maioria dos receptores dos hormônios vegetais já foi identificada (McSteen & Zhao, 2008). A percepção do hormônio ocorre a partir da interação com o receptor. Inclusive, há indicações de que alguns hormônios reconhecem sítios na membrana plasmática de células vegetais, desencadeando processos de transcrição genética (Sudha & Ravishankar, 2002; McSteen & Zhao, 2008). As auxinas e citocininas são os reguladores de crescimento vegetal mais utilizados em sistema de cultivo in vitro. As auxinas estão envolvidas no alongamento celular, iniciação de raízes e brotos, diferenciação dos tecidos vasculares e mecanismos como o fototropismo e gravitropismo (Hobbie et al., 1994; Claussen et al., 1996; Kimura & Kagawa, 2006; Boutté et al., 2007; Kelly & Riechers, 2007). As citocininas são essenciais na divisão celular vegetal, indução e proliferação de brotações, e participam de vários processos como fotomorfogênese, fotossíntese, formação e manutenção dos cloroplastos, floração e senescência (Hobbie et al., 1994; Kaminek et al., 1997, Zahir et al., 2001; Howell et al., 2003; Carimi et al., 2004; Barciszewski et al., 2007; Kyozuka, 2007). A síntese das auxinas acontece por várias vias, a partir da conversão do aminoácido aromático triptofano que é oriundo da via do ácido chiquímico (Bartel, 1997). Alguns herbicidas sintéticos, em baixas concentrações, possuem ação hormonal similar as auxinas devido a proximidade estrutural, sendo bastante utilizados por seus resultados positivos em culturas de tecidos vegetais: 2,4D, dicamba e picloram (Kelly & Riechers, 2007). As principais auxinas de 20 ocorrência natural em plantas são o ácido indolacético (AIA), o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido abscísico (ABA). As auxinas AIA e AIB são as mais utilizadas em cultura de tecidos (Ludwig-Muller, 2007). As citocininas naturais derivam de unidades de isopreno, sintetizadas pela via do ácido mevalônico ou são derivadas da adenina, como a zeatina (Zea), cinetina (CIN) e benzilaminopurina (BAP) (Mok & Mok, 2001; Barciszewski et al., 2007). As citocininas sintéticas são da classe das feniluréias, como o tidiazuron (TDZ), e são caracterizadas pela elevada estabilidade que se traduz numa eficiente resposta em cultura de tecidos (Mok & Mok, 2001). 4.2. Estratégias aplicadas ao cultivo in vitro para aumento da produção de metabólitos secundários em plantas Os sistemas de cultivo in vitro são um recurso importante na produção de metabólitos secundários. A produção de metabólitos in vitro apresenta como vantagens padronização das condições físicas de cultivo (luz e temperatura) que permite uma independência dos fatores ambientais; manipulação das culturas no intuito de otimizar a produção de metabólitos; propagação de genótipos selecionados de forma homogênea e com maior qualidade e controle da produção; suprimento de produtos secundários continuamente (Collin, 2001; Rao & Ravishankar, 2002; Luczkiewicz & Glód, 2003). A manutenção de condições padronizadas de cultivo elimina vários fatores que contribuem para alteração na produção de metabólitos secundários: sazonalidade, temperatura, disponibilidade hídrica, radiação solar, composição nutricional, poluição atmosférica, etc. (Gobbo-Neto & Lopes, 2007). A produção destes metabólitos pode ser conferida no processo de organogênese direta, cultura de raízes, calogênese e células em 21 suspensão (Sato, 2000; Bourgaud et al., 2001; Rao & Ravishankar, 2002; Tavares, 2003; Victório, 2004). Na produção de metabólitos in vitro, diferentes estratégias são utilizadas como o uso de estimuladores que participam da via metabólica da substância de interesse, o uso de hormônios vegetais e co-cultivo de diferentes espécies (Palazón et al., 1995; Pereira et al., 2000; Bais et al., 2001; Zhao et al., 2001; Verpoorte & Memelink, 2002; Yang, 2003; Vasconsuelo & Boland, 2007; Krolicka et al., 2008). Assim como a produção dos metabólitos secundários varia conforme as condições ambientais, através da manipulação in vitro, a produção de metabólitos pode ser estimulada ou inibida com a alteração da composição do meio de cultura: nitrogênio, sais minerais, fonte de carbono, reguladores de crescimento vegetal ou outros estimuladores. As substâncias nitrogenadas e os carboidratos são essenciais na composição do meio de cultura, visto que eles fornecem as substâncias fundamentais para as vias secundárias. Na condição in vitro a fotossíntese é reduzida e a produção de metabólitos secundários é dependente das substâncias das rotas primárias adicionadas ao meio (Rao & Ravishankar, 2002). O uso de hormônios vegetais como estimuladores na produção de metabólitos especiais tem sido relatado em vários trabalhos (Palazón et al., 1995; Pereira et al., 2000; Bais et al., 2001; Zhao et al., 2001; Affonso et al., 2007). Tanto fatores bióticos quanto abióticos podem agir como estimuladores, que ao serem reconhecidos por receptores ativam as vias secundárias com aumento ou diminuição da produção de metabólitos (Sudha & Ravishankar, 2002; Endt et al., 2002). Os estimuladores são substâncias que induzem a síntese aumentada de fitoalexinas ou outros metabólitos secundários em plantas (Bhagwath & Hjortsø, 2000). O processo de eliciação depende de vários fatores como a concentração do estimulador, o estágio de crescimento da cultura e o período de exposição da cultura ao estimulador. Um complexo de interações entre o 22 estimulador e a célula vegetal irá determinar a eficiência das respostas quanto a produção de metabólitos secundários (Vasconsuelo & Boland, 2007). A produção de metabólitos secundários, incluindo farmacêuticos e aditivos alimentares, em sistemas de cultivo in vitro pode ser obtida por várias técnicas de cultura de tecidos (Bourgaud et al., 2001; Rao & Ravishankar, 2002; Shohael et al., 2007). Alguns metabólitos de alto valor e interesse medicinal têm sido produzidos através da cultura de tecidos vegetais, como: vinblastina (Catharanthus roseus), ácido rosmarínico (Salvia officinalis), chiconina (Lithospermum erythorhizon) (Datta & Srivastava, 1997; Rao & Ravishankar, 2002; Karam, 2003). A cultura de células é o meio mais empregado, e apresenta a vantagem de viabilizar a produção em larga escala através de biorreatores, com menor acúmulo de pigmentos e lignina (Balandrin et al., 1985; Cid, 1998). No entanto, vários trabalhos apontam os órgãos vegetais ou planta inteira como produtores mais estáveis (Bourgaud et al., 2001; Rao & Ravishankar, 2002). Muitas vezes, a produção de metabólitos especiais está restrita a determinadas fases do desenvolvimento vegetal nas quais se presencia células diferenciadas; no entanto, alguns trabalhos verificaram a produção de metabólitos em cultura de células que se encontram em estágios mais organizados e diferenciados (Constabel et al., 1971; Ozeki & Komamine, 1981; Datta & Srivastava, 1997). Luczkiewicz & Glód (2003) conseguiram otimizar a produção de isoflavonas em culturas de calos de Genista tinctoria (Fabaceae) sob ação de 2,4D e cinetina. Os resultados foram promissores para produção em larga escala de isoflavonas, utilizando suspensão celular, e também para o estudo das vias biossintéticas. Cultura de células de Hypericum perforatum (Hypericaceae) em suspensão, tratadas com ácido jasmônico, aumentaram a produção de hipericina (Walker et al., 2002). Experimentos com Morinda citrifolia (Rubiaceae) foram um dos 23 primeiros a relatar o uso de células não diferenciadas na produção de metabólitos especiais. Zhao et al. (2001) verificaram que calos mais compactos sintetizavam mais alcalóides do que uma suspensão celular, devido ao maior grau de diferenciação. Ainda, Zhao et al. (2001), em culturas de calos de Catharanthus roseus (Apocynaceae) verificaram a produção de metabólitos especiais, não obtidos em suspensão celular. Palazón et al. (1995) verificaram a influência da auxina na produção de digitoxina em culturas de calos de Digitalis (Plantaginaceae). A implementação de meios de cultura, uso de estimuladores, manipulação das condições de cultivo in vitro e seleção de explantes têm sido investigados no intuito de se otimizar a produção de vários metabólitos secundários em cultura de tecidos vegetais (Collin, 2001; Rao & Ravishankar, 2002; Veerporte & Memelink, 2002). Componentes do óleo essencial de plantas de Lavandula dentata (Lamiaceae), cultivadas in vitro, variaram conforme a concentração de hormônios vegetais acrescida ao meio (Sudriá et al., 1999). Furuya et al., 1986, obtiveram aumento na produção de saponinas em raízes in vitro de Panax ginseng por suplementação exógena de giberelina. A resposta das células ao cultivo in vitro permite selecionar linhagens mais produtivas para o fim que se pretende alcançar. Vários estudos têm mostrado a variação dos componentes do óleo essencial por estímulo de reguladores de crescimento vegetal (Tabela 2). Da mesma forma, a produção de polifenóis in vitro tem sido relatado por vários estudos (Santos-Gomes et al., 2002). Entre os polifenóis, a produção de flavonóides in vitro tem sido alvo de pesquisas que visam aumentar a produção (Tabela 3) (Rao & Ravishankar, 2002). 24 Tabela 2. Principais referências quanto a variação dos constituintes do óleo essencial produzido por diferentes espécies in vitro sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Regulador de Substância do óleo essencial Espécie Sistema de cultivo in vitro Referência 1,8 cineol, fenchol, borneol e Lavandula dentata planta Sudriá et al., 1999 Lavandula dentata planta Sudriá et al., 1999 crescimento BAP cânfora AIB 1,8 cineol, fenchol, borneol e cânfora BAP e 2,4D 1, 8 cineol e β-pineno Eucalyptus camaldulensis calos Giamakis et al., 2001 - sabineno, terpineol-4 e β- Bupleurum fruticosum plantas Bertoli et al., 2004. felandreno TDZ - Salvia futiculosa plantas Arikat et al., 2004 AIA e BAP neral e geraniol Melissa officinallis parte aérea Silva et al., 2005 BAP, AIA e ANA timol e cis-cariofileno Coleus amboinicus plantas e raízes in vitro Roja et al., 2005 AIA α-pineno e β-pineno Lantana camara plantas Affonso et al., 2007 BAP mirceno, α-felandreno, Lantana camara plantas Affonso et al., 2007 Lantana camara plantas Affonso et al., 2007 α-pineno e β-pineno TDZ trans-cariofileno 25 Tabela 3. Principais referências quanto a produção de flavonóides in vitro sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Estimuladores Flavonóides Espécies Sistemas de cultivo Referências in vitro Regulador de crescimento ANA quercetina Parthenocissus planta Bleichert & Ibrahim, 1974 ANA, AIA, 2,4D flavonóides Chrysosplenium calos, folhas e raizes Brisson et al., 1988 glicosídeos americanum BAP, Zea antocianina Oxalis linearis calos Collin, 2001 2,4D quercetina Vitis sp células em suspensão Kokubo et al., 2001 CIN, BAP hesperetina, Salvia officinalis brotos Santos-Gomes et al., 2002 isoflavonóides Pueraria lobata planta, raiz, calo Thiem, 2003 L-fenilalanina, quercetina, Drosera capensis planta Krolicka et al., 2008 ácido jasmônico mircetina Passiflora quadrangularis calos Antognoni et al., 2007. apigenina, hispiduina, cirsimartina, genkwanina GA3, BAP Componentes da via metabólica Fatores físicos Ultravioleta-B orientina, isovitexina, isoorientina 26 Trabalhos realizados com plantas cultivadas ex vitro, também mostram a influência dos reguladores de crescimento vegetal na variação dos metabólitos especiais. A aplicação de giberelina, utilizando aspersão, sobre a superfície foliar de Citrus paradisi (Rutaceae) em cultivo no campo teve como resultado baixa produção de flavonóides (Berhow, 2000). Estudos mais elaborados, relacionados à engenharia de metabólitos especiais, têm utilizado a cultura de células e experimentado o uso de técnicas genéticas para modificar a expressão de genes relacionados à produção destes metabólitos (Bourgaud et al., 2001; Verpoorte & Memelink, 2002; Tanaka & Ohmiya, 2008). Entre as vantagens da técnica de cultura de tecidos, há o aumento das perspectivas na produção de metabólitos secundários que são inviáveis de serem produzidos em laboratório devido ao alto custo dos solventes, a complexidade sintética e a longa duração da síntese (Collin, 2001). Também, métodos de cultivo in vitro favorecem o uso de estimuladores e podem trazer a vantagem de produzir metabólitos em sistemas in vitro em vez de disponibilizar extensas plantações. 5. Hipertensão e Alternativas Fitoterápicas A principal indicação de uso da espécie A. zerumbet no Brasil é contra hipertensão arterial. A hipertensão é caracterizada por uma alta na pressão arterial, ocasionada por fatores relacionados à resistência vascular periférica e ao débito cardíaco. Todos os fatores que alteram estas variáveis influenciam a P.A. (Lolio, 1990). O Ministério da Saúde, em 2000, estimava que cerca de 43 milhões de adultos no Brasil sofriam de pressão arterial alta (> 140 mmHg e/ou 95 mmHg) (Guimarães, 2002; Guimarães & Ribas, 2006). Comum em todo o mundo, a hipertensão atinge diferentes faixas etárias e 27 independe do sexo, raça ou padrão social. A hipertensão arterial é o maior fator de risco para as doenças cardiovasculares e a principal causa da queda da qualidade e expectativa de vida. Vale ressaltar a ligação desta doença com outros problemas de saúde pública e também com a alta incidência populacional de enfarte do miocárdio, derrame cerebral e insuficiência renal. Sendo as doenças cardiovasculares a principal causa de mortalidade no Brasil, representando 65% do total de mortes na faixa etária de 30 a 69 anos (Passos et al., 2006; Godoy et al., 2007). No Brasil, são inúmeras as citações de plantas que tem ação anti-hipertensiva (Tabela 4), entre elas, a espécie Alpinia zerumbet é bastante conhecida e utilizada popularmente. A atividade hipotensora desta espécie é atribuída às substâncias presentes no extrato aquoso e hidroalcóolico e no seu óleo essencial (Matos, 1994; Moura et al., 1998). Estudos utilizando o chá das folhas da colônia, realizados por Laranja et al. (1992), confirmam o efeito hipotensor de A. zerumbet. Mendonça et al. (1991) também observaram diminuição na pressão sanguínea de ratos e cachorros dependendo da dose aplicada de extrato hidroalcóolico de A. speciosa. Mpalantinos et al. (1998) sugerem que as substâncias promotoras desta ação terapêutica sejam os flavonóides e as kava-lactonas obtidas a partir do extrato aquoso de A. zerumbet. 28 Tabela 4. Plantas referidas como anti-hipertensivas pelo uso popular e conhecimento científico. Nome popular Nome científico Referências açaí Euterpe oleraceae Rocha et al., 2007 alcachofra Cynara scolymus Oliveira & Araújo, 2007 alecrim Rosmarinus officinalis Tahraoui et al., 2007; Oliveira & Araújo, 2007 alfavaca-cravo Ocimum gradissimum Oliveira & Araújo, 2007 alho Allium sativum, Chen et al., 2000; Tahraoui et al., Allium cepa 2007; Oliveira & Araújo, 2007 berinjela Solanum melongena L Oliveira & Araújo, 2007 capim-santo Cymbopogon citratus Gazola et al., 2004; Oliveira & Araújo, 2007 chuchu Sechium edule Oliveira & Araújo, 2007 colônia Alpinia zerumbet Moura et al., 2005; Oliveira & Araújo, 2007 erva-cidreira Lippia alba Gazola et al., 2004; Oliveira & Melissa officinalis Araújo, 2007 laranja Citrus sinesis limoeiro Citrus limon milho Zea mays pitanga Stenocalyx pitanga uva Vitis vinifera Soares de Moura et al., 2004. - Orthosiphon aristatus Matsubara et al., 1999 - Eugenia uniflora Consolini et al., 1999 - Cecropia glaziovii Lima-Landman et al., 2007. Oliveira & Araújo, 2007 A presença de alguns flavonóides é sugerida por atuar no sistema vascular por ação antiarrítmica e vasodilatadora (Duarte et al., 1993; Almeida et al., 2002; Wang et al., 2004). 29 Alguns medicamentos comercializados que exercem ação sobre o sistema vascular contêm fração de flavonóides purificadas, como exemplo, o Daflon 500 mg. Os flavonóides podem atuar como vasodilatadores através de diferentes mecanismos. Podem inibir a atividade enzimática da ECA (enzima conversora de angiotensina), através do sistema renina-angiotensina. A ECA ao converter a angiotensina I em angiotensina II confere uma resposta constritora direta da angiotensina II ou indireta por estímulo da aldosterona (Hansen et al., 1996). Outro mecanismo é a diminuição do influxo de Ca++, por bloqueio dos canais de Ca++ que reduz a contratilidade da musculatura lisa, a resistência vascular periférica e, por conseguinte a pressão arterial (Duarte et al., 1993; Vuorela et al., 1997). A atuação dos flavonóides também pode ser observada através da inibição da síntese de prostanóides vasoconstritores do endotélio vascular ou por aumento da porcentagem de relaxamento mediada pela bradicinina (Formica & Regelson, 1995; Xu et al., 2006). Componentes do óleo essencial de A. zerumbet mostraram efeito hipotensor, em estudos feitos com ratos, sendo atribuído ao terpinen-4-ol a ação hipotensora (Lahlou et al., 2003). Outros estudos realizados pelo mesmo grupo (Lahlou et al., 2002) verificaram que a ação hipotensora do óleo essencial ocorre independentemente da atuação do sistema nervoso simpático, sugerindo uma ação relacionada diretamente ao relaxamento dos vasos sanguíneos. 5.1. Endotélio e Fator de relaxamento derivado do endotélio (FRDE) Os experimentos de vasodilatação envolvendo a resposto do endotélio de ratos estão entre os mais utilizados para sugerir uma atividade hipotensora de extratos vegetais. 30 Na década de 80, Furchgott & Zawadzki (1980) demonstraram que o revestimento endotelial da parede vascular não se limitava a funcionar como uma barreira passiva entre o meio circulante e os componentes da parede vascular, mas participava da regulação do tônus do músculo liso vascular e ainda é sítio de atuação de vários fármacos que modulam a função vascular. Utilizando aorta isolada de coelho, eles observaram que a acetilcolina promovia relaxamento apenas em preparações nas quais se mantinha o endotélio íntegro. A retirada mecânica do endotélio eliminava a resposta relaxante, revertendo-a em resposta constritora ainda que com concentrações crescentes de acetilcolina. Estes resultados trouxeram novas perspectivas para o estudo dos fatores liberados pelo endotélio envolvidos no controle da pressão sangüínea. Em 1984, Furchgott demonstrou que o endotélio participava na resposta vasodilatadora induzida pela acetilcolina em outros vasos de animais, inclusive do homem. O entendimento de que o endotélio é uma estrutura ativa que participa da modulação das atividades do músculo liso, incitou a investigação dos componentes derivados do endotélio. Dentre as substâncias vasoativas liberadas pelo endotélio pode se citar os FRDE e os fatores constritores derivados de endotélio (FCDE). Os FRDEs são responsáveis pela vasodilatação induzida pela acetilcolina, que é acompanhada pelo aumento da guanosina monofosfato cíclica (GMPc) no músculo liso vascular (Rapoport & Murad, 1983; Furchgott & Jothianandan, 1983), e essa ação celular do FRDE é semelhante à do óxido nítrico (NO), mediador final da resposta relaxante dos nitrocompostos (Palmer et al., 1988). Palmer et al., 1988, demonstraram, utilizando cultura de células endoteliais sem Larginina, que após o experimento decrescia a liberação de FRDE induzido pela bradicinina, efeito revertido pela presença de L-arginina. Nas células endoteliais, o NO é sintetizado a partir de reações de óxido-redução. Em resposta ao aumento dos níveis de cálcio intracelular, o NO é 31 sintetizado a partir da L-arginina, sob ação de um grupo de enzimas NO sintases (NOS). Esta 2+ enzima é dependente de NADPH e Ca (Mulsh & Busse, 1991). A liberação de NO é modulada por estímulos físicos e humorais. Entre os estímulos físicos, o estresse mecânico exercido pelo sangue na parede arterial é um dos principais fatores que regula a liberação local de NO. Vários mediadores neurohumorais provocam liberação de NO através da ativação de receptores endoteliais específicos. O aumento no conteúdo de GMPc no músculo liso vascular, induzido tanto pelo FRDE como pelos nitrovasodilatadores, medeia o relaxamento por induzir uma desfosforilação dependente de GMPc da cadeia leve de miosina +2 (Rapoport & Murad, 1983). A elevação de GMPc reduz o influxo de Ca para o sarcolema, reduz +2 a liberação de Ca de seus estoques e aumenta o seqüestro deste íon nos sítios de estoque intracelulares. A importância da integridade do endotélio na manutenção da função cardiovascular pode ser avaliada com a utilização de substâncias análogas da L-arginina que por inibirem a atividade da enzima NOS nas células endoteliais, reduzem a síntese e liberação de NO pelo endotélio, o que produz provavelmente disfunção circulatória, que culmina com a elevação da pressão arterial (Rees et al., 1989). O NO produzido pelas células endoteliais vasculares tem um papel central na regulação da pressão arterial, relaxando a musculatura, com isso a pressão normal de um indivíduo é mantida pela liberação de NO (Huang et al., 1999). O efeito vasodilatador de extratos hidroalcóolicos da espécie A. zerumbet já foi estudado e sua modulação decorre da ação de substâncias vasoativas liberadas pelas células endoteliais, como bradicinina (B2) e NO-via GMPc (Moura et al., 1998; Emiliano, 2002; Moura et al., 2005). 32 JUSTIFICATIVA Nos últimos anos surgiu um interesse pela investigação, produção e consumo de plantas aromáticas e medicinais, abrindo um amplo e crescente campo de aplicação nas indústrias farmacêuticas, alimentícias e de perfumaria-cosmética. A cultura in vitro de tecidos vegetais é uma técnica básica na biotecnologia vegetal permitindo desde a cultura de tecidos retirados de diferentes partes da planta para desenvolvimento de plantas inteiras ou mesmo para produção de células diferenciadas em cultura, considerando a rápida multiplicação do produto, devidamente padronizado e livre de patógenos (Omokolo et al., 2003). No gênero Alpinia as plantas se propagam de forma vegetativa, a partir do mesmo rizoma de origem, apresentando pouquíssima variação genética o que inspirou experimentos realizados por Fereol et al. (1996), nos quais, através de diferentes doses de radiação gama em culturas in vitro de A. purpurata foi possível aumentar a variação genética da espécie. Mas a forma de propagação deste gênero também ocasiona problemas de infestação por patógenos, tais como, nematóides, bactérias, fungos e vírus, resultando em perda da quantidade e qualidade do material vegetal e a contaminação de áreas de plantio. Desta forma, a cultura de tecidos permite o uso de técnicas para se obter diferentes clones para posterior inserção no ambiente e a obtenção de plantas livres de patógenos. De forma a viabilizar, em bases científicas, a prática da medicina alternativa se requer garantias de melhor e constante produtividade dos princípios ativos, e isto pode ser feito pela cultura de tecidos vegetais, sob condições controladas (Verpoorte et al., 1999; Grzelak & Janiszowska, 2002). Ainda, a padronização dos fatores ambientais no cultivo em uma sala de cultura, garante constância na obtenção dos metabólitos a cada subcultivo que diferentemente do 33 meio ambiente, sofre inúmeras modificações conforme as características do solo, temperatura, clima e estação do ano. Além disso, o uso de estimuladores, como os hormônios vegetais, na cultura in vitro têm-se mostrado um recurso promissor no aumento de alguns metabólitos especiais (Palazón et al., 1995; Eilert et al., 1995). A espécie A. zerumbet possui alto potencial químico com aplicação fitoterápica e foi estudada no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais – NPPN (Mpalantinos, 2001), sendo identificados alguns metabólitos secundários com provável atividade hipotensora. Já a espécie A. purpurata é utilizada mais com finalidades ornamentais, mas também possui características medicinais. Bermúdez & Velázquez (2002) observaram 4 citações para o uso das flores de A. purpurata, preparadas por decocção, para tosse. Em vista disto, este trabalho visa a avaliação de metabólitos secundários em plantas de A. purpurata e sua produção em plantas in vitro de A. zerumbet e A. purpurata. Os flavonóides interagem de várias maneiras com os processos fisiológicos da planta. Uma das hipóteses deste trabalho é a avaliação da produção de flavonóides sob a influência de reguladores de crescimento vegetal. Tanto os flavonóides quanto o óleo essencial são metabólitos secundários importantes na fitoquímica de espécies do gênero Alpinia e por isso foram selecionados neste estudo. Os ensaios biológicos para verificar a ação vasodilatadora de A. zerumbet já foram realizados por Emiliano, 2002. Este estudo teve o intuito de verificar o efeito de extratos de A. purpurata e plantas in vitro de A. zerumbet tratadas com reguladores de crescimento vegetal, no leito vascular mesentérico de rato. 34 OBJETIVOS Objetivo Geral Avaliar a produção de metabólitos especiais em plantas de campo em cultura in vitro de tecidos de Alpinia zerumbet e Alpinia purpurata. Objetivos Específicos - Estabelecer as culturas in vitro de A. zerumbet e A. purpurata; - Interferir, utilizando reguladores de crescimento vegetal, na produção de metabólitos especiais em plantas in vitro. - Avaliar a quantidade e qualidade de flavonóides produzidos nas plantas in vitro oriundas dos diferentes meios de cultura sob ação de reguladores de crescimento vegetal; - Analisar a composição do óleo essencial de plantas in vitro e de campo; - Verificar a atividade vasodilatadora do extrato bruto de A. purpurata e plantas in vitro de Alpinia zerumbet tratadas com reguladores de crescimento vegetal. 35 Capítulo 1 Sistemas de cultura de tecidos para as espécies Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 1.1 Estabelecimento in vitro de culturas assépticas de plantas de Alpinia zerumbet (Pers) Burtt et Smith Resumo A técnica de cultura de tecidos vegetais permite o estudo e obtenção de plantas sob condições padronizadas. Brotos do rizoma de A. zerumbet foram desinfestados com solução de água e detergente (15 min); álcool 70% (1 min); hipoclorito de sódio 30% (10 min) e introduzidos em meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) líquido e sólido. Os reguladores de crescimento vegetal utilizados foram AIA, TDZ e BAP para avaliar a organogênese direta. O meio líquido foi o mais propício para as culturas por produzir respostas superiores em relação ao MS sólido. A emissão de novos brotos é contínua, com diferentes estágios de desenvolvimento in vitro ao longo de 3 meses. Os meios contendo TDZ reduziram o alongamento da lâmina foliar a 2,2 cm. A adição de 2 mg mL-1 de BAP diminuiu o número de brotos (2,7) em relação ao controle (3,5). O protocolo desenvolvido foi eficiente para produção de plantas livres de patógenos em período de 2 a 3 meses. O 2,4D induziu calos friáveis e compactos a partir do pseudocaule, enquanto o uso de TDZ ou cinetina produziu só calo friável. Palavras-chave: auxina, citocinina, micropropagação, planta medicinal, planta ornamental 36 Introdução A espécie Alpinia zerumbet (Zingiberaceae) é conhecida pelos nomes vulgares de colônia, pacová, gengibre-concha, cardomomo-falso, cana-do-brejo (Albuquerque & Neves, 2004). É bastante apreciada como planta ornamental e apresenta várias propriedades medicinais: antioxidante, hipotensora, antimicrobiana, antiinflamatória, diurética (Lobato et al, 1989; Laranja et al., 1992; Moura et al., 2005). O uso medicinal desta espécie é amplo em várias regiões tropicais, como no Brasil. A produção de genótipos selecionados, em larga-escala, através da cultura de tecidos vegetais é uma das principais características da técnica de propagação in vitro. Os sistemas de cultivo in vitro também têm sido bastante empregados com o objetivo de se obter metabólitos secundários com aplicação terapêutica, erradicar pragas e doenças das culturas, propagar plantas com valor ornamental, conservar espécies ameaçadas e propagar espécies recalcitrantes (Pletsch, 2000; Canter et al., 2005; Rout et al., 2006). Diferentes protocolos já foram implementados para espécies da família Zingiberaceae (Illg & Faria, 1995; Sharma & Singh, 1997; Borthakur et al., 1999; Shirin et al., 2000; Miachir et al., 2004). Este trabalho é o primeiro estudo sobre cultura de tecidos vegetais para a espécie A. zerumbet e teve como objetivo estabelecer um protocolo de propagação in vitro, calogênese e cultura de células em suspensão de A. zerumbet. Material e Métodos Material Vegetal O exemplar de Alpinia zerumbet foi obtido na área externa do NPPN – UFRJ, sendo identificado no Herbário do Jardim Botânico (RB) do Rio de Janeiro, e depositado sob o número RB 433485. 37 Desinfestação das gemas do rizoma de A. zerumbet Os rizomas de A. zerumbet fonte dos explantes, depois de coletados, foram lavados em água corrente, com detergente comercial neutro e o auxílio de uma escova de nylon para remoção de partículas de solo. Depois, foi colocado em hipoclorito de sódio (água sanitária comercial) a 20% por 40 min. Os brotos do rizoma foram destacados com o auxílio de um canivete e as folhas mais externas foram removidas. Foram utilizados 3 protocolos de desinfestação (Figura 1), devido à dificuldade em eliminar os microorganismos endógenos, principalmente os fungos. O 2º protocolo foi o utilizado nas desinfestações posteriores. Com o auxílio de pinça e bisturi, o ápice foi isolado e inoculado em meio de cultura. O processo de desinfestação foi feito em fluxo laminar. Desinfestação 1º Protocolo: 1 h em banho-maria a 40ºC - solução de 2 mg/mL de azul de metileno; lavagem com água destilada estéril, no fluxo laminar. 2º Protocolo: 15 min - água e detergente; 1min - álcool 70%; 10 min – hipoclorito de sódio 30%. 3º Protocolo: 15min – água, hipoclorito de sódio 30% e detergente; 20 min – solução Benlate® 1 g/L; lavagem com álcool 70% e água, no fluxo laminar. Figura 1.1. Protocolos de desinfestação dos explantes obtidos de A. zerumbet . Estabelecimento da cultura in vitro de A. zerumbet Foi utilizado o meio líquido MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas (tiamina-HCl 1,3 µM, piridoxina 3 µM e ácido nicotínico 4,1 µM), mio- 38 inositol 0,6 mM, sendo o pH ajustado para 5,8. O meio MS sólido foi acrescido de 7,8 g.L-1 de agar. Foram utilizados diferentes reguladores de crescimento vegetal isolados e em combinações adicionados ao meio MS líquido: BAP (6-benzilaminopurina), TDZ (tidiazuron), AIA (ácido indolacético). Os tratamentos foram: MS (controle); AIA 2 (2 mg.L-1); TDZ 2, TDZ 4 e TDZ 8 (2, 4 e 8 mg.L-1, respectivamente); BAP 2 (2 mg.L-1); AIA 2 + TDZ 2 (2 mg.L-1) e AIA 2 + BAP 2 (2 mg.L-1). Foram introduzidos por vidro (16 x 8 cm) 3 explantes, no mínimo 30 explantes por tratamento. Os meios foram esterilizados, em autoclave a 120oC, 1 kgf.cm-2, durante 15 min. Após introdução in vitro, as culturas ficaram por 3 semanas na condição de escuro para evitar a fotoxidação. Depois foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes tubulares, subcategoria Duramax Universal (General Electric®) (20 W T–12) e fotoperíodo de 16/8h (dia/noite). A distância entre as prateleiras e as lâmpadas foram padronizadas em 30 cm (Figura 2C). Avaliação das culturas in vitro O desenvolvimento da planta in vitro foi avaliado mensalmente por 3 meses, considerando: número e alongamento dos brotos, número de folhas por broto, comprimento da lâmina foliar e presença ou ausência de raiz. Para alongamento do broto foi considerado o pseudocaule até a maior extensão da lâmina foliar. Calogênese e Cultura de células em suspensão Segmentos da base da bainha foliar, cortes da lâmina foliar e de raízes de A. zerumbet desenvolvidas in vitro foram introduzidos em vidros (72 x 59 mm) contendo meio MS acrescido dos reguladores de crescimento vegetal cinetina (CIN) ou 2,4 diclorofenoxiacético (2,4D), nas concentrações 1 mg.L-1 e 2 mg.L-1 respectivamente, e TDZ 8 mg.L-1 visando à determinação de 39 concentrações adequadas de reguladores de crescimento vegetal para produção de calos friáveis. Os explantes foram mantidos na condição de escuro por 2 meses. A partir de calos friáveis foi obtida a cultura de células em suspensão. O subcultivo dos calos foi feito através da divisão do mesmo com o auxílio de um bisturi e transferido para novo meio de mesma combinação de reguladores de crescimento vegetal. As culturas calogênicas foram observadas, com 30 dias, quanto ao desenvolvimento do tipo de calo (friável ou compacto), organogênico ou não e coloração. Meios contendo 1,0 mg.L-1 de cinetina deram origem a calos friáveis que foram transferidos para erlenmeyers de 250 mL contendo 50 mL de meio líquido MS acrescido das mesmas combinação de reguladores de crescimento vegetal que melhor induziram a calogênese. As culturas foram mantidas em agitador orbital a 120 rpm, sob iluminação e temperatura já descritas anteriormente. As suspensões foram renovadas, por filtração em peneiras de aço - malha de 200 µM, esterilizadas e transferidas para novo meio de cultura. Aclimatização As plantas in vitro, após 3 meses in vitro foram aclimatizadas em jarros contendo terra adubada e mantidos em ambiente arejado e sem incidência direta do sol. A rega foi feita a cada 2 dias. Análises Estatísticas Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as comparações estatísticas entre as médias foram feitas utilizando o teste de Dunnett, considerando todos os valores de p< 0,05, no programa Graph Pad Instat®. 40 Resultados e Discussão O cultivo em meio líquido foi crucial para o desenvolvimento da planta in vitro, com a produção de novos brotos, em relação ao meio sólido (Figura 3C). O meio líquido propicia melhor absorção dos nutrientes do meio pela planta e com isso contribuiu para o rápido início do desenvolvimento in vitro. O meio sólido produziu respostas mais lentas em relação aos parâmetros de desenvolvimento, podendo ser usado para manutenção das culturas por longo período. O estabelecimento das culturas in vitro de A. zerumbet permitiu a implementação de alternativas como o uso de radiação gama que contribuem para indução da variabilidade genética, visto que tais plantas se propagam de forma vegetativa, produzindo outras de igual conteúdo genético (Fereol et al., 1996). Esta característica reprodutiva é comum em espécies da família Zingiberaceae, sendo encontrados diferentes trabalhos que utilizam a propagação in vitro para inserir variabilidade genética (Fereol et al., 1996; Miachir et al., 2004). Além disso, estas plantas por apresentarem rizoma são facilmente alvos de contaminação por microorganismos do solo, representando uma ameaça às culturas comerciais. Em vista disso, através da propagação in vitro se obtêm culturas livres de patógenos. As etapas de desinfestação e introdução no meio de cultura foram executadas várias vezes, com diferentes protocolos de desinfestação, devido à alta incidência de contaminação dos explantes por fungos. A dificuldade em estabelecer um protocolo de desinfestação, para obter culturas assépticas foi também relatado para outras culturas de Alpinia (Illg & Faria, 1995; Borthakur et al., 1999). As culturas apresentaram adaptação satisfatória ao sistema in vitro, com alongamento dos brotos e rizogênese (Figura 2A-B) 41 C 1 cm D E F 10 cm 1 cm Figura 2. A-B. Plantas in vitro de Alpinia zerumbet com 2 meses. MS0 líquido (A), AIA2 (B). C. Plantas de A. zerumbet na sala de cultura sob lâmpadas luz fluorescentes. D. Plantas aclimatizadas, após 2 anos. E-F. Calogênese a partir do pseudocaule, em TDZ, após 2 meses (F) e cultura de células em suspensão (E). Para iniciar a cultura in vitro, além das contaminações, a baixa produção de novos brotos conduziu os testes com diferentes concentrações de reguladores de crescimento vegetal no intuito de aumentar o número de plantas obtidas a partir do cultivo in vitro. O crescimento das culturas in vitro é contínuo, após um mês há brotos em vários estágios de desenvolvimento. Culturas mantidas por 6 meses in vitro, sem renovação do meio de cultura, continuam a produzir novos 42 brotos. Estes resultados mostram uma característica comum a outras espécies de Alpinia quanto à produção simultânea de novos brotos e raízes (Borthakur et al., 1999). Esta característica resulta em diferenças, por vezes, discrepantes na altura dos brotos. Por isso a medida da altura dos brotos foi feita em grupos de brotos maiores e menores que 5 cm. As citocininas de modo geral estimulam a divisão celular, a formação de brotos adventícios e quebram a dormência dos brotos laterais (Gaspar et al., 1996; Kamínek et al., 1997). Após introdução dos explantes no meio, a cultura permaneceu por mais de 6 meses em dormência até início do desenvolvimento de brotos e estabelecimento da cultura. Os rizomas de Alpinia podem apresentar períodos de dormência (Burch et al., 1987; Kuehny et al., 2002). Brotos do rizoma de espécies de Alpinia podem passar por períodos de dormência, o que retarda o início das culturas. As citocininas podem ter participado da transição deste período de dormência para desenvolvimento e proliferação. O uso de concentrações crescentes de TDZ não resultou em aprimoramento dos parâmetros avaliados (Figura 3). O TDZ é uma citocinina sintética que em baixas concentrações age aumentando a proliferação de brotos, inibindo a formação de brotos e induz a calogênese (Gaspar et al., 1996; Huang et al., 2001; Ledbetter & Preece, 2004). O efeito do TDZ em induzir brotações têm sido relatado para várias espécies herbáceas e lenhosas (Malabadi et al., 2004). Apenas um leve aumento no número de brotos, não significativo, foi verificado na concentração de 8 mg.L-1 de TDZ em relação ao MS liquido (Figura 3). Para o parâmetro número de brotos, as respostas obtidas para o tratamento com BAP foram inferiores as do meio controle (MS líquido) (Figura 3). Em culturas in vitro de outras espécies de Alpinia diferentes concentrações de BAP isolado ou em combinação com uma auxina foi importante no aumento da produção de brotos (Morón, 1987; Illg & Faria, 1995). 43 O balanço entre citocininas e auxinas é muitas vezes utilizado para estabelecer protocolos de cultivo in vitro, visto que os aspectos do crescimento, diferenciação e organogênese vegetal são controlados pela interação entre estes hormônios (Gaspar et al., 1996). A combinação de AIA e TDZ ou AIA e BAP não mostraram resultados diferentes estatisticamente dos obtidos para os mesmos reguladores de crescimento isolados (Figura 3 e 4) Foram verificadas diferenças no alongamento apenas entre os meios MS líquido e TDZ 2 para brotos menores que 5 cm (Figura 4A). A maior diferença no alongamento do broto foi verificada entre 1 e 2 meses (Figura 5B) para todos os tratamentos. Da mesma forma para o número de brotos, com exceção do meio AIA 2 + BAP 2 (Figura 5A); sendo este período crucial para o desenvolvimento vegetal. A adição de auxinas ao meio de cultura é muito comum para induzir e melhorar o enraizamento in vitro (Lu, 2005; Ascough et al., 2007). O enraizamento in vitro de A. zerumbet atingiu 100% para todos os meios testados, a auxina AIA foi dispensável. 44 comprimento lâmina foliar 4.5 4.0 * 3.5 3.0 * # * 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 número de folhas 4 * 3 # 2 1 0 4.5 número de brotos 4.0 3.5 3.0 2.5 * 2.0 1.5 # 1.0 0.5 AIA 2 + TDZ 2 AIA 2 + BAP 2 BAP 2 TDZ 8 TDZ 4 TDZ 2 AIA 2 MS0 líquido MS0 sólido 0.0 Figura 3. Respostas morfogênicas de Alpinia zerumbet com 3 meses in vitro, sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Cada valor consiste na média ± EP. Diferenças estatísticas (Dunnett, n ≥ 30): *p< 0,01 e #p< 0,05 em relação ao controle MS0 (líquido). 45 AIA 2 + BA 2 AIA 2 + TDZ 2 BA 2 TDZ 8 TDZ 4 TDZ 2 AIA 2 MS líquido AIA 2 + BA 2 AIA 2 + TDZ 2 BA 2 TDZ 8 B TDZ 4 70 60 50 40 30 20 10 0 TDZ 2 AIA 2 + BA 2 AIA 2 + TDZ 2 BA 2 TDZ 8 TDZ 4 TDZ 2 AIA 2 MS liquido B AIA 2 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 MS líquido AIA 2 + BAP 2 AIA 2 + TDZ 2 BAP 2 TDZ 8 TDZ 4 TDZ 2 AIA 2 0 MS sólido 1 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 MS sólido diferença número de brotos (%) 2 diferença alongamento (%) * 3 > 0,5 cm alongamento do broto (cm) A A 4 MS0 lquido alongamento dos brotos (cm) < 0,5 cm Figura 4. Alongamento in vitro de brotos de Alpinia Figura 5. Diferenças (%) no desenvolvimento in vitro de zerumbet, com 3 meses, sob ação de diferentes reguladores Alpinia zerumbet, entre 1-2 meses (■) e entre 2-3 meses de crescimento vegetal. A. < 0,5 cm e B. > 0,5 cm. Cada ( ). A. número de brotos. B. alongamento dos brotos. valor consiste na média ± EP. * Diferenças estatística, p< Cada valor consiste na média, n≥ 30. 5%, n≥ 30, Tukey. 46 Não há citações de calogênese em plantas do gênero Alpinia. Todas as respostas de calogênese foram obtidas a partir de explantes do pseudocaule. A condição de escuro foi importante para se obter melhores resultados no processo de calogênese. Após 2 meses, os meios contendo 1 mg.L-1 de CIN e 8 mg.L-1 de TDZ induziram a produção de calos friáveis que foram utilizados para iniciar as culturas de células (Figura 2E). O TDZ têm sido bastante utilizado para induzir calogênese (Heutteman & Preece, 1993). O 2,4D é o preferido e mais freqüentemente utilizado na indução de calos (Nogueira et al., 2007). No entanto, em culturas de Curcuma zedoaria (Zinbigeraceae) não foi observada calogênese utilizando 2,4D nas concentrações entre 1-20 mg.L-1 (Miachir et al., 2004). Neste estudo, os meios contendo 2,4D produziram, em maioria, calos compactos e marrons que não são utilizados para iniciar a cultura de células em suspensão (Tabela 1, Figura 2F). Os calos obtidos não aumentaram em massa por 6 meses. A concentração e tipo de regulador de crescimento vegetal, bem como o tecido utilizado como explante inicial são fundamentais na obtenção de diferentes tipos de calo. Tabela 1. Indução da calogênese em Alpinia zerumbet por 2,4D e CIN, em meio MS. Regulador de Concentração Explante Período pseudocaule 2 meses Tipo de calo -1 crescimento mg.L 2,4 D 1e2 Compacto e friável, marrom lâmina foliar s.r. raízes TDZ 8 pseudocaule Compacto, branco 2 meses lâmina foliar Cinetina s.r. – sem resposta. 1e2 pseudocaule Friável, branco s.r. 2 meses Friável, branco 47 O sistema radicular bem desenvolvido in vitro possibilitou a eficiente aclimatização das plantas de A. zerumbet (Figura 2D). Conclusão Este é o primeiro protocolo estabelecido para introdução e manutenção de culturas in vitro de A. zerumbet por diferentes sistemas: organogênese direta, calogênese e cultura de células em suspensão. O protocolo de desinfestação, utilizando detergente, álcool 70% e água sanitária 30%, foi eficiente para iniciar os cultivos assépticos. A introdução in vitro de A. zerumbet permite o estudo fitoquímico em sistemas padronizados de cultivo e viabiliza a propagação vegetativa de plantas uniformes, livres de patógenos, de forma rápida. O meio MS líquido foi o mais propício à propagação da espécie em relação ao meio sólido, considerando os parâmetros avaliados: número e alongamento dos brotos, número e comprimento da lâmina foliar. A adição de auxina e/ou citocinina ao meio MS líquido não resultou em respostas diferenciadas em relação ao controle; apenas leve aumento no número de brotos foi obtido utilizando TDZ. Em vista disto, o meio MS líquido é o mais indicado para produção de mudas de A. zerumbet, por produzir plantas com características saudáveis quanto ao desenvolvimento e pronunciado processo de enraizamento. A aclimatização foi eficiente graças ao sistema radicular desenvolvido in vitro. Este protocolo é uma ferramenta que viabiliza a manipulação de várias alternativas para otimizar a produção de metabólitos secundários, desde metodologias de elciação a engenharia genética. 48 1.2 Propagação in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum sob efeito de auxinas e citocininas Resumo Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum é muito utilizada como ornamental e possui escassas indicações de uso na medicina popular. Estudos utilizando técnicas de cultura de tecidos vegetais permitem, a partir de condições padronizadas, avaliar as respostas fisiológicas e morfológicas dos vegetais aos fitorreguladores exógenos. Este trabalho consistiu no estabelecimento de plantas de A. purpurata in vitro utilizando auxinas (AIA) e citocininas (BAP e TDZ). Brotos oriundos da inflorescência de A. purpurata foram desinfestados e introduzidos em meio MS (Murashige e Skoog) para iniciar as culturas. O processo de organogênese direta foi rápido e satisfatório, produzindo plantas alongadas e com sistema radicular desenvolvido. A porcentagem de enraizamento atingiu 100% para todos os tratamentos ao final de 2 meses. As citocininas e auxina foram importantes para incrementar o número de folhas (4,2 a 5,1) e alongamento dos brotos (4,0 cm) em comparação com o meio controle. O MS0 líquido apresentou as melhores características para rápida propagação in vitro e maior produção de brotos, com suprimento de plantas aptas a serem aclimatizadas. Palavras-chave: cultura de tecidos vegetais, micropropagação, Zingiberaceae. Introdução O uso ornamental de Alpinia purpurata é extensivo a várias regiões tropicais e subtropicais, com alta demanda no mercado internacional (Kress, 2002; Sangwanangkul et al., 49 2008). A propagação vegetativa, através do rizoma, é a principal forma de produção de mudas desta espécie. Segundo Morón, 1987, o período para obtenção de uma certa quantidade de mudas em casa de vegetação é o dobro em relação aos sistemas de cultivo in vitro. As técnicas de cultura de tecidos são empregadas no Brasil desde 1950 e as vantagens obtidas incluem a produção contínua e rápida de plantas assépticas e genótipos selecionados. Está técnica viabiliza a propagação em escala comercial e industrial de plantas (Santarém & Astarita, 1999; Rout et al., 2006). Logo, a produção in vitro de A. purpurata além de conferir uma alternativa para produção da espécie, aumenta as possibilidades de estudá-la para fins medicinais. A adição de auxinas e citocininas ao meio de cultura são muitas vezes fundamentais para a regulação das respostas de crescimento e morfogênese (Sugiyama, 1999; Chitra & Padmaja, 2005; Kyozuka, 2007). Este estudo teve como objetivo estabelecer um protocolo de organogênese direta e avaliar os efeitos das auxinas e citocininas durante a multiplicação de brotos, alongamento, formação de folhas e enraizamento de A. purpurata. Material e Métodos Material vegetal A planta matriz de Alpinia purpurata foi obtida no pátio do Instituto de Biofísica da UFRJ, identificada e depositada no Herbário do Jardim Botânico (Rio de Janeiro) sob o número RB 433484. Desinfestação do material vegetal Brotos da inflorescência de A. purpurata (Vieill) K. Schum, inflorescência vermelha, foram coletados, lavados em água corrente e com detergente comercial com o auxílio de uma escova de nylon para remoção de partículas de solo. Depois o material vegetal foi colocado em 50 água sanitária comercial a 20% por 40 min. Seguido do protocolo de desinfestação: 15 min - água e detergente; 1 min - álcool 70%; 10 min - água sanitária 30%, em fluxo laminar. Estabelecimento das culturas Para início das culturas, explantes foram introduzidos em potes de vidro (16 x 8 cm) contendo o meio sólido ou líquido MS (Murashige & Skoog, 1962). O meio foi acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas (tiamina-HCl 1,3 µM, piridoxina 3 µM e ácido nicotínico 4,1 µM), mio-inositol 0,6 mM, sendo o pH ajustado para 5,8. A solidificação dos meios foi obtida pela adição de 7,8 g de agar ao meio. Foram utilizados diferentes reguladores de crescimento vegetal isolados e em combinações: BAP (6-benzilaminopurina), TDZ (tidiazuron), AIA (ácido indolacético). Os tratamentos foram: MS sólido; MS líquido; AIA 2 (2 mg.L-1); TDZ 2 e TDZ 4 (2 e 4 mg.L-1, respectivamente); BAP 2 (2 mg.L-1); AIA 2 + TDZ 2 (2 mg.L-1) e AIA 2 + BAP 2 (2 mg.L-1). Todos os meios acrescidos de reguladores do crescimento vegetal são líquido. No mínimo 30 explantes foram avaliados por tratamento. Os meios foram esterilizados, em autoclave a 120oC, 1 kgf.cm-2, durante 15 min. As culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes, subcategoria Duramax Universal (General Electric®, 20 W T–12) e fotoperíodo de 16 h. Análises Estatísticas Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as comparações estatísticas entre as médias serão feitas utilizando o teste de Tukey, considerando p<0,05, no programa Graph Pad Instat®. Para as diferenças entre as médias em porcentagem, será utilizado o 51 teste da diferença entre duas porcentagens (p1 e p2), 5%, de significância pelo teste t-Student para amostras independentes no programa Statistic®. Resultados e Discussão As respostas do desenvolvimento in vitro de A. purpurata estão contidos na Tabela 1. As espécies do gênero Alpinia possuem como vantagem o tipo de propagação vegetativa que aumenta a capacidade de se propagar in vitro. O estabelecimento das culturas foi rápido e as plantas apresentaram crescimento contínuo, ou seja, as brotações se perpetuaram até 5 a 6 meses com aumento no número e tamanho de brotos. O uso de brotos da inflorescência para iniciar as culturas é uma vantagem, já que brotos provindos do rizoma são mais difíceis de serem desinfetados e podem apresentar dormência (Burch et al., 1987). Ao longo de 3 meses é possível observar a formação de brotos em diferentes estágios de desenvolvimento (Figura 1B). No entanto, com 2 meses já é possível iniciar novos subcultivos ou aclimatizar as plantas (Figura 1A). O meio líquido induziu 161% de novos brotos em relação ao MS sólido. Foram obtidos cerca de 30 brotos por explante em MS (controle) por ano. Figura 1. Desenvolvimento in vitro de Alpinia purpurata em meio MS liquido, com 2 meses (A). Seqüência do desenvolvimento (B): 1 mês (I), 2 meses (II) e 3 (III) meses. 52 Entre os tratamentos com reguladores de crescimento vegetal, nenhuma vantagem foi obtida em relação ao número de brotos. Em estudos realizados por Morón, 1987, o BAP foi importante para aumentar a taxa proliferativa de brotos. Já Illg & Faria (1995) obtiveram melhores respostas para número e brotos quando combinaram BAP com auxina. No presente trabalho, as citocininas TDZ e BAP isoladas foram importantes para implementar o número de folhas em relação ao controle. Pela primeira vez se avaliou o efeito de TDZ na indução de brotações para o gênero Alpinia. A concentração de 2 mg.L-1 de TDZ foi suficiente para induzir maior alongamento e produção de novas folhas em relação ao controle após 3 meses; a resposta não foi crescente conforme o aumento da concentração de TDZ. As auxinas estão relacionadas a iniciação do enraizamento (Wightman et al., 1980; Normanly, 1997). Para a espécie A. purpurata, a adição de AIA não foi necessária para estimular o enraizamento, visto que as plantas começaram a desenvolver novas raízes a partir do 1º mês atingindo 100% de enraizamento em meio controle. No entanto, a auxina induziu aumento do comprimento dos brotos e número de folhas em relação ao controle. Outros protocolos para a espécie A. purpurata já foram elaborados, utilizando BAP e AIA (Moron, 1987; Illg & Faria, 1995); no entanto, as diferenças observadas entre os resultados indicam que a procedência e características do material vegetal: região de coleta, época de coleta, idade da planta, é fundamental para o estabelecimento e desenvolvimento das culturas. 53 Tabela 1. Respostas do desenvolvimento in vitro de Alpinia purpurata. Reguladores de crescimento número de brotos (%) altura dos brotos (cm) folhas/broto 3 meses 1 mês 2 meses 3 meses 1 mês 2 meses 3 meses 100a* 1,8±0,1a 2,9±0,1a 3,3±0,1a 2,3±0,3a 3,4±0,3a 3,4±0,1a AIA 2 46b 2,3±0,1b 2,4±0,2b 3,6±0,3ab 2,3±0,1a 3,4±0,2a 4,1±0,2ac TDZ 2 84b 2,1±0,1b 3,5±0,2a 3,5±0,1ab 2,2±0,1a 3,3±0,2a 5,1±0,1b TDZ 4 82 b 2,3±0,1b 3,0±0,1a 3,2±0,1a 2,1±0,1a 3,3±0,2a 3,5±0,2a BAP 2 74b 2,7±0,1b 3,5±0,2a 4,0±0,1b 2,8±0,1a 4,0±0,2a 4,2±0,2c AIA 2 + TDZ 2 68b 2,8±0,1b 2,8±0,2a 3,1±0,1a 2,0±0,1a 4,2±0,2a 5,0±0,2b AIA 2 + BAP 2 62b 2,6±0,1b 3,5±0,3a 3,7±0,2ab 2,5±0,1a 4,2±1.0a 5,1±0,2b MS0 (controle) Letras diferentes indicam diferenças estatísticas p< 0,05; Tukey, n ≥ 30. *100% equivale a 30 brotos/explante, em 1 ano. Conclusão O protocolo de propagação in vitro de A. purpurata foi estabelecido utilizando meio MS líquido e sólido. Como características, as plantas produziram folhas, raízes e novos brotos a partir do 2º mês. Maior taxa multiplicativa foi obtida em meio MS líquido (30 brotos/ano), seguido do meio contendo 2 mg.L-1 de TDZ. Os reguladores de crescimento vegetal induziram respostas diferenciadas para os parâmetros altura do broto e número de folhas. O meio MS sem reguladores de crescimento vegetal pode ser utilizado com o intuito de produzir maior número de brotos enraizados. O sistema de cultivo in vitro de A. purpurata, por produzir plantas assépticas e de forma rápida, é uma ferramenta na obtenção em larga escala de mudas para uso ornamental e medicinal. 54 Capítulo 2 Produção de metabólitos especiais em plantas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 2.1. Avaliação de diferentes métodos de extração de flavonóides de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Resumo Alpinia zerumbet é uma planta medicinal que apresenta flavonóides importantes na ação terapêutica. O objetivo foi verificar a metodologia de extração mais apropriada para rápida e eficiente obtenção de flavonóides a partir de folhas secas de A. zerumbet. As folhas foram coletadas e secas, por 3 dias, em estufa a 60ºC, depois moídas para preparação do extrato bruto. Como solventes extratores foram utilizados água destilada e etanol 70%. Foram avaliadas 4 metodologias de extração: ultrassom, maceração sob agitação, microondas e agitador (50 a 60ºC). Para separação e detecção dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram utilizadas CCD e CLAE. Os flavonóides foram confirmados através da comparação com os espectros e tempos de retenção dos padrões. O solvente etanol 70% foi mais eficiente como extrator em relação a água. Para as metodologias ultrassom, microondas e agitador, não houve variação significativa para o rendimento utilizando etanol 70%. As metodologias de extração envolvendo aquecimento aumentaram a eficiência dos solventes. A concentração relativa dos flavonóides foi maior pelos métodos de extração ultrassom e microondas e utilizando o solvente etanol 70%. Procedimentos rápidos e simplificados de extração otimizam o trabalho fitoquímico e a obtenção de metabólitos secundários. 55 Palavras-chave: maceração, microondas, ultrassom, Zingiberaceae Introdução Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith é uma planta medicinal amplamente distribuída em regiões no Brasil. Esta espécie está entre as mais citadas no uso popular para fins terapêuticos. É indicada no uso de doenças como a hipertensão arterial (Moura et al., 2005). Os flavonóides desta espécie possuem relevante importância medicinal, e estão entre as principais substâncias relacionadas à atividade da espécie (Da Costa et al., 1998; Mpalantinos et al., 1998; Havsteen, 2002). Parâmetros como tempo de extração, solvente, temperatura e método influenciam a extração de metabólitos secundários. De tal forma que diferentes procedimentos de extração têm sido utilizados para obtenção de substâncias biologicamente ativas de plantas. A presença de flavonóides nas folhas de espécies da família Zingiberaceae é muito representativa (Williams & Harborne, 1977). Os flavonóides rutina e kaempferol-3-Oglicuronídeo foram isolados de folhas de A. zerumbet (Mplantinos et al., 1998) e este estudo teve o intuito de obter uma extração eficiente e rápida para flavonóides, visto que mais recentemente há vários trabalhos mencionando as técnicas de ultrassom e microondas como eficientes na extração de metabólitos especiais de plantas (Pan et al., 2000; Pan et al., 2003; Fulzele & Satdive, 2005). O método de ultrassom já foi descrito por sua eficiência e diminuição do tempo de extração de substâncias flavonoídicas (Yang & Zhang, 2008). A extração de polifenóis por microondas foi eficiente para chá verde e outras metabólitos secundários (Pan et al., 2003). O uso de microondas para extração de substâncias biologicamente ativas é recente, mostrando resultados efetivos para óleo essencial, flavonóides, alcalóides, etc (Pan et al., 2003). 56 A escolha dos solventes e metodologias de extração são imprenscindíveis para otimizar a obtenção de metabólitos secundários. Estes procedimentos propõem uma forma simplificada de avaliar a presença de flavonóides nos extratos. Material e Métodos Material vegetal O exemplar de Alpinia zerumbet foi obtido na área externa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CCS - bloco H), identificado e depositado no Herbário do Jardim Botânico (RB) do Rio de Janeiro, sob o número RB 433485. Preparação dos extratos e metodologias de extração Folhas de A. zerumbet foram coletadas pela manhã, e secas, por 3 dias, em estufa a 60ºC. Após este procedimento, as folhas foram trituradas utilizando um liquidificador, para posterior preparação do extrato. Foram feitos dois tipos de extrato: aquoso e hidroalcoolico (70% de etanol), na proporção de 1 g de folha seca em 20 mL de solvente (10% p/v). Foram avaliadas 4 metodologias de extração a partir das folhas de campo secas: banho de ultrassom (40 kHz, Thornton Unique, modelo 1400 USC), maceração sob agitação (shaker) a 100 rpm; microondas (PANASONIC - Auto Sensor Diet, potência alta) e agitador (stirring) (Tabela 1). 57 Tabela 1. Especificações das metodologias de extração a partir de folhas secas de Alpinia zerumbet. Maceração Solvente extrator Temperaturaa Tempo extração a Ultrassom Microondas Agitador Água destilada e etOH 70% 25oC 40 e 60oC 60 e 70oC 50 a 60oC 1, 2 e 3 dias 15, 30 e 45 min 3x (3 seg) 60 min Dados referentes a temperatura da água e do etanol 70%, respectivamente. Os extratos foram filtrados a vácuo, utilizando papel de filtro Whattman® (110 mm ø, qualidade 1). Posteriormente, os extratos aquosos foram congelados e liofilizados e os hidroalcóolicos concentrados sob pressão reduzida em evaporador rotatório. O peso seco foi aferido para verificação do rendimento da extração. O rendimento dos extratos foi calculado pela expressão, em %: (massa do extrato seco/massa do material vegetal seca) x 100. Cromatografia em camada delgada (CCD) Para verificação dos flavonóides, uma alíquota dos extratos foi aplicada em cromatofolha de CCD (sílica gel 60 F254 nm) e eluídas em concomitância com os padrões em diferentes sistemas de solventes enumerados abaixo. O sistema de eluição 5 foi mais apropriado para a maioria das amostras, com Rf = 0,37 (rutina) e Rf = 0,64 (kaempferol-3-O-glicuronídeo). A visualização dos flavonóides foi feita, primeiramente, utilizando luz ultravioleta (λ 254 e 366 nm, Moldel UVGL58 Upland/EUA). A detecção foi obtida utilizando os reagentes 2-aminoetilfenilborato (1 mg.L-1 em etanol, Spectrum) e 5% polietilenoglicol-4000 (Fluka). 58 1 acetato de etila/etanol/ácido acético/água (16:1,5:1,0:1,0, v/v/v/v) 2 acetato de etila/etanol/ácido acético/água (7,5:2,0:0,5:0,5, v/v/v/v) 3 acetato de etila/etanol/ácido acético/água (27:1,0:0,5:0,5, v/v/v/v) 4 acetato de etila/ácido acético/ácido fórmico/água (100:11:11:27, v/v/v/v) 5 acetato de etila/ácido fórmico/água (65:20:15, v/v/v) 6 clorofórmico/metanol (70:30, v/v) Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Os extratos aquosos e hidroalcoólicos (70% etanol) foram submetidos a análise por CLAE. As amostras foram suspensas em 70% metanol a 10 mg/mL e os padrões a 1 mg/mL. A análise em CLAE acoplada ao detector de feixes fotodiodos foi realizada utilizando aparelho Shimadzu equipado com bomba LC-10AD e detector SPD-M10A. A separação foi feita na coluna de fase reversa C18 (Lichrosorb-RP-18, S5-100-ODC, 25 cm x 4,6 nm), contendo sílica do tipo octadecil silicato de 5 µm de 100Å como fase fixa, a temperatura ambiente. Os sinais foram observados nos comprimentos de onda de 254 e 360 nm. A fase móvel foi água Milli-Q com 0,1% de ácido fosfórico 85% (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B), fluxo de 1,0 mL/min. O gradiente de eluição foi o seguinte: 1-10 min (30% B); 20 min (40% B); 60 min (100% B). Os flavonóides foram detectados através dos seus tempos de retenção (TR), espectro ultravioleta em comparação com os espectros dos padrões de flavonóides e pela co-injeção com amostras autênticas. Para coinjeção, foi preparada uma mistura (1:1) do extrato a 10 mg.mL-1 e de cada padrão, em separado, a 1 mg.mL-1. Diferentes concentrações dos padrões foram injetadas para construção da curva analítica e avaliação quantitativa. As injeções foram feitas em triplicatas. As curvas analíticas dos padrões de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram obtidas por CLAE, após cálculo de dispersão 59 dado pela curva y = ax - b, onde y representa a área do sinal e x a respectiva concentração em mg.mL-1. Solventes e Reagentes Os solventes utilizados para CLAE possuíam grau técnico para CLAE, oriundos do grupo Tedia. Outros solventes utilizados na extração do material tinham grau padrão analítico (P.A.). A água utilizada para preparar os extratos foi destilada, e para as análises a água foi filtrada pelo sistema Milli-Q (água desionizada). O kaempferol-3-O-glicuronídeo foi obtido por isolamento (Mpalantinos, 2001) e a rutina comercialmente (Merck). Resultados A Tabela 2 mostra os rendimentos obtidos para cada metodologia de extração. O solvente etanol 70% foi mais eficiente como extrator, sendo observada similaridade dos sinais de retenção em relação à água (Figura 1). Quanto às metodologias extração, os rendimentos foram maiores após extração com etanol 70% em relação à água. O menor rendimento foi obtido para o procedimento de maceração (Tabela 2). Os métodos de extração envolvendo aquecimento aumentaram a eficiência dos solventes. A análise do extrato bruto hidroalcoólico de A. zerumbet pela CLAE utilizando coluna de fase reversa revelou 6 substâncias principais, entre elas foi possível identificar os flavonóides rutina (TR: 31.42 min) e kaempferol-3-O-glicuronídeo (TR: 34.49 min) (Figura 1 e 2). Tais flavonóides também foram detectados por CCD. A obtenção do perfil cromatográfico para cada metodologia e solvente utilizado é importantíssima para verificar se há variações na composição qualitativa e quantitativa dos 60 metabólitos secundários. Estes dados vão refletir nos efeitos dos extratos em ensaios biológicos e uso medicinal. Tabela 2. Rendimento da extração a partir de folhas secas de Alpinia zerumbet. Solventes Rendimento (%) extratores Maceração Ultrassom Agitador Microondas (3 dias) (45 min) (60 min, 50oC) 3x (3 seg) Aquoso 3,7 6,7 11 - Hidroalcóolico 8,2 13 13,5 14 Valores obtidos a partir da média de 3 extrações. 100 mAbs 2 A 1 200 2 B 1 0 30 60 min Tempo de retenção (min) Figura 1. Perfis cromatográficos (CLAE) do extrato aquoso (A) e hidroalcóolico (B) de Alpinia zerumbet obtido pelo método de ultrassom 45 min. Substâncias identificadas em comparação com 61 padrões e coinjeção. 1. rutina (TR: 31.42 min) e 2. kaempferol-3-O-glicuronídeo (TR: 34.49 min), 360 nm. A B OH OH HO HO O O OH OH OH OH H2 OH C HO O O O O O OH O O O HO OH H3C HO OH O HO OH Figura 2. Estrutura dos flavonóides glicosilados de Alpinia zerumbet. A. rutina e B. kaempferol3-O-glicuronídeo. O solvente etanol 70% foi mais eficiente na extração dos flavonóides rutina e kaempferol3-O-glicuronídeo (Figura 3) para todos os procedimentos de extração. O uso de ultrassom e microondas foram mais adequados para extração dos flavonóides, seguidos do agitador (Figura 3). 62 7 6 a a *** *** b ** 5 b # 4 # 3 # agua a rutina agitador microondas ultrassom maceração etanol agitador 0 ** a * microondas 1 a b *** ultrassom 2 maceração mg flavonóide/ g folha seca 8 kaempferol glicuronídeo Figura 3. Conteúdo de flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo no extrato aquoso e hidroalcoólico de A. zerumbet obtido por CLAE e determinado por uma curva de calibração dos padrões. Cada valor consiste da média ± DP. Letras iguais indicam que não há diferenças estatísticas entre as metodologias de extração considerando o solvente etanol 70% (p< 0,05). *p< 0,05, **p< 0,01, ***p< 0,001 indicam diferenças estatísticas comparando o extrato hidroalcoólico com o aquoso para cada metodologia de extração, em separado; #p< 0,05 considerando o extrato aquoso, em relação ao método de maceração (Bonferroni, n= 3). 63 Discussão Vários efeitos terapêuticos são relatados para espécie A. zerumbet, em parte eles estão relacionados à presença de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo que apresentam alto interesse medicinal (Mpalantinos et al., 1998). A mistura de água e etanol (70%) favoreceu a extração de flavonóides a partir de extratos hidroalcoólicos. Extratos aquosos, alcoólicos e hidroalcóolicos são comumente utilizados em pesquisas com extratos vegetais (Turkmen et al., 2006). Em comparação com metodologias convencionais de extração, como o contato do material vegetal com o solvente por longo tempo, as metodologias de ultrassom e microondas permitiram a extração dos flavonóides de A. zerumbet em concentrações maiores, com a vantagem de maior agilidade do procedimento. Estes métodos já foram relatados por garantir a eficiência da extração de outros metabólitos secundários (Pan et al., 2001; Pan et al., 2003). Maior temperatura, característica dos processos de microondas e ultrassom, parece ser imprescindível para maior eficiência do processo de extração. Com isso, o tempo de extração foi reduzido e o processo otimizado. As técnicas cromatográficas como CCD e CLAE são bastante favoráveis as detecções de flavonóides. Resultados positivos quanto a estas técnicas foram verificados para Alpinia officinarum e outras espécies (Rijke et al., 2006; Tao et al., 2006). Conclusão O tipo de metodologia e solvente definiu a eficiência do processo de extração O etanol 70% mostrou a melhor resposta para extração de flavonóides a partir folhas secas de A. zerumbet, para todos as metodologias utilizadas. 64 A proporção relativa de flavonóides foi menor para a técnica de maceração por 3 dias., enquanto as técnicas de microondas e ultrassom foram mais apropriadas em combinação com o solvente etanol 70%. O método ultrassom (45 min) e microondas são recomendados para a extração de flavonóides de forma simplificadas, rápida e eficiente, considerando o rendimento e tempo de extração. 65 2.2. Detecção de flavonóides em folhas de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum. por cromatografia líquida de alta eficiência. Resumo A espécie Alpinia purpurata apresenta poucas citações referentes a etnofarmacologia e fitoquímica. Este estudo propõe a análise de substâncias bioativas através da técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). O extrato bruto hidroalcóolico foi obtido a partir de folhas secas de A. purpurata. A quantificação de fenóis totais foi realizada pelo método de Folin-Ciocalteau, usando ácido gálico como padrão, sendo determinado no extrato bruto um teor de 15,6 mg EAG g-1. O extrato bruto foi particionado com os solventes acetato de eltila e butanol e depois analisado por cromatografia em camada delgada e CLAE. Nos extratos acetato de etila e butanólico foram detectados os flavonóides kaempferol-3-O-glicuronídeo e rutina, em maior concentração. O extrato butanólico contém a maior porcentagem de flavonóides (94,3%). Esta espécie possui flavonóides importantes no uso terapêutico, já antes verificados para a espécie A. zerumbet. Este é o primeiro trabalho que verifica a presença de flavonóides em extratos de A. purpurata.i A espécie A. purpurata se mostrou um recurso natural na obtenção de moléculas bioativas. Palavras-chave: CCF, polifenóis, planta medicinal, rutina, Zingiberaceae Introdução O gênero Alpinia (Zingiberaceae) é nativo de regiões tropicais da Ásia Oriental (Kress et al., 2002), atualmente é cultivado em várias partes do mundo devido à beleza de suas inflorescências e pelo potencial terapêutico (Zoghbi et al, 1999; Leal-Cardoso et al., 2004). Além 66 disso, muitas espécies da família são utilizadas para alimentação, perfumaria, produção de condimentos aromáticos, corantes, fibras e até papel (Tomlinson, 1969). A. purpurata (Vieill) K. Schum (inflorescência vermelha) é conhecida internacionalmente no mercado de plantas ornamentais ou como flor para corte (Morón, 1987). Em um estudo etnobotânico desenvolvido em uma comunidade do estado de Trujillo, Venezuela, entre as plantas utilizadas foi constatado o uso da decocção da inflorescência de A. purpurata, via oral, para tosse (Bermudez & Veláquez, 2002). Zoghbi et al. (1999) analisaram a composição do óleo essencial desta espécie que apresenta notável atividade antibacteriana, mas são escassos os estudos para fins fitoterapêutico. A maioria dos trabalhos científicos relatados com esta espécie trata de abordagens voltadas para melhorias na produção de plantas com fins ornamentais: inseticidas alternativos, tolerância à fumigação, controle biológicos de pragas, estoque in vitro de brotos, propagação in vitro (Morón, 1987; Anderson & Gardner, 1999; Chen & Paull, 1998; Hara et al., 1997; Dekkers et al., 1991; Gonzalez & Mogollon, 2001; Sangwanangkul et al., 2008). Presente em várias regiões do Brasil, A. purpurata é de fácil acesso à população, sendo um recurso viável no tratamento terapêutico. Várias espécies da família Zingiberaceae apresentam propriedades antioxidantes, principalmente devido à presença pronunciada de flavonóides, sendo destacado no gênero Alpinia os flavonóides kaempferol e rutina (Tabela 1) (Williams & Harborne, 1977; Nakatani et al., 1991; Vankar et al., 2006). Pugialli et al. (1993 e 1994), em estudos de quimiossistemática da família Zingiberaceae elegeu os flavonóides e sua variedade estrutural como marcadores taxonômicos. Esta família está posicionada no maior nível dentro da Superordem Zingiberiflorae devido ao uso de mecanismos de proteção dos grupos hidroxilas dos fenóis através da glicolisação e metilação. As relações fitoquímicas são uma ferramenta importante na classificação evolutiva das espécies vegetais (Kaplan & Gottlieb, 67 1982). Com este trabalho se propõe um enfoque novo sobre a espécie Alpinia purpurata visto que a partir de estudos de quimiossistemática do gênero, esta espécie apresenta um potencial terapêutico ainda pouco estudado. Para sustentar está hipótese, estudos fitoquímicos foram feitos no intuito de detectar a presença de flavonóides referidos na literatura por terem ação terapêutica. O presente trabalho teve como objetivo realizar uma avaliação fitoquímica do extrato hidroalcóolico das folhas de A. purpurata para verificar a presença dos flavonóides: rutina, kaempferol-3-O-rutinosídeo e kaempferol-3-O-glicuronídeo. Tabela 1. Flavonóides relatados para o gênero Alpinia. Flavonóides Espécie Referência rutina A. zerumbet (folhas) Mpalantinos et al., 1998 quercetina-3-O-glicosídeo A. zerumbet (folhas) Mpalantinos et al., 2001 kaempferol A. tonkinensis (rizoma) Zhang et al., 2003 A. officinarum (rizoma) Bleier & Chirikdjian, 1972 Kim et al., 2006 kaempferol-3-O-glicuronídeo A. zerumbet (folhas) kaempferol-3-O-rutinosideo A. zerumbet (folhas) catequina e epicatequina A. zerumbet (folhas) Mpalantinos et al., 1998 Mendonça et al., 1998; Mpalantinos et al., 1998 alpinetina galangina e 3-O-metil A. zerumbet (folhas) Mendonça et al., 1998 A. zerumbet (sementes) Krishna & Chaganty, 1973 A. katsumadai (sementes) Rao & Lin, 1998 A. henryi Wang et al., 2001 A. officinarum (rizoma) Tao et al., 2006 A. officinarum (raízes) Tunmann & Tkotz, 1972 galangina * *Nâo foi citado no resumo. 68 Material e Métodos Material vegetal Amostra da planta matriz de Alpinia purpurata foi obtida no pátio do Instituto de Biofísica (IBCCF), UFRJ, Município do Rio de Janeiro, identificada e uma excicata depositada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro sob o número RB 433484. Preparação do extrato As folhas foram retiradas de plantas de A. purpurata coletadas no período da manhã, no pátio da UFRJ. Após a coleta, o material vegetal foi seco por 3 dias em estufa a 60ºC, moído e submetidos à maceração com etanol 70% por uma semana, e depois da primeira extração, as folhas foram mantidas em etanol puro para extração até a exaustão. O extrato foi filtrado e seco em evaporador rotatório a 60º C e por liofilização. A partir de 1009 g de folhas secas foi obtido 112,5 g de extrato bruto seco. O rendimento dos extratos foi calculado pela expressão, em %: (massa do extrato/massa do material vegetal) x 100. Partição do extrato bruto Uma alíquota de 59,4 g do extrato bruto seco foi submetida à partição utilizando-se os solventes em ordem crescente de polaridade: hexano, diclorometano, acetato de etila e butanol. O extrato seco foi suspenso em metanol/água (9:1) e submetido a partição líquido-líquido com hexano. A fração hexânica foi separada e a fração restante foi evaporada, em evaporador rotatório, até retirada do metanol; esta fração foi ressuspensa em água e submetida a partição líquido-líquido com diclorometano, acetato de etila e butanol. A cada fracionamento, a fração 69 aquosa foi lavada por 5 vezes com 50 a 60 mL de cada solvente. Os solventes foram evaporados, obtendo-se os extratos: hexânico (4,12 g), diclorometano (0,29 g), acetato de etila (0,31 g) e butanólico (4,8 g). Padrões de flavonóides Os padrões kaempferol-3-O-glicuronídeo (82% pureza), kaempferol-3-O-rutinosídeo (91% pureza) e rutina (98% pureza) foram utilizados para co-injeção. Os da classe do kaempferol foram isolados da espécie Alpinia zerumbet e identificados por RMN (Mpalantinos et al., 1998; Mpalantinos, 2001); a rutina foi obtida comercialmente da Merck. Determinação de fenóis totais A quantificação de fenólicos foi realizada pelo método de Folin-Ciocalteau. Os extratos hidrooalcólicos foram dissolvidos a 70% de etanol na concentração de 1 mg.mL-1. Foi utilizada uma alíquota de 0,5 mL da solução do extrato bruto, na qual foi adicionada 2 mL de solução aquosa de Folin-Ciocalteau a 10% e, após 3 min, 2 mL de solução aquosa de carbonato de sódio a 7,5%. A mistura foi homogeneizada e incubada por 30min em banho-maria a 50ºC. Posteriormente, a absorvância foi medida usando-se os controles: (1) Folin-Ciocalteau + carbonato de sódio e (2) solução do extrato bruto. A leitura das absorvâncias foi feita no espectrofotômetro a 740 nm. A quantificação foi feita por meio de uma curva analítica preparada com ácido gálico: y = 0,0229x + 0,0968, R2 = 0,9993, onde y é a absorvância e x a concentração em µg equivalentes de ácido gálico (EAG) por mg de extrato bruto. As análises foram feitas em triplicata. 70 Cromatografia em camada delgada (CCD) Para verificação dos flavonóides, uma alíquota das partições foi aplicada em cromatofolha de CCD (sílica gel 60 F254 nm) e eluídas em acetato de etila, ácido fórmico e água (65/20/15, v/v/v). A detecção foi feita utilizando 2-aminoetilfenilborato (1 mg.L-1 em etanol, Spectrum) e 5% polietilenoglicol-4000 (Fluka). A presença dos flavonóides rutina, kaempferol-3-Orutinosídeo e kaempferol-3-O-glicuronídeo foi verificada nos extratos bruto, acetato de etila e butanólico, depois de corrida concomitante com os padrões (Anexo D, pág. 187 e Victório et al., 2007). Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Amostras do extrato bruto hidroalcóolico, acetato de etila e butanólico foram suspensos em 70% metanol a 20 mg.mL-1, filtrados a vácuo e analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência. A análise em CLAE acoplada ao detector de feixes fotodiodos foi realizada utilizando aparelho Shimadzu SPD-M10A, equipado com bomba LC-10AD e detector CBM-10A. A separação foi feita em coluna de fase reversa (Lichrosorb RP-18, 25 cm x 5 mm), temperatura ambiente. O monitoramento foi feito a 254 e 360 nm. Os eluentes da fase móvel foram água ultrapura (Milli-Q) com 0,1% de ácido fosfórico (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B): 1-10 min (30% de B); 20 min (40% de B); 60 min (100% de B), leitura a 254 nm e 360 nm, fluxo 1 mL/min. Os solventes utilizados para as análises possuíam grau técnico para CLAE. Os padrões foram diluídos a 70% de metanol na concentração de 1 mg.mL-1 e analisados no mesmo sistema de eluição. Diferentes concentrações dos padrões foram injetadas para construção da curva analítica e avaliação quantitativa. As injeções foram feitas em triplicatas. As curvas analíticas dos padrões de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram obtidas a partir da linearidade entre as 71 concentrações (0,0078 - 0,0625 mg.mL-1) e (0,01325 - 0,25 mg.mL-1), respectivamente. A concentração destes flavonóides nas amostras foi obtida, após cálculo de dispersão dado pela curva y = ax - b, onde y representa a área do sinal e x a respectiva concentração em mg.mL-1 (Figura 1). Á rea 1500000 3000000 -7 y = 3.10 x - 31152 R2 = 0,9991 -7 y = 1.10 x - 14764 R2 = 0,9951 2500000 2000000 Área 2000000 1000000 1500000 1000000 500000 500000 0 0,00 0 0,02 0,04 0,06 0,08 concentração rutina (mg/mL) 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 concentração kaempferol glicuronídeo (mg/mL) Figura 1. Curvas analíticas dos padrões rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo obtidas por CLAE. Detecção dos flavonóides Os flavonóides foram detectados através dos seus tempos de retenção (TR), espectro ultravioleta em comparação com os espectros dos padrões de flavonóides (Figura 2) e pela coinjeção com amostras autênticas. Para co-injeção, foi preparada uma mistura (1:1) do extrato a 20 mg.mL-1 e de cada padrão, em separado, a 1 mg.mL-1 . 72 Figura 2. Espectros ultravioletas (CLAE) dos padrões (A) rutina e (B) kaempferol-3-Oglicuronídeo. Resultados e Discussão As substâncias fenólicas estão envolvidas na atividade antioxidante e por isso apresentam amplo interesse como agentes terapêuticos, visto que os antioxidantes são capazes de estabilizar ou desativar os radicais livres envolvidos em vários processos de enfermidades. Através do método Folin-Ciocalteau é possível quantificar a presença de flavonóides e outras substâncias fenólicas presentes nas amostras (Souza et al., 2007). Entre as espécies A. purpurata e A. zerumbet em dois meses de coleta foi verificada diferenças significativas no conteúdo de fenóis totais (p< 0,03) (Figura 3). Esta espécie foi utilizada como referência para comparação, por ser mais utilizada na medicina popular e apresentar comprovação terapêutica científica. 73 (mg EAG/g extrato seco) Fenois totais 35 30 25 20 A. zerum bet 15 A. purpurata 10 5 0 junho fevereiro Figura 3. Comparação do conteúdo de fenóis totais de Alpinia zerumbet e Alpinia purpurata coletadas em dois períodos do ano. Os perfis cromatográficos apresentam semelhança ao obtido para A. zerumbet, mostrando os sinais de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo (Mpalantinos, 2001). Os extratos polares acetato de etila e butanólico mostraram a presença tanto da rutina quanto do kaempferol-3-Oglicuronídeo entre 20 e 40 min (Figura 4 e Anexo D, pág. 187). O flavonóide glicosilado, kaempferol-3-O-rutinosídeo, não foi detectada por CCD nem por CLAE. Os sinais 1 e 3 no cromatograma (Figura 4), mostram semelhança com o espectro UV de flavonóide, mas para devida identificação, faz-se necessário o isolamento em coluna de SEPHADEX dos flavonóides das frações acetato e/ou butanólica e posterior elucidação estrutural pelas técnicas de espectroscopia. Os flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram isolados de A. zerumbet e também foram detectados na espécie A. purpurata nas respectivas concentrações: 0,17 e 0,09 (acetato de eltila) e 3,5 e 0,86 (butanólica) (Tabela 2). A concentração de rutina foi maior para os dois extratos analisados. A rutina está amplamente distribuída no reino vegetal e apesar da característica hidrofílica de sua estrutura, apresenta várias aplicações terapêuticas 74 como: atividade antioxidante, redução dos riscos de asteroesclerose, anti-edema (Wojcicki, 1995; Holasova et al., 2001, Kreft et al., 2006). Os flavonóides da classe dos kaempferol apresentam várias aplicações terapêuticas; em artigo recente, foi relatado o uso desta classe no tratamento da doença de Alzheimer (De Melo & Costa, 2005). Mpalantinos et al. (1998) sugerem que os flavonóides, entre eles a rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo, estão relacionados ao efeito hipotensor da espécie A. zerumbet. O extrato bruto apresenta ainda outras substâncias entre os tempos de retenção 40 e 60 min, verificadas a 254 nm, que não foram identificadas (Figura 4). O método utilizado para CLAE foi reprodutível. Tabela 2. Análise quantitativa dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo nos extratos de folhas secas de Alpinia purpurata, valores obtidos por CLAE a 254 nm. Flavonóides Rutina Extratos Rendimento TR Área kaempferol-3-O-glicuronídeo Concentração TR Área (mg .g-1 folha seca) % Concentração (mg .g-1 folha seca) Bruto 11,1 Acetato 0,06 31.35 1845848 17,8 34.70 278400 8,7 Butanólico 0,9 30.63 16414602 356 34.65 1895737 85,5 *Todos os valores foram obtidos após média das triplicatas. 75 200 A (mAbs) 2 1 0 2000 60 min 2 B Figura 4. Perfis cromatográficos (CLAE) do extrato bruto (A), extrato acetato de etila (B) e butanólico (C) de Alpinia purpurata. Substâncias 3 1 4 identificadas em comparação com 0 200 padrões e coinjeção: (2) rutina e (4) C kaempferol-3-O-glicuronídeo, 2 254 nm. 3 1 4 0 20 40 min Os resultados mostram a presença dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo, importantes como substâncias biologicamente ativas, sugerindo que a espécie A. purpurata apresenta também um potencial medicinal. 76 2.3. Elucidação estrutural de flavonóide da espécie Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum utilizando técnicas de ressonância magnética nuclear Resumo A investigação de flavonóides na espécie A. purpurata (Zingiberaceae) foi pela primeira vez realizada a partir do extrato hidroalcóolico do qual foi isolado o flavonóide rutina, inédito nesta espécie. Este flavonóide é bastante conhecido por suas propriedades farmacológicas, tais como antioxidante, antiinflamatória e protetora gastrintestinal. A rutina foi identificada por RMN 1 13 H e RMN C e determinada por co-injeção com o padrão de rutina em CCD e CLAE/UV. A identificação deste flavonóide traz novas perspectivas de uso medicinal de A. purpurata e contribui para explicação de seus efeitos fitoterapêuticos. Palavras-chave: flavonóide, quercetina-3-O-β-rutinosídeo, Zingiberaceae. Introdução O gênero Alpinia (superordem: Zingiberiflorae, ordem: Zingiberales, família: Zingiberaceae, subfamília: Alpinioideae, tribo: Alpinieae,) é o maior e mais amplo da família, compreende cerca de 230 espécies presentes em várias regiões tropicais e subtropicais (Kress et al., 2002; Kress et al., 2005). O principal uso da espécie Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum. está relacionado ao seu potencial ornamental (Kress et al., 2005). Poucas são as referências de uso medicinal da espécie A. purpurata (Bermudez & Veláquez, 2002). No entanto, foi verificada por cromatografia líquida de alta eficiência a presença de flavonóides já relatados por serem importantes indicadores de atividade terapêutica para problemas cardiovasculares (Victório et al., 2007, Mpalantinos et al., 1998). Quimicamente, os flavonóides são considerados bons 77 marcadores taxonômicos da família Zingiberaceae e a análise de sua estrutura química e seus mecanismos de metilação e glicolisação já foram utilizadas em estudos de quimiossistemática da família. A partir destes estudos feitos por Pugialli et al., 1993, a família Zingiberaceae foi posicionada em um nível mais elevado dentro da superordem Zingiberiflorae. Além dos flavonóides o gênero Alpinia é também rico em terpenóides, kava-pironas, alcalóides, quinóides, taninos (Itokawa et al., 1981; Pugialli et al., 1993; Xu et al, 1996; Mpalantinos et al., 1998; Fang et al., 2003; Elzaawely et al., 2007). Tendo em vista a importância farmacologia e química dos flavonóides, este trabalho teve como objetivo verificar a presença de flavonóides em extratos hidrooalcóolicos de A. purpurata. Material e Métodos Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) A análise em CLAE foi realizada utilizando aparelho Shimadzu SPD-M10A, equipado com bomba LC-10AD e detector CBM-10A. A separação foi feita em coluna de fase reversa (Lichrosorb RP-18,25 cm x 5 mm), temperatura ambiente, com o seguinte sistema de eluição: água ultrapura (Milli-Q) com 0,1% de ácido fosfórico (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B): 1-10 min (30% de B); 20 min (40% de B); 60 min (100% de B), leitura a 254 nm e 360 nm, fluxo 1 mL/min. Ressonância magnética nuclear (RMN) Os espectros de RMN de hidrogênio (RMN 1H) e carbono (RMN 13C) foram registrados em espectrômetros Bruker (400 MHz e 100 MHz, respectivamente), com os solventes deuterados, utilizando-se o trimetilsilano (TMS) ou o próprio solvente como referência interna. Os 78 deslocamentos químicos (δ) foram expressos em unidades ppm e as constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz). Solventes e padrão Os solventes utilizados para CLAE possuíam grau técnico para CLAE, oriundos do grupo Tedia e água Milli-Q. O padrão de rutina foi obtido comercialmente da Merck. Material Vegetal O material vegetal estudado foi obtido no pátio do Instituto de Biofísica (IBCCF), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. A identificação botânica da espécie foi feita no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde um exemplar se encontra sob o número RB 433484. Obtenção do extrato e fracionamento As folhas (1 kg) coletadas em janeiro de 2006 foram secas em estufa a 50oC por 3 dias. As folhas secas foram trituradas e submetidas ao processo de extração por maceração em etanol a 70% durante 15 dias. Repetidas extrações foram feitas até a exaustão do material vegetal. O extrato bruto foi levado à secura por evaporação do solvente em evaporador rotatório. O material seco foi pesado e suspenso em metanol e água destilada (9:1) e submetido a partições líquidolíquido com polaridade crescente de solventes tal como hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol. A partição hexânica foi obtida e o resíduo aquoso que contém metanol foi evaporado, em evaporador rotatório, para retirada do metanol; este resíduo foi suspenso em água e submetido 79 a partição líquido-líquido com diclorometano, acetato de etila e butanol. A cada partição com os solventes, o resíduo aquoso foi particionado por 5 vezes com 50 a 60 mL do respectivo solvente. Todas as frações foram analisadas através da CLAE. A partição butanólica foi submetida a fracionamento em coluna de SEPHADEX LH-20 (Aldrich, 80 cm/3 cm) utilizando como fase móvel o sistema de solvente metanol e água destilada (1:1), para separação dos flavonóides (Figura 1). Foram obtidas cerca de 50 frações e algumas destas, por não estarem puras, foram novamente submetidas a fracionamento em coluna de SEPHADEX (80 cm/2 cm) utilizando metanol como fase móvel, para melhor purificação dos flavonóides observados por CCD em cada fração. Os flavonóides isolados foram visualizados em cromatofolha (sílica gel 60 F254 nm), utilizando o sistema de eluente composto por acetato de etila, ácido fórmico e água destilada (65/15/20, v/v/v) e reveladas borrifando-se a cromatofolha com o reagente 2-aminoetilfenilborato (1 mg/mL em etanol, Spectrum®) e polietilenoglicol 4000 (5% em etanol, Fluka®). O flavonóide isolado foi identificado utilizando-se as técnicas de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono treze e comparação com os dados da literatura. 80 Folhas secas 1009 g 70% etanol Resíduo Extrato bruto 112,5 g 59,4 g 9:1 (metanol:H2O) Hexano Resíduo hidro-alcoólico Partição em hexano 4,12 g Dicloromentano Resíduo aquoso Partição em diclorometano 0,29 g Acetato de etila Partição em acetato de etila 0,31 g Resíduo aquoso Rutina 23 mg Partição em butanol 4,79 g Butanol Resíduo aquoso Figura 1. Esquema de fracionamento químico do extrato hidroalcoólico de Alpinia purpurata Resultados e Discussão A substância codificada como AP29(4) (Figura 2) apresenta um perfil de ultravioleta, obtido por CLAE, característico de flavonóides (259 e 359 nm), sendo a banda I a 359 nm, indicativa de um flavonol com a hidroxila na posição 3 substituída (Mabry et al. 1970). O 81 espectro de RMN 1H apresenta sinais de hidrogênios aromáticos, sendo um dubleto a 6,17 ppm acoplando com outro dubleto a 6,35 ppm com uma constante de acoplamento de 1,84 Hz característicos de hidrogênios do anel A de flavonóides. O sinal de hidrogênio aromático a 7,62 ppm, um duplo dubleto (J= 2 e 8,44 Hz), acoplando com o dubletos a 7,66 ppm (J= 1,96 Hz) e 6,86 ppm (J= 8,4 Hz) são característicos de hidrogênios do anel B de flavonóides. Além destes sinais, o dubleto em 5,07 ppm (J= 7,6 Hz) evidencia a presença da glicose na estrutura, o singleto a 4,5 ppm juntamente com o dubleto a 1,11ppm (J= 6,2 ppm) evidencia a presença da ramnose e os multipletos na região de 3 a 4ppm representam os sinais dos demais hidrogênios de ambas as hexoses. A comparação dos dados de RMN 1H e de 13 C com os da literatura comprovam que a referida substância trata-se da rutina (Markham, 1976; Mpalantinos, 2001) (Tabela 1). A coinjeção da substância AP29(4) com o padrão de rutina em CLAE/UV e a aplicação conjunta em CCD (Rf = 0,35) evidenciou tratarem-se da mesma substância, confirmando-se assim as informações espectrométricas obtidas. Figura 2. Estrutura química da rutina - AP29(4). 82 Tabela 1. Comparação dos valores obtidos de RMN 1H e de 13 C (400 e 100 MHz) obtidos para AP29(4) com os valores da literatura para rutina (Markham, 1976). Numeração AP29(4) (MeOD) 1 H (ppm) AP29(4) (MeOD) 13 C (ppm) RUTINA (DMSO) 13 C (ppm) 2 158,6 156,4 3 135,6 133,6 4 179,2 177,4 5 159,2 156,6 100,5 98,8 167,6 164,0 95,2 93,6 9 162,9 161,2 10 105,2 105,2 1´ 123,6 121,6 117,6 115,3 3´ 145,9 144,6 4´ 149,9 148,3 6 6,17 (d; J= 1,84 Hz) 7 8 2´ 6,35 (d; J= 1,,88 Hz) 7,66 (d; J= 1,96 Hz) 5´ 6,86 (d; J= 8,4 Hz) 116,1 116,5 6´ 7,62 (dd; J= 2 e 8,44 Hz) 123,1 121,6 Glc1 5,07 (d; J= 7,6 Hz) 104,9 103,4 2 3,44 (m) 75,7 75,3 3 3,40 (m) 78,2 77,4 4 3,27 (m) 72,1 71,1 5 3,28 (m) 77,2 76,6 6 3,80 (d; J= 10,4 Hz) 68,6 68,7 Ram1 4,5 (s) 102,4 102,0 2 3,63(m) 71,4 71,5 3 3,54 (dd; J= 9,48 e 3,36 Hz) 72,2 71,7 4 3,27 (m) 73,9 73,2 5 3,40 (m) 69,7 69,7 6 1,11 (d; J= 6,2 ppm) 17,9 18,6 * Espectros pág. 184 e 185 (Anexo A e B). 83 A rutina, quercetina-3-O-β-rutinosídeo, já foi isolada na espécie A. zerumbet (Mpalantinos 2001), mas pela primeira vez está sendo verificada para espécie A. purpurata. Entre as propriedades terapêuticas, a rutina possui ação antioxidante, antiinflamatória, mostrou ser protetora gastrintestinal e atua contra a isquemia cerebral (Rodrigues et al., 2003; Selloum et al., 2003; Pu et al., 2007). A presença de rutina na espécie A. purpurata contribui para o conhecimento químico e uso medicinal desta planta. 84 Capítulo 3 Produção de metabólitos especiais em culturas organogênicas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 3.1. Flavonóides produzidos por plantas in vitro de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Resumo Plantas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith foram cultivadas in vitro, sob ação de reguladores de crescimento vegetal AIA, TDZ e BAP. A capacidade de produzir rutina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo foi avaliada entre 3 a 4 meses de cultivo in vitro. As plantas cultivadas em TDZ apresentaram raízes e brotos curtos. O enraizamento foi de 100% para todos os tratamentos. Poucas foram as variações quanto a morfogênese e desenvolvimento entre os reguladores usados. A concentração relativa de fenóis foi maior para os extratos de plantas oriundas do meio controle (100%), em relação aos outros tratamentos in vitro e as plantas de campo (80%). A produção de rutina foi mais pronunciada em relação aos outros flavonóides, para todos os tratamentos in vitro. A combinação AIA + TDZ induziu maior produção de rutina (0,072 mg.g -1 folha seca) e kaempferol-3-O-glicuronídeo (0,029 mg.g -1 folha seca). O aumento da concentração de fenóis totais não correspondeu a maior concentração de flavonóides, indicando que outras substâncias fenólicas foram estimuladas em culturas in vitro de A. zerumbet. Palavras-chave: cultivo in vitro, Folin-Ciocalteau, rutina, substâncias fenólicas, kaempferol-3-Oglicuronídeo, Zingiberaceae 85 Introdução Os metabólitos especiais são produtos resultantes da adaptação das plantas ao meio ambiente, estão relacionados à proteção da planta contra infecção por microorganismos patogênicos, pragas e radiação ultravioleta (Macías et al., 2007). A diversidade destes metabólitos compõe uma gama de alternativas terapêuticas oferecida pelas plantas medicinais que por séculos são utilizadas e investigadas (Gurib-Fakim, 2006). Várias substâncias derivadas de plantas são atualmente utilizadas na produção de medicamentos, cosméticos e produtos agrícolas (Bourgaud et al., 2001; Rao & Ravishankar, 2002). Apesar dos avanços na área de síntese química, muitos substâncias são de difícil obtenção o que torna a produção in vitro uma metodologia vantajosa, pois independe das condições ambientais e pode dispor de matéria-prima vegetal continuamente (Rao & Ravishankar, 2002). O estabelecimento de um sistema in vitro para as espécies medicinais possibilita a manipulação de vários fatores físicos e químicos que podem influenciar na produção dos metabólitos secundários, mantendo condições padronizadas de cultivo (Collin, 2001; Rao & Ravishankar, 2002; Canter et al., 2005). A espécie Alpinia zerumbet é tradicionalmente utilizada em várias regiões tropicais e subtropicais por suas propriedades medicinais e aromáticas (Zoghbi et al., 1999; Kress et al., 2002). Esta espécie dispõe de importantes metabólitos especiais: taninos, kavalactonas, terpenóides e flavonóides, constituindo um potente recurso natural para uso terapêutico (Mpalantinos et al., 1998; Kuster et al., 1999; Albuquerque & Neves, 2004; Yoda & Yamakawa, 2006). Em vários estudos, as auxinas e citocininas influenciaram a produção de metabólitos secundários em culturas de tecidos (Piñol et al, 1985; Palazón et al., 1995; Sudriá et al., 1999; Affonso et al., 2007). Estas substâncias reguladoras do crescimento vegetal quando em contato 86 com receptores da célula desencadeiam as respostas de diferenciação e desenvolvimento vegetal, com conseqüências nas vias do metabolismo secundário (McSteen & Zhao, 2008). Este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de flavonóides em plantas in vitro de A. zerumbet cultivada sob diferentes reguladores de crescimento vegetal. Material e Métodos Material vegetal O exemplar de Alpinia zerumbet foi obtido na área externa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CCS - bloco H), identificado e depositado no Herbário do Jardim Botânico (RB) do Rio de Janeiro, sob o número RB 433485. Condições de cultivo in vitro As culturas foram iniciadas a partir de brotos do rizoma. As plantas foram introduzidas em vidros (16 x 8 cm) contendo meio líquido MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas (tiamina-HCl 1,3 µM, piridoxina 3 µM e ácido nicotínico 4,1 µM), mio-inositol 0,6 mM, sendo o pH ajustado para 5,8. Depois do estabelecimento das culturas, as plantas foram subcultivadas em diferentes meios com reguladores de crescimento vegetal: MS0 (controle); AIA - ácido indolacético (2 mg.L-1); TDZ - tidiazuron (2, 4 e 8 mg.L-1, respectivamente); BAP - 6-benzilaminopurina (2 mg.L-1); AIA 2 + TDZ 2 (2 mg.L-1 cada) e AIA 2 + BAP 2 (2 mg.L-1 cada). As culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes tubulares (20 W T–12, General Electric®), e fotoperíodo de 16 h. Com 3 meses, as plantas foram avaliadas quanto ao número de brotos, altura dos brotos, número de folhas e enraizamento. 87 Extração por ultrassom Folhas secas e trituradas (2 g) foram misturadas em etanol 70% e tratadas em banho de ultrassom na freqüência ultra-sônica de 40 kHz, por 45 min (60oC), em cuba de ultrassom (Thornton Unique, modelo 1400 USC, 120 W). Os experimentos foram realizados em triplicata. A metodologia de extração utilizada nestes experimentos foi avaliada quanto a eficiência e rapidez (ver Item 2.1). Determinação de fenóis totais A quantificação de fenólicos foi realizada pelo método de Folin-Ciocalteau. Os extratos hidrooalcólicos das plantas de campo e in vitro foram dissolvidos a 70% de etanol na concentração de 1 mg.mL-1. Foi utilizada uma alíquota de 0,5 mL da solução do extrato bruto, na qual foi adicionada 2 mL de solução aquosa de Folin-Ciocalteau a 10% e, após 3 min, 2 mL de solução aquosa de carbonato de sódio a 7,5%. A mistura foi homogeneizada e incubada por 30min em banho-maria a 50ºC. Posteriormente, a absorvância foi medida em espectrofotômetro Shimadzu 1601, usando-se os controles: (1) Folin-Ciocalteau + carbonato de sódio e (2) solução do extrato bruto. A leitura das absorvâncias foi feita no espectrofotômetro a 740 nm. A quantificação foi feita por meio de uma curva analítica preparada com ácido gálico (Riedel-deHaen): y = 0,0229x + 0,0968, R2 = 0,9993, onde y é a absorvância e x a concentração em µg equivalentes de ácido gálico (EAG) por mg de extrato bruto. Os valores foram expressos em %, considerando o meio MS0 (controle) 100%. Todas as avaliações forma feitas em triplicatas. Padrões de flavonóides 88 Os flavonóides foram verificados utilizando os seguintes padrões: kaempferol-3-Oglicuronídeo (82% pureza), kaempferol-3-O-rutinosídeo (91% pureza) e rutina (98% pureza). Os flavonóides da classe do kaempferol foram isolados da espécie Alpinia zerumbet Roxb. e identificados por RMN (Mpalantinos et al., 1998), a rutina foi obtida comercialmente da Merck. Análise por cromatografia de Camada Delgada (CCD) A CCD foi feita para verificação prévia da presença de flavonóides nos extratos. Uma alíquota da fração foi aplicada em cromatofolha de alumínio (sílica gel 60/20x20 F254 nm Merck®) e eluídas em acetato de etila, ácido fórmico e água (65/20/15, v/v/v). A verificação das bandas indicativas da presença de flavonóides, na cromatofolha, foi observada sob luz UV 254 e 366 nm (Upland/USA modelo UVGL-58, 115-60 Hz, 0,16 amps) e reveladas por NP (C14H16BNO -2aminoetilfenilborato, 1 mg/mL em etanol, Spectrum®) seguido de PEG (polietilenoglicol 4000, 5% em etanol, Fluka®). A presença dos flavonóides rutina, kaempferol-3-O-rutinosídeo e kaempferol-3-O-glicuronídeo foi verificada nos extratos, através da corrida concomitante com os padrões. Solventes e Reagentes Os solventes utilizados possuíam grau técnico para CLAE, Tedia. Outros solventes utilizados na extração e suspensão do material tinham grau analítico (P.A.). A água utilizada foi purificada pelo sistema Milli-Q. Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) 89 Os extratos hidroalcóolicos (70% etanol) obtidos a partir das folhas de A. zerumbet por extração em ultrassom (45 min) foram filtrados a vácuo e suspensos em metanol e água desionizada (70% metanol), na concentração de 50 mg.mL-1 para injeção em aparelho de CLAE. A análise em CLAE acoplada ao detector de feixes fotodiodos foi realizada utilizando aparelho Shimadzu equipado com bomba LC-10AD e detector SPD-M10A. A separação foi feita em coluna de fase reversa C18 (Lichrosorb-RP-18, S5-100-ODC) (25 cm x 4,6 nm), contendo sílica do tipo octadecil silicato de 5 µm de 100 Å como fase fixa, a temperatura ambiente. A fase móvel foi água ultrapura (Milli-Q) com 0,1% de ácido fosfórico 85% (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B): 1-10 min (30%); 20 min (40%); 60 min (100%) de B, fluxo de 1.0 mL/min, leitura a 254 nm e 360 nm. Os flavonóides foram detectados através dos seus tempos de retenção (TR), espectro ultravioleta em comparação com os espectros dos padrões de flavonóides e pela co-injeção com amostras autênticas (Anexo C, pág. 186). Para co-injeção, foi preparada uma mistura (1:1, v/v) do extrato a 50 mg.mL-1 e de cada padrão, em separado, a 1 mg.mL-1. Os padrões foram diluídos a 70% de metanol na concentração de 1 mg.mL-1 e analisados no mesmo sistema de eluição para CLAE. Diferentes concentrações dos padrões foram injetadas para construção da curva analítica e avaliação quantitativa dos flavonóides. As injeções foram feitas em triplicatas. A concentração destes flavonóides nas amostras foi obtida, após cálculo de dispersão dado pela curva y = ax - b, onde y representa a área do sinal e x a respectiva concentração em mg.mL-1. Análises Estatísticas Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as comparações estatísticas entre as médias foram feitas utilizando o teste de Tukey, considerando p<0,05, no programa Graph Pad Instat 3.0 para Windows®. 90 Resultados e Discussão As vias do metabolismo secundário são integradas ao desenvolvimento vegetal (Hartmann, 1996). A máxima produção de metabólitos secundários ocorre no estágio final do crescimento vegetal, no qual o carboidrato e o nitrogênio são redirecionados para biossíntese dos metabólitos secundários (Collin, 2001; Lisiewska et al., 2006). Em vista disto, plantas entre 3 e 4 meses de cultivo in vitro, estágio caracterizado por contínua produção e alongamento de brotos e aumento no número de folhas e raízes (Figura 1, Tabela 1), foram utilizadas para os ensaios fitoquímicos. 14 tam an h o b ro to (cm ) 12 A B 10 8 6 4 2 0 mês 1 mês 2 mês 3 mês 4 Figura 1. A - Estágios de crescimento in vitro de Alpinia zerumbet em meio MS0. B - Plantas in vitro no tratamento acrescido de AIA 2 mg.L-1, com 3 meses. Barra = 1 cm. As respostas morfogênicas das plantas de A. zerumbet são mostradas na Tabela 1. Plantas oriundas do meio com 2 mg.mL-1 TDZ apresentaram raízes e brotos curtos, características já mencionadas por Davies (1990) como resposta ao TDZ. A porcentagem de enraizamento atingiu 100% para todos os tratamentos o que possibilita maior sucesso no processo 91 de aclimatação. A adição de citocininas ao meio não surtiu efeito na indução de novos brotos em relação ao controle. Poucas foram as variações morfológicas in vitro, em relação as brotações, folhas e raízes. Embora o TDZ e BAP mostrem efeitos significativos para o aumento de brotações em várias culturas in vitro (Murthy et al., 1998; Singh et al., 2003; Peddaboina et al., 2006). Tabela 1. Efeito dos reguladores de crescimento no desenvolvimento in vitro de Alpinia zerumbet, com 3 meses. Reguladores controle Número brotos 2,8±0,2ab ab Altura brotos (cm) 5,1±0,3 a ac Raiz (%) 2,2±0,1 b 100 ab 100 AIA 2 3,0±0,7 TDZ 2 3,0±0,4 ab 2,9±0,1 c 3,2±0,2 ab 100 TDZ 4 3,1±0,5 ab ac ab 100 TDZ 8 3,7±0,4 a 3,8±0,2 bc 3,4±0,1 ab 100 BAP 2 2,0±0,2 b b a 100 AIA 2 + TDZ 2 3,0±0,2 a 4,2±0,3 ac 3,3±0,1 ab 100 AIA 2 + BAP 2 ab ac ab 100 3,0±0,2 5,2±0,5 Número folhas 4,1±0,4 4,3±0,2 4,1±0,1 3,6±0,2 3,2±0,1 2,9±0,1 3,3±0,1 n ≥ 30. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas, p<0,05, Tukey. A metodologia de CCD não foi favorável na detecção qualitativa do kaempferol-3-Oglicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo em plantas in vitro, somente a rutina (Rf= 0,69) foi observada por CCD. Entre os fenóis totais apresentados na Tabela 2, parte se deve a presença dos flavonóides rutina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo detectados por CLAE (Figura 2). Este é a primeira referência quanto à presença destes flavonóides em sistemas in vitro. Os flavonóides representam o grupo com maior diversidade e distribuição entre as substâncias fenólicas de ocorrência vegetal (Miliauskas et al., 2004). Estes flavonóides estão relacionados à 92 ação terapêutica da espécie contra doenças cardiovasculares (Mpalantinos et al., 1998; Stanely & Karthick, 2007). A alta concentração de fenóis totais obtida para as plantas cultivadas em meio MS0 está relacionada ao aumento de outras substâncias fenólicas, além dos flavonóides. Os fenóis estão relacionados a várias atividades terapêuticas: antioxidante, antimutagênica, antihipertensiva, anti-hemorrágica e antiviral (Takahama & Oniki, 2000; Konczak-Islam et al., 2003). Condições de estresse para a planta induzem respostas no aumento de metabólitos secundários (Bourgaud et al., 2001). A produção de substâncias fenólicas foi maior na condição in vitro, meio controle (MS0) (Tabela 2). O tratamento com AIA 2 mostrou 39,2% de fenóis totais em relação ao controle (100%). Collin (2001) relata que algumas auxinas parecem agir inibindo as vias de produção de metabólitos secundários. Não houve linearidade entre a produção de fenóis totais e flavonóides para as plantas in vitro. A produção de flavonóides in vitro foi reduzida em relação à planta de campo (Tabela 2), sugerindo que outras substâncias fenólicas como os taninos e terpenos foram responsáveis pelo aumento dos fenóis totais em plantas in vitro. Vários fatores influenciam a produção de metabólitos secundários: origem geográfica, condições climáticas, período do ano, etc. (Miliauskas et al., 2004). Para as plantas in vitro, a origem e condição fisiológica do material vegetal introduzido in vitro é um dos principais fatores que alteram as respostas das culturas, visto que as condições de cultivo são padronizadas e passíveis de serem reproduzidas. 93 Tabela 2. Conteúdo de flavonóides obtido por CLAE em extratos hidroalcóolicos de folhas de Alpinia zerumbet cultivadas no campo e in vitro (3-4 meses). In vitro (µg.g -1 folha seca) Campo Substâncias fenólicas Rutina (mg.g -1 MS0 folha seca) (controle) AIA 2 TDZ 2 TDZ 4 TDZ 8 BAP 2 AIA 2 AIA 2 TDZ 2 BAP 2 5,65* 6,6 ± 0,8* 16,5 ± 0,9* 8,2 ± 0,6* 5,6 ± 0,3* 4,4 ± 1,3* 10,9 ± 1,3* 83,2± 18* 6,6 ± 0,7* 2,57 11,2 ± 4,0 12,5 ± 0,7** 18,1 ± 0,5**▲ 13,5 ± 1,8** 8,0± 0,6 17,1± 0,1**▲ 29,0± 1,0 * 4,0 ± 0,8 1,74 22,0 ± 1,5 24,1 ± 0,7 23,1 ± 1,2 18,4 ± 1,0 14,3 ± 1,6■ 25,2 ± 1,6 27,0± 5,1 17,4 ± 0,1■ 87 100 39,2 49,1 51,6 50,9 52,2 65,4 n.d. y = 3.10-7 x – 31152 Kaempferol glicuronídeo y = 1.10-7 x – 51000 Kaempferol rutinosídeo y = 2.10-7 x – 235371 Fenóis totais (%) Valores representam a média ± DP, n= 3, Tukey: * p< 0,001, indica diferenças estatísticas em relação a AIA 2 + TDZ 2. ** p<0,05, indica diferenças estatísticas em relação a AIA 2 + BAP 2. ▲ p < 0,05, indica diferenças estatísticas em relação a TDZ 8. ■ p< 0,05, indica diferenças estatísticas em relação a AIA 2 + TDZ 2. Para a avaliação estatística foi considerado cada flavonóide em separado. n.d. – não determinado. 94 tempo de retenção (min) Figura 2. Perfis cromatográficos (CLAE) das plantas in vitro de Alpinia zerumbet. A. MS0, B. AIA 2 + TDZ 2, C. TDZ 8, D. AIA 2. 1. rutina, 2. kaempferol-3-O-rutinosídeo e 3. kaempferol-3O-glicuronídeo. 95 O perfil cromatográfico das plantas in vitro revelou a presença de 10 substâncias, sendo os sinais 1, 2 e 3 referentes aos flavonóides rutina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3O-rutinosídeo (Figura 2). Os sinais que apresentaram maior variação conforme o tratamento com reguladores de crescimento estão mostrados como 4, 5 e 6 (Figura 2 e 3) e não foram possíveis de serem identificados. Por comparação do espectro UV existe uma indicação quanto ao sinal 4, que poderia ser a substância 5,6-desidrokavaína, comprimento de onda a 214, 259 e 344 nm, uma kavalactona já isolada e identificada em extratos de A. zerumbet por Mpalantinos (2001) (Figura 3). As kavalactonas são importantes na terapêutica por agirem no Sistema Nervoso Central, atuando como sedativas, calmantes, analgésica, anticonvulsivante e antidepressivas (Whitton et al., 2003; Cass, 2004; Bilia et al., 2004). 214 (nm) TR 259 47.4 344 216 (nm) 285 346 TR 49.58 214 (nm) 346 TR 51.77 Figura 3. Espectros de UV (CLAE) dos sinais 4, 5 e 6 e seus respectivos tempos de retenção (TR) referidos no cromatograma (Figura 2), de plantas in vitro de Alpinia zerumbet. Os flavonóides agem como modulador endógeno das auxinas: podem inibir o transporte polar das auxinas com conseqüente acúmulo destas em certas regiões da planta (Brown et al., 2001). Em alguns casos, o acúmulo de auxina pode induzir a síntese de flavonóides (Peer & 96 Murphy, 2007). As auxinas, por outro lado, interferem no tipo de proteína produzida antes ou logo no início do crescimento vegetal, alterando o padrão enzimático e consequentemente os níveis de algumas substâncias em plantas (Silva et al., 2005). O aumento da concentração de rutina nos tratamentos com AIA 2 e AIA 2 + TDZ 2 pode estar relacionado à interação entre os flavonóides, auxinas e citocininas. A combinação da auxina AIA com a citocinina TDZ aumentou em 342% a concentração de rutina em relação ao meio contendo a auxina AIA isolada. Estudos mostram a ação de auxinas naturais e sintéticas no aumento de flavonóides, sugere-se que as auxinas interagem com a enzima flavonóide 3-O-glicosiltransferase, integrante da via sintética dos flavonóides que participa da etapa de glicolisação (Kokubo et al., 2001). Baixa concentração de TDZ (2 mg.mL-1) induziu maior ou igual produção de flavonóides em relação as concentrações 4 e 8 mg.mL-1. Não há citações sobre a influência de TDZ na produção de metabólitos secundários, mas esta citocinina potencializa a morfogênese in vitro de várias culturas com aumento considerável no número de brotos (Venkataiah et al., 2003; Malabadi et al., 2004), já outras citocininas como zeatina e BAP induziram aumento de antocianinas e são sugeridas por influenciarem etapas das vias secundárias (Collin, 2001). A atuação de auxinas e citocininas na produção de metabólitos secundários está relacionada a interação com enzimas da rota biossintética do metabolismo secundário, como a fenilalanina amônialiase, geranil transferase e chalcona sintase (Yang, 2003). As repostas obtidas pelo uso de estimuladores nas culturas também se devem a origem do material, as condições físicas estabelecidas, concentração e tipo de estimulador (Sugiyama, 1999; Rao & Ravishankar, 2002). 97 Conclusão Não foi verificada correlação entre produção de fenóis totais em A. zerumbet e aumento no conteúdo de flavonóides, podendo indicar o aumento de outras substâncias fenólicas. A produção de rutina foi significantemente influenciada pela combinação de AIA e TDZ. Os reguladores de crescimento vegetal induziram respostas diferenciadas na produção de flavonóides, no entanto a concentração relativa foi menor para todos os tratamentos in vitro em relação aos extratos obtidos de plantas de campo. Este trabalho contribui para a avaliação dos efeitos das citocininas da classe das feniluréias como o TDZ no metabolismo secundário, ainda escassos. 98 3.2 Produção de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo em plantas in vitro de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum Resumo O acúmulo de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foi avaliada em culturas organogênicas de Alpinia purpurata. Por 3 a 4 meses as plantas foram mantidas em meio MS (Murashige & Skoog) suplementado com diferentes reguladores de crescimento vegetal: MS (controle), TDZ (2 e 4 mg.L-1); BAP 2 (2 mg.L-1) e AIA 2 + TDZ 2 (2 mg.L-1 cada). O meio líquido foi mais propício para multiplicação das culturas. O uso de TDZ (4 mg.L-1) e BAP (2 mg.L-1) produziu plantas com menor número de folhas e tamanho da lâmina foliar. A concentração relativa de kaempferol-3-O-glicuronídeo foi maior que a de rutina para todos os tratamentos in vitro, com exceção do meio controle no qual as plantas não produziram kaempferol-3-O-glicuronídeo. Aumento significativo de kaempferol-3-O-glicuronídeo foi verificado para os tratamentos BAP 2 (0,030 mg.100 mg-1 extrato seco) e AIA 2 + TDZ 2 (0,030 mg.100 mg-1 extrato seco). Com a adição de 2 mg.L-1 de BAP, a concentração de rutina também aumentou na proporção de 1:4. Os resultados mostraram que a manipulação de sistema in vitro com reguladores de crescimento vegetal interfere na produção de flavonóides em A. purpurata. Estes dados trazem perspectivas para o estudo fisiológico e biotecnológico da produção de metabólitos secundários. Palavras-chave: cultura de tecidos, flavonoides, hormônio vegetal, Zingiberaceae. 99 Introdução O sistema de organogênese direta in vitro permite a propagação de plantas selecionadas, uniformes, de forma contínua, sendo uma fonte constante de biomassa (Rao & Ravishankar, 2002). A produção de metabólitos secundários em sistemas de cultura de tecidos vegetais oferece a vantagem da produção independente das condições ambientais e dos diferentes estágios de desenvolvimento do vegetal, evitando também riscos futuros ao meio ambiente por conseqüência do extrativismo (Collin, 2001; Canter et al., 2005). A produção de metabólitos secundários varia conforme a composição do meio de cultura: substâncias inorgânicas, carboidratos e reguladores de crescimento vegetal; e os estágios de crescimento da cultura (Collin, 2001). O uso de reguladores de crescimento vegetal é muito comum para se obter uma resposta adequada do desenvolvimento vegetal in vitro como maior número de brotos, alongamento dos brotos e enraizamento (Gaspar et al., 1996; Sugiyama, 1999). As interações hormonais regulam as respostas fisiológicas quanto ao desenvolvimento vegetal e produção de metabólitos (Gaspar et al., 1996; Bais et al., 2001; Zhao et al., 2001). A habilidade de manipular sistemas de cultivo in vitro pode ser de alto valor para produção de substâncias biologicamente ativas (Pletsch, 1998; Konczak-Islam et al., 2003) e uma alternativa para produção de metabólitos cuja síntese química é muito cara ou longa, tornando o processo inviável (Collin, 2001). A espécie A. purpurata possui poucas referências medicinais. É utilizada no tratamento das vias respiratórias (Bermudez & Velazquez, 2001). Estudos fitoquímicos da espécie evidenciaram a presença dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo (Victório, 2007), metabólitos importantes no uso terapêutico (Havsteen, 2002; Yang et al., 2008). Os flavonóides estão presentes em várias espécies de Alpinia e apresentam potencial terapêutico no tratamento de 100 doenças cardiovasculares (Pugialli et al., 1993; Mpalantinos et al., 1998). A produção de flavonóides in vitro já foi obtida em culturas de tecidos vegetais (Kokubo et al., 2001; Thiem, 2003), mas este é a primeira evidência dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo. Com este trabalho teve-se o intuito de avaliar a produção de flavonóides em culturas in vitro de A. purpurata sob influência de citocininas e auxinas. Material e Métodos Material vegetal Amostra da planta matriz de Alpinia purpurata foi obtida no pátio do Instituto de Biofísica (IBCCF), UFRJ, Município do Rio de Janeiro, identificada e depositada no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro sob o número RB 433484. Cultivo in vitro Plantas introduzidas in vitro, a partir de brotos florais, foram subcultivadas em meio MS (Murashige & Skoog, 1962) sólido ou líquido, acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas (tiamina HCl 1,3 µM, piridoxina 3 µM e ácido nicotínico 4,1 µM), e mio-inositol 0,6 mM, sendo o pH ajustado para 5,8. A solidificação dos meios foi obtida pela adição de 7,8 g de agar. Foram utilizados os reguladores de crescimento vegetal BAP (6-benzilaminopurina), TDZ (tidiazuron) e AIA (ácido indolacético), isolados e em combinações: MS sólido (controle 1); MS líquido (controle 2); AIA 2 (2 mg.L-1); TDZ 2 e TDZ 4 (2 e 4 mg.L-1, respectivamente); BAP 2 (2 mg.L1 ); AIA 2 + TDZ 2 (2 mg.L-1 cada) e AIA 2 + BAP 2 (2 mg.L-1 cada). Os meios foram esterilizados, em autoclave a 120o C, 1 kgf.cm-2, durante 15 min. As culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes tubulares, subcategoria Duramax Universal (20 W T–12) (General 101 Electric®) e fotoperíodo de 16 h. As plantas foram avaliadas quanto ao número de brotos, tamanho dos brotos, número de gemas e tamanho da lâmina foliar. Extração por ultrassom Folhas foram retiradas de plantas in vitro com 3 a 4 meses e liofilizadas. A suspensão de 20 g folha seca/ 40 mL de etanol 70% foi sonicada na frequência ultrasônica de 40 kHz, por 45 min, em cuba de ultrassom (Thornton Unique, modelo 1400 USC, 120W para obtenção do extrato. Foram feitas triplicatas para cada tratamento in vitro. Para verificar a concentração de flavonóides foram investigados os extratos de plantas oriundas dos meios MS líquido (controle 2), BAP 2 e AIA 2 + TDZ 2. A metodologia de extração utilizada nestes experimentos foi avaliada quanto a eficiência e rapidez (ver Item 2.1). Análise por Cromatografia de Camada Delgada (CCD) A CCD foi feita para verificação prévia da presença de flavonóides nos extratos. Uma alíquota da fração foi aplicada em cromatofolha de alumínio (sílica gel 60/20x20 F254 nm Merck®) e eluídas em acetato de etila, ácido fórmico e água (65/20/15, v/v/v). A verificação das bandas indicativas da presença de flavonóides foi observada sob luz UV 254 nm (Upland/USA modelo UVGL-58, 115-60 Hz, 0,16 amps). Os flavonóides foram revelados por NP (C14H16BNO -2aminoetilfenilborato, 1 mg/mL em etanol, Spectrum®) seguido de PEG (polietilenoglicol 4000, 5% em etanol, Fluka®). A presença dos flavonóides foi verificada nos extratos brutos, depois de corrida concomitante com os padrões (Victório et al., 2007). Solventes e Reagentes Os solventes utilizados para CLAE possuíam grau técnico para CLAE, oriundos do grupo Tedia. Outros solventes utilizados na extração e ressuspensão do material tinham grau analítico 102 (P.A.). A água utilizada para preparar os extratos foi destilada, e para as análises a água foi purificada pelo sistema Milli-Q. O padrão kaempferol-3-O-glicuronídeo (82% pureza) foi obtido a partir de isolamento de extratos de A. zerumbet e identificados por RMN (Mpalantinos et al., 1998). A rutina (98% pureza) foi adquirida comercialmente da Merck. Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Os extratos hidroalcoólicos (70% etanol) obtidos por extração em ultrassom (45 min), a partir das folhas de plantas in vitro de A. purpurata, foram suspensos em metanol e água Milli-Q (70% metanol), na concentração de 50mg.mL-1 e analisados pela metodologia de CLAE. A análise em CLAE acoplada ao detector de feixes fotodiodos foi realizada utilizando aparelho Shimadzu equipado com bomba LC-10AD e detector SPD-M10A. A separação foi feita na coluna de fase reversa C18 (Lichrosorb-RP-18, S5-100-ODC, 25 cm x 4,6 nm), a temperatura ambiente. A fase móvel foi água Milli-Q com 0,1% de ácido fosfórico 85% (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B). O gradiente de eluição foi o seguinte: 1-10 min (30%); 20 min (40%); 60 min (100%) de B, fluxo de 1.0 mL/min, leitura a 254 nm e 360 nm. Os flavonóides foram detectados através dos seus tempos de retenção (TR), espectro ultravioleta em comparação com os espectros dos padrões de flavonóides e pela co-injeção com amostras autênticas. Para coinjeção, foi preparada uma mistura (1:1) do extrato a 50 mg.mL-1 e de cada padrão, em separado, a 1 mg.mL-1 . Os padrões foram diluídos a 70% de metanol na concentração de 1 mg.mL-1 e analisados no mesmo sistema de eluição. Diferentes concentrações dos padrões foram injetadas para construção da curva analítica e avaliação quantitativa. As injeções foram feitas em triplicatas. As curvas analíticas dos padrões de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram obtidas a partir da 103 linearidade entre as concentrações (0,0078 - 0,0625 mg.mL-1) e (0,01325 - 0,25 mg.mL-1), respectivamente. A concentração destes flavonóides nas amostras foi obtida, após cálculo de dispersão dado pela curva y = ax - b, onde y representa a área do sinal e x a respectiva concentração em mg.mL-1. Análises Estatísticas Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as comparações estatísticas entre as médias foram feitas utilizando o teste de Dunnett, considerando todos os valores de p<0,05, utilizando o programa Graph Pad Instat 3.0 para Windows®. Resultados Desenvolvimento das culturas in vitro Os dados do desenvolvimento das culturas in vitro estão na Figura 1. O meio líquido (controle 2) foi mais propício para multiplicação propagativa (Figura 1-I). No entanto, maior alongamento dos brotos foi verificado no meio sólido (controle 1) (Figura 1II). A menor concentração de TDZ (2 mg.L-1) produziu o maior número de brotos em relação aos outros tratamentos, no entanto não diferiu de forma significativa do controle 2. Os meios contendo as citocininas TDZ (4 mg.L-1) e BAP (2 mg.L-1) produziram menor quantidade de material vegetal, devido a redução no número de folhas e tamanho da lâmina foliar (Figura 1-III e IV). As combinações de AIA com TDZ e BAP, em separado, favoreceram o aumento no número de folhas (Figura 1-III). 104 5 ** ** ** 1 .0 ** 0 .5 AIA 2+ BAP 2 AIA 2 + TDZ 2 BAP 2 TDZ 4 TDZ 2 AIA 2 MS0 líquido 0 .0 * # ** ** 4 ** *** 3 ** *** 2 1 0 AIA 2+ BAP 2 ** ** altura dos brotos (cm) 2 .5 1 .5 * 1 0 ## *** 2 0 2 .0 ** AIA2 + TDZ2 1 # BAP 2 2 3 TDZ 4 3 4 TDZ 2 * AIA 2 # 5 MS0 líquido *** MS0 sólido ** númerodebrotos 5 4 6 ** ** MS0 sólido tamanhoda lâmina foliar (cm) númerode folhas 6 Figura 1. Desenvolvimento de Alpinia purpurata com 3 meses in vitro. Diferenças estatísticas (Dunnett, n ≥ 30): #p< 0,001, ##p< 0,05 em relação ao meio MS sólido, *p< 0,001, **p<0,01, ***p<0,05 em relação ao meio MS líquido (controle). 105 Análise dos flavonóides em plantas in vitro O sinal 3 (TR 45.539), monitorado a 254 nm, não foi identificado (n.i.), mas tal substância mostrou concentração relativa pronunciada e considerável aumento nos tratamentos BAP 2 e AIA 2 + TDZ 2 em relação aos outros tratamentos in vitro e as plantas de campo (Figura 2 A-D e Figura 3). O meio TDZ 2 estimulou a produção de n.i. (2) e n.i. (3) (Figura 2 C e Figura 3). A substância n.i. (3) também teve maiores concentrações em meio controle (Figura 2 B e Figura 3). A presença de rutina foi verificada por CCD e concentrações variadas foram determinadas por CLAE em todos os tratamentos in vitro (Figura 4), mostrando maior concentração relativa para os tratamentos BAP 2 e AIA 2 + TDZ 2. O meio BAP 2 estimulou a produção de rutina em relação ao controle (Figura 4). Os tratamentos BAP 2 e AIA 2 + TDZ 2 induziram maior produção de kaempferol-3-O-glicuronídeo quando comparada a TDZ 2. As plantas cultivadas em MS controle 2 não produziram kaempferol-3-O-glicuronídeo (Figura 4). 106 Figura 2. Perfis cromatográficos (CLAE) dos extratos de folhas de plantas in vitro de Alpinia purpurata, após período de 3-4 meses. A. campo, B. MS (controle 2), C. TDZ 2, D. BAP 2 (254 nm, indicando o TR 45.539): 1. rutina, 2. kaempferol-3-O-glicuronídeo, 3. n.i. (1) – 254 nm, 4. n.i. (2) e 5. n.i. (3). E. Plantas in vitro, com 3 meses em TDZ 2, mostrando a estrutura da rutina. BAP 2 TDZ 2 AIA 2+TDZ 2 MS controle 0% 20% 40% 60% 80% rutina n.i.(1) n.i. (2) n.i.(3) 100% Figura 3. Concentração relativa (%) de rutina em relação às substâncias não identificadas n.i.(1): TR 45.539 (254 nm); n.i.(2): TR 47.674; n.i.(3): TR 50.982, determinada pela área relativa obtida por CLAE, a partir de extratos hidroalcóolicos de folhas de plantas in vitro de Alpinia purpurata. 107 0,035 a a mg/100 mg de extrato seco 0,03 b 0,025 a 0,02 0,015 0,01 b c bc 0,005 0 MS controle TDZ 2 rutina BAP 2 AIA 2+ TDZ 2 kaempferol glicuronídeo Figura 4. Concentração de flavonóides nas partes aéreas de plantas de Alpinia purpurata cultivadas in vitro por 3-4 meses, obtida por CLAE e quantificada usando a curva analítica dos padrões. Letras diferentes para cada flavonóide em separado indicam diferenças estatísticas (p< 0,05, Dunnett), n = 3. Discussão O TDZ é uma substância sintética com atividade citocinínica, que apresenta resultados promissores quanto ao aumento na taxa multiplicativa em sistemas de culturas in vitro (He et al., 2007). A introdução de BAP no meio de cultura também induz a formação de brotos, com aumento da taxa multiplicativa em culturas in vitro de espécies de Alpinia (Illg & Faria, 1995, Moron, 2005). Ambas citocininas são comumente utilizadas em cultura de tecidos vegetais. As culturas de A. purpurata não foram responsivas a estes reguladores de crescimento, embora haja descrições sobre o aumento do número de brotos em cultivos desta espécie utilizando BAP (Morón, 2005). Através da co-injeção e comparação dos espectros ultravioleta com amostras dos padrões de flavonóides, utilizando a CLAE, foi verificado os flavonóides rutina (TR= 31.129 min) e 108 kaempferol-3-O-glicuronídeo (TR= 34.578 min). Esta técnica cromatográfica é a mais utilizada para verificação de flavonóides (Rijke et al., 2006). Os flavonóides são metabólitos secundários produzidos como parte da defesa vegetal, principalmente contra a incidência da radiação ultravioleta. Em vista disso, estão em maior concentrações nas folhas, por ser a parte da planta mais exposta a incidência solar (Havsteen, 2001; Ferrer et al., 2008). O extrato hidroalcoólico de folhas de campo de A. purpurata mostrou perfil cromatográfico semelhante ao das plantas cultivadas in vitro (Figura 2). A presença de flavonóides em cultura de tecidos já foi descrita em vários estudos com as famílias: Vitaceae, Oxalidaceae, Lamiaceae, Droseraceae e outras (Kokubo et al., 2001; Collin, 2001; Santos-Gomes et al., 2002; Krolicka et al., 2008); para a família Zingiberaceae constitui-se na primeira citação. Os flavonóides obtidos a partir de espécies de Alpinia são referidos como promissores agentes terapêuticos (Mpalantinos et al., 1998). Embora as respostas quanto aos aspectos morfogênicos não tenham apresentado variações significativas, os meios contendo BAP 2 e AIA 2 + TDZ 2 aumentaram a produção de kaempferol-3-O-glicuronídeo e da substância n.i. (1). Os resultados para aumento das substâncias n.i. (1) e (2) nas folhas de A. purpurata tiveram em comum a presença de TDZ e BAP no meio de cultura em combinação ou isolado. Sugere-se que tanto a auxina quanto a citocininas TDZ e BAP podem estimular etapas enzimáticas da via biossintética dos flavonóides glicosilados. Algumas auxinas, já foram referidas por promoverem a ação da enzima glicosiltransferase que catalisa a glicolisação dos flavonóides (Kokubo et al., 2001). A produção de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo nas plantas de campo foi maior do que nas plantas in vitro. Baixas concentrações dos flavonóides produzidos nas culturas in vitro de A. purpurata podem estar relacionadas à atividade reduzida do aparato fotossintético, devido à baixa intensidade luminosa do sistema in vitro (Hazarika, 2006). Em estudos com plantas in vitro 109 de Nicotiana tabacum foi verificado baixa produção dos carotenóides anteraxantina (1,4%) e zeaxantina (5,1%) sob intensidade luminosa de 60 µmol.m-2.s-2, contra 9,6% e 12%, respectivamente, em relação a intensidade de 200 µmol.m-2.s-2 (Ticha et al., 1998). Outra sugestão para baixa concentração de flavonóides em plantas in vitro, pode estar relacionada à redução da lâmina foliar que limita a área de exposição à luz. Conclusão Os flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram verificados por CLAE em folhas de plantas in vitro de A. purpurata, com aumento pronunciado de kaempferol-3-Oglicuronídeo nos tratamentos utilizando BAP 2, AIA 2 + TDZ 2. Aumento significativo para rutina foi verificado no meio contendo BAP 2. 110 Capítulo 4 Avaliação do óleo essencial e aroma de folhas de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 4.1. Composição do óleo essencial de Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum e Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith Resumo Folhas frescas de Alpinia zerumbet e A. purpurata (Zingiberaceae) foram coletadas na cidade do Rio de Janeiro e sujeitas a hidrodestilação para análise da composição química por CG/EM. Os principais constituintes do óleo das folhas de A. zerumbet foram o terpinen-4-ol (29,4%) e o 1,8 cineol (23,1%). O óleo de folhas de A. purpurata é rico em β-pineno (34,7%) e αpineno (11,8%). Folhas de A. zerumbet foram submetidas aos métodos de extração por destilação simultânea (EDS) e hidrodestilação (HD) para comparação da quantidade relativa e qualidade do óleo essencial entre os métodos. Cerca de 20 (EDS) e 15 (HD) componentes do óleo foram verificados por estes métodos e, com predominância dos monoterpenos. Em ambas amostras, os principais constituintes foram terpinen-4-ol, 1,8 cineol, sabineno e γ-terpineno, com diferenças quantitativas entre os métodos. O método de HD resultou em quantidade menor de substâncias em relação ao EDS. Os constituintes canfeno (0,3%), ρ-2-menta-4(8)-dieno (1.4%) and transhidrato de sabineno (1.0%) foram obtidos somente por EDS. Quantidade relativa de cariofileno e óxido de cariofileno, 3,7% (HD) e 6,8% (EDS) respectivamente, foram verificados. Palavras-chave: óleo essencial, sabineno e terpinen-4-ol. 111 Introdução Várias plantas do gênero Alpinia (Zingiberaceae) são amplamente utilizadas como medicinais e aromáticas em diferentes partes do mundo, devido a diversidade de substâncias com ação terapêutica. No Brasil, Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e tradicionalmente indicada no tratamento da pressão arterial, além de ser muito utilizada em ritos afro-brasileiros (Camargo, 1998; Lahlou et al., 2003; Moura et al., 2005). Várias empresas extraem óleos essenciais de folhas de A. zerumbet, principalmente no Japão (Elzaawely et al., 2007). Alpinia purpurata é comumente utilizada como ornamental, importante no comércio de flores ornamentais, há poucas citações para sua atividade medicinal (Morón, 1987; Bermudez & Velázquez, 2002) onde todas as partes da planta são utilizadas: folhas, flores e rizoma. Esta espécie é também apreciada como condimento, na perfumaria e como desinfetante natural (Lobato et al., 1989). O sabor e a fragrância são determinados pela composição do óleo essencial, quesito importante na identificação do condimento e qualidade do aroma. Para o uso terapêutico, avaliar a qualidade e quantidade dos constituintes do óleo essencial é imprescindível para relacionar às respostas terapêuticas. A composição do óleo essencial de A. zerumbet já foi descrita para amostras oriundas de outras regiões do Brasil e do mundo (Jia et al., 1987; De Pooter, 1995; Zoghbi et al., 1999; Ali, et al. 2002; Elzaawely et al., 2007). As técnicas de hidrodestilação (HD) e extração por destilação simultânea (EDS.) são comumente utilizadas na análise de substâncias voláteis. A técnica EDS foi introduzida por Likens & Nickerson em 1964 e apresenta a vantagem de permitir a análise qualitativa do óleo essencial usando pouca quantidade de material vegetal em curto tempo de extração (Nickerson & 112 Likens, 1966). A desvantagem da técnica de extração é a mistura do óleo com o solvente (Teixeira et al., 2007). O objetivo deste estudo foi caracterizar o óleo essencial de A. zerumbet e A. purpurata a partir de folhas coletadas na cidade do Rio de Janeiro, e comparar as metodologias de extração: hidrodestilação e extração simultânea por destilação para o óleo de folhas de A. zerumbet. Material e Métodos Material vegetal Folhas de Alpinia zerumbet e A. purpurata foram coletadas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Exsicatas foram identificadas no Herbário do Jardim Botânico (RB) do Rio de Janeiro, e depositadas sob o número RB 433485 (A. zerumbet) e RB 433484 (A. purpurata). Extração por hidrodestilação (HD) Os óleos essenciais foram extraídos por HD e diluídos em clorofórmico para injeção no CG/EM. Cerca de 300 g de folhas frescas de plantas maduras de A. zerumbet e A. purpurata foram coletadas em Abril de 2005, fragmentadas e introduzidas em um balão de vidro (2 L de capacidade), o volume foi completado com água destilada até cobrir as folhas. A extração dos óleos essenciais foi realizada por hidrodestilação, por 3 h, utilizando equipamento tipo Clevenger. Extração por destilação simultânea (EDS) Para comparar as metodologias HD e EDS foram feitas coletas de folhas de plantas maduras de A. zerumbet em Novembro de 2007. A extração por HD foi realizada de acordo com o mesmo procedimento descrito no item acima. Cerca de 5 g de folhas frescas foi homogeneizada com 80 mL de água destilada e submetida a extração em aparelho de EDS (Godefroot et al., 113 1981) por 2 h, utilizando 2 mL de diclorometano. Para manter baixa a temperatura da água que entra no aparelho, utilizou-se uma caixa de isopor contendo gelo e uma bomba de aquário para promover a circulação da água. Análise da composição do óleo essencial As análises por cromatografia a gás (CG/DIC) foram efetuadas em aparelho Varian Star 3400 equipado com coluna DB-5/MS (30 m × 0,25 mm, 0,25 µm). O hidrogênio foi utilizado como gás de arraste, fluxo 1 mL.min-1. A temperatura do injetor foi 270oC, a programação da temperatura da coluna - 60ºC a 290ºC, 3°C/min. Foi injetado 1 µL do oleo dissolvido em clorofórmico ou diclorometano (EDS), sem divisão de fluxo. As análises por cromatografia a gás acoplada a espectrofotômetro de massas (CG/EM) foram realizadas em cromatógrafo Hewlett Packard HP5890 acoplado a um detector seletivo de massas HP5972, operando no modo impacto de elétrons 70 eV, divisão de fluxo 1:40. Utilizou-se uma coluna de sílica fundida HP5-MS (30 m × 0,25 mm, 0,25 µm), hélio carreador a uma velocidade de 36,8 cm/s, fluxo de 1,03 mL/min. As condições cromatográficas foram: temperatura do injetor a 260°C e da interface a 200 °C. A programação de temperatura foi de 60 a 240ºC, 3°C/min). Identificação dos componentes do óleo essencial Os componentes químicos foram identificados por comparação dos espectros de massas com a biblioteca NIST 98 (National Institute of Standards and Technology) e com os espectros disponíveis na literatura especializada para coluna DB5 (Adams, 1989), similar a HP5. A confirmação dos componentes químicos foi obtida após cálculo do índice de Kovats (IK), 114 utilizando uma série homóloga de hidrocarbonetos alifáticos saturados (C9 a C24) nas mesmas condições especificadas para as cromatografias dos óleos essenciais. Resultados e Discussão As condições climáticas da cidade do Rio de Janeiro, em Abril de 2005 eram: temperatura mínima 25ºC e máxima 35ºC, umidade relativa 85% e precipitação 140 mm (dados obtidos da página eletrônica do Instituto Nacional de Meteorologia, Brasil). Tais características e outras relacionadas ao tipo de solo, local de coleta, período do dia, estação do ano, fase do desenvolvimento vegetal são fatores cruciais na composição e diversidade do óleo essencial (Milauskas et al., 2004; Gobbo-Neto & Lopes, 2007). O rendimento foi calculado em base fresca, sendo verificado maior rendimento para espécie A. zerumbet (Tabela 1). Os componentes do óleo essencial de A. zerumbet e A. purpurata, obtidos em Abril 2005, estão apresentados na Tabela 2. Tabela 1. Resultados referentes ao óleo essencial extraído da espécie A. zerumbet e A. purpurata. Espécie Rendimento Coloração (%) Coleta Mês/Ano Período do dia A. zerumbet 0,44 incolor Abril/2005 matutino A. purpurata 0,032 amarela Abril/2005 matutino Os componentes principais do óleo essencial das folhas de campo de A. zerumbet foram terpinen-4-ol (29,4%), 1,8 cineol (23,1%) e γ–terpineno (16,1%). Os monoterpenos foram a classe predominante. O principal componente químico, terpinen-4-ol, tem ação anti-hipertensiva e antimicrobiana (Lahlou et al., 2003). Este também foi verificado em maior concentração 115 relativa em outras amostras coletadas em diferentes regiões: Pará (22,7%) e Ilhas Fiji (40,9%) (Zoghbi et al., 1999; Ali et al., 2002). O constituinte 1,8 cineol foi verificado como principal componente no óleo de plantas das Ilhas Fiji (13,2%) e Okinawa (Japão) (18,8%) (Ali et al., 2002; Elzaawely et al., 2007). O 1,8 cineol ou eucaliptol possui comprovada atividade antimicrobiana (Janssen et al., 1985; Ünlü et al., 2002; Matasyoh et al., 2007) e no sistema cardiovascular (Lahlou et al., 2002). O óleo essencial de plantas coletadas no Rio Grande do Sul apresentaram β–pineno (37,3%), 1,8 cineol (24,9%) e α–pineno (19,1%) (Brasil e Silva et al., 1977) Ao contrário, neste estudo foi verificado baixas concentrações do β-pineno (3,8%) e α–pineno (1,7%). Tabela 2. Composição do óleo essencial determinado por CG/EM e CG/DIC de Alpinia zerumbet e A. purpurata coletadas em Abril de 2005, Rio de Janeiro. No. Componentes IR cal. Área relativa (%) Alpinia zerumbet Alpinia purpurata 1 α-tujeno 933 4,1 - 2 α –pineno 940 1,7 11,8 3 canfeno 950 - 1,5 4 sabineno 979 7,2 - 5 ß-pineno 979 3,8 34,7 6 α -terpineno 1023 3,3 - 7 limoneno 1026 - 1,7 8 ρ-cimeno 1032 4,6 - 9 limoneno 1036 1,8 - 10 1,8 cineol 1038 23,1 - 11 γ-terpineno 1068 16,1 - 12 linalol 1092 - 1,4 13 trans-pinocarveol 1129 - 1,2 14 pinocarvona 1155 - 0,9 116 continuação 15 borneol 1159 - 0,8 16 terpinen-4-ol 1184 29,4 0,6 17 α-terpineol 1186 - 1,1 18 mirtenal 1189 - 1,8 19 mirtenol 1191 - 1,0 20 acetato de bornila 1281 - 1,9 21 ρ-cimen-7-ol 1292 - 4,8 22 trans-sabinyl acetate 1294 - 1,1 23 trans-pinocarvyl acetate 1307 - 2,8 24 acetato de piperila 1320 - 0,5 25 ß-damascenona 1344 - 0,4 26 longifoleno 1408 - 0,8 27 β-cariofileno 1425 2,2 - 28 acetato de nerila 1451 - 3,3 29 ß-chamigreno 1474 - 1,5 30 γ-himachaleno 1476 - 2,3 31 γ-muuroleno 1481 - 0,5 32 germacreno D 1484 - 3,4 33 guaiol 1507 - 6,0 34 óxido de cariofileno 1590 1,4 - 35 3-tujopsanona 1647 - 0,9 36 α-eudesmol 1658 - 0,9 37 14-hidroxi-δ-cadineno 1785 - 2,6 38 3-α-hidroxi-manool 2343 - 3,2 Monoterpenos (%) 97,2 73,2 Sesquiterpenos (%) 1,4 21,8 O óleo essencial de folhas de A. purpurata foi caracterizado pela presença de 73,2% de monoterpenos, entre eles, os principais foram o β–pineno (34,7%) e α-pineno (11,8%). Área relativa similar de β–pineno (29,4%) foi verificado em folhas de plantas coletadas nas Ilhas Fiji 117 (Ali et al., 2002). Os pinenos estão relacionados à proteção contra convulsão tônica (Sayyah et al., 2002), possuem atividade espasmogênica (Lis-Balchin et al., 1999). O α–pineno compõe um medicamento utilizado para dissolver cálculos na vesícula biliar, doença colelitíase (GomesCarneiro et al., 2005). A técnica de extração é essencial na determinação quantitativa e qualitativa do óleo essencial (Mejdoub & Katsiotis, 1998; Sorensen & Katsiotis, 2000). Os componentes do óleo essencial após HD e EDS estão listados na Tabela 3. Foram obtidas 20 substâncias por EDS e 15 por HD. Os constituintes foram agrupados em 4 classes principais: monoterpenos hidrocarbonos e oxigenados e sequiterpenos: hidrocarbonos e oxigenados. O óleo essencial de A. zerumbet coletado no Rio de Janeiro (RJ) é rico em monoterpenos oxigenados. Os principais constituintes do óleo essencial foram o terpinen-4-ol, 1,8 cineol, sabineno e γ-terpineno, representando 61,7% (EDS) e 62,6% (HD) do óleo total. Os sesquiterpenos foram verificados em baixas concentrações tanto para a técnica HD (3,7%) quanto para EDS (6,8%). Foram poucas as diferenças obtidas entre as técnicas. Pelo método EDS, foi verificado o dobro da porcentagem (27,7%) de sabineno. Enquanto por HD os principais foram γ-terpineno e terpinen-4-ol. Os componentes adicionais verificados pelo método EDS não resultam de artefatos térmicos porque já foram verificados em óleos de outras amostras de A. zerumbet (Jia et al., 1987; Elzaawely et al., 2007). 118 Tabela 3. Composição do óleo essencial de Alpinia zerumbet extraído por EDS e HD, Novembro 2007, determinada por CG/EM e CG/DIC. No. Componentes IR Área relativa (%) EDSa HDa 1 tricicleno 927 2,4 3,5 2 α -pineno 936 2,0 2,0 3 canfeno 953 0,3 - 4 sabineno 974 27,7 14,2 5 ß-pineno 979 2,2 5,4 6 mirceno 988 1,1 1,2 7 α -terpineno 1017 2,5 3,8 8 ρ-cimeno 1026 2,0 3,4 9 limoneno 1030 1,8 1,04 10 1,8 cineol 1034 15,6 16,0 11 γ-terpineno 1059 7,4 13,1 12 cis-hidrato de sabineno 1072 1,3 1,8 13 ρ-2-menta-4(8)-dieno 1085 1,4 - 14 trans-hidrato de sabineno 1098 1,0 - 15 linalol 1100 1,9 1,4 16 n.i. b 1125 0,6 - 17 terpinen-4-ol 1181 11,0 19,3 18 α-terpineol 1194 1,3 2,6 1324 1,4 1,4 b 19 n.i. 20 β-cariofileno 1418 4,6 2,4 21 óxido de cariofileno 1581 2,2 1,3 Monoterpenos hidrocarbonos 50,4 47,6 Monoterpenos oxigenados 32,1 41,1 Sesquiterpenos hidrocarbonos 4,6 2,4 Sesquiterpenos oxigenados 2,2 1,3 Total identificado 88,7 87,3 a Análises em duplicata. b não identificado. 119 A Figura 1A mostra os constituintes em maior concentração relativa obtidos para A. zerumbet, por HD, comparando dois períodos de coleta: Abril e Novembro. A Figura 1B, mostra a área relativa (%) dos componentes principais do óleo de folhas coletadas em Novembro 2007, comparando as técnicas de extração HD e EDS. 30 A 30 25 20 Abril 15 Novembro 10 5 Á rea relativa (% ) Á rea relativa (% ) 35 B 25 20 HD 15 EDS 10 5 0 0 sabineno 1,8 cineol terpinene terpinen-4-ol sabineno 1,8 cineol terpinene terpinen-4-ol Figura 1. Área relativa (%) obtida por CG/DIC dos principais componentes do óleo essencial de Alpinia zerumbet. A. Abril 2005 e Novembro 2007. B. Novembro 2007 (HD e EDS). Conclusão Os principais componentes do óleo essencial de A. zerumbet pertencem à classe dos monoterpenos. O óleo essencial de A. zerumbet coletada no Rio de Janeiro, apresenta os componentes sabineno, 1,8 cineol, terpineno e terpinen-4-ol como seus principais componentes nos dois períodos de coleta (Abril e Novembro). Conforme a variação sazonal, os resultados obtidos indicam que é mais favorável o mês de Abril para coleta do material vegetal. Para as diferentes metodologias de extração foram obtidos os mesmo constituintes principais; sendo a técnica de EDS mais eficiente, por extrair 4 componentes a mais que a HD. Através da metodologia de EDS maior concentração relativa do sabineno foi obtida, enquanto a abundância de γ–terpineno e tepinen-4-ol foi maior pela metodologia de HD. O desenvolvimento 120 de uma metodolgia de extração para A. zerumbet por EDS viabiliza o uso de pequenas quantidades de material vegetal para análise do óleo essencial. O óleo de A. purpurata apresenta predominância dos pinenos, da classe dos monoterpenos. Estes componentes estão em pequenas concentrações no óleo de A. zerumbet. A caracterização do ambiente de coleta associada à composição do óleo é uma referência fundamental quanto à atividade biológica da espécie, devido aos inúmeros fatores que induzem variação no metabolismo vegetal. Além disso, a composição do óleo direciona o seu uso comercial. A identificação dos componentes do óleo é importante para delinear estudos relacionados a produção e estímulo de metabólitos secundários. 121 4.2. Caracterização do aroma de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith: plantas de campo e in vitro Resumo Em regiões tropicais e subtropicais, a espécie Alpinia zerumbet (Zingiberaceae) é bastante apreciada por suas características aromáticas. Neste trabalho, foi avaliada a composição do aroma de folhas de campo e in vitro por “headspace” estático. As plantas in vitro foram tratadas com diferentes reguladores de crescimento vegetal: AIA, TDZ, BAP e CIN. Os voláteis foram extraídos por “headspace” estático (HS-E) e analisados por CG/EM. Folhas da planta matriz mostraram como componentes principais: sabineno, γ-terpineno e 1,8 cineol. Amostras do óleo essenciail de folhas de plantas cultivadas in vitro apresentaram em comum o monoterpeno sabineno e os sesquiterpenos cariofileno e cariofileno óxido. Foi verificada a presença de 1,8 cineol apenas nos tratamentos controle, BAP e CIN. Muitos alcanos foram obtidos sob a influência de citocininas. Palavras-chave: CG, terpenos, reguladores de crescimento vegetal, substâncias voláteis Introdução O aroma consiste em um conjunto de substâncias voláteis que estimulam os nossos sentidos. A constituição do aroma é um fator de alto impacto para várias industrias, tais como, alimentícias, fitoterápicas e cosméticas. Além disso, o uso de substâncias aromáticas tem crescente aplicação na aromoterapia (Broughan, 1999; Yoo, 2006). A produção de voláteis em culturas de tecidos tem mostrado resultados positivos na implementação de constituintes do aroma por uso de estimuladores como hormônios vegetais e componentes da via metabólica dos terpenos, bem como a própria condição de estresse do 122 microambiente do sistema in vitro (Bertoli et al., 2004; Roja et al., 2005; Affonso et al., 2007). A técnica de “headspace” tem sido extensivamente utilizada para investigar a composição das substâncias voláteis (Rohloff, 2002). O conjunto de técnicas de “headspace” tem como ponto comum a avaliação, por cromatografia a gás, do vapor emitido pelo material vegetal após seu aquecimento (Tholl et al., 2006). Todas as partes da planta Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith são aromáticas. Sendo esta espécie muito utilizada por tais propriedades em condimentos, “saquinhos de cheiro” e perfumes (Lobato et al., 1989). Em vista disso, este estudo teve o objetivo de avaliar a composição do aroma de folhas de campo e in vitro, sob a influência de reguladores de crescimento vegetal, de A. zerumbet. Material e Métodos Material vegetal O exemplar de Alpinia zerumbet foi obtido no entorno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Centro de Ciências da Saúde - bloco H) Cidade Universitária, sendo identificada e depositada no Herbário do Jardim Botânico (RB) do Rio de Janeiro, sob o número RB 433485. Culturas in vitro As culturas foram iniciadas a partir de brotos do rizoma da planta matriz de A. zerumbet. As plantas foram introduzidas em vidros (16 x 8 cm) contendo meio líquido MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas (tiamina-HCl 1,3 µM, piridoxina 3 µM e ácido nicotínico 4,1 µM), mio-inositol 0,6 mM, sendo o pH ajustado para 5,8 com solução 0,1 M de hidróxido de sódio. Após o estabelecimento das culturas, as plantas foram subcultivadas 123 em diferentes meios com reguladores de crescimento vegetal: MS0 (controle), ácido indolacético (AIA), 6-benzilaminopurina (BAP), cinetina (CIN) e thidiazuron (TDZ). Todos os reguladores de crescimento vegetal foram utilizados na mesma concentração de 2 mg.L-1 As culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes tubulares, subcategoria Duramax Universal (20 W T–12) (General Electric®) e fotoperíodo de 16 h. Após 4 meses as plantas foram avaliadas quanto a porcentagem de brotos/explante, porcentagem de folhas/broto, peso fresco e seco das folhas. Folhas de plantas com 4 meses, retiradas de 2 vidros diferentes para o mesmo tratamento, foram utilizadas nas análises de “headspace”. Extração por hidrodestilação O óleo essencial da folhas de A. zerumbet foi extraído por hidrodestilação (HD) em aparelho tipo Clevenger, por 3h. Análises por “headspace” estático Para as análises por “headspace” estático (HS-E), 0,3 mL do óleo de folhas de campo coletadas no Rio de Janeiro, no entorno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Centro de Ciências da Saúde - bloco H) e 160 mg de folhas de campo ou das plantas in vitro foram picadas e colocadas individualmente em frascos de 20 mL. Cada frasco foi incubado em um agitador orbital (300 rpm), por 15 min (tempo de equilíbrio) a 60oC. Um cromatógrafo a gás Varian CP 3800, conectado ao espectro de massas Varian 1200 L foi utilizado para as análises. A fração volátil foi obtida aspirando-se 500 µL de ar da região superior do frasco, utilizando uma seringa aquecida a 60oC e injetada diretamente no CG. A temperatura do injetor foi de 260°C. Foi utilizada uma coluna modelo Zebron ZB-5HT (30 m x 0.25 mm, 0.10 µm) (Phenomenex, 124 Torrance, CA) com programação de temperatura de 30 – 210ºC, 3°C/min; 70 eV, divisor de fluxo na proporção de 1:10. O hélio foi utilizado como gás carreador, com fluxo constante de 1 mL.min-1. Para as análises in vitro por HS-E foram utilizados 2 vidros de cultura por tratamento. Todos os experimentos foram conduzidos em duplicata por vidro de cultura. Análise do óleo essencial As análises por cromatografia a gás (CG) foram efetuadas em aparelho Varian Star 3400 equipado com coluna DB-5/MS (30 m × 0,25 mm, 0,25 µm). O hidrogênio foi utilizado como gás de arraste, fluxo 1 mL.min-1. A temperatura do injetor foi 270oC, a programação de temperatura da coluna foi 60ºC – 290ºC, 3°C/min. Uma amostra de 1 µL do oleo dissolvido em clorofórmico foi injetada, sem divisor de fluxo. As análises por cromatografia a gás acoplada a espectrofotômetro de massas (CG/EM) foram realizadas em cromatógrafo Hewlett Packard HP5890 acoplado a um detector seletivo de massas HP5972, operando no modo impacto de elétrons 70 eV, divisor de fluxo na proporção de 1:40. Utilizou-se uma coluna de sílica fundida HP5-MS (30 m × 0,25 mm, 0,25 µm). O hélio foi utilizado como gás carreador, com fluxo constante de 1,03 mL/min. As condições cromatográficas foram: temperatura do injetor a 260°C e da interface a 200 °C. A programação de temperatura foi de 60 – 240ºC, 3°C/min. Identificação dos componentes do óleo essencial e aroma Os componentes químicos foram identificados por comparação dos espectros de massas com a biblioteca NIST 98 (National Institute of Standards and Technology) e com os espectros disponíveis na literatura especializada (Adams, 1995). A confirmação dos componentes químicos foi obtida após cálculo do índice de retenção (IR), utilizando uma série homóloga de 125 hidrocarbonetos alifáticos saturados (C10 a C20) nas mesmas condições das análises especificadas para as cromatografias dos óleos essenciais. Resultados e Discussão Foi obtido um protocolo rápido de produção de plantas in vitro de A. zerumbet. A freqüência regenerativa foi de 100% para todos os meios testados. O aspecto morfogênico das culturas pode ser observado na Figura 1. No geral, as plantas apresentaram um desenvolvimento satisfatório. A citocinina TDZ foi o mais eficiente hormônio para produção de novos brotos e folhas, mas as plantas apresentaram peso fresco e seco reduzido (Figura 2 A-D). O maior peso fresco e seco foi obtido no meio controle (Figura 2 C-D). Além disso, os brotos e raízes apresentaram alongamento reduzido sob o efeito do TDZ (Figura 1). O efeito inibitório do TDZ no alongamento de brotos e raízes é bastante conhecid, como exemplo pode se citar os trabalhos de Heutteman & Preece (1993) e Ledbetter & Preece (2004). O uso de CIN induziu leve aumento no número de folhas. A introdução de citocininas no meio de cultura está relacionada a sua propriedade de estimular a produção de brotos adventícios (Gaspar et al., 1996). A adição das citocininas BAP e TDZ foram importantes para aumentar a porcentagem de brotos por explante de A. zerumbet. Resultados positivos em relação ao uso destes reguladores de crescimento vegetal também foram encontrados para as espécies A. galanga e A. purpurata (Illg & Faria, 1995; Borthakur et al., 1999). O processo de enraizamento foi vigoroso nos meios: controle, AIA, BAP e CIN (Figura 1). A adição de auxinas não aprimorou qualquer parâmetro avaliado; diferente de outros estudos de propagação in vitro de plantas do gênero Alpinia nos quais a auxina teve efeito positivo sobre o enraizamento (Illg & Faria, 1995; Borthakur & Singh, 1999). 126 A B C D E Figura 1. Aspecto morfogênico das plantas de Alpinia zerumbet submetidas às análises de HS-E, com 4 meses de cultivo in vitro: A. MS0 (controle), B. AIA, C. BAP, D. CIN, E. TDZ (2 mg.L-1). (Barra = 1 cm). A TDZ 2 CIN 2 CIN 2 BAP 2 BAP 2 AIA 2 AIA 2 controle controle 0 100 200 0 número de folhas (%) C B TDZ 2 TDZ 2 número de brotos (%) BAP 2 a CIN 2 KIN 2 a BAP 2 a AIA 2 a controle 0 e TDZ 2 b 25 50 peso seco (mg) * 50 100 150 200 250 D d c AIA 2 b a controle 0 100 200 300 400 500 600 peso fresco (mg) * Figura 2. Efeito dos reguladores de crescimento no desenvolvimento in vitro de Alpinia zerumbet, com 4 meses. Cada valor representa a média ± EP. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas (p< 0,05, Tukey, n = 10). Os valores em porcentagem foram calculados considerando o meio controle 100%. * Folhas. 127 Os resultados para caracterização do aroma são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Caracterização do aroma de folhas obtido por HS-E – CG/EM, a partir de plantas de campo ou do cultivo in vitro de Alpinia zerumbet por 4 meses, sob ação de diferentes reguladores de crescimento vegetal. Plantas de campo No. IR Voláteis Plantas in vitro óleo folhas MS0 AIA BAP CIN TDZ 1 809 acetato de etila - X X X X X X 2 860 hexenal - X X X X X X 3 864 n.i.a X - - - - - - 4 928 tricicleno X - - - - - - 5 932 α-pineno X - 6 979 sabineno X X X X X X X 7 993 mirceno X - - - - - - 8 1015 α-terpineno X X - - - - - 9 1023 ρ-cimeno - X - - - - - 10 1026 D-limoneno - X - - - - - 11 1034 1,8 cineol X X X - X X - 12 1043 trans-β-ocimeno - X - - - - - 13 1063 γ-terpineno X X - - - - - 14 1068 trans-hidrato de sabineno X - - - - - - 15 1085 terpinoleno X X - - - - - 16 1095 linalol X X - - - - - 128 continuação 17 1119 ρ-menta-1,3,8-trieno X - - - - - - 18 1175 terpinene-4-ol X - - - - - - 19 1188 α-terpineol X - - - - - - 20 1399 cariofileno X X X X X X X 21 1497 pentadecano - - - - X X - 22 1505 α-bisaboleno X - - - - - - 23 1562 óxido de cariofileno X X X X X X X 24 1598 hexadecano - - - - X X X 25 1697 heptadecano - - - - X X - 26 1798 octadecano - - - - X X - 27 1862 n.i.a - - X X X X X 28 1977 n.i.a X - - - - - X 29 1999 eicosano - - - - - X - 30 2155 n.i.a X - - - - - X Monoterpenos (%) 81 69 29 20 18 16 11 Sesquiterpenos (%) 19 15 29 40 18 16 22 - - - - 36 42 11 Alcanos (%) a não identificado. As vantagens das técnicas de “headspace” se referem à análise de substâncias voláteis sem a presença de solventes ou qualquer alteração no material vegetal como em outras técnicas de extração. Neste estudo, foi utilizado o HS-E que se baseia no equilíbrio entre os voláteis e a atmosfera em torno do frasco. Provavelmente, este método melhor representa a percepção do 129 aroma de plantas frescas (Stashenko et al., 2004); além de eliminar os passos de extração por destilação e fracionamento da amostra (Huie, 2002). O óleo essencial extraído de folhas de campo, por HD e analisado cromatograficamente por HS-E revelou os componentes sabineno, γ-terpineno e linalol (monoterpenos) e cariofileno (sesquiterpeno) como principais. O mesmo óleo após análise por injeção direta no CG/DIC e CG/EM, evidenciou como principais constituintes γ-terpineno (13%), sabineno (14%), 1,8 cineol (16%) e terpinen-4-ol (19%) (ver Item 4.1). Por HS-E, o óleo mostrou a presença de terpinoleno e α–bisaboleno, não verificado pela injeção direta. Nas folhas de A. zerumbet, o óleo essencial está contido em células oleíferas presentes no mesofilo e na superfície abaxial das folhas (Albuquerque & Neves, 2004). A produção de terpenóides em sistemas de cultivo in vitro está em sua maioria associada aos sistemas de organogênese direta, no qual se obtém a planta inteira ou órgãos vegetais (Mulder-Krieger et al., 1988; Collin, 2004). O aroma das folhas de campo mostrou como principais constituintes o sabineno, γterpineno, 1,8-cineol e cariofileno (Figura 3 A e D), predominando os monoterpenos. Entre a composição do aroma das folhas de campo e in vitro, as de campo produziram mais substâncias voláteis (Figura 3). Os tratamentos com as citocininas BAP e CIN mostram a presença de vários alcanos: 36 e 42% respectivamente. Resultados similares foram verificados em culturas in vitro de Eucalyptus camaldulensis (Giamakis et al., 2001). Estes dados podem sugerir a ação destes reguladores na biossíntese de hidrocarbonetos. O terpinen-4-ol, um dos principais componentes do óleo essencial, não foi verificado no aroma das folhas de campo, nem in vitro. Além do terpinen-4-ol, as folhas de campo não produziram os componentes α–pineno, mirceno, αterpineol e hidrato de sabineno. O aroma obtido para todos os tratamentos in vitro apresentou em comum o sabineno, cariofileno e óxido de cariofileno entre os monos e sesquiterpenos (Figura 3 130 B e C). Os constituintes 27, 28 e 30 (Figura 3) não foram identificados, mas parecem ser substâncias características da condição in vitro. O perfil dos voláteis varia conforme vários fatores, entre eles, as condições dos sistemas in vitro como intensidade luminosa, umidade e temperatura vão definir a composição aromática do material. Estas condições interferem diretamente no metabolismo das substâncias voláteis por agir na fisiologia vegetal incluindo os processos de fotossíntese e transpiração (Tholl et al., 2006). A composição da fração volátil é resultado de um conjunto de fatores que atuam durante o desenvolvimento vegetal, como genótipo, condições de cultivo e meios de cultura (Castro et al., 2002). Embora o protocolo de produção de plantas in vitro tenha sido adequado para o desenvolvimento das culturas, nenhum aumento foi verificado na produção dos voláteis identificados em relação às plantas de campo. Também nenhuma variação foi verificada em relação às analises obtidas de plantas cultivadas in vitro, oriundas de culturas diferentes, mas com o mesmo tratamento. A ação do TDZ nas culturas resultou em redução do alongamento dos brotos e menor peso fresco e seco, no entanto alguns metabólitos não identificados foram mais expressivos neste tratamento (Figura 3: 27, 28 e 30), o que sugere que o TDZ atua mais diretamente na rota biossintética destes voláteis, independente da eficiência do crescimento e desenvolvimento. A maioria das citações referentes à produção de óleo essencial in vitro é para espécies de Dicotiledôneas, poucos sobre Monocotiledôneas (Mulder-Krieger et al., 1988). No entanto, várias espécies da família Zingiberaceae apresentam relevante potencial econômico devido ao aroma. Os aspectos atrativos da espécie A. zerumbet estão em grande parte associado ao aroma que como foi visto nestes estudos consiste de uma combinação de “spicy-black pepper”, cânfora e “cucumber” (Wise et al., 2002; Seo and Baek, 2005; Chyau et al., 2007). 131 O linalol, limoneno, γ–terpineno e terpinoleno foram os principais componentes verificados no aroma de folhas de campo de A. zerumbet e não observado nas folhas de plantas in vitro, sugerindo que a etapa de produção de limoneno (1) e a conversão deste em γ–terpineno (2) e terpinoleno (3), podem ter sido inibidas sob condições in vitro (Figura 4). Phatak & Heble (2002) sugerem a redução da atividade de enzimas da rota dos monoterpenos condicionados ao estágio de diferenciação in vitro de Mentha arvensis. 13 600 A D O 6 11 15 20 22 23 0 sabineno 1,8 cineol C 25 B CH 2 27 6 20 γ-terpineno 23 11 HO terpinen-4-ol 5 C 25 28 30 CH 2 27 CH 3 6 23 CH 2 20 cariofileno 5 0 60 min Figura 3. Perfis cromatográficos (CG) do aroma de Alpinia zerumbet obtido por “headspace”: (A) Plantas de campo. Plantas in vitro: (B) MS0, (C) TDZ 2. Os números dos sinais assinalados no 132 cromatograma correspondem aos mesmos na Tabela 1. (D) Fórmulas estruturais dos principais constituintes do aroma das folhas. 2 1 3 Figura 4. Rota biossintética simplificada dos principais monoterpenos e sesquiterpenos identificados em Alpinia zerumbet por CG/EM. Conclusão A técnica de HS-E acoplada a CG/EM possibilitou a análise das substâncias voláteis emitidas por plantas de campo e in vitro. O aroma produzido por folhas de campo de A. zerumbet é composto em maioria por γ–terpineno, sabineno e terpinoleno semelhante ao aroma do óleo extraído por HD. Foi verificada uma redução qualitativa na produção de terpenos sob condições in vitro. Os voláteis das plantas in vitro foram constituídos principalmente por sabineno, 1,8 cineol, cariofileno e óxido de cariofileno, com envidência de alta porcentagem de alcanos em meios contendo citocininas. 133 A qualidade do aroma foi alterada como conseqüência da adição de reguladores de crescimento vegetal, e as características obtidas devem ser avaliadas e, como perspectivas, podem ser manipuladas para o fim o qual será utilizado. 134 Capítulo 5 Estudos preliminares sobre a atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum 5.1. Atividade vasodilatadora do extrato de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith e A. purpurata (Vieill) K. Schum Resumo Atualmente, a hipertensão arterial é uma das maiores causas de morte e problemas cardiovasculares. O uso de vasodilatadores é um dos mecanismos de ação dos fármacos prescritos atualmente. Extratos hidroalcóolicos de Alpinia purpurata e A. zerumbet cultivada in vitro sob diferentes tratamentos com reguladores de crescimento vegetal foram testados no leito mesentérico retirado de ratos Wistar. Os extratos de A. purpurata e A. zerumbet produziram efeito vasodilatador com padrão de resposta dose-dependente de duração prolongada. A espécie A. zerumbet é mais eficaz que a A. purpurata, mas na dose de 60 µg, ambas atingem igual potência quanto ao relaxamento (95 e 87%, respectivamente). As plantas in vitro de A. zerumbet foram cultivadas por 3 meses em meio MS (Murashige e Skoog) e tratadas com AIA e AIA + TDZ. O extrato obtido de folhas oriundas das culturas mantidas em meio contendo AIA inibiu o relaxamento (17,4%) na dose de 90 µg em relação ao controle (MS0) no qual foi verificado melhor efeito vasodilatador (60%). Estes resultados estão de acordo com a concentração de fenóis totais que é 50% menor para os extratos de plantas in vitro cultivadas em AIA. A espécie A. purpurata foi pela primeira vez testada quanto à atividade vasodilatadora, os resultados obtidos indicam a presença de fenóis correlacionada a ação terapêutica da planta. 135 Palavras-chave: cultura de tecidos vegetais, endotélio-dependente, planta medicinal, relaxamento Introdução As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade no Brasil (Godoy et al., 2007). A hipertensão é caracterizada por uma alta na pressão arterial, que relaciona o esforço do coração em impulsionar o sangue e a resistência vascular (Lolio, 1990). Esta doença atinge diferentes faixas etárias e sociais e várias são as tentativas para minimizar ou prevenir os casos de hipertensão que na sua maioria, envolvem dietas adequadas, exercícios físicos e medicamentos (Guimarães, 2002; Guimarães & Ribas, 2006). A espécie Alpinia zerumbet, colônia, é bastante conhecida e utilizada em várias regiões do Brasil na medicina popular por seus efeitos anti-hipertensivos (Matos, 1994; Moura et al., 1998; Oliveira & Araújo, 2007). Em estudos fitoquímicos realizados com a espécie Alpinia purpurata foi verificado similaridade na composição do óleo essencial e substâncias flavonoídicas que é esperado por critérios qumiossistemáticos (Pugialli et al., 1993). Estes metabólitos secundários são referidos na literatura por estarem envolvidos na atividade vasodilatadora e hipotensora da espécie A. zerumbet (Da Costa et al., 1998; Mpalantinos et al., 1998; Huang et al., 1999; ZhengTao et al., 2001; Lahlou et al., 2002; Lahlou et al., 2003; Moura et al., 2005). Os flavonóides capturam as espécies reativas de oxigênio, apresentando alta atividade antioxidante, e atuam em vários mecanismos hipotensores: inibição da enzima conversora de angiotensina, bloqueio dos canais de Ca++, inibição da síntese de prostanóides vasoconstritores e estímulo do relaxamento mediado pela bradicinina (Duarte et al., 1993; Formica & Regelson, 1995; Hansen, 1996; Pourcel et al., 2006; Havsteen, 2002; Xu et al., 2006). Sendo assim, a espécie A. purpurata apresenta potencial fitoquímico para também agir de forma terapêutica em doenças 136 cardiovasculares por similaridade química com a espécie A. zerumbet em relação ao teor de polifenóis totais, entre eles os flavonóides que possuem pronunciada atividade antioxidante (Julsing et al., 2006; Victório et al., in press). Algumas respostas em sistemas de cultivo in vitro de tecidos vegetais têm mostrado a otimização de metabólitos secundários. Em vista disso, plantas de A. purpurata e plantas in vitro de A. zerumbet cultivadas sob condições de estresse pela adição de reguladores de crescimento vegetal foram testadas para verificar a atividade terapêutica. O teste utilizando leito mesentérico de rato permite a avaliação vasodilatadora dos extratos (McNeill & Jurgens, 2006), e dependendo dos resultados pode sugerir uma atividade hipotensora. A hipertensão tem como principal conseqüência uma perfusão inadequada dos tecidos que aumenta os riscos de acidentes vasculares cerebrais e coronariopatias (Kaiser, 2004). O intuito deste trabalho foi avaliar a ação vasodilatadora de plantas de A. purpurata e A. zerumbet in vitro. Material e Métodos Animais utilizados Foram utilizados ratos Wistar machos, com idade de 2 meses e meio e peso entre 230 e 260 g, provenientes do biotério do Departamento de Farmacologia e Psicobiologia, do Instituto de Biologia Roberto idroalcó Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os animais foram mantidos em ciclo de sono-vigília de 12 h, com presença de luz à partir das 6 h da manhã, sendo os experimentos realizados durante o dia. Os animais tiveram livre acesso à ração e água antes do período experimental. Material Vegetal e Preparação dos extratos 137 Exemplares de Alpinia zerumbet e Alpinia purpurata foram obtidos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ, sendo identificados no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e depositados sob o número RB 433485 e RB 433484, respectivamente. As plantas in vitro de A. zerumbet foram cultivadas sob condições assépticas em meio MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, vitaminas e mio-inositol, pH ajustado para 5,8. Foram avaliados 3 tratamentos: MS0 (controle), AIA 2 (ácido indolacético) 2 mg.L-1 e AIA 2 + TDZ 2 (tidiazuron) 2 mg.L-1. Os meios foram esterilizados, em autoclave a 120oC, 1 kgf.cm-2, durante 15 min. As culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, sob intensidade luminosa de 23 µmol.m-2.s-1, fornecidas por lâmpadas fluorescentes tubulares (20 W T–12, General Electric®) e fotoperíodo de 16 h. Folhas das plantas de A. zerumbet e A. purpurata, obtidas na cidade do Rio de Janeiro, foram secas por 3 dias, em estufa a 60ºC. As folhas foram trituradas e extraídas em etanol 70% utilizando ultrassom (40 kHz Thornton Unique, modelo 1400 USC, 120 W) por 45 min, em triplicata. As folhas obtidas de A. zerumbet cultivada in vitro foram secas por liofilização e extraídas com 70% de etanol seguindo o mesmo procedimento acima. As extrações foram feitas em separado para cada tratamento com reguladores de crescimento vegetal. Os extratos foram filtrados a vácuo, utilizando papel de filtro Whattman® (110 mm ø, qualidade 1). Os extratos etanólicos foram concentrados sob pressão reduzida em evaporador rotatório. O peso seco foi aferido para verificação do rendimento da extração. Determinação de fenóis totais 138 A quantificação de fenólicos foi realizada pelo método de Folin-Ciocalteau. Os extratos hidrooalcólicos das plantas de campo e in vitro foram dissolvidos a 70% de etanol na concentração de 1 mg.mL-1. Foi utilizada uma alíquota de 0,5 mL da solução do extrato bruto, na qual foi adicionada 2 mL de solução aquosa de Folin-Ciocalteau a 10% e, após 3 min, 2 mL de solução aquosa de carbonato de sódio a 7,5%. A mistura foi homogeneizada e incubada por 30 min em banho-maria a 50ºC. Posteriormente, a absorvância foi medida usando-se os controles: (1) Folin-Ciocalteau + carbonato de sódio e (2) solução do extrato bruto. A leitura das absorvâncias foi feita no espectrofotômetro a 740 nm. A quantificação foi feita por meio de uma curva analítica preparada com ácido gálico: y = 0,0229x + 0,0968, R2 = 0,9993, onde y é a absorvância e x a concentração em µg equivalentes de ácido gálico (EAG) por mg de extrato bruto (Figura 1). As análises foram feitas em triplicata. Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Os extratos brutos foram filtrados a vácuo e suspensos em metanol:água deionizada (70% metanol), na concentração de 10 mg/mL (campo) e 50 mg/mL (in vitro). A análise em CLAE acoplada ao detector de feixes fotodiodos foi realizada utilizando aparelho Shimadzu, equipado com bomba LC-10AD e detector SPD-M10A. A separação foi feita na coluna de fase reversa C18 (Lichrosorb-RP-18, Rexchrom® S5-100-ODC) de 25 cm de comprimento e 4,6 nm de diâmetro (25 cm x 4,6 nm), contendo sílica do tipo octadecil silicato de 5 µm de 100Å como fase fixa, temperatura ambiente. A fase móvel foi água Milli-Q com 0,1% de ácido fosfórico 85% (v/v) (solvente A) e metanol (solvente B), fluxo de 1,0 mL/min. O gradiente de eluição foi o seguinte: 1-10 min (30%); 20 min (40%); 60 min (100%) de B. As leituras foram realizadas no λ=360 nm. Todos os solventes utilizados para suspender as amostras 139 ou no CLAE foram de qualidade própria para CLAE, Tedia. As injeções foram feitas em triplicatas. Os flavonóides foram detectados pela co-injeção com os padrões autênticos. As curvas analíticas dos padrões de rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo foram obtidas a partir da linearidade entre as concentrações (0,0078 – 0,0625 mg.mL-1) e (0,01325 – 0,25 mg.mL-1), respectivamente. A concentração destes flavonóides nas amostras foi obtida, após cálculo de dispersão dado pela curva y = ax – b, onde y representa a área do sinal e x a respectiva concentração em mg.mL-1. Efeito dos diferentes extratos vegetais no do leito vascular mesentérico (LVM) isolado de ratos Este estudo avaliou os efeitos dos extratos de A. purpurata coletadas no pátio do Instituto de Biofísica (UFRJ, Rio de Janeiro) e plantas in vitro de A. zerumbet em vasos contraídos com norepinefrina (NOR). Os resultados apresentados para o extrato hidroalcoólico de A. zerumbet de campo foram realizados em estudos feitos por Emiliano (2002). Os extratos vegetais secos foram suspensos na proporção de 1:1 (etanol:água destilada), na concentração de 1 mg/mL. Após a estabilização da preparação, o tônus do LVM foi elevado por meio de perfusão de solução de Krebs contendo NOR (30 µM). Nesta concentração, a NOR induz uma elevação da pressão de perfusão e a mantém constante em aproximadamente 80 a 100 mmHg. Após a estabilização do aumento da pressão de perfusão, a integridade do endotélio e do músculo liso vascular foi testada pela análise da resposta vasodilatadora induzida pelas injeções de 10 pmol de acetilcolina (Ach) e 10 nmol de nitroglicerina (NG). Uma vez confirmada a presença de endotélio e músculo liso funcional, isto é, resposta vasodilatadora significativa induzida pela injeção de Ach e NG, foram administradas doses crescentes (1, 3, 6, 10, 30 e 60 µg) in bolus dos diferentes extratos (n = 6). 140 Isolamento, perfusão e registro da pressão de perfusão do LVM As preparações do LVM de rato foram isoladas conforme descrito por McGregor (1965). Os ratos foram sacrificados em câmara de CO procedimento aprovado pelo Comitê de Ética 2, animal desta instituição, e imediatamente seguida a laparotomia. O LVM foi estendido para o exterior da cavidade abdominal e envolto em gaze umedecida com solução de Krebs (composição em mM: NaCl 118,3; KCl 4,7; CaCl .2H O 2,5; MgSO .6H O 1,2; KH PO 1,2; NaHCO 25,0; 2 2 4 2 2 4 3 ácido etilenodiamino tetra-acético-EDTA 0,026 e glicose 11,1) para a devida visualização dos vasos mesentéricos. A artéria mesentérica superior foi isolada na sua origem, à altura da aorta abdominal, canulada com tubo de polietileno (PE 50, Clay Adams Brand CA – Becton Dickinson), e esta cânula, de aproximadamente 4 cm de comprimento, foi preenchida com solução de Krebs heparinizada (50 UI/mL). O ramo principal da artéria foi ligado, imediatamente após as bifurcações para o mesentérico. O LVM foi separado do intestino cortando-se rente à borda intestinal, imerso em uma cuba contendo 10 mL de Krebs e perfundido com solução de Krebs (aquecida a 37º C e borbulhada com mistura carbogênica, O 95% e CO 5%). A perfusão 2 2 foi realizada por meio de uma bomba peristáltica (Life Care Pump, Model 4 – Abbot / Shaw) com fluxo constante de 4 mL/min. A pressão de perfusão foi registrada por meio de um transdutor de pressão posicionado entre a bomba peristáltica e o LVM. O transdutor foi conectado a um polígrafo (Hewlett Packard -7754 A) para o registro contínuo das variações da pressão de perfusão como demonstrado na Figura 1. 141 Figura 1. Esquema do LVM perfundido com solução de Krebs (Adaptado de Carvalho, 2002). Uma vez instalada a perfusão do leito mesentérico, foi respeitado um período de no mínimo 40 min para a devida adaptação do LVM às novas condições experimentais (período de equilíbrio). Nestas condições experimentais a pressão de perfusão basal, ao final do período de equilíbrio oscilava entre 20 e 40 mmHg. Após este período, testou-se a viabilidade dos vasos mesentéricos por meio de injeção in bolus de 120 µmol de KCl diretamente no fluxo de Krebs. Esta injeção, como as demais, foi feita imediatamente antes da cânula arterial. Os fármacos foram injetados in bolus em volume sempre inferior a 110 µL. O efeito vasodilatador ou vasoconstritor dos fármacos injetados durante a resposta pressora NOR foram quantificados em termos de percentagem da resposta pressora da NOR. Além das injeções feitas in bolus, dos agentes vasodilatadores dependentes de endotélio (ACh) e independente de endotélio (NG), também foram injetados os diferentes extratos de A. zerumbet e A. purpurata, in bolus. 142 Análise Estatística. Para os cálculos estatísticos foi utilizado o programa GraphPad InStat 3.0. O programa SigmaPlot 5.0 foi utilizado na montagem dos gráficos. Para comparar as variações das pressões de perfusão em grupo experimental diferente foi utilizado o teste Bonferroni não pareado, nível de significância p<0,05. Resultados e Discussão O perfil cromatográfico das espécies A. zerumbet e A. purpurata (Figura 2) mostra a presença de flavonóides já isolados e sugeridos por contribuírem com a atividade hipotensora da espécie A. zerumbet (Mpalantinos et al., 1998). A concentração dos flavonóides rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo nos extratos secos de folhas de A. zerumbet e A. purpurata está contida na Tabela 1. A maior diferenças entre as espécies, para os flavonóides avaliados, se refere a maior concentração de kaempferol-3-O-glicuronídeo nas folhas de A. zerumbet (5,9 mg.mg-1). Entre as plantas in vitro de A. zerumbet o meio controle (MS0) mostrou maior número de fenóis totais (66,8 µg EAG. mg-1), enquanto o tratamento com AIA 2 mostrou menos que 50% de fenóis (26,2 µg EAG. mg-1) em relação ao controle (Tabela 1). Estes valores estão condizentes com o maior ou menor efeito dos extratos de plantas in vitro no LVM. A produção de polifenóis em sistemas de cultivo in vitro já foi verificada para várias espécies (Konczak-Islam et al., 2003). Os polifenóis estão associados à redução dos riscos cardiovasculares (Khan & Mukhtar, 2007; Maisuthisakul et al., 2008). 143 A B 0 20 40 60 Tempo de Retenção (min) Figura 2. Perfis cromatográficos (CLAE) dos extratos hidroalcoólico de Alpinia zerumbet (A) e Alpinia purpurata (B) de campo, 360 nm, utilizados no teste de reatividade: (1) rutina e (2). Kaempferol-3-O-glicuronídeo. Os números na figura correspondem aos mesmos da Tabela 1. Tabela 1. Concentração de flavonóides nos extratos de Alpinia zerumbet e A. purpurata, obtidas a partir das curvas analíticas dos padrões. Espécie Tratamento Fenóis totais No. a TR rutina kaempferol-3-O-glicuronídeo -1 (µg EAG. mg ) (mg.100 mg-1 de extrato seco) A. zerumbet campo 58,1 1 31.233 0,48 - 2 34.772 - 4,74 0,0003 0,024 0,134 0,58 - 0,028 0,018 0,032 0,20 in vitro MS0 AIA2 AIA2 + TDZ2 A. purpurata 66,8 26,2 43,7 30,1 32.314 1 35.524 2 a Números se referem aos sinais dos cromatogramas da Figura 1. campo 144 Efeito vasodilatador da espécie Alpinia purpurata O LVM isolado de ratos foi perfundido com solução de Krebs, a 4 mL/min, e apresentou pressão de perfusão média basal em torno de 25 a 30 mmHg. A injeção in bolus de 120 µmol de KCl aumentou a pressão de perfusão para 80 mmHg, demonstrando a viabilidade da preparação de LVM (Figura 2). A adição de NOR (30 µM) na solução de perfusão induziu uma elevação da pressão de perfusão e a manteve constante em 84 a 120 mmHg, o que possibilitou o estudo do efeito vasodilatador do extrato hidroalcoólico de A. purpurata. A administração in bolus de Ach (10 pmol) e NG (10 nmol) reduziram a pressão de perfusão, demonstrando a integridade do endotélio e do músculo liso vascular, respectivamente. A administração de doses crescentes do extrato da A. purpurata (3, 6, 10, 30 e 60 µg) produziu efeito vasodilatador dose-dependente de duração prolongada, similar ao padrão de resposta da espécie A. zerumbet (Moura et al., 2005) (Figura 3). A resposta foi crescente à medida que se aumentou a dose, a partir de 6 µg. Para A. zerumbet o efeito foi mais eficaz do que para o extrato de A. purpurata, a 6 µg o efeito constritor da NOR foi mais que 50% revertido (Figura 4) (Emiliano, 2002; Moura et al., 2005). No entanto, o extrato da espécie A. purpurata mostrou um relaxamento crescente e contínuo, com a mesma potência na resposta ao final, na dose de 60 µg (Figura 4). As semelhanças quanto a resposta e efeito vasodilatador das espécies podem estar relacionadas à presença de metabólitos secundários comuns. A espécie A. purpurata é um recurso natural de flavonóides importantes, como a rutina, derivado de quercetina, e kaempferol-3-O-glicuronídeo que podem ser explorados, isolados e testado em frações mais puras. Ambas as classes de flavonóides são referidas por terem ação vasodilatadora e anti-hipertensiva (Duarte et al., 1993; Formica & Regelson, 1995; PerezVizcaino et al., 2002; Xu et al., 2006). Recentemente, Ferreira et al. (2007) verificaram que a rutina é um dos principais flavonóides de extratos etanólicos de Hancornia speciosa que contribuem para atividade vasodilatadora endotélio-dependente na artéria mesentérica de ratos. A 145 ação vasodilatadora endotélio-independente também foi verificada em estudos com o flavonóide quercetina (Perez-Vizcaino et al., 2002). Figura 3. Registro das alterações na pressão de perfusão no LVM de rato induzida pelo KCl, Ach, NG e do extrato de Alpinia purpurata de campo obtidas durante o efeito pressor provocado pela NOR. * 0 % Relaxamento * 20 40 * 60 80 Alpinia purpurata a Alpinia zerumbet 100 1 10 100 Doses (µg) Figura 4 – Relaxamento induzido pelo extrato de Alpinia purpurata e Alpinia zerumbet de campo (Rio de Janeiro) no LVM isolado de rato, contraído com norepinefrina (30 µM). Os dados são apresentados como média ± EP; n ≥ 6 para todos os grupos. * Indicam diferenças significativas entre as espécies, p< 0,05, Bonferroni. aEmiliano, 2002. 146 Em estudos realizados por Emiliano (2002) sugere-se que o efeito vasodilatador do extrato idroalcóolico de A. zerumbet é endotélio-dependente e está relacionado à produção de NO que é um agente vasodilatador que atua aumentando a atividade da guanilato ciclase solúvel, que por sua vez induz a produção de GMPc (Nagao & Vanhoutte, 1991; Rapaporte & Murad, 1983). Conforme estes dados, o uso popular da A. zerumbet nos casos de hipertensão arterial mostra respostas positivas devido a ação do extrato na diminuição da resistência periférica (Emiliano, 2002). Tal sugestão pode ser avaliada para o extrato de A. purpurata, no entanto os resultados obtidos são preliminares e seriam necessários outras coletas e ensaios biológicos para sugerir o efeito vasodilatador da espécie. Mpalantinos (2001) obteve resultados diferenciados quanto a atividade do extrato aquoso de A. zerumbet oriundo de diferentes regiões do Brasil. Inclusive, para alguns destes extratos de A. zerumbet a atividade vasodilatadora foi inferior ao obtido por A. purpurata no presente estudo (Figura 4). As condições ambientais influenciam na produção de metabólitos secundários, que alteram as curvas dose-efeito. Efeito vasodilatador das plantas in vitro de Alpinia zerumbet Os extratos de A. zerumbet obtidos de plantas in vitro mostraram diferentes respostas, mas sempre com padrão vasodilatador dose-dependente de duração prolongada (Figura 5). Os tratamentos com reguladores de crescimento vegetal reduziram as respostas obtidas com exceção do tratamento AIA 2 + TDZ 2 nas doses 30 e 60 µg. Estes resultados podem indicar o efeito inibitório do AIA 2 em relação a produção dos metabólitos secundários, visto que a administração isolada do AIA 2 resultou em maior inibição do que a combinação AIA 2 + TDZ 2. De modo geral, a planta em meio controle foi mais eficiente quanto a resposta vasodilatadora. A máxima resposta obtida para os extratos de plantas in vitro de A. zerumbet foi de 60% de relaxamento na dose de 90 µg, contra 95% das plantas de campo a 60 µg. Embora a condição in 147 vitro seja uma ferramenta importante na produção de material vegetal em larga escala, os resultados para a produção de metabólitos secundários in vitro não foi propícia ainda que utilizando reguladores de crescimento vegetal como eliciador. Mas resultados importantes podem ser sugeridos, como a inibição de vias metabólicas secundárias pela auxina AIA (Collin, 2001), em concordância com a diminuição de fenóis totais em extratos oriundos deste tratamento. Os polifenóis são substâncias antioxidantes importantes no processo de estabilização e/ou desativação dos radicais livres, características importantes no tratamento ou prevenção de doenças cardiovasculares (Atoui et al., 2005). 70 Controle AIA2 AIA2 + TDZ2 % Relaxamento 60 50 *+ + 40 #+ 30 * 20 * 10 0 * + 10 * 30 60 90 Doses (µg) * resposta menor em relação ao controle # resposta maior em relação ao controle + resposta maior do tratamento AIA2 + TDZ2 em relação ao tratamento AIA2 Figura 5 – Relaxamento induzido pelo extrato de plantas in vitro de Alpinia zerumbet tratadas com diferentes reguladores de crescimento vegetal, no LVM isolado de rato contraído com norepinefrina (30 µM). Os dados são apresentados como média ± EP; n ≥ 6 para todos os grupos. Diferenças significativas, p< 0,05, Bonferroni. 148 Conclusão A presença de rutina no extrato de ambas espécies é um dos fatores que contribuem para a atividade vasodilatadora, com base em literatura recente. Através deste estudo, a detecção de kaempferol-3-O-glicuronídeo pode indicar outro flavonóide relacionado a este efeito terapêutico. Pelos testes preliminares realizados, os extratos hidroalcóolicos da espécie A. purpurata, embora tenha mostrado ação vasodilatadora com igual potência a espécie A. zerumbet, na dose de 60 µg, a combinação eficiência e potência requerida para implementação de um fármaco não foi obtida. No entanto, a presença de substâncias biologicamente ativas foi detectada, o que não exclui a espécie A. purpurata como um recurso natural no uso terapêutico e matéria-prima em estudos fitoquímicos. Além disso, os estudos são preliminares e seria necessária a obtenção de extratos de outras localidades para confirmar a resposta dose-efeito. As plantas in vitro de A. zerumbet mostraram efeito vasodilatador reduzido em comparação com o material vegetal oriundo do campo. Alta produção de polifenóis totais não foi equivalente ao aumento no efeito vasodilatador. Assim sendo, nenhum dos tratamentos com reguladores de crescimento vegetal otimizou a produção de metabólitos específicos que estariam envolvidos com o efeito vasodilatador. 149 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os primeiros resultados obtidos no intuito de identificar uma metodologia e o solvente mais apropriado para a extração de flavonóides de folhas secas de A. zerumbet otimizaram todo o trabalho fitoquímico das espécies tanto coletadas no campo quanto provindas das culturas in vitro. A propagação in vitro estabelecida de A. zerumbet e A. purpurata foi adequada para produção de mudas selecionadas com qualidade fitossanitárias, uniformidade, produção rápida e adaptação após transferência para o solo. Tais requisitos são importantes para o investimento em produções maiores de mudas, sem o impacto sobre as populações naturais e dispensando o uso de largas áreas de cultivo. Além disso, estas culturas in vitro viabilizam e dinamizam a produção de mudas de alta qualidade para fins ornamental e medicinal. Ambas espécies responderam melhor ao meio líquido e apresentaram poucas variações quanto ao desenvolvimento, conforme os reguladores de crescimento utilizado. Os sistemas in vitro, como a cultura de calos e células em suspensão de A. zerumbet, é um pontapé inicial para produção em biorreatores de metabólitos secundários e trazem como perspectivas o estudo de etapas de rotas biossintéticas in vitro. A investigação de flavonóides em folhas de A. purpurata é pioneira e mostra resultados promissores quanto à presença de substâncias biologicamente ativas. Com este trabalho foi isolada a rutina e detectado o flavonóide kaempferol glicuronídeo e outras substâncias não identificadas. A obtenção de flavonóides e substâncias aromáticas, sob condições in vitro, é uma ferramenta importante na avaliação de fatores químicos, como os fitorreguladores, e físicos, na modulação da produção de metabólitos secundários. Também possibilita a ampliação do uso de 150 estimuladores, contribuindo para o entendimento das rotas biossintéticas e a interação das respostas morfológicas, fisiológicas e fitoquímicas do vegetal. Este estudo avaliou de forma indireta as repostas das vias metabólicas do ácido chiquímico e mevalonato sob a interferência de hormônios vegetais. Vale ressaltar o idroal inédito da relação TDZ e produção de flavonóides in vitro. A combinação AIA e TDZ produziu as melhores respostas para produção in vitro de flavonóides, para ambas espécies, embora não tenha sido encontrada correlação com o aprimoramento do desenvolvimento in vitro. As técnicas hidrodestilação, extração por destilação simultânea e “headspace” utilizadas para extração do óleo essencial permitiram a detecção dos principais monos e sesquiterpenos da espécie A. zerumbet. No entanto, através da técnica de EDS mais substâncias voláteis foram isoladas em relação aos outros métodos. Os estudos in vitro relacionando produção de terpenos sob influência de reguladores de crescimento vegetal também trazem novas perspectivas sobre o uso em plantas no campo, visto que os sítios primários de síntese dos monoterpenos estão localizados nas folhas e a aspersão seria uma metodologia facilmente empregada. Semelhanças quanto à composição química entre A. zerumbet e A. purpurata direcionam e ampliam os estudos fitoquímicos e farmacológicos da espécie A. purpurata. Adicionalmente, os resultados preliminares da espécie A. purpurata, mostram igual padrão de resposta para atividade vasodilatadora que merecem ser aprofundado quanto à eficácia. Os ensaios farmacológicos com extratos de plantas in vitro de A. zerumbet, sugerem que não só os flavonóides estão envolvidos na resposta vasodilatadora, mas também outros polifenóis devido a maior concentração destes em extratos de plantas cultivadas em meio controle em relação à de campo. A diminuição dos efeitos obtidos para os extratos oriundos de plantas 151 tratadas com auxina também sugere que a auxina AIA pode agir inibindo a rota biossintéticas das substâncias fenólicas. REFERÊNCIAS ADAMS, R.P. 1995. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectroscopy. Allured Publishing Corporation, Carol Stream, Illinois, USA, pp. 1-200. AFFONSO, V.R.; BIZZO, H.R.; LIMA, S.S.; ESQUIBEL, M.A. e SATO, A. Solid phase microextraction (SPME) analysis of volatile compounds produced by in vitro shoots of Lantana camara L. under the influence of auxins and cytokinins. Journal of Brazilian Chemical Society, 18(8): 1504-1508, 2007. ALBUQUERQUE, U. P. e CHIAPPETA, A. A. 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Burtt et Smith VIII Jornada Paulista de Plantas Medicinais, 2007 4. VICTÓRIO, C.P.; KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S. Detecção de flavonóides de Alpinia purpurata por CCD e CLAE IV Simpósio Brasileiro de Óleos Essenciais, 2007 5. VICTÓRIO, C. P.; CASTELLAR, A.; LEITÃO, S. G., LAGE, C.L.S. Constituintes químicos do óleo essencial de folhas de Alpinia purpurata coletada no rio de janeiro 6. VICTÓRIO, C. P.; LEITÃO, S. G., LAGE, C.L.S. Análise do óleo essencial de folhas de Alpinia zerumbet coletada em diferentes períodos do ano no rio de janeiro XXIX Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural UFRJ, 2007 7. DA CRUZ, I. P.; VICTÓRIO, C. P. ; LAGE, C. L. S. . Micropropagação de Alpinia purpurata a partir de Brotos Florais. VIII Jornada de Biofísica, UFRJ, 2007 8. VICTÓRIO, C.P.; DA CRUZ, I.P., KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S. Perfil cromatográfico dos extratos idroalcóolicos de plantas de Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith cultivadas in vitro sob ação de fitohormônios. 9. VICTÓRIO, C.P.; DA CRUZ, I.P., BELTRAMI, J.C., KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S Produção de polifenóis em cultura de tecidos de Alpinia zerumbet Pers. Burtt et Smith 10. VICTÓRIO, C.P.; DA CRUZ, I.P., BELTRAMI, J.C., KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S Variação sazonal de polifenóis de plantas de Alpinia zerumbet e Alpinia purpurata XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil & X Congresso Internacional de Etnofarmacologia, 2008 182 11. VICTÓRIO, C.P.; RIEHL, C.A.S.; LAGE, C.L.S. Headspace analysis of leaf aroma of Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith. 12. VICTÓRIO, C.P.; SILVA, D.O.; ALVIANO, D.S.; ALVIANO, C.S.; LAGE, C.L.S Antimicrobial activity of leaf oil from Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith. Resumos publicados em revistas científicas VICTÓRIO, C.P.; KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S. Detecção de flavonóides de Alpinia purpurata por CCD e CLAE. Jornal Brasileiro de Fitomedicina, 5(3): 177. Artigos submetidos 2007-2008 1. VICTÓRIO, C. P.; LEITÃO, S. G., LAGE, C.L.S. Chemical composition of the leaf oils of Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith and A. purpurata (Vieill) K. Schum. from Rio de Janeiro, Brazil.. Journal of Essential Oil Research (Aceito 08.08.2008) – Item 4.1 2. VICTÓRIO, C.P., ALVIANO, D.S., ALVIANO, C.S., LAGE, C.L.S. Chemical composition of fractions of leaf oil of Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith. and antimicrobial activity. Revista Brasileira de Farmacognosia. 3. VICTÓRIO, C.P.; DA CRUZ, I.P.; KUSTER, R.M.; LAGE, C.L.S. Detection of flavonoids in Alpinia purpurata (Vieill) K. Schum. Leaves by high-performance liquid chromatography. Revista Brasileira de Plantas Medicinais (Aceito 24.05.2008, em fase de correção) - Item 2.2 4. VICTÓRIO, C.P.; RIEHL, C.A. da S.; LAGE, C.L.S. Simultaneous distillation-extraction, hydrodistillation and headspace methods for the analysis of volatile secondary metabolites of Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith from Southeast Brazil. 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Burtt et Smith. under influence of different plant growth regulators 3. Variations of flavonoids contents on in vitro plants of Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt et Smith. cultured with growth regulators. Item 3.1 184 Anexo A RMN 1H da fração Ap (29) 4 (400 MHz – Metanol OD) 185 Anexo B RMN 13C da fração Ap (29) 4 (100 MHz – Metanol OD) 186 Anexo C Coinjeção em CLAE dos padrões de flavonóides (rutina, kaempferol-3-O-glicuronídeo e kaempferol-3-O-rutinosídeo) com o extrato hidroalcoólico de folhas de Alpinia zerumbet in vitro, cultivadas em meio AIA 2 + TDZ 2. mAbs Tempo de renteção (min) 187 Anexo D Coinjeção em CLAE e aplicação conjunta em CCD dos padrões de flavonóides (rutina e kaempferol-3-O-glicuronídeo) com o extrato hidroalcoólico de folhas de campo de Alpinia purpurata. mAbs CLAE Tempo de renteção 188 CCD