Título: O Meio Ambiente e o Setor Industrial - Desafio para o
Desenvolvimento Sustentável. (Condensação da monografia Meio
Ambiente - o Marketing Possível).
Autora:
Francicleide
Palhano
de
Oliveira,
Jornalista,
com
especialização em Administração com Ênfase em Marketing, pela
UFRPE.
INTRODUÇÃO
Quando as primeiras indústrias surgiram, os problemas ambientais eram
de pequena dimensão, pois a população era pouco concentrada e a produção era
de baixa escala. As exigências ambientais eram mínimas e o símbolo do
progresso, veiculada nas propagandas de algumas indústrias, era a fumaça
saindo das chaminés.
Mudanças começaram a ocorrer, a partir do agravamento dos problemas
ambientais, por volta dos anos 70, gerando um nível crescente de exigências,
reclamando respostas do setor industrial ao novo desafio. Nas últimas décadas,
as empresas deixaram de ser vistas apenas como instituições econômicas, com
responsabilidades para resolver os problemas meramente econômicos – o que
produzir, como produzir e para quem produzir – e passaram a se voltar também
para questões de caráter social, político e ambiental, tais como: controle da
poluição, segurança e qualidade de produtos, assistência social, defesa de grupos
minoritários, etc.
A visão moderna da empresa em relação ao seu ambiente é muito
complexa. A nova forma de administrar tem a ver com a proliferação de pressões
por parte da sociedade (movimentos reivindicatórios, denúncias), como também a
regulamentação de leis que forçam as empresas a criar novas diretrizes de
atuação e influenciam as organizações desenvolverem sua missão, quebrando o
paradigma da visão tradicional da empresa e adequando-se a uma nova
administração empresarial, onde as questões sócioambientais são incorporadas
ao dia-a-dia do ambiente dos negócios.
A sociedade moderna está mais atenta ao comportamento das empresas:
as pessoas têm preocupações com o meio ambiente, com a segurança e com a
qualidade de vida e dos produtos. Qualidade, aliás, é uma das palavras que foi
assimilada pelo consumidor e que tem levado as organizações incorporar novos
valores em seus procedimentos administrativos e operacionais.
Muitas empresas, no entanto, não concordam com esta visão da influência
do ambiente sócioambiental no desempenho no mundo dos negócios. Mas a
influência do ambiente afeta, de forma diferenciada, as pequenas, médias e
grandes empresas, o que acarreta a diversidade de percepção por parte das
organizações. Mas, mesmo não concordando e até se opondo a esta realidade, as
empresas estão sendo obrigadas, principalmente através das Leis,
assumir
responsabilidades sociais e ambientais, através de projetos que incluem a
proteção ao meio ambiente, ações filantrópicos e educacionais.
Há
um
grupo
receptivo
à
responsabilidade
sócioambiental
das
organizações e há os que preferem não se adaptar à nova administração. Um dos
argumento favorável aos adeptos é que, assumindo esta postura, as empresas
acabam ganhando melhor imagem institucional e isto pode se traduzir em mais
consumo, mais vendas, melhores empregados, melhores fornecedores, mais
acesso ao mercado de capitais. Em outras palavras, uma empresa que assume o
compromisso social e de bem realizar a sua gestão ambiental, possui uma
vantagem estratégica em relação àquela que não tem a mesma imagem perante o
público.
Além do mais, as preocupações com o meio ambiente não param de
crescer, haja vista, por exemplo, as novas leis, resoluções e decretos, como a
Resolução nº 257/99, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que
trata da reciclagem, reutilização e disposição final das pilhas e baterias, dotando
de responsabilidade as fábricas e revendedoras desses produtos pelo destino
final dos mesmos.
A adequação das empresas às exigências da legislação ambiental
também
influencia o mercado, pois, como bem enfatizou Novaes (1991): “as
portas do mercado se abrem para as empresas que não poluem, poluem menos
ou deixam de poluir e não para as que desprezam as questões ambientais, na
tentativa de maximizar lucros e socializar prejuízos”.
A proteção ao meio ambiente deixou de ser uma exigência, passível às
punições e sanções e passou a ser também um quadro de ameaças e
oportunidades, onde as conseqüências transformam-se em posições na
concorrência e na própria permanência ou saída do mercado.
A proteção
ambiental deixou de ser função exclusiva da produção, para tornar-se também
uma função da administração da empresa, que deve ter o cuidado de envolver,
nesta seara, todos os funcionários.
Meio Ambiente, assim considerado, passou a ser assunto obrigatório das
agendas dos executivos. A globalização dos negócios e a internacionalização dos
padrões de qualidade ambiental, exigidos pela Norma ISO 14001, além de
fazerem os empresários repensarem suas estratégias, abrem também o espaço
para que as empresas realizem o marketing ambiental..
O marketing ambiental, em muitos casos, está sendo utilizado por essas
empresas para informar ao público que a organização é uma “empresa verde”.
Em Pernambuco, ainda é pequeno o número de empresas que possuem o
Sistema de Gestão Ambiental e menor ainda o número das que possuem o
certificado de qualidade ambiental - ISO 14001. Dados mostram que, apesar do
avanço na relação indústria/meio ambiente, ainda há um longo caminho a ser
percorrido pelos empresários pernambucano, que passa pelo entendimento e
conscientização sobre as causas ambientais.
Tais considerações, somando-se a nossa experiência de atuação na área
de comunicação da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH),
empresa de economia mista, responsável pela execução da política ambiental do
Estado de Pernambuco, despertou-nos o interesse em conhecer como está
acontecendo esta adesão, nas empresas instaladas em Pernambuco.
Focamos o assunto da responsabilidade para com o meio ambiente, que
se apresenta como um novo modelo de administração em todo o mundo,
comprovando que as empresas que assumem essa responsabilidade, além de
contribuir para a garantia da sustentabilidade da vida no Planeta,
recebem
prêmios de organizações governamentais e não-governamentais e se apresentam
à sociedade com o diferencial de ser empresa ambientalmente correta.
Por fim, uma abordagem sobre selos e certificados ambientais, em especial
a ISO 14001. Anunciados na mídia – seja em forma de matéria jornalística ou
propaganda - os selos e certificados fazem a diferença no momento da empresa
mostrar-se ao público. Mas é preciso, no entanto, um olhar crítico para perceber o
que está ou não coerente com a realidade anunciada.
1– AGRESSÕES AMBIENTAIS QUE FIZERAM HISTÓRIA
O Informe Publicitário da Revista Empresa & Ambiente, 1999, traz o
registro histórico de agressões ambientais que chocaram a humanidade:
Minamata, Japão, nos anos 50, mais de mil pessoas morrem e um número nãocalculável sofre mutilações, em conseqüência de envenenamento por mercúrio. A
infratora, indústria química Chisso, despejou 460 toneladas de materiais poluentes
na Baía de Yatshushiro. A empresa é obrigada a pagar mais de 600 milhões de
dólares em indenizações e muitos processos judiciais correm, até hoje.
A fonte faz referência à década de 80, como uma época marcada por
sérios acidentes ambientais, em vários países do mundo. Em 1982, a chuva ácida
provocada pela queima de combustíveis causa a morte de peixes em 147 lagos,
no Canadá. O governo canadense acusa os Estados Unidos de indiferenças em
relação à questão ambiental. Em 1984, é a vez da Índia ganhar espaço na mídia,
com a morte de mais de 2 mil pessoas, vitimadas pelo vazamento de isocianeto
de metila, em fábrica de pesticidas da Unios Carbide, em Bhopal. Cerca de 200
mil pessoas sofreram lesões graves nos olhos, pulmões, fígado e rins.
O Informativo refere-se ainda ao acidente de Chernobyl, antiga URSS,
onde, em l985, uma explosão destruiu um dos quatro reatores de uma usina
atômica, lançando 100 milhões de curies de radiação na atmosfera – foram 6
milhões de vezes o volume que escapou do Three Mile Island, nos Estados
Unidos, poucos anos antes, que era considerado, até então, o pior acidente
atômico da história. Mais de 30 pessoas perderam a vida e outras 40.000 ficaram
sujeitas ao risco de câncer, nos 20 anos seguinte.
A mesma fonte cita também o incêndio em uma indústria química da
Sandoz, na Brasiléia, Suíça que, em l985, atirou no rio Reno 30 toneladas de
pesticidas, fungicidas e outros produtos altamente tóxicos. E, por fim, cita que no
final da década de 80, um novo acidente ambiental chocou o mundo: no Alasca, o
petroleiro Exxon Valdez bate em um recife e derramou 41,5 milhões de litros de
petróleo no estreito de Príncipe William. O acidente provocou a morte de 580.000
aves, 5.550 lontras e milhares de outros animais.
O Brasil também tem suas páginas sujas na história da humanidade!
Transformou-se em notícia e foi amplamente divulgado, na mídia nacional e até
internacional,
o acidente ocorrido
em Cubatão, São Paulo, em l984: o
rompimento de um oleoduto da Petrobrás, provado por um incêndio, arrasa a
favela de Vila Socó, matando 90 pessoas e deixando outras 200 feridas.
A Revista Ecologia e Desenvolvimento, 2001, traz as informações de um
outro acidente provocado pela Petrobras, que se transformou em notícia no Brasil
inteiro e até no exterior: o rompimento de um duto da Refinaria de Petróleo de
Manguinhos, ocorrido em novembro/2001, que poluiu ainda mais as já degradadas
águas da Baía da Guanabara, atingindo os manguezais, que são essenciais para
a sobrevivência da fauna da região e praias de Niterói.
Segundo a matéria, a Refinaria informou que foram despejados cerca de
40 mil litros de óleo na Baía. A mesma fonte cita que, na verdade, pelos cálculos
da Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (Feema), foram
derramados mais de 100 mil litros.
Desastres como esses, sejam no Brasil, ou em qualquer outra parte do
mundo, chocam a opinião pública e abalam seriamente a imagem de uma
empresa. A tese de que os danos causados ao meio ambiente são o preço
inevitável a pagar pelo desenvolvimento, já não encontra mais sustentação e as
empresas que poluem o meio ambiente têm a sua imagem maculada, perante a
opinião pública.
1.1- Evolução do pensamento e do movimento ambiental no mundo
Andrade, 2001, citando McCornick, mostra que o pensamento ambiental
evoluiu à proporção do desenvolvimento das ciências, ocorrido ao longo da
história da civilização. Há registros históricos do mau gerenciamento dos recursos
naturais desde o século I, como por exemplo, os relatos de que, em Roma, já
nessa época, começaram a ocorrer quebras de safras de culturas e erosão do
solo.
A autora enfatiza que foi em Londres, em 1306, que ocorreu a primeira
ação legal registrada na história, que teve como objetivo a normatização e a
atuação sobre o uso do meio ambiente, quando o Rei Eduardo I fez uma
proclamação real sobre o uso de carvão em fornalhas abertas. Nessa época, era
comum o uso das fornalhas, que ajudavam a diminuir o frio em áreas públicas, ao
ar livre, poluindo o ar. O Rei Eduardo estabeleceu critérios para essa prática,
punindo com multas quem a violasse.
Na visão da autora, com o avanço da Ciência, aliado à técnica , teve
início, em l750, a Revolução Industrial, “com todas as conseqüências negativas
em relação às formas de exploração dos recursos naturais e humanos, cuja
conseqüência de longo prazo, são hoje visíveis nos problemas ambientais
contemporâneos”. Andrade diz que foi após a segunda Guerra Mundial, em 1945,
que houve a proposta de uma sociedade organizada sob os fundamentos de uma
engenharia comportamental, com o lançamento do livro Uma Sociedade para o
Futuro, escrito por
Shinner - estava lançado o desafio de se pensar em um
modelo social onde os recursos naturais fossem valorizados. A autora esclarece
que “o livro só se tornou mais conhecido a partir da década de 60, quando o
mundo começou a enfrentar o esgotamento dos recursos naturais, a poluição
ambiental, a idéia de superpopulação e a possibilidade do holocausto nuclear."
E Andrade, 2001, citando Nascimento e Silva, faz lembrar que foi em prol
das baleias que foi dado a primeira orientação sobre ações que possam prejudicar
as futuras gerações, através da Convenção Internacional para Regulamentação
da Pesca da Baleia que, reconhecendo o interesse das nações, em proveito das
gerações futuras de salvaguardar as grandes fontes naturais representadas pela
espécie baleeira, iniciou, em l946,o disciplinamento da caça às baleias – um grito
de socorro ao mamífero marinho: Salvem as Baleias!
A mesma fonte diz que não só esses mamíferos precisavam de proteção:
a intensificação do tráfego de navios gerou problemas de poluição que provocou a
redução do potencial pesqueiro. Para discutir o assunto e buscar soluções, foi
realizada, em Londres, no ano de l954, a Convenção Internacional para a
Prevenção da Poluição do Mar por Óleo, onde foi assinado o primeiro tratado
contra a poluição, em defesa do meio ambiente.
Rosa, 2001, por sua vez, fala que a consciência ambiental, em âmbito
mundial, começou a crescer na década de 60, motivada por uma série de eventos
relacionados com o meio ambiente, como a publicação do livro A Primavera
Silenciosa, considerado um clássico do movimento ambientalista, de autoria da
jornalista americana Rachel Carson. A fonte diz que na publicação, de l962, a
autora denuncia a diminuição da qualidade de vida devido ao excesso de produtos
químicos na produção agrícola, prejudicando a saúde e o meio ambiente.
Segundo o autor:
“Carson referiu-se ao som do silêncio, causado pela
ausência de insetos e de pássaros na primavera e assim,
promoveu uma discussão na comunidade internacional,
relacionando a diminuição da qualidade de vida, com o
uso exacerbado de produtos químicos na produção
agrícola, contaminando os alimentos e deixando resíduos
no meio ambiente”. (p. 127).
Almeida, 1999, lembra que seis anos depois desse episódio, 30 pessoas
de dez países diferentes, entre cientistas, educadores, economistas, humanistas,
industriais e funcionários públicos discutem, numa reunião na Academia de Linci,
em Roma, sobre a crise e os dilemas da humanidade, como a pobreza, a
deterioração do meio ambiente o crescimento desordenado. Estava criado o Clube
de Roma, que divulgou, em l971, Limites do Crescimento – um alerta, mostrando
que o consumo desenfreado da sociedade, a qualquer custo, levaria a
humanidade a um colapso.
O estudo, segundo a mesma fonte, basicamente, previa que, no século
XXI, a humanidade se defrontaria com graves problemas de falta de recursos e
níveis elevados de poluição, se os aumentos populacional e industrial, com a
conseqüente superutilização dos recursos naturais, continuassem no mesmo
ritmo.
Ainda segundo o mesmo autor, o Clube de Roma apontou como solução
uma política mundial de contenção do crescimento, denominado Crescimento
Zero. Seria um crescimento planejado, para que fossem atendidas as
necessidades básicas de toda a população. “Os países subdesenvolvidos
entenderam que, de um modo geral, na prática, tal política representava sua
manutenção no subdesenvolvimento tecnológico e social”.
Na visão de Leite e Medina, citados por Andrade, 2001, a década de 70
caracterizou-se pela tentativa do controle da poluição. Foi também na década de
70 que surgiram os primeiros movimentos ambientalistas, denominados, na
década de 80, de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e aconteceu um
marco histórico na discussão das questões ambientais: a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como
Conferência de Estocolmo, realizada em l972, em Estocolmo, na Suécia, -
primeira conferência, ao nível mundial, com a participação de 113 países, onde
foram discutidos, especificamente, temas ambientais. Os autores enfatizam que a
recomendação nº 96 da Conferência, reconhecia o desenvolvimento da Educação
Ambiental como elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo.
De acordo com Abreu,1997,
“nessa Conferência, quando grande parte dos
representantes dos países concluíram que deveria haver
prudência no processo de industrialização para se evitar
o processo de degradação no mundo, os representantes
brasileiros acusaram os países desenvolvidos de
desejarem limitar o desenvolvimento dos países pobres e
afirmaram que a poluição era bem-vinda ao Brasil, pois
os brasileiros precisavam de empregos, dólares e
desenvolvimento”. (p.37)
Rosa, 2001, explica que na Conferência de Estocolmo foi citado, pela
primeira vez, o termo ecodesenvolvimento (mais tarde transformado em
Desenvolvimento Sustentável), pelo professor Ignacy, que publicou, em l980, o
livro “Ecodesenvolvimento – crescer sem destruir”, o qual passou a ser um marco
referencial de uma alternativa de desenvolvimento econômico, pois relaciona, de
forma definitiva, a necessidade do desenvolvimento contemplar a questão
ambiental, não apenas como “um estilo tecnológico, mas subtendendo também,
uma diferentes modalidade de organização social e um novo sistema de
educação".
Na mesma fonte, está registrado que, em cumprimento à recomendação
do Conselho, aconteceu, em outubro de 1977, em Tbilisi (antiga União Soviética).
A Primeira Conferência Intergovernamental em Educação Ambiental, organizada
pela Unesco, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA). Para Rosa, a Conferência de Tbilisi ampliou o conceito de
Meio Ambiente, quando compreende meio ambiente “não somente como meio
físico biótico, mas, também, meio social e cultural, e relaciona os problemas
ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem”
Na visão do autor, os conceitos de proteção ao Meio Ambiente
começaram a se ampliar a partir da década de 80, quando acidentes, como o
ocorrido em Bhopal, na Índia, em 1984, que tirou a vida de mais de duas mil
pessoas, chocaram o mundo inteiro. Um alerta dos cientistas chamava a atenção
para a redução da camada de ozônio, devido ao uso de clorofluorcarbono. O
alerta levou 57 países a se reunirem no Canadá e assinar o Protocolo de
Montreal, comprometendo-se a reduzir a produção de CFC pela metade, até o
ano de 1999. A fonte diz também que no ano de 1990, o acordo foi ratificado pela
Organização das Nações Unidas (ONU), com a adesão de 90 países, inclusive o
Brasil, determinando o fim gradativo do CFC, até 2010.
1.2- Síntese da degradação e preocupações ambientais no Brasil
Para Andrade, 2001, a degradação ambiental, no Brasil, teve início com a
extração predatória do pau-brasil, na época que ficou conhecida como ciclo do
pau-brasil. Considerado a primeira espécie florestal nativa do País, o pau-brasil,
por ter um alto valor comercial, foi amplamente explorada, de forma irracional e
predatória . Séculos depois, cita a autora, no ano e l970, o Professor Roldão de
Siqueira Fontes, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, desencadeou
uma campanha de reflorestamento do pau-brasil e criou a Fundação Nacional do
Pau-brasil. Graças a essa iniciativa, Pernambuco possui, hoje, a maior
concentração da espécie
A mesma fonte, citando Monteiro, diz que, com o início da escassez do
pau-brasil, por volta de 1599, inicia-se a monocultura da cana-de-açúcar, que dá
início ao ciclo da cana-de-açúcar. Paralelamente, foi introduzida a pecuária,
acentuando muito a instabilidade dos solos, com o pisoteio do gado. Explica a
autora "assim como ocorreu no ciclo da cana-de-açúcar, todos os ciclos agrícolas
se basearam na exploração predatória, em larga escala, grandes latifúndios
associados às extensas monoculturas, utilizando o trabalho escravo”.
Citando Pádua, a fonte registra que as primeiras manifestações contra a
destruição ambiental, no Brasil, surgiram no segundo século de colonização, pelo
cronista e senhor de engenho Ambrósio Fernandes que, em 1618, fez severas
críticas ambientais aos proprietários de terras. E a preocupação ambiental
movimentou o País: “entre 1768 e 1888 foram produzidos 150 textos, preparados
por 38 autores brasileiros, denunciando e debatendo os danos ambientais
ocorridos no Brasil”, enfatiza Andrade.
A autora revela também que o desenvolvimento industrial foi estimulado
no Brasil, a partir da Revolução de 30, gerando mudanças políticas, sociais e
econômicas. Com a institucionalização do Estado Novo, em 1937, o apoio às
indústrias de base é incrementado. Mas é a partir de l951, de acordo com a
mesma fonte, que o Brasil iniciou um programa de modernização industrial e
urbana.
O lema do governo de Juscelino Kubitschek “Cinqüenta anos de
progresso em cinco”, dá uma idéia do que foi o período de 1956 a 1961, no Brasil.
Ainda Andrade, citando Velloso, diz que o crescimento econômico a
qualquer custo, mesmo de forma predatória, foi característica do governo Emílio
Garrastazu Médici, o qual
convidava as indústrias poluidoras estrangeiras a
transferirem-se para o Brasil, que “possuía um grande espaço para ser poluído”,
onde não haveria exigências de equipamentos antipoluentes. Lembrando que
essa era a posição oficial do governo brasileiro, na Conferência de Estocolmo.
Nesse evento, a fonte - citando Zucca, 1991 e Maimon, 1992 - informa
que o então Ministro do Interior, Costa Cavalcanti, chefiando a missão brasileira
na Conferência, repetia a frase da primeira-ministra da Índia, Indira Ghandi, para
justificar a posição governamental: “a pior poluição é a da miséria”.
Rosa, 2001, explica que com essa sinalização verde para a poluição, na
década de 70, muitos empreendimentos que sofreram restrições em outros
países, principalmente aqueles ligados a alguns setores da petroquímica,
instalaram-se no Brasil.
Observa-se, claramente, que o nosso País não tinha nenhuma política de
controle ambiental e não queria optar por implantá-la. De acordo com Viola, 1997,
“o crescimento econômico era tido como incompatível com a harmonia ambiental.
Afinal, o grande alvo era transformar o Brasil numa grande potência no panorama
mundial. Os recursos ambientais eram tidos como abundantes, praticamente
infinitos e... para que se preocupar como eles? O que importava era o
desenvolvimento, o resto que se sustentasse... ou acabasse!
1.3- O eco que se ouviu no Rio
Vinte anos após a Conferência de Estocolmo, acontece, em junho de
1992, no Rio de Janeiro, Brasil, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável, que ficou conhecida como a Rio-92 e Eco/92.
De acordo com Andrade, 2001,
“A Conferência reuniu o maior número de governantes de
todos os tempos e de toda a história das conferências da
ONU: 179 países, que firmaram o mais ambicioso
programa de ações conjuntas com o objetivo de
promover, em escala planetária, um novo estilo de
desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável” (p. 38)
Para Reis, 1995, a Eco-92 foi um grande momento, porque os temas
relacionados ao meio ambiente deixaram de ser herméticos ou apaixonados,
passando a ser um assunto constante nas discussões econômicas. Já para
Jöhr,1994, “a Eco-92 foi um alerta, mas seu resultado deixou mais questões em
aberto que respostas definitivas.”
Medina, 2001, cita a Agenda 21 como o mais importante resultado da
Conferência Rio 92. Para o autor, a Agenda é um produto inusitado, vez que o
documento se apresenta como proposta para ser o texto-chave que irá guiar
governos e sociedades, nas próximas décadas, rumo ao estabelecimento de um
novo modelo de desenvolvimento: o sustentável. Explicando sobre o documento, o
autor informa que a Agenda 21, composta por 40 capítulos, possui a forma de
guia, sugerindo ações,atores, metodologias para a obtenção de consensos,
mecanismos institucionais para implementação e monitoramento de programas,
estimando seus custos.
O texto da Agenda 21 brasileira,2000, traz os seguintes temas: agricultura
sustentável, cidades sustentáveis, infra-estrutura e integração regional, gestão dos
recursos naturais, redução das desigualdades sociais e ciência e tecnologia para o
desenvolvimento sustentável.
Ainda de acordo com Medina, 2001,
“a Agenda 21 é uma espécie de agenda positiva da
globalização, expressão de um projeto global, no qual se
procura dar respostas e soluções para a chamada crise
ambiental planetária, vista também como crise
civilizatória, que afeta a todos os povos do planeta em
graus diversos”. (p.52 )
Segundo o mesmo autor, os valores que sustentam a Agenda 21 são:
cooperação – entre países, diferentes níveis de governo, nacional e local e
diferentes segmentos e atores sociais; democracia e participação – reforço aos
ideais democráticos, no qual a igualdade de direitos, a eqüidade, o combate à
pobreza e o respeito cultural são fortemente contemplados; sustentabilidade como
uma ética – a Agenda estabelece definitivamente a noção de que não haverá
sustentabilidade ambiental, sem sustentabilidade social e, por fim, a globalização
positiva.
Um documento tão importante, que diz respeito à própria sustentabilidade
da vida e serve para estimular a elaboração de Agendas 21 locais, deve ser do
conhecimento da sociedade . Mas não é! De acordo com o autor, cinco anos
depois da Eco-92, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Rio +5, com a finalidade de
verificar os avanços realizados a partir da Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável, ao tempo em que se realiza, uma reunião oficial da
Nações Unidas, em Nova York. Nessa Conferência, foram apresentadas 100
experiências
brasileiras
de
Desenvolvimento
sustentável
e
Educação
Ambiental.Mas, enfatiza o autor:
“Em ambas as reuniões são avaliados os progressos
relativos à implementação da Agenda 21. Concluiu-se
que os avanços são insuficientes
e que seriam
necessários esforços por parte dos governantes e da
sociedade
civil
organizada
para
uma
efetiva
implementação do Desenvolvimento Sustentável, com
justiça social, tal com foi postulado na Rio-92” (p. 35)
A fonte afirma que apesar dos esforços realizados por diferentes países,
o texto da Agenda 21 continua sendo pouco conhecido. Somente nos últimos
anos, observa-se uma preocupação maior, por parte dos governos, para
elaboração das Agendas 21 locais. Na sua visão, a construção da Agenda é um
processo de co-responsabilidade, solidariedade, soma e integração. “Um processo
político, no sentido amplo, de construção e implantação do desenvolvimento
sustentável no País.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2001, às vésperas da realização
da Rio+5, em 1997, divulgou uma pesquisa nacional, realizada em ação conjunta
com o Instituto de Estudos da Religião (ISER) e coordenada por Samyra Crespo,
intitulada “O que o brasileiro pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da
sustentabilidade”, a qual revelou que 95% da população brasileira jamais ouviu
falar sobre a Agenda 21 e que apenas 42% tinha algum tipo de informação sobre
em que resultou a Conferência da Rio-92.
Conforme vem sendo divulgado nos veículos da mídia, em setembro deste
ano, representantes de vários países, inclusive do Brasil, voltarão a se reunir em
Johannesburgo, África do Sul, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento,
também chamada Rio +10, para uma nova avaliação sobre os progressos e
retrocessos na área ambiental, desde a Eco-92. Em todo o mundo estão sendo
realizados os fóruns preparatórios para a Rio+10 e redigidos relatórios das
atividades desenvolvidas referentes aos compromissos assumidos no evento
realizado no Rio de Janeiro.
2 - COMO ADMINISTRAR, TENDO EM MENTE O MEIO AMBIENTE ?
“Enfeitiçados pela ilusão do progresso,
deixamo-nos
enganar
pelo
aumento
indiscriminado da produção econômica, que
prometeu trazer a felicidade e o bem-estar
coletivo. Durante as quatro últimas décadas,
entretanto, a degradação ambiental em
macroescala
e os efeitos cumulativos
decorrentes da perda
de 24 bilhões de
toneladas de solo fértil, foram mais do que
evidências suficientes para o esclarecimento de
que tudo não passou de um grande engano”
(Almeida, 1999, p.95)
Ao refletirmos sobre o pensamento de Almeida,1999, vamos trazer à
responsabilidade uma civilização que precisa estar cada vez mais comprometida
com os recursos da natureza. Afinal, o século XXI é uma mostra viva de como a
humanidade tratou os recursos naturais, décadas após décadas.
Não dá mais para ilustrar com a figura de uma fábrica soltando fumaça, o
conceito de desenvolvimento, até porque, como lembra o autor em referência: “os
modelos de desenvolvimento que não contemplaram o meio ambiente nas suas
diretrizes e metas, provaram a sua insustentabilidade” (p. 80). O fenômeno da
poluição mostrou que problema ambiental não reconhece fronteira e foi um dos
primeiros motivos a suscitar a necessidade de negociações internacionais.
Reis, 1995, defende que:
“Há de se encontrar uma forma de equilíbrio entre os
meios e os fins. Não podemos aceitar a idéia de que
uma civilização que tem a capacidade de criar vidas em
laboratório e de ir ao espaço, não possa viabilizar a
instalação e a operação de atividades ambientalmente
sadias com pleno atendimento aos indispensáveis
requisitos de viabilidade técnica e econômica” (p.2)
Que tipo de desenvolvimento praticamos? Para explicar o sentido da
palavra desenvolvimento, voltamos a citar Almeida, 1999, o qual lembra que o
próprio conceito do termo vem sofrendo evolução, desde o neoclássico, até o
desenvolvimento sustentável. Na visão do autor, esse conceito é muito maior do
que o da ciência econômica, que é o crescimento econômico: “ao conceito de
desenvolvimento foram incorporadas às dimensões sociais e políticas e, agora,
também as dimensões ecológicas e culturais” ( p. 45).
Na opinião de Souza, 1993, o desenvolvimento econômico passou a ser
complementado por indicadores que expressam a qualidade de vida dos
indivíduos: diminuição dos níveis de pobreza, desenvolvimento, desigualdade
social, elevação das condições de saúde, nutrição, educação e moradia.
Durante muitos anos, esteve fora da ótica dos economistas e políticos a
contenção da degradação dos recursos naturais. Como bem lembra Negret,1994,:
“a forma de medir os índices de crescimento, encobria a destruição ou o
aproveitamento desordenado dos recursos naturais dos países”. Era preciso, pois,
repensar a palavra crescimento e trabalhar a expressão Desenvolvimento
Sustentável.
A partir do famoso relatório Nosso Futuro Comum, 1991, publicado em
1987 pela Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como
Comissão Brundtlan, foi estabelecido o conceito de Desenvolvimento Sustentável,
como sendo “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.
Importante observar a citação da satisfação das necessidades e não a submissão
à lógica da produção exigida como um fim em si mesmo. A partir daí, o assunto
passou a ser discutido por organizações governamentais e não-governamentais,
em fóruns nacionais e internacionais.
Na visão de Rose, 2001, o Relatório de Brundtland não apresentou um
planejamento detalhado das ações que levaria ao novo tipo de desenvolvimento,
mas propôs a adoção de estratégias, como: atendimento às necessidades
humanas básicas, revisão da ordem de crescimento, manutenção de um nível
populacional sustentável, reorientação tecnológica e, dentre outros itens, a
inclusão da variável ambiental na economia e nos processos decisórios.
Mas o que vem mesmo a ser
Desenvolvimento Sustentável? Duas
palavras para traduzir uma gama de necessidades, diretrizes, pensamentos,
adoção de novos paradigmas, onde economia e ecologia sejam vistas como lados
de uma mesma moeda, cujo valor é o da sobrevivência humana.
De acordo com o Vocabulário Básico de Ecologia, 1990, citando Sachs,
“é um processo criativo de transformação do
meio, com a ajuda de técnicas ecologicamente
prudentes, concebidas em função das
potencialidades deste meio, impedindo o
desperdício inconsiderado dos recursos e
cuidando para que estes sejam empregados na
satisfação das necessidades de todos os
membros da sociedade, dada a diversidade dos
meio naturais e dos contextos culturais." (p.82)
Para Sachs, citado na mesma fonte, "promover o ecodesenvolvimento é,
no essencial, ajudar as populações envolvidas a se organizar, a se educar, para
que elas repensem seus problemas, identifiquem as suas necessidades e desejem
um futuro digno de ser vivido". (p.82)
Ainda na visão de Sachs, citado por Andrade, 2001, para ser sustentável,
o desenvolvimento precisa considerar, simultaneamente, cinco dimensões:
! ecológica – implicando um uso mais eficiente do potencial dos recursos
existentes nos diversos ecossistemas e com um nível mínimo de deterioração
desse potencia dentre outros ponto;
! econômica – a eficiência econômica deve ser avaliada mais em termos macrosociais do que apenas por meios de critérios de lucratividade microempresarial;
! social –padrão de estabilidade de crescimento, com distribuição eqüitativa de
renda;,
espacial
–
melhor
distribuição
espacial
(geográfica)
dos
assentamentos humanos e das atividades econômicas;
! cultural- adaptação do Desenvolvimento Sustentável a cada cultura, aplicando
sempre o conhecimento das comunidades (saberes locais).
Voltando a Rose, 2001, encontramos a informação de que o setor
industrial tem aplicado como princípios do Desenvolvimento Sustentável o
documento produzido pela
Câmara do Comércio Internacional (CCI), uma
organização não-governamental, com sede em Paris, que elaborou o documento
no ano l990. No ano seguinte, ainda segundo a mesma fonte, foi promulgada, na
Holanda, na Conferência Mundial da Indústria, a Carta Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Carta de Roterdã: a Carta
foi apresentada na Conferência da Onu sobre Meio Ambiente, realizado no Rio de
Janeiro, em l992 , com os 16 princípios que têm servido de base para a maioria
das políticas ambientais adotadas por organizações empresariais.
De acordo com Rose, os princípios da Carta de Roterdã são: prioridade na
empresa, gestão integrada, processo de aperfeiçoamento, formação do pessoal,
avaliação prévia, produtos e serviços, conselho de consumidores, instalações e
atividades, investigações (pesquisas), medidas preventivas, empreiteiros e
fornecedores, planos de emergência, transferência de tecnologia, contribuição
para o esforço comum, abertura ao diálogo, cumprimento de regulamentos e
informação.
Percebemos, assim, que a redefinição do desenvolvimento foi uma
maneira que os homens encontraram para a implementação de medidas
preventivas, corretivas e de controle das atividades existentes e das atividades
futuras, tendo como preocupação a melhoria da qualidade de vida das gerações
futuras, bem como o destino do território. A proposta da implantação de um novo
paradigma ecológico-econômico para o mundo, onde está inserido o pensamento
“pensar globalmente e agir localmente”.
2.1 - A responsabilidade verde
Grandes acidentes ambientais provocados pela indústria química, como
os mencionados no capítulo anterior, geraram críticas da população.
De acordo
com Reis, 1995, os industriais começaram a se preocupar com o fato de que os
benefícios da atuação industrial fossem considerados inferiores ou menores que
os impactos ambientais decorrentes de suas atividades. O autor explica que daí
começou a mudança empresarial, assumindo uma postura pró-ativa, no sentido de
inverter essa tendência. A Indústria Química Canadense foi precursora dessa
iniciativa e implantou, em l985, no Canadá os princípios de um processo de
atuação denominado Responsible Care (Atuação Responsável). Esse processo foi
adotado em vários países.
De acordo com informações do Informe Publicitário da Revista Empresa &
Ambiente,1999, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) e as
empresas a ela associadas, implementaram, no Brasil, desde 1992, o processo
da Atuação Responsável. Segundo o Termo de Adesão do Processo de Atuação
Responsável, definido pela Abiquim, a iniciativa visa promover a melhoria contínua
das condições de segurança, proteção à saúde e ao meio ambiente. As indústrias
passaram a incorporar às metas de produção e vendas os procedimentos para a
redução da emissão de efluentes, controle de resíduos, atendimento a situações
de emergência e até mesmo análise do ciclo de vida dos produtos e de seu
desempenho sobre a natureza
Ainda segundo a mesma fonte, a
globalização dos conceitos e a
sistematização das ações trouxeram mudanças radicais de comportamento,
inclusive industrial, na década de 90. Os empresários começaram a incorporar, no
planejamento estratégico das indústrias, a variável ambiental. O meio ambiente
começou a deixar de ser um tema isolado, para ser incorporado em vários setores.
Até então, dificilmente um industrial abriria as portas da sua fábrica para uma
palestra sobre educação ambiental. Incorporá-la, então, ao dia-a-dia da indústria,
era uma realidade muito distante!
O Informe Publicitário traz também o resultado de uma
pesquisa,
realizada em 1998, pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em 1451
empresas, que apurou que 85% delas já adotaram algum procedimento de gestão
ambiental, como diminuição de gases e emissões, reutilização de resíduos
industriais, redução no consumo de energia, reciclagem e controle de ruídos,
entre outras medidas.
Para Reis, 1995, é irreversível a aproximação entre ecologia e economia.
Segundo ele, as empresas estão percebendo que é mais barato fazer as coisas
funcionarem direito, desde o início, do que consertar depois, até porque há
resultados que não têm consertos. A saída para “tentar acertar o passo e sair
ganhando”, acredita o autor, é a Gerenciamento Ambiental, que ele define como
sendo:
“Um conjunto de rotinas e procedimentos que
permite a uma organização administrar
adequadamente as relações entre as suas
atividades e o meio ambiente que as abriga,
atentando para as expectativas das partes
interessadas.” (p.10)
O autor esclarece que uma empresa, ao optar pelo Gerenciamento
Ambiental, deve identificar as ações mais adequadas ao atendimento das
imposições legais aplicáveis às várias fases dos processos, desde a produção até
o descarte final, passando pela comercialização, zelando para que os parâmetros
legais sejam permanentemente observados, além de manter os procedimentos
preventivos e proativos que contemplam os aspectos e efeitos ambientais das
atividades, produtos e serviços e os interesses e expectativas das partes
interessadas .
A mesma fonte esclarece que as questões ambientais estão intimamente
relacionadas
com
a
Qualidade:
"Qualidade
Total,
Qualidade
Intrínseca,
atendimento aos anseios dos clientes, acionistas, empregados e do meio
ambiente, como se sabe, são elementos fundamentais para a sobrevivência da
empresa. Só existe qualidade total, com qualidade ambiental".
E Jöhr, 1994, por sua vez, argumenta que a palavra "Qualidade", nos
últimos anos, tornou-se uma estratégia no vocabulário dos empresários. Mas, o
que vem a ser Qualidade? Na definição da Sociedade Americana para o Controle
da Qualidade, citada por Kotler, 2000, “Qualidade é a totalidade dos atributos e
características de um produto ou serviço que afetam sua capacidade de satisfazer
necessidades declaradas ou implícitas” (p. 79).
Na visão de Kotler, 2000,
“um dos maiores valores que os clientes
esperam dos fornecedores é a qualidade. (...)
Se as empresas quiserem continuar no páreo e
obter lucros, terão de adotar a questão da
QualidadeTotal – uma abordagem para a
organização que busca a melhoria contínua de
todos os seus processos, produtos e serviços.”
(p. 78)
O Bereau Veritas Brasil, 1998, diz que Qualidade evoluiu no tempo,
basicamente de duas formas: como prática e como conceito. Até o início do século
XX, a função da Qualidade era como atividade de autocontrole. Pouco depois da
década de 20, instituiu-se a inspeção e na época da segunda guerra mundial, a
função de Controle da Qualidade já existia como estrutura à parte da produção.
Segundo a mesma fonte,
“a preocupação com uma Qualidade Global
nasceu da Garantia da Qualidade que
prescrevia uma forma de gerenciamento das
atividades que afetassem a Qualidade de
produtos e serviços em todos os estágios,
desde o fornecimento da matéria-prima, à
utilização pelo cliente (desempenho do
produto). (p. C-5)
O Bereau faz uma apresentação da evolução das práticas da Qualidade,
ao longo dos anos:
1990 – Autocontrole
1920 – Inspeção
1940 – Controle Estatístico Final
1960 – Controle Estatístico do Processo
1980 – Garantia de Qualidade
1990 – Gestão de Qualidade
a partir de 2000 – Qualidade e Sociedade + Controle e
auto confiança dos empregados
Resumindo as informações sobre o assunto:
“da simples visão de produzir produtos e
serviços
para atender às especificações
(Controle de Qualidade), passou-se aos
Sistemas de Qualidade, para a satisfação do
cliente, onde produtos e serviços devem ser
adequados ao uso (Garantia de Qualidade),
tendo sempre a visão de superar as
expectativas do cliente”.
(Apostila Bereau
Veritas Brasil, 1998, p. C-7)
Já Almeida, 1999, reconhece que o próprio conceito de Qualidade
extrapola as definições clássicas:
“a satisfação do cliente, hoje, é pautada por
outros paradigmas, dentre os quais, o mais
notório refere-se à qualidade de vida, esta que,
modernamente, tem como principal ícone a
salvação do planeta”. Inicialmente limitado à
qualidade de produtos e serviços e, mais
recentemente,
incorporando
também
o
desempenho ambiental, a Qualidade é exigida
também na Segurança e Saúde Ocupacional,
representando, assim bens fundamentais e
oportunidades de melhoria/negócio para
qualquer
empresa
bem
estruturada
e
organizada” (p.87)
O que pode levar uma empresa a se interessar pela implantação de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA)? Para Noeli, 2001, são fatores como: a
tendência mundial, tomando como base o Desenvolvimento Sustentável (progredir
sempre, mas protegendo o meio ambiente), o rigor da legislação ambiental e o
diferencial competitivo que advém com a certificação de uma empresa que utiliza
procedimentos ecologicamente adequados.
Na visão da autora, do ponto de vista interno da empresa, um SGA
significa menos desperdício, maior reaproveitamento e reciclagem de materiais,
menor custo para a disposição final dos resíduos, melhor aproveitamento de água,
energia, combustíveis e matérias-primas, maior facilidade para conseguir
financiamento de bancos e entidades do governo, menor riscos de acidentes e
menor gasto com ações corretivas, menor risco de pagamento de multas.
A mesma fonte diz ainda que como a implantação de um SGA envolve
todos os funcionários, as pessoas passam a ter mais consciências sobre as
necessidades da preservação ambiental e produzir menos lixo em casa e no
trabalho. Ganha ponto positivo a empresa, junto aos seus clientes, parceiros,
Governo e a comunidade em geral, que passa a ter uma imagem positiva da
empresa.
Para Jöhr, 1994, o mundo dos negócios não precisa, necessariamente,
ser um mundo poluído, assim como “ser mais verde não se limita a inventar novas
embalagens descartáveis, mas administrar uma complexa cadeia de fatores inter-
relacionados, que envolvem: eficiência, enquadramento, economia, educação,
engajamento, excelência e ética."
Complementando o seu pensamento, o autor enfatiza que “todo desastre
ecológico é também um desastre econômico-financeiro.” O escritor lembra que
uma das razões para que os empresários adotem a gerência ecológica é o custo
de acidentes ambientais. “Embora esta não seja a única motivação, nem a mais
importante do ponto de vista ético, não há dúvida que o passivo ambiental de
acidentes ambientais pode se tornar um grave problema para as empresas”. (p.
29).
Tomando como fonte o Informe Publicitário da Revista Empresa &
Ambiente, 1999, encontramos um estudo realizado pela Baxter, uma das gigantes
industrias farmacêutica dos Estados Unidos, o qual revela que cada dólar aplicado
em programas voltados para o meio ambiente, traz uma economia financeira de
três a cinco vezes.
Nessa fonte, a matéria traz a declaração, de Carmem Silvia Saches,
economista, autora da tese de mestrado A Evolução da Prática Ambiental em
Empresas Industriais, apresentada à Escola de Administração de Empresas de
São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, segundo a qual o argumento ajudou a
disparar, nos últimos anos, os investimentos de empresas em todo o mundo, em
gestão ambiental. “O fenômeno da globalização tem registrado, nos últimos dez
anos, um avanço sem precedentes na evolução da competitividade e,
conseqüentemente, na busca da produtividade e eficiência nas atividades
empresariais”
Na visão de Bateman e Snell, 1998,
"as empresas obtêm vantagem competitiva ao
canalizarem seus interesses ambientais nas
oportunidades
de
empreendimentos
e
fabricarem produtos de maior qualidade que
atendam à demanda dos consumidores. Além
disso, as empresas que falharem ao inovar na
área de meio ambiente, estarão em
desvantagem competitiva. A proteção ambiental
não é apenas uma necessidade universal: é
também um importante item para o setor de
exportação”. (p.162).
Para Noeli, 2001, apesar da Constituição Federal de l988 conferir
proteção ambiental de forma bem abrangente, prevendo indenizações dos danos
causados ao meio ambiente, foi a polêmica Lei de Crimes Ambientais, de fevereiro
de l998, que estabeleceu responsabilidade à pessoa jurídica. A fonte cita também
as leis estaduais e municipais que regulamentam o uso dos recursos naturais e
penalizam os agressores do meio ambiente, como fortes motivos para as
empresas se adequarem às normas ambientais, de forma que,
“hoje, enquanto algumas empresas se
perguntam quanto custa implantar um sistema
de gestão ambiental, outras chegam à
conclusão de que fica mais caro não ter o
sistema, face aos diversos riscos a que estão
sujeitas, como multas, processo na justiça,
danos à imagem da empresa, barreiras à
exploração de seus produtos e perda de
competitividade”. (p. 25)
Ainda segundo a mesma fonte, quando uma empresa implanta um
sistema de gestão ambiental, proporciona o envolvimento da empresa como um
todo. A responsabilidade ambiental é disseminada a cada setor e todos passam a
enxergar as questões ambientais sob a mesma ótica. Surgem idéias, soluções
criativas e começam a se explorar oportunidades de aproveitamento de rejeitos,
substituição de insumos, eliminação da perda das perdas no processo,
reciclagem, redução no consumo de energia, redução da geração de resíduos,
mudanças tecnológicas, enfim, como lembra a fonte: “somente a prevenção da
poluição já pode representar redução de custos”.
Por fim, vale ressaltar a visão de Rose, 2001, sobre a maneira como as
empresas, sobretudo de grande porte, vêem, no momento atual, a redução da
poluição:
“até a década de 80, o enfoque era dado sobre
o tratamento de “final de tubo”. Apesar de ainda
ser esta uma prática corriqueira, o conceito de
eco-gestão já tem seu espaço garantido, até
mesmo porque, resíduos descartados são
matéria-prima e produtos desperdiçados”.
(p.29).
De uma maneira ou de outra, com ou sem consciência da responsabilidade
sócioambiental, apenas em cumprimento às leis ambientalistas, está aumentando
o número de empresas que estão implantando sistemas de gestão ambiental.
Uma clara tendência à quebra de paradigmas, mudança de postura em relação
aos custos ambientais, antes considerados incompatíveis com a necessidade de
sobrevivência econômica das empresas.
3 - O VERDE É NEGÓCIO
O fenômeno da globalização tem trazido às empresas a necessidade de
adaptação às novas exigências mercadológicas. Em outras palavras, a
competitividade moderna exige das indústrias adequação a essa tendência
ambiental, o que está proporcionando o surgimento de indústrias de produtos e
serviços ambientais – as chamadas indústrias verdes.
Na definição do professor Bedaque, 2001, indústrias verdes são aquelas
que “têm as suas atividades especializadas e direcionadas à criação e
desenvolvimento de processos, programas, serviços e equipamentos antipoluentes que visam diminuir ou eliminar a poluição, como por exemplo:
reciclagem de lixo, catalizadores, etc.
O professor Bedaque cita a organização americana, criada em l990,
Green Seal, em português, Selo Verde, como o organismo que impulsionou a
compra de produtos ecologicamente corretos. Na sua visão, o Green Seal
desenvolveu padrões ambientais bastantes rígidos, para uma gama de produtos
que vão desde o papel higiênico, até os motores reciclados. Ele afirma que dentro
dos critérios da Green Seal para análise do produto, “são considerados, por
exemplo, o modo como a matéria-prima é obtida, a embalagem do produto, o
impacto desse produto sobre o ambiente e ainda a sua utilização e o seu
descarte”.
Já Franco, 2001, lembra que a cada dia surgem novas tecnologias para
coleta e destinação do lixo doméstico e industrial, além da coleta e reciclagem do
lixo, que acaba se transformando em dinheiro. De acordo com o autor, o Brasil é
vice-campeão mundial em reciclagem de latas, só perdendo para o Japão – “um
negócio que chega a movimentar US$ 100 milhões, além dos mais de 120 mil
brasileiros que vivem só de pegar latinhas nas ruas da cidade”.
Na visão de Franco, “nunca foi tão importante trabalhar a imagem da
empresa junto ao consumidor, ao divulgar uma postura consciente da
responsabilidade ambiental e social, enfatizando a produção correta a partir de
tecnologias limpas”. Os negócios ambientais transformaram-se em um mercado
promissor. A utilização de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), cuja
proposta é assegurar uma melhor qualidade do ar, já
movimenta bilhões de
dólares.
Philippi, 2001, citando a Agenda 21, enfatiza que o documento define
como Tecnologias Ambientalmente Saudáveis as tecnologias limpas, que
“protegem o meio ambiente, são menos poluentes, usam todos os recursos de
forma mais sustentável, reciclam mais seus produtos e resíduos”. (p. 360). A
própria Agenda 21, 2000, diz que “serão essenciais tecnologias novas e eficazes
para aumentar as capacidades e assim alcançar o Desenvolvimento Sustentável,
sustentar a economia mundial, proteger o meio ambiente e diminuir a pobreza”.
Já na visão Sachs, citado por Philippi, 2001,
“a tecnologia moderna deveria ser utilizada para
o desenvolvimento de novos produtos (e
mercado) capazes de agregar valor ao
ecossitema,
considerando
o
potencial
ocupacional vinculado a sua produção e ao
manejo dos recursos naturais renováveis”.
(p.361)
Para Araújo, 2002, diretor do Instituto para o Desenvolvimento da
Habitação Ecológica, um dos mercados de maior potencial, neste século, é o de
produtos ecológicos, voltados para o consumidor final, que, não deixa nada a
desejar aos outros dois nichos do século XX – a informática e a biotecnologia.
Na sua definição:
produto ecológico é todo artigo que, artesanal,
manufaturado ou industrializado, de uso
pessoal, alimentar, residencial, comercial,
agrícola e industrial, seja não-poluente, nãotóxico,notadamente benéfico ao meio ambiente
e à saúde, contribuindo para o desenvolvimento
de
um
modelo
econômico
e
social
sustentável”.(p.6)
O Ministério do Meio Ambiente, on line, reforça o apoio do Brasil aos
produtos ecológicos, desenvolvendo uma pesquisas com as empresas que
oferecem, no mercado, produtos e serviços ecoeficientes. Os primeiros itens da
classificação são: o uso de matérias-primas naturais renováveis, obtidas de
maneira sustentável e o reaproveitamento e a reciclagem de matérias-primas
sintéticas por processos tecnológicos limpos.
A fonte traz a informação de que, José Sarney Filho, quando no cargo de
Ministro do Meio Ambiente, esclarecendo que o objetivo é divulgar produtos
ecologicamente corretos entre os gestores públicos e permitir mais uma opção no
momento da compra ou da contratação do serviço. Enfatizando que “não basta
apenas estimular, é preciso dar o exemplo”, o Ex-Ministro, no referido site, declara
que as empresas ecoeficientes que estão respondendo à pesquisa farão parte de
um cadastro e poderão, em breve, ser consideradas fornecedoras preferenciais
do governo.
Em seu endereço eletrônico, o Ministério do Meio Ambiente disponibiliza
um formulário, onde as empresas devem informar sobre a quantidade de material
reciclável usada no produto, o volume de água utilizado no processo de
fabricação, consumo de energia, redução de substâncias tóxicas e a emissão de
poluentes. A pesquisa averigua ainda a existência da licença ambiental, a
tecnologia empregada para a redução da geração de resíduos sólidos , as
diretrizes para aumentar o ciclo de vida
reaproveitamento das águas residuais.
dos produtos, a reciclagem ou o
Mas, estaria o consumidor disposto a pagar um valor mais alto por
mercadorias e serviços ecoeficientes? De acordo com Cobra, 1989, o preço é
definido como valor justo pago pela posse de um bem ou de um serviço. Segundo
pesquisa realizada pelo Procon, em São Paulo, no final de 2000, o consumidor
está disposto a pagar mais caro pelo produto que não agrida o meio ambiente.
O endereço eletrônico da Ambiente Global, divulgou a pesquisa,
esclarecendo que objetivo da mesma foi analisar o consumidor paulistano face
aos problemas ambientais da cidade. O resultado diz que 68% das 415 pessoas
entrevistas na capital paulista estão dispostas a desembolsar mais dinheiro, desde
que o produto não polua o meio ambiente. O perfil dos que perfazem esse
percentual: faixa etária entre 16 e 34 anos, renda familiar acima de 5 salários
mínimos. Segundo a pesquisa, os homens demonstraram estar mais dispostos
(72%) do que as mulheres (64%) a pagarem mais caro para ver o mundo menos
poluído.
Apenas 24% dos entrevistados não estariam dispostos e 8%
não
opinaram.
Ainda de acordo com a pesquisa, parcela significativa dos entrevistados
apontou soluções que implicam em mudanças de comportamento do consumidor
para a resolução de problemas, como poluição do ar provocada pelos automóveis,
desperdício de água, consumismo desenfreado, etc.
3.1 - Prêmios e aplausos para quem está de bem com o verde
“Identidade e imagem são conceitos que
precisam ser diferenciados. A identidade esta
relacionada com a maneira como a empresa
visa identificar e posicionar a si mesma ou a
seus produtos. Imagem é a maneira como o
público vê a empresa ou a seus produtos. A
imagem é afetada por muitos fatores que a
empresa pode controlar.” (Kotler, 2000, p.112)
Partindo do que foi escrito por Kotler, podemos entender que um dos
motivos pelo qual as empresas estão investindo na qualidade ambiental é o
marketing. Ou, como preferem chamar alguns profissionais, o marketing verde ou
marketing ambiental.
Empresas que estão de bem com o meio ambiente, também estão, na
maioria das vezes, querendo mostrar esse diferencial ao mercado. Assim, estão
investindo em programas e projetos que mostrem o “lado verde” da empresa.
Mais que isto: muitas estão sendo homenageadas, recebendo prêmios por
respeitarem o meio ambiente.
Kotler, 2000, lembra que “os esforços para a produção de bens superiores
em mercados mundiais têm levado alguns países – e grupos de países – a
conceder
prêmios a empresas que exemplificam as melhores práticas
relacionadas à qualidade”. O autor menciona que o Japão foi o primeiro país a
conceder, em 1951, um prêmio nacional relacionado à qualidade – o Prêmio
Deming. Sobre o Prêmio Deming, Kotler revela que: “é uma homenagem a W.
Edward Deming, norte-americano que ensinou a metodologia da melhoria da
qualidade ao Japão no pós-guerra. Tudo na base de muitas práticas de Gestão da
Qualidade Total” (p. 78)
Podemos citar, como exemplo, o concurso lançado através pelo jornal A
Gazeta Mercantil da Bahia, (on line), em parceria com a Universidade Livre da
Mata Atlântica (UMA), que lançou o Prêmio Gazeta Mercantil de Inovação
Ambiental, com o objetivo de conhecer e divulgar as iniciativas de empresas,
municípios e organizações do terceiro setor, dos Estados da Bahia e do Recife,
que estão auxiliando na preservação dos recursos naturais, a partir da visão sócioeconômica e ecológica.
Liboni, 2001, vice-presidente da Fiesp, diz que o social e ambiental são
lados de uma mesma moeda e que é por assim compreender a questão, que a
Federação e o Centro das Indústrias de São Paulo (Fiesp/Ciesp), realizaram, em
junho de 2001, uma festa para homenagear 35 empresas do Estado, de diversos
segmentos, que receberam o selo Empresa Cidadão 2001. De acordo com a
fonte,
“o selo não avalia apenas uma postura circunstancial. Mede-se o
comprometimento da empresa em diferentes variáveis: responsabilidade para com
os funcionários, integração comunitária e relação com o meio ambiente”.
Para Mendonça, 2001, supervisora de Relações Públicas e Propaganda
da Volkswagen do Brasil, uma das 35 empresas homenageadas pela Fiesp/Ciesp,
"o selo repercute positivamente perante o consumidor e a divulgação interna, feita
diretamente com os três mil funcionários da empresa, para que se sintam também
ganhadores do selo e pertencentes a uma empresa cidadã, é algo a ser feito por
todas empresas". A fonte acredita que o público está mais crítico e seletivo e que
não basta apenas produzir produtos de qualidade., pois as pessoas estão de olho
nas empresas comprometidas com social e ambientalmente corretas.
E é de olho nesse público que as empresas estão procurando mostrar à
sociedade que estão de bem com o verde e se valem, inclusive de promoções
como a do Instituto Ecológico Aqualung, que no seu endereço eletrônico, convida
as empresas a se associarem ao Instituto e, assim, receberem o título de
“Empresa Amiga da Natureza”. Para isso, é preciso fazer doações mensais ao
Instituto e esse, por sua vez, retribui o doador com produtos exclusivos
(camisetas, bonés e outros itens) com a temática ambiental. Segundo informações
contidas no site do Instituto, essa atitude promove à empresa “um exclusivo
retorno de marketing ecológico”.
E em Pernambuco, a Companhia Pernambucana do Meio Ambiente
(CPRH), desde 1990, homenageia, através do Prêmio Vasconcelos Sobrinho,
instituições e pessoas físicas que desenvolvem projetos na área ambiental. Dentre
as indústrias vencedoras do concurso, estão empresas como a Petroflex, a
primeira certificada com a ISO 14001 no Estado de Pernambuco.
Este ano, além de homenagear, com o Prêmio Vasconcelos Sobrinho os
vencedores do concurso, a CPRH prestou também uma homenagem às empresas
instaladas no Estado, que operam com Sistema de Gestão Ambiental: uma forma
de reconhecimento às empresas pelo adequado tratamento para como meio
ambiente, que deve estimular outras empresas a seguir os mesmos passos.
3.2 - Selos e Certificados Ambientais – o marketing que vem do verde
Em outubro de 2001, na XIII Reunião do Fórum de Ministros de Meio
Ambiente da América Latina e Caribe, realizado no Rio do Janeiro, coube ao Brasil
coordenar o tema Comércio e Meio Ambiente. No endereço eletrônico do
Ministério do Meio Ambiente, 2002, pode-se encontrar o documento apresentado
nesse Fórum, intitulado Comércio e Meio Ambiente - Uma Agenda Positiva para o
Desenvolvimento Sustentável,
onde um dos itens tratado é
a rotulagem
ambiental que surge, de acordo com o documento on-line, como parte de um
processo pelo qual a proteção ao meio se converte num valor social.
Para o MMA, (on line),
“A rotulagem ambiental procura, com base na
comunicação de informação acerca dos
aspectos ambientais de produtos e serviços,
que seja acurada e verificável, encorajar a
demanda por aqueles produtos que causarem
menores efeitos negativos ao meio ambiente,
estimulando assim o potencial para uma
melhoria contínua da qualidade ambiental
dirigida pelas forças de mercado”
Com base nesta informação, podemos entender o impulso que vem sendo
dada à rotulagem ambiental. À medida que as empresas perceberam que as
preocupações ambientais podiam se converter em vantagens mercadológicas
para produtos e serviços, inúmeras declarações surgiram no mercado. Para o
Ministério do Meio Ambiente,
“essa proliferação, se de um lado resultou em
resposta positiva por parte dos consumidores, por outro, implicou na geração de
uma certa confusão que demandou o desenvolvimento de normas e diretrizes para
a rotulagem ambiental”.
Hoje, podemos encontrar no mercado produtos com selos ou rótulos que
se referem a características específicas, como “reciclável”, “baixo consumo de
energia”, “produto sem CFC”, etc,
e rótulos que apresentam informações
quantitativas sobre os aspectos ambientais do produto, como consumo de energia,
utilização de recursos renováveis, etc. Outros, indicam que o produto causa
menos efeito ao meio ambiente, dentro de uma dada categoria (os selos verdes).
Essas declarações são dadas pelos fornecedores ou fabricantes.
Na definição constante na Agenda Positiva para o Desenvolvimento
Sustentável, on line, os Programas de Rotulagem Ambiental “consistem, portanto,
de uma moderna ferramenta de mercado, necessariamente voluntária, utilizada
para se alcançar diversos objetivos ambientais e tecnológicos”.
No site, do Ministério do Meio Ambiente, são citados como objetivos dos
Programas de Rotulagem Ambiental:
. A proteção ao meio ambiente – vez que influenciam as decisões dos
consumidores, de modo a encorajar a produção e o consumo de produtos que
sejam menos agressivo ao meio ambiente.
. O estímulo à inovação ambientalmente saudável na indústria: os programas
podem proporcionar o incentivo mercadológico para as empresas introduzirem
tecnologias inovadoras, saudáveis do ponto de vista ambiental.
. O desenvolvimento da consciência ambiental dos consumidores.
Na Agenda 21, 2000, está prevista a rotulagem ambiental como um dos
mecanismos positivos de incentivo a uma evolução da indústria, na direção de
tecnologias e processos ambientalmente mais amigáveis, impulsionada pelo
mercado. Em outras palavras, os rótulos ambientais funcionam como um
importante fator de competitividade, adicionando valor agregado aos produtos.
O Ministério do Meio Ambiente, (on line), relata que a Rede de Rotulagem
Ambiental, criada em 1994, congrega, atualmente, 26 Programas de Rotulagem
Ambiental, em execução na Europa, Ásia e nas Américas do Norte e do Sul. Em
treze desses programas, existem 601 critérios definidos e 16.500 produtos
rotulados em diversos grupos, tais como: baterias, vestuários, têxteis, construção
civil, jardinagem, utensílios domésticos, móveis para residências e escritórios,
produtos de papel, higiene, pessoal, etc. O texto do MMA explica que os critérios
de concessão dos selos ecológicos buscam premiar a excelência (por exemplo:
eficiência energética, baixo consumo de água, etc). Desta forma, costumam ser
tais que somente um pequeno percentual de determinada categoria de produtos
consegue obter o selo.
O Governo alemão é o pioneiro na Rotulagem Ambiental, tendo lançado,
em 1997, o selo Blue Angel. Só onze anos mais tarde, aparece o segundo selo,
lançado pelo Canadá e vários outros países despertaram interesse em adota-lo. O
Brasil se prepara para implantar o Programa de rotulagem Ambiental e, de acordo
com informações colhidas no site do MMA,: “apesar do Brasil ser a oitava
economia industrializada do mundo, está defasado, em relação aos demais países
de importância na economia mundial, quanto à ecorrotulação."
Albiero,
2002,
diretor
do
Departamento
de
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento Sustentável do Sistema Fiesp/Ciesp, mostra a sua preocupação
com as possibilidades do uso da rotulagem como instrumento de cerceamento à
produção, como subterfúgio para a adoção de mecanismos protecionistas ou
barreiras comerciais que venham inibir a inserção de produtos brasileiros, no
mercado globalizado. Alerta também o setor produtivo para a proliferação dos
selos verdes, de forma que haja mecanismos garantidores da seriedade e da
qualidade dos organismos certificadores, para que a rotulagem não seja aplicada
para fins menos nobres.
Para Reis, 1996,
“fica claro que tais rótulos nem sempre são elaborados de
forma transparente. Pelo contrário, são produzidos em
encontros herméticos, com a participação daqueles que
deles se beneficiarão. É sempre possível encontrar uma
justificativa ambiental para o critério adotado, já que
qualquer atividade econômica, em qualquer lugar do
mundo, terá sempre um aspecto ou efeito ambiental
crítico, passível de utilização para o propósito de restringir
sua competitividade”. (p. 121).
A Rotulagem Ambiental é um assunto também
International Standardization Organization
tratado através da
(ISO), uma organização não-
governamental, sediada em Genebra, fundada em l947, como o objetivo de ser o
fórum internacional de normalização.
Para Reis,1996,
“Inúmeros selos já foram lançados, alguns pelas entidades de
normalização dos seus países e outros por associações de classe,
ou mesmo setores empresariais. Tais selos nem sempre são
destinados a reconhecer determinado produto ou família de
produto como ambientalmente sadios. Alguns vieram aproveitar
uma oportunidade de mercado, atingindo uma fatia cada vez maior
de consumidores que dão preferência aos produtos considerados
“verdes" (p. 115)
Os selos mais conhecidos no mercado mundial, são:
Blue Angel – marca registrada do Ministério do Meio Ambiente
alemão.Implementado em 1977, é o único selo do mundo autorizado a utilizar o
logotipo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente-UNEP. De
acordo com Reis, a Alemanha registra um dos maiores níveis mundiais de
interesse pelas questões ambientais, o que levou o mercado interno a demandar
um processo específico de certificação da Qualidade Ambiental.
Environmental Choice – Implementado no Canadá, em 1998. Segundo o
mesmo autor, à época do lançamento do selo, uma pesquisa realizada junto aos
canadenses
demonstrou
que
94%
dos
entrevistados
manifestaram-se
preocupados com as questões ambientais, dispondo-se a pagar até 10% a mais
pelos produtos certificados como ambientalmente sadios.
Eco-Mark – implementado no Japão em 1989. Reis explica que os graves
problemas ambientais enfrentados pelo Japão, principalmente os urbanos,
levaram a Associação Japonesa de Meio Ambiente (JEA) a oferecer um selo que
informasse aos consumidores quanto às características ambientalmente sadias
de um determinado produto, diferenciando-os dos demais.
Cisne Branco – Implementado pelos países nórdicos (Suécia, Finlândia,
Islândia e Noruega), em 1989. O mesmo autor explica que o elevado nível de
conscientização dos consumidores nórdicos fez com que o selo fosse uma
conseqüência natural das imposições dos mercados internos. “Mesmo antes da
publicação do selo, vários produtos já exaltavam as suas qualidades ambientais,
como forma de atender às exigências mercadológicas. O nível cultural dos
consumidores faz com que haja qualificação nos selos ”.
Sistema Científico de Certificação – SCS – Implementado pelos Estados
Unidos da América em 1990. Tem como objetivo obter consenso mundial para a
certificação a partir da análise do ciclo de vida dos produtos e processos
produtivos.
Os Estados Unidos, informa Reis, dispõe também do Green Seat,
administrado pela EPA Polution Preventer, em conjunto com representantes dos
consumidores e das atividades econômicas, que objetiva a certificação de
produtos ambientalmente sadios.
“Já existem vários produtos com selos
concedidos pela EPA, destacando características especiais de desempenho,
sendo que um dos mais conhecidos é o Energy Saver, que atesta o baixo
consumo de energia.”
. Eco-Mark – Implementado na Índia em 1991, o selo foi uma forma que o
as autoridades indianas e o Bureau Indiano de Normalização encontraram para
conscientizar ambientalmente os consumidores .
4 - O QUE É ISO, COMPANHEIRO?
Foi nesse cenário, em que cada país, como vimos anteriormente, decidiu
criar o seu selo ambiental, que a International Standardization Organization (ISO)
criou normas de âmbito mundial, para que fossem adotadas por qualquer empresa
que realmente quisesse ser certificada por sua eficiência no desempenho
ambiental: a série ISO 14000. De acordo com o texto da NBR ISO 14001:1996,
“As Normas Internacionais de gestão ambiental têm por
objetivo promover às organizações os elementos de um
sistema de gestão ambiental eficaz, passível da
integração com outros requisitos de gestão, de forma a
auxiliá-las
a alcançar seus objetivos ambientais e
econômicos” (p. 01)
O referido texto diz que a Norma é aplicada a qualquer organização que deseje:
! Implementar, manter e aprimorar um
sistema de gestão ambiental;
! Assegurar-se da sua conformidade com
sua política ambiental definida;
! Demonstrar tal conformidade a terceiros;
! Buscar certificação/registro do seu
sistema de gestão ambiental por uma
organização externa;
! Realizar uma auto-avaliação e emitir
autodeclaração de conformidade com
esta Norma.
O documento
também
descreve os requisitos necessários para a
organização que deseje estabelecer e manter um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA), nos moldes da ISO 14001:
– Política Ambiental
– Planejamento
– Implementação e Operação
_ Verificação e Ação Corretiva
_ Análise crítica pela administração
Na explicação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (on
line), representante brasileira da ISO, as normas não foram concebidas para criar
barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações
legais de uma organização: elas representam o registro, por escrito, das melhores
práticas e do melhor conhecimento técnico, com uma linguagem clara para que
seja compreendida por todos os funcionários de uma empresa. Enquanto que a
Certificação “é uma ação conjunta que começa com a conscientização da
necessidade da qualidade para se manter e competir no mercado”.
Sobre a NBR ISO 14001, a ABNT diz que é uma norma que especifica os
requisitos do sistema de gestão ambiental, tendo sido redigida de forma a aplicarse a todos os tipos e portes de organizações e para adequar-se a diferentes
condições geográficas, culturais
e sociais. A norma se propõe a fornecer a
organizações de todos os tipos e tamanhos elementos para um Sistema de
Gestão Ambiental efetivo, que podem ser integrados com outros sistemas
gerenciais para auxiliá-los a atingir objetivos ambientais e financeiros.
Na visão de Abreu, 1997, o momento de criação da Norma ISO 14001, foi
uma época em que eram criados selos e mais selos verdes, sendo que muitos dos
que se diziam ecológicos poderiam ser muito mais chamados mercadológicos, já
que possuíam, segundo a autora, uma conotação puramente comercial.
Dentre as várias normas da ISO, duas estão sempre em evidência na mídia:
através de matérias jornalísticas ou de propagandas das empresas certificadas: a
ISO 9001 e a ISO 14001: o anúncio da conquista confere, à empresa certificada, o
diferencial que muitos buscam alcançar.
Existem muitas semelhanças entre a IS0 14001 e a ISO 9001 e a própria
Norma NBR ISO 14001 mostra esse paralelo, que pode ser bem aproveitado para
a empresa que já tendo obtido a 9001, pensar na 14001.
Viterbo, 1998, explica, na sua obra, como implementar a ISO 14001 a
partir da ISO 9000 e traça um paralelo das diferenças conceituais entre as duas
séries:
ISO 9000
ISO 14001
Foco em somente uma parte interessada
Foco em múltiplas partes interessadas
Pequena ênfase em leis e regulamentos
Grande ênfase em leis e regulamentos
Objetivos determinados através das
Objetivos determinados através de
necessidades dos clientes
necessidades econômicas e sociais
Não requer a melhoria contínua
Exige a melhoria contínua
Planejamento é pouco requisitado
Planejamento é fortemente requisitado
Tabela 1 - Diferenças entre a ISO 9000 e ISO 14001
Fonte: Viterbo, 1998
4.1 - ISO? E eu com isso?
Passados seis anos desde a oficialização da Norma ISO 14001, o assunto
ainda gera polêmica. Para Abreu, 1997,
“a Norma não se aplica somente às grandes empresas: ela
pode ser implantada tanto por uma grande multinacional,
como por uma pequena indústria de fundo de quintal, que se
preocupa com as questões ambientais” (p. 57)
Porto, 2002, mestre em saneamento e ambiente pela Unicamp, em artigo
divulgado pela Gazeta Mercantil, 2002, opina que a melhoria contínua exigida pela
ISO 14001 não é garantia de aumento significativo no desempenho ambiental,
pois uma empresa poderá adequar-se à Norma, apenas padronizando um modelo
de gerenciamento.
Como o modelo proposto pela Norma tem o foco no atendimento à
legislação, o gerenciamento dos resíduos gerados e a administração dos impactos
ambientais da atividade, é necessário, na opinião de Porto, formar um corpo
gerencial cultural e ambientalmente modificado, que trabalhe com a visão de que,
o caminho para o desenvolvimento sustentável é a eliminação e não o
gerenciamento dos impactos ambientais da atividade. Para ele, os elevados
custos com tratamento e destinação final de resíduos, inviabilizam as indústrias de
pequeno porte conquistarem a ISO 14001.
Na visão de Cerqueira, 2000,
sub-editora da Revista Saneamento
Ambiental, a ISO 14001 caracteriza-se como uma proposta elitista, vez que a sua
implantação
envolve uma série de medidas custosas, que vão desde a
contratação
de
uma
consultoria
especializada
até
investimentos
em
equipamentos, adequação de processos, fazendo com que pequenas indústrias,
também poluidoras, sejam impedidas de obter a certificação por impasse
financeiro.
Contrário à opinião da sub-editora, Rosa, 2001, gerente de área da
ERM/CVS (organismo certificador de gerenciamento ambiental, que opera em 45
países, incluindo a maioria dos países Latinos Americano), explica, na Revista
Saneamento Ambiental, que “o alto custo de implantação da Norma ISO 14001 é
um mito”. Para ele, tudo o que a empresa precisa fazer é baseado num modelo
gerencial moderno, que sintoniza a gestão dos processos produtivos. “A ISO
utiliza a mesma linguagem de administração de negócios para administrar o meio
ambiente. A maior vantagem para uma empresa que implanta um Sistema de
Gestão Ambiental é a organização, o que pode resultar na certificação”.
Frente a essas duas opiniões, resta saber como mercado brasileiro está
absorvendo a idéia de mudanças nas empresas, para conquista da ISO 14001.
De acordo com Godoy, 2001, vem crescendo, embora lentamente, mas com
consistência, o número de empresas brasileiras certificadas pela norma ISO
14001.
A fonte revela que :
“O Brasil está no primeiro lugar dos países com maior número de
credenciamentos na América Latina e, apesar de estar longe do
líder mundial de certificações, o Japão, o Brasil está à frente do
México, Argentina e Chile. A maior parte das certificações foram
requeridas por unidades industriais de empresas multinacionais,
dotadas de grande capacidade financeira e, por excelência,
exportadoras.(p.22)
Ainda segundo a fonte em referência, o comércio transnacional praticado
em tempos de globalização, exige das empresas exportadoras enquadramento no
respeito à questão ambiental. Ele cita que há também outros fatores que levam as
empresas buscar a certificação, como: o condicionamento a financiamentos e
seguros, a exigência do credenciamento em licitações ou, ainda, o cumprimento
da legislação ambiental. Mas Godoy lembra: “muito embora algum desses motivos
leve a empresa a aderir à Norma ISO 14001, é preciso deixar claro que é uma
decisão voluntária do empresário.”
Mayer, 2001, gerente de programa da Fiesp, ressalta a necessidade de se
criar uma cultura exportadora no Brasil. “A globalização está na esquina. Em
qualquer lugar, encontra-se o produto estrangeiro, competindo com o nacional. O
pequeno empresário precisa ser educado para a cultura exportadora”.
Mayer
defende que visão exportadora é ter os olhos fixos em dois focos: qualidade e
respeito ambiental.
Já Silvério, 2001, gerente de Planejamento de Negócios do Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), defende que a abertura da
economia iniciada em 1990, obrigou o empresário brasileiro a colocar o seu
produto no padrão internacional, pois, “caso contrário, além de não conseguir
vender seu produto lá fora, ele não resistiria à concorrência estrangeira no seu
próprio território”.
4.2 – As empresas ISO 14001, no Brasil
De acordo com Vizzotto, 1996, a Bahia foi o primeiro estado brasileiro a
ter uma empresa certificado em concordância com a Norma ISO 14001: em 1996,
a indústria de papel e celulose
Bahia Sul, passou a ser a primeira empresa
nacional certificada e ser também a primeira produtora de celulose do mundo, a
obter o certificado de qualidade ambiental.
Passados seis anos da primeira conquista brasileira, os números mostram
que as empresários estão correndo em busca da ISO 14001. O Inmetro (on line)
disponibiliza a informação de que, em 1999, existiam apenas 30 empresas
certificadas com a Norma e em dezembro de 2001, o número subiu para 350. O
quantitativo foi motivo de festa: a Federação e o Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo, reuniram empresas e a imprensa para divulgar o feito e periódicos
especializados em meio ambiente, como as Revistas Meio Ambiente Industrial e
Saneamento e Meio Ambiente
publicaram matérias divulgando, inclusive, os
nomes da 350 empresas “verdes”.
Reis, 2001, jornalista da Revista Saneamento Ambiental, autor da matéria
do periódico, declara que a maior parte das certificações, ano após ano, tem sido
obtida por unidades industriais de empresas multinacionais, dotadas de grande
porte capacidade financeira e, por excelência, exportadoras. O jornalista lembra
que a adesão é voluntária, mas que “O comércio transnacional praticado em
tempos de globalização exige das empresas o enquadramento ambiental. Há
também o condicionamento a financiamentos e seguros, a exigência do
credenciamento e licitações ou, ainda, o cumprimento da legislação”.
A informação mais recente sobre o número de empresas certificadas,
obtivemos junto à editoria da Revista Meio Ambiente Industrial (arquivo eletrônico),
2002, que contabilizou mais de 600 empresas certificadas em conformidade com
a ISO 14001, até a primeira semana de junho deste ano.
Através da referida fonte, constatamos que é no estado de São Paulo
onde estão localizadas 339 das 722 empresas certificadas no Brasil. Os demais
estados detêm os seguintes números de certificações:
ESTADOS
EMPRESAS CERT. ISO 14001
São Paulo
319
Minas Gerais
85
Rio Grande do Sul
66
Rio de Janeiro
46
Paraná
34
Santa Catarina
32
Bahia
30
Amazonas
26
Espírito Santo
12
Pernambuco
09
Pará
08
Paraíba
08
Ceará
06
Goiás
06
Distrito Federal
01
Mato Grosso do Sul
01
Fonte: Revista Ambiente Industrial (arquivo eletrônico), jun.2002
Apesar desse avanço, o Brasil está muito distante do primeiro país que
figura na lista como detentor do maior número de certificações: o Japão, com
mais de 8.000 certificações, ou a Alemanha (segundo lugar, na listagem, com
mais de 3.000 certificações). Mas o Brasil, de acordo com os dados levantados
junto à empresa de consultoria Fênix Ambiental (on line), é a nação com maior
número de empresas certificadas com a ISO 14001 da América Latina, e, em
seguida, aparecem o México, a Argentina e o Chile.
Comparando os dados das empresas certificadas nos últimos seis anos,
observamos que no estado do Amazonas, pólo industrial de Manaus, região
fortemente exportadora, foi onde houve maior crescimento percentual entre todos
os estados brasileiros, em termos de certificação: até o ano de 2000, o estado só
possuía 13 empresas certificadas segundo as Normas da ISO 14001. No ano de
2001, o número de certificações chegou a 21 e até junho de 2002, o número
registrado foi de 26. Com estes dados, confirmamos que o credenciamento junto
à ISO 14001 é um importante fator à importação.
4.3 - Casos pernambucanos – “yes”, nós temos a ISO!
A partir da pesquisa bibliográfica, pudemos constatar que, seja pelo
marketing, através da conscientização ambiental, pressão do mercado ou força
das leis ambientais, o setor industrial está dando um novo tratamento às questões
relacionadas ao meio ambiente.
O Estado de Pernambuco, localizado na região Nordeste do Brasil, numa
área de 98.281 m2, possui 187 km de costa litorânea e uma série de problemas
ambientais a resolver. De acordo com Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais
do Estado de Pernambuco, 2001, existem, na Estado de Pernambuco, 6 mil
indústrias cadastradas na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
(Fiepe), sendo que dessas, um pouco mais de 2 mil
estão registradas na
Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH).
Cruz, 2002, engenheira química da CPRH, em entrevista exclusiva para
este trabalho, revelou que apenas 19 empresas do Estado possuem o Sistema de
Gestão Ambiental e, dentre elas apenas 09 têm o referido Sistema de acordo com
as especificações da Norma ISO 14001, conforme detalhamos no quadro a seguir:
EMPRESA
Peproflex
Klabin
Alcoa
Cia. Agro Indl. Igarassu
ATIVIDADE
POSSUI O
SGA DESDE
ANO DA
CERT.
ISSO 14001
Produção de borracha
Fabricação de papel
Fabricação de chapas de
alumínio
Produção de produtos químicos
1996
1983
1993
1997
-
1996
-
Philips do Nordeste
Embratel
W. Consult
Corm Products
Alcooquímica
Tintas Coral
Musashi
Rhodia-ster
Saint-Gobain
Refresco Guararapes
Suape Têxtil
Transpetro
Reciclar
TCA
Multiconsultoria
Fabricação e montagem de
eletrônicos
Telecomunicações
Consultoria
Produção de glucose de milho
Produção de acetato de prod.
Químico
Fabricação de tintas e massas
Fabricação de peças para
motos
Fabricação de fibras sintéticas
e filmes
Fabricação de lixas
Fabricação de refrigerantes
Fabricação de fios
Transporte
de
óleos
e
derivados
Tratamento de resíduos
Fabricação
de
peças
automotivas
Consultoria
1999
1999
1999
2000
2000
1996
1999
2000
2000
-
1996
2001
2001
1998
-
1998
2000
2000
2000
2001
2001
2001
2001
2002
2002
2002
Fonte: Assessoria de Comunicação da CPRH (mai. de 2002)
A pesquisa foi realizada a partir de consulta à Companhia Pernambucana
do Meio Ambiente (CPRH), em maio/2002, que aplicou questionário junto às
empresas que têm Sistema de Gestão Ambiental. O objetivo da pesquisa,
idealizada pela Assessoria de Comunicação Social do órgão estatal, foi conhecer
os resultados que essas indústrias apontam como ganhos mensuráveis com a
implantação do SGA e, conseqüentemente, prestar-lhes uma homenagem por
estarem contribuindo com a melhoria das condições ambientais do estado.
Como ganhos mensuráveis obtidos a partir da implantação do SGA, as
empresas consultadas responderam:
! certificação do sistema em conformidade com a Norma ISO 14001;
! melhor eficiência do sistema de tratamento de efluentes;
! redução da geração de efluentes líquidos em até 67%
! diminuição da geração de resíduos sólidos em até 50%
! benefícios para a fauna e flora, bem como para a comunidade vizinha
! economia, em até 45% da energia utilizada na empresa e em até 40% do
volume de água utilizado no processo industrial;
! melhor aproveitamento da matéria-prima;
! maior satisfação dos funcionários e clientes;
! melhor convivência com os órgãos de fiscalização ambiental;
! marketing positivo das ações da empresa em relação ao meio ambiente
! formação voluntária de Comissão Interna de Meio Ambiente, envolvendo cerca
de 40% dos funcionários da empresa.
! participação em projetos comunitários
! conquista de prêmios na área ambiental e de qualidade do produto
4.4 – Desculpem a nossa falha!
A empresa nacional detentora do maior número de credenciamentos junto
à ISO 14001 – com um total de 35 certificações, até junho/2002 – é a Petrobrás,
que possui todas as suas unidades certificadas. Apesar disto, a empresa ocupou,
nos últimos anos, lugar de destaque na mídia nacional e até internacional por ter
provocado acidentes ambientais de grandes proporções, como o afundamento da
plataforma da exploração P-36, no litoral fluminense, vazamento de óleo, com
altos prejuízos ao meio ambiente, em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Bahia.
Um dos acidentes aconteceu três meses após a Petrobrás receber o Certificado
de Qualidade Ambiental. Não faltaram cartas de repúdio à estatal e argumentação
quanto à seriedade da Certificação.
E foi juntamente devido aos acidentes ambientais envolvendo empresas
certificadas que a Revista Saneamento Ambiental organizou, em agosto de 2000,
uma mesa-redonda para debater o tema: Certificação ISO 14001 e acidentes
ambientais: falha operacional ou fiscalização negligente? O evento contou com a
participação do diretor do Inmetro, Alfredo Lobo, de Jair Rosa, gerente de área da
ERM/CVS e Brian Kraus, chefe executivo da divisão de certificação da ERM/CVS.
Para o diretor do Inmetro,
há um entendimento deficiente sobre o
significado das normas ISO 9000 e ISO 14001. “A classe empresarial entende
que os certificados representam um atestado de reconhecimento de excelência
em gestão ambiental. Quando ocorre um acidente, não se compreende como
uma empresa certificada permite a ocorrência de um acidente ambiental.”
Lobo chamar a atenção para o uso indevido da certificação, por parte
das empresas certificadoras, que fazem o marketing de suas atividades,
assegurando, com a certificação concedida,
excelência de gestão ambiental.
total qualidade do produto e a
E para explicar o desapontamento que acontece, quando uma empresa
certificada impacta negativamente o meio ambiente, Brian Kraus, da divisão de
certificação da ERB/CVS, alerta:
“a ISO 14001 não é a panacéia para garantir o manejo
real do meio ambiente. Ela deve ser entendida como uma
forma de otimizar o gerenciamento das questões
ambientais. E a verdade é que nem todas as empresas
que possuem o certificados, são excelentes em termos
ambientais”. (p.32)
O representante da ERB/CVS acredita que os incidentes acontecem
quando as pessoas não trabalham de forma adequada. “Os informes de acidentes
graves descrevem falha humana. Logo, o Sistema Ambiental deve preparar a
empresa para gerenciar adequadamente esse tipo de ocorrência”.
Magrini, 2000, especialista em Gestão Pública e Privada e professora do
Programa de Planejamento Energético da UFRJ,
lembra que
não é por
conquistar o Certificado ISO 14001 que a empresa esteja com todos os requisitos
legais preenchidos, entre eles os códigos de prática da indústria e os acordos com
autoridades públicas. Na sua opinião, “a ISO 14001 obriga a empresa a arrumar
a casa, sem garantir, porém, que esteja cumprindo os padrões ambientais, como
determina a lei.
A afirmação está baseada no fato de que o processo de implantação de
um Sistema de Gestão Ambiental é todo documental. Implanta-se o sistema, as
normas de controle para gerenciamento
de resíduos, dos efluentes, das
emissões, as auditorias, acidentes e procedimentos.
Na opinião da professora:
“um certificador externo idôneo, credenciado, analisa o
sistema e avalia se a empresa está apta para receber o
documento. Mesmo não estando 100% estruturada, ela
consegue certificar-se, caso se comprometa a atingir suas
metas e desempenho ambiental, através do princípio de
melhoria contínua”. (Revista Ecologia e Desenvolvimento
p.8 , ago./set. 2000)
A maior parte dos cidadãos brasileiros desconhece que empresas
certificadas, também podem ser denunciadas aos
órgãos certificadores, por
provocar danos ao meio ambiente e que o certificador é obrigado a apurar a
denúncia. “Se o problema não for resolvido, o Inmetro, respaldado pelo
International Acdreditation Forum (IAF), pode cassar a infratora e punir o
certificador por negligência”, revela Magrini, lembrando que “a decisão passa por
uma instância superior, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e o nome da
empresa cassada é um segredo mantido a sete chaves”.
Alves, 1999, editor da Revista Ecologia e Desenvolvimento, defende que
“o número de certificações das empresas brasileiras com a ISO 14001 é um
aspecto positivo e significa que parte das empresas que atuam no Brasil estão
preocupadas com a questão ambiental”. Ele deixa claro, no entanto, que:
“ A certificação pela ISO 14001 não significa que a
empresa que a obtém não tem mais pendências
ambientais a resolver e que o seu esquema de produção
está ecologicamente correto. O Certificado não é remédio
para todos os males! Além do mais, a certificação é
concedida por unidade, o que significa que uma empresa
pode ter uma fábrica certificada e outra que pode ser
poluidora. A certificação é concedida a uma unidade
produtiva e não a uma empresa”. (p.8)
Para o autor, é a recertificação que vai realmente atestar se a empresa
cumpriu todos os compromissos assumidos quando obteve o primeiro certificado,
que nada mais é que o reconhecimento dos problemas ambientais e o
compromisso de resolve-los, seguindo determinações da ISO, defende.
Alves argumenta ainda que há muita gente utilizando a certificação
ambiental como ferramenta de marketing: “estão passando para o público a
imagem de que é uma empresa totalmente limpa. O que pode acontecer é a
criação de uma “indústria da certificação ambiental”, como ocorreu com a indústria
do EIA/RIMA.”
Amaral, 2001, que há 23 anos trabalha na Unidade de Segurança, Meio
Ambiente e Saúde da Petrobras, relatou o caso de acidente ocorrido na Refinaria
Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada em
Araucária (PR), onde o
vazamento no duto fez com que cerca de 4000 m3 de
petróleo fossem
despejados, principalmente, nos rios Barigui e Iguaçu.
A fonte descreve a mobilização que envolveu cerca de 2800 pessoas
para conter o vazamento, que na sua avaliação, “aconteceu em conseqüência de
um conjunto de falhas de operação e de manutenção, em que procedimentos
existentes deixaram de ser cumpridos”.
Ele explica que a Repar possui um
sistema de gestão integrada, baseado nas normas de sistemas de gestão, ISO
14001(Meio Ambiente)
e ISO 9002 (Qualidade), além da OHSAS 18001
(Segurança e Saúde). “Em maio de 2000, o sistema da Repar foi certificada pela
ABS Quality Evaluation (ABS-QE), dentro do Sistema Brasileiro de Certificação
(Inmetro) e também pelos sistemas de credenciamento e certificações dos
Estados Unidos (ANSI/RAB) e da Holanda (RVA)”, informa Amaral.
Três meses após a certificação (agosto de 2000), a Repar provocou o
acidente, amplamente divulgado na mídia. Amaral, 2001, explica que após o
acidente, foi realizada uma auditoria suplementar pelo ABS-QE, com a presença
de auditores do Inmetro e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde
concluiu-se que “o sistema de gestão ambiental da Repar, apesar de algumas
não-conformidades menores detectadas, respondeu de uma maneira bastante
positiva ao acidente e ajudou a refinaria a atuar de uma maneira coordenada no
combate à emergência e na mitigação dos impactos ambientais causados.”
Citando a Norma ISO 14001, Amaral lembra que o item 4.4.7 da referida
Norma trata da preparação e atendimento a emergências de um sistema de
gestão, deixando claro a responsabilidade da indústria em estabelecer e manter
um procedimento para identificar o potencial perigoso e, em casos de acidentes,
agilizar a solução e mitigar os impactos ambientais a ele associados. “Isto significa
que a Norma admite a possibilidade de ocorrências de falhas ou acidentes na
organização.
Porém,
o
sistema
de
gestão
ambiental
deve
responder
adequadamente a essas ocorrências”, explica
Mediante o exemplo da Petrobras, o funcionário da estatal ressalta que
um acidente ambiental não deve desacreditar a aplicação da norma de sistema de
gestão ambiental ISO 14001, que é um bom instrumento de gestão utilizado para
organizar as responsabilidades ambientais de uma organização.
Mas o que preocupa Sharf, (on line), repórter da Gazeta Mercantil, é
justamente a falta de transparência na divulgação dos nomes das empresas que
perdem a certificação por deixarem de cumprir com os requisitos exigidos pela
Norma. Para ela,
“é fácil saber quando uma empresa conquistou um
certificado ISO. Os fogos e a fanfarra sempre anunciam a
boa nova. Mas é uma dureza descobrir quem perdeu a
distinção porque não andou na linha. Em tese, não há
uma lei que exija a ampla divulgação da casacão de uma
ISO. Afinal, a certificação é voluntária. Mas o mal uso que
se faz da imagem das séries ISO começa a preocupar os
seus guardiões.”
CONCLUSÃO
O estudo desenvolvido confirma que as questões ambientais ganharam
espaço no mundo dos negócios. Uma evolução, inclusive de conceitos, foi
necessária, para que o homem percebesse a viabilidade do progresso de mãos
dadas com o meio ambiente.
As indústrias estão buscando compatibilizar as suas atividades com a
preservação do meio ambiente. Aquelas que implantaram o Sistema de Gestão
Ambiental comprovam os ganhos tangíveis adquiridos, como redução no uso da
energia elétrica e da água, no processo industrial. Neste novo modo de ser
empresa, as indústrias estão buscando se adequar à legislação ambiental, não só
por temer as sanções, mas também por não querer ver a sua imagem denegrida
perante o público – e um público cada vez mais de “olho no verde”, consciente de
que a sobrevivência humana depende dos recursos naturais.
A certificação de qualidade ambiental ISO 14001 é um
trunfo para as
empresas que agem com responsabilidade ambiental. O certificado representa um
diferencial competitivo e as empresas já compreenderam isto. Tanto é, que o
número de empresas certificadas tem aumentado, ano após ano. O marketing que
se pode fazer com o selo e o certificado de qualidade ambiental é um caminho já
descoberto e realizado por muitas empresas.
Em Pernambuco, apenas 19 empresas, das mais de 2 mil cadastradas na
Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH), implantaram o Sistema de
Gestão Ambiental e, dessas, apenas 09 possuem o certificado ISO 14001. Seis
delas foram certificadas nos últimos dois anos - um fato que pode ser interpretado
como o avanço no interesse das empresas pela questão.
As empresas que já implantaram o Sistema de Gestão Ambiental nas
suas unidades, registram os ganhos advindos com o investimento. Espera-se
que, com este resultados divulgados pelas próprias empresas,
aumente
o
interesse dos industriais pelo SGA. O interesse que deve ser fruto da
conscientização ambiental e despertar a percepção de que o meio ambiente pode
levar à promoção e não à punição, quando investimentos são feitos, por exemplo,
na tecnologia limpa, educação ambiental e treinamentos.
Enfim, o meio ambiente é um marketing possível para aqueles que estão
interessados em manter a vida. Sem investir na gestão ambiental, a empresa
atesta a sua incompatibilidade de escrever páginas limpas na história da
humanidade. E como mancha o nome da empresa, as marcas que ela deixa no
meio ambiente!
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Título: O Meio Ambiente e o Setor Industrial - Desafio para o