Regulamento 1- Escalões: A-Infantil (1 e 2º ciclo) B-Júnior (3º ciclo e Secundário) C-Sénior (mais de 65 anos) D-Público em geral 2- O prazo de inscrição e entrega dos trabalhos é 6 de Dezembro de 2013, no Centro Cultural Emmerico Nunes. 3- Os trabalhos devem ser acompanhados de envelope fechado contendo: identificação do autor (nome e pseudónimo, morada, email, telefone ou telemóvel); escalão (idade); identificação do texto (1 ou 2) correspondente ao escalão; título atribuído ao trabalho e as suas características técnicas. Se para a realização do trabalho teve a colaboração de outras pessoas ou entidades, deve mencioná-las. Na parte exterior do envelope só deve ser mencionado o título atribuído ao trabalho, o pseudónimo do autor e o escalão. 4- O escalão A realizará os seus trabalhos de expressão plástica a partir do texto 1. 5- Os escalões B, C e D realizarão os seus trabalhos de expressão plástica a partir do texto 2. 6- A ficha de inscrição e os textos 1 e 2 podem ser obtidos através de correio eletrónico:[email protected] ou no blogue http://ccemmericonunes.blogspot.com. 7- As técnicas e suportes dos trabalhos de expressão plástica serão à escolha dos participantes (desenho, pintura, modelação, escultura, colagens, banda desenhada e vídeos, estando contemplados o universo dos audiovisuais e as novas tecnologias/suportes digitais). 8- Os autores devem atribuir um título ao trabalho que, em seu entender, seja elucidativo da “viagem” que a concretização deste trabalho de expressão plástica lhes proporcionou. 9- O júri da organização selecionará os três melhores trabalhos de cada escalão. 10- Da votação do público resultará o apuramento dos três trabalhos mais votados em cada escalão (júri do público). 11- Será realizada uma exposição e um jornal que documentarão a produção plástica produzida nos diversos escalões. 12- Prémios: Diplomas e material para expressão plástica para premiados dos vários escalões. Apenas um pretexto para dar a conhecer relatos com que se fazem as Histórias da humanidade (dos povos/países) e, ao mesmo tempo, voltar a recolocar a questão que nunca deixa de ser pertinente da relação com a diferença e da capacidade de podermos construir relações de PAZ e RESPEITO com todos os povos. Um contributo para termos MAIS MUNDO. O OUTRO DIFERENTE foi, e provavelmente será, um possível produtor de medos e desconfianças. Só assumindo como provável que esse tipo de reação aconteça poderemos controlar e dominar os medos e desconfianças. O ponto de partida serão excertos de relatos de viajantes, cronistas ou documentos que contenham dados representativos de épocas passadas e que possam fertilizar a IMAGINAÇÃO; palavras que agora permitam outras viagens relatadas através da expressão plástica. TEXTO 2 Escalões: Júnior (3º ciclo e secundário), Sénior (mais de 65) e Público geral “Viagens de Luís de Cadamosto e de Pedro de Sintra TEXTO 2 Escalão Juvenil (3º ciclo e secundário),Sénior (mais de 65 anos) e Geral Autor: Luís Cadamosto Sobre o autor Alvise de Cadamosto foi um navegador veneziano que realizou algumas viagens ao serviço do Infante D. Henrique. São conhecidas diversas variantes do seu nome: Aluise da Cha damosto, Alvise da Ca'da Mosto, Aluixe da Mosto ou ainda a forma aportuguesada Luís de Cadamosto. Podemos dizer que o seu nome próprio seria Alvise, ou alguma das variantes apresentadas, significando o seu apelido “da Casa de Mosto”. O autor diz ter nascido em 1432,em Veneza, de origem nobre. A partir de 1442 começou a navegar nas galeras do Mediterrâneo e cerca de dez anos depois fazia navegações entre a sua cidade e a Flandres, como besteiro. Numa navegação com destino a Bruges, em 1455, o navio onde seguia foi obrigado a permanecer por um longo período junto ao Cabo de S. Vicente, devido aos ventos contrários. Aí recebeu a bordo um enviado do Infante D. Henrique cuja missão era recrutar homens para as viagens de exploração ao longo da costa de África, prometendo avultados lucros aos participantes. O desejo de enriquecer nestas viagens levou Cadamosto a abandonar a carreira do Norte da Europa, embarcando numa caravela armada pelo Infante na qual o veneziano foi como mercador. Realizou duas viagens ao serviço do Infante, sendo estas relatadas no texto por ele elaborado. Após estas duas viagens voltou para Veneza onde seguiu a carreira política como era costume entre os homens nobres da sua cidade. A participação em atividades ligadas ao comércio e à navegação fazia parte da “formação” dos jovens da nobreza para estes cargos políticos. Cadamosto optou por adquirir essa “formação” ao serviço do Infante. O seu gosto pelas novidades relacionadas com os descobrimentos manteve-se mesmo depois de ele ter abandonado estas atividades. Só assim compreendemos que Cadamosto tenha decidido incluir o relato das viagens de seu amigo Pedro de Sintra, na obra onde descreveu as suas próprias viagens, considerando aquelas como a continuação das suas. Cadamosto deve ter redigido o seu manuscrito cerca de 1463 ou 1464, aproximadamente dez anos após as suas viagens e cerca de quatro após a de Pedro de Sintra. Apesar do espaço de tempo decorrido entre as viagens e o seu registo literário, ele deve ter cumprido o objectivo proposto de falar a verdade. Surgem algumas imprecisões, motivadas pela falta de memória, mas o autor deve ter-se socorrido de notas elaboradas durante as viagens e mais tarde, compostas numa forma mais atraente. Nota-se que o texto foi elaborado por alguém com uma certa experiência de vida, um homem maduro e não um jovem aventureiro. O manuscrito aborda os assuntos que podem interessar à sociedade mercantil, da qual ele era originário, não se notando a presença do imaginário ou do exótico. António Costa Canas http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/g01.html «E certifico-vos que quando estes avistaram pela primeira vez velas ou navios sobre o mar (dantes, nem por eles nem pelos seus antecessores, nunca vistos), acreditaram que eles fossem grandes aves com asas brancas que voassem, que de algum estranho lugar tivessem ali chegado. E desde que acontecia, por vezes, aos ditos navios, na dita costa, terem de abaixar as velas e lançar ferro, não vendo senão os cascos dos navios, alguns deles julgavam fossem peixes, vendo-os assim de longe; porque nunca tinham visto obra de navio. E, finalmente, com o decorrer dos tempos, vendo-se de noite assaltados, presos e levados não sabendo por quem, alguns deles diziam que eram fantasmas que andavam de noite, e tinham muitíssimo medo: e isto, porque ao cair da tarde às vezes, eram assaltados num lugar, e naquela mesma noite, pela madrugada, vinha a ser feito isso mesmo 100 milhas mais adiante, na costa, ou às vezes, mais atrás, conforme ordenavam os das caravelas que se fizesse, conforme lhes sopravam os ventos; e diziam, entre si: se estas fossem criaturas humanas, como nós, como poderiam percorrer numa noite um caminho que qualquer de nós não percorreria em três dias? – não conhecendo o artifício do navio. E assim tinham por certo que fossem fantasmas. Isto pode-se afirmar, porque, por muitos dos ditos azenegues que são escravos em Portugal e por muitos portugueses que naquele tempo frequentavam aquelas partes, alcancei a sobredita informação. Assim podeis avaliar quanto estes eram inexperientes nas nossas coisas, tendo tal opinião de que os navios do mar fossem peixes ou aves.» VIAGENS de Luís de Cadamosto e de Pedro Sintra (1455/1456), 2ª edição, Lisboa, Academia Portuguesa de História, 1988, pág 172